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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

A FORMAÇÃO DO POVO SERGIPANO

CAROLINA SANTOS VIEIRA


FERNANDA JACOMO VIANA
FLÁVIA ALVES LUDUVICE
RODRIGO DE CARVALHO FARIAS
THAIS LUÍZA MOURA SILVA

ARACAJU-SE
2007
UNIVERSIDADE TIRADENTES

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

A FORMAÇÃO DO POVO SERGIPANO

Trabalho apresentado à professora Jeusinete


Paula da disciplina História Política e
Econômica de Sergipe do sexto período do
curso de Ciências Biológicas da Universidade
Tiradentes como requisito para a obtenção da
nota parcial da segunda unidade.

CAROLINA SANTOS VIEIRA


FERNANDA JACOMO VIANA
FLÁVIA ALVES LUDUVICE
RODRIGO DE CARVALHO FARIAS
THAIS LUÍZA MOURA SILVA

ARACAJU-SE
2007
RESUMO

O texto de José Silvério Leite Fontes referente à formação do povo sergipano teve
como objetivo caracterizar os elementos diferenciadores característicos do povo sergipano,
refletindo sobre a formação histórico-sociológica desse povo e servir como fundamento para
outros estudos, e em última análise, pretendeu incentivar a cultura sergipana. Para alcançar
esses objetivos, Silvério baseou-se no método de revisão bibliográfica.
Silvério, através das afirmações de Prado Sampaio de que o grupo regional tem as
mesmas características do nacional, porém guarda elementos diferenciadores, concluiu que
hoje está em formações um grupo regional mais amplo, o nordestino, cujas linhas originais ele
encontrou em Aspectos Geo-históricos do Nordeste e na obra de Delos, A Nação.
Cristóvão de Barros e seus homens, em 1590, fundaram a cidade de São Cristóvão,
dando início à colonização de Sergipe. Por determinação da Coroa e devido aos interesses
predatórios dos baianos, Cristóvão dizimou grande parte do povo indígena e o que restou,
escravizou. Em seguida, dividiu o território em sesmarias e fundou a câmara de S. Cristóvão,
cuja jurisdição se estendia por toda a capitania. No final do século XVII, apesar da câmara de
S. Cristóvão continuar mantendo sua hegemonia, foram fundadas novas câmaras. Porém, no
século XIX, essa hegemonia passou para Aracaju, grande centro da vida sergipana.
Com relação ao relevo, Silvério o descreve da seguinte forma: superfície de baixa
altitude, mais acentuada a oeste, onde se pode encontrar serras; uma grande área de colinas
que se estende até próximo ao litoral; tabuleiros ao nordeste e sudeste; e uma faixa litorânea
ao nível do mar. Quanto à vegetação, comenta sobre a presença de muitos mangues, de
grandes matas a oeste e caatinga no extremo oeste. Sobre a hidrografia, relata a existência de
cinco rios de grande porte, são eles: São Francisco, Japaratuba, Sergipe-Cotinguiba, Vasa
Barris e o Real-Piauí, além de rios de pequeno porte por todo o território. Dessa forma,
observa-se grande descontinuidade entre a feição geográfica de Sergipe e do norte baiano.
Ainda nesse ponto, afirma que os rios sergipanos não oferecem boas localizações para portos,
ficando dependente do porto de Salvador.
A chegada e permanência das famílias portuguesas colonizadoras no território
sergipano resultaram em complexas relações de parentesco, de afinidade e de solidariedade de
interesses. Essa complexidade de relações fomentou a criação de uma consciência
comunidade. Prova disso, são os documentos dos dois primeiros séculos da colonização que
apontam Sergipe como capitania predominantemente pastoril, onde somente as terras mais
baixas produziam mantimentos, ficando o surto açucareiro para a segunda metade do século
XVIII.
A guerra holandesa desestabilizou a sociedade sergipana, mas, ao mesmo tempo,
também fez surgir um sentimento maior de comunidade e solidariedade, tornando-se decidida
a defender o que entendia ser seus direitos. Sendo assim, houve grandes desavenças com a
câmara de Salvador, com o Governo-Geral e com os Capitães-Mores. De acordo com D.
Marco de Souza e Carvalho de Lima, o povo sergipano era formado por uma aristocracia
indisciplinada, violenta e ociosa de sua autonomia. Apesar de conflitos internos, entre
criadores de gado e plantadores em Itabaiana, segundo supõe Maria Thétis Nunes, o que unia a
todos eram as imposições do governo de Salvador ligadas aos interesses dos senhores de
açúcar e comerciantes baianos. É válido lembrar que os líderes sergipanos, Bento de Melo
Pereira, José de Barros Pimentel e Guilherme Nabuco, adotaram posições vacilantes ou
contrárias entre si, por motivos comerciais ou familiares. Por outro lado, os líderes do agreste
e do sertão, como Joaquim Martins Fontes e José Mateus Leite Sampaio, tomaram partido
decisivo em favor da independência de Sergipe. A consciência de construir uma comunidade
de vida distinta da baiana e a necessidade de autodirigir-se, fez com que a câmara de S.
Cristóvão pedisse ao Regente a designação de um Capitão-Mor. Porém, a ligação de alguns
senhores do açúcar sergipanos à Bahia através de interesses comerciais e creditícios ou de
parentesco com administradores de Salvador, resultou na não unanimidade sergipana no
posicionamento pela autonomia. Em 8 de julho de 1820, o Rei D. João VI finalmente declarou
Sergipe capitania independente da Bahia. Tendo com motivos as divergências existentes, o
primeiro governado de Sergipe, Carlos Cezar Bulamarqui, foi deposto por tropas oriundas da
Bahia, as quais contaram com colaboração do senhor de engenho, no sul da capitania,
Guilherme Nabuco, e os senhores da Cotinguiba, José de Barros Pimentel e Bento de Melo
Pereira. Diferente foi a atitude dos senhores do oeste, que se posicionaram decididamente pela
independência de Sergipe.
Em 1836, o presidente Fernandes de Barros instalava uma alfândega distinta da
existente em Salvador, mas a pesagem das caixas de açúcar continuou ser feita no porto de
Salvador. Somente quando Inácio Joaquim Barbosa passou a pesar o açúcar no porto de
Aracaju, este pode ser exportado diretamente para a Europa a partir do porto de Sergipe. Com
o transporte rodoviário, na segunda metade do século XIX, houve a liberação do comércio
sergipano do mercado consumidor baiano, pois ligou Sergipe diretamente a todo o nordeste,
ao Rio de Janeiro e a São Paulo.
Em 1855, houve a mudança da capital para Aracaju, a qual foi construída para ser
centro comercial e político, centralizou as vias de comunicação, criou um centro cultural e
assegurou a hegemonia urbana sobre o campo. Além de anular a tendência divergente do sul
do estado, assim como abriu horizontes ao aprofundamento da vida comum, sob o aspecto
econômico e cultural. Isso favoreceu a integração das classes sociais na consciência coletiva.
Desde de o começo do século XIX, deputados gerais e provinciais, órgãos
deliberativos provinciais mais de uma vez empenharam-se em obter do governo Imperial a
recomposição do território baiano. Até 1930, houve abundante literatura sobre o assunto, de
que participaram os nomes mais influentes da época, como Ivo do Prado, Felisberto Freire,
João Pereira Barreto, Gervásio Prata, Elias Montalvão, e outros.
Quanto às figuras individuais basta lembrar o poeta Tobias Barreto, o historiador
Felisberto Freire, o sociólogo Sílvio Romero, o pintor Horácio Hora, o apóstolo Jackson de
Figueiredo, o militar Augusto Maynard Gomes, o médico, Augusto César Leite, o advogado
Gumercindo Bessa, o político Fausto Cardoso, o bispo D. José e outros.
Principalmente devido a ausência de vida urbana significativa, a formação da
cultura superior sergipana foi bastante lenta, e somente estudavam o ensino superior da época
os filhos da sociedade senhorial, pois podiam arcar com os custos do ensino fora do estado.
Nesse sentido, as classes mais pobres procuravam bastante os cursos do exército, ficando a
marinha mais elitizada.
As faculdades que mais receberam estudantes sergipanos foram a de medicina da
Bahia e de direito de Recife, a qual cedeu espaço cada vez mais para a baiana. Somente na
década de 40 Sergipe começou a se libertar dessa dependência pois foi quando surgiram os
primeiros cursos superiores, e em 1967 houve a criação da Universidade Federal de Sergipe.
Sobre a cultura, pode-se dizer que entre 1870 e 1930 houve grande surto cultural,
como relatado no livro de Jackson de Silva Lima, História de Literatura Sergipana, nessa
época também foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e a Academia de
Letras Sergipana. Somente em 1970 a criação literária e artística retomou seu impulso.
Quanto aos aspectos econômicos, Sergipe passou a depender menos do petróleo,
do calcário, do potássio e do salgema, e houve incentivos na indústria de porte, algumas
estatais e outras privadas. Sergipe, com uma população de menos de dois milhões de
habitantes dentre os 130 milhões brasileiros, nunca represento grande parte da economia
nacional, sendo responsável por cerca de 0,65% do Produto Interno Bruto de 1987. Esses fatos
indicam a pequenez, a pobreza e a marginalidade do povo sergipano diante de todo o Brasil.
Sob esse ponto de vista, sempre aconteceram e acontecem muitas emigrações, principalmente
das pessoas que possuíam maior destaque, seja culturalmente, artisticamente ou
intelectualmente, pois, os nomes que ficam na memória coletiva são sempre os dos sergipanos
que se destacaram fora do estado. Isso ocorre, como na fala de Fernando Porto, devido ao
“muro”, isto é, a impossibilidade de crescer. Ainda dentro desse aspecto, sempre houve e
ainda há no povo sergipano a preocupação de ser importante no cenário nacional.
Com essa longa discussão, Silvério procurou incentivar o desenvolvimento das
potencialidades historicamente contidas no hoje sergipano, tornando Sergipe um centro de
poder e de cultura irradiante.

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