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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás

Prática de Química

LABORATÓRIO QUÍMICO

Apesar do grande desenvolvimento teórico da Química, ela continua a ser uma ciência
eminentemente experimental; daí a importância das aulas práticas de Química. A experiência treina o
aluno no uso de métodos, técnicas e instrumentos de laboratório e permite a aplicação dos conceitos
teóricos aprendidos.

O laboratório Químico é o lugar privilegiado para a realização de experimentos, possuindo


instalações de água, luz e gás de fácil acesso em todas as bancadas. Possui ainda local especial para
manipulação das substâncias tóxicas (a capela), que dispõe de sistema próprio de exaustão de gases.
O laboratório é um local onde há um grande número de equipamentos e reagentes que possuem os
mais variados níveis de toxidez. Este é um local bastante vulnerável a acidentes, desde que não se
trabalhe com as devidas precauções. Abaixo, apresentamos alguns cuidados que devem ser
observados, para a realização das práticas, de modo a minimizar os riscos de acidentes.

ANTES, DURANTE E APÓS O EXPERIMENTO

Não se entra num laboratório sem um objetivo específico, portanto é necessária uma
preparação prévia ao laboratório: O que vou fazer? Com que objetivo? Quais os princípios químicos
envolvidos nesta atividade?
Durante a realização dos experimentos é necessária anotações dos fenômenos observados,
das massas e volumes utilizados, tempo decorridos, condições iniciais e finais do sistema, portanto
um caderno deve ser usado especialmente para o laboratório. Este caderno de laboratório
possibilitará uma descrição precisa das atividades de laboratório. Não confie em sua memória, tudo
deve ser anotado.
Após o experimento vem o trabalho de compilação das etapas anteriores através de um
relatório. O relatório é um modo de comunicação escrita de cunho científico sobre o trabalho
laboratorial realizado.

Pré-laboratório
1. Estude os conceitos teóricos envolvidos, leia com atenção o roteiro da prática e tire todas as
dúvidas.
2. Obtenha as propriedades químicas, físicas e toxicológicas dos reagentes a serem utilizados.
Essas instruções são encontradas no rótulo do reagente.

AULA PRÁTICA
1. O laboratório é um local de trabalho sério; portanto, evite brincadeiras que dispersem sua
atenção e de seus colegas.
2. O cuidado e aplicação de medidas de segurança é responsabilidade de cada indivíduo; cada
um deve precaver-se contra perigos devido a seu próprio trabalho e ao dos outros. Consulte o
professor sempre que tiver dúvidas ou ocorrer algo inesperado ou anormal.
3. Faça apenas a experiência prevista; qualquer atividade extra não deve ser realizada sem a
prévia consulta ao professor.
4. Não cheire, toque ou prove qualquer reagente. Lembre-se que a contaminação ocorre por
inalação e/ou ingestão e/ou absorção pela pele. Não fume, coma ou beba no laboratório.
5. Nunca deixe o bico de Bunsen aceso quando não estiver usando. Não use substâncias
inflamáveis próximos a chama.
6. Trabalhe com cuidado com substâncias tóxicas e corrosivas, como ácidos, álcalis e solventes.
Todo material tóxico e/ou que exale vapor deve ser usado na capela.

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7. Leia com atenção o rótulo do frasco de reagente antes de usá-lo para certificar-se que é o
frasco certo. Todo frasco contendo reagentes, amostras e soluções devem ser devidamente
etiquetados (identificação do material e do responsável e data).
8. Não contamine os reagentes, voltando o reagente não utilizado ao frasco original ou usando
espátulas e pipetas sujas ou molhadas.
9. Experimentos em andamento devem apresentar anotações indicando o procedimento em
caso de acidente. Não utilize material de vidro quebrado, rachado ou com defeito,
principalmente para aquecimento ou em sistemas com vácuo.
10. Enxugue e lave qualquer local onde cair reagente. Nunca jogue papéis, fósforo ou qualquer
sólido na pia.

Pós-laboratório
1. Lave todo o material logo após o término da experiência, pois conhecendo a natureza do resíduo
pode-se usar o processo adequado de limpeza.
2. Guarde todo o equipamento e vidraria. Guarde todos os frascos de reagentes, não os deixe nas
bancadas ou capelas. Desligue todos os aparelhos e lâmpadas e feche as torneiras de gás.

Técnicas de Volumetria

É necessário que qualquer pessoa que trabalhe em laboratórios de química analítica saiba
distinguir e usar convenientemente cada equipamento volumétrico, de modo a reduzir ao mínimo o
erro nas análises.
Em um laboratório são basicamente dois os tipos de frascos volumétricos disponíveis, a saber:
aqueles calibrados para conter um certo volume, o qual se transferido não o será totalmente (exibem a
sigla TC, to contain, gravada no vidro) e aqueles calibrados para transferir um determinado volume
(exibem a sigla TD, to deliver, gravada no vidro, dentro de certos limites de precisão.
Em trabalhos de laboratório, as medidas de volume aproximadas são efetuadas, na quase
totalidade dos casos, com provetas graduadas; as de modo muito grosseiro, com béqueres com
escala e as medidas volumétricas, chamadas precisas, com aparelhos volumétricos (Figuras 4a e 4b).

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Aparelhos volumétricos: A prática de análise volumétrica requer a medida de volumes líquidos com
elevada precisão. Para efetuar tais medidas são empregados vários tipos de aparelhos, que podem
ser classificados em duas categorias:

a) Aparelhos calibrados para dar escoamento a determinados volumes (TD).


b) Aparelhos calibrados para conter um volume líquido (TC).
Na classe a estão contidas as pipetas e as buretas e, na classe b, estão incluídos os balões
volumétricos (Figura 4b).
A medida de volumes líquidos com qualquer dos referidos aparelhos está sujeita a uma série de
erros devido às seguintes causas:

a) Ação da tensão superficial sobre as superfícies líquidas;


b) Dilatações e contrações provocadas pelas variações de temperatura;
c) Imperfeita calibração dos aparelhos volumétricos;
d) Erros de paralaxe.

A leitura de volume de líquidos claros deve ser feita pela parte inferior do menisco e a de líquidos
escuros pela parte superior, como mostra a Figura 4c, para que sejam evitados os erros de paralaxe.

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Aparelhos Volumétricos

1. Balões volumétricos: Os balões volumétricos são balões de fundo chato e gargalo comprido,
calibrados para conter determinados volumes líquidos (Figura 4d).
Os balões volumétricos são providos de rolhas esmerilhadas de
vidro ou de polietileno. O traço de referência marcando o volume pelo
qual o balão volumétrico foi calibrado é gravado sobre a meia-altura do
gargalo (bulbo). A distância entre o traço de referência e a boca do
gargalo deve ser relativamente grande para permitir a fácil agitação do
líquido (a solução deve ser bem homogeneizada), depois de ser
completado o volume até a marca. O traço de referência é gravado sob
a forma de uma linha circular, tal que, por ocasião da observação, o
plano tangente à superfície inferior do menisco tem que coincidir com o
plano do círculo de referência. Os balões volumétricos são construídos
para conter volumes diversos; os mais usados são os de 50, 100, 200,
500, 1000, 2000 mL.
Os balões volumétricos são especialmente usados na preparação de soluções de concentração
conhecida.
Para se preparar uma solução em um balão volumétrico, transfere-se* ao mesmo, o soluto ou a
solução a ser diluída. Adiciona-se, a seguir, solvente até cerca de 3/4 da capacidade total do balão.
Misturam-se os componentes e deixa-se em repouso até atingir a temperatura ambiente, tendo-se o
cuidado de não segurar o balão pelo bulbo. Adiciona-se solvente até “acertar o menisco”, isto é, até o
nível do líquido coincidir com a marca no gargalo. As últimas porções do solvente devem ser
adicionadas com um conta-gotas, lentamente, e não devem ficar gotas presas no gargalo. O
ajustamento do menisco ao traço de referência deverá ser feito com a maior precisão possível.
Fecha-se bem o balão e vira-se o mesmo de cabeça para baixo, várias vezes, agitando-o, para
homogeneizar o seu conteúdo. Antes de ser usado, o balão volumétrico deve ser bem lavado com
detergente e bem enxaguado. Raramente eles precisam ser secos. Se for necessária a secagem, esta
deve ser feita com o balão emborcado de cabeça para baixo. A colocação de um tubo de vidro ligado
a uma trompa de vácuo dentro do balão pode ser feita para acelerar o processo de secagem.

*Transferência quantitativa de líquido para um balão volumétrico. Quando estamos


preparando uma solução padrão, toda e qualquer perda de soluto acarretará em erros na análise. Por
isso, devemos ter o máximo de cuidado para não ocorrer perdas de massa nos processos de
transferências de um frasco para outro. Caso seja necessário, insira um funil no balão volumétrico.
Use um bastão de vidro para direcionar o fluxo do líquido do béquer para o funil. Retire a última gota
de líquido do béquer com a ajuda do bastão de vidro. Enxágüe tanto o bastão como o interior do
béquer com o solvente e transfira a "água de enxágüe" para o balão volumétrico. Repita este processo
de enxágüe pelo menos duas vezes mais.

2. Pipetas: Existem duas espécies de pipetas:

a) Pipetas volumétricas ou de transferência, construídas para dar escoamento, a um determinado


volume (Fig. 4e-1).

b) Pipetas graduadas ou cilíndricas que servem para escoar volumes variáveis de líquidos (Fig. 4e-2).
• As pipetas volumétricas são constituídas por um tubo de vidro com um bulbo na parte central.
O traço de referência é gravado na parte do tubo acima do bulbo. A extremidade inferior é
afilada e o orifício deve ser ajustado de modo que o escoamento não se processe rápido
demais, o que faria com que pequenas diferenças de tempo de escoamento ocasionassem
erros apreciáveis. As pipetas volumétricas são construídas com as capacidades de 1, 2, 5, 10,
20, 50, 100 e 200 mL, sendo de uso mais freqüente as de 10, 25 e 50 mL.

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• As pipetas graduadas consistem de um tubo de vidro estreito,


geralmente graduado em 0,1mL. São usadas para medir pequenos
volumes líquidos. Encontram pouca aplicação sempre que se quer medir
volumes líquidos com elevada precisão. Têm a vantagem de se poder
medir volumes variáveis.
• Para se encher uma pipeta, coloca-se a ponta da mesma no líquido e
faz-se a sucção com a pêra de sucção (evitar usar a boca para
pipetagem em laboratórios). Deve-se ter o cuidado em manter a ponta da
mesma sempre abaixo do nível da solução do líquido. Caso contrário, ao
se fazer a sucção, o líquido alcança a pêra de sucção ou a boca. A
sucção deve ser feita até o líquido ultrapassar o traço de referência.
Feito isto, tapa-se a pipeta com o dedo indicador (ligeiramente úmido),
caso não se esteja usando a pêra de sucção, e deixa-se escoar o
líquido lentamente até o traço de referência (zero). O ajustamento deve
ser feito de maneira a evitar erros de paralaxe.
• Os líquidos que desprendem vapores tóxicos e os líquidos corrosivos
devem sempre serem introduzidos na pipeta, através de pêras de
sucção.
• Para escoar os líquidos, deve-se colocar a pipeta na posição vertical, com a ponta encostada
na parede do recipiente que vai receber o líquido; caso esteja usando a boca na pipetagem
(técnica desaconselhável), levanta-se o dedo indicador até que o líquido escoe totalmente.
Esperam-se 15 ou 20 segundos e retira-se a gota aderida a ponta da pipeta, encostando-a à
parede do recipiente (Figura 4f).
i) Pipetas com escoamento total: contêm duas faixas na parte superior, indicando que as mesmas
são calibradas para - assoprando-se até a ultima gota - liberar sua capacidade total.

ii) Pipetas com esgotamento parcial: contêm na parte superior uma faixa estreita que as diferencia
das pipetas de escoamento total. Não precisa ser assoprada (vide figura 4f- letra d).

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3-Buretas

As buretas servem para dar escoamento a volumes variáveis de líquidos. São constituídas de
tubos de vidro uniformemente calibrados, graduados em 1mL e 0,1 mL. São providas de dispositivos,
torneiras de vidro ou polietileno entre o tubo graduado e sua ponta afilada, que permitem o fácil
controle de escoamento

• As buretas podem ser dispostas em suportes universais contendo mufas (Figura 4g).

• As buretas de uso mais constantes são as de 50 mL, graduadas em décimos de mL; também
são muito usadas as de 25 mL.

• Nos trabalhos de escala semimicro, são freqüentemente usadas as buretas de 5 e 10 mL,


graduadas em 0,01 ou 0,02mL.

• Para o uso com soluções que possam sofrer o efeito da luz, são recomendadas buretas de
vidro castanho.

• As torneiras das buretas, quando forem de vidro, devem ser levemente lubrificadas para que
possam ser manipuladas com mais facilidade. Serve para este fim uma mistura de partes
iguais de vaselina e cera de abelhas; misturas especiais são encontradas no comércio.

RECOMENDAÇÕES PARA USO DA BURETA

a) A bureta limpa e vazia deve ser fixada


em um suporte na posição vertical.

b) Antes de se usar um reagente líquido,


deve-se agitar o frasco que o contém,
pois não é raro haver na parte superior
do mesmo, gotas de água
condensada.

c) A bureta deve ser lavada, pelo menos


uma vez, com uma porção de 5 mL do
reagente em questão, o qual deverá
ser adicionado por meio de um funil,
em buretas que não possuam gargalo
especial; cada porção é deixada
escoar completamente antes da
adição da seguinte.

d) Enche-se então a bureta até um pouco


acima do zero da escala e remove-se
o funil.

e) Abre-se a torneira para encher a ponta


ou expulsar todo o ar e, deixa-se
escoar o líquido, até que a parte
inferior do menisco coincida
exatamente com a divisão zero
(Figura 4g). Quando se calibra a

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bureta (acerto do zero) deve-se tomar o cuidado de eliminar todas as bolhas de ar que
possam existir.

f) Coloca-se o frasco que vai receber o líquido sob a bureta e deixa-se o


líquido escoar, gota a gota, geralmente a uma velocidade não
superior a 10 mL por minuto. Controla-se a torneira da bureta com a
mão esquerda (Figura 4h). Após o escoamento da quantidade
necessária de líquido, espera-se de 10 a 20 segundos e lê-se o
volume retirado.

Notas:
1. Se ainda não estiver habituado com uma titulação, é aconselhável preparar uma amostra extra.
Nenhum cuidado é tomado neste caso, já que sua função é a de determinar somente o valor
aproximado do ponto final da titulação. Este procedimento de sacrificar uma amostra freqüentemente
resulta em ganho no tempo total de análise.
2. Adições menores do que uma gota podem ser feitas permitindo que um pequeno volume de
titulante forme-se na ponta da bureta (na forma de uma gota suspensa) e então encosta-se a ponta na
parede interna do erlen. Esta gota é então combinada com o resto do líquido, como descreve a nota 3.
Este procedimento é chamado de técnica da meia-gota.
3. Ao invés de ser enxaguado perto do ponto final da titulação, o erlen pode ser inclinado e rodado de
forma que o líquido capture qualquer gota que fique aderida nas paredes internas do erlen.

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PREPARO E PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES

Em análise volumétrica, a concentração ou massa da amostra é determinada a partir do


volume da solução titulante de concentração conhecida. Qualquer erro na concentração da solução
titulante levará a um erro na análise.
O processo da adição da solução padrão até que a reação esteja completa é chamado de
titulação. O reagente de concentração exatamente conhecida é chamado de titulante e a substância a
ser determinada é chamada titulada. Sabendo-se qual a quantidade da solução padrão necessária
para reagir totalmente com a amostra e a reação química envolvida calcula-se a concentração da
substância analisada.
O ponto exato onde reação completa é chamada de ponto de equivalência ou ponto final
teórico.
O término da titulação é percebido por alguma modificação física provocada pela própria
solução ou pela adição de um reagente auxiliar, conhecido como indicador. O ponto em que isto
ocorre é o ponto final da titulação.
A determinação da concentração do titulante deve ser realizada, preferencialmente, através
do mesmo método que será aplicado na análise, neste caso a titulação de neutralização, mas ela
aplica-se às outras volumetrias, gravimetria e métodos instrumentais.
Em qualquer reação estequiométrica, o número de equivalentes dos reagentes deve ser igual.
Partindo-se desse princípio, temos:
A + B → C, onde A é a amostra e B o titulante
neqA = neqB
mA/EqA = NB . VB ou NA . VA = NB . VB,
dependendo se foi realizada a medida de massa da amostra ou volume de uma solução desta.
A solução padrão a ser usada em uma análise volumétrica deve ser cuidadosamente
preparada pois, caso contrário, a determinação resultará em erros. A preparação dessas soluções
requer direta ou indiretamente, o uso de um reagente quimicamente puro e com composição
perfeitamente definida. Os reagentes com essas características são chamados de padrões
primários.

Substâncias padrões primários:


Uma substância padrão primário deve satisfazer os seguintes requisitos:
a) Deve ser de fácil obtenção, purificação, secagem (preferivelmente a 110-120ºC), preservação no
estado de pureza (este requisito não é geralmente satisfeito pelas substâncias hidratadas, porque é
difícil de remover completamente a umidade superficial sem que haja uma decomposição parcial).
b) A substância deve ser inalterável ao ar durante a pesagem; esta condição implica que não seja
higroscópico, nem oxidável ao ar, nem afetada pelo dióxido de carbono. O padrão deverá manter a
sua composição imutável durante o armazenamento.
c) A determinação de impurezas deve ser possível e não deve, em geral, exceder a 0,01- 0,02%.
d) A substância deverá ser prontamente solúvel sob as condições em que é utilizada.
e) A reação com o solução deverá ser estequiométrica e praticamente instantânea. O Erro de titulação
deverá ser desprezível, ou de fácil determinação.

Preparo de uma solução padrão do tipo direto de Na2CO3 0,05mol/L

Introdução: o carbonato de sódio é um padrão primário muito utilizado para padronização de soluções
ácidas. O seu peso molecular é de 106g/mol. O referido carbonato para fins analíticos contém
umidade, devendo ser dessecado por meio de aquecimento com o cuidado para que não haja
rompimento de suas ligações e produção de gás carbônico:

Na2CO3 + aquecimento a 300º  Na2O + CO2

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Procedimento
Pesar, com máxima exatidão, 5,3000g de carbonato de sódio anidro PA, previamente
dessecado a 200ºC, durante 1 hora. Transferir para um béquer e dissolver bem com água deionizada
e, em seguida, transferir para um balão de 1 litro, evitando qualquer perda, com inúmeras águas de
lavagens.

Preparo de uma solução padrão do tipo indireto de HCl 0.1mol/L

Determinar o volume necessário de HCl concentrado (d = 1,15g/cm3 e T= 30%) para preparar


250mL de solução 0,1M de HCl. Despejar lentamente o volume de HCl calculado sobre um pouco de
água deionizada em um balão volumétrico de 250mL de capacidade. Completar o volume até a marca
com água deionizada. Homogeneizar a solução conforme técnica adequada citada anteriormente, ou
em caso de dúvida solicite ajuda do professor. Transferir a solução quantitativamente para o frasco
reagente** para posterior padronização.

**Transferência quantitativa para frasco reagente: abrimos aqui um parênteses para fornecer
algumas informações a respeito das transferências de soluções prontas para frascos reagentes, já
que iremos muitas vezes, durante este curso, realizar tal procedimento.
Os frascos utilizados para acondicionar as soluções preparadas são geralmente frascos de
vidro na cor âmbar providos ou não de “batoque” (uma proteção plástica colocada antes da tampa nos
frascos, para uma melhor vedação). O frasco deve ser previamente lavado com detergente e
enxaguado com água da torneira. Após, lava-se com pelo menos três porções de água deionizada o
interior do frasco.
- Transferindo uma solução padrão: se a solução do balão volumétrico que temos que
transferir for uma solução padrão, devemos contaminar o interior do frasco reagente com,
no mínimo, três porções da solução. Normalmente, gasta-se para tal, um volume de
solução correspondente ao que está no gargalo do balão.
- Transferindo uma solução a ser padronizada: se no balão houver uma solução que iremos
padronizar posteriormente, podemos transferir o conteúdo do balão com o frasco reagente
umidecido com água deionizada, sem que acarrete erros futuros, já que iremos padronizar
esta solução.
Ao final, devemos rotular o frasco reagente, indicando o nome da solução preparada, sua
concentração exata (solução padrão) ou aproximada (solução a ser padronizada), o nome do
preparador e a data em que foi produzida.

Padronização:
Com Pipeta volumétrica, pipetar 10mL de Na2CO3 0,05M, exatamente medidos, e transferir
para um frasco de erlenmeyer e acrescentar uma gota de alaranjado de metila. O alaranjado de metila
(conhecido também como metilorange) em meio alcalino fica com cor amarela e em meio ácido fica
com cor avermelhada. Colocar na bureta o HCl 0,1M a ser padronizado, tendo o cuidado de lavar a
bureta com porções de 5mL de HCl e não deixar bolhas de ar no bico da bureta. Gotejar o ácido no
erlenmeyer sob constante agitação. O HCl em contato com o carbonato vai nos dar a seguinte reação:

2HCl + Na2CO3  2NaCl + H2CO3

Gotejar HCl até que a coloração comece a desviar da inicial, o ponto de equivalência ainda
não foi alcançado. A presença de H2CO3 (ácido carbônico) na reação antecipa o ponto final, então
deve-se ferver a solução durante dois minutos com a finalidade de romper o ácido carbônico em H2O
e CO2.

H2CO3  H2O + CO2

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Esfriar a solução em água corrente e continuar a titulação até que a coloração comece a
desviar para um alaranjado mais escuro. Anotar o volume de HCl gasto e repetir o procedimento por
mais duas vezes, no mínimo. Calcular a molaridade do HCl por intermédio da equação da diluição
usando a média aritmética dos valores mais próximos.

Preparo de uma solução padrão do tipo indireto de NaOH 0,1mol/L

Determine a massa de NaOH necessária para preparar 250mL de solução 0,1M. Despeje o
conteúdo de NaOH pesado para um erlenmeyer contendo pequena quantidade de água deionizada e,
então, dissolva bem com o auxílio do bastão de vidro. Transferir quantitativamente a solução para
dentro de um balão de 250mL e completar à marca com água deionizada. Homogeneizar conforme
técnica descrita pelo professor. Após, transferir a solução para um frasco previamente limpo e rotular.

Padronização:
Com pipeta volumétrica, pipetar 10mL de solução padrão de HCl 0,1M preparada
anteriormente e transferir para um erlenmeyer limpo e acrescentar 3 gotas de fenolftaleína. A
fenolftaleína em meio ácido fica incolor, enquanto em meio alcalino adquire coloração rósea (solicite
explicação do professor para entender melhor). Titular o conteúdo do erlenmeyer, colocando o NaOH
na bureta. O ponto final é evidenciado pelo aparecimento de uma leve cor rósea persistente por mais
de 30 segundos. Caso seja obtida uma coloração muito forte, despreze a amostra. Anotar o volume de
NaOH gasto e calcular a molaridade da solução através da equação fundamental da análise
volumétrica (M1V1 = M2V2).

Questões

1) O que é solução padrão? Por que nem todas as soluções são padrões?
2) O que é padronização? Quando ela é necessária?
3) O que é padrão primário? Quais os requisitos para que uma substância seja um padrão primário?
Por que é preciso secá-lo antes de sua utilização?
4) Por que NaOH e HCl não são padrões primários?
5) O que é transferência quantitativa?
6) Quais dos equipamentos utilizados nestas práticas devem estar necessariamente seco: espátula,
recipiente de pesagem, balão volumétrico, bastão de vidro, funil, pipeta, erlenmeyer e bureta.
7) Quais são as fontes de erros no preparo e padronização de soluções?

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Determinação do teor de ácido acético no vinagre


O ácido acético e um ácido fraco, Ka de 1,8 x 10-5, apresenta-se como um líquido incolor, com
odor característico de vinagre. É totalmente solúvel em água, álcool etílico e na maioria dos solventes
orgânicos, amplamente usado em química industrial na forma de ácido acético glacial 99,8% (m/m)
densidade 1,053 g/mL ou em soluções de diferentes concentrações. Na indústria alimentícia é
consumido como vinagre, que é uma solução diluída de ácido acético glacial
(3,5 a 8% m/v).

Procedimento:
- Colocar com auxílio de uma pipeta volumétrica, 10 mL de vinagre em balão volumétrico de
100,0 mL e diluir até a marca com água deionizada;
- Retirar uma alíquota de 10,0 mL com uma pipeta calibrada e transferir para um
erlenmeyer de 125 mL;
- Adicionar aproximadamente 20 mL de água destilada no erlenmeyer;
- Adicionar 3 a 5 gotas do indicador fenolftaleína;
- Titular esta mistura com uma solução padrão de NaOH 0,1 mol/L contida numa bureta,
com agitação até a aparecimento de um leve róseo persistente na solução do erlenmeyer;
- Anote o volume gasto na titulação;
- Repetir o procedimento para outra alíquota de vinagre e calcular o teor médio de acido
acético no vinagre;
- Repita o mesmo procedimento para outras alíquotas de vinagre.

Questões:

1) Escreva as equações correspondentes às reações observadas.


2) Calcular a molaridade do ácido acético utilizando M1V1=M2V2
3) Calcule a concentração, em g/L do ácido acético no vinagre.
4) Qual o teor de ácido acético no vinagre analisado?
5) É possível usar o alaranjado de metila como indicador nesta titulação de vinagre? Elabore uma
explicação.
6) Suponha que uma solução de ácido clorídrico consome a mesma quantidade de uma solução
padrão de NaOH por unidade de volume que um vinagre comercial. Ignorando o aspecto da
diferença no gosto, porque seria inaceitável o uso de ácido clorídrico no preparo de um molho de
salada.

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Determinação da acidez total de vinhos


Sabe-se que a acidez dos vinhos se deve a presença de ácidos como o tartárico, málico e
cítrico, entre os mais importantes. Estes ácidos garantem a conservação do vinho bem como outras
características de suma importância. O grau de acidez está também relacionado com a acidez total
titulável, o pH, a quantidade de ácidos dissociados e não dissociados, e a quantidade relativa de cada
um dos ácidos presentes. Dentro dos padrões comerciais, a acidez do sumo fica no intervalo de 0,6 a
0,9% (expresso como a quantidade de ácido tartárico por 100mL de sumo ou vinho). Os vinhos doces
têm acidez no intervalo de 0,4 a 0,65%. Na fabricação do vinho é importante saber a acidez titulável
do mosto para poder determinar a quantidade correta de dióxido de enxofre que será adicionada e
também decidir se é ou não necessária uma correção da acidez.
Esta determinação está sujeita à interferência do CO2 dissolvido. Este erro pode ser
minimizado diluindo o vinho com água quente, próximo da fervura, e depois deixando esfriar até a
temperatura ambiente antes de titular. Geralmente esse erro é pequeno.

Procedimento:

Transferir 25mL de um vinho branco seco para um erlenmeyer de 250mL. Adicionar 100mL de
água deionizada e 5 gotas de solução alcóolica de fenolftaleína a 1%. Titular com uma solução padrão
de NaOH 0,1M. O ponto final é indicado pela permanência de uma leve cor rósea por mais de 30
segundos.

Repetir o procedimento acima para o vinho tinto, com o cuidado de que o ponto final é
evidenciado pelo aparecimento de uma cor cinza-esverdeada.

A acidez titulável do vinho é normalmente expressa em ácido tartárico %(m/v); massa molar
do C2H4O2(COOH)2 = 150,09g/mol. Lembrar que o ácido tartárico tem dois hidrogênios tituláveis até a
viragem da fenolftaleína.

Ácido tartárico (g/100mL) = (Vb) . (CNaOH) . (150,09) . (100)


(1000) . 2 . (Vam)

onde:
Vb é o volume, em mL, da solução de NaOH usada na titulação
CNaOH é a concentração da solução de NaOH, em mol/L.
Vam é o volume, em mL, da amostra titulada

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Eng.º Quím. Renato de Marchi Vieira dos Santos
Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

Determinação do teor de ácido cítrico no suco dos frutos cítricos


Procedimento:
Espremer os frutos cítricos de maneira a obter seu suco para análise. De posse do suco,
retirar uma alíquota de 2mL e transferir para um erlenmeyer de 125mL. Adicionar 5mL de água
deionizada e 2 gotas de fenolftaleína. Titular com NaOH 0,1mol/L preparado anteriormente até o
aparecimento de uma leve coloração rósea persistente.

Fruto Volume de NaOH gasto Teor de ácido cítrico

Reação que ocorre no processo:

Cálculos:

1) Quantidade de ácido cítrico


1mL de NaOH  0.007g ác. Cítrico
XmL  Yg de ác. Cítrico

2) Teor de ácido cítrico presente na amostra


2mL suco  Yg de ác. Cítrico
100mL suco  Zg ác. Cítrico

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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

RETROTITULAÇÃO

Uma titulação consiste na determinação da quantidade de uma espécie química (substância


ou íon) em solução, medindo-se a quantidade de um reagente (de concentração conhecida)
necessária para reagir completamente com a espécie química. Entretanto, algumas vezes, a espécie
química em solução ou a reação utilizada tem características que não recomendam a titulação direta
desse modo. É o que ocorre com o hidróxido de magnésio, que, por ser pouco solúvel, faz com que a
determinação do ponto de equivalência seja difícil. Para evitar este problema, o procedimento adotado
á fazer com que a reação de neutralização do hidróxido de magnésio ocorra totalmente através de
uma quantidade excessiva (perfeitamente conhecida) de solução ácida padrão. Em seguida, o
excesso de ácido (que não reagiu com o hidróxido de magnésio) é titulado com uma solução básica
padrão. Esse procedimento de determinação da quantidade em excesso é conhecido como
RETROTITULAÇÃO.

A seguir, está descrito sucintamente o princípio do método:

À amostra é adicionado excesso (Va) de solução padrão de ácido (Ma), ocorrendo a seguinte
reação:
Mg(OH)2 + 2HCl → MgCl2 + 2H2O + HClexc

O excesso de ácido é titulado com solução padrão de NaOH:

HClexc + NaOH → NaCl + H2O

Conhecendo-se o número de moles total de ácido (na) adicionado e o número de moles em


excesso (naexc), determina-se o número de moles que reagiu (nar) com o Mg(OH)2, através da regra de
três:
1mol Mg(OH)2  2 mol HCl
nMg(OH)2 mol Mg(OH)2  nar mol HCl
2.nMg(OH)2 = 1.nar mol HCl
nar = na - naexc
naexc = nNaOH = MNaOH . VNaOH
na = Ma .Va
onde MNaOH e VNaOH são a concentração e o volume de NaOH gastos na titulação.
∴ nMg(OH)2 = 1/2(Ma .Va - MNaOH . VNaOH)

% Mg(OH)2 = [(nMg(OH)2 . PM Mg(OH)2)/massa da amostra].100

Procedimento:

- Agitar vigorosamente o frasco de leite de magnésia.


- Pesar imediatamente, com o auxílio de um conta gotas, não mais que 1,0g da amostra em
um béquer.
- Adicionar, com uma pipeta volumétrica de 25mL, exatamente 50mL de solução padrão de
HCl 0,1 mol/L, em duas etapas, e agitar com bastão até dissolver completamente,
tomando cuidado para que não haja perda.
- Usando no máximo 25mL de água, transferir quantitativamente a amostra para um
erlenmeyer de 250mL.
- Adicionar 3 gotas de fenolftaleína ou vermelho de metila e titular com solução padrão de
NaOH 0,1 mol/L.
- Repetir o procedimento pelo menos mais uma vez.
- Calcular a porcentagem de hidróxido de magnésio no leite de magnésia

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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

Questões:

1) Qual a diferença entre amostra homogêneas e heterogêneas? Dê um exemplo de cada uma.


2) Por que é necessário realizar a abertura da amostra por dissolução com ácido em lugar de
realizar a titulação diretamente na amostra?
3) O que é titulação direta? E retrotitulação ou titulação de retorno?

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Prática de Química

VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO

A volumetria de precipitação envolve a reação na qual forma-se um produto de baixa


solubilidade. Sua principal aplicação está na determinação de haletos e alguns íons metálicos. A curva
de titulação e a determinação do ponto final são grandemente afetadas pela diluição das soluções e
solubilidade do produto.
A reação deve processar-se praticamente de forma quantitativa no ponto de equivalência,
completar-se em tempo relativamente curto e oferecer condições para uma sinalização do ponto final
O titulante mais empregado é a solução padrão de AgNO3. O ponto final pode ser determinado
de três formas diferente:
1) formação de um sólido colorido (ex: método de Mohr).
2) formação de um complexo solúvel (ex: método de Volhard).
3) mudança de cor associada com a adsorção de um indicador sobre a superfície de um sólido (ex:
método de Fajans).
Na determinação de cloreto, pelo método de Mohr, o ponto final é detectado através da
formação de um precipitado vermelho entre o indicador K2CrO4 e AgNO3. As reações envolvidas são
as seguintes:

Ag+ + Cl- AgCl(s) O resíduo deverá ser filtrado em um funil


disponível em local indicado pelo
professor.
Ag+ + CrO42- AgCrO4(s)

Para que o ponto final seja visualizado é preciso adicionar-se um excesso e titulante, tornando
necessária realização de um branco (Vb) que deve ser descontado do resultado da titulação da
amostra (Va).
A porcentagem de cloreto pode ser assim determinada:
VAg+ = Va - Vb ⇒ volume gasto na titulação do Cl-
neqCl- = neqAg+ ⇒ nCl- = nAg+
m Cl-/PM Cl- = MAg+ . V Ag+
% = (m Cl- . 100)/Vamostra
O método de Volhard é um procedimento indireto para determinação de íons que precipitam
com a prata. O excesso de prata é determinado por meio de titulação, com uma solução padrão de
tiocianato de potássio ou de amônio usando-se íons ferro(III) como indicador.

Preparação de uma solução de Nitrato de Prata 0,05mol/L

Pesar, com máxima exatidão, 2,1234g de AgNO3 P.A., previamente dessecado a 105ºC, por 1
hora, dissolver em água deionizada e avolumar em balão de 250mL. Transferir a solução para frasco
âmbar para evitar o contato com a luz (redução da prata).

Padronização:
Medir 5mL de solução padrão de cloreto de sódio 0,1000M e colocar em
erlenmeyer. Adicionar 10mL de água deionizada, 1mL de cromato de potássio 5% A solução que sobrar
como indicador e titular com a solução de nitrato de prata a ser padronizada na bureta deve ser
mediante bureta, sob constante agitação, até coloração vermelho-tijolo. A titulação acondicionada em
só deve prosseguir até este ponto, onde verificamos uma leve, mas nítida, mudança frasco para resíduos
de prata.
de coloração que deve permanecer após vigorosa agitação.

Prova em branco:
É o volume de água deionizada igual ao volume final da solução antes titulada, adicionam-se
1mL de cromato de potássio e 0,5g de carbonato de cálcio e titula-se com nitrato de prata até que a
coloração seja igual à da solução resultante da titulação com cloreto de sódio.

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A correção pela prova em branco, que não será maior do que 0,03 a 0,10mL de nitrato de
prata que se subtrai do volume utilizado na titulação do cloreto de sódio. Repete-se a titulação com
outras duas porções de NaCl padrão. As titulações devem concordar em 0,1mL.

Questões:

1. Quais os requisitos para que uma reação possa ser empregada em volumetria de precipitação?
2. Escreva as reações envolvidas no procedimento para determinação de haletos que precipitam
com a prata usando o método de Mohr.
3. Por que se utiliza uma titulação em branco na titulação pelo método de Mohr?
4. Defina: precipitação, solubilidade, produto de solubilidade.
5. Uma solução contendo 0,205 g de NaCl e KCl gastou cerca de 30 mL de uma solução de AgNO3
0,10 mol/L para completa precipitação do íon cloreto. Calcule o teor de cada sal na mistura.

Determinação de cloreto em soro fisiológico


Medir, em pipeta volumétrica, 10 mL de uma solução de soro fisiológico (0,9%) e transferir
para um erlenmeyer de 125mL. Adicionar 10 mL de água e 1 mL de indicador cromato de potássio
5%. Titular com solução padrão de AgN03 a 0,05mol/L até mudança de cor de amarelo para vermelho-
tijolo. Repetir a análise de soro por mais duas vezes. Não esquecer de efetuar uma prova em branco
para subtrair do volume gasto na titulação do soro.

Cálculo:
mg/L CI- = (A-B) x M x 35453 A solução que sobrar
na bureta deve ser
10 acondicionada em O resíduo deverá ser filtrado em um funil
Onde: disponível em local indicado pelo
frasco para resíduos
professor.
A =mL gastos de Nitrato de Prata para a amostra. de prata.
B =mL gastos de Nitrato de Prata para a prova em branco.
M =Molaridade do Nitrato de Prata.

1) Calcular a porcentagem de NaCl e Cl- no soro e comparar com os dados da embalagem.

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VOLUMETRIA DE OXI-REDUÇÃO:

Um processo no qual há transporte de elétrons chama-se de OXI-REDUÇÃO; a substância


que fornece elétrons é oxidada enquanto a substância receptora é reduzida. Em outras palavras um
agente oxidante combina com os elétrons e é reduzido, ao passo que o agente redutor fornece os
elétrons, sendo oxidado.
A oxidação e redução devem evidentemente Ter lugar simultaneamente, pois numa reação
deste tipo o agente oxidante é sempre reduzido e o agente redutor é sempre oxidado no mesmo grau,
formando um sistema de oxi-redução.
A volumetria de oxi-redução trata da titulação de um agente oxidante com uma solução de um
redutor e vice-versa. Este tipo de determinação compreende um grande número das análises
volumétricas, devido ao grande número de substâncias susceptíveis de sofrer oxidação e redução.
Para fins didáticos pode-se dividir a volumetria de oxi-redução em:
a) IODOMETRIA: em que a solução padrão é uma solução de tiossulfato de sódio, Na 2S2O3. Aplica-
se para determinações de cromo, cobre, água oxigenada, hipocloritos e outros.
b) PERMANGANOMETRIA: em que a solução padrão usada é permanganato de potássio, KMnO4.
Aplica-se para determinações de ferro, manganês, cálcio, água oxigenada, e outros elementos.
c) DICROMATOMETRIA: em que a solução padrão é dicromato de potássio, K 2Cr2O7. Aplica-se
principalmente em análise de ligas de minério de ferro.

Como o dicromato de potássio gera resíduo de alta toxidez ao meio ambiente, necessitando de
um tratamento específico, vamos realizar experimentos apenas dos dois primeiros métodos.

MÉTODOS ENVOLVENDO O IODO, I2


TITULAÇÃO IODOMÉTRICA

As aplicações do iodo como reagente redox são bastante extensas, principalmente porque:
o potencial padrão de redução do par I2/I- é intermediário, e além disso, pode agir como um agente
oxidante na forma de I2, ou como agente redutor na forma de I3-, e
(2) o E I0 / I − é praticamente independente da acidez do meio até pH<8.
2

O par redox iodo/iodeto pode ser caracterizado pela semi- reação,

I2 + 2é ⇔ 2I- E I0 / I − = 0,535V
2

indicando que o iodo é um oxidante moderado e o iodeto é um redutor relativamente fraco. O iodo é
quantitativamente reduzido a iodeto em meio neutro, por redutores moderadamente fortes, como
Sn(II), H2SO3, SO2, H2S e o iodeto é quantitativamente oxidado a iodo por oxidantes moderados ou
fortes, como H2O2, IO3-, IO4-, Cr2O72-, MnO4- e CIO-.
Há dois modos analíticos na aplicação na química do iodo em titulações de oxi-redução. O
primeiro envolve o uso de solução padrão de iodo diretamente como titulante em meio levemente
ácidos ou levemente básicos. Esta técnica é classificada de método iodimétrico, também denominada
iodimetria. No segundo modo, o iodeto é utilizado como redutor, e o iodo liberado na reação
associada, é titulado em meio neutro ou levemente ácido com um redutor, usualmente uma solução
padronizada de tiossulfato de sódio. Tal técnica é classificada como método iodométrico ou
denominada iodometria. Os dois grupos de métodos
estão baseados (a) no fato de que o iodo na presença de iodeto produz o íon triiodeto.

[ I 3− ]
I 2 + I − ↔ I 3− K eq = = 710
[ I 2 ]I − ]

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(b) no par redox tiiodeto/iodeto,

I 3− + 2e ⇔ 3I − E Io− / I − = 0,545V
3

Pelo fato do potencial de redução ser relativamente baixo, poucas substâncias são oxidadas
pelo iodo, daí a existência de poucos métodos iodimétricos. Por outro lado, muitas espécies são
capazes de oxidar o iodeto a iodo, resultando numa ampla variedade de métodos indiretos ou
iodométricos, onde a espécie de interesse é quantitativamente reduzida em excesso de solução de
iodeto liberando o eqüivalente em iodo, e esse é dosado por titulação com uma solução padrão de um
redutor. O método iodométrico é mais vantajoso porque o iodo é gerado in situ evitando perdas por
volatilização, pois o iodo é facilmente sublimável.
O tiossulfato de sódio é o redutor mais empregado como titulante no iodo gerado nas
metodologias iodométricas. Normalmente as soluções são preparadas a partir do sal pentahidratado,
Na2S2O3.5H2O (PF = 248,18g/mol), e devem ser posteriormente padronizadas, pois este sal não se
enquadra como um padrão primário. Normalmente as soluções devem ser preparadas com água
destilada previamente fervida para eliminar o CO 2 dissolvido e também prevenir a decomposição do
tiossulfato por bactérias. É de praxe adicionar algumas gotas de clorofórmio que funciona como um
eficiente preservativo. Além disso, cerca de no máximo 0,1g/L de Na2CO3 é adicionada para garantir
uma leve alcalinidade na solução, pois íon S2O32- se decompões em meio ácido, catalisado pela ação
da luz, liberando enxofre coloidal e conferindo uma turbidez na solução. Por outro lado, hidróxidos de
metais alcalinos, Na2CO3 > 0,1 g L-1 e bórax, não devem ser adicionados, pois tendem a acelerar a
decomposição sob ação do oxigênio atmosférico: S2O32- + 2O2 + H2O  2SO42- + 2H+ . Assim, a
solução deve ser armazenada em frasco escuro (âmbar) logo após a preparação.
Nas titulações iodimétricas e iodométricas, o amido é utilizado como indicador sensível, pois
forma um complexo com I2 de coloração azul intensa, e mesmo numa concentração de 10-5mol L-1, o
iodo pode ser detectado. O denominado amido solúvel é encontrado comercialmente e se dispersa
facilmente em água. Por outro lado, o complexo amido–I2 é relativamente pouco solúvel, e portanto,
nas titulações iodométricas o indicador deve ser adicionado na solução do analito um pouco antes do
ponto de eqüivalência, onde a concentração do iodo é baixa. Uma vez que o amido é susceptível ao
ataque por microorganismos, é recomendável preparar a solução no dia da análise. Normalmente
prepara-se solução de amido solúvel a 0,5 – 1,0%(m/v) e adiciona-se ácido bórico como preservativo,
para prolongar o tempo de vida útil.
Na seguinte prática será feita a dosagem de cloro-ativo numa amostra de alvejante a base de
hipoclorito de sódio ou cálcio, a famosa água sanitária, de uso doméstico e em lavanderias. No
tratamento de água de piscina, utiliza-se o hipoclorito de cálcio, Ca(OCl) 2 misturado com cloreto de
cálcio básico, CaCl2.Ca(OH)2.2H2O.
O constituinte ativo responsável pelo efeito alvejante e algicida, é o íon hipoclorito, o qual é
instável em meio ácido. Por exemplo, sob ação de ácido clorídrico, ocorre a liberação de cloro:

OCl- + 2H+ + Cl-  Cl2 + H2O

O cloro-ativo de uma solução alvejante é a quantidade de cloro que pode ser liberado sob
ação de ácido diluído, sendo expresso em %(m/v). No caso de amostras sólidas, em %(m/m).
Portanto, por análise química do conteúdo de hipoclorito, calcula-se por estequiometria a
concentração em termos da porcentagem de cloro-ativo da amostra, e vice-versa. Esta forma de
expressar o teor de hipoclorito já se tornou corriqueira e está normatizada como padrão de qualidade
de alvejantes a base de hipoclorito.

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Questões:

1. Para que os aspectos e procedimentos experimentais sejam bem assimilados, é importante


compreender o significado dos termos seguintes. Descreva cada um.

Reação de oxi-redução
Estequiometria
Titulações redox

2. Qual a diferença entre iodimetria e iodometria? Em qual técnica, iodimetria ou iodometria, o


indicador goma de amido não é adicionado até um pouco antes do ponto de equivalência? Por que?
3. Pesquise um pouco sobre o complexo amido-iodo.

IODOMETRIA: análise da vitamina C

A análise de ácido ascórbico normalmente é realizada através de reação com um agente


oxidante, a qual deve ser realizada o mais rapidamente possível, visto que o ácido é facilmente
oxidado pelo próprio oxigênio do ar, formando ácido dihidroascórbico.
A semi-reação de oxidação do ácido ascórbico é a seguinte:

OH HO
HO O O O
O + 2H+ + 2e-
O OH
HO OH OH
OH
Ácido ascórbico Ácido deidroascórbico

Existem vários agentes oxidantes que podem ser empregados na determinação de vitamina
C, sendo que um dos mais simples é o iodo. O iodo é um agente oxidante moderado capaz de oxidar
quantitativamente apenas substância fortemente redutora.
A análise volumétrica na qual o iodo é empregado como titulante chama-se iodimetria ou
titulação iodométrica direta.
A semi-reação de redução do iodo é a seguinte:

I2(s) + 2e- 2I- E0 = 0,5345 V


No entanto, a titulação empregando solução de iodo como titulante apresenta algumas
dificuldades: perda de iodo por volatilização, necessidade de padronização da solução e realização da
análise o mais rapidamente possível. Uma alternativa é adicionar excesso de íons iodeto à solução de
iodo. Forma-se o triiodeto,

I2 + I- I3- K = 7,68.102

que também é um agente oxidante semelhante ao iodo:

I3- + 2e- 3I- E0 = 0,5355 V


Portanto, usando-se como titulante uma solução padrão de iodo contendo excesso de iodeto, a perda
de iodo por volatilização decresce apreciavelmente, principalmente se a análise for realizada sob
refrigeração, sendo que, o erro devido a alteração do título da solução padrão é tolerável.

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Preparação da solução 0,1N de Tiossulfato de sódio:

Procedimento:
Utiliza-se o sal penta hidratado para a produção da solução de tiossulfato de sódio
(Na2S2O3.5H2O). Dissolvem-se 24,9g de tiossulfato hidratado e puro e 0,2g de Carbonato de sódio
anidro (Na2CO3 é utilizado para evitar precipitação do enxofre) em 1 litro de água previamente fervida,
deixa-se decantar por 24h e padroniza-se.

Padronização:
Adicionam-se 100mL de água em 25mL de solução padrão de KMnO4 0,1N e mistura-se com
solução de iodeto de potássio (2g de KI dissolvidos completamente em 30mL de água e 100mL de
H2SO4 a 20%).
Goteja-se a solução de Na2S2O3 a ser padronizada na solução de KMnO 4 padrão, adiciona-se
1mL da solução de amido 1% e titula-se até desaparecer a cor azul.

2KMnO4 + 3H2SO4 + 10KI ⇔ K2SO4 + 2MnSO4 + 5I2 + 8H2O

Esta operação devera ser feita em local escuro e em temperatura de solução menor do que 30ºC.

[Na2S2O3] = (VKMnO4) . (MKMnO4) . 5 . 2


2 . (VNa2S2O3)

Preparação da solução 0,03M de iodo – I2

Procedimento:
Pesam-se aproximadamente 1,9g de iodo puro em um vidro de relógio e transfere-se para um
béquer de 250mL contendo 5g de iodeto de potássio dissolvido em 25mL de água. Agita-se
cuidadosamente para dissolver todo o iodo. Se necessário, pode-se colocar mais um pouco de água.
Transfere-se todo o conteúdo do béquer para um balão volumétrico de 250mL, completa-se até a
marca com água deionizada e homogeneíza-se. Após, transfere-se todo o conteúdo do balão para
frasco âmbar de 500mL.

Padronização:

A padronização pode ser feita titulando-se 25mL de solução padrão de Tiossulfato de sódio
0,1mol/L contra a solução 0,03mol/L de iodo. Os 25mL de tiossulfato são transferidos com o auxílio de
uma pipeta volumétrica para um erlenmeyer de 125mL. Adiciona-se 1mL de solução de amido 1% ao
erlenmeyer como indicador e titula-se até o aparecimento da cor azul.

I2 + 2Na2S2O3 ⇔ 2NaI + Na2S4O6


A sobra da bureta deverá ser
[I2] = (MNa2S2O3) . (VNa2S2O3) acondicionada em local apropriado,
indicado pelo professor.
2 . (VI2)

Análise de comprimidos de Vitamina C pelo método iodimétrico


A vitamina C (C6H8O6), ou ácido ascórbico (com massa molar igual a 176,13g/mol) é
facilmente oxidado ao ácido dehidroascórbico, como visto anteriormente:
O O
CH2OHCHOH – CH – (OH)C = C(OH) – C = O  CH2OHCHOH – CH – C – C – C = O + 2H+ + 2é

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O O

O iodo por ser um oxidante de poder moderado, como já discutimos, oxida o ácido ascórbico
somente até o ácido dehidroascórbico. A reação básica envolvida na reação é:

I2 + C4H6O4(OH)C = COH  2I- + 2H+ + C4H6O4C(=O) – C = O

Lembrar que a vitamina C é rapidamente oxidada pelo próprio oxigênio dissolvido na solução.
Assim, as amostras devem ser analisadas o mais rápido possível depois de dissolvidas.

O frasco de titulação deve ser fechado com papel alumínio durante a titulação para evitar a
absorção de oxigênio adicional do ar. A pequena oxidaçào causada pelo oxigênio já dissolvido na
soluçào não é significante, mas a gitação contínua em um erlenmeyer aberto pode absorver uma
quantidade suficiente de oxigênio para causar um erro significativo na determinação.

Procedimento:

Prepara-se e pedroniza-se um solução de iodo 0,03mol/L. Usa-se como amostra ¼ de


comprimido de vitamina C (Vitasay, Cetiva, Cebion, Cenevit,...) de maneira a se obter uma amostra
com aproximadamente 0,8g. Pesa-se então a amostra, evitando contato manual, por diferença se
possível e tranfere-se para um balão volumétrico de 100mL previamente lavado. Desde que a solução
de iodo 0,03M titulante esteja pronta, então dissolva o comprimido no balão, adicionando
aproximadamente 50mL de água, fechando o frasco e agitando até que o material se dissolva. Pode
haver uma pequena quantidade de aglutinante que não irá dissolver, mas isso não causará erros.
A seguir, completa-se o volume do balão até a marca, com água deionizada. Coloca-se a
solução de iodo 0,03mol/L na bureta.
Pipetam-se exatamente 10mL de solução de vitamina C e transfere-se para um erlenmeyer de
125mL. Adicionam-se 5mL de solução de indicador de amido. Cobre-se a “boca” do erlenmeyer com
papel alumínio ou cartolina, tendo uma pequena abertura para inserir a ponta da bureta e titula-se
rapidamente até o aparecimento da cor azul. Faz-se em triplicata pelo menos, mas não se transfere a
amostra seguinte para o erlenmeyer até que a anterior tenha sido titulada.
Calcula-se a porcentagem de ácido ascórbico na amostra e também a quantidade (mg) de
vitamina C em cada comprimido:

%Ácido ascórbico = (VI2) . (MI2) . 176,13 . 10 x 100


1000 . (m comprimido)
Onde:
V
I2 é o volume de solução de iodo gasto, em mL.
M
I2 é a concentração molar da solução de iodo.
m comprimido é a massa de comprimido da amostra.

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PERMANGANOMETRIA

Preparação de uma solução 0,1N de KMnO4

Introdução: Nas oxidações pelo KMnO4 em meio fortemente ácido, temos:


MnO4- + 8H+ + 5é ⇔ Mn2+ + 4H2O
portanto, o equivalente será KMnO4/5.

Cuidados: a água deionizada contém traços de substâncias redutoras, que reagem como
KMnO4 para formar dióxido de manganês hidratado. É necessário eliminar essas substâncias
oxidáveis para preparar uma solução estável de permanganato porque o dióxido de manganês
finamente dividido provoca a autodecomposição do permanganato. Essa eliminação se consegue
fervendo a solução, por 1 hora, esfriando-a e eliminando o MnO2 por filtração.

Procedimento:
Dissolver cerca de 0,8g de permanganato de potássio PA, em 150mL de água deionizada e
aquecer à fervura, mantendo a temperatura entre 60 e 70ºC, durante 60 minutos. Deixa-se a solução
resfriar por 2 ou 3 dias à temperatura ambiente. Filtrar com funil de vidro sinterizado. Transferir o
filtrado para um balão de 250mL e completar até a marca com água deionizada. Homogeneizar e
transferir o conteúdo para um frasco âmbar de 500mL, protegendo a solução contra evaporação,
poeira, vapores redutores e conservá-lo em local escuro após o uso.

Padronização:
Pesar, com precisão de 0,1mg, de 0,1200 a 0,1500g de oxalato de sódio puro e seco entre
105 e 110ºC, colocar num erlenmeyer de 250mL, dissolver em 50mL de água deionizada, adicionar
30mL de ácido sulfúrico 1M e aquecer de 80 a 90ºC. Titular com permanganato 0,1, gota-a-gota,
agitando constantemente, até aparecimento da cor rósea persistente por 30 segundos.
A temperatura da solução não deve ser inferior a 60ºC no ponto final.

Reação: 5C2O42- + 2MnO4- + 16H+  10CO2 + 2Mn2+ + 8H2O

Cálculo do fator de correção: A sobra da bureta deverá ser


acondicionada em local apropriado,
F= m indicado pelo professor.
0,0067 . (VKMnO4)

Onde:
m é a massa de oxalato de sódio de que se partiu para a titulação;
VKMnO4 é o volume consumido de permanganato.

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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

Determinação do teor de H2O2 em amostra de água oxigenada


Introdução: o peróxido de hidrogênio possui propriedades oxidantes e redutoras, dependendo
do potencial de oxidação das substâncias com que reage. O potencial de oxidação de uma espécie
química mede sua tendência a se oxidar, isto é, o seu poder redutor.

Procedimento:
Pipetar 10mL de amostra de água oxigenada e transferir para balão volumétrico de 100mL.
Completar o volume do balão com água deionizada até a marca. Desta solução pipetar uma alíquota
de 10mL (com a pipeta limpa) para um erlenmeyer de 250mL e adicionar 80mL de água deionizada e
10mL de ácido sulfúrico 3mol/L. Titular com o padrão de KMnO4 0,1N até leve róseo permanente.

Expressar o resultado em porcentagem de H2O2 (m/v).

Reação:2MnO4- + 5H2O2 + 6H+ ⇔ 2Mn2+ + 5O2 + 8H2O


rosa incolor
Cálculo:

%H2O2 = V . [KMnO4] . 2,5 . 100 . 34,02 A sobra da bureta deverá ser


Onde: acondicionada em local apropriado,
V é o volume, em litros, de KMnO4 padrão gasto; indicado pelo professor.
[KMnO4] é a concentração molar da solução padrão;
2,5 é o resultado da razão entre H2O2 e KMnO4, segundo estequiometria;
100 é o resultado das diluições da amostra (10mL amostra e 10mL alíquota).

Questões:

a) Qual a concentração de H2O2 em volumes? (Dado: 2H2O2  2H2O + O2)


b) Quais são as melhores condições de estabilidade para o H2O2?
c) Explique: por que não há necessidade do uso de um indicador neste experimento?

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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

Determinação de ferro em lâmina de barbear


Procedimento:

Pesar ½ lâmina de barbear com precisão de 0,1mg. Anotar a massa e dissolver a lâmina com
20mL de H2SO4 3mol/L em béquer de 50mL, com o auxílio de aquecimento em uma chapa. Durante a
dissolução da lâmina, o béquer deverá estar tapado com um vidro de relógio para evitar que haja
perda de vapores.
Deixar esfriar a solução formada e filtrar direto para dentro de um balão de 100mL. Efetuar
várias lavagens com água deionizada, respeitando o volume do balão e, em seguida, homogeneizar.
Retirar uma alíquota de 10mL da solução, transferir para erlenmeyer de 125mL e adicionar 30mL de
água deionizada. Titular com KMnO4 0,1 padrão até leve róseo persistente. Repetir o processo por
mais duas vezes no mínimo.

Obs.: a pipeta volumétrica dever ser ambientada bem como a bureta com as respectivas soluções.

Reação: 5Fe2+ + MnO4- + 8H+  Mn2+ + 5Fe3+ + 4H2O


rosa incolor

Massa inicial da lâmina (g)


Concentração molar KMnO4
Volume de KMnO4 gasto 1
Volume de KMnO4 gasto 2
Volume de KMnO4 gasto 3
Volume médio:

Cálculos:
Considerando “n” como número de mol, temos:
VKMnO4 . [KMnO4] = n KMnO4  para 10mL de solução

n KMnO4  5n Fe2+

n Fe2+ . 10 = ntotal Fe2+

1mol Fe  55,8g
n mol Fe2+  Xg

massa da lâmina  100%


Xg  Y%

Y = % Fe na lâmina

Resultados:
Nº de mol de KMnO4
Nº de mol de Fe2+
Massa de ferro na solução
% ferro na lâmina

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Técnico em Química – ênfase em Petróleo e Gás
Prática de Química

VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO

A titulometria com formação de complexos ou complexometria baseia-se em reações que


envolvem um íon metálico e um agente ligante com formação de um complexo suficientemente
estável.
Apesar de existir um grande número de compostos usados na complexometria, os complexos
formados com o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), são um dos mais comuns. Onde vários íons
metálicos reagem estequiometricamente com o EDTA. Este é um ácido tetracarboxílico, possuindo
quatro hidrogênios ionizáveis, sendo simplificadamente representado por H4Y. A reação com íon
metálico pode ser genericamente representa por:
Mn+ +Y4- MY-(4-n)

O EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em alto grau de pureza, podendo
ser usado como padrão primário, porém, se necessário pode ser padronizado contra solução padrão
de zinco.
A solução aquosa de EDTA apresenta as espécies H4Y, H3Y-, H2Y2-, HY3- e Y4-, sendo que a
forma predominante depende do pH. O EDTA é um ácido fraco para o qual pK1 = 2,0; pK2 = 2,7; pK3 =
6,2; pK4= 10,3.. Estes valores demonstram claramente que os dois primeiros prótons são mais
facilmente ionizáveis do que os outros dois restantes. Este reagente possui uma grande versatilidade
que provém da sua potência como agente complexante e da disponibilidade de numerosos
indicadores íon-metal, cada um efetivo em um intervalo limitado de pH.
A espécie complexante é Y4-,,portanto é necessário um ajuste de pH, a fim de obter uma
constante de formação condicional (K’) favorável para o íon metálico em questão.

K’= Kabs.α 4

onde α 4 é a fração da espécie Y4- em dado pH, e Kabs á a constante de formação absoluta do
complexo formado por EDTA e o íon metálico.

Preparação da solução de EDTA 0,02mol/L

Introdução: O EDTA forma um complexo com quase todos os íons metálicos com carga
positiva maior do que uma unidade, e mesmo metais alcalinos, como sódio e lítio. Os complexos são
formados estequiometricamente e em quase todos os casos quase que instantaneamente. É
interessante considerar a estabilidade dos complexos com o pH do meio, já que o EDTA pode
complexar o íon H+. Os complexos com metais bivalentes são estáveis em meio amoniacal, mas
tendem a ionizar em meio ácido. O EDTA pode ser obtido na forma do ácido propriamente dito ou na
forma de sal dissódico dihidratado. As duas formas possuem alta massa molar, mas o sal dissódico
tem a vantagem de ser mais facilmente solúvel em água. Algumas aplicações importantes do EDTA
são as determinações de dureza de água, de cálcio em leite e magnésio em calcário.

Procedimento:
Pesar 1,8612g (até ± 0,1mg) de sal dissódico (designado por Na2H14N2O8.2H2O), seco a 70-
80ºc por duas horas numa estufa. As duas moléculas de água de hidratação permanecem intactas
nestas condições de secagem.
Transfere-se quantitativamente a amostra pesada para um balão volumétrico de 250mL.
Adiciona-se cerca de 200mL de água deionizada, agita-se até dissolver totalmente o sal e depois dilui-
se até a marca. Esta solução deve preferencialmente ser armazenada em frasco plástico e pode,
nestas condições ser considerada um padrão primário. A partir da massa pesada, calcula-se a
concentração exata da solução de EDTA em mol/L.
Massa molar do EDTA: 372,24g

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Prática de Química

Preparação do tampão pH = 10 (NH3/NH4Cl)

Dissolver 65g de NH4Cl em água, adicionar 570mL de uma solução de NH3 concentrado e diluir para 1
litro. Este tampão é melhor armazenado em frasco de polietileno para evitar a passagem de íons
metálicos do vidro para a solução tampão.

Determinação da dureza em água


O índice de dureza da água é um dado muito importante usada para avaliar a sua qualidade.
Denomina-se dureza total a soma das durezas individuais atribuídas à presença de íons cálcio e
magnésio. A composição química da água e, portanto, a sua dureza, depende em grande parte do
solo da qual procede. Assim, águas brandas são encontradas em solos basálticos, areníferos e
graníticos, enquanto que águas que procedem de solos calcários apresentam freqüentemente durezas
elevadas.
Numerosos processos industriais, tais como fábricas de cervejas, conservas, de papel e
celulose, e muitas outras, requerem água branda. Para o caso de lavanderias as água duras
ocasionam elevado consumo de sabão (em conseqüência da formação de sabões insolúveis de cálcio
e magnésio) e resultam em danos para tecidos. Também é importante considerar que as águas duras
formam crostas em caldeiras de vapor, ocasionando com isso elevadas perdas de calor e podendo
provocar explosões, devido ao aumento da pressão interna. Mediante controle periódico com
titulações com o EDTA é possível garantir segurança para estas instalações. A Portaria 1.469/00 do
Ministério da Saúde estipula em 500mg/L de CaCO3 o limite máximo permitido para dureza total.

Principio do método
O processo consiste na titulação da dureza com uma solução padrão de ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA), que forma íons complexos muito estáveis com o cálcio e magnésio
ou outros íons responsáveis pela dureza. Ao adicionar o Negro de Eriocromo T à uma amostra que
tenha dureza, formar-se-á um íon complexo fraco de cor violeta. Durante a titulação, todos os íons que
dão dureza são complexados pelo EDTA, rompendo-se a ligação com o Negro de Eriocromo T, em
função do EDTA formar um comlexo mais estável com os íons causadores da dureza. Este
mecanismo libera aos poucos o Negro de Eriocromo e, no fim da reação, verifica-se a troca da cor
para o azul. O meio é fortemente tamponado, pois em pH’s mais baixos o EDTA é protonado em vez
de complexar com o cálcio e o magnésio.

Procedimento:
Transferir uma alíquota de 50mL de amostra para um erlenmeyer de 250mL, adicionar 1mL
de solução tampão pH 10 e, a seguir, 5gotas do indicador Negro de Eriocromo T. O tampão deve ser
adicionado antes do indicador de modo que pequenas quantidades de ferro presentes na amostra
precipitem na forma de hidróxido de ferro, impedindo sua reação com o indicador. Titula-se a alíquota
com EDTA 0,02mol/L até a mudança de cor de vermelho-vinho para azul puro.
A reação, e consequentemente a mudança de cor, é lenta próximo do ponto final, e por esta
razão o titulante deve ser adicionado gota a gota e com vigorosa agitação.
Calcular a dureza da água e dar o resultado na forma de CaCO 3, para cada alíquota
analisada, sendo a massa molar do CaCO3 igual a 100,09g/mol.

Cálculo:
mg/L CaCO3 = [EDTA] . VEDTA (mL) . 100,09
0,05

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Questões:

1. Observe a tabela:
Classificação da água conforme sua dureza, em mg/L CaCO3
0 – 75mg/L Mole (soft)
75 – 150mg/L Moderada
150 – 300mg/L Dura (hard)
Acima de 350mg/L Muito dura
De acordo com a tabela, responda qual seria a classificação da água analisada durante o
experimento?

2. De que maneira podemos remover a dureza existente nas águas duras?

Bibliografia:

1. SOLOMONS, T.W G., Química orgânica. Rio de Janeiro: LTC, 1983. V. 2.


2. AMARAL, L. Química orgânica. São Paulo: Editora Moderna Ltda,1981.
3. ALLINGER, N. L.; CAVA, M. P.; JONGH, D. C. et al. Química orgânica. 2. ed, Rio de Janeiro,
Guanabara Dois, 1978.
4. HART, A.; SHUETZ, R. D. Química orgânica. Rio de Janeiro, Editora Campus LTDA, 1983.
5. MORITA, T.; ASSUMPÇÃO, R. M. V. Manual de soluções, reagentes & solventes. 2. ed, São
Paulo: Edgard Blücher LTDA.,1972.
6. BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O . E. S.; BARONE, J. S., Química analítica
quantitativa elementar. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1979.

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Prática de Química

Apêndice 1:

Limpeza de materiais volumétricos

Todos os equipamentos volumétricos utilizados em uma análise quantitativa devem estar


perfeitamente limpos antes do uso, pois a presença de substâncias gordurosas nas paredes internas
pode induzir erros no resultado final da análise.
Verifica-se o estado de limpeza de um aparelho volumétrico enchendo-o com água e
observando-se seu escoamento. Se gotículas ou uma película não uniforme de água, aderentes às
paredes internas do equipamento, forem detectadas, então torna-se necessário limpá-lo.

Soluções de limpeza

Se construídos com vidro, estes aparelhos não são atacados por ácidos (exceto ácido
fluorídrico) ou soluções diluídas de detergente, a não ser após um contato muito prolongado ou se o
solvente for evaporado.
Utiliza-se geralmente como soluções de limpeza solução detergente a 1-2%, solução
sulfocrômica ou solução de etanolato de sódio ou potássio.
Em muitos casos, dependendo do estado em que se encontra o material volumétrico, é
suficiente o uso da solução de detergente (às vezes ligeiramente aquecida). A alternativa seguinte é o
emprego (cuidadoso) da solução sulfocrômica (dicromato de sódio ou potássio dissolvido em ácido
sulfúrico). De um modo geral, o tempo de contato desta solução com o vidro não precisa ser longo,
mas deve-se observar a cor da sulfocrômica antes do seu uso, pois se for verde é sinal que sua
eficiência será muito pequena (presença de íons Cr3+) e por isso não deve ser utilizada.
O etanolato de sódio ou potássio deve ser usado somente em casos extremos porque ataca
rapidamente o equipamento volumétrico. O tempo de contato do etanolato não deve ultrapassar 60
segundos. Se esta solução de limpeza for usada deve-se, depois de enxaguar algumas vezes o
equipamento volumétrico, usar uma solução de HCl diluída para neutralizar qualquer traço de
substância alcalina e, em seguida, lavá-lo novamente com água. Deve-se evitar ao máximo o uso
repetitivo de alcoolato na limpeza do material volumétrico.
O material volumétrico é dado limpo ao se verificar que a água destilada escorre
uniformemente pelas suas paredes internas.

Apêndice 2:

O efeito da temperatura nas medidas de volume.

O volume ocupado por uma dada massa de líquido varia com a temperatura, assim como
varia também o recipiente no qual está colocado o líquido, durante a medida. Entretanto, a maioria
dos equipamentos de medida de volume são feitos de vidro, o qual felizmente tem pequeno
coeficiente de expansão. Consequentemente, as variações no volume em função da temperatura de
um recipiente de vidro não precisam ser consideradas em trabalhos comuns em química analítica.
O coeficiente de expansão para soluções aquosas diluídas (aproximadamente 0,025% / oC) é tal que
uma variação de 5oC tem efeito considerável na confiabilidade da medida volumétrica.
As medidas volumétricas devem tomar como referência alguma temperatura padrão; este
ponto de referência é geralmente 20oC. A temperatura ambiente da maioria dos laboratórios fica
suficientemente perto de 20oC de modo que não há necessidade de se efetuar correções das medidas
de volume. No entanto, o coeficiente de expansão para líquidos orgânicos podem requerer correções
para diferenças de temperatura de 1oC ou até menos.

Calibração de Equipamentos Volumétricos

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Prática de Química

A vidraria volumétrica é calibrada medindo-se a massa de um líquido que pode preencher o


equipamento volumétrico (geralmente água destilada). O líquido usado deve ter densidade conhecida
na temperatura ambiente. Ao realizar uma calibração, deve-se fazer correção devido à diferença de
densidade da água e das dos pesos padrões.

Conduta geral nos procedimentos de calibração.

Toda a vidraria volumétrica deve estar rigorosamente limpa antes da calibração ( o teste do
filme homogêneo de água deve ser feito). Buretas e pipetas não precisam estar secas, mas os balões
volumétricos devem ser drenados e secos a temperatura ambiente. A água usada para a calibração
deve estar em equilíbrio térmico com o ambiente. Esta condição é melhor estabelecida se um frasco
grande com a água a ser usada for mantido no ambiente com antecedência, anotando sua
temperatura a intervalos freqüentes, e aguardando até que não haja mais variações de temperatura.
Frascos comuns de pesagem ou mesmo pequenos erlens podem ser usados como receptores
para o líquido de calibração.

Calibração de uma pipeta volumétrica.

Determine primeiramente a massa do recipiente vazio, até a casa dos miligramas. Transfira
uma porção de água (equilibrada com a temperatura ambiente) para o frasco receptor (erlen) com a
pipeta e pese novamente com precisão em miligramas. Calcule a massa de água por diferença entre
estas duas massas obtidas. Calcule o volume dispensado da pipeta, usando as tabelas fixadas nos
balcões do laboratório para correções. Repita a calibração várias vezes. Calcule o volume médio.

Calibração de uma bureta.

Preencha a bureta com a água equilibrada termicamente com o ambiente e certifique-se de


que não há bolhas de ar na ponta da bureta. Espere 1 minuto para a drenagem do líquido dentro da
bureta. Então, diminua o nível do líquido até trazer o menisco à marca de 0,00 mL. Toque a ponta da
bureta na parede de um béquer para remover qualquer possível gota aderida. Espere 5 minutos e
reverifique o volume. Se a torneira estiver firme, não deve haver nenhuma variação perceptível.
Durante este intervalo, pese (com precisão de miligrama) um erlen de 125 mL.
Transfira devagar ( a cerca de 10 mL / min) aproximadamente 10 mL de água ao frasco. Toque a
ponta da bureta na parede do erlen. Espere 1 minuto, anote o volume aparente que foi dispensado da
bureta e preencha-a com água. Pese o erlen novamente. A diferença entre esta massa e a inicial dá a
massa de água dispensada. Use as tabelas fixadas nos balcões do laboratório para converter esta
massa em volume real. Subtraia o volume aparente do volume real. Esta diferença é a correção que
deve ser aplicada ao volume aparente para se obter o volume real. Repita esta calibração até alcançar
uma concordância de 0,02 mL.
Comece novamente da marca do zero, repita esta calibração, mas agora dispensando cerca
de 20 mL para o erlen. Repita este procedimento a intervalos de 10 mL até o volume total da bureta.
Prepare um gráfico da correção a ser aplicada como função de volume dispensado pela bureta. A
correção associada com qualquer intervalo de volume pode ser determinada através deste gráfico.

Calibração de um balão volumétrico.


Pese o balão seco e limpo até a precisão de miligrama. Então preencha-o até sua marca de
calibração com água equilibrada termicamente com o ambiente e repese-o. Calcule o volume do balão
com a ajuda das tabelas de correção novamente. (O ideal é não ter contato manual direto com o balão
durante as pesagens para que a gordura das mãos não interfira).

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