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Nº 41 - novembro/2006 COLÉGIO BIALIK

Ritos de Passagem

Trabalho da aluna Alice Fernandes Goldberg, 1ª série do Ensino Fundamental I

Ritos de passagem no Bialik: ensaios


para a vida. Páginas 4 e 5 Toda 02 Editorial 03 Acolhimento 06 Tradição Judaica 07 Projetos
Vez 02 Crônica 04 Especial 06 F amília Bialik 08 Acontece no Bialik
2 Jornalik - Nº 41 - novembro/2006

Editorial Crônica

“ A Passagem A Resposta Por Monik Mirmovicz - 8ª série

Memórias...
Eu era um garoto de 9 anos, Um exercício de construção de texto a partir
do conto de Dalton Trevisan, “Apelo”.
na terceira série do Talmud Torá do
Bom Retiro.
O moré Levin, que devia ter “E comecei a sentir falta das pequenas
brigas por causa do tempero na salada - o
vislumbrado alguma possibilidade meu jeito de querer bem. Acaso é
com o jeito da minha voz, chegou saudade, Senhora? Às suas violetas, na
bem sério e disse: - você vai cantar janela, não lhes poupei água e elas
na sinagoga da escola, nas rezas murcham. Não tenho botão na camisa,
de Simchat Torá. calço a meia furada. Que fim levou o
Lembro-me da sua voz saca-rolhas?”
Dalton Trevisan.
potente e sonora repassando-me Monik - violetas apaixonadas
as melodias que até hoje guardo
como um tesouro e início de tudo o Fico feliz em saber que sente Sua falta, senhor? Confesso que
minha ausência. Por que? Pois, deveria não houve manifestação de saudade
que me tornei como cantor
sentir e sofrer por conseqüência dela, alguma!
litúrgico. você merece perder cada pedacinho de Para as camisas sem botões e as
Noite do Kol Nidrei. sua alma e somente assim pagaria pelo meias furadas, lhe digo que temos linhas
Do púlpito no meio da seu narcisismo e pensaria um pouco no e alfinetes na segunda gaveta da área de
sinagoga da Hebraica, ouço com próximo. serviço. Como é um homem de extrema
emoção os quinze garotos e Nunca cometeria o crime de capacidade, costure-as. Se não
voltar para o seu lar, pois onde vivo, o conseguir, aconselho, senhor, a tocar a
garotas da terceira série do Bialik, leite não coalha, a salada não gera brigas campainha da vizinha com a qual você
entoando o Avinu Malkeinu e o e sim satisfação; o jornal sempre me traiu e pedir ajuda. Como ela sempre
Ossé Shalom. Muito seguros com embaixo da escada, e as violetas, senhor, foi melhor que eu, senhor, ela
suas vozes de 9 anos, talvez um florescem como se estivessem conseguirá. Me esqueça, por favor.
apaixonadas.
pouco surpresos por serem
Além de tudo, aqui não há
acompanhados pelas vozes de três aleivosia.
mil pessoas, encantadas como eu.
O final dessa história é
previsível: fixo bem meu olhar e lá
estou eu, o décimo sexto, ainda Expediente
menino do Bom Retiro, ainda

de passagem.

surpreso e orgulhoso com meu rito Jornalik é uma publicação trimestral do Colégio Bialik. - Edição nº 41 - novembro/2006
Diretor Geral: Gerson Herszkowicz
Comissão Editorial:
Editoria David Benadiba, Francisco Rocha, Liane Gotlib Zaidler, Liliana Daniela Albalá, Percy da Silva e Rosely Mandelman.
Colaboradores desta edição: Alice Fernandes Goldberg, Batia Epelbaum, Berenice Ferman, Ilan Friedenbach, Léa Silvia Telichevsky,
Monik Mirmovicz, Patricia Torralba Horta, Ruben Rosenberg e Violeta Caspari
Fotos: David Benadiba e Ilan Friedenbach
Revisão: Marcia Kronenberg Glezer
Gerson Herszkowicz Coordenação, arte, editoração e projeto gráfico: Optime Marketing Global Ltda. - Lumena Marques de Oliveira - MTB 20470 e Raniere
Diretor Geral Coutinho.
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Ltda. - Tiragem: 4.000 exemplares.
Rua Simão Álvares, 680 - Pinheiros - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3093-0830 - www.bialik.g12.br - jornalik@bialik.g12.br
Jornalik - Nº 41 - novembro/2006 Acolhimento 3

Outro dia entrei na escola Por Violeta Caspari

Outro dia entrei na escola, e Depois fomos para a rua Morás, aí foi coração. Mas tenham certeza que nunca
e n c o n t r e i m o r á R o s e l y. N o s bárbaro. Era lindo ver as crianças correndo deixarei de lembrar do colo que o Bialik
cumprimentamos, desejamos Shaná Tová, pela rampa na hora da saída. Lá começou o sempre me ofereceu!
pois era véspera de Rosh Hashaná e, de nosso coral de mães e também a Feira de Termino com o coração na mão pois,
repente, percebi que este talvez fosse o Ciências. Que confusão a escola tinha que se for escrever tudo o que aconteceu nestes
último Shaná Tová ao vivo e em cores que fazer para que pudéssemos ver os três, 18 anos, precisaria de um diário.
daríamos pois, depois de 18 (chai) anos, a Ad r i a n n a , Ra f f a e l l a e Wa l t e r, s e Um beijo a todos e, se D´us quiser,
Família Caspari está se despedindo do apresentarem. um dia meus netos estarão aí....
Bialik. Foram 3 Festas da Torá, lindas, 3
Que sensação estranha! Quando a formaturas de Pré 3 (morót, como vocês me
Rosely me perguntou se eu gostaria de fizeram chorar!), 3 formaturas de 4º série, 3
escrever algo sobre estes 18 anos, sentei e de 8º série. Tudo isso, fora as viagens e as
fiquei pensando como passaram rápido. cerimônias de Bat. Acho que vocês me
Tudo começou na rua Mena Barreto, quando devem várias caixas de lenços.
a pré-escola ainda era pequena. Era uma Agora está acabando! O Walter (para
delícia quando as crianças entravam sorte do Ed Quarenta!) está se formando.
contentes e saíam mais alegres ainda. Tenham todos certeza, desde funcionários
Começaram as festinhas de aniversário e as da portaria, morót de todas as séries,
comemorações judaicas (até eu aprendi orientação, secretaria geral e de ciclos, que
muito). vocês vão deixar um grande vazio no meu e
1994 - Rua Morás - Violeta e Regina cantam no
coral de mães

Vivências Profissionais Por Ruben Rosenberg

Projeto Bialik de às expectativas e necessidades dos alunos. - Uma semana de visitas para cada grupo, de
Orientação Profissional da Por último, um complexo cronograma de acordo com o interesse de cada aluno,
3ª série do Ensino Médio visitas foi montado com base no agendamento mesclando atividades dos diversos grupos
de cada encontro entre os alunos e os profissionais.
profissionais. - Mais de 60 locais visitados, entre
Entre os dias 28/08 e 01/09 foram
realizadas visitas a locais selecionados de empresas e universidades.
Os Números:
t r a b a l h o d o Pr o j e t o d e Vi v ê n c i a s
- 63 alunos participantes. O Conceito: Quem não gostaria de poder
Profissionais, como parte do Programa de
- 24 grupos profissionais, de Administração a sentir na pele a realidade do dia-a-dia das
Orientação Profissional da 3ª série do Ensino
Veterinária. profissões pelas quais tem interesse,
Médio, organizado pela professora Elaine
Schevz, do “Projeto de Dentro para Fora”. tirando dúvidas, esclarecendo conceitos e
preconceitos?
A Proposta: uma idéia audaciosa. Ao invés O que vale é conhecer, sentir ou
das tradicionais feiras de profissionais, nas desejar mais, mesmo já sabendo o que se
quais estes vão até a escola, o inverso, os quer ou estando em dúvida. O que não vale
alunos visitando locais de trabalho e estudo. é ter medo de se confundir, medo do novo,
Os Procedimentos: na 1ª fase foi feito um afinal, antes agora do que depois.
levantamento de todas as áreas de Poder escolher é um privilégio, mas
interesses profissionais dos alunos do 3º ano não é uma tarefa fácil. Escolher envolve
do Ensino Médio. Na fase seguinte, foram saber perder algo e implica conhecer o que
enviadas cartas aos pais e amigos da se está escolhendo.
comunidade Bialik para identificar parceiros
e descobrir novos contatos que atendessem
Visita a uma Agência de Publicidade.
4 Especial Jornalik - Nº 41 - novembro/2006

opiniões, contribuições e experiências.


Assim, vão se inserindo na cultura a
que pertencem, trabalhando com as áreas
do conhecimento, brincando e ampliando o
seu repertório.
Na série final do ciclo, já possuem
mais recursos lingüísticos, convivendo com
as abordagens de alfabetização e de
letramento.
A passagem para a próxima etapa da
vida escolar é um marco de crescimento.
Portanto, por ser um momento muito
especial na vida de nossas crianças,
procuramos tornar essa passagem tranqüila
e segura para os nossos alunos de Pré,
através de algumas atividades no decorrer
do ano letivo.
Aproveitando a época da Copa do
Mundo, em que todos os povos se
confraternizaram, realizamos campeonatos
de futebol entre as classes de Pré e de
Primeira série, promovendo o entrosamento
entre as crianças.
Também fomos ao acampamento
República Lago, onde as crianças dos dois
ciclos conviveram por dois dias, interagindo
num clima de cooperação e camaradagem.
Antes do final do ano, os alunos do
Pré visitarão as salas de 1ª série, elaborando
perguntas sobre tudo o que quiserem saber a
respeito do próximo ano na escola, que serão
respondidas pelos colegas que acabaram de
vivenciar o processo. Além disso, os alunos
da 1ª série levarão os do Pré para a cantina,
ensinando-os a comprar o que desejarem,
lanchando juntos.

Ritos de “Formandos! Esta talvez é a


palavra que a maioria dos estudantes
deseja ouvir.

Passagem
Acabar a escola pode parecer a
melhor coisa da vida, mas quando vai
chegando a hora, fica estranho pensar
que em poucos dias vamos estar fora do
lugar que, por anos, nos recebeu de
Por Francisco Rocha, Liliana Daniela e Ruben Rosenberg segunda a sexta. Encerrar a vida de
bialikano é difícil. Estou aqui desde 92,
são 15 anos estudando na mesma escola,
Do Pré para a Primeira Série Aos poucos, nossos pequenos alunos pegando o mesmo caminho de ida e
vão se tornando mais autônomos e vão volta. Passei por milhares de situações,
O ciclo da Educação Infantil atende construindo a identidade progressivamente amizades, momentos que dificilmente
em meio a uma sociabilidade crescente. À vou esquecer. Terminar a vida escolar no
as crianças de 1 a 6 anos de idade.
Bialik é um diferencial, a relação entre os
Para a maioria das crianças, a escola medida que crescem, passam a assumir o
alunos, entre os professores, funcionários,
é o primeiro espaço social além da papel de estudante, comprometendo-se
com certeza não existe em outro colégio.”
convivência familiar. Quando ingressam no com a rotina escolar. Relacionam-se com o
Fabio Vaisman
Infantil, ainda estão conquistando a mundo a partir de seu ponto de vista,
linguagem formal. aprendendo a considerar o outro, suas
Jornalik - Nº 41 - novembro/2006 Especial 5
“Sensação de Havdalá”
O mais difícil: ter que deixar a Escola Judaica
“Cursar o 3º ano do Ensino Médio
não é nada fácil. O último ano da
“mishpachá Bialik” nos traz um monte de Momento muito significativo, que
novidades: pressões ligadas à escolha de mistura sentimentos opostos: alegria e
qual carreira seguiremos, da área com tristeza, expectativa e medo, vontade de
que nos identificamos mais, o peso do tão comemorar e pressão do vestibular.
temido vestibular, a cobrança - interna e Aos poucos os alunos vão se dando
externa - de nos prepararmos para o conta de que, em alguns meses, suas rotinas
ingresso no instigante e desconhecido mudarão radicalmente. Deixarão de
mundo adulto. Tudo isso vem à tona de freqüentar a escola que os abrigou cultural e
2005 - Pré e 1ª série lanchando juntos. repente, sem que tenhamos muito tempo socialmente durante tantos anos e passarão
para pensar. É uma fase de importantes a trilhar outros caminhos no mundo
A Vida Escolar escolhas e difíceis responsabilidades que acadêmico, profissional e adulto, rumo ao
nos obriga a correr atrás de nosso futuro, seu futuro.
Muitos aspectos organizam a vida
do que seremos daqui pra frente, num Há alguns anos, numa cerimônia de
escolar. A começar pelos seus atores,
mundo maior do que aquele que formatura, o professor paraninfo comparou,
mestres e estudantes, funcionários e
imaginávamos existir.” em seu discurso, essa fase da vida escolar
administradores; material de estudo, livros,
Bianca Neumann Marcossi (que é ao mesmo tempo clímax e despedida),
cadernos, lápis e tudo o que couber na
com a saída do Shabat celebrada pela
mochila; avaliações, boletim; reuniões de
cerimônia chamada Havdalá. Quando nos
pais e professores; organização do espaço,
despedimos do Shabat, sentimos uma
salas de aula, laboratórios, quadras de
sensação de tristeza e saudade, mas
esporte, salão, pátio, cantina; portão da
também renovados, renascidos para uma
escola, chegada e saída dos alunos... É certo
nova semana cheia de desafios e
que a lista não para aí, todos nós teríamos
realizações.
mais alguns itens e, ao acrescentá-los,
estaríamos demarcando, no conjunto, a
identidade do que chamamos escola. Como
sabemos, trata-se de um lugar muito
especial. Razões não faltam para tanta
relevância. Só para ficarmos em algumas,
lembremos as primeiras letras e os primeiros
números, um pouco mais adiante, a
complexidade das letras e também dos
números. Assim, vamos avançando na
aquisição de conhecimento, no campo da
cultura letrada. Pois, essa é a razão, do
porquê, desde que viemos ao mundo,
O final do 3º ano do Ensino Médio é o último Rito
pronunciamos as primeiras palavras e de Passagem da escola judaica.
damos os primeiros passos; os adultos se 8ª série - Viagem a Campos de Jordão comemorou a
finalização do ciclo.
encarregam de garantir a nossa matrícula
em uma escola. A partir desse momento, nosso caminho. Ou seja, será de grande “11 anos de Bialik.
adentramos no mundo da educação formal, importância em toda a nossa existência. É muito difícil me imaginar fora
iniciamos a experiência que, Nos momentos de encerramento de do Bialik. Estudo aqui faz mais de 11
indubitavelmente, definirá muita coisa em ciclo, emerge o quando fomos envolvidos anos. Posso resumir que grande parte da
pela experiência da escola. Damo-nos conta minha vida eu passei nessa escola,
da dimensão que ela ocupou e ocupará em passei momentos emocionantes, conheci
nossas vidas. Quando um ciclo se encerra e amigos, grandes professores que
outro está na iminência de começar, contribuíram muito para minha formação
vivemos uma espécie de ritual de passagem. acadêmica e emocional. Chega a ser
Por isso, eles se tornam um tempo propício dolorido imaginar que ano que vem eu
para avaliarmos nossas conquistas, nossas não estarei mais entre essas quatro
escolhas, nossos projetos e próximas etapas. paredes, sem aquela rotina de acordar
todo dia para ir para a escola, passar
Com todos os alunos, em todas as escolas,
agonias por uma prova de física, pelo
esse é o curso natural das coisas. Se há
alívio de um feriado, um estudo de
diferenças? Há, mas elas não se apresentam
campo, as festas judaicas como Purim...”
à primeira vista. Assim, não é tão fácil
Natália Bernstein
Integração em 2006 - Pré e 1ª série no barro enúmera-las e nomeá-las.
da República Lago
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Tradição Judaica Família Bialik

Fazendo nossa história


Bar e Bat Mitzvá - marcos Por Batia Epelbaum

para a vida judaica


Por Liane Gotlib Zaidler

semanalmente. Esse ano, as alunas


também tiveram a oportunidade de
desenvolver trabalhos comunitários
junto a entidades judaicas como o Ten
Yad e a Unibes. Tudo culmina com uma
cerimônia coletiva. Morá Batia e seus netos. Hoje leciona na 6ª série e para as morot
da Educação Infantil.
Para fortalecer os vínculos
familiares nesse importante momento,
o Bialik também promove vivências fora Tudo começou quando, em 1971, meus filhos
da escola. Durante um final de semana, vieram estudar no Bialik. Os dois menores
as meninas viajam para Campos do estudaram na unidade Infantil da Cristiano Viana e
a mais velha, na 3ª série do “Bialikão”. Minha filha
Jordão juntamente com as mães. Ali caçula era apaixonada pela morá Alzira, que,
participam de dinâmicas de grupo e naquela época, trabalhava no Infantil.
Preparação espiritual na escola.
dramatizações, vivenciam as Comecei a trabalhar como morá em 1973.
cerimônias de Kabalat Shabat, Lecionava para alunos novos que ingressavam na
A partir dos 13 anos, os meninos 7ª série e estudavam História Judaica e Moledet,
Schacharit e Havdalá. Neste ano, pela
e dos 12, as meninas, comemoram em Português. Tínhamos aula em uma sala
primeira vez, os meninos vão participar chamada de “classe espacial”, ou especial. Era
respectivamente o Bar e o Bat-Mitzvá.
de um Day Camp, juntamente com seus divertido e rico no contato humano. Preparei meus
Nessa ocasião assumem o
pais. alunos para o concurso de moledet inter-escolas
compromisso de seguirem o judaísmo e judaicas. Não é que eles ganharam o 1ª lugar? Para
Segundo as coordenadoras da
passam a ser considerados adultos, eles e para mim foi uma grande conquista.
área judaica, Ana Esther Rog e Alzira
tornando-se totalmente responsáveis Os anos se passaram e muitas mudanças
Ryngelblum, “em ambos os ritos de aconteceram. O Bialik foi crescendo e se
por seus atos e com o dever de se
passagem, a escola promove uma aprimorando. Meus filhos ingressaram em boas
tornarem pessoas melhores.
aproximação com as famílias, que se faculdades, concluíram seus estudos e formaram
Dentro do ciclo da vida judaica, o suas famílias, e, eu, na torcida, para que os netos
sentem estimuladas, por meio de seus
Bialik integra esse momento bastante viessem estudar no Bialik.
próprios filhos, a darem continuidade
significativo e contribui desde cedo Finalmente, há dois anos, meus netos
aos rituais do judaísmo”. Gabriel e Alex vieram para cá. Quando me dei
para que seus alunos estejam
conta, encontrei ex-alunos trazendo seus filhos
preparados para a chegada dessa data.
com a mesma idade dos meus netos, para
Desde o primário e até a sexta estudarem aqui, no mesmo Colégio onde os pais
série são trabalhados em sala de aula os estudaram. O reencontro sempre é emocionante.
conceitos, valores e rezas pertinentes à Outro foi quando o Gerson, meu colega de
celebração. Para os meninos, a escola Seminário de Professores no Renascença, veio
trabalhar aqui como Diretor.
oferece um curso extra-curricular, com
No mesmo salão, atualmente em reforma,
duração de um ano, quando são onde participei de Kabalat Shabat com meus netos,
preparados para a cerimônia de Bar- vejo em minhas lembranças, passagens de
Mitzvá. Além disso, uma vez por mês, o acontecimentos significativos para mim. Ali
Bialik também oferece às famílias a comemoramos as formaturas de meus filhos, o Bat
Mitzvá e até o casamento da minha filha. A emoção
oportunidade de fazerem a cerimônia
toma conta e embarga a voz.
do Tfilin na própria escola. Agradeço, do fundo do coração, às morót
Para as meninas, temas como os do Infantil e da 1ª série, à orientação e aos
deveres de uma mulher judia e o papel funcionários, pelo modo como receberam e tratam
da mulher na preser vação da o Gabriel e o Alex. Eles se sentem “em casa” e
2006 - Morá Rosa R. Holzer no Bat de sua adoram estudar nesta instituição, que é uma
identidade judaica são trabalhados em filha Jaqueline. verdadeira mishpachá (família).
um projeto curricular que acontece
Jornalik - Nº 41 - novembro/2006 Projetos 7
Experiências éticas no Bialik Por Ilan Friedenbach - 8ª série

Nós, da 8ª série, tivemos a “Vem, vamos embora, que esperar não é


oportunidade de nos reunir com Ed saber. Quem sabe faz a hora, não espera
Quarenta, orientador do Ensino Médio e acontecer.”
conversar sobre os projetos e aulas que Não podemos ficar parados,
teremos no Bialik. O projeto que mais me assistindo a tudo isso e não fazer nada. É
envolveu, emocionou e me deixou curioso foi necessário agir antes que seja tarde.
o Ética
Ética, realizado pelo primeiro colegial. Vi v e m o s p r o b l e m a s e x t r e m o s d e
O projeto acontece nas proximidades distribuição de renda, violências das mais
do Jardim São LuizLuiz, uma região ao lado do variadas e muitas outras coisas. Quem
Jardim Ângela, na Zona Sul, ambos muito nunca ouviu falar sobre violência com
humildes. O trabalho consiste em coleta de pessoas próximas? Para se viver é preciso
informações para as futuras filmagens em dar vida, isto é, oportunidade para outros.
forma de documentário, com entrevistas e Nossa participação nestes projetos é
cenas do cotidiano dos moradores da importante para amadurecer mos e
localidade. É realizado por alguns grupos crescermos. Não podemos fechar os olhos,
que se dirigem para localidades distintas, precisamos agir em benefício da sociedade.
com intuitos diferentes. Desconheço os idealizadores do
Numa terça-feira, três grupos foram Ética
Ética, mas em um só dia, vivenciando o
posicionados por tarefa. Um grupo no projeto, pude ver pelo jeito como as pessoas
cemitério São Luiz (um dos maiores contam suas histórias para os alunos, que os
cemitérios do Brasil), com mães que moradores do Jardim São Luiz ficam felizes
enterraram parte das futuras gerações, seus em ver que não são só eles que estão
filhos, muitos vítimas da violência local. O preocupados com a situação do local. Um
segundo foi para a escola, falar com alunos e dia talvez o terreno deixe de ser favelas, do
professores, e outro foi conversar com um São Luiz e Ângela, e passe a ser um “terreno
morador do Jardim São Luiz, que cuida do onde se cultivam plantas e flores”, como o
projeto Cara Nova São Luiz, no Instituto de dicionário descreve Jardim.
Esporte & Educação do CDHU, dirigido a O aluno Guilherme Antwarg, integrante do projeto, no
espaço Cara Nova São Luiz
moradores dos arredores e também do
Centro Rexona/Ades de Voleibol.
Meu grupo teve o prazer de
conversar com o senhor que tem
participação nesses projetos esportivos. O
ambiente conta com uma quadra poli-
esportiva e um campo de futebol aberto.
Entre seus relatos, o que me marcou mais foi
a preocupação em relação ao uso do espaço
e da missão de manter os consumidores de
drogas fora das quadras, uma tarefa difícil,
já que o local é relativamente afastado e com
pouco movimento em alguns momentos do
dia, tornando-se atrativo a consumidores.
Nascido no Nordeste, onde vivia sem
grandes necessidades, resolveu vir para São
Paulo, em busca de uma vida de melhor
qualidade. Chegando ao destino, não
conseguiu emprego, precisando se deslocar
para uma localidade muito pobre. Decidiu
fazer um trabalho para melhorar a qualidade
de vida dos moradores daquela região.
Agora começa a colher resultados.
Como cidadão, mesmo não vivendo
diretamente a violência, sinto-me como
telespectador. Como Geraldo Vandré diz:

Ilan Friedenbach - 8ª série vivenciando o projeto Ética


8 Acontece no Bialik Jornalik - Nº 41 - novembro/2006

RADAR 2006
ALUNO EXPOSITOR E ESPECTADOR Por Berenice Ferman e Patricia Torralba Horta

Radar 2003
Tornar públicas as produções e O Radar 2006 afirma a crença em
exercitar as habilidades de comunicação continuar favorecendo espaços
são essenciais na vida escolar. interativos de diálogo. Convidamos os
O Radar valoriza a importância da alunos das diferentes séries a avaliar as
transmissão do conhecimento adquirido situações de aprendizagem que ocorrem
a fim de perpetuá-lo, ampliá-lo ou mesmo no ano e eleger as mais significativas
questioná-lo. para o grupo-classe, justificando as suas
Este evento inicialmente escolhas.
privilegiou as socializações dos trabalhos Neste ano o desafio será
com os familiares. privilegiar a comunicação das pesquisas
Avaliamos o formato estabelecido e conhecimentos dentre os próprios
e não nos contentamos que as famílias se alunos, nas diferentes séries e ciclos, ora
restringissem a conhecer somente o como expositores ora como espectadores
trabalho de seus filhos. As produções da atentos e críticos.
Escola extravasavam este limite. Os encontros ocor rerão no
A escola tentou manter a período de 21 a 24 de novembro, em sua
presença e a participação das famílias no maioria durante o horário escolar.
decorrer do ano letivo, em momentos O Bialik documentará as
específicos nas diferentes séries e ciclos. apresentações e discussões como uma
Para o Radar, a organização maneira de legitimar o trabalho que vem
passou a privilegiar a transversalidade sendo desenvolvido, do Infantil ao Ensino
com a intenção de apresentar os Médio.
processos e produtos de trabalho, numa
macrovisão da Escola.

Momentos do Radar 2002 Radar 2004

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