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Metrologia

Industrial
Fundamentos da Confirmação Metrológica

5a Edição (Revista)

Marco Antônio Ribeiro


Metrologia
Industrial
Fundamentos da Confirmação Metrológica

5a Edição (Revista)

Marco Antônio Ribeiro

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e
de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que
não entende muito bem o assunto em questão ou então, que tem razão para evitar falar
claramente (Rosa Luxemburg)

© 1993, 1994 e 1995, 1996 e 1999, Revisão em 2003, Tek Treinamento & Consultoria Ltda
Salvador, Verão 2003
Prefácio
Não use adjetivos, use números!
A maioria das pessoas ainda pensa que Metrologia se refere apenas à Dimensão e
Comprimento e trata de paquímetros, micrômetros, cálibres e similares. Este preconceito
deve ser eliminado, pois Metrologia é a Ciência da Medição e se refere à medição de
qualquer grandeza física. A importância da Metrologia é evidente, pois ela é uma ferramenta
absolutamente essencial para a garantia da qualidade de qualquer produto ou serviço de
engenharia.
O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso ministrado a engenheiros e
técnicos ligados, de algum modo, à medição de alguma grandeza física. Ele enfoca os
aspectos técnicos, físicos e matemáticos da medição da grandeza física.
Inicialmente, é apresentado o Sistema Internacional de Unidades (SI), com sua
história, características e as regras para a escrita correta de nomes, símbolos, prefixos e
múltiplos das unidades das grandezas físicas. Os Algarismos Significativos são
conceituados e tratados, para que sejam usados e entendidos corretamente. São vistos os
conceitos básicos da Estatística da Medição para tratar corretamente os erros aleatórios,
conceituando médias, desvios, distribuições e intervalos de confiança da medição.
As Quantidades Medidas são definidas e classificadas sob diferentes enfoques e são
apresentados os conceitos, unidades, formas e padrões das sete quantidades de base, das
duas suplementares e das principais derivadas, nas áreas da física, química, eletrônica e
instrumentação.
A seguir são vistas os Instrumentos de Medição, onde são apresentados os diferentes
métodos de medição, as aplicações da medição na indústria e os diferentes tipos de
instrumentos usados nas medições. O desempenho do instrumento é analisado e são
apresentadas as especificações típicas e os parâmetros da precisão e da exatidão. Os erros
aleatórios, sistemáticos e grosseiros da medição são conceituados e apresentados os meios
para eliminar, diminuir ou administrar tais erros, considerando sua fonte de origem.
Finalmente, é analisada a Confirmação Metrológica da medição, onde são definidos os
conceitos de calibração e ajuste, os diferentes tipos de padrões, as abrangências das normas
e a situação dos laboratórios nacionais (INMETRO) e internacionais.
São apresentados como Apêndices: o Vocabulário de Metrologia (A), comentários
sobre as Normas ISO 9000 (C) e a relação dos Laboratórios da Rede Brasileira de
Calibração (D) publicada em MAI 97, pela CQ Qualidade, Editora Banas.
O autor ficará mais feliz, se ao fim da leitura do presente trabalho, as pessoas passarem a
usar mais números que adjetivos.
O trabalho está continuamente sendo revisto, quando são melhorados os desenhos,
editadas figuras melhores, atribuídos os créditos a todas as fotografias usadas.
Sugestões e críticas destrutivas são benvidas, no endereço do autor: Rua Carmen Miranda
52, A 903, CEP 41820-230, Fone (0xx71) 452-3195 e Fax (0xx71) 452-4286, Móvel(071)
9989-9531 e no e-mail: marcotek@uol.com.br

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, BA, Verão 2003
Autor
Marco Antônio Ribeiro nasceu em Araxá, MG, no dia 27 de maio de 1943, às 7:00
horas A.M.. Formou-se pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em
Engenharia Eletrônica, em 1969.
Foi professor de Matemática, no Instituto de Matemática da Universidade Federal
da Bahia (UFBA) (1974-1975), professor de Eletrônica na Escola Politécnica da UFBA
(1976-1977), professor de Instrumentação e Controle de Processo no Centro de
Educação Tecnológica da Bahia (CENTEC) (1978-1985) e professor convidado de
Instrumentação e Controle de Processo nos cursos da Petrobrás (desde 1978).
Foi gerente regional Norte Nordeste da Foxboro (1973-1986). Já fez vários cursos de
especialização em instrumentação e controle na Foxboro Co., em Foxboro, MA, Houston (TX)
e na Foxboro Argentina, Buenos Aires.
Possui dezenas de artigos publicados em revistas nacionais e anais de congressos
e seminários; ganhador do 2o prêmio Bristol-Babcock, no Congresso do IBP,
Salvador, BA, 1979.
Desde agosto de 1987 é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda, firma
dedicada à instrumentação, controle de processo, medição de vazão, aplicação de
instrumentos elétricos em áreas classificadas, Implantação de normas ISO 9000 e
integração de sistemas digitais.
Suas características metrológicas são:
altura: (1,70 ± 01) m;
peso correspondente ã massa de (70 ± 2) kg;
cor dos olhos: castanhos (cor subjetiva, não do arco íris)., cor dos cabelos
(sobreviventes): originalmente negros, se tornando brancos;
tamanho do pé: 40 (aplicável no Brasil, adimensional).
Gosta de xadrez, corrida, fotografia, música de Beethoven, leitura, trabalho, curtir
os filhos e a vida. Corre, todos os dias, cerca de (10 ± 2) km e joga xadrez
relâmpago todos os fins de semana. É provavelmente o melhor jogador de xadrez
entre os corredores e o melhor corredor entre os jogadores de xadrez (o que não é
nenhuma vantagem e nem interessa à Metrologia).
Bíblia e Metrologia
Levítico, 19
• 35: Não façais nada contra a equidade, nem no juízo, nem na regra, nem no
peso, nem na medida.
• 36: Seja justa a balança e justos os pesos; seja justo o alqueire e justa a medida

Deuteronômio, 25, Pesos e medidas justas


• 13. Não terás na tua bolsa pesos diferentes, um grande e outro pequeno.
• 14. Não terás na tua casa duas efas, uma grande e outra pequena.
• 15. Terás peso inteiro e justo, terás efa inteira e justa; para que se prolonguem os
teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
• 16. Porque é abominável ao Senhor teu Deus todo aquele que faz tais coisas, todo
aquele que prática a injustiça.

Ezequiel, 45
• 10. Tereis balanças justas, efa justa e bato justo.
• 11. A efa e o bato serão duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a
décima parte do hômer e a efa a décima parte do hômer; o hômer será a medida
padrão.

Amós, 8,
• 5. Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sábado, para expormos o
trigo, diminuindo a medida, e aumentando o preço, e procedendo dolosamente com
balanças enganadoras...

Miqueias, 6,
• 11. Justificarei ao que tem balanças falsas e uma bolsa cheia de pesos enganosos?
Conteúdo

2. ESTATÍSTICA DA MEDIÇÃO 27
CONTEÚDO I
Objetivos de Ensino 27

1.SISTEMA INTERNACIONAL (SI) 1 1. Estatística Inferencial 27


Objetivos de Ensino 1 1.1. Introdução 27
1.2. Conceito 27
1. Sistema de Unidades 1 1.3. Variabilidade da Quantidade 29
1.1. Unidades 1
1.2. História 1 2. População e Amostra 30
1.3. Sistema Internacional (SI) 3
1.4. Política IEEE e SI 4 3. Tratamento Gráfico 31
3.1. Distribuição de Freqüência 31
2. Multiplos e submúltiplos 6 3.2. Histograma 33
3.3. Significado metrológico 33
3. Estilo e Escrita do SI 6
3.1. Introdução 6 4. Médias 34
3.2. Maiúsculas ou Minúsculas 7 4.1. Média Aritmética 34
3.3. Pontuação 8 4.2. Raiz da Soma dos Quadrados 35
3.4. Plural 9
3.5. Agrupamento dos Dígitos 9 5. Desvios 36
3.6. Espaçamentos 10 5.1. Dispersão ou Variabilidade 36
3.7. Índices 11 5.2. Faixa (Range) 36
3.8. Unidades Compostas 11 5.3. Desvio do Valor Médio 36
3.9. Uso de Prefixo 12 5.4. Desvio Médio Absoluto 37
3.10. Ângulo e Temperatura 13 5.5. Desvio Padrão da População 37
3.11. Modificadores de Símbolos 13 5.6. Desvio Padrão da Amostra 37
5.7. Fórmulas Simplificadas 38
4. Algarismos Significativos 14 5.8. Desvios da população e amostra 38
4.1. Introdução 14 5.9. Desvio padrão de operações 38
4.2. Conceito 14 5.10.Coeficiente de variação 39
4.3. Algarismo Significativo e o Zero 14 5.11. Desvio Padrão Das Médias 39
4.4. Notação científica 15 5.12. Variância 40
4.5. Algarismo Significativo e a Medição
16 6. Distribuições dos dados 41
4.6. Algarismo Significativo e o Display 18 6.1. Introdução 41
4.7. Algarismo Significativo e Calibração 6.2. Parâmetros da Distribuição 41
19 6.3. Tipos de distribuições 42
4.8. Algarismo Significativo e a Tolerância 6.4. Distribuição normal ou de Gauss 42
19
4.9. Algarismo Significativo e Conversão 7. Intervalos Estatísticos 47
20 7.1. Intervalo com n grande (n > 20) 47
4.10. Computação matemática 21 7.2. Intervalo com n pequeno (n < 20) 47
4.11. Algarismos e resultados 25 7.3. Intervalo com n pequeno (n < 10) 47
7.4. Intervalo para várias amostras 48

i
Metrologia Industrial

8. Conformidade das Medições 49 4.4. Precisão 111


8.1. Introdução 49 4.5. Parâmetros da Precisão 113
8.2. Teste Q 50 4.6. Especificação da Precisão 117
8.3. Teste do χ2 (qui quadrado) 50 4.7. Rangeabilidade 119
8.4. Teste de Chauvenet 52 4.8. Precisão Necessária 120
8.5. Outros Testes 52 4.9. Relação padrão e instrumento 121
8.6. Conformidade (goodness of fit) 53 4.10. Projeto, Produção e Inspeção 126
8.7. Não-Conformidades 53
5. Erros da Medição 127
5.1. Introdução 127
3. QUANTIDADES MEDIDAS 54 5.2. Tipos de Erros 127
5.3. Erro Absoluto e Relativo 128
Objetivos de Ensino 54 5.4. Erro Dinâmico e Estático 128
5.5. Erro Grosseiro 129
1. Quantidade Física 54 5.6. Erro Sistemático 130
1.1. Conceito 54 5.7. Erro Aleatório 136
1.2. Valor da quantidade 54 5.8. Erro Resultante Final 137
1.3. Classificação das Quantidades 55
1.4. Faixa das Variáveis 58 6. Incerteza na Medição 139
1.5. Função Matemática 59 6.1. Conceito 139
6.2. Princípios Gerais 139
2. Quantidades de Base do SI 60 6.3. Fontes de Incerteza 141
2.1. Comprimento 61 6.4. Estimativa das Incertezas 141
2.2. Massa 64 6.4. Incerteza Padrão 142
2.3. Tempo 67 6.5. Incerteza Padrão Combinada 142
2.4. Temperatura 69 6.6. Incerteza Expandida 142
2.5. Corrente Elétrica 80
2.6. Quantidade de Matéria 81
2.7. Intensidade Luminosa 82 5. CONFIRMAÇÃO METROLÓGICA
2.8. Quantidades Suplementares 82 143

Objetivos de Ensino 143


4. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
83 1. Confirmação Metrológica 143
1.1. Conceito 143
Objetivos de Ensino 83 1.2. Necessidade da confirmação 143
1.3. Terminologia 144
1. Medição 84 1.4. Calibração e Ajuste 144
1.1. Metrologia 84 1.5. Tipos de calibração 146
1.2. Resultado da Medição 84 1.6. Erros de calibração 149
1.3. Aplicações da Medição 85 1.7. Calibração da Malha 149
1.4. Tipos de Medição 86 1.8. Parâmetros da Calibração 150

2. Instrumentos da Medição 89 3. Padrões 157


2.1. Manual e Automático 89 3.1. Padrões físicos e de receita 158
2.2. Contato e Não-Contato 89 3.1. Rastreabilidade 158
2.3. Alimentação dos Instrumentos 90
2.4. Analógico e Digital 91 4. Normas e Especificações 162
2.5. Instrumento Microprocessado 94 4.1. Norma 162
4.2. Especificações 162
3. Sistema de Medição 97 4.3. Hierarquia 163
3.1. Conceito 97 4.4. Tipos de Normas 163
3.2. Sensor 98 4.5. Abrangência das Normas 163
3.3. Condicionador do Sinal 101 4.6. Relação Comprador-Vendedor 163
3.4. Apresentação do Sinal 105 4.7. Organizações de Normas 164
4.8. INMETRO 164
4. Desempenho do Instrumento 109
4.1. Introdução 109
4.2. Características do Instrumento 109
4.3. Exatidão 110

ii
Metrologia Industrial

A. Vocabulário de Metrologia 166 4. Instrumento de Medição 175


4.1. Instrumento de medição (measuring
1. Grandezas e Unidades 167 instrument) 175
1.1. Grandeza (mensurável) 167 4.2. Medida materializada (material
1.2. Grandeza medida (Mensurando) 167 measure) 175
1.3. Grandeza de base 167 4.3. Transdutor de Medição (measuring
1.4. Grandeza suplementar 167 transducer) 175
1.5. Grandeza derivada 167 4.4. Transmissor (transmitter) 175
1.6. Grandeza, dimensão de uma 168 4.5. Cadeia de medição (measuring
1.7. Unidade (de medição) 168 chain) 176
1.8. Unidade, símbolo de 168 4.6. Sistema de medição (measuring
1.9. Unidade, sistema de 168 system) 176
1.10. Valor (de uma grandeza) 168 4.7. Indicador (indicator) 176
1.11. Valor verdadeiro (de uma grandeza) 4.8. Registrador (recorder) 176
169 4.9. Totalizador (totalizer) 176
1.12. Valor verdadeiro convencional (de 4.10. Instrumento analógico (analog
uma grandeza) 169 instrument) e digital (digital instrument) 177
1.13. Valor verdadeiro, erro e incerteza 4.11. Mostrador (display, dial) 177
169 4.12. Índice (index) 177
1.14. Valor numérico (de uma grandeza) 4.13. Escala (scale) 177
170 4.14. Escala com zero suprimido
(supressed zero scale) 177
2. Medição 171 4.15. Escala com zero elevado (elevated
2.1. Metrologia 171 zero scale) 177
2.2. Medição 171 4.16. Escala expandida (expanded scale)
2.3. Princípio de medição 171 177
2.4. Método de medição 171 4.17. Sensor (sensor) 178
2.5. Procedimento de medição 171 4.18. Faixa de indicação (range of
2.6. Mensurando (mensurand) 171 indication) 178
2.7. Grandeza de influência 171 4.19. Amplitude de faixa (span of
2.8. Grandeza de modificação 171 indication) 178
2.9. Sinal de medição (measurement 4.20. Escala linear (linear scale) 178
signal) 172
2.10. Ruído (noise) 172 5. Características do Instrumento de
Medição 179
3. Resultado da Medição 172 5.1. Faixa nominal (nominal range) 179
3.1. Resultado de uma medição 172 5.2. Valor nominal (nominal value) 179
3.2. Resultado não corrigido 172 5.3. Condições de Utilização (rated
3.3. Resultado corrigido 172 operating conditions) 179
3.4. Erro (da medição) 172 5.4. Condições Limites (limiting
3.5. Erro relativo 172 conditions) 179
3.6. Erro aleatório 173 5.5. Condições de Referência (reference
3.7. Erro sistemático 173 conditions) 179
3.8. Correção (do erro) 173 5.6. Constante de um instrumento
3.9. Fator de correção 173 (instrument constant) 179
3.10. Incerteza 173 5.7. Característica de resposta (response
3.11. Incerteza (da medição) 173 characteristic) 179
3.12. Incerteza padrão 174 5.8. Sensibilidade (sensitibility) 180
3.13. Incerteza padrão combinada 174 5.9. Limiar de mobilidade (discrimination,
3.14. Incerteza expandida 174 threshold) 180
3.15. Avaliação Tipo A (de incerteza) 175 5.10. Resolução (resolution) 180
3.16. Avaliação Tipo B (de incerteza) 175 5.11. Zona morta (dead zone) 180
3.17. Fator de cobertura 175 5.12. Estabilidade (stability) 180
5.13. Discriminação (transparency) 180
5.14. Deriva (drift) 180
5.15. Tempo de resposta 180
5.16. Exatidão da medição 180
5.17. Classe de exatidão 181
5. 18. Repetitividade (de resultados de
medições) 181

iii
Metrologia Industrial

5.19. Reprodutibilidade 181 5. Filosofia da Norma 195


5.20. Erro 181 5.1. Controle e manutenção do
5.22. Limite de Erro Admissível 182 equipamento 195
5.23. Erro de um instrumento de medição 5.2. Controle do equipamento de medição
182 e ensaio 195
5.24. Erro no ponto de controle 182 5.3. Calibração do equipamento 195
5.25. Erro no zero (zero error) 182
5.26. Erro no span (span error) 182 6. Equipamento de Inspeção, Medição e
5.27. Erro intrínseco (intrinsic error) 182 Teste 196
5.28. Tendência (bias) 182
5.29. Isenção de Tendência (freedom 7. Certificação pela ISO 9000 199
from bias) 182 7.1. Projeto 199
5.30. Erro fiducial (fiducial error) 182 7.2. Implementação 202
7.3. Comprovação Metrológica 206
Revisão 2000 da ISO 9000 207
6. CONCEITOS ESTATÍSTICOS 183
6.1. Estatística 183
6.2. Probabilidade 183 CONCLUSÃO FINAL 208
6.3. Variável aleatória 183
6.5. Função distribuição 183
6.6. Parâmetro 184 C. REDE BRASILEIRA DE
6.7. Característica 184 CALIBRAÇÃO 209
6.8. População 184
6.9. Freqüência 184
6.10. Expectativa (de uma variável D. FUNDAMENTOS DA
aleatória ou de uma distribuição de QUALIDADE 211
probabilidade; valor esperado; média 185
6.11. Desvio padrão 185 Objetivos de Ensino 211
6.12. Estimativa 185
6.13. Variância 186 1. História da Qualidade 211
6.14. Covariância 187
6.15. Correlação 187 2. Conceito de Qualidade 213
6.16. Independência 188
6.17. Representação gráfica 188 3. Características da Qualidade 214

B. NORMAS ISO 9000 191 4. Aspectos da Qualidade 216

1. Introdução 191 5. Gerenciamento da Qualidade Total 217

2. Aspectos Legais 192 6. Inspeção e Prevenção 223

3. Histórico 192 7. Medição 223

4. Normas ISO 193 8. Algumas Filosofias de Qualidade 224


4.1. ISO 9000 193
4.2. ISO 9001 193 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4.3. ISO 9002 193
4.4. ISO 9003 194 230
4.5. ISO 9004 194
4.6. Outras normas ISO 194 NORMAS 232

iv
1
Sistema Internacional (SI)
Objetivos de Ensino
1. Relatar como apareceram as unidades e se desenvolveu o sistema métrico, que se tornou
o Sistema Internacional de Unidades.
2. Apresentar as unidades, símbolos, prefixos e modificadores das quantidades físicas.
3. Recomendar as regras de formatação e escrita correta das quantidades, unidades e
símbolos do Sistema Internacional.
4. Mostrar a conversão de unidades, através da análise dimensional.
5. Conceituar valor exato e aproximado através de algarismos significativos.
6. Mostrar as regras de arredondamento, soma, subtração, multiplicação e divisão de
algarismos significativos.
7. Apresenta o formato da notação científica dos números.
8. Discutir os métodos apropriados para fazer os cálculos e apresentar o resultado de modo
conveniente e entendido para todos os ramos da engenharia.

1. Sistema de Unidades 1.2. História

1.1. Unidades Bíblia


Unidade é uma quantidade A preocupação de se ter um único
precisamente estabelecida, em termos da sistema de unidades está na Bíblia, onde
qual outras quantidades da mesma se tem várias passagens, como: ter dois
natureza podem ser estabelecidas. Para pesos e duas medidas é abominável para
cada dimensão há uma ou mais o Senhor (Provérbios, 20, 10). A Bíblia
quantidades de referência para descrever também tinha preocupações metrológicas:
quantitativamente as propriedades físicas Não façais nada contra a equidade, nem
de algum objeto ou material. Por exemplo, no juízo, nem na regra, nem no peso, nem
a dimensão de comprimento pode ser na medida. Seja justa a balança e justos os
medida em unidades de kilômetro, metro, pesos; seja justo o alqueire e justa a
centímetro, pé ou a distância entre o nariz medida (Levítico, 19, 35-36)
e a ponta do dedo de uma pessoa. A
dimensão do tempo pode ser medida em
unidades segundos, minutos, horas, dias,
meses, anos.

1
Sistema Internacional
Antigüidade Algumas pessoas tem a idéia errada
As antigas civilizações já tinham que o sistema métrico atual, o SI, seja uma
percebido a necessidade de criação de criação recente e intencional para
unidades para a troca de mercadorias. Os confrontar a tecnologia americana. Ele
padrões de peso datam de 7000 A.C. e os apareceu antes de os Estados Unidos se
padrões de comprimento datam de 3000 tornarem uma potência tecnológica. A
A.C. Os babilônicos e os romanos já tecnologia americana pode realmente ser
haviam estabelecido padrões e nomes melhorada pela coerência do SI. Em 1975,
para unidades. Originalmente, os padrões nos Estados Unidos, foi decretado o Ato de
e unidades eram escolhidos por Conversão Métrica, dando à indústria
conveniência prática e se baseavam em americana a oportunidade de se mudar
medidas do corpo humano. Depois, voluntariamente para o sistema SI. Nos
verificou-se que era preferível desenvolver Estados Unidos ainda há uma resistência
padrões baseados em fenômenos naturais para mudar as unidades, principalmente
reprodutíveis em vez de padrões baseados pelos segmentos da indústria que são
no corpo humano. estritamente domésticos e pelo público em
Como existe um grande número de geral. Isto é natural, pois a mudança altera
dimensões, é necessário um sistema de um modo de vida consagrado e requer
unidades para se ter medições confiáveis e uma reeducação e aprendizado de novos
reprodutíveis e para uma boa comunicação termos.
entre todos os envolvidos com as Sistema Decimal
medições. O desenvolvimento tecnológico
A idéia de um sistema decimal de
em transportes e comunicações e o
unidades foi concebida pelo inglês Simon
aumento do comércio globalizado tem
Stevin (1548-1620). Em 1671, o padre
mostrado a necessidade de uma
francês Gabriel Mouton, definiu uma
linguagem comum de medição, um sistema
proposta para um sistema decimal,
capaz de medir qualquer quantidade física
baseando-se em medidas da Terra, em
com unidades que tenham definição clara
vez de medidas relacionadas com
e precisa e uma relação lógica com as
dimensões humanas.
outras unidades.
As unidades decimais foram também
Sistema inglês consideradas no primeiros dias da
O sistema inglês, também chamado de Academia Francesa de Ciências, fundada
imperial, é usado na Inglaterra, Estados em 1666. O que tornou o sistema métrico
Unidos e Canadá, mas mesmo nestes uma realidade foi a aceitação social e
países há muitas diferenças em seus política da Revolução Francesa. Em seu
detalhes. O insuspeito cientista inglês entusiasmo para romper as tradições
William Thompson, Barão Kelvin (1824- européias existentes, os líderes da
1907), dizia que o Sistema Imperial Inglês Revolução acreditaram que até o sistema
de unidades era absurdo, ridículo, de medição deveria ser mudado porque o
demorado e destruidor de cérebro. De fato, existente fora criado pela monarquia. Uma
a maioria das unidades se baseava em comissão de cientistas franceses foi
medidas do corpo humano, geralmente do formada para estabelecer um novo sistema
corpo do rei de plantão. Por exemplo, a de medição baseado em normas absolutas
jarda (yard) era a distância do nariz ao e constantes encontradas no universo
polegar com o braço estendido do rei físico. Tayllerand propôs um sistema
inglês Henry I (circa 1100). decimal internacional de pesos e medidas
O sistema inglês não é coerente e há a tous de temps, a tous les peuples.
vários múltiplos entre a maioria das Embora este trabalho tenha iniciado nesta
unidades. Por exemplo, para o época, a finalização da comissão foi muito
comprimento tem-se demorada e difícil.
12 polegadas para um pé
3 pés para uma jarda
1760 jardas para uma milha.

2
Sistema Internacional
Sistema CGS Sistema MKSA
O primeiro sistema métrico oficial, Depois do Tratado do Metro, tornou-se
chamado de centímetro-grama-segundo necessário definir claramente os
(CGS), foi proposto em 1795 e adotado na significados e as unidades de massa, peso
França em 1799. Em 1840 o governo e força. Em 1901, a 3a CGPM declara que
francês, em resposta a uma falta do o kilograma é uma unidade de massa e o
entusiasmo público para o uso voluntário termo peso denota uma quantidade de
do sistema, tornou obrigatório o sistema força. A decisão de definir o kilograma (e
CGC. Outros países do mundo também grama) de um modo diferente do que foi
adotaram oficialmente o sistema CGS. Em definido no sistema CGS requer um novo
1866, no início de seu desenvolvimento sistema, MKS, baseado no metro-
tecnológico, os Estados Unidos kilograma-segundo.
promulgaram um ato tornando legal o Em 1935, a Comissão Internacional de
sistema métrico. Eletrotécnica (IEC) incorpora uma quarta
Em 1873 a Associação Britânica do unidade base de corrente, o ampère. Com
Avanço da Ciência recomendou o uso do esta adição, o sistema ficou conhecido
sistema CGS e desde então ele foi como MKSA (ou Giorgi).
aplicado em todas as áreas da ciência. Por
causa do uso crescente do sistema métrico 1.3. Sistema Internacional (SI)
através da Europa, o governo francês
Em 1960, a 11a CGPM deu
convidou várias nações para uma
formalmente o nome de Systeme
conferência internacional para discutir um
International d'Unites, simbolizado como SI
novo protótipo do metro e um número de
(Sistema Internacional) e o estabeleceu
padrões idênticos para as nações
como padrão universal de unidades de
participantes.
medição. SI é um símbolo e não a
Em 1875, o Tratado do Metro definiu os
abreviatura de Sistema Internacional e por
padrões métricos para o comprimento e
isso é errado escrever S.I., com pontos.
peso e estabeleceu procedimentos
O SI é um sistema de unidades com as
permanentes para melhorar e adotar o
seguintes características desejáveis:
sistema métrico. Este tratado foi assinado
por 20 países, inclusive o Brasil. Coerente
Foi constituída a organização Ser coerente significa que o produto ou
internacional Conference Generale des o quociente de quaisquer duas unidades é
Poids et Mesures (CGPM), para fornecer a unidade da quantidade resultante. Por
uma base razoável de unidades de exemplo, o produto da força de 1 N pelo
medição precisa e universal. Esta comprimento de 1 m é 1 J de trabalho.
organização consiste do Comitê
International des Poids et Mesures (CIPM) Decimal,
que fornece a base técnica e que possui o No sistema decimal, todos os fatores
laboratório de trabalho Bureau International envolvidos na conversão e criação de
des Poids et Mesures (BIPM). A CGPM é unidades são somente potências de 10. No
constituída pelos delegados de todos os SI, as únicas exceções se referem às
estados membros da Convenção do Metro unidades de tempo baseadas no
e se reúne de seis em seis anos para: calendário, onde se tem
1. garantir a propagação e 1 dia 24 horas
aperfeiçoamento do SI, 1 hora 60 minutos
2. sancionar os resultados de novas 1 minuto 60 segundos
determinações metrológicas
fundamentais
3. adotar decisões que se relacionem
com a organização e
desenvolvimento do BIPM.

3
Sistema Internacional
Único, organizações ligadas à normalização,
No sistema, há somente uma unidade metrologia e instrumentação.
para cada tipo de quantidade física,
independente se ela é mecânica, elétrica, É uma obrigação de todo técnico
química, ou termal. Joule é unidade de entender, respeitar e usar o SI
energia elétrica, mecânica, calorífica ou corretamente.
química.
Poucas Unidades de base 1.4. Política IEEE e SI
As sete unidades de base são
separadas e independentes entre si, por A política (Policy 9.20) adotada pelo
definição e realização. IEEE (Institute of Electrical and Electronics
Engineers). A política de transição para as
Unidades com tamanhos razoáveis, unidades SI começou em 01 JAN 96,
Os tamanhos das unidades evitam a estágio 1, que requer que todas as normas
complicação do uso de prefixos de novas e revisões submetidas para
múltiplos e submúltiplos. aprovação devem ter unidades SI.
No estágio 2, a partir de 01 JAN 98, dá-
Completo se preferencia às SI. A política não aprova
O SI é completo e pode se expandir a alternativa de se colocar a unidade SI
indefinidamente, incluindo nomes e seguida pela unidade não SI em
símbolos de unidades de base e derivadas parêntesis, pois isto torna mais difícil a
e prefixos necessários. leitura do texto. É recomendável usar notas
Simples e preciso, de rodapé ou tabelas de conversão.
No estágio 3, para ocorrer após 01 JAN
O SI é simples, de modo que cientistas, 2000, propõe-se que todas as normas
engenheiros e leigos podem usá-lo e ter novas e revistas devem usar
noção das ordens de grandeza envolvidas. obrigatoriamente unidades SI. AS unidades
Não possui ambigüidade entre nomes de não SI só podem aparecer em notas de
grandezas e de unidades. rodapé ou em anexos informativos.
Não degradável Foram notadas três exceções:
O SI não se degrade, de modo que as 1. Tamanhos comerciais, como séries de
mesmas unidades são usadas ontem, hoje bitola de fios AWG
e amanhã. 2. Conexões baseadas em polegadas
3. Soquetes e plugs
Universal Quando houver conflitos com normas ou
Os símbolos e nomes de unidades práticas de indústria existentes, deve haver
formam um único conjunto básico de uma avaliação individual e aprovado
padrões conhecidos, aceitos e usados no temporariamente pelo IEEE.
mundo inteiro. A implementação do plano não requer
que os produtos já existentes, com
Conclusão parâmetros em unidades não SI, sejam
O SI oferece várias vantagens nas substituídos por produtos com parâmetros
áreas de comércio, relações internacionais, em unidades SI.
ensino e trabalhos acadêmicos e
pesquisas científicas. Atualmente, mais de
90% da população do mundo vive em
países que usam correntemente ou estão
em vias de mudar para o SI. Os Estados
Unidos, Inglaterra, Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul adotaram
legalmente o SI. Também o Japão e a
China estão atualizando seus sistemas de
medidas para se conformar com o SI.
A utilização do SI é recomendada pelo
BIPM, ISO, OIML, CEI e por muitas outras

4
Sistema Internacional

Tab. 1.1. Decisões da Conferência Geral de Pesos e Medidas


1a CGPM (1889)
Estabeleceu padrões físicos para kilograma e metro (*).
3a CGPM (1901)
Diferencia kilograma massa do kilograma forca. Define litro como o volume ocupado por 1 kg de
água com densidade máxima. Estabelece a aceleração normal da gravidade como g = 9,806 65
m/s2.
7a CGPM (1927)
Define com maiores detalhes o metro físico (*). Define unidades fotométricas de vela nova e
lumen novo (*).
9a CGPM (1948)
Define unidade de forca no MKS, joule e watt. Define ampère, volt, ohm, coulomb, farad, henry e
weber. Diferencia o ponto tríplice do ponto de gelo da água (0,01 oC). Estabelece a unidade de
calor como joule. Escolhe grau Celsius entre grau centígrado, centesimal e Celsius. Padroniza a
grafia dos símbolos de unidades e números.
10a CGPM (1954)
Define o ponto tríplice da água como igual a 273,15 K. Define atmosfera normal como 101,325
N/m2.
Define seis unidades de base (metro, kilograma, segundo, grau Kelvin*, ampère e candela.
11a CGPM (1960)
Estabelece o Sistema Internacional de Unidades, SI. Redefine o metro baseando-se no
comprimento de onda da radiação do Kr-86. Define segundo como 1/31 556 925,974 7 do ano
trópico para 0 janeiro 1900*. Estabelece 1 L = 1,000 028 dm3. Introduz as unidades suplementares:
radiano e esterradiano.
12a CGPM (1964)
Propõe mudança no segundo. Recomenda uso de unidades SI para volume e abole o litro para
aplicações de alta precisão. Abole curie (Ci) como unidade de atividade dos radionuclídeos.
Acrescenta os prefixos femto (10-15) e atto (10-18).
13a CGPM (1968)
Define segundo como duração de 9 192 631 770 períodos da radiação de 133Ce*. Muda a
unidade de temperatura termodinâmica de grau kelvin (oK) para kelvin (K). Define candela (*).
Aumenta o número de unidades derivadas. Revoga e suprime o micron e vela nova.
14a CGPM (1971)
Adota pascal (Pa) como unidade SI de pressão, siemens (S) de condutância elétrica. Define mol
como unidade de quantidade de matéria.
15a CGPM (1975)
Recomenda o tempo universal coordenado. Recomenda o valor da velocidade da luz no vácuo
como c = 299 792 458 m/s. Adota becquerel (Bq) para atividade ionizante e gray (Gy) para dose
absorvida. Introduz os prefixos peta (1015) e exa (1018)
16a CGPM (1979)
Redefine candela como intensidade luminosa e revoga vela nova. Adota sievert (Sv) como
unidade SI de equivalente de dose. Aceita os símbolos l e L para litro.
17a CGPM (1983)
Redefine o metro em relação à velocidade da luz no vácuo

* - Decisão a ser revista, revogada, modificada ou completada posteriormente.

5
3. Estilo e Escrita do SI
2. Múltiplos e Submúltiplos
3.1. Introdução
Como há unidades muito pequenas e
muito grandes, elas devem ser modificadas O SI é uma linguagem internacional da
por prefixos fatores de 10. Por exemplo, a medição. O SI é uma versão moderna do
distância entre São Paulo e Rio de Janeiro sistema métrico estabelecido por acordo
expressa em metros é de 4 x 109 metros. A internacional. Ele fornece um sistema de
espessura da folha deste livro é cerca de 1 referência lógica e interligado para todas
x 10-7 metros. Para evitar estes números as medições na ciência, indústria e
muito grandes e muito pequenos, comércio. Para ser usado sem
compreensíveis apenas para os cientistas, ambigüidade por todos os envolvidos, ele
usam-se prefixos decimais às unidades SI. deve ter regras simples e claras de escrita.
Assim, a distância entre São Paulo e Rio Parece que o SI é exageradamente
se torna 400 kilômetros (400 km) e a rigoroso e possui muitas regras
espessura da folha de papel, 0,1 relacionadas com a sintaxe e a escrita dos
milímetros (0,1 mm). símbolos, quantidades e números. Esta
Os prefixos para as unidades SI são impressão é falsa, após uma análise. Para
usados para formar múltiplos e realizar o potencial e benefícios do SI, é
submúltiplos decimais das unidades SI. essencial evitar a falta de atenção na
Deve-se usar apenas um prefixo de cada escrita e no uso dos símbolos
vez. O símbolo do prefixo deve ser recomendados.
combinado diretamente com o símbolo da Os principais pontos que devem ser
unidade. lembrados são:
1. O SI usa somente um símbolo para
Tab. 1.2 - Múltiplos e Submúltiplos qualquer unidade e somente uma
unidade é tolerada para qualquer
Prefixo Símbolo Fator de 10 quantidade, usando-se poucos
yotta Y +24 nomes.
zetta Z +21 2. O SI é um sistema universal e os
exa E +18 símbolos são usados exatamente da
peta P +15 mesma forma em todas as línguas,
tera T +12 de modo análogo aos símbolos para
giga G +9 os elementos e compostos químicos.
mega** M +6 3. Para o sucesso do SI deve-se evitar
kilo** k +3 a tentação de introduzir novas
hecto* H +2 mudanças ou inventar símbolos. Os
deca* da +1 símbolos escolhidos foram aceitos
deci* d -1 internacionalmente, depois de muita
centi* c -2 discussão e pesquisa.
mili** m -3 Serão apresentadas aqui as regras
micro** µ -6 básicas para se escrever as unidades SI,
nano n -9 definindo-se o tipo de letras, pontuação,
pico p -12 separação silábica, agrupamento e seleção
femto f -15 dos prefixos, uso de espaços, vírgulas,
atto a -18 pontos ou hífen em símbolos compostos.
zepto z -21 Somente respeitando-se estes princípios
yocto y -24 se garante o sucesso do SI e se obtém um
conjunto eficiente e simples de unidades.
Observações No Brasil, estas recomendações estão
* Exceto para o uso não técnico de centímetro e em contidas na Resolução 12 (1988) do
medidas especiais de área e volume, devem-se evitar estes Conselho Nacional de Metrologia,
prefixos. Normalização e Qualidade Industrial.
** Estes prefixos devem ser os preferidos, por terem
potências múltiplas de 3

6
Sistema Internacional
3.2. Maiúsculas ou Minúsculas S para siemens, s para segundo
M para mega e M para a grandeza
Nomes de Unidades massa
Os nomes das unidades SI, incluindo os P para peta e Pa para pascal e p para
prefixos, devem ser em letras minúsculas pico
quando escritos por extenso, exceto L para a grandeza comprimento e L
quando no início da frase. Os nomes das para a unidade litro.
unidades com nomes de gente devem ser m para mili e m para metro
tratados como nomes comuns e também H para henry e Hz para hertz
escritos em letra minúscula. Quando o W para watt e Wb para weber
nome da unidade fizer parte de um título, Os símbolos são preferidos quando as
escrever o nome das unidades SI do unidades são usadas com números, como
mesmo formato que o resto do título. nos valores de medições. Não se deve
Exemplos: misturar ou combinar partes escritas por
A corrente é de um ampère. extenso com partes expressas por
A freqüência é de 60 hertz. símbolo.
A pressão é de 15,2 kilopascals. Letra romana para símbolos
Temperatura Quase todos os símbolos SI são
No termo grau Celsius, grau é escritos em letras romanas. As duas
considerado o nome da unidade e Celsius únicas exceções são as letras gregas µ (mi
é o modificador da unidade. O grau é ) para micro (10-6) e Ω (ômega) para ohm,
sempre escrito em letra minúscula, mas unidade de resistência.
Celsius em maiúscula. O nome de unidade Nomes dos símbolos em letra
de temperatura no SI é o kelvin, escrito em minúscula
letra minúscula. Mas quando se refere à
Símbolos de unidades com nomes de
escala, escreve-se escala Kelvin. Antes de
pessoas tem a primeira letra maiúscula. Os
1967, se falava grau Kelvin, hoje, o correto
outros símbolos são escritos com letras
é kelvin. Exemplos:
minúsculas, exceto o símbolo do litro que
A temperatura da sala é de 25 graus
pode ser escrito também com letra
Celsius.
maiúscula (L), para não ser confundido
A temperatura do objeto é de 303 kelvin.
com o número 1. Exemplos:
A escala Kelvin é defasada da Celsius
A corrente é de 5 A.
de 273,15 graus
O comprimento da corda é de 6,0 m.
Símbolos O volume é de 2 L.
Símbolo é a forma curta dos nomes das Símbolos com duas letras
unidades SI e dos prefixos. É incorreto
Há símbolos com duas letras, onde
chamá-lo de abreviação ou acróstico. O
somente a primeira letra deve ser escrita
símbolo é invariável, não tendo plural,
como maiúscula e a segunda deve ser
modificador, índice ou ponto.
minúscula. Exemplos:
Deve-se manter a diferença clara entre
Hz é símbolo de hertz, H é símbolo de
os símbolos das grandezas, das unidades
henry.
e dos prefixos. Os símbolos das grandezas
Wb é símbolo de weber, W é símbolo de
fundamentais são em letra maiúscula. Os
watt.
símbolos das unidades e dos prefixos
Pa é símbolo de pascal, P é prefixo peta
podem ser de letras maiúsculas e
(1015)
minúsculas. A importância do uso preciso
de letras minúsculas e maiúsculas é Uso do símbolo e do nome
mostrada nos seguintes exemplos: Deve-se usar os símbolos somente
G para giga; g para grama quando escrevendo o valor da medição ou
K para kelvin, k para kilo quando o nome da unidade é muito
N para newton; n para nano complexo. Nos outros casos, usar o nome
T para tera; t para tonelada e T para a da unidade. Não misturar símbolos e
grandeza tempo. nomes de unidades por extenso.

7
Sistema Internacional
Exemplo correto: O comprimento foi Exemplos incorretos:
medido em metros; a medida foi de 6,1 m. O comprimento da estrada é de 110km.
Exemplo incorreto: O comprimento foi O comprimento da estrada é de 110 kms.
medido em m; a medida foi de 6,1 metros. O comprimento da estrada é de 110-km.
O comprimento da estrada é de 110 k m.
Símbolos em títulos
O comprimento da estrada é de 110 Km.
Os símbolos de unidades não devem
ser usados em letra maiúscula, como em 3.3. Pontuação
título. Quando for necessário, deve-se usar
o nome da unidade por extenso, em vez de Ponto
seu símbolo.
Não se usa o ponto depois do símbolo
Correto: ENCONTRADO PEIXE DE 200
das unidades, exceto no fim da sentença.
KILOGRAMAS
Pode-se usar um ponto ou hífen para
Incorreto: ENCONTRADO PEIXE DE
indicar o produto de dois símbolos, porém,
200 KG
não se usa o ponto para indicar o produto
Símbolo e início de frase de dois nomes.
Não se deve começar uma frase com Exemplos corretos (incorretos):
um símbolo, pois é impossível conciliar a O cabo de 10 m tinha massa de 20 kg.
regra de se começar uma frase com (O cabo de 10 m. tinha massa de 20 kg..)
maiúscula e de escrever o símbolo em A unidade de momentum é newton metro
minúscula. (A unidade de momentum é newton.metro)
Exemplo correto: Grama é a unidade A unidade de momentum é o produto N.m
comum de pequenas massas. A unidade de momentum é o produto N-m
Exemplo incorreto: g é a unidade de Marcador decimal
pequenas massas.
No Brasil, usa-se a vírgula como um
Prefixos marcador decimal e o ponto como
Todos os nomes de prefixos de separador de grupos de 3 algarismos, em
unidades SI são em letras minúsculas condições onde não se quer deixar a
quando escritos por extenso em uma possibilidade de preenchimento indevido.
sentença. A primeira letra do prefixo é Quando o número é menor que um,
escrita em maiúscula apenas quando no escreve-se um zero antes da vírgula. Nos
início de uma frase ou parte de um título. Estados Unidos, usa-se o ponto como
No caso das unidades de massa, marcador decimal e a virgula como
excepcionalmente o prefixo é aplicado à separador de algarismos.
grama e não ao kilograma, que já possui o Exemplo (Brasil)
prefixo kilo. Assim, se tem miligrama (mg) A expressão meio metro se escreve
e não microkilograma (µkg); a tonelada 0,5 m.
corresponde a megagrama (Mg) e não a O valor do cheque é de R$2.345.367,00
kilokilograma (kkg).
Aplica-se somente um prefixo ao nome Exemplo (Estados Unidos)
da unidade. O prefixo e a unidade são A expressão meio metro se escreve:
escritos juntos, sem espaço ou hífen entre 0.5 m.
eles. O valor do cheque é de
Os prefixos são invariáveis. US$2,345,367.00
Exemplo correto: O comprimento é de
110 km

8
Sistema Internacional
3.4. Plural Símbolos
Os símbolos das unidades SI não tem
Nomes das unidades com plural plural. Exemplos:
Quando escrito por extenso, o nome da 2,6 m 1m
unidade métrica admite plural, 0,8 m -30 oC
adicionando-se um s, for 0 oC 100 oC
1. palavra simples. Por exemplo:
ampères, candelas, joules, kelvins, 3.5. Agrupamento dos Dígitos
kilogramas, volts.
2. palavra composta em que o elemento Numerais
complementar do nome não é ligado Todos os números são constituídos de
por hífen. Por exemplo: metros dígitos individuais, entre 0 e 9. Os números
quadrados, metros cúbicos, unidades são separados em grupos de três dígitos,
astronômicas, milhas marítimas. em cada lado do marcador decimal
3. termo composto por multiplicação, (vírgula).
em que os componentes são Não se deve usar vírgula ou ponto para
independentes entre si. Por exemplo: separar os grupos de três dígitos.
ampères-horas, newtons-metros, Deve-se deixar um espaço entre os
watts-horas, pascals-segundos. grupos em vez do ponto ou vírgula, para
Valores entre +1 e -1 são sempre evitar a confusão com os diferentes países
singulares. O nome de uma unidade só onde o ponto ou vírgula é usado como
passa ao plural a partir de dois (inclusive). marcador decimal.
A medição do valor zero fornece um Não deixar espaço entre os dígitos e o
ponto de descontinuidade no que as marcador decimal. Um número deve ser
pessoas escrevem e dizem. Deve-se usar tratado do mesmo modo em ambos os
a forma singular da unidade para o valor lados do marcador decimal.
zero. Por exemplo, 0 oC e 0 V são
reconhecidamente singulares, porém, são Exemplos:
lidos como plurais, ou seja, zero graus
Celsius e zero volts. O correto é zero grau Correto Incorreto
Celsius e zero volt. 23 567 23.567
Exemplos: 567 890 098 567.890.098
1 metro 23 metros 34,567 891 34,567.891
0,1 kilograma 1,5 kilograma 345 678,236 89 345.678,236.89
34 kilogramas 1 hertz 345 678,236 89 345 678,23 689
60 hertz 1,99 joule
8 x 10-4 metro 4,8 metros por Números de quatro dígitos
segundo
Os números de quatro dígitos são
Nomes das unidades sem plural considerados de modo especial e diferente
Certos nomes de unidades SI não dos outros. No texto, todos os números
possuem plural por terminarem com s, x ou com quatro ou menos dígitos antes ou
z. Exemplos: lux, hertz e siemens. depois da vírgula podem ser escritos sem
Certas partes dos nomes de unidades espaço.
compostas não se modificam no plural por: Exemplos:
1. corresponderem ao denominador de 1239 1993
unidades obtidas por divisão. Por 1,2349 2345,09
exemplo, kilômetros por hora, lumens 1234,5678 1 234,567 8
por watt, watts por esterradiano.
2. serem elementos complementares de
nomes de unidades e ligados a eles
por hífen ou preposição. Por
exemplo, anos-luz, elétron-volts,
kilogramas-força.

9
Sistema Internacional
Tabelas Números especiais
As tabelas devem ser preenchidas com Há certos números que possuem regras
números puros ou adimensionais. As suas de agrupamento especificas. Números
respectivas unidades devem ser colocadas envolvendo números de peça, documento,
no cabeçalho das tabelas. Ver Tab.1.3. telefone e dinheiro, que não devem ser
alterados, devem ser escritos na forma
original. Vírgulas, espaços, barras,
Tab.1.3. Variação da temperatura e volume parêntesis e outros símbolos aplicáveis
específico com a pressão para a água pura podem ser usados para preencher os
Temperatura, T Volume, V
espaços e evitar fraudes.
Pressão,
K m3/kg Exemplos:
P R$ 21.621,90 dinheiro (real)
kPa 16HHC-656/9978 número de peça
50,0 354,35 3,240 1 610.569.958-15 CPF
60,0 358,95 2,731 7 (071) 359-3195 telefone
70,0 362,96 2,364 7
80,0 366,51 2,086 9 3.6. Espaçamentos

Múltiplos e submúltiplos
Normalmente, em tabelas ou listagens,
todos os números usam agrupamentos de Não se usa espaço ou hífen entre o
três dígitos e espaços. Adotando este prefixo e o nome da unidade ou entre o
formato, se diminui a probabilidade de prefixo e o símbolo da unidade. Por
erros. exemplo,
Assim, a primeira linha da tabela kiloampère, kA
significa milivolt, mV
Pressão P = 50,0 kPa megawatt, MW
Temperatura T = 354,35 K Valor da medição da unidade
Volume específico V = 3,240 m3/kg A medição é expressa por um valor
Gráficos numérico, uma unidade, sua incerteza e os
Os números colocados nos eixos do limites de probabilidade. O valor é
gráficos (abcissa e ordenada) são puros ou expresso por um número e a unidade pode
adimensionais. As unidades e símbolos ser escrita pelo nome ou pelo símbolo.
das quantidades correspondentes são Deve-se deixar um espaço entre o número
colocadas nos eixos, uma única vez. e o símbolo ou nome da unidade. Os
O gráfico da tabela anterior fica assim símbolos de grau, minuto e segundo são
escritos sem espaço entre os números e
os símbolos. Exemplos:
670 kHz 670 kilohertz
20 mm 10 N
36’ 36 oC
Modificador da unidade
Quando uma quantidade é usada como
adjetivo, pode-se usar um hífen entre o
valor numérico e o símbolo ou nome. Não
se deve usar hífen com o símbolo de
ângulo (o) ou grau Celsius (oC). Exemplos:
Pacote de 5-kg.
Filme de 35-mm.
Temperatura de 36 oC
Fig. 1.1. Variação da temperatura e volume com
a pressão

10
Sistema Internacional
Produtos, quocientes e por 3.8. Unidades Compostas
Deve-se evitar confusão, principalmente As unidades compostas são derivadas
em números e unidades compostos como quocientes ou produtos de outras
envolvendo produto (.) e divisão (/) e por . unidades SI.
O bom senso e a clareza devem As regras a serem seguidas são as
prevalecer no uso de hífens nos seguintes:
modificadores. 1. Não se deve misturar nomes
Símbolos algébricos extensos e símbolos de unidades.
Deve-se deixar um espaço de cada lado Não usar o travessão (/) como
dos sinais de multiplicação, divisão, soma substituto de por, quando escrevendo
e subtração e igualdade. Isto não se aplica os nomes por extenso. Por exemplo,
aos símbolos compostos que usam os o correto é kilômetro por hora ou
sinais travessão (/) e ponto (.). km/h. Não usar kilômetro/hora ou km
Não se deve usar nomes de unidades por hora.
2. Deve-se usar somente um por em
por extenso em equações algébricas e
aritméticas; usam-se os símbolos. qualquer combinação de nomes de
Exemplos: unidades métricas. A palavra por
4 km + 2 km = 6 km denota a divisão matemática. Não se
6N x 8 m = 48 N.m usa por para significar por unidade
26 N : 3 m2 = 8,67 Pa ou por cada (além do cacófato). Por
100 W : (10 m x 2 K) = 5 W/(m.K) exemplo, a medição de corrente de
10 kg/m3 x 0,7 m3 = 7 kg vazamento, dada em microampères
15 kW.h por 1 kilovolt da voltagem entre
fases, deveria ser escrita em
microampères por cada kilovolt da
3.7. Índices
voltagem entre fases. No SI, 1 mA/kV
é igual a 1 nanosiemens (nS). Outro
Símbolos
exemplo, usa-se metro por segundo
São usados índices numéricos (2 e 3) quadrado e não metro por segundo
para indicar quadrados e cúbicos. Não se por segundo.
deve usar abreviações como qu., cu, c. 3. os prefixos podem coexistir num
Quando se escrevem símbolos para símbolo composto por multiplicação
unidades métricas com expoentes, como ou divisão. Por exemplo, kN.cm,
metro quadrado, centímetro cúbico, um por kΩ.mA, kV/mm, MΩ, kV/ms,
segundo, escrever o índice imediatamente mW/cm2.
após o símbolo. 4. os símbolos de mesma unidade
Exemplos: podem coexistir em um símbolo
10 metros quadrados = 10 m2 composto por divisão. Por exemplo,
14 centímetros cúbicos = 14 cm3
kWh/h, Ω.mm2/m.
1 por segundo = s-1
5. Não se misturam unidades SI e não-
Nomes de unidades SI. Por exemplo, usar kg/m3 e não
Quando se escrevem unidades kg/ft3.
compostas, aparecem certos fatores com 6. Para eliminar o problema de qual
quadrado e cúbico. Quando aplicável, unidade e múltiplo deve-se expressar
deve-se usar parêntesis ou símbolos uma quantidade de relação como
exclusivos para evitar ambigüidade e percentagem, fração decimal ou
confusão. relação de escala. Como exemplos, a
Por exemplo, para kilograma metro inclinação de 10 m por 100 m pode
quadrado por segundo quadrado, o ser expressa como 10%, 0.10 ou
símbolo correto é kg.m2/s2. Seria incorreto 1:10 e a tensão mecânica de 100
interpretar como (kg.m)2/s2 ou (kg.m2/s)2 µm/m pode ser convertida para 0,01
%.
7. Deve-se usar somente símbolos
aceitos das unidades SI. Por

11
Sistema Internacional
exemplo, o símbolo correto para 3.9. Uso de Prefixo
kilômetro por hora é km/h. Não usar
1. Deve-se usar os prefixos com 10
k.p.h., kph ou KPH.
8. Não se usa mais de uma barra (/) em
elevado a potência múltipla de 3
qualquer combinação de símbolos, a (10-3, 10-6, 103, 106). Deve-se usar a
não ser que haja parêntesis notação científica para simplificar os
separando as barras. Como casos de tabelas ou equações com
exemplos, escrever m/s2 e não valores numéricos com vários dígitos
m/s/s; escrever W/(m.K) ou (W/m)/K antes do marcador decimal e para
e não (W/m/K. eliminar a ambigüidade da
9. Para a maioria dos nomes derivados
quantidade de dígitos significativos.
como um produto, na escrita do Por exemplo, usam-se:
nome por extenso, usa-se um espaço mm (milímetro) para desenhos.
ou um hífen para indicar a relação, kPa (kilopascal) para pressão
mas nunca se usa um ponto (.). kg/m3 (kilograma por metro cúbico)
Algumas unidades compostas podem para densidade absoluta.
2. Quando conveniente escolhem-se
ser escritas como uma única palavra,
sem espaço ou hífen. Por exemplo, a prefixos resultando em valores
unidade de momento pode ser numéricos entre 0,1 e 1000, porém,
escrita como newton metro ou sem violar as recomendações
newton-metro e nunca newton.metro. anteriores.
3. Em cálculos técnicos deve-se tomar
Também, é correto escrever watt
hora, watt-hora ou watthora, mas é muito cuidado com os valores
incorreto watt.hora. numéricos dos dados usados. Para
10. Para símbolos derivados de
evitar erros nos cálculos, os prefixos
produtos, usa-se um ponto (.) entre devem ser convertidos em potências
cada símbolo individual. Não usar o de 10 (exceto o kilograma, que é
ponto (.) como símbolo de uma unidade básica da massa).
multiplicação em equações e Exemplos:
cálculos. Exemplos: 5 MJ = 5 x 106 J
N.m (newton metro) 4 Mg = 4 x 103 kg
Pa.s (pascal segundo) 3 Mm = 3 x 106 m
4. Devem ser evitados prefixos no
kW.h ou kWh (kilowatthora)
Use 7,6 x 6,1 cosa e não denominador (exceto kg). Exemplos:
7,6.6,1.cosa Escrever kJ/s e não J/ms
11. Deve-se ter cuidado para escrever Escrever kJ/kg e não J/g
unidades compostas envolvendo Escrever MJ/kg e não kJ/g
5. Não se misturam de prefixos, a não
potências. Os modificadores
quadrado e cúbico devem ser ser que a diferença em tamanho seja
colocados após o nome da unidade a extrema ou uma norma técnica o
qual eles se aplicam. Para potências requeira. Exemplos:
maiores que três, usar somente Correto: A ferramenta tem 44 mm
símbolos. Deve-se usar símbolos de largura e 1500 mm de
sempre que a expressão envolvida comprimento.
for complexa. Incorreto: A ferramenta tem 44 mm
Por exemplo, kg/m2 , N/m2 de largura e 1,5 m de comprimento.
12. Para representações complicadas 6. Não se usam unidades múltiplas ou
com símbolos, usar parêntesis para prefixos múltiplos. Por exemplo, Usa-
simplificar e esclarecer. Por exemplo, se 15,26 m e não 15 m 260 mm; usa-
m.kg/(s3.A) se miligrama (mg) e não
microkilograma (µkg)
7. Não usar um prefixo sem a unidade.
Usar kilograma e não kilo
Usar megohm e não megs

12
Sistema Internacional
3.10. Ângulo e Temperatura 3.11. Modificadores de Símbolos
1. Os símbolos de grau (o) e grau As principais recomendações
Celsius (oC) devem ser usados relacionadas com os modificadores de
quando se escreve uma medição. símbolos são:
Quando se descreve a escala de 1. Não se pode usar modificadores dos
medição e não uma medição, deve- símbolos SI. Quando é necessário o
se usar o nome por uso de modificadores das unidades,
extenso.Exemplos: ele deve ser separado do símbolo ou
Os ângulos devem ser medidos em então escrito por extenso. Por
graus e não em radianos. exemplo, não se usam Acc ou Aca,
O ângulo de inclinação é 27o. para diferenciar a corrente contínua
2. Não se deve deixar espaço entre o e da alternada. O correto é escrever 10
C, devendo se escrever oC e não o A cc ou 10 A ca, com o modificador
C. separado do símbolo. Como o
3. A maioria das temperaturas é dada modificador não é SI, pode ser
na escala Celsius; a escala Kelvin é escrito de modo arbitrário, como cc.,
usada somente em aplicações c.c., dc ou corrente contínua.
científicas. Exemplo: 2. Nas unidades inglesas, é comum
A temperatura normal do corpo usar sufixos ou modificadores nos
humano é 36 oC. símbolos e abreviações para dar uma
4. Quando se tem uma série de valores informação adicional. Por exemplo,
de temperatura ou uma faixa de usam-se psia e psig para indicar
temperatura, usar o símbolo de respectivamente, pressão absoluta e
medição somente após o último manométrica. Psia significa pound
valor. Exemplos: square inch absolute e psig significa
A temperatura em Salvador varia de pound square inch gauge. No
18 a 39 oC. sistema SI, é incorreto colocar
As leituras do termômetro são: 100, sufixos para identificar a medição.
150 e 200 oC. Exemplos:
5. É tecnicamente correto usar prefixos Usar pressão manométrica de 13
SI com os nomes e símbolos, como kPa ou 13 kPa (manométrica) e
grau Celsius (oC), kelvin (K) e grau não 13 kPaG ou 13 kPag.
angular (o). Porém, é preferível evitar Usar pressão absoluta de 13 kPa ou
esta prática, pois os nomes 13 kPa (absoluta) e não 13 kPaA
resultantes são confusos e difíceis de ou
serem reconhecidos. É preferível 13 kPaa.
ajustar o coeficiente numérico para 3. Sempre deixar espaço após o
não usar o prefixo. símbolo da unidade SI e qualquer
6. Um método simples para comparar informação adicional. Exemplo:
altas temperaturas Celsius com Usar 110 V c.a. ou 110 V (ca) e não
temperaturas Fahrenheit é que o 110 V CA ou 110 V ca, para
valor Celsius é aproximadamente a voltagem de corrente alternada.
metade da temperatura Fahrenheit. 4. A potência e a energia são medidas
O erro percentual nesta aproximação em uma unidade SI determinada e
é relativamente pequeno para não há necessidade de identificar a
valores Fahrenheit acima de 250. fonte da quantidade, desde que 100
Para valores menores, subtrair 30 watts é igual a 100 watts,
antes de dividir por 2; isto fornece independente da potência ser
uma precisão razoável até valores elétrica, mecânica ou térmica.
Fahrenheit de -40. Exemplos:
Usar MW e não MWe (potência
elétrica ou megawatt elétrico).
Usar kJ e não kJt (kilojoule termal).

13
Sistema Internacional
4. Algarismos Significativos Qualquer dígito, entre 1 e 9 e todo zero
que não anteceda o primeiro dígito não
zero e alguns que não sucedam o último
4.1. Introdução dígito não zero é um algarismo
significativo. O status do zero é ambíguo,
O mundo da Metrologia é quantitativo e por que o zero também é usado para
depende de números, dados e cálculos. indicar a magnitude do número.
Atualmente, os cálculos são feitos com Por exemplo, não há dificuldade em
calculadoras eletrônicas e computadores, determinar a quantidade de algarismos
que executam desde operações simples de significativos dos seguintes números:
aritmética até operações que um 708 3 algarismos significativos
engenheiro nunca seria capaz de fazer 54,9 3 algarismos significativos
manualmente. Os microcomputadores se 3,6 2 algarismos significativos
tornam uma parte dominante da 8,04 3 algarismos significativos
tecnologia, não apenas para os 980,9 4 algarismos significativos
engenheiros mas para toda sociedade. As 0,830 06 5 algarismos significativos
calculadoras e computadores podem Em um número, o dígito menos
apresentar os resultados com muitos significativo é o mais à direita, dígito mais
algarismos, porém o resultado final deve significativo é o mais à esquerda. Por
ter o número de algarismos significativos exemplo, no número 2345, 2 é o dígito
de acordo com os dados envolvidos. mais significativo e 5 é o menos
Quando se executam cálculos de significativo.
engenharia e apresentam-se os dados, Para qualquer número associado à
deve-se ter em mente que os números medição de uma grandeza, os algarismos
sendo usados tem somente um valor significativos devem indicar a qualidade da
limitado de precisão e exatidão. Quando se medição ou computação sendo
apresenta o resultado de um cálculo de apresentada. Os dados de engenharia e os
engenharia, geralmente se copiam 8 ou resultados de sua computação devem ser
mais dígitos do display de uma apresentados com um número correto de
calculadora. Fazendo isso, deduz-se que o algarismos significativos, para evitar de dar
resultado é exato até 8 dígitos, um tipo de uma impressão errada de sua exatidão. A
exatidão que é raramente possível na quantidade de algarismos significativos
prática da engenharia. O número de dígitos está associado à precisão, exatidão e ao
que podem ser apresentados é usualmente método de obtenção destes dados e
muito menos que 8, por que ele depende resultados.
de problemas particulares e envolve outros
conceitos de algarismos significativos,
4.3. Algarismo Significativo e o Zero
precisão, tolerância, resolução e
conversão. O zero nem sempre é algarismo
significativo, quando incluído em um
4.2. Conceito número, pois ele pode ser usado como
parte significativa da medição ou pode ser
Dígito é qualquer um dos numerais usado somente para posicionar o ponto
arábicos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. decimal.
Algarismo ou dígito significativo em um Por exemplo, no número 804,301 os
número é o dígito que pode ser dois zeros são significativos pois estão
considerado confiável como um resultado intercalados entre outros dígitos.
de medições ou cálculos. O algarismo Porém, no número 0,0007, os zeros são
significativo correto expressa o resultado necessários para posicionar a vírgula e dar
de uma medição de forma consistente com a ordem de grandeza do número e por isso
a precisão medida. O número de pode ser ou não significativo. Porém, se o
algarismos significativos em um resultado número 0,0007 for a indicação de um
indica o número de dígitos que pode ser instrumento digital, ele possui quatro
usado com confiança. Os algarismos algarismos significativos.
significativos são todos aqueles Também no número 20 000 os zeros
necessários na notação científica. são necessários para dar a ordem de

14
Sistema Internacional
grandeza do número e por isso nada se A notação científica serve também para
pode dizer acerca de ser ou não ser se escrever os números extremos (muito
significativo. Assim o status do zero nos grandes ou muito pequenos) de uma forma
números 20 000 e 0,007 é ambíguo e mais mais conveniente Por exemplo, seja a
informação é necessária para dizer se o multiplicação dos números:
zero é significativo ou não. Quando não há 1 230 000 000 x 0,000 000 000 051 = 0,063
informação adicional, se diz que 0,0007 e
20 000 possuem apenas 1 algarismo É mais conveniente usar a notação
significativo. científica:
No número 2,700, os zeros não são
necessários para definir a magnitude deste (1,23 x 109) x (5,1 x 10-11) = 6,3 x 10-2
número mas são usados propositadamente
para indicar que são significativos e por Na multiplicação acima, o resultado final
isso 2,700 possui quatro dígitos é arredondado para dois algarismos
significativos.. significativos, que é o menor número de
algarismos das parcelas usadas no
4.4. Notação científica cálculo.
A multiplicação dos números com
Para eliminar ou diminuir as potência de 10 é feita somando-se
ambigüidades associadas à posição do algebricamente os expoentes.
zero, o número deve ser escrito na notação Na notação científica, os números são
científica, com um número entre 1 e 10 escritos em uma forma padrão, como o
seguido pela potência de 10 conveniente. produto de um número entre 1 e 10 e uma
Usar a quantidade de algarismos potência conveniente de 10.
significativos válidos no número entre 1 e Por exemplo, os números acima podem
10, cortando os zeros no fim dos inteiros ser escritos como:
quando não forem significativos ou
mantendo os zeros no fim dos inteiros, 10 000 000 = 1,00 x 107 (3 dígitos significativos)
quando forem significativos. Deste modo, 0,000 000 12 = 1,2 x 10-7(2 dígitos
se o número 20 000 for escrito na notação significativos).
científica como 2,000 0 x 103, ele terá 5
dígitos significativos. De modo análogo, Pode-se visualizar o expoente de 10 da
notação científica como um deslocador do
20 000 = 2 x 103 1 dígito significativo ponto decimal. Por exemplo, o expoente +7
20 000 = 2,0 x 103 2 dígitos significativos significa mover o ponto decimal sete casas
20 000 = 2,00 x 103 3 dígitos significativos para a direita; o expoente -7 significa
20 000 = 2,000 x103 4 dígitos significativos mover o ponto decimal sete casas para a
esquerda.
A ambigüidade do zero em números Para fazer manualmente os cálculos de
decimais também desaparece, quando se números escritos na notação científica, as
escreve os números na notação científica. vezes, é conveniente colocá-los em forma
Os zeros à direita, em números decimais não convencional com o objetivo de fazer
só devem ser escritos quando forem contas de somar ou subtrair. Estas formas
garantidamente significativos. Por são obtidas simplesmente ajustando
exemplo, 0,567 000 possui 6 algarismos simultaneamente a posição do ponto
significativos, pois se os três zeros foram decimal e os expoentes, a fim de se obter
escritos é porque eles são significativos. os mesmos expoentes de 10. Nesta
Assim, o número decimal 0,007 pode operação, perde-se o conceito de
ser escrito de diferentes modos, para algarismos significativos.
expressar diferentes dígitos significativos: Por exemplo:

7 x 10-3 1 dígito significativo 1,2 x 10-4 + 4,1 x 10-5 + 0,3 x 10-3 =


7,0 x 10-3 2 dígitos significativos
7,000 x 10-3 4 dígitos significativos 1,2 x 10-4 + 0,41 x 10-4 + 3,0 x 10-4 =
7,000 00 x 10-3 6 dígitos significativos
(1,2 + 0,41 + 3,0) x 10-4 = 4,6 x 10-4

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Sistema Internacional

Deve-se evitar escrever expressões


como
M = 1800 g, a não ser que se tenha o erro
absoluto máximo de 1 g. Rigorosamente,
1800 g significa (1800 ±1) g.
Quando não se tem esta precisão e
quando há suspeita do segundo dígito
decimal ser incorreto, deve-se escrever

M = (1,8 ± 0,1) x 103 g

Se o quarto dígito decimal é o duvidoso,


então, o correto é escrever

M = (1,800 ± 0,001) x 103 g

4.5. Algarismo Significativo e a


Medição
Todos os números associados à
medição de uma grandeza física devem ter
os algarismos significativos Fig. 1.2 - Várias escalas de indicação
correspondentes à precisão do instrumento
de medição. Observar as três indicações
analógicas apresentadas na Fig.2. Na Fig. 2 (b) tem-se a medição de uma
O voltímetro analógico (a) indica uma espessura por uma escala graduada. É
voltagem de 1,45 V. O último algarismo, 5, possível se ler 0,26, pois a espessura cai
é duvidoso e foi arbitrariamente escolhido. exatamente no terceiro traço depois de 0,2
Alguém poderia ler 1,49 e a leitura estaria e a medição possui apenas dois
igualmente correta. Os algarismos algarismos significativos. Se pudesse
confiáveis são apenas o 1 e o 4; o último é perceber o ponteiro entre o terceiro e o
estimado e duvidoso. O voltímetro com quarto traço, a medição poderia ser 0,265
uma escala com esta graduação pode dar, e a medição teria três algarismos
no máximo, três algarismos significativos. significativos.
É errado dizer que a indicação é de 1,450 Na Fig. 2(c), a indicação é 48,6 ou 48,5
ou 1,4500, pois está se superestimando a ou qualquer outro dígito extrapolado entre
precisão do instrumento. Do mesmo modo, 0 e 9.
é impreciso dizer que a indicação é de 1,4 As medições da Fig. 2(a) e 1(c)
pois é agora está se subestimando a possuem três algarismos significativos e o
precisão do indicador e não usando toda terceiro dígito de cada medição é
sua capacidade. Na medição 1,45, o dígito duvidoso. A medição da Fig. 2(b) possui
4 é garantido e no número 1,4 o dígito 4 é apenas dois algarismos significativos. Para
duvidoso. Para que o dígito 4 seja se ter medições mais precisas, com um
garantido é necessário que haja qualquer maior número de algarismos significativos,
outro algarismo duvidoso depois dele. deve-se ter novo medidor com uma escala
maior e com maior número de divisões.
Na Fig. 3, tem-se duas escalas de
mesmo comprimento, porém, a segunda
escala possui maior número de divisões.
Para medir o mesmo comprimento, a
primeira escala indicará 6,2 onde o dígito 2
é o duvidoso, pois é escolhido

16
Sistema Internacional
arbitrariamente, pois está entre 6 e 7, Para a outra resistência de R = 1,3500
muito próximo de 6. A leitura de 6,3 estaria Ω a precisão é de 0,0001 Ω, ou seja,
igualmente correta. A leitura da segunda 1,3499 Ω < R < 1,3501 Ω
escala será 6,20 pois a leitura cai entre as Se o resultado de um cálculo é R =
divisões 2 e 3, também muito próximo de 1,358 Ω e o terceiro dígito depois da
2. Também poderia ser lido 6,21 ou 6,22, vírgula decimal é incorreto, deve-se
que seria igualmente aceitável. escrever R = 1,36 Ω.

A distância X é determinada onde o comprimento toca


Fig. 1.3. Escalas de mesmo tamanho mas com a escala superior (4,4) mais o número da unidade na
escala inferior que se alinha com a linha da escala principal
diferentes divisões entre os dígitos. (a 6a linha) que fornece a medição do centésimo (0,06).
Assim, a distância X é 4,46 unidades.

Em paquímetros e micrômetros, Fig. 1.4. Escala principal e escala vernier


medidores de pequenas dimensões, é
clássico se usar a escala vernier, para
melhorar a precisão da medida. A escala Devem ser seguidas regras para
vernier é uma segunda escala que se apresentar e aplicar os dados de
move em relação à principal. A segunda engenharia na medição e nos cálculos
escala é dividida em unidades um pouco correspondentes. As vezes, os
menores que as unidades da principal. Por engenheiros e técnicos não estão
exemplo, observar a escala da Fig. 3, que preocupados com os algarismos
possui duas partes: a unidade principal e a significativos. Outras vezes, as regras não
unidade decimal são lidas na escala se aplicam. Por exemplo, quando se diz
superior e a unidade centesimal é lida na que 1 pé = 0,3048 metro ou 1 libra = 0,454
escala inferior. Para fazer a medição da kilograma, o dígito 1 é usado sozinho. O
distância X, primeiro se lê as unidades à mesmo se aplica quando se usam
esquerda da linha de indicação da régua, números inteiros em equações algébricas.
que são 4,4. Depois a leitura continua no Por exemplo, o raio de um circuito é a
centésimo, que é a linha da escala inferior metade do diâmetro e se escreve: r = d/2.
que se alinha perfeitamente com a linha da Na equação, não é necessário escrever
escala principal. Neste exemplo, elas se que r = d/2,0000, pois se entende que o 2
alinham na 6a linha, de modo que elas é um número inteiro exato.
indicam 0,06 e a medição final de X é 4,46. Outra confusão que se faz na
Na expressão da medição, o valor é equivalência se refere ao número de
sempre aproximado e deve ser escrito de algarismos significativos. Obviamente, 1
modo que todos os dígitos decimais, km equivale a 1.000 metros porém há
exceto o último, sejam exatos. O erro diferenças práticas. Por exemplo, o
admissível para o último dígito decimal não odômetro do carro, com 5 dígitos pode
deve exceder a 1. indicar 89.423 km rodados, porém isso não
Por exemplo, uma resistência elétrica significa 89.423 000 metros, pois ele
de 1,35 Ω é diferente de uma resistência deveria ter 8 dígitos. Se o odômetro tivesse
6 dígitos, com medição de 100 metros, ele
de 1,3500 Ω. Com a resistência elétrica de
indicaria 89 423,6 km.
R = 1,35 Ω, tem-se erro de ±0,01 Ω, ou
Por exemplo, as corridas de atletismo
seja, 1,34 Ω < R < 1,36 Ω. de rua tem distâncias de 10 km, 15 km e

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Sistema Internacional
21 km. As corridas de pista são de 100 m, quantidade de algarismos significativos.
800 m, 5000 m e 10 000 m. Quem corre 10 Nos displays digitais, o último dígito é o
km numa corrida de rua correu também duvidoso. Na prática, é o dígito
aproximadamente 10 000 metros. A que está continuamente variando.
distância foi medida por carro, por bicicleta Um indicador digital com quatro dígitos
com hodômetro calibrado ou por outros pode indicar de 0,001 até 9999. Neste
meios, porém, não é possível dizer que a caso, os zeros são significativos e servem
distância é exatamente de 10.000 m. para mostrar que é possível se medir com
Porém, quem corre 10 000 metros em uma até quatro algarismos significativos. O
pista olímpica de 400 metros, deve ter indicador com 4 dígitos possui 4 dígitos
corrido exatamente 10 000 metros. A significativos.
distância desta pista foi medida com uma
fita métrica, graduada em centímetros.
Poucas maratonas no mundo são
reconhecidas e certificadas como de 42
195 km, pois a medição desta distância é
complicada e cara.

4.6. Algarismo Significativo e o


Display
Independente da tecnologia ou da
função, um instrumento pode ter display
analógico ou digital.
O indicador analógico mede uma Fig. 1.5. Instrumento digital com 61/2 dígitos
variável que varia continuamente e (Yokogawa)
apresenta o valor medido através da
posição do ponteiro em uma escala.
Quanto maior a escala e maior o número Em eletrônica digital, é possível se ter
de divisões da escala, melhor a precisão indicadores com 4 ½ dígitos. O meio dígito
do instrumento e maior quantidade de está associado com a percentagem de
algarismos significativos do resultado da sobrefaixa de indicação e somente assume
medição. os valores 0 ou 1. O indicador com 4 ½
O indicador digital apresenta o valor dígitos pode indicar, no máximo, 19 999,
medido através de números ou dígitos. que é aproximadamente 100% de 9999 (20
Quanto maior a quantidade de dígitos, 000/10 000). Os quatro dígitos variam de 0
melhor a precisão do instrumento. O a 9; o meio dígito só pode assumir os
indicador digital conta dígitos ou pulsos. valores 0 ou 1.
Quando o indicador digital apresenta o Embora exista uma correlação entre o
valor de uma grandeza analógica, número de dígitos e a precisão da
internamente há uma conversão analógico- medição, também deve existir uma
digital e finalmente, uma contagem dos consistência entre a precisão da malha e o
pulsos correspondentes. indicador digital do display. Por exemplo,
Atualmente, a eletrônica pode contar na medição de temperatura com termopar,
pulsos sem erros. Porém, não se pode onde a precisão da medição inclui a
dizer que o indicador digital não apresenta precisão do sensor, dos fios de extensão,
erros, pois é possível haver erros na da junta de compensação e do display.
geração dos pulsos. Ou seja, a precisão do Como as incertezas combinadas do
instrumento eletrônico digital está sensor, dos fios e da junta de
relacionada com a qualidade dos circuitos compensação são da ordem de unidades
que convertem os sinais analógicos em de grau Celsius, não faz nenhum sentido
pulsos ou na geração dos pulsos. ter um display que indique, por exemplo,
Também os indicadores digitais décimo ou centésimo de grau Celsius. Por
possuem uma precisão limitada. Neste exemplo, na medição de temperatura com
caso, é direto o entendimento da termopar tipo J, onde a precisão resultante
do sensor, fios e junta de compensação é

18
Sistema Internacional
da ordem de ±5 oC, na faixa de 0 a 100 oC, precisão de 1%, o erro do instrumento de
o display digital basta ter 2 ½, para indicar, medição passa para 2%, por que
por exemplo, 101 oC. Não faz sentido ter
um display indicando 98,2 ou 100,4 oC pois 1% + 1% = 2% ou (0,01 + 0,01 = 0,02)
a incerteza total da malha é da ordem de
±5 oC. O mesmo raciocínio vale para um Quando se usa um padrão de 0,1%
display analógico, com escala e ponteiro. para calibrar um instrumento de medição
com precisão de 1%, o erro do instrumento
4.7. Algarismo Significativo e de medição permanece em 1%, porque 1%
Calibração + 0,1% = 1% (1+ 0,1 = 1).
Além da precisão do padrão de
Todos os instrumentos devem ser referência, é também importante definir a
calibrados ou rastreados contra um incerteza do procedimento de calibração,
padrão. Mesmo os instrumentos de para que ele seja confiável.
medição, mesmo os instrumentos padrão
de referência devem ser periodicamente 4.8. Algarismo Significativo e a
aferidos e calibrados. Por exemplo, na Tolerância
instrumentação, tem-se os instrumentos de
medição e controle, que são montados O número de dígitos decimais
permanentemente no processo. Antes da colocados à direita da vírgula decimal
instalação, eles foram calibrados. Quando indica o máximo erro absoluto. O número
previsto pelo plano de manutenção total de dígitos decimais corretos, que não
preventiva ou quando solicitado pela incluem os zeros à esquerda do primeiro
operação, estes instrumentos são aferidos dígito significativo, indica o máximo erro
e recalibrados. Para se fazer esta relativo. Quanto maior o número de
calibração, devem ser usados também algarismos significativos, menor é o erro
instrumentos de medição, como relativo.
voltímetros, amperímetros, manômetros, A precisão pretendida de um valor deve
termômetros, décadas de resistência, se relacionar com o número de algarismos
fontes de alimentação. Estes instrumentos, significativos mostrados. A precisão é mais
geralmente portáteis, também devem ser ou menos a metade do último dígito
calibrados por outros da oficina. Os significativo retido. Por exemplo, o número
instrumentos da oficina devem ser 2,14 pode ter sido arredondado de
calibrados por outros de laboratórios do qualquer número entre 2,135 e 2,145. Se
fabricante ou laboratórios nacionais. E arredondado ou não, uma quantidade deve
assim, sobe-se na escada de calibração. sempre ser expressa com a notação da
É fundamental entender que a precisão precisão em mente. Por exemplo, 2,14
do padrão de referência deve ser melhor polegadas implica uma precisão de ±0,005
que a do instrumento sob calibração. polegada, desde que o último algarismo
Quanto melhor? A resposta é um significativo é 0,01.
compromisso entre custo e precisão. Como Pode haver dois problemas:
recomendação, a precisão do padrão deve 1. Quantidades podem ser expressas
ser entre quatro a dez (NIST) ou três a dez em dígitos que não pretendem ser
(INMETRO) vezes melhor que a precisão significativos. A dimensão 1,1875"
do instrumento sob calibração. Abaixo de pode realmente ser muito precisa, no
três ou quatro, a incerteza do padrão é da caso do quarto dígito depois da
ordem do instrumento sob calibração e vírgula ser significativo ou ela pode
deve ser somada à incerteza dele. Acima ser uma conversão decimal de uma
de dez, os instrumentos começam a ficar dimensão como 1 3/16, no caso em
caro demais e não se justifica tal rigor. que a dimensão é dada com excesso
Assim, para calibrar um instrumento de algarismos significativos.
com precisão de 1%, deve-se usar um 2. Quantidades podem ser expressas
padrão com precisão entre 0,3% a 0,1%. omitindo-se os zeros significativos. A
Quando se usa um padrão de 1% para dimensão de 2" pode significar cerca
calibrar um instrumento de medição com de 2" ou pode significar uma

19
Sistema Internacional
expressão muito precisa, que deveria significativos resulta na perda da precisão
ser escrita como 2,000". No último necessária. Todas as conversões devem
caso, enquanto os zeros ser manipuladas logicamente,
acrescentados não são significativos considerando-se cuidadosamente a
no estabelecimento do valor, elas precisão pretendida da quantidade original.
são muito significativos em expressar A precisão indicada é usualmente
a precisão adequada conferida. determinada pela tolerância especifica ou
Portanto, é necessário determinar uma por algum conhecimento da quantidade
precisão implicada aproximada antes do original. O passo inicial na conversão é
arredondamento. Isto pode ser feito pelo determinar a precisão necessária,
conhecimento das circunstâncias ou pela garantindo que não é nem exagerada e
informação da precisão do equipamento de nem sacrificada. A determinação do
medição. número de algarismos significativos a ser
Se a precisão da medição é conhecida, retido é difícil, a não ser que sejam
isto fornecerá um menor limite de precisão observados alguns procedimentos
da dimensão e alguns casos, pode ser a corretos.
única base para estabelecer a precisão. A A literatura técnica apresenta tabelas
precisão final nunca pode ser melhor que a contendo fatores de conversão com até 7
precisão da medição. dígitos.
A tolerância em uma dimensão dá uma A conversão de quantidades de
boa indicação da precisão indicada, unidades entre sistemas de medição
embora a precisão, deva ser sempre envolve a determinação cuidadosa do
menor que a tolerância. Uma dimensão de número de dígitos a serem retidos depois
1,635 ±0,003" possui precisão de ± da conversão feita. Converter 1 quarto de
0,0005", total 0,001" . Uma dimensão óleo para 0,046 352 9 litros de óleo é
4,625 ±0,125" está escrita incorretamente, ridículo, por que a precisão pretendida do
provavelmente por causa da decimalização valor não garante a retenção de tantos
das frações. O correto seria 4,62 ±0,12, dígitos. Todas as conversões para serem
com uma precisão indicada de ±0,005 feitas logicamente, devem depender da
(precisão total de 0,01) precisão estabelecida da quantidade
Uma regra útil para determinar a original insinuada pela tolerância especifica
precisão indicada a partir do valor da ou pela natureza da quantidade sendo
tolerância é assumir a precisão igual a um medida. O primeiro passo após o cálculo
décimo da tolerância. Como a precisão da conversão é estabelecer o grau da
indicada do valor convertido não deve ser precisão.
melhor do que a do original, a tolerância O procedimento correto da conversão é
total deve ser dividida por 10 e convertida multiplicar a quantidade especificada pelo
e o número de algarismos significativos fator de conversão exatamente como dado
retido. e depois arredondar o resultado para o
número apropriado de algarismos
4.9. Algarismo Significativo e significativos à direita da vírgula decimal ou
para o número inteiro realístico de acordo
Conversão
com o grau de precisão implicado no
Uma medição de variável consiste de quantidade original.
um valor numérico e de uma unidade. A Por exemplo, seja um comprimento de
unidade da medição pode ser uma de 75 ft, onde a conversão métrica é 22,86 m.
vários sistemas. Na conversão de um Se o comprimento em pés é arredondado
sistema para outro, o estabelecimento do para o valor mais próximo dentro de 5 ft,
número correto de algarismos significativos então é razoável aproximar o valor métrico
nem sempre é entendido ou feito próximo de 0,1 m, obtendo-se 22,9 m. Se o
adequadamente. A retenção de um arredondamento dos 75 ft foi feito para o
número excessivo de algarismos valor inteiro mais próximo, então o valor
significativos resulta em valores artificiais métrico correto seria de 23 m. Enfim, a
indicando uma precisão inexistente e conversão de 75 ft para 22,86 m é
exagerada. O corte de muitos algarismos

20
Sistema Internacional
exagerada e incorreta; o recomendável é somas e subtrações. Se as somas e
dizer que 75 ft eqüivalem a 23 m. subtrações estão envolvidas para
Outro exemplo envolve a conversão da posterior multiplicação e divisão,
pressão atmosférica padrão, do valor faze-las, arredondar e depois
nominal de 14,7 psi para 101,325 kPa. multiplicar e dividir.
Como o valor envolvido da pressão é o 6. Em cálculos mais complexos, como
nominal, ele poderia ser expresso com solução de equações algébricas
mais algarismos significativos, como simultâneas, quando for necessário
14,693 psi, onde o valor métrico obter resultados intermediários com
correspondente seria 101,325, com três algarismos significativos extras,
dígitos depois da vírgula decimal. Porém, garantir que os resultados finais
quando se estabelece o valor nominal de sejam razoavelmente exatos, usando
14,7 o valor correspondente métrico o bom senso e deixando de lado as
coerente é de 101,3, com apenas um dígito regras acima.
depois da vírgula. 7. Quando executar os cálculos com
calculadora eletrônica ou
4.10. Computação matemática microcomputador, também ter bom
senso e não seguir as regras
Na realização das operações
rigorosamente. Não é necessário
aritméticas, cada número no cálculo é
interromper a computação em cada
fornecido com um determinado número de
estágio para estabelecer o número
algarismos significativos e o resultado final
de algarismos significativos. Porém,
deve ser expresso com um número correto
depois de completar a computação,
de algarismos significativos. Quando se
considerar a precisão global e
fazem as operações aritméticas, deve-se
arredondar os resultados
seguir as seguintes recomendações.
corretamente.
1. Fazer a computação de modo que
8. Em qualquer operação, o resultado
haja um número excessivo de
final deve ter uma quantidade de
dígitos.
algarismos significativos igual à
2. Arredonde o número correto de
quantidade da parcela envolvida com
algarismos significativos. Para
menor número de significativos.
arredondar, aumente o último
Exemplos de arredondamento para três
número retido de 1, se o primeiro
algarismos significativos:
número descartado for maior que 5.
Se o dígito descartado for igual a 5, o
1,8765 1,88
último dígito retido deve ser
8,455 8,46
aumentado de 1 somente se for
6,965 6,96
ímpar. Se o dígito descartado for
10,580 10,6
menor que 5, o último dígito retido
permanece inalterado. Soma e Subtração
3. Para multiplicação e divisão, Quando se expressam as quantidades
arredonde de modo que o número de de massa como M = 323,1 g e m = 5,722
algarismos significativos no resultado g
seja igual ao menor número de significa que as balanças onde foram
algarismos significativos contidos nas pesadas as massas tem classes de
parcelas da operação. precisão muito diferentes. A balança que
4. Para adição e subtração, arredonde pesou a massa m é cem vezes mais
de modo que o dígito menos precisa que a balança de M. A precisão da
significativo (da direita) do resultado balança de M é 0,1 g; a precisão da
corresponda ao algarismo mais balança de m é de 0,001 g.
significativo duvidoso contido na Somando-se os valores de (m + M)
adição ou na subtração. obtém-se o valor correto de 328,8 g. O
5. Para combinações de operações valor 328,822 g é incorreto pois a precisão
aritméticas, fazer primeiro as do resultado não pode ser melhor que a
multiplicações e divisões, arredondar precisão da pior balança. Para se obter
quando necessário e depois fazer a

21
Sistema Internacional
este resultado, considerou-se a massa M = Exemplo 2
323,100, inventando-se por conta própria Achar a soma das raízes quadradas dos
dois zeros. Em vez de se inventar zeros seguintes números, com precisão de 0,01
arbitrários, desprezam-se os dígitos
conhecidos da medição de m;
arredondando 5,722 para 5,7. N = 5+ 6+ 7+ 8
O valor correto de 328,8 pode ser obtido
através de dois caminhos diferentes: Usando-se a regra do dígito decimal
1. arredondando-se os dados reserva, tomam-se os dados com precisão
M = 323,1 g de 0,001.
m = 5,7 g
--------------- 2,236 + 2,449 + 2,646 + 2,828 = 10,159
M + m = 328,8 g
Arredondando-se no final, tem-se 10,16.
2. arredondando-se o resultado final Sem a regra do dígito decimal reserva
M = 323,1 g seria 10,17 (verificar).
m = 5,722 g Quando o número de parcelas é muito
--------------- grande (centenas ou milhares),
M + m = 328,822 g = 328,8 g recomenda-se usar dois dígitos decimais
reservas. Quando se somam várias
parcelas com o mesmo número de
Deste modo, o número de algarismos algarismos depois da vírgula decimal,
significativos da soma é igual ao número deve-se considerar que o máximo erro
da parcela com o menor número de absoluto da soma é maior do que das
algarismos significativos. parcelas. Por isso, é prudente arredondar
Quando há várias parcelas sendo para um dígito a menos.
somadas, o erro pode ser maior se as
parcelas forem arredondadas antes da Exemplo 3
soma. Recomenda-se usar a regra do Determinar a soma
dígito decimal de reserva, quando os
cálculos são feitos com um dígito extra e o 1,38 +8,71 + 4,48 + 11,96 + 7,33 = 33,86
arredondamento é feito somente no final
da soma.
Porém, o resultado mais conveniente é
Exemplo 1 33,9, com três algarismos significativos,
Seja a soma: que é o menor número de significativos
das parcelas.
132,7 + 1,274 + 0,063321 + 20,96 + 46,1521 O máximo erro absoluto de uma soma
ou diferença é igual à soma dos erros
máximos absolutos das parcelas. Por
Com qualquer método, o resultado final
exemplo, tendo-se duas quantidades com
deve ter apenas um algarismo depois da
precisões de 0,1 é lógico entender que a
vírgula, pois a parcela 132,7 tem apenas
soma ou diferença destas quantidades são
um algarismo depois da vírgula.
determinadas com precisão de 0,2, por
Se todas as parcelas forem
que, na pior situação, os erros se somam.
arredondadas antes da soma, se obtém
Quando há muitas parcelas, é improvável
132,7 + 1,3 + 0,1 + 21,0 + 46,2 = 201,3 que todos os erros se somem. Nestes
Usando-se a regra do dígito reserva, casos, usam-se métodos de probabilidade
tem-se para estimar o erro da soma. Um critério é
132,7 + 1,27 + 0,06 + 20,96 + 46,15 = arredondar, desprezando-se o último
201,14 algarismo significativo. Ou seja, quando
Fazendo-se o arredondamento no final, todas as parcelas tiverem n algarismos
tem-se 201,14 = 201,1. significativos, dar o resultado com (n-1)
algarismos significativos.

22
Sistema Internacional
As regras da subtração são Assim, os dígitos depois do segundo
essencialmente as mesmas da soma. algarismo significativo são duvidosos e a
Deve-se tomar cuidado quando se resposta correta para a área é:
subtraem dois números muito próximos,
pois isso provoca um grande aumento do S = 2,2 x 102 cm2
erro relativo.
Exemplo 4 O número de dígitos decimais corretos e
o máximo erro relativo indicam qualidades
semelhantes ligadas com o grau de
(327,48 ± 0,01) - (326,91 ± 0,01) =
precisão relativa. A multiplicação ou
(0,57 ± 0,02)
divisão de números aproximados
O erro relativo de cada parcela vale provocam a adição dos erros relativos
aproximadamente 0,01/300 = 0,003%. máximos correspondentes.
O erro relativo do resultado vale cerca No exemplo do cálculo da área do
de (0,02/0,57) = 3,5%, que é mais de 1000 retângulo, o erro relativo de a (5,1) é muito
vezes maior que o erro relativo das maior que o de b ( 43,1) e por isso o erro
parcelas. relativo da área S é aproximadamente
Quanto mais à esquerda, mais igual ao de a. S tem a mesma quantidade
significativo é o dígito. O dígito na coluna de algarismos significativos que a; ambos
dos décimos é mais significativo que o tem dois algarismos.
dígito na coluna dos centésimos. O dígito Se os fatores do produto são dados com
na coluna das centenas é mais significativo quantidades diferentes de algarismos
que o dígito na coluna das dezenas . decimais corretos, deve-se arredondar os
O resultado da soma ou subtração não números antes da multiplicação, deixando
pode ter mais algarismos significativos ou um algarismo decimal reserva, que é
dígitos depois da vírgula do que a parcela descartado no arredondamento do
com menor número de algarismos resultado final. quando há mais que 4
significativos. fatores com igual número de dígitos
Multiplicação e Divisão decimais corretos (n), o resultado deve ter
Quando se multiplicam ou dividem dois (n-1) dígitos decimais corretos.
números com diferentes quantidades de Exemplo 6
dígitos corretos depois da vírgula decimal, Calcular o calor gerado por uma
o número correto de dígitos decimais do corrente elétrica I percorrendo uma
resultado deve ser igual ao menor dos resistência R durante o tempo t, através de
números de dígitos decimais nos fatores.
Exemplo 5 Q = 0,24 I2 R t
Achar a área S do retângulo com
Como a constante (0,24) tem dois
a = 5,2 m
dígitos decimais corretos, o resultado final
b = 43,1 m
só poderá ter dois dígitos depois da
vírgula. Assim, não se justifica
É incorreto dizer que a área S = 224,12
praticamente tomar valores de I, R e t com
m2. Na realidade,
mais de três dígitos decimais corretos (o
a está entre 5,1 e 5,3 terceiro dígito já é o decimal reserva a ser
b está entre 43,0 e 43,2 descartado no final).
Assim, a área S está contida entre As constantes não afetam o número de
dígitos decimais corretos no produto ou
219,3 cm2 (5,1 x 43,0) divisão. Por exemplo, o perímetro do
círculo com raio r, dado pela expressão L =
228,96 cm2 (5,3 x 43,2) 2 π r, o valor de 2 é exato e pode ser
escrito como 2,0 ou 2,000 ou como se
quiser. A precisão dos cálculos depende
apenas da quantidade de dígitos decimais

23
Sistema Internacional
da medição do raio r. O número π também
é conhecido e a quantidade de Tab. 1.4. Resultados
significativos pode ser tomada Operação Resultado Limite sup Limite inf Resultado
arbitrariamente.
x+y 218,1 219,2 217,0 218
Exemplo 7 x-y 211,9 213,0 210,8 212
x.y 666,5 691,2 642,0 6,7x102
Calcular x/y 69,3548 72,0000 66,8750 69
y/x 0,01442 0,01495 0,01389 0,014

D = 11,32 x 5,4 + 0,381 x 9,1 + 7,43 x 21,1


A quantidade x = 215 é definida por três
para estimar o valor das parcelas, algarismos significativos de modo que o
calculam-se estas parcelas com o dígito 5 é o menos significativo e duvidoso.
arredondamento correto.
Como ele é incorreto por ±1, então o limite
Como 5,4 possui apenas dois
superior é 216 e o inferior é 214.
algarismos significativos, tomam-se as
A quantidade y = 3,1 tem dois
parcelas com três algarismos (com um
algarismos significativos e tem incerteza de
dígito decimal reserva) e arredonda-se o
±0,1, variando entre 3,2 e 3,3. Os limites
resultado final para dois algarismos
superiores mostrados na tabela são a
significativos.
soma dos limites inferiores de x e y. No
resultado final, se deve considerar só um
11,32 = 127,7 x 5,4 = 690 dígito duvidoso, e quando possível, com
apenas dois dígitos significativos.
0,381 x 9,1 = 3,47 = 3 Exemplo 9
Determinar a área de um quadrado com
7,43 x 21,1 = 157 lado de (10 ±1) metro.
A área nominal do quadrado é igual a
100, que é o produto de 10 x 10. Porém, a
Resultado final = 850
incerteza de ±1 metro em cada lado do
Resultado correto: 8,5 x 102 quadrado é multiplicada pelo outro lado, de
O cálculo com dígitos desnecessários é modo que a incerteza total da área do
inútil e pode induzir a erros, pois podem quadrado é de ±21 metros! Chega-se a
dar a ilusão de uma precisão maior que a este resultado multiplicando-se 10 ± 1 por
realmente existe. 10 ± 1:
Todos os graus de precisão devem ser
coerentes entre si e em cada estágio dos 10 ± 1
cálculos. Nenhum dos graus de precisão 10 ± 1
deve ser muito menor ou maior do que o _____
correto. 100 ± 10
Exemplo 8 ±10 ± 1
Seja _________
x = 215 100 ± 20 ± 1
y = 3,1 portanto
Calcular:
x+y x-y x.y 100 ± 21
x/y y/x
determinando: ou mais rigorosamente
1. resultado calculado
2. limite superior calculado (100 -19 + 21) m2.
3. limite inferior calculado
4. resultado final correto Outro modo de se chegar a este
resultado é considerar que cada lado de 10
± 1 metro varia de 9 a 11 metros e por isso

24
Sistema Internacional
as áreas finais variam de um mínimo de 81 Regra para expressar incertezas:
(9 x 9) e um máximo de 121 (11 x 11) e
como a área nominal é de 100, o valor com Incertezas industriais devem ser quase
a tolerância é de 100 - 19 (81) +21 (121). sempre arredondadas para um único
Este exemplo é interessante pois é algarismo significativo.
análogo ao cálculo da incerteza de uma
grandeza que depende de duas outras Uma conseqüência prática desta regra é
grandezas. A incerteza da grandeza que muitos cálculos de erros podem ser
resultante é igual à derivada parcial da feitos mentalmente, sem uso de
grandeza principal em relação a uma calculadora ou mesmo de lápis e papel.
grandeza vezes a incerteza desta Esta regra tem somente uma exceção
grandeza mais a derivada parcial da importante. Se o primeiro algarismo na
grandeza principal em relação a outra incerteza δx é 1, então é recomendável se
grandeza vezes a incerteza desta outra manter dois algarismos significativos em
grandeza. Ou seja, em matemática, δx. Por exemplo, se um cálculo resulta em
quando uma incerteza final de
δx = 0,14, um arredondamento para δx =
z = f(x, y) 0,1 é uma redução proporcional muito
grande de modo que é razoável reter dois
com algarismos significativos para expressar δx
x = x ± ∆x = 0,14. O mesmo argumento poderia ser
usado se o primeiro número for 2, porém a
y = y ± ∆y redução não é tão grande (metade da
redução se o algarismo fosse 1).
a incerteza ∆z é igual a Assim que a incerteza na medição é
estimada, os algarismos significativos do
∂f ∂f valor medido devem ser considerados.
∆z = y +x
∂x ∂y Uma expressão como

velocidade medida = 6 051,78 ± 30 m/s


4.11. Algarismos e resultados
Devem ser estabelecidas algumas é certamente bem ridícula. A incerteza de
regras para determinar as incertezas para 30 significa que o dígito 5 pode ser
que todas informações contidas na realmente tão pequeno quanto 2 ou tão
expressão sejam entendidas grande quanto 8. Claramente, os dígitos 1,
universalmente e de modo consistente 7 e 8 que vem depois do 5 não tem
entre quem escreve e quem lê. nenhum significado prático. Assim, a
Como a quantidade δx é uma estimativa expressão correta seria
de uma incerteza, obviamente ela não velocidade medida = 6050± 30 m/s
deve ser estabelecida com precisão
Regra para expressar resultados
excessiva. Por exemplo, é estupidez
expressar o resultado da medição da O último algarismo significativo
aceleração da gravidade g como em qualquer expressão do
resultado deve ser usualmente
gmedida = 9,82 ± 0,0312 956 m/s2 da mesma ordem de grandeza
(mesma posição decimal) que a
A expressão correta seria incerteza.

gmedida = 9,82 ± 0,03 m/s2 Por exemplo, para uma expressão de


resultado 78,43 com uma incerteza de 0,04
seria arredondada para

78,43 ± 0,04

25
Sistema Internacional
Se a incerteza fosse de 0,4 então ficaria

78,4 ± 0,4

Se a incerteza fosse de 4, a expressão


ficaria

78 ± 4

Finalmente, se a incerteza fosse de 40,


seria

80 ± 40

Para reduzir incertezas causadas pelo


arredondamento, quaisquer números
usados nos cálculos intermediários devem
normalmente reter, no mínimo, um
algarismo a mais do que o finalmente
justificado. No final dos cálculos, faz o
último arredondamento para eliminar o
algarismo extra insignificante.
A incerteza em qualquer quantidade
medida tem a mesma dimensão que a
quantidade medida em si. Assim,
escrevendo as unidades (m/s2, g/cm3, A, V,
o
C ) após o resultado e a incerteza é mais
claro e mais econômico.
Exemplo

densidade medida = 8,23 ± 0,05 g/cm3


ou
densidade medida = (8,23 ± 0,05) g/cm3

Quando se usa a notação científica,


com números associados a potências de
10, é também mais simples e claro colocar
o resultado e a incerteza na mesma forma.
Por exemplo:

corrente medida = (2,54 ± 0,02) x 10-6 A

é mais fácil de ler e interpretar do que na


forma:

corrente medida = 2,54 x 10-6 ± 2 x 10-8 A

Apostilas\Metrologia 2SistemsSI.DOC 22 SET 98 (Substitui 05 ABR 98)

26
2
Estatística da Medição
Objetivos de Ensino
1. Apresentar os fundamentos de estatística aplicados à medição, como média,
desvio, distribuição, flutuação, faixa de variação e intervalo.
2. Mostrar as expressões matemáticas e significados físicos das diferentes médias:
aritmética, ponderada e geométrica.
3. Apresentar os diferentes tipos de desvio: desvio do valor médio, de população e
da amostra.
4. Conceituar os parâmetros de medida da precisão: desvio padrão e variância.
5. Mostrar a distribuição normal e suas propriedades.
6. Apresentar os intervalos de confiança da medição.
7. Mostrar o tratamento das medidas com grandes desvios.
8. Conceituar o método de regressão para curvas de calibração.

contorno do instrumento de medição


1. Estatística Inferencial podem influir no seu desempenho. Estas
condições incluem a temperatura,
umidade, pressão ambiente, vibração,
1.1. Introdução choque mecânico, alimentação externa. O
instrumento de medição é o elo mais
A premissa básica da metrologia é:
importante de toda o sistema de medição.
nenhuma medição é sem erro. Ou na
É ele que faz a medição e espera-se que
lógica positiva: toda medição possui erro.
ele não influa no valor da medição feita.
Por isso, nem o valor exato da medição e
nem o erro associado com a medição pode
ser conhecido exatamente. Na metrologia,
1.2. Conceito
como na física, existe o princípio A ciência da estatística envolve a coleta,
desconfortável da indeterminação. As organização, descrição, análise e
incertezas e os erros da medição devem interpretação de dados numéricos. A
ser tratados metodicamente para que as estatística é a parte da matemática que
medições práticas tenham alguma utilidade fornece um método organizado para
e confiabilidade. manipular dados que apresentem
A confiabilidade da medição não variações aleatórias. A estatística revela
depende somente das variações nas somente a informação que já está presente
entradas controladas mas também das em um conjunto de dados. Nenhuma
variações em fatores incontrolados e informação nova é criada pela estatística.
desconhecidos. O tratamento estatístico de um conjunto de
O operador é quem faz a medição e dados permite fazer julgamentos objetivos
toma nota do resultado. Ele pode cometer relacionados com a validade de resultados.
erros grosseiros e acidentais nestas A estatística permite olhar os dados de
tarefas. O equipamento de suporte do modos diferentes e tomar decisões
instrumento de medição incluem outros objetivas e inteligentes quanto à sua
instrumentos auxiliares. As condições de qualidade e uso.

27
Estatística da Medição

A metrologia usa estatística por vários restringir esta variabilidade dentro de


objetivos: limites economicamente realizáveis e
1. entender, controlar e determinar os estabelecer graus de probabilidade de sua
erros da medição localização.
2. facilitar a coleta de dados adequados A análise estatística não melhora a
e confiáveis relacionados com a precisão de uma medição. As leis da
medição probabilidade usadas pela estatística se
3. entender e calcular melhor as aplicam somente em erros aleatórios e não
incertezas associadas à medição nos erros sistemáticos ou do operador.
4. controlar a qualidade da mão de obra Assim, antes de fazer o tratamento
e dos materiais produzidos na estatístico dos erros aleatórios, deve-se
indústria. cuidar de eliminar ou diminuir os erros
Os métodos estatísticos podem ser sistemáticos e evitar os erros de operação.
úteis para determinar A precisão de um instrumento que
1. o valor mais provável de uma descreve a concordância entre várias
medição, a partir de um conjunto medições replicadas pode ser medida
limitado de medições, através dos parâmetros estatísticos como
2. o erro provável de uma medição e desvio padrão, variância e espalhamento
3. o valor da incerteza na melhor das medições.
resposta obtida. Por exemplo, se um instrumento está
Um dado individual é imprevisível e com um erro de calibração de zero, um
aleatório. Porém, grupos de dados tratamento estatístico não removerá este
aleatórios são previsíveis e erro. Porém, a análise estatística de dois
determinísticos. Por exemplo, o métodos de medição diferentes pode
lançamento de um único dado é aleatório e demonstrar a discrepância entre eles.
não determinístico. Qualquer um dos A estatística descritiva usa tabelas,
lados, 1-2-3-4-5-6, é igualmente provável. gráficos e métodos numéricos para resumir
Porém, quando se lançam dois dados, a conjuntos de dados da população total ou
soma dos lados já é determinística e não de amostras.
aleatória. A soma 2 (1+1) ou 12 (6+6) é A estatística inferencial pode
menos provável que a soma 7 (6+1, 5+2, 1. definir o intervalo em torno da média
4+3). de um conjunto dentro do qual a
A base da estatística na medição é a média da população deve estar, com
replicação, que é a tomada múltipla e uma dada probabilidade;
repetida da medição em valores individuais 2. determinar o número de medições
da quantidade. Quando se faz apenas uma replicadas necessárias para garantir,
medição sujeita aos erros aleatórios, com uma dada probabilidade, que
obtém-se pouca informação. Quando se uma média experimental caia dentro
fazem muitas medições repetidas da de um intervalo predeterminado em
mesma quantidade, os erros aleatórios torno da média da população;
aparecem como um espalhamento em 3. decidir se um valor distante no
torno da média destas medições. O conjunto de resultados replicados
espalhamento é causado pelas variações deve ser mantido ou rejeitado no
da medição, que devem ser consideradas cálculo da média para o conjunto;
e pelas variações das características do 4. manipular os dados da calibração.
sistema de medição, que devem ser
eliminadas. As variações aleatórias podem
ser uma conseqüência natural das
experiências ou uma inevitável deficiência
do sistema de medição das variações de
processo e a estatística tem meios de
identificar e separar estas causas.
O objetivo do tratamento estatístico não
é o de eliminar a variabilidade das
medições - o que é impossível - mas o de

28
Estatística da Medição

ainda mais definidas quando se aumenta o


número de medições. Se o sistema de
causa é constante, a distribuição
observada tende a se aproximar de um
limite estatístico, segundo uma lei ou
função de distribuição.
A experiência mostra que a distribuição
e a flutuação estão relacionadas
estatisticamente. A distribuição é uma
massa composta de flutuações e a
flutuação está confinada dentro dos limites
Fig. 2.1. Inferência estatística de uma distribuição.
Com relação às distribuições e
flutuações, pode-se dizer que
1. Tudo varia.
1.3. Variabilidade da Quantidade
2. As coisas individuais são imprecisas.
As medições repetidas de um mesmo 3. Os grupos de coisas de um sistema
valor exibem variações. Estas variações constante de causas tendem a ser
são causadas por diferenças em materiais, previsíveis.
equipamentos, instrumentos, instalações, Por exemplo,
operações, condições, problemas, reações 1. As pessoas vivem até diferentes
psicológicas e condições climáticas. idades.
Geralmente se tem muitas variações 2. Ninguém sabe quanto tempo ele
pequenas e poucas grandes variações viverá.
(diagrama de Paretto). 3. As companhias de seguro podem
Às vezes, ocorre uma variação não prever com precisão a percentagem
usual, maior que todas as outras, por uma de pessoas que viverão até 50, 60,
ou pela combinação das seguintes causas: 70 e 80 anos.
1. material diferente da batelada, Outro exemplo,
2. novo ajuste do equipamento 1. Ninguém escreve a letra a duas
3. nova calibração do instrumento de vezes do mesmo modo.
medição 2. Não se pode saber como o próximo a
4. substituição do operador será diferente do último.
5. jogo da seleção brasileira de futebol 3. O grafologista sabe reconhecer a
6. festa de Carnaval, São João ou Natal. letra de uma pessoa.
A experiência mostra que há diferenças
definidas detectáveis entre o padrão
natural e o não natural. É possível
descobrir e estudar estas diferenças por
meio de cálculos simples baseados na
estatística. Assim que se conhece o
padrão natural, é possível encontrar as
causas das anormalidades.
As medições de uma mesma variável do
processo tendem a se agrupar em torno de
um valor central, tipicamente a média
aritmética, com uma certa variação de
dispersão em cada lado. O padrão ou
formato desenhado pelas medições
agrupadas é chamado de distribuição da
freqüência.
Se as causas que produzem as
medições permanecem inalteradas, a
distribuição tende a ter certas
características estáveis, que se tornam

29
Estatística da Medição

2. População e Amostra resultados. Infelizmente, esta hipótese não


é garantidamente válida. Como resultado,
Uma premissa básica da teoria da a estimativa estatística acerca do valor dos
probabilidade é que ela trata somente de erros aleatórios também está sujeita a
eventos aleatórios. Um evento aleatório é incerteza e por isso ela é expressa
aquele em que as condições são tais que somente em termos de probabilidade.
cada membro da população tem uma Em qualquer decisão que se toma,
chance igual de ser escolhido. baseando-se em poucos dados, corre-se o
A população ou universo é o conjunto risco de que ela seja errada. Por exemplo,
de todos os itens (produtos, indivíduos, quando se sai de casa, carregando ou não
firmas, empregados, preços, medições). um guarda-chuva, coletam-se certos
A amostra é uma parte da população, dados: olha-se o céu, lê-se a previsão do
tirada aleatoriamente do universo de modo tempo do jornal, escuta-se a televisão.
que o represente. A amostra deve ser Depois de avaliar rapidamente todos estes
aleatória, onde cada membro da população dados disponíveis, incluindo a previsão do
tem uma igual chance de ser selecionado. rádio de "30% de probabilidade de haver
Embora a amostra seja representativa, ela chuva", toma-se uma decisão. De qualquer
não é uma réplica exata, em miniatura, da modo, faz-se o compromisso entre a
população de onde ela foi retirada. Isto é inconveniência de carregar um guarda-
impossível de se conseguir e como chuva e a possibilidade de tomar uma
resultado, há erros de amostragem. Estes chuva, sujando-se a roupa e pegando um
erros devem ser minimizados ou então resfriado. Neste exemplo, tomou-se uma
previstos, através de distribuições de decisão baseando-se na incerteza. A
amostras. incerteza não implica falta de
Trabalhar com amostras em vez de conhecimento, mas somente que o
estudar a população total é uma técnica resultado exato não é completamente
bem estabelecida e usada, resultando na previsível.
vantagem de assumir um risco definido de Inferência estatística é o processo de se
aceitar uma pequena percentagem de deduzir algo acerca de um universo
alguns dados com não-conformidade em baseando-se em dados obtidos de uma
troca da grande redução do custo e do amostra retirada deste universo. Partindo-
tempo de inspeção. se dos parâmetros da amostra, calculados
Muita inspeção de aceitação é por e obtidos mais facilmente, estimam-se as
amostragem. Geralmente a inspeção de faixas onde devem estar estes mesmos
100% é impraticável e antieconômica. parâmetros da população. Quando o
Também, a qualidade do produto aceito tamanho da amostra aumenta, os valores
pode realmente ser melhor com dos parâmetros da amostra tendem para
amostragem estatística do que a os valores dos parâmetros da população.
conseguida por inspeção de 100%. A Assim, a escolha do tamanho da amostra é
amostragem tem vantagens psicológicas e um compromisso entre a facilidade dos
menos cansaço dos inspetores. Muitos cálculos (amostra muito pequena) e a
tipos de inspeção de 100% não eliminam validade dos valores (amostra muito
todos os produtos fora de conformidade. grande). O tamanho conveniente da
No caso de medições replicadas, amostra depende de vários fatores, como:
quando se faz a computação estatística de 1. desvio permitido entre o parâmetro e
um número muito elevado de dados o valor verdadeiro,
(milhares), há uma alta probabilidade de se 2. o grau de variabilidade da população
cometer erros na entrada de dados na fornecido pela experiência anterior,
calculadora ou no computador. 3. o risco assumido ou o grau de
As leis da estatística se aplicam probabilidade determinado.
estritamente a uma população formada Na prática, amostra com n ≥ 20 é
apenas de dados aleatórios. Para usar considerada de bom tamanho e
estas leis, deve-se assumir que o conjunto representativa do universo. Alguns autores
de dados que formam uma amostra consideram ideal n ≥ 30. Na prática, por
representa a população infinita de conveniência, trabalha-se com amostras

30
Estatística da Medição

contendo cerca de 4 a 10 pontos, e regra, pode-se tomar a raiz quadrada do


aplicando a estatística t do Student, que número dos dados, o que na prática,
compensa os erros das amostras resulta em 5 a 15 grupos. Por exemplo, se
pequenas. há 100 dados, escolhem-se 10 classes
A metodologia da inferência estatística ( 100 = 10 ). Quando o número não for
envolve exato, arredonda-se para o inteiro mais
1. o problema: estimativa dos próximo; por exemplo, para 200 dados,
parâmetros da população (média e usam-se 14 classes ( 200 = 14 ,1 ). Os
variância) com os dados disponíveis, limites inferior e superior devem ser
2. a solução: usa da informação da escolhidos de modo a não se ter
amostra para obter as estimativas, superposições ou dados de fora.
mesmo tendo de conviver com os O intervalo da classe pode ser
erros da amostragem, determinado dividindo-se a diferença do
3. o resultado final: estimativa dos maior dado pelo menor dado pelo número
parâmetros da população e os graus de classes.
de confiança associados. Matematicamente, tem-se:
xh − xl
3. Tratamento Gráfico Intervalo da classe =
número de classes
onde
Os dados estatísticos podem ser
xh é o maior número da matriz
apresentados e arranjados em tabelas e
gráficos. O objetivo destes métodos é o de xl é o menor número da matriz
condensar a informação de uma grande Exemplo
quantidade de números, mostrando as
Para fixar idéias, será apresentado o
características mais importantes dos
exemplo, onde se quer desenvolver uma
dados.
controle de qualidade para a fabricação de
Os dados consistem de números, que
lâmpadas de 100-watt. São tomados 50
devem ser úteis e confiáveis. Para isso, é
registros de uma lote da produção e são
importante definir a fonte dos dados, qual o
feitos testes de falha das lâmpadas. A
escopo do estudo, como eles são
confiabilidade é medida em termos de
coletados, qual a sua exatidão e precisão,
horas para falhar. As confiabilidades são
como são arredondados. Os dados podem
as seguintes:
mostrar propriedades físicas variáveis.
Tab. 2.1. Dados completos
3.1. Distribuição de Freqüência 1983 2235 2414 2465 2510
O processo para construir uma matriz e 2329 2414 2697 2567 2270
uma distribuição de freqüência é simples e 2321 2214 2130 2174 2553
direto. Os passos são os seguintes: 2438 2356 2299 2238 2350
2450 2454 2452 2543 2544
1. Coletar todos os dados disponíveis.
2026 2237 2248 2643 2544
2. Arranjar os dados em uma matriz, 2326 2320 2293 2234 2343
colocando-os em ordem crescente ou 2027 2175 2346 2438 2652
decrescente. 2420 2355 2362 2146 2124
3. Determinar o número de classes ou
células.
4. Determinar o intervalo de cada
classe.
5. Agrupar os dados em classes ou
células.
6. Construir um gráfico com as classes
e os números de dados para cada
classe.
7. Construir a distribuição de
freqüência.
O número de grupos não pode nem ser
muito grande nem muito pequeno. Como

31
Estatística da Medição

Tab.2.2. Dados em ordem crescente Tab. 2.3. Contagens


1983 2235 2329 2414 2510 Horas Marcas de contagem
2026 2237 2343 2417 2544 1900-1999 X
2027 2238 2346 2420 2543 2000-2099 XX
2124 2248 2350 2438 2564
2100-2199 XXXXX
2130 2270 2353 2438 2567
2146 2293 2355 2438 2565
2200-2299 XXXXXXXXX
2174 2299 2356 2450 2643 2300-2399 XXXXXXXXXXXX
2175 2320 2362 2454 2652 2400-2499 XXXXXXXXXXX
2214 2321 2387 2452 2680 2500-2599 XXXXXX
2234 2326 2414 2465 2697 2600-2699 XXXX

As marcas de contagem são


Os dados agora devem ser agrupados convertidas em números, resultando na
em classes ou células. distribuição de freqüência absoluta.
O número adequado de classes é de
7 ( 50 = 7 ,1). Tab. 2.4. Distribuição da freqüência
O intervalo da classe é calculado como: absoluta
Horas Número de falhas
2697 - 1983 1900-1999 1
Intervalo da classe = = 102 2000-2099 2
7
Assim, deveria se ter: 2100-2199 5
2200-2299 9
maior dado = 2697 horas
2300-2399 12
menor dado = 1983 horas 2400-2499 11
faixa = 2697 - 1983 = 714 horas 2500-2599 6
número de classes = 7 2600-2699 4
intervalo da classe = 102
Pode-se obter as seguintes informações
Pode-se fazer alguns ajustes finos: sobre a folha de distribuição de freqüência:
1. o intervalo da classe pode ser igual a 1. a menor taxa de queima da lâmpada
100, para facilitar os cálculos, é de de 1900 horas e a maior, de
2. a primeira classe é de 1900 a 1999, 2700,
3. a segunda classe é de 2000 a 2099, 2. a maioria das lâmpadas queima entre
4. a terceira classe é de 2100 a 2199, ... 2200 e 2500 horas,
4. deve-se ter uma oitava classe, de 3. a maior concentração de falhas é
2600 a 2699 para acomodar os 4 entre 2300 e 2399 horas.
últimos valores. Fazendo-se um gráfico (abcissa = horas
À primeira vista se pensa que o de funcionamento até queimar da lâmpada;
intervalo é de 99 e não de 100, porém ordenada = freqüência), percebe-se o
como a contagem começa de 0, tem-se centro da distribuição (2350 horas) e como
realmente 100 pontos contados entre 1900 os valores se espalham em torno deste
e 1999. ponto central.
Constrói-se agora a tabela com os Se ainda se quer a distribuição da
números em cada intervalo de classe. O freqüência relativa, para prever o número
arranjo pode ser horizontal ou vertical. No de lâmpadas que iriam falhar dentro de um
arranjo horizontal, colocam-se as classes à determinado intervalo, calcula-se a
esquerda e uma marca de contagem (X, ou freqüência relativa, dividindo-se cada
marcas múltiplas de 5) para cada ponto em freqüência absoluta pelo número total de
cada classe à direita. Tem-se freqüências. O valor total da freqüência
relativa é 1,0. A fórmula da freqüência
relativa é:

32
Estatística da Medição

Frequência relativa =
número de observaçõe s no intervalo 3.3. Significado metrológico
número total de observaçõe s
Quando se tem n medições, pode-se
quantizar estes n resultados em valores
No exemplo da lâmpada, a freqüência
iguais ou dentro de uma classe de largura
relativa de falhas para o intervalo de classe
de 2100-2199 é de 0,01 ou 10% (5/50). ∆x. Plotando a freqüência das ocorrências
(número de medições dentro das faixas) e
Tab. 2.5. A freqüência relativa em cada intervalo de os valores das medições, obtém-se um
classe das confiabilidades das lâmpadas histograma, ou gráfico com barras. É
interessante observar os tamanhos destas
barras: no centro da curva estão as
Horas Falhas Freqüência
maiores freqüências correspondendo a
relativa
valores próximos da média das medições.
1900-1999 1 1/50 = 0,02
Ou seja, as medições se distribuem em
2000-2099 2 2/50 = 0,04
torno do valor médio das medições, com
2100-2199 5 5/50 = 0,10
maior quantidade de medições próximas
2200-2299 9 9/50 = 0,18
da média e com poucas medições longe
2300-2399 12 12/50 = 0,24
das médias.
2400-2499 11 11/50 = 0,22
Aumentando o número de medições e
2500-2599 6 6/50 = 0,12
diminuindo a largura da faixa, o histograma
2600-2699 4 4/50 = 0,08
se aproxima de uma curva continua,
1,00
chamada de função de distribuição da
densidade da probabilidade das amplitudes
da medição de x.
Quando os erros são puramente
3.2. Histograma aleatórios, os resultados das n medições
Histograma é o gráfico da distribuição sucessivas são espalhados em torno do
de freqüência que ilustra os resultados valor verdadeiro, com a metade dos
obtidos da matriz e da folha dos resultados acima e a outra metade abaixo
resultados. Um gráfico comunica a do valor verdadeiro . Este valor verdadeiro
informação mais facilmente que a análise é também chamado de valor médio.
numérica. Vendo o gráfico pode-se contar Exemplo
diretamente os dados em cada intervalo de
classe e determinar o centro e o Sejam os 50 dados replicados obtidos
espalhamento dos dados da distribuição. na calibração de uma pipeta de 10 mL
O histograma é um gráfico de barras (Tab. 2.6)..
que mostra os resultados da análise da
distribuição da freqüência, comprimindo os Tab. 2.6. Dados da pipeta de 10 mL
dados em grupos lógicos. Dado Volume Dado Volume, Dado Volume,
O eixo horizontal dos x (abcissa) mostra # , ml # ml # ml
os intervalos das classes e o eixo vertical 1 9,988 18 9,975 35 9,976
2 9,973 19 9,980 36 9,990
dos y (ordenada) mostra a freqüência, 3 9,986 20 9,994 37 9,988
absoluta ou relativa. Cada intervalo de 4 9,980 21 9,992 38 9,971
classe tem um limite inferior e um limite 5 9,975 22 9,984 39 9,986
6 9,982 23 9,981 40 9,978
superior. Geralmente o menor limite da 7 9,986 24 9,987 41 9,986
primeira classe é abaixo do primeiro 8 9,982 25 9,978 42 9,982
9 9,981 26 9,983 43 9,977
número e o limite maior da última classe é 10 9,990 27 9,982 44 9,977
acima do último número da matriz. 11 9,980 28 9,991 45 9,986
12 9,989 29 9,981 46 9,978
13 9,978 30 9,968 47 9,983
14 9,971 31 9,985 48 9,980
15 9,982 32 9,977 49 9,983
16 9,983 33 9,976 50 9,979
17 9,988 34 9,983

33
Estatística da Medição

A partir destes dados foram encontrados: expectativa matemática do conjunto dos


Volume médio = 9,982 ml dados.
Nas distribuições formadas pelos dados,
Volume mediano = 9,982 ml
quase sempre há uma tendência central
Afastamento = 0,025 ml destes dados. Esta tendência central, em
Desvio padrão = 0,0056 ml torno da qual os dados se agrupam pode
A partir dos dados da Tab.2.6, pode-se ser medida por algum tipo de média. As
elaborar uma outra tabela (Tab. 2.7) médias típicas são: média aritmética,
mostrando a distribuição da freqüência ponderada, eficaz, geométrica, harmônica,
usando-se células com largura de 0,003 mediana e moda.
mL e calculando-se a percentagem de
medições caindo em cada célula. Nota-se
que 26% dos dados residem na célula
contendo a média e a mediana de 9 982
mL e que mais da metade dos dados estão
dentro de +- 0,004 mL.
Tab. 2.7. Freqüência dos dados da Tab.
2.6

Faixa volume, Número na % na


mL faixa faixa
9 969 a 9 971 3 6
9.972 a 9 974 1 2
9 975 a 9977 7 14
9 978 a 9980 9 18
9 981 a 9983 13 26
9 984 a 9 986 7 14
9 987 a 9 989 5 10
9 990 a 9 992 4 8
9 993 a 9 995 1 2 Fig. 2.2. Histograma da Tab. 2.7

Os dados da distribuição da freqüência


da Tab. 7 podem ser plotados em um 4.1. Média Aritmética
gráfico de barras ou histograma. Pode-se A média mais usada é a aritmética, que
perceber que quando o número de dados é calculada matematicamente como a
medidos aumenta, o histograma se soma de todas as medidas de um conjunto
aproxima da curva contínua da distribuição dividida pelo número total de medidas. A
normal, gerada com um número infinito de média aritmética de um conjunto de
dados. medidas é dada por:

4. Médias x 1 + x 2 +...+ x n
xm = x =
Os dados podem ser reduzidos a um n
único número, para fins de comparação. A onde
média ou valor médio é o mais xm = x = valor médio ou a média
representativo de um conjunto de dados ou x1, x2, ... xn = valor de cada medição
medições. A média é o valor esperado de n = número de leituras.
uma quantidade medida do conjunto das Também pode se escrever, de modo
medições tomadas. Valor esperado não é abreviado:
o valor mais provável. A média tende a
n
ficar no centro dos dados quando eles são
arranjados de acordo com as magnitudes e ∑ xi
i =1
por isso a média é também chamada de xm =
n
tendência central das medidas. Quanto
maior o número de medições feitas, melhor
será o resultado. O valor médio é a

34
Estatística da Medição

Diz-se que a média é a somatória dos 5. se uma constante é somada à variável


valores de x, começando de i igual a 1 e aleatória, a mesma constante é
terminando em n dividido por n. Σ é a letra somada ao seu valor médio.
grega Sigma. 6. a média do produto de duas variáveis
É comum denotar a média como x (diz- aleatórias independentes é igual ao
se x barra), porém este símbolo é difícil de produto de seus valores médios.
se obter em datilografia e por isso também 7. mesmo que a distribuição dos valores
se usa xm. seja simétrica, a distribuição da área
Quando se tem uma população com o não é simétrica, pois, se 5 está no meio
número muito grande de dados (n tende de 0 e 10, mas 52 não está no meio de
para infinito), o símbolo da média é 02 e 102.
expresso como: Exemplo
n As medições do valor do resistor dão:
∑ xi 52,3 Ω 51,7 Ω
i =1
µ= com n → ∞ 53,4 Ω 53,1 Ω
n
80,0 Ω
Através do conceito dos mínimos O valor médio destas medições,
quadrados do erro pode-se demonstrar desprezando o valor de 80,0 Ω que é
matematicamente que a média aritmética é grosseiro, vale 52,6 Ω.
a melhor estimativa do valor verdadeiro de
52,3 + 517
, + 53,4 + 53,1
um dado conjunto de medições. Rm = = 52,6 Ω
O instrumentista deve sempre fazer de 4
duas a cinco replicações de uma medição.
Os resultados individuais de um conjunto 4.2. Raiz da Soma dos Quadrados
de medições são raramente os mesmos e Quando se tem dados com sinais
usa-se a média ou o melhor valor para o positivos e negativos e as suas influências
conjunto. O valor médio central é sempre se somam, não se pode tirar a média
mais confiável do que qualquer resultado aritmética pois a soma algébrica dos dados
individual. A variação nos dados deve cancelam seus valores. Por isso, inventou-
fornecer uma medida da incerteza se a média Raiz quadrada da Soma dos
associada com o resultado central. A Quadrados (RSQ), que é dada pela
média serve como o valor central para um expressão:
conjunto de medições replicadas.
A média de dados aleatórios não é mais
aleatória mas é determinística. Por X RSQ = ( x 12 + x 22 +...+ x n2 )
exemplo, a média das somas dos pontos
obtidos pelo lançamento de dois dados é Em metrologia, esta relação matemática
um número determinado igual a 7. (algoritmo) é a mais usada para determinar
O valor médio tem as seguintes o erro final resultante de vários erros
propriedades matemáticas práticas e úteis componentes aleatórios e independentes
à metrologia: entre si.
1. a média é a melhor estimativa para um Em estatística, o desvio padrão (σ) é
conjunto de medições disponíveis. calculado através de uma relação que
2. a média tem a mesma dimensão das também envolve a raiz quadrada da soma
medições e fica entre os valores dos quadrados dos desvios de cada
mínimo e máximo das medições. medição (di). Tem-se
3. quando se multiplica uma variável
aleatória por uma constante, sua média
será multiplicada pela mesma ( d 12 + d 22 +...+ d n2 )
σ=
constante. n
4. a média da soma de duas variáveis
aleatórias é a soma de suas médias.

35
Estatística da Medição

5. Desvios rapidamente estimado multiplicando-se a


faixa por um fator k (Tab. 2.8).
Como ocorre com as médias, há No conjunto anterior, o desvio padrão
também vários tipos de desvios, embora o estimado pelo fator k da tabela (N = 6) é
mais usado seja o desvio padrão. igual a 9 x 0,38 = 3,5. O desvio padrão
calculo de modo convencional é igual a
5.1. Dispersão ou Variabilidade 3,6.
A medida do ponto central isolado não Tab. 2.8. Fatores para estimar desvio padrão
dá uma descrição adequada dos dados
experimentais. Deve-se considerar N k
também a variabilidade ou espalhamento
2 0,89
dos dados. Por exemplo, se alguém tem os
3 0,59
pés na geladeira e a cabeça no forno,
4 0,49
pode-se dizer que a média da temperatura
5 0,43
é boa, mas a sensação será horrível, por
6 0,39
causa da grande faixa de espalhamento
7 0,37
entre as duas temperaturas.
8 0,35
Por isso foram desenvolvidos outros
9 0,34
parâmetros importantes de dados
10 0,32
experimentais associados ao grau de
espalhamento do conjunto de dados, como
faixa, desvio médio, variância, desvio
padrão, coeficiente de variação, desvio
5.3. Desvio do Valor Médio
padrão ajustado. O desvio é a diferença entre cada
medida e a média aritmética. O desvio do
5.2. Faixa (Range) valor médio indica o afastamento de cada
medição do valor médio. O valor do desvio
A faixa ou espalhamento de um
pode ser positivo ou negativo. Os desvios
conjunto de dados é a diferença entre o
das medidas x1, x2, ... xn da média
maior e o menor valor do conjunto. A faixa
aritmética xm são:
é o modo mais simples para representar a
d1 = x1 - xm
dispersão dos dados. As desvantagens
d2 = x2 - xm
associadas com a faixa como medida da
...
dispersão são:
dn = xn - xm
1. ela se baseia somente na dispersão
dos valores extremos,
Teoricamente, a soma algébrica de
2. ela deixa de fornecer informação
todos os desvios de um conjunto de
acerca do ajuntamento ou dispersão dos
medidas em relação ao seu valor médio é
valores observados dentro dos dois valores
zero. Na prática, nem sempre ele é zero,
extremos.
por causa dos arredondamentos de cada
Mesmo assim, ela é empregada para se
desvio.
ter uma idéia aproximada da extensão dos
Para as medições da resistência acima,
valores espalhados dos dados disponíveis.
Ela é fundamental nas cartas para o
Ri Rm di
controle estatístico dos dados.
52,3 52,6 -0,3
Por exemplo, para um conjunto de
51,7 52,6 -0,9
medições de um comprimento, em mm,
53,4 52,6 +0,8
53,1 52,6 +0,5
194, 195, 196, 198, 201, 203

o espalhamento é igual a 203 - 194 = 9 Onde


mm. Ri é o valor de cada resistência
O desvio padrão para conjuntos com Rm é o valor médio das resistências
pequeno número de dados (N) pode ser di é o desvio de cada resistência

36
Estatística da Medição

A soma dos desvios não deu zero pois desvio padrão é mais adequado e útil para
há um erro de arredondamento, pois a expressar a dispersão dos dados.
média é de 52,63 aproximado para 52.6. O desvio padrão de uma população, σ,
é calculado raiz quadrada da média dos
5.4. Desvio Médio Absoluto quadrados dos desvios individuais. Tem-se
O grau de espalhamento em torno do
valor médio é a variação ou dispersão dos
σ=
∑ ( x i − µ) 2
dados. Uma medida esta variação é o n
desvio médio. O desvio médio pode
fornecer a precisão da medição. Se há um onde
grande desvio médio, é uma indicação que
os dados tomados variam largamente e a (xi - µ) é o desvio da média da ia
medição não é muito precisa. medição.
O desvio médio é a soma dos valores n é o número de dados da população
absolutos dos desvios individuais, dividido total.
pelo número de medições. Se fosse O desvio padrão pode expressar a
tomada a soma algébrica, respeitando os precisão do instrumento que fornece o
sinais, e não havendo erros de conjunto de medições. Quando o desvio
arredondamento, a soma seria zero. padrão (σ) é pequeno, a curva da
O desvio médio absoluto é dado por: probabilidade das amplitudes é estreita e o
valor de pico é grande e as medições são
D=
[x1 ] + [x 2 ] + ... + [x n ] feitas por um instrumento muito preciso.
n Quando o desvio padrão (σ) é grande, a
curva da probabilidade das amplitudes é
Exemplo larga e o valor de pico é pequeno e as
De novo, a resistência acima medições são feitas por um instrumento
Ri Rm di pouco preciso. Em qualquer caso, a área
sob a curva é igual a 1, pois a soma das
52,3 52,6 -0,3 probabilidades é igual a 1.
51,7 52,6 -0,9
53,4 52,6 +0,8 5.6. Desvio Padrão da Amostra
53,1 52,6 +0,5 O desvio padrão da amostra com
pequeno número de dados (n ≤ 20 ou para
O desvio médio absoluto é calculado alguns, n < 30) ou desvio padrão ajustado
tomando-se os di em valor absoluto é dado por:
(positivo)
n

D=
0,3 + 0,9 + 0,8 + 0,5
= 0,67 ≈ 0,7 Ω
∑ (x
i =1
i − x)2
4 s=
Para distribuições simétricas de (n − 1)
freqüência, há uma relação empírica entre
o desvio médio e o desvio padrão como: Usa-se o denominador (n - 1) por que
4 agora se tem (n - 1) variáveis aleatórias e a
desvio médio = (desvio padrão)
5 na é determinada.
O desvio padrão usado para medir a
5.5. Desvio Padrão da População dispersão dos dados sobre de uma lacuna
que é sua polarização quando o número de
O desvio médio de um conjunto de dados é pequeno. Por exemplo, quando se
medições é somente um outro método tem somente uma medida, o valor do
para determinar a dispersão do conjunto desvio se reduz a zero. Isto implica que a
de leituras. O desvio médio não é medição não tem dispersão e como
matematicamente conveniente para conseqüência, não tem nenhum erro.
manipular as propriedades estatísticas pois Obviamente este resultado é altamente
sua soma geralmente se anula e por isso o

37
Estatística da Medição

polarizado, quando se toma somente uma o nível de probabilidade associado. Assim,


medição nos cálculos. Quando se tomam o valor da resistência é de 51,6 ± 0,8 (1s)
duas ou mais medições, a polarização no Ω, com 68% de probabilidade ou 51,6 ± 1,6
paramento diminui progressivamente até (2s) Ω com 95% de probabilidade.
se tornar desprezível para n grande.
Assim, o valor do desvio padrão é ajustado 5.7. Fórmulas Simplificadas
para dar uma estimativa não polarizada da
precisão. Isto é conseguido dividindo-se a Ás vezes, é mais cômodo e rápido
soma dos quadrados dos desvios por (n - calcular os desvios padrão da população e
1) em vez de n. Diz-se que (n-1) é o da amostra com fórmulas que envolvem
número de grau de liberdade e n é o somente a computação de xi2 , xi2 e ∑
número total de observações. O número de
graus de liberdade se refere ao número de ∑ x . Estas fórmulas são:
i

dados independentes gerados de um dado


conjunto e usados na computação.
∑ ( x i2 ) − ( ∑ x i )
2
/n
Um conjunto com duas medições tem σ = 2

somente uma entrada útil com relação a n


estimativa da dispersão em torno da média
da população, por que o conjunto deve
∑ ( x i2 ) − ( ∑ x i )
2
fornecer informação acerca da dispersão e /n
s2 =
acerca da média. Assim, uma amostra de n−1
dois dados fornece só uma observação
independente com relação à dispersão. 5.8. Desvios da população e da
Para uma amostra de 10 dados, pode-se amostra
ter 10 desvios. Porém, somente 9 são
independentes, por que o último pode ser Como o desvio padrão da população
deduzido do fato que a soma dos desvios é envolve n e o desvio padrão da amostra
igual a zero. Assim, um conjunto de n envolve (n - 1), obtém-se facilmente a
dados fornece relação entre os dois desvios, como
(n - 1) observações independentes com n
relação ao desvio padrão da população. s= ×σ
n−1
De um modo mais geral ainda, tem-se (n -
m) graus de liberdade em um conjunto com n
onde o fator é conhecido como
n dados e m constantes. n−1
Na população, quando m é fator de correção de Bessel.
desconhecido, duas quantidades podem
ser calculadas de um conjunto cm n dados Quando n aumenta, o fator de Bessel se
replicados, x e s. Um grau de liberdade é aproxima de 1, e o s se iguala a σ. Na
usado para calcular x , porque, retendo os prática, para n ≥ 20, pode-se considerar s
sinais dos desvios, a soma dos desvios igual a σ. O desvio padrão da amostra é
individuais deve ser zero. Assim, também chamado de desvio padrão
computados (n - 1) desvios, o último desvio ajustado.
(no) fica conhecido. Como conseqüência,
somente 5.9. Desvio padrão de operações
(n - 1) desvios fornecem medida matemáticas
independente da precisão do conjunto de
medições. Em pequenas amostras (n < Para uma soma ou diferença, o desvio
20), quando se usa n em vez de padrão absoluto da operação é a raiz
(n - 1) para calcular s, obtém-se um valor quadrada da soma dos quadrados dos
menor do que o verdadeiro. desvios padrões absolutos individuais dos
O desvio padrão das medições da números envolvidos na soma ou
resistência é de 0,8 Ω. Como ainda será subtração. Ou seja, na computação de
visto, o valor da resistência deve estar
entre o valor médio e uma tolerância de n y = a( ± s a ) + b( ± s b ) − c( ± s c )
desvios padrão. O n está relacionado com

38
Estatística da Medição

o desvio padrão do resultado é dado as unidade são as mesmas mas as


por: variações são muito grandes.
Por exemplo, se uma amostra contem
cerca de 50 mg de cobre e o desvio padrão
s y = sa2 + s b2 + sc2
é de 2 mg, o coeficiente de variação (CV)
para esta amostra é de 2 mg/50 mg x
Para a multiplicação e divisão, o desvio 100%, ou seja, 4%. Para uma amostra
padrão relativa da operação é a raiz contendo 10 mg, o CV é de 20%.
quadrada da soma dos quadrados dos
desvios padrão relativos dos números 5.11. Desvio Padrão Das Médias
envolvidos na multiplicação e divisão. Ou
seja, na computação de Os números calculados da distribuição
da percentagem se referem ao erro
a×b provável de uma única medição. Quando
y= se fazem n séries de medições replicadas,
c cada uma com N dados, e acham-se as
médias de cada conjunto, estas médias
o desvio padrão relativo a y vale também se espalham em torno de um valor
médio e este espalhamento pode também
2 2 2
sy s  s  s  ser expresso por um desvio padrão,
=  a  + b  + c  chamado de desvio padrão das médias.
y  a  b  c
O desvio padrão da média de cada
conjunto é chamado de erro padrão da
5.10.Coeficiente de variação média e é inversamente proporcional à raiz
Define-se como desvio padrão relativo a quadrada do número de séries replicadas
divisão do desvio padrão absoluto pela de medições com N dados (N ≥ 20).
média do conjunto de dados. O desvio σ
σ=
padrão relativo é geralmente expresso em n
ppm (parte por mil), multiplicando-se esta
relação por 1000 ppm ou em percentagem, De um modo análogo, tem-se para uma n
multiplicando-se a relação por 100%. O amostras com N dados (N ≤ 20),
coeficiente de variação (CV) é definido
como o desvio padrão relativo multiplicado s
por 100%: s=
Como o valor médio está no n
denominador, não de pode usar o
coeficiente de variação quando o valor O desvio padrão das médias é uma
médio se aproxima de zero. melhor estimativa da incerteza interna e é
chamado também de erro padrão interno.
desvio padrão Pode-se notar que a distribuição normal
CV (%) = × 100% das medições de uma amostra tem menor
valor médio
precisão que a correspondente distribuição
normal da amostra das médias da
σ população. A distribuição normal das
CV = × 100% , para toda a população
µ médias tem um formato mais estreito e um
s pico maior que a distribuição normal de
CV = × 100% , para uma amostra uma amostra.
x

O coeficiente de variação é mais


conveniente que o desvio padrão absoluto
para medir a dispersão relativa de um
conjunto de medições. Quando se quer
comparar a variação de dois conjuntos
separados de dados onde as unidades de
medição não são as mesmas ou quando

39
Estatística da Medição

n
∑ (x i − x) 2
i=1
σ2 =
n
para grandes populações (n > 20) e onde n
é o grau de liberdade da população.
Tem-se, para pequenas populações (n <
20)

n
∑ (x i − x) 2
i =1
s2 =
(n − 1)
Fig. 2.3. Desvio padrão das médias
Enquanto a unidade do desvio padrão é
a mesma dos dados, a variância tem a
Deve-se ter o cuidado para não
unidade dos dados ao quadrado. Mesmo
confundir os números envolvidos. É
com esta desvantagem, a variância possui
possível ter um conjunto com N dados
as seguintes vantagens:
(base de cálculo do desvio padrão do
1. ela é aditiva,
universo),
2. ela não tem os problemas
N
associados com os sinais algébricos
∑ ( x i − µ) 2 dos erros,
i =1
σ= 3. ela emprega todos os valores dos
N
dados e é sensível a qualquer
variação no valor de qualquer dado,
dos quais se tira uma amostra com k
4. ela é independente do ponto central
dados (base de cálculo do desvio padrão
ou do valor médio, por que ela usa os
da amostra)
desvios em relação ao valor médio,
5. seu cálculo é relativamente mais
k
simples.
∑ (x i − x) 2
i =1
s=
(k − 1)

e se tira a média de um n conjuntos de


dados (base de cálculo para o desvio
padrão das n médias).

s
s=
n

5.12. Variância
A variância (V) é simplesmente o
quadrado do desvio padrão (s2). A
variância também mostra a dispersão das
medições aleatórias em torno do valor
médio.
A unidade da variância é o quadrado da
unidade das quantidades medidas.
A variância (s2) é definida para
população muito grande (essencialmente
infinita) de medições replicadas de x.
Tem-se

40
Estatística da Medição

Exemplo 6. Distribuições dos dados


Sejam os dados obtidos de uma análise:

Tab. 2.9. Dados da análise química 6.1. Introdução


xi ppm Fe xi − x ( xi − x ) 2 A determinação de probabilidades
associadas com eventos complexos pode
x1 19,4 0,38 0,1444
ser simplificada com a construção de
x2 19,5 0,28 0,0784
modelos matemáticos que descrevam a
x3 19,6 0,18 0,0324
situação associada com um evento
x4 19,8 0,02 0,0004
particular específico. Estes modelos são a
x5 20,1 0,32 0,1024
distribuição da probabilidade ou função
x6 20,3 0,52 0,2704
probabilidade. A distribuição da
probabilidade pode ser calculada a partir
Efetuando-se os cálculos, chega-se a
de dados de amostra retirada da

xi = 118,7 população e também teoricamente.
Por causa de suas características, a
distribuição da probabilidade está
∑ ( x i − x) 2 = 0,6284 relacionada com as distribuições de
Média freqüência. Porém, na distribuição de
x = 118,7/6 = 19,78 ppm Fe freqüência, as freqüências são números
Desvio padrão observados de eventos ocorridos e na
distribuição da probabilidade, a freqüência
s = xi
é derivada da probabilidade de eventos
Variância que podem ocorrer.
s2 = 0,352 = 0,13 (ppm Fe)2
6.2. Parâmetros da Distribuição
Desvio padrão relativo
A distribuição das freqüências mostra os
0,354 dados em formas e formatos comuns. Os
xi = × 1000 = 17,9 ≈ 18 ppt
19,78 números tem uma tendência de se agrupar
e mostrar padrões semelhantes. Estes
Coeficiente de variação
padrões podem ser identificados, medidos
0,354 e analisados. Na análise dos dados de
xi = × 100% = 179
, ≈ 18%
,
19,78 uma distribuição de freqüências há quatro
parâmetros importantes: tendência central,
Erro absoluto dispersão, assimetria e kurtosis
Assumindo que o valor verdadeiro da
amostra seja de 10,00 ppm Fe: Tendência central
A tendência central é a característica
19,78 - 20,00 = 0,011 ppm Fe que localiza o meio da distribuição. A
tendência central natural é a média dos
Erro relativo pontos. As curvas podem ter diferentes
19,78 − 20,00 simetrias e dispersões, mas a mesma
× 100% = -1,1%
20,00 tendência central. Também, pode-se ter
curvas com a mesma simetria e mesma
dispersão, mas com diferente tendência
central.
Dispersão
Dispersão é a característica que indica
o grau de espalhamento dos dados. A
dispersão é também chamada de variação.

41
Estatística da Medição

Assimetria (Skewness) n!
Cnx =
Skewness é a característica que indica x! (n − x )!
o grau de distorção em uma curva
simétrica ou o grau de assimetria. Uma Cnx é a combinação de n elementos
curva simétrica possui os lados direito e
tomados x vezes
esquerdo da lei de centro iguais. Os dois
n! é o fatorial de n, n! = n.(n-1)(n-2)...3.2.1
lados de uma curva simétrica são imagens
Para evitar os enfadonhos cálculos,
espelhadas de cada lado. Uma curva se
principalmente quando n for grande, pode-
distorce para a direita quando a maioria
se usar tabelas disponíveis na literatura
dos valores estão agrupados no lado
técnica, onde se determina P(x) a partir de
direito da distribuição.
n, x.
Curtose (Kurtosis)
Distribuição Retangular
A curtose (kurtosis) é a característica
Na distribuição retangular os valores
que descreve o pico em uma distribuição.
possíveis são igualmente prováveis. Uma
É uma medida relativa para comparar o
variável aleatória que assume cada um dos
pico de duas distribuições. Uma maior
n valores, x1, x2, ...,xn com igual
curtose significa um pico maior de
probabilidade de 1/n.
freqüência relativa, não maior quantidade
Em metrologia, os erros sistemáticos
de dados.
possuem distribuição retangular de
Há três classes de curtose: platicúrtica
probabilidade. Para qualquer valor da
(curva plana e esparramada), leptocúrtica
medição, ele é constante.
(curva com pico estreito e alto) e
mesocúrtica (intermediária entre as duas
outras).

6.3. Tipos de distribuições


Há três distribuições de probabilidade 1/A
usadas:
1. binomial A
2. retangular
3. normal. Fig. 2.4. Distribuição retangular
Distribuição Binomial
6.4. Distribuição normal ou de Gauss
A distribuição binomial se refere a
variáveis discretas e se aplica, Conceito
principalmente, à contagem de eventos,
A distribuição normal é uma distribuição
onde as duas saídas possíveis podem ser
contínua de probabilidade, fundamental
sucesso ou falha, peça normal ou
para a inferência estatística e análise de
defeituosa.
dados. Sua importância vem dos seguintes
Sendo
fatos:
n o número de tentativas, 1. muitos fenômenos físicos e muitos
p a probabilidade de sucesso em cada conjuntos de dados seguem uma
tentativa, distribuição normal. Por exemplo, as
q a probabilidade de falha em cada distribuições de freqüência de
tentativa, alturas, pesos, leituras de
P(x) a probabilidade de se obter x instrumentos, desvios em torno de
sucessos, valores estabelecidos seguem a
distribuição normal.
P( x ) = C nx (p x )( qn− x ) 2. pode-se mostrar que várias
estatísticas de amostras (como a
onde média) seguem a distribuição normal,
mesmo que a população de onde

42
Estatística da Medição

foram tiradas as amostras não seja às variações aleatórias, os dados


normal. produzidos caem dentro da curva de
3. mesmo a distribuição binomial tende distribuição normal. Os erros aleatórios de
para a distribuição normal, quando o uma medição formam uma distribuição
número de dados aumenta muito. E normal por que eles resultam da
os cálculos relacionados com a superposição mútua de uma grande
distribuição binomial são muito mais quantidade de pequenos erros
complexos que os empregados pela independentes que não podem ser
distribuição normal. considerados separadamente.
4. a distribuição normal possui
Características
propriedades matemáticas precisas e
idênticas para todas as distribuições O formato de uma curva de distribuição
normais. de probabilidade normal é simétrico e
como um sino. A curva de distribuição
deve ter as seguintes características:
1. simétrica em relação à média,
indicando que os erros negativos de
determinado valor são igualmente
freqüentes quanto os positivos,.
2. formato mostrando que ocorreram
muitos desvios pequenos e poucos
desvios grandes,
3. valor de pico máximo igual ao valor
verdadeiro (exata) ou distante (não
exata).
4. pontos de inflexão da curva são
x = x±σ
5. por causa da simetria da curva, a
Fig. 2.5. Distribuição normal ou de mediana é igual à média e como a
Gauss média ocorre no pico da densidade
de probabilidade, ele também
representa a moda. Tem-se média =
Relação matemática
moda = mediana.
Quando se tem uma variável continua, a 6. o eixo x é uma assíntota da curva.
função distribuição normal ou função de 7. quando normalizada, a área total sob
Gauss tem a seguinte expressão a curva é igual a 1 englobando 100%
matemática, envolvendo os números dos eventos.
naturais 2, π e exponencial de e: 8. para o mesmo valor médio, a
1  1  x − µ 2  distribuição tem um pico estreito para
F( x ) = exp−    pequenos valores do desvio padrão e
σ 2π  2  σ  
é larga para grandes valores do
desvio padrão. Como a área é
A expressão matemática para uma sempre igual a 1, quando o formato
amostra pequena, tem-se: for mais estreito, o pico é maior.
1  1  x − x 2  9. a equação do valor máximo da
F( x ) = exp−    densidade de probabilidade vale:
s 2π  2  s  
1 0,399
Quando a variável for discreta, pode-se {p( x)}max = =
σ
2πσ
construir a curva a partir dos dados. No
eixo x, colocam-se os valores dos dados
10. a probabilidade que o valor médio x
divididos em classes e no eixo y, o número
fique entre um intervalo de x1 e x2 é a área
de vezes que aparecem os dados. Quando
debaixo da curva distribuição neste
o número de dados é muito grande
intervalo.
(tendendo para infinito) e sujeito somente

43
Estatística da Medição

Aplicações Tab. 2.10 Limites para grandes populações


Pode-se determinar a probabilidade de Limites Percentagem Probabilidade
as medições replicadas caírem dentro de
determinada faixa em torno da média. Esta ±0,67σ 50,0 0,500

probabilidade serve como medida da ±1,00σ 68,3 0,683

confiabilidade da medição em relação aos ±1,29σ 80,0 0,800


erros aleatórios. Os limites de confiança ±1,64σ 90,0 0,900
servem para definir a faixa do erro ±1,96σ 95,0 0,950
aleatório da medição. ±2,00σ 95,4 0,954
Para estabelecer se os erros aleatórios ±2,58σ 99,0 0,990
ou desvios se aproximam da distribuição ±3,00σ 99,7 0,997
de Gauss, são feitos testes de
homogeneidade. Estes testes fornecem
meios para Por causa destas relações de área, o
1. detectar se as diferenças entre os desvio padrão de uma população de dados
conjuntos de medições são devidas a é um ferramenta útil de previsão. Por
uma razão real (sistemática) ou exemplo, pode-se dizer há uma
aleatória, probabilidade de 68,3% que a incerteza de
2. detectar uma chance em um qualquer medição isolada não seja maior
característica de distribuição, que ±1σ. Do mesmo modo, a chance é de
3. avaliar as diferentes medições, 95,5% que o erro seja menor que ±2σ.
distinguindo as mais e menos
confiáveis,
4. distinguir os erros dependentes e
correlatos.
Área Sob a Curva de Erro Normal
A área total sob a curva de distribuição
normal é 1, entre os limites -∞ e +∞ pois
todos os resultados caem dentro dela.
Independente de sua largura, tem-se
68,3% da área sob a curva do erro normal
fica dentro de um desvio padrão (±σ) a
partir da média. Ou seja, 68,3% dos dados
que formam a população ficam dentro
destes limites. Do mesmo modo, 95,5% de
todos os dados caem dentro dos limites de
±2σ da média e 99,7% caem dentro de ±
3σ.

Fig.2. 6. Limites da distribuição

44
Estatística da Medição

Distribuição Normal, Precisão e As medições são pouco exatas e o


Exatidão instrumento é muito preciso quando a
A análise do formato da curva de curva é estreita, o pico é elevado e o valor
distribuição normal das medições pode médio é distante do valor verdadeiro.
mostrar a distinção entre exatidão e As medições são muito exatas e o
precisão. As medições de um instrumento instrumento é pouco preciso quando a
muito preciso, quando pilotadas, dão uma curva é larga, o pico é baixo e o valor
curva de distribuição estreita e com o pico médio é igual (ou próximo) do valor
grande. As medições de um instrumento verdadeiro.
pouco preciso dão uma curva de As medições são pouco exatas e o
distribuição larga e com o pico pequeno. instrumento é pouco preciso quando a
Quando a largura aumenta, o valor do pico curva é larga, o pico é baixo e o valor
deve diminuir, porque a área sob a curva é médio é distante do valor verdadeiro.
igual a 1.
As medições muito exatas de um
instrumento, quando pilotadas, dão uma
curva de distribuição com o valor médio
próximo do melhor valor estimado. Ou
seja, a soma dos quadrados dos desvios
dos dados de seus valores estimados é
mínimo (princípio dos mínimos quadrados).
Quando as medições são pouco exatas, a
sua curva de distribuição tem o valor médio
distante do melhor valor estimado. Ou seja,
a soma dos quadrados dos desvios dos Preciso e não exato Preciso e exato
dados de seus valores estimados é maior
que o mínimo. Fig.2. 8. Precisão
Deste modo é possível ter quatro
combinações de boa, ruim, precisão e
exatidão. Distribuição Normal e Erro Provável
As medições são muito exatas e o Se um conjunto aleatório de erros em
instrumento é muito preciso quando a torno de um valor médio é examinado,
curva é estreita, o pico é elevado e o valor acha-se que sua freqüência de ocorrência
médio é igual (ou próximo) do valor relativa ao seu tamanho é descrita por uma
verdadeiro. curva conhecida como a curva de Gauss
ou a curva do sino. Gauss foi o primeiro a
descobrir a relação expressa por esta
curva. Ela mostra que a ocorrência de
pequenas desvios aleatórios da média são
muito mais prováveis que grandes desvios.
Ela também mostra que estes grandes
desvios são muito improváveis.
O desvio padrão de uma distribuição
normal
1. mede o espalhamento da medição
em uma dada entrada
2. tem a mesma unidade da medição
Não preciso e não exato Não preciso e exato 3. é a raiz quadrada da média da soma
dos quadrados dos desvios de todas
Fig.2. 7. - Exatidão as medições possíveis da média
aritmética verdadeira.
A curva também indica que os erros
aleatórios são igualmente prováveis serem
positivos e negativos. Quando se usa o
desvio padrão para medir o erro, pode-se

45
Estatística da Medição

usar a curva para determinar qual a Para uma amostra da população, tem-se
probabilidade de um erro ser maior ou
menor que um certo valor σ para cada x−x
z≈
observação. s
Pode-se calcular o erro provável quando
se tem apenas uma medição. Como o erro A variável z é o desvio da média dado
aleatório pode ser positivo ou negativo, um em unidades de desvio padrão. Assim,
erro maior que 0,675σ é provável em 50% quando
das observações. Assim, o erro provável
de uma medição é (x - µ) = σ, z é igual a um desvio padrão;
Quando (x - µ) = 2σ, z é igual a dois
e = ± 0,675 σ desvios padrão.
Quando se tem uma particular
Assim, uma medição possui três partes: destruição normal de uma variável
1. um valor indicado aleatória x, com uma dada média (µ) e
2. uma margem de incerteza ou erro ou desvio padrão (σ), achar a probabilidade
tolerância, que é o intervalo de confiança, de x cair dentro de um determinado
expresso em ±nσ, onde n é uma constante intervalo é equivalente a encontrar a área
e σ é o desvio padrão debaixo da curva limitada pelo intervalo.
3. uma probabilidade, que é a indicação Porém, pode-se achar diretamente esta
da confiança que se tem quanto ao erro área das tabelas de distribuição normal
real estar dentro da margem de incerteza padrão.
escolhida; p. ex., 99,73% quando se A curva da distribuição normal padrão
escolhe a margem de ±3σ. apresenta as seguintes propriedades:
1. A média ocorre no ponto central de
Distribuição Normal Padrão
máxima freqüência e vale zero (µ = 0).
Existe uma infinidade de curvas e 2. O desvio padrão é igual a 1 (σ = 1).
funções distribuição normal, diferentes de 2. Há uma distribuição simétrica de
acordo com o valor da média central (µ) e desvios positivos e negativos em torno da
do desvio padrão (σ). O desvio padrão média.
para a população que produz a curva mais 3. Há uma diminuição exponencial na
larga e com menor pico (B) é o dobro do freqüência quando o valor dos desvios
desvio padrão da curva mais estreita com aumenta, de modo que pequenas
o pico maior (A). O eixo dos x das curvas é incertezas são observadas muito mais
em afastamento da média em unidades de freqüentemente que as incertezas grandes.
medição (x - µ). A estatística z é normalizada e sua
Plotando as mesmas curvas, porém expressão matemática vale
usando como abscissa o desvio da média
em múltiplos de desvio padrão [(x-µ)/σ]  z2 
− 
obtém-se uma curva idêntica para os dois 2  2 
F( z ) = e  
conjuntos de dados. 2π
Qualquer distribuição normal pode ser
transformada em uma forma padrão
(standard). Para fazer isso, a variável x é
expressa como o desvio de sua média µ e
dividida por seu desvio padrão σ, ou seja,
muda-se a variável x para outra variável z
dada por:
x−µ
z=
σ

46
Estatística da Medição

7. Intervalos Estatísticos padrão σ e média µ, então a medição x


pode ser reportada como
O valor exato da média de uma
população de dados, µ, nunca pode ser x = µ ± 2σ (95%)
determinado exatamente por que tal
determinação requer um número infinito de ou
medições. O que se faz é tirar uma
amostra significativa da população, com n µ - 2σ < x < µ + 2σ (95%)
dados (n > 20) e achar a média aritmética
dos dados desta amostra, µ. Na prática,
usa-se uma amostra com (n < 20) e tem-se 7.2. Intervalo com n pequeno (n < 20)
a média x . Nesta situação, a teoria
estatística permite estabelecer limites em Quando a amostra tem um número
torno da média da amostra, x , e garantir pequeno de dados, n < 20, a média µ se
que a média da população, µ, caia dentro torna x , o desvio padrão σ se torna s,
destes limites com um dado grau de torna-se s. As equações passam para
probabilidade. Estes limites são chamados
de limites de confiança e o intervalo que x = x ± fs (P%)
eles definem é conhecido como o intervalo
de confiança. Estes limites são ou
determinados multiplicando-se o desvio
padrão disponível (da população ou da x - fs < x < x + fs
amostra) por um fator de cobertura, f, que
está associado com um grau de Para o exemplo de probabilidade de
probabilidade, P%. Os limites de confiança 95%, para a amostra (n ≤ 20) com média
definem um intervalo em torno da média da
x , a medição pode ser reportada como
amostra que provavelmente contem a
média da população total.
x = x ± 2s (95%)
7.1. Intervalo com n grande (n > 20)
x - 2s < x < x + 2s (95%)
Quando se tem n > 20, a média das
medições é µ e o desvio padrão é σ. A
medição pode ser reportada como: 7.3. Intervalo com n pequeno (n < 10)
x = µ ± fσ (P%) Populações com n muito grande (n >
20) requerem muito tempo para a
onde computação de seus parâmetros e há uma
x é o valor da medição grande probabilidade de enganos nos
cálculos. É mais pratico e rápido trabalhar
x é o valor médio das n medições com populações com número pequeno de
f é o fator de cobertura associado a P% dados (n < 10), por exemplo 5 medições.
σ é o desvio padrão da população Foram desenvolvidos métodos científicos
P% é a probabilidade para tornar mínimos os erros quando se
Pode-se dizer, com uma probabilidade manipulam amostras com pequeno número
de acerto de P% que a medição x se de dados.
encontra entre os limites: Neste caso, o desvio padrão aumenta,
pois ele é inversamente proporcional a n, e
µ- fσ < x < µ + fσ também a incerteza aumenta. Agora, o
fator de cobertura é dado pelo t do
Por exemplo, para uma probabilidade Student, que é
de 95%, o fator de cobertura é 2. Isto
significa que quando se tem uma medição
x = x ± ts
com n replicações, (n > 20) com desvio
ou

47
Estatística da Medição

x - ts < x < x + ts (P%) Tab. 2.11. Tabela Resumida de t


ν t50 t90 t95 t99
t obtido de uma tabela que relaciona o seu
valor, a probabilidade associada e o 1 1,00 6,31 12,71 63,66
número de medições replicadas. 2 0,82 2,92 4,30 9,92
O parâmetro estatístico t é chamado de 3 0,76 2,35 3,18 5,84
t do Student, por que Student foi o 4 0,74 2,13 2,78 4,60
pseudônimo usado por W. S. Gosset, 5 0,73 2,02 2,57 4,03
quando ele escreveu o artigo clássico, t, 6 0,72 1,94 2,45 3,71
que apareceu na revista Biometrika, 1908, 7 0,71 1,90 2,36 3,50
Vol. 6, Nr. 1. Gosset era empregado da 8 0,71 1,86 2,31 3,36
Guinness Brewery e sua função era 9 0,70 1,83 2,26 3,25
analisar estatisticamente os resultados da 10 0,70 1,81 2,23 3,17
análise de seus produtos. Com o resultado 15 0,69 1,75 2,13 2,95
de seu trabalho, ele descobriu o famoso 20 0,69 1,72 2,09 2,84
tratamento estatístico de pequenos 30 0,68 1,70 2,04 2,75
conjuntos de dados. Para evitar problemas 60 0,68 1,67 2,00 2,66
com segredos profissionais, Gosset ∞ 0,68 1,64 1,96 2,58
publicou o papel sob o pseudônimo ν = (n-1), grau de liberdade
Student. α = (1 - intervalo de confiança)
A distribuição t-Student tem formato
semelhante ao da distribuição normal, onde
exceto que é mais achatada e se espalha tP é o coeficiente de confiança, obtido
mais progressivamente para valores de tabelas, a partir do grau de liberdade (ν)
pequenos de n. O teste t permite descobrir e da probabilidade (P%).
se toda a variabilidade em um conjunto de O grau de liberdade (ν) é dado por n-1,
medições replicadas por ser atribuída ao onde n é o número de dados da amostra e
erro aleatório. a probabilidade (P).
Os valores de t caem muito rapidamente Por exemplo, para 5 replicações (grau
no início e depois caem lentamente. de liberdade 4), probabilidade de 95%, t
Aumentar o número de replicações da vale 2,78 (Tab. 2.11) e se tem
medição custa tempo e nem sempre o
ganho é significativo. O número 2,78 s < x < 2,78 s
compromisso sugere três a quatro
replicações
7.4. Intervalo para várias amostras
Quando se tem n conjuntos de amostras
com N dados (N ≤ 20), então se obtém o
desvio padrão das médias ( s x ) e o fator de
cobertura pode ser menor, porque o desvio
padrão das médias das amostras é mais
confiável que o desvio de apenas uma
amostra. Neste caso, divide-se o fator de
cobertura, f, por n . Por exemplo, para
probabilidade de P%, tem-se:

sx sx
x−f <x<x+f (P%)
n n

Quando o número de dados de cada


amostra é pequeno, o fator de cobertura se
torna o tP do Student e tem-se:

48
Estatística da Medição

x = x ± tP
s
(P%) 8. Conformidade das Medições
n
8.1. Introdução
Exemplo
Mesmo com métodos válidos,
Para o conjunto de medições abaixo, instrumentos calibrados e procedimentos
determinar: cuidadosos, ainda há erros aleatórios e
1. média longe da média. Não são sistemáticos nem
2. desvio padrão estimado aleatórios, mas grosseiros. Um dado com
3. desvio padrão relativo percentual erro grosseiro é marginal (outlier). Quando
4. como os dados devem ser relatados se encontra um erro marginal, deve-se:
para um nível de 99% de confiança? 1. retira-lo do conjunto de dados
2. identifica-lo
Medições Media Desvio 3. dar razões para sua rejeição ou
46,25 46,32 -0,07 retenção, p. ex., por um teste Q.
46,40 46,32 +0,08 Quando um conjunto de dados contem
46,36 46,32 +0,04 um resultado marginal que difere
46,28 46,32 -0,04 excessivamente da média, a decisão que
deve ser tomada é rejeitar ou reter o dado.
A escolha do critério para rejeitar um
Respostas resultado suspeito tem seus perigos. Se
estabelece uma norma rigorosa que torna
1. Média a rejeição difícil, corre-se o risco de reter
resultados que são espúrios e tem um
46,25 + 46,40 + 46,36 + 46,28 efeito indevido na média. Se estabelecem
x=
4 limites indulgentes na precisão e torna fácil
a rejeição, provavelmente se jogará fora
2. Desvio padrão estimado medições que certamente pertencem ao
conjunto, introduzindo um erro sistemático
s = 0,0695 aos dados. Infelizmente, não existe uma
regra para definir a retenção ou rejeição do
3. Coeficiente de variação dado.

0,0695
CV = × 100% = 0,15%
46,32

4. Probabilidade de 99%, tem-se


α = 0,01
Grau de liberdade (4-1) = 3

Da tabela, tem-se

t = 5,84

Então o melhor valor da média é

5,4 × 0,0695
46,32 ± = 46,32 ± 0,20
4

Fig. 2.9. Pontos suspeitos ou outliers

49
Estatística da Medição

8.2. Teste Q 4. a soma dos valores acima dá a


probabilidade no dado intervalo, se o limite
No teste Q, o valor absoluto (sem
superior estiver entre (0 e +∞) e o limite
considerar o sinal) da diferença entre o
inferior estiver entre (0 e -∞) e vice-versa.
resultado questionável e seu vizinho mais
A diferença dos valores acima dá a
próximo é dividido pela largura de
probabilidade se os dois limites cairem ou
espalhamento do conjunto inteiro dá a
quantidade Qexp entre (0 e +∞) ou (0 e -∞),
5. multiplique a probabilidade da
distribuição em um dado intervalo de
xq − xn classe pelo número total de observações
Q exp =
w para obter a freqüência esperada de
ocorrências da variável neste intervalo,
Se Qexp > Qcrit, rejeite o dado 6. como a soma das freqüências
questionável. esperadas em todas as classes não é
Se Qexp < Qcrit, retenha o dado necessariamente igual ao numero total de
questionável. observações, pois os arredondamentos
devidos à interpolação na tabela das
8.3. Teste do χ2 (qui quadrado) probabilidades provocam pequenas
diferenças, usa-se um fator de correção
O teste de χ2 (lê-se qui quadrado) é para fazer a soma das freqüências
usado para verificar se um fenômeno esperadas igual ao número de
observado se comporta como um modelo observações.
esperado ou teórico. Por exemplo, ele 7. a partir das freqüências esperadas
pode ser usado para comparar o em várias classes, determina-se o
desempenho de máquinas ou outros itens. parâmetro χ2 pela equação
A vida útil de lâmpadas, localizações da
linha de centro de furos em placas, n
( fe 1 − fo 1 ) 2
ν = ∑
2
localizações de tiros de artilharia e missões χ (n-m)
de bombardeio seguem a distribuição χ2. i =1 fei
Quando se obtém um conjunto de
medições, assume-se que as medições onde
são uma amostra de alguma distribuição n é o número de valores que são
conhecida, por exemplo, a normal. Para somados para produzir o valor de χ2
comparar as diferentes partes da m é o número de constantes usadas no
distribuição observada, subdividem-se os cálculo das freqüências esperadas
dados em um número de n classes e (n - m) é o grau de liberdade, com
determina-se a freqüência observada em índice ν.
cada classe. Depois, estima-se a fe1, fe2, ...fen são as n freqüências
freqüência esperada de cada classe, esperadas,
assumindo que a distribuição está de fo1, fo2, ...fon são as n freqüências
conformidade com a distribuição original, observadas
por exemplo, a normal, através dos Pode também se falar de uma
seguintes passos: distribuição χ2, definida como:
1. calcule o valor médio e o desvio
padrão,  (O − E ) 2 
2. para cada intervalo da classe,
∑  E 
i i

assuma uma variável normal padrão zh e i


zl para os limites superior e inferior,  
respectivamente,
3. da tabela da distribuição normal, onde
determine as probabilidades da função Oi é a freqüência da ocorrência
entre (0 e zh) e (0 e zl).Os valores observada no io intervalo de classe
dependem se é tomado apenas um lado ou Ei é a freqüência da ocorrência
os dois lados da curva. esperada no io intervalo de classe ,
baseada em uma hipótese ou distribuição.

50
Estatística da Medição

O objetivo é determinar se as com uma técnica livre de erros


freqüências observadas e esperadas estão sistemáticos. Os dados obtidos são:
próximas o suficiente para se concluir se
elas são provenientes de mesma
distribuição de probabilidade. Tab. 2.13 - Coeficientes e freqüência
O numerador da expressão de χ2 Coeficiente Freqüência observada
representa os quadrados dos desvios entre
0,44-0,46 3
as freqüências esperadas e observadas
0,46-0,48 10
nas n classes e é sempre positivo. Estes
0,48-0,50 12
valores são normalizados em cada classe,
0,50-0,52 16
dividindo-os pela respectiva freqüência
0,52-0,54 10
esperada de cada classe.
0,54-0,56 6
A mesma ordem de desvio nas
0,56-0,58 3
freqüências esperadas e observadas
causa relativamente maior contribuição no
parâmetro χ2 nas extremidades da curva
Determinar se os valores dos
dos dados normalmente distribuídos, em
coeficientes de atrito seguem a distribuição
comparação com os valores próximos do
normal ou não. Os valores do teste χ2 até
valor médio da curva. Isto é explicado pelo
o nível de 10%.
fato de os valores relativamente grandes
das freqüências esperadas próximas do Solução
valor médio dos dados estarem no 1. Determinação do valor médio e do
denominador de χ2. desvio padrão:
Para evitar que as contribuições x = 0,51
anormalmente grandes no parâmetro χ2 s = 0,03062
quando as freqüências esperadas forem 2. Usando a tabela da Distribuição
pequenas, deve-se reagrupar as várias Normal, determinam-se as probabilidades
classes, de modo que a freqüência entre os intervalos das diferentes classes.
esperada em cada classe não seja menor
que 5. Tab. 2.14 - Tabela de freqüências
Se a distribuição da amostra está de # Classe foi zl zh P(zl) P(zh) P(∆z) fei
1 0,44-0,46 3 -2,178 -1,525 0,485 0,4364 0,0489 2,99
conformidade com a distribuição teórica 2 0,46-0,48 10 -1,525 -0,872 0,436 0,3084 0,1280 7,83

assumida, deve-se ter χ2 = 0. Quanto


3 0,48-0,50 12 -0,872 -0,219 0,308 0,0864 0,2217 13,57
4 0,50-0,52 16 -0,219 0,434 0,086 0,1678 0,2545 15,57

maior o valor de χ2, maior é a discordância


5 0,52-0,54 10 0,434 1,088 0,167 0,3617 0,1939 11,87
6 0,54-0,56 6 1,088 1,741 0,361 0,4592 0,0975 5,97
entre a distribuição esperada e os valores 7 0,56-0,58 3 1,741 2,394 0,459 0,4952 0,0360 2,20

observados. Quanto maior o valor de χ2,


menor é a probabilidade que a distribuição Na tabela acima, as freqüências
observada satisfaça a distribuição esperadas da primeira e última classe são
observada. Deste modo, o parâmetro χ2 é menores que 5 e por isso elas devem ser
muito útil na análise estatística dos dados, combinadas com as classes adjacentes
para avaliar a validade dos dados. para fazê-las maiores que 5 e obtém os
Para a aplicação do teste do χ2, seguintes cálculos:
1. determine o valor de χ2 para os
dados disponíveis Tab. 2.15 - Freqüências
# foi fei foi-fei (foi-fei)2/fei
2. determine os valores dos graus de
1 13 10,82 2,18 0,439
liberdade F que é igual a (n - m), 2 12 13,57 -1,57 0,182
3. determine a probabilidade de a 3 16 15,57 0,43 0,012
medição real estar de conformidade com a 4 10 11,87 -1,87 0,295
distribuição esperada a partir das tabelas 5 9 8,17 8,83 0,084
Total: 1,012
de χ2 ou do diagrama χ2 - F.
Exemplo
Os coeficientes de atrito entre o vidro e Obtém-se χ2 = 1,012
a madeira foram medidos no laboratório O número de grau de liberdade F é
(n-m).

51
Estatística da Medição

No problema, o número de termos que


são somados para dar χ2 é n = 5. O Tab. 2.16. Rejeição de espúrios pelo
número m é igual ao número de critério de Chauvenet
quantidades obtidas das observações que Observações dmax/σ
são usadas no cálculos das freqüências
2 1,15
esperadas. No problema, m = 3, porque há
3 1,38
três quantidades: número total de
4 1,54
observações, o valor médio e o desvio
5 1,65
padrão dos dados que são usados no
6 1,73
cálculo das freqüências esperadas, então
7 1,80
F=5-3=2
10 1,96
Para 2 graus de liberdade, o valor de χ2 15 2,13
ao nível de 10% de probabilidade do χ2, da 25 2,33
tabela, tem-se 4,605. Como o valor de χ2 = 50 2,57
1,012 não é muito grande e como a 100 2,81
probabilidade P(χ2) = 0,62 (obtida da curva dmax é o desvio máximo aceitável
onde χ2 =1,012 e F = 2) está entre 0,1 e σ desvio padrão da população
0,9, resulta que os dados devem ser
aceitos ou que os dados estão conforme a 8.5. Outros Testes
distribuição normal.
Existem vários outros testes estatísticos
para fornecer critérios para rejeição ou
8.4. Teste de Chauvenet retenção de outliers. Como o teste Q, estes
O teste de Chauvenet estabelece que outros também assumem que a
uma leitura pode ser rejeitada se a distribuição dos dados da população seja
probabilidade de se obter um desvio normal. Infelizmente, esta condição não
particular da média é menor que 1/2n, pode ser aprovada ou reprovada para
onde n é o número de observações. A amostras que tenham muito menos que 50
tabela dá o valor do desvio do ponto para resultados. As regras estatísticas que são
média que deve ser excedido para rejeitar confiáveis para distribuição normal de
este ponto. Assim que todos os pontos dados devem ser usados com extremo
espúrios são rejeitados, calcula-se uma cuidado, quando aplicadas a amostras com
nova média e um novo desvio padrão para poucos dados.
a amostra. A aplicação cega de testes estatísticos
para determinar a rejeição ou retenção de
uma medição suspeita em um pequeno
conjunto de dados não é provavelmente
mais confiável do que uma decisão
arbitrária. A aplicação de bom julgamento
baseado na experiência e conhecimento
do processo envolvido é um enfoque
válido. Enfim, a única razão válida para
rejeitar um resultado de um pequeno
conjunto de dados é a certeza que foi
cometido um erro no processo da medição.
Deve-se ter cautela para rejeitar um dado,
por qualquer razão.

52
Estatística da Medição

8.6. Conformidade (goodness of fit) 8.7. Não-Conformidades


Os critérios estatísticos para verificar se As recomendações para o tratamento
um conjunto de dados está de de um pequeno conjunto de resultados que
conformidade com as distribuições teóricas contem um valor suspeito são:
assumidas são: 1. Reexaminar cuidadosamente todos
1. se os valores de probabilidade no os dados relacionados com o outlier
teste χ2 caem entre 0,1 e 0,9, então para ver se um erro grosseiro afetou
a distribuição observada segue a seu valor.
distribuição assumida, ou seja, não 2. Se possível, estimar a precisão que
há razão de duvidar da hipótese. Em pode ser razoavelmente esperada
certos casos, o limite inferior da para estar seguro que o resultado
probabilidade χ2, chamado de nível suspeito realmente é questionável.
de significância, pode ser reduzido 3. Repetir a análise, se for possível. A
para 0,05. concordância ou discordância entre o
2. se o valor da probabilidade no teste χ dado novo e o original suspeito serve
2 está abaixo do limite inferior para manter ou rejeitar o dado
prescrito, então o resultado é suspeito.
significante e os dados da amostra 4. Se não se tem nenhum dado
são considerados inteiramente adicional, aplicar o teste Q ao
diferentes da distribuição assumida. conjunto existente para ver se o
Neste caso, o parâmetro χ2 é muito resultado duvidoso deve ser retido ou
grande. rejeitado em base estatística.
3. Se o valor de χ2 é muito pequeno e 5. Se o teste estatístico indicar a
próximo de zero, então a retenção, considerar a mediana no
probabilidade pode exceder o limite lugar da média do conjunto. A
superior de 0,9. Embora isso seja mediana tem a grande virtude de
difícil de se encontrar, na prática, permitir a inclusão de todos os dados
quando ocorrer, os dados são em um conjunto sem influência
considerados suspeitosamente bons. indevida de um valor suspeito.

Apostilas\Metrologia 2Estatística.DOC 24 SET 98 (Substitui 01 ABR 98)

53
3
Quantidades Medidas
Objetivos de Ensino
1. Conceituar as quantidades físicas quanto a energia e propriedades: intensivas ou
extensivas, variáveis ou constantes, continuas ou discretas, mecânicas ou
elétricas, dependentes ou independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função
linear.
3. Listar as sete quantidades físicas de base e as duas complementares, mostrando
seus conceitos, unidades e padrões.
4. Listar as quantidades físicas derivadas mais comumente encontrada na
Engenharia, de natureza mecânica, elétrica, química e de instrumentação,
mostrando seus conceitos, unidades, padrões e realização física.

1. Quantidade Física 1.2. Valor da quantidade


O valor é uma característica da
quantidade que pode ser definida
1.1. Conceito
quantitativamente. O valor é também
Quantidade é qualquer coisa que possa chamado de dimensão, amplitude,
ser expressa por um valor numérico e uma tamanho. Para descrever satisfatoriamente
unidade de engenharia. Como exemplos, uma quantidade para um determinado
1. massa é uma quantidade física objetivo, os valores de interesse devem ser
expressa em kilogramas; identificados e representados
2. velocidade é uma quantidade física numericamente. Cada valor é medido e
expressa em metros por segundo e expresso em unidades. A unidade tem um
3. densidade relativa é uma quantidade tamanho relativo e subdivisões que são
física adimensional. diferentes entre os diversos sistemas de
O círculo não é uma quantidade física, medição.
pois é caracterizado por uma certa forma Pode-se somar ou subtrair somente
geométrica que não pode ser expressa quantidades de mesma dimensão e
por números. O círculo é uma figura unidade, sendo a unidade do resultado
geométrica. Porem, a sua área é uma igual à unidade das parcelas. Pode-se
quantidade física que pode ser expressa multiplicar ou dividir quantidades de
por um valor numérico (p. ex., π, 5) e uma quaisquer dimensões e a dimensão do
unidade (p. ex., metro quadrado). resultado é o produto ou divisão das
Muitas noções que antes eram parcelas envolvidas.
consideradas somente sob o aspecto É possível se ter quantidades
qualitativo foram recentemente transferidas adimensionais ou sem dimensão.
para a classe de quantidade, como Geralmente são definidas como a divisão
eficiência, informação e probabilidade. ou relação de duas quantidades com

54
Quantidades Medidas
mesma dimensão; o resultado é sem Energia e Propriedade
dimensão ou adimensional. Uma As variáveis de quantidade e de taxa de
quantidade adimensional é caracterizada variação se relacionam diretamente com
completamente por seu valor numérico. as massas e os volumes dos materiais
Exemplo de quantidade adimensional é a armazenados ou transferidos no processo.
densidade relativa, definida como a divisão As variáveis extensivas independem das
da densidade de um fluido pela densidade propriedades das substâncias. Elas
da água (líquidos) ou do ar (gases). Em determinam a eficiência e a operação em
instrumentação há vários números si do processo. As variáveis de quantidade
adimensionais úteis como número de incluem volume, energia, vazão, nível,
Reynolds, Mach, Weber, Froude. O valor peso e velocidade de maquinas de
numérico da quantidade, associado à processamento.
unidade também é adimensional. Por As variáveis de energia se relacionam
exemplo, no comprimento 10 metros (10 com a energia contida no fluido ou no
m), 10 é um número adimensional e equipamento do processo. Elas podem
metros é a unidade de comprimento usada, determinar indiretamente as propriedades
cujo símbolo é m. finais do produto e podem estar
relacionadas com a qualidade do produto.
1.3. Classificação das Quantidades Elas deixam de ser importantes assim que
As quantidades possuem características os produtos são feitos. Elas independem
comuns que permitem agrupá-las em da quantidade do produto e por isso são
diferentes classes, sob diferentes intensivas. As variáveis de energia
aspectos. incluem temperatura e pressão.
Quanto aos valores assumidos, as As variáveis das propriedades das
quantidades podem ser variáveis ou substâncias são especificas e
constantes, contínuas ou discretas. características das substâncias. Todas as
Sob o ponto de vista termodinâmico, as grandezas especificas são intensivas. Por
variáveis podem ser intensivas ou definição, o valor especifico é o valor da
extensivas. Em outras palavras, elas variável por unidade de massa. Por
podem ser variáveis de quantidade ou de exemplo, energia especifica, calor
qualidade. especifico e peso especifico. As principais
Com relação ao fluxo de energia variáveis de propriedade são: a densidade,
manipulada, as variáveis podem ser viscosidade, pH, condutividade elétrica ou
pervariáveis ou transvariáveis. térmica, calor especifico, umidade absoluta
Sob o ponto de vista de função, as ou relativa, conteúdo de água, composição
variáveis podem ser independentes ou química, explosividade, inflamabilidade,
dependentes. cor, opacidade e turbidez.
Obviamente, estas classificações se Extensivas e Intensivas
superpõem; por exemplo, a temperatura é
O valor da variável extensiva depende
uma quantidade variável contínua de
da quantidade da substância. Quanto
energia intensiva, transvariável; a corrente
maior a quantidade da substância, maior é
elétrica é uma variável continua de
o valor da variável extensiva. Exemplos de
quantidade, extensiva e pervariável.
variáveis extensivas: peso, massa, volume,
Para se medir corretamente uma
área, energia.
quantidade é fundamental conhecer todas
O valor da variável intensiva independe
as suas características. A colocação e a
da quantidade da substância. Em um
ligação incorretas do medidor podem
sistema com volume finito, os valores
provocar grandes erros de medição e até
intensivos podem variar de ponto a ponto.
danificar perigosamente o medidor.
Sob o ponto de vista termodinâmico, as
Na elaboração de listas de quantidades
variáveis de energia e das propriedades
do processo que impactam a qualidade do
das substâncias são intensivas, porque
produto final é também necessário o
independem da quantidade da substância.
conhecimento total das características da
Exemplos de variáveis intensivas: pressão,
quantidade.

55
Quantidades Medidas
temperatura, viscosidade, densidade e prática sempre há uma variabilidade
tensão superficial. natural em qualquer grandeza, deve-se
estabelecer os limites de tolerância, dentro
Pervariáveis e Transvariáveis
dos quais a grandeza se mantém
Uma pervariável ou variável através constante.
(through) é aquela que percorre o Em instrumentação, raramente se mede
elemento de um lado a outro. Uma continuamente uma constante. Como ela é
perváriável pode ser medida ou constante, basta medi-la uma única vez e
especificada em um ponto no espaço. considerar este valor em cálculos ou
Exemplos: força, momento, corrente compensações. Por exemplo, a diferença
elétrica e carga elétrica. de altura do elemento sensor e do
Uma transvariável ou variável entre dois instrumento receptor influi na pressão
pontos (across) é aquela que existe entre exercida pela coluna líquida do tubo
dois pontos do elemento. Para medir ou capilar. Esta altura é definida pelo projeto,
especificar uma transvariável são mantida na instalação e considerada na
necessários dois pontos no espaço, calibração. Ela não é medida
usualmente um ponto é a referência. continuamente, porem, quando há
Exemplos: deslocamento, velocidade, alteração de montagem, o novo valor da
temperatura e voltagem. altura é considerado na calibração do
Todos os objetos em um sistema instrumento.
dinâmico envolvem uma relação medida ou O objetivo do controle de processo é o
definida entre uma transvariável e uma de manter constante uma variável ou
pervariável. Por exemplo, o capacitor, deixá-la variar dentro de certos limites.
resistor e indutor elétricos podem ser Parâmetro é uma quantidade constante
definidos em termos da relação entre a em cada etapa da experiência, mas que
transvariável voltagem e a pervariável assume valores diferentes em outras
corrente. etapas. Deve-se escolher os parâmetros
Variáveis e Constantes mais significativos entre as várias
características do processo. Por exemplo,
A variável de processo é uma grandeza
quando se faz uma experiência para
que altera seu valor em função de outras
estudar o comportamento da pressão de
variáveis, sob observação ao longo de um
líquidos em um tanque, usando-se líquidos
tempo. Constante ou variável constante é
com densidades diferentes entre si, a
aquela cujos valores permanecem
densidade, constante para cada liquido e
inalterados durante o tempo de observação
diferente entre os líquidos, é chamada de
e dentro de certos limites de precisão.
parâmetro.
Por exemplo, seja um tanque cheio de
água. A pressão que a coluna de água Contínuas e Discretas
exerce em diferentes pontos verticais é Variável contínua é aquela que assume
variável e depende da altura. Porem, ao todos os infinitos valores numéricos entre
mesmo tempo, a densidade da água pode os seus valores mínimo e máximo. Na
ser considerada constante, com um natureza, a maioria absoluta das variáveis
determinado grau de precisão, em é continua; a natureza não dá saltos. Uma
qualquer ponto do tanque. Diz-se, então, variável contínua é medida. Exemplo de
que a pressão da água é uma quantidade uma variável contínua: a temperatura de
variável em função da altura liquida e a um processo que varia continuamente
densidade da água é uma quantidade entre 80 e 125 oC.
constante em função da altura liquida e do Variável discreta é aquela que assume
tempo. somente certos valores separados. Na
Pode-se considerar incoerente chamar prática, as variáveis discretas estão
uma constante de variável. Porem, uma associadas a eventos ou condições. Uma
quantidade constante é um caso especial variável discreta é contada. Por exemplo,
de uma quantidade variável. A constante é uma chave só pode estar ligada ou
a variável que assume somente um valor desligada. O número de peças fabricadas
fixo durante todo o tempo. Como, na é um exemplo de variável discreta.

56
Quantidades Medidas
Mecânicas e Elétricas de potencial entre dois pontos de um fio
As quantidades mecânicas são as condutor percorrido por uma corrente
derivadas do comprimento, massa, tempo constante de 1 A, quando a potência
e temperatura. São exemplos de dissipada entre estes pontos é igual a 1 W.
quantidades mecânicas: O ohm (Ω), unidade de resistência
1. área e volume que dependem elétrica, é a resistência elétrica entre dois
apenas do comprimento. pontos de um condutor quando uma
2. velocidade e aceleração que diferença de potencial constante de 1 V
envolvem comprimento e tempo. aplicada a estes pontos produz no
3. força, energia e potência que condutor uma corrente de 1 A, o condutor
envolvem massa, comprimento e não sendo fonte de qualquer força
tempo eletromotriz.
4. freqüência que depende apenas do O coulomb (C), unidade de quantidade
tempo. de eletricidade, é a quantidade de
A produção contínua de eletricidade se eletricidade transportada em 1 s por uma
tornou realidade com a invenção da pilha corrente de 1 A.
por Volta, em 1800. A análise dos circuitos O farad (F), unidade de capacitância, é
elétricos começou em 1827, quando a capacitância entre as placas do capacitor
George Simon Ohm descobriu a relação onde aparece uma diferença de potencial
entre voltagem, corrente e resistência. de 1 V quando é carregado por uma
Nesta época as unidades destas quantidade de eletricidade de 1 C.
grandezas ainda não eram estabelecidas. O henry (H), unidade de indutância
Os valores de corrente eram medidos com elétrica, é a indutância de um circuito
um arranjo de agulha compasso e bobina. fechado em que uma força eletromotriz de
Os valores da tensão elétrica eram 1 V é produzida quando a corrente elétrica
estabelecidos em termos de potencial de varia uniformemente à taxa de 1 A/s.
uma pilha voltaica específica. Os valores O weber (Wb), unidade de fluxo
de resistência eram estabelecidos em magnético, é o fluxo que, ligando um
termos da resistência de um comprimento circuito de uma volta produz nele uma
particular de fio de ferro com um diâmetro força eletromotriz de 1 V se for reduzido a
específico. zero em uma taxa uniforme de 1 s.
Era evidente a necessidade de um O tesla (T) é a densidade de fluxo de 1
sistema universal de unidades no campo Wb/m2.
elétrico, relacionadas com as unidades As principais variáveis envolvidas na
mecânicas já estabelecidas, como indústria de processo são quatro:
comprimento massa e tempo. Em 1832, temperatura (grandeza de base), pressão
Karl Friedrich Gauss mediu a intensidade (mecânica), vazão volumétrica ou mássica
do campo magnético da terra em termos (mecânica) e nível (mecânica). Em menor
de comprimento, massa e tempo. Em freqüência, são também medidas a
1849, Wilhelm Kohlraush mediu a densidade (mecânica), viscosidade
resistência em termos destas unidades. (mecânica) e composição (química).
Wilhelm Weber, em 1851, introduziu um Porem, na instrumentação, são
sistema completo de unidades elétricas manipulados os sinais pneumático (20 a
baseado em unidades mecânicas. Estes 100 kPa) e eletrônico (4 a 20 mA cc). Por
princípios de Weber formam a base do causa da instrumentação eletrônica, as
sistema atual de medições elétricas. Em quantidades elétricas como voltagem,
1861, a Associação Britânica para o resistência, capacitância e indutância se
Avanço da Ciência introduziu o ohm tornaram muito importantes, pois elas
padrão, baseado no fio de liga platina- estão ligadas naturalmente aos
prata. instrumentos eletrônicos de medição e
As unidades elétricas SI derivadas controle de processo e de teste e
podem ser definidas em função de calibração destes instrumentos.
quantidades mecânicas.
O volt (V), unidade de diferença de
potencial e força eletromotriz, é a diferença

57
Quantidades Medidas
1.4. Faixa das Variáveis assumir o controle manual do processo. O
operador deve levar os valores da variável
Faixa e Largura de Faixa novamente para dentro dos limites de
Os limites mínimo e máximo definem a operação normal, atuando manualmente
faixa (range) de operação do sistema. A nos instrumentos e equipamentos do
faixa de operação da entrada é definido processo. Quando, por motivos de falha
como estendendo de xmin até xmax. Esta em algum equipamento ou instrumento da
faixa define sua largura de faixa de entrada malha de controle automático, a variável
(span), expressa como a diferença entre os continua se afastando dos limites de
limites da faixa operação normal, geralmente são
estabelecidos outros limites de
ri = xmax - xmin desligamento (trip ou shut down). Quando
a variável atinge os valores de
De modo análogo, a faixa de operação desligamento, todo o processo é desligado,
da saída é especificada de ymix para ymax. A para proteger o operador ou os
largura de faixa da saída ou fundo de equipamentos envolvidos.
escala de operação é expressa como: Há variáveis que podem assumir
valores negativos e positivos, em função
ro= ymax - ymin do processo e da unidade usada. Por
exemplo, a pressão manométrica pode ter
Por exemplo, a faixa de temperatura de valores positivos e negativos (vácuo).
um ambiente pode ser de 15 a 30 oC. A Porem, a pressão absoluta só pode
largura de faixa vale 15 oC; (30 - 15 oC = assumir valores positivos. A temperatura
15 oC). A faixa de temperatura de -15 a 30 na escala Celsius pode assumir valores
oC tem largura de faixa de 45 oC; [30 - (- negativos ou positivos; porem, a
15) oC = 45 oC]. temperatura absoluta ou termodinâmica só
A faixa de medição sempre vai de 0 a pode assumir valores positivos, em kelvin.
100%, porem o 0% pode ser igual ou Faixa e Desempenho do Instrumento
diferente de zero. A terminologia das faixas Em Metrologia, é importante se
é a seguinte: conhecer a faixa calibrada do instrumento
0 a 100 oC - faixa normal e o seu ponto de trabalho, pois
10 a 100 oC - faixa com zero suprimido tipicamente, a precisão do instrumento é
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado expressa ou em percentagem do fundo de
O conceito de faixa com zero elevado escala ou em percentagem do valor
ou suprimido é particularmente importante medido.
na calibração de transmissores de nível. O instrumento com erro de zero e de
Limites de Faixa largura de faixa possui precisão expressa
É importante evitar extrapolação além em percentagem do fundo de escala. Por
da faixa da calibração conhecida durante a exemplo, a medição de vazão com placa
medição pois o comportamento do sistema de orifício tem incerteza expressa em
de medição não é registrado nesta região. percentagem da vazão máxima medida ou
A faixa de calibração deve ser do fundo de escala.
cuidadosamente escolhida e deve ser Instrumento com erro devido apenas à
consistente com a faixa de operação do largura de faixa possui precisão expressa
sistema de medição. em percentagem do valor medido. Por
Na prática, uma variável pode ter limites exemplo, transmissor inteligente de
de operação normal e limites de operação pressão diferencial, turbina medidora de
anormal. Os limites de operação normal vazão.
são aqueles assumidos pela variável
quando não há problemas no controle
automático do processo. Quando há falhas
no controle automático e estes limites são
atingidos, geralmente existem alarmes que
chamam a atenção do operador para

58
Quantidades Medidas
1.5. Função Matemática onde a e b são parâmetros constantes
arbitrários.
Conceito Uma função matemática pode ser
A função é uma regra ou lei de acordo representada por:
com a qual os valores da variável 1. fórmula analítica
independente correspondem aos valores 2. tabela de valores
da variável dependente. A função é a lei de 3. gráfico.
correspondência entre os valores das Domínio ou definição da função é a
variáveis. A função é uma relação causal. totalidade dos valores que a variável
Podem existir regras para determinar o independente pode assumir.
valor da variável dependente para cada A função pode ser contínua ou discreta.
valor do argumento sem relação A função é continua quando a variação
matemática conhecida. Por exemplo, a gradual do argumento resulta em variação
temperatura ambiente varia ao longo de gradual da função, sem pulos. A função é
um dia ou de um ano, de modo aleatório e discreta quando ela possui pontos de
imprevisível. descontinuidade. A função pode ser
As variáveis podem ser independentes periódica, quando se repete em intervalos
ou dependentes de outras variáveis. As definidos. A função pode ser constante,
variáveis independentes podem se alterar quando assume um único valor. A função
arbitrariamente e são também chamadas pode assumir valores múltiplos e ser
de argumentos. Variáveis dependentes sempre crescente ou decrescente.
tem valores determinados pelos valores de Função Linear
outras variáveis independentes e são Na prática, a função linear é muito
também chamadas de funções. interessante e comum. A forma geral de
Por exemplo, a área do círculo S uma função linear é:
y = ax + b
S = π r2 onde
y é a função
r é a variável independente ou x é o argumento
argumento a e b são parâmetros constantes.
S é a variável dependente ou função. A representação gráfica de uma função
As funções podem depender de um linear é uma linha reta, onde
único argumento (área do círculo em a é a inclinação da reta
função do raio) ou de dois ou mais b é o ponto onde a reta corta o eixo y
argumentos. Por exemplo, a pressão de -b/a é o ponto onde a reta corta o eixo x
gás com massa constante, p A linearidade é um dos parâmetros da
precisão do instrumento. Ser linear é
p = RT/V conveniente pois,
1. dois pontos (ou um ponto e uma
depende da temperatura (T) e do volume inclinação) são suficientes para
do gás (V) e R é uma constante física. determinar uma reta e como
Notação conseqüência, bastaria calibrar dois
Quando y é função genérica de x, tem- únicos pontos de uma reta de
se: calibração,
2. é fácil se fazer interpolação e
y = f(x) extrapolação de pontos.
Quando se tem uma relação não-linear
onde x pode assumir certos valores é comum e conveniente linearizá-la,
particulares. através da função matemática inversa. Por
Quando a função é conhecida, pode-se exemplo, na medição da vazão com placa
ter: de orifício, onde a pressão diferencial
gerada pela placa é proporcional ao
y = ax + b (linear) quadrado da vazão que se quer medir,
usa-se o extrator de raiz quadrada para

59
Quantidades Medidas
tornar linear a relação entre a pressão pessoas. Quando se diz que o fumo reduz
diferencial e a vazão. a duração da vida de uma pessoa, também
O incremento de uma função linear é há um correlação ou dependência
diretamente proporcional ao incremento do correlativa, porque, embora haja muitas
argumento: exceções, experimentalmente se verifica
∆y = k ∆x que a vida média dos não fumantes é
maior do que a dos fumantes, quando se
Esta propriedade do incremento é a considera a distribuição da probabilidade
base da interpolação linear. Suponha que da duração da vida.
se conheçam os valores de uma função y = Define-se como coeficiente de
f(x) para correlação a medida da interdependência
x = xo e x = (xo + h): entre duas variáveis. O coeficiente varia
continuamente entre +1 e -1, passando
f(xo) = yo pelo valor zero intermediário. Quando o
(fxo + h) = y1 coeficiente é zero, não há correlação entre
as duas variáveis e elas são totalmente
mas os valores para a função y para x independentes. O coeficiente de correlação
entre x0 e (x0 + h) sejam +1 indica uma correlação positiva perfeita,
desconhecidos. A função pode ser quando uma variável é linear e diretamente
substituída por um segmento de reta que proporcional a outra; quando uma aumenta
1. assuma mesmos valores para x0 e a outra também aumenta. O coeficiente de
(x0 + h) correlação -1 indica uma correlação
2. substitua a função por uma linha reta negativa perfeita, onde uma variável é
entre x0 e (x0 + h) inversamente proporcional a outra; quando
uma aumenta a outra diminui linearmente.
y1 − yo Deve-se distinguir claramente entre a
y = yo + ( x − xo )
h relação determinística (função
Tal substituição é possível e válida no matemática), onde não há exceção alguma
caso da função f(x) diferir levemente da e a dependência correlativa (correlação),
função linear no intervalo entre xo e (xo + onde há muitas exceções que contradizem
h). A interpolação é usada, na prática, em a relação, mas que não afetam a validade
tabelas com pequenos intervalos e quando geral da inferência de probabilidade.
os sucessivos valores da função diferem
levemente entre si. A extrapolação linear 2. Quantidades de Base do SI
se processa de modo semelhante.
As unidades SI são divididas em três
Correlação
classes:
Correlação é a relação entre duas 1. unidades de base
variáveis aleatórias que não é função 2. unidades suplementares
determinística. Por exemplo, a relação 3. unidades derivadas
entre o peso e a altura das pessoas é uma As sete grandezas de base possuem os
correlação. O peso não depende seguintes nomes (unidades), dimensão:
unicamente da altura da pessoa. Se o peso 1. comprimento (metro), L
fosse função apenas da altura, todas as 2. massa (kilograma), M
pessoas mais altas seriam mais pesadas 3. tempo (segundo), T
que as mais baixas. Mas, na realidade, 4. temperatura (kelvin), Θ
pessoas de mesma altura tem pesos 5. corrente elétrica (ampere), I
diferentes e pessoas com alturas 6. quantidade de matéria (mol), N
diferentes podem ter pesos iguais. Mesmo 7. intensidade luminosa (candela), J.
com tantas exceções, há uma correlação As grandezas de base eram
entre a altura e o peso das pessoas, e de anteriormente chamadas de grandezas
um modo geral, as pessoas mais altas fundamentais. As sete unidades base
pesam mais que as pessoas mais baixas. foram selecionadas pela CGPM ao longo
Outro exemplo, é a correlação entre o do tempo e para atender as necessidades
ato de fumar e a duração da vida das dos cientistas em suas áreas de trabalho.

60
Quantidades Medidas
As primeiras quantidades definidas eram 2.1. Comprimento
de natureza mecânica. Depois se definiu a
grandeza elétrica (corrente), a Introdução
termodinâmica (temperatura), luminosa O comprimento é uma grandeza de
(intensidade luminosa) e a química base cujo símbolo é L. Na prática, o
(quantidade de matéria). comprimento vem em outros parâmetros,
Há três quantidades totalmente como variação relativa (m/m), área (m2),
independentes: massa, comprimento, volume (m3), ângulo (m/m), velocidade
tempo. Somente a massa tem um padrão (ms-1) e aceleração (ms-2).
material. Hoje, pesquisa-se para se reduzir A medição de comprimento pode ser de
as unidades a duas independentes: massa valor absoluto e relativo. A medição do
e tempo. As unidades de base são bem comprimento absoluto requer um padrão
definidas e independentes definido; para medir comprimento relativo o
dimensionalmente. padrão não é fundamental. É diferente
As duas unidades suplementares foram medir o comprimento de uma estrutura em
adicionadas na 11a CGPM (1960). termos absolutos e medir a variação da
1. ângulo plano (radiano) estrutura provocada por uma tensão
2. ângulo sólido (esterradiano). mecânica.
Como a CGPM deixou de chamá-las de Experimentalmente se percebe que o
base ou derivadas, elas são consideradas espaço pode ser descrito em termos de
suplementares. Foram levantadas três parâmetros de comprimento (x, y, z).
questões acerca da razão destas unidades Três coordenadas são suficientes para
não serem adotadas como de base. Por descrever a posição de um ponto no
analogia, elas poderiam ser consideradas espaço. Restringindo-se o grau de
como de base. liberdade mecânica, define-se a posição.
Para medir a posição ao longo de uma reta
definida, basta um comprimento. Para
Tab. 3.1 - Grandezas e Unidades de Base SI plotar a posição em um plano definido são
necessários dois sensores. Estes
Quantidade Física Unidade Símbolo conceitos são muito importantes em
Comprimento metro m robótica, pois um robô é um controlador de
Massa kilograma kg posição.
Tempo segundo s
Temperatura kelvin K Unidades
Corrente elétrica ampere A A unidade SI de comprimento é o
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de substância mol mol metro, com símbolo m.
A etimologia da palavra metro é metron,
grego, que significa medir e este termo foi
Em 1980, a CIPM decidiu, para manter usado pela primeira vez em 1670, pelo
a coerência interna do SI, considerar as padre matemático Gabriel Mouton (1618-
unidades radiano e esterradiano como 1694), que definiu 1 metro como 1/10 000
unidades derivadas sem dimensão. 000 da distância entre o Equador e o Polo
As unidades derivadas são aquelas Norte da Terra.
formadas pelas relações algébricas entre Em 1790, Laplace definiu o metro pelo
as unidades de base, suplementares e mesmo procedimento, porem usou
outras derivadas. múltiplos de 10, dividindo o ângulo reto em
A classificação das unidades SI em três 100 graus (em vez de 90) e o grau em 100
classes é arbitrária e não é realmente minutos (em vez de 60) e 1000 metros
importante para usar e entender o sistema. eram a distância de 1 minuto deste grau na
As três classes de unidades formam um superfície da Terra. Usando o mesmo
sistema de medição coerente, pois o procedimento, porem, com o ângulo reto
produto ou quociente de qualquer de 90 graus e o grau com 60 minutos,
quantidade com múltiplas unidades é a 1000 metros seriam equivalentes a uma
unidade da quantidade resultante. milha náutica, ou seja, o metro valeria
1,853 184 metros atuais. Posteriormente, o

61
Quantidades Medidas
metro foi definido de modo a ser igual a alem de alguns 20 centímetros. Para se
1/10 000 000 da distância do Polo Norte ao obter o número requerido de comprimentos
Equador, ao longo do meridiano da terra de onda para um metro, várias medições
passando por Dunquerque, França e individuais eram feitas por sucessão e
Barcelona, Espanha, duas cidades ao nível adicionadas. Este procedimento de
do mar e no paralelo 45o. Desse modo, a medição, por sua natureza, aumenta a
circunferência da terra tem probabilidade de erro. Mas, a despeito
aproximadamente 40 000 000 m. O metro destas limitações, a exatidão está dentro
atual é aproximadamente igual ao wand, de 2 partes em 108.
unidade padrão de comprimento criada no A 17a CGPM (1983) redefiniu o metro
Egito em 3500 A.C., para medir a variação como a distância percorrida pela luz,
do nível do Rio Nilo, para fins de coleta de durante a fração de 1/299 792 458 de um
água e irrigação. segundo, no vácuo. Esta nova definição dá
Na 1a CGPM (1889) o metro foi definido uma exatidão 10 vezes melhor que a da
como o padrão físico constituído de uma técnica com Kr-86, cerca de 2 partes em
barra de platina (90%) e irídio (10%), que 10-9.
era considerado o Metro Protótipo Na prática industrial, raramente se exige
Internacional. este grau de exatidão, porem deve-se ter
uma margem adequada para compensar a
perda de incerteza toda vez que os
padrões são transferidos para um aparato
mais conveniente. O valor da velocidade
da luz, c, igual a 299 792 458 ms-1 é o
resultado de padrões numéricos escolhidos
para o tempo e comprimento. Assim, o
valor da velocidade da luz não é uma
constante fundamental. Os padrões de
tempo (com incerteza de 10-14) são mais
Fig. 3.1. Corte da barra do Metro Protótipo reprodutíveis em termos de incerteza que
Internacional os de comprimento (incerteza de 10-8), de
modo que, se a velocidade da luz é
definida como um número fixo, então, em
A 7a CGPM (1927) definiu o metro princípio, o padrão tempo servirá como um
como a distância entre dois traços padrão de comprimento, desde que exista
gravados sobre a barra de platina iridiada, um aparato conveniente para converter
apoiada sobre dois rolos de, no mínimo, 10 tempo para comprimento através da
mm de diâmetro, situados simetricamente velocidade da luz.
num mesmo plano horizontal à distância de A realização do metro recomendada
571 mm um do outro, a 0o C e à pressão pela 17a CGPM (1983) é obtida por um
atmosférica normal . Pela comparação dos seguintes métodos:
física das linhas desta barra com um 1. através do comprimento L do trajeto
protótipo secundário se consegue uma percorrido por uma onda
exatidão dentro de 2 partes em 107 eletromagnética plana, no vácuo,
A 11a CGPM (1960) substituiu o padrão durante um intervalo de tempo t (L =
físico do metro por padrão de receita. O ct) ou
metro foi definido como o comprimento 2. através do comprimento de onda no
igual a vácuo de uma onda eletromagnética
1 650 763,73 vezes o comprimento de de freqüência f (L = c/f).
onda da radiação de transição entre as A realização mais prática do metro é
linhas laranja vermelha, níveis 2p10 e 5d5 pela medição do comprimento da radiação
do espetro do átomo de Kr-86, no vácuo. 630 nm do laser hélio neon estabilizado
Esta definição tem problemas, o principal é por iodo, que dá uma precisão de 3 partes
que este número somente é conseguido em 1011. Os padrões secundários são
por extrapolação, pois não é possível calibrados por interferometria, com
estender uma quantidade exata de ondas precisão de 10-9.

62
Quantidades Medidas
As outras unidades de comprimento Padrões e Calibração
usadas incluem o milímetro, centímetro, O padrão de comprimento era uma
kilômetro e micrômetro. Estes múltiplos e barra de platina irídio preservada em
submúltiplos servem para selecionar Sèvres, França. Atualmente o metro é
prefixos que sejam múltiplos de 1000. redefinido em termos de receita.
O uso do milímetro (mm) é comum em Na prática laboratorial, o interferômetro
desenhos mecânicos. Os valores a laser é usado, com incerteza de 10-8. O
expressos em milímetros devem ser interferômetro óptico é fácil de usar e é
números inteiros, a não ser que a precisão preciso, mas muito caro.
requeira dígitos depois da vírgula. Na prática industrial, a medição de
O centímetro é usado apenas em peças é feita através de paquímetros e
medidas não técnicas e em produtos de micrômetros, que são calibrados com
consumo. Também é usado em unidades blocos padrão (gage block). Os blocos são
derivadas, como pressão (kgf/cm2), de aço dimensionalmente estável e duro e
condutividade (S/cm). formam um conjunto que fornece
dimensões precisas em uma grande faixa
em pequenos degraus. Os blocos são os
padrões de comprimento da indústria. As
Fig. 3.2. Régua metálica para medição de
comprimentos com pequena precisão
oficinas mecânicas devem ter conjuntos de
blocos, que devem ser periodicamente
enviados a um laboratório externo para fins
de calibração e certificação.
Para comprimentos da ordem de
metros, fitas flexíveis são usadas, por
causa do baixo custo e grande facilidade
de manuseio. Elas devem ser calibradas
contra interferômetros a laser, com
incertezas de 10-6. Para aplicações
Fig. 3.3. Paquímetro para medir pequenas industriais, é fácil calibrar os medidores de
dimensões comprimento. O problema mais sério da
calibração é o grande tempo envolvido,
pois o padrão deve ser observado por um
período longo para garantir que ele seja
estável durante a calibração.

Fig. 3.4. Micrômetro para medir pequenas


dimensões com maior precisão que o paquímetro

Em grandes distâncias, usa-se o


kilômetro, onde não se usam mais que três Fig. 3.5.. Apalpadores - padrão de comprimento
dígitos depois da vírgula. Em pequenas
distâncias, como em acabamento
mecânico e física, pode-se usar o
micrômetro (µm) e o nanometro (nm) para
números mais exatos.

63
Quantidades Medidas

Fig. 3.7. O kilograma padrão


Fig. 3.6. Conjunto de blocos padrão
Padrões
2.2. Massa
O padrão primário da unidade de massa
Unidade é o protótipo internacional do kilograma do
BIPM. A massa de padrões secundários de
O kilograma* é a unidade SI de massa 1 kg em liga de platina irídio ou em aço
com símbolo é kg. inoxidável é comparada à massa do
O kilograma tem as seguintes protótipo por meio de balanças cuja
características: precisão pode ser da ordem de 10-8,
1. única unidade de base com prefixo fazendo-se a correção do empuxo do ar.
(kilo = mil), Como visto, o peso é uma força. Os
2. única unidade de base definida por objetos são pesados, pela comparação do
um artefato (padrão físico), peso desconhecido com um peso
3. escolhido em 1889 e praticamente conhecido. O equipamento usado para
sua definição não sofreu nenhuma pesar coisas é a balança. A etimologia de
modificação ou revisão. balança é latina: bi-lancis ou dois pratos. A
O kilograma padrão protótipo é um palavra balança ainda é usada, mesmo
cilindro de platina (90%)-irídio (10%) quando se tem dois pratos para a
mantido no Bureau de Pesos e Medidas pesagem. No lugar do segundo prato, onde
em Sèvres, França. O protótipo possui se colocaria o peso conhecido, são usados
diâmetro e altura iguais a 39 mm. Esta mola, pesos calibrados embutidos ou um
forma é uma aproximação da esfera, que servomotor.
tem a propriedade de apresentar a menor Há quatro classes de balanças, cada
razão entre a superfície e o volume. 63 uma baseada no número de intervalos
duplicações deste cilindro estão usados dentro da capacidade da escala.
distribuídas nos vários laboratórios Por exemplo, se uma balança de
nacionais de normas e servem como laboratório tem uma capacidade de 200,00
padrão de massa para estes países. A gramas e ela lê dois decimais, ela deve ter
precisão é 1 parte em 109, ou seja, 1 µg 20 000 intervalos na escala. A OIML
em 1 kg. No Brasil, o kilograma padrão (Organization International de Metrologie
está preservado no INMETRO, em Xerém, Legal) classifica as balanças em 4 classes
RJ. (Tab. 3.2).
A unidade SI de massa já foi o grama
(na prática, o mais usada é a grama)
definido como a massa de um centímetro
cúbico (cubo com lado igual a 1/100 de
metro) de água em sua temperatura de
máxima densidade (4 oC).

*O correto em português é escrever quilograma, porém no presente


trabalho será usada a palavra kilograma. Por coerência de grafia,
kg não pode ser símbolo de quilograma.

64
Quantidades Medidas
7. calibrar periodicamente a balança e
Tab.3.2 - Classificação de Balanças os pesos associados.
Na indústria são usados pesos padrão
Classe Nome da Classe Intervalos da escala para calibrar e determinar a exatidão das
I Especial 50 000 < na balanças. O peso padrão é um objeto com
(Fina) massa conhecida, feito de material
II Alta exatidão 5 000 <n < 100 resistente à corrosão (bronze, ouro, prata,
(Precisão) 000 platina, aço inoxidável, ligas nobres). Os
III Média exatidão 500 < n < 10 000 laboratórios nacionais estabelecem classes
(Comercial) de pesos, com limites de tolerância
IV Exatidão ordinária 100 < n < 1 000 aceitáveis e especificações para materiais
(Grosseira) e construção. Por exemplo, em uma
oficina, os pesos de Classe S são usados
a
n - número de intervalos da escala para calibração de rotina e para aferição
Balança de balanças analíticas.
A balança é um instrumento para a
comparação de massas e pesos. A
balança analítica é um instrumento de
pesagem com uma capacidade máxima
que varia de uma grama a alguns
kilogramas com uma precisão mínima de
10-5, na capacidade máxima. A balança
mecânica se baseia no princípio da
alavanca de primeira classe (o ponto de
apoio está entre as duas forças). As
balanças mecânicas analíticas podem ser
do tipo de braços iguais e do tipo de
substituição. Atualmente, são disponíveis
balanças eletrônicas, com detetor de nulo,
malha de realimentação para controlar a
força de balanço e indicação digital com
precisão típica de 10-6. O sensor da Fig. 3.8. Balança eletrônica analítica. (Toledo)
balança é o strain-gage.
No uso de balanças de precisão são
requeridos alguns cuidados para minimizar Massa e Peso (Força)
as incertezas, como:
1. qualquer balança deve ser colocada Massa é uma medida invariante da
em um suporte sólido, de mármore quantidade de matéria de um objeto. Peso
ou concreto e distante de fontes de é a força de atração entre um objeto e a
calor, vibração e corrente de vento, Terra e varia com a posição geográfica. O
2. nivelar a balança, peso P de um corpo com massa m, em um
3. não colocar objetos além da local com aceleração da gravidade g, vale:
capacidade nominal da balança, P = mg
3. a balança deve ser limpa após o uso, Há confusão entre força e massa,
4. não usar ou colocar material principalmente por que já foi usada a
corrosivo próximo da balança, unidade base de kilograma força para
5. o braço de suporte da balança deve força. Atualmente, no SI há uma unidade
estar sempre engajado. Quando não base para massa (kilograma) e outra
em uso, todos os pesos devem ser unidade derivada para força (newton). O
voltados para a posição zero e os peso é uma força, resultante da gravidade
pratos colocados na posição suporte, da Terra e como tal, sua unidade é
6. estudar o manual da balança também o newton. Porém, o peso também
fornecido pelo fabricante, é expresso como kilograma força. Por
preguiça, expressa-se o peso em unidade

65
Quantidades Medidas
de kilograma, criando a confusão: peso é
massa ou força? O peso é uma força.
A unidade SI de força é o newton, onde:

1 N = 1 kg . 1 m/s2

Outra unidade usada de força, não-SI, é


o kilograma força, onde:

1 kgf = 1 kg x aceleração da gravidade

Ao nível do mar, tem-se 1 kgf = 9,806


65 N
O peso descreve como a massa de um
objeto é atraída pela Terra. O peso não é Fig. 3.9. Conceito de massa e peso
constante e varia principalmente com a
altitude do local. A massa é constante e
independe do local. Por exemplo, na Terra,
um homem pesa 100 kgf, mas na Lua, ele
pesa somente 17,5 kgf. Sua massa na
Terra e na Lua é a mesma e igual a 100
kg.
A balanças mede peso, porém, tem
escala para indicar a massa. Por exemplo,
quando uma balança indica 70 kg, ela
sente o peso correspondente à massa de
70 kg e indica 70 kg.
Deve-se evitar o uso da unidade
kilograma força, pelo menos por quatro
motivos justos:
1. não é uma unidade SI
2. perpetua a confusão entre força,
peso e massa.
3. a unidade possui um prefixo
4. a unidade depende da altitude do
local.
Em resumo, tem-se:
1. A unidade SI para massa é o
kilograma, kg
2. A unidade SI para força é o newton
(N). Não use kilograma força.
3. A gravidade não é essencial no SI.
4. Deve-se usar e medir a massa,
evitando o uso do peso. Em vez de
dizer: ele pesa, dizer sua massa é
igual a.

66
Quantidades Medidas
2.3. Tempo Definições
O tempo é uma grandeza atípica, pois é
Introdução a única cuja unidade não pode ser
O tempo é a variável mais presente na colocada lado a lado para aumentar ou
vida das pessoas embora seja também a diminuir uma escala.
menos entendida. Percebe-se que o tempo Qual é a duração de um segundo e
envolvido tem o valor alterado com a como é possível armazenar esta medição?
passagem de eventos mas não se tem o As tentativas da medição do tempo através
conceito de tempo absoluto. O que pode e do movimento do pêndulo se mostraram
realmente é medido é a noção de intervalo inexatas por causa da dificuldade de medir
de tempo, duração de seqüências e de exatamente as posições do pêndulo móvel.
eventos. Assim, o tempo é definido como o O segundo foi inicialmente definido
intervalo entre dois eventos e as medições como a fração de 1/86 400 do dia solar
deste intervalo são feitas pela comparação médio (período médio da revolução da
com algum evento reprodutível. Por Terra sobre seu eixo) Como o dia solar não
exemplo, o tempo requerido para a Terra é constante mas varia com a velocidade de
orbitar em torno do sol (um ano) e o tempo rotação da Terra, cerca de 3 segundos por
requerido para a Terra rodar em torno de ano, foi selecionado um novo padrão mais
seu próprio eixo (um dia). O tempo de exato e reprodutível.
efeméride é baseado nas medições A 11a CGPM (1960) redefiniu o
astronômicas do tempo requerido pela segundo baseando-se no ano trópico. Por
Terra para orbitar o Sol. O tempo sideral é esta definição sugerida pela União
o tempo de rotação da Terra relacionada Astronômica Internacional e para uso
com as estrelas distantes e é usado em científico, o segundo vale
astronomia. O tempo solar é o tempo da 1/31 556 925,974 7 do ano tropical no
rotação da Terra com relação ao Sol e é tempo de 12 h das efemérides de 0 janeiro
usado na vida diária. 1900. O tempo de efeméride é uma
Há 4000 anos (intervalo de tempo), os medida uniforme do tempo definido pelo
egípcios mediam o tempo através da movimento orbital dos planetas. Uma falha
sombra de uma vara. Os romanos e grave desta definição é que não se pode
gregos melhoraram o princípio da sombra medir um intervalo de tempo pela
com o relógio solar. Algumas sociedades comparação direta com o intervalo de
ainda marcam o tempo com ampulhetas tempo definindo o segundo. A medição
cheias de areia ou líquidos, gotejamento astronômica do tempo resulta em erro
de água e queima de velas. No século XV, provável estimado de 10-9 que é muito
na Europa, foi inventado o mecanismo do grande em comparação com a definição do
relógio. No século XVI apareceu o relógio segundo.
de bolso. Estes relógios eram puramente
mecânicos e se baseavam em molas,
engrenagens e alavancas. Depois foi
criado o relógio eletrônico, alimentado com
bateria e com um pequeno diapasão que
mantinha uma freqüência natural de 360
Hz ou aproximadamente a freqüência da
nota musical Dó. Atualmente são usados
relógios eletrônicos com circuitos
integrados e com cristais piezoelétricos
(quartzo) para geração de freqüências
constantes. Fig. 3. 10 Definição do segundo

67
Quantidades Medidas
O átomo exibe transições de nível de Realização
energia hiperfina muito regulares e é Diversos laboratórios credenciados
possível contar estes ciclos de energia. A possuem aparelhos para produzir
13a CGPM (1967) redefiniu o segundo oscilações elétricas com a freqüência de
como a duração de 9 192 631 770 vibração do átomo de Ce-133. Os padrões
períodos da radiação correspondente à de tempo de césio são disponíveis
transição entre os dois níveis hiperfinos do comercialmente, com incertezas da ordem
estado básico do átomo de Ce133. O de 10-13 e 10-14.
segundo é realizado por um relógio de Os sinais horários difundidos por ondas
césio, com precisão de 2 partes em 1011. de rádio são dados na escala do Tempo
Pode-se obter precisão de 1 parte em Universal Coordenado (UTC), cujo
1012. O relógio atômico não atrasa ou emprego foi recomendado pela 15a CGPM
adianta um segundo em 6 000 anos. (1975). O UTC difere do Tempo Atômico
Unidades Internacional (TAI) de um número inteiro
de segundos. A diferença UTC-TAI foi
A unidade base SI do tempo é o
fixada em -10 s no dia 1o janeiro de 1972 e
segundo, com o símbolo s.
tornou-se igual a -22 s em 1o de janeiro de
Além do segundo, outras unidades
1985. Periodicamente há correções no
continuam sendo usadas, principalmente
UTC, preferivelmente em fim de dezembro
os ciclos do calendário, como ano, dia e os
ou de junho (solstícios) ou fim de março
múltiplos do segundo, como minuto e hora.
ou de setembro (equinócios), de modo que
Exemplos destes usos são: velocidade em
o UTC permaneça próximo do tempo
kilômetro por hora (km/h) e velocidade
definido pela rotação da Terra com
rotacional de máquina em rotações por
aproximação menor que 0,9 s. Os tempos
minuto (r/min) ou RPM. Os ciclos do
legais dos países estão defasados de um
calendário, como dia, semana, mês e ano,
número inteiro de horas (fusos horários) de
devem ser evitadas pois há muitas
acordo com o UTC e a cidade de
interpretações diferentes. Quando usados,
Greenwich (Inglaterra) é a hora de
os ciclos do calendário devem ser
referência.
definidos; por exemplo, um mês pode ser
A exatidão da medição do tempo pode
1/12 do ano ou 30 dias.
requerer correções da relatividade,
Excepcionalmente, as unidades de
principalmente quando os relógios de
tempo não estão relacionadas em
comparação estão distantes.
potências de 10; tem-se:
O TAI é definido como a escala de
60 segundos equivalem a 1 minuto
tempo coordenada estabelecida por um
60 minutos equivalem a 1 hora
sinal de referência geocêntrica como a
24 horas equivalem a 1 dia
unidade da escala de segundo do SI, tal
A ISO propôs uma nova seqüência de
que ela seja realizada pelo geoide em
dígitos para indicar datas. A nova
rotação. Para os relógios fixos em relação
seqüência sugerida é do tipo YMD (ano,
à Terra e ao nível do mar, o segundo do
mês e dia). Por exemplo 27 de maio de
TAI é igual ao segundo realizado
1943 deve ser escrito como 1943-05-27.
localmente. A 2000 m de altitude ele se
Este formato mostra a seqüência lógica em
mostra mais longo (+2,2 x 10-13 s).
que os dados devem ser cronologicamente
armazenados. Padrões
O tempo do dia também pode ser Na indústria, são usados contadores
expresso em quatro dígitos, baseados nas eletrônicos, que são instrumentos
24 horas do dia. Por exemplo, 12:34 (doze multitarefa baseados em circuitos digitais
horas e trinta e quatro minutos). A hora do para medir tempo e outras quantidades
dia pode ser expressa em base de 24 correlatas, como freqüência, totalização,
horas por dia ou em 12 horas antes do período, relação de períodos, intervalo de
meio dia e 12 horas depois do meio dia. É tempo e média. O componentes usados
o sistema americano AM (anti meridien) e nestes instrumentos incluem um relógio
PM (pos meridien). interno, portas lógicas, comparadores,
escalonadores e contadores.

68
Quantidades Medidas
O relógio interno, que fornece a base de 2.4. Temperatura
tempo para o contador eletrônico digital, é
o sensor de tempo. O relógio é um Conceito
oscilador a cristal que gera um trem de A temperatura é uma quantidade
pulsos. O circuito oscilador incorpora um fundamental, conceitualmente diferente na
cristal piezoelétrico (quartzo) para dar natureza do comprimento, tempo e massa.
estabilidade ao circuito. O oscilador é Quando dois corpos de mesmo
acionado na freqüência natural do cristal e comprimento são combinados, tem-se o
a realimentação do cristal mantém a comprimento total igual ao dobro do
freqüência do oscilador igual à freqüência original. O mesmo vale para dois intervalos
natural durante longos períodos de tempo. de tempo ou para duas massas. Assim, os
A estabilidade a longo prazo da freqüência padrões de massa, comprimento e tempo
varia em função da qualidade do oscilador, podem ser indefinidamente divididos e
de uma parte em 105 a uma parte em 108. multiplicados para gerar tamanhos
A estabilidade a curto prazo, medida em arbitrários. O comprimento, massa e tempo
horas, é de uma parte em 109 . Pequenas são grandezas extensivas. A temperatura é
variações de freqüência ocorrem devidas uma grandeza intensiva. A combinação de
ao envelhecimento do cristal e são da dois corpos à mesma temperatura resulta
ordem de 1 a 10 ppm (parte por milhão) exatamente na mesma temperatura.
por ano. A maioria das grandezas mecânicas,
Um contador eletrônico comercial típico, como massa, comprimento, volume e
de uso geral, de preço moderado tem uma peso, pode ser medida diretamente. A
resposta de freqüência de 10 MHz e possui temperatura é uma propriedade da energia
display de 8 dígitos. e a energia não pode ser medida
Na indústria, se usa também o UTC diretamente. A temperatura pode ser
através dos serviços telefônicos de Hora medida através dos efeitos da energia
Certa (ramal 130) das concessionárias. calorífica em um corpo. Infelizmente estes
efeitos são diferentes nos diferentes
materiais. Por exemplo, a expansão termal
dos materiais depende do tipo do material.
Porém, é possível obter a mesma
temperatura de dois materiais diferentes,
se eles forem calibrados. Esta calibração
consiste em se tomar dois materiais
diferentes e aquecê-los a uma determinada
temperatura, que possa ser repetida.
Coloca-se uma marca em algum material
de referência que não tenha se expandido
ou contraído. Depois, aqueça os materiais
em outra temperatura determinada e
repetível e coloque uma nova marca, como
antes. Agora, se iguais divisões são feitas
entre estes dois pontos, a leitura da
temperatura determinada ao longo da
Fig. 3.11. Ampulheta para medir tempo região calibrada deve ser igual, mesmo se
as divisões reais nos comprimentos dos
materiais sejam diferentes.
Um aspecto interessante da medição de
temperatura é que a calibração é
consistente através de diferentes tipos de
fenômenos físicos. Assim, uma vez se
tenha calibrado dois ou mais pontos
determinados para temperaturas
específicas, os vários fenômenos físicos de
expansão, resistência elétrica, força

69
Quantidades Medidas
eletromotriz e outras propriedades físicas gerada por uma junção com dois materiais
termais, irá dar a mesma leitura da distintos, a temperatura de fusão do sólido
temperatura. e de vaporização do liquido.
Escalas
Para definir numericamente uma escala
de temperatura, deve-se escolher uma
temperatura de referência e estabelecer
uma regra para definir a diferença entre a
referência e outras temperaturas. As
medições de massa, comprimento e tempo
não requerem concordância universal de
um ponto de referência em que cada
quantidade é assumida ter um valor
numérico particular. Cada milímetro em um
metro, por exemplo, é o mesmo que
qualquer outro milímetro. Escalas de
Fig. 3.12. Conceito de frio e quente temperatura baseadas em pontos notáveis
relacionado com a temperatura de propriedades de substâncias dependem
da substância escolhida. Ou seja, a
dilatação termal do cobre é diferente da
A lei zero da termodinâmica estabelece dilatação da prata. A dependência da
que dois corpos tendo a mesma resistência elétrica com a temperatura do
temperatura devem estar em equilíbrio cobre é diferente da prata.
termal. Quando há comunicação termal Assim, é desejável que a escala de
entre eles, não há troca de coordenadas temperatura seja independente de
termodinâmicas entre eles. A mesma lei qualquer substância. A escala
ainda estabelece que dois corpos em termodinâmica proposta pelo barão Kelvin,
equilíbrio termal com um terceiro corpo, em 1848, fornece uma base teórica para a
estão em equilíbrio termal entre si. Por escala de temperatura independente de
definição, os três corpos estão à mesma qualquer propriedade de material e se
temperatura. Assim, pode-se construir um baseia no ciclo de Carnot.
meio reprodutível de estabelecer uma faixa Escala Prática Internacional de
de temperaturas, onde temperaturas Temperatura
desconhecidas de outros corpos podem
O estabelecimento ou fixação de pontos
ser comparadas com o padrão, colocando-
para as escalas de temperatura é feito
se qualquer tipo de termômetro
para que qualquer pessoa, em qualquer
sucessivamente no padrão e nas
lugar ou tempo possa replicar uma
temperaturas desconhecidas e permitindo
temperatura específica para criar ou
a ocorrência do equilíbrio em cada caso.
verificar um termômetro. Os pontos
Isto é, o termômetro é calibrado contra um
específicos de temperatura se tornam
padrão e depois pode ser usado para ler
efetivamente nos protótipos internacionais
temperaturas desconhecidas. Não se quer
de calor. A Conferência Geral de Pesos e
dizer que todas estas técnicas de medição
Medidas aceitou esta EPIT, em 1948,
de temperatura sejam lineares mas que
emendou-a em 1960, e estabeleceu uma
conhecidas as variações, elas podem ser
nova em 1968 (com 13 pontos) e em 1990
consideradas e calibradas.
(com 17 pontos).
Escolhendo-se os meios de definir a
A Escala Prática Internacional de
escala padrão de temperatura, pode-se
Temperatura (EPIT) foi estabelecida para
empregar qualquer uma das muitas
ficar de conformidade, de modo
propriedades físicas dos materiais que
aproximado e prático, com a escala
variam de modo reprodutível com a
termodinâmica. No ponto tríplice da água,
temperatura. Por exemplo, o comprimento
as duas escalas coincidem exatamente,
de uma barra metálica, a resistência
por definição. A EPIT é baseada em
elétrica de um fio fino, a milivoltagem

70
Quantidades Medidas
pontos fixos, que cobrem a faixa de
temperatura de -270,15 a 1084,62 oC.
Muitos destes pontos correspondem ao Tab. 3.3 - Pontos Fixos da Escala
estado de equilíbrio durante a Prática Internacional de Temperatura
transformação de fase de determinado (1990)
material. Os pontos fixos associados com o Ponto Material Estado Temperatura
ponto de solidificação ou fusão dos 1 He Vapor -270,15 a -268,15
material são determinados à pressão de 2 e-H2a Ponto triplob -259,346 7
uma atmosfera padrão (101,325 Pa) 3 e-H2 Vapor ~-256,16
4 e-H2 Vapor ~-252,85
5 Ne Ponto triplo -248,593 9
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
oC (K) oF (oR)
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
9 H20 Ponto triplo 0,01
10 Ga Fusão 27,764 6
100 212
11 In Fusão 156,598 5
escala 12 Sn Fusão 231,928
13 Zn Fusão 419,527
10 18
14 Al Fusão 660,323
15 Ag Fusão 961,78
16 Au Fusão 1064,18
0 32
17 Cu Fusão 1084,62
0 Notas:
a
O o
C = ( F - 32)/1,8
- eH2 hidrogênio em concentração de
F=1,8C+32
equilíbrio das formas ortomolecular e
paramolecular,
sensor b
- Ponto triplo: temperatura em que as
Fig. 3.13 - A unidade SI da temperatura termodinâmica fases sólida, líquida e gasosa estão em
é o kelvin, K, que é definido como a 1/273,16 da equilíbrio.
temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água .

Além destes pontos de referência Entre os pontos fixos selecionados, a


primários, foram estabelecidos outros temperatura é definida pela resposta de
pontos secundários de referência, que são sensores específicos com equações
mais facilmente obtidos e usados, pois experimentais para fornecer a interpolação
requerem menos equipamentos. Porém, da temperatura. Várias definições
alguns pontos secundários da EPIT 1968 diferentes são fornecidas, na EPIT de 1990
se tornaram primários na EPIT 1990. para temperaturas muito baixas, próximas
Há dois motivos para se ter tantos do zero absoluto. Nestas temperaturas,
pontos para fixar uma escala de usa-se um termômetro de gás He para
temperatura: medir a pressão e a temperatura é inferida
1. poucos materiais afetados pelo calor desta pressão. Na faixa de 13,8033 K e
mudam o comprimento linearmente 961,78 oC a temperatura é definida por um
ou uniformemente. Tendo-se vários termômetro de resistência de platina, que é
pontos, a escala pode ser calibrada calibrado em conjuntos específicos de
em faixas estreitas, onde os efeitos pontos fixos com equações de interpolação
não linearidade podem ser cuidadosamente definidas.
desprezados. Acima de 1064,18 oC, a temperatura é
2. nenhum termômetro pode ler todas definida por pirômetro óptico de radiação,
as temperaturas. Muitos pontos fixos onde a lei de Planck relaciona esta
permite um sistema robusto de radiação com a temperatura.
calibração. A EPIT é continuamente revista e uma
nova versão pode estender a faixa para o

71
Quantidades Medidas
extremo inferior de 0,5 K, substituindo o passaria para kelvin) como unidade base
instrumento de interpolação a termopar SI de temperatura e se permitiu o uso do
com uma resistência de platina especial e grau Celsius (oC), escolhido entre as
atribuir valores com proximidade opções de grau centígrado, grau
termodinâmica para os pontos fixos. centesimal e grau Celsius para expressar
Atualmente o mínimo valor definido na intervalos e diferenças de temperatura e
EPIT é 13,81 K. também para indicar temperaturas em uso
prático.
Em 1960, houve pequenas alterações
na escala Celsius, quando foram
estabelecidos dois novos pontos de
referência: zero absoluto e ponto tríplice da
água substituindo os pontos de
congelamento e ebulição da água.
A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no
lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin
fosse usado para expressar intervalo e
diferença de temperaturas.
Atualmente, kelvin é a unidade SI base
da temperatura termodinâmica e o seu
Fig.3.14. Calibrador de temperatura símbolo é K. O correto é falar
simplesmente kelvin e não, grau kelvin. O
kelvin é a fração de 1/273,16 da
temperatura termodinâmica do ponto
A calibração de um dado instrumento tríplice da água.
medidor de temperatura é geralmente feita Na prática, usa-se o grau Celsius e o
submetendo-o a algum ponto fixo kelvin é limitado ao uso científico ou a
estabelecido ou comparando suas leituras cálculos que envolvam a temperatura
com outros padrões secundários mais absoluta. Um grau Celsius é igual a um
precisos, que tenham sido rastreados com kelvin, porem as escalas estão defasadas
padrões primários. A calibração com outro de 273,15. A temperatura Celsius (Tc)
instrumento padrão é feita através do está relacionada com a temperatura kelvin
seguinte procedimento: (Tk) pela equação:
1. colocam-se os sensores dos
dois instrumentos em contato Tc = Tk - 273,15
íntimo, ambos em um banho de
temperatura, A constante numérica na equação
2. varia a temperatura do banho na (273,15) representa o ponto tríplice da
faixa desejada, água 273,16 menos 0,01. O ponto de 0 oC
3. permite que haja equilíbrio em tem um desvio de 0,01 da escala Kelvin,
cada ponto e ou seja, o ponto tríplice da água ocorre a
4. determinam-se as correções 0,01 oC ou a 0,00 K.
necessárias. Os intervalos de temperatura das duas
Termômetros com sensores de escalas são iguais, isto é, 1 oC é
resistência de platina e termopares exatamente igual a 1 K.
geralmente são usados como padrões O símbolo do grau Celsius é oC. A letra
secundários. maiúscula do grau Celsius é, às vezes,
questionada como uma violação da lei de
Unidades
estilo para unidades com nomes de
A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto pessoas. A justificativa para usar letra
tríplice da água como ponto fixo de maiúscula é que a unidade é o grau e
referência, em lugar do ponto de gelo Celsius (C) é o modificador.
usado anteriormente, atribuindo-lhe a A temperatura pode ser realizada
temperatura termodinâmica de 273,16 K. através do uso de células de ponto tríplice
Foi escolhido o grau kelvin (posteriormente da água, com precisão de 1 parte em 104.

72
Quantidades Medidas
Medições práticas tem precisão de 2 da resistência elétrica de metais ou
partes em 103. A escala e os pontos fixos termistores depender da variação da
são definidos em convenções temperatura medida.
internacionais que ocorrem
Calibração do termômetro
periodicamente.
Geral
A calibração de um termômetro envolve
a determinação de sua indicação de
temperatura em um número de
temperaturas conhecidas. Estas
temperaturas podem ser conhecidas
1. pelo estabelecimento de uma
condição altamente reprodutível,
como os pontos de mudança de
estados de substancias puras (ponto
de fusão ou solidificação, ponto de
ebulição ou liquefação, ponto triplo)
2. pelo fornecimento de um ambiente
isolado termicamente, cuja
Fig. 3.15. Pirômetro de radiação
temperatura é medida precisamente
por um termômetro padrão.
Para se ter calibrações exatas, a
Medição da Temperatura condição de referência de temperatura
A medição pode ser medida por deve ser mantida constante, dentro dos
sensores mecânicos e elétricos. Os limites de precisão, durante períodos
principais sensores mecânicos são o longos de tempo comparados com as
bimetal e o sistema de enchimento termal. constantes de tempo dos termômetros.
Os principais sensores elétricos são o A interpolação entra na calibração de
termopar e o detector de temperatura e dois modos:
resistência (RTD). 1. a escala de temperatura (IPTS-90) é
O sensor bimetal funciona baseando-se definida em 11 pontos de referência
na dilatação diferente para metais primários e 27 secundários. Apenas
diferentes. A variação da temperatura 15 destes pontos caem entre 0 e
medida causa variação no comprimento e 1000 oC. Não é prático reproduzir
no formato da barra bimetal, que pode ser mais do que umas poucas destas
usada para posicionar o ponteiro na escala condições definidas na calibração
de indicação de temperatura. prática de um termômetro, de modo
O sistema de enchimento termal é que deve-se usar a interpolação
formado por um bulbo sensível, um sensor para determinar a temperatura de
de pressão, um tubo capilar de interligação outros condições.
e um fluido de enchimento. O fluido pode 2. usando condições de ponto fixo ou
ser gás (tipicamente nitrogênio), fluido não um termômetro de referência
volátil (glicerina ou óleo de silicone) ou um padrão, a calibração pode ser
fluido volátil (éter etílico). A temperatura é praticamente feita somente em um
medida através da variação da pressão do número limitado de temperaturas
gás ou da pressão de dilatação do fluido dentro da faixa de aplicação do
não volátil ou da pressão de vapor do termômetro a ser calibrado. Uma
fluido volátil. interpolação da calibração do
A medição de temperatura por termopar termômetro entre os pontos de
se baseia na militensão gerada pela calibração deve ser feita para
diferença de temperatura entre as duas fornecer uma tabela de calibração
junções de dois metais diferentes. de trabalho.
A medição de temperatura por Termômetro com resistência de platina
resistência elétrica se baseia na variação padrão é empregado para fornecer

73
Quantidades Medidas
temperaturas de referência entre os pontos 6. Ponto de fusão do alumínio = 933,52
fixos de 0 e 650 oC na IPTS-91.O K ou 660,37 0,1oC, que pode ser
termômetro pode ser usado para medir a realizada com exatidão reprodutível
temperatura de banhos de temperatura de 0,1 oC.
com precisão de ±0,01 oC. Outros pontos de fusão são definidos
A precisão de instrumentos de pela IPTS 90 como temperaturas primarias
interpolação e das calibrações de ou secundarias e podem ser usados para
termômetros resultantes diminui na calibração de sensor até o ponto do ouro,
proporção que se afasta dos pontos fixos 1227,58 K ou 1064,43 oC, porém, eles são
definidos ou pontos de calibração e a difíceis de implementar, na prática.
situação piora mais ainda quando se Ambientes de temperatura controlados
extrapola para pontos fora da faixa de ou variáveis comumente usados na
temperatura (abaixo do mínimo e acima do calibração de termômetros são banhos
máximo). A calibração de termômetros agitados de água, óleo, mistura de sais,
deve sempre incluir, no mínimo, um ponto câmara fluidizada de sólidos granulares e
abaixo e um acima dos limites da faixa de blocos metálicos equalizados em fornalhas
temperatura. aquecidas eletricamente. Quando se usa
Aplicando temperaturas de calibração ambientes isotermais, é necessário se ter
muito acima de sua faixa máxima pode um termômetro padrão para determinar a
diminuir a exatidão resultante do temperatura de calibração verdadeira.
termômetro e até mesmo danificar o Tradicionalmente, o sensor padrão
sensor. usado é o de platina padrão, com invólucro
de quartzo ou pyrex ou termopar tipo S (Pt
Pontos fixos de calibração – 10% RH/90% Pt).
As calibrações dos termômetros podem Para fazer a calibração,
ser feitas em vários pontos fixos de 1. define-se a faixa calibração do
temperatura que são realizáveis termômetro
praticamente em um laboratório. Os 2. seleciona-se o número de pontos
principais pontos são: fixos ou um banho de temperatura
1. Ponto de gelo = 273,15 K ou 0 oC, com termômetro padrão
que pode ser realizada com 3. obtém-se um conjunto de pares de
exatidão reprodutível de 0,05 oC . temperatura (indicada pelo
2. Ponto de triplo d'água = 273,16 K ou instrumento e pelo padrão)
0,01 oC, que pode ser realizada com 4. faz-se uma curva ou uma função
exatidão reprodutível de 0,01 oC, matemática que descreva a relação
usando equipamento disponível indicação x temperatura
comercialmente . 5. aplica-se algum método de encaixe
3. Ponto de ebulição d'água = 373,15 de pontos, para avaliar as incertezas
K ou 100,0 oC, que pode ser envolvidas
realizada com exatidão reprodutível produz-se uma tabela de calibração
de 0,1 oC, @ pressão atmosférica de para o termômetro particular.
760 mm Hg. A variação de 1 mm Hg
causa uma variação de temperatura Calibração de Termômetros
de 0,0037 oC. A calibração de qualquer termômetro
4. Ponto de fusão do chumbo = requer um meio cuja temperatura seja
505,1181 K ou 321,9681 oC, que conhecida com precisão. Uma escolha
pode ser realizada com exatidão óbvia seria usar o meio em que a
reprodutível de 0,05 oC , usando temperatura seja conhecida através de leis
banhos comerciais com tempos de da natureza. Por exemplo, o ponto triplo da
repouso de, no mínimo, 10 minutos. água, o ponto de fusão do zinco e outros
5. Ponto de fusão do zinco = 692,73 K pontos de mudança de estado de
ou 419,58 oC, que pode ser substâncias puras. Como estes meios
realizada com exatidão reprodutível requerem um esforço complicado para sua
de 0,05 oC , produção e manutenção, eles são usados
principalmente para a calibração de

74
Quantidades Medidas
termômetros padrão. Para os termômetros O equipamento de medição, como
industriais, usa-se um método mais rápido, pontes, galvanômetros e multímetros
simples e prático, envolvendo um meio digitais são usados para medir a saída do
simples como banho de gelo ou um banho termômetro de referência. O arranjo mais
de óleo cuja temperatura seja medida com preciso seria um termômetro com
um termômetro padrão de precisão. A resistência de platina como referência e
precisão ou o termômetro padrão é um ponto de relação. Neste caso, a
chamado de termômetro de referência. precisão resultante em termos de
A indicação de um termômetro sob temperatura seria equivalente a alguns
calibração é comparada com a do milésimos de oC.
termômetro de referência em vários pontos
Desvio do equipamento de medição.
diferentes de temperatura cobrindo toda a
faixa desejada. Este método é chamado de A não ser que o equipamento de
calibração por comparação, diferente da medição tenha sido calibrado
calibração em pontos fixos que envolve o recentemente, deve-se incluir um valor de
uso dos pontos notáveis de mudança de desvio à precisão total da calibração. A
estado. Um arranjo típico para a calibração faixa equivalente para a temperatura seria
de comparação de temperatura envolve 0,01 a 0,1 oC por ano.
um banho de calibração (banho de gelo ou Estes quatro componentes devem ser
de óleo), um termômetro de referência e considerados para a determinação da
um meio para medir a leitura dos precisão com que se pode medir a
termômetros de referência e sob temperatura do meio ou banho de
calibração. calibração. Deve-se considerar também a
A precisão de uma calibração por precisão em que se pode medir a saída do
comparação é determinada pela precisão termômetro sendo calibrado, que depende
dos equipamentos e pelo procedimento de da precisão inicial e do desvio do
calibração. Usam-se vários componentes equipamento de medição.
na calibração por comparação. Considerações do Procedimento
Precisão do termômetro de referência. Além dos limites de precisão associados
Ela depende da precisão inicial do com o termômetro de referência e o
termômetro de referência e seu desvio. equipamento de medição, deve-se
Valores típicos para a precisão inicial de considerar o procedimento. Os
um termômetro de referência são 0,001 a componentes envolvidos aqui incluem a
0,1 oC, dependendo do tipo do termômetro estabilidade e uniformidade do banho. A
e seu método de calibração. A melhor uniformidade do banho deve ser expressa
precisão seria conseguida com um em termos da máxima diferença de
termômetro com resistência de platina temperatura devida à distribuição espacial
padrão calibrado no NIST, com a precisão da temperatura que pode existir entre a
de alguns milésimos de oC. temperatura do termômetro de referência e
o termômetro sendo calibrado.
Desvio do termômetro de referência. Um bloco equalizador feito de alumínio
O desvio possível do termômetro de ou cobre ajuda a se manter o erro de
referência deve ser considerado para o uniformidade o mínimo possível e pode
estabelecimento da precisão da calibração. melhorar a estabilidade. O erro devido a
Em caso de um termômetro recentemente instabilidade do banho pode também ser
calibrado que é conhecido ser estável de reduzido fazendo-se medições múltiplas
sua historia passada, o desvio pode ser dos dois termômetros e fazendo-se a
desprezado. Caso contrário, o desvio deve media das medições. A contribuição da
ser incluído no calculo da precisão total. estabilidade do banho para a precisão da
Valores típicos de desvio são 0,005 a 0,05 calibração pode ser expressa em termos
oC por ano, dependendo da qualidade e da do desvio padrão das medições. O impacto
manipulação do termômetro de referência. negativo da uniformidade e estabilidade do
banho na precisão final da calibração pode
Precisão do equipamento de medição.

75
Quantidades Medidas
ser ainda minimizada fazendo-se o ser melhor do que 0,1 oC, mesmo para um
seguinte: sensor novo que tenha sido calibrado
1. fazer a medição uma ou duas horas recentemente. Uma vez que o termômetro
depois que a temperatura do banho tenha é instalado no processo, a precisão pode
sido estabilizada em um dado ponto de começar a se deteriorar quando o sensor
calibração. Isto reduz o erro de envelhece. A taxa desta deterioração
uniformidade do banho. depende da qualidade do termômetro, sua
2. fazer medições simultâneas da saída instalação, condições de processo e outros
do termômetro de referência e do fatores.
termômetro sendo calibrado. Isto minimiza As limitações de como um termômetro
o erro de estabilidade. industrial pode ser bem calibrado e manter
As medições anteriores podem ser sua calibração indicam que a faixa de ±0,1
realizadas em um arranjo controlado por a ±1,0 oC é a melhor precisão que se pode
computador. Para máxima precisão e conseguir com um termômetro industrial
eficiência, o computador pode ser usado em faixa moderada de temperatura
programado para em uma instalação típica industrial.
1. monitorar e controlar o banho, obviamente, o termômetro pode indicar a
2. monitorar a estabilidade do banho, temperatura verdadeira do processo mas o
3. fazer medidores e usuário não pode estar certo de que se
4. processar os dados de calibração. está medindo a temperatura melhor do que
O sistema pode incluir uma unidade de ±0,1 a ±1,0 oC. O afastamento da
chaveamento para permitir a varredura de temperatura medida do valor verdadeiro
vários termômetros calibrados depende de vários fatores:
simultaneamente. 1. tipo do termômetro sendo usado,
O computador pode estabelecer a 2. faixa de temperatura sendo medida,
temperatura do banho para um ponto de 3. condições do processo e do ambiente
calibração desejado, monitorar a onde o termômetro está exposto.
temperatura até que ela fique estável de Geralmente, RTDs oferecem melhor
acordo critérios predeterminados de precisão do que os termopares. Também,
estabilidade, fazer as medições, coletar os em faixas moderadas de temperatura, uma
dados e processar os dados para fornecer melhor precisão é conseguida no inicio da
a carta de calibração do termômetro. Com faixa do que na extremidade superior da
tal arranjo, os erros de estabilidade e faixa. Por exemplo, é muito mais simples
uniformidade pode ser minimizados. medir com precisão a temperatura
Agora, deve-se estimar a melhor ambiente da sala do que a temperatura de
precisão que pode ser obtida em um ponto 300 oC no processo industrial.
de calibração. Tipicamente, tem-se
incertezas entre 0,04 a 0,55 oC em um Termômetros de vidro
ponto de calibração. Isto estabelece a faixa Mesmo um termômetro de haste de
para a precisão que pode ser obtida em vidro deve ser calibrado periodicamente,
um dado ponto de calibração dentro de onde se inspecionam visualmente e
uma faixa moderada de temperatura. Os verificam as dimensões, permanência do
termômetros devem ser calibrados em pigmento, estabilidade do bulbo e precisão
mais de um ponto. Os pontos adicionais de da escala. Depois da calibração, podem
calibração elevam os erros acima dos ser feitas correções, aplicados fatores de
limites de 0,04 e 0,55 oC. correção ou o termômetro pode ser
Os fatores adicionais que introduzem descartado.
erros na calibração incluem o auto- Para maiores detalhes, deve se
aquecimento em RTDs, erros de imersão consultar a norma ASTM E 77 – 92:
durante a calibração em RTDs e Standard Test Method for Inspeciton and
termômetros, erros de resistência de Verification of Thermometers. Várias
isolação, erros associados com redução de normas ASTM cobrem os termômetros
dados de calibração. Estas considerações clínicos.
indicam que a melhor precisão conseguida
para um termômetro industrial não pode

76
Quantidades Medidas
Termômetros a bimetal a temperatura destes terminais com um
O termômetro a bimetal possui todos os termômetro padrão, ajustar a saída do
componentes de medição – sensor, potenciômetro para dar a indicação teórica
condicionador e indicador – em um único no receptor e anotar o ajuste do
invólucro. O sensor a bimetal integral ao potenciômetro. Finalmente, se procurava a
instrumento não pode ser calibrado temperatura correspondente em tabelas
isoladamente mas somente pode ser padrão. Este processo consumia muito
inspecionado visualmente, para verificar tempo e era susceptível a erros potenciais.
corrosão ou danos físicos evidentes. A medição de temperatura nos terminais
O que se faz é calibrar o sistema de é necessária porque um termopar contem
indicação, colocando-se o termômetro em inerentemente duas junções de metais
um banho de temperatura e comparando diferentes e não apenas uma. A saída de
as indicações do termômetro com as voltagem deste sistema de termopar é
indicações de um termômetro padrão afetada pelas temperaturas de ambas as
colocado junto. O termômetro a bimetal junções. A medição da temperatura da
pode ser calibrado e, se necessário, junção de medição, deste modo, requer o
ajustado nos pontos de zero e de largura conhecimento da temperatura da junção de
de faixa. referência. Em muitos instrumentos, a
junção de referência ocorre nos terminais
Termopares de ligação neste instrumento receptor.
Os termopares transformam calor em
eletricidade. As duas extremidades de dois
fios de metais diferentes, como ferro e
constantant, são trançadas juntas para
formar duas junções: uma de medição e
outra de referência. Um voltímetro ligado
em serie irá mostrar uma voltagem
termelétrica gerada pelo calor. Esta
voltagem é função da
1. diferença de temperatura entre a
junção de medição e a junção de
referência.
2. tipo do termopar usado
3. homogeneidade dos metais
O mesmo resultado é obtido se as
extremidades de referência de dois fios
são ligadas diretamente aos terminais do
voltímetro; estes terminais formam agora a
junção de referência.
Como a homogeneidade dos fios
componentes do termopar pode se
modificar, o termopar e os fios de extensão
de termopar devem ser periodicamente
calibrados. A calibração consiste em
verificar se as suas características se
afastaram dentro da tolerância (termopar
bom) ou além da tolerância (termopar deve
ser descartado).
As técnicas de calibração do termopar
tem sido melhoradas constantemente em
velocidade e confiabilidade, por causa do
uso do microprocessador. A técnica antiga
consistia em ligar o instrumento receptor
do termopar aos terminais de um
potenciômetro portátil de militensão, medir

77
Quantidades Medidas
Tab. 3. 5. Incertezas de calibração em termopares calibrados pelo método de
comparação A

Tipo Faixa, oC Pontos de calibração Incerteza


Pontos Valores interpolados
observados
E 0 a 870C cada 100 0,5 1
0 a 870C 300, 600 e 870 0,5 2
0 a 350D cada 100 0,1 0,5
-160 a 0D cada 50 0,1 0,5
J 0 a 760C 100, 300, 500 e 750 0,5 1
0 a 350D cada 100 0,1 0,5
K 0 a 1250C cada 100 0,5 1
0 a 1250C 300, 600, 900 e 1200 0,5 2
0 a 350D cada 100 0,1 0,5
-160 a 0D cada 50 0,1 0,5
ReS 0 a 1450C cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 2 a 1450
0 a 1450C 600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 3 a 1450
B 0 a 1700C cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 3 a 1700
0 a 1700C 600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 5 a 1700
T 0 a 370D cada 100 0,1 0,2
0 a 100D 50 e 100 0,05 0,1
-160 a 0D cada 60 0,1 0,2

A
Valores foram extraídos da Circular 590 do National Bureau of Standards (hoje NIST)
C
Em fornos tubulares, por comparação com um termopar tipo S calibrado
D
Em banhos líquidos agitados, por comparação com um RTD de platina calibrado

78
Quantidades Medidas

O microprocessador simplificou muito a Vantagens da Calibração Inteligente


calibração do termopar. Sua memória pode Os calibradores a microprocessador
conter as curvas de temperatura (voltagem melhoram muito a precisão. Sem esta
x temperatura) para os diferentes ajuda, o técnico começa com algum erro
termopares. Estas curvas são geradas pelo fato de usar um termômetro separado
usando-se equações publicadas pelo na junção de referência que não está
National Institute of Standards and colocado na junção de referência. A
Technology. Um instrumento a conversão manual de tabelas pode levar a
microprocessador também faz a medição erros humanos de operação. Usando a
da temperatura da junção de referência, técnica de microprocessador, consegue-se
incorporando-a em um resultado precisão de até 0,02%.
compensado corretamente. Quando a Os calibradores digitais podem ter
calibração do instrumento baseado em outras funções, oferecendo uma faixa de
microprocessador recebe uma voltagem, características para medir todos os tipos
ele imediatamente translada para a de termopares e fontes de militensões e
unidade de temperatura (oC), de acordo para calibrar registradores, indicadores,
com tabelas contidas na sua memória e controladores e outros tipos de circuitos
indica digitalmente estes valores. potenciométricos e pirométricos. Os
Para calibrar instrumentos com calibradores são portáteis e leves, com
termopar, a técnica básica é fornecer um baterias recarregáveis e autocontidas.
sinal conhecido para o instrumento Os instrumentos a microprocessador
receptor para garantir que ele está dando podem medir e simular os sete tipos de
uma indicação precisa e exata. O termopares definidos pela ISA e outros
calibrador fornece este sinal de uma fonte padrões internacionais e adaptados para a
estável e monitora, ao mesmo tempo, o maioria das aplicações. Cada termopar
sinal com o sistema de medição do próprio tem suas próprias ligas metálicas, faixas
calibrador. A curva temperatura vs de temperatura e códigos de cores. Estes
voltagem armazenada no sistema do termopares são do tipo: B, E, J, K, R, S e
microprocessador do calibrador é o ponto T. Um oitavo tipo, N, foi definido e está
de referência para gerar uma saída sendo padronizado. As curvas destes
correta. Assim, o calibrador simula o termopares, disponíveis na literatura
termopar, gerando uma tensão técnica, mostram tensão (mV) versus
correspondente à temperatura e indicando temperatura (oC) e podem ser
temperatura (e não tensão). armazenadas na memória do calibrador.
Além de calibrar e ajustar o instrumento A calibração com instrumento a
receptor (registrador, indicador, microprocessador permite a calibração
controlador), deve-se calibrar o sensor em mais rápida, mais direta e mais precisa.
si. O sensor pode ser substituído por um
sensor novo calibrado ou pode ser Há ainda tabelas gerais, tais como:
removido e calibrado em um laboratório de 1. Tolerâncias nos valores iniciais de
temperatura. Ele também pode ser fem versus temperatura para
calibrado no local se um sensor padrão de termopares
referência puder ser instalado 2. Limites superiores sugeridos para
temporariamente próximo do termopar de termopares protegidos
trabalho. Este caso nem sempre é 3. Coeficientes polinomiais para
possível, mas quando possível, ele deve termopares gerando fem como
ser preferido. Sua vantagem é que o função de temperatura
sensor instalado é aferido em sua condição 4. Coeficientes de polinômios inversos
real de operação. Um calibrador tendo dois para computação da temperatura
canais de entrada torna este método aproximada como função de fem de
prático. termopares

79
Quantidades Medidas

2.5. Corrente Elétrica Padrões


Como a precisão da realização do
Conceito ampere pela balança de corrente é muito
A 9a CGPM (1948) adotou a definição pobre quando comparada com a precisão
de ampere, baseando-se em unidades de intercomparação de células padrão e
mecânicas existentes, como a corrente resistores, e também por causa da
constante que, se mantida em dois dificuldade de armazenar o valor realizado
condutores retos paralelos de comprimento do ampere, os Laboratórios Nacionais de
infinito, de seção circular desprezível e Padrão usam bancos de células padrão e
colocados em uma distância de 1 m, no resistores como padrões primários
vácuo, produzem entre estes condutores mantidos.
uma força igual a 2 x 10-7 N por metro de
comprimento.
Outra definição mais prática e realizável
estabelece que 1 ampere é a corrente
elétrica que deposita 1,118 mg de prata em
1 s de uma solução saturada de óxido de
prata.
Atualmente, há pesquisas e estudos no
SI para mudar a unidade padrão elétrica
corrente elétrica para tensão elétrica, que é
mais fácil de se manipular.

Fig. 3.17 Instrumento multímetro,


portátil, que mede corrente, tensão,
resistência e freqüência

Fig. 3. 16 - O ampere e sua definição SI

Unidade
O ampere é a unidade SI base de
corrente elétrica e o seu símbolo é A.
Realização da Unidade Base SI
A corrente elétrica pode ser realizada
pela balança de corrente de Ayrton-Jones,
com precisão de 2 partes em 106. A Fig. 3.18. Instrumento multímetro de oficina
resistência elétrica pode ser medida com
precisão de 5 partes em 108 pelo capacitor
calculável de Thompson-Lampard e o volt
pode ser medido com 3 partes em 108
usando os efeitos Josephson, que são
insatisfatórios.

80
Quantidades Medidas

2.6. Quantidade de Matéria propriedades em um componente


fundamental da matéria, como a molécula
Conceito e o átomo. As massas expressas em
O nome desta grandeza é quantidade unidades de kilograma são muito
de matéria, tendo como base o nome pequenas e com exatidões inadequadas.
francês quantité de matière, porém é Como é bem estabelecido que o mesmo
usado também o nome quantidade de número de moléculas e átomos tem a
substancia, por causa da influencia do mesma massa e propriedades, é
inglês amount of substance. Este nome conveniente definir uma quantidade base
recorda o latim quantitas materiae, de quantidade de matéria - o mol.
utilizado para designar a grandeza que Para aumentar a precisão das
hoje se chama massa. Deve-se esquecer quantidades envolvidas, o mol é definido
este significado pois a massa e a indiretamente pela comparação do número
quantidade de matéria são grandezas de entidades relacionadas com as que
diferentes. constituem 0,012 kg de C-12. Uma
Mol é a unidade de quantidade de contagem direta destes itens em um mol
matéria, criada para os químicos, em 1971. substitui a referência das medições de
O mol é definido no SI como a quantidade massas, levando a uma precisão maior em
de matéria de um sistema que contem um termos de mol.
número de unidades elementares igual ao A massa molecular ou atômica tendo o
número de unidades contidas nos átomos kilograma por mol como unidade deve
de C-12 em exatamente 0,012 kilograma. substituir o peso molecular ou o peso
A unidade elementar deve ser especificada atômico. A palavra molar colocada depois
e pode ser átomo, molécula, íon, elétron ou de uma quantidade indica que ela se refere
grupo específico destas entidades. à unidade de quantidade de matéria (mol),
Um mol contem a mesma quantidade de ou seja, por mol de matéria. O termo
átomos que 0,012 kilograma de carbono C- especifico corresponde a uma quantidade
12. Anteriormente, o oxigênio (O2-16) era sendo referida à unidade de massa (kg).
usado como referência, porem, por Por exemplo, a massa molar do metano é
desavenças entre físicos e químicos e por 0,016 043 kg/mol e para o bióxido de
causa da existência de três isótopos do carbono é 0,044 010 kg/mol. Estas duas
oxigênio (16, 17 e 18), em 1960 houve um massas tem exatamente o mesmo número
acordo entre eles para se usar o isótopo 12 de moléculas.
do carbono. Unidades
A lei de Avogrado estabelece que iguais O mol é a unidade de base SI de
volumes de gases ideais, à mesma quantidade de matéria e o seu símbolo é
temperatura e pressão, contem o mesmo mol. Não se deve dizer que n é o número
número de moléculas. O número de moles de moles, mas que n é a quantidade de
pode ser expresso como o número de matéria.
unidades elementares dividido pelo O volume molar de um gás ideal nas
número de Avogadro (6,02 x 1023). A condições normais de temperatura e
unidade elementar pode ser átomo, pressão (0 oC e 1 atmosfera) é igual a 22,4
molécula, íon, elétron, fóton ou um grupo litros. Volumes iguais de gases contem
especifico de tais unidades, porém a números iguais de partículas. Um mol de
entidade usada deve ser especificada. qualquer gás contem 6,02 x 1023
O mol é numericamente igual à massa moléculas.
molecular em gramas, erroneamente
chamada de peso molecular. O mol não é
uma unidade de massa mas deve ser
considerada como tendo uma dimensão
própria. As vezes se pensa que a
existência da massa tornaria
desnecessária a quantidade de matéria.
Há situações na química e física onde é
desejável basear as medições das

81
Quantidades Medidas

2.7. Intensidade Luminosa 2.8. Quantidades Suplementares


As unidades de intensidade luminosa se Há duas grandezas suplementares:
baseavam em padrões de chama ou 1. ângulo plano, unidade radiano (rad)
lâmpadas de filamento incandescente. A 2. ângulo sólido, unidade esterradiano (sr)
9a CGPM (1948) substituiu o nome de vela Embora estas grandezas tenham sido
nova por candela, que correspondia à apresentadas como suplementares elas
luminância do emissor de radiação de são análogas às grandezas de base.
Planck (corpo negro) à temperatura de Ângulo plano e ângulo sólido podem ser
fusão da platina, por sugestão da considerados adimensionais, ou seja, suas
Comissão Internacional de Iluminação. unidades podem ser radiano e
A 13a CGPM (1967) redefiniu a unidade esterradiano ou nenhuma dimensão.
candela, como a intensidade de luz
Ângulo Plano
incidindo na direção perpendicular a uma
superfície de 1/600 000 metro quadrado O radiano é a unidade de ângulo plano.
de um corpo negro radiador perfeito, à Um radiano é o ângulo plano com seu
temperatura de liquefação da platina (2024 vértice no centro de um círculo
K), à pressão padrão (101 325 pascals). compreendido por um arco com
A 16a CGPM (1979) redefiniu comprimento igual ao do raio. O radiano é
novamente a candela, por causa da adimensional. O símbolo do radiano é rad.
dificuldade prática e realizar o irradiador de 1 radiano é igual a 57,2958o.
Planck em alta temperatura e das novas O círculo possui 2 π radianos
facilidades da radiometria. Atualmente, a (aproximadamente 6,2832 rad).
candela é a intensidade luminosa, numa Na prática, usa-se mais o grau que o
dada direção de uma fonte que emite uma radiano para expressar os ângulos planos.
radiação monocromática de freqüência O radiano é mais usado em equações
540 x 1012 Hz e com intensidade científicas e de engenharia.
energética nesta direção de 1/683 W/sr. Ângulo Sólido
Candela é a unidade base SI de
O esterradiano é a unidade de ângulo
intensidade luminosa, com símbolo de cd.
sólido. Um esterradiano é o ângulo sólido
(Candela, em latim significa vela).
com o vértice no centro de uma esfera
A realização da candela é conforme a
compreendido por uma área de superfície
definição, o que é difícil e impreciso. A
esférica igual a de um quadrado tendo
precisão obtida é de 5 partes em 106. Por
lados iguais ao comprimento do raio. O
exemplo, uma lâmpada incandescente de
símbolo do esterradiano é sr.
100 watts tem aproximadamente
intensidade luminosa de 135 candelas (135 A esfera possui 4 π esterradianos
cd). (12,566 sr).

Fig. 3.20 - Definições SI de radiano e esterradiano.


Fig. 3. 19. Conceito de intensidade luminosa

APOSTILA\METROLOG 4QuantBas.DOC 22 SET 98 (Substitui 01 ABR 98)

82
4
Instrumentos de Medição
Objetivos de Ensino
1. Relacionar as necessidades e aplicações das medições das variáveis, em controle,
monitoração e alarme de processos industriais.
2. Apresentar as principais funções da medição e controle: detecção da variável,
condicionamento do sinal, apresentação dos dados e atuação no processo.
3. Mostrar os principais tipos de instrumentos, pelo princípio de funcionamento,
atuação, alimentação, natureza do sinal.
4. Apresentar o conceito de elemento sensor, terminologia e princípios básicos de
funcionamento.
5. Apresentar os principais condicionadores de sinal: transmissor, filtro, amplificador,
linearizador, conversor A/D e D/A.
6. Conceituar e especificar os principais instrumentos de display: indicador, visor,
registrador, contador-totalizador e controlador.
7. Conceituar as características estáticas e dinâmicas dos instrumentos, como
exatidão e precisão.
8. Apresentar os parâmetros da precisão, como linearidade, repetitividade,
reprodutibilidade, sensitividade, zona morta, velocidade de resposta e
confiabilidade.
9. Diferenciar as expressões de precisão, em percentagem de fundo de escala e do
valor medido.
10. Mostrar a filosofia para escolher e especificar a precisão necessária do instrumento.
11. Conceituar rangeabilidade.
12. Conceituar erro e apresentar os diferentes tipos e causas de erros, grosseiros,
aleatórios e sistemáticos.
13. Apresentar os tipos de erros em função do tempo, origem.
14. Mostrar as fontes do erro sistemático: inerente ao instrumento, influência,
modificação e carga do instrumento.
15. Apresentar a filosofia para determinação do erro resultante.

83
Instrumentos de Medição

cumprir as leis. As medições são idênticas


1. Medição em espécie às da metrologia técnica mas
são revestidas de uma estrutura mais
formal.
1.1. Metrologia Científica
Metrologia é a ciência das medições. A Esta classe inclui as medições feitas
palavra metrologia é derivada de duas para validar teorias da natureza do
palavras gregas: metro que significa universo ou para sugerir novas teorias.
medição e logia que significa ciência. O Estas medições, que podem ser chamadas
termo é usado em um sentido mais restrito de metrologia científica apresentam
para significar a porção da ciência da problemas especiais.
medição usada para fornecer, manter e
disseminar um conjunto consistente de 1.2. Resultado da Medição
unidades, para fornecer suporte para o
cumprimento de igualdade no comércio por Nenhum ramo da ciência ou da técnica,
leis de pesos e medidas ou para fornecer da indústria ou do comércio pode se
dados para controlar qualidade em organizar sem a existência de medições
processos. que determinem as dimensões ou
Uma medição é uma série de características do produto.
manipulações de objetos ou sistemas O resultado de qualquer medição de
físicos de acordo com um protocolo uma grandeza física resulta sempre em
definido que resulta em um número. O três fatores:
número é reportado para representar 1. o valor numérico da grandeza
unicamente a magnitude ou intensidade de 2. a unidade da grandeza.
alguma satisfação de que depende as 3. a incerteza da medição, associada a
propriedades do objeto sob teste. Este uma
número é desenvolvido para formar a base 4. probabilidade de que o valor medido
de uma decisão afetando algum objetivo caia nos intervalos da incerteza.
humano ou satisfazendo alguma A importância da incerteza ou erro da
necessidade humana, a satisfação de que medição é que ela obscurece a habilidade
depende das propriedades do objetivo sob de se obter a informação que se quer: o
teste. valor verdadeiro da variável medida. Por
Estas necessidades podem ser vistas causa dos erros, a exatidão de uma
de modo útil como requerendo três classes medição nunca é certa. A estatística
gerais de medição: mostra que o valor verdadeiro conseguido
1. Técnicas em um conjunto de medições é dado por
2. Legais sua média aritmética e a incerteza neste
3. Científicas valor é:
Técnicas
x = x ± u x (P%)
Esta classe inclui as medições feitas
onde
para garantir a compatibilidade
x = valor medido
dimensional, conformação a
especificações de projeto necessárias para x = média das medições da amostra
uma função apropriada ou em geral, todas ux = incerteza da medição
as medições feitas para garantir P = probabilidade que a medição esteja
adequação para uso pretendido de algum dentro do intervalo (x - ux) e (x + ux)
objeto. O resultado da medição do
comprimento de uma peça pode ser, por
Legal exemplo,
Esta classe inclui as medições feitas
para garantir cumprimento da lei ou (8,0 ± 0,2) m
regulação. Esta classe se refere a onde
instituições de pesos e medidas, 8,0 é o valor provável do comprimento
inspetores e aqueles que devem fazer

84
Instrumentos de Medição

0,2 é a incerteza da medição, feita por O controle automático com


um instrumento real e há uma realimentação negativa pode se tornar
probabilidade de 95% que o valor 8,0 mais complexo, envolvendo muitas
medido esteja entre o intervalo 7,8 e 8,2 variáveis de processo simultaneamente.
(esta informação deve ser dada pelo São casos particulares de controle a
fabricante do instrumento e informada no realimentação negativa multivariável:
catálogo do instrumento que fez a medição cascata, faixa dividida (split range) e auto-
do comprimento) seletor.
m é o símbolo da unidade de Outra técnica alternativa é o controle de
comprimento metro. malha fechada preditivo antecipatório
Afirmar simplesmente que o resultado é (feedforward). Esta estratégia envolve
8 não tem nenhum significado, a não ser 1. a medição de todos os distúrbios que
que se complete a informação com a afetam a variável controlada,
unidade metro, a incerteza 0,2 e a 2. um modelo matemático do processo
probabilidade associada com esta sob controle,
incerteza. 3. a atuação em uma variável
Há grandezas sem unidades, como manipulada,
densidade relativa, índice de refração, 4. no momento em que há previsão de
coeficiente de atrito, número de Reynolds. variação na variável controlada e
antecipando-se ao aparecimento do
1.3. Aplicações da Medição erro.
5. para manter a variável controlada
Os principais usos da medição em
constante e igual ao valor desejado,
processos industriais e operações são:
Um caso particular e elementar de
1. controle
controle preditivo antecipatório é o controle
2. monitoração
de relação de vazões.
3. alarme.
Controle
Controlar uma variável de processo é
mantê-la constante e igual a um valor
desejado ou variando dentro de limites
estreitos. Só se controla uma variável. Não
se pode ou não há interesse em controlar
grandeza que seja constante. O controle é
tão bom quanto a medição da variável
controlada.
O controle pode ser obtido
manualmente, quando o operador atua no
processo baseando-se nas medições e
indicações de grandezas do sistema. O
controle manual é de malha aberta e é Fig. 4.1. Instrumentos de leitura e cegos (Foxboro)
matematicamente estável.
Há várias técnicas e teorias para se
obter o controle automático de processos
industriais. A técnica básica e a mais
usada é através da malha fechada com
realimentação negativa (feedback), onde
1. se mede a variável controlada na
saída do processo,
2. compara-a com um valor de
referência e
3. atua na entrada do processo,
4. de modo a manter a variável
controlada igual ao valor desejado ou
variando em torno deste valor.

85
Instrumentos de Medição

Monitoração seqüência descreve a ordem dos eventos,


Monitorar é supervisionar um sistema, incluindo as ações das chaves de alarme,
processo ou operação de máquina, para lógica do anunciador, sinal sonoro, display
verificar se ele opera corretamente durante visual e ação do operador.
sua operação. Em instrumentação, é Tipicamente, cada seqüência tem
comum usar instrumentos para medir quatro objetivos:
continuamente ou em intervalos uma 1. alertar o operador para uma condição
condição que deve ser mantida dentro de anormal,
limites predeterminados. São exemplos 2. indicar a natureza da condição
clássicos de monitoração: anormal (alarme ou desligamento),
1. radioatividade em algum ponto de 3. requerer a ação de conhecimento
uma planta nuclear, pelo operador
2. deslocamento axial ou vibração radial 4. indicar quando o sistema retorna à
de eixos de grandes máquinas rotativas, condição normal.
3. reação química em reatores através
da análise de composição dos seus 1.4. Tipos de Medição
produtos. Os três tipos principais de medição são:
Um sistema de monitoração é diferente 1. medição direta
de um sistema de controle automático 2. comparação
porque não há atuação automática no 3. substituição
sistema, ou por incapacidade física de
atuação ou por causa dos grandes atrasos Medição direta
entre as amostragens, medições e Como o nome sugere, esta é a forma
atuações. No sistema de monitoração, mais simples de medição. Por exemplo, se
todas as indicações e registros são mede a voltagem escolhendo um medidor
avaliados continuamente, analisam-se as com a faixa correta de voltagem, ligando-o
condições do processo e, em caso nos terminais apropriados e lendo a
extremo, pode-se desligar o sistema, de voltagem diretamente da posição do
modo automático ou manual, quando os ponteiro na escala ou nos dígitos do
limites críticos de segurança são atingidos. display.
Alarme
Em sistemas de controle e de
monitoração é comum se ter alarmes. Um
sistema de alarme opera dispositivos de
aviso (luminoso, sonoro) após a ocorrência
de uma condição indesejável ou perigosa
no processo. O sistema de alarme é usado
para chamar a atenção do operador para
condições anormais do processo, através
de displays visuais e dispositivos sonoros.
Os displays visuais geralmente piscam Fig. 4.2. Medição direta
lâmpadas piloto para indicar condições
anormais do processo e são codificados
por cores para distinguir condições de
alarme (tipicamente branca) e de
desligamento (tipicamente vermelha).
Diferentes tons audíveis também podem
ser usados para diferenciar condições de
alarme e de desligamento.
Um sistema de alarme possui vários
pontos de alarme que são alimentados por
uma única fonte de alimentação. O
anunciador de alarme apresenta a
informação operando em seqüência. A

86
Instrumentos de Medição

O método direto de pesagem toma uma


balança com mola, com a faixa correta,
coloca nela o peso desconhecido e lê o
deslocamento na escala calibrada.
O método direto de medição baseia no
comportamento de algum sistema físico
(sensor e processador do sinal) para
converter a quantidade medida (sinal de
Fig. 4.3.Medição por comparação
entrada) em uma quantidade observável
(sinal de saída). Para o voltímetro, o Uma situação similar pode ocorrer na
processo físico é a rotação da bobina medição elétrica. Pode-se produzir uma
móvel quando a corrente passa por ela. A voltagem conhecida e então compará-la
balança de mola se baseia no com uma voltagem desconhecida. A
deslocamento causado pela força da comparação real é feita usando-se um
gravidade no peso. Para os dois galvanômetro que detecta se há passagem
instrumentos, é necessária uma calibração ou não de corrente por ele. Quando as
inicial da posição do ponteiro, como uma tensões forem diferentes, haverá
função da magnitude do sinal de entrada. passagem de corrente em alguns dos dois
Isto é feito somente em uma posição, sentidos, dependendo do valor relativo das
tipicamente na deflexão de fundo de escala tensões. Quando elas forem iguais não
e a precisão da leitura em outros pontos haverá corrente pelo galvanômetro.
depende da linearidade da resposta do Quando se obtém a posição zero (nulo),
sistema. A precisão contínua do garante-se que as tensões são exatamente
instrumento entre as calibrações depende iguais. Este método, chamado de balanço
do valor pelo qual a resposta do sistema de nulo, é extremamente preciso porque
pode variar, devido ao envelhecimento e ele não se baseia em qualquer outro
outros efeitos. A precisão da medição sistema físico para se obter o valor da
direta depende fundamentalmente do quantidade sendo medida.
sistema físico escolhido como transdutor e Outro circuito eletrônico baseado em
processador do sinal, do número de vezes detector de nulo é a ponte de Wheatstone,
de calibração do sistema e da qualidade do que consiste em 4 resistências, uma fonte
equipamento usado. de polarização e um galvanômetro detector
Medição comparativa - balanço de nulo de zero. A ponte de Wheatstone é usada
O método comparativo de pesagem para medir valores de resistência elétrica e
deve ser muito familiar a todos. Usam-se pequenas tensões.
dois pratos da balança para comparar os
pesos da massa desconhecida e da massa
conhecida. Quando eles forem iguais, não
R1
haverá deflexão do ponteiro. Quando um R2
for maior que o outro, haverá uma deflexão E
A D B
para algum dos lados da balança. Tudo se
R3 R4
resume a uma questão de se ter pesos
calibrados conhecidos para que se tenha a
pesagem exata de qualquer massa
desconhecida. Fig. 4.4. Ponte de Wheatstone
Não há necessidade de calibração. Em
cada medição, a quantidade desconhecida
é comparada diretamente com uma
quantidade conhecida.

87
Instrumentos de Medição

O sistema de medição é usado apenas Uma balança perfeita é obtida com os


para indicar quando se obtém o balanço do pesos calibrados de 200 g no prato B. Um
nulo. O sistema necessita apenas da peso desconhecido M é colocado no prato
medição para dar a leitura do zero; ele não A. Para se consiga um novo balanço,
precisa ser calibrado nem precisa dar uma agora é necessário remover pesos do
resposta linear. O sistema de medição prato B.
deve ser calibrado somente quando as O peso removido de B é igual ao peso
leituras forem tomadas fora do equilíbrio. desconhecido colocado no prato A, de
modo que este peso foi medido. Porém, o
Medição por substituição
que é significativo neste novo sistema é
Como já visto, o método comparativo de que o peso total na balança não foi
medição é fundamentalmente mais preciso alterado. Tudo que aconteceu foi a
do que o método correspondente de substituição de um peso desconhecido por
medição direta, por que se elimina o um peso conhecido e as condições do
sistema de medição como meio de sistema de medição (balança) não foram
interpretar o sinal de entrada sendo alteradas. Assim, a medição por
medido. Foi visto também que uma forma substituição envolve a recolocação de algo
limitada de sistema de medição era usar o de valor desconhecido por algo de valor
registro da posição do balanço do nulo. Um conhecido, sem alterar as condições de
método mais preciso ainda de medição medição.
elimina qualquer efeito do sistema de Por exemplo, seja a resistência de valor
medição. desconhecido em um circuito. Se ela é
Como exemplo, seja a balança química substituída por uma resistência de valor
com dois pratos, que fica balançada conhecido, R, de modo que a voltagem e a
exatamente quando há a massa de 200 g corrente no circuito continuem exatamente
em cada prato. Agora, se estes pesos as mesmas, então o valor da resistência
forem removidos e um peso de apenas 1 g desconhecida é também igual a R.
for colocado em cada prato, haverá ainda
um balanço perfeito? Espera-se que sim.
Porém, entre a primeira e a segunda
medições foram removidas 398 g do
sistema e isto afetará as tensões e
resistências presentes nos braços,
suportes e ponteiro. É bem possível que
haja uma pequena variação no
comportamento do sistema, dando um erro
na medição da 1 g. Em uma balança mais
precisa deveria haver uma garantia que o
peso total no sistema não variasse, mesmo
se forem medidos pesos de diferentes
valores. Isto pode ser feito pelo método da
substituição.

Fig. 4.5. Medição por substituição

88
Instrumentos de Medição

2. Instrumentos da Medição Há medições realizadas com o contato


físico do instrumento com o processo. Por
Os instrumentos podem ser exemplo, a medição de temperatura com
classificados de acordo com sua aplicação, um termômetro clinico, o bulbo do
modo de operação, método de conversão termômetro entra em contato físico com o
de energia, natureza do sinal de saída. corpo do qual se quer medir a temperatura.
Todas estas classificações usualmente A condução do calor, depois de algum
resultam em superposição. Porém, os tempo, iguala a temperatura do sensor
instrumentos usados na prática podem ser com a do corpo e o termômetro indica a
divididos nas seguintes categorias: temperatura medida. Dependendo do
1. manual e automático tamanho, massa e temperatura do
2. contato e não-contato termômetro, ele pode alterar a temperatura
3. auto-alimentado e com fonte externa medida.
4. analógico e digital Outro exemplo clássico de medição com
contato físico é a medição de vazão com
2.1. Manual e Automático placa de orifício. A placa de orifício é uma
restrição que é colocada em uma
A medição mais simples é feita tubulação. Quando a vazão passa por esta
manualmente, com a interferência direta de restrição, a velocidade do fluido aumenta e
um operador. A medição manual como conseqüência, a pressão estática da
geralmente é feita por um instrumento tubulação diminui. Pela medição desta
portátil. Exemplos de medição manual: diferença de pressão, antes e depois da
medição de um comprimento por uma placa de orifício, pode-se medir com
régua, medição de uma resistência elétrica precisão a vazão volumétrica do fluido. A
através de um ohmímetro, medição de placa de orifício, elemento sensor de
uma voltagem com um voltímetro. As vazão, provoca uma queda de pressão na
medições feitas manualmente geralmente tubulação e afeta a vazão medida.
são anotadas pelo operador, para uso Um terceiro exemplo de medição com
posterior. contato é a medição de corrente elétrica
A medição pode ser feita de modo com um amperímetro. O amperímetro
automático e continuo. O instrumento fica usado para medir a corrente é colocado
ligado diretamente ao processo, sentido a fisicamente no circuito de medição. A
variável e indicando continuamente o seu resistência interna do amperímetro pode
valor instantâneo. Quando o operador afetar a medição feita.
quiser saber o valor medido, ele se Na maioria das medições feitas há
aproxima adequadamente do instrumento contato físico entre o elemento sensor e o
e faz a leitura. Também neste caso, ele processo. As vezes, usam-se selos e
pode anotar a leitura feita para uso poços para isolar o sensor do processo,
posterior. mas mesmo nestas aplicações, há contato
Quando se necessita do registro entre o instrumento de medição com o
continuo da variável, usa-se um processo. A principal desvantagem do
registrador, que opera continuamente. medidores diretos e com contato é a
Atualmente é possível, num sistema de possibilidade do sensor alterar o valor da
aquisição de dados, a medição continua de variável medida.
muitas variáveis e a emissão de relatórios
de medição através de impressoras de Medição sem Contato
computador.
É possível fazer medição sem o contato
2.2. Contato e Não-Contato físico entre o instrumento e o processo.
Por exemplo, há muito tempo os
Outro critério importante no estudo dos astrônomos sabem com relativa precisão a
instrumentos de medição é sua colocação temperatura da superfície dos planetas, da
e interação com o processo medido. A Lua e do Sol. E eles nunca foram a estes
medição pode ser feita com e sem contato lugares, exceto, uma única rápida vez, à
físico. Lua.

89
Instrumentos de Medição

Exemplos clássicos de medição sem Geralmente a alimentação é fornecida por


contato: um instrumento montado na sala de
1. Medição de temperatura com controle. Por questão econômica e de
sensores de radiação de segurança, raramente se usa um
infravermelho. A temperatura é instrumento de medição alimentado com
medida à distância, através de uma bateria integral (colocado no seu
computação da energia captada pelo interior). O sinal padrão de transmissão de
medidor. Estes sensores ópticos de corrente é de 4 a 20 mA cc.
temperatura apresentam precisão Instrumentos pneumáticos são
aceitável e podem medir alimentados por uma fonte externa de ar
temperaturas baixa (muitas pessoas comprimido, típica de 140 kPa (20 psi).
acham que eles só podem ser Cada instrumento pneumático montado no
aplicados em medições de alta campo é alimentado individualmente
temperatura. Quem mede o mais através de um conjunto filtro-regulador
difícil, também mede o mais fácil). ajustável ou fixo. O filtro elimina, num
2. Medição da corrente e tenso elétricas estágio final, as impurezas, umidade e óleo
através de amperímetro alicate. No contaminantes do ar comprimido. O
amperímetro alicate, os fios por onde regulador, ajustável ou fixo, geralmente
circula a corrente que se quer medir abaixa a pressão mais elevada de
são enrolados externamente à ponta distribuição para o valor típico de 140 kPa.
de prova do amperímetro. O O sinal padrão de transmissão pneumática
amperímetro mede a corrente que é de 20 a 100 kPa.
circula pelo fio, sem interromper o Existe ainda instrumentos de montagem
circuito e sem fazer parte física do local que não necessitam de nenhuma
circuito. alimentação externa para seu
3. Analogamente, é possível medir funcionamento. Eles são chamados de
vazões de fluidos com medidores auto-alimentados. Eles utilizam a própria
ultra-sônicos, que são não-intrusivos energia do processo para seu
e externos à tubulação. funcionamento. Exemplos de indicadores e
A principal justificativa do uso de registradores que não necessitam de
medidores sem contato, embora menos alimentação externa são:
precisos que os de contato, é a sua 1. indicador local de pressão, com
facilidade de aplicação, sem interferência elemento sensor tipo bourdon C,
na operação do processo e principalmente, helicoidal, espiral, helicoidal ou fole.
sem alteração da variável medida. 2. indicador local de temperatura com
elemento sensor tipo bimetal.
2.3. Alimentação dos Instrumentos 3. indicador ou registrador local de
vazão com elemento sensor de
A energia está associada aos
pressão diferencial (diafragma).
instrumentos de dois modos: através da
Idealmente, variações da alimentação
alimentação e do método de transdução.
do instrumento não deveriam afetar o
Qualquer instrumento para funcionar
desempenho dos instrumento e por isso,
necessita de uma fonte de energia. Esta
não deveriam provocar erros de medição.
fonte de energia pode ser externa e
Na prática, quando a alimentação excede
explícita, quando o instrumento é
os limites inferior e superior da
alimentado. As duas fontes clássicas de
alimentação, há erros de medição.
alimentação de instrumentos são a
Geralmente, os fabricantes informam tais
eletrônica e a pneumática.
limites de alimentação, que não devem ser
Instrumentos eletrônicos são
excedidos, sob pena de provocar grandes
alimentados por uma fonte externa de
erros de medição.
voltagem, típica de 24 V cc. Esta
alimentação pode ser feita por um par de
fios diferente do par de fios que conduz a
informação ou pode ser feita pelo mesmo
par de fios que conduz a informação.

90
Instrumentos de Medição

2.4. Analógico e Digital fundamental, PID, é matematicamente


analógico e continuo. O controle liga-
O conceito de analógico e digital se desliga é um caso particular, com uma
refere a saída discreta (digital). Um controlador
1. sinal
digital envolve uma tecnologia digital para
2. função matemática
executar a função analógica de controle.
3. tecnologia
Funções tipicamente digitais são
4. display
alarme, contagem de eventos e totalização
de vazão. Quando se totalizam pulsos
Sinal escalonados de medição de vazão, basta
Sinal é uma indicação visual, audível ou contá-los. Quando se totaliza um sinal
de outra forma que contem informação. analógico proporcional à vazão, é
Sinal analógico é aquele que vária de necessário converter o sinal para digital e
modo continuo, suave, sem saltos em depois contar os pulsos correspondentes.
degrau. O parâmetro fundamental do sinal A indicação pode ser indistintamente
analógico é sua amplitude. Medir um sinal analógica ou digital.
analógico é determinar o valor de sua
amplitude. São exemplos de sinal
analógico:
1. Sinal padrão pneumático de 20-100
kPa, onde o 20 kPa corresponde a
0% e 100 kPa a 100%.
2. Sinal padrão eletrônico de 4-20 mA
cc, onde o 4 mA cc corresponde a
0% e 20 mA a 100%.
3. As variáveis de processo são
analógicas. Uma temperatura pode
variar de 20 a 50 oC, assumindo
todos os infinitos valores
intermediários. Uma pressão de
processo pode variar de 20 a 100
kPa, de modo continuo. Fig. 4.6. Instrumento com display analógico e
Sinal digital ou discreto é aquele que só digital
pode assumir valores descontínuos. O
sinal digital é constituído de pulsos ou de
bits. Pulsos só podem ser contados; bits Um exemplo relacionando todos estes
podem ser manipulados. conceitos é a medição do tempo pelo
São exemplos de sinais digitais: relógio. O tempo é uma grandeza
1. Saída de pulsos da turbina medidora analógica. O tempo pode ser medido por
de vazão, onde cada pulso um relógio mecânico, com tecnologia
escalonada pode corresponder, por analógica e mostrador analógico. Tem-se
exemplo, a 1 litro/segundo de vazão. engrenagens, molas, pinos acionando um
2. palavra de 4 bits, 1101. ponteiro que percorre uma escala circular
graduada. O ponteiro se move
Função Matemática continuamente. Este mesmo tempo pode
ser medido por um relógio eletrônico, com
Há funções ou tarefas que são tecnologia digital mas com mostrador
tipicamente analógicas, como registro e analógico. A tecnologia do relógio é digital
controle de processo. Só é possível pois tem um microprocessador e um cristal
registrar um sinal analógico. Por exemplo, oscilante. A indicação é analógica, pois é
quando se quer registrar a vazão, tendo-se constituída de escala e ponteiro. Porém, o
uma turbina medidora com saída de ponteiro se move com pequenos saltos,
pulsos, deve-se converter o sinal de pulsos mostrando que está sendo acionado por
em analógico. O controle é também uma pulsos. Finalmente, o tempo pode ser
função analógica. O seu algoritmo indicado por um relógio digital. A

91
Instrumentos de Medição

tecnologia do relógio é digital e o indicador O fator mais importante favorecendo o


é também digital. O display são números instrumento digital, quando comparado
que variam discretamente. Resumindo: a com o analógico, é a facilidade de leitura.
variável analógica tempo pode ser indicada Quando o operador lê um instrumento
através de relógio analógico (mecânico) ou analógico, ele deve se posicionar
digital (eletrônico) com display analógico corretamente, fazer interpolação, usar
(escala e ponteiro) ou digital (números). espelho da escala, ou seja, ter um bom
olho. A leitura analógica é suscetível a
Tecnologia erro, subjetiva e demorada.
A tecnologia eletrônica pode ser
analógica ou digital.
A base dos circuitos analógicos é o
amplificador operacional, que manipula e
computada variáveis analógicas (corrente
e voltagem). Os componentes passivos
(resistência, capacitor e indutor) servem
para polarizar os circuitos. Os
componentes ativos (transistores,
amplificadores operacionais) operam na
região de amplificação linear.
Instrumento digital usa circuitos e
técnicas lógicas para fazer a medição ou
para processar os dados. Basicamente, um
instrumento digital pode ser visto como um
arranjo de portas lógicas que mudam os
estados em velocidades muito elevadas
para fazer a medição. A base dos circuitos
Fig. 4.7. Instrumentos com display digital
digitais são os circuitos integrados digitais,
constituídos de portas lógicas (AND, OR,
NAND, NOR, NOT), multivibradores (flip- Comparação Analógica Versus
flop), contadores e temporizadores. Digital
Atualmente, todos estes circuitos e lógicas
estão integradas no microprocessador. Os Deve-se diferenciar um instrumento
circuitos digitais podem também executar digital e um instrumento com display
as tarefas analógicas de amplificar e filtrar. digital.
Necessariamente, eles devem ter um Instrumento digital é aquele em que o
estágio de conversão analógico-digital e circuito necessário para obter a medição é
eventualmente, de digital-analógico. de projeto digital. Um instrumento com
display digital é aquele que o circuito de
Display medição é de projeto analógico e somente
a indicação é de projeto digital.
O display ou readout é a apresentação Um instrumento analógico com leitura
visual dos dados. Ele pode ser analógico digital é geralmente não mais preciso que
ou digital. o mesmo instrumento analógico com
Display analógico é aquele constituído, leitura analógica.
geralmente, de uma escala fixa e um A principal vantagem do display digital é
ponteiro móvel (pode haver escala móvel e a conveniência de leitura, quando não se
ponteiro fixo). O ponteiro se move tem a preocupação de cometer erro de
continuamente sobre a escala graduada, paralaxe, quando se posiciona
possibilitando a leitura do valor medido. erradamente em relação ao instrumento de
Display digital é aquele constituído por leitura. Os psicólogos garantem que se
números ou dígitos. Os números variam de cansa menos quando se fazem múltiplas
modo discreto, descontinuo, possibilitando leituras digitais.
a leitura do valor medido. Porém, a leitura de instrumento
analógico é de mais rápida e fácil

92
Instrumentos de Medição

interpretação, principalmente quando se Os instrumentos digitais fornecem


tem comparações entre duas medições. melhor resolução que os analógicos. A
Por isso, mesmo a instrumentação maior resolução dos instrumentos digitais
eletrônica sofisticada com tecnologia digital reduz o número de faixas necessárias para
possui medidores que simulam indicações cobrir a faixa de medição.
analógicas. Por exemplo, o controlador
single loop possui indicações da medição e Erros do Contador Digital
do ponto de ajuste feitas através de gráfico
O contador é o dispositivo de saída do
de barras. Os relógios digitais foram muito
instrumento com display digital. Os
populares na década de 80, porque eles
principais erros na medição com um
eram novidade e mais baratos.
contador eletrônico são:
Atualmente, há o reaparecimento de
1. erro de ±1 contagem
relógios com display analógico, com
2. erro da base de tempo
ponteiros e escala, porque sua leitura é
3. erro de gatilho
mais rápida e fácil, pois se sabe o
4. erro sistemático.
significado de certas posições dos
Quando uma medição é feita com um
ponteiros das horas e dos minutos.
contador eletrônico, existe uma incerteza
A precisão é uma segunda vantagem do
no digito menos significativo de ±1
instrumento digital sobre o analógico.
contagem. Esta incerteza é resultado da
Embora a precisão dependa da qualidade
não-coerência entre o sinal de clock
e do projeto do instrumento, em geral, o
interno e o sinal de entrada. O erro
instrumento digital é mais preciso que o
causado por esta ambigüidade é em
analógico de mesmo custo. Tipicamente, a
termos absolutos de ±1 contagem para a
precisão do digital é de 0,1% e do
contagem total acumulada; o erro relativo
analógico é de 1%.
diminui quando a contagem total
acumulada cresce.
Qualquer erro que seja resultado da
diferença entre a freqüência mestre real do
clock e sua freqüência nominal é
diretamente transferida em um erro de
medição. Este erro é chamado de erro da
base de tempo e é geralmente dado por
um número adimensional expresso em
partes por milhão.
O erro de gatilho é um erro aleatório
causado pelo ruído no sinal de entrada e
dentro do contador. O principal efeito do
ruído é fazer o gatilho abrir em um período
de tempo incorreto.
O erro sistemático existe no instrumento
associado com sua calibração e depende
Fig.4.8. Display analógico de controlador (Foxboro) de sua qualidade e período de tempo
transcorrido depois da calibração.
Por exemplo, a precisão de um contador
A exatidão de qualquer instrumento está eletrônico Hewlett-Packard é de ±1 digito ±
relacionada com a calibração. Como a erro da base de tempo. Para medição de
precisão de um instrumento digital intervalo de tempo, a precisão do contador
depende da percentagem do valor medido é de ± resolução ± erro da base de tempo
e de mais ou menos alguns dígitos menos ± erro do gatilho ± 2 ns. A precisão de um
significativos (erro de quantização), o multímetro digital da Fluke, de 4 1/2 dígitos
instrumento digital requer calibrações mais é de ±0,03% do valor medido + 2 dígitos
freqüentes que o instrumento analógico, para a faixa de voltagem cc. A precisão
cuja precisão depende apenas da para voltagem ca depende da freqüência,
percentagem do fundo de escala. por exemplo, para o multímetro Fluke

93
Instrumentos de Medição

8050A: ±0,5% do valor medido + 10 dígitos 3. adaptação fácil a interfaces padrão


entre 45 Hz e 1 kHz em todas as faixas. de bus para sistemas integrados de
medição
2.5. Instrumento Microprocessado 4. facilidade de controle por causa da
interface
Função do Microprocessador 5. operação e uso mais simples,
Atualmente, o microprocessador está economizando tempo.
sendo usado em toda parte e ganhando 6. tamanho miniaturizado
novas funções, abrindo novos caminhos 7. confiabilidade maior, por ter poucos
para seus usuários. Isto é principalmente componentes, componentes mais
verdade na instrumentação. O instrumento confiáveis por causa do
baseado no microprocessador é chamado encapsulamento que o torna imune à
de inteligente. No instrumento umidade e temperatura.
convencional, a informação deve ser Multifuncionalidade
interpretada pelo operador inteligente; no
A idéia de instrumento multifuncional
instrumento inteligente a informação já é
não é nova. Porém, sem o uso do
interpretada e fornecida num formato mais
microprocessador, um instrumento
amigável, de modo que até um operador
multifuncional era, na prática, a montagem
sem experiência pode entende-la (não
de várias sub-unidades funcionais em um
necessariamente o operador precisa ser
único invólucro. Em serviço, o usuário
não inteligente).
escolhia sua função através de chaves
O microprocessador revolucionou a
convenientes. Deste modo, ele montava as
instrumentação eletrônica. O uso de
várias sub-unidades em uma configuração
microprocessador em instrumentos
adaptada para medir a função escolhida. O
aumentou drasticamente sua exatidão,
algoritmo de projeto do instrumento ficava
expandiu suas capacidades, melhorou sua
inalterado. O instrumento multifunção
confiabilidade e forneceu uma ferramenta
convencional usava lógica fixa com todos
para desempenhar tarefas não imagináveis
os circuitos e fios físicos soldados (hard-
até então.
wired). Esta forma de lógica contradiz a
O instrumento a microprocessador se
multifuncionalidade e eficiência. Sempre
tornou extremamente versátil, onde os
havia problemas para controlar e chavear
procedimentos de medição se tornaram
as várias funções do instrumento.
mais facilmente administráveis, ajustes,
O microprocessador, como parte
calibração e teste se tornaram automáticos
integrante do instrumento, tornou a lógica
e o seu desempenho metrológico foi
fixa do instrumento multifuncional em
melhorado. O microprocessador fornece
programável. O programa que executa
1. procedimentos computacionais mais
suas múltiplas funções fica armazenado
eficientes,
em memórias eletrônicas (ROM ou
2. analise estatística dos resultados
PROM). Por este motivo, o instrumento
3. resultados linearizados e corrigidos
microprocessador é também chamado de
4. funções programáveis.
programa armazenado. A lógica
Houve uma mudança radical na filosofia
armazenada torna o instrumento fácil de
do projeto do instrumento. Como o
ser programado e de ser atualizado, sem
microprocessador se tornou uma parte
mudanças significativas no circuito. A
integral do instrumento, os enfoques são
lógica programável tornou o preço do
totalmente diferentes com relação à
instrumento muito menor, por causa da
estrutura, circuito e controle do
padronização e simplicidade dos
instrumento. As principais vantagens do
componentes.
instrumento microprocessado são:
1. multi funcionalidade estendida e
expandida em programas flexíveis,
2. consumo de energia foi reduzido
drasticamente,

94
Instrumentos de Medição

Exatidão melhorada resultado e depois medir a voltagem


A exatidão do instrumento através do resistor e finalmente computar a
microprocessado foi muito melhorada. Os potência.
erros sistemáticos podem ser diminuídos Controle simplificado
por vários motivos:
Inicialmente, se pensa que o
1. um ajuste de zero automático no
instrumento multifunção programável é
início de cada medição,
mais complicado. O instrumento inteligente
2. uma auto-calibração automática
possui um conjunto de teclas (teclado)
3. auto-teste e auto-diagnose.
externo e na sua parte frontal. Através das
4. medição replicada do valor e a
teclas diretas ou combinação de teclas se
computação estatística para dar o
pode selecionar as funções, faixas e
resultado mais esperado.
modos de medição. Por exemplo, um
5. apresentação do resultado em
voltímetro digital tem um teclado com 17
display de modo que os resultados
teclas e pode fornecer um total de 44
estranhos são descartados.
combinações de funções, faixas e modos.
Capacidades expandidas O instrumento ainda pode ter alarmes que
O microprocessador estende e expande operam quando o operador faz
as capacidades do instrumento, tornando-o movimentos errados e aperta teclas
adaptável a várias formas de técnicas de incompatíveis.
medição, como medição inferencial Operações matemáticas do resultado
(indireta) e acumulativa.
É possível que o operador queira uma
O instrumento microprocessado pode
função matemática de um resultado e não
fazer várias medições simultâneas e fazer
somente no resultado em si. O instrumento
computações matemáticas complexas
microprocessado pode fornecer várias
destes sinais, para compensar, linearizar e
transformações funcionais, como:
filtrar os resultados finais. Em resposta a
1. multiplicar o resultado por um fator
um simples comando entrado através de
constante
seu teclado, o microprocessador pega a
2. apresentar o erro absoluto da
técnica de medição certa, armazena os
medição
resultados das várias medições diretas, faz
3. apresentar o erro percentual da
os cálculos e apresenta o resultado final
medição
condicionado no display. A medição é
4. subtrair uma constante do
indireta, porém ela parece direta para o
resultado
operador.
5. dividir o resultado por uma
Por exemplo, na medição da vazão de
constante
gases, um computador de vazão
6. apresentar o resultado em
microprocessado recebe os sinais
unidades logarítmicas
correspondentes ao medidor de vazão
7. linearizar resultados
(transmissor associado à placa, turbina,
vortex), pressão, temperatura e Análise estatística
composição. Todos estes sinais são Os instrumentos microprocessados
computados internamente e o totalizador podem gerar o valor médio, valor eficaz
pode apresentar o valor da vazão (root mean square), a variância, o desvio
instantânea compensada em massa ou padrão de uma variável aleatória sendo
volume, o valor do volume ou massa analisada e o coeficiente de correlação de
acumulado e a densidade do gás. Para o duas variáveis aleatórias. Há instrumentos
operador, tudo parece como se o microprocessados projetados
computador estivesse fazendo a medição especificamente para fazer a analise
diretamente da vazão mássica. estatística dos sinais.
Em outro exemplo, seja a medição da
potência dissipada através de um resistor
por um voltímetro microprocessado. O
operador diz ao voltímetro para medir a
resistência do resistor, armazenar o

95
Instrumentos de Medição

Melhoria do Desempenho Metrológico Compensação do ruído interno


As características metrológicas do Esta característica melhora a
instrumento são aquelas diretamente sensitividade do instrumento e estende sua
relacionados com seu desempenho, em faixa, possibilitando a medição de valores
geral e com sua precisão, em particular. muito pequenos. Para fazer isso, o
Todo instrumento está sujeito a erros microprocessador acha o valor eficaz (rms)
sistemáticos, aleatórios e acidental. Todos do sinal e do ruído.
estes erros podem ser minimizado nos
Vantagens
instrumentos a microprocessador.
Geralmente, os erros sistemáticos são Um instrumento microprocessado é a
provocados por desvio do zero, desvio do melhor solução quando:
fator de ganho do circuito condicionador de 1. o instrumento deve ser
sinal e não linearidades internas do multifuncional, programável e versátil
instrumento. 2. o sistema de medição deve ser
O microprocessador incorporado no expandido acomodar várias funções
instrumento pode eliminar os erros 3. o sistema de medição deve ser
sistemáticos. interfaceado com um sistema digital
Ele elimina o erro de desvio de zero, 4. os dados devem ser armazenados
armazenando o valor correspondente ao em memória
zero do instrumento e subtraindo 5. um grande número de estados
automaticamente este valor das leituras do lógicos devem ser mantidos na
instrumento. memória
Ele elimina o erro de ganho do 6. as medições feitas por técnicas
instrumento, armazenando um número indiretas e cumulativas e o
quando o instrumento é desligado e que procedimento deve ser automatizado
corresponde a um valor definido da 7. é especificado um alto desempenho
voltagem de entrada. Quando o metrológico, impossível de ser obtido
instrumento é religado para fazer novas por métodos convencionais
medições, o instrumento microprocessado 8. são essenciais a autocalibração e
faz comparações e usa um fator de autodiagnose
correção para aplicar nas novas medições. 9. o processamento estatístico dos
O instrumento pode ainda fazer dados deve ser parte do
correções para os erros devidos a variação procedimento de medição e feito
da freqüência do sinal (o ganho do automaticamente
condicionador de sinal em uma dada 10. as incertezas das medições devem
freqüência é diferente do ganho em sua ser determinadas e apresentadas no
freqüência de referência.) O instrumento display, em linha do processo
armazena na memória a sua freqüência de 11. há necessidade de transformações
referência e corrige as medições para as funcionais matemáticas, como
diferentes freqüências. linearização, conversão de
Os erros aleatórios não podem ser resultados, compensação através de
antecipados e evitados. O máximo que o cálculos complexos
operador pode fazer é minimizar seus Por causa de todas estas vantagens, o
efeitos, fazendo um tratamento estatístico microprocessador chegou e vai ficar por
de todas as medições replicadas. Deste muito tempo nos campos da medição e
modo, o instrumento microprocessado instrumentação. Ele é a base do progresso
armazena os resultados das medições que a ciência e a tecnologia tiveram nos
repetidas e faz o seu processamento em últimos e próximos anos.
algoritmos apropriados para determinar
média, desvio padrão e erro aleatório
relativo. O instrumento pode, por exemplo,
determinar a média esperada, testar a
hipótese que as probabilidades do erro
aleatório são normalmente distribuídas e
computar os limites de erros aleatórios.

96
Instrumentos de Medição

Desvantagens 3. Sistema de Medição


Há também várias razões para
questionar o uso do instrumento
microprocessado, algumas subjetivas e 3.1. Conceito
outras objetivas. As mais importantes são: Embora haja vários tipos de controle,
Há a barreira psicológica, de algumas vários níveis de complexidade, vários
pessoas que desconhecem o enfoques diferentes, há um parâmetro em
microprocessador ainda duvidam e não comum no controle, monitoração e alarme
aceitam os benefícios transparentes do do processo: a medição das variáveis e
microprocessador. Muitos acham que o grandezas do processo. A medição é
microprocessador é muito complicado e fundamental. A base de um controle
economicamente não é atraente. Muitos correto é a medição precisa da variável
acham que não necessitam de toda a controlada.
capacidade do microprocessador e por A instrumentação para fazer estas
isso a sua aplicação seria ociosa e medições é vital para a indústria. O uso de
exagerada. Outros acham que o instrumentação em sistemas como casa de
microprocessador está associado a um força, indústrias de processo, máquinas de
programa (software) que é outro motivo de produção automática, com vários
repulsa, pois o seu custo é maior que o do dispositivos de controle, manipulação e
microprocessador. segurança revolucionou e substituiu velhos
Todas estas questões são facilmente conceitos. Os instrumentos tem produzido
resolvidas. Embora internamente o uma grande economia de tempo e mão de
microprocessador tenha milhares (e até obra envolvida. Os sistemas de
milhões) de componentes, esta instrumentos agem como extensões dos
complexidade não requer que o seu sentidos humanos e facilitam o
usuário a entenda. Mesmo complexo, o armazenamento da informação de
microprocessador é estável e confiável, situações complexas. Por isso, a
muito mais que qualquer circuito com instrumentação se tornou um componente
componentes discretos. Embora a maioria importante das atividades rotineiras da
utilize somente uma pequena parte da indústria e contribuiu significativamente
capacidade total do microprocessador, para o desenvolvimento da economia.
ainda assim a sua aplicação é Um sistema completo de medição
economicamente vantajosa. O software consiste dos seguintes elementos básicos:
associado ao microcomputador é também 1. elemento sensor ou elemento
complexo e pode ter os seus besouros transdutor, que detecta e converte a
(bugs), porém o usuário não precisa entrada desejada para uma forma
conhece-lo. Geralmente o software está mais conveniente e prática a ser
gravado em uma memória ROM (ou manipulada pelo sistema de
PROM) e as eventuais modificações ou medição. O elemento sensor é
melhorias são feitas pelo fabricante e os também chamado de elemento
benefícios são do usuário final. primário ou transdutor. Ele constitui a
interface do instrumento com o
processo.
2. elemento condicionador do sinal, que
manipula e processa a saída do
sensor de forma conveniente. As
principais funções do condicionador
de sinal são as de amplificar, filtrar,
integrar e converter sinal analógico-
digital e digital-analógico.
3. o elemento de apresentação do
dado, que dá a informação da
variável medida na forma
quantitativa. O elemento de

97
Instrumentos de Medição

apresentação de dado é também proporcional à pressão medida. A


chamado de display ou readout. Ele resistência do strain-gage faz parte de um
constitui a interface do instrumento circuito elétrico, chamado de ponte de
com o operador do processo. Wheatstone. A ponte de Wheatstone é um
Os elementos auxiliares aparecem em condicionador de sinal. Através de uma
alguns instrumentos, dependendo do tipo e polarização externa e um balanço de nulo,
da técnica envolvida. Eles são: é possível determinar a variação da
1. elemento de calibração para fornecer resistência elétrica do strain-gage. O
uma facilidade extra de calibração circuito da ponte também processa o sinal
embutida no instrumento. Os elétrica, amplificando-o, filtrando-o de
transmissores inteligentes possuem ruídos externos e, no caso, convertendo-o
esta capacidade de auto-calibração para pulsos para dar uma indicação final
incorporada ao seu circuito. digital. Este instrumento é eletrônico e a
2. elemento de alimentação externa indicação é digital. A apresentação de
para facilitar ou possibilitar a dados não é feita através do conjunto
operação do elemento sensor, do escala e ponteiro, mas de um conjunto de
condicionador de sinal ou do dígitos.
elemento de display.
3. elemento de realimentação negativa 3.2. Sensor
para controlar a variação da
O elemento sensor não é um
quantidade física que está sendo
instrumento mas faz parte integrante da
medida. Este elemento possibilita o
maioria absoluta dos instrumentos. O
conjunto funcionar automaticamente,
elemento sensor ou elemento transdutor é
sem a interferência do operador
o componente do instrumento que converte
externo.
a variável física de entrada para outra
Por exemplo, no indicador analógico de
forma mais usável.
pressão com bourdon C, o elemento
Os nomes alternativos para o sensor
sensor é o tubo metálico em forma de C. A
são: transdutor, elemento transdutor,
pressão a ser medida é aplicada
elemento primário, detetor, probe, pickup
diretamente no sensor que sofre uma
ou pickoff. O nome correto e completo do
deformação elástica, produzindo um
transdutor recomendado pela norma ISA
pequeno movimento mecânico. A entrada
37.1 (1982) inclui:
do sensor é a pressão e a saída é um
1. o nome transdutor,
movimento mecânico. Este pequeno
2. variável sendo medida,
movimento é mecanicamente amplificado
3. modificadora restritiva da variável,
por meio de engrenagens e alavancas, que
4. princípio de transdução,
constituem os elementos condicionadores
5. faixa de medição,
do sinal. Finalmente, um ponteiro é fixado
7. unidade de engenharia.
na engrenagem e executa uma excurso
angular sobre uma escala graduada em
Exemplos de elementos sensores:
unidade de pressão. O conjunto escala e
1. Transdutor pressão diferencial,
ponteiro constitui o elemento de
potenciométrico, 0-100 kPa.
apresentação de dados. Este instrumento
2. Transdutor pressão de som
é analógico e seu funcionamento é
capacitivo, 100-160 dB.
mecânico. Ele não requer alimentação
3. Transdutor de pressão absoluta a
externa, pois utiliza a própria energia da
strain-gage amplificador, 0-500 MPa.
pressão para funcionar.
4. 0-300 oC, resistivo, superfície,
Em outro exemplo, no indicador digital
temperatura, transdutor.
de pressão com strain-gage, o strain-gage
Os elementos sensores podem ser
é o elemento sensor que detecta a pressão
classificados conforme a natureza do sinal
a ser medida. A pressão medida varia a
de saída como:
resistência elétrica do strain-gage. A
1. mecânicos
entrada do strain-gage é a pressão e a
2. eletrônicos
saída é uma resistência elétrica. A
variação da resistência é linearmente

98
Instrumentos de Medição

As principais vantagens do sinal O elemento sensor mecânico não


eletrônico sobre o mecânico são: necessita de nenhuma fonte de
1. não há efeitos de inércia e atrito, alimentação externa para funcionar; ele é
2. a amplificação é mais fácil de ser acionado pela própria energia do processo
obtida ao qual está ligado.
3. a indicação e o registro à distância
são mais fáceis.
A unidade dimensional da entrada
geralmente é diferente da unidade da
saída. Quando as unidades forem iguais, o
elemento funcional pode ser chamado de
transformador.
O elemento sensor depende
principalmente da variável sendo medida. Fig. 4.9. Sensores mecânicos de pressão
Terminologia
De um modo geral, transdutor é o Exemplos de elementos sensores
elemento, dispositivo ou instrumento que mecânicos: tubo bourdon, para a medição
recebe a informação na forma de uma de pressão; bimetal, para a medição de
quantidade e a converte para informação temperatura; conjunto placa de orifício-
para esta mesma forma ou outra diferente. sensor de pressão diferencial para a
Aplicando este definição, são transdutores: medição de vazão.
elemento sensor, transmissor, transdutor Nem todas as variáveis de processo
i/p e p/i, conversor eletrônico analógico- podem ser medidas mecanicamente. Por
digital. Para padronizar a linguagem foi exemplo, a análise química, o pH, a
publicada a norma ISA 37.1 que condutividade elétrica não podem ser
recomenda o seguinte: medidas por meios mecânicos.
1. elemento sensor ou elemento
transdutor para o dispositivo onde a Sensores Eletrônicos
entrada e a saída são ambas não- O elemento sensor eletrônico recebe na
padronizadas e de naturezas iguais entrada a variável de processo e gera na
ou diferentes. saída uma grandeza elétrica, como
2. transmissor para o instrumento onde voltagem, corrente elétrica, variação de
a entrada é não-padronizada e a resistência, capacitância ou indutância,
saída é padronizada e de naturezas proporcional a esta variável.
iguais ou diferentes. Há elementos sensores ativos e
3. transdutor ou transdutor de sinal para passivos.
o instrumento onde a entrada e a Os elementos ativos geram uma tenso
saída são ambas padronizadas e de ou uma corrente na saída, sem
naturezas diferentes. necessidade de alimentação externa.
4. conversor para o instrumento Exemplo de elementos sensores
eletrônico onde a entrada e a saída eletrônicos ativos: o cristal piezelétrico
são ambas de natureza elétrica mas para a medição da pressão; o termopar
com características diferentes, como para a medição da temperatura e os
o conversor A/D (analógico para eletrodos para a medição de pH. Os
digital), D/A (digital para analógico) e circuitos que condicionam estes sinais
conversor I/F (corrente para necessitam de alimentação externa.
freqüência). Os elementos passivos necessitam de
uma polarização elétrica externa para
Sensores Mecânicos
poder variar uma grandeza elétrica passiva
O elemento sensor mecânico recebe na para medir a variável de processo. As
entrada a variável de processo e gera na grandezas elétricas variáveis são: a
saída uma grandeza mecânica, como resistência, a capacitância e a indutância.
movimento, força ou deslocamento, Exemplo de elementos sensores passivos
proporcional a esta variável. eletrônicos: a resistência detetora de

99
Instrumentos de Medição

temperatura, a célula de carga (strain velocidade deve sentir a velocidade


gage) para a medição de pressão e de instantânea e deve ser insensível a
nível, a bobina detetora para a transdução pressão e temperatura locais.
do sinal de corrente para o sinal padrão 2. o sensor não deve alterar a variável a
pneumático. ser medida. Por exemplo, a
colocação da placa de orifício para
sentir a vazão, introduz uma
Cobre resistência à vazão, diminuindo-a. A
vazão diminui quando se coloca a
placa para medi-la.
Junção Cobre 3. o sinal de saída do sensor deve ser
medição facilmente modificado para ser
Bloco de referência facilmente indicado, registrado,
transmitido e controlado. Por isso,
atualmente os sensores eletrônicos
são mais preferidos que os
mecânicos, pois são mais facilmente
Registrador temperatura indicados e manipulados.
4. o sensor deve ter boa exatidão.
Fig. 4.10. Sensores eletrônicos de temperatura 5. o sensor deve ter boa precisão,
(termopar e RTD) constituída de linearidade,
repetitividade e reprodutibilidade.
6. o sensor deve ter linearidade de
Os elementos sensores eletrônicos, por amplitude.
sua vez, podem ser classificados de 7. o sensor deve ter boa resposta
acordo com o formato da sua saída como dinâmica, respondendo rapidamente
analógicos e digitais. às variações da medição.
Os elementos sensores eletrônicos 8. o sensor não deve induzir atraso
analógicos podem ser do tipo entre os sinais de entrada e de
potenciométrico, indutivo, capacitivo, saída, ou seja, não deve provocar
piezoelétrico, strain-gage e de ionização. distorção de fase.
Os elementos sensores eletrônicos digitais 9. o sensor deve suportar o ambiente
podem ser do tipo gerador de freqüência hostil do processo sem se danificar e
ou codificador digital. sem perder suas características. O
Praticamente, toda variável de processo sensor deve ser imune à corrosão,
pode ser medida eletronicamente. erosão, pressão, temperatura e
umidade ambientes.
Características Desejáveis do Sensor
10. o sensor deve ser facilmente
Em certos casos, o sensor do sinal de disponível e de preço razoável.
entrada pode aparecer discretamente em
dois ou mais estágios, tendo-se o elemento
primário, secundário e terciário. Em outros
casos, o conjunto pode ser integrado em
um único elemento.
Algumas características desejáveis de
um elemento sensor que devem ser
consideradas em sua especificação e
seleção para uma determinada aplicação
são:
1. o elemento sensor deve reconhecer
e detectar somente o sinal da
variável a ser medida e deve ser
insensível aos outros sinais
presentes simultaneamente na
medição. Por exemplo, o sensor de

100
Instrumentos de Medição

3.3. Condicionador do Sinal deve ser incorporado no elemento de


condicionamento de sinal, que pode ser
A saída do elemento sensor geralmente um dos seguintes, dependendo do tipo do
ainda não é conveniente para operar sinal do sensor:
diretamente um indicador, um registrador 1. elemento de amplificação mecânica,
ou um controlador. Assim, deve-se como alavanca, engrenagem ou sua
adicionar um outro elemento para combinação, projetado para ter um
processar, modificar e converter o sinal de efeito multiplicador no sinal mecânico de
saída do sensor em outro sinal mais saída do sensor.
adequado em forma e amplitude. 2. elemento de amplificação pneumática,
O sinal de saída do sensor pode ser empregando vários tipos de restrições,
alimentado para a entrada do elemento foles, bicos e palhetas, para dar
condicionador através de vários modos, variação significativa na pressão com
como: pequena variação nos parâmetros de
1. link mecânico, como engrenagem,
entrada. É clássico o conjunto bico-
alavanca, haste, eixo, palheta-relé pneumático para gerar o
2. cabo elétrico, sinal padrão pneumático de 3-15 psig.
3. fluido, como óleo (hidráulico), ar
3. elemento de amplificação óptica, em
comprimido (pneumático). que lentes, espelhos e lâmpadas podem
4. componente eletrônico, como
ser combinados para converter
potenciômetro, capacitor e indutor. pequenos deslocamentos de entrada
A transmissão do sinal pode ser feita em maiores sinais de saída para uma
fisicamente através de fios elétricos indicação conveniente.
(corrente ou voltagem) ou através de tubos 4. elemento de amplificação elétrica,
pneumáticos. O sinal pode também ser empregando transistores, circuitos
transmitido por telemetria, usando-se integrados e elementos de polarização
ondas de rádio ou linhas telefônicas. para aumentar a amplitude do sinal do
As operações de condicionamento de transdutor. O amplificador eletrônico é o
sinal mais comuns são: mais versátil e conhecido. Ele pode
1. amplificação amplificar voltagem ou corrente
2. filtro (potência).
3. compensação
4. linearização Filtro
5. diferenciação, integração Filtrar um sinal é remover os sinais de
6. conversão analógico-digital ou ruído indesejáveis que tendem a
digital-analógico obscurecer o sinal do sensor. O elemento
7. amostragem do sinal de filtro do sinal pode ser do seguinte tipo,
8. computação matemática, como dependendo da natureza do sinal:
soma, subtração, divisão, 1. filtro mecânico, consistindo de
multiplicação, extração de raiz elementos mecânicos para proteger
quadrada. o elemento sensor dos vários sinais
9. seleção de sinal, como o máximo, externos de interferência. Um fluido
mínimo ou médio. viscoso no interior de um bourdon
Amplificador amortece as oscilações do ponteiro
do manômetro.
Amplificar um sinal é aumentar sua 2. filtro pneumático, consistindo de
amplitude sem afetar sua forma de onda. O restrições e capacitâncias.
fenômeno inverso é chamado de Restrições na entrada dos
atenuação, i.e., redução da amplitude do instrumentos pneumáticos eliminam
sinal mantendo sua forma de onda original. ruídos do sinal de 3-15 psig da
Pode-se dizer que atenuação é uma transmissão. Potes capacitivos
amplificação com ganho menor que 1. também são usados para amortecer
O sinal de saída do sensor precisa ser picos no sinal pneumático.
amplificado para operar os mecanismos de 3. filtro elétrico, consistindo de
indicação ou registro. Por isso, um resistores, capacitores e indutores.
elemento conveniente de amplificação

101
Instrumentos de Medição

Há filtros ativos, usando


amplificadores operacionais. Os multiplicador extrator raiz
- divisor quadrada
filtros servem para eliminar os picos
controlador
e ruídos devidos aos campos elétrico x/÷ √ de vazão

e magnético.
PT FY FY FIC
Compensador
Compensar um sinal é eliminar sinal sinal linear
de vazão
continuamente a interferência de outros quadrático
de vazão
sinais. Por exemplo, a medição de vazão
FT
volumétrica de gases é influenciada pela
temperatura e pressão do processo.
Quando a vazão é constante mas há TT
variação da pressão e da temperatura do
processo, aparece erro na indicação. Faz-
se a compensação da medição de vazão FCV
de fluido compressível medindo-se
continuamente a vazão, a pressão e a FE
temperatura. Os três sinais entram em um Fig. 4.11. Medição de vazão de gás com
computador analógico que elimina os compensação da pressão e da
efeitos da pressão e da temperatura. temperatura
Quando uma medição é influenciada por
um parâmetro fixo, faz-se a polarização da
medição. Polarizar um sinal é multiplicar o São disponíveis instrumentos chamados
sinal por uma constante. Por exemplo, computadores analógicos que realizam as
quando se projeta um medidor de vazão de operações matemáticas de soma,
gás para uma determinada pressão e se subtração, multiplicação, divisão, elevação
trabalha em outra pressão constante, ao quadrado, extração de raiz quadrada,
multiplica-se a medição por um fator úteis na compensação e linearização de
constante. Como a pressão do processo é sinais. Com a instrumentação inteligente,
assumida constante, não é necessário baseada em microprocessadores, esta
medi-la continuamente para fazer a capacidade de computação matemática,
compensação; basta conhecer o seu valor lógica, seqüencial e intertravamento está
e usar um fator de multiplicação na integrada ao circuito.
indicação. Compensar é tirar o efeito de
um valor variável; polarizar é tirar o efeito Linearizador
de um valor constante. Linearizar um sinal não-linear é torna-lo
Na medição das variáveis de processo é linear. Só se lineariza sinais não-lineares,
importante definir as condições do aplicando-se a função matemática inversa.
processo e do ambiente. O instrumento Por exemplo, lineariza-se um sinal
pode apresentar grandes erros quando as quadrático extraindo-se sua raiz quadrada.
condições reais são diferentes das Lineariza-se um sinal exponencial
condições especificadas. aplicando seu logaritmo.
A linearização de um sinal não-linear
pode ser feita de vários modos diferentes,
tais como:
1. escolha da porção linear da curva,
como na aplicação de medição de
temperatura por termopares. Cada
tipo de termopar apresenta uma
região linear para determinada faixa
de temperatura.
2. uso de uma escala não-linear, como
na aplicação de medição de vazão
por placa de orifício. Como a placa

102
Instrumentos de Medição

gera um pressão diferencial no processo. Tem-se, assim, o conversor


proporcional ao quadrado da vazão digital-analógico.
volumétrica, usa-se uma escala raiz Em instrumentação, é também comum
quadrática (que a maioria das um único indicador, registrador e
pessoas insiste, erradamente, em controlador ser compartilhado por centenas
chamar de quadrática). Quando se ou milhares de sinais. Para fazer esta
usam termopares para medição de operação, foi desenvolvido um circuito
temperatura incluindo as regiões eletrônico chamado de multiplexador. O
não-lineares, deve-se usar a escala multiplexador possibilita o uso de um único
especifica do termopar, como tipo K, instrumento por vários sinais de entrada. O
J, R, S, T, E e B. circuito toma um sinal por vez, manipula-o
3. uso de computadores analógicos e passa para o seguinte, numa varredura
linearizadores (hardware), como o automática. Como a sua freqüência de
instrumento extrator de raiz quadrado operação é muito maior que a freqüência
do sinal de pressão diferencial natural dos sinais manipulados, não há
proporcional ao quadrado da vazão problemas práticos quando o sinal fica no
volumétrica, gerado pela placa de ar. Este tempo de não-utilização do sinal é
orifício. tão pequeno que o sinal não percebe.
4. uso de circuitos linearizadores Também, há circuito de demultiplexação,
(hardware), incorporados no circuito que converte um único sinal em muitos.
do transmissor ou do instrumento Estes circuitos de conversão analógico-
receptor. digital, digital-analógico, multiplexação,
5. uso de pontos de curva de demultiplexação podem ser incorporados
linearização, armazenados em ROMs em um único instrumento, economizando
ou PROMs (firmware), como no espaço e facilitando ligações. Por exemplo,
sistema de linearização de baixa modem é um equipamento de modulação-
vazão em turbinas medidoras. demodulação, que faz as funções de
6. uso de programas (software) de multiplexação, conversão analógico-digital,
linearização em sistemas digitais, conversão digital-analógico e
como nos computadores de vazão ou demultiplexação.
sistemas digitais de aquisição de
Transmissor
dados. Durante a configuração do
sistema, tecla-se o tipo de não- A transmissão é uma função auxiliar,
linearidade do sinal de entrada e o opcional, pois nem toda malha de
sistema automaticamente lineariza o indicação, registro ou controle necessita do
sinal. transmissor. Mesmo os instrumentos
montados no painel central não necessitam
Conversor Analógico-Digital obrigatoriamente do transmissor. Por
As variáveis de processo são exemplo, as indicações locais de
analógicas, ou seja, variam continuamente temperatura com termopar ou resistência
de 0% a 100% assumindo todos os elétrica podem ser sem transmissor.
infinitos valores intermediários. A função Transmissor é o transdutor que
de totalização é matemática discreta ou responde a uma variável medida por meio
digital. Hoje, a maioria dos instrumentos de um elemento sensor e a converte para
eletrônicos usa tecnologia digital. Assim, é um sinal de transmissão padrão que é
necessário um dispositivo para converter o função somente da variável medida. O
sinal analógico do mundo externo para um transmissor sente a variável de processo e
sinal digital, para ser manipulado pelos gera na saída um sinal padrão,
circuitos digitais. proporcional ao valor desta variável.
Quando se usa controle com O transmissor é aplicado para
realimentação negativa, há atuação no 1. enviar sinais para manipulação
processo analógico. Quando se usa remota,
instrumentação digital, é também 2. padronizar sinais e
necessário converter o sinal digital do 3. isolar sinais.
sistema para o sinal analógico de atuação Os sinais padrão de transmissão são:

103
Instrumentos de Medição

1. pneumático, de 10 a 100 KPa (3 a 15 precisão típica de 0,5% do fundo de


psig) escala.
2. eletrônico, de 4 a 20 mA cc. Em 1983, a Honeywell lançou no
São pouco usados: 0 a 20 mA cc (não é mercado o primeiro transmissor que
faixa detetora de erro), 10 a 50 mA cc incorporava o microprocessador em seu
(nível elevado e perigoso), 1 a 5 V cc circuito eletrônico, chamado de transmissor
(tensão não é conveniente para a inteligente (smart transmiter). Pelo fato de
transmissão). ter um microprocessador, o transmissor
Na instrumentação, há uma resistência possui funções adicionais, tais como:
de chamar o transmissor de vazão de 1. linearização do sinal dos elementos
transmissor, preferindo-se, erradamente, sensores individuais, tais como
chamá-lo de conversor. Assim, o extrator de raiz quadrada,
instrumento que recebe o sinal de linearização de sinais de termopares
militensão alternada do tubo magnético específicos,
deve ser chamado de transmissor de 2. compensação adequada das
vazão. Aliás, o tag deste instrumento é FT variações de temperatura e de
e não FY. pressão estática do fluido que atuam
O medidor de vazão tipo alvo (target) sobre o transmissor, substituindo os
possui um transmissor pneumático ou computadores analógicos
eletrônico incorporado ao seu circuito. 3. auto-calibração, onde o próprio
Os transmissores pneumáticos se transmissor faz as operações de
baseiam no sistema bico-palheta e através ajustes de zero e de fundo de escala,
da realimentação negativa por equilíbrio de a partir da sala de controle.
forças ou de movimentos, converte o 4. mudança da faixa calibrada,
movimento do elemento de medição possibilitando o aumento da
(pressão, temperatura, vazão, nível) no rangeabilidade da medição,
sinal padrão de 20 a 100 kPa. São passando de 10:1 para 400:1
alimentados com a pressão nominal de 5. auto-diagnose de seus circuitos e
120 a 140 kPa e possuem a precisão típica peças internas, informando ao
de 0,5% do valor medido. instrumentista a existência de
problema no circuito, o diagnóstico e
a natureza do problema.
6. fixação do valor da variável no último
valor alcançado, quando há
irregularidades na malha.
7. visualização do sinal de saída, dos
dados de configuração, da faixa
calibrada e de outros parâmetros,
através de um comunicador portátil,
que se liga em qualquer ponto da
linha de transmissão.
Vários transmissores inteligentes podem
ser ligados, através de uma conexão RS
232C, a computador pessoal, que pode
Fig. 4.12. Transmissor eletrônico (Rosemount) configurar os transmissores por meio de
um programa adequado.
Os transmissores eletrônicos se O transmissor inteligente possui a saída
baseiam no amplificador operacional e de 4 a 20 mA cc além da saída digital (a
através de detectores indutivos, partir de 1986), para que o sistema não
capacitivos ou resistivos, convertem o sinal necessite do conversor A/D (para o
da variável (pressão, temperatura, vazão, transmissor) e o D/A (para o instrumento
nível) no sinal padrão de corrente de 4 a receptor).
20 mA cc. São alimentados com a A precisão típica do transmissor
voltagem nominal de 24 V cc, através de 2 inteligente é de 0,1% do fundo de escala.
(mais usado), 3 ou 4 fios e possuem a

104
Instrumentos de Medição

Transdutor tamanho da escala, maior a resolução da


Genericamente, transdutor é qualquer medição e maior o número de algarismos
dispositivo que altera a natureza do sinal significativos. A escala pode ser curva ou
recebido na entrada com o gerado na reta, horizontal ou vertical.
saída. Deste ponto de vista, o elemento
sensor, o transmissor, o conversor são
considerados transdutores.
Em instrumentação, transdutor é o
instrumento que converte um sinal padrão
de transmissão em outro sinal padrão de
transmissão. Deste modo, tem-se o
transdutor p/i, que converte o sinal
pneumático no sinal padrão de corrente
eletrônica e o transdutor i/p, que converte o Fig. 4.13. Erro de paralaxe. A primeira
sinal padrão de corrente elétrica em sinal leitura é correta; a segunda tem um erro de
padrão pneumático. paralaxe e a leitura é menor que a correta.
O transdutor é aplicado para possibilitar
a utilização de instrumentos pneumáticos e
eletrônicos na mesma malha. Eles são Na leitura de instrumentos analógicos
chamados incorretamente de conversores. com escala e ponteiro deve-se olhar
O transdutor serve de interface entre a perpendicularmente à escala, evitando o
instrumentação pneumática e a eletrônica. erro de paralaxe. O erro de paralaxe é
Como o elemento final de controle mais cometido quando se observa o ponteiro
usado é a válvula com atuador obliquamente e lê-se a maior em uma
pneumático, o transdutor I/P é usado escala crescente, quando se está à
principalmente para casar a esquerda do ponteiro e a menor, quando
instrumentação eletrônica de painel com a se está à direita do ponteiro.
válvula com atuador pneumático. O indicador digital possui números para
apresentar o valor da variável medida.
3.4. Apresentação do Sinal Quanto maior a quantidade de dígitos,
O elemento de apresentação do sinal maior é a resolução da medição e maior o
recebe o sinal da saída do condicionador e número de algarismos significativos
apresenta o mesmo para ser lido pelo indicado. O número de algarismos
operador. Ele é também chamado de significativos, porém, deve ser consistente
display ou readout. com a precisão do resto do sistema de
Este elemento pode ser do tipo display medição.
visual (indicador ou visor), registro gráfico Os indicadores digitais são classificados
(registrador) ou registro magnético em fita de acordo com o número de dígitos totais
ou disco (memória de massa de mostrados. Por exemplo, tem-se
computador). indicadores com 3 ou 4 dígitos. Cada um
O elemento de display deve ter destes dígitos pode assumir valores entre
1. resposta mais rápida possível, 0 a 9. Tem-se também instrumento com
2. impor o menor arraste possível no meio dígito. O meio dígito só pode assumir
sistema, valores de 0 ou 1. A vantagem de se usar
3. ter a mínima inércia e atrito. um instrumento com meio dígito são as
seguintes:
Indicador 1. tem-se um instrumento pouco mais
Indicador é o instrumento de medição caro que o de dígito inteiro, por
que mostra o valor instantâneo da variável exemplo, um instrumento de 3 ½
no seu display. O display pode ser dígitos tem aproximadamente o
analógico ou digital. mesmo custo que o de 3 dígitos,
O indicador analógico tem uma escala 2. pode-se estender a precisão de uma
fixa com um ponteiro móvel ou uma escala faixa em 100%, ou seja, pode-se
móvel e um ponteiro fixo. Quanto maior o medir com dois algarismos depois da

105
Instrumentos de Medição

vírgula até 19,99


(3 ½ dígitos e não apenas até 9,99
(3 dígitos). Tem-se a tendência errada de
Por exemplo, para se medir o valor de considerar qualquer indicador digital mais
10,024 V deve-se ter um instrumento com preciso e exato que o analógico. Como
5 dígitos. O de 4 dígitos faria a leitura de será visto, a precisão é um conceito
10,02. Porém, o instrumento com 4 ½ relacionado com a qualidade dos
dígitos pode fazer a leitura de 10,024 V, componentes e construção de um
mantendo leituras com 3 dígitos depois da instrumento e a exatidão está relacionada
vírgula até 19,999. Diz-se, então que o com a calibração. Assim, na prática, é
instrumento com 4 ½ dígitos possui um possível se ter indicador analógico mais
overrange (sobrefaixa) de 100% em exato e preciso que um digital. Estudos
relação ao de 4 dígitos, pois a relação de mostram que, psicologicamente, se cansa
leituras com três algarismos depois da menos e comete-se menos erros de
vírgula é de leituras quando se trabalha com
19,999/9,999 = 100% numerosas indicações digitais.
Do mesmo modo, tem-se instrumento
Visor
com 4 ¾ dígitos, com sobrefaixa de 200%
e onde o dígito de ¾ pode assumir valores O visor é usado para medir diretamente
de 0, 1 e 2. a vazão ou o nível. Os tags são FG e LG
respectivamente para vazão e nível.
O visor completo consiste da câmara,
vidro, gaxetas, tampas e parafusos.
O vidro é normalmente de borossilicato,
que pode agüentar até 230 oC e possui
boa resistência mecânica e ao choque
termal. O vidro pode também ser de vidro
Fig. 4.14. Escalas analógicas de indicação
de silício ou quartzo, quando pode operar
com temperatura de até 530 oC. A câmara
pode ser feita de vários materiais e pode
Na leitura do indicador digital não há
ter revestimentos de materiais compatíveis
problema de erro de paralaxe. Porém, é
com fluidos corrosivos. Os parafusos e as
possível se cometer erros de leitura,
tampas são metálicos, de materiais
quando os LEDs de indicação do dígito
compatíveis com o fluido, temperatura e
estão queimados. Por exemplo, o número
pressão.
8 pode se transformar em 0, quando o LED
Os visores de vazão oferecem um meio
central estiver queimado; o dígito 7 pode
simples e barato de ver o processo e
ser lido como 1, quando o LED superior
assegurar que o fluido esteja vazando,
esquerdo se queimar.
além de poder notar características do
processo, como cor, turbidez ou outra
propriedade que possa indicar alterações
no processo ou estragos no equipamento.
Seu uso é limitado na indústria. É difícil
estimar o valor da vazão e cria-se um
perigo se o vidro se quebrar. Eles são
usados geralmente para indicação local no
processo industrial.
O visor de nível mede diretamente o
nível de liquido dentro de um tanque. Ele
possui uma parede transparente, com uma
escala graduada e a leitura quantitativa do
nível é feita pela leitura direta do menisco
do liquido na escala. Ele é semelhante ao
visor de vazão, quanto às características
Fig. 4.15. Indicador digital de pressão físicas e materiais de construção.

106
Instrumentos de Medição

Registrador
O registrador é o instrumento que sente
uma variável de processo e imprime o
valor desta variável em um gráfico através Medidor Registro
analógico ou
de uma pena. Quanto ao local de Controle
montagem, registrador pode estar no
campo (local) ou na sala de controle
(remoto). Quanto ao modo do registro, o Medidor Conversor Registro
registrador pode ser continuo, com 1 a 4 digital D/A ou
Controle
penas, ou multiponto, com o registro
descontinuo de 6 ou 12 ou 24 pontos. O
formato do gráfico pode ser circular ou em Fig.4. 17. Registro e controle de variáveis
tira. O gráfico de tira pode ser em rolo ou
sanfonado. O acionamento do gráfico pode
ser mecânico, elétrico e raramente
pneumático.

Medidor
digital Contador

Medidor Conversor
analógico A/D Contador

Totalizador

Fig. 4.18. Contagem e totalização de variáveis

Fig. 4.16. Registrador de painel microprocessado,


gráfico de tira (Yokogawa)

O registro pode ser analógico ou digital


e pode ser visualmente indicado ou não.
Atualmente, o registrador está sendo
substituído, com vantagens, pelo
computador digital usado para a aquisição
de dados (data logger). O computador
digital utiliza suas vantagens inerentes de
alta velocidade, de grande capacidade de
armazenamento de dados, de
possibilidade de mostrar os gráficos em
telas de vídeo e de imprimir os dados em
formulários contínuos ou em plotadores.
A malha de registro é passiva e aberta.
A vazão pode também ser registrada no
local ou remotamente. O registro do gráfico
pode ser usado, posteriormente, para o
cálculo da totalização da vazão. Esta
totalização pode ser feita manualmente e
sem uso de outro instrumento ou pode se
utilizar o planímetro.

107
Instrumentos de Medição

Integrador-Totalizador
O integrador totaliza um sinal e a sua
indicação de saída é um contador. O FI
totalizador integra o sinal analógico, por
isso é chamado de integrador. Quando o
sinal é em pulsos, o totalizador conta os FT FQ 0 13 5 0 4
pulsos e por isso é chamado erradamente
de contador. O contador é a saída do
totalizador.
O totalizador pode receber sinais
analógicos ou digitais. O contador só pode
receber pulsos. Funcionalmente, quando o FE
integrador recebe um sinal analógico, ele o
converte para sinais de pulsos e conta os
pulsos. Quando o integrador recebe (a) Totalização de sinal analógico
diretamente pulsos, ele os escalona e os
conta. Pulso escalonado é aquele que já
possui um significado quantitativo do FT
volume, ou seja, o contador basta contá- 0 13 5 0 4
los e o display é o volume correto
acumulado.
Em instrumentação eletrônica é possível FE
fazer a contagem de pulsos sem erro,
usando circuitos digitais e bits de paridade. M
Mas isso não significa que a totalização é
isenta de erros, pois pode haver erros na (constante K)
conversão do sinal analógico para pulsos. (b) Totalização de pulsos escalonados
O medidor digital que gera pulsos também
Fig. 4.19. Sistema de totalização de vazão
pode cometer erros na geração destes
pulsos. Por exemplo, uma turbina
medidora de vazão que tenha uma palheta
do rotor quebrada, vai gerar pulsos com
freqüência proporcional à vazão medida
com um grande erro. Se o número total de
palhetas for quatro e uma estiver
quebrada, o erro é de 25% do valor
medido.

108
Instrumentos de Medição

4. Desempenho do Instrumento O sensor é tanto melhor quanto menos


influenciar a variável medida.
Para o instrumento desempenhar sua
4.1. Introdução função de indicação, registro ou controle, é
necessário converter o sinal de saída em
A medição é o processo experimental outro mais manipulável e conveniente, mas
de atribuir números para as propriedades preservando a informação contida no sinal
dos objetos ou eventos no mundo real, de original. O elemento de manipulação da
modo a descreve-los quantitativamente. A variável condiciona o sinal de saída do
medição é uma descrição das elemento sensor para que o instrumento
propriedades do objeto, não a descrição do desempenhe a sua função, preservando a
objeto. A medição é a comparação de uma natureza física da variável medida.
quantidade desconhecida com um valor O elemento de apresentação dos dados
padrão predeterminado adotado. O depende da função do instrumento:
resultado completo de uma medição inclui: indicação pelo conjunto ponteiro escala ou
1. um número que mostra quantas através de dígitos, registro pelo conjunto
vezes a unidade padrão está contida na pena gráfico, armazenamento em sistema
quantidade medida e digital.
2. a unidade de engenharia da A leitura feita pelo observador no
quantidade, elemento apresentador dos dados possui
3. a tolerância da medição, expressa erros inerentes aos equipamentos e ao
por limites de erro ou de incerteza. método da medição. Toda leitura
Mede-se uma variável de processo, apresenta erro e possui uma precisão.
direta ou indiretamente. O valor da variável A metrologia é a ciência da medição e é
medida deve ser apresentado na unidade considerada monótona e desinteressante
de engenharia e não em termos de por muitos técnicos. Porém, ela é
corrente elétrica, sinal pneumático ou necessária e felizmente existem
movimento mecânico. O processo que metrologistas para definir e monitorar os
inclui a variável medida possui outras padrões.
variáveis que podem influir e perturbar a
medição. Para se medir uma variável,
4.2. Características do Instrumento
todas as outras variáveis que interferem
nela devem ser mantidas constantes para As características de desempenho do
não haver erro. instrumento são importantes pois elas
O instrumentista confia na folha de constituem a base para a escolha do
especificação do fabricante onde estão instrumento mais apropriado para a
definidas a precisão e as características do aplicação especifica. O instrumento possui
instrumento e deve proceder corretamente características estáticas e dinâmicas.
para obter a medição confessável, Estático significa entradas e saídas
seguindo as instruções de operação e estacionárias e dinâmico quer dizer
entendendo corretamente os conceitos entradas e saídas não estacionárias. Um
básicos associados. sistema é chamado de estático se sua
O elemento sensor primário produz uma relação entrada/saída é independente da
saída que é função da variável medida, velocidade de variação da entrada. Todos
segundo uma lei matemática conhecida. A sistemas físicos eventualmente violam esta
saída do elemento sensor pode ser um definição quando a velocidade de variação
deslocamento mecânico ou uma variável da entrada aumenta. Assim, o termo
elétrica, como tensão, corrente, estático é usualmente acompanhado por
resistência, capacitância. O elemento uma limitação que especifica a faixa para a
sensor intrusivo sempre perturba a variável qual o sistema é estático, como a faixa de
medida, ou extraindo ou adicionando freqüência estendendo de zero até algum
energia. A quantidade medida é sempre valor limite. Por exemplo, uma mola
modificada pela medição, tornando mecânica opera com variação de entrada
impossível a medição perfeita e sem erro. lenta e relação força-deslocamento
constante. Em grandes variações da

109
Instrumentos de Medição

entrada, a massa da mola se torna um 4.3. Exatidão


fator importante e a mola não se comporta
mais como um dispositivo estático. Conceito
Um sistemas é chamado dinâmico se O autor traduz o termo accuracy como
sua relação entrada-saída depende da exatidão, embora já tenha sido criado o
taxa de variação da entrada. O sistema neologismo de acurácia. Exatidão é o grau
dinâmico tem armazenagem de energia e de conformidade de um valor indicado para
sua descrição requer mais de uma um valor padrão reconhecidamente aceito
equação diferencial. O tempo de resposta ou valor ideal. A exatidão medida é
de um sistema dinâmico é caracterizado expressa pelo desvio máximo observado
por sua constante de tempo e freqüência no teste de um instrumento sob
natural. Os sistemas de instrumentação determinadas condições e através de um
são dinâmicos, mas eles são projetados procedimento especifico. É usualmente
para ter constantes de tempo menores e medida como uma inexatidão e expressa
freqüências naturais maiores do que as do como exatidão.
sistema sendo medido. Por exemplo, em
um sistema de controle com realimentação Valor Verdadeiro
negativa, o tempo de resposta do elemento O valor verdadeiro é o valor real
sensor é projetado e selecionado de modo atribuído à quantidade. O valor verdadeiro
a ser muito mais rápido que o sistema da quantidade nunca pode ser achado e
medido. não é conhecido. O valor atribuído a uma
O comportamento transitório e dinâmico quantidade somente será conhecido com
de um instrumento é mais importante que o alguma incerteza ou erro. Na prática, o
estático. Os instrumentos raramente valor verdadeiro é substituído pelo valor
respondem instantaneamente às variações verdadeiro convencional, dado por um
da variável medida, mas exibem um instrumento de medição padrão disponível.
atraso, devido a várias causas, como a Por exemplo, se um medidor é
inércia da massa, a capacitância termal, considerado capaz de fornecer medições
elétrica e fluídica, a resistência de com erro menor que ±1% do valor medido,
transferência de energia. As características ele pode ser calibrado com um instrumento
dinâmicas do instrumento são: a com erros menores que ±0,1% do valor
velocidade de resposta, a confiabilidade, o medido, na mesma faixa. Neste caso, o
atraso e o erro dinâmico. Os instrumentos segundo instrumento fornece o valor
podem ter respostas dinâmicas de ordem verdadeiro convencional. A coluna do
zero (potenciômetro com deslocamento), algarismo significativo duvidoso do
primeira (termômetro com enchimento instrumento calibrado corresponde a um
termal) e segunda (balanço da mola). algarismo garantido no padrão de
As características estáticas são aquelas calibração., Algumas normas (p. ex.,
consideradas quando as condições do ANSI/ASQC M1-1987, American National
processo são constantes. Elas são Standard for Calibration Systems) e os
conseguidas através do processo de laboratórios de calibração (p. ex., NIST)
calibração do instrumento e incluem a recomendam (mas não exigem) que o
exatidão, rangeabilidade e precisão. A instrumento padrão deva ter um erro de 4 a
precisão possui os parâmetros 10 vezes menor que o instrumento a ser
constituintes de linearidade, repetitividade, calibrado.
reprodutibilidade e sensitividade. O objetivo de toda medição é o de obter
o valor verdadeiro da variável medida e o
erro é tomado como a diferença entre o
valor medido e o valor verdadeiro. A
exatidão é a habilidade de um instrumento
de medição dar indicações equivalentes ao
valor verdadeiro da quantidade medida. A
exatidão se relaciona com a calibração do
instrumento. Quando o instrumento perde
a exatidão e deixa de indicar a média

110
Instrumentos de Medição

coincidente com o valor verdadeiro, ele em expressar numericamente a


precisa ser calibrado precisão de modo a parecer que
seus produtos apresentam uma
precisão maior do que real ou maior
que a dos instrumentos concorrentes.
Precisão (precision) é o grau de
concordância mútua e consistente entre
várias medições individuais, principalmente
relacionada com repetitividade e
reprodutibilidade. A precisão é uma medida
do grau de liberdade dos erros aleatórios
do instrumento. A precisão é a qualidade
que caracteriza um instrumento de
medição dar indicações equivalentes ao
valor verdadeiro da quantidade medida. A
Grande precisão Pequena precisão precisão está relacionada com a qualidade
Pequena exatidão Grande exatidão
do instrumento. Quando o instrumento
deteriora a sua precisão, alargando a
dispersão de suas medidas do mesmo
valor, ele necessita de manutenção. A
manutenção criteriosa do instrumento,
utilizando peças originais e conservando o
projeto original não melhora a precisão
nominal do instrumento, fornecida pelo
fabricante quando novo mas evita que ela
se degrade e ultrapasse os limites
originais.
Pequena precisão Grande precisão Exatidão e Precisão
Pequena exatidão Grande exatidão
Fig. 4.20. Precisão e exatidão É tentador dizer que se uma medição é
conhecida com precisão, então ela é
também conhecida com exatidão. Isto é
perigoso e errado. Precisão e exatidão são
4.4. Precisão
conceitos diferentes.
A precisão é uma condição necessária
Conceito
para a exatidão, porém, não é suficiente.
A precisão é um dos assuntos mais Pode-se ter um instrumento muito preciso,
importantes da instrumentação, embora mas descalibrado, de modo que sua
seja mal entendido. Sua importância é medição não é exata. Mas um instrumento
grande pelos seguintes motivos: com pequena precisão, mesmo que ele
1. a medição precisa das variáveis de forneça uma medição exata, logo depois
processo é um requisito para um de calibrado, com o tempo ele se desvia e
controle eficiente, não mais fornece medições exatas. Para o
2. o termo é pobremente definido e instrumento ser sempre exato, é
muito mal interpretado. Em inglês, há necessário ser preciso e estar calibrado.
duas palavras accuracy e precision
que são traduzidas indistintamente
como precisão para o português.
3. os conceitos de precisão (precision e
accuracy), rangeabilidade
(rangeability ou turn down), aferição,
calibração e manutenção nem
sempre são bem definidos,
4. há a tendência de alguns fabricantes,
por má fé ou por desconhecimento,

111
Instrumentos de Medição

Por exemplo, a medição de temperatura


com erro de ±1 oC, tem a tolerância de 2
oC. A tolerância da freqüência, cujo erro
assimétrico é dado por +2% e -5% é de
7%. Quando um fabricante declara em sua
especificação que a resistência é de 100 Ω
e com limites de erro de ±0.1 Ω, a
tolerância é de 0,2 Ω.
No exemplo, em que o usuário compra
um lote de resistores de 100 Ω de um
fornecedor com tolerância de 0,4 Ω, haverá
um limite de ±0,2 Ω de cada lado de 100 Ω.
Quando ele medir a resistência de cada
resistor, a 20 oC, ele achará valores
Fig. 4.21. Expressão da precisão
diferentes entre si e do valor cotado pelo
fabricante de 100.0 Ω. Será obtida uma
faixa de valores tais como 99.8 - 99,9 -
Por exemplo, um relógio de boa 100.0 - 100,1 e 100.2 Ω distribuídos
qualidade é preciso. Para ele estar exato, aleatoriamente em torno de 100.0. Assim,
ele precisa ter sido acertado (calibrado) de conformidade com os limites de erro
corretamente. Desde que o relógio preciso combinados, ele deve rejeitar todos os
esteja exato, ele marcará as horas, agora e resistores com valores menores que 99.8 e
no futuro com um pequeno erro. Seja maiores que 100.2 Ω.
agora um relógio de má qualidade e O usuário do resistor tem duas
impreciso. Logo depois de calibrado, ele escolhas:
marcará a hora com exatidão, porém, com 1. ele pode projetar seu sistema de
o passar do tempo, a sua imprecisão fará medição usando o valor do fabricante
com ele marque o tempo com grandes de 100.0 Ω e aceitando que todos os
erros. Um instrumento impreciso é também resistores tenham desvios tolerados
inexato. Mesmo que ele esteja exato, com de ±0,2 ohm, e como conseqüência,
o tempo ele se afasta do valor verdadeiro e haverá um pequeno desvio no
dará grande erro. desempenho ideal projetado. Esta é
Outro exemplo é o odômetro de um a prática mais comum.
automóvel, que pode ter até seis 2. ele pode desenvolver um sistema de
algarismos significativos para indicar a medição muito preciso para medir
distância percorrida através da contagem cada resistência do lote e só usar as
de rotações do eixo. A exatidão de sua resistências com medidas iguais a
indicação depende de como as rotações 100,0 Ω. Isto teoricamente removeria
são contadas e de como as rotações o erro devido a incerteza da
refletem a distância percorrida. O contador resistência mas é demorado e caro.
pode não ter erros e ser exato porém a E também continua havendo uma
distância percorrida depende, dentre incerteza residual no valor da
outros fatores, do diâmetro e do desgaste resistência, devido à precisão
dos pneus. limitada da medição.
Tolerância Este fenômeno de dispersão dos
Tolerância é o máximo afastamento valores em torno de um valor esperado é
permissível de uma medição para o seu encontrado em qualquer lote de elementos
valor verdadeiro ou nominal. A tolerância é iguais. Variações significativas são
a faixa total que uma quantidade especifica encontradas em lotes de resistores,
é permitida variar. Numericamente, capacitores, termopares, termistores,
tolerância é a diferença algébrica entre o strain-gages. Porém, em qualquer caso,
valor máximo e mínimo dos limites de erros para um lote de elementos, pode-se dizer
permitidos. que os valores dos parâmetros estão

112
Instrumentos de Medição

estatisticamente distribuídos em torno do da variável, mantidas as mesmas


valor médio. condições. Quanto mais próximos
A variabilidade natural das medições é estiverem os valores das medições
devida: consecutivas da mesma entrada, maior é a
1. às diferenças de materiais e repetitividade do instrumento.
procedimentos empregados na A repetitividade é a proximidade entre
fabricado de um produto várias medições consecutivas da saída
2. à execução de uma calibração. A para o mesmo valor da entrada, sob as
tolerância pode ser melhorada mesmas condições de operação. É
usando-se vários pontos de usualmente medida como não
calibração. Fornecer a tolerância em repetitividade e expressa como
um ponto é inadequado, pois a repetitividade em % da largura de faixa. A
tolerância aumenta quando se afasta repetitividade não inclui a histerese.
do ponto de calibração. A repetitividade é um parâmetro
3. ao operador que faz a medição necessário para a precisão mas não é
4. às condições ambientais variáveis suficiente. O instrumento preciso possui
grande repetitividade, porém, o
4.5. Parâmetros da Precisão instrumento com alta repetitividade pode
ser inexato, por estar descalibrado.
Quando um fabricante define a precisão
Em controle de processo e atuação de
do instrumento, ele está realmente
chaves liga-desliga, a repetitividade é mais
definindo o erro máximo possível quando o
importante que a exatidão. Em sistemas de
instrumento estiver sendo usado sob
custódia, envolvendo compra e venda de
condições definidas. Para encontrar este
produtos, a repetitividade e a exatidão são
erro máximo, o instrumento é testado
igualmente importantes.
contra um padrão e a precisão de cada
ponto é calculada teoricamente. Reprodutibilidade
A precisão absoluta pode ser dada A reprodutibilidade é uma expressão do
apenas pela diferença entre o valor medido agrupamento da medição do mesmo valor
e o verdadeiro: da mesma variável sob condições
precisão = valor medido - valor diferentes (método diferente, instrumento
verdadeiro diferente, local diferente, observação
diferente), durante um longo período de
A precisão relativa é um parâmetro mais tempo.
útil e é expressa em percentagem e A perfeita reprodutibilidade significa que
definida pela relação: o instrumento não apresenta desvio, com o
valor medido - valor verdadeiro decorrer do tempo, ou seja, a calibração do
precisão = × 100%
valor verdadeiro instrumento não se desvia gradualmente,
depois de uma semana, um mês ou até um
O valor medido é o dado pelo ano.
instrumento e o valor verdadeiro é a leitura Pode-se também entender a
do instrumento padrão, com precisão muito reprodutibilidade como a repetitividade
maior que a do instrumento de medição. durante um longo período de tempo. A
reprodutibilidade inclui repetitividade,
Repetitividade
histerese, banda morta e drift.
A repetitividade é a habilidade de um
medidor reproduzir as leituras da saída
quando o mesmo valor medido é aplicado
a ele consecutivamente, sob as mesmas
condições de uso (mesma variável, mesmo
valor, mesmo método, mesmo instrumento,
mesmo local, mesma posição, mesmo
observador, mesmo ambiente de contorno)
e na mesma direção. A repetitividade é
calculada a partir de sucessivas medições

113
Instrumentos de Medição

Linearidade mecânico pode ser compensado e


A linearidade do instrumento é sua eliminado pela inspeção periódica e
conformidade com a linha reta de calibração do instrumento.
calibração. Ela é usualmente medida em A vantagem de se ter uma curva linear
não-linearidade e expressa como de calibração é que a leitura do
linearidade. instrumento se baseia somente um fator de
Quando a medição é não linear conversão. Quando a curva é não linear:
aparecem desvios da linha reta de 1. usa-se uma escala não-linear, com a
calibração. As formas mais comuns são: função matemática inversa
desvio de zero, desvio da largura de faixa (impossível em indicadores digitais),
e desvio intermediário, geralmente 2. incorpora-se um circuito linearizador
provocado pela angularidade ou pela antes do fator de conversão,
histerese. 3. usa-se uma lógica para avaliar a
Quando a medição é uma linha reta não relação não linear e gravam-se os
passando pela origem, o instrumento pontos na memória digital (ROM,
necessita de ajuste de zero. Em um PROM) do instrumento, fazendo-se a
sistema mecânico, o desvio de zero é linearização por segmentos de reta
usualmente devido ao deslize de um elo no ou por polinômios.
mecanismo. Ele pode ser corrigido pelo
reajuste do zero do instrumento. Em um
instrumento eletrônico, o desvio de zero é B% f.e.
causado por variações no circuito devidas 100
-A% v.m.
ao envelhecimento dos componentes,
mudanças nas condições de contorno, 75
Saída

como temperatura, umidade, campos


eletromagnéticos. Calibração
Quando a medição é uma linha reta, 50 ideal
passando pelo zero porém com inclinação Tolerância total
diferente da ideal, o instrumento necessita 25
de ajuste de largura de faixa ou de ganho.
Ponto em que A% do vm = B% f.e.
Um desvio de largura de faixa envolve uma
variação gradual na calibração, quando a
0 25 50 75 100
medição se move do zero para o fim da
Entrada
escala. Pode ser causada, em um sistema
mecânico, pela variação na constante da
mola de uma das partes do instrumento.
Em um instrumento eletrônico, o desvio de Fig.4.22. Expressão da linearidade
largura de faixa pode ser provocado, como
no desvio do zero, por uma variação da Sensitividade
característica de algum componente.
Sensitividade é a relação da variação do
Quando a medição se afasta da linha
valor de saída para a variação do valor de
reta e os valores da medição aumentando
entrada que a provoca, após se atingir o
são diferentes dos valores tomados com a
estado de regime permanente. É expressa
medição decrescendo, o instrumento
como a relação das unidades das duas
apresenta erro de histerese. Tais erros
quantidades envolvidas. A relação é
podem ser provocados por folgas e
constante na faixa, se o instrumento for
desgastes de peças ou por erros de
linear. Para um instrumento não-linear,
angularidade do circuito mecânico do
deve-se estabelecer o valor da entrada. O
instrumento. O desvio intermediário
inverso da sensitividade é o fator de
envolve um componente do instrumento,
deflexão do instrumento.
alterando sua calibração. Isto pode ocorrer
O termo sensitividade pode ser
quando uma parte mecânica é super
interpretado como a deflexão do ponteiro
forçada ou pela alteração da característica
do instrumento dividida pela
de um componente eletrônico. O desvio no
correspondente alteração do valor da
instrumento eletrônico ou pneumático-

114
Instrumentos de Medição

variável. Por exemplo, se a parte usável Zona Morta


da escala é 10 cm, a sensitividade do O efeito da zona morta aparece quando
voltímetro é 10 cm/200 volts ou 0,05 a medição cai nas extremidades das
cm/volt. É obvio que este indicador tem escalas. Quando se mede 100 volts,
dificuldades para indicar voltagens começando de 0 volt, o indicador mostra
menores que 0,5 volt ou entre 150 e 150,5 um pouco menos de 100 volts. Quando se
volts. Quando se quer indicar 0,05 volts, mede 100 volts, partindo de 200 volts, o
um medidor com uma faixa de 1 volt seria ponteiro marca um pouco mais de 100
a solução. A sensitividade, agora, é 10 volts. A diferença das indicações obtidas
cm/volt; um sinal de 0,05 volt produziria quando se aproxima por baixo e por cima é
uma deflexão na indicação de 0,5 cm. a zona morta. O erro de zona morta é
A sensitividade pode ser também a devido a atritos, campos magnéticos
habilidade de um instrumento responder e assimétricos e folgas mecânicas.
detetar a menor variável na medição de Rigorosamente zona morta é diferente de
entrada. Neste caso, ela é também histerese, porém, a maioria das pessoas
chamada de resolução ou de consideram zona morta e histerese o
discriminação. Não há correlação entre a mesmo fenômeno.
sensitividade e o erro. Na prática, a aplicação repentina de
uma grande voltagem pode causar um erro
de leitura, pois o ponteiro produz uma
Instrumento linear ultrapassagem (overshoot), oscila e
estabiliza em um valor. Se a última
oscilação ocorreu acima do valor, a
Saída qo

∆qo Sensitividade = ∆qo/∆qi indicação pode ser maior que o valor


verdadeiro; se ocorreu abaixo do valor, a
∆qi indicação pode ser menor que o valor
Entrada qi
verdadeiro. O bom projeto do instrumento
e o uso de materiais especiais para
suportes, magnetos e molas, pode reduzir
a zona morta. Um modo efetivo para
diminuir o efeito da zona morta é tomar
várias medições e fazer a média delas.
Tempo de Resposta
A tempo de resposta é o intervalo que o
Saída qo

Instrumento não linear


instrumento requer para responder a um
sinal tipo degrau aplicado à sua entrada. O
tempo de resposta é desprezível quando o
Entrada qi
sinal varia lentamente. Porém, quando o
sinal varia rapidamente e continuamente, o
ponteiro fica oscilando e nunca fica em
Fig. 4.23. Expressão da sensitividade equilíbrio, impedindo a leitura exata da
indicação. O tempo de resposta depende
da massa do ponteiro, resistência da mola
de retorno e da criação e desaparecimento
do campo magnético. O olho humano
também tem dificuldade de acompanhar
variações muito rápidas do ponteiro.
Os artifícios para diminuir o tempo de
resposta do indicador incluem a diminuição
do ponteiro, uso de materiais mais leves,
molas com menores constantes, uso de
displays eletrônicos sem ponteiros
(digitais).

115
Instrumentos de Medição

Confiabilidade simplesmente que a incerteza para uma


Os instrumentos de medição podem dada medição foi reduzida até um valor
falhar, deixar de operar, operar menor que um número predeterminado. A
intermitentemente ou degradar incerteza é normalmente expressa por uma
prematuramente seu desempenho quando faixa ou limites de confiabilidade, dentro da
exposto a condições desfavoráveis de qual é altamente provável que os
temperatura, pressão, umidade, fungos, resultados da medição estejam.
frio, maresia, vibração e choque mecânico. A confiabilidade da medição inclui o
Instrumento confiável é estável, autentico e intervalo de tempo durante o qual o
garantido. Esta expectativa de instrumento permanece calibrado. Ela é
confiabilidade pode parecer subjetiva, comumente somada e expressa em MTBF
porém, a confiabilidade pode ser definida, (mean time between failures - tempo médio
calculada, testada e verificada. entre falhas).
Confiabilidade é a probabilidade de um O termo falha não significa
instrumento executar sua função prevista, necessariamente o desligamento completo
durante um período de tempo especificado do instrumento, mas que o instrumento
e sob condições de operação deixou de manter sua especificação de
determinados. A função pretendida erro. O instrumento que requer calibrações
identifica o que constitui o não muito freqüentes é pouco confiável, porque
desempenho ou falha do instrumento. O apresenta problema estrutural, ou está mal
período especificado pode variar de uma aplicado ou é de má qualidade. Quando a
operação instantânea (fusível, disco de indicação de um instrumento se afasta do
ruptura) ou operações que duram anos valor verdadeiro, sua calibração está
ininterruptos. O desempenho sob variando com o tempo e sua
condições estabelecidas refere-se às reprodutibilidade piora.
condições de operação e do ambiente. As É difícil estimar a confiabilidade de
condições operacionais podem depender dados experimentais. Mesmo assim, se
do tipo do instrumento mas devem ser pode fazer tais estimativas porque dados
completamente identificadas. As condições de confiabilidade desconhecida são inúteis.
de operação e do ambiente não podem Resultados que não especialmente exatos
causar ou contribuir para o aparecimento podem ser valiosos se os limites de
de falhas. incerteza são conhecidos.
Medições confiáveis devem ser válidas, Infelizmente, não há método simples
precisas, exatas e consistentes, por para determinar a confiabilidade dos dados
definição e verificação. Medidas válidas com certeza absoluta. Às vezes, é tão
são feitas por procedimento corretos, trabalhoso garantir a qualidade dos
resultando no valor que se quer medir. resultados experimentais, quanto coleta-
Medidas precisas são repetitivas e los. A confiabilidade pode ser avaliada de
reprodutivas, com pouca dispersão em diferentes modos. Padrões com certeza
torno do valor esperado. Medidas exatas conhecida são usados para comparações
estão próximas do valor verdadeiro ideal. e calibrações. A calibração de
Medidas consistentes são aquelas cujos instrumentos aumenta a qualidade dos
valores ficam cada vez mais próximos do dados. Testes estatísticos são aplicados
valor verdadeiro, quando se aumenta o aos dados. Nenhuma destas opções é
número de medições replicadas. perfeita e, no fim, sempre deve-se fazer
O metrologista, pessoa que procura julgamentos para a exatidão provável dos
fazer medições com a máxima exatidão e resultados.
precisão, parece ter uma interpretação Uma das primeiras questões a levantar
filosófica de confiabilidade. Em sua antes de fazer a medição é: qual é o
determinação de constantes fundamentais, máximo erro tolerado no resultado? A
ele procura um valor verdadeiro mais resposta a esta questão determina quanto
fisicamente possível. O instrumentista no tempo se gastará na análise dos dados.
campo ou no laboratório, tem um enfoque Por exemplo, um aumento de 10 vezes na
operacional e procura o melhor valor confiabilidade pode resultar em horas, dias
pratico possível. Melhor implica ou semanas de trabalho adicional.

116
Instrumentos de Medição

Ninguém pode pretender gastar tempo 2. conjuntos modulares substituíveis,


gerando medições que sejam mais 3. pontos de testes estrategicamente
confiáveis que o necessário. localizados,
4. auto-diagnose dos defeitos,
Estabilidade
5. identificação clara das peças na
O desempenho de um instrumento de documentação e no instrumento,
medição varia com o tempo. Geralmente, a 6. padronização e disponibilidade dos
exatidão do instrumento se degrada com o componentes reservas,
tempo. As especificações fornecidas pelo 7. número limitado de ferramentas e
fabricante se referem a um instrumento acessórios de suporte,
novo, recém calibrado e testado nas 8. compatibilidade e intercambiabilidade
condições de laboratório, que são muito de instrumentos e peças,
mais favoráveis que as condições reais de 9. facilidade de manuseio, transporte,
processo. A estabilidade do medidor é sua armazenamento,
habilidade de reter suas características de 10. documentação técnica, marcações e
desempenho durante um longo período de etiquetas completas e claras.
tempo. A estabilidade pode ser expressa
como taxa de desvio (drift rate), 4.6. Especificação da Precisão
tipicamente em % por ano ou ±unidade por
ano. A precisão industrial de um instrumento
A estabilidade do instrumento é um pode ser expressa numericamente de
parâmetro básico para a determinação dos vários modos diferentes:
intervalos de calibração do instrumento. 1. percentagem do fundo de escala da
medição,
Facilidade de Manutenção 2. percentagem do limite superior da
Nenhum instrumento opera todo o capacidade do instrumento
tempo sem falha ou com o desempenho 3. percentagem da largura de faixa da
constante. Todo instrumento, por melhor medição,
qualidade que tenha, mesmo que não 4. percentagem do valor real medido,
tenha peças moveis, em algum tempo 5. unidade de engenharia da variável.
necessita de alguma inspeção e Mesmo que os valores numéricos sejam
manutenção. Normalmente, todas as iguais para um determinado valor da
plantas possuem programas estabelecidos medição, a classe de precisão do
de manutenção preventiva e preditiva. instrumento pode ser diferente ao longo de
Mesmo assim, freqüentemente, o toda a faixa. Por exemplo, o instrumento A,
instrumento requer manutenção corretiva. com precisão de ±1 % do fundo de escala
O instrumento microprocessado tem desempenho de precisão diferente do
(inteligente) possui a característica de instrumento B, com precisão de ±1 % do
auto-diagnose, quando ele informa ao valor medido, ambos calibrados para medir
operador o afastamento do desempenho 0 a 10 L/s. O erro da medição é igual
do desejado. somente para a vazão de 10 L/s, quando o
A facilidade de manutenção de um valor medido é igual ao fundo da escala.
instrumento pode ser quantitativamente
calculada como o tempo médio gasto para Percentagem do Fundo de Escala
seu reparo. A combinação do tempo médio Os medidores que possuem os erros
entre falhas (MTBF) e o tempo médio para devidos ao ajustes de zero e de largura de
reparo (MTTR) dá a disponibilidade do faixa possuem a precisão expressa em
instrumento. Instrumento muito disponível percentagem relativa ao fundo de escala.
é aquele que raramente se danifica Os instrumentos com erro dado em
(grande tempo médio entre falhas) e percentagem do fundo de escala
quando isso ocorre, seu reparo é rápido apresentam um erro absoluto constante
(pequeno tempo médio para reparo). (valor da percentagem vezes o fundo da
As condições que facilitam a escala) e o erro relativo aumenta quando a
manutenção incluem: medição diminui.
1. acesso fácil,

117
Instrumentos de Medição

Esta classe de instrumentos aparece Percentagem da largura de faixa


principalmente na medição de vazão e um Quando a faixa de medição se refere a
exemplo é o erro da placa de orifício em zero, as precisões referidas à largura de
percentagem do fundo de escala. faixa e ao fundo de escala são idênticas.
Quando a faixa de medição é com zero
Tab.4.1. Erros de instrumento com imprecisão % do elevado, a largura de faixa é maior que o
F.E. valor do fundo de escala e quando a faixa
de medição é com zero suprimido, a
Vazão Erro absoluto Erro relativo
L/s L/s % largura de faixa é menor que o valor do
100 1 1 fundo de escala.
50 1 2 Numericamente, na medição de 0 a 100
oC, as precisões de ±1% do fundo de
30 1 3
10 1 10 escala e ±1% da largura de faixa são
1 1 100 ambas iguais a ±1 oC.
Para uma faixa de 20 a 100 oC, o erro
de ±1% do fundo de escala é de ±1 oC,
Por exemplo, na medição da vazão de 0 porém, o erro de ±1% da largura de faixa é
a 100 L/s, com a precisão de 1% do fundo de ±0,8 oC.
de escala, o erro absoluto é igual a 1% x Para uma faixa de -20 a 100 oC, o erro
100 = 1 L/s mas o erro relativo aumenta de ±1% do fundo de escala ainda é ±1 oC,
hiperbolicamente (sentido rigoroso e não porém, o erro de ±1% da largura de faixa é
figurado). Nesta aplicação, para se ter um de ±1,2 oC.
erro menor que 3%, deve-se medir apenas Em faixas com zero elevado ou zero
vazões acima de 30 L/s. suprimido não se deve expressar a
Percentagem do limite superior do precisão em percentagem do fundo de
instrumento (URL) escala, mas sim de largura de faixa. Por
exemplo, na medição de
Atualmente, por causa do rigor
-100 a 0 oC, o erro em fundo de escala se
metrológico dos usuários, os fabricantes
refere a 100 e não a 0 oC.
também expressam a incerteza dos
instrumentos em percentagem do limite Percentagem do Valor Medido
superior do instrumento (URL - upper Os medidores que possuem somente os
range limit ou URV - upper range value). É erros devidos ao ajustes de largura de
uma filosofia mais realista, pois expressa a faixa e não possuem erros devidos aos de
incerteza do instrumento em função de zero, pois a condição de zero é
suas características de fabricante e não de exatamente definida, possuem a precisão
suas características de aplicação. A expressa em percentagem do valor
incerteza de uma capsula de transmissor medido. Os instrumentos com erro dado
deve ser função de como ela foi construída em percentagem do valor medido
e não de como ela é calibrada para uso. apresentam um erro relativo constante
Como exemplo numérico, se uma cápsula (valor definido pela qualidade do
é feita para medir de 0 a 10 000 mm H20, instrumento) e o erro absoluto aumenta
sua imprecisão deve estar associada a quando a medição aumenta.
esta capacidade. Se a imprecisão for de Por exemplo, seja a medição da vazão
0,1% desta faixa, sua incerteza é de 10 de 0 a 100 L/s, com a precisão de 1% do
mm H20, quer ela seja calibrada para faixa valor medido. O erro relativo da medição
de 0 a 100 ou 0 a 1000 ou 0 a 10 000 mm vale sempre ±1%. Porém, o erro absoluto
H20. Obviamente, o erro relativo para a depende do valor medido. O erro absoluto
faixa calibrada de 0 a 100 é de 10%, para aumenta linearmente com o valor da
a faixa de 0 a 1000 é de 1% e somente medição feita. Teoricamente, este
para a faixa de 0 a 10 000 mm H20 o erro é instrumento teria uma rangeabilidade
de 0,1%, o nominal. infinita, porém, na prática, ela é
estabelecida como de 10:1.

118
Instrumentos de Medição

100 100 100


Tab. 4.2. Erros de instrumento com imprecisão % do 90
90
V.M. 80
80 90 70
Vazão Erro absoluto Erro relativo
L/s L/s % 60
70
100 1 1 80 50
60
50 0,5 1 10 :1 3 :1 30 :1 40
30 0,3 1 50 70
30
10 0,1 1 40
60 20
1 0,01 1
30
50
10
20
40
10 30
Unidade de Engenharia 20
0 0 0
É possível ter a precisão expressa na
forma do erro absoluto dado em unidades Linear Raiz Quadrática Logaritmica
de engenharia. Como o erro absoluto é
constante, o erro relativo se comporta Fig. 4.24. Escalas linear, raiz quadrática e
como o erro do instrumento com logarítmica, com diferentes rangeabilidades
percentagem do fundo de escala. Por
exemplo, no termômetro com erro absoluto
de ±1 oC, independente da medição, o erro Para expressar a faixa de medição
relativo aumenta quando a medição adequada do instrumento define-se o
diminuir, exatamente como no instrumento parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade
com percentagem do fundo de escala. é a relação da máxima medição sobre a
mínima medição, dentro uma determinada
precisão. Na prática, a rangeabilidade
4.7. Rangeabilidade
estabelece a menor medição a ser feita,
Tão importante quanto à precisão e depois que a máxima é determinada. A
exatidão do instrumento, é sua rangeabilidade está ligada à relação
rangeabilidade. Em inglês, há duas matemática entre a saída do medidor e a
palavras, rangeability e turndown para variável medida. Instrumentos lineares
expressar aproximadamente a extensão de possuem maior rangeabilidade que os
faixa que um instrumento pode medir medidores quadráticos (saída do medidor
dentro de uma determinada especificação. proporcional ao quadrado da medição).
Usamos o neologismo de rangeabilidade Na medição de qualquer quantidade se
para expressar esta propriedade. escolhe um instrumento pensando que ele
tem o mesmo desempenho em toda a
faixa. Na prática, isso não acontece, pois o
comportamento do instrumento depende
do valor medido. A maioria dos
instrumentos tem um desempenho pior na
medição de pequenos valores. Sempre há
um limite inferior da medição, abaixo do
qual é possível se fazer a medição, porém,
a precisão se degrada e aumenta muito.
Por exemplo, o instrumento com
precisão expressa em percentagem do
fundo de escala tem o erro relativo
aumentando quando se diminui o valor
medido. Para estabelecer a faixa aceitável
de medição, associa-se a precisão do
instrumento com sua rangeabilidade. Por
exemplo, a medição de vazão com placa
de orifício, tem precisão de ±3% com

119
Instrumentos de Medição

rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão 4.8. Precisão Necessária


da medição é igual ao menor que 3%
apenas nas medições acima de 30% e até Instrumentos de Processo
100% da medição. Pode-se medir valores Quando se faz o projeto de uma planta,
abaixo de 30%, porém, o erro é maior que o projetista deve estabelecer as precisões
±,3%. Por exemplo, o erro é de 10% dos instrumentos compatíveis com as
quando se mede 10% do valor máximo; o especificações do produto final. Nem
erro é de 100% quando se mede 1% do sempre isso é feito com critério técnico,
valor máximo. pois essa definição requer conhecimentos
Não se pode medir em toda a faixa por de projeto, processo, instrumentação,
que o instrumento é não linear e tem um controle e estatística.
comportamento diferenciado no início e no Por insegurança, há uma tendência
fim da faixa de medição. Geralmente, a natural de se estabelecer as classes de
dificuldade está na medição de pequenos precisão maiores possíveis, sem nenhum
valores. Um instrumento com pequena critério consistente com os resultados
rangeabilidade é incapaz de fazer finais e até sem saber se o instrumento
medições de pequenos valores da variável. com tal precisão é comercialmente
A sua faixa útil de trabalho é acima de disponível. Por exemplo, pretender que
determinado valor; por exemplo, acima de uma indicação de temperatura tenha
10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33% incerteza de ±0,1 oC, quando o processo
(3:1). requer incerteza de ±1 oC implica, no
Em medição, a rangeabilidade se aplica presente, custo mais elevado do indicador
principalmente a medidores de vazão. e, no futuro, problemas na operação da
Sempre que se dimensiona um medidor de instrumentação com recalibrações
vazão e se determina a vazão máxima, freqüentes e desnecessárias do
automaticamente há um limite de vazão instrumento.
mínima medida, abaixo do qual é possível Mesmo depois de se especificar o
fazer medição, porém, com precisão instrumento, não se tem o rigor de verificar
degradada. se o instrumento comprado e recebido está
Em controle de processo, o conceito de conforme com a precisão especificada. Às
rangeabilidade é também muito usado em vezes, compra-se o instrumento com
válvulas de controle. De modo análogo, precisão pior que a necessária e haverá
define-se rangeabilidade da válvula de problemas futuros com a especificação do
controle a relação matemática entre a produto. Também é freqüente comprar
máxima vazão controlada sobre a mínima instrumento com precisão melhor que a
vazão controlada, com o mesmo necessária. Neste caso, além do obvio
desempenho. A rangeabilidade da válvula custo mais elevado, haverá problemas
está associada à sua característica técnicos de especificação do produto, pois
inerente. Na válvula linear, cujo ganho é a tentativa de se obter um controle melhor
uniforme em toda a faixa de abertura da que o necessário é uma causa de perda de
válvula, sua rangeabilidade é cerca de controle. Também não há uma
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e preocupação de se ter instrumentos com
precisão que se tem para medir e controlar precisões iguais em uma malha de
100% da vazão, tem se em 10%. A válvula medição ou no sistema total de controle. A
de abertura rápida tem uma ganho muito precisão de uma malha de instrumentos é
grande em vazão pequena, logo é instável sempre pior que a precisão do instrumento
o controle para vazão baixa. Sua da malha de pior precisão. Assim, haverá
rangeabilidade vale 3:1. A válvula com desperdício de dinheiro na compra de
igual percentagem, cujo ganho em vazão instrumentos com precisão além da
baixa é pequeno, tem rangeabilidade de necessária.
100:1.

120
Instrumentos de Medição

Instrumentos de Teste e Calibração medições feitas com os instrumentos


A partir da classe de precisão dos calibrados é de ±2n% (±n% devidos
instrumentos de medição e controle da ao instrumento em si mais ±n%
planta, o pessoal de metrologia e de devidos ao padrão de calibração.)
instrumentação deve montar um Estas comparações feitas entre as
laboratório de calibração e aferição com classes de precisão dos instrumentos de
padrões e instrumentos de referência para medição com os instrumentos padrão de
calibrar os instrumentos de processo. Os trabalho se aplicam exatamente para as
instrumentos de aferição e calibração outras interfaces da escada de
devem ter classe de precisão consistente rastreabilidade da calibração, como entre
com a dos instrumentos a serem aferidos e padrões de trabalho e padrões de
calibrados. Por exemplo, recomenda-se laboratório, entre padrões de laboratório e
que o instrumento padrão tenha incerteza padrões externos secundários,
de 4 vezes a 10 vezes menor que a do sucessivamente até chegar aos padrões
instrumento calibrado. nacionais e internacionais.
É freqüente a modernização dos
instrumentos de medição e controle da 4.9. Relação entre padrão e
planta, por exemplo, passando de instrumento
instrumentação pneumática para eletrônica
A calibração correta de um instrumento
analógica, de eletrônica analógica para
requer um padrão rastreado. A primeira
digital e até de pneumática para eletrônica
questão que aparece é: qual deve ser a
digital. Nestas trocas de instrumentação, a
relação entre as precisões do instrumento
classe de precisão pode aumentar de
e do padrão?
fatores de 10 e até de 100. Nestas
A relação típica varia de 1:1 a 10:1.
situações, é obrigatória a modernização e
Uma alta relação (10:1) entre o padrão e o
melhoria dos instrumentos de teste e de
item calibrado (instrumento ou padrão
calibração.
inferior) irá fornecer um alto grau de
Tudo se resume a uma questão de
confiança da medição. Por outro lado, uma
consistência:
baixa (1:1) irá refletir um baixo grau de
1. O ideal é ter instrumentos de
confiança da medição. O erro de medição
processo com classe de precisão ±
potencial pode ser minimizado com a
n% e instrumentos de teste e
seleção adequada de relações entre o
calibração com classe de ±0,n% (10 padrão de calibração e o instrumento de
vezes melhor), pois a incerteza do medição e teste.
padrão não passa para o instrumento Embora nenhuma norma obrigue,
calibrado. sempre que possível, a seleção das
2. Quando a precisão dos instrumentos
relações de precisão entre o comparador e
de processo tem classe de precisão o item que está sendo calibrado deve ser
de ±0,n% e os instrumentos de maior que 2:1 e preferivelmente maior que
calibração e teste tem classe de ±n% 4:1.
(10 vezes pior), tem-se a situação Uma relação de precisões de 1:1 reflete
ridícula onde o padrão é pior que o uma área de 1% de incerteza e portanto
instrumento sendo calibrado. A todas as medições que caem dentro de
incerteza de ±n% passa para os uma faixa de tolerância do item irão ficar
instrumentos de medição durante a na área da incerteza. Não se tem dúvida
calibração. Não adiantou nada para rejeitar um valor medido para estes
investir muito dinheiro no instrumento itens onde a medição cai fora das
de medição e não investir no tolerâncias permitidas.
instrumento de calibração. É importante notar que a relação de
3. Quando a precisão dos instrumentos incertezas de 1:1 pode ou não indicar que
de processo tem classe de precisão os itens calibrados sob estas condições
de ±n% e os instrumentos de estão de conformidade com as tolerâncias
calibração e teste tem classe de ±n% prescritas. Uma relação de incertezas de
(iguais), a incerteza final das 1:1 pode não fornecer a confiança

121
Instrumentos de Medição

necessária para a medição. Além disso, Relação entre tolerância do instrumento


ela pode requerer ações corretivas e e tolerância do produto:
aumentar os custos da qualidade. Uma
relação de precisões de 4:1 reflete uma PT 0,005"
área de aceitação de 75% e uma área de R= =
M & TAT 0,001"
incerteza de 25%. Uma relação de
precisões de 10:1 reflete uma área de
aceitação de 90% e uma área de incerteza = 5:1 (nominal) = relação
de 10%. O uso da relação 10:1 ou maior
irá fornecer uma maior confiança na Relação entre padrão secundário da
medição e reduzirá o erro potencial da medição e equipamento de teste e
medição. medição:
Quando as medições caem dentro da
área de aceitação, a confiança da medição M & TAT 0,001"
R= =
pode ser alcançada. Porém, quando as SAT 0,0001"
medições caem dentro da área da
incerteza, uma decisão para aceitar ou = 10:1 (nominal) = relação
rejeitar uma medição pode ser
questionável. Relação entre padrão primário e padrão
Equipamento de medição com um alto secundário:
nível de precisão irá ajudar grandemente o
técnico em tomar a decisão correta e SAT 0,000 1"
aceitar ou rejeitar leituras medidas. R= =
O técnico deve assegurar que as PAT 0,000 004"
relações de precisões entre o instrumento
de medição e teste e a tolerância do = 25:1 (nominal) = relação
produto e entre o padrão e o instrumento
são adequadas para o objetivo pretendido.
Uma relação maior que 4:1 é aceitável. Tolerância do item = ± 0,001”
Porém, uma relação de 10:1 ou maior é Discriminação do comparador:
recomendada, sempre que possível.
Quando as medições caem dentro da área Tolerância ( ± ) T 0,001"
de incerteza, uma decisão deve ser = = = 0,001"
Relação R 1
tomada com relação ao impacto nas
condições de fora de tolerância.
Os fatores para determinar as relações
de precisões são:
R = relação
TP = tolerância do produto
M&TAT = tolerância da precisão do
equipamento de medição e teste
SAT = tolerância da precisão do padrão
secundário
PAT = tolerância da precisão do padrão
primário
Seleção da relação
a. Tolerância do produto do fabricante
= 0,005”
b. M&TAT = 0,001”
c. SAT = 0,000 1”
d. PAT = 0,000 004”

122
Instrumentos de Medição

Relação 1:1 Relação 4:1

Tolerância do item = ± 0,001”


Discriminação do comparador:
Comparador
0,001 0,001 Tolerância ( ± ) T 0,001"
= = = 0,000 25"
Relação R 4

Tolerância
-
+
Área de 0,001” 0,001”
incertez 0,00025”
0,0015”

0
Linha vertical acima do zero
representa o tamanho nominal de
Área de incerteza
t í ti Área de aceitação
Fig. 4.26. Exemplo de uma relação 1:1

Comentários:
1. A área de incerteza é igual à Fig. 4.27. Exemplo de uma relação 4:1
precisão do comparador. No
caso, a área de incerteza é total
e a área de aceitação é zero. Comentários:
2. Todas as medições caem na 1. A área de incerteza é igual à
área de incerteza e sempre deve precisão do comparador.
se considerar o seu impacto nas 2. Quando as medições caem na área
tolerâncias permitidas. de incerteza, deve-se verificar o seu
3. Por exemplo, uma tolerância impacto nas tolerâncias permitidas.
permissível para um diâmetro de 3. Por exemplo, uma tolerância
1 “ é ±0,001”: permissível para um diâmetro de 1 “
a) Medição real: 1,001’ é ±0,001”:
b) Área de incerteza: a) Medição real: 1,001’
0,001” b) Área de incerteza:
c) Discriminação permitida 0,000 25”
±0,001” c) Discriminação permitida
4. Deste modo, a medição é ±0,000 25”
considerada estar entre 1,099” e d) Deste modo, a medição é
1,001” considerada estar entre
Conclusão: a medição pode ser aceita 1,000 75” e 1,00125”
em 1,099” ou rejeitada em 1,001”. Conclusão: a medição pode ser aceita
em 1,000 75” ou rejeitada em 1,00125”.

123
Instrumentos de Medição

Relação 10:1
Tab.4.3. Relações de incertezas entre tolerâncias do
Tolerância do item = ± 0,001” produto e o instrumento de medição e teste
Discriminação do comparador:
Discriminação
Relação Área de Área de
Tolerância ( ± ) T 0,001" do comparador incerteza aceitação
= = = 0,000 1"
Relação R 10 1:1 0,001 000” 100% 0%
2:1 0,001 500” 50% 50%
3:1 0,001 333” 33% 67%
Comparador
4:1 0,001 250” 25% 75%
0,001” 0,001” 5:1 0,001 200” 20% 80%
6:1 0,001 167” 16% 84%
0,0018”
7:1 0,001 143” 14% 86%
8:1 0,001 125” 13% 87%
0,001” 9:1 0,001 110” 11% 89%
0,001”
10:1 0,000 100” 10% 90%
50:1 0,000 020” 2% 98%
100:1 0,000 010” 1% 99%

Área de Área de
aceitação incerteza

As condições de fora de tolerância do


padrão e do instrumento são colocadas em
três categorias gerais:

Relação Impacto nas exigências da precisão


Fig. 4.28. Exemplo de uma relação 10:1 padrão e
/intrumento

Comentários: 4:1 a 10:1 A adequação do padrão e instrumento


1. A área de incerteza é igual à ou maior será mantida satisfatoriamente.
precisão do comparador. Nenhuma ação é necessária.
2. Quando as medições caem na área 2:1 a menor Quando a precisão do instrumento
de incerteza, deve-se verificar o seu que 4:1 deteriora da condição A para B,
impacto nas tolerâncias permitidas. investigar os fatores aplicáveis abaixo.
3. Por exemplo, uma tolerância Relação Quando a precisão do instrumento
permissível para um diâmetro de 1 “ menor que deteriora para a condição C, há um
é ±0,001”: 2:1 grande impacto nas exigências de
Medição real: 1,001’ precisão do padrão e instrumento.
Área de incerteza: 0,000 1” Está é uma condição importante que
Discriminação permitida ±0,000 1” requer ação corretiva imediata.
Deste modo, a medição é Investigar todos os fatores mostrados
considerada estar entre 1,000 9” e abaixo.
1,001 1”
Conclusão: a medição pode ser aceita
em 1,000 9 ” ou rejeitada em 1,0011”.

124
Instrumentos de Medição

10:1

9:1

8:1

7:1 Área de
Área de
aceitação
incerteza
6:1

5:1

4:1

3:1

2:1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fig. 4.29. Curva representativa para uma tolerância de produto de 0,001”

125
Instrumentos de Medição

Não se pode relaxar a inspeção, pois


4.10. Projeto, Produção e Inspeção assim ela perderia sua validade. Porém, as
especificações das tolerâncias devem ser
A especificação de produto ou
estabelecidas com critério técnico,
instrumento envolve as áreas de projeto,
resultando em produtos usáveis e
produção e inspeção. O projetista pensa
economicamente viáveis.
no produto ideal, o homem da produção
Quando se tem tolerâncias pequenas
quer a máxima produção possível e o
que são desrespeitadas sem nenhuma
inspetor julga se o produto final está dentro
conseqüência grave, cria uma cultura
das especificações nominais. Cada uma
nociva de falta de respeito a
dessas pessoas tem uma visão diferente
especificações por parte do pessoal de
da tolerância da especificação do produto.
produção e inspeção. Às vezes, é
O projetista trata de condições ideais,
importante que as especificações criticas
assumindo instrumentos e equipamentos
sejam cumpridas. Se o pessoal da
novos, operadores bem treinados,
inspeção e produção tende a não respeitar
supervisão competente, instrumentos
as especificações do projeto, porque elas
calibrados, matérias primas dentro das
são difíceis de serem satisfeitas e por que
especificações nominais. A partir desta
ele não entende as razões do rigor, este
visão, suas tolerâncias são pequenas e às
pessoal igualmente não respeitará as
vezes, não atingíveis na prática com o grau
especificações criticas e não críticas.
de economia do processo industrial. Pode
É muito comum se ouvir é trabalho do
ser até que as condições ideais do
projetista estabelecer o que é necessário;
processo possam ser conseguidas durante
é trabalho do inspetor testar e aceitar os
alguma parte do processo mas nunca por
procedimentos para descobrir se as
longo período de tempo.
especificações foram cumpridas; deixe
O homem de produção sabe, de sua
cada lado fazer seu próprio trabalho. Isto é
experiência prática, que o operador falha, a
errado! O projetista deve conhecer o
matéria prima não é constante, o
resultado das inspeções e as capacidades
equipamento não está ajustado
da produção e usar estas informações para
corretamente, o instrumento perde a
alterar ou manter as especificações
calibração e tudo isso contribui para o
originais. No ambiente competitivo e de
produto final se afastar das especificações
qualidade atual deve haver trabalho de
nominais. Para isso ocorrer menos
equipe. Resumindo:
freqüentemente, ele aceita ou estabelece
1. todas as tolerâncias das
tolerâncias maiores. Ele faz o melhor que
especificações devem ser cumpridas.
pode, mas nem sempre ele avalia como
2. tolerância muito rigorosa aumenta o
ele pode melhorar o que ele já faz. Sendo
custo final do produto.
humano e sob pressão para produzir o
3. tolerância pouco rigorosa também
máximo possível, ele se limita a fazer o
aumenta o custo final do produto, por
que ele acha que é o melhor.
causa de muitos refugos e
Entre esta briga de foice no escuro
retrabalho.
ainda há o inspetor do produto.
4. tolerância muito rigorosa é difícil de
Psicologicamente, o inspetor tenderá a
ser conseguida; requer pessoal de
uma posição política de compromisso.
operação treinado, instrumentos
Quando o inspetor escuta o operador que
calibrados, equipamentos ajustados,
trabalha no chão de fabrica, ele será
matérias primas constantes e
informado que a conformidade com as
processos de produção mais
tolerâncias irá parar a produção e que
complexos.
0,1% a mais não irá fazer nenhuma
5. as tolerâncias podem ser diferentes;
diferença prática. Quando o inspetor
instrumentos críticos requerem
escuta o projetista que trabalho no ar
tolerâncias mais rigorosas,
condicionado do escritório, ele será
instrumentos não críticos podem ter
informado que a produção deverá produzir
tolerâncias menos rigorosas.
de conformidade com a especificação
6. as tolerâncias devem ser coerentes
nominal.
entre si; instrumentos de mesma

126
Instrumentos de Medição

malha de medição devem ter Sob o ponto de vista matemático, o erro


tolerâncias de mesma ordem de pode ser positivo ou negativo. Um erro
grandeza. positivo denota que a medição é maior que
7. a tolerância final do malha não será o valor ideal. O valor ideal é obtido
melhor que a maior tolerância de subtraindo-se este valor do indicado. Um
algum instrumento, durante todo o erro negativo denota que a medição do
tempo. instrumento é menor que o valor ideal. O
8. as tolerâncias devem ser valor ideal é obtido somando-se este valor
estabelecidas de comum acordo e ao indicado.
envolvendo o pessoal de projeto, Por exemplo, o comprimento de (9,0 + 0,2 -
produção e inspeção. 0,1) mm significa que o valor verdadeiro de
9. deve haver controle estatístico do 9,0 mm possui um erro para mais de 0,2
processo para avaliar as tolerâncias, mm e um erro para menos de 0,1 mm.
mantendo-as, aumentando-as ou Assim, o comprimento deve estar entre 8,9
diminuindo-as em função dos e 9,2 mm. Neste caso os erros são
resultados obtidos. assimétricos. Na maioria dos casos os
erros são simétricos de modo que o valor
5. Erros da Medição medido é dado por

(A ± e) = a.
5.1. Introdução
É impossível fazer uma medição sem 5.2. Tipos de Erros
erro ou incerteza. Na realidade, o que se Os erros da medição e do instrumento
procura é manter os erros dentro de limites podem ser classificados sob vários
toleráveis e estimar seus valores com critérios, como expressão matemática,
exatidão aceitável. Cada medição é resposta no tempo, responsabilidade,
influenciada por muitas incertezas, que se causa e previsibilidade. É possível haver
combinam para produzir resultados grande superposição de erros. Por
espalhados. As incertezas da medição exemplo, um erro pode ser
nunca podem ser completamente simultaneamente estático, sistemático,
eliminadas, pois o valor verdadeiro para previsível, intrínseco ao instrumento e
qualquer quantidade é desconhecido. devido ao ajuste de zero.
Porém, o valor provável do erro da Quanto à expressão matemática, os
medição pode ser avaliado. É possível erros podem ser classificados como
definir os limites dentro dos quais o valor 1. absolutos
verdadeiro de uma quantidade medida se 2. relativos
situa em um dado nível de probabilidade. Quanto ao tempo, os erros podem ser
O erro é a diferença algébrica entre a 1. dinâmicos
indicação e o valor verdadeiro 2. estáticos
convencional. O valor verdadeiro é o valor Quanto à origem, os erros estáticos
da variável medida sem erro, ideal. Erro é podem ser classificados como
a quantidade que deve ser subtraída 1. grosseiros
algebricamente da indicação para dar o 2. sistemáticos
valor ideal. 3. aleatórios
Se A é um valor exato e a o valor
aproximado medido, então o erro é o
desvio do valor aproximado do exato.
Matematicamente,
e=A-a

127
Instrumentos de Medição

Por exemplo,
1 mm de erro em 100 mm vale 1%
1 mm de erro em 10 mm vale 10%
1 mm de erro em 1 mm vale 100%
Exatidão
Erro relativo
Precisão A qualidade de uma medição é melhor
caracterizada pelo erro relativo, tomado
como
Espúrio
e
er = × 100%
a
onde
er é o erro relativo,
Fig. 4.30 - Erros sistemático, aleatório e espúrio
e é o erro absoluto
a é o valor da grandeza medida
O erro relativo é adimensional e
Os erros sistemáticos podem ser
geralmente expresso em percentagem.
divididos em
A precisão entre ±1% e ±10% é
1. intrínsecos ao instrumento
geralmente suficiente para a maioria das
2. influência
aplicações residenciais e até industriais;
3. modificação
Os erros intrínsecos podem ser em aplicações científicas tem-se ±0,01 a ±
determinados 0,1%.
indeterminados O erro absoluto pode assumir valores
Por sua vez, os erros do instrumento determinados negativos e positivos, diferente do valor
podem ser: absoluto do erro, que assume apenas
valores positivos.
zero
largura de faixa ou ganho 5.4. Erro Dinâmico e Estático
angularidade
quantização Erro dinâmico
Os erros indeterminados poder ser Erro dinâmico é aquele que depende do
devidos a tempo. Quando uma medição altera seu
uso e desgaste valor significativamente durante a medição,
atrito ela pode ter erros dinâmicos.
inércia O erro dinâmico mais comum é devido
Os erros de influência podem ter origem: ao tempo de resposta ou tempo
mecânica característico do instrumento, quando há
elétrica atrasos na variável medida. O erro
física dinâmico pode desaparecer naturalmente
química com o transcorrer do tempo ou quando as
condições de operação se igualarem às
5.3. Erro Absoluto e Relativo condições especificadas para uso.
Por exemplo, quando se faz a medição
Erro absoluto de temperatura sem esperar que o sensor
Erro absoluto é simplesmente o desvio atinja a temperatura medida, há erro
da medição, tomado na mesma unidade de dinâmico que desaparece quando a
engenharia da medição. No exemplo de temperatura do sensor for igual a
temperatura do processo que se quer
9,0 ± 0,1 mm, o erro absoluto é de 0,1 mm.
medir. Se a temperatura leva 3 minutos
O erro absoluto não é uma característica
para atingir o valor final medido, qualquer
conveniente da medição. Por exemplo, o
medição antes deste tempo apresentará
erro absoluto de 1 mm pode ser muito
erro dinâmico. Se a temperatura estiver
pequeno ou muito grande, relação ao
comprimento medido.

128
Instrumentos de Medição

subindo, todas as medições antes de 3 5.5. Erro Grosseiro


minutos serão menores que a medida.
Quando se faz a medição de um O erro grosseiro é também chamado de
instrumento eletrônico, sem esperar que acidental, espúrio, do operador, de
ele se aqueça e se estabilize, tem-se confusão, de lapso, freak ou outlier. A
também um erro de medição que medição com um erro grosseiro é aquela
desaparecerá quando houver transcorrido que difere muito de todas as outras do
o tempo de aquecimento do instrumento. conjunto de medições.
O instrumento pode apresentar erro de Muitas medições requerem julgamentos
calibração a longo prazo, devido ao pessoais. Exemplos incluem a estimativa
envelhecimento dos componentes. Tais da posição do ponteiro entre duas divisões
erros dinâmicos são chamados também de da escala, a cor de uma solução no final de
desvios (drift). Porem, neste caso, os uma analise química ou o nível de um
tempos envolvidos são muito longos, como liquido em uma coluna liquida.
meses ou anos. Julgamentos deste tipo estão sujeitos a
O erro dinâmico pode ser eliminado, erros uni direcionais e sistemáticos. Por
conhecendo-se os tempos de resposta do exemplo, um operador pode ler o ponteiro
instrumento, constante de tempo da consistentemente alto; outro pode ser lento
variável medida e condições previstas para em acionar um cronômetro e um terceiro
entrada em regime permanente do pode ser menos sensível às mudanças de
instrumento medidor. Esse tipo de erro, cores. Defeitos físicos são geralmente
que pode ser grosseiro e facilmente fontes de erros pessoais determinados.
evitável, pode ser considerado como um Uma fonte universal de erro pessoal é o
erro do operador. preconceito. A maioria das pessoas,
Uma questão associada com o erro independente de sua honestidade e
dinâmico é o atraso de bulbos e poços de competência, tem uma tendência natural
temperatura e selos de pressão. de estimar as leituras da escala na direção
Teoricamente, um bulbo e um poço de que aumenta a precisão em um conjunto
temperatura apenas introduzem atraso na de resultados. Quando se tem uma noção
medição da temperatura. Se a temperatura preconcebida do valor verdadeiro da
fosse constante, depois do tempo de medição, subconsciente mente o operador
atraso, a temperatura com o bulbo e o faz os resultado cair próximo deste valor.
poço seria igual à temperatura sem bulbo e A polarização é outra fonte de erro
poço. Como há uma variabilidade natural pessoal que varia consideravelmente de
da temperatura constante, na prática a pessoa para pessoa. A polarização mais
colocação de bulbo e poço introduzem erro comum encontrada na estimativa da
de medição. A questão é análoga com a posição de um ponteiro em uma escala
medição de pressão e o selo. Na prática, o envolve uma preferência para os dígitos 0
selo de pressão introduz um erro de e 5. Também prevalente é o preconceito
medição. Como regra geral, tudo que é de favorecer pequenos dígitos sobre
colocado na malha de medição introduz grandes e números pares sobre os
uma parcela do erro final. ímpares.
A vantagem dos instrumentos digitais
Erro Estático sobre os analógicos é que sua leitura
Erro estático é aquele que independe do independe de julgamentos, eliminando-se
tempo. Quando uma medição não altera a polarização. Porém, todo indicador digital
seu valor substancialmente durante a apresenta erro de quantizacao, devido à
medição, ela está sujeita apenas aos erros sua natureza discreta.
estáticos. A maioria dos erros pessoais pode ser
Os erros estáticos são de três tipos minimizada pelo cuidado e auto-disciplina.
diferentes: É um bom hábito verificar
1. erros grosseiros sistematicamente as leituras do
2. erros sistemáticos instrumento, os fatores e os cálculos.
3. erros aleatórios A maioria dos erros grosseiros é
pessoal e é causada pela falta de atenção,

129
Instrumentos de Medição

preguiça ou incompetência. Os erros é freqüente encontrar números inventados


grosseiros podem ser aleatórios mas e repetidos, sem que o instrumentista
ocorrem raramente e por isso eles não são tenha feito realmente as medições. A rotina
considerados como erros indeterminados. pode levar o operador a não fazer
Fontes de erros grosseiros incluem: erros efetivamente as leituras e a inventá-las,
aritméticos, transposição de números em pois o processo está normal e os valores
dados de registro, leitura de uma escala ao esperados já são conhecidos.
contrário, troca de sinal e uso de uma Os erros grosseiros normalmente se
escala errada. A maioria dos erros referem a uma única medição, que deve
grosseiros afeta apenas uma medição. ser desprezada, quando identificada. Ele é
Outros, como o uso de uma escala errada, imprevisível e não adianta ser tratado
afetam todo o conjunto das medições estatisticamente.
replicadas. O erro grosseiro ou de operação pode
Erros grosseiros podem também ser ser evitado através de
provocados pela interrupção momentânea 1. treinamento,
da alimentação dos instrumentos. 2. maior atenção,
O erro grosseiro causado pelo operador 3. menor cansaço,
é devido a enganos humanos, tais como 4. maior motivação e
1. leitura sem cuidado, 5. melhoria nos procedimentos.
2. anotação equivocada,
3. aplicação errada de fator de 5.6. Erro Sistemático
correção,
Erro sistemático é também chamado de
4. engano de fator de escala e de
consistente, fixo, determinável, previsível,
multiplicação,
avaliável e de polarização (bias). As
5. extrapolação ou interpolação
características do erro sistemático são as
injustificada,
seguintes:
6. arredondamento mal feito e
1. se mantém constante, em valor
7. erros de computação.
absoluto e sinal quando se fazem
Alguns erros de operador podem ser
várias medições do mesmo valor de
sistemáticos e previsíveis, quando
uma da variável, sob as mesmas
provocados por vicio ou procedimento
condições,
errado do mesmo operador. Maus hábitos
2. varia de acordo com uma lei
podem provocar erros sistemáticos. A
definida quando as condições
solução é colocar mais de uma pessoa
variam,
para fazer as medições. Por exemplo, o
3. é devido aos efeitos quantificáveis
erro de paralaxe da leitura é devido à
que afetam a todas as medições
postura errada do observador frente a
4. é devido a uma causa constante,
escala do instrumento.
5. é mensurável
É um erro grosseiro confundir números
6. pode ser eliminado pela calibração.
e errar a posição do marcador decimal. É
Os erros sistemáticos podem ser
catastrófico ler, por exemplo, 270 graus em
constantes ou dependentes do valor da
vez de 27,0 graus no mapa de vôo de um
variável medida. O erro determinado
avião (já houve um acidente de aviação, no
constante independe do valor da
norte do Brasil, onde, segundo o laudo da
quantidade medida. Os erros constantes
companhia aérea, o comandante cometeu
se tornam mais sérios quando o valor da
esse erro grosseiro).
quantidade medida diminui, pois o erro
Alguns técnicos acham que fazer 10
relativo fica maior. O erro proporcional
medições da mesma grandeza, nas
aumenta ou diminui na proporção do valor
mesmas condições, com o mesmo
da quantidade medida. Uma causa comum
instrumento e lidas pela mesma pessoa é
de erros proporcionais é a presença de
inútil, pois todos os valores vão ser iguais.
contaminantes na amostra.
Elas desconhecem a variabilidade da
Os erros sistemáticos causam a média
constante. Ou seja, na natureza até as
de um conjunto de medições se afastar do
constantes variam levemente em torno do
valor verdadeiro aceitável. O erros
valor constante. Em tabelas de calibração,

130
Instrumentos de Medição

sistemáticos afetam a exatidão dos O erro histórico são resultantes do uso,


resultados. Os erros sistemáticos podem do desgaste, do envelhecimento dos
ser devidos materiais, de estragos, de má operação, de
1. aos instrumentos, atritos, de folgas nos mecanismos e nas
2. às condições de modificação e peças constituintes do instrumento.
3. às condições de interferência do
Erro de largura de faixa (span)
ambiente.
Sob o ponto de vista estatístico, a O erro de largura de faixa (span) ou de
distribuição dos erros aleatórios é sensitividade do instrumento ocorre
retangular, onde o erro é constante em quando a curva de resposta tem inclinação
toda a faixa de medição. diferente da ideal. Em outras palavras, o
instrumento está com erro associado ao
Erro Inerente ao Instrumento seu ganho ou sensitividade. O erro de
Os erros sistemáticos inerentes ao largura de faixa é eliminado através do
instrumento podem ser determinados ou ajuste correspondente.
indeterminados. Os erros sistemáticos do Instrumento que possui apenas erro de
instrumento determinados são devidos largura de faixa possui precisão expressa
principalmente à calibração. Como estão em percentagem do valor medido.
relacionados à calibração, eles podem se
referir aos pontos de zero, largura de faixa
e não-linearidades provocadas pela 100,5%
angularidade dos mecanismos. 100
Os erros do instrumento indeterminados
são inerentes aos mecanismos de 99,5%
75
Saída

medição, por causa de sua estrutura


mecânica, tais como os atritos dos Calibração
mancais e rolamentos dos eixos móveis, a 50 ideal
tensão irregular de molas, a redução ou
aumento da tensão devido ao manuseio ±0,5% valor medido
incorreto ou da aplicação de pressão 25
excessiva, desgaste pelo uso, resistência
de contato, atritos e folgas.
Os erros sistemáticos do instrumento 0 25 50 75 100
determinados e devidos à calibração Vazão
podem se referir a erro de
1. determinação,
2. hipótese Fig. 4.31 - Erro de largura de faixa (span)
3. histórico
4. zero
5. largura de faixa
6. angularidade
7. quantização.
O erro de determinação resulta da
calibração incorreta do instrumento ou do
cálculo inadequado com os dados obtidos.
O erro de hipótese aparece quando se
espera que a medição siga uma
determinada relação característica
diferente da real.

131
Instrumentos de Medição

PADRÃO

Rastreabilidade
MENSURAND

Calibração
Valor verdadeiro
Resolução

INSTRUMENTO
Repetitividade
Valor verdadeiro
convencional Medição Reprodutibilidade

Erro

Sistemático Aleatório

Exatidão Precisão

Incerteza

Fig. 4.32. Terminologia da medição

132
Instrumentos de Medição

ERROS DO INSTRUMENTO

Tempo Fonte
Dinâmicos Sistemáticos
Estáticos Aleatórios

Intrínsecos Influência Modificação


(irreversíveis) (reversíveis) (compensados)

Determinados Indeterminados

Mecânicos
Zero Uso Elétricos
Largura de faixa Físicos
Desgaste
Angularidade
Atrito Químicos
Quantificação Contato

Fig. 4.33. Classificação dos erros do instrumento

Erros de
modificação
Erros de
influência

Sensor Condicionamento Display


de X Sinal Sinal

Variáveis
Y, Z

Fig. 4.34. Erros de modificação e de influência

133
Instrumentos de Medição

uma medida do comportamento não linear


Erro de zero
do sistema:
O erro de zero ocorre quando a curva
de calibração não passa pela origem (0, 0). eL(x) = y(x) - yL(x)
O erro ou desvio de zero pode eliminado
ou reduzido pelo ajuste correspondente no onde eL(x) é o erro de linearidade que
potenciômetro ou parafuso de zero. Há aparece por causa do comportamento real
instrumentos, como o ohmímetro, que e não linear do sistema. Para um sistema
possui ajuste de zero para ser atuado que é teoricamente linear, a expressão de
antes de cada medição. Outros uma possível não linearidade é
instrumentos possuem erro de zero gerado especificada em termos do erro máximo
pela variação da temperatura ambiente, esperado de linearidade:
como instrumento digital eletrônico. [e ( x )]
Instrumento que possui erro de zero %( eL )max = L max × 100 (9)
ro
possui precisão expressa em percentagem
do fundo de escala. A não linearidade é o desvio da
resposta real de uma reta ideal.
Linearidade só existe uma, mas há várias
100 não-linearidades. Em instrumentos
mecânicos a balanço de movimentos, tem-
75 se o erro de angularidade, que é um
Saída

afastamento da linearidade devido aos


Calibração ângulos retos não estarem retos.
ideal
50
Erro de quantização
±0,5% fundo escala O erro de quantização se refere a leitura
25 digital e resulta do fato de tornar discreto o
valor de saída da medida. O melhor modo
de entender o erro de quantização,
0 25 50 75 100 inerente a todo instrumento digital que
Vazão sempre possui uma incerteza de ±n dígitos
em sua leitura é o erro da idade de uma
pessoa. Assim que uma criança nasce, sua
Fig. 4/35 - Erro de zero do instrumento idade é expressa em dias. A idade
expressa em dias tem erro em horas. No
primeiro ano, a idade passa a ser expressa
Erro de linearidade em meses. A idade expressa em meses
Muitos instrumentos são projetados em erro de quantização de semanas ou
para fornecer uma relação linear entre uma dias. Depois de uns 4 ou 5 anos, a idade
entrada estática aplicada e valores da criança passa a ser expressa em anos
indicados da saída. A curva de calibração e o erro de quantização passa a ser de
estática tem a forma geral: meses. No dia do seu aniversário, a
pessoa tem idade exata em anos, meses e
yL = a 0 + a1x (1.7)
dias. Logo depois do aniversário, por
exemplo de 40 anos, a pessoa tem 40
onde a curva yL(x) fornece um valor de anos. Um mês depois do aniversário, a
saída previsível baseado na relação linear idade continua de 40 anos, mas o erro de
entre x e y. Porém, na vida real, o quantização é de um mês. Um mês antes
comportamento linear verdadeiro só é de fazer 41 anos, a pessoa ainda tem 40
conseguido aproximadamente. Como anos, mas o erro da idade já é de 11
resultado, as especificações do meses. Então, a idade da pessoa sempre
instrumento de medição usualmente tem um erro, pois sua expressão é
fornecem uma expressão para a discreta; aumentando de 1 em 1 ano,
linearidade esperada da curva de passando de 40 para 41 anos.
calibração estática para o instrumento. A
relação entre yL(x) e o valor medido y(x) é

134
Instrumentos de Medição

Os erros sistemáticos intrínsecos do observados durante todo o conjunto das


instrumento podem ser eliminados ou medições.
diminuídos principalmente através da Os erros de influência podem ser
1. calibração eliminados ou diminuídos pela colocação
2. seleção criteriosa do instrumento de ar condicionado no ambiente, pela
3. aplicação de fatores de correção. selagem de componentes críticos, pelo uso
de reguladores de alimentação, pelo uso
Erro de Influência
de blindagens elétricas e aterramento dos
Os erros sistemáticos de influência ou circuitos.
interferência são causados pelos efeitos
externos ao instrumento, tais como as Erro de Modificação
variações ambientais de temperatura, A diferença conceitual entre o erro de
pressão barométrica e umidade. Os erros interferência e o de modificação, é que a
de influência são reversíveis e podem ser interferência ocorre no instrumento de
de natureza mecânica, elétrica, física e medição e o de modificação ocorre na
química. variável sendo medida.
Os erros mecânicos são devidos à O erro sistemático de modificação é
posição, inclinação, vibração, choque e devido à influência de parâmetros externos
ação da gravidade. que estão associados a variável sob
Os erros elétricos são devidos às medição. Por exemplo, a pressão exercida
variações da voltagem e freqüência da por uma coluna de liquido em um tanque
alimentação. As medições elétricas sofrem depende da altura, da densidade do liquido
influência dos ruídos e do acoplamento e da aceleração da gravidade. Quando se
eletromagnético de campos. mede o nível do liquido no tanque através
Também o instrumento pneumático da medição da pressão diferencial, o erro
pode apresentar erros quando a pressão devido a variação da densidade do liquido
do ar de alimentação fica fora dos limites é um erro de modificação. Outro exemplo,
especificados. Sujeiras, umidade e óleo no é na medição de temperatura através de
ar de alimentação também podem termopar. A milivoltagem gerada pelo
provocar erros nos instrumentos termopar depende da diferença de
pneumáticos. temperatura da medição e da junta de
Os efeitos físicos são notados pela referência. As variações na temperatura da
dilatação térmica e da alteração das junta de referência provocam erros na
propriedades do material. medição. Finalmente, a medição da vazão
Os efeitos químicos influem na volumétrica de gases é modificada pela
alteração da composição química, pressão estática e temperatura.
potencial eletroquímico, no pH. O modo de eliminar os erros de
O sistema de medição também pode modificação é fazer a compensação da
introduzir erro na medição, por causa do medição. Compensar uma medição é
modelo, da configuração e da absorção da medir continuamente a variável que
potência. Por exemplo, na medição da provoca modificação na variável medida e
temperatura de um gás de exaustão de eliminar seu efeito, através de computação
uma máquina, matemática. No exemplo da medição de
1. a temperatura do gás pode ser não nível com pressão diferencial, mede-se
uniforme, produzindo erro por causa também a densidade variável do liquido e
da posição do sensor, divide-se este sinal pelo sinal
2. a introdução do sensor, mesmo correspondente ao da pressão diferencial.
pequeno, pode alterar o perfil da Na medição de temperatura por termopar,
velocidade da vazão, a temperatura da junta de referência é
3. o sensor pode absorver (RTD) ou continuamente medida e o sinal
emitir (termopar) potência, alterando correspondente é somado ao sinal da junta
a temperatura do gás. de medição. Na medição de vazão
Os efeitos da influência podem ser de compensada de gases, medem-se os
curta duração, observáveis durante uma sinais proporcionais à vazão, pressão e
medição ou são demorados, sendo temperatura. Os sinais são computados de

135
Instrumentos de Medição

modo que as modificações da vazão 5.7. Erro Aleatório


volumétrica provocadas pela pressão e
temperatura são canceladas. Os erros aleatórios são devidos à
probabilidade e chance. Eles são
Erro Causado Pelo Sensor imprevisíveis e aparecem por causas
O elemento sensor do instrumento pode irregulares e probabilísticas. Eles são
também causar erros na medição. Por diferentes em medições repetidas do
exemplo, a introdução do poço termal mesmo valor de uma quantidade medida,
causa turbulência na vazão, a colocação sob as mesmas condições.
de um bulbo de temperatura absorve Os erros aleatórios fazem as medições
energia do processo, a colocação da placa se espalharem mais ou menos e
de orifício produz uma perda de carga na simetricamente em torno do valor médio.
linha, a colocação de um amperímetro Os erros aleatórios afetam a precisão das
introduz uma resistência parasita no medições.
circuito elétrico. Há muitas fontes deste tipo de erro, mas
nenhuma delas pode ser positivamente
Erro Causado Pelo Instrumento identificada ou medida, porque muitas
O próprio instrumento de medição pode delas são pequenas e não podem ser
introduzir erro na medição. Por exemplo, o detectadas individualmente. O efeito
amperímetro que é inserido no circuito acumulado dos erros indeterminados
elétrico para medir a corrente que circula individuais, porém, faz os dados de um
pode modificar a corrente medida. Ou seja, conjunto de medições replicadas flutuarem
a corrente que circula no circuito sem o aleatoriamente em torno da média do
amperímetro é diferente da corrente do conjunto. As causas dos erros aleatórios
circuito com o amperímetro. A resistência são devidas a
interna no amperímetro modificou a 1. variabilidade natural da constante,
corrente do circuito. Esse erro é devido ao 2. erros intrínsecos ao instrumento
casamento das impedâncias do circuito e dependentes da qualidade dos
do amperímetro. O amperímetro deve ter circuitos e mecanismos.
uma impedância igual a zero. Amperímetro 3. erros irregulares devidos à histerese,
com resistência interna zero não modifica a banda morta, atrito.
corrente medida. Analogamente, a 4. Os erros intrínsecos indeterminados
impedância do voltímetro pode alterar a relacionados com o desgaste, o uso,
voltagem a ser medida. A impedância ideal o atrito e a resistência de contato.
do voltímetro é infinita. Voltímetro com 5. erros de influência que aparecem de
impedância infinita não introduz erro na uma variação rápida de uma variável
medição da voltagem. Nestas aplicações, de influência.
diz-se que o instrumento de medição
carregou o circuito; o instrumento de Repetitividade do instrumentoo
medição é uma carga adicional ao circuito. A habilidade de um sistema de medição
indicar o mesmo valor sob aplicação
repetida e independente da mesma
entrada é chamada de repetitividade do
instrumento. As expressões da
repetitividade são baseadas em testes
múltiplos de calibração (replicação) feitos
dentro de um dado laboratório em uma
unidade particular. A repetitividade se
baseia em uma medida estatística
chamada de desvio padrão, sx, que é a
variação da saída para uma dada entrada
fixa.

2s x
%(eR )max = × 100
ro

136
Instrumentos de Medição

A repetitividade do instrumento reflete instrumento. A banda morta é produzida


somente o erro encontrado sob condições por atrito, backlash ou histerese.
controladas de calibração. Ela não inclui os Backlash é máxima distância ou ângulo
erros adicionais incluídos durante a que qualquer peça de um sistema
medição devidos a variação na variável mecânico pode ser movida em uma
medida ou devidos ao procedimento. direção sem aplicação de força ou
movimento apreciável para uma próxima
Reprodutibilidade
peça em uma seqüência mecânica.
A reprodutibilidade, quando reportada Toda medição possui um erro. Quando
na especificação de um instrumento, se são tomados todos os cuidados para
refere aos resultados de testes de eliminar os erros de operação e de
repetitividade separados. A calibração, restam os erros aleatórios. Os
reprodutibilidade se baseia em múltiplos erros aleatórios não podem ser eliminados,
testes de repetitividade (replicação) feitos mas estatisticamente conhecidos. O seu
em diferentes laboratórios em um único tratamento é feito por métodos estatísticos,
instrumento. A repetitividade se refere a fazendo-se muitas medições, verificando a
um único ponto; a reprodutibilidade é a distribuição e a freqüência da ocorrência.
repetitividade em todos os pontos da faixa Sob o ponto de vista estatístico, a
de calibração. distribuição dos erros aleatórios é normal
Erro de histerese ou gaussiana, onde a maioria dos erros é
de erros pequenos e a minoria de erros é
O erro de histerese se refere à diferença
de erros grandes.
entre uma medição seqüencial crescente e
Se o objetivo do sistema é ter medições
uma decrescente. O erro de histerese é
repetitivas e não necessariamente exatas,
dado por
é importante apenas reduzir o erro
aleatório; não se importando muito com o
eh = ycrescente - ydecrescente
erro de sistemático. Ou seja, há sistemas
onde o que importa é a repetitividade e a
A histerese é especificada usualmente
precisão, sendo suficiente a medição
para um sistema de medição em termos do
inexata.
erro máximo de histerese como uma
Inversamente, se o interesse do sistema
percentagem do fundo de escala da saída:
é ter o valor exato da medição, pois se
quer os valores absolutos, como na
[eh ( x )]max compra e venda de produtos, além da
%(eh )max = × 100
ro repetitividade se requer a exatidão.

A histerese ocorre quando a saída de 5.8. Erro Resultante Final


um sistema de medição depende do valor O erro na medição não está somente no
prévio indicado pelo sistema. Tal instrumento de indicação (display) mas em
dependência pode ser provocada por todos os componentes da malha de
alguma limitação realística do sistema, medição, como sensor, elemento
como atrito e amortecimento viscoso em condicionador de sinal, linearizador e filtro.
partes móveis ou carga residual em Uma questão importante levantada é: qual
componentes elétricos. Alguma histerese é o erro total do sistema ou da malha?
normal em algum sistema e afeta a A precisão da medição pode assim ser
precisão do sistema. definida como a soma dos erros
Banda morta sistemáticos e aleatórios de cada
componente do sistema ou da malha. Isto
O erro de banda morta é aquele
é uma hipótese pessimista, onde se admite
provocado quando se altera a variável
que todos os erros são na mesma direção
medida e a indicação do instrumento se
e se acumulam.
mantém constante. Banda morta é a faixa
Alguém mais otimista poderia
de variação da entrada que não produz
estabelecer a precisão final do sistema
nenhum efeito observável na saída do
como igual à pior precisão entre os

137
Instrumentos de Medição

componentes. Ou seja, considera-se esperar uma distribuição de freqüência


somente a precisão do pior instrumento e como a mostrada na figura. A ordenada no
desprezam-se as outras precisões gráfico é a freqüência relativa de
melhores. Pode-se ainda determinar a ocorrência de cinco combinações
precisão final como a média ponderada possíveis.
das precisões individuais. A tabela mostra a distribuição teórica
Pode-se obter vários resultados válidos para dez incertezas de igual probabilidade.
da soma de duas incertezas iguais a ±1 e Novamente se verifica que a ocorrência
±1. mais freqüente é a de desvio zero da
1. O pessimista pode obter a incerteza média. A ocorrência menos freqüente, de
final de +2 ou -2, assumindo que as máximo desvio 10U ocorre somente em
incertezas se somam no mesmo uma vez em 500 medições.
sentido. Cada componente de um sistema ou
2. O otimista pode achar que as passo de um procedimento de contribui
incertezas se anulam e a resultalnte com algum erro na medição. Visto como
mais provável é igual a 0. um sistema dinâmico, uma medição não
3. O realista intermediário faz a soma pode ser mais confiável que o componente
conservativa: ou passo menos confiável. Um sistema de
medição não pode ser mais preciso que o
componente menos preciso. O
12 + 12 = ±14
, conhecimento das fontes de erros
dominantes e desprezíveis de um sistema
que é um valor intermediário entre 0 e ±2. é muito importante e o conhecimento de
Embora os três resultados sejam muito sua fonte, aleatória ou sistemática, é que
diferentes, pode-se explicar e justificar define o tratamento a ser dados às
qualquer um deles. Não há uma regra medições. O conhecimento do modo que
única ou recomendação de como proceder. os erros se propagam são importantes no
É uma questão de bom senso. Quando uso e projeto de instrumentos e
realmente se quer saber a precisão real do procedimentos.
sistema, deve-se usar um padrão que dê
diretamente o valor verdadeiro e comparar
com a leitura final obtida. Mede-se a Tab. 1. Combinações Possíveis de 4 Incertezas
incerteza total em vez de calculá-la, Iguais
seguindo a máxima de metrologia: não Combinações das Tamanho Número Freqüência
imagine quando puder calcular e não incertezas Erros combinaçõe Relativa
s
calcule quando puder medir. +U1+U2+U3+U4 4U 1 1/16=0,0625
Para se ter uma idéia qualitativa de -U1+U2+U3+U4
+U1-U2+U3+U4
como pequenos erros produzem uma +U1+U2-U3+U4 +2U 4 4/16=0,250
incerteza total, imagine uma situação em +U1+U2+U3-U4
que quatro erros pequenos se combinam -U1-U2+U3+U4
+U1+U2-U3-U4
para dar um erro total. Seja cada erro com +U1-U2+U3-U4
uma igual probabilidade de ocorrer e que -U1+U2-U3+U4 0 6 6/16=0,375
-U1+U2+U3-U4
cada um pode fazer o resultado final ser +U1-U2-U3+U4
maior ou menor por um valor ±U. +U1-U2-U3-U4
A tabela mostra todas os modos -U1+U2-U3-U4
-U1-U2+U3-U4 -2U 4 4/16=0,250
possíveis dos quatro erros serem -U1-U2-U3+U4
combinados para dar o desvio indicado da -U1-U2-U3-U4 -4U 1 1/46=0,0625
média. Somente uma combinação de erros
dá o desvio de +4U, quatro combinação
dão um desvio de +2U e seis combinações A propagação do erro aleatório pode ser
dão um desvio de 0U. Os erros negativos rastreada matematicamente usando-se
tem a mesma combinação. Esta relação de uma medida da precisão, como o desvio
1:4:6:4:1 é uma medida da probabilidade padrão e desenvolvendo as equações que
de um desvio de cada valor. Quando se descrevem a dinâmica do sistema. O erro
aumenta o número de medições, pode-se sistemático pode também ser rastreado

138
Instrumentos de Medição

através dos dados das calibrações 2. onde isto é requerido pela


anteriores e dados do catálogo do especificação do teste
instrumento. 3. onde a incerteza é relevante para
validar ou aplicar o resultado, e.g.,
6. Incerteza na Medição onde a incerteza afeta a
conformidade a uma especificação
ou limite.
6.1. Conceito Os laboratórios credenciados devem ter
uma política definida cobrindo a provisão
Todas as medições são contaminadas
de estimativas das incertezas das
por erros imperfeitamente conhecidos, de
calibrações ou testes feitos. O laboratório
modo que a significância associada com o
deve usar procedimentos documentados
resultado de uma medição deve considerar
para a estimativa, tratamento e relatório da
esta incerteza
incerteza.
Incerteza é um parâmetro, associado
Os laboratórios devem consultar seu
com o resultado de uma medição, que
corpo de credenciamento para qualquer
caracteriza a dispersão dos valores que
orientação específica que possa estar
podem razoavelmente ser atribuídos à
disponível para a calibração ou teste.
quantidade medida.
Os meios pelos quais os laboratórios
Há problemas associados com esta
credenciados devem tratar as incertezas
definição de incerteza de medição, que é
da medições são definidos em detalhe na
tomada do Vocabulário de Metrologia da
ISO Guide: Guide to the Expression of
ISO. O que é a dispersão de se o valor
Uncertainty in Measurement. A
verdadeiro não pode ser conhecido? Ela
terminologia usada aqui é consistente com
também implica que incerteza é somente
a do Guide.
relevante se várias medições são feitas e
ela falha - por não mencionar valor
verdadeiro para invocar o conceito de
6.2. Princípios Gerais
rastreabilidade. Uma definição mais O objetivo de uma medição é
prática, mais usada porque ela mais determinar o valor de uma quantidade
exatamente satisfaz as necessidades da específica sujeita à medida (mesurando).
metrologia industrial e não é consistente Para laboratórios de calibração, isto pode
com a anterior, é a seguinte: ser qualquer parâmetro da medição dentro
Incerteza é o resultado da avaliação de campos reconhecidos da medição -
pretendida em caracterizando a faixa comprimento, massa, tempo, pressão,
dentro da qual o valor verdadeiro de uma corrente elétrica. Quando aplicado a teste,
quantidade medida é estimado cair, o termo genérico mesurando pode cobrir
geralmente com uma dada confiança. muitas quantidades diferentes, eg, a
Incerteza padrão é o desvio padrão resistência de um material, a concentração
estimado de uma solução, o nível de emissão de
Incerteza padrão combinada é o ruído ou radiação eletromagnética, a
resultado da combinação dos quantidade de microorganismos. Uma
componentes da incerteza padrão. medição começa com uma especificação
Incerteza estendida é Obtida pela apropriada da quantidade medida, o
multiplicação da incerteza padrão método genérico de medição e o
combinada por um fator de cobertura. procedimento específico detalhado da
É uma exigência para todos os medição.
laboratórios credenciados de calibração Nenhuma medição ou teste é perfeito e
que os resultados reportados em um as imperfeições fazem aparecer erro de
certificado sejam acompanhados de uma medição no resultado. Como
declaração descrevendo a incerteza conseqüência, o resultado de uma
associada com estes resultados. É medição é somente uma aproximação do
também exigência para os laboratórios de valor da quantidade medida e é somente
testes, sob as seguintes circunstâncias: completa quando acompanhado por uma
1. onde isto é requerido pelo cliente expressão da incerteza desta

139
Instrumentos de Medição

aproximação. Realmente, por causa da O Guide adotou o enfoque de agrupar


incerteza da medição, o valor verdadeiro os componentes da incerteza em duas
nunca pode ser conhecido. No limite, por categorias baseadas em seus métodos de
causa de alguns efeitos, ele pode mesmo avaliação, Tipo A e Tipo B. Esta
não existir. classificação de métodos de avaliação, em
Também deve ser notado que o artigo vez dos componentes em si, evita certas
indefinido um, em vez do artigo definido o, ambiguidades. Por exemplo, um
deve ser usado em conjunto com valor componente aleatório de incerteza em uma
verdadeiro por que pode haver mais de medição pode se tornar um componente
um valor consistente com a definição de sistemático em outra medição que tem
uma quantidade particular. como sua entrada o resultado da primeira
A incerteza da medição compreende, medição. Assim, a incerteza total cotada
em geral, muitos componentes. Alguns em um certificado de calibração de um
podem ser calculados da distribuição instrumento incluirá o componente devido
estatística dos resultados de uma série de aos efeitos aleatórios, mas quando este
medições e pode ser caracterizados por valor total é subsequentemente usado
desvios padrão experimentais. Os outros como a contribuição na avaliação da
componentes, que podem também ser incerteza em um teste usando este
caracterizados por desvios padrão, são instrumento, a contribuição deve ser
calculados das distribuições de tomada como sistemática.
probabilidade assumidas baseadas na Avaliação do Tipo A é feita pelo cálculo
experiência ou em outra informação. de uma série de leituras repetidas, usando
Erros aleatórios aparecem das métodos estatísticos.
variações aleatórias das observações. A Avaliação do Tipo B é feita por meios
cada momento que a medição é tomada diferentes dos usados no método B. Por
sob as mesmas condições, efeitos exemplo, por julgamento baseado em:
aleatórios de várias fontes afetam o valor 1. Dados de certificados de calibração,
medido. Uma série de medições produz que possibilita correções a serem
um espalhamento em torno de um valor feitas e incertezas do Tipo B a
médio. Um número de fontes pode serem atribuídas.
contribuir para a variabilidade cada vez 2. Dados de medições anteriores, por
que uma medição é tomada e sua exemplo, gráficos históricos podem
influência pode estar continuamente ser construídos e podem fornecer
mudando. Elas não podem ser eliminadas informação útil acerca das
mas a incerteza devido a seus efeitos pode mudanças dinâmicas.
ser reduzida, aumentando o número de 3. Experiência com ou o conhecimento
observações e aplicando análise geral do comportamento e
estatística. propriedades de materiais e
Erros sistemáticos aparecem de efeitos equipamentos iguais.
sistemáticos, ie um efeito no resultado de 4. Valores aceitos de constantes
uma quantiade que não está incluído na associadas com materiais e
especificação da quantiade medida mas quantidades.
que influencia no resultado. Estes erros 5. Especificações dos fabricantes.
peramecem constantes quando uma 6. Todas as outras informações
medição é repetida sob as mesmas relevantes.
condições por isso eles não revelados Incertezas individuais são avaliadas
pelas medições repetidas. Seu efeito é pelo método apropriado e cada uma é
introduzir um deslocamento entre o valor expressa como um desvio padrão e é
da medição e o valor médio determinado referida a uma incerteza padrão.
experimentalmente. Eles não podem ser As incertezas padrão individuais são
eliminados mas podem ser reduzidos, por combinadas para produzir um valor total de
exemplo, fazendo correções para o incerteza, conhecido como incerteza
tamanho conhecido de um erro devido a padrão combinada.
um efeito sistematico reconhecido. Uma incerteza expandida é usualmente
requerida para satisfazer as necessidades

140
Instrumentos de Medição

da maioria das aplicações, especialmente 9. Valores de constantes e outros


onde se envolve segurança. É parâmetros usadas na avaliação dos
recomendado fornecer um intervalo maior dados.
acerca do resultado de uma medição 10. Aproximações e hipóteses incorporadas
quando a incerteza padrão com, no método e procedimento da medição.
consequentemente, uma maior 11. Variações nas leituras repetidas feitas
probabilidade do que envolve o valor sob condições parecidas mas não
verdadeiro convencional da quantidade idênticas - tais como efeitos aleatórios
medida. Ela é obtida multiplicando-se a podem ser causados, por exemplo,
incerteza padrão combinada por um fator ruído elétrico em instrumentos de
de cobertura, k. A escolha do fator é medição, flutuações rápidas no
baseada no nível de confiança requerido. ambiente local, eg, temperatura,
umidade e pressão do ar, variabilidade
6.3. Fontes de Incerteza no desempenho do operador que faz o
teste.
Há várias fontes possíveis de incerteza.
Estas fontes não são necessariamente
Como elas dependem da disciplina técnica
independentes e, em adição, efeitos
envolvida, não é possível dar
sistemáticos não reconhecidos podem
recomendações detalhadas aqui. Porém,
existir que não podem ser levados em
os seguintes pontos gerais se aplicam a
conta mas contribuem para o erro. É por
muitas áreas de calibração e teste:
esta razão que os laboratórios
1. Definição incompleta do teste - a
credenciados encorajam - e muitas vezes
exigência pode não ser claramente
insistem em - participação em
descrita, eg, a temperatura de um teste
comparações interlaboratoriais, auditorias
pode ser dada como temperatura
de medição e cross checking interno de
ambiente.
resultados por diferentes meios.
2. Realização imperfeita do procedimento
de teste, mesmo quando as condições
6.4. Estimativa das Incertezas
de teste estão claramente definidas
pode não ser possível produzir as A incerteza total de uma medição é uma
condições teóricas, na prática, devido combinação de um número de incertezas
as imperfeições inevitáveis nos componentes. Mesmo uma única leitura do
materiais ou sistemas usados. instrumento pode ser influenciada por
3. Amostragem - a amostra pode não ser vários fatores. A consideração cuidadosa
totalmente representativa. Em algumas de cada medição envolvida na calibração
disciplinas, como teste microbiológico, ou teste é necessária para identificar e
pode ser muito difícil obter uma amostra listar todos os fatores que contribuem para
representativa. a incerteza total. Este é um passo muito
4. Conhecimento inadequado dos efeitos importante e requer um bom entendimento
das condições ambientais no processo do equipamento de medição, os princípios
da medição ou medição imperfeita das e práticas da calibração ou teste e a
condições ambientais. influência do ambiente
5. Erro pessoal de polarização na leitura O próximo passo é quantificar as
de instrumentos analógicos. incertezas componentes por meios
6. Resolução ou limite de discriminação do apropriados. Uma quantificação
instrumento ou erros na graduação da aproximada inicial pode ser valiosa em
escala. possibilitar que alguns componentes sejam
7. Valores atribuídos aos padrões da reconhecidos como desprezíveis e não
medição (de trabalho e de referência) e necessitam de uma avaliação mais
materiais de referência certificada. rigorosa. Em muitos casos, uma definição
8. Alterações nas características ou prática de desprezível pode ser um
desempenho de um instrumento de componente que não é maior do que um
medição desde a sua última calibração. quinto do tamanho do maior componente.
Alguns componentes podem ser
quantificados pelo cálculo do desvio

141
Instrumentos de Medição

padrão de um conjunto de medições 6.6. Incerteza Expandida


repetidas (Tipo A) como detalhado no
Guide. A quantificação de outros Em muitos casos, é necessário cotar
componentes pode requerer o julgamento, uma incerteza expandida e a incerteza
usando toda informação relevante na padrão combinada portanto necessita ser
variabilidade possível de cada fator (Tipo multiplicada por um fator de cobertura
B). Para estimativas do Tipo B, o conjunto apropriado. Isto deve refletir o nível de
de informações pode incluir alguns ou confiança requerido e, em termos estritos,
todos os fatores listados no parágrafo 2. será ditado pelos detalhes da distribuição
Cálculos subsequentes se tornam mais de probabilidade caracterizado pelo
simples se, quando possível, todos os resultado da medição e sua incerteza
componentes são expressos do mesmo padrão combinada. Porém, as
modo, e.g., como percentagem, ou ppm ou computações extensivas requerida para
mesma unidade de engenharia usada para combinar as distribuições de probabilidade
o resultado reportado. são raramente justificadas pelo tamanho e
confiabilidade da informação disponível.
Em muitos casos, uma aproximação é
6.4. Incerteza Padrão
aceitável, ou seja, a distribuição da
A incerteza padrão é definida como um probabilidade pode ser assumida como
desvio padrão. O potencial para erros em normal e que um valor de 2 para o fator de
um estágio posterior da avaliação pode ser cobertura define um intervalo tendo um
minimizado expressando todas as nível de confiança de aproximadamente
incertezas componentes como um desvio 95%, ou, para aplicações mais críticas, que
padrão. Isto podoe requer ajuste de alguns um valor de 3 define um intervalo tendo um
valores da incerteza, de modo que os nível de confiança de aproximadamente
obtidos dos certificados de calibração e 99%.
outras fontes, que muitas vezes tem sido Exceções a estes casos precisam ser
expressos com um maior nível de tratados em uma base individual e devem
confiança, envolvendo múltiplo do desvio ser caracterizados por um ou ambos dos
padrão (2 ou 3). seguintes:
1. A ausência de um número significativo
6.5. Incerteza Padrão Combinada de incertezas componentes tendo
distribuições de probabilidade bem
As incertezas componentes devem ser
comportadas, tais como, normal ou
combinadas para produzir uma incerteza
retangular.
total usando o procedimento estabelecido
2. Inclusão de uma incerteza componente
no Guide. Em muitos casos, isto reduz a
dominante. Isto pode causar a incerteza
tomar a raiz quadrada da soma dos
expandida ser maior do se as
quadrados das incertezas padrão
contribuições individuais da incerteza
componentes (método da raiz da soma dos
fossem somadas aritmeticamente e é
quadrados). Porém, alguns componentes
claramente uma situação pessimista.
podem ser interdependentes e podem, por
Deve também ser notado que se erros
exemplo, se cancelarem entre si ou se
de incertezas do Tipo A em um sistema de
reforçarem entre si. Em muitos casos, isto
medição são comparáveis aos do Tipo B, a
pode ser facilmente visto e os
incerteza expandida pode ser uma
componentes interdependentes podem ser
subestimativa, a não ser que um grande
somados algebricamente para dar um valor
número de leituras repetidas tenha
final. Porém, em casos mais complexos,
26 MAI 97

sido feito. Nestas circunstâncias, um fator


podem-se usar métodos matemáticos mais
de cobertura kp deve ser obtido de uma
complexos para tias componentes
distribuição t, baseada nos graus de
correlatos, como derivadas parciais
liberdade efetivo, νef, da incerteza padrão
combinada.

Apostila\Metrologia 43MedErro.doc 24 SET 98 (Substitui 26 MAI 97)

142
5
Confirmação Metrológica
Objetivos de Ensino
1. Conceituar calibração e ajuste. Apresentar a cadeia de calibração e
rastreabilidade dos diferentes padrões.
2. Conceituar padrões físicos e de receita, primários, secundários e de trabalho.
3. Apresentar os cuidados de monitoração dos instrumentos de medição e teste.
4. Conceituar e diferenciar os vários tipos de normas. Apresentar a ABNT,
INMETRO, NIST e Código de Defesa do Consumidor.
5. Apresentar um caminho típico para obter a certificação da ISO 9000, através de
projeto, implantação e comprovação metrológica.

1. Confirmação Metrológica 1.2. Necessidade da confirmação


A exatidão de qualquer medição é uma
comparação da conformidade desta
1.1. Conceito
medição com o padrão. A manutenção de
Comprovação ou confirmação padrões e a calibração de equipamentos
metrológica é o conjunto de operações de teste é um processo muito caro, mas o
necessárias para assegurar que um dado desempenho de todo os sistema depende
instrumento de medição esteja em diretamente da exatidão de cada
condições de conformidade com os componente do sistema. Embora o
requisitos para o uso pretendido (ISO 10 equipamento de medição muito exato seja
012-1, 1993). O termo confirmação caro, baratear este equipamento significa
metrológica é um termo criado piorar o seu desempenho e diminuir sua
recentemente e inclui, entre outras precisão.
atividades, Os principais motivos para justificar a
calibração calibração de um instrumento são:
ajuste 1. garantia de que a medição do
manutenção instrumento é exata,
lacração 2. melhorar e manter a qualidade do
marcação com etiqueta. sistema que depende da medição do
Na prática, a maioria das pessoas ainda instrumento,
chama esta atividade de calibração- 3. atendimento de exigências legais ou
aferição, quando deveria chamar de de contratos comerciais,
calibração-ajuste. principalmente quando estão
envolvidas a compra e venda de
produtos através da medição.

143
Confirmação Metrológica

1.3. Terminologia Para eliminar estas ambigüidades, cada


usuário deve definir, por escrito, em seus
Há algumas confusões clássicas de procedimentos e comunicações os termos
terminologia, como exatidão e precisão, e seus significados e como estamos no
calibração, aferição e ajuste. Embora já Brasil, devemos seguir a portaria do
exista uma portaria do Inmetro, no 29, de Inmetro.
10 MAR 95 (Vocabulário Internacional de
Termos Fundamentais e Gerais de
1.4. Calibração e Ajuste
Metrologia), ainda há resistência para se
usar a terminologia recomendada.
Calibração
Para alguns, calibrar e aferir possuem o
mesmo significado para a operação de Calibração é a operação de verificar o
verificar um atributo de um sensor ou valor de um atributo de um sensor ou de
instrumento e ajustar é a operação que um instrumento. Não é disponível nenhum
além disso, inclui a atuação no instrumento dispositivo de ajuste e por isso só há
para adequá-lo a uma determinada verificação.
condição. Para outros, aferir é a operação Como no ajuste, na calibração há os
de verificar um atributo de um sensor ou seguintes passos:
instrumento e calibrar é a de fazer ajuste 1. Aplicação de sinal na entrada do
no instrumento. Há ainda quem não admite dispositivo, com leitura deste sinal
a aferição, mas apenas calibração para por um padrão rastreado.
verificar atributo e ajuste para atuar no 2. Leitura do sinal de saída do
instrumento. A confusão é previsível, pois dispositivo através de outro padrão
o primeiro passo da calibração de um rastreado.
instrumento é a sua aferição. 3. Comparação do sinal lido com o valor
Para estar de conformidade com a teórico, dentro dos limites de
portaria do Inmetro, para o autor e no incerteza consistentes.
presente trabalho, calibrar e aferir 4. Se os valores estiverem dentro dos
possuem o mesmo significado. Para o limites estabelecidos, o dispositivo
autor calibrar é uma operação de está adequado ao uso.
verificação. Durante a calibração, quando 5. Se os valores estiverem fora dos
necessário, faz-se o ajuste, que é uma limites, o dispositivo é descartado,
atuação no instrumento para torná-lo degradado ou o seu atributo é
modificado em todas suas
exato. O primeiro passo do ajuste, porém
aplicações.
é a calibração, para verificar o status de
Sensores, como termopar e resistência
chegada do instrumento. No presente
detectora de temperatura, são calibrados.
trabalho se evitará usar o termo aferição,
Calibrar um termopar é verificar se a
usando em seu lugar o termo calibração.
voltagem gerada por ele corresponde aos
Também neste trabalho, calibrar pode
valores teóricos, dados por tabelas ou por
incluir ou não a operação de ajuste.
curvas, quando se gera uma temperatura
Calibração e ajuste estão associadas
conhecida e medida por um termômetro
com a função dos instrumentos ou
padrão. Se os valores estiverem de
dispositivos. Podem ser ajustados
conformidade com os teóricos, o termopar
instrumentos que tenham pontos de
pode ser usado; se estiverem diferentes, o
atuação, como transmissor, indicador,
termopar deve ser jogado fora e
registrador, totalizador, válvula de controle.
substituído ou degradado de sua função,
Os ajustes são feitos em potenciômetros
por exemplo, passando de termopar
ou parafusos disponíveis nos instrumentos.
padrão para termopar de medição de
Podem ser calibrados instrumentos e
processo..
sensores que não possuem dispositivo de
Calibrar medidores de vazão que
ajuste, mas que tem um atributo inerente à
possuem o fator K, como a turbina e o
sua função. Podem ser calibrados
medidor magnético, consiste na
elementos sensores e instrumentos
determinação deste fator K. As calibrações
medidores de vazão com fator K.
posteriores são necessárias para confirmar
o valor deste fator K. Quando o valor se

144
Confirmação Metrológica

alterar, o novo fator K deve ser do display de saída em um sistema de


considerado na medição, alterando-se medição. Além disso, uma curva de
escalas ou usando-se fatores de correção. calibração pode ser usada como parte para
desenvolver uma relação funcional, uma
Ajuste
equação conhecida como uma correlação
Ajuste é a operação que tem como entre a entrada e saída. Uma correlação
objetivo levar o instrumento de medição a tem a forma y = f(x) e é determinada
uma condição de desempenho e ausência aplicando relação física e técnicas de
de erros sistemáticos adequada ao seu adequação de curva para a curva de
uso calibração. A correlação pode então ser
(ISO 10 012-1). De um modo mais usada em medições posteriores para
específico para o instrumentista, antes do determinar o valor de entrada
ajuste, faz-se a calibração, que é a desconhecido baseado no valor da saída,
comparação do instrumento de exatidão o valor indicado pelo sistema de medição.
conhecida com outro padrão ou Calibrar um transmissor eletrônico de
instrumento de ordem superior, para pressão consiste em:
detectar, correlacionar, reportar ou eliminar 1. Aplicar uma pressão conhecida na
por ajuste ou reparo, qualquer variação na sua entrada, indicada por um padrão
exatidão do item sob calibração. de pressão rastreado.
A calibração só é confiável e tem 2. Medir a saída de corrente, indicada
significado quando for feita: por um amperímetro padrão
1. baseando-se em medições rastreado.
replicadas e usando-se as medições 3. Comparar os valores lidos com os
como base de decisão, estabelecidos pelo procedimento,
2. conforme procedimentos claros e conforme a imprecisão do
objetivos, escritos pelo executante, instrumento.
3. em ambiente com temperatura, 4. Caso os valores estejam dentro dos
pressão e umidade conhecido e limites estabelecidos, a calibração
quando necessário, controlado terminou (alguém diz que isto é uma
4. por pessoas especialistas com aferição! Realmente é apenas uma
habilidade e experiência com o verificação e não houve ajuste, mas
procedimento, para o autor, está se fazendo a
5. estabelecendo-se um período de calibração do transmissor).
validade, após o qual ela deve ser 5. Caso os valores estejam fora,
refeita. ajustam-se os potenciômetros de
6. documentando os registros. zero e de span.
Calibração pode também consistir na 6. Paralelamente, faz-se um relatório de
determinação da relação saída/entrada do não conformidade, quando o
sistema de medição. Esta relação pode transmissor pertencer ao sistema de
ser, na prática, a determinação da escala qualidade.
de um indicador ou da saída de um 7. Repetem-se os passos 1 e 2, acima.
transmissor. Se a resposta saída/entrada 8. Caso os valores estejam dentro, a
de um sistema é uma reta, a calibração de calibração terminou.
um único ponto é suficiente e portanto, 9. Caso os valores estejam fora, o
apenas um ponto conhecido do padrão é instrumento está com problema, pois
empregado. Se a resposta do sistema é ele não permite ser calibrado, o
não-linear, deve ser empregado um instrumento é encaminhado para a
conjunto de entradas conhecidas do manutenção.
padrão para a calibração das saídas 10. Depois da manutenção o
correspondentes do sistema. instrumento deve ser novamente
Uma curva de calibração forma a lógica calibrado e se necessário, ajustado.
pela qual uma saída indicada do sistema A calibração pode incluir a inspeção
de medição pode ser interpretada durante visual do instrumento, pesquisa de defeitos
uma medição real. Por exemplo, a curva funcionais explícitos e óbvios e testes
de calibração é a base para fixar a escala operacionais.

145
Confirmação Metrológica

A manutenção não é calibração, mas 1. custódia, para garantir que a compra


depois de qualquer manutenção de e venda de produtos feita através de
instrumento, ele deve ser calibrado. É tubulações com medidores em linha
recomendável que a pessoa que faz a estejam dentro dos limites
manutenção seja diferente da que faz a contratuais,
calibração. 2. segurança, para assegurar que os
Calibrar um indicador de pressão é instrumentos estejam indicando
quase a mesma coisa. Gera-se o sinal de dentro dos valores seguros do
entrada do indicador, indicando-o com um processo,
manômetro padrão e ajusta-se a posição 3. balanço de materiais, para verificar
do ponteiro na escala. Se necessário, rendimentos de processos,
ajusta-se a posição do ponteiro. Quando o equipamentos, reagentes e
instrumento não permite a calibração, catalizadores,
envia-o para a manutenção. 4. ecologia, para garantir que as
análises dos efluentes estejam
dentro dos valores ecologicamente
corretos
5. legal, para satisfazer exigências
legais e de normas técnicas,
6. ISO 9000, para atender suas
exigências relacionadas com a
incerteza, continuidade operacional e
qualidade do produto final.
Calibração programada e emergencial
Calibração programada é aquela feita
para atender um cronograma já
estabelecido, em função da disponibilidade
Fig. 5.1. Ajuste de transmissor (Rosemount) dos instrumentos e dos períodos ótimos,
dentro dos quais os instrumentos
Às vezes, em vez de se aplicar a permanecem dentro de seu desempenho
grandeza medida pelo instrumento, pode- nominal. Geralmente os períodos são
se simular o sinal de saída do sensor, por estabelecidos em semanas.
conveniência de tempo e custo. Por A norma ISO 9000 requer um programa
exemplo, na calibração de um transmissor de calibração dos instrumentos de
de temperatura a termopar, em vez de se medição, teste e inspeção.
simular a temperatura, que é uma Calibração de emergência é aquela feita
operação demorada, molhada e cara, para atender um chamado extraordinário
simula-se uma milivoltagem na entrada do do pessoal do processo que considera o
transmissor, conforme valores listados na instrumento descalibrado. Uma das coisas
literatura técnica (curvas ou tabelas de difíceis da vida, em todos os aspectos, é a
tensão x temperatura), facilmente obtida de de relacionar causa e efeito. Geralmente,
um gerador de tensão. para o pessoal de processo, quando há um
problema com o produto final, a primeira
1.5. Tipos de calibração vítima é o instrumento. A maioria dos
Toda calibração deve incluir: padrão instrumentos que vão para a calibração
rastreado, procedimento escrito, ambiente está dentro dos limites da calibração e não
conhecido, operador treinado, registro precisava de calibração.
documentado e ter um período de Calibração estática ou dinâmica
validade. Tem-se o preconceito errado de
O tipo mais comum de calibração é
considerar que apenas as calibrações
conhecido como calibração estática. Neste
relacionadas com ISO 9000 requerem
procedimento, um valor conhecido é
estas exigências. Toda calibração deve ter
entrada para o sistema sob calibração e a
estes parâmetros. Um instrumento pode
saída do sistema é registrada. O termo
ser calibrado, por questão de

146
Confirmação Metrológica

estático se refere ao procedimento da Justifica-se enviar um instrumento para


calibração em que os valores das variáveis ser calibrado externamente quando
envolvidos permanecem constantes 1. o usuário possui poucos instrumentos
durante uma medição, isto é, eles não 2. quando a calibração requer padrões
variam com o tempo. Nas calibrações com precisão muito elevada e
estáticas, somente as magnitudes da portanto de altíssimo custo
entrada conhecida e a saída medida são 3. para comparação interlaboratorial
importantes. 4. por exigência legal.
Os pontos medidos de uma curva típica Qualquer quer seja o local da
de calibração estática descrevem a relação calibração, o responsável final pela
entrada-saída para um sistema de calibração é o usuário. Quando a
medição. Uma curva polinomial acomoda calibração é feita externamente, o usuário
os dados que podem ser deve ter um contrato escrito bem claro,
convenientemente usados para descrever definindo o que o laboratório deve fazer. É
esta relação. muito comum se enviar um instrumento
Em um sentido amplo, as variáveis para ser calibrado e ajustado e o
dinâmicas são dependentes do tempo, laboratório fazer apenas a calibração. É
tanto em magnitude como em freqüência. também muito freqüente o laboratório
A relação das magnitudes entrada-saída reportar uma calibração de modo
entre um sinal de entrada dinâmico e um incompreensível, sem informar o algoritmo
sistema de medição depende da de cálculo da incerteza de calibração, o
dependência do tempo do sinal de entrada. método empregado, relatórios com
Quando variáveis dependentes do tempo preenchimento com números com
são medidas, faz-se uma calibração algarismos significativos sem significado. O
dinâmica além da calibração estática. Uma único modo de evitar estes inconvenientes
calibração dinâmica determina a relação é ter um contrato escrito claro e preciso,
entre uma entrada de comportamento falando explicitamente sobre esses
dinâmico conhecido e a saída do sistema parâmetros.
de medição. Usualmente tais calibrações
Calibração seqüencial ou aleatória
envolvem um sinal senoidal ou um degrau
como o sinal de entrada conhecido. Uma calibração seqüencial aplica uma
variação seguida no valor de entrada sobre
Calibração própria ou externa a faixa desejada de entrada. Isto é
A calibração pode ser feita pelo próprio realizado aumentando o valor de entrada
usuário, principalmente dos instrumentos (crescente) ou diminuindo o valor de
de níveis mais baixos, envolvendo os entrada (decrescente) sobre toda a faixa
instrumentos de medição, padrões de de entrada.
trabalho e padrões de laboratório, A calibração seqüencial é um
A calibração também pode ser feita por diagnóstico efetivo para identificar e
externamente, preferivelmente por quantificar o erro de histerese em um
laboratório credenciado da Rede Brasileira sistema de medição.
de Calibração, pelo fabricante do A calibração aleatória se aplica a
instrumento ou por laboratório nacional ou seqüências selecionadas aleatoriamente
internacional que tenha padrões de valores de uma entrada conhecida
rastreados. sobre a faixa de calibração pretendida.
Justifica-se calibrar nas próprias Como vantagens da calibração aleatória
oficinas do usuário: estática tem-se:
1. instrumentos comuns, de precisão 1. tendência a minimizar o impacto da
industrial, que requerem um padrão interferência
disponível na própria planta, 2. quebra dos efeitos da histerese
2. quando a quantidade de 3. diminuição dos erros de leitura
instrumentos é grande, justificando 4. garantia que cada aplicação do valor
economicamente ter um laboratório de entrada seja independente da
para a calibração periódica destes anterior
instrumentos.

147
Confirmação Metrológica

5. redução do erro sistemático da Por exemplo, a calibração a seco de um


calibração transmissor inteligente de pressão não
6. simulação mais parecida com a requer um padrão externo de pressão, mas
situação real da medição usa constantes internas armazenadas
7. fornecimento de um diagnóstico para durante a configuração e caracterização do
delinear as características de erros transmissor.
de linearidade, zero, span e Em programa de qualidade de ISO
repetitividade. 9000, a calibração a seco é tão válida e
confiável como a convencional, porém,
Calibração a seco e molhada
periodicamente deve ser feita a calibração
A calibração seca ou a seco ou convencional para verificar o status do
calibração de artefato (Fluke) é uma sensor do instrumento, que é contornado
aferição que contorna o sensor do nas calibrações a seco. Por exemplo,
instrumento, sem usar o padrão da variável podem-se alternar duas ou três calibrações
medida pelo instrumento. A calibração a a seco com uma calibração convencional.
seco geralmente se restringe ao elemento Calibração molhada, por analogia à
secundário e assume-se que o elemento calibração a seco, é a convencional,
primário seja descrito com precisão por usando padrões externos para calibrar o
relações empíricas desenvolvidas de instrumento. No caso da calibração do
medidores eletrônica ou hidraulicamente transmissor de pressão, usa-se o padrão
semelhantes. A calibração a seco é de pressão na entrada do transmissor.
efetivamente uma calibração do Nesta calibração, estão incluídos todos os
transmissor eletrônico ou pneumático, componentes do instrumento, inclusive o
bypassando o seu elemento sensor. elemento sensor
A calibração seca é feita por
comparação usando relação e medição
embutidas no próprio instrumento sendo
calibrado. O instrumento microprocessado
aumenta a sua capacidade de operação e
simplifica o processo de calibração, pois
ele foi projetado para armazenar e usar
fatores de correção em programa para
compensar erros de ganho e de zero. Este
processo de armazenar constantes
baseando-se na comparação com padrões
externos foi então adaptado para a
calibração a seco. As correções feitas pelo
programa interno elimina a necessidade de
remover o instrumento para fazer ajustes
físicos, simplificando o processo de
calibração, que fica facilmente
automatizado.
Fig. 5.3. Conceito de calibração a seco (Fluke)

Fig. 5.2. Calibração a seco de transmissor inteligente

148
Confirmação Metrológica

1.6. Erros de calibração 1.7. Calibração da Malha


Teoricamente, a calibração em si não
Justificativa
elimina os erros sistemáticos, mas
simplesmente reduz estes erros a valores Sempre que possível deve ser feita a
aceitáveis. Os erros de calibração incluem calibração da malha in situ (como regra) e
aqueles erros elementares que entram no em caso de não conformidade, se faz a
sistema de medição durante o ato da calibração por instrumento (como
calibração. Os erros de calibração tendem exceção). As vantagens de se fazer a
a entrar através de várias fontes, tais calibração da malha em vez do
como: instrumento isolado incluem:
1. os erros sistemáticos do padrão 1. gasta-se menos tempo pois uma
usado na calibração, malha típica possui três
2. os erros associados ao ambiente, instrumentos,
3. os erros associados ao operador, 2. a calibração é mais confiável, pois
4. erros associados à variável medida, não se tem o risco de descalibrar o
5. erros associados ao instrumento instrumento na sua retirada,
calibrado, transporte e recolocação,
6. erros associados ao método de 3. a calibração é mais exata, pois todos
calibração os efeitos da instalação estão
Tab. 5.1. Fontes de Erro de Calibração considerados inerentemente,
4. tem-se a medição e não o cálculo da
incerteza, coerente com a
j Fonte de erro recomendação metrológica de não
1 Padrões envolvidos na rastreabilidade imaginar quando puder calcular e
2 Método da calibração não calcular quando puder medir.
3 Ambiente onde se realiza a calibração A principal desvantagem relacionada
4 Operador que faz a calibração com a calibração de malha é a
5 Instrumento que está sendo calibrado necessidade de se ter padrões que
6 Quantidade física envolvida na calibração possam ser usados na área industrial. Os
padrões devem ter classificação mecânica
compatível com a área, se interna ou
Por exemplo, o padrão típico do externa, para ter sua integridade
laboratório usado na calibração também é preservada. Se a área for classificada, os
aproximado. Assim, pode haver uma padrões elétricos devem ter classificação
diferença entre o valor do padrão usado e elétrica compatível, para que sua presença
o valor do padrão primário que ele não aumente o risco de explosão ou
representa. Assim, aparece uma incerteza incêndio do local. Quando não for
no valor conhecido da entrada em que a disponível padrão elétrico com
calibração é baseada. Além disso, pode classificação elétrica compatível com a
haver uma diferença entre o valor área, deve-se garantir com meios positivos
fornecido pelo padrão e o valor realmente que não há presença de gases flamáveis
sentido pelo sistema de medição. Qualquer no local e durante a calibração e para isso
um destes efeitos será incorporado aos deve-se conseguir uma permissão especial
dados de calibração. A Tab. 1 lista erros (hot permission).
elementares relacionados com a Realização da Calibração da Malha
calibração. A calibração da malha inclui:
1. Variação da variável medida ou
geração de sinal equivalente ao
gerado pelo sensor da variável no
local próximo da medição. As malhas
são calibradas em pontos definidos
nos procedimentos específicos,
normalmente nos pontos de 0%,
25%, 50%, 75% e 100% da faixa,

149
Confirmação Metrológica

com valore crescentes e novo rastreado é uma decisão baseada na


decrescentes. relação custo/benefício.
2. Leitura e registro dos valores da Tipicamente, nos casos de termopares
variável, na sala de controle. Registro e resistores detectores de temperatura,
dos valores efetivamente lidos e deve-se fazer a substituição em vez de
ajustes feitos no Relatório de calibração. No caso de placas de orifício,
Calibração. No Relatório de deve-se fazer inspeção visual e física
Calibração de cada instrumento já periódica e apenas substituí-la quando
devem estar listados os valores esta inspeção o indicar.
limites aceitáveis, considerando-se a
Calibração do Instrumento Isolado
tolerância exigida pelo processo e a
incerteza instalada calculada. As malhas que não puderem ser
3. A malha é considerada conforme e calibradas inteiramente como um único
nenhum ajuste é feito, quando os instrumento, devem ter seus instrumentos
valores lidos estiverem dentro dos componentes calibrados individualmente.
limites estabelecidos e anotados nos Também, quando a calibração da malha
registros de calibração de cada indicar que ela está não conforme, os
malha instrumentos são retirados da malha e
4. Quando algum valor estiver fora dos levados para calibração individual,
limites, a malha é considerada não conforme procedimentos específicos, que
conforme, a operação deve ser estabelecem o executante, esclarecem a
informada através do formulário disponibilidade da malha pela operação e a
Relatório de Calibração, os substituição do instrumento. Depois de
instrumentos são retirados da malha calibrado o instrumento é armazenado na
e é feita a calibração de cada oficina ou substitui o existente. Quando o
instrumento isolado, na bancada da instrumento não pegar calibração, ele é
oficina de instrumentação, conforme submetido à manutenção corretiva e
procedimentos correspondentes. depois calibrado e todos estas operações
devem ser anotadas em sua Folha de
Incerteza da calibração da malha Cadastro.
No formulário Registro de Calibração
deve ser informada a incerteza do 1.8. Parâmetros da Calibração
processo de calibração, que é dada pela
Além dos aspectos comerciais
relação:
envolvidos e, às vezes, dos aspectos
legais, a calibração para ser válida e
n
confiável deve cuidas dos seguintes
ip = ∑i
j =1
2
pj aspectos:
1. medições replicadas
onde 2. padrões rastreados
ip é a incerteza do processo de 3. procedimento escrito
calibração, 4. ambiente conhecido
ipj é a incerteza dos padrões de 5. pessoal treinado
calibração, com j variando entre 1 e n. 6. registro documentado
Calibração do Elemento Sensor 7. período de validade administrado
Embora o elemento sensor faça parte Medições replicadas
da malha de medição, por causa da Toda calibração deve ter várias
dificuldade de se simular a variável do medições de cada ponto de calibração. Os
processo no campo, geralmente se simula pontos de calibração preferidos são: 0%,
o sinal de saída do sensor, no local da 25, 50, 75 e 100%, com valores crescentes
medição para se calibrar a malha e calibra- e decrescentes da variável calibrada. A
se o elemento sensor na bancada ou o repetição das medições tem a finalidade de
substitui por um novo rastreado e verificar linearidade, repetitividade e
certificado. A decisão entre calibrar o histerese do instrumento. Por questão de
sensor existente ou substituí-lo por um economia de tempo, é comum se fazer

150
Confirmação Metrológica

apenas uma medição ascendente e outra do técnico calibrador. Estes procedimentos


descendente, fazendo-se apenas duas não são os manuais de calibração do
medições de cada ponto. fabricante. Os procedimentos devem incluir
os aspectos técnicos destes manuais de
Padrão rastreado
operação, porem devem ser mais
Toda calibração requer um padrão para abrangentes.
fornecer os valores verdadeiros Os procedimentos devem ser usados
convencionais envolvidos. O padrão pelo pessoal envolvido e responsáveis pela
fornece o valor confiável, fiduciário da calibração. Eles devem ser elaborados
variável calibrada. com a participação ativa deste pessoal. Os
Padrão rastreado significa que ele foi procedimentos devem garantir que:
comparado com um outro padrão superior, 1. pessoas diferentes obtenham o
que garanta sua confiabilidade. Os mesmo resultado quando calibrando
padrões de referência devem possuir instrumentos iguais ao mesmo
exatidão maior que a dos instrumentos ou tempo,
padrões sob calibração. Os padrões de 2. a mesma pessoa obtenha o mesmo
referência de ordem superior devem ser resultado quando calibrando o
rastreados aos padrões credenciados ou mesmo instrumento em épocas e
nacionais ou derivados de constantes locais diferentes.
físicas. Os procedimentos devem ser escritos
As normas e os laboratórios numa linguagem simples, clara e acessível
recomendam números limites entre as e o seu conteúdo deve ter, no mínimo,
exatidões dos instrumentos calibrados e 1. objetivo do procedimento
dos padrões. Por exemplo, o NIST 2. normas de referência e
recomenda a relação mínima de 4:1; o recomendações do fabricante
INMETRO recomenda a relação 3:1 e as 3. lista dos padrões requeridos
normas militares falam de 10:1. Porém, 4. lista dos instrumentos de teste,
todos estes números são sugestões e não fontes de alimentação, pontos de
são mandatórios. O risco aceitável teste e ligações
associado com a medição varia com cada 5. descrição do princípio de medição ou
processo e em uma mesma planta, podem teoria do método empregado
se adotar relações de incertezas 6. estabelecimento das condições
diferentes. O estabelecimento da relação ambientais do local onde será feita a
se baseia em aspectos econômicos calibração: temperatura, pressão,
(quanto maior a relação, maior o custo dos umidade, posição, vibração,
padrões da escada metrológica) e técnicos blindagem a ruídos elétricos e
(quanto maior o número, menor a acústicos
interferência da incerteza do padrão na 7. instruções, passo a passo, da
incerteza do instrumento calibrado). O calibração, envolvendo preparação,
resultado final desta escolha é um ajustes, leituras, comparações e
compromisso entre os valores de aceitação correções
e de incerteza. 8. formulários para a coleta e anotação
Os padrões de referência selecionados dos dados, relatórios, tabelas e
através das especificações do fabricante certificados.
devem ser continuamente acompanhados 9. estabelecimento da próxima data de
e monitorados para comprovar a calibração.
estabilidade e o desempenho, através de No Apêndice A há um procedimento
calibrações sucessivas. típico para a calibração de malha de
Procedimentos de Calibração instrumento de processo.
Devem ser escritos procedimentos de Condições Ambientais
calibração de instrumentos para eliminar As condições ambientais de calibração
fontes de erros devidas às diferenças de do instrumento devem ser as
técnicas, condições do ambiente, escolha recomendadas pelos procedimentos e
dos padrões e dos acessórios e mudança pelos fabricantes do instrumento e dos

151
Confirmação Metrológica

padrões envolvidos. A maioria dos medição; menor tolerância do


instrumentos de processo não requer produto, calibração mais freqüente
condições ambientais controladas. Isto é dos instrumentos envolvidos.
tão verdade, que a tendência atual é fazer 7. posição na escada hierárquica de
a calibração dos instrumentos na área rastreabilidade: geralmente
industrial. instrumentos mais próximos da base
As condições envolvidas na calibração da pirâmide (menos precisos, de
não precisam ser controladas mas sempre medição e de teste de oficina)
devem ser conhecidas, por causa de requerem calibrações mais
eventuais fatores de correção para os freqüentes que os do topo (mais
padrões usados. precisos, padrões primários).
Quando requerido, a área deve ser 8. criticidade e importância da medição
limpa, sem vibração mecânica, sem efetuada; maior a conseqüência do
interferências eletrostáticas e erro, implica em menor intervalo de
eletromagnéticas quando houver segurança. Medição envolvendo
envolvimento de equipamentos elétricos e segurança, menor período de
com a temperatura na faixa de 17 a 21 oC calibração; medição envolvendo
e umidade relativa entre 35 e 55%. vidas humanas, obrigação legal de
calibração, geralmente com períodos
Intervalos de calibração
definidos por lei.
Os instrumentos de medição industriais
devem ser calibrados periodicamente por Revisão dos intervalos de calibração
instrumentos de teste de trabalho. Os Um sistema eficiente de calibração deve
instrumentos de trabalho devem ser ter ferramentas que permitam a revisão
calibrados periodicamente por padrões dos intervalos de calibração, com critérios
secundários ou de transferência. Os baseados em dados obtidos das
instrumentos de transferência secundária calibrações anteriores e que seja um
devem ser calibrados com padrões compromisso entre se ter menos trabalho
primários ou de referência. de calibração e menos não conformidades
Os períodos de cada calibração por causa de instrumentos descalibrados.
dependem da qualidade do instrumento, O critério mostrado a seguir se baseia
das condições ambientais, do treinamento no critério de Schumacher.
do pessoal envolvido, do tipo da indústria, 1. A cada calibração feita, o instrumento
da idade dos instrumentos, da manutenção é classificado em relação aos
corretiva dos instrumentos. Os períodos resultados obtidos, conforme a
não são imutáveis e nem fixos. Podem ser Tab.1:
alterados em função de:
1. recomendações do fabricante, Tab.5.2. Status do Instrumento
2. legislação vigente
3. freqüência de utilização (maior uso A Designa problema que
implica em períodos mais curtos). Avaria prejudica um ou mais
Uso incorreto requer recalibração parâmetros ou funções do
imediata. instrumento.
4. severidade e agressão ambiental. C Designa instrumento
Maior agressividade do ambiente Conform encontrado conforme com sua
implica em menor período de e tolerância durante a
calibração. calibração.
5. características de construção do F Designa instrumento, apesar
instrumento; instrumento mais frágil Fora de apresentar bom
requer calibrações mais freqüentes; funcionamento, encontrado
instrumentos com peças moveis fora das tolerâncias de
requerem calibrações mais calibração.
freqüentes.
6. precisão dos instrumentos em
relação à tolerância do produto ou da

152
Confirmação Metrológica

Com base na situação encontrada de Tab. 5.5. Determinação do próximo ciclo


conformidade nos ciclos anteriores, será
tomada uma das ações da Tab.5.2: Ciclo Novo Ciclo (Valores Em
Para a aplicação do critério, deve ser Atual Semanas)
consultada a Tab. 5.3 e Tab. 5.4. D E P M
10 9 13 10 *
Tab.5.3. Ações a serem tomadas 12 11 15 12 8
14 13 17 14 8
E Indica que o intervalo entre 16 14 19 16 10
Estender calibrações deve ser 18 16 21 18 12
estendido. 20 18 24 20 13
D Indica que o intervalo entre 24 22 28 24 15
Diminuir calibrações deve ser 28 25 32 28 19
reduzido. 32 29 37 32 21
M Indica redução do ciclo de 36 32 41 36 24
Máxima calibração ao seu intervalo 52 47 52 52 37
Redução) mínimo admissível.
P Não se altera o intervalo * Retirar Instrumento de Uso. Substituir
Permanece anteriormente estabelecido

Registros documentados
Tab. 5.4. Classificação do Instrumento A documentação registrada garante e
evidencia que os prazos de validade da
Ciclos Condições no calibração estão sendo seguidos e que a
Anteriores Recebimento exatidão dos instrumentos está sendo
A F C mantida.
As seguintes informações devem ser
CCC P D E facilmente disponíveis:
FCC P D P 1. exatidão do instrumento
ACC P D E 2. local de uso atual
CF M M P 3. intervalo de calibração, com data de
CA M M P vencimento
FC P M P 4. procedimento da calibração
FF M M P 5. relatório da última calibração
FA M M P 6. histórico de manutenções e reparos
Todas as calibrações para serem
AC P D P
válidas devem ser devidamente
AF M M P certificadas. Os certificados devem ser
AA M M P arquivados e devem conter, no mínimo,
1. número de série do instrumento
correspondente
2. data de calibração
3. laboratório ou padrão rastreado
4. condições físicas nas quais foi feita
a calibração
5. descrição do padrão referido:
exatidão, tipo
6. desvios e fatores corretivos a
serem aplicados, quando as
condições da calibração forem
diferentes das condições padrão
7. quando feito em laboratório externo
(credenciado, nacional), descrição

153
Confirmação Metrológica

do procedimento e pessoal intercâmbio laboratorial e mútua


envolvido rastreabilidade. Há laboratórios de
8. garantia que o padrão superior usuários que são tecnicamente
estava confiável e rastreado, aceitáveis, mesmo não tendo o
através de certificado. credenciamento legal do INMETRO
Deve haver um responsável pela 7. definir a escada de rastreabilidade,
organização e atualização do arquivo. O separando os instrumentos que
responsável do arquivo deve providenciar: podem ser calibrados internamente e
1. aviso de vencimento de prazo de os que devem ser enviados para
validade ao responsável do laboratórios externos
instrumento 8. elaborar cronogramas de tais
2. retirada do instrumento de calibrações, acompanhando as datas
operação de vencimento
3. encaminhamento do instrumento 9. Elaborar procedimentos para
para a calibração interna ou externa calibrações internas, para envio e
4. recebimento do instrumento recebimento de instrumentos para
calibrado laboratórios externos
5. atualização das datas e dos 10. implantar arquivo para
documentos documentação de todos os históricos
6. encaminhamento do instrumento 11. treinar o pessoal para as atividades
para o usuário responsável de operação, calibração,
7. colocação de etiquetas nos armazenamento, manuseio e
instrumentos, com data da última preservação dos instrumentos e
calibração, nome da pessoa padrões
responsável pela calibração, data 12. elaborar plano de calibração.
da próxima calibração e
identificação do instrumento.
Sistema de Calibração
A implantação adequada de um sistema
de calibração de instrumentos requer as
seguintes providências:
1. listar individualmente todos os
instrumentos de medição, teste e
padrão da empresa, incluindo os do
processo, oficina, laboratórios,
armários do chefe.
2. estabelecer os padrões e
instrumentos mestres necessários
para a empresa, baseando-se em
fatores econômicos, técnicos,
segurança, produção e qualidade do
produto.
3. adquirir os padrões necessários e
justificados
4. prover local adequado para
armazenamento, guarda,
preservação e operação dos
instrumentos de teste e padrões.
5. se necessário, implantar laboratórios
de calibração das variáveis, como
temperatura, vazão, pressão,
voltagem e resistência elétrica.
6. pesquisar, conhecer e credenciar os
laboratórios externos para fins de

154
Confirmação Metrológica

Fazer ligações com padrões


conforme Procedimento ou MF

Aplicar sinais de entrada


Ler sinais de saída

CALIBRAÇÃO
Comparar com valores
limites do Relatório

SIM
DENTRO Desfazer ligações com
padrões


O Etiquetar instrumento calibrado
Fazer ajustes de zero, span e Proteger e lacrar pontos de ajuste
outros aplicáveis conforme MF
AJUSTE
Arquivar Relatório de
Aplicar sinais de entrada Calibração
Ler sinais de saída

FIM
Comparar com limites do
Relatório de Calibração

SIM Anotar valores finais no


DENTRO Relatório de Calibração


O Desfazer ligações com padrões
MANUTENÇÃO Fazer manutenção corretiva
conforme procedimento

Arquivar Relatório de Calibração


Etiquetar instrumento como
não adequado ao uso

Etiquetar instrumento calibrado


Desfazer ligações Proteger e lacrar pontos de

FIM Fazer relatório de Não Conformidade


e distribui-lo para ações corretivas

FIM
Fig. 5.4.- Diagrama de blocos da calibração de instrumento isolado

155
Confirmação Metrológica

Fazer ligações com padrões


conforme Procedimento ou MF

Aplicar sinais na entrada da malha


Ler sinais da variável no display da
sala de controle

CALIBRAÇÃO
DA MALHA Anotar valores lidos na Ficha Calibração
Comparar com limites estabelecidos

SIM Desfazer ligações com padrões


DENTRO

NÃO
Etiquetar malha calibrada

Desfazer a malha e calibrar cada


CALIBRAÇÃO instrumento individualmente
E AJUSTE DOS
Arquivar Ficha de Calibração
INSTRUMENTOS
Calcular incerteza da malha
combinada com a do sensor

FIM

Comparar com tolerância do processo

SIM
MENOR Malha não conforme para calibração
mas conforme para o processo

NÃO
FIM
Malha não conforme para processo.
Fazer relatório de não conformidade

FIM

Fig. 5.5. - Diagrama de blocos da calibração de malha completa

156
Confirmação Metrológica

do instrumento está dentro do


Calibração e manutenção
esperado.
O objetivo da calibração é o de eliminar 2. Quando o desempenho estiver fora
os erros sistemáticos que aparecem ou dos limites predeterminados, fazem-
aumentam com o passar do tempo. O valor se os ajustes, levando o instrumento
esperado das várias medições replicadas para o seu desempenho nominal.
de um mesmo valor da variável medida Quando os ajustes no instrumento
tende a se afastar do valor verdadeiro forem incapazes de levar o instrumento
convencional e por isso o instrumento deve para o seu desempenho nominal, é
ser calibrado, periodicamente. necessário fazer manutenção, trocando
Também com o passar do tempo o peças e componentes.
instrumento tende a piorar o seu
desempenho e apresentar uma incerteza
além dos limites estabelecidos para a
3. Padrões
incerteza nominal. Neste caso o Quando um sistema de medição é
instrumento requer manutenção. A calibrado, ele é comparado com algum
manutenção deve ser criteriosa e devem padrão cujo valor é presumivelmente
ser tomados cuidados para que o conhecido. Este padrão pode ser outro
desempenho do instrumento não se instrumento, um objeto tendo um atributo
degrade, usando-se peças originais, físico bem conhecido a ser usado como
ferramentas adequadas, componentes de comparação, uma solução com
qualidade industrial. Componentes para a propriedade química bem conhecida ou
indústria de entretenimento, são mais uma técnica conhecida e bem aceita para
baratos, mais fáceis de serem encontrados produzir um valor confiável. Um padrão é a
porém são menos confiáveis e com menor base de todas as medições, em um
vida útil. laboratório ou oficina, em uma indústria,
A manutenção deve ser feita quando o em um país e no mundo.
instrumento estiver visivelmente Uma dimensão (em um sentido mais
danificado, não operante ou com amplo) define uma variável física que é
desempenho deteriorado. Esta usada para descrever algum aspecto de
manutenção é chamada de corretiva. um sistema físico. O valor fundamental
A manutenção pode ser feita de associado com qualquer dimensão é dada
periodicamente, de modo programado. Na por uma unidade. Uma unidade define uma
data marcada, faz-se a manutenção do medida de uma dimensão. Por exemplo,
instrumento. Nem sempre é possível se massa, comprimento e tempo descrevem
programar a data para a manutenção dimensões básicas, com as quais
preventiva para qualquer tipo de associamos as unidades de kilograma,
instrumento. A manutenção preventiva só metro e segundo, respectivamente. Um
deve ser feita em instrumentos que tenham padrão primário define o valor de uma
causa constante, ou seja, instrumentos que unidade, fornecendo os meios para
tenham peças que se desgastam de modo descrever a unidade com um único número
previsível. Tipicamente se faz manutenção que pode entendido por todos e em todo
preventiva em instrumento com peças lugar. Assim, o padrão primário atribui um
móveis que se desgastam de modo único valor a uma unidade por definição.
previsível e estimado. Como tal, ele deve definir a unidade
Depois da manutenção corretiva ou exatamente.
preventiva do instrumento, ele deve ser Padrões primários são necessários, por
calibrado e se necessário, ajustado. que o valor atribuído a uma é arbitrário. Se
Durante a calibração do instrumento um metro é o comprimento do braço do rei
pode-se verificar a necessidade de fazer ou a distância que a luz percorre em uma
manutenção no instrumento. Tipicamente fração de segundo depende somente de
tem-se: como alguém quis definí-lo. Para evitar
1. Calibração do instrumento, onde e confusão, as unidades são definidos por
quando se verifica se o desempenho acordo internacional através do uso de
padrões primários. Depois de consensado,

157
Confirmação Metrológica

o padrão primário forma a definição exata Em 1960, a unidade de comprimento foi


da unidade até que ela seja mudada por redefinida em termos de padrão de receita
algum outro acordo posterior, que tenha óptico, como sendo equivalente a 1 650
vantagens sobre a definição anterior. 763,73 vezes o comprimento de onda da
As principais características procuradas luz laranja-vermelha de uma lâmpada de
em um padrão são: Kr86.
1. disponibilidade global Em 1983, o metro foi redefinido em
2. confiabilidade continuada função do trajeto percorrido por uma onda
3. estabilidade temporal e espacial eletromagnética plana, no vácuo, durante
com mínima sensibilidade às fontes 1/299 792 458 de segundo.
externas do ambiente. Atualmente, a única unidade definida
No Brasil, os padrões primários como padrão material é o kilograma; todas
(referência) e secundários (transferência) as outras unidades são fixadas por meio
são mantidos no INMETRO. de definições de receitas. O tempo foi a
Periodicamente, o INMETRO também última unidade a ser substituída, tendo sido
calibra seus próprios padrões de domínio dos astrônomos por milhares de
transferência. anos.

3.1. Padrões físicos e de receita 3.1. Rastreabilidade


A medição requer a definição de O valor conhecido da entrada para um
unidades, estabelecimento de padrões de sistema de medição durante uma
medição, formação de escalas e calibração é o padrão na qual a calibração
comparação de quantidades medidas com se baseia. Obviamente, o padrão primário
as escalas. O padrão fornece a ordem de real pode ser impraticável como padrão
comparação e a base de toda calibração. para usar em uma calibração normal. Mas,
Foram estabelecidos os conceitos de eles servem como referência por causa da
padrão material e de receita. exatidão. Não é razoável viajar para
Padrão físico ou material é baseado em Sèvres, na França, para calibrar uma
uma entidade física, como uma quantidade balança analítica de laboratório que
de metal ou um comprimento de uma barra necessita de um peso padrão. E chegando
de metal. O padrão material é físico e deve na França, o acesso ao kilograma padrão
ser armazenado em condições de nem seria permitido. Assim, por razões
temperatura, pressão e umidade práticas, existe uma hierarquia de padrões
especificas e ser rastreado secundários que tentam duplicar os
periodicamente. Exemplo de padrão físico padrões primários. O padrão primário é
é kilograma físico, padrão de massa no SI, usado como referência para o padrão
que consiste em um cilindro de platina- secundário, que é usado como
irídio, com 39 mm de altura e de diâmetro transferência. O padrão secundário é uma
e que recentemente engordou, passando aproximação razoável do primário e pode
para 1,000 030 kg. Este padrão está ser mais facilmente acessível para
preservado e guardo em Sèvres, França e calibrações. Porém, deve haver um valor
uma réplica dele está guardada no de incerteza razoável no uso de padrões
INMETRO, em Xerém, RJ, Brasil. que são réplicas dos padrões primários. No
Padrão de receita pode ser reproduzido topo da pirâmide de hierarquia, logo abaixo
em qualquer laboratório do mundo, do padrão primário, estão os padrões
baseando-se em fenômenos físicos, primários mantidos pelos laboratórios
procedimentos e métodos específicos. O nacionais através do mundo. No Brasil, o
padrão de receita substitui o padrão físico INMETRO mantém os padrões primários e
por causa da maior facilidade de secundários e os procedimentos padrão
reprodução e de disponibilidade. recomendados para a calibração dos
Antes de 1960 a unidade de sistemas de medição.
comprimento era um padrão físico, Cada nível de hierarquia é derivado por
consistindo de uma barra de Pt-Ir guardada calibração contra o padrão do nível anterior
em Sèvres. mais alto. Quando se move para baixo da

158
Confirmação Metrológica

pirâmide, passa-se do padrão primário nacional. Para isso, é fundamental que as


(referência), para o secundário quantidades físicas envolvidas tenham os
(transferência), para o local e para o seus padrões definidos e disponíveis.
padrão de trabalho, sempre com um grau A exatidão do nível superior deve ser
de precisão menor ou com maior incerteza. maior que a do nível inferior de um fator
Como a calibração determina a relação variando, por exemplo, de 4 a 10. Quanto
entre o valor de entrada e o de saída, a menor o fator (4), a exatidão do padrão
exatidão da calibração depende, em parte, influi e interfere na exatidão do instrumento
da exatidão do padrão usado. Mas o calibrado. Quanto maior o fator (10), maior
padrão de trabalho usado contem algum o custo do padrão. Pode-se até fazer a
erro e como a exatidão é determinada? No calibração com um instrumento com
máximo, a exatidão pode somente ser mesma classe de precisão (cross
estimada. E a confiança desta estimativa checking). Geralmente é aplicada no
depende da qualidade do padrão e da recebimento de instrumentos, após
técnica de calibração usada. transporte para verificação de violações ou
antes da data do vencimento de
calibração, apenas para verificar a
manutenção da exatidão.
Padrão Há vários tipos diferentes de padrões de
primário P. ex., balança pressão Inmetro medição, classificados conforme a função
e o tipo de aplicação.
1. internacional e nacional
Padrão P. ex., bomba peso morto 2. primário e secundário
secundário
3. referência e transferência
4. de trabalho e de oficina
Padrão
P. ex., manômetro master
Padrão Internacional e nacional
trabalho
Os padrões internacionais são os
dispositivos projetados e construídos para
Instrumento as especificações de um fórum
Aumento da calibrado P. ex., manômetro internacional. Eles representam as
precisão
unidades de medição de várias
quantidades físicas na maior precisão
Fig. 5.6. Rastreabilidade dos padrões possível que é obtida pelo uso de técnicas
avançadas de produção e medição. Eles
estão guardados em Sèvres e não são
Rastreabilidade (traceability) é o disponíveis para o usuário comum e suas
princípio em que a incerteza de um padrão necessidades diárias de calibração.
é medida contra um padrão superior, Os padrões internacionais são definidos
permitindo que a incerteza do instrumento de modo que possam ser reproduzidos em
seja certificada. Isto é conseguido por uma um grau aceitável de exatidão e quando
auditoria para cima, de padrões mais definidos, o problema seja realizar este
baixos para padrões superiores. Todo padrão. Há um padrão primário para cada
sistema válido de padrões deve se unidade. No caso da massa, há um bloco
conformar com este princípio da cilíndrico de Pt-Ir guardado em Sèvres,
rastreabilidade, onde o padrão inferior que França, de modo que massas semelhantes
é calibrado contra um padrão superior é possam ser comparadas com o protótipo
certificado e sua incerteza é garantida. com precisão de 10-8. As outras
Os instrumentos de medição das quantidades são definidas por padrões
variáveis do processo requerem primários reprodutíveis, ou seja, que
calibrações periódicas, referidas a padrões podem ser estabelecidas localmente,
de oficina. Periodicamente, os padrões de quando necessário. Na prática, os
oficina também devem ser calibrados e equipamentos e procedimentos envolvidos
rastreados com outros padrões requerem laboratórios altamente
interlaboratoriais e padrões de referência

159
Confirmação Metrológica

especializados. Os padrões internacionais precisão é válida e um atestado explicando


são primários. a rastreabilidade com o Laboratório
Padrão nacional é o de mais alto nível nacional. O padrão primário é certificado
dentro de um país. O INMETRO, no Rio de por padrões com maior hierarquia. Quando
Janeiro, RJ, é responsável legal pela o sistema é calibrado contra um padrão
manutenção dos padrões primários no primário, tem-se uma calibração primária.
Brasil. Estes padrões primários não saem Após a calibração primária, o equipamento
do INMETRO. A principal função de um é empregado como um padrão secundário.
padrão primário é a calibração e O resistor e a célula padrão,
verificação dos padrões secundários. No comercialmente disponíveis são exemplos
Brasil, o INMETRO credencia os de calibração primária.
laboratórios que forma a Rede Brasileira Há ainda um outro significado para
de Calibração. Os laboratórios da Rede padrão primário, com relacionado com o
servem de referência para calibrações seu grau de precisão ou posição na
secundárias. Por exemplo, o laboratório pirâmide de rastreabilidade, mas com a
industrial da Yokogawa (São Paulo, SP) é sua fabricação. Existem instrumentos e
credenciado pelo INMETRO para calibrar dispositivos que, por construção, possuem
voltagem, corrente e resistência elétrica. O uma propriedade conhecida e constante
laboratório industrial da Companhia dentro de determinado limite de incerteza.
Siderúrgica de Tubarão (Vitória, ES) está Esta propriedade pode ser usada para
credenciado pelo INMETRO para calibrar outros instrumentos ou padrões de
referência de temperatura. O laboratório de menor precisão. Sob este enfoque, são
Vazão do Instituto de Pesquisas considerados padrões primários a placa de
Tecnológicas (São Paulo, SP) está orifício, bocal sônico, célula Weston, diodo
credenciado pelo INMETRO para zener e resistência de precisão.
rastreabilidade de medidores de vazão de A placa de orifício é considerada um
líquido, dentro de determinadas faixas. O padrão primário de vazão, pois ela é
Apêndice D mostra os laboratórios da dimensionada e construída segundo leis
Rede Brasileira credenciados até JAN 96. físicas aceitas e confirmadas
experimentalmente, de modo que ela mede
Padrão primário ou de referência
a vazão teórica dentro de determinado
Os padrões primários são dispositivos limite de incerteza e desde que sejam
mantidos pelas organizações e laboratórios satisfeitas todas as condições do projeto. A
nacionais, em diferentes partes do mundo. calibração de um sistema de medição com
Eles representam as quantidades placa de orifício não requer um padrão de
fundamentais e derivadas e são calibrados vazão, mas somente um padrão de
de modo independente, através de pressão diferencial, que é o sinal gerado
medições absolutas. A principal função dos pela placa e relacionado com a vazão
padrões primários é a de calibrar e medida.
certificar periodicamente os padrões Um bocal sônico é também um padrão
secundários. Como os padrões primário de vazão. Ele é dimensionado e
internacionais, os primários não são construído segundo uma geometria
disponíveis para o usuário final. definida e valores de pressão a montante
O padrão primário é também chamado e jusante teóricos, de modo que, numa
de padrão de referência. Ele é fixo e determinada situação passa por ele uma
reprodutível, não sendo acessível como vazão conhecida e constante, que pode
objeto de calibração industrial e é ser usada para calibrar outros medidores
necessário padrões práticos para as de vazão. Por construção e teoria, ele
quantidades derivadas. grampeia um determinado valor de vazão
Os padrões primários são os mais que passa por ele.
precisos existentes. Eles servem para Analogamente ao bocal sônico, o diodo
calibrar os secundários. Todos os padrões zener é um padrão primário de tensão
primários precisam ter certificados. Os elétrica. Por construção e por causa do
certificados mostram a data de calibração, efeito Zener e em determinada condição
precisão, condições ambientes onde a de polarização e temperatura, o diodo

160
Confirmação Metrológica

zener mantém constante uma tensão laboratórios industriais. Eles não são
nominal através de seus terminais e esta usados para o trabalho diário de medições,
tensão conhecida e constante pode ser mas servem como referência de calibração
usada para calibrar outros medidores de para os instrumentos de uso geral e diário.
tensão. Os padrões de oficina devem ser mantidos
Uma célula Weston é um padrão em condições especificas de temperatura e
primário de tensão elétrica, pois, por umidade. A calibração com os padrões de
construção e sob determinada corrente, ela oficina é chamada de calibração
fornece uma tensão constante e igual a secundária. Usa-se um dispositivo de
1,018 636 V @ 20 oC. calibração secundária para a calibração de
Mesmo que estes padrões não tenham um equipamento de pior precisão. A
a menor incerteza da pirâmide metrológica calibração secundária é a mais usada na
de sua quantidade física, eles são instrumentação. Por exemplo, a célula
chamados também de padrões primários. padrão pode ser usada para calibrar um
voltímetro ou amperímetro usado como
Padrão secundário ou de transferência
padrão de trabalho. O voltímetro padrão
Os padrões secundários são também serve para calibrar um voltímetro de menor
instrumentos de alta precisão mas de precisão, que é usado para fazer as
menor precisão que a dos padrões medições rotineiras do trabalho.
primários e podem tolerar uma
manipulação normal, diferente do extremo
cuidado necessário para os padrões
primários. Os padrões secundários são
usados como um meio para transferir o
valor básico dos padrões primários para
níveis hierárquicos mais baixos e são
calibrados por padrões primários.
O padrão secundário é o padrão de
transferência. Ele é o padrão disponível e
usado pelos laboratórios de medição e
calibração na indústria. Cada laboratório
industrial é responsável exclusivo de seus
padrões secundários. Cada laboratório Fig. 5.8. Instrumento de medição (Foxboro)
industrial deve periodicamente enviar seus
padrões secundários para os laboratórios
nacionais para serem calibrados contra os Padrão de trabalho
primários. Após a calibração, os padrões Os padrões de trabalho são dispositivos
secundários retornam ao laboratório de menor precisão e comercialmente
industrial com um certificado de precisão disponíveis, usados como padrões para
em termos do padrão primário. calibrar os instrumento de medição do
processo e dos laboratórios industriais.
Eles são usados para o trabalho diário de
medições. Geralmente são portáteis e de
uso coletivo e por isso sua precisão se
degrada rapidamente e requerem
calibrações freqüentes. Atualmente, com a
tendência de se calibrar a malha de
processo in situ, os fabricantes de
Fig. 5.7. Instrumento padrão de oficina (HP) instrumento desenvolveram padrões de
trabalho robustos e precisos para
calibração dos instrumentos da área
Padrão de Oficina industrial.
Os padrões de oficina são dispositivos Deve-se tomar cuidados especiais com
de alta precisão e comercialmente o uso dos instrumentos padrão elétricos
disponíveis, usados como padrões dos portáteis em local industrial, observando e

161
Confirmação Metrológica

cumprindo as exigências de classificação 4. Normas e Especificações


mecânica, elétrica e de temperatura, para
não danificar o instrumento e
principalmente, não explodir a área. 4.1. Norma
Norma é algo estabelecido pela
autoridade, usuário ou consenso geral
como um modelo ou exemplo a ser
seguido. Existem normas de conduta para
uma sociedade política e normas técnicas
para uma sociedade tecnológica. Uma
norma técnica é uma regra para uma
atividade especifica, formulada e aplicada
para o beneficio e com a cooperação de
todos os envolvidos. Geralmente, uma
norma é um documento que estabelece as
limitações técnicas e aplicações para itens,
materiais, processos, métodos, projetos e
Fig. 5.9. Instrumentos padrão de trabalho (HP)
práticas de engenharia.
A norma é um documento que indica
materiais, métodos ou procedimentos de
Materiais de Referência Certificada fabricação, operação, manutenção ou
Em laboratório químico e físico, é testes de uma certa classe de
comum se ter os Materiais de Referência equipamentos ou instrumentos. Por
Certificada ou Materiais de Referência exemplo, há normas para manômetros,
Padrão que contém uma propriedade com termômetros, medidores de vazão, vasos e
nível de incerteza conhecida. São tabulações de alta pressão. A norma
exemplos: fornece limites na faixa de materiais e
1. solução padrão de pH para calibrar e propõe métodos aceitáveis, de modo que
ajustar indicadores e transmissores um produto ou procedimento possa
de análise de pH, satisfazer o objetivo para o qual ele foi
2. gases de pureza definida para projetado.
calibrar cromatógrafos No Brasil, o órgão credenciado para
3. chapas de aço com revestimento gerar normas é a Associação Brasileira de
definido para calibrar e ajustar Normas Técnicas (ABNT), que é uma
indicadores de espessura a raios-X, empresa, não-governamental, sem fins
4. rochas, minerais, misturas de gases, lucrativos, credenciado pelo INMETRO.
vidros, misturas de hidrocarbonetos,
polímeros, pós, águas de chuva e 4.2. Especificações
sedimentos de rio e efluentes. A função de uma especificação é a
Os materiais de referência certificadas descrição de um produto em termos da
podem ser preparados por síntese, pelo aplicação que o usuário pretende fazer
próprio usuário ou podem ser comprados dele. A especificação pode ter a mesma
de laboratórios nacionais ou internacionais, função da norma e algumas especificações
credenciados ou com padrões rastreados. são, de fato, normas ou elas podem ser
Geralmente os materiais de referência derivadas e resultados de uma norma.
certificada tem prazos de validade e As especificações usualmente são mais
requerem o controle da idade (age control). detalhadas e menos genéricas para uma
aplicação particular do que as normas.
As especificações e normas formam a
base do sistema industrial. As
especificações são essenciais a toda
operação de compra-venda, tornando
possível a padronização básica para o
sistema de fabricação em massa industrial.

162
Confirmação Metrológica

Há cerca de 85 000 normas 4.5. Abrangência das Normas


governamentais, publicas e privadas em
uso nos Estados Unidos. A norma pode ter quatro níveis em
função do grau de consenso necessário
para seu desenvolvimento e uso.
4.3. Hierarquia
1. norma de companhia, é o nível mais
Pode-se identificar uma hierarquia de baixo, usado internamente para
normas usadas pela sociedade. As normas projeto, produção, compra ou
de valor são as de mais alto nível, em controle de qualidade. O consenso é
termos de seu impacto na sociedade. entre os empregados da companhia.
Estas normas tratam da regulação de 2. norma da indústria desenvolvida
radioativadade e da necessidade de água tipicamente por uma sociedade ou
e ar limpo. As normas regulatórias são associação profissional. O consenso
derivadas das normas de valor básicas. Há para estas normas é entre os
três tipos de normas regulatórias: membros da organização.
1. códigos e regulações da indústria, 3. norma governamental reflete muitos
que são produzidas pela indústria, graus de consensos. Às vezes, o
2. normas regulatórias consensuais governo adota normas preparadas
produzidas pelos membros das pela iniciativa privada mas outras
associações de normas e governo, vezes elas podem ser escritas por
3. normas regulatórias mandatórias que um pequeno grupo.
são produtos exclusivos dos 4. norma de consenso total é o tipo de
governos. norma desenvolvido por todos os
setores representativos, incluindo
4.4. Tipos de Normas fabricantes, usuários, universidades,
governo e consumidores.
A ABNT edita seis tipos diferentes de
normas:
1. método de teste descreve os
4.6. Relação Comprador-Vendedor
procedimentos para determinar uma As normas e especificações possuem
propriedade de um material ou as funções comercial e legal de
desempenho de um produto, 1. estabelecer níveis de aceitação do
2. especificação é uma declaração produto entre fabricante e comprador
concisa das exigências a serem 2. fornecer os níveis de qualidade,
satisfeitas por um produto, material funções e desempenho do produto.
ou processo, A norma deve ter o bom senso de
3. prática é o procedimento ou instrução estabelecer limites tolerados razoáveis, de
para auxiliar a especificação ou modo que o preço do produto seja
método de teste, acessível e o seu desempenho seja bom.
4. terminologia fornece as definições e O usuário quer um bom produto e não
descrições dos termos, explicações uma excelente especificação mas nenhum
de símbolos, abreviações e produto comercialmente disponível. Para
acrósticos, tanto:
5. guia oferece uma série de opções ou 1. o usuário deve saber o que quer e ter
instruções mas não recomenda um clara a função do produto a ser
modo de ação especifico, aplicado. O usuário deve
6. classificação define os arranjos estabelecer: faixa de medição,
sistemáticos ou divisões de materiais exatidão, estabilidade, configuração
ou produtos em grupos baseados em e condições do processo que podem
características similares. afetar o desempenho, resposta e
confiabilidade do produto sendo
aplicado.
2. o usuário deve conhecer as normas
técnicas e legais e determinar como
elas devem ser usadas para se obter
o desempenho projetado do produto.

163
Confirmação Metrológica

3. o usuário e o fornecedor devem 4.8. INMETRO


concordar no documento de compra
em que partes da especificação O Sistema Nacional de Metrologia,
aplicam-se os limites concordados, Normalização e Qualidade Industrial
que meios serão empregados prelo (SINMETRO) foi criado pela lei 5966 de 11
fabricante para se garantir que o DEZ 73, com a finalidade de formular e
produtor está dentro destes limites e executar a política de Metrologia,
que meios o usuário deve empregar Normalização e Certificação de Qualidade
para verificar se o produto entregue, dos produtos brasileiros. O SINMETRO
de fato, satisfaz as especificações e estabelece o Sistema Nacional de Medição
as normas envolvidas. (SNM) e é composto de:
O uso inteligente de normas e 1. INMETRO - Instituto Nacional de
especificações garante produtos melhores Metrologia, Normalização e
e medidores mais exatos e confiáveis nas Qualidade Industrial,
aplicações do usuário. 2. CONMETRO - Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial.
4.7. Organizações de Normas
O INMETRO estabelece a base técnica,
Qualquer medição é feita com relação a legal e ética para todas as medições. O
outra medição. Quando se fala de processo de medição envolve amostras,
exatidão, implica em uma medição padrões físicos, materiais de referência
comparada com algum padrão aceitável certificada, garantia da qualidade
para esta medição. Os padrões nacionais metrológica, normas e procedimentos. O
para todas as medições no Brasil estão INMETRO é também o depositário destes
guardados no INMETRO. parâmetros. Para realizar esta tarefa
extensa, o INMETRO criou a Rede
Brasileira de Calibração, credenciando
laboratórios para emitir certificados de
Tab. 5.4. Laboratórios Nacionais de calibração de grandezas físicas
Metrologia especificas. Nesta rede, o INMETRO tem o
nível mais alto com os padrões nacionais.
País Laboratório
Brasil INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial
EUA NIST - National Institute of
Standards and Technology (ex-
NBS, National Bureau of Standards)
França Bureau International de Poids et
Mesures
UK National Physical Laboratory
Alemanha Physikalisch-Technische
Bundesanstalt (PTB)
Itália Instituto de Metrologia Gustavo
Colonnetti

Apostilas\Metrologia 5Calibração.DOC 24 SET 98 (Substitui 02 ABR 98)

164
Confirmação Metrológica

B.I.P.M

IMGC NRLM INMETRO NIST PTB


Itália Japão Brasil EUA Alemanha

Rede Brasileira de Calibração

Laboratório Laboratório Laboratório Laboratório Observatório


do IPT de Furnas CST USP Nacional

Temperatura
Padrão
Eletricidade Referência

Pressão
Padrão
Transferência
Massa

Vazão Padrão
Trabalho
Outros

Instrumento do
Usuário

Fig. 5.9. Cadeia ou pirâmide da rastreabilidade de padrões

165
A
Vocabulário de Metrologia

As definições dos termos metrológicos gerais relevantes para este


trabalho são dadas a partir do International vocabulary of basic and
general terms in metrology (abreviado VIM), 2a ed. , publicado pela
ISO, elaborado por especialistas e em nome das sete organizações
que suportam seu desenvolvimento:
1. Bureau Internacional de Poids et Mesures (BIPM),
2. International Electrotechnical Comission (IEC),
3. International Federation of Clinical Chemistry (IFCC),
4. Organization International of Standardization (ISO),
5. International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC),
6. International Union of Pure and Appplied Physics (IUPAP) e
7. International Organization of Legal Metrology (OIML).
O VIM deve ser a primeira fonte consultada para as definições
dos termos não incluídos aqui. Nas definições seguintes, o uso de
parênteses em torno de certas palavras de alguns termos significa
que as palavras podem ser omitidas se isto não causar confusão.
Os termos em negrito em alguns notas são termos metrológicos
adicionais definidos nestas notas, explicita ou implicitamente.
Os termos estão também consistentes com a Portaria 29, de 10
de março de 1995, do Instituo Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial INMETRO.

166
Vocabulário de Metrologia

A definição de um mensurando
1. Grandezas e Unidades especifica certas condições físicas.
Exemplo - A velocidade do som no ar seco
de composição (fração molar):
1.1. Grandeza (mensurável) N2 = 0,7808
O2 = 0,1095
Grandeza ou grandeza é o atributo de
Ar = 0,009 35
um fenômeno, corpo ou substância que
CO2 = 0,000 35
pode ser distinguido qualitativamente e
à temperatura T = 273,15 K e
determinado quantitativamente. O termo
pressão p = 101 325 Pa.
grandeza pode se referir a uma grandeza
no sentido geral (ver exemplo 1) ou a uma
grandeza particular [ver exemplo 2).
1.3. Grandeza de base
Exemplos: No Sistema Internacional de Unidades
1. grandeza no sentido geral: (SI), é a grandeza aceita como
comprimento, tempo, massa, independente de uma outra grandeza, por
temperatura, resistência elétrica, convenção e função.
concentração e grandeza de Atualmente, há sete grandezas de base:
substância; 1. comprimento
2. grandezas particulares: 2. massa
comprimento de uma dada barra, 3. tempo
resistência elétrica de um dado fio 4. temperatura
de cobre 5. corrente elétrica
concentração de etanol em uma dada 6. quantidade de substância
amostra de vinho. 7. intensidade luminosa
As grandezas que podem ser colocadas
em ordem de valor relativo a uma outra 1.4. Grandeza suplementar
são chamadas de grandezas de mesma
espécie. Grandezas da mesma espécie No SI, é a grandeza aceita como
podem ser agrupadas juntas em categorias independente de uma outra grandeza, por
de grandezas. Por exemplo: convenção e função. Por questão histórica,
1. trabalho, calor, energia é chamada de suplementar, quando pode
2. espessura, circunferência, raio de ser considerada também de base.
círculo e comprimento de onda. As duas grandezas suplementares são:
Grandezas de mesma espécie são expressas com a 1. ângulo plano
2. ângulo sólido
mesma unidade SI. Os nomes e símbolos para as
grandezas são dados pelo SI (Sistema Internacional
de Unidades) 1.5. Grandeza derivada
Grandeza definida, em um sistema de
1.2. Grandeza medida (Mensurando) grandezas, como função de grandezas de
base deste sistema. A grandeza derivada é
O primeiro passo na medição é geralmente obtida pela multiplicação e
especificar a grandeza a ser medida ou o divisão de grandezas de base e outras
mensurando. O mensurando não pode ser derivadas.
especificado por um valor mas somente Exemplos de grandezas derivadas:
por uma descrição de uma grandeza. 1. área é uma grandeza derivada do
Porém, em princípio, um mensurando não quadrado do comprimento.
pode ser completamente descrito sem uma 2. volume é uma grandeza derivada
grandeza infinita de informação. Assim, do cubo do comprimento
para a extensão que lhe deixa espaço para 3. velocidade é uma grandeza
interpretação, a definição incompleta do derivada do comprimento dividido
mensurando introduz na incerteza do por tempo
resultado de uma medição uma 4. aceleração é uma grandeza
componente de incerteza que pode ou não derivada da velocidade dividida por
pode ser significativa com relação à
exatidão requerida da medição.

167
Vocabulário de Metrologia

tempo ou do comprimento dividido Unidades de medição tem nomes e


pelo tempo ao quadrado símbolos aceitos por convenção. Por
5. força é uma grandeza derivada da exemplo, a unidade de massa é o
massa multiplicada pelo kilograma, símbolo kg. Outro exemplo: a
comprimento e dividida pelo unidade de comprimento é o metro,
quadrado do tempo. símbolo m.
Há uma infinidade de grandezas Unidades de grandezas de mesma
derivadas; algumas com nomes e unidades dimensão podem ter os mesmos nomes e
próprias. símbolos, mesmo quando as grandezas
não são de mesma natureza. Por exemplo,
1.6. Grandeza, dimensão de uma energia (elétrica, química, termodinâmica
ou mecânica) tem unidade de joule,
Expressão que representa uma
simbolizada por J.
grandeza de um sistema de grandezas,
como produto das potências (positivas ou
1.8. Unidade, símbolo de
negativas) dos fatores que representam as
grandezas de base deste sistema. Símbolo de uma unidade é um sinal
Exemplos: convencional que a designa. Símbolo não
é abreviatura. Símbolo de metro é m,
1. Dimensão de área: L2
símbolo de kilograma é kg; símbolo de
2. Dimensão de volume: L3
corrente elétrica é A.
3. Dimensão de velocidade: LT-1
4. Dimensão de aceleração: LT-2
5. Dimensão de força: MLT-2 1.9. Unidade, sistema de
Os fatores que representam as Sistema de unidades de medição é um
grandezas de base são chamados de conjunto das unidades de base,
dimensões dessas grandezas. A área suplementares e derivadas, definido de
possui dimensão de comprimento ao acordo com regras específicas, para um
quadrado. dado sistema de grandezas. Já existiram
Grandeza adimensional é aquela onde vários sistemas de unidades: CGS, MKSA,
todos os expoentes das dimensões das inglês e chinês. Hoje, o sistema de
grandezas de base são zero. Na prática, unidades a ser usado por todo técnico é o
grandeza adimensional não tem dimensão. SI, (símbolo de Sistema Internacional de
Exemplos: Unidades).
1. densidade relativa (densidade de O SI é um sistema de unidades
fluido dividida pela densidade da coerente, completo, decimal, universal.
água ou do ar)
2. coeficiente de atrito 1.10. Valor (de uma grandeza)
3. número de Mach
4. número de Reynolds O valor é a magnitude ou a expressão
quantitativa de uma grandeza particular
geralmente expresso como uma unidade
1.7. Unidade (de medição)
de medição multiplicada por um número.
Grandeza específica definida e adotada Exemplos
por convenção, com a qual outras comprimento de uma barra: 5,34 m
grandezas de mesma natureza são ou 534 cm;
comparadas para expressar suas massa de um corpo: 0,152 kg ou
magnitudes em relação àquela grandeza. 152 g;
Cada grandeza deve ter uma única grandeza de substância de uma
unidade de medição. Quando os números amostra de água (H2O): 0,012 mol
associados do valor da grande forem muito ou 12 mmol.
grandes, deve-se usar múltiplos decimais Notas:
ou quando forem muito pequenos, usam- 1. O valor de uma grandeza pode
se submúltiplos. Por exemplo, kilômetro é ser positivo, negativo ou zero.
um múltiplo de metro e milímetro é um
submúltiplo de metro.

168
Vocabulário de Metrologia

2. O valor de uma grandeza pode grandeza é usado para estabelecer


ser expresso em mais de um um valor verdadeiro convencional.
modo.
3. Os valores das grandezas de 1.13. Valor verdadeiro, erro e
dimensão 1 são expressos como incerteza
números isolados.
4. Uma grandeza que não pode ser O termo valor verdadeiro tem
expressa como uma unidade de tradicionalmente sido usado em
medição multiplicada por um publicações sobre incerteza mas não neste
número pode ser expressa por trabalho pelas seguintes razões.
referência a uma escala padrão O resultado de uma medição da
convencional ou por um grandeza realizada é corrigido para a
procedimento de medição ou por diferença entre esta grandeza e o
ambos. mensurando de modo a prever o que o
resultado da medição teria sido se a
1.11. Valor verdadeiro (de uma grandeza realizada, de fato, satisfizesse
totalmente a definição do mensurando. O
grandeza)
resultado da medição da grandeza
O valor verdadeiro é aquele consistente realizada é também corrigido para todos os
com a definição de uma dada grandeza outros efeitos sistemáticos significativos
particular. reconhecidos. Embora o resultado final
1. Este é um valor que seria obtida por corrigido final seja geralmente visto como a
uma medição perfeita melhor estimativa do valor verdadeiro do
2. Valores verdadeiros são, por mensurando, na realidade o resultado é
natureza, indeterminados simplesmente a melhor estimativa do valor
3. O artigo indefinido um, em vez do da grandeza que se quer medir.
artigo definido o, é usado em Como exemplo, suponha que o
conjunto com valor verdadeiro, mensurando é a espessura de uma dada
porque pode haver vários valores folha de material em uma especificada
verdadeiros. temperatura. A peça é trazida para a
temperatura próxima da temperatura
1.12. Valor verdadeiro convencional especificada e sua espessura, em um
(de uma grandeza) determinado local, é medida com um
micrômetro. A espessura do material neste
O valor verdadeiro convencional é local e temperatura, sob a pressão
aquele atribuído a uma grandeza particular aplicada pelo micrômetro, é a grandeza
e aceito, algumas vezes por convenção, realizada.
como tendo uma incerteza apropriada para A temperatura do material na hora da
um dado objetivo. medição e a pressão aplicada são
Exemplos determinadas. O resultado não corrigido da
a) em um dado local, o valor atribuído à medição da grandeza realizada é então
grandeza realizada por um padrão corrigido levando em conta a curva de
de referência pode ser tomada como calibração do micrômetro, o afastamento
um valor verdadeiro convencional; da temperatura do equipamento da
b) o valor recomendado pelo CODATA temperatura especificada e a leve
(1986) para a constante de compressão da peça sob a pressão
Avogrado: aplicada.
6,022 136 7 x 1023 mol-1. O resultado corrigido pode ser chamado
1. O valor verdadeiro convencional é a melhor estimativa do valor verdadeiro,
geralmente chamado de valor verdadeiro no sentido que é o valor da
atribuído, melhor estimativa do valor, grandeza que se acredita satisfazer
valor convencional ou valor de totalmente a definição do mensurando mas
referência. tem o micrômetro sido aplicada a diferença
2. Freqüentemente, um número de parte da folha de material, a grandeza
resultados de medições de uma realizada teria sido diferente com um

169
Vocabulário de Metrologia

diferente valor verdadeiro. Porém, este 3. Especificação inadequada do


valor verdadeiro seria consistente com a mensurando pode levar a
definição do mensurando porque o último discrepâncias dos resultados das
não especificou que a espessura era para medições da ostensivamente
ser determinada neste determinado ponto mesma grandeza feitas em
da folha. Assim, neste caso, por causa de diferentes laboratórios.
uma definição incompleta do mensurando, O termo valor verdadeiro de um
o valor verdadeiro tem uma incerteza que mensurando ou de uma grandeza (muitas
pode ser avaliada das medidas feitas em vezes truncado para valor verdadeiro) é
diferentes pontos da folha. Em algum nível, evitado neste trabalho porque a palavra
cada mensurando tem uma incerteza verdadeiro é vista como redundante.
intrínseca que pode, em princípio, ser Mensurando significa grandeza particular
estimada de algum modo. Esta é a mínima sujeita à medição, assim valor de um
incerteza com que um mensurando pode mensurando significa valor de uma
ser determinado e cada medição tem tiver grandeza particular sujeita à medição.
esta incerteza pode ser vista como a Desde que grandeza particular é
melhor medição possível do mensurando. geralmente entendida para significar uma
Para obter um valor da grandeza em grandeza definida ou especificada, o
questão tendo uma menor incerteza requer adjetivo verdadeiro em valor verdadeiro de
que o mensurando seja definido com mais um mensurando (ou em valor verdadeiro
detalhes. de uma grandeza) é desnecessário - o
1. No exemplo, a especificação do valor verdadeiro do mensurando (ou
mensurando deixa muitos outras grandeza) é simplesmente o valor do
informações em dúvida que mensurando (ou grandeza). Além disso,
poderiam afetar a espessura: como indicado na discussão acima, um
pressão barométrica, umidade, único valor verdadeiro é apenas um
atitude da folha no campo conceito idealizado.
gravitacional, o modo como ela é
suportada. 1.14. Valor numérico (de uma
2. Embora um mensurando seja grandeza)
definido em detalhe suficiente, de
modo que qualquer incerteza O valor numérico é o número que
resultante de sua definição multiplica a unidade na expressão do valor
incompleta seja desprezível em de uma grandeza. Exemplo,
comparação com a exatidão • No valor do comprimento de uma
requerida da medição, deve ser barra: 5,34 m; 5,34 é o valor
reconhecido que isto pode nem numérico.
sempre ser praticável. A definição • No valor da massa de um corpo:
pode, por exemplo, ser incompleta 0,152 kg; 0,152 é o valor numérico.
porque ela não especifica
parâmetros que deveriam ser
assumidos, injustificavelmente,
tendo efeito desprezível; ou ela pode
implicar condições que nunca são
totalmente satisfeitas e cuja
realização imperfeita é difícil de
considerar. Por exemplo, a
velocidade do som implica ondas
planas infinitas com pequena
amplitude. Para o objetivo que a
medição não satisfaz estas
condições, a difração e os efeitos
não lineares devem ser
considerados.

170
Vocabulário de Metrologia

2. Medição usualmente em detalhe suficiente para


possibilitar um operador fazer uma
medição sem informação adicional.
2.1. Metrologia
2.6. Mensurando (mensurand)
Metrologia é a ciência que trata das
medição, tratando de seus aspectos Mensurando é o objeto da medição ou a
teóricos e práticos, incluindo a incerteza, grandeza particular sujeita à medição. Por
em todos os campos da ciência ou da exemplo - pressão de vapor de uma dada
tecnologia. amostra de água a 20 oC.
A especificação de um mensurando pode requerer
2.2. Medição declaração acerca de grandezas como tempo,
temperatura e pressão.
Medição é um conjunto de operações
com o objetivo de determinar um valor de
uma grandeza. 2.7. Grandeza de influência
As operações podem ser feitas
É a grandeza que não é o mensurando
manualmente ou automaticamente.
mas que afeta o resultado da medição.
Exemplos
2.3. Princípio de medição 1. temperatura de um micrômetro
Princípio é a base científica de uma usado para medir comprimento
medição. 2. freqüência na medição da amplitude
Exemplos de uma diferença de potencial
1. efeito termelétrico aplicado à elétrica alternada.
medição de temperatura; 3. concentração de bilirubin na
2. efeito Josephson aplicado à medição de concentração de
medição de diferença de hemoglobina em uma amostra de
potencial elétrico; plasma sangüíneo do homem.
3. efeito Doppler aplicado à 4. A grandeza de influência inclui
medição de velocidade ou de valores associados com padrões de
vazão; medição, materiais de referência e
4. efeito Raman aplicado à dados de referência dos quais o
medição do número de onda de resultado de uma medição pode
vibrações moleculares. depender, bem como os fenômenos
tais como flutuações rápidas do
2.4. Método de medição instrumento de medição e
grandezas tais como temperatura
Método é a seqüência lógica de ambiente, pressão barométrica e
operações, descrita genericamente, usada umidade.
para fazer medições
Métodos de medição podem ser 2.8. Grandeza de modificação
qualificados em vários modos, tais como:
1. direto É a grandeza que não é o mensurando
2. substituição mas que afeta o resultado da medição,
3. comparação ou balanço de nulo alterando o seu valor justo na medição,
diretamente no elemento sensor. Exemplos
2.5. Procedimento de medição 1. temperatura e pressão na medição
da vazão volumétrica de gás. Como
Procedimento é um conjunto de o volume depende da pressão e da
operações, descrito especificamente e temperatura do gás, estas variáveis
usado para fazer medições particulares de modificam o valor medido da vazão
acordo com um dado método volumétrica do gás.
Um procedimento de medição é 2. densidade na medição de nível de
usualmente registrado no documento que é líquido através da pressão
geralmente chamado de procedimento de diferencial. Como a pressão
medição (ou um método de medição) e é diferencial exercida pela coluna

171
Vocabulário de Metrologia

líquida depende da densidade do 3. Resultado da Medição


líquido, aceleração da gravidade e
da altura do líquido, o nível é
modificado pela densidade. 3.1. Resultado de uma medição
A modificação pode ser eliminada ou
diminuída através da compensação da É o valor atribuído a um mensurando,
medição, quando se fazem as medições obtido por medição.
1. Quando um resultado é dado, deve
que afetam a variável medida e o cálculo
matemático para eliminar a modificação. ficar claro se ele se refere a
Por exemplo, na medição de nível de - uma indicação
líquido com densidade variável através da - um resultado não corrigido
pressão diferencial, medem-se a pressão - um resultado corrigido
diferencial e a densidade do líquido e - média de vários valores
2. Uma apresentação completa do
aplicam-se os dois sinais a um divisor de
sinais. A saída do divisor é proporcional resultado de uma medição inclui
apenas ao nível. informação acerca da incerteza da
medição.
2.9. Sinal de medição (measurement
3.2. Resultado não corrigido
signal)
Resultado de uma medição antes da
Sinal é a grandeza que representa a
correção devida aos erro sistemáticos.
quantidade medida ao qual está
funcionalmente relacionada. O sinal
3.3. Resultado corrigido
contem a informação. Exemplos de sinais:
1. deslocamento na saída de um Resultado de uma medição depois da
sensor mecânico de pressão correção devida aos erros sistemáticos.
2. sinal padrão de 4 a 20 mA na saída
de um transmissor eletrônico de 3.4. Erro (da medição)
temperatura
Erro é o resultado de uma medição
3. sinal padrão de 20 a 100 kPa na
menos um valor verdadeiro do
saída de um transmissor
mensurando.
pneumático de nível.
1. Desde que um valor verdadeiro não
4. tensão ou força eletromotriz de um
pode ser determinado, na prática é
termopar usado para medir a
usado um valor verdadeiro
temperatura de um processo.
convencional.
O sinal de entrada de um dispositivo
2. Quando for necessário distinguir erro
pode ser considerado estímulo; o sinal de
de erro relativo, o erro é geralmente
saída pode ser considerado resposta.
chamado de erro absoluto da
O sinal pode sofrer várias modificações
medição, que não deve ser
ao longo do sistema de medição, porém
confundido com o valor absoluto do
deve preservar inalterada a informação da
erro, que é o módulo do erro.
medição. Por exemplo, ele pode ser
3. Se o resultado de uma medição
filtrado, amplificado, convertido em outra
depende dos valores de outras grandezas
forma de energia, compensado, blindado.
diferentes do mensurando, os erros dos
valores medidos destas grandezas
2.10. Ruído (noise)
contribuem para o erro do resultado da
Grandeza da mesma natureza que o medição.
sinal que afeta a medição, provocando erro
de influência. O ruído pode ser eliminado 3.5. Erro relativo
ou diminuído através de várias técnicas,
Erro relativo é erro da medição dividido
como
por um valor verdadeiro do mensurando
1. posição relativa entre instrumento
Nota - Desde que um valor verdadeiro
de medição e fonte de ruído
não pode ser determinado, na prática, é
2. blindagem e aterramento quando
ruído for de natureza elétrica

172
Vocabulário de Metrologia

usado um erro verdadeiro 3.9. Fator de correção


convencional.
Fator numérico pelo qual o resultado
não corrigido de uma medição é
3.6. Erro aleatório
multiplicado para compensar o erro
Erro aleatório um resultado de uma sistemático
medição menos a média que resultaria de
um número infinito de medições do mesmo 3.10. Incerteza
mensurando feitas sob as condições de
repetitividade. A palavra incerteza significa dúvida e
1. Erro aleatório é igual ao erro menos
assim em seu sentido mais amplo
o erro sistemático. incerteza da medição significa dúvida
2. Como pode ser feito somente um
acerca da validade do resultado de uma
número finito de medições, é medição.
possível determinar somente uma
estimativa do erro aleatório. 3.11. Incerteza (da medição)
A incerteza da medição é um parâmetro
3.7. Erro sistemático associado com o resultado de uma
Erro sistemático é média que resultaria medição que caracteriza a dispersão dos
de um número infinito de medições do valores que podem razoavelmente ser
mesmo mensurando feitas sob as atribuídos ao mensurando.
1. O parâmetro pode ser, por exemplo,
condições de repetitividade menos um
valor verdadeiro do mensurando. um desvio padrão (ou um dado
1. Erro sistemático é igual ao erro
múltiplo dele) ou a meia largura de
menos o erro aleatório. um intervalo com determinado nível
2. Como o valor verdadeiro, o erro
de confiança.
2. A incerteza de uma medição
sistemático e suas causas não
podem ser completamente compreende, em geral, muitos
conhecidos. componentes. Alguns destes
3. Para um instrumento de medição, o
componentes podem ser avaliados
erro sistemático é chamado de da distribuição estatística dos
polarização (bias) resultados de séries de medições e
4. O erro do resultado de uma medição podem ser caracterizados por
pode geralmente ser considerado como desvios padrão experimentais. Os
resultante de um número de efeitos outros componentes, que também
aleatórios e sistemáticos que contribuem podem ser caracterizados por
com componentes individuais para o erro desvios padrão, são avaliados de
do resultado. distribuições de probabilidade
assumidas baseadas na experiência
ou em outras informações.
3.8. Correção (do erro)
3. O resultado da medição é a melhor
Correção do erro é o valor somado estimativa do valor do mensurando e
algebricamente ao resultado não corrigido todos os componentes da incerteza,
de uma medição para compensar o erro incluindo os que aparecem de
sistemático efeitos sistemáticos, tais como os
1. A correção é igual ao negativo do componentes associados com
erro sistemático estimado. correções e padrões de referência,
2. Como o erro sistemático não pode contribuem para a dispersão.
ser perfeitamente conhecido, a A definição anterior de incerteza de
compensação não pode ser medição é um operacional que focaliza o
completa. resultado da medição e sua incerteza
avaliada. Outros conceitos de incerteza da
medição podem ser:
1. uma medida do erro possível no
valor estimado do mensurando como

173
Vocabulário de Metrologia

o fornecido pelo resultado de uma o conhecimento incompleto das grandezas


medição; de influência e seus efeitos podem
2. uma estimativa caracterizando a geralmente contribuir significativamente
faixa de valores dentro da qual cai o para a incerteza do resultado de uma
valor verdadeiro de um mensurando. medição.
Embora estes dois conceitos
tradicionais sejam válidos como ideais, 3.12. Incerteza padrão
eles envolvem grandezas desconhecidas
Incerteza do resultado de uma medição
como o erro do resultado de uma medição
expressa como um desvio padrão.
e o valor verdadeiro do mensurando (em
contraste com o seu valor estimado),
respectivamente. 3.13. Incerteza padrão combinada
Uma vez que os valores exatos das Incerteza padrão do resultado de uma
contribuições para o erro de um resultado medição quando este resultado é obtido
de uma medição são desconhecidos e dos valores de várias outras grandezas,
desconhecíveis, as incertezas associadas iguais à raiz quadrada positiva de uma
com os efeitos aleatórios e sistemáticos soma de termos, os termos sendo as
que provocam o erro podem ser avaliados. variâncias ou covariâncias destas outras
Mas mesmo se as incertezas avaliadas grandezas com pesos de acordo com o
são pequenas, ainda não há garantia que o modo que o resultado da medição varia
erro no resultado da medição é pequeno; com alterações destas grandezas.
para a determinação de uma correção ou
na avaliação do conhecimento incompleto, 3.14. Incerteza expandida
um efeito sistemático pode sido omitido por
que ele não é reconhecido. Assim, a Grandeza que define um intervalo
incerteza de um resultado de uma medição dentro do qual o resultado de uma medição
não é necessariamente uma indicação da que é esperado incluir uma grande fração
probabilidade que o resultado da medição da distribuição de valores que podem
está próximo do valor do mensurando; ele razoavelmente ser atribuídos ao
é simplesmente uma estimativa da mensurando.
probabilidade de proximidade ao melhor 1. A fração pode ser vista como a
valor que é consistente com o probabilidade de cobertura ou nível
conhecimento atualmente disponível. de confiança do intervalo.
A incerteza da medição é assim uma 2. Associar um nível específico de
expressão do fato que, para um dado confiança com o intervalo definido
mensurando e um dado resultado da pela incerteza expandida requer
medição dele, não há um valor mas um hipóteses explícita ou implícita com
número infinito de valores dispersos em relação a distribuição de
torno do resultado que são consistente probabilidade caracterizada pelo
com todas as observações e dados e seu resultado da medição e sua
conhecimento do mundo físico e que, com incerteza padrão combinada. O nível
graus variáveis de credibilidade, podem ser de confiança que pode ser atribuído
atribuídos ao mensurando. a este intervalo pode ser conhecido
Felizmente, em muitas medições somente na extensão em que tais
práticas, muito da discussão deste Anexo hipóteses possam ser justificadas.
não se aplica. Exemplos são quando o 3. A incerteza expandida é também
mensurando é adequadamente bem chamada de incerteza total.
definido, quando padrões ou instrumentos
são calibrados usando padrões de
referência bem conhecidos que são
rastreáveis a padrões nacionais; e quando
as incertezas das correções da calibração
aparecem de efeitos aleatórios nas
indicações de instrumentos ou de um
número limitado de observações. Todavia,

174
Vocabulário de Metrologia

3.15. Avaliação Tipo A (de incerteza) Em Instrumentação, uma malha de


medição é constituída dos seguintes
Método de avaliação da incerteza por componentes, que podem estar
análise estatística de séries de fisicamente separados ou alojados em um
observações, geralmente aplicado às único invólucro:
incertezas aleatórias, cuja distribuição é 1. sensor
normal ou gaussiana. 2. condicionador
3. display
3.16. Avaliação Tipo B (de incerteza)
Método de avaliação da incerteza por 4.1. Instrumento de medição
meios diferentes de análise estatística de (measuring instrument)
séries de observações, geralmente
Dispositivo utilizado para realizar uma
aplicado às incertezas sistemáticas, cuja
medição, isolado ou em conjunto com
distribuição não é normal e geralmente é
outros dispositivos complementares.
retangular.
4.2. Medida materializada (material
3.17. Fator de cobertura
measure)
Um número que, quando multiplicado
pela incerteza padrão combinada, produz Dispositivo destinado a reproduzir ou
um intervalo (incerteza expandida) em fornecer, de maneira constante durante
torno do resultado da medição que pode seu uso, um ou mais valores conhecidos e
ser esperado englobar uma grande fração confiáveis de uma dada grandeza. É
especificada (e.g., 95%) da distribuição também chamado material de referência
dos valores que podem razoavelmente ser certificado. Exemplos:
atribuídos à grandeza medida. 1. Massa padrão
Fator numérico usado como um 2. Bloco padrão de comprimento
multiplicador da incerteza padrão 3. Medida de volume (de um ou vários
combinada de modo a obter uma incerteza valores, com ou sem escala
expandida. Um fator de cobertura, k, é graduada)
tipicamente na faixa de 2 a 3. 4. Resistor elétrico padrão
5. Gerador de sinal padrão
6. Solução padrão de pH
4. Instrumento de Medição
Há muitos termos empregados para 4.3. Transdutor de Medição
descrever os artefatos utilizados nas (measuring transducer)
medições. Eles não são mutuamente Genericamente, transdutor é qualquer
excludentes. Alguns são precisos outros dispositivo que modifica a forma de
são ambiguos, alguns são genéricos outros energia, da entrada para a saída. As
são específicos, alguns são usados por formas de energia na entrada e saída são
técnicos, outros por leigos. Os principais diferentes, porém há uma relação
nomes são: matemática definida entre ambas.
1. elemento Exemplos:
2. componente 1. termopar
3. parte 2. transformador de corrente
4. transdutor de medição 3. célula extensiométrica para medir
5. dispositivo de medição pressão eletricamente
6. medidor 4. eletrodo de pH
7. instrumento de medição
8. aparelho 4.4. Transmissor (transmitter)
9. equipamento
10. malha de medição Instrumento que sente uma variável de
11. instalação de medição processa e gera na saída um sinal padrão
12. sistema de medição proporcional ao valor da variável medida.
Pode ser de natureza eletrônica (sinal de 4

175
Vocabulário de Metrologia

a 20 mA cc) ou pneumática (sinal de 20 a O indicador pode também estar


100 kPa). associado às funções de
É utilizado para 1. transmissão
1. usar o sinal remotamente 2. registro
2. isolar processo do display 3. controle
3. padronizar sinais O leigo também chama o indicador de
relógio, mostrador ou medidor, que são
4.5. Cadeia de medição (measuring nomes ambíguos e devem ser evitados.
chain)
4.8. Registrador (recorder)
Seqüência de elementos de um
instrumentos ou sistema de medição Instrumento de medição que sente uma
formando o trajeto do sinal de medição, variável e imprime o resultado historico ou
desde o estimulo (entrada) até a resposta de tendência em um gráfico através de
(saída). O instrumentista diz: malha de penas com tinta.
medição (measuring loop). Exemplos:
Uma cadeia de medição de temperatura 1. registrador de temperatura
pode ser formada por: termopar, fios de 2. registrador de vazão, pressão e
extensão, junta de referência e indicador temperatura
de temperatura. O registro pode ser contínuo, com uma
a quatro penas independentes ou pode ser
4.6. Sistema de medição (measuring discreto, quando cada ponto de registro é
system) feito um de cada vez, em uma seqüência
fixa definida (registrador multiponto).
Conjunto completo de instrumentos de Um registrador pode apresentar os
medição e outros equipamentos valores de várias grandezas
associados para executar uma independentes, de modo simultâneo ou um
determinada medição. Em certos casos, valor de cada vez, de modo selecionável
eqüivale à cadeia ou malha de medição. manual ou automaticamente.
Um sistema de medição pode incluir O registrador pode também estar
medidas materializadas e reagentes associado às funções de
químicos. 1. indicação
Sistema de medição instalado de modo 2. controle
permanente é chamado de instalação de
medição. 4.9. Totalizador (totalizer)
4.7. Indicador (indicator) Instrumento de medição que determina
o valor de uma grandeza por meio do
Instrumento de medição que sente uma acúmulo dos valores parciais, durante
variável e apresenta o resultado determinado intervalo de tempo. É também
instantâneo em uma escala com ponteiro chamado de integrador. Geralmente a
ou através de dígitos. integração é feita em relação ao tempo. O
Exemplos: totalizador multiplica a variável totalizada
1. voltímetro por um intervalo de tempo, de modo que a
2. frequencímetro integração da velocidade é distância, da
3. termômetro potência é energia, da vazão volumétrica é
4. manômetro volume.
A indicação pode ser analógica,
(contínua ou discreta), através de escala e Exemplos:
ponteiro ou digital, através de dígitos. 1. totalizador de potência elétrica, que
Um indicador pode apresentar os apresenta o valor totalizado no
valores de várias grandezas tempo em energia.
independentes, de modo simultâneo ou um 2. totalizador de vazão, que apresenta
valor de cada vez, de modo selecionável o valor totalizado no tempo em
manual ou automaticamente. volume ou massa.

176
Vocabulário de Metrologia

3. totalizador de velocidade, que 4. pena de registrador


apresenta o valor totalizado no 5. lâmpadas ou LEDs (diodo emissor
tempo em distância. de luz) que se acendem em um
O totalizador pode receber em sua conjunto
entrada sinal analógico ou digital. Sua
saída é sempre um contador. Quando um 4.13. Escala (scale)
totalizador pára de totalizar, a sua saída
Régua graduada do indicador, em
fica congelada no último valor acumulado.
ordem crescente ou decrescente, contínua
O display do contador é geralmente
ou discreta, sobre a qual um ponteiro se
digital, porém é possível ter display
posiciona para fornecer o valor indicado da
analógico.
medição. No conjunto escala e ponteiro,
um dos dois é fixo e o outro, móvel.
4.10. Instrumento analógico (analog
Geralmente, a escala é fixa e o ponteiro é
instrument) e digital (digital instrument) móvel.
O fato de um instrumento ser analógico A graduação da escala pode ser
ou digital depende de quatro parâmetros, uniforme ou linear ou pode ser não linear
cada um podendo analógico ou digital: específica.
1. sinal Quanto maior a escala e o número de
2. função marcas (divisões), maior é a precisão e
3. tecnologia resolução da indicação e maior é a
4. display quantidade de algarismos significativos no
Na prática, quando se fala de um resultado da indicação.
instrumento analógico ou digital, está-se Escala de valor de referência ou escala
referindo implicitamente ao display e não de referência convencional é usada para
necessariamente aos outros três comparar grandezas específicas, como a
parâmetros. Assim, instrumento analógico escala de dureza Mohs, escala de pH,
é aquele que apresenta a indicação escala de índice de octanas para gasolina.
através do conjunto escala e ponteiro e
instrumento digital é aquele que apresenta 4.14. Escala com zero suprimido
a indicação através de dígitos. (supressed zero scale)
Escala cuja faixa de indicação não inclui
4.11. Mostrador (display, dial)
o valor zero. Por exemplo, escala do
Mostrador é a parte do indicador que termômetro clinico, que vai de 35 a 42 oC.
apresenta a indicação. Quando analógico,
é o conjunto escala e ponteiro e quando 4.15. Escala com zero elevado
digital, o conjunto de dígitos. (elevated zero scale)
O mostrador pode ter diferentes
1. formatos: circular, reto horizontal, Escala cuja faixa de indicação onde o
reto vertical, valor 0% é negativo e por isso o zero está
2. tamanhos elevado em relação ao 0%. Por exemplo,
3. cores escala de termômetro que vai de -20 a 50
o
4. princípios de operação ou C. O valor 0 oC está elevado em relação
acionamento: eletrônico, ao 0% (-20 oC).
pneumático ou mecânico
4.16. Escala expandida (expanded
4.12. Índice (index) scale)
Parte fixa ou móvel de um dispositivo mostrador, Escala na qual parte da faixa de
cuja posição em relação às marcas da escala define indicação ocupa um comprimento da
o valor indicado. escala que é desproporcionalmente maior
do que outras partes.
O índice pode ser
1. ponteiro
2. ponto luminoso
3. superfície de um líquido

177
Vocabulário de Metrologia

4.17. Sensor (sensor) A faixa de indicação pode ser expressa


em unidade de engenharia ou em
Sensor é o elemento de um instrumento percentagem.
de medição ou de uma malha de medição Para o indicador analógico, a faixa de
que é diretamente afetado pela quantidade indicação é igual à faixa da escala.
medida. O sensor detecta a variável, O início da escala (0%) e o fim da
gerando um sinal proporcional a ela. escala (100%) podem ser iguais a zero,
Nomes alternativos de sensor: detector, negativos ou positivos.
elemento primário, elemento transdutor,
captador, probe.
4.19. Amplitude de faixa (span of
Em função de seu sinal de saída, o
sensor pode ser mecânico (saída é um indication)
deslocamento ou movimento) ou eletrônico Diferença algébrica, em valor absoluto,
(saída é uma tensão ou variação de do limite máximo (100%) e mínimo (0%) da
parâmetro eletrônico, como resistência, faixa de indicação. Exemplos:
indutância, capacitância). 1. Largura da faixa de 0 a 100 oC é
O sensor depende umbilicalmente da 100 oC
variável medida, ou seja, o sensor é 2. Largura da faixa de 20 a 100 oC é
determinado pela variável medida. 80 oC
Exemplos: 3. Largura da faixa de -20 a 100 oC é
1. termopar, que gera uma tensão em 120 oC
função da diferença da temperatura 4. Largura da faixa de -40 a -20oC é
medida e a de referência 20 oC
2. detector de temperatura a
resistência (RTD) que varia a 4.20. Escala linear (linear scale)
resistência elétrica em função da
temperatura medida Escala linear possui graduações ou
3. placa de orifício que gera uma marcações uniformemente separadas. O
pressão diferencial proporcional ao instrumento possui escala linear quando há
quadrado da vazão volumétrica uma relação constante entre as saídas e
medida entradas de todos os componentes da
4. bourdon C que gera um pequeno malha de medição, incluindo o sensor.
deslocamento em função da Quando aparece uma não linearidade
pressão aplicada na malha, ela pode ser corrigida
5. bóia de um sistema de medição de imediatamente por alguma operação não
nível linear inversa, através de circuito,
6. tubo magnético de vazão que gera instrumento ou programa. Quando o sinal
uma fem proporcional à vazão de medição que chega à escala é linear,
volumétrica de um líquido usa-se uma escala linear; quando for não
eletricamente condutor que passa linear, usa-se uma escala não linear
em seu interior específica. As escalas não lineares mais
Às vezes, o sensor indica apenas a utilizadas em instrumentação são a
presença ou ausência de uma grandeza, logarítmica (escala do ohmímetro
sem fornecer necessariamente o seu valor analógico) e a raiz quadrática (associada à
numérico. Por exemplo, detector de medição de vazão com placa de orifício,
vazamento de gases, papel tornasol para geralmente chamada de quadrática – o
indicar apenas se uma solução é ácida ou que é incorreto!).
básica.

4.18. Faixa de indicação (range of


indication)
Conjunto de valores compreendidos
entre 0 e 100% das indicações. O 0% é o
limite inferior e o 100% é o limite superior
da indicação.

178
Vocabulário de Metrologia

5. Características do metrológicas especificadas, as quais são


mantidas nas condições de funcionamento
Instrumento de Medição em utilizações subsequentes.
Alguns dos termos utilizados para As condições limites de armazenagem,
descrever as características de um transporte e operação podem ser
instrumento de medição podem ser diferentes.
igualmente aplicáveis a sensores, As condições limites podem incluir
condicionadores de sinal ou sistema de valores limites para a quantidade medida e
medição e também a medida materializada para as grandezas de influência.
ou material de referência certificada.
5.5. Condições de Referência
5.1. Faixa nominal (nominal range) (reference conditions)
Faixa de indicação que se pode obter Condições de uso prescritas para
em uma posição específica dos controles ensaio de desempenho de um instrumento
de um instrumento de medição. de medição ou para intercomparação de
A faixa nominal coincide geralmente resultados de medições.
com a faixa de medição ou de calibração As condições de referência geralmente
do instrumento. incluem os valores de referência ou as
faixas de referência para as grandezas de
5.2. Valor nominal (nominal value) influência que afetam o instrumento de
medição.
Valor teórico, arredondando ou
aproximado de uma característica do 5.6. Constante de um instrumento
instrumento de medição que auxilia na sua (instrument constant)
utilização. Exemplos:
1. Resistor padrão de 100 Ω. Fator pelo qual a indicação direta de um
2. Recipiente volumétrico de 1 L instrumento de medição deve ser
3. Concentração da quantidade de multiplicada para se obter o valor indicado
matéria de uma solução de ácido do mensurando ou de uma grandeza
clorídrico, HCl, de 0,1 mol/L utilizada no cálculo do valor do
4. 24 oC como temperatura de mensurando.
referência para calibração de um Instrumentos de medição com diversas
instrumento. faixas com uma única escala, têm várias
constantes que correspondem, por
5.3. Condições de Utilização (rated exemplo, a diferentes posições de um
operating conditions) mecanismo seletor.
Quando a constante é igual a 1, ela
Condições de uso para as quais as geralmente não é indicada no instrumento.
características metrológicas especificadas Quando não se diz qual é a constante,
de um instrumento de medição mantém-se entende-se que ela é igual a 1.
dentro dos limites especificados. Medidores de vazão possuem uma
As condições de utilização geralmente constante, que relaciona o seu sinal de
especificam faixas ou valores aceitáveis saída com o valor da vazão medida. Este
para a quantidade medida e para as fator K ou constante deve ser
grandezas de influência, como valor e periodicamente calibrada.
freqüência da alimentação, ruídos
externos, posição, vibração mecânica, 5.7. Característica de resposta
temperatura e pressão ambientes. (response characteristic)
5.4. Condições Limites (limiting Relação entre a saída (resposta) e a
conditions) entrada (estímulo) de um instrumento, sob
condições definidas. Exemplos: a força
Condições extremas nas quais um eletromotriz de saída do termopar como
instrumento de medição resiste sem danos função da entrada de temperatura.
e degradação das características

179
Vocabulário de Metrologia

A relação pode ser expressa por uma 5.12. Estabilidade (stability)


equação matemática, tabela numérica ou
gráfico. Aptidão de um instrumento de medição
Quando a saída varia em função do em conservar constantes suas
tempo, a forma característica de resposta é características metrológicas ao longo do
a função de transferência da resposta tempo.
dividida pela da entrada. A estabilidade pode ser estabelecida em
relação a outra grandeza que não o tempo,
mas isto deve ser explicitamente
5.8. Sensibilidade (sensitibility)
declarado.
Variação da saída (resposta) de um A estabilidade pode ser quantificada de
instrumento de medição dividida pela vários modos, por exemplo:
correspondente variação da entrada 1. pelo tempo no qual a característica
(estímulo). A sensibilidade nem sempre é metrológica varia de um valor
linear e pode depender do valor da determinado ou
entrada. 2. em termos da variação de uma
característica em um determinado
5.9. Limiar de mobilidade período de tempo.
(discrimination, threshold)
5.13. Discriminação (transparency)
Maior variação da entrada (estímulo)
que não produz variação detectável na Aptidão de um instrumento de medição
saída (resposta) de um instrumento de em não alterar o valor da quantidade
medição, sendo a variável no sinal de medida.
entrada lenta e uniforme.
O limiar de mobilidade pode depender, 5.14. Deriva (drift)
por exemplo, do ruído, atrito e também do
Variação lenta de uma característica
valor da entrada (estímulo).
metrológica de um instrumento de
medição. Geralmente a deriva é devida à
5.10. Resolução (resolution) variação da temperatura ambiente ou do
Menor diferença entre indicações de um tempo ou de ambos.
dispositivo mostrador que pode ser
percebida significativamente. 5.15. Tempo de resposta
Para mostrador digital, é a variação na
Intervalo de tempo entre o instante em
indicação quando o dígito menos
que uma entrada é submetido a uma
significativo (o da extrema direita) varia de
variação brusca e o instante em que a
um dígito.
resposta atinge e permanece dentro de
limites especificados em torno do seu valor
5.11. Zona morta (dead zone) final estável.
Intervalo máximo no qual uma entrada
(estímulo) pode variar em ambos os 5.16. Exatidão da medição
sentidos, sem produzir variação na saída
Exatidão é o grau de concordância entre
(resposta) de um instrumento de medição .
o resultado de uma medição e um valor
A zona morta pode depender da taxa de
verdadeiro do mensurando
variação.
1. Exatidão é um conceito qualitativo
A zona morta, algumas vezes, pode ser
2. O termo precisão não deve ser
deliberadamente ampliada, de modo a
usado para exatidão.
prevenir variações na saída (resposta)
3. A exatidão está relacionada com os
para pequenas variações na entrada
erros sistemáticos do instrumento.
(estímulo).
4. A exatidão é obtida através da
calibração periódica do instrumento.

180
Vocabulário de Metrologia

5.17. Classe de exatidão 2. As condições variadas podem


incluir:
Classe de instrumentos de medição que - princípio de medição
satisfazem a certas exigências - método de medição
metrológicas destinadas a conservar os - observador
erros dentro de limites especificados. A - instrumento de medição
classe de exatidão é geralmente indicada - padrão de referencia
por um número ou símbolo adotado por - local
convenção e denominado índice de - condições de uso
classe. 3. A reprodutibilidade pode ser
expressa quantitativamente em
5. 18. Repetitividade (de resultados termos da dispersão característica
de medições) dos resultados.
Repetitividade é o grau de concordância 4. Os resultados são aqui entendidos
entre os resultados de medições como os resultados corrigidos.
sucessivas do mesmo mensurando feitas
sob as mesmas condições de medição A 5.20. Erro
repetitividade representa o grau de Um resultado correto da medição não é
dispersão de várias medidas repetidas o valor do mensurando - isto é, ele está
feitas de um mesmo valor do mensurando. com erro - por causa da medição
1. Estas condições são chamadas de imperfeita da grandeza realizada devido a
condições de repetitividade variações aleatórias das observações
2. As condições de repetitividade (efeitos aleatórios), determinação
incluem inadequada das correções para os efeitos
o mesmo procedimento de sistemáticos e o conhecimento incompleto
medição de certos fenômenos físicos (também
o mesmo observador efeitos sistemáticos). Nem o valor da
o mesmo instrumento de grandeza realizada nem o valor do
medição, usado sob as mesmas mensurando pode ser conhecido
condições exatamente; tudo que pode ser conhecido
o mesmo local são seus valores estimados. No exemplo
repetições em um curto período acima da medida da espessura da chapa
de tempo pode estar com erro, isto é, pode diferir do
3. A repetitividade pode ser expressa valor do mensurando (a espessura da
quantitativamente em termos da chapa), por causa de cada uma das
dispersão característica dos seguintes contribuições para um erro
resultados. desconhecido para o resultado da
4. A repetitividade é a precisão do medição:
instrumento. a) pequenas diferenças entre as
5. A precisão está relacionada com os indicações do micrômetro quando é
erros aleatórios do instrumento. repetidamente aplicada à mesma
6. A precisão é mantida através da grandeza realizada;
manutenção programada do b) calibração imperfeita do micrômetro;
instrumento. c) medição imperfeita da temperatura e
da pressão aplicadas;
5.19. Reprodutibilidade d) conhecimento incompleto dos efeitos
Reprodutibilidade é a proximidade de da temperatura, pressão barométrica
consenso entre os resultados de medições e umidade na peça ou no micrômetro
sucessivas do mesmo mensurando feitas ou em ambos.
sob condições diferentes de medição O resultado de uma medição menos um
1. Uma expressão válida da valor verdadeiro da grandeza medida (não
reprodutibilidade requer a precisamente quantificável por que o valor
especificação das condições verdadeiro cai em algum ponto
variadas. desconhecido dentro da faixa de
incerteza).

181
Vocabulário de Metrologia

5.22. Limite de Erro Admissível 5.28. Tendência (bias)


Valor extremo de um erro admissível Erro sistemático da indicação de um
por especificação, norma, legislação, para instrumento de medição. A tendência de
um dado instrumento de medição. um instrumento de medição é normalmente
estimada pela média dos erros de
5.23. Erro de um instrumento de indicação de um número apropriado de
medição medições repetidas.
Indicação de um instrumento de 5.29. Isenção de Tendência (freedom
medição menos um valor verdadeiro da
from bias)
grandeza de entrada correspondente.
Como, na prática, não existe um valor Aptidão de um instrumento de medição
verdadeiro, usa-se o valor verdadeiro dar indicações isentas de erro sistemático.
convencional, dado por um padrão
confiável. Para uma medida materializada, 5.30. Erro fiducial (fiducial error)
a indicação é o valor atribuído a ela e o
Erro de um instrumento de medição
valor verdadeiro convencional é o
dividido por um valor especificado para o
fornecido por padrão rastreado.
instrumento. O valor especificado é
geralmente chamado de valor fiducial e
5.24. Erro no ponto de controle
pode ser, por exemplo, a amplitude da
Erro de um instrumento de medição em faixa nominal ou o limite superior da faixa
uma indicaçãoo especificada ou em um nominal do instrumento de medição.
valor especificado do mensurando,
escolhido para controle do instrumento.

5.25. Erro no zero (zero error)


Erro no ponto de controle de um
instrumento de medição para o valor zero
do mensurando. Um instrumento apresenta
erro de zero, quando sua saída for
diferente de zero para entrada igual a zero.
Diz se que um instrumento apresenta erro
de zero quando a curva real de calibração
que deveria passar pela origem, não
passa.

5.26. Erro no span (span error)


Um instrumento apresenta erro de zero,
quando a inclinação de sua curva de
calibração for diferente da inclinação
nominal. Diz se que um instrumento
apresenta erro de span quando a curva
real de calibração tem inclinação diferente
da ideal.

5.27. Erro intrínseco (intrinsic error)


Erro de um instrumento de medição,
determinado sob condições de referência.

182
Vocabulário de Metrologia

6. Conceitos estatísticos

As definições dos termos básicos estatísticos dados aqui foram tiradas da ISO 3534-1 [7].
Esta norma deve ser a primeira fonte consultada para as definições de termos não incluídos
aqui.

6.1. Estatística 6.5. Função distribuição


Uma função das variáveis aleatórias da Uma função dando, para cada valor x, a
amostra. probabilidade que a variável aleatória X
Uma estatística, como uma função de seja menor ou igual a x:
variáveis aleatórias, é também uma
variável aleatória e como tal, assume F(x) = Pr(X ≤ x)
diferentes valores para a amostra. O valor
da estatística obtida usando-se os valores Distribuição de probabilidade (de uma
observados nesta função pode ser usado variável aleatória
em um teste estatístico ou com uma Uma função dando a probabilidade que
estimativa de um parâmetro da população, uma variável aleatória tome qualquer valor
tal como uma média ou um desvio padrão. dado ou pertença a um dado conjunto de
valores.
6.2. Probabilidade A probabilidade de um conjunto inteiro
de valores da variável aleatória é igual a 1.
Um número real na escala 0 a 1
atribuído a um evento aleatório. Função densidade de probabilidade
A probabilidade pode se referir a uma (para uma variável aleatória contínua)
freqüência relativa de ocorrência em longo A derivada (quando ela existir) da
período de tempo ou a um grau de função distribuição:
confiança que um evento possa ocorrer.
Para um alto grau de confiança, a f(x) = dF(x)/dx
probabilidade é próxima de 1.
f(x)dx é o elemento probabilidade:
6.3. Variável aleatória
f(x)dx = Pr(x < X < x +dx)
Uma variável que pode tomar qualquer
valor de um específico conjunto de valores Função massa da probabilidade
e com a qual é associada uma Uma função dando, para cada valor xi
distribuição de probabilidade. de uma variável aleatória discreta, a
1. Uma variável aleatória que pode probabilidade pi que a variável aleatória X
tomar somente valores isolados é seja igual a xi:
chamada de discreta. Uma variável pi = Pr(X = xi)
aleatória que pode tomar qualquer
valor dentro de um intervalo finito ou Desvio padrão (de uma variável
infinito é chamada de contínua. aleatória ou de uma distribuição de
2. A probabilidade de um evento A é probabilidade
denotada por Pr(A) ou P(A). A raiz quadrada positiva da variância:
Variável aleatória centrada
Uma variável aleatória cuja expectativa
σ = V( X)
é igual a zero. Momento central de ordem 1
Se a variável aleatória X tem uma
Em uma distribuição de uma única
expectativa igual a µ, a variável aleatória
característica, a média aritmética da qa
centrada correspondente é (X - µ).

183
Vocabulário de Metrologia

potência da diferença entre os valores s( z) = s( z i ) / n é o desvio padrão


observados e sua média x é:
experimental da média z com n = ν - 1
1 n

n i=1
(x i − x)q graus de liberdade.

O momento central de ordem 1 é igual a 6.6. Parâmetro


zero. Uma grandeza usada para descrever a
Momento central de ordem q distribuição de probabilidade de uma
Em uma distribuição com uma variável, variável aleatória.
a expectativa da qa potência da variável
aleatória centrada (X - µ): 6.7. Característica
Uma propriedade que ajuda a identificar
E[(X - µ)q] ou diferenciar entre itens de uma dada
O momento central de ordem 1 é a população.
variância da variável aleatória X. A característica pode ser quantitativa
(para variáveis) ou qualitativa (para
Distribuição normal; distribuição de
atributos)
Laplace-Gauss
A distribuição de probabilidade de uma 6.8. População
variável aleatória continua X, a função de
densidade de probabilidade de que é A totalidade de itens sob consideração.
1  x −µ 
2 No caso de uma variável aleatória, a
− 
1 2 σ 

distribuição de probabilidade é considerada
f(x) = e
σ 2π para definir a população desta variável.

para -∞ < x < +∞ 6.9. Freqüência


µ é a expectativa e σ é o desvio padrão O número de ocorrências de um dado
da distribuição normal. tipo de evento ou o número de
observações caindo em uma classe
Distribuição t; (Student)
específica.
A distribuição t ou distribuição de
Student é a distribuição de probabilidade Distribuição de freqüência
de uma variável aleatória continua t cuja A relação empírica entre os valores de
função densidade de probabilidade é uma característica e suas freqüências ou
suas freqüências relativas.
 ν + 1  ν + 1
A distribuição pode ser graficamente
Γ  −  apresentada como um histograma, gráfico
1  2

 2  1+ t  2 
p( t, ν) =   de barra, polígono de freqüência
πν Γ  ν   ν  cumulativa ou como uma tabela de duas
2
  vias.

onde Γ é a função gama e ν > 0. A


expectativa da distribuição t é zero e sua
variância é ν/(n - 2) para ν > 2. Quando n
→ ∞, a distribuição t se aproxima da
distribuição normal com µ = 0 e σ=1.
A distribuição probabilidade da variável
( z − µ z ) / s( z) é a distribuição t se a variável
aleatória z é normalmente distribuída com
expectativa µz, onde z é a média
aritmética de n observações
independentes zi de z, s(zi) é o desvio
padrão experimental de n observações e

184
Vocabulário de Metrologia

6.10. Expectativa (de uma variável qk sendo o resultado da ka medição e q


aleatória ou de uma distribuição de sendo a média aritmética dos n resultados
probabilidade; valor esperado; considerados
média 1. Considerando a série de n valores
como uma amostra de uma
1. Para uma variável aleatória discreta X
tomando os valores xi dentro das distribuição, q é uma estimativa não
probabilidades pi, a expectativa, se existir, polarizada da média µq e s2(qk) é
é: uma estimativa não polarizada da
variância σ2, desta distribuição.
µ = E( X ) = ∑ pi x i 2. A expressão s( qk ) / n é uma
estimativa do desvio padrão da
a soma sendo estendida sobre todos os
distribuição de q e chamado de
valores de xi, que pode ser tomado por X.
2. Para uma variável aleatória contínua desvio padrão experimental da
X tendo a função densidade de média.
probabilidade f(x), a expectativa, se existir, 3. O desvio padrão experimental da
é média é, às vezes, chamado
incorretamente de erro padrão da
média.
µ = E( X ) = ∫ xf ( x )dx
6.12. Estimativa
a integral sendo estendida sobre todo o
intervalo de variação de X. A operação de atribuir, a partir de
observações em uma amostra, valores
numéricos para os parâmetros de uma
6.11. Desvio padrão
distribuição escolhida como o modelo
O desvio padrão é a raiz quadrada estatístico da população da qual a amostra
positiva da variância. é retirada.
Uma vez que uma incerteza padrão do Um resultado desta operação pode ser
Tipo A é obtida tomando a raiz quadrada expresso como um valor único (ponto
da variância estatisticamente calculada, é estimado; ou como um intervalo estimado.
geralmente mais conveniente quando
Estimador
determinando uma incerteza padrão do
Tipo B para avaliar um desvio padrão não Uma estatística usada para estimar um
estatístico equivalente primeiro e depois parâmetro da população.
obter a variância equivalente elevando ao Estimado
quadrado o desvio padrão.
O valor de um estimador obtido como
O desvio padrão da amostra é um
um resultado de uma estimativa.
estimador não polarizado do desvio padrão
da população. Intervalo estatístico de cobertura
Desvio padrão experimental Um intervalo para o qual se pode
estabelecer, com um dado nível de
Desvio padrão para uma série de n
confiança, que ele contem no mínimo uma
medições do mesmo mensurando é a
proporção especificada da população.
grandeza s(qk) caracterizando a dispersão
1. Quando dois limites são definidos
dos resultados e dado pela fórmula:
por estatística, o intervalo tem dois
lados. Quando um dos dois limites
n
não é finito ou consiste do limite da
∑ ( q k − q) 2 variável, o intervalo é de um lado.
k =1
s( qk ) = 2. Também chamado de intervalo de
n−1
tolerância estatística. Este termo não deve
ser usado porque ele pode causar
confusão com intervalo de tolerância.

185
Vocabulário de Metrologia

Coeficiente de confiança, nível de A variância de uma variável aleatória é


confiança a expectativa de seu desvio quadrático em
A probabilidade que o valor da grandeza relação a sua expectativa. Assim, a
medida caia dentro da faixa cotada de variância da variável aleatória z com
incerteza. função densidade de probabilidade p(z) é
dada por
Graus de liberdade
Em geral, o número de termos em uma σ 2 ( z) = ∫ ( z − µ z ) 2 p( z)dz
soma menos o número de limitações nos
termos da soma.
onde µz é a expectativa de z. A variância
Média aritmética σ2(z) pode ser estimada por
A soma dos valores dividida pelo
número de valores. 1 n
1. O termo média pode se referir a um s 2 ( zi ) = ∑ ( z i − z) 2
n − 1 i=1
parâmetro da população ou ao
resultado de um cálculo dos dados
obtidos em uma amostra. onde
2. A média de uma única amostra 1 n
aleatória tomada de uma população
z=∑ zi
n i=1
é um estimador não polarizado da e zi são n observações independentes de
média de sua população. Porém, z.
outros estimadores, tais como média 1. O fator (n -1) na expressão de s2(zi)
geométrica, média harmônica,
mediana ou moda, podem também vem da correlação entre zi e z e
ser usados. reflete o fato que há somente (n - 1)
itens independentes no conjunto {zi -
6.13. Variância z)
2. Se a expectativa µz de z é
Uma medida da dispersão, que é a conhecida, a variância pode ser
soma dos quadrados dos desvios de estimada por:
observações de sua média dividida por um
menos o número de observações.
1 n
Por exemplo, para n observações x1, s 2 (zi ) = ∑ (zi − µ)2
n i =1
x2,..., xn com média
1 n
x = ∑ xi A variância da média aritmética das
n i=1
observações, no lugar da variância das
observações individuais, é a medida
a variância é apropriada da incerteza de um resultado
1 n
s2 = ∑
n − 1 i=1
(x i − x)2 da medição. A variância de uma variável z
deve ser cuidadosamente distinguida da
variância da média z . A variância da
1. A variância da amostra é um média aritmética de uma série de n
estimador não polarizado da observações independentes zi de z é dada
variância da população. por
2. A variância é n/(n - 1) vezes o
momento central de ordem 2. σ 2 ( zi )
A variância definida aqui é mais σ 2 ( z) =
n
apropriadamente chamada de estimativa
da amostra da variância da população. A
e é estimada pela variância experimental
variância de uma amostra é usualmente
da média
definida para ser o momento centro de
ordem 2 da amostra. s 2 ( zi ) 1 n
s 2 ( z) =
n
= ∑
n(n − 1) i=1
( z i − z) 2

186
Vocabulário de Metrologia

Variância (de uma variável aleatória ou 6.15. Correlação


de uma distribuição de probabilidade
A relação entre duas ou várias variáveis
A expressão do quadrado da variável aleatórias dentro de uma distribuição de
aleatória centrada duas ou mais variáveis aleatórias.
Muitas medidas estatísticas de
σ 2 = V( X ) = E{[ X − E( X )] 2 } correlação medem somente o grau de
relação linear.
6.14. Covariância Coeficiente de correlação
A covariância de duas variáveis O coeficiente de correlação é uma
aleatórias é uma medida de sua medida da dependência mútua relativa de
dependência mútua. A covariância de duas variáveis, igual à relação de suas
variáveis aleatórias y e z é definida por: covariâncias para a raiz quadrada positiva
do produto de suas variâncias. Assim,
cov(y,z) = cov (z,y) = E{[y-E(y)][z - E(z)]}
ν( y, z) ν( y, z)
que leva a ρ( y, z) = ρ( z, y) = =
ν( y, y)ν( z, z) σ( y)σ( z)
cov(y,z) = cov (z,y)
com estimativas
= ∫ ∫ ( y − µ y )( z − µ z )p( y, z)dydz
s( y i , z i ) s( y i , z i )
r( y i , z i ) = r( z i , y i ) = =
s( y i , y i )s( z i , z i ) s( y i )s( z i )
= ∫ ∫ yzp( y, z)dydz − µ y µ z

onde p(y,z) é a função densidade de O coeficiente de correlação é um


probabilidade conjunta de duas variáveis y número puro tal que -1 ≤ ρ ≤ +1 ou -1 ≤
e z. A covariância cov(y,z)] também r(yi,zi) ≤ +1.
denotada por ν(y,z)] pode ser estimada por Notas
x(yi,zi) obtido de n pares independentes de 1. Como r e r são números puros na
observações simultâneas yi e zi de y e z, faixa de -1 a +1 inclusive, enquanto
1 n as covariâncias são usualmente
s( y i , z i ) = ∑ ( yi − y)( zi − z)
n − 1 i=1 grandezas com dimensões físicas e
onde tamanhos inconvenientes, os
coeficientes de correlação são
1 n
z = ∑ zi geralmente mais úteis que as
n i =1 covariâncias.
2. Para distribuições de probabilidade
A covariância estimada de duas médias multivariáveis, a matriz de
y e z é dada por s( y , z ) = s(yi,zi)/n coeficientes de correlação é
usualmente dada no lugar da matriz
Matriz de covariância de covariância. Desde que ρ(y,y) = 1
Para uma distribuição de probabilidade e r(yi,yi) = 1, os elementos da
multivariável, a matriz V com elementos diagonal desta matriz são 1.
iguais às variâncias e covariâncias das 3. Se as estimativas de entrada xi são
variáveis é chamada de matriz covariância. correlatas e se uma variação δi em xi
Os elementos diagonais, ν(z,z) = σ2(z) ou produz uma variação δj em xj, então
s(zi,zi) = s2(zi), são as variâncias e os o coeficiente de correlação
elementos fora da diagonal, ν(y,z) ou associado com xi e xj é estimado
s(yi,zi) são as covariâncias. aproximadamente por

u( x i )δ j
r( x i , x j ) =
u( x j )δ i

187
Vocabulário de Metrologia

Esta relação pode servir como base 1. Na Fig. 1(a) as observações são
para estimar experimentalmente os mostradas como um histograma
coeficientes de correlação. Ela também para fins ilustrativos.
pode ser usada para calcular a variação 2. A correção para um erro é igual ao
aproximada em uma estimativa de entrada negativo da estimativa do erro.
devido à variação em outra se o coeficiente Assim, na Fig. 1 e na Fig. 2, uma
de correlação for conhecido. seta que ilustra a correção para um
erro é igual em comprimento mas
6.16. Independência aponta no sentido oposto à seta que
ilustra o erro e vice-versa. O texto da
Duas variáveis aleatórias são
figura torna claro se uma seta
estatisticamente independentes se sua
particular ilustra uma correção ou
distribuição de probabilidade conjunta é o
um erro.
produto de suas distribuições de
Fig. 2 mostra algumas das idéias
probabilidades individuais.
ilustradas na Fig. 1 mas de modo diferente.
Se duas variáveis aleatórias são
Mais ainda, ela também mostra a idéia que
independentes, sua covariância e
pode haver muitos valores do mensurando
coeficiente de correlação são zeros, mas o
se a definição do mensurando é
inverso nem sempre é verdade.
incompleta (entrada g da figura). A
incerteza resultante deste definição
6.17. Representação gráfica incompleta como medida pela variância é
A Fig. 1. mostra algumas das idéias avaliada da medição de realizações
discutidas na cláusula 3 deste trabalho e múltiplas do mensurando, usando o
neste Anexo. Ela ilustra por que o foco mesmo método, instrumentos, local.
deste trabalho é a incerteza e não o erro. Na coluna Variância as variâncias são
O erro exato de um resultado de uma entendida serem as variâncias ui2(y)
medição é, em geral, desconhecido e definidas na eq. (11); assim elas se somam
desconhecível. Tudo que se pode fazer é linearmente, como mostrado.
estimar os valores das grandezas de
entrada, incluindo correções para os
efeitos sistemáticos reconhecidos, junto
com suas incertezas padrões (desvios
padrão estimados), ou de distribuições de
probabilidade desconhecidos que são
amostradas por meio de observações
repetidas ou de distribuições subjetivas ou
a priori baseadas em um pool de
informação disponível e então calcular o
resultado da medição dos valores
estimados das grandezas de entrada e a
incerteza padrão combinada das
incertezas padrão destes valores
estimados. Somente se há uma base boa
para acreditar que tudo isso possa ser feito
corretamente, com nenhum efeito
sistemático significativo tendo sido omitido,
pode-se assumir que o resultado da
medição é uma estimativa confiável do
valor do mensurando e que sua incerteza
padrão combinada é um medida confiável
do erro possível.

Apostila\Incerteza CalculoIncerteza1.doc 01 DEZ 97

188
Vocabulário de Metrologia

(a) Conceitos baseados em grandezas observáveis

Média aritmética não Fig. 1.


Média Ilustração gráfica de valor, erro e
aritmética
corrigida das observações corrigida das incerteza

A média aritmética
corrigida é o valor
estimado do mensurando
e o resultado da medição

Incerteza padrão da média


não corrigida devida à Incerteza padrão
dispersão das Correção de todos combinada da média
observações efeitos sistemáticos
Inclui a incerteza da média
não corrigida devida à
dispersão das observações e
à incerteza da correção

(b) Conceitos baseados em grandezas desconhecidas

Distribuição desconhecida da
população inteira de observações
Distribuição desconhecida (aqui corrigidas possíveis
assumida ser normal) da população
inteira de observações não
corrigidas possíveis

Erro desconhecido na média corrigida devido ao


erro aleatório desconhecido na media não
Média da população desconhecida corrigida e ao erro desconhecido na correção
(expectativa) com desvio padrão Erro desconhecido devido a todos aplicada
desconhecido (indicado pelas linhas efeitos sistemáticos conhecidos
verticais)
Erro residual desconhecido na média
Erro aleatório desconhecido da média corrigida devido ao efeito sistemático não
não corrigida das observações conhecido.

Valor do mensurando
não conhecido

189
Vocabulário de Metrologia

Grandeza Valor Variância


(não em escala) (não em escala)
Valor crescente

a) Observações não
Única
corrigidas

b) Média aritmética não


corrigida das
observações

c) Correção de todos os
efeitos sistemáticos
conhecidos

(Não inclui a variância devida à


definição incompleta do
mensurando)
d) Resultado da
medição

e) Erro residual
(desconhecível)

f) Valor do mensurando
(desconhecível)

g) Valores da
mensurando devidos à
definição incompleta
(desconhecível)

h) Resultado final da
medição

Fig. 2. Ilustração gráfica de valores, erro e incerteza

190
B
Normas ISO 9000
As normas não fornecem informações
1. Introdução específicas de como fabricar ou fabricar
um produto com qualidade. As normas não
As normas de qualidade ISO garantem que o fabricante certificado
apareceram de uma necessidade fornece um produto com qualidade. As
crescente de os países garantirem, de normas apenas garantem que um
algum modo, a qualidade de todas as fabricante possui um sistema de qualidade
práticas de fabricação e para garantir um no local e que estes procedimentos do
certo nível de consistência no valor dos programa de qualidade estão
produtos e serviços. Elas foram adotadas documentados e são observados por todos
no Brasil em 1990, porém apareceram na os empregados.
Europa no início dos anos 1980 e foram As normas são escritas de um ponto de
adotadas nos EUA em 1987. A Europa vista de contrato com duas partes. Elas
adotou estas normas como parte de seu são projetadas para modelar um sistema
tratado do mercado comum, estabelecendo de qualidade que irá encorajar um
que sem a certificação ISO não há vendedor a satisfazer as exigências de
negócio. Embora isso seja exagerado, os qualidade que um comprador pode esperar
países envolvidos concordam que este do produto final.
conjunto de normas de qualidade são As normas ISO 9000 não foram escritas
muito importantes no mercado mundial. pela e para a Comunidade Européia, mas
As normas ISO 9000 são uma série de por uma organização mundial, com mais
cinco normas - ISO 9000, 9001, 9002, de 100 membros, em Genebra, Suíça. O
9003 e 9004 - usadas para documentar, Brasil é representado pela ABNT
implementar e demonstrar um programa de (Associação Brasileira de Normas
garantia da qualidade da empresa. Elas Técnicas), uma empresa não
fazem isto, de um modo muito genérico, governamental responsável pelas normas
apresentando três modelos de sistema de brasileiras.
qualidade, resumidos nas normas ISO Em 1992, aproximadamente 52 países,
9001, 9002 e 9003. incluindo o Brasil, já tinham adotado
A ISO 9001 é o modelo para projeto e oficialmente as normas ISO 9000. Como
desenvolvimento, produção, instalação e as normas são muito genéricas, qualquer
serviço. A ISO 9002 se aplica à produção e país pode fazer pequenas modificações e
instalação e a ISO 9003 se aplica à alterações de linguagem e publicá-las com
inspeção e teste finais. O guia para o uso títulos diferentes.
destas normas está incluído na ISO 9000 e A certificação ISO 9000 é dolorosa para
o guia para desenvolver o gerenciamento companhias que não estão preparadas.
de qualidade e os elementos do sistema Pode-se levar mais de um ano para se
estão descritos na ISO 9004. As definições ficar pronto para uma primeira auditoria. O
dos conceitos de qualidade estão descritas processo de auditoria em si pode levar de
em outro documento, ISO 8402, Quality meses até alguns anos. Mesmo uma
Vocabulary. companhia que já tenha um programa de
gerenciamento de qualidade pode ter muito

191
Normas ISO 9000

trabalho para ficar de conformidade com as Ela menciona explicitamente a saúde a


exigências do certificador ISO. As normas segurança no local de trabalho, proteção
não são específicas, mas simplesmente do meio ambiente, conservação de energia
exigem que "todos os instrumentos sejam e dos recursos naturais. Também se
calibrados corretamente" e que seja dedica a discussões de bom senso a
"escrito um manual de qualidade". respeito da qualidade. Ela capacita os
usuários com maior consistência, clareza e
2. Aspectos Legais compreensão.
A norma pode não transformar todo o
A norma ISO 9000 é voluntária, porém processo industrial em algo altamente
se torna compulsória para muitos produtivo, mas eliminará muitos erros e
fabricantes e fornecedores das principais confusões nas comunicações e fornecerá
firmas internacionais, especialmente em um sistema pratico de controle. Por tudo
eletrônica, computadores, aeroespacial, isso, hoje há um crescimento epidêmico da
transporte e nuclear. As industriais que já ISO 9000 no Brasil e no mundo.
possuem suas próprias normas rigorosas,
como farmacêutica e de alimentos, 3. Histórico
também adotam a ISO 9000 como norma
adicional. A norma ISO 9000 foi publicada em
A ISO 9000 é aceita por todos os 1987 pela ISO (International Organization
órgãos nacionais de normas. Em algumas for Standartization - Organização
situações, ela substitui outras normas Internacional de Normalização). Ela se
nacionais. No Brasil, a série de normas foi baseou principalmente na norma inglesa
traduzida e adaptada pela ABNT, BS 7750.
assumindo a numeração NB 900X - ISO A norma relaciona e trata de:
900X (X variando de 0 a 4) e registrada no 1. normas do produto
INMETRO como NBR 1900X. Nos EUA, as 2. calibração e medição
normas ISO são distribuídas através da 3. sistemas de gerenciamento da
ANSI e pela American Society for Quality qualidade.
Control (ASQC) e os documentos são A maior parte dos produtos utilizados na
ANSI/ASQC Q90 a Q94. vida cotidiana apresenta normas.
Ela é um mecanismo pronto para A maioria das atividades humanas
incorporar e controlar os regulamentos utiliza medições, que precisam ser aceitas.
compulsórios. A ISO 9000 é uma norma Estas medições devem estar monitoradas
para um sistema de gerenciamento pelos órgãos nacionais de calibração e
integrado da qualidade no ambiente medição.
industrial. A calibração e a medição dentro do
A conformidade com a norma ISO 9000 processo industrial constituem parte
pode: integrante da norma. O treinamento de
1. reduzir desperdícios, todo o pessoal envolvido é exigido pela
2. diminuir tempo de paralisação norma.
3. eliminar a ineficiência da mão de obra Qualidade é adequação ao uso. É a
4. aumentar a produtividade. conformidade às exigências e
A norma se envolve no projeto, desenvolvimento, especificações. É o produto projetado e
produção, instalação, inspeção, ensaios finais e fabricado para executar apropriadamente a
assistência técnica pós venda. Ela possui implicação função prevista.
entre fornecedor e cliente. O gerenciamento da qualidade envolve:
1. definição dos objetivos, feita através de
A norma ISO 9000 relaciona os cinco
procedimentos detalhados, atribuídos a
grupos legais de interesse:
cada etapa, desde a compra dos
1. cliente
componentes até a expedição do
2. proprietário
produto acabado.
3. fornecedor
2. normas, atribuídas a componentes,
4. empregador
fornecedores, fabricação e
5. sociedade

192
Normas ISO 9000

conformidade com especificações dos 4.2. ISO 9001


produtos.
3. sistema. A definição dos objetivos e os ISO 9001 - Sistemas de Qualidade -
procedimentos não são suficientes. É Modelo de Garantia da Qualidade no
necessário um sistema de medição para Projeto, Desenvolvimento, Produção,
o suprimento, materiais recebidos, Instalação e Assistência Técnica - 1987,
desempenho no processo, inspeção Rev. JUL 1994, Projeto funcional para
final e expedição. Também é necessário 1996.
um sistema de testes e aferições dos A ISO 9001 destina-se a empresas que
equipamentos de ensaio. precisam assegurar a seus clientes
Deve-se fazer certo desde a primeira conformidade às exigências especificadas
vez. Deve-se prevenir em vez de é atendida por todo ciclo, desde o projeto
acompanhar e corrigir. O sistema até a assistência técnica pós venda. É a
satisfatório opera virtualmente sem norma mais abrangente e completa pois
inspeção final e sem departamento de trata do projeto, desenvolvimento,
controle da qualidade. O controle é produção, instalação e assistência técnica.
preditivo antecipatório (feedforward) e não A norma estabelece a noção de revisão
a realimentação negativa (feedback) do contrato, com definição e
A demonstração da norma ISO 9000 é documentação do contrato, resolução de
aberta, transparente. É uma atitude, um diferenças da proposta e avaliação da
estilo de vida. Torna acessível o chão de capacidade do fornecedor de atender as
fábrica, expõe cada setor, mostra a relação exigências contratuais.
entre os membros da equipe, mostrando No controle do projeto, envolve o
ao cliente uma organização aberta. planejamento, atribuição de atividades,
organização de interfaces, entradas e
saídas e verificação do projeto. Inclui
4. Normas ISO alterações no projeto, aprovação e
Há cinco normas internacionais distribuição do documento, controlando as
relacionadas com a garantia da qualidade, alterações no documento.
conhecidas como ISO 9000. O restante da norma é rotineiro: inclui
compra, identificação e rastreabilidade do
4.1. ISO 9000 produto, controle da produção, inspeção e
ensaio. A inspeção, medição e calibração
ISO 9000 - Gerenciamento da tanto do ensaio como do próprio
Qualidade e Normas de Garantia da equipamento de medição estão incluídas,
Qualidade (1987) - Diretrizes para Seleção pois isso constitui controle de produtos
e Uso não-conformes. Manuseio,
armazenamento, empacotamento e
ISO 9000-1 - Projeto do Comitê (rev. expedição também são tratados, pois são
1992). Projeto funcional planejado para registros da qualidade, auditoria e
1996 (1992) treinamento.

ISO 9000-2 - Diretrizes Genéricas para 4.3. ISO 9002


a Aplicação da ISO 9001, ISO 9002 e ISO
9003 - Projeto da norma ISO/DIS 9000-2 ISO 9002 - Sistemas de Qualidade -
(1992) Modelo de Garantia da Qualidade na
Produção e Instalação - 1987, Rev. 1992,
ISO 9000-3 - Diretrizes para Aplicação Projeto funcional para 1996.
da ISO 9001 em Desenvolvimento, A ISO 9002 demonstra a capacidade do
Suprimento e Manutenção do Software - fornecedor na produção e instalação. É
1991 como ISO 9000-3. menos rígida que a 9001. É a mais comum
para fabricantes.
ISO 9000-4 - Aplicação de
Gerenciamento de Confiança - 1992 (IEC
300-1).

193
Normas ISO 9000

4.4. ISO 9003 da Configuração - Projeto do comitê


ISO/DIS 9004-7 (1992)
ISO 9003 - Sistemas de Qualidade -
Modelo de Garantia da Qualidade em 4.6. Outras normas ISO
Inspeção e Ensaio Finais - 1987, Rev.
1992, Projeto funcional para 1996. ISO 8042 (1986), revista em 1992 -
A ISO 9003 demonstra a capacidade de Vocabulário do Gerenciamento da
inspeção e ensaio de produtos. Quase Qualidade e Garantia da Qualidade.
metade dos elementos da ISO 9004 é
exigida neste caso. Ela inclui controle de ISO 10011-1 - Diretrizes para Auditoria
documentação, identificação do produto e dos Sistemas da Qualidade - Auditoria
marcação, controle de produtos (1990)
reprovados nos ensaios específicos, ISO 10011-2 - Diretrizes para Auditoria
sistema de manuseio e armazenamento, dos Sistemas da Qualidade - Critérios de
controle de equipamento de medição e Qualificação para Auditores do Sistema da
ensaio, técnicas estatísticas e treinamento. Qualidade (1991)

4.5. ISO 9004 ISO 10011-3 - Diretrizes para Auditoria


dos Sistemas da Qualidade -
ISO 9004 - Gerenciamento da Gerenciamento dos Programas de
Qualidade e Elementos do Sistema da Auditoria (1991)
Qualidade - Diretrizes - 1987.
A ISO 9004 trata de todas as formas de ISO 10012-1 - Requisitos de Garantia
serviços, inclusive de fabricação e da Qualidade para Equipamento de
fornecimento de produtos. Medição - Sistema de Confirmação
Metrológico para Equipamento de Medição
ISO 9004-1 - Gerenciamento da (1992)
Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Diretrizes - Rev. 1992, Projeto ISO 10012-2 - Requisitos de Garantia
funcional para 1996. da Qualidade para Equipamento de
Medição - Controle do Processo de
ISO 9004-2 - Gerenciamento da Medição (Projeto funcional, data
Qualidade e Elementos do Sistema da imprevista)
Qualidade - Diretrizes para Serviços -
1991.
ISO 10013 - Diretrizes para
ISO 9004-3 - Gerenciamento da
Desenvolvimento de Manuais da
Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Projeto do comitê ISO/CD
Qualidade - Diretrizes para Materiais
10013 (1992)
Processados - Projeto da norma ISO/DIS
9004-3 (1992)
ISO XXXXX - Economia em Qualidade -
Projeto funcional, data e número ainda
ISO 9004-4 - Gerenciamento da
desconhecidos.
Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Diretrizes para
Aperfeiçoamento da Qualidade - Projeto da
norma ISO/DIS 9004-4 (1992)

ISO 9004-5 - Gerenciamento da


Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Diretrizes para Planos de
Qualidade - Projeto do comitê ISO/DIS
9004-5 (1991)

ISO 9004-7 - Gerenciamento da


Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Diretrizes para Gerenciamento

194
Normas ISO 9000

5. Filosofia da Norma interno próprio de calibração e ensaio,


porém, deverá rastrear seus equipamentos
A filosofia da norma não é ensaiar com contra um centro nacional.
o propósito de encontrar falhas e sim ter o A norma exige:
produto adequado na primeira vez e usar a 1. especificação e aquisição
inspeção e o ensaio para garantir sua adequadas: amplitude, tendências,
conformidade. O princípio é prevenção e precisão, robustez e durabilidade
não deteção. 2. calibração inicial antes do uso
A ISO 9000 exige a verificação 3. solicitação periódica para calibração
completa do produto para acrescentar às 4. evidencia documentaria dos itens
inspeciones e aos ensaios durante a anteriores
produção e recomenda: 5. rastreabilidade quanto às normas de
1. a verificação total de cada produto referência
proveniente da produção, incluindo 6. ação corretiva, quando necessário.
nova verificação na ordem de compra O artigo seminal da norma ISO 9001 é o
ou amostragem do lote e 4.11. Controle de equipamentos de
amostragem contínua, inspeção, medição e ensaios., com dois
2. auditoria das unidades sub itens:
representativas da amostra. 1. Generalidades
2. Procedimento de controle
5.1. Controle e manutenção do
equipamento 5.3. Calibração do equipamento
Antes da ISO 9000 havia maior Todo equipamento usado para medir
consideração quanto ao controle da qualquer parâmetro, que se estiver
produção e da engenharia de manutenção. impreciso pode afetar criticamente a
Na década de 1980, a manutenção foi qualidade, deve ser incluído no sistema de
identificada como fator secundário apenas calibração. Deve existir um Procedimento
quanto à eficácia que produziria uma de Calibração, que inclua a lista de
economia considerável, se controlada. equipamentos que requerem calibração e
Com relação à norma ISO 9000, é qual a frequência de calibração exigida.
impossível operar uma fabrica dentro de Deve ser feito um Cronograma de
um nível satisfatório de gerenciamento da Calibração. Todo equipamento pertencente
qualidade sem um programa de ao sistema de calibração deve ter uma
manutenção preventiva. Porém, além da etiqueta afixada com detalhes sobre a
manutenção, o equipamento deve ser próxima data de calibração.
verificado quanto a tendências e precisão, Toda calibração segue uma norma
de modo regular e recalibrado sempre que nacional. Quando o equipamento estiver
necessário. fora da calibração, será removido
Na revisão de 1994, a ISO 9001 exige a imediatamente e levado para o Gerente da
manutenção adequada de equipamentos Qualidade. Se possível, o equipamento
para assegurar a continuidade da deve ser substituído e enviado para
capabilidade do processo (art. 4.9 – g) recalibração. Deve haver um Procedimento
de ação corretiva, com instruções.
5.2. Controle do equipamento de O cronograma deve ser cumprido. Para
medição e ensaio cada item do sistema de calibração, há um
arquivo com detalhes dos resultados de
Não basta testar a precisão de um todas as calibrações.
medidor; é necessário um sistema para Todos os operadores dos equipamentos
controlar a exatidão dele quanto a de inspeção e ensaios são responsáveis
medição. Isto implica em laboratórios de para garantir que o equipamento esteja
ensaio e calibração e centros nacionais de aferido, verificando as etiquetas.
calibração, envolvendo toda espécie de Todo item do equipamento de medição
medição, química, elétrica, eletrônica, e ensaio deve ter um número de inventário,
física e pneumática. Uma companhia de que é atribuído no recebimento.
grande porte deve ter um laboratório

195
Normas ISO 9000

Deve-se garantir que todo equipamento computador. Além disso, a instrumentação


usado com propósitos de medição seja de processo que pode afetar as
adequado à sua aplicação. características especificadas de um
Os itens de equipamento de medição e produto ou serviço deve ser controlada
ensaio classificados como inativos ou convenientemente.
usados como referência e que não exijam Para os sistemas de medição de
calibração devem ser identificados como produto e serviço, os métodos estatísticos
tal, através de uma etiqueta de Calibração são ferramentas valiosas para conseguir e
Não Exigida. demonstra conformidade com as
Deve-se garantir que todos os especificações. Em particular, os métodos
fornecedores ou subcontratados utilizados estatísticos são ferramentas preferidas no
no projeto e fabricação do dispositivo preenchimento da exigência global que
tenham um sistema de calibração "equipamento deve ser usado de modo
satisfatório, através de auditorias de que garanta que a incerteza da medição
fornecedores. seja conhecida e seja consistente com a
capacidade de medição requerida". Estes
6. Equipamento de Inspeção, métodos podem também ser usados para
monitorar e manter sistemas críticos de
Medição e Teste medições em um estado de controle
A cláusula 4.11 da Norma ISO 9000 estatístico.
apresenta de controle de equipamentos de
inspeção, medição e ensaios. Ela se aplica O fornecedor irá
a equipamentos usados na satisfação das a) determinar as medições a serem
exigências das inspeções de recebimento, feitas e a exatidão requerida e selecionar
processo e final e teste. É útil enfocar este os equipamentos apropriados de inspeção,
elemento da perspectiva de que cada medição e ensaios com exatidão e
sistema de medição é um processo precisão necessárias;
envolvendo materiais, equipamentos,
procedimentos, pessoas e condições O fornecedor precisa identificar todas as
ambientes. medições necessárias para demonstrar
que o produto está de conformidade com
O fornecedor deve estabelecer e manter as necessidades. Isto inclui as medições
procedimentos documentados para do produto comprado, medições de
controlar, calibrar e manter os controle de processo e medições do
equipamentos de inspeção, medição e produto acabado ou serviço. Em termos
ensaios (incluindo software de ensaio) gerais, sempre que o instrumento de
utilizados pelo fornecedor para demonstrar inspeção, medição e teste fornece dados
a conformidade do produto com os requeridos pelo sistema de qualidade,
requisitos especificados. Os equipamentos então o equipamento deve ser identificado,
de inspeção, medição e ensaios devem ser controlador, calibração e mantido de
utilizados de tal forma que assegurem que acordo com as especificações da cláusula
a incerteza das medições seja conhecida e 4.11.
consistente com a capacidade de medição O equipamento referido aqui é restrito
requerida. ao usado para controlar e verificar a
qualidade do produto. A instrumentação da
Deve-se manter um controle suficiente planta e os equipamentos de testes
sobre todos os sistemas de controle fornecidos para a segurança, controle
usados no desenvolvimento, fabricação, ambiental, conservação de energia ou
instalação e serviço de um produto para material, podem permanecer fora do
fornecer confiança em qualquer decisão ou sistema de qualidade. Porém, inclua todos
ação baseada nos dados de medição. O os equipamentos críticos de inspeção,
controle deve ser exercido sobre teste ou medição no sistema de garantia
indicadores locais, instrumentos, sensores, da qualidade para medições, independente
equipamento de teste e programas de do objetivo.

196
Normas ISO 9000

Para cada equipamento de medição e A indústria de processo freqüentemente


teste deve ser especificado e selecionada usa materiais de referência internos, juntos
aquele que fornece a precisão, exatidão, com métodos estatísticos para validar o
robustez e confiabilidade nas condições processo completo de medição. O uso de
reais de serviço. um material de referência certificado para
verificar a exatidão (incerteza sistemática)
O fornecedor irá geralmente invalida somente parte de um
b) identificar todos dos equipamento de dado processo de medição.
inspeção, medição e ensaios que possam
afetar a qualidade do produto e calibrá-los O fornecedor irá
e ajustá-los a intervalos prescritos ou antes c) definir o processo empregado para a
do uso, contra equipamentos certificados calibração de equipamentos de inspeção,
tenham uma relação valida conhecida com medição e ensaios, incluindo detalhes
padrões nacional ou internacionalmente como: tipo de equipamento, identificação
reconhecidos. Quando não existirem tais única, localização, frequência de
padrões, a base usada para calibração conferência, método de conferência,
deve ser documentada; critérios de aceitação e a ação a ser
tomada quando os resultados forem
A calibração de equipamento de insatisfatórios;
inspeção, medição e teste deve incluir o
seguinte: O fornecedor deve considerar a
1. Verificação inicial da calibração antes seguinte recomendação nos
de colocar em operação, verificando procedimentos de desenvolvimento e
a conformidade com a exatidão e documentação:
precisão necessárias. O software e 1. Os procedimentos de calibração
procedimentos de controle de devem ser documentados,
equipamento automático de teste aprovados, mantidos e controlados
também devem ser verificados. como uma parte do sistema de
2. Fazer verificações programadas qualidade. Estes procedimentos
periódicas dos sistemas de medição. devem definir o critério de aceitação
Quando fora do critério de aceitação, ou limites e frequência dos testes.
fazer recalibração, ajustes ou 2. O critério de aceitação deve ser a
reparos para restabelecer a exatidão precisão e exatidão requeridas para
e precisão em operação. A o teste mais exigente para que este
recalibração geralmente deve ser equipamento é usado.
feita somente quando os testes 3. O intervalo de tempo entre as
indicarem que o sistema de medição verificações de calibração e
estiver estatisticamente fora de manutenção devem ser razoáveis
controle. Recalibração excessiva para a necessidade: o fornecedor
pode aumentar a variabilidade total. determinar isto baseado na
3. Fazer a rastreabilidade dos padrões experiência e conhecimento de como
de calibração até os padrões o equipamento é usado. O
nacionais e internacionais, se eles equipamento e, onde apropriado, os
existirem. Quando reconhecidamente materiais usados no teste devem ser
estes padrões não existirem, usar verificados, calibrados e mantidos de
padrões internos. A preparação e acordo com procedimentos escritos.
testes destes padrões internos 4. Onde um sistema de medição é
devem estar de acordo com determinado estar fora de controle ou
procedimentos documentados e fora dos limites de aceitação, fazer a
aprovados. ação corretiva. A revisão dos
Uma orientação nas exigências gerais registros de controle estatístico é
para garantir a qualidade da calibração geralmente necessária e útil para
pode ser encontrada na norma identificar quando e se ações
ANSI/ASQC Standard M1-1987 - corretivas são necessárias. Se os
Calibration Systems. registros estatísticos mostram que o

197
Normas ISO 9000

processo de medição está fora de


controle (i.e., existe uma causa O fornecedor irá
especial), o usuário deve remover a e) manter registros de calibração para
causa antes da recalibração. os equipamentos de inspeção, medição e
ensaios;
O fornecedor irá f) avaliar e documentar a validade dos
d) identificar equipamento de inspeção, resultados de inspeção e ensaios
medição e ensaios com um indicador anteriores quando os equipamentos de
adequado, ou registros de identificação inspeção, medição ou ensaios forem
aprovados, para mostrar a situação da encontrados fora de aferição;
calibração; Um método muito usado para evidenciar
a calibração é a colocação de etiquetas
Fabricantes de instrumentos padrão de medição físicas em cada peca do equipamento de
especificam e, geralmente, fornecem certificação da inspeção, medição e teste. A etiqueta é
precisão e exatidão de seus equipamentos, quando marcada com a identificação do
entregues. Estas especificações ou certificados de dispositivo, o status corrente de sua
capacidade devem ser comparadas com as calibração, a identificação da pessoa que
exigências do processo, contrato, sistema de fez a calibração e a próxima data de
qualidade e métodos de teste. A verificação da calibração.
capacidade do dispositivo contra a especificação ou Na indústria petroquímica, onde
certificado do fabricante é recomendada. Esta centenas de dispositivos de medição são
informação deve ser incluída na documentação do usados no processo de produção,
sistema de qualidade para o equipamento de alternativas práticas podem ser usadas,
inspeção, medição e teste. como registros baseados em computador
com condições de verificar o status da
Na indústria de processo, são comuns
calibração. O usuário deve ser capaz de
equipamentos e procedimentos de
demonstra que o sistema efetivamente
medição complexos. O desenvolvimento
evita o uso de medição de um
de sistemas especiais de medição deve
equipamento critico de inspeção, medição
incluir determinações da precisão e
e teste quando sua data de calibração está
exatidão. Considerar, inclusive, o
vencida.
laboratório do comprador nos estudos de
Além do status de calibração, os
métodos de testes para produtos
registros de cada parte do equipamento de
acabados. Estes estudos devem ser
inspeção, medição e teste, devem incluir
conduzidos usando procedimentos aceitos,
todos os dados da cláusula 4.11 (c).
como a norma ASTM 4691-87 Standard
A manutenção de rotina e a verificação
Practice for Conducting an Interlaboratory
da precisão e exatidão dos sistemas de
Test Program to Determine the Precision of
medição durante a produção devem incluir
Test Methods.
o arranjo dos dados obtidos usando
A avaliação de qualquer capacidade de
amostras de referência ou padrão.
sistema de medição deve incluir estudos
Para cada sistema de medição incluído
da variação devido a amostragem. Na
no escopo desta exigência, é necessário
indústria petroquímica, a variância devida
identificar o equipamento e materiais
aos procedimentos de amostragem é
usados para fazer as medições. Os
geralmente muito significativa. O controle
materiais particulares (p. ex., soluções
de procedimentos de amostragem é uma
analíticas padrão soluções buffer) devem
parte necessário do controle do sistema de
ser identificadas por um número de
medição.
etiqueta ou de algum outro modo que
Onde é usado software de computador,
satisfaça as exigências de segurança e
como parte do sistema de medição, é
indique a data de expiração do material.
necessário testar o desempenho do
software antes dele ser usado para liberar
material para uso ou venda.

198
Normas ISO 9000

O fornecedor irá A situação de inspeção e ensaios do


g) assegurar que as condições produto deve ser identificada através de
ambientais sejam adequadas para meios adequados, os quais indiquem a
calibrações, inspeções, medições e conformidade ou não do produto com
ensaios que estejam sendo executados; relação a inspeção e ensaios realizados. A
identificada da situação de inspeção e
Quando um sistema de medição é ensaios deve ser mantida como definido no
encontrado fora de calibração ou fora do plano de qualidade ou procedimentos
controle estatístico, esta parte do sistema documentados, ao longo da produção ,
requer uma análise das medições instalação e serviços associados do
anteriores obtidas com o sistema de produto, para assegurar que somente
medição. Os produtos originados enquanto produto aprovado pela inspeção e ensaios
as medições estavam erradas podem requeridos ou liberado sob concessão
requerer novos testes para verificar a autorizada seja expedido, utilizado ou
conformidade com as especificações. Os instalado.
registros devem ser mantidos dos
resultados da verificação da medição, A exigência relacionando o
incluindo qualquer substituição de equipamento ou programa de computador
medições incorretas nos registros do de teste se aplica a tais coisas como:
sistema de qualidade. 1. moldes ou tintas usadas para
preparar amostras para teste
O fornecedor irá 2. plaquetas padrão de cor
h) assegurar que o manuseio, 3. amostras de referência usadas para
preservação e armazenamento dos avaliar aparência, fragrância e outros
equipamento de inspeção, medição e fatores
ensaios sejam tais que a exatidão e a 4. programa de sistema de teste para
adequação ao uso sejam mantidas; análise de espectro
j) proteger as instalações de inspeção, 5. equipamento de cromatógrafos a gás
medição e ensaios, incluindo tanto Os registros e dados de projeto,
materiais e equipamentos como software desenvolvimento, controle do sistema de
para ensaios, contra ajustes que poderiam medição devem ser mantidos. O usuário
invalidar as condições de calibração. sempre pode requerer e rever estes dados
para verificar se os sistemas fornecidos
Esta seção da Normal contem são adequados.
exigências para garantir que a capacidade
de todo equipamento de inspeção, 7. Certificação pela ISO 9000
medição e teste é protegido contra dano ou
ajustes errados. Dispositivos apropriados
de proteção, blindagens e instruções de 7.1. Projeto
trabalho devem ser incorporados ao
sistema de qualidade para proteger este Introdução
equipamento. As condições ambientais Atualmente, no Brasil, há uma busca
apropriadas para o sistema de medição frenética da certificação pela ISO 9000.
devem ser continuamente mantidas. Para tal, qualquer firma deve ter um
Sistema de Calibração e Calibração dos
instrumentos. O ponto de partida da
implantação de um Sistema eficiente e
eficaz é o treinamento de todo o pessoal
envolvido no processo. O pessoal deve ter
curso de Metrologia onde sejam mostrados
as bases teóricas e os aspectos técnicos
para começar a dominar com segurança o
sistema e passar a trabalhar de modo

199
Normas ISO 9000

sistemático e transparente para implantar o 4. balanço de processo,


Sistema de Qualidade que seja aceito e 5. economia de energia,
certificado conforme as normas ISO 9000. 6. ecologia e
Somente a perseverança e insistência 7. saúde ocupacional
de um pessoal chave fará o sistema Atualmente, como o Programa de
funcionar. O seguimento sistemático e o Calibração e Ajuste dos Instrumentos é o
rastreamento contínuo de todos os passos que possui o melhor marketing
do processo nas áreas envolvidas, através promocional e tem o suporte da alta
de auditorias sérias, deve sustentar o direção da empresa, todas as áreas
Sistema e lhe dar credibilidade. tendem a incluir neste programa outros
instrumentos que não impactam a
Lógica do Sistema
qualidade, mas que devem ser
Deve-se ter um Diagrama de Fluxo periodicamente calibrados e aferidos. Esta
(Flow Chart) para cada atividade do filosofia deve ser alterada e paralelo ao
sistema e para a elaboração dos programa de Calibração e Ajuste dos
Procedimentos. Este diagrama deve ser Instrumentos da Qualidade, devem ter
claro, objetivo e eficaz. outros programas, igualmente cumpridos,
Deve-se desenvolver Procedimentos relacionados com segurança, custódia,
Administrativos, Procedimentos Técnicos balanço, conservação de energia, ecologia
para classes de instrumentos e Tabelas e saúde ocupacional.
Técnicas para os instrumentos específicos. Todo instrumento apresenta incerteza
Todos estes procedimentos, mesmo com devida à precisão e incerteza devida à
enfoques diferentes, devem ser exatidão. É necessário haver um programa
consistentes entre si. de manutenção preventiva e corretiva do
Deve-se ter, no mínimo, os seguintes instrumento para garantir sua precisão e é
Procedimentos necessário haver um programa de
1. Composição da Malha de calibração para garantir sua exatidão. Por
Instrumentos, para fins de cálculo de isso, o Sistema de Garantia da Qualidade
incertezas instaladas, deve contemplar o Sistema de Calibração
2. Composição da Malha de – Ajuste e um Sistema de Manutenção
Instrumentos, para fins de cronograma de Preventiva e Corretiva.
calibração A filosofia do Sistema deve considerar
3. Calibração dos instrumentos apenas as malhas abertas de indicação e
componentes da Malha, como sensores, registro. Nas malhas de controle, somente
transmissores, conversores, indicadores, o sensor, condicionador de sinal e
registradores, fios de extensão de indicador ou registrador fazem parte do
termopares. sistema, não entrando o controlador nem o
Abrangência elemento final de controle.
Também faz parte do Sistema e
O Sistema de Calibração e Ajuste deve
geralmente é esquecido pelo pessoal de
incluir todas as malhas que impactam a
Instrumentação, o Sistema de Calibração
qualidade, direta ou indiretamente e que
dos Instrumentos de Laboratório e por isso
garantam a continuidade operacional da
deve haver comunicação e consenso entre
planta. A sistemática deve garantir que
os sistemas da Manutenção e do
qualquer alteração (retirada ou colocação)
Laboratório.
deva ser feita por consenso entre os
responsáveis envolvidos (Operação e Linguagem
Manutenção), a qualquer momento. A linguagem empregada nos
Em instrumentação, se medem, procedimentos deve ser simples e clara,
monitoram e controlam as variáveis de empregando-se termos conhecidos por
processo por vários motivos, entre os quais todos os envolvidos, necessitando de um
se destacam: mínimo de definições adicionais.
1. qualidade, Deve haver uma consolidação dos
2. segurança, procedimentos e uma padronização de
3. custódia, linguagem, pois alguns procedimentos

200
Normas ISO 9000

serão usados em mais de uma área também padronizar de nomes e de


(Manutenção e Laboratório). abreviaturas de nomes.
O início da sabedoria é chamar as Deve se fazer um procedimento para
coisas pelos seus próprios nomes. abreviar os nomes de áreas, equipamentos
Todos os instrumentos do Sistema e instrumentos, pois isso é fundamental
devem ser cadastrados, incorporando os para se ter uma manipulação correta dos
símbolos usados nas normas de dados nos programas de computador,
simbologia de instrumentos e usando os definindo a quantidade de letras na
termos consagrados pela Instrumentação. abreviatura, uso do ponto e do espaço e
colocação de preposição.
Dados Técnicos
Somente o essencial deve ser escrito Quantidade de documentos
nos procedimentos administrativos, Há uma crítica generalizada de que o
técnicos e relatórios. Qualquer dado Sistema de Calibração e Ajuste envolve
técnico só deve ser escrito e constar em muita papelada e que esta papelada é
um documento se for utilizado pelo inútil e perda de tempo. É muito difícil
usuário. mudar a mentalidade de uma pessoa que
Deve-se padronizar a linguagem técnica durante anos fez o seu trabalho sem
e usar somente termos em português; e.g., documentá-lo e sem preencher relatórios e
usar faixa em vez de range. e largura de registros. É muito difícil convencer alguém
faixa em vez de span. a escrever o que ele faz e ele acreditar que
estes registros são úteis para a melhoria
Tabelas
de seu trabalho e não é um meio para
Na elaboração de tabelas para registros patrulhar o seu trabalho.
de calibração e ajuste, deve-se colocar a Numa auditoria do sistema de qualidade
unidade da grandeza em um quadro da ISO 9000, inicialmente o auditor verifica
superior, uma única vez e não deve ser se a documentação trata dos elementos da
repetida em todas os quadros da tabela. qualidade. Posteriormente, ele visita os
Tolerâncias locais, coletando e analisando evidências
para verificar se os controles do sistema,
As tolerâncias ou incertezas devem ser
descritos na documentação estão sendo
expressas em
implementados e funcionando
1. unidades de engenharia,
adequadamente.
preferivelmente
Uma planta típica, com algumas
2. na mesma unidade, para que se
dezenas de malhas incluídas no Sistema
possa verificar diretamente a adequação
de Qualidade da ISO 9000 deve ter
ao uso da malha instalada
necessariamente um cadastro de
3. quando expressa em percentagem,
instrumentos, procedimentos
esclarecer se é percentagem do fundo de
administrativos e técnicos, registros de
escala ou do valor medido
calibração e ajuste. Quando os processos
4. algarismos significativos consistentes
são simples e com muitas malhas iguais
entre si e com a precisão dos
repetidas, a quantidade de procedimentos
instrumentos.
se torna relativamente pequena.
Unidades de engenharia A evidência do cumprimento de um
Assim como os procedimentos devem sistema de qualidade é a documentação,
ser escritos em português gramaticalmente que deve ser simples e agradável.
correto, as unidades de engenharia, com Registre o que realmente é feito e não
nomes e símbolos corretos devem ser as perca tempo com o que deveria ser feito.
do SI (símbolo de Sistema Internacional de Use sempre os procedimentos
Unidades). existentes, que devem ser simples,
resumidos, exatos, completos,
Abreviaturas e símbolos compreensíveis e úteis.
Os nomes e símbolos das unidades Faça sempre como está escrito.
estão claramente definidos no SI e devem Escreva tudo de importante que é feito.
ser seguidos. Na documentação, deve-se

201
Normas ISO 9000

7.2. Implementação apenas o manual do fabricante, que


não o substitui totalmente.
Organização 9. Controlar uso de instrumento com
O maior obstáculo à implantação do Restrição de Uso por causa da
Sistema é passar a mensagem da calibração incompleta devida à falta
Qualidade a todos os funcionários. O de padrões secundários adequados.
processo exige a participação consciente e 10. Justificar o estabelecimento da
voluntária de todos os funcionários freqüência de calibração de cada
simultaneamente, além de um instrumento, através de critério
gerenciamento competente e dedicado técnico confiável e evidente.
prioritariamente ao sistema. 11. Usar o instrumento padrão somente
Para que o Sistema de Calibração da com o correspondente Registro de
Qualidade seja implementado com Calibração.
sucesso é necessário: 12. Evitar que as não conformidades se
1. Identificar os instrumentos de repitam contínua e sistematicamente,
processo sobressalentes que devem através de ações corretivas, atuando
estar separados dos outros não nas causas e não nos efeitos.
pertencentes ao Sistema de Infra-estrutura
Qualidade. Deve-se ter uma Oficina de
2. Identificar e separar os instrumentos
Manutenção, cuidando da calibração dos
sem condição de uso, não calibrado, instrumentos de processo e um Laboratório
não pertencente ao Sistema de de Metrologia calibrando estes
Qualidade. instrumentos de calibração.
3. Armazenar os instrumentos em locais
Estabelecer uma política clara e definida
adequados e previstos para tal, nos procedimentos para utilizar os
cuidando-se da limpeza, ordenação, instrumentos que atendam as exigências
seleção e separação. Seguir as metrológicas, principalmente entre os
recomendações do fabricante, instrumentos padrão das áreas (padrões
quanto à posição e condições terciários) e os instrumentos padrão do
ambientais. Laboratório de Metrologia (padrões
4. As atividades de reparo e calibração
secundários).
devem ser demonstravelmente Estabelecer mecanismos para que a
separadas, de modo que o modernização dos instrumentos de
responsável pelo reparo de um controle de processo implique também na
instrumento nunca esteja envolvido modernização consistente dos
na subsequente calibração e instrumentos de calibração e ajuste destes
certificação deste instrumento. instrumentos do processo.
5. Ter disciplina na organização da
documentação, separando os Informatização e instrumentação
registros diferentes e agrupando na No Brasil, ainda há poucos
mesma pasta os registros do mesmo computadores usados como ferramenta de
tipo, sempre em ordem cronológica. suporte para a manutenção preventiva e
6. Fazer as correções e revisões dos corretiva dos instrumentos. Qualquer
procedimentos administrativos e sistema confiável e eficiente de Calibração
técnicos, quando necessário e deve alterar consistente e dinamicamente
sempre de modo oficial. Atuar para os intervalos de calibração e isso só pode
modificar e não modificar sem atuar, ser feito se houver um programa de
fazendo correções a lápis nos computador, que seja entendido e aplicado
procedimentos, de modo informal. por todos os envolvidos. Para este
7. Fazer registros de não conformidade programa ser futuramente empregado, é
devida a instrumentos de processo necessário que todo o pessoal já tenha
com defeito. familiaridade com a informática. Porém,
8. Ter sempre Procedimento Técnico somente o computador não resolve; é
para fazer calibração e manutenção
de instrumento específico e não usar

202
Normas ISO 9000

necessário se criar antes uma infra- Catálogos


estrutura organizacional eficiente. Os catálogos técnicos dos instrumentos
Formação e qualificação do pessoal são úteis para se fazer corretamente sua
manutenção e calibração. Aliás, um critério
O investimento nos equipamentos deve
para o cadastro e escolha do fabricante de
ser complementado com o investimento no
instrumento deve ser a disponibilidade de
pessoal. Toda pessoa necessita de
catálogos claros e úteis. Os catálogos de
treinamento e sempre o faz, por
instrumentos são a fonte de consulta para
programação ou por acidente. A pessoa
a determinação das incertezas dos
bem treinada fica motivada para fazer
instrumentos e por isso eles devem ter as
melhor o seu trabalho e a um menor custo
informações acerca de exatidão e precisão
para a empresa.
bem explícitas.
Para dominar o Sistema de Calibração e
Ajuste de Instrumentos, toda pessoa Procedimentos
envolvida deve ter conhecimentos sólidos O Sistema de Calibração de uma planta
de Instrumentação, Metrologia e pode envolver dezenas e até centenas de
Estatística. O treinamento do pessoal é tão procedimentos administrativos e técnicos.
importante na qualidade que é mencionado Toda calibração correta envolve o
nas cláusulas 4.18 (ISO 9001), 4.17 (ISO instrumento a ser calibrado, padrões,
9002) e 4.11 (ISO 9003). operador e um procedimento escrito. O
Gerência procedimento escrito de calibração é o
meio de tirar o máximo do bom
O gerenciamento do Sistema de
equipamento e do operador treinado,
Calibração e Ajuste deve ser bem
definindo a interligação, seqüência de
dominado por todos os supervisores das
passos da calibração, dados a serem
áreas, que devem ter o total apoio da alta
tomados e o grau de conformidade a ser
direção.
conseguido.
Este apoio significa
O procedimento deve refletir a maneira
1. quadro de pessoal suficiente,
pela qual as coisas são realmente feitas. O
2. facilidade de obtenção de micro-
objetivo de um procedimento é assegurar
computadores modernos,
que uma tarefa seja feita do mesmo modo,
3. facilidade de compra de
chegando-se aos mesmos resultados, feita
equipamentos de calibração e ajuste
pela mesma pessoa em tempos diferentes
adequados,
ou feita por pessoas diferentes,
4. facilidade de se programar e
simultaneamente. Para tornar a tarefa
executar treinamento do pessoal.
objetiva, o procedimento deve tirar toda
Documentação subjetividade e vontade do operador.
A documentação do sistema deve ser O procedimento administrativo (PA)
atual, conservada, divulgada entre todos deve indicar quando se deve fazer os
os envolvidos e bem dominada pela ajustes necessários e o procedimento
maioria. No sistema de qualidade, é muito técnico (PR) e o registro (PP) devem
útil a troca de experiência entre as áreas, indicar especificamente a classe de
pois se aprende com os erros dos outros. incerteza dos instrumentos padrão usados,
É demorado aprender tudo sozinho. É os valores encontrados e os valores limites
também fundamental aprender com as para se fazer os ajustes de calibração.
experiências bem sucedidas de outras Por exemplo, deve haver um
empresas, mesmo de outra atividade Procedimento Administrativo relacionado
totalmente diferente, como Xerox, IBM, com a calibração de registradores
Petrobrás, Vale do Rio Doce, Copene, eletrônicos, um Procedimento Técnico
Celpav e CSN. relacionado com determinado registrador
Faltam encontros internos agendados eletrônico, com entrada de milivoltagem de
onde se possa levantar e discutir termopar e deve haver uma tabela com
problemas potenciais, disseminar valores específicos para determinada
experiências que deram certo e corrigir aplicação de registro de temperatura.
rumos.

203
Normas ISO 9000

No mínimo, um procedimento Os registros preenchidos devem ser


administrativo deve ter os seguintes aprovados pelo Chefe de Divisão e pelo
tópicos: Supervisor da área. Esta aprovação deve
1. política ser séria e feita somente após a leitura
2. objetivo atenciosa dos dados registrados.
3. escopo Deve-se ser íntegro, escrevendo o que
4. responsabilidades se lê e não o que deva dar e nem o que o
5. definições chefe quer.
6. documentos associados
Equipamentos e instrumentos
7. diagrama de blocos (flowchart)
8. descrição do diagrama de blocos Instalações de Processo
9. procedimento
A maioria das instalações de medição e
10. distribuição e registros
controle de processo está adequada para
Registros as necessidades metrológicas do
Nos registros devem ser anotadas as processo. Mesmo uma instrumentação
leituras dos instrumentos e nada mais que pneumática, com mais de dez anos de uso,
as leituras. pode ser adequada para atender as
No mínimo, um registro de calibração e necessidades metrológicas de um
ajuste deve ter os seguintes campos: processo pouco exigente.
1. identificação do instrumento (serial, Oficinas de Manutenção e de Reparo
tag, fabricante, modelo
A oficina de Manutenção e Reparo deve
2. valores encontrados antes do ajuste
ser reaparelhada para se adequar às
3. valores lidos depois do ajuste
exigências do Sistema de Calibração e
4. valores limites aceitáveis
Ajuste. Deve-se ter um ambiente limpo e
5. instrumentos padrão utilizados com
agradável de se trabalhar, com locais
rastreabilidades válidas
adequados para se armazenar e separar
6. local de calibração, com condições
os instrumentos de processo e de teste.
ambientais estabelecidas
7. critério de aceitação Laboratório de Metrologia
8. data de calibração - ajuste O Laboratório de Metrologia deve ser a
9. data da próxima calibração referência metrológica de todas as áreas
programada da empresa (Manutenção, Produção,
10. nome e assinatura do executante Laboratório). Com dinheiro suficiente,
11. nome e assinatura do responsável qualquer pessoa pode sair por aí e
pela aprovação comprar um instrumento de calibração, que
12. correções devidas à temperatura sozinho não garante boas calibrações. A
diferente da teórica e outros fatores. chave é um conjunto fixo de procedimentos
É comum se encontrar registros e a disciplina em sua aplicação. Por isso, o
sucessivos com as leituras idênticas e Laboratório de Metrologia deve ser o
redondinhas (4,00; 6,00; 8,00; 10,00; modelo de disciplina e rigor no
12,00; 16,00; 18,00 e 20 mA cc). Isto é cumprimento dos procedimentos escritos.
estatisticamente impossível de ocorrer. O Laboratório deve produzir uma listagem
Estas anotações indicam que o ou gráfico que mostre as variáveis físicas,
instrumentista não leu corretamente as como pressão, temperatura, voltagem ou
leituras dos instrumentos, mas escreveu os corrente elétrica que podem ser calibradas
valores nominais esperados ou então usou e a exatidão correspondente.
instrumento com classe de precisão O Laboratório de Metrologia deve ter
insuficiente. Estes registros não podem ser instrumentos padrão que sejam mais
considerados evidências de calibração. precisos que os instrumentos calibrados.
Estes registros são totalmente inúteis e Nenhuma norma estabelece números
não permitem o Controle Estatístico de obrigatórios de relação entre incerteza do
Processo que já é recomendado pela padrão e do instrumento calibrado, pois
norma ISO 9001 (JUL 94) e certamente esta relação depende do risco associado
será obrigatório na próxima revisão. com o processo de medição, que varia

204
Normas ISO 9000

para cada processo, por isso sugerindo incertezas do instrumento calibrado e do


varias relações. Algumas normas sugerem padrão, tipicamente em 10:1. Ter padrões
e justificam determinadas relações (MIL acima desta relação é um desperdício de
STD 45662 recomenda o mínimo de 4:1, o dinheiro e não há nenhuma vantagem
INMETRO recomenda 3:1), mas são prática detectável. Por isso, toda aquisição
apenas sugestões. Se uma empresa de padrão deve ser criteriosamente
determina que a relação mínima entre as analisada sob o ponto de vista metrológico
incertezas do instrumento calibrado e do e econômico.
padrão seja de 3:1, todos devem entender A empresa deve estabelecer a sua
e administrar as conseqüências desta política, definindo o número de degraus da
relação, principalmente o Laboratório de cadeia de rastreabilidade metrológica e
Metrologia. deve seguir esta política. A filosofia
Consistentemente, o Laboratório de recomendada para a cadeia metrológica de
Metrologia deve ter métodos de calibração uma empresa de tamanho médio seria:
mais rigorosos e controlados. O 1. instrumentos de processo,
Laboratório de Metrologia deve ter 2. padrões terciários, mantidos nas
métodos de calibração monitorados por oficinas de área, para calibrar os
computador, onde seja possível se calibrar instrumentos de processo,
muito mais pontos, diminuir a probabilidade 3. padrões secundários, mantidos no
de erros, apresentar certificados de Laboratório de Metrologia, para
calibração com melhor estética e mais calibrar os padrões terciários,
compreensíveis ao usuário. 4. os padrões secundários, calibrados
O Laboratório de Metrologia deve ter um fora da empresa
ambiente controlado; com a temperatura O Laboratório de Metrologia é a
igual a 23 ± 5 oC, umidade relativa entre 20 interface entre a empresa e os laboratórios
a 60%. A pressão atmosférica, gravidade e externos, preferivelmente os da Rede
campos de interferência de rádio Brasileira de Calibração. Para ser eficiente,
frequência (RF) devem ser conhecidos. A o Laboratório deve
temperatura influi em comprimento, área, 1. Garantir através de pedido bem
volume e nos parâmetros elétricos especificado que todo instrumento
indiretos das substâncias. A umidade enviado para os laboratórios externos
altera a isolação de plásticos e placas de seja calibrado e ajustado e não
circuito impresso e a condução de apenas aferido.
superfícies. A pressão atmosférica afeta o 2. Exigir que os padrões usados na
empuxo e o peso das massas. A calibração tenham uma determinada
calibração de instrumentos de pressão incerteza (sugestão: mínima de 5
absoluta requer o conhecimento exato da vezes). Quando se tem um
pressão atmosférica. A aceleração da instrumento calibrado com incerteza
gravidade local deve ser conhecida, igual à do padrão, o instrumento
quando se tem padrões de pressão a herda a incerteza do padrão e a
pistão e a peso morto. Embora os incerteza da medição com o
instrumentos geralmente não sejam instrumento calibrado é igual à soma
sensíveis à iluminação, os operadores o das duas incertezas.
são. 3. Devolver o instrumento e não pagar o
Estes cuidados e exigências do serviço quando estas exigências não
Laboratório de Metrologia devem ser bem forem cumpridas.
entendidos, pois seu objetivo é calibrar e 4. Exigir que o algorítmo de cálculo de
aferir os instrumentos padrão que calibram incerteza seja definido
os instrumentos de processo. O 5. Solicitar a probabilidade ou o limite
Laboratório de Metrologia de uma empresa de incerteza real (2σ ou 3σ)
é para atender as exigências do chão de O Laboratório de Metrologia deve
fábrica e não um laboratório científico para orientar claramente, de modo didático, o
enviar foguetes no espaço sideral. As uso de instrumento degradado ou
sugestões das normas estabelecem estabelecer Procedimento para a
também uma relação máxima entre as adequação ao uso deste instrumento.

205
Normas ISO 9000

7.3. Comprovação Metrológica vários sensores, vários registradores


e um único indicador, podendo ter
Introdução várias combinações de malhas.
Na implantação do Sistema de 5. O conceito de modularidade aplicado
Calibração e Ajuste para a certificação da à instrumentação de SDCD e CLP,
ISO 9000, há as seguintes etapas: onde a malha de indicação inclui a
1. o Processo lista as malhas de interface entrada/saída (I/O) e a
instrumentos que impactam a indicação do monitor de vídeo (tubo
qualidade do produto, estabelecendo de raio catódico).
os limites de incerteza para cada 6. As informações contidas nos
grandeza indicada, catálogos dos fabricantes, onde os
2. a Instrumentação calcula ou mede as dados metrológicos são incompletos,
incertezas dos instrumentos já errados por má fé ou por
instalados, comprados sem nenhuma incompetência ou inexistentes,
critério metrológico, há muitos anos 7. O bom senso para se usar fatores de
atrás, degradação e drift, devidos ao
3. faz-se o consenso, para adequar ao envelhecimento, influência do meio
uso os instrumentos instalados, ambiente agressivo e do padrão de
quando algumas tolerâncias calibração indevido, determinando-se
requeridas devem ser aumentadas, estes fatores através de dados
mantendo-se os instrumentos estatísticos e experimentos de
existentes ou alguns instrumentos laboratório.
são mudados, com incertezas Composição das malhas
menores, para atender as incertezas Para fins de qualidade, a malha de
requeridas. instrumentos inclui apenas o elemento
Estas tarefas envolvem vários conceitos sensor, elemento condicionador de sinal e
importantes de Instrumentação, que se não o instrumento de display (indicador ou
forem bem entendidos e aplicados, dá registrador). Não é necessário considerar
resultados totalmente errados. Para isso, é os instrumentos de controle e o elemento
necessário entender e usar corretamente final de controle.
1. O conceito de malha de
O que Sistema cuida é que a indicação
instrumentos, que tipicamente possui esteja dentro dos limites de incerteza
um sensor, um condicionador de estabelecidos pelo processo. Ocorre uma
sinal e um instrumento de display. não conformidade quando se pensa que a
2. O discernimento de detectar os
indicação está correta e se verifica que ela
instrumentos que afetam a incerteza está errada, quando se faz a aferição do
da medição em malhas instrumento indicador. A partir dessa não
multivariáveis, com vários conformidade, devem ser tomadas ações
condicionadores de sinal; e.g., malha corretivas e preventivas, inclusive rastrear
de indicação de vazão com o produto, quando isso for previsto por
compensação de pressão e contrato.
temperatura. Quando há problemas no controlador ou
3. O comportamento do operador na
no elemento final de controle, o produto sai
sua tomada de decisão, se usa a fora da especificação e instantaneamente,
indicação do indicador, a indicação o operador percebe a não conformidade e,
do controlador, o registro ou a em linha com o processo, atua no
totalização. Tem-se uma malha com processo para levar a indicação para os
um tacômetro, um conversor, um limites previstos pelo processo.
indicador local, um indicador no
painel e um registrador de painel; Cálculos de incertezas das malhas
onde apenas o indicador de painel é No cálculo das incertezas das malhas
usado pelo operador para tomar do Sistema de Qualidade, o algoritmo de
decisões. cálculo típico é aquele onde a incerteza
4. O conceito de multiplexação, mesmo
quando mecânica, quando se tem

206
Normas ISO 9000

total é a raiz quadrada da somas dos 1. gasta-se menos tempo na calibração


quadrados das incertezas individuais. por malha, pois uma malha típica tem
Os cálculos das incertezas devem ter a três instrumentos,
referência bibliográfica (catálogo de 2. a calibração é mais confiável, pois
fabricante, literatura técnica, registro). não se tem o risco de descalibrar o
instrumento na retirada, transporte e
Compatibilidade metrológica
recolocação dos instrumentos,
A incerteza da malha de instrumentos 3. a calibração é mais exata, pois todos
instalada deve ser menor que a incerteza os efeitos da instalação são
requerida pelo processo. Este menor é considerados naturalmente.
vago, e por isso deve ser definida uma 4. tem-se a medição e não o cálculo da
relação numérica entre estas incertezas incerteza, coerente com a
(não use adjetivos, use números), recomendação metrológica de não
consistente com a política metrológica de imaginar quando puder calcular e
toda a empresa, pois há implicações nas não calcular quando puder medir..
incertezas dos padrões terciários, Obviamente, a calibração por malha tem
secundários e em toda cadeia de algumas desvantagens, como:
rastreabilidade. 1. necessidade de reescrever os
Geralmente, as incertezas requeridas procedimentos orientados para
pelo processo são arbitrariamente calibração de instrumentos
estabelecidas pela Produção ou; quando individuais,
há critérios, eles não são informados à 2. disponibilidade de padrões que
Instrumentação. Em algumas situações, os possam ser usados na área
valores das incertezas requeridas pelo industrial,
processo são estabelecidos depois que a 3. necessidade de medir as condições
Instrumentação calcula os valores das de calibração (temperatura, umidade,
incertezas instaladas. ambiente).
Há casos em que a incerteza calculada Como conclusão, é vantajoso se fazer a
é maior que a requerida pelo processo. calibração por malha (como regra) e, em
Mas, como a empresa já funciona há caso de não-conformidade, fazer a
muitos anos e o seu produto está dentro da calibração dos instrumentos individuais
especificação nominal, pode-se concluir (exceção).
que Prevendo esta tendência mundial, os
1. a incerteza requerida pelo processo fabricantes de instrumentos de teste e
está errada e poderia ser maior ou calibração desenvolveram vários
2. a malha de instrumentos não impacta instrumentos multitarefa para executar
a qualidade final do produto. calibrações na área industrial (Altek,
Calibração por malha Beamex, Eutron, Fluke, Hathaway,
Rochester, Ronan, Transmation, Unomat).
Não imagine quando puder calcular e
não calcule quando puder medir.
O aceitável é considerar a incerteza Revisão 2000 da ISO 9000
medida do instrumento não-conforme As normas ISO 9000 terão uma revisão
associada com as incertezas máximas em 2000. Já há testes de implementação
dadas pelo catálogo dos fabricantes dos do rascunho (draft) desta revisão, antes da
instrumentos. Porém, é preferível medir a finalização e publicação das normas ISO
incerteza da malha, em vez de calcular a 9001 e 9004.
incerteza total a partir das incertezas dos
instrumentos componentes. Isto é
conseguido facilmente, desde que a
empresa faça a calibração por malha e não
por instrumento. Além de se ter um
tratamento mais realista das não
conformidades, tem-se várias outras
vantagens, tais como:

207
Conclusão final

Mesmo com as dificuldades inerentes à mudança de hábitos e motivação de pessoal,


ao ceticismo de uns e à omissão de outros, um Sistema de Calibração e Ajuste dos
Instrumentos pode funcionar bem e receber a certificação ISO 9002.
Todo mundo deve ter um treinamento contínuo, para haver um posicionamento
mental orientado para a equipe e para elevar o moral e a eficácia do pessoal.
Como recomendações finais, tem-se:
1. programar e executar um treinamento de todo pessoal envolvido no Sistema.
2. estabelecer com critério a lista das malhas que impactam a qualidade e garantem a
continuidade operacional da planta, com as suas respectivas incertezas.
3. fazer criteriosamente os cálculos das incertezas das malhas requeridas pelo
processo, considerando os parâmetros de especificações nominais, drift e
influências da instalação,
4. fazer um Manual de Qualidade e escrever um conjunto de documentos,
principalmente os procedimentos técnicos e administrativos, adequando os
conceitos de instrumentação e uniformizando a terminologia;
5. estabelecer uma política e procedimentos do Laboratório de Metrologia, tornando-o
centro de referência de todas as áreas da empresa, estabelecendo a comunicação
adequada com a Produção e Laboratório,
6. implantar um sistema adequado de microcomputadores na Oficina de Manutenção,
Laboratório de Metrologia e Laboratório Químico-Físico,
7. escolher um programa de gerenciamento do Sistema de Calibração e Aferição que
atenda as especificidades da empresa e rode nos computadores acima;
8. adquirir instrumentos de teste e aferição (padrões terciários) em quantidade
apropriada e com precisão metrologicamente consistente;
9. implantar um sistema de Controle Estatístico do Processo para os dados dos
registros de calibração;
10. estabelecer uma filosofia de calibração do sistema para aferição por malha, como
regra e aferição por instrumento, como exceção;

Apostila\Metrologia ApB-ISO9000.doc 26 MAI 97(Substitui 04 JUN 96)

208
C
Rede Brasileira de Calibração
Laboratório Cidade, Telefone Grandeza
UF s
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland São Paulo, SP (011) 268-5111 Dimensão
Força
ABSI - Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 914-8987 Pressão
Balitek – Instrumentos e Serviços Ltda São Paulo, SP (011) 215-0088 Dimensão
Pressão
Ceman – Central de Manutenção Ltda Camaçari, BA (071) 832-8586 Dimensão
Pressão
Cepel - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Rio de (021) 767-2111 Eletricidade
Janeiro, RJ Tempo
Certi - Fundação Centro Regional em Tecnologias Florianópolis, (0482) 34-3000 Dimensão
Inovadoras SC Força
Pressão
Cetec - Fundação Centro Tecnológico de Minas Belo (031) 486-1000 Força
Gerais Horizonte, MG
Cetemp/Senai RS - Centro Tecnológico de Porto Alegre, (051) 592-5618 Dimensão
Mecânica de Precisão RS
CMPJ – Centro de Mecânica de Precisão de Joinville, SC (047) 432-0133 Dimensão
Joinville
Copel – Companhia Parananense de Energia Curitiba, PR (041) 366-2020 Eletricidade
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional Volta (0243) 44-705 Dimensão
Redonda, RJ
CST – Companhia Siderúrgica Tubarão Vitória, ES (027) 348-2162 Eletricidade
Pressão
Temperatura
CTA - Centro Técnico Aeroespacial São José dos (012) 340-3355 Dimensão
Campos, SP
Dresser Indústria e Comércio Ltda – Divisão de São Paulo, (011) 453-5477 Pressão
Manômetros Willy SP
Ecil S.A. Piedade, SP (0152) 44-3000 Temperatura
Embraco – Empresa Brasileira de (047) 441-2686 Dimensão
Compressores
Fucapi – Fundação Centro de Análise, Pesquisa (092) 237-5858 Dimensão
e Inovação Tecnológica
Furnas Centrais Elétricas SA Furnas, MG (035) 523-1001 Eletricidade
Tempo
Ibametro – Instituto Bahiano de Metrologia, Simões Filho, (071) 394-1172 Massa
Normalização e Qualidade Industrial BA
IEE/USP - Instituto de Eletrotécnica e Energia da São Paulo, SP (011) 815-2423 Eletricidade
Universidade de São Paulo
IFM - Instituto Fluminense de Metrologia SC Petrópolis, (0242) 21-2652 Eletricidade
Ltda RJ Pressão
Temperatura
INPE - Instituo Nacional de Pesquisas São José dos (012) 325-6274 Eletricidade
Espaciais Campos, SP Tempo
Instituto Presbiteriano Mackenzie São Paulo, (011) 236-8766 Dimensão

209
Rede Brasileira de Calibração

SP Força
INT - Instituto Nacional de Tecnologia Rio de (021) 253-9294 Força
Janeiro, RJ
IOPE Instrumentos de Precisão Ltda São Paulo, (011) 265-4577 Temperatura
SP
IPEI - Instituto de Pesquisas e Estudos São Bernardo (011) 419-0200 Dimensão
Industriais do Campo,
SP
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do São Paulo, (011) 268-2211 Dimensão
Estado de São Paulo SA SP Eletricidade
Força
Massa
Pressão
Temperatura
K&L Assistência Técnica em Instrumentos de (0474) 26-1712 Dimensão
Medição
Mitutoyo do Brasil Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 478-4544 Dimensão
Naka Instrumentação Industrial Ltda São Paulo, SP (011) 417-1177 Pressão
PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio Rio de (021) 259-5197 Dimensão
de Janeiro Janeiro, RJ Força
Pressão
Temperatura
PUC/RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Porto Alegre, (051) 339-1511 Eletricidade
Grande do Sul RS Rádio
freqüência
Senai/RJ – Cetec de Metal Mecânica Euvaldo Lodi Rio de Janeiro (021) 569-1322 Dimensão
Sharp do Brasil S.A. Manaus, AM (092) 614-2533 Dimensão
Tempo
Siemens S.A. São Paulo, SP (011) 833-4405 Dimensão
Força
Pressão
Tempo
Tektronix Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 3741- Eletricidade
8417 Tempo
Tridmensional Leka’s Medições Ltda Rio de (021) 270-5888 Dimensão
Janeiro, RJ
Triel Engenharia Ltda Santos, SP (013) 227-5666 Eletricidade
Pressão
Unicamp - Centro de Tecnologia da Universidade Campinas, SP (0192) 39-1103 Dimensão
Estadual de Campinas
Yokogawa Elétrica do Brasil Indústria e Comércio São Paulo, SP (011) 548-2666 Eletricidade
Ltda Tempo

Fonte| CQ Qualidade, Maio 1997, p. 42

Apostila\Metrologia ApD-RedeCalibração.doc 26 MAI 97 (Substitui 11 MAI 96)

210
D
Fundamentos da Qualidade
Objetivos de Ensino
1. Apresentar a história da qualidade.
2. Conceituar qualidade e listar sua terminologia, características e aspectos.
3. Mostrar as três filosofias básicas de qualidade, segundo Deming, Crosby e Juran

1. História da Qualidade 1.2. Qualidade Moderna


Segundo Feingenbaum, a função
qualidade nas organizações modernas, a
1.1. Primórdios
partir de 1900 evoluiu através dos
As técnicas de qualidade são usadas seguintes estágios:
desde os tempos antigos. Há quatro mil 1. supervisor
anos atrás, os egípcios mediam as pedras 2. inspeção
que usavam nas suas pirâmides. Os 3. controle de qualidade
gregos e romanos mediam os edifícios e 4. garantia da qualidade
aquedutos para garantir que eles estavam 5. gerenciamento da qualidade total
de conformidade com as especificações.
Supervisor
As estruturas e arquiteturas dos romanos
para edifícios, igrejas, pontes, estradas até Entre 1900 e 1920, tem-se o período
hoje causam admiração e inspiração. chamado de Controle de Qualidade do
Durante a Idade Média até os anos Supervisor A Revolução Industrial gerou a
1900, a produção de bens e serviços era produção em massa. O resultado foi o
confinada a indivíduos isolados ou grupos especialista. O indivíduo não era mais
pequenos de indivíduos. A qualidade era responsável pelo produto inteiro, mas
determinada e controlada pelo próprio somente de uma porção ou parte do
indivíduo ou pelo grupo. Este período foi produto. A desvantagem deste enfoque é a
chamado de Controle de Qualidade do perda do senso de acompanhamento e
Trabalhador Os artesões especificavam, identificação do trabalhador com o seu
mediam, controlavam e garantiam a produto. Nesta configuração apareceu a
qualidade das tintas, roupas, tapeçaria, figura do supervisor, que é responsável
esculturas e arquiteturas. Para garantir a pela coordenação das diferentes tarefas e
uniformidade, os estudantes e aprendizes operações. O supervisor que dirigia a
cumpriam rigorosos programas de operação se tornou o responsável pela
treinamento e acompanhamento dos qualidade do produto final.
mestres. O volume da produção era Inspeção
pequeno. O autor do trabalho se orgulhava
A qualidade moderna começou na
dele e esta motivação garantia a
década de 1920. O período de 1920 e
qualidade.
1940 foi chamado de Controle de
Qualidade por Inspeção. O volume de
produção aumentou, com um grande salto.
Os produtos e os processos se tornaram
mais complicados. Como o número de

211
Fundamentos da Qualidade
trabalhadores se reportando ao supervisor aceitos e estudados. Em 1946, formou-se
se tornou muito grande, ficou impossível o a American Society for Quality Control
supervisor controlar rigorosamente as (ASQC). Em 1950, foi desenvolvida a série
operações individuais de cada trabalhador. de normas MIL-STD-105, associada à
Os inspetores verificavam a qualidade do qualidade.
produto após determinadas operações e Qualidade, definida como conformidade
no final. Havia padrões para serem com a especificação, era controlada
comparados com os produtos. Quando durante a produção, em vez de ser
haviam discrepâncias entre o padrão e o inspecionada nos produtos. A
item do produto, os itens eram separados. responsabilidade pela qualidade foi
Os itens não-conformes podiam ser transferida para um departamento
retrabalhados e quando isso não fosse independente (QC), que era agora
possível, rejeitados. considerado o guardião da qualidade. O
Os primeiros grupos de qualidade eram departamento QC era separado da
os departamentos de inspeção. Durante a fabricação, para ter autonomia e
produção, os inspetores mediam os independência.
produtos contra especificações. Os Embora as condições fossem idéias
departamentos de inspeção não eram para se explorar os benefícios do controle
independentes; eles geralmente se estatístico da qualidade, as indústrias
reportavam ao departamento de fabricação americanas se mostraram preguiçosas e
cujos esforços eles inspecionavam. Isso pouco interessadas com estas teorias
apresentava um conflito de interesses, pois relacionadas com qualidade. Foi o Japão,
o departamento de inspeção rejeitava uma totalmente destruído pela guerra, que
batelada de produtos não-conformes e o adotou rigorosamente os planos de
departamento de fabricação queria controle de qualidade e se submeteu a
aproveitar essa batelada de produtos para programas intensivos de treinamento e
venda, independente da qualidade. Havia o educação. Foram para o Japão, como
conflito entre as mensagens de "produção consultores e professores, os americanos
a qualquer custo" e "qualidade é o mais W. Edwards Deming (1950) e Joseph M.
importante". Neste ambiente, a qualidade Juran (1954).
do produto melhorava muito lentamente.
Garantia da Qualidade
Durante este período, foram
desenvolvidos os fundamentos estatísticos Na década de 1960, o controle da
da qualidade e a Bell Telephone qualidade evoluiu para Garantia da
Laboratories montou uma equipe de Qualidade (QA - quality assurance). O
pioneiros do estudo da qualidade, como departamento de garantia da qualidade
Walter A. Stewhart (controle estatístico de assegurava a qualidade do processo e do
processo), H. G. Romig e H.F. Dodge produto através de auditorias operacionais,
(planos de amostragem). treinamentos, análises técnicas. Os
consultores de QA atuavam nos
Controle da qualidade departamentos onde realmente estava a
No período de 1940 a 1960, a fase da responsabilidade pela qualidade. O QA é
evolução é chamada de Controle uma área funcional responsável pela
Estatístico da Qualidade. Nesta etapa, os inspeção dos produtos, calibração dos
grupos de inspeção evoluíram para os instrumentos, teste dos produtos e
departamentos de Controle da Qualidade inspeção da matéria prima.
(QC). O início da Segunda Guerra Mundial Neste período surgiu o conceito de
requereu produtos militares sem defeitos. Defeito Zero (ZD - zero defect), que se
A qualidade do produto era crucial para baseava na obtenção de produtividade
ganhar a guerra e isso somente seria através do envolvimento do trabalhador.
garantido se o departamento de inspeção Esse conceito era adequado para a NASA
pudesse controlar os processos de (National Aeronautics and Space
produção. A inspeção de 100%, Administration) em lançamento de foguetes
geralmente impraticável, foi substituída e satélites.
pelos planos de amostragem, que foram

212
Fundamentos da Qualidade
No Japão, surgiu o conceito de círculos operadores fabricam um produto sem
de controle de qualidade, baseado no defeitos.
estilo participativo do gerenciamento. Este A orientação para o cliente final é
princípio assume que a produtividade irá essencial, pois suas necessidades mudam
aumentar através de um moral elevado e e a organização deve detectar essas
motivação, que são obtidos através de variações e se adaptar para atendê-las.
consulta e discussão em grupos informais. Adaptar significa projetar produtos
estéticos, fabricar produtos sem defeitos,
Gerenciamento da Qualidade Total
entregar os produtos em tempo e com
Na década de 1970, quando o assunto lucro. Uma organização deve projetar e
qualidade se tornou mais crítico, QA evolui produzir e entregar o que o cliente quer e
para o Gerenciamento da Qualidade Total não o que a organização pensa que o
(TQM - total quality management) ou o cliente quer.
gerenciamento da qualidade em toda a
companhia (CWQM - company-wide quality
management).Os grupos de qualidade da
2. Conceito de Qualidade
companhia são menores, com mais A noção de qualidade pode ser dividida
autoridade e menor responsabilidade direta em cinco categorias:
pela qualidade. Por exemplo, o grupo de 1. transcendental,
qualidade tem autoridade para impedir a 2. baseada no produto,
saída de um produto defeituoso da porta 3. baseado no usuário,
da fábrica, enquanto a responsabilidade do 4. baseada na fabricação e
controle de qualidade atua no operador do 5. baseada no valor.
departamento de fabricação. Ainda foram identificados oito atributos
A qualidade está associada com cada na definição da qualidade:
indivíduo. O programa de qualidade total 1. desempenho,
envolve toda a organização, 2. características,
desenvolvendo e implantando uma ética e 3. confiabilidade,
cultura de qualidade. O foco do programa é 4. conformidade,
toda a companhia, orientado para o 5. durabilidade,
usuário e realizado competitivamente. 6. utilidade,
A qualidade não fica apenas em um 7. estética e
departamento. Para fabricar um produto 8. percepção da qualidade.
com qualidade ou entregar um serviço com O termo qualidade pode ser definido de
qualidade requer a atenção e envolvimento vários modos, dependendo do enfoque e
de todos da organização. É perspectiva do usuário. Qualidade é:
responsabilidade da pessoa que faz 1. conformidade com especificações e
diretamente o trabalho, da recepcionista normas aplicáveis (Crosby)
que atende alegremente as pessoas, da 2. adequação (fitness) ao uso (Juran)
telefonista que se comunica com o mundo 3. satisfação das vontades,
externo, do gerente que supervisiona os necessidades e expectativas do
empregados, do instrumentista que comprador a um custo competitivo
mantém os instrumentos em operação, do 4. adequação do produto ou serviço ao
responsável pela embalagem do produto. seu uso pretendido como requerido
Cada elemento da organização, desde o pelo usuário.
comitê executivo que estabelece a política
de qualidade até a recepcionista na 2.1. Conformidade
portaria da firma, contribui para o êxito ou
boicote do esforço da qualidade. O comitê Toda organização, se lucrativa ou sem
executivo define uma política realística, os fins lucrativos, de fabricação, serviços,
gerentes estabelecem objetivos atingíveis, privada ou pública, tem especificações e
os engenheiros projetam produtos normas, que são elaboradas por
funcionais, confiáveis e atraentes, as organizações para medir o desempenho e
recepcionistas são gentis e eficientes e os corrigir os desvios dos níveis esperados.
Por exemplo, em uma operação de
fabricação, as especificações detalham

213
Fundamentos da Qualidade
limites dimensionais, atributos físicos de 3. Características da Qualidade
uma característica da qualidade de uma
peça. Em uma operação de serviço, as Pode haver um ou mais elementos para
normas estabelecem os métodos definir o nível de qualidade de um produto
aprovados de comportamento ou serviço. ou serviço. Esses elementos são
chamados de características da qualidade.
2.2. Adequação ao uso Estas características podem ser agrupadas
de vários modos: estrutural, sensorial,
A associação da qualidade com a
tempo e ético.
adequação ao uso é de Joseph Juran. É
As características estruturais incluem as
uma definição baseada no mercado e no
grandezas físicas como comprimento,
comprador. Um produto ou serviço é
área, volume, massa, peso, resistência,
adequado para uso se ele satisfaz as
viscosidade, densidade e muitas outras
necessidades e exigências do comprador.
variáveis de processo incluídas na
É possível se ter um produto que esteja
instrumentação e controle do processo. As
de conformidade com o uso em termos de
características sensoriais incluem o gosto
satisfação do comprador mas não se
de uma comida, cheiro de um perfume,
conforme com a especificação. A
beleza de um modelo. As características
especificação de acabamento de superfície
que dependem do tempo incluem a
foi desenvolvida para um produto de
garantia, confiabilidade, mantenabilidade.
consumo. A condição do acabamento da
As características éticas incluem
superfície é importante porque ela melhora
honestidade, cortesia, amizade.
a aparência do produto e sua facilidade de
As características da qualidade podem
venda. As especificações foram escritas
ser agrupadas em duas grandes classes:
para todas as superfícies, internas e
variáveis e atributos.
externas. Porém, se a superfície interna do
produto não está de conformidade com a
norma e como ela não pode ser vista pelo
3.1. Variável
comprador, ela não influencia Variável é a característica que pode ser
negativamente na sua decisão de compra medida e expressa por um valor numérico,
e portanto a não-conformidade é aceita. unidade e um limite de incerteza. São
Assim, um produto com uma imperfeição exemplos de variáveis:
pode ser adequado ao uso se tal 1. o diâmetro de eixo, como 10,0 ±0,1 mm
imperfeição não afeta seu desempenho, 2. a massa de um corpo, como 8,5 ±0,2
segurança ou atração para a venda. kg
3. a densidade relativa de um fluido em
2.3. Satisfação do comprador a um relação à agua, como 0,8
preço competitivo (adimensional)
4. a resistência elétrica de uma bobina,
A qualidade do produto ou serviço é a
como 24 Ω.
habilidade do produtor ou prestador de
5. o volume de um frasco, como 1,0 litro.
serviço satisfazer as necessidades do
comprador, ainda sendo capaz de ter lucro.
Esta definição envolve os dois lados da 3.2. Não-conformidade
questão: o fornecedor e o comprador. O Uma não conformidade é uma
comprador é a razão da existência da característica de qualidade que não
organização, mas o fabricante ou o satisfaz a especificação requerida
fornecedor do serviço deve ter o seu lucro. estabelecida. Por exemplo, seja a
Muitos clientes não compram um produto espessura nominal de uma arruela de 5,0
ou serviço, a não ser que ele tenham um ±0,2 mm. Uma arruela com espessura de
preço razoável. 5,1 mm é conforme e boa; uma arruela
com 5,3 mm tem a espessura não-
conforme e deve ser retrabalhada para
ficar dentro do especificado.
Uma unidade não-conforme é aquela
que possui uma ou mais não-

214
Fundamentos da Qualidade
conformidades, de modo que a unidade estado pretendido que ocorre com uma
não é capaz de satisfazer a especificação gravidade suficiente para fazer o produto
estabelecida e portanto, incapaz de ou serviço associado não satisfazer a
funcionar como previsto. Uma peça com o exigência de uso pretendida, de modo
peso e o comprimento fora das tolerâncias visível
estabelecidas é uma unidade não-
conforme e como tal, deve ser 3.5. Padrão e Especificação
retrabalhada ou se isso não for possível,
Como a definição de qualidade envolve
rejeitada e jogada fora.
a satisfação do usuário, as necessidades
do usuário devem ser documentadas. Uma
3.3. Atributo norma ou especificação se refere ao
Atributo é uma característica de estabelecimento preciso que formaliza as
qualidade se ela só pode ser classificada necessidades do usuário. Eles podem ser
como conforme ou não conforme, boa ou referir a produto ou processo ou serviço.
ruim, satisfaz ou não satisfaz, de acordo Por exemplo, a especificação de uma peça
com uma determinada especificação. pode incluir o diâmetro interno de 4,0 ±0,1
O atributo é a característica da cm, diâmetro externo de 10,0 ±0,2 cm,
qualidade que geralmente não pode ser comprimento de
medida em uma escala numérica. Por 12,0 ± 0,3 cm. Isto significa que uma peça
exemplo, o cheiro de um perfume, a cor de aceitável deve satisfazer cada uma das
um tecido são atributos, pois são dimensões acima, dentro das tolerâncias
caracterizados como aceitável ou não- estabelecidas.
aceitável. Segundo o National Institute of
Às vezes, uma variável pode ser Standards and Technology (NIST),
considerada como atributo. Por exemplo, o especificação é um conjunto de condições
diâmetro de um eixo a ser usado em um e exigências, de aplicação limitada ou
conjunto, é rigorosamente uma variável, específica, que fornece uma descrição
com uma dimensão, unidade e tolerância. detalhada do procedimento, processo,
O eixo poderia ser medido por um material, produto ou serviço, para uso
paquímetro ou micrômetro e o operador iria principalmente em compra e fabricação.
classificá-lo como conforme ou não- Normas podem ser referidas ou incluídas
conforme. Uma alternativa mais rápida, em um especificação.
seria comparar o diâmetro do eixo com um Norma é um conjunto escrito de
padrão ou inserir o eixo em um furo condições e necessidades, de aplicação
padrão, de modo que ele seria classificado geral ou restrita, estabelecida por uma
rapidamente como conforme ou não- autoridade ou acordo, para ser satisfeita
conforme. A grande vantagem de por um material, produto, processo,
considerar o indicador bom ou não-bom é procedimento, convenção, método de
a economia de tempo no teste. teste; relacionada com características
físicas, funcionais, desempenho ou de
3.4. Defeito conformidade.
Defeito está associado com uma Padrão é a representação física de uma
característica de qualidade que não unidade de medição ou uma receita que
satisfaz a especificação. A gravidade de define o método para se obter uma
um ou mais defeito em um produto ou unidade de medição.
serviço pode determinar se ele é aceitável
ou não (defeituoso). O termo moderno para
item defeituoso é item não-conforme. A
definição do American National Standards
Institute (ANSI) e American Society for
Quality Control (ASQC) é a seguinte
(ANSI/ASQC A3, 1987):
Defeito é um afastamento de uma
característica de qualidade de seu nível ou

215
Fundamentos da Qualidade
4. Aspectos da Qualidade qualidade deve ser controlada, desde a
compra das matérias primas até a entrega
Três aspectos são usualmente para o comprador. Esta fase consiste de
associados com a definição de qualidade: três etapas:
qualidade de projeto, qualidade de 1. prevenção de defeito
conformidade e qualidade de desempenho. 2. procura de defeito
3. análise do defeito e conserto.
4.1. Qualidade de Projeto A prevenção de defeito significa evitar a
ocorrência de defeitos e é usualmente
A qualidade de projeto trata das conseguida através de técnicas de controle
condições restringentes que o produto ou estatístico de processo. A procura de
serviço deve possuir, no mínimo, para defeito é conduzida através de inspeção,
satisfazer as necessidades do usuário. teste e análise estatística dos dados do
Isso implica que o produto ou serviço deve processo. Finalmente, as causas de defeito
ser projetado para satisfazer minimamente são investigadas e são tomadas ações
as necessidades do consumidor. corretivas.
O projeto deve ser o mais simples e o A qualidade de projeto tem um impacto
mais barato e ainda satisfazer as na qualidade de conformidade. É claro que
expectativas do usuário. A qualidade de deve ser possível produzir o que é
projeto depende de fatores como: tipo do projetado. Por exemplo, se a especificação
produto, custo, política de lucro, demanda de projeto para o comprimento de um pino
do produto, disponibilidade de peças e de aço é 20,0 +- 0,2 mm, deve-se ter um
materiais e segurança. Por exemplo, seja projeto envolvendo ferramentas, materiais
um cabo de aço cujo nível de qualidade e métodos que produza o pino com esta
requeira uma resistência para suportar 100 especificação. Se o sistema de produção
kg/cm2. Quando se projeta tal cabo, consegue esta peça com esta
selecionam-se os parâmetros do cabo para especificação, o produto é fabricado com
ele suportar, no mínimo, esta tensão. Na esta especificação. Se o processo é capaz
prática, o cabo é superdimensionado, de de produzir a peça com especificação de
modo que a que a condição desejada seja
20,0 ±0,4 mm, a fase do projeto deve ser
excedida. Assim, quando se projeta um
revista. Se for possível fabricar pinos
cabo com 25% além da especificação, o
cabo pode suportar tensão de 125 kg/cm2. somente com a tolerância de 20,0 ±0,4, a
Geralmente, quando se aumenta o nível especificação do produto é alterada. Caso
de qualidade projetada, o custo sobe de seja mandatória a especificação de 20,0 ±
modo exponencial. Porém, o valor do 0,2 mm, deve-se alterar a ferramenta ou o
produto aumenta de um modo crescente método de produção, certamente com
no início e depois permanece praticamente aumento do custo final do produto. Enfim,
constante, além de um determinado nível deve haver uma constante interação entre
de qualidade. A figura mostra as curvas do o projeto e a produção de modo que o
custo do produto e o seu valor. Observa-se projetado possa ser realmente fabricado.
que abaixo do nível de qualidade c, o valor
é sempre menor que o custo do produto; 4.3. Qualidade de Desempenho
além do nível, o custo fica maior que o A qualidade de desempenho está
valor do produto e ele fica impraticável. relacionada com a operação do produto
Esta curva serve para escolher o nível quando realmente posto para usar ou
mais conveniente de qualidade de projeto. quando o serviço foi executado e se mede
o grau de satisfação do consumidor. A
4.2. Qualidade de conformidade qualidade de desempenho é função da
A qualidade de conformidade implica qualidade de projeto e da qualidade de
que o produto fabricado ou serviço desempenho. O teste final do produto é
prestado deve satisfazer as normas sempre feito pelo consumidor. A satisfação
selecionadas na fase de projeto. Com de suas expectativas é o principal objetivo.
relação ao setor de fabricação, esta fase Se um produto não funciona como é
está relacionada com o grau onde a

216
Fundamentos da Qualidade
esperado, deve-se fazer ajustes nas fases restaurante, a componente serviço da
de projeto e de conformidade. comida é tão importante quanto a
componente produto, que é a comida em
si. O maître toma o pedido do cliente com
todas as especificações da comida, o
Qualidade cozinheiro faz a comida usando produtos
comprados de diversos fornecedores, o
garçom entrega a comida e serve o cliente,
de modo educado e cuidadoso. O
ambiente deve ser adequado para a
Qualidade de conversação, com música ambiente suave
Conformidade e temperatura adequada. E a conta deve
ser honesta para o cliente e deve dar lucro
ao dono do restaurante.
Quando a qualidade dos bens e
serviços complexos deve ser controlada e
Qualidade garantida, deve-se implantar um programa
Qualidade de
de Projeto de qualidade total. O objetivo do programa
Desempenho
é medir, detectar, reduzir, eliminar e evitar
deficiências na qualidade. Deficiências
Fig. 2. Aspectos da qualidade podem ser
1. produtos com defeito
2. serviços descorteses
3. entregas demoradas
4. falta de assistência pós-venda
5. Gerenciamento da Qualidade Total
5.2. Sistema de Qualidade Total
5.1. Introdução
Um sistema de qualidade é estabelecido
Em uma economia global, a fabricação na estrutura operacional de toda a
de produtos e a execução de serviços não companhia e planta, documentado em
possui fronteiras. Uma indústria procedimentos efetivos e integrados
automobilística pode ter o gerenciamento relativos ao gerenciamento e trabalhos
na Alemanha, fabricar o motor no México, técnicos, para orientar as ações
montar o carro no Brasil e vendê-lo e coordenadas das pessoas, máquinas e
prestar assistência técnica na Arábia informações da companhia e planta do
Saudita. Este carro, da concepção, modo melhor e mais prático possível para
fabricação e entrega, deve incorporar garantir a satisfação da qualidade do
qualidade. usuário e custos econômicos da qualidade.
Na Europa, a International Standards
Organization (ISO) desenvolveu normas 5.3. Malha da Qualidade
(série 9000) para estabelecer uma
linguagem comum e entendimento dos Os principais elementos da malha de
principais termos e conceitos na qualidade. qualidade de um programa de
Nos Estados Unidos, o American National gerenciamento de qualidade total,
Standards Institute (ANSI) é a organização conforme são os seguintes:
1. Marketing e pesquisa de mercado
responsável pela emissão de normas. As
2. Projeto, especificação, engenharia e
normas ANSI são tecnicamente
equivalentes às normas ISO. desenvolvimento do produto
As normas se referem à fabricação de 3. Procurement
4. Planejamento e desenvolvimento do
produtos e execução de serviços, pois
estes parâmetros estão quase sempre processo
associados. Na maioria dos casos, um 5. Produção
fabricante de produtos é também um 6. Inspeção, teste e exame
entregador de serviços. Por exemplo, 7. Embalagem e armazenamento
quando se pede uma refeição no 8. Venda e distribuição

217
Fundamentos da Qualidade
9. Instalação e operação alterações através do ciclo de vida do
10. Assistência técnica e manutenção produto. Se não houver esta adaptação, os
11. Descarte depois do uso produtos e serviços irão envelhecer e não
mais irão satisfazer as necessidades do
Marketing e pesquisa de mercado
usuário.
A responsabilidade do marketing é A maioria dos produtos segue um ciclo
identificar o mercado, identificar as de vida consistindo de quatro estágios:
necessidades do cliente, desenvolver uma introdução, crescimento, maturidade e
descrição resumida do produto e declínio. Esses quatro estágios mostram o
estabelecer um sistema de controle à perfil de vendas de um produto. Quando
realimentação negativa (feedback). um produto é introduzido no mercado, as
Um mercado pode ser inteiramente vendas podem ser baixas por que as
novo, já estabelecido ou um segmento de pessoas ainda não conhecem o produto ou
um mercado estabelecido. Pode-se não conhecem os benefícios resultantes de
desenvolver um produto totalmente novo seu uso ou o produto pode ter um preço
para um mercado novo. Este produto tem muito alto. Em seu estágio de crescimento,
um preço normalmente muito elevado, através da propaganda, as pessoas tomam
para recuperar alguns custos de conhecimento de seus benefícios
desenvolvimento e pesquisa. Esse novo potenciais ou de sua habilidade de
produto inicialmente não tem competição e satisfazer suas necessidades. As vendas
de modo que se alguém quiser comprá-lo, crescem. No estágio de maturidade, os
deve pagar o seu alto preço. competidores desenvolvem produtos
Para um mercado estabelecido, pode-se melhores com mesmo preço ou produtos
ter uma versão melhorada do produto com igual desempenho mas com preço
existente com preço equivalente, ou um menor. As vendas permanecem estáveis.
produto similar com preço mais baixo. Finalmente, no estágio de declínio, a
Pode-se também desenvolver um produto competição força a organização
especializado para um segmento de um desenvolver novos produtos ou abaixar o
mercado estabelecido. Esse produto preço do produto existente. De qualquer
satisfaz as necessidades de um segmento modo, as vendas caem.
específico do mercado alvo.
O marketing também identifica as Projeto, especificação, engenharia e
necessidades, vontades e expectativas de desenvolvimento do produto
produtos e serviços. Quase todo produto A engenharia usando o resumo do
tem um componente serviço associado, produto, transforma as necessidades do
que é tão importante quanto o componente usuário em especificações técnicas para
produto. Por exemplo, quem compra um materiais, produtos e processos. No
microcomputador IBM compra também o desenvolvimento do produto, são
serviço que está associado com o nome considerados os seguintes parâmetros:
IBM. necessidades do usuário, custo, facilidade
Assim que as necessidades do usuário de fabricação e de teste e qualidade do
são identificadas, elas são comunicadas à projeto.
organização em termos de um conjunto de A engenharia primeiro desenvolve uma
necessidades resumidas em uma ideia e o conhecimento do que o usuário
especificação do produto. As necessidades quer ou espera. Geralmente, as
do cliente se transformam gradualmente necessidades, vontades e expectativas do
em especificações do produto e do serviço, usuário são vagas e a engenharia somente
como características de desempenho, tem uma ideia abstrata do mercado. O
estética, embalagem, preço, exigências marketing deve obter informações dos
legais. grupos enfocados, amostragens,
Finalmente, o marketing estabelece pesquisas e outras fontes. O marketing
uma informação, monitoração e sistema de acredita que a organização pode
realimentação negativa. As necessidades desenvolver um produto ou serviço para
do usuário se alteram e uma organização satisfazer estas exigências. A engenharia
deve continuamente se acomodar a essas então determina se é possível desenvolver

218
Fundamentos da Qualidade
o produto dentro do tempo e orçamento preço competitivo, entregue no tempo
estabelecidos. combinado e com suporte de serviço
Mesmo durante as considerações da adequado. A monitoração dos
satisfação do cliente, os custos do produto fornecedores garante que seus produtos
e sua entrada são sempre considerados. estão de conformidade com as
Se um produto tem um alto preço e uma especificações. A monitoração inclui
imagem de qualidade, ele vende pouco, o auditorias nas dependências do fornecedor
mercado é rico mas não é um mercado de relativas ao seu sistema de qualidade,
massa. teste e melhoria do produto.
Às vezes, o engenheiro projeta um Um fabricante é um comprador de seus
produto no terminal do computador e não fornecedores. O comprador deve
solicita informação ou ajuda quanto à sua comunicar aos seus fornecedores as suas
capacidade de ser construído. Um produto especificações detalhadas, com desenhos,
projetado com pequenas tolerâncias é, às ordens de compra e contratos. As
vezes, impossível de ser fabricado ou necessidades do usuário devem incluir:
operado. Tolerâncias muito pequenas ou 1. características de qualidade do
muito grandes podem resultar em falhas produto
prematuras, causadas pela interferência de 2. características de serviço
peças muito encaixadas ou muito folgadas. 3. ambiente de operação
A qualidade no projeto é essencial para 4. identificações precisas de estética e
um produto final ser livre de defeitos, grau de qualidade
seguro e confiável. Projeto ruim causa 5. instruções de inspeção
falha prematura do produto. Se os erros de 6. especificações do produto
projeto não são corrigidos, eles são
Processo, planejamento e
repetidos em cada produtos fabricado. O
desenvolvimento
projeto bom implica em segurança e
saúde. Se uma planta nuclear não é Os processos de produção, quer sejam
projetada e construída com a segurança de inspeção, montagem ou fabricação,
em mente, um acidente pode liberar devem ser planejados para que operem
radioatividade na atmosfera, resultando em corretamente sob condições controladas.
mortes (Chernobyl e Three Mile Island). Isto significa que os equipamentos de
O projeto também deve considerar a fabricação, produção e os instrumentos de
confiabilidade, o efeito a longo prazo da medição são monitorados, calibrados e
qualidade. Produto confiável é aquele que controlados conforme programas
raramente se estraga. Quando estragado, elaborados para fabricar produtos sem
o produto deve ser rapidamente defeitos. A variabilidade causada pelos
consertado. O instrumento é considerado operadores, materiais, métodos e
muito disponível quando raramente se máquinas é mantida dentro de limites
estraga e é facilmente consertado. mínimos exequíveis. As operações de
produção são detalhadas. As instruções de
Matéria prima trabalho e manutenção são seguidas. O
Dependendo do produto e da indústria, pessoal envolvido é treinado.
muitos fabricantes usam cerca de 70% de
Produção
seu material de fornecedores externos. Um
produto final só é de boa qualidade quando A produção torna realidade o projeto da
os seus componentes adquiridos forem de engenharia. Os desenhos e especificações
boa qualidade. Assim, a compra e o são transformados em produto. Produção é
controle de compra das matérias primas e um termo abrangente que inclui
peças de terceiros são fundamentais para montagem, fabricação e inspeção em
a qualidade do produto final. linha.
Deve-se selecionar e monitorar os A responsabilidade pela qualidade fica
fornecedores. A seleção dos fornecedores com o operador e o supervisor de
é um processo formal que avalia os produção. O supervisor de produção deve
fornecedores quanto à sua habilidade de comunicar a importância da qualidade ao
fabricar um produto sem defeito, com pessoal da linha de montagem. Deve haver
uma dedicação honesta na perseguição e

219
Fundamentos da Qualidade
obtenção da excelência e uma interminável estabelece testes, fabricação e
e contínua melhoria. Se o programa de distribuição.
qualidade é apenas retórico ou teórico, o A qualidade do produto é somente tão
trabalhador da linha de produção ou o exata quanto os instrumentos de medição
operador do processo sente a usados para verificar sua qualidade. Isto
manipulação, rejeita-a e não se empenhará implica que qualquer instrumento de
para que o produto final tenha a qualidade medição deve ser exato e preciso para
desejada. fornecer o gerenciamento com suficiente
Assim que um processo entra em confiança nas decisões e ações baseadas
operação, ele é controlado manual ou nas medições. Indicadores locais,
automaticamente para garantir as instrumentos e equipamentos de teste
características de qualidade e quantidade automático devem ser escolhidos para
do produto, dentro de limites determinados. satisfazer ou exceder as exigências do
Pode-se implantar o controle estatístico de usuário. Todo instrumento de medição
processo, que engloba as seguintes idéias deve ser calibrado ou aferido em intervalos
básicas: regulares, com padrões apropriados. Todo
1. qualidade é a conformidade com as padrão, em qualquer nível hierárquico deve
especificações ser calibrado ou aferido também em
2. processos e produtos variam sempre intervalos regulares, nas próprias
3. as variações nos processos e dependências ou em laboratórios externos.
produtos podem ser medidas A qualidade do produto pode ser
4. as variações seguem padrões verificada através da entrada, em linha
identificáveis com o processo ou através da inspeção
5. as variações devidas a causas final. A matéria prima examinada quando
assinaláveis distorcem o formato da chega. O controle estatístico do processo é
distribuição normal usado para controlar o desempenho em
6. as variações são detectadas e linha do processo. A inspeção final ocorre
controladas através do controle antes que o produto é enviado para a
estatístico do processo. estocagem ou para o usuário.
O controle estatístico de processo O grau e a frequência da inspeção
envolve a comparação da saída de um depende da importância da característica
processo ou serviço com uma norma ou da qualidade e da capacidade do
padrão e a tomada de ações corretivas em processo. Se a qualidade de um produto é
caso de discrepância entre as duas. O essencial ao desempenho do produto,
controle estatístico também envolve a então o produto pode ser 100%
determinação da habilidade de um inspecionado.
processo fabricar um produto que satisfaça
Embalagem e armazenamento
as especificações ou necessidades
desejadas. A qualidade somente pode ser mantida
se os produtos são embalados,
Inspeção, teste e exame armazenados, manipulados e
Inspeção, teste e exame são aplicados transportados adequadamente. A
a processos e produtos. O nível de teste embalagem adequada protege o conteúdo
depende do produto, do risco ao contra perigos devidos a vibração, choque
consumidor, risco ao produtor, custo e mecânico, calor, abrasão e corrosão.
legislação vigente. Por exemplo, produtos Alguns produtos requerem cuidados
envolvendo a saúde e segurança públicas especiais no armazenamento, manipulação
tem riscos associados com o produtor e o e embalagem. Por exemplo, circuitos
consumidor, se o produto falha. Este tipo eletrônicos integrados devem ser
de produto deve ser regulado por leis embalados em sacos envelopes
governamentais, que incluem testes e antiestáticos; produtos alimentícios
inspeção. Por exemplo, produtos perecíveis devem ser transportados em
alimentícios e farmacêuticos possuem containers refrigerados; equipamentos que
legislação federal específica, que entram em contato direto com oxigênio,

220
Fundamentos da Qualidade
cloro ou outro oxidante forte deve ser e regula o lixo de produtos químicos
isento de pó e óleo. tóxicos.
Depois que um produto sai da malha de
Vendas e distribuição
qualidade, a malha recomeça com um
Assim que o produto é vendido, ele outro produto, novo ou melhorado. Há
deve ser entregue ao comprador em muito poucos produtos ou serviços que
estado intacto, no prazo combinado e de não seguem a malha da qualidade, por que
modo cortês. Se o produto é danificado os produtos devem se adaptar às
durante o transporte, o problema deve ser variações do mercado ou desaparecer.
tratado efetiva e eficientemente com o
comprador. Se o pessoal de entrega é mal
educado, cria-se uma má impressão do
produto, mesmo antes de ser usado. É Valor adicionado Custo adicionado
Máquina
importante monitorar e corrigir essa Operador
situação porque ela afeta as vendas Material Process Inspeçã
futuras. Métodos Consumidor
Ambiente
Instalação e operação Produto retrabalhado Produto descartado
Produtos industriais complexos podem Custo adicionado Custo adicionado
requerer ferramentas, equipamentos,
métodos especializados ou pessoal Modo detecção – inspeção
treinado para a sua instalação e operação.
Em um mínimo, as máquinas e produtos
complexos devem ter manuais detalhados Valor adicionado
Máquina Consumido
e claros, que descrevem a instalação e r satisfeito
operação seguras. A documentação de Operado
r Processo
instalação e operação inclui instruções de
montagem, reparo, instalação e operação, Material
lista de peças de reposição e informação Métodos
de serviço do produto. Mediçã
Assistência técnica e manutenção
Assim que o produto é vendido, o Ajustes
comprador de um produto técnico ou
complexo poderia requerer assistência Modo prevenção – controle de processo
técnica para manter sua operação.
Assistência técnica pode se resumir em Fig. 6. Comparação entre operações de
responder perguntas por telefone. Serviço inspeção e prevenção
pós-venda de equipamento complexo pode
significar o envio de um técnico
especializado para reparar, substituir,
manter ou modificar uma peça sofisticada
do equipamento. A assistência técnica pós-
venda cria lealdade ao produto ou à marca,
que gera novas vendas.
Jogada fora depois do uso
Após o uso, um produto descartável
deve ser jogado fora de modo adequado e
seguro. Se o produto não tem mais vida
útil, ele deve ser jogado fora. Porém, um
produto pode ter sua vida estendida,
quando reparável. Se ele deve ser jogado
fora, isso deve ser feito de modo a não
prejudicar a segurança, saúde ou
ambiente. Por exemplo, a legislação cuida

221
Fundamentos da Qualidade

Marketing e pesquisa de

Jogado fora depois do


Engenharia do projeto e
especificação do produto

Assistência técnica e
manutenção
Compra de matéria
prima e peças
Instalação e operação

Planejamento e
Venda e distribuição desenvolvimento do processo

Embalagem e Produção

Inspeção, teste e

Fig. 4. Malha típica de qualidade, conforme ANSI/ASQC Norma Q94: Quality Management
and Quaality System Elements – Guide lines.

222
Fundamentos da Qualidade

7. Medição
6. Inspeção e Prevenção
A qualidade é somente tão boa quanto o
instrumento de medição.
6.1. Inspeção A medição é importante por que a
A prevenção de defeitos, não qualidade das decisões de gerenciamento
conformidades, falhas e imperfeições é a subsequentes é somente tão confiável
filosofia básica do programa de qualidade. quanto os dados obtidos através dos
A prevenção diminui os defeitos, melhora instrumentos de medição. Muitas análises
os processos e eventualmente diminui os de qualidade assumem que os dados da
custos. Os conceitos de inspeção e medição são exatos e precisos, mas nem
prevenção são diferentes. sempre isso é garantido. Os instrumentos
As entradas são as mesmas nos de medição podem ser de má qualidade
processos de inspeção e prevenção: (imprecisos) ou descalibrados (inexatos).
máquina, operador, material, método e Mais ainda, os instrumentos podem estar
ambiente. Cada uma dessas entradas é podem estar mal aplicados, abusados,
uma causa potencial de dispersão ou ultrapassados e estragados.
variação das características do produto. As Assim como o produto de um processo
operações de fabricação ou montagem de fabricação pode variar durante um
processam as entradas, adicionando valor período de tempo, a saída de um
em cada passo operacional. instrumento complexo de medição pode
Um processo pode ter de um até 100 variar com o tempo. O controle da
passos. No final do primeiro passo ou no qualidade é responsável pela seleção do
centésimo passo, um operador pode instrumento apropriado e pela manutenção
inspecionar ou testar o produto para de sua exatidão. A exatidão é estabelecida
verificar sua conformidade com a e mantida através de um programa
especificação. Se aceitável, o produto é sistemático de calibração periódica,
embalado e enviado para o comprador. Se armazenamento seguro e manuseio
rejeitado, o produto é jogado fora ou correto.
enviado de volta para o processo para A medição exata requer:
retrabalho. Pelo tempo que o produto é 1. unidades de medição do SI
processado, adiciona-se valor ao produto 2. seleção do instrumento de exatidão
em termos de trabalho direto, matérias necessária
primas, equipamento e treinamento. Neste 3. calibração dos instrumentos após
ponto, se um produto é jogado fora ou abuso, queda, defeito
retrabalhado, perde-se valor. 4. calibração periódica dos instrumentos
5. calibração envolvendo padrões com
exatidão de 4 a 10 vezes melhor que
6.2. Modo Prevenção a do instrumento calibrado
6. programa de aferição e calibração
No modo prevenção, as entradas são as dos padrões envolvidos (trabalho,
mesmas. Também, o processo pode ter de transferência e referência)
um a 100 passos e adiciona-se valor em 7. operação e manutenção feita por
cada passo. No modo prevenção, o pessoal treinado e motivado.
processo é controlado. A diferença básica
entre inspeção e prevenção é que durante
o processo, o operador continuamente
mede peças e ajusta o processo se a
característica desvia dos limites
calculados. O operador evita que ocorram
defeitos, controlando a saída da operação.
O objetivo é enviar produtos sem defeitos
ao usuário.

223
Fundamentos da Qualidade

8. Algumas Filosofias de que tenham se destacado no campo da


qualidade. Já foram ganhadoras do Prêmio
Qualidade Deming firmas como Toyota, Nissan,
Nippon Steel e Hitachi. A Texas
8.1. Introdução Instruments foi a primeira firma americana
Várias pessoas fizeram grandes a ganhar este prêmio (1985).
contribuições no campo do controle da É irônico que o primeiro nome em
qualidade. Aqui serão vistas as qualidade no Japão seja um americano. A
contribuições de três pioneiros que tiveram verdade é mais estranha que a versão. As
um papel fundamental na adoção e firmas americanas rejeitaram as idéias de
integração da garantia e do controle da Deming, logo depois da guerra. Neste
qualidade na indústria, através de seus período a demanda era muito grande, a
ensinamentos, artigos, livros e qualidade aceitável. Como tudo que era
consultorias. Estes pioneiros são W. produzido era vendido, pouco se fez para
Edwards Deming, Philip B. Crosby e melhorar a qualidade. Não houve uma
Joseph M. Juran Todas as filosofias visão a longo prazo e nem evolução.
centram a qualidade no gerenciamento e Somente depois que os produtos
no seu comprometimento com o programa japoneses substituíam os produtos
da qualidade. americanos, nos Estados Unidos, é que as
indústrias americanas começaram a adotar
a filosofia de controle e garantia de
8.2. W. Edwards Deming e sua
qualidade. Esta adaptação era o único
filosofia meio de sobrevivência - não havia outra
W. E. Deming foi um consultor que se alternativa.
tornou famoso com o trabalho de qualidade
Filosofia
feito no mundo industrial japonês, a partir
do término da Segunda Grande Guerra. A filosofia de Deming enfatiza o
Ele era matemático e físico, com PhD. da gerenciamento. Quase 85% dos problemas
Universidade de Yale, em 1928. Ele tinha da indústria podem ser resolvidos apenas
um grande conhecimento de estatística por gerenciamento. Estas tarefas envolvem
que ele aplicou no controle de qualidade. mudança no sistema de operação e não
Em 1950 ele foi convidado pela União são influenciadas pelos trabalhadores. Os
de Cientistas e Engenheiros Japoneses trabalhadores tem a responsabilidade de
(JUSE) para ir ao Japão. Até esta data o comunicar a informação que eles tem
Japão tinha uma reputação ruim em sobre o sistema para o gerente, de modo
qualidade e estava falido depois da guerra. que ambos trabalhem em harmonia. Para
Mesmo com estas condições iniciais Deming a organização é uma entidade
adversas, Deming conseguiu desenvolver integrada. Deve haver um planejamento a
e inocular produtos japoneses com longo prazo e um plano de ação a curto
qualidade. Durante os últimos 40 anos o prazo. Por exemplo, no Brasil, só se pensa
produto japonês passou a ser sinônimo de em ganhos rápidos e imediatos.
qualidade. O Japão passou a fabricar Deming acredita na adoção de
relógios melhores que os suíços, máquinas programa de qualidade total e enfatiza a
fotográficas melhores que as japonesas, natureza contínua e interminável do
equipamentos eletrônicos melhores que os controle da qualidade e na sua melhoria.
americanos, navios melhores que os Tal programa leva inevitavelmente para os
escandinavos. A melhoria da qualidade objetivos estabelecidos, maior
não foi repentina, de um dia para outro, produtividade e menores custos totais a
mas foi um processo lento e contínuo. Até longo prazo. Ele elimina o erro de se
hoje são válidos e aplicados os princípios pensar que o aumento da qualidade
de Deming no Japão. O americano Deming também aumenta os custos e diminui a
foi agraciado com a Medalha de Segunda produtividade. A filosofia de Deming
Ordem do Tesouro Sagrado pelo oferece um plano de ação para se obter
imperador Hirohito e no Japão existe o resultados a longo prazo. Ele afirma a
Prêmio Deming para pessoas ou firmas necessidade de se desenvolver uma

224
Fundamentos da Qualidade

cultura na organização onde se sustentam a produtividade e competição


abandonam os objetivos imediatos, como da companhia por muito tempo.
os lucros trimestrais. A filosofia de 1. Crie e publique para todos os
qualidade deve ser adotada, praticada e empregados a declaração dos
usada como um meio de vida na objetivos e propósitos da
organização. Os princípios devem ser companhia. O gerenciamento
reaprendidos e refinados baseando-se na deve demonstrar constantemente
experiência acumulada de cada firma. No a responsabilidade de seguir esta
centro da filosofia está a necessidade de declaração.
os gerentes e trabalhadores falarem a 2. Aprenda a nova filosofia, a alta
mesma linguagem e a linguagem sugerida gerência e todo mundo.
pelo matemático Deming é a estatística. A 3. Entenda o objetivo da inspeção
filosofia Deming só produz resultados para a melhoria dos processos e
notáveis quando todo o pessoal envolvido redução dos custos.
com o processo entende os princípios 4. Acabe com a prática de
fundamentais de estatística para usar no considerar o negócio somente na
controle e melhoria do processo. Assim, as base do preço final.
idéias fundamentais tratam do 5. Melhore constantemente e pelo
entendimento e uso de ferramentas futuro todo o sistema de produção
estatísticas e uma mudança na atitude de e serviços.
gerenciamento Os 14 pontos de Deming 6. Institucionalize o treinamento
fornecem uma referência para a ação aos 7. Ensine e institucionalize a
gerentes e um caminho a ser seguido para liderança.
ser competitivo por muito tempo. 8. Elimine o medo. Crie confiança.
Enfim, quando ele aponta para a lua, ele Crie um clima de inovação.
olha a lua e não a ponta do dedo! 9. Otimize através dos objetivos e
propósitos da companhia os
14 pontos de Deming
esforços da equipe, grupos e
O foco da filosofia de Deming está no pessoal técnico.
gerenciamento. Para Deming, o gerente 10. Elimine os exageros para a força
não pode fugir da responsabilidade e tentar de trabalho.
culpar os outros. Embora uma minoria dos 11. Elimine as cotas numéricas para
problemas sejam devidos aos a produção. Em vez disso,
fornecedores ou trabalhadores, a maioria entenda e institua métodos para a
dos problemas é devida ao gerenciamento. melhoria. Elimine o gerenciamento
Deve-se alterar fundamentalmente o estilo por objetivos. Em vez disso,
de gerenciamento e a cultura da empresa. entenda as capacidades do
Na filosofia de Deming a gerência deve processo e como melhorá-las.
criar um ambiente de segurança para os 12. Remova as barreiras que tiram o
trabalhadores sentirem orgulho de seu orgulho da mão de obra das
trabalho e serem recompensados de pessoas.
acordo. Os gerentes e trabalhadores 13. Encoraje a educação e a
devem trabalhar juntos, como uma equipe, competência de todos.
para lidar com os fornecedores e 14. Aja para acompanhar a
investidores. A cultura da organização transformação
deve remover o medo do sistema de modo
que os trabalhadores possam se sentir 8.3. Philip B. Crosby e sua filosofia
confortáveis em recomendar alterações do
produto ou do processo. Deve haver Philip B. Crosby trabalhou 14 anos na
confiança entre empregados e gerentes. ITT como responsável pelas operações de
Os 14 pontos de Deming fornecem o qualidade da companhia em todo o mundo
sentido da direção. Os métodos de Deming e atualmente é o presidente da Philip
incorporam ferramentas estatísticas. A Crosby Associates (1979).
adoção destes princípios garantem e O enfoque Crosby começa com uma
avaliação do sistema de qualidade
existente. Sua grade de gerenciamento da

225
Fundamentos da Qualidade

qualidade fornece um método de identificar 11. Remoção da causa de erro


onde está a operação de qualidade 12. Reconhecimento
existente e aponta as operações que 13. Seminários de qualidade
podem ser melhoradas. Esta grade é 14. Faça isso sempre.
dividida em cinco estágios de maturidade:
1. incerteza (uncertainty) 8.4. Joseph M. Juran e sua filosofia
2. despertar (awakening)
O engenheiro e advogado Joseph M.
3. conhecimento (enlightenment)
Juran é o fundador e presidente emérito do
4. julgamento (wisdom)
Instituto Juran, que oferece consultoria e
5. certeza (certainty)
treinamento de gerenciamento em
Há seis categorias de gerenciamento
qualidade. Desde 1924 Juran desenvolve
que ajudam na avaliação do processo:
uma carreira na indústria como
1. entendimento e atitude do
engenheiro, árbitro e diretor, além de ter
gerenciamento
sido administrador do governo e professor
2. status da qualidade da organização
universitário. Possui vários livros sobre
3. manipulação do problema
planejamento, controle, gerenciamento e
4. custo da qualidade como % de
melhoria da qualidade. Começou a dar
vendas
cursos no Japão (1954) e depois repetiu os
5. ações para a melhoria da qualidade
seminários durante mais de 30 anos, em
6. sumário da postura de qualidade da
mais de 40 países e todos os continentes.
companhia.
Juran define qualidade como
4 premissas do gerenciamento da adequação ao uso. O foco da qualidade é
qualidade a necessidade do usuário final. Há várias
Para entender o significado de não-uniformidades em uma companhia que
qualidade, Crosby identificou quatro atrapalham o desenvolvimento de um
premissas do gerenciamento da qualidade: processo, como
1. Definição de qualidade: qualidade 1. Há funções múltiplas, como
significa conformidade com marketing, projeto e
necessidades. desenvolvimento, fabricação e venda
2. Sistema para obtenção da qualidade: do produto, onde cada função se
o enfoque racional é a prevenção de julga a mais importante, a única e a
defeitos. especial.
3. Padrão de desempenho: o único 2. A presença de níveis hierárquicos na
padrão de desempenho é zero estrutura da organização cria grupos
defeito. de pessoas com diferentes
4. Medição: a medição do desempenho responsabilidades. Estes grupos
é o custo da qualidade, que inclui variam em formação e tem diferentes
refugo, retrabalho, serviço, inspeção conceitos acerca da qualidade.
e teste. 3. Há várias linhas de produto que
diferem em mercado, processos de
14 passos para a melhoria da qualidade produção, causando uma perda de
Crosby também tem o número unidade.
cabalístico de 14 passos para a melhoria Juran propõe um modo universal de
da qualidade. pensar qualidade. Este conceito deve ser o
1. Comprometimento da gerência mesmo para todas as funções, níveis de
2. Equipe de melhoria da qualidade gerenciamento e ilhas de produto. A
3. Medição da qualidade qualidade requer continuamente
4. Avaliação do custo da qualidade 1. planejamento
5. Despertar da qualidade 2. controle
6. Ação corretiva 3. melhoria.
7. Ad hoc comitê para programa de
Planejamento
zero defeito
8. Treinamento de supervisores O planejamento da qualidade inclui:
9. Dia do zero defeito 1. Identificação do cliente, interno e
10. Estabelecimento de objetivo externo.

226
Fundamentos da Qualidade

2. Determinação das necessidades do Definição


cliente. A definição de Deming trata a qualidade
3. Desenvolvimento das características como uma uniformidade previsível do
do produto que atendam as produto, conseguida através do controle
necessidades do cliente. estatístico do processo. A qualidade do
4. Estabelecimento dos objetivos da produto é refletida na qualidade do
qualidade que satisfaçam igualmente processo, que é o seu foco de atenção. A
às necessidades dos clientes e sua definição não dá muita importância ao
fornecedores, a um custo combinado usuário final, como o fazem Crosby e
mínimo. Juran. Deming inclui o usuário no conceito
5. Desenvolvimento de um processo de processo estendido.
que possa fabricar as características Crosby define qualidade como
necessárias do produto. conformidade à necessidade. A
6. Prova da capacidade do processo. necessidade é formulada em função do
Controle usuário. O desempenho de zero defeito
implica em procurar estar sempre
O controle da qualidade inclui:
satisfazendo um conjunto de exigências.
1. Escolha das características a serem
Juran define qualidade como
controladas
adequação do produto a um uso
2. Escolha das unidades de medição.
estabelecido e incorpora o usuário. A
3. Estabelecimento das medições.
definição relaciona claramente a satisfação
4. Estabelecimento das especificações
da necessidades do cliente.
e padrões.
5. Medição do desempenho real. Compromisso da gerência
6. Interpretação da diferença entre o Todos os três especialistas enfatizam a
real versus o padrão. importância do comprometimento da alta
7. Eliminação das diferenças. gerência no programa de qualidade.
Melhoria Deming fala da criação de um objetivo
permanente e constante em direção à
A melhoria da qualidade envolve:
melhoria da qualidade e define as tarefas
1. Prova da necessidade da melhoria.
da gerência.
2. Identificação dos projetos específicos
Crosby fala da criação de uma cultura
para a melhoria.
de qualidade, que só pode ser obtida
3. Organização para conduzir os
através do envolvimento da gerência.
projetos.
Juran fala do planejamento, controle e
4. Organização dos diagnósticos para
melhoria do processo de qualidade com o
descobrir as causas.
suporte da gerência em todos os níveis.
5. Procura das causas.
Assim, em todas as três filosofias, o
6. Tomada de ações corretivas.
suporte da alta gerência é fundamental.
7. Prova de que as ações corretivas são
efetivas nas condições de operação. Estratégia
8. Fornecimento de controle para Deming estabelece uma estratégia para
manter os ganhos. a alta gerência. A gerência deve seguir os
primeiros 13 pontos e deve criar uma
8.5. Comparação das Três Filosofias estrutura para promover continuamente
As três filosofias de qualidade de esses 13 pontos em um ciclo interminável
Deming, Crosby e Juran tem o mesmo de aprimoramento (o 14o ponto cria esta
objetivo de desenvolver um sistema estrutura).
integrado de qualidade total com uma O enfoque de Crosby é estruturado. Seu
atuação contínua na melhoria. Há muitas segundo ponto sugere a criação das
semelhanças e algumas diferenças entre equipes de melhoria de qualidade.
estes três planos. Como disseram Lowe e Juran recomenda a criação de equipes
Mazzeo, são três pastores e uma única de pessoas para orientar o processo de
religião. melhoria da qualidade, diagnosticando e
resolvendo os eventuais problemas.

227
Fundamentos da Qualidade

Medição Eliminação das causas dos problemas


Os três especialistas consideram a Deming usa os termos causas especiais
qualidade uma entidade possível de ser e causas comuns para denominar os
medida, assumindo diferentes graus. Às problemas que aparecem devido à
vezes, se quer saber os efeitos da boa ocorrência de algo imprevisto ou que
qualidade em dinheiro, em economia, em sejam inerentes ao sistema,
aumento de produtividade. Um objetivo respectivamente. Exemplos de causas
fundamental da estratégia de qualidade é especiais são os problemas devidos à
eliminar refugos e retrabalho, que irá qualidade inferior de um vendedor não-
reduzir o custo da produção e aumentar a qualificado ou uso de uma ferramenta
produtividade. O custo total da qualidade inadequada. As causas comuns não
pode medido dividindo-se a qualidade em possuem razões especiais e podem ser
itens como prevenção, avaliação, falha eliminadas com mudanças no sistema.
interna e externa. É mais difícil medir o Exemplos de causas comuns são a
custo da não-qualidade ou o prejuízo variabilidade natural da máquina e da
provocado pela não-satisfação do cliente. capacidade do operador.
Crosby dizia que a qualidade é grátis, é a Deming e Juran estabelecem que cerca
não-qualidade que custa. de 85% dos problemas são controláveis
pelo gerenciamento. Assim, ações de
Processo interminável
gerenciamento podem eliminar diretamente
Todas as três filosofias de Deming, os problemas ou podem fornecer a
Crosby e Juran acreditam em um processo autoridade e as ferramentas para os
sem fim de melhoria da qualidade. Os 14 trabalhadores eliminarem os problemas.
pontos de Deming são repetitivos em O centro da filosofia de Deming é o uso
relação à melhoria da qualidade e há o de técnicas estatísticas para a identificação
ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act - planejar, das causas especiais e das causas
fazer, verificar e agir). Crosby e Juran comuns. Deming atribui as variações fora
recomendam o ciclo contínuo de planejar, dos limites de controle como especiais.
controlar e melhorar a qualidade. Estas variações podem ser controladas
Educação e treinamento pelo operador e os operadores devem
tomar providências para eliminá-las. As
É fundamental para a melhoria da
variações dentro dos limites de controle
qualidade a existência de um pessoal que
são consideradas comuns. Estas variações
seja treinado na filosofia e nos aspectos
são controláveis pelo gerenciamento e
técnicos da qualidade. Deming se refere ao
requerem ação da sua parte para serem
treinamento em seu ponto 6, que
removidas.
recomenda o treinamento de todos os
Juran diz que as causas especiais criam
empregados e no ponto 13 que descreve a
problemas esporádicos e as causas
necessidade de retreinamento para se
comuns criam problemas crônicos. Juran
manter sintonizado com as mudanças das
fornece recomendações detalhadas para
necessidades do cliente, através de
identificar os problemas esporádicos. Por
alterações no produto e no processo.
exemplo, os erros do operador podem ser
A educação é também citada por
acidentais, propositais ou devidos a
Crosby em seu ponto 8, que enfatiza a
treinamento inadequado e técnica
necessidade do desenvolvimento de uma
imprópria.
cultura de qualidade dentro da organização
Juran e Crosby fornecem
para haver um clima propício à qualidade.
especificações para se obter o
Juran não fala explicitamente em
desempenho padrão de zero defeito.
educação e treinamento. Porém, estes
Crosby sugere a ação para a remoção da
conceitos estão implícitos, por causa da
causa de erro em seu ponto 11.
necessidade de diagnosticar os defeitos e
determinar as ações corretivas, só possível Estabelecimento de objetivo
com um pessoal com conhecimento do Deming diz claramente que se deve
processo e das relações causa e efeito do evitar estabelecer objetivos numéricos
sistema. arbitrários. Ele acha que objetivos

228
Fundamentos da Qualidade

numéricos impedem, em vez de apressar a


implementação de um sistema de
qualidade total. Não se deve estabelecer
objetivos de curto prazo baseados em
níveis de produtividade sem considerar a
qualidade. Deming não vê necessidade de
objetivos de curto prazo pois enfatiza que o
processo de melhoria da qualidade nunca
acaba.
Crosby e Juran recomendam o
estabelecimento de objetivos. O ponto 10
de Crosby trata do estabelecimento de
objetivos, onde os empregados sob a
orientação dos seus supervisores, devem
estabelecer objetivos mensuráveis mesmo
para curto prazo, de 30 a 90 dias. Juran
recomenda um programa anual de
melhoria de qualidade com objetivos
estabelecidos. Ele acredita que tais
objetivos ajudam na medição do sucesso
dos projetados de qualidade aplicados em
um dado ano. Os objetivos devem se
basear nas necessidades dos
consumidores. O desempenho do
programa é medido pela obtenção dos
objetivos numéricos estipulados.
Plano estrutural
Os 14 pontos de Deming para a
melhoria da qualidade enfatizam o uso de
ferramentas estatísticas em todos os
níveis. Primeiro, se leva o processo para
um estado de controle estatístico, através
de cartas de controle e depois procura-se
melhorar o processo. A eliminação das
causas especiais para levar o processo
para o estado de controle ocorre nos níveis
inferiores da estrutura da organização.
Quando essas causas são removidas e o
processo fica sob controle estatístico,
requer a atenção dos níveis superiores da
gerência para conseguir melhoria
adicional. O plano de Deming é de baixo
para cima.
Crosby enfatiza uma mudança na
cultura de gerenciamento. Depois de se
implantar a nova cultura, se propõe um
plano para gerenciar a transição. O se
plano é de cima para baixo.
Juran enfatiza a melhoria da qualidade
através de um enfoque projeto-por-projeto.

Apostila\Metrologia. ApA-FundQual.doc 27 MAI 97 (Substitui 27 MAI 96)

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Apostilas\Metrologia BiblioMetro.DOC 19 ABR 01


(Substitui 27 MAI 96)

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