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SEBRAE-MG
Agosto a dezembro de 2008
FICHA TÉCNICA
2010 Sebrae-MG
Nenhuma parte ou o todo desta publicação poderá ser reproduzido – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia,
gravação, etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados sem prévia autorização, por escrito, do Sebrae-MG.
Sebrae-MG
ROBERTO SIMÕES
Presidente do Conselho Deliberativo
AFONSO MARIA ROCHA
Diretor Superintendente
LUIZ MÁRCIO HADDAD PEREIRA SANTOS
Diretor Técnico
MATHEUS COTTA DE CARVALHO
Diretor de Operações
Microrregião de Diamantina
LUCIANA TEIXEIRA SILVA
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM 1.Gastronomia – Vale do Jequitinhonha-MG I. Pinho, Maria Sonia
VIVIANE CRISTINA DE PAULA Madureira II .Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais.
Monitoria IV. Fundação de Arte de Ouro Preto – FAOP. V. Universidade Federal dos Vales
do Jequitinhonha e Mucuri.
PERFIL PUBLICIDADE
Projeto Gráfico
CDU: 641
TURISMO DE SABOR E TRADIÇÃO
A vida das pacatas localidades rurais de Minas Gerais, com paisagens pitorescas,
costumes e artes seculares, linguajar típico e o sabor inesquecível de alimentos
saudáveis, inspirou uma nova parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas – SEBRAE-MG e do Governo do Estado para estimular o
resgate da cidadania e o desenvolvimento econômico e social de comunidades
das diversas regiões mineiras. O programa Turismo Solidário criou roteiros para
despertar a imaginação e os sonhos dos visitantes, que viram protagonistas do
processo de valorização da sabedoria popular, das tradições, da arte e da cultura,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da gente simples do interior.
Roberto Simões
Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG
VIAGEM ÀS ORIGENS DE MINAS
O programa Turismo Solidário, uma iniciativa do Governo de Minas Gerais, foi elabo-
rado pela Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas – Sedvan em parceria com SEBRAE-MG
para realizar a ordenação turística de localidades atendidas pelo Estado nas três regiões,
fazendo do turismo instrumento de promoção do crescimento sustentável dessas
comunidades.
Os distritos de Mendanha (em Diamantina), Alecrim e Bonfim (em São Gonçalo do Rio
Preto) e Capivari (no Serro) já desenvolveram as atividades de organização dos recep-
tivos familiares e são os primeiros a ter suas receitas culinárias tradicionais registra-
das no catálogo Ambiente Gastronômico no Vale. Trata-se de mais uma contribuição
para divulgar e consolidar as ações do inovador programa, que desperta no turista
o interesse de participar do processo de transformação social e econômica regional,
estimulando a cidadania e a inclusão social.
A Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais sente-se honrada em dar conti-
nuidade a mais um trabalho de resgate do patrimônio do Estado, executado pela
Fundação de Arte de Ouro Preto – FAOP. A iniciativa confirma o importante papel
da entidade na recuperação e salvaguarda da cultura popular mineira.
Paulo Brant
Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais
O PROGRAMA TURISMO SOLIDÁRIO
O programa Turismo Solidário foi criado para possibilitar a inclusão social de popu-
lações carentes a partir da dinamização da economia de municípios que integram
a área de atuação do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas
Gerais – Idene, órgão vinculado à Secretaria de Estado Extraordinária para o Desen-
volvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas – Sedvan.
Elbe Brandão
Secretária de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do
Norte de Minas – Sedvan
RECEITAS DE ARTE E CULINÁRIA
A Fundação de Arte de Ouro Preto – FAOP, órgão vinculado à Secretaria de Estado de
Cultura de Minas Gerais, consolida-se como instituição de referência na preservação do
patrimônio mineiro, confirmando sua vocação de valorizar a multiplicidade cultural, com
ações de reconhecimento, resgate e preservação dos saberes e fazeres dos lugares que
tornam tão ricas, generosas e atraentes as terras e as tradições mineiras.
O projeto reabilita uma epifania de sabores, guiado pela tradição oral e por personagens
característicos da cultura do Estado. Do processo de investigação em Diamantina, São
Gonçalo do Rio Preto e Serro, participam quatro distritos do Jequitinhonha - Alecrim, Bon-
fim, Capivari e Mendanha –, tendo as comunidades locais como participantes ativas, fios
condutores da pesquisa e grandes responsáveis pelos resultados alcançados.
A receptividade das famílias resultou num levantamento valioso de dados sobre a tradi-
ção da mesa, os atributos do alimento e as funções do ambiente da refeição, permitindo
a elaboração dos cadernos de receitas regionais.
Ana Pacheco
Presidente da Fundação de Arte de Ouro Preto – FAOP
TURISMO COM ORIGINALIDADE E EMOÇÃO
Buscando consolidar e evidenciar os destinos turísticos que fazem parte do Programa
Turismo Solidário, este trabalho busca resgatar aspectos importantes das tradições
e costumes associados à gastronomia, presentes nas localidades de Mendanha, Ale-
crim, Bonfim e Capivari, no Vale do Jequitinhonha.
A culinária faz parte da riqueza cultural e histórica de Minas Gerais. Em 1817, viajando
pelo Brasil, o francês Auguste de Saint-Hilaire observou a recepção hospitaleira e a
mesa farta dos mineiros. Ele escreveu importantes livros sobre costumes e paisagens
do país. Em um deles, destaca que o mineiro come bem e come certo, pois tem o
hábito de “produzir” a cesta básica em sua própria casa. Cria porco e frango, cultiva
verduras, legumes e milho, faz o pão e o queijo e preserva a informação culinária de
mãe para filha. Tradições que transformaram a gastronomia em atrativo turístico.
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A alquimia dos encontros transformou intenção em ação. Munidas de seus cader-
nos, as mulheres tornaram-se as protagonistas do resgate da sua cultura, de suas
tradições, dos seus rituais, escrevendo a própria história por meio das receitas de
suas famílias e do seu território. Na riqueza do convívio, em conversas e trocas,
revelaram-se os hábitos do cultivar, do colher e as diferentes maneiras de criar e
recriar o alimento.
As experiências do campo trouxeram respostas inusitadas. Na observação dos
usos e costumes, a revelação da expressiva mobilidade das ervas e “matos”. A hor-
ta que se apresenta como elementar no cotidiano, do cultivo aos cuidados de
preservação das ervas nativas, em seu ciclo de vida possui funções diferenciadas
que se interconectam, dependendo da missão: podem servir para benzer ou para
temperar.
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HISTÓRIA DE BONFIM
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AMBIENTE
Cotidiano
Café da manhã
Horário: depende dos maridos e filhos, mas não varia muito – entre 5h e 5h30.
Refeição: bolos de fubá e farinha de trigo (às vezes, acrescentam cenoura, abóbora e
outras misturas), biscoito de goma com sal e café preto com açúcar ou chá. Também
pode ser servido um mexido, aproveitando as sobras das refeições do dia anterior.
Almoço
Horário: entre 10h e 11h.
Refeição: couve com torresmo, angu, abóbora, chuchu, macarrão. Às vezes, tem tro-
peiro.
Lanche da tarde
Horário: entre 13h e 14h.
Refeição: inhame, mandioca, cuscuz, angu doce e sucos de espinafre, de flor de cha-
péu-de-couro, de abacate ou de couve, todos à base de laranja ou limão.
Frutas da comunidade
Acerola, caju, abacaxi (nas redondezas), manga, jabuticaba, amora, uva e ameixas ver-
melha e amarela.
Doces de frutas
Laranja-da-terra, mamão, goiaba (pastoso), toranja (semelhante à cidra) e limão.
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RECEITAS SALGADAS
Carne
Por Matilde Serafim Santos
Modo de fazer:
primeiro, recorte o lombo. Depois chuche toda a carne e ponha os temperos:
sal e alho, folhas verdes de todo tipo, alfavaquinha, louro, pimenta e um pouco
de cachaça com cebola e salsa. Deixe de molho até o dia seguinte. Coloque
para cozinhar numa vasilha aberta, até apertar na gordura.
“Desculpe a simplicidade.”
Carne inteira
Por Matilde Serafim Santos
Modo de fazer:
tempere o lombo com toucinho, alfavaca, quitoco, cebolinha e salsa.
Deixe descansar de um dia para o outro. Ponha para assar ou cozinhar,
até corar bem.
Dicas: quando a carne é de boi, use água; se for de porco, só suando ela cozinha.
Frango assado
Por Maria Alda
Modo de fazer:
mate o frango, tire as penas e limpe. Abra por baixo (faça uma cruz), retire as
tripas, o bico e a goela, para dobrar o pescoço. Lave com água temperada com
sal, alho, alfavaquinha e outras ervas a gosto, até endurecer. Ponha para assar
no forno ou faça na panela. Use o fígado e o sangue para fazer a farofa.
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Frango assado na lata de cerveja
Por Maria Alda Moreira
Modo de fazer:
limpar o frango pelo oveiro, perfurar toda a carcaça e temperar por dentro,
deixando na vinha d’alho, em um saco de plástico, de um dia para o outro, a
fim de que a cerveja da lata penetre na carne. No dia seguinte, jogue a lata de
cerveja fora, ponha o frango num tabuleiro com batatas ao redor e asse no
forno até dourar.
Prasta
Por Vivência Vieira dos Santos, relatada por Kátia, sua neta
Modo de fazer:
bata o ovo e coloque leite ou água, açúcar e farinha de trigo com fermento.
Abra a massa com as mãos úmidas de óleo no formato que quiser (rosa, cora-
ção etc.). Pode ser salgado ou doce. Se usar água, fica duro e tem que acres-
centar mais ovo.
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Muscela
Por Maria Helena Alves dos Santos
Modo de fazer:
tempere sangue de porco com salsa, quitoco, alfavaca, outras folhas verdes,
sal com alho, louro e pimenta-malagueta (pimenta-do-reino é muito quente).
Escolha tripas do intestino grosso, encha-as até o meio com o sangue tem-
perado e pequenos pedaços de toucinho sem pele e coloque na água para
ferver. Enquanto estiver fervendo, faça vários furos na tripa, com espinho de
laranja. Concluído o cozimento, guarde a muscela em uma vasilha tampada.
Quando quiser comer, corte e frite os pedaços.
“Eu gosto de pedaços, tem gente que prefere rodelas.”
Queijo mineiro
Por Kayto Georg dos Santos
Ingredientes:
10 litros de leite
1 colher de sopa de coalho
1 colher de sopa de sal grosso
Modo de fazer:
coloque o coalho no leite e deixe durante 30 minutos. Retire a massa já coa-
lhada e ponha na forma, em cima de um escorredor. Vá apertando até a massa
ficar enxuta. Na massa enformada, coloque meia colher de sopa de sal grosso
por cima, separando as pechas salgadas umas das outras. Deixe na forma por
24 horas. Caso queira o queijo mais curado, deixe no sol e no sereno.
Rendimento: um queijo
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Requeijão
Por Lenice Mariano Chaves Santos
Ingredientes:
15 litros de leite
1 colher de sopa de sal
2 copos de leite
vinagre
Modo de fazer:
deixe o leite azedar por dois dias em uma vasilha avinagrada. No terceiro dia,
retire toda a manteiga e ponha a massa para ferventar por seis minutos. Coe
em um saco de pano, deixando a massa limpa e bem seca. Em porções de cin-
co litros, volte com a massa ao fogo por cinco minutos. Coe novamente. Frite
a manteiga retirada da massa, até ficar dourada, mexendo sempre. Coloque
uma colher de sopa de sal fino. Cozinhe com mais dois copos de leite e amas-
se até soltar da panela. Ponha a massa numa forma e pode servir quente ou
esperar esfriar.
Rendimento: um requeijão
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RECEITAS DOCES
Dicas: se quiser, forre o fubá com lasquinhas de queijo curado. Caso misture fun-
cho, cozinhe a planta em banho-maria, pode ser também cozido na água de
banho-maria bem abafada.
Curau
Por Maria Helena Alves dos Santos
Modo de fazer:
apanhe espigas médias de milho verde, nem muito mole e nem muito dura.
Tire a palha, rale a espiga, lave e jogue a água fora, bem rápido para não sair
a goma. Lave com leite, para sair a goma, e passe numa peneira para obter o
mingau. Coloque uma pitada de sal, açúcar ou rapadura e canela em pó, se
gostar. Leve ao fogo, mexendo a panela sem parar, da direita para a esquerda
e vive-versa, para não esturrar (queimar o fundo). Para verificar o ponto, colo-
que um pouco do mingau num prato e, se não coalhar e nem tiver gosto de
milho cru, está cozido.
Dica: se usar três espigas novas (verdes), tem que misturar duas mais velhas para en-
durecer o mingau.
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Doce de laranja-da-terra
Por Maria Alda Moreira
Modo de fazer:
tire o sumo das laranjas, descascando as frutas com cascas bem fininhas. Corte
em cruz, remova os bagaços e ponha as laranjas de molho por oito dias, tro-
cando a água diariamente. Depois, ferva as frutas, deixe esfriar e lave em água
fria. Faça uma calda bem grossa de rapadura ou açúcar queimado, com canela
e cravo, se gostar. Quando a calda estiver em ponto de espelho, misture as
laranjas e deixe esfriar para servir o doce.
Mingau de fubá
Por Maria Helena Alves dos Santos
Modo de fazer:
desmanche o fubá com leite, misture um pouco de sal, açúcar ou rapadura e
queijo ralado ou em pedaços, ponha tudo na panela e mexa até engrossar e
cozinhar.
Dicas: pode misturar também um pouco de manteiga. Ou ainda fazer uma espécie de
gemada, batendo a gema com garfo para colocar no mingau. Se usar ovo, não
ponha manteiga.
Pamonha
Por Maria Flor de Maio
Modo de fazer:
ralar o milho verde, temperar com sal e enrolar na própria palha. Cozinhar na
água só por alguns minutos. Servir quente.
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Sonho
Por Raimundo Nonato dos Santos
Modo de fazer:
misture fubá de moinho com leite ou água, açúcar, ovo, sal, canela e cravo mo-
ídos e erva-doce, numa vasilha. Enrole os bolinhos com as mãos passadas na
farinha de trigo e frite no óleo quente ou na gordura de porco. Use a escuma-
deira para tirar os bolinhos da panela e colocá-los em guardanapo de papel,
para puxar a gordura. Servir com café ou leite.
“Não é muito comum a gente fazer sonhos. Quando tem gente de fora, costu-
mamos fazer. Sonho parece um bolo de fubá, mas é frito.”
Rapadura simples
Por Raimundo Nonato dos Santos
Modo de fazer:
moa a cana-de-açúcar para obter a garapa. Ferva a garapa em um tacho de
cobre até engrossar (está no ponto se o caldo virar uma bala quando posto
em água fria). Acrescente cascas de mutamba socadas para tirar seu líquido
ou carrapicho. A mutamba limpa a garapa e é preciso passar a escumadeira
no tacho para tirar toda a espuma suja. Deixe o caldo engrossar por mais uma
hora. Está pronta a rapadura, para ser posta em formas e secar.
Rapadura temperada
Por Raimundo Nonato dos Santos
Modo de fazer:
quase o mesmo processo da rapadura simples, só muda na hora de botar nas
formas. Antes, ponha a rapadura na masseira, bata e misture canela,
erva-doce, sal, cravo, gergelim ou o tempero que preferir.
Tipos de rapadura: clara e morena, depende do terreno de plantio da cana. Em solo are-
noso, dá rapadura igual a açúcar (não fica maciça); em terreno de var-
gem, dá “rapadura de cerâmica”, que derrete com frio ou chuva.
“Aqui em Bonfim tem fábrica de rapadura. Eu acho rapadura melhor que doce.”
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QUITANDAS
Brevidade
Por Maria Alda Moreira
Ingredientes:
1kg de goma ou polvilho
1 dúzia de ovos
1 garrafa de água
1 colher de chá de sal
1 pitada de erva-doce
1 lata de óleo
Modo de fazer:
escalde a goma ou o polvilho com água fervente. Misture, deixe esfriar e amas-
se bem, acrescentando os ovos, o óleo e a erva-doce. Depois de bem amassa-
do, espalhe em forminhas untadas com óleo. Leve ao forno não muito quente.
Bolo de mandioca
Por Maria Balleina dos Santos
Ingredientes:
1kg de mandioca
12 gemas de ovos
½kg de manteiga
½kg de açúcar
Modo de fazer:
rale a mandioca, lave, torça em um pano e esfarele numa vasilha. Refogue e
misture bem no açúcar. Coloque os ovos e a manteiga e bata até ficar no pon-
to. Despeje numa forma untada com manteiga e asse em forno com tempera-
tura média. Quando o bolo ficar rosado, tire do forno, deixe esfriar e sirva.
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Pão caseiro
Por Isolina
Ingredientes:
3kg de farinha de trigo
3 colheres de fermento
3 colheres de açúcar
3 copos de água morna
Tempero:
½ dúzia de ovos
½kg de açúcar
1 colherinha de sal
250g de manteiga
½ lata de óleo
Modo de fazer:
misture todos os ingredientes, menos o fermento, e deixe crescer por 20 mi-
nutos. Despeje em uma vasilha e adicione um copo de água morna. Na vasilha
com o fermento, coloque um pouco de farinha de trigo para fazer uma espécie
de mingau. Misture todos os ingredientes do tempero, acrescente a farinha de
trigo e amasse. Ponha farinha de trigo nas mãos e na vasilha para que a mas-
sa fique solta. Faça uma bolinha e coloque num copo de água: se ela boiar, a
massa está pronta para assar. Para enrolar, corte a massa em pedaços e abra
com uma garrafa sobre uma tábua com farinha de trigo. Derreta a manteiga e
passe na massa aberta para ficar amarela. Não há tempo certo para assar, mas
não se descuide, pois o pão pode queimar.
Pão de ló
Por Maria Alda Moreira
Modo de fazer:
ponha quatro claras de ovos num prato e bata até ficar bem grosso. Misture
as gemas e continue batendo para engrossar. Adicione açúcar ou rapadura,
bicarbonato, uma pitada de sal e outra de canela em pó. Despeje a massa em
forma untada com óleo e leve ao forno brando.
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Biscoito de goma com rapadura
Por Maria Flor de Maio
Modo de fazer:
raspe meia rapadura em um quilo de goma e misture uma pitada de sal e uma
colherinha de canela em pó. Soque tudo no pilão e passe em peneira grossa.
Numa vasilha, coloque essa mistura, uma xícara de óleo, seis ovos e sal até
ficar no ponto de enrolar. Faça os biscoitos em forma de argola, ponha num
tabuleiro untado com óleo e asse em forno brando, por 10 minutos. Deixe es-
friar, não abafe e sirva os biscoitos.
Broa de fubá
Por Maria Flor de Maio
Modo de fazer:
ponha metade de uma rapadura em meio litro de água para derreter no fogo,
fazendo um melado. Deixe esfriar e adicione a clara em neve de seis ovos, meia
xícara de óleo, uma pitada de sal e meia colherinha de cravo em pó. Acrescente
um quilo de fubá, misture bem e leve ao forno quente, deixe por 30 minutos. Ao
tirar do forno, abafe a broa com um pano para a massa ficar fofa. Corte em fatias
para servir.
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SUCOS
Por Raimundo de Jesus e Kayto Georg dos Santos
Suco de abacaxi
Suco de amora
Suco de berduega
Suco de chapéu-de-couro
Suco de couve
Suco de folha de abacate
Suco de folha de laranja
Suco de laranja
Suco de limão
Suco de maracujá
Suco de picão
Modo de fazer:
sempre feitos com produtos das hortas e pomares de Bonfim, a receita básica
dos sucos é a seguinte: maior quantidade de fruta para um pouco de água; se
preferir, troque a água por leite.
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VINHO E VINAGRE
Vinagre de jabuticaba
Por Luzia
Modo de fazer:
amasse com as mãos as jabuticabas maduras numa vasilha (se quiser vinagre
branco, é preciso tirar as cascas). Tampe e deixe azedar por três ou quatro dias.
Escorra e coe com um pano, diretamente nos vidros. Acrescente algumas bo-
linhas de angu, que purificam o vinagre. Tampe com sabugo de milho.
Vinho de uva
Por Luzia
Modo de fazer:
apanhe uvas maduras e esprema numa vasilha com as mãos (se quiser vinho
branco, tem que tirar as cascas). Tampe e deixe azedar por três ou quatro dias.
Coe o caldo em um pano, diretamente nos vidros, adicionando água, cachaça
e açúcar. Tampe com sabugo de milho.
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OUTRAS RECEITAS
Azeite de mamona
Por Luzia
Modo de fazer:
seque sementes de mamona ao sol e torre numa panela. Soque no pilão e
jogue na água quente, mexendo até o azeite começar a aparecer. A borra vai
secando e o azeite sobe. Enquanto estiver borbulhando, ainda tem água e o
azeite não está pronto. Com uma colher, verifique o ponto do azeite, é quando
está na hora de engarrafar.
Recomendação de Maria Flor de Maio: “mexer sempre na mesma direção, com o mes-
mo pau (haste) de mamona”.
Sabão caseiro
Por Luzia
Ingredientes:
4 latas de sebo (medida - lata de óleo)
1kg de soda cáustica
4 latas de água (medida - lata de óleo)
Modo de fazer:
misturar os ingredientes com a água já quente, em uma bacia. Deixar esfriar e
cortar com uma faca, em pedaços quadrados.
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COLHEITA DE MEL
Depoimento de Antônio Silva
“Fiz cursos em Turmalina e Rio Preto. Faz-se a colheita com roupa própria, adequada.
Colhe-se o enxame no mato, captura e coloca na caixa. No mato, onde há cupim e
pau, dá para saber que tem abelha por causa da zoeira que fazem. Depois que o mel
é tirado das colmeias, a abelha não ataca. A gente leva o núcleo (caixa menor para
colocar abelhas), põe a tampa e fica um buraco de milímetros (uma fresta) para sair e
entrar. Elas mesmas vedam, com três ou quatro dias. Quando tem plantação de cana
por perto, o mel fica mais açucarado. Os colhedores caminham até 6km e a busca é à
noite. A gente arrancha durante o dia, num processo de adaptação, antes de buscar as
abelhas. À noite é melhor, porque elas não estão voando.
De 15 em 15 dias, é feita a revisão da caixa, pois a fabricação de mel não para. A gente
limpa, tira a cera e coloca 10 quadros na caixa. Na melgueira é a mesma proporção
(com a roupa). Enquanto o enxame não toma conta da caixa toda, não é posta a mel-
gueira (caixa por cima). Quando tiramos a melgueira do mato para fazer a apuração
do mel algumas abelhas acompanham, parece que na esperança de recuperar sua
produção. Cera violada pode ser usada para acelerar a produção das abelhas. Se en-
tram formigas ou água de chuva nas caixas ou ocorre algum imprevisto, o enxame
foge. Não se pode colher mel em dias chuvosos: ele azeda.”
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Própolis
Por Antônio Silva
“É originado na vedação da beirada da caixa do enxame de abelhas, dos fundos e dos
quadros. O própolis é a cera que as abelhas produzem para fechar a caixa. Recolhido
e pesado, mistura-se de 250g a 300g em cada um litro de álcool de cereais (tipo pró-
prio, não pode ser usado o álcool comum). Agite duas vezes ao dia, durante 20 dias,
deixe por mais 20 dias sem mexer. Passados os 40 dias, coar em um pano. Quanto
mais própolis, mais brando fica o paladar (menos amargo). O própolis é indicado para
o tratamento de males da garganta e gripes. Algumas pessoas usam em ferimentos,
mas não é aconselhável. Pessoas diabéticas não podem usar de jeito nenhum. É me-
lhor tomar com leite ou café.”
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HÁBITOS E COSTUMES
“Quando estão com muita pressa, fazem o macarrão com caldo refogado em água
temperada com salsa, cebolinha...”
“Se o local de serviço for perto, levam salada; mas, se já saem com a marmita de
manhã, não dá para levar salada.”
“Ninguém mais tem hábito de tomar café depois do almoço, antigamente tinham.”
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Benzedeiras e benzeções
“Os médicos não usam nada de benzer, tudo tem que ter remédio.”
(Raimundo de Jesus)
“A gente não cobra nada para benzer. Tem gente que fala que nós somos feiticeiras.”
(Maria Alda)
Cobreiro
Por Maria Alda Moreira
Indicada contra machucão, gripe e queimadura.
Quando o cobreiro é usado para queimadura, não se fala “passa azeite que cura”, mas
“passa santos óleos”.
Reza: caule de mamona, vai cortando, pergunta, o que sente? Cobreiro brabo, corta a
cabeça e corta a cabeça e corta o rabo e joga no lixo.
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Impigem
Por Maria Alda Moreira
“Ao levantar de manhã, em jejum, sem conversar com ninguém, pegue três ramos de
arruda, de vassourinha-doce ou outros ramos ou ervas da região.
Depois de benzer-se, pegue o primeiro ramo e circule no local da doença, rezando: em-
pinja raliugem que fizestes a que, assim como hoje eu não comi e nem bebi já fui em
pinque e já vim, você também não merece aqui. Amém. Repita as mesmas palavras
mais duas vezes, usando os outros ramos.”
Espinhela caída
Por Maria Alda Moreira
“Barquinha, barquinha de Santa Maria, Santa Maria Virgem que navega no mar e nos
ares, seis vezes seu desembarcar, assim como ela navega no mar e nos ares sem de-
sembarcar, assim como Jesus Cristo vestiu e revestiu para celebrar missa no altar e
assim como o anjo São Gabriel desceu do céu para te visitar, a minha arca e minha
espinhela vão chegar no lugar.”
Hemorragia
Por Maria Alda Moreira
“Reze o credo até chegar à expressão ‘está sentado’, que deve ser trocada por ‘está
parado’. Quando estancar o sangue, complete a oração.”
Hemorragia
Por Luíza Ferreira Barbosa
“Sangue para na veia
Como Jesus parou na ceia.
Sangue fica em ti
Como Jesus ficou em si.
Sangue fica no horto
Como Jesus ficou morto.”
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Erisipela
Por Maria Alda Moreira
“Zipe, zipela que deu no tutano. Zipe, zipela que deu no osso. Zipe, zipela que deu na
carne. Zipe, zipela que deu no sangue. Zipe, zipela que deu na pele, vai para a onda
do mar, para a pedra central para nunca mais voltar.
Reze uma oração ao santo de devoção do doente. Benza com um ramo na água, for-
mando uma cruz.
Faz-se a benzenção quando há dor. Quando o local fica preto, a dor está no tutano e
pode passar para o osso, a carne, o sangue e a pele”, explica Maria Alda Moreira.
Mãe do corpo
Por Maria Alda Moreira
“Mãe do corpo é um deslocamento pós-parto.
Faça uma cruz no local da dor, dizendo estas palavras: Pai, Filho, Espírito Santo, com
três missas de Natal, mal de dez, procura seu lugar.
Emplastro
Por Maria Alda Moreira
“Três de resguardo, banhava a mulher com os adjuntos (junta de horta), porque, com
o exercício do corpo (a força para ter o bebê), saía tudo do lugar. Então juntava os
adjuntos com azeite em pano e enrolava na barriga.”
Quebranto
Por Maria Alda Moreira
“Fale o nome da pessoa e reze: eu vou te benzer em nome do Pai, do Filho e do Espí-
rito Santo. Se for quebranto, ventre-virado, mau-olhado, inveja, ódio será curado com
o poder da Santíssima Trindade, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém.”
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Quebranto
Por Luíza Ferreira Barbosa
“Para benzer quebranto, fale o nome da criança e diga: eu te benzo de quebranto e
mau-olhado, que em ti foram colocados. Esteja retirado em nome de Deus Pai, Deus
Filho e Espírito Santo. Amém, Amém, Amém.”
Ventre-virado e quebranto
Por Maria Alda Moreira
“Deite a pessoa de bruços, no colo. Vá juntando a palma da mão direita, passando
por cima do braço e levando até o meio da coluna; agora, o pé esquerdo, levando
até o meio da coluna; depois, a mão esquerda com o pé direito, cruzando no meio
da coluna; a seguir, junte de um lado e outro da barriga, levando até o meio da co-
luna. Junte a testa com uma das mãos, das nádegas à coluna, mantendo a pessoa
de bruços. Agora, junte os pés com os dedos, com as juntas bem unidas, levando ao
alto, para fazer três cruzes e dar três palmadinhas nas solas dos pés.
Ponha uma das mãos sobre a coluna e a outra a jumbá os pés, dobrando os joelhos
até as nádegas da pessoa para dar três balanço.
Sente a pessoa no colo, cruzando os braços, o direito por cima do esquerdo, puxan-
do com as mãos e dando três balanços. Finalmente, volte a juntar os pés, para veri-
ficar se uma perna não está maior que a outra. Se estiverem do mesmo tamanho, a
pessoa não está com o ventre-virado.”
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Ventre-virado, quebranto e mau-olhado
Por Maria Alda Moreira
“Para benzer ventre-virado, quebranto e mau-olhado, pegue a criança no colo, use o
rosário ou uma folha de erva verde (arruda, por exemplo) e reze esta oração: foi Deus
que te pôs no mundo, foi Deus que te abençoou. Deus vai tirar todo mal que em seu
corpo entrou. Quebranto, inveja, mau-olhado e ventre-virado vão ser curados com os
poderes de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.”
Ventre-virado
Por Luíza Ferreira Barbosa
“Para benzer ventre-virado, coloque a pessoa de bruços e junte o pé direito ao braço
esquerdo e o pé esquerdo ao braço direito, fazendo uma cruz.
Faça o sinal da cruz três vezes”.
Maria Helena Alves dos Santos explica que é preciso “levar a língua na testa da crian-
ça, para saber se está salgada. É que só crianças têm quebranto e ventre-virado.”
Queimadura
Por Luíza Ferreira Barbosa
“A reza de Nossa Senhora: Nossa Senhora saiu e deixou seu filho. Quando chegou,
achou-o queimado. Reze um pai-nosso e uma ave-maria, usando um ramo verde para
aspergir água fria no queimado.”
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Garrafada
Por Maria Lauriana Alves
Com 55 anos de idade, tem 20 de atividades, tendo aprendido tudo que sabe com
uma mulher bem idosa, chamada Carolina.
Água de flor
Por Rosamundi
Depoimento de Luzia, sua filha
Modo de fazer:
debaixo de um pé de laranja, na época da floração (setembro a outubro), re-
colher, em um pano limpo, as flores que caírem, pôr ao sol para secar e, em
seguida, levar para o alambique. Colocar água na panela do alambique e des-
pejar as flores secas. Ferver a mistura para que o suor das flores escorra e caia
na vasilha, como cachaça. Depois, é só engarrafar.
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Chá caseiro para bronquite
Por Zilda C. Araújo de Jesus
Modo de fazer:
ferver um copo de água com um dente de alho amassado. Acrescentar três
colheres de sopa de mel e suco de meio limão.
Dosagem: tomar uma colher de chá de uma em uma hora ou quando tossir.
Simpatia: bater nas costas com a mão em forma de concha, de baixo para cima, três
vezes ao dia, durante cinco minutos.
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GRUPO DE PARTICIPANTES E COLABORADORES
Antônio Silva Araújo
Douglas Araújo
Zulmira Vidal
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POSFÁCIO
Esta pesquisa foi feita no campo, com a comunidade e os grupos da localidade, con-
tando com plena e decisiva colaboração de todos os participantes.
REFERÊNCIAS
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COMER bem, Dona Benta – 1001 receitas de bons pratos. 49ª ed. São Paulo: Compa-
nhia Editora Nacional, 1963.
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Janeiro: Ministério da Agricultura, 1975, v.6.
ZURLO, Cida; BRANDÃO, Mitzi. As ervas comestíveis: descrição ilustração e receitas. Rio
de Janeiro: Globo, 1989.
BRILLAT-SAVARIN, Jean. A fisiologia do gosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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CAMARGO, Maria Thereza Lemos Arruda. Medicina popular – Aspectos metodológi-
cos para pesquisa – garrafada. São Paulo: Almed, 1985.
FERRI, Mário Guimarães. Plantas do Brasil: espécies do cerrado. São Paulo: Edgard
Blucher, 1969.
AZEVEDO, Téo. Plantas medicinais, benzeduras e simpatias. São Paulo: Global, 1987.
CONCEIÇÃO, Moacir. As plantas medicinais no ano 2000. São Paulo: Tão, 1982.
KURLANSKY, Mark. Sal, uma história do mundo. São Paulo: Senac, 2004.
JACOB, Heinrich Eduard. Seis mil anos de pão. São Paulo: Nova Alexandria, 2003.
LAINETTI, Ricardo; BRITO Nei R. S. A saúde pelas plantas e ervas do mundo inteiro.
Rio de Janeiro: TecnoPrint, 1980.
54
SEBRAE-MG