Professional Documents
Culture Documents
Monte
Gordo
r e v i s t a
ponto
movel
cidade do
saber
nº 2
Sumário
GENTE QUE
FAZ 30
LÁ VEM
HISTÓRIA 32
SABERES E 16 DICAS
FAZERES CULTURAIS 34
QUEM CONTA
20 PAINEL
UM CONTO CRIATIVO 36
MOVIMENTO
ARTÍSTICO 22
AÇÃO
GOVERNAMENTAL 24
MONTE 06
GORDO 26 ESPAÇO
VERDE
NOSSA
12 SABOR DA TERRA 28 LAZER 38
GENTE
3
Editorial
e s p e c i a l
monte
gordo
Dentro do propósito de contribuir com a história e o quem faz a história e ajuda a perenizar seus saberes
fortalecimento das tradições de cada localidade visitada e fazeres.
pela sua unidade móvel, a Cidade do Saber – Instituto
Professor Raimundo Pinheiro reúne nesta publicação Como no primeiro fascículo, que trata de Barra do
um pouco do universo cultural de Monte Gordo, um Pojuca, convidamos o leitor a conhecer agora um
pedacinho do município de Camaçari. pouco mais sobre os habitantes, o cotidiano, as
tradições e até a culinária de Monte Gordo.
Seguindo a premissa do projeto de unir arte, cultura,
esporte e educação para a inclusão social, através desta Nas próximas edições vamos apresentar uma porção
revista, a Cidade do Saber busca também registrar, do universo cultural de Barra do Jacuípe, Jauá,
preservar e divulgar a cultura local. Aqui, é revelado um Arembepe, Areias, Vila de Abrantes e o povoado de
pouco do dia-a-dia dos personagens das comunidades Cordoaria (remanescente quilombola).
visitadas pelo Ponto Móvel para mostrar o universo de
Boa leitura!
Essa publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.
4
Distrito de
Monte Gordo
Sejamdos
bem vin
Camaçari
1 Barra do Pojuca
2 Monte Gordo
3 Barra do Jacuípe
Cidade do Saber
Sede Camaçari
4 Arembepe
8 5 Areias
Cordoaria
Distrito de
6 Jauá
Abrantes
7 Vila de Abrantes
5
e s p e c i a l
monte
gordo
Um recanto de peculiaridades
São Bento, Jacaré, Marimbondo, Rua do a feira e o comércio. Em volta do largo vendas esses estabelecimentos moviam
Ouro, Capoeira Feia, Cascalheira... Tão surgiram pequenas ruas. a economia. Entre os mais famosos
diversificada quanto os nomes de suas pontos comerciais, os armazéns
localidades é a história de Monte Gordo, A configuração espacial atual guarda Conceição e Caboclo, de propriedade de
ou originalmente Bom Jesus de Monte alguns aspectos daquela época. O centro Rafael Conceição e Waldemar Tavares,
Gordo, a 40 km de Salvador, no município reúne a Praça Rafael Arcanjo Vieira respectivamente. Havia ainda o do
de Camaçari. (antigo comerciante e conselheiro de Sr. Manuel Gringo (turco) e o de José
Monte Gordo) e também o espaço físico Gringo (italiano), todos na Rua Bom
Até a origem do nome é envolta em da feira, a Capela de São Francisco e o Jesus. Lá era possível encontrar de tudo:
diferenças (ver boxe). Certo mesmo é mercado. Ao redor da praça encontram-se alimentos, utensílios, roupas, tecidos,
que a localidade já foi grande produtora serviços como os Correios, a barbearia, os remédios, artigos de pesca, etc.
de farinha e mamona. Sem contar com armazéns, o mercado (reconstruído em
a fartura do coqueiral, excelente para 1991 pela Prefeitura de Camaçari), a sede Linda Giffoni, filha de José Gringo,
o extrativismo do fruto. Sem falar da dos pescadores (Sociedade São Francisco lembra um pouco desse tempo: “Meu
piaçava, da pesca sempre abundante de Guarajuba) e o restaurante de Dona pai tinha uma loja. Vendia tecido,
na Praia do Ponto, em Guarajuba, e da Linda. vendia tudo. As mulheres vinham com
pequena pecuária. Todos os produtos o babaçu, com o oricuri pra trocar por
eram comercializados em Salvador e no Comércio forte tecido”, conta. “Eu me lembro que ele
entorno. Antiga vocação, o comércio ainda é comprava esses tecidos na loja Solto
mantido, mas não se troca mais a palha Maia, em Salvador. Quando chegava,
A história da localidade começa com o do ouricuri por um corte de tecido, mamãe tirava aqueles tecidos pra a
surgimento de um largo, em frente à Igreja como acontecia nos tempos dos grandes gente fazer roupa, a roupa era toda
de São Francisco. Lá estão o mercado, armazéns locais. Junto com as pequenas rodada”.
6
Versões para o nome
7
e s p e c i a l
monte
gordo Seu
Lourival e
Dona Linda
Em Monte Gordo, domingo era dia de Transporte difícil dos Pescadores de São Francisco de
feira. O comércio informal era armado Os tempos eram outros e o sistema Guarajuba. Segundo Adelmo Santos,
próximo ao Largo do Jacaré, tendo à de transporte em Monte Gordo era morador e historiador, a criação desse
frente da organização Aloísio Tavares. A difícil, mesmo com uma população bem grupo propiciou o encontro das classes
partir de dezembro de 1947, passou a inferior à de hoje. Embora próxima à sociais da localidade, que até então pouco
ser em frente ao Armazém Conceição. capital, a localidade era de difícil acesso, conviviam entre si.
Um tempo depois, o proprietário do faltavam boas estradas. Os meios de
armazém, Rafael Conceição, construiu um transporte mais usados eram o saveiro, Tradição e cultura
mercado em frente ao estabelecimento. animais (burro ou cavalo) e o trem Os moradores de Monte Gordo têm
Era um galpão aberto, coberto por palha e “Pirulito” (que fazia a linha Mata de São diversas tradições culturais, artísticas e
dividido em boxes com quatro açougues. João – Alagoinhas). O primeiro ônibus de religiosas, muitas das quais de origem
passageiros chegou em 1954, vindo de africana. No entanto, boa parte das
Segundo o marido de Dona Linda, Salvador para fazer a linha Monte Gordo manifestações de cultura popular foi
Lourival de Sena, também ex-dono de – Calçada, via Jordão. Nos anos seguintes, extinta, pois a maioria se foi com os
mercearia e conhecido por Seu Lorinho, novas empresas criaram linhas para outras mestres que detinham os saberes dessas
a partir da década de 1940 começaram localidades. Em meados dos anos 1970, a “brincadeiras”.
a surgir os primeiros caminhões que realidade local já havia se transformado
transportavam mercadorias e passageiros, e a vila já tinha a maior população do Diversos ternos de reis, como o do
os chamados “paus-de-arara”. Seu distrito. Caçador, o do Urubu e o do Macaco,
Lorinho conta que, só nos anos 50, alguns garantiram a diversão do lugar durante
comerciantes locais resolveram investir Pescadores muito tempo. O Mandú de Monte Gordo,
em caminhões e passaram também a A primeira mobilização da sociedade civil manifestação criada pelos primeiros
fazer o transporte dessas mercadorias de Monte Gordo se deu a partir de 1951, moradores da região, ainda continua ativo,
(carvão, coco, manga, farinha e peixe) por iniciativa dos pescadores, que se sendo inclusive um dos contemplados no
para Camaçari, Mata de São João e organizaram por uma sede. Por volta de Edital de Manifestações de Cultura Popular
Salvador. 1953, foi inaugurada a sede da Sociedade do Governo do Estado.
8
“Antigamente, não havia
muita coisa pra fazer. Nossas casas
eram modestas, feitas de barro com
varas, e eram construídas em mutirão.
Fazia-se uma fatada ou uma feijoada
e convidava-se todos os vizinhos
e amigos. Durante todo o dia, se
carregava barro e água”..
Dona
Gilda
9
e s p e c i a l
monte
gordo
Chegança, o
A moradora Ermenegilda Guedes da Silva, filha de “brinquedo” do lugar
pescador e moradora do Beco da Cebola, diz que sente
saudade de muita coisa do tempo de criança. Gilda fala Uma das brincadeiras de maior apelo popular é a
de suas lembranças: “Tem muita coisa que a gente não Chegança, organizada e com participação exclusiva dos
esquece, como a ‘Puxada de Rede’. Os barcos chegavam do homens. Sua presença em Monte Gordo se perde no
mar e a gente ia puxando aquela rede cheia de peixes. Hoje tempo e na memória da população - despertava grande
não existem mais tantos peixes”, lamenta. interesse entre a comunidade e teve grande vigência até a
década de 1950. Deixou de acontecer até início da década
Uma boa lembrança da infância de Gilda é o rio límpido de 1980, quando foi reativada.
que dava no quintal das casas e fazia a diversão da
garotada. “A gente tomava banho todas as tardes, pulando Em Caraíba, Mestre Careca organizou uma Chegança, que
de cima da ponte e se sujando na areia branca de beira de conta com 30 homens e uma “artilharia” de 16 pandeiros.
rio”, recorda-se. Não só pelas bandas de Monte Gordo, mas também em
Barra do Jacuípe, Careca foi responsável pela ativação de
Segundo o historiador João Reis, “Monte Gordo era uma outra manifestação que estava inativa, o Boi Estrela.
uma espécie de quilombo formado por filhos de ex- Entre 1940 e 1950, a manifestação do boi acontecia em
escravos, prováveis descendentes dos negros trazidos casas de moradores como Antonio Cardoso e Cassemiro
da África pela Casa Garcia D’Ávila. Sua população era de Souza, que cediam espaço para a brincadeira, animada
predominantemente negra, mas, entre 1930 e 1940, como pelos tocadores João e Domingos Viola.
eles mesmos dizem, “começou a clarear”, com a chegada de
elementos de localidades mais próximas da capital”. Se as Cheganças cantam os feitos portugueses, em Monte
Gordo existia uma outra manifestação que representava
Fontes: Perpétua Maria Carvalho Brandão. Mudanças Sócioambientais e a resistência dos povos africanos trazidos à força para o
Desenvolvimento em Monte Gordo e Guarajuba/ Município de Camaçari-Bahia. Brasil, o Bangariô. Dança realizada por duas fileiras de
Dissertação de Mestrado em Geografia. Salvador: Ufba, 2006. indivíduos que executavam movimentos vigorosos, de
Documento ATECPLAM. Salvador, 1985. belo efeito coreográfico, que foi incorporada à tradição
João José Reis. Liberdade por um fio: História dos Quilombos no Brasil, 1997. local, associada aos eventos festivos da comunidade.
10
Curiosidades • Antigamente, para ir de Salvador a
Monte Gordo era necessário passar por
Dias D’Ávila (que se chamava Feira Velha)
Para voltar era preferível sair mais tarde,
quando a areia já estava fria. A estrada só
veio em 1972 e o asfalto em 1987.
ou Camaçari e pegar um trem chamado
Pirulito. O trem saía às 7 da manhã e • Nos finais de semana as mulheres iam
retornava às 7 da noite. para as lagoas lavar roupas. Passavam o
dia inteiro, pois mariscavam a sua comida
Baianas • Para Guarajuba o caminho era feito a pé, depois de colocar as roupas no quarador.
na Lavagem passando pela lagoa. No Inverno, tinha um Enquanto as roupas esquentavam no
de Monte barco para fazer a travessia. Para ir à praia sol, elas pescavam camarão, peixe, aruá
Gordo era preciso sair cedinho, às 5 da manhã. (caramujo).
11
e s p e c i a l
monte
gordo
12
Guarajuba encanta os
visitantes pela praia,
lagoa e sua diversidade
paisagística
A APA Lagoas de Guarajuba é uma região de
exuberante paisagem, com extenso coqueiral
e praias calmas e limpas. Área ecologicamente
importante, com diversas formações vegetais
associadas ao rico ecossistema lagunar e de
praia, se caracteriza por ser uma das últimas
áreas representativas do ambiente natural da
orla de Camaçari. A lagoa Guarajuba-Velado
é considerada uma das áreas úmidas mais
significativas do litoral norte da Bahia. Serve de
tampões hidrológicos para reservatórios subter-
râneos, reduzindo os efeitos da poluição, além
de ser abrigo para aves migratórias e local de
reprodução de jacarés e sucuris.
Fonte: CRA
13
e s p e c i a l
monte
Nossa
gordo Gente Entrevista:
Narciso
Augusto
14
RPM: É verdade que o senhor atua como
Seu Narciso: Tinha uns ternos que saíam da articulador para trazer benefícios para a
casa da avó da minha esposa. Tinha o Terno localidade?
do João Guará, o das Melindrosas e o da
Raposa. Em janeiro, eles saíam pelas casas Seu Narciso: Procuro participar das reuniões
cantando e dançando. Às vezes, a gente com políticos que visitam a comunidade para
tava dormindo e eles nos acordavam pra saber das nossas necessidades. Tanto que
serem recebidos, aí tinha sambão também. eu tenho foto com alguns desses políticos.
Dia 1º de novembro, a gente ia pra Torre Há 20 anos esse caminho não era asfaltado.
(Casa da Torre dos Garcia D’Ávila), pra festa Caetano (atual Prefeito de Camaçari, que teve
e pra missa. Tinha um caminho por aqui o seu primeiro mandato no ano de 1986)
que dava na ponte do Rio Pojuca. Naquela fez o asfalto até ali em Lourinho, em 1986. A
época, já cobravam pra gente atravessar a gente aqui tem saneamento básico. Eu lutei
pé essa ponte (que ficava dentro de uma muito também pelo transporte, participava
propriedade particular). No dia seguinte era de todas as reuniões, com as lideranças de
Dia de Finados, nem parecia que tinha tido todas as localidades. As pessoas daqui me
festa nenhuma. A padroeira da igreja de lá pedem para eu falar com alguns políticos,
era Nossa Senhora das Dores, mas a festa porque acham que eles me escutam e é o
era de todos os santos. que eu faço. E eles têm me atendido.
15
e s p e c i a l
monte
Saberes
gordo e Fazeres
Mestra
Helena e
familiares
16
Janine, neta
da Mestra
Helena
Sanfoneiro
Carlos
Francisco
Contatos para
apresentações:
3674-1165 /
9626-4472 /
9947-4393
(Eliene)
17
e s p e c i a l
monte
Saberes
gordo e Fazeres
Morador da localidade de Jacaré, Marival construí essa casa de farinha com um uma mão-de-obra danada. Antigamente a
Vieira Cavalcante é exemplo de detentor rapaz, já tem mais de 20 anos”, conta. gente tirava uma quantidade que passava
do saber de uma cultura que já foi muito uma semana fazendo farinha, mas era pra
importante para a economia da região do Casado com Dona Alaíde, teve cinco filhos, vender ou trocar em Guarajuba com os
distrito de Monte Gordo. Dono de uma sendo que apenas um deles ajuda na pescadores”, explica.
típica casa de farinha, feita de barro por produção, quando pode. “Tem umas três
suas próprias mãos, Seu Marival se orgulha pessoas que colaboram também. Hoje em Seu Marival revela que seu sogro também
do ofício que desempenha desde jovem. dia a gente só faz para a família mesmo, produzia bastante em sua casa de farinha,
ou pra dar pra pessoas conhecidas, mas a em Boa Esperança (Monte Gordo). “O
“Eu nasci aqui, faço farinha e trabalho na gente não vende, não”, diz ele, contando pai da minha esposa tinha uma casa de
roça desde rapazinho. Antes a gente fazia que a roça é no fundo da casa e a farinha farinha. Ainda existe, lá em Boa Esperança,
farinha na casa dos outros, mas, depois é feita a cada 15 dias. “A gente tira duas e quem cuida hoje é meu cunhado. Lá a
que casei, fiz essa casa aqui. Eu mesmo cargas, uma carga, porque não pode tirar casa é de azulejo, tem motor, a produção é
tudo de vez que a gente não dá conta. É bem maior”, compara.
18
Seu Marival
19
e s p e c i a l
monte
Quem Conta
gordo um Conto?
Fonte de beber
Por Ermenegilda Guedes da Silva
20
Monte Gordo
Por Lourival Sena
21
e s p e c i a l
Movimento
Artístico
monte
gordo
Palco da Cidade
A criatividade e o talento artístico da (Facom) da Universidade Federal da
gente de Camaçari são revelados através Bahia (Ufba), Raquel da Silva Santana. Ela
do Palco da Cidade, um espaço criado apresentou a canção “Faz um milagre em
pelo Núcleo de Produção do Teatro mim” e diz ter gostado muito de participar
Cidade do Saber. do evento. Raquel
da Silva
Com uma programação bastante “Achei as apresentações muito variadas, Santana
diversificada, o palco promove pequenos contemplando diversas modalidades
concursos, mobilizando a população de expressão artística”, disse. Para ela, a
dos distritos da cidade, sobretudo iniciativa do Palco da Cidade é mais que
aqueles mais afastados do centro, que, bem vinda: “Existem muitos talentos
desta forma, ganham mais cultura e desconhecidos em nossa comunidade
entretenimento. e esta é uma oportunidade de mostrar
isso, já que há uma carência de espaços
As apresentações abrangem diversas artísticos de um modo geral”, opina.
linguagens artísticas: música, dança,
teatro, literatura, poesia, arte circense, Outros finalistas em Monte Gordo
entre outras. Os candidatos participam de foram Alessandro Ferreira de Oliveira,
seletivas nas localidades da orla, sendo que encantou a plateia com sua
que as finais acontecem no Teatro da imitação de pássaros, e André Luiz da
Cidade do Saber. Silva, Tony Novais, Welington Rios, Adão
Gomes, Luiz Carlos, Yago Freire e Cleber
Uma das finalistas em Monte Gordo foi Rios, autores e intérpretes da banda
a estudante da Faculdade de Jornalismo “Ecofrase”.
22
Alessandro
Ferreira de
Oliveira
Plateia
prestigiando
o projeto
23
e s p e c i a l
monte
Ação
gordo Governamental
24
Saúde e
educação
estão entre as
principais ações
da Prefeitura
26
Afonso
Ligori
O QUE É XAXIM?
27
e s p e c i a l
monte
Sabor
gordo da Terra
Divino fruto
O coco é o principal ingrediente da A venda das cocadas está entre as atividades
culinária local, já que tem vasta produção que ajudam a complementar a renda das
em Monte Gordo. Do fruto são feitas as famílias de Monte Gordo. Nos finais de
suculentas cocadas ou queijadas, como semana, as codadeiras comercializam as
também são conhecidas, que podem ser iguarias nas praias da região.
encontradas ao longo de suas principais
ruas, sendo muito apreciadas pelos Também do coco é possível fazer as
frequentadores do lugar. bolachinhas de goma ou ainda incrementar o
beiju de tapioca. Para quem preferir a forma
A partir do chamado “divino fruto” é in natura, uma outra opção é saborear a água
possível variar a produção, que contempla de coco e comer o próprio fruto.
a cocada branca, a cocada de sabores
(abacaxi, goiaba, maracujá, abóbora, Conheça na página ao lado uma receita
cenoura, beterraba, jambo), cocada de simples, que tem o coco como ingrediente
coco queimado, cocada-puxa e cocada de principal. Bom apetite!
amendoim.
28
Cocada Mulata
Ingredientes: Modo de preparo:
29
e s p e c i a l
monte
Gente
gordo que Faz
Aquicultores
participam da
cooperativa
30
Cocadeiras da
Coopermonte
Contatos:
Coopermonte:
(71) 8207-4809
E-mail: cooper-
monte@gmail.
com
31
e s p e c i a l
Lá vem
monte
gordo História
A trajetória de São
Bento de Monte Gordo
Mais de 40 quilômetros de belas praias, dunas, lagoas, ano foi marcado, ainda, pela expulsão dos jesuítas.
rios e coqueirais, sede de um dos mais importantes pólos
industriais do país e berço de tradicionais manifestações A cidade chegou a se chamar Montenegro, por influência
culturais. Sem dúvida, Camaçari pode ser traduzido por política de um dos herdeiros de suas terras. Em 1938, passou
sua diversidade. Uma característica que se mostra desde definitivamente a ser denominada Camaçari. Na origem,
a criação do município, que teve diversos nomes. Um dos Camassary é uma espécie da Mata Atlântica e o nome
seus maiores patrimônios, no entanto, é sua gente simples e significa “árvore que chora”, por verter uma seiva em suas
hospitaleira, distribuída entre a orla e a sede. folhas, como se fossem lágrimas.
A cidade foi fundada em 1558 pelos jesuítas, como É forte a presença das culturas negra e indígena em
centro de catequese dos índios Tupinambás. Inicialmente Camaçari. A marca dessas culturas é vista no artesanato,
chamava-se Aldeia do Espírito Santo, localizada nas na comida e na religião, sobretudo em localidades
margens do Rio Joanes. remanescentes de quilombos.
A data oficial de fundação é 28 de setembro de 1758, A economia de Camaçari era baseada na pecuária e na
quando, por decreto do Marquês de Pombal, foi elevada à agricultura de subsistência até o final dos anos 60. No
condição de vila, sendo chamada de Vila de Abrantes. Aquele entanto, uma mudança significativa acontece na década
32
Para saber mais sobre a
história de Camaçari, consulte
Camaçari, Sua História, Sua
Gente, de Sandra Parente; e
Abrantes, Berço da Civilização
Brasileira, de Eduardo
Cavalcanti.
de 70: o início da implantação do maior complexo industrial uma resolução a pedido dos moradores do distrito, que,
integrado do Hemisfério Sul. Desde então, não só Camaçari, até então, era denominado “Capela de São Bento de
mas a Bahia passa a ter um novo perfil econômico, quando a Montegordo”. A partir daí, a localidade passou a ser uma
indústria assume a ponta como setor mais importante. freguesia.
O histórico de ocupação humana do distrito de Monte
Camaçari, área de antiga fazenda do mesmo nome, Gordo data da época da colonização brasileira, cujas
era um pequeno arraial, depois contou a seu favor vilas e arruamentos rurais, ao longo da costa, serviram
com maior investimento físico e humano, estação de originalmente como pontos de parada, passagem
atendimento, bomba para abastecer as máquinas, do gado ou conexões de caminhos onde surgiram
residências de ferroviários e, posteriormente, com a sua vendas e quitandas, pontos para trocas de mercadorias
escolha para estação de veraneio por pessoas da elite e abastecimento. Assim, foram surgindo as vilas
local, capitaneadas pela família Costa Pinto – cujo chefe onde as atividades eram exclusivamente a pesca e a
era líder da indústria açucareira. agricultura de subsistência. A localidade de Guarajuba,
originalmente uma vila, foi onde se deu o primeiro
Monte Gordo assentamento dos pescadores de Monte Gordo.
Partindo-se dos dados e documentos raros, nota-se que a Posteriormente, com a expansão da agricultura de
vila de Monte Gordo foi fundada em 1815. A Freguesia subsistência, a população foi se interiorizando.
de São Bento de Monte Gordo foi criada através de Fonte: Documento ATECPLAM, 1985.
33
e s p e c i a l
Dicas
Culturais
monte
gordo
34
No sábado pela manhã é realizada uma e começou a se converter gradualmente,
grande roda de samba na beira da Praia dedicando-se a dar esmolas e oferecer
do Porto, em Guarajuba. No dia seguinte, suas roupas aos pobres.
domingo, ocorre a missa em homenagem
ao santo. Segunda-feira é dia da procissão São Francisco abriu mão de sua fortuna
marítima, com dez embarcações. Depois e passou a viver na pobreza. Iniciou
de uma hora em alto mar, a imagem a “Ordem dos Frades Menores”, mais
de São Francisco de Assis é levada, em conhecida como Ordem Franciscana.
procissão terrestre, de volta à capela. Criou uma regra na qual seu principal
À noite, o Baile dos Coroas, em Monte fundamento são a pobreza e a humildade.
Gordo, encerra a festa. A Ordem Franciscana cresceu com o Concentração
passar dos anos, tendo quase cinco mil em frente à Capela
35
Painel
e s p e c i a l
monte
gordo
Criativo
Ponto Móvel
Um caminhão-baú totalmente adaptado e capaz de artes plásticas (pintura em tecido), criação literária e Inauguração
transformar o dia-a-dia das comunidades, levando arte, musicalização, sempre às terças-feiras. Ponto Móvel:
esporte, educação e entretenimento. É a partir desse Oficina de
instrumento que os moradores de locais distantes da Para a coordenadora do Ponto Móvel, Jucilene Santos, pintura
sede de Camaçari participam das ações de inclusão apesar da distância dos povoados, a participação foi
social da Cidade do Saber, através do Ponto Móvel. excelente em Monte Gordo. “Alguns alunos andavam
quilômetros para não perder as atividades, que foram
A cada três meses, a estrutura itinerante muda de concentradas na praça em frente à associação de
endereço para garantir a pulverização das atividades. A moradores”. O mais gratificante para Jucilene é ver o
estrutura do caminhão dispõe de acervo bibliográfico, resultado alcançado. “Muitas comunidades se sentiam
computadores com acesso à internet, TV LCD, DVD e uma esquecidas e nós pudemos ver como os moradores
brinquedoteca. Há, também, um palco na parte externa elevam a autoestima após o projeto”, completa.
para a realização de atividades como o Palco da Cidade.
E, para não deixar os alunos com gostinho de quero
Os primeiros lugares visitados pelo Ponto Móvel, entre mais, o projeto vai fazer novas visitas às localidades
julho e outubro de 2009, foram Monte Gordo, Barra do fora da sede de Camaçari, já que cultura, arte e
Jacuípe, Barra do Pojuca e Areias, com um total de 1.213 esporte precisam fazer parte do dia-a-dia do processo
alunos matriculados. de construção da cidadania.
Em Monte Gordo foram realizadas oficinas de futebol, Monte Gordo, até a próxima visita!
36
Alunos de
musicalização
no teatro
Mostra dos
alunos da oficina
de pintura em
tecido
37
e s p e c i a l
Expediente
monte
gordo Lazer
Cidade do Saber
Diretora geral: Ana Lúcia Silveira
Diretor de infraestrutura: Utilan Coroa
Diretor do saber: Arnoldo Valente
Ligue os pontos Diretora do teatro: Osvalda Moura
Realização
AG Editora
Diretora executiva: Ana Lúcia Martins
Executiva de projetos: Júlia Spínola
Textos: Luciana Amorim
Edição: Ana Cristina Barreto
Fotos: Paulo Macedo
Revisão: José Egídio
Endereço: Rua Coronel Almerindo Rehem, 82, sala 1207.
Ed. Bahia Executive Center, Caminho das Árvores.
CEP: 41.820-768 - Salvador-BA
Tel: (71) 3014-4999
Agradecimentos:
ASCOM - Prefeitura Municipal de Camaçari
Fotos: Carol Garcia, Agnaldo Silva e Nelinho Oliveira
Dicas: Ligue os pontinhos nas cores preta e cinza com lápis preto, os pontos
na cor laranja com lápis laranja e os pontos amarelos com lápis amarelo.
38
e s p e c i a l
Monte
Gordo
Executor do Projeto