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RELATO DE CASO
Andrighetti, D(A)
RESUMO
Introdução: A lesão medular traumática ocorre quando um evento traumático,
como o associado a acidentes automobilísticos, mergulho, agressão com arma de fogo
ou queda resulta em lesão das estruturas medulares interrompendo a passagem de
estímulos nervosos através da medula. A lesão pode ser completa (quando não existe
movimento voluntário abaixo do nível da lesão) ou incompleta (quando há algum
movimento voluntário ou sensação abaixo do nível da lesão). Frente a essas alterações
clínicas é necessária uma abordagem de caráter precoce e multidisciplinar de
reabilitação. As técnicas fisioterapêuticas vêm proporcionando aos pacientes vítimas de
traumatismo raquimedular uma maior qualidade de vida, através do aprimoramento do
tratamento das seqüelas. Objetivos: aplicar a avaliação neurofuncional, compreender o
quadro clínico apresentado pelo paciente e desenvolver um plano de tratamento
embasado na literatura, visando melhor qualidade de vida e independência do paciente.
Metodologia: a apreciação da ficha de avaliação de traumatismo raquimedular e o
tratamento foram realizados na Clínica Escola de Pesquisa e Atendimento de
Fisioterapia – CEPAF da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba,
com o paciente E.L.R.S, sexo masculino, de 42 anos, da cidade de Luzerna - SC, com
diagnóstico clínico de Traumatismo Raquimedular a nível de T5-T6. Resultados e
Discussões: A reabilitação de pacientes lesados medulares consta de uma diversificação
de condutas de tratamentos. Estes devem ser estudados e conforme a avaliação do
paciente, elaborar um programa de tratamento individualizado, de acordo com as
necessidades do mesmo, buscando sempre, ao máximo, a independência funcional,
dentro dos limites impostos pela lesão.
INTRODUÇÃO
"Aquele que tem um desvio do pescoço, não move seus braços
e pernas e cuja urina goteja, tem uma enfermidade
que não deve ser tratada."
Papiro de Edwin Smith (2686-2631 aC)
(52) casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40)
casos novos anuais por milhão de habitantes. (DEFINO, 1999)
A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na
faixa etária entre 15 a 40 anos. (DEFINO, 1999) (FREITAS et al, 2006) Acidentes
automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por
arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM).
(DEFINO, 1999)
Anatomicamente, as lesões estão diretamente relacionadas ao mecanismo de
trauma e a maior parte (cerca de 2/3) das lesões medulares está localizada na coluna
cervical. As lesões na região torácica acontecem em 10% das fraturas desse segmento e
4% na coluna toracolombar. (FREITAS et al, 2006) ( DEFINO, 1999) A literatura
mundial relata que as lesões traumáticas de coluna torácica e lombar acometem
preferencialmente adultos jovens do sexo masculino. Esses traumatismos são
acompanhados por 10 a 30% de dano neurológico. (CUNHA, F.M. da, GUIMARÃES,
E.P., MENEZES, C.M., 2000)
Os sintomas ocorrem de acordo com o nível da lesão, a extensão e o tempo do
acometimento, sendo esta classificada em completa (ausência de função abaixo do nível
da lesão) e incompleta (alguma função preservada abaixo do nível de lesão).
(CAVENAGHI et al, 2005) Quanto ao nível da lesão, os pacientes podem ser
classificados em tetraplégico, quando a lesão é acima de T1 e paraplégico, quando a
lesão é abaixo deste nível. (BORGES, 2005)
Paraplegia refere-se à deficiência ou perda de função motora e/ou sensorial nos
segmentos torácico, lombar ou sacral da medula espinal. A função dos membros
superiores é preservada, mas o tronco, os membros inferiores e os órgãos pélvicos
podem ficar comprometidos. (STOKES, 2000) T1 é o primeiro nível de lesão
classificado como Paraplegia, na qual os membros superiores não são afetados.
(UMPHRED, 2004)
Nos tipos de lesão traumática incluem:
CHOQUE MEDULAR – É a perda de todas as funções neurológicas abaixo do
nível da lesão medular, o que representa interrupção fisiológica, e não anatômica, da
medula espinhal. Caracteriza-se por paraplegia flácida e ausência de atividade reflexa. A
duração não costuma ser superior a 48 horas, mas podem persistir várias semanas. O
retorno de atividades reflexas indicam o fim do choque medular. A ausência do retorno
da motricidade ou sensibilidade abaixo do nível da lesão, após o choque medular, é
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MATERIAL E MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
cicatriz cirúrgica nas costas e de estilhaços de vidro no pescoço. Sua postura é cifótica,
ombros protusos, apresentando uma assimetria destes, seu tônus espástico em membros
inferiores (MMII), pé esquerdo permanece em dorsiflexão devido a encurtamento de
tibial anterior e pé direito em plantiflexão devido a encurtamento de sóleo e
gastrocnêmio. Na inspeção, expôs que sente uma dor em queimação abaixo da lesão,
mais especificamente na articulação do quadril e no joelho. A palpação apresenta dor em
coluna cervical, não apresenta contraturas nem deformidades. Nos testes de força
muscular apresenta grau cinco (5) em MMSS em todas as articulações e o tônus é
normal. Em MMII a força muscular é ausente pela espasticidade.
Tem movimentos preservados de MMSS e cervical, sendo que ao fazer abdução
de ombro, seu tronco desloca-se para frente devido à ausência de musculatura
estabilizadora. Abaixo do nível de T6 perdeu os movimentos.
Apresenta espasticidade moderada em MMII e bexiga reflexa (espástica). Na
avaliação neurológica de equilíbrio e atividades funcionais, apresentou equilíbrio
dinâmico ausente e no equilíbrio estático necessita de apoio para manter a estabilidade
de tronco. Apresenta boa coordenação ao locomover-se em cadeira de rodas.
Nos testes de sensibilidade, em MMII ocorre anestesia de sensibilidade térmica,
tátil e dolorosa. Em MMSS é normal. Na região do ângulo inferior das escápulas, sente
um estímulo, mas não consegue distinguir qual é.
Com relação as suas AVD’s, o paciente rola por completo, passa para sentado,
para gato e fica de joelhos, sendo auxiliado pelos MMSS. Paciente não deambula, mas
consegue manter-se em posição ortostática fazendo uso de talas e barras paralelas como
apoio.
Devido à dor relata abaixo da lesão, sendo que numa lesão completa ocorre
ausência de função, solicitou-se que o paciente realiza-se uma radiografia, na tentativa
de justificar o quadro álgico.
Exames complementares:
Radiografia (30/06/2009):
• Joelho Esquerdo: parafuso intercondiliano e no 1/3 superior da tíbia esquerda
com tunelização óssea para fixação do ligamento cruzado (ligamentoplastia).
Espaços articulares preservados.
• Articulação Coxo-Femoral Esquerda e Direita: discreta esclerose reacional
subcondral do rebordo superior acetabular esquerda. Calcificações de partes
moles látero-superior da articulação coxo-femoral esquerda.
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REFERÊNCIAS
BAMPI, Luciana Neves da Silva; GUILHEM, Dirce; LIMA, David Duarte. Qualidade
de vida em pessoas com lesão medular traumática: um estudo com o WHOQOL-
bref. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 1, Mar. 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n1/06.pdf