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Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social,


econômica, política e cultural e seu conhecimento ser proveniente do pensamento
científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito
significa que tem instrução vasta e variada adquirida sobretudo pela leitura). A arte
erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas
revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação. 

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A cultura popular aparece associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às


classes dominadas. A cultura popular não está ligada ao conhecimento científico,
pelo contrário, ela diz a respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso
comum.

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+  01(. O artista popular não está
preocupado em colocar suas obras expostas em lugares prestigiados. 

 esse sentido, o mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o
próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das grandes
cidades. Por isso também a arte popular é sempre contemporânea a seu tempo. Por
exemplo, a arte popular do século XVIII (as cantigas, poemas e estórias registradas
pelos estudiosos) é bem diferente de outras formas de arte popular hoje, como o
rap, o hip hop e o grafitti, que acontecem nas periferias dos grandes centros
urbanos como São Paulo. O rap e o hip hop aparecem associados quase
especificamente à população negra, excluída socialmente. 
A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que
é ligada à tradição mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a
incorporação de elementos modernos pela cultura popular (como materiais como
plástico por exemplo) a transformação de algumas festas tradicionais em
espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de produtos da
arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer
custo e de seus produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de
que fazem parte.

O artista popular tira sua ³inspiração´ de acontecimentos locais rotineiros, a arte


popular é regional. Por isso a arte popular se encontra mais afetada pela cultura de
massas que atinge a todas as regiões igualmente e procura homogeneizá-las
culturalmente do que a erudita.

O produtor de cultura popular e o de cultura erudita podem ter a mesma


sofisticação, mas na sociedade não possuem o mesmo status social - a cultura
erudita é a que é legitimada e transmitida pelas escolas e outras instituições. É
importante ressaltar que os produtores da cultura popular não têm consciência de
que o que fazem têm um ou outro nome e os produtores de cultura erudita têm
consciência de que o que fazem tem essa denominação e é assunto de discussões,
mesmo porque os intelectuais que discutem esses conceitos fazem parte dessa
elite, são os agentes da cultura erudita que estudam e pesquisam sobre a cultura
popular e chegam a essas definições. 

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A existência da Indústria Cultural e de uma nova cultura veiculada por esta, a


cultura de massas, que não está vinculada a nenhum grupo específico e é
transmitida de maneira industrializada para um público generalizado, interfere na
existência de uma cultura erudita da elite e de uma cultura popular do povo. Hoje,
a maioria da população vive aglomerada nos centros urbanos, assim, os setores
sociais excluídos se aproximam geograficamente dos setores privilegiados, são as
diferentes classes sociais vivendo relativamente no mesmo espaço. 

A Indústria Cultural é uma indústria que não fabrica produtos concretos, vende uma
ideologia, vende visões do mundo, vende idéias, desejos. Feita para uma massa de
pessoas, esses bens culturais são veiculados pelos meios de comunicação de
massas, aí surge a cultura de massas (o produto da Indústria Cultural). A cultura
de massas não é uma cultura que surge espontaneamente das próprias massas,
mas uma cultura já pronta e fornecida por outro setor social (que controla a
produção da Indústria Cultural), a classe dominante. Portanto, na vida em cidades
(residência das massas) e com a Indústria Cultural a cultura passa a ser algo
externo às pessoas, não mais de produção delas mesmas. 

Podemos analisar a cultura de massas como um ponto de intersecção entre a


cultura erudita e a cultura popular porque os elementos próprios da cultura de
massas são consumidos tanto por setores mais excluídos da sociedade quanto por
elites, é como se representasse algo em comum entre esses setores. A cultura de
massas funciona como uma ponte entre a cultura erudita e a cultura popular, mas
uma ponte prejudicial, porque na verdade ela ignora totalmente as diferenças entre
os produtores dessas duas culturas e se direciona para um público abstrato e
homogêneo. 

O desenvolvimento tecnológico tornou pos sível reproduzir obras de arte em escala


industrial, então inúmeros livros passam a apresentar por exemplo uma pintura de
Picasso e uma massa de população passa a ter acesso a essas pinturas, não
necessariamente entendendo-as como alguém de seu contexto histórico e que fazia
parte do mesmo setor social que esse pintor, ou então alguém que faz parte da
classe dominante atualmente e que tem conhecimento a respeito do pintor e de seu
contexto.  ão podemos encarar essa difusão da cultura erudita entre parcelas da
população antes privadas dela pelos meios de comunicação de massas uma
democratização dessa cultura, isso porque o público popular não têm a mesma
instrução que as elites, que cresceram em meio a essa cultura e foram instruídos
para entendê-la.

 ão é porque há, atualmente, no Brasil uma cultura comum a todas as parcelas da
sociedade que estas parcelas se misturam. O Brasil é hoje um país extremamente
audiovisual, a maioria da população não tem acesso a educação ou sequer é
alfabetizada, nessas condições é natural que o rádio e a televisão (que atingem
quase todo o território brasileiro) adquiram o status de principais (e únicos para
algumas pessoas) meios de comunicação de veiculação de bens culturais, meios
como jornais e livros por exemplo são de acesso restrito a uma parcela da
população.  essa situação, imagine a quantidade de pessoas que costumam visitar
museus por exemplo.

 as próximas partes desse trabalho o foco será a Bienal de São Paulo, porque ela
consiste em um evento de artes plásticas acessível à população que normalmente
não freqüenta exposições de arte. A Bienal, para esse público, aparece como algo
inusitado, incomum e completamente novo. 

Segundo o filósofo alemão Walter Benjamin, uma obra de arte ao ser reproduzida
perde sua ³aura´, que seria seu caráter único e mágico (típico da cultura erudita),
mas em compensação isso possibilitou que elas saíssem dos museus e coleções
particulares para serem conhecidas por um número muito maior de pessoas, assim,
as técnicas de reprodução das artes poderiam contribuir para uma revolução na
própria política das artes plásticas, que antes eram exclusivas da elite e parte da
cultura erudita e passam a ser acessíveis às massas.

Mas, como será verificado no decorrer do trabalho, isso não significa uma
democratização da obra de arte, nem contribui para a conscientização das massas.
Isso não acontece com a reprodução das obras de arte e nem com outro fenômeno
que aproxima as massas da obra de arte: as mega exposições. 

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