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Do riquíssimo instrumentário usado na música popular madeirense destacam-se sobretudo os cordofones de mão e muito
particularmente os de caixa em forma de oito, nomeadamente o Machete (também conhecido, entre outras designações,
por Braguinha), o Rajão, a Viola de arame e a Viola francesa (ou de seis cordas simples).
De todos estes instrumentos o Machete é provavelmente o mais popular e o seu uso encontra-se documentado desde a
primeira metade do século XIX.
Segundo o importante testemunho do inglês Robert White, que visitou a ilha da Madeira por volta de 1850, ficamos a
saber que: Os habitantes da Madeira gostam apaixonadamente de música. Os instrumentos mais cumummente usados são
o machete, a "guitarra espanhola" (viola françesa), a guitarra, ou a velha guitarra inglesa, com sies cordas duplas de
metal, e o violino (rebeca).
Machête (Braguinha)
O machete é característico da ilha; é uma pequena viola, com quatro cordas de
tripa que são afinadas em terceiras, com a excepção das duas mais graves, que têm
um intervalo de uma quarta. Este instrumento é usado pelos camponeses para
acompanhar a voz e a dança. A música vulgar consiste numa sucessão de simples
acordes; mas, nas mãos de um tocador dotado, o machete é capaz de muito mais
agradáveis harmonias, e o estrangeiro é algumas vezes agradavelmente
surpreendido a ouvir a música em moda nas nossas salas de baile tocadas com
considerável efeito num instrumento que parece tão insignificante. Um ou dois
camponeses podem frequentemente ser vistos no campo iludindo o cansaço da
jornada tocando nos seus instrumentos favoritos. (Robert White, Madeira its Climate
and Scenery, Edimburg, 1857, cap. VI, pp. 77-78).
Entre os tocadores madeirenses desta época, ressaltam os nomes de Cândido Drumond de Vasconcelos (fl. 1841-1883;
autor das composições do citado manuscrito) bem como Maria Paula Klingelhöfer Rego (fl. 1883). Já nos finais do século
XIX e inícios do seguinte vamos encontrar este instrumento muito divulgado nas mãos das senhoras da burguesia
madeirense tocando nos saraus de música, ao lado de outros instrumentos como o rajão, o bandolim, a viola francesa e
até o banjo (vide: Colecção Vicentes Photographos, Funchal).
Viola de Arame
Depois do Machete é provavelmente a Viola de arame o instrumento mais usado
para acompanhar as canções e as danças populares na Ilha da Madeira. Este
cordofone de mão é actualmente montado com cinco ordens de cordas duplas
(normalmente a prima é usada simples), se bem que em instrumentos mais antigos
o seu cravelhal apresente 12 cravelhas dorsais, o que obrigava a armá-la com as
mesmas cinco ordens de cordas mas as duas ordens mais graves terão de ser
triplas.
Instrumentos deste tipo conhecem-se desde a segunda metade do século XVIII, não
só representados nos célebres presépios do Mestre Machado de Castro, bem como
em alguns instrumentos que chegaram até nós em estado original (Lisboa, Museu
Nacional Etnologia; Oxford, Ashmoleam Museum) e no único método que
conhecemos da autoria de Manoel da Paixão Ribeiro, Nova Arte de Viola, Coimbra,
1789. Neste tratado, o seu autor indica que "Tambem se póde encordoar a viola
Viola de Arame