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A Casa de Fátima (as)

Uma Iluminação para os Puros de Coração

Por Ihsaan Ansari

Bismillah ir-Rahman ir-Rahim

“Convida à senda de seu Senhor com sabedoria e uma boa exortação, e discuta com
eles da melhor maneira possível. Seu Senhor conhece aqueles que estão desviados de
Seu caminho, e conhece aqueles que estão bem guiados”.

(Alcorão 16:125)

Allah, Exaltado seja, disse no Alcorão: “(Oh Profeta) diga (para as pessoas): Não vos
peço recompensa alguma exceto que ameis a minha família”.

(Alcorão 42:23)

Desde a morte do Profeta Muhammad (s), Fátima (as) era continuamente vista chorando e
com um coração queimando. Os tempos doces de sua vida rapidamente chegavam ao fim,
embora durante toda a sua vida não tenham existido períodos de doçura real, pois as
pressões, guerras e conspirações por parte dos inimigos contra o Islam e o Profeta
Muhammad (s) foram constantes. O ódio e o rancor de Badr, Khaibar e Hunain, que
estavam escondidos durante o tempo do Profeta (s), então se tornavam visíveis. Fátima (as)
foi então tornada alvo das flechas venenosas dos inimigos que vinham de todas as direções.

A separação de seu pai, o triste tormento da inocência de seu marido Imam Ali (as), os
conluios e conspirações dos inimigos contra o Islam, a preocupação de Fátima (as) com o
futuro dos Muçulmanos e da Herança Alcorânica, tudo isso desabou sobre ela ao mesmo
tempo, pressionando severamente o seu puro coração. Fátima (as) não queria causar ao
Imam Ali (as) mais aflição, relatando a ele seu estado de tristeza, porque ele já tinha
recebido um severo golpe das circunstâncias desfavoráveis e as más ações causadas pelo
povo.

Devido a isso, ela ia até o túmulo do Profeta (s) e contava a ele sobre sua tristeza. E ela
falava com seu coração, palavras que queimariam nossas almas: “Querido pai, depois de
sua morte, eu me sinto sozinha. Tenho estado perplexa e deprimida, minha boca está
inclinada ao silêncio, minhas costas estão quebradas e a saudável água da vida se tornou
amarga ao meu paladar”. E algumas vezes, ela dizia: “A pessoa que cheira o solo puro do
túmulo do Profeta (s) é no mínimo justo que até o fim de sua vida ela não sinta outro
perfume. Após sua morte, oh pai, tanto sofrimento caiu sobre mim, que se ele fosse cair
sobre dias claros, eles se tornariam noites escuras e sombrias”. Por que Fátima (as)
derramava lágrimas dessa forma?

Por que ela estava tão inquieta? Por que ela estava como lenha fresca no fogo, sem
estabilidade? Por quê?
A resposta: as razões devem ser buscadas em suas próprias palavras.

Umm Salamah (as) disse: “Quando eu fui visitar a Senhora do Islam, Fátima (as), após a
morte do Profeta (s), e lhe perguntei como ela estava, em resposta, estas sentenças
significativas foram ditas por ela: ‘Por que você está me perguntando como eu estou, Umm
Salamah, quando eu me encontro no meio de tantas tristezas e sofrimentos? Por um lado, eu
perdi meu pai, o Profeta (s), e por outro, (eu vejo com meus próprios olhos que) injustiça
tem sido feita a seu sucessor (Ali bin Abu Talib). Eu juro por Deus que eles rasgaram a
cortina de sua inviolabilidade. Mas eu sei que essas são as invejas de Badr e as vinganças
de Uhud, que estavam escondidas nos corações dos hipócritas’”. A vida de Fátima (as)
nunca floresceu completamente. Sua vida foi curta como a rosa que se seca. O que estava se
passando pela mente de Fátima (as) em seu leito de morte?

1. Ela relembrou seus direitos que foram usurpados

Fátima (as) reivindicou sua herança

Fátima (as) reivindicou sua herança da propriedade que deveria ser repartida para ela nas
terras de Medina e em Khaibar, como também em Fadak. O Profeta (s) as tinha lhe dado
para a sua manutenção, de acordo com os comandos de Allah (swt). Ainda assim, Abu Bakr
negou a posse de Fadak a Fátima (as).

“Sim! Fadak era a única terra das que estão sob os céus em nossas mãos, mas as inclinações
de certos homens se luxuriaram por ela e as almas de outros a abandonaram!” – Imam Ali
(as).

Naqueles dias a família de Fátima (as), totalmente silenciada pela usurpação do Califado de
Ali (as), se apartou da sociedade. Recusando-se a prestar juramento de obediência a Abu
Bakr... Reclusos dentro da casa de Fátima (as), eles rezavam pela Ummah que estava frente
a uma calamidade como nunca havia estado antes.

Enquanto isso aqueles no poder viram a sua posição ameaçada

Ali (as) e Abbas (ra) estavam sentados dentro da casa de Fátima (as); Abu Bakr disse a
Umar: “Vá e os traga; se eles se recusarem a vir, mate-os”. Umar levou fogo para queimar a
casa. Fátima (as) se aproximou da porta e disse: “Oh filho de Khattab, você veio queimar a
casa sobre mim e minhas crianças?” Umar respondeu: “Sim, eu irei, por Allah, até eles
saírem e jurarem obediência ao Califa do Profeta”.

Referência Sunni:

- Iqd al-Fareed, por Ibn Abd Rabb, Parte 3, Pág. 63.

- Al-Ghuirar, por Ibn Khazaben, relatado por Zayd ibn Aslam


Quando Umar chegou à porta da casa de Fátima (as), ele disse: “Por Allah, eu queimarei (a
casa) sobre vocês a menos que vocês saiam e dêem o juramento de obediência (a Abu
Bakr)”.

Referência Sunni:

- História de Tabari (Árabe), vol. 1, pp. 1118-1120.

- História de Ibn Athir, vol. 2, pág. 325.

- Al-Isti’ab, por Ibn Abd al-Barr, vol. 3, pág. 975.

Também se faz referência ao estimado historiador Sunni Abul Hasan, Ali ibn al-Husain al-
Mas’udi que em seu livro ‘Isbaat al-Wasiyyah’ descreve os eventos em detalhes e relata
que: “Eles cercaram Ali (as) e queimaram a porta de sua casa e o puxaram para fora contra
a sua vontade e prensaram a líder de todas as mulheres (Hadhrat Fátimah (as)) entre a porta
e a parede, matando Mohsin (o bebê que ela estava carregando em seu ventre por seis
meses)”.

2. Ela relembrou seu esposo oprimido e sua posição roubada

Em seu jogo pelo poder Umar e Abu Bakr reconheceram que para o plano deles ter sucesso
eles precisavam da obediência de Ali, Asadullah (as). Mas o que eles podiam fazer com Ali
(as) que se recusava, junto com uma porção de outros nobres companheiros?

Eles (Umar e Abu Bakr) demandaram confirmação do juramento, mas Ali (as) e al-Zubair
se mantiveram distantes. Al-Zubair puxou sua espada (de sua bainha), dizendo: “Eu não a
colocarei de volta até que o juramento de obediência seja dado a Ali”. Quando essa notícia
chegou a Abu Bakr e Umar, este último disse: “Atinja-o com uma pedra e tome a espada”.
É dito que Umar correu (para a porta da casa de Fátima (as)) e os trouxe à força enquanto
dizia a eles que eles deveriam prestar seus juramentos de obediência querendo ou não.

Referência Sunni: História de al-Tabari, Versão em Inglês, vol. 9, pp. 188-189.

3. Ela o relembrou sendo levado pelo seu turbante para a Mesquita enquanto ela o
seguia...

Num ponto qualquer, Ali (as) foi forçado para a Mesquita e foi ordenado a jurar obediência
a Abu Bakr.

Ali (as), o Leão de Allah, disse: “E se eu não o homenagear?”.

Responderam a ele: “Por Allah, nós o mataremos se você não fizer como os outros
fizeram”.

Ao ouvir isso, Ali (as) disse: “O quê! Vocês matarão um homem que é um servo do Senhor
e um irmão do Profeta do Senhor?”.
Ao ouvir isso Umar disse: “Nós não lhe reconhecemos como um irmão do Profeta do
Senhor”.

Durante todo o tempo Abu Bakr manteve seu silêncio...

Um silêncio que ainda é mantido pela Ummah Sunni... Um silêncio que é mantido
enquanto tantos de seus próprios ahadiths (ditos) e livros de história clamam para se olhar
mais profundamente dentro da história

4. Ela relembrou tudo isso e um retrato nebuloso apareceu diante de seus olhos
cansados... Então uma visão se aprisionou no fundo do seu coração...

O coração que sentia saudades do grande Mensageiro que deu a ela boas novas de sua breve
partida após ele (s). Oh! Quão abandonada ela estava! Mas ela era a filha do Profeta! Ela
era a sua filha favorita! Ela sobre quem o Profeta (s) repetidamente expressava a
importância de se respeitar os seus direitos! E o Profeta Sagrado (s) disse: “O homem é
observado com respeito a seus filhos” e “Fátima é uma parte de mim. Quem a aborrece, me
aborrece”. Ainda assim, isso não impediu os arrogantes de usurparem seus direitos, nem
isso impediu as mãos pecaminosas de avançarem para estrangular a linda rosa antes dela
florescer completamente!

Umar pediu madeira, e disse àquelas pessoas dentro da casa: “Eu juro por Allah que tem
minha alma em Sua mão, que se vocês não saírem, eu queimarei a casa”. Alguém disse a
Umar que Fátima estava dentro da casa. Umar disse: “E daí! Não me importa quem esteja
dentro da casa”.

Referência Sunni: al-Imamah wa al-Siyasah por Ibn Qutaybah, vol. 1, pp. 3, 19-20.

“Fátima é uma parte de mim. Quem a aborrece, me aborrece” – Profeta Muhammad (s).

Referência Sunni:

- Sahih al-Bukhari, Árabe-Inglês, vol. 5, Tradições #61 e #111.

- Sahih Muslim, seção de virtudes de Fátima, vol. 4, pp. 1904-5.

Fátima (as) então estava pálida e abatida... Somente 90 dias restavam para a sua partida
rumo a Allah (swt) e seu pai (s). Em seu leito de morte, Fátima (as) repousava em calma e
tranqüilidade; enquanto que se outra pessoa estivesse no seu lugar, choraria e partiria.

No momento da sua morte, ela saiu isenta dos erros das pessoas pela injustiça e opressão
que elas cometeram. Ela culpou as pessoas por aceitar a liderança de Abu Bakr e Umar ao
invés do Imam Ali (as). Ela previu calamidades que aconteceriam como resultado desse
crime.
Há um relato de que quando Fátima (as) estava sofrendo de sua doença fatal, Abu Bakr e
Umar vieram visitá-la. Eles pediram permissão para entrar, mas ela se recusou a vê-los. Ao
ouvir isso, Abu Bakr jurou não entrar em nenhuma casa até que visse Fátima (as) e pedisse
para ela o perdoar. Abu Bakr, por causa de seu juramento, foi forçado a passar aquela noite
no frio, sem abrigo.

Finalmente, após Umar vir e pedir ao Imam Ali (as) para entrar na casa, Fátima (as) então
permitiu que eles entrassem, mantendo em mente que ela devia obedecer as ordens de seu
marido (as). Fátima (as) afastou-se deles, mostrando a eles sua raiva em relação a tudo que
eles fizeram, esperando para responder a eles no Dia do Juízo quando ela se encontrar com
Allah (swt).

Fátima (as) enfureceu-se com Abu Bakr e se manteve afastada dele, e não conversou com
ele até que ela morreu. Ela permaneceu viva após a morte do Profeta. Quando ela morreu, o
marido dela, Ali (as), a enterrou à noite sem informar Abu Bakr e ele fez a oração do
funeral sozinho.

Referência Sunni:

Sahih al-Bukhari, Capítulo “A batalha de Khaibar”, Árabe-Inglês, vol. 5, tradição #546,


pp. 381-383; também vol. 4, tradição #325.

Também é relatado que:

Abu Bakr disse (em seu leito de morte): “Eu desejaria não ter buscado a casa de Fátima e
de não ter enviado homens para ameaçá-la, embora tivesse causado uma guerra se a casa
dela continuasse a ser usada como abrigo”.

Referência Sunni:

- História de Ya’qubi, vol. 2, pp. 115-116.

- Ansab Ashraf, por al-Baladhuri, vol. 1, pp. 582, 586.

Abu Bakr claramente reconhecia que a casa de Fátima (as) estava se tornando um farol. Sua
luz indo e vindo... As metas dessa casa nunca estiveram no califado em si, mas sim em
trazer a Justiça e a Verdade à tona. Uma meta que é abraçada pelos Partidários da Ahlul-
Bayt e do Mahdi e que será cumprida ao longo da era que está por vir.

Allahu Akbar. Walhamdulillah.

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