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Escola Básica 2.

3 Pêro de Alenquer

Avaliação escrita de Língua Portuguesa - 7º Ano - Outubro de 2005

Nome: ……………………………………………… Nº ………… Turma: ……………

Lê, atentamente, o conto tradicional que se segue:

O CEGO E O MEALHEIRO

Era uma vez um cego que tinha ajuntado no peditório uma boa quantia de moedas. Para
que ninguém lhas roubasse, tinha-as metido dentro de uma panela, que guardava enterrada no
quintal, debaixo de uma figueira. Ele lá sabia o lugar, e quando ajuntava outra boa maquia,
desenterrava a panela, contava tudo e tornava a esconder o seu tesouro. Um vizinho espreitou-
o, viu onde é que ele enterrava a panela, e foi lá e roubou tudo. Quando o cego deu pela falta,
ficou muito calado, mas começou a dar voltas ao miolo para ver se arranjava estrangeirinha
para tornar a apanhar o seu dinheiro. Pôs-se a considerar quem seria o ladrão, e achou lá para
si que era por força um vizinho. Tratou de vir à fala, e disse-lhe:
- Olhe, meu amigo, quero-lhe dizer uma coisa muito em particular, que ninguém nos
oiça.
- Então que é, Senhor Vizinho?
- Eu ando doente, e isto há viver e morrer; por isso quero-lhe dar parte que tenho
algumas moedas enterradas no quintal, dentro de uma panela, mesmo debaixo da figueira. Já
se sabe, como não tenho parentes, há-de ficar tudo para vossemecê, que sempre tem sido um
bom vizinho e me tem tratado bem. Ainda tinha aí num buraco mais umas peças, e quero
guardar tudo junto, para o que der e vier.
O vizinho ouviu tudo aquilo, e agradeceu-lhe muito a sua intenção, e naquela noite tratou
logo de ir enterrar outra vez a panela de dinheiro debaixo da figueira, para ver se apanhava o
resto das peças ao cego. Quando bem o entendeu, o cego foi ao sítio, encontrou a panela e
trouxe-a para casa, e então é que se pôs a fazer uma grande caramunha ao vizinho, dizendo:
- Roubaram-me tudo! Roubaram-me tudo, Senhor Vizinho.
E daí em diante guardou o seu dinheiro onde ninguém, por mais pintado, dava com ele.

In Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português


II

Após uma leitura cuidada do texto responde, de forma completa, às questões que se seguem.

1. Retira do texto palavras pertencentes ao nível de língua popular com o mesmo sentido dos
seguintes vocábulos ou expressões:
a) quantidade b) moedas c) para si d) maneira e) choradeira f) cabeça

2. O conto O Cego e o Mealheiro fala-nos de um cego preocupado com a segurança do dinheiro


poupado.
2.1. Que solução encontrou ele para pôr o seu dinheiro a salvo?
2.2. Visto que essa solução não resultou, qual foi a atitude do cego para reaver o seu dinheiro?
2.2.1. Concordas com a sua atitude? Justifica a tua resposta.

3. Indica as personagens do conto.


3.1. Caracteriza-as tendo em conta as suas acções e as suas atitudes.

4. Como sabes, o conto popular, em geral, apresenta características específicas.


4.1. Indica três delas.
4.2. Diz de que forma estas características estão presentes no conto “O Cego e o Mealheiro”.
5. Neste conto encontramos alguns termos e expressões populares. Explica, por palavras tuas, o
sentido da seguinte passagem:
5.1. “... onde ninguém, por mais pintado, dava com ele...”

6. De entre os provérbios apresentados, escolhe o que mais se adequa a este conto popular
português. Não te esqueças de justificar a tua opção.

a) Grão a grão enche a galinha o papo.


b) Quem tem boca vai a Roma.
c) Para malandro, malandro e meio.

III

1. Pontua, correctamente, e transcreve o seguinte excerto:

No dia seguinte quando o rico deu pela falta do porco correu a casa do compadre pobre e muito
aflito contou-lhe o acontecido este fazendo-se desentendido dizia-lhe assim compadre bravo muito
bem muito bem
In Contos Populares Portugueses, Adolfo Coelho, Ulmeiro
2. Lê atentamente os parágrafos seguintes e ordena-os de forma a construíres um texto com
sentido.

1 O rico cada vez teimava mais ser certo terem-lhe roubado o porco e o pobre cada vez se
ria mais, até que aquele saiu desesperado, porque o não entendiam.

…… O marido, que entendeu, respondeu-lhe:

…… Ela, apenas isto ouviu, desatou logo o cabelo, atou com a fita a boca do odre e fugiu com
ele para casa. Desta maneira tiveram porco e vinho sem lhes custar nada, e enganaram o
avarento do compadre.

…… - Ah, grande atrevida! … Que eu se lá vou abaixo, com a fita do cabelo te hei-de afogar!

…… - Olha, mulher, desta maneira também havemos de arranjar vinho. Tu hás-de ir a correr e
a chorar para casa do compadre, fingindo que eu te quero bater; levas um odre debaixo do fato
e, quando sentires a minha voz, foges para a adega do compadre e, enquanto eu estou falando
com ele, enches o odre de vinho e foges pela outra porta para casa.

…… O que roubou o porco ficou muito contente e disse à mulher:

…… - Ah! Goela de odre sem nagalho!

…… A mulher, fingindo-se muito aflita, correu para casa do compadre, pedindo que lhe
acudisse, porque o marido a queria matar. Nisto ouviu a voz do marido e correu para a adega do
compadre e, enquanto este diligenciava apaziguar-lhe a ira, enchia ela o odre. Tinha-lhe
esquecido, porém, um cordão para o atar, mas tendo uma ideia gritou para o marido:

In Contos Populares Portugueses, Adolfo Coelho, Ulmeiro

3. Menciona o processo de formação das palavras “estrangeirinha”, “enterrar”, beija-flor e


pernalta.

4. A partir da palavra “casa” forma uma família de seis palavras.

IV

1. Em aproximadamente 10 linhas, imagina e redige um outro final para este texto.


Bom trabalho!

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