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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LLP(PNLEM)-Manual v.3.OK
1
MANUAL

6/14/05, 9:42 AM
DO PROFESSOR

1
A Língua Portuguesa no Ensino Médio
Orientação para o professor
A estrutura da obra
“… Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à mar-
gem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e
enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de
nome para mencioná-las e se precisava apontar com o dedo…”
MÁRQUEZ, Gabriel Garcia. Cem anos de solidão.
45. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Ao organizar a estrutura da obra que ora propomos, achamos interessante resgatar um aspecto da lingua-
gem que, se bem compreendido, facilitará ao professor demonstrar a seus alunos a importância da compreen-
são dos fenômenos lingüísticos, dos gêneros textuais e das estéticas literárias com que trabalharão ao longo do
ensino médio: por meio da linguagem, construímos nossa relação com o mundo em que nos inserimos.

“Foi Aureliano quem concebeu a fórmula que havia de defendê-los, durante vários meses, das evasões
da memória. Descobriu-a por acaso. […] Um dia, estava procurando a pequena bigorna que utilizava para
laminar os metais, e não se lembrou do seu nome. Seu pai lhe disse: ‘tás’. Aureliano escreveu o nome num
papel que pregou com cola na base da bigorninha: tás. Assim ficou certo de não esquecê-lo no futuro. Não
lhe ocorreu que fosse aquela a primeira manifestação do esquecimento, porque o objeto tinha um nome
difícil de lembrar. Mas, poucos dias depois, descobriu que tinha dificuldade de se lembrar de quase todas as
coisas do laboratório. Então, marcou-as com o nome respectivo, de modo que bastava ler a instrução para

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identificá-las. Quando seu pai lhe comunicou seu pavor por ter-se esquecido até dos fatos mais impressio-
nantes da sua infância, Aureliano lhe explicou o seu método, e José Arcádio Buendía o pôs em prática para
toda a casa e mais tarde o impôs a todo o povoado. Com um pincel cheio de tinta, marcou cada coisa com
o seu nome: mesa, cadeira, relógio, porta, parede, cama, panela. Foi ao curral e marcou os animais e as
plantas: vaca, cabrito, porco, galinha, aipim, taioba, bananeira. Pouco a pouco, estudando as infinitas pos-
sibilidades do esquecimento, percebeu que podia chegar um dia em que se reconhecessem as coisas pelas
suas inscrições, mas não se recordasse a sua utilidade. Então foi mais explícito. O letreiro que pendurou no
cachaço da vaca era uma amostra exemplar da forma pela qual os habitantes de Macondo estavam dispos-
tos a lutar contra o esquecimento: Esta é a vaca, tem-se que ordenhá-la todas as manhãs para que produza
o leite e o leite é preciso ferver para misturá-lo com o café e fazer café com leite. Assim, continuaram
vivendo numa realidade escorregadia, momentaneamente capturada pelas palavras, mas que haveria de
fugir sem remédio quando esquecessem os valores da letra escrita.”
MÁRQUEZ, Gabriel Garcia. Cem anos de solidão.

As palavras memoráveis de Gabriel Garcia Márquez nos auxiliam a compreender como a linguagem, de
várias maneiras, atravessa a nossa existência, conferindo-nos humanidade, permitindo que olhemos para o
nosso passado e, por meio de sua análise, transformemos o nosso presente e determinemos um futuro diferente.
Foi pensando nisso que resolvemos explicitar, no título escolhido para cada uma das partes do livro, o
papel da linguagem na estruturação do mundo. É essa estrutura que passamos a explicitar.
Este livro é composto por três partes distintas:
Parte 1 — Literatura: A arte como representação do mundo
Parte 2 — Língua: Da análise da forma à construção do sentido
Parte 3 — Prática de leitura e produção de textos

Uma prática freqüente nas coleções voltadas para o ensino médio é a de montar capítulos dos quais
façam parte conteúdos de Literatura, Gramática e Redação, estabelecendo para o professor em que ordem
tais conteúdos devem ser abordados em sala de aula.
Achamos ser essa uma organização que compromete a liberdade de escolha do professor, que limita
suas possibilidades de selecionar determinados conteúdos em função de outros que, naquele momento,
estão sendo estudados. Por esse motivo, optamos por propor que, uma vez estabelecidos os conteúdos a
serem desenvolvidos no período de um ano letivo, eles sejam organizados em blocos relativamente fechados
(funcionando quase como “módulos”) e que, se for da vontade do professor, podem ser estudados em dife-
rentes momentos, de acordo com sua conveniência.
Caso o professor sinta-se mais à vontade com um material que organize, mês a mês, os conteúdos a
serem trabalhados, montamos um quadro em que relacionamos, para cada um dos bimestres do ano letivo,
os capítulos e seções a serem desenvolvidos. Essa relação deve ser entendida, naturalmente, como uma
sugestão que fazemos para facilitar o planejamento do professor. Pode, e deve, ser submetida a ajustes que
a tornem mais adequada à realidade vivida em sala de aula (número de aulas semanais de Língua Portugue-
sa, divisão de “frentes” com outros colegas etc.).

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Literatura: A arte como Língua: Da análise da forma Prática de leitura
representação do mundo à construção do sentido e produção de textos

Capítulo 1: Capítulo 5: Capítulo 9:


Novas perspectivas estéticas Relações de sentido no interior A articulação textual
• A chegada do Brasil ao século XX do período (I) • A “argamassa” textual
• Características literárias • Período composto • Elementos coesivos: as “placas de
1º MÊS
• Euclides da Cunha: o grande • Período composto por coordenação trânsito” lingüísticas
1º BIMESTRE

intérprete do sertão • O controle dos “nós” lingüísticos


• Lima Barreto: o pintor dos subúrbios
e dos tipos desventurados

• Monteiro Lobato: o “pai” do Jeca Tatu • Período composto por subordinação • Texto e coerência
• Augusto dos Santos: poeta • O estabelecimento das relações de
2º MÊS pessimista e enigmático sentido
• Novos caminhos para a • A relação entre coesão e coerência
cultura e a arte

Capítulo 2: Capítulo 6: Capítulo 10:


Modernismo em Portugal Relações de sentido no interior O texto persuasivo
1º MÊS • Portugal chega ao século XX do período (II) • Você sabe com quem está
2º BIMESTRE

• Fernando Pessoa: o “drama” em • As orações que equivalem a falando?


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gente (*) adjetivos • O texto publicitário

• Fernando Pessoa: o “drama” em • As orações que equivalem a • Prezado(a) senhor(a)


gente (*) advérbios
2º MÊS
• Do Presencismo à literatura
contemporânea

Capítulo 3: Capítulo 7: • Passos para a elaboração de um


Modernismo no Brasil (I) Concordância e regência: projeto de carta argumentativa
• A primeira geração modernista relações de co-ocorrência
1º MÊS • Uma nova Guerra Mundial abala o • Concordância nominal
mundo
3º BIMESTRE

• A poesia da segunda geração


modernista (*)

• A poesia da segunda geração • Concordância verbal Capítulo 11:


modernista (*) • Regência nominal Dissertação: revisão geral
2º MÊS • O romance regionalista • Regência verbal • Dissertação: pontos fundamentais
• Da teoria à prática: análise de uma
questão polêmica

Capítulo 4: Capítulo 8: • Penso, logo disserto!


Modernismo no Brasil (I) Crase e pontuação: questões
1º MÊS • O mundo após a bomba particulares da escrita
4º BIMESTRE

• Poesia: a forma volta à cena • O fenômeno fonológico da crase


• A narrativa universalizante

• O mundo pós-moderno • Pontuar para quê? • O que anda acontecendo pelo


mundo?
2º MÊS
• Leitura do tema
• Possibilidades de análise do tema

(*) Indica que o desenvolvimento deste conteúdo continua no 2o mês do bimestre.

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Linha pedagógica e procedimentos metodológicos

Passaremos, agora, a explicitar a perspectiva pedagógica que norteou a elaboração deste livro, consideradas cada uma de suas partes: o
trabalho com textos literários, a análise das estruturas da língua e a prática de leitura e produção de textos.

Literatura: A arte como representação do mundo médio. Por outro lado, os alunos devem tomar conhecimento de tais
conteúdos de forma a atribuir-lhes um significado prático. Assim,
Entendemos que o estudo da Literatura não pode resumir-se à apre- para que as aulas façam sentido tanto para os alunos como para
sentação de uma lista de autores, obras e datas. O aluno precisa perce- seus professores, é necessário que as discussões gramaticais sejam
ber que através dos textos literários ele tem acesso a uma manifestação feitas tomando sempre por base um quadro teórico no âmbito do
cultural insubstituível, porque, ao mesmo tempo em que os textos lhe qual a linguagem seja entendida como uma atividade que modifica
dão acesso a uma visão de uma época historicamente determinada — e constitui os interlocutores, e que é por eles constantemente mo-
aquela do momento em que foram escritos —, constituem também uma dificada e manipulada. Somente assim, estudando-se a linguagem
manifestação particularizada, porque traduzem a visão de seu autor. em relação ao uso efetivo que dela fazem os falantes, podem adqui-
Esse contato com a experiência humana ao longo dos séculos é rir sentido as discussões sobre a língua, em todos os níveis de aná-
insubstituível. lise, e a metalinguagem necessária para a condução dessas dis-
Por este motivo, procuramos, na introdução das diferentes tendên- cussões.
cias estéticas e escolas literárias, apresentar para o aluno o contexto Em termos pedagógicos, o que se propõe, em suma, é que a Gra-
histórico a elas subjacente. No trabalho com o texto literário, tivemos mática seja ensinada de tal forma que os alunos possam perceber que a
o cuidado de abordá-lo a partir de duas perspectivas: (1) as impressões linguagem é parte integrante de suas vidas, dentro e sobretudo fora da
provocadas por sua leitura e (2) a análise dos sentidos construídos pela escola; que ela é instrumento indispensável, tanto para a aquisição de
relação entre seus diversos componentes (forma, conteúdo, contexto conhecimento em quaisquer áreas do saber, como para a participação
etc.). Preocupamo-nos, assim, com o reconhecimento de aspectos re- dos indivíduos nos mais diversos contextos sociais de interlocução. E

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ferentes à sua construção e com a identificação das características que os estudos gramaticais devem ser vistos, nesse contexto, como instru-
assumem os elementos que o constituem. A função desempenhada por mento que facilita a obtenção de um conhecimento sobre a linguagem
tais elementos é objeto de discussão e análise, sempre que possível. e seus usos em situações reais, e não como objetivo final das aulas,
Acreditamos que, dessa maneira, o aluno terá melhores condições que não se deverão transformar, em hipótese alguma, na apresentação
de fruir alguns dos textos literários mais representativos, de formar interminável e maçante de definições, termos “estranhos” e listas a
uma idéia adequada do que foram as escolas literárias e de como cada serem memorizadas.
uma delas se caracterizou esteticamente. Em termos metodológicos, a orientação geral que subjaz à obra
Em termos pedagógicos, o que se pretende, portanto, é manter no tocante aos estudos gramaticais é a de, sempre que possível,
presente a relação entre o texto e seu contexto (histórico, social, eco- relacionar os tópicos tematizados em cada volume a situações efeti-
nômico e cultural), para que o estudo da Literatura adquira um signifi- vas de uso da linguagem. Para isso, lançamos mão de textos os mais
cado formativo para os alunos, uma vez que, por meio desse estudo, variados, representativos da linguagem da propaganda, das tiras hu-
tem-se a oportunidade de refletir sobre a trajetória humana e de discu- morísticas, de matérias jornalísticas, enfim, de contextos que, da-
tir por que determinados valores éticos, sociais e até mesmo estéticos das as suas especificidades, tornam mais salientes alguns aspectos
foram associados à produção literária de um determinado período. temáticos abordados, o que resulta em uma exemplificação mais
Em termos metodológicos, optou-se por introduzir o texto literá- eficaz. Espera-se, portanto, que ao preparar suas aulas, os profes-
rio (reprodução integral ou de excertos significativos) de duas manei- sores sejam capazes de contribuir com exemplos semelhantes, o que
ras diferentes no material: acompanhado de comentários analíticos que tornará a situação de ensino da Língua Portuguesa mais significati-
podem orientar a leitura/discussão a ser feita em sala de aula, e sem va para os alunos.
comentários, quando a relação entre o texto e a característica/postura
que ele pretende ilustrar é mais direta. Espera-se que, nesse segundo
caso, o aluno seja desafiado a explicitar qual é a relação entre o texto Prática de leitura e produção de textos
transcrito e a discussão teórica que o precedeu. Quanto à prática de leitura e produção de textos, nossos pressupos-
Pressupõe-se, assim, que é o envolvimento do aluno com os textos tos pedagógicos baseiam-se na crença de que ela também não se deve
que vai permitir que acompanhe as discussões realizadas. resumir a uma prática de produção de textos que se esgote nela mesma.
O professor irá constatar, na análise mais detalhada deste livro, Com isso quer-se dizer que, para que os alunos efetivamente desenvol-
que procuramos sempre trazer, na ilustração dos capítulos, a reprodu- vam uma competência específica em leitura e produção de textos narra-
ção de obras de arte que contribuam para o reconhecimento das carac-
tivos, expositivos e persuasivos, não bastam os exercícios práticos e as
terísticas estéticas predominantes em um determinado período. Além
correções holísticas e por vezes impressionísticas dos textos que eles
de contribuírem para a expansão do universo cultural dos alunos, essas
escrevem em casa ou em sala de aula.
obras permitem que se desenvolva uma perspectiva mais abrangente
A leitura deve ser vista como uma habilidade indispensável à
sobre as próprias características estéticas associadas às diferentes es-
vida social. Essa habilidade pode (e deve!) ser construída com base
colas literárias. Por meio de sua análise, o professor poderá consolidar
em práticas específicas. Nesse sentido, os capítulos trarão não ape-
melhor a noção de que, em função da constituição de uma nova manei-
nas orientações específicas sobre procedimentos de leitura a serem
ra de ver o mundo, a produção artística daquele período se modifica e
adotados pelos alunos, mas inúmeras atividades em que, por meio de
assume o desafio de representar, por meio de suas estruturas, essa nova
uma série de perguntas, eles serão levados a observar aspectos estru-
perspectiva. Conclui-se, portanto, que o diálogo entre as diversas ma-
turais dos textos, relacionar suas partes e, desse modo, construir, na
nifestações artísticas é constante.
prática, a habilidade de ler, compreender e analisar textos de diferen-
Seria interessante discutir com os alunos, sempre que possível,
como diferentes formas de arte (pintura, música, escultura, literatura, tes gêneros.
cinema etc.) encontram maneiras de representar o mundo, traduzindo A escrita também merecerá atenção especial. Entendida como
os ideais estéticos do momento em que foram produzidas. processo por meio do qual o aluno elabora significados e os organiza
em estruturas textuais definidas, a escrita surge como desafio a ser
enfrentado por meio de diferentes estratégias.
Língua: Da análise da forma à construção do sentido Em termos teóricos, acreditamos que um trabalho inovador com
Nossa experiência de sala de aula nos levou a constatar que o a linguagem deve partir de sua dimensão discursiva. Para explicitar
estudo de Gramática não se pode limitar a uma apresentação siste- melhor o que entendemos por dimensão discursiva, julgamos inte-
mática dos conteúdos previstos nos programas das séries do ensino ressante partir da seguinte reflexão feita por Bakhtin:

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“Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que se- Volume 3
jam, estão relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender
que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as
próprias esferas da atividade humana [...]. O enunciado reflete as condi- A organização dos capítulos do livro
ções específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por
seu conteúdo temático e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção ope-
rada nos recursos da língua –– recursos lexicais, fraseológicos e gramati- Literatura: A arte como representação do mundo
cais ––, mas também, e sobretudo, por sua construção gramatical. Esses
Ao organizar os conteúdos de Literatura, procuramos estabelecer
três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional)
um eixo em torno do qual se agrupam os tópicos de modo a permitir que
fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são
marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer o aluno perceba, à medida que os capítulos vão sendo trabalhados, como
enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfe- se deu a evolução das estéticas e estilos literários.
ra de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de É preciso que o aluno compreenda que o estudo da Literatura pressu-
enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.” põe a leitura de diferentes textos escritos por diferentes autores em diferen-
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da
tes épocas. E que ele deve, ainda, procurar compreender a relação existente
criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. entre uma determinada obra e o contexto histórico, econômico, social e
cultural em que foi produzida. Vistos dessa maneira, os padrões estéticos
tornam-se fruto de uma sociedade em permanente mudança, razão pela qual
Adotar a dimensão discursiva da linguagem como eixo desta obra
também se transformam, dando origem a novos períodos literários.
não significará, porém, tentar estabelecer uma tipologia exaustiva Neste volume, o estudo da literatura será dedicado ao século XX. A
dos inúmeros gêneros identificáveis nos textos orais e escritos pre- obra começa por apresentar um panorama das Vanguardas culturais eu-
sentes em nossa sociedade. Essa tentativa, além de fadada ao fracas- ropéias, destacando a importância que tiveram para o estabelecimento
so, tende a esvaziar o conceito de gênero discursivo. de um novo olhar para a arte. O desafio, agora, é romper com o passado
Como explica Bakhtin, os gêneros definem-se como “tipos relativa- e criar um novo referencial estético capaz de representar e interpretar os
mente estáveis”, portanto reconhecíveis pelo usuário da língua. Outro aspec- novos tempos, que se iniciam sob o impacto do domínio da eletricidade.
to que dá identidade aos gêneros é o fato de serem socialmente constituídos, No Brasil, as crises que marcam o início da República também desa-
o que pressupõe a interação por meio da linguagem (dimensão discursiva). fiarão a literatura a encontrar meios de apresentar de modo mais verdadei-
A relativa estabilidade dos gêneros do discurso não os torna imunes à ro os contrastes que caracterizam o país. Os escritores pré-modernistas
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passagem do tempo. Por essa razão, a tentativa de elaborar uma tipologia propõem diferentes soluções para esse problema e é com eles que inicia-
exaustiva de gêneros está fadada ao fracasso. Há, hoje, gêneros que emergi- mos o estudo da produção nacional. Na seqüência, trataremos das várias
ram em contextos interacionais específicos (os blogs, da Internet, por exem- feições que o Modernismo literário assumiu, para concluir este volume
plo) e que não existiam há 5 anos. Outros que, com o passar do tempo e o discutindo quais são os rumos trilhados pelos escritores pós-modernos.
surgimento de novas tecnologias, foram transformados (um exemplo evi- Língua: Da análise da forma à construção do sentido
dente é a retomada das cartas pessoais na forma de mensagens eletrônicas).
Como, então, trabalhar a partir de uma perspectiva discursiva, sem bus- Ao organizar os conteúdos gramaticais, procuramos estabelecer um
car a particularização dos inúmeros gêneros textuais? Acreditamos que a eixo em torno do qual se agrupam os tópicos de modo a permitir que o
saída esteja na reflexão sobre os tipos de textos (unidades composicionais) aluno perceba, à medida que os capítulos e seções vão sendo trabalha-
dos, como se dá o uso da linguagem no processo de construção da co-
estruturantes dos diferentes gêneros. Esses tipos de texto estão presentes,
municação (oral e escrita).
em maior ou menor grau, nos diferentes gêneros discursivos identificáveis
Neste volume vamos passar ao estudo das relações de sentido
nos textos orais e escritos. Dentre as unidades composicionais identificadas construídas pela articulação de diferentes orações, reconhecendo, nos
por Bakhtin, priorizaremos o estudo das seguintes: processos de subordinação, uma expansão de funções morfológicas já
a) Narração estudadas ao tratarmos de substantivos, adjetivos e advérbios.
b) Exposição Esperamos, com essa organização, permitir que o aluno perceba a
c) Argumentação relevância dos estudos gramaticais para a construção do sentido e da
Optamos por considerar a descrição e a injunção –– também uni- unidade dos textos que pretende produzir.
dades composicionais, segundo Bakhtin –– como constitutivas da nar- Os estudos gramaticais concluem-se com a apresentação de meca-
ração, da exposição e da argumentação. O falante precisa reconhecer nismos de articulação importantes para a garantia da coesão e coerência
e dominar cada um desses tipos de texto porque deles deverá se utili- textuais. Referimo-nos aos mecanismos de concordância (verbal e no-
zar nas diferentes situações de interlocução: minal), às relações de regência (verbal e nominal) e à pontuação.
a) Para ler e compreender o trabalho do autor com os tipos de
texto de modo a alcançar um objetivo específico;
Prática de leitura e produção de textos
b) Para deles se valer, no momento de produção de seus textos, Neste volume, o trabalho com leitura e produção de textos começa
de modo a alcançar um objetivo específico. por focalizar importantes mecanismos de articulação textual, apresentan-
Nessa perspectiva, a situação de interlocução é, realmente, o pon- do os conceitos de coesão e coerência. No capítulo 9, a coesão será apre-
to de encontro do autor de um texto com o seu leitor/ouvinte. sentada como um eficiente sistema de “amarração” textual, que cumpre o
fundamental papel de sinalizar para o leitor o caminho a ser seguido du-
É necessário discutir com os alunos, em aulas especificamente vol-
rante a leitura de um texto. Terminado o estudo dos mecanismos de coe-
tadas para este fim, os tópicos relevantes para a compreensão das carac- são, passamos a tratar do conceito de coerência textual, nível de articulação
terísticas formais e de conteúdo referentes aos tipos de texto, de forma das idéias. Agora é a vez de discutirmos a relação entre coerência e con-
que eles possam levar em conta esse conhecimento no momento da lei- texto e de resgatarmos o importante papel de mecanismos gramaticais
tura e da produção de seus próprios textos. tradicionalmente relegados a uma visão meramente normativa: os meca-
É necessário, ainda, que a correção dos textos se faça com base nismos de coordenação e subordinação.
em parâmetros objetivos, de conhecimento também dos alunos, de O capítulo 10 apresenta um estudo mais cuidadoso dos textos com
modo a possibilitar a identificação dos problemas que estão a exigir intenção persuasiva, levando o aluno a reconhecer diferentes situações de
maior atenção, tanto do professor, em suas aulas, como dos alunos, persuasão. Ele será, ainda, solicitado a perceber que sempre que participa-
na reelaboração dos seus textos (esses critérios serão discutidos na mos de uma situação persuasiva somos obrigados a formar imagens de
seção Os critérios de correção: uma proposta específica). nossos interlocutores, como procedimento fundamental no momento de
Metodologicamente, a orientação geral seguida ao longo deste seleção de argumentos mais adequados. A carta argumentativa é vista como
material, no tocante à produção de textos, é a de que escrever bem um gênero que favorece as relações de interlocução e persuasão.
O último capítulo promove uma revisão da estrutura da dissertação,
implica trabalhar, investir no próprio texto, que deverá ser produzido
expandindo a discussão sobre a forma que adota, a depender da natureza
tendo em vista leitores e contextos específicos. dos temas a serem analisados (questões polêmicas, filosóficas ou atuais).
Assim, sem negar a importância da criatividade na vida das pessoas, Esperamos que, ao fim desse curso, o aluno esteja capacitado para
não se parte do princípio de que basta “ser criativo” para escrever bem. produzir textos coerentes, claros e que desenvolvam de forma adequada
Pelo contrário, desenvolver uma competência específica em escrita e lei- as estruturas características das unidades composicionais a que se filiam.
tura implica conduzir atividades específicas voltadas para aspectos tam- Ele deve, também, ter desenvolvido suas habilidades de leitura, de modo
bém específicos da produção textual, que merecem ser tematizados de a interagir competentemente com o mundo de textos a que está exposto
maneira organizada ao longo das três séries do ensino médio. na sociedade em que vive.

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Sugestões para o desenvolvimento dos capítulos e Gostaríamos de destacar, dentre os Exercícios complementares, as
trabalho com as atividades neles propostas duas questões do Enem, que desafiam o aluno a fazer, em um caso, a
leitura comparativa entre um quadro de Picasso e um fragmento de poe-
Literatura: A arte como representação do mundo ma de Carlos de Oliveira; no outro caso, a partir da leitura de uma tirinha
de Calvin, deve-se perceber uma importante característica do Cubismo,
Considerando os objetivos a serem alcançados com o desenvolvimento que permitirá escolher, entre os quadros de Picasso apresentados como
dos capítulos (explicitados anteriormente) gostaríamos, agora, de fazer alternativas, qual deles exemplifica a adoção de tal característica.
algumas considerações gerais sobre o desenvolvimento do conteúdo teó-
rico abordado em cada capítulo, bem como apresentar algumas sugestões Capítulo 2 – Modernismo em Portugal
sobre as atividades adicionais a serem realizadas com os alunos.
Este capítulo tem por objetivo apresentar ao aluno o contexto his-
Este volume encontra-se dividido em onze capítulos, cada um dos
tórico-social em que surgiu o Modernismo português, associado à pu-
quais segmentado em seções. Pontuando a divisão das seções (sempre que
blicação da revista Orpheu. Merece destaque o fato de que as propostas
isso se mostrou necessário para o andamento do conteúdo), há uma se-
estéticas adotadas pelos primeiros modernistas resultam da influência
qüência de exercícios que recebeu o nome de Atividades. Essa parte pro-
de algumas vanguardas européias já estudadas, como o Futurismo. A
cura aplicar, de forma mais imediata, os conceitos apresentados na teoria
ruptura com o passado e a redefinição do conceito de pátria em Portugal
das seções que a precedem. No final de cada capítulo, há mais um conjun-
tornam-se, assim, pontos primordiais para os autores desta geração.
to de atividades, intitulado Exercícios complementares. Nessa parte, pro-
O grande nome do Modernismo português é, evidentemente, Fernando
curamos permitir que o aluno: 1) retome conceitos trabalhados; 2) seja
Pessoa. Por esta razão, optamos por uma apresentação mais cuidadosa de
desafiado a ler novos textos característicos da escola estudada no momen-
sua poesia ortônima e heterônima. No tratamento da poesia ortônima, a
to; e 3) entre em contato com questões propostas em exames vestibulares.
ênfase deve ser dada à temática da fragmentação do “eu” e ao tom intimista,
Em geral, os exercícios presentes nessa seção apresentam um grau de di-
característicos de sua poesia. Além disso, deve-se ressaltar como uma obra
ficuldade maior do que aqueles propostos nas Atividades.
de extrema importância para a cultura portuguesa os poemas de Mensagem.
Capítulo 1 – Novas perspectivas estéticas Para lidar com o fenômeno literário da heteronímia, sugerimos que
o professor parta da leitura dos poemas para caracterizar cada um dos
O principal objetivo deste capítulo é familiarizar o aluno com a diversi- heterônimos. É preciso ressaltar, junto aos alunos, a diferença entre o
dade da produção literária do início do século XX. A introdução, como não uso de um pseudônimo e a criação de um heterônimo.
poderia deixar de ser, destaca os acontecimentos que marcaram a entrada no Além de tratar da primeira geração modernista portuguesa, o capítulo

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século XX e influenciaram a produção cultural. Dentro desse panorama, o também apresenta as características assumidas pelos autores da segunda e
destaque deve ficar com as vanguardas culturais européias. terceira gerações. Para finalizar, são levantados aspectos identificáveis na pro-
O capítulo começa, porém, por caracterizar o Brasil que chega ao novo dução de autores contemporâneos, com destaque para a obra de José Saramago.
século como um país marcado por muitas transformações e problemas. Nesse As Atividades e os Exercícios complementares focalizam, principalmen-
contexto, surgem as tendências literárias pré-modernistas. Devem ficar bem te, poemas de heterônimos pessoanos. Queremos, com esses exercícios, per-
claras, para o aluno, as razões de não se considerar este “momento” como um mitir que o professor retome a discussão das características básicas da poesia
período literário bem definido, uma vez que as novas tendências convivem de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, já que o fenômeno da
com influências de escolas do século XIX nas obras da maioria dos autores. heteronímia é de difícil compreensão e vai exigir bastante atenção dos alunos.
Após tratarmos do momento de transição, é chegada a hora de abordar
as tendências estéticas que marcam a produção poética e em prosa dos prin- Capítulo 3 – Modernismo no Brasil (I)
cipais autores brasileiros (Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato
Falar sobre a chegada do Modernismo ao Brasil significa, necessaria-
e Augusto dos Anjos). A ênfase deverá ser dada, mais uma vez, à diversida-
mente, falar da Semana de Arte Moderna. Como conseqüência natural e
de característica dessa produção.
necessária à Semana de Arte Moderna, começam a aparecer revistas e mani-
As Atividades valem-se de trechos de textos pré-modernistas para pro-
festos modernistas. As revistas constituem o principal instrumento de divul-
mover a reflexão do aluno sobre as características mais marcantes da produ-
gação das propostas modernistas. Nos manifestos, autores de renome, como
ção literária do período.
Oswald de Andrade, explicitam melhor quais rumos devem ser tomados pela
Na apresentação das vanguardas culturais européias, o destaque estará
produção literária para que se construa uma verdadeira Literatura Brasileira.
na reprodução das obras de arte que explicitam seus princípios definidores.
Procuramos, mais uma vez, escolher obras de arte que representem
Sugere-se que o professor explore ao máximo esse recurso, de modo a per-
bem as perspectivas estéticas características da ruptura proposta pelos ar-
mitir que o aluno perceba o caráter inovador e de ruptura com o passado que
tistas dessa geração. Assim, quadros como A estudante (de Anita Malfatti),
marcou cada uma dessas vanguardas.
Estrada de ferro Central do Brasil e O Abaporu (de Tarsila do Amaral) e
Ao tratarmos do Cubismo, esperamos que o aluno compreenda a im-
Paisagem brasileira (de Lasar Segall) entram nas páginas do livro como
portância da principal proposta do movimento: a percepção da realidade
ilustrações das principais tendências assumidas por esses artistas (o uso
como algo formado por um conjunto de planos que se interceptam e, conse-
de cores fortes, “brasileiras”; a valorização dos elementos nativos na esté-
qüentemente, interagem, criando uma nova realidade.
tica “Pau-Brasil” etc.)
Com relação ao Futurismo, é preciso que o aluno perceba o radicalis-
Feita a contextualização do surgimento da estética modernista no
mo da vanguarda fundada por Marinetti; que entenda o teor drástico das
Brasil, podemos partir para a apresentação das principais características
propostas inteiramente iconoclastas, mas que perceba também o aspecto em
das duas primeiras gerações modernistas. Gostaríamos que, para cada
que ela influenciou nossos primeiros modernistas, na valorização das inova-
uma delas, fossem destacados os seguintes pontos:
ções tecnológicas e, principalmente, na adoção de uma escrita mais livre.
• Primeira geração modernista: liberdade formal; a inovação estrutural
Quando se for trabalhar a concepção artística do Dadaísmo, é impor-
trazida por obras como Amar, verbo intransitivo, Macunaíma e Memó-
tante que o movimento não surja apenas como uma proposta “desvairada”
rias sentimentais de João Miramar; a tentativa de resgatar uma imagem
de abolição de qualquer tipo de lógica, mas como o reflexo de uma socieda-
mais real (livre da idealização romântica) do Brasil nos textos literários;
de em guerra que desafiava, ela mesma, os limites da lógica.
a utilização de uma linguagem mais espontânea; a tentativa de escrever
No caso do Surrealismo, deve-se explicitar cuidadosamente sua rela-
em português “brasileiro”; a dessacralização da literatura, com os
ção com a teoria do inconsciente freudiano, para que o aluno veja essa van-
poemas-piada etc. Sugere-se que a produção poética de Manuel Ban-
guarda como uma tentativa de explorar os limites humanos ainda
deira seja destacada, dadas as suas evidentes qualidades literárias, que
desconhecidos. Deve-se, também, chamar atenção para a influência do mo-
transcendem em muito a ilustração das tendências de um momento.
vimento na poesia de autores brasileiros como Murilo Mendes, que, em
• Segunda geração modernista — Prosa: o desenvolvimento da prosa
poemas como o transcrito a seguir, deixa evidente a opção por um olhar
regionalista em uma tentativa de levar o Brasil a conhecer melhor as
surrealista sobre a realidade. características da vida dos nordestinos, aprisionados pela condição so-
cial, falta de cultura e clima inóspito da região em que vivem. Merece
Aproximação do terror
cuidado especial a obra de Graciliano Ramos. Poesia: o surgimento de
Dos braços do poeta As rosas perderam a fala. uma poesia mais engajada, preocupada com o sofrimento e deixando
Pende a ópera do mundo Entrega-se a morte a domicílio. de lado o aspecto paródico e humorístico muito marcante nas obras
(Tempo, cirurgião do mundo): — dos poetas da primeira geração. O destaque, nesse caso, fica com a
Dos braços…
obra de Carlos Drummond de Andrade.
O abismo bate palmas, Pende a ópera do mundo.
A noite aponta o revólver.
As Atividades procuram dar conta da diversidade de características
Ouço a multidão, o coro do universo, MENDES, Murilo.
da primeira geração e de aspectos essenciais da poesia de Carlos Drummond
O trote das estrelas Poesia completa e prosa. Rio de de Andrade. Questões sobre os romances Vidas secas e Angústia (este, nos
Já nos subúrbios da caneta: Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Exercícios complementares) permitem que se explorem de modo um pou-
co mais detalhado as marcas assumidas pela prosa regionalista.

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Capítulo 4 – Modernismo no Brasil (II) dos textos do poeta Manuel de Barros, seria interessante estabelecer uma
relação entre seu trabalho inovador com a linguagem poética e a obra de
Neste capítulo, damos prosseguimento ao estudo da produção lite-
Guimarães Rosa, autor visto anteriormente.
rária modernista no Brasil. Como se trata de apresentar os autores da
Como se viu, pela orientação apresentada para o trabalho com os
terceira geração, sugerimos que as seguintes características sejam desta-
exercícios propostos em cada um dos capítulos, seguiram-se, no decorrer
cadas pelo professor:
do livro, alguns parâmetros básicos no momento de sua elaboração: a ne-
• Poesia: adoção de uma perspectiva menos engajada, que valoriza o
cessidade de aproximar o aluno do texto literário, proporcionando-lhe um
trabalho com a forma. Merece destaque a obra de João Cabral de
contato sensível com a literatura; a necessidade de levar o aluno a identi-
Melo Neto, o nosso “arquiteto das palavras”.
ficar elementos, tanto formais quanto temáticos, no interior de um texto; a
• Prosa: duas tendências bem definidas surgem neste momento, asso-
necessidade de o aluno aprender a tratar o texto como um objeto sócio-
ciadas a dois nomes de extrema importância: João Guimarães Rosa
historicamente construído; a necessidade de levar o aluno a elaborar hipó-
(a recriação da linguagem literária e a universalização do tratamento
teses sobre efeitos de sentido pretendidos; e a necessidade de levar o aluno
dado aos conflitos humanos) e Clarice Lispector (a noção de “epifa-
a comparar textos de épocas diferentes ou da mesma época.
nia” no processo de mergulho e descoberta interior).
Acreditamos que o texto literário deve ser abordado levando-se em
Para encerrar nosso curso de Literatura, achamos importante reali-
conta suas características individuais (daí a importância dada à leitura e
zar um breve panorama das tendências literárias observadas entre os
interpretação) e coletivas (por meio da verificação de suas relações com
autores contemporâneos. Esta é a função deste capítulo, que recupera
outros textos e com o período histórico em que se insere). Desse modo é
movimentos iniciados na década de 1950 e chega a comentar caracterís-
possível construir uma leitura mais crítica e relevante na compreensão
ticas gerais da obra de autores que estão ainda escrevendo, como é o
do mundo em que vivemos e do mundo em que os textos foram escritos.
caso de Adélia Prado, Manuel de Barros, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes
Telles, para citar apenas alguns. No texto que segue, o professor Alfredo Língua: Da análise da forma à construção do sentido
Bosi faz importantes considerações sobre as tendências da Literatura
Brasileira nas últimas décadas do século XX. Sua leitura pode auxiliar o Considerando os objetivos a serem alcançados com o desenvolvimento
professor na preparação das aulas sobre os autores contemporâneos. dos capítulos (explicitados anteriormente), gostaríamos, agora, de fazer
algumas considerações gerais sobre desenvolvimento do conteúdo teórico
abordado em cada capítulo, bem como apresentar algumas sugestões so-
A ficção entre os anos 1970 e 1990: alguns pontos de referência bre as atividades adicionais a serem realizadas com os alunos.
“O historiador do século XXI que, ajudado pela perspectiva do Os exercícios das Atividades visam verificar a assimilação e a com-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tempo, puder ver com mais clareza as linhas-de-força que atravessam


preensão dos conteúdos apresentados em cada unidade do capítulo, bem
a ficção brasileira neste fim de milênio, talvez divise, como dado recor-
rente, certo estilo de narrar brutal, se não intencionalmente brutalista,
como estimular o desenvolvimento e a aplicação das habilidades exigidas
que difere do ideal de escrita mediado pelo comentário psicológico e para refletir sobre o aspecto trabalhado na seção a que se referem.
pelo gosto das pausas reflexivas ainda vigente na ‘idade de ouro do Os Exercícios complementares foram elaborados e organizados de
romance brasileiro’ entre os anos 1930 e 1960. Mas para nós, contem- modo a permitir que, ao resolvê-los, o aluno seja levado a integrar os
porâneos, é a pluralidade das formas que impressionam à primeira diferentes aspectos tratados nas seções do capítulo. Por esse motivo, seu
vista e tacteamos ainda na procura da estrada real. […] grau de complexidade é maior.
Se a nossa história política nos ajuda a estabelecer o divisor das Os exercícios oriundos de exames vestibulares foram selecionados
águas, este poderá passar pela fase mais negra da ditadura militar, de modo a permitir que o aluno se familiarize com a visão de língua
entre 1964 e 1974, com toda a sua carga de opressão, exílio e censu- presente nas principais provas do país. Procuramos privilegiar, no mo-
ra. O seu contraponto simbólico veio a ser a literatura-reportagem, assim mento de seleção dos mesmos, aqueles que dão margem à reflexão so-
como o teatro se fez então denúncia e o cinema, depoimento. […]
Mas esses anos de arbítrio, que partilhamos com outros povos
bre as estruturas gramaticais a partir da construção do sentido de textos
da América Latina, não se podem considerar tempos de isolamento em que se verifique o uso efetivo da língua por seus falantes.
cultural; ao contrário, coincidem com a explosão de maio de 1968 na Procuramos inserir nos capítulos, sempre que julgamos pertinente e
França e com os seus vários desdobramentos que atingiram em cheio dispusemos de um texto interessante, leituras complementares relacio-
formas de conduta individual e modos de expressão entre as gerações nadas aos temas transversais. Os textos citados — de diferentes fontes
que sofreram o seu impacto. No Brasil a abertura cultural precedeu a (jornais, revistas, livros, cartuns etc.) — visam a permitir que o aluno,
abertura política e lhe sobreviveu. […] por meio de sua leitura, reflita sobre questões mais gerais relacionadas a
Aparecem a partir dos anos 1970 vários narradores para os quais é a aspectos abordados na teoria do capítulo. As leituras foram agrupadas
apreensão das imagens do seu universo regional que lhes serve de bús- em quatro grandes temas, estabelecidos de modo a permitir/incentivar o
sola o tempo todo. Lembro João Ubaldo Ribeiro contando, em parte na trabalho interdisciplinar:
esteira de Guimarães Rosa, os casos tragicômicos do seu nordeste
violentíssimo, minguado de recursos materiais, mas rico de memória e • Ética e cidadania;
linguagem (Sargento Getúlio, sua melhor obra). Ou Moacyr Scliar, perse- • Pluralidade cultural;
verando na bela reconstrução das figuras judaicas de Porto Alegre. […] • Saúde e qualidade de vida;
Em outros narradores, o essencial da escrita acompanha os movimen- • Sociedade, trabalho e consumo.
tos dos corpos que se atraem ou repelem em clima de delírio: penso na
prosa de João Gilberto Noll, riscando com estilete o desenho pesado da É importante que o professor perceba que, na seleção dos textos,
sexualidade do nosso urbanóide. Ou em Estorvo, de Chico Buarque de utilizamos como base os aspectos gramaticais estudados no capítulo e
Holanda, mergulhando no subsolo aquoso de uma sensação de sua importância para a construção do sentido geral do texto. O que
estranhamento e nonsense em meio às paisagens cariocas mais familiares. pretendemos é permitir que o aluno reconheça como determinada estru-
Há os que submetem percepções e lembranças à luz da análise tura lingüística pode ser manipulada pelo autor de um texto para criar
materialista clássica, dissecando os motivos (em geral, perversos) dos um significado específico ou, em outros casos, como inúmeras vezes o
comportamentos de seus personagens que ainda trazem a marca de uso da língua revela preconceito por parte dos falantes.
tipos sociais. É o caso de Rubem Fonseca, que vem dos anos 1960 e
Como dissemos, toda leitura complementar proposta está relacio-
demonstrou força e fôlego nas páginas cruéis de O caso Morel (1973),
A grande arte, romance policial na linha do brutalismo ianque (1983), nada a um dos temas transversais identificados acima. No topo do box
Bufo & Spallanzani (1986) e, sobretudo, Agosto (1990), relato dos even- em que o texto foi transcrito é feita a identificação do tema dentro do
tos que precederam o suicídio de Getúlio Vargas misturado com fla- qual uma dada leitura foi proposta.
shes da vida privada tanto de seus admiradores quanto de seus Para que o professor perceba como pensamos a relação entre o texto
desafetos: quase-crônica política, quase-romance. […] transcrito e o tema a que foi relacionado, sugerimos, na maior parte dos
A potencialidade da ficção brasileira está na sua abertura às nos- casos, alguma(s) atividade(s) a ser(em) desenvolvida(s) com os alunos. Nossa
sas diferenças. Não a esgotam nem os bas-fonds cariocas nem os intenção, com tal proposta, é a de orientar o processo de discussão do texto
rebentos paulistas em crise de identidade, nem os velhos moradores lido. Evidentemente, o professor pode valer-se da(s) atividade(s) proposta(s)
dos bairros de classe média gaúcha, nem as histórias espinhentas do como uma referência para a proposição de projetos pedagógicos mais am-
sertão nordestino. Há lugar também para outros espaços e tempos e,
plos que envolvam seus alunos em trabalhos realmente interdisciplinares.
portanto, para diversos registros narrativos como os que derivam de
sondagens no fluxo de consciência.”
Observação muito importante: as atividades associadas às leituras
complementares não são resolvidas porque não foram pensadas como
BOSI, Alfredo. História concisa da meros exercícios, mas sim como elementos instigadores da reflexão dos
Literatura Brasileira. 35. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
alunos sobre os textos lidos e os temas a que se relacionam. Nesse sen-
tido, não têm uma única resposta, ou respostas certas e erradas. Seu
Enfatizaram-se, nos exercícios deste capítulo, a representatividade objetivo é permitir a discussão e, nesse espaço, o professor deve estar
de autores modernistas (João Cabral, Clarice Lispector e Guimarães Rosa) preparado para ouvir opiniões conflitantes, contraditórias ou, por vezes,
e a diversidade da produção contemporânea. No momento da análise preconceituosas por parte dos alunos. Criado o contexto ideal, todas es-

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sas opiniões devem ser motivo de discussão e avaliação, com o objetivo Capítulo 8 – Questões sintáticas particulares
final de levar os alunos ao exercício constante da leitura crítica e de uma
postura tolerante, que saiba lidar com as diferenças de modo respeitoso. Optamos por introduzir o conceito de crase após o estudo da regência
dos nomes e verbos. Achamos importante que o aluno já esteja sensibiliza-
Capítulos 5 e 6 – Relações de sentido no interior do período (I e II) do para o tipo de relação que se estabelece entre as palavras e perceba que,
Estes dois capítulos introduzem a noção de período composto e apre- muitas vezes, essa relação é “mediada” pela presença de uma preposição.
sentam as relações de coordenação e subordinação que podem existir Essa percepção torna-se essencial no momento de identificar contextos de
entre as orações de períodos compostos. ocorrência da crase.
A principal recomendação para o professor com relação ao ensino da Julgamos ser essa uma perspectiva mais funcional do que apenas a
sintaxe é que ele deve a todo custo evitar que tal estudo se transforme em apresentação das regras para o uso da crase, uma vez que a aplicação de tais
aborrecido exercício de nomeação de termos das orações e de tipos de regras exige do aluno a capacidade de analisar o contexto em que elas po-
orações. As classificações deverão sempre resultar da compreensão das dem (ou não) ser aplicadas.
relações sintáticas, não devendo jamais constituir o objetivo do estudo. Para dinamizar um pouco a discussão sobre esse assunto, o professor
É fundamental que, ao estudar as relações de sentido estabelecidas pode coletar exemplos de placas, anúncios, textos publicitários em que o
pela coordenação de orações, o aluno tenha compreendido o sentido da acento grave tenha sido utilizado de modo inadequado e/ou não tenha sido
autonomia sintática que marca tais orações. Só assim ele poderá compre- utilizado quando necessário. É bom que o aluno, na discussão de exemplos,
ender realmente a diferença essencial entre coordenação e subordinação. seja instigado a perceber que, em determinados contextos, a presença da
No estudo das relações de subordinação, além de compreender o crase torna-se fundamental para o estabelecimento do sentido do texto. Um
próprio sentido da dependência sintática existente entre orações subor- exemplo eloqüente desse tipo de ocorrência seria o título de uma charge de
dinadas, é imperativo que todo o conhecimento sobre as funções de subs- Angeli, publicada na Folha de S.Paulo, a propósito da presença do presiden-
tantivos, adjetivos e advérbios seja retomado na explicação e análise das te Luiz Inácio Lula da Silva no encontro da cúpula do G-8 em Evian: “Lula
subordinadas substantivas, adjetivas e adverbiais. Assim, a sintaxe do leva a fome à Evian”.
período composto deve aparecer para os alunos como um novo nível de Como se sabe, o presidente brasileiro fez, no encontro do G-8, uma
articulação entre as palavras. proposta para combate da fome mundial. A crase presente no título da charge
Na seção referente às orações subordinadas adverbiais, orientamos é condição fundamental para a interpretação da mesma. Caso ela não tivesse
o professor para que ele concentre seus esforços na apresentação das sido utilizada, o leitor do jornal não saberia quem (ou o quê) foi levado aon-
noções semânticas tipicamente introduzidas pelas orações adverbiais. de. Em contextos como esse, a crase elimina a ambigüidade e determina o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O domínio da nomenclatura associada aos vários tipos de estruturas sin- sentido a ser dado para as relações estabelecidas entre os termos da oração.
táticas adverbiais deverá decorrer da compreensão dessas noções. Isso Na última seção, a tarefa do professor será a de apresentar aos alunos
significa que não se deve introduzir a priori a nomenclatura tradicional, motivações convincentes para o uso de sinais de pontuação na escrita. Suge-
centrada no tipo de conjunção subordinativa que introduz a oração su- rimos que ele prepare as suas aulas para a unidade com base no texto apre-
bordinada adverbial, até porque, como se sabe, por vezes uma mesma sentado na teoria.
conjunção subordinativa pode introduzir orações adverbiais que expri- É possível desenvolver atividades interessantes a respeito dos sinais de
mem diferentes circunstâncias, do ponto de vista semântico. Antes, por- pontuação na escrita. Sugere-se, por exemplo, que o professor escolha texto(s)
tanto, de nomear uma oração adverbial, deve-se estar certo da do(s) qual(is) serão inicialmente retirados todos os sinais de pontuação, para
circunstância que ela expressa, associada a uma oração principal. que os alunos se dêem conta da necessidade de pontuar a escrita. Em segui-
Uma atividade interessante que pode ser conduzida com os alunos da, poderão ser trocados os sinais de pontuação do mesmo texto utilizado
ao final deste capítulo é a identificação e classificação, em textos va- anteriormente, para que os alunos percebam a necessidade não só de fazer
riados, de estruturas coordenadas e subordinadas, que poderá ser feita uso desses sinais, mas também de escolher a pontuação adequada.
em grupos, pelos alunos, a partir de material que eles mesmos podem
trazer para sala de aula. Isso possibilitará, além da fixação do conteú-
Prática de leitura e produção de textos
do dos capítulos de sintaxe, a comparação entre o tipo de sintaxe que A construção das habilidades de leitura e escrita talvez seja o principal
costuma caracterizar determinados tipos de textos (as escritas mais e objetivo a ser alcançado pelo trabalho com Língua Portuguesa ao longo do
menos formais, por exemplo). Os alunos poderiam, também, realizar ensino médio. Se pensarmos que, ao saírem da escola, os alunos deverão
um levantamento sobre a freqüência de ocorrência das estruturas coor- demonstrar, socialmente, proficiência nessas duas práticas (e dificilmente
denadas e subordinadas nos vários tipos de textos, além dos tipos de terão de fazer a análise de estruturas lingüísticas e/ou de textos literários),
coordenadas e subordinadas mais freqüentes. certamente concordaremos que o grande desafio para os professores de Lín-
gua Portuguesa é encontrar as estratégias mais adequadas para, ao mesmo
Capítulo 7 – A articulação de elementos textuais tempo em que conquistam o envolvimento dos alunos com a leitura e escri-
Na seções deste capítulo tratamos de alguns temas tradicional- ta, garantir que esse aprendizado dê bons resultados.
mente “áridos” no estudo da Língua Portuguesa: concordância e re- Considerando os objetivos a serem alcançados com o desenvolvimento
gência. Gostaríamos, portanto, de sugerir que o professor, além de tratar dos capítulos (explicitados anteriormente), gostaríamos, agora, de fazer al-
dos mecanismos de concordância verbal e nominal associados à nor- gumas considerações gerais sobre o desenvolvimento do conteúdo teórico
ma “culta”, aproveitasse a oportunidade para analisar, com seus alu- abordado em cada capítulo, bem como apresentar algumas sugestões sobre
nos, os mecanismos característicos de outras variedades do Português, as atividades adicionais a serem realizadas com os alunos.
com o intuito de chamar a atenção para o fato de que, do ponto de vista Os exercícios das Atividades procuram oferecer meios para que a leitura
estritamente lingüístico, não há como considerar uma variedade “me- de textos seja sistematicamente realizada e também avaliada pelo professor.
lhor” do que as demais, o que exclui a possibilidade de considerá-la Nesses exercícios, o aluno será solicitado a ler textos (verbais e não-verbais)
“correta” e as demais, “erradas”. de diferentes gêneros, e desafiado a reconhecer e analisar sua estrutura. Ao
O professor deve deixar bem claro para os alunos que as avaliações discutir as respostas dadas pelos alunos para cada uma das questões, o pro-
comumente feitas sobre os mecanismos de concordância são de natureza fessor terá condições de “medir” seu desempenho, de observar quais são
social, uma vez que os usuários da modalidade dita culta são geralmente os aqueles alunos para quem, por exemplo, o estabelecimento de relações entre
que pertencem às classes econômicas privilegiadas, gozando, por isso, de partes do texto permanece uma habilidade a ser desenvolvida.
maior prestígio na sociedade. A escrita será posta em prática por meio das Propostas de produção de
Apenas após essas considerações preliminares é que se podem introdu- textos presentes nos capítulos desta terceira unidade. O objetivo dessa se-
zir as regras específicas de concordância nominal e verbal que procuram ção, além de permitir que os alunos produzam textos, é familiarizá-los com
orientar os usuários da língua nos casos que costumam suscitar dúvidas. a escrita que surge em função de uma proposta determinada e que deve
Os tópicos da seção referentes ao estudo da regência verbal e nominal atender a algumas exigências preestabelecidas.
tornam inevitável a introdução de uma lista em que os nomes são apresenta- Gostaríamos, aqui, de recomendar que toda proposta de produção de
dos associados a determinadas preposições e de um conjunto de verbos cuja texto sugerida no material tenha uma etapa de discussão oral, durante a qual
regência costuma suscitar dúvidas entre os usuários da língua. Deve ficar os alunos se manifestem. É importante que os temas sejam discutidos pela
bem claro para o professor, no entanto, que suas aulas sobre o assunto não se classe, para que, além de aprenderem a ouvir e considerar opiniões diferen-
devem limitar à apresentação de listas e que as listas apresentadas na teoria tes da sua, os alunos também se sintam desafiados a organizar sua fala de
servem apenas como uma referência para consulta no caso de dúvidas, de- modo a se fazerem entender pelos colegas. Esse tipo de exercício favorece o
vendo os alunos aprender, basicamente, que o uso correto das preposições trabalho com a expressão oral e permite que o aluno tome consciência de
associadas a determinados nomes e que a identificação correta da regência que deve considerar os leitores no momento de produzir seus textos. Como
de determinados verbos — preocupações que se deve ter sobretudo no uso as situações de interlocução serão muito mais evidentes na discussão, essa
da modalidade escrita da Língua Portuguesa — costumam exigir consulta a prática pode auxiliar o aluno a lembrar-se de considerar seus interlocutores
bons dicionários. também no momento em que estiver escrevendo seus textos.

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Em alguns casos também oferecemos para o aluno a oportunidade de apoio” (colegas que vão auxiliá-lo a encontrar argumentos para res-
de realizar tarefas de produção de texto propostas em exames vestibu- ponder ao orador do grupo oponente).
lares ou avaliações oficiais (Enem). Acreditamos ser importante que O professor pode estabelecer o tempo inicial para a defesa oral de cada
ele conheça como a escrita é solicitada em exames como esse, caso uma das posições (dois ou três minutos) e, na seqüência, promover o debate
queira participar de um deles. entre os oradores que devem apresentar argumentos para defender a posição
O propósito deste volume, porém, não é preparar o aluno para de seu grupo e “provar” serem fracos os argumentos do outro grupo. Duran-
escrever em situações de seleção. Queremos que a escrita e a leitura, te o debate, a “equipe de apoio” pode auxiliar os oradores. O professor deve
ao fim do curso, surjam para ele como atividades tão naturais quanto atuar como “mediador”, controlando o tempo das réplicas e tréplicas a que
a fala; que ele seja capaz de se expressar de modo claro e coerente; cada um dos lados terá direito.
que a leitura seja um instrumento poderoso de obtenção de informa-
ções e orientação social. Capítulo 11 – Dissertação: revisão geral
No último capítulo desta unidade, achamos interessante retomar o
Capítulo 9 – A articulação textual trabalho com a dissertação, agora de modo um pouco mais orientado em
Os dois conceitos trabalhados neste capítulo — coesão e coerência relação aos tipos de proposta de produção de texto que o aluno enfrenta-
— são complexos, porque envolvem não apenas a compreensão de sua rá caso deseje se submeter a um exame vestibular.
importância na estruturação dos textos, mas também o domínio de re- O capítulo inicia fazendo uma breve revisão da estrutura da disserta-
cursos lingüísticos. ção, para permitir que o aluno relembre conceitos fundamentais. Embora
Sugerimos que o professor, com base no material constante na teo- o domínio da estrutura dissertativa seja importante, ele não será garantia
ria, prepare uma primeira aula de caráter expositivo. Sua discussão de- de sucesso em um vestibular, caso o aluno não conheça o tipo de tarefa
verá girar em torno dos tipos de mecanismos coesivos que garantem o associado a essa estrutura. Por este motivo, criamos uma “tipologia” das
correto estabelecimento das relações semânticas pretendidas, responsá- propostas de dissertação que costumam ser feitas em exames de seleção.
veis pela articulação temática do texto. Nosso primeiro “tipo” são os temas polêmicos. É comum, em
A analogia proposta com as placas de trânsito pode ser um interes- provas de seleção, pedir que o candidato se posicione e defenda, por
sante recurso a ser explorado nas aulas sobre coesão. O primeiro exercí- meio de argumentos válidos, seu ponto de vista em relação a ques-
cio das Atividades propõe que os alunos façam o mesmo tipo de tões controversas como a prática do aborto, a legalização das drogas,
“marcação” feito para o texto “Terra da liberdade”, transcrito na teoria. a adoção da pena de morte. O exemplo que propomos para discussão
Os demais exercícios também foram pensados para dinamizar a discus- é a instituição da reserva de vagas, nas universidades, como uma for-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

são sobre o controle dos mecanismos coesivos e recomenda-se que se- ma de “ação afirmativa”.
jam feitos em sala de aula, com a mediação do professor. Por meio de texto, procuramos fazer com que o aluno tome conhe-
Para tratar da questão da coerência textual, sugerimos que o professor cimento das duas posições marcadas em relação a essa questão (favorá-
faça a relação com aspectos estudados nas aulas de Gramática. Dessa for- vel às quotas ou contrária a elas) e veja quais são os principais argumentos
ma, os alunos terão exemplos concretos da importância do controle das re- utilizados por quem defende cada uma dessas posições.
lações de sentido estabelecidas entre as diversas orações em um período. O fundamental, na discussão do que fazer diante de uma questão polê-
Gostaríamos de destacar, além dos exercícios propostos nas Atividades, a mica, é o professor orientar seus alunos sobre a necessidade de ponderarem
proposta de produção de texto. Como o objetivo é levar o aluno a reconhecer a qualidade dos argumentos de que dispõem, levando em consideração a
que a coerência é alcançada por meio da articulação textual, pensamos ser perspectiva contrária. A contra-argumentação é uma parte tão importante de
uma estratégia interessante solicitar que ele dê prosseguimento a um texto um texto argumentativo quanto a defesa da posição que se julga mais ade-
argumentativo parcialmente transcrito no material. Dessa forma, o aluno de- quada. Sugerimos, então, que o professor oriente seus alunos nesse sentido.
verá identificar a posição defendida pelo autor do texto e perguntar-se sobre O segundo “tipo” de proposta é aquele que vai exigir do aluno uma
qual seria uma continuação que se articulasse a essa posição sem problemas. postura mais amadurecida e generalizante. Trata-se dos chamados te-
mas filosóficos. Geralmente relacionados à discussão e análise de com-
Capítulo 10 – O texto persuasivo portamentos humanos, os temas filosóficos costumam abordar questões
Retomamos, neste capítulo, o trabalho com os textos persuasivos. A mais gerais, desvinculadas da realidade em que se vive. Por essa razão
primeira questão a ser tratada é a construção de uma imagem de exigem maior amadurecimento do aluno na leitura da coletânea e, prin-
interlocutor. cipalmente, na organização da análise que fará em sua dissertação.
Sugerimos que a tira do Calvin, reproduzida na abertura do capítulo, Para finalizar, apresentamos os temas relacionados às questões atu-
seja utilizada pelo professor para discutir, com seus alunos, quais as con- ais. Cada vez mais freqüentes em exames vestibulares, essas propostas
seqüências práticas, para o discurso persuasivo, da identificação correta abordam aspectos da vida na sociedade contemporânea. Para estarem
da imagem da pessoa que procuramos convencer de alguma coisa. Depois aptos a discuti-las, os alunos precisam dispor de um bom repertório de
disso, o professor pode passar à análise dos procedimentos utilizados pe- informações. Esse repertório é constituído pela leitura de jornais e re-
los textos publicitários para atingirem seu público-alvo. vistas, por uma postura “curiosa” diante da realidade.
Mais uma vez, os alunos podem ser solicitados a trazerem exemplos O fundamental para o desenvolvimento desse capítulo é que o pro-
de diferentes propagandas para análise e discussão em sala de aula. fessor procure envolver os alunos na discussão dos temas (tanto os ana-
Na seqüência do trabalho com a imagem do interlocutor, passamos a lisados na teoria quanto os propostos para os alunos desenvolverem),
tratar de um contexto específico de persuasão: as cartas argumentativas. que promova a discussão oral, que peça aos alunos para recolherem in-
Esse é um tipo de texto persuasivo que pode tornar-se um interessante formações sobre uma questão atual a ser discutida e que oriente a análi-
instrumento de manifestação de opinião ou de reivindicação na vida práti- se ponderada dessas informações.
ca dos alunos. Por esse motivo, começamos a apresentação das cartas Temos certeza de que, ao fim da 3a série, os alunos que de fato se
argumentativas por exemplificar um dos seus contextos de ocorrência: as envolveram com as atividades de leitura e produção de texto propostas
manifestações de leitores de jornais e revistas. neste material terão muito mais tranqüilidade na hora de ler e farão da
O foco do trabalho, porém, deverá ser a análise da estrutura de uma escrita um importante instrumento de suas vidas sociais.
carta argumentativa. Nós aproveitamos uma carta publicada por um jor-
nalista esportivo, por ocasião das eliminatórias para a Copa do Mundo Os critérios de correção: uma proposta específica
de futebol de 2002, para mostrar ao aluno os principais elementos Procurando contribuir para o estabelecimento de avaliações mais ob-
constitutivos nesse gênero. jetivas dos textos produzidos pelos alunos, faremos, agora, a sugestão de
Compreendida essa estrutura, passamos a discutir quais são os pro- alguns critérios a serem adotados no momento de avaliação de redações.
cedimentos a serem adotados na elaboração de um projeto de carta Eles não são os únicos possíveis, é claro! Gostaríamos, porém, que o pro-
argumentativa. Sugerimos, mais uma vez, que o professor procure moti- fessor os considerasse como uma sugestão, porque são o resultado de um
var os alunos a participarem da discussão do tema com base no qual a longo trabalho com a avaliação de milhares de redações de vestibulandos.
nossa exposição foi feita. Esses critérios resumem as indagações que se devem fazer a um
Um interessante exercício que pode ser organizado em sala de aula texto com relação aos modos de estruturação e articulação dos elemen-
é a divisão da turma em dois grupos que irão debater um dos temas tos formais e de conteúdo.
polêmicos propostos neste capítulo: a discussão sobre a atuação da polí-
cia na manutenção da paz social e/ou o desejo de abandonar o Brasil e 1. A avaliação do tema proposto
tentar a sorte no exterior. Uma redação escrita em resposta a um tema proposto pelo profes-
O professor pode sortear qual será a posição a ser defendida pelos sor deve necessariamente considerar alguns elementos básicos que o
grupos, definir um tempo para que os alunos leiam a proposta e organi- definem (orientação geral apresentada, delimitação da questão a ser ana-
zem os argumentos que pretendem utilizar para defender sua posição. lisada, presença de informações que motivem a reflexão solicitada etc.).
Depois, cada um dos grupos deve escolher um “orador” e uma “equipe O professor, ao preparar um tema, deve fazê-lo considerando qual(is)

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elemento(s) de uma das três unidades composicionais (exposição, argu- ser definido, de forma bastante simplificada, como aquele que apresen-
mentação, narração) deseja enfatizar através de sua proposta. ta unidade e uma perfeita relação entre todas as suas partes. Ora, para
Freqüentemente, ao prepararmos uma proposta de produção de texto, que isso ocorra, o aluno precisará valer-se de algumas estruturas que, na
temos uma certa expectativa e somos surpreendidos por um desenvolvi- língua, cumprem exatamente a função de garantir a coesão dos textos.
mento diferente do esperado, por parte dos alunos. Quando tal fato ocorre, São elementos coesivos, por exemplo, os pronomes, as conjunções, a
suas conseqüências podem ser muito produtivas para a aula. Se a inadequação pontuação, apenas para lembrarmos alguns.
ao tema for geral, devemos nos perguntar, por exemplo, se aquilo que espe- Certamente poderíamos verificar a utilização de tais recursos no
rávamos estava claro na proposta feita. Caso o problema não esteja na defi- momento em que estivéssemos avaliando a correção gramatical, mas
nição do tema, podemos detectar uma dificuldade na compreensão de algum acreditamos ser mais interessante “separar” os aspectos puramente gra-
aspecto trabalhado em sala e estaremos diante de uma boa oportunidade de maticais da análise dos recursos coesivos. Explicamos por quê.
retomá-lo a partir dos exemplos de inadequação identificados nos textos. Em primeiro lugar, essa opção justifica-se pela maior importân-
cia, na construção do texto escrito, dos recursos coesivos. Sempre
2. Os elementos da coletânea seremos capazes de entender o que um aluno quis dizer ao escrever
É muito difícil escrever um texto a partir do nada. Se somos solici- “assucar”, mesmo que ele tenha usado dois esses em lugar do cê ce-
tados a produzir um trabalho sobre um determinado tema, o procedi- dilha e tenha esquecido a regra de acentuação das paroxítonas termi-
mento natural que adotamos é o de primeiro realizar uma pesquisa para, nadas em r. Mas nem sempre seremos capazes de recuperar, por
de posse das informações e dados selecionados através da pesquisa, es- exemplo, o referente de um pronome mal empregado. O caso mais
crevermos um texto sobre a questão proposta. Por que não adotarmos o dramático talvez seja o dos possessivos de terceira pessoa (seu e sua),
mesmo procedimento com nossos alunos? que provocam muitos casos de ambigüidade quando utilizados de
Gostaríamos, nesse momento, de recuperar o conceito de coletânea forma inadequada.
de textos, utilizado nas propostas de redação do Vestibular da Universida- Um segundo motivo, ainda mais forte do que o primeiro, é a íntima
de Estadual de Campinas (Unicamp). Uma coletânea é, basicamente, um relação entre alguns problemas de coesão e o que podemos chamar de
conjunto de textos de naturezas diferentes (extraídos de jornais, revistas, problemas de coerência. São freqüentes os casos em que a escolha inade-
livros etc.) que acompanham um tema de redação, cujo objetivo é colocar quada de uma conjunção (recurso coesivo) prejudica a compreensão de
à disposição das pessoas que optem por desenvolvê-lo algumas informa- uma relação entre duas estruturas sintáticas.
ções, que podem ser utilizadas no cumprimento da tarefa proposta. Podemos dizer: O ladrão foi preso porque assaltou o banco, ou O
Ao apresentar uma proposta de produção de texto acompanhada por um ladrão foi preso quando assaltou o banco, mas certamente não estamos

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conjunto de informações, o professor estará proporcionando melhores con- autorizados, em termos lógicos, a dizer O ladrão foi preso apesar de ter
dições para que seus alunos produzam textos mais consistentes (em lugar, assaltado o banco.
por exemplo, de apenas dizer que eles precisam melhorar o conteúdo...), e Trata-se de escolher entre diferentes conjunções (respectivamente
terá, no momento da avaliação, a oportunidade de verificar a qualidade de causal, temporal e concessiva), para, através dessa escolha,
sua leitura. Os alunos, por sua vez, “obrigados” a utilizar dados extraídos da explicitarmos como deve ser entendida a relação semântica entre di-
coletânea, perceberão que leitura e escrita são duas atividades interdependentes ferentes estruturas sintáticas.
e, portanto, concluirão não ser possível produzir boa escrita sem boa leitura. Por vezes, algumas relações não são aceitáveis em termos de coe-
3. A estrutura característica do texto a ser desenvolvido rência, como é o caso da relação de concessão entre o assalto ao banco e
a prisão do ladrão. Em ocorrências como essas, diz-se que um problema
Nas aulas “teóricas” certamente explicamos a nossos alunos quais
de coesão afetou dramaticamente a coerência do que está sendo dito.
são os elementos característicos do texto que estarão produzindo no
Por outro lado, um problema de concordância, acentuação ou ortografia
momento. É imperativo, portanto, que a avaliação das redações produzi-
muito dificilmente provocaria o mesmo tipo de conseqüência para o tex-
das em resposta aos temas propostos leve em consideração a maneira
to escrito. Por esses motivos achamos melhor analisar a coesão separa-
como esses elementos foram trabalhados por eles.
damente da correção gramatical nos textos de nossos alunos.
Para avaliar este item, portanto, estaremos preocupados com as ca-
racterísticas estruturais que devem ter textos narrativos, expositivos, per- 6. Coerência
suasivos, verificando em que medida o aluno se vale dessa estrutura Todo texto escrito deve apresentar uma unidade lógica, algo a que
para organizar seu raciocínio e apresentá-lo ao leitor de forma convin- nos referiremos, a partir dessa definição bastante simplificada, como co-
cente (ou verossímil, no caso das narrativas). erência. A avaliação da coerência de um texto está muito relacionada ao
domínio que o aluno tem da estrutura característica do tipo de texto solici-
4. Correção gramatical (o uso que o aluno faz da língua escrita)
tado e da qualidade da leitura que é capaz de fazer do tema e da coletânea.
A correção gramatical é sem dúvida um elemento importante do
No caso de textos de natureza argumentativa, avaliar a construção
texto escrito, mas precisamos tomar um imenso cuidado para não valorizá-
da coerência do texto significa estar atento à maneira como o aluno de-
la excessivamente.
senvolve sua argumentação. Muitas vezes, em lugar de relacionar fatos,
Para tanto, achamos aconselhável que o professor crie uma espécie
argumentos, dados, ele apenas limita-se a comentá-los.
de hierarquia gramatical, procurando determinar quais são as
No caso de temas acompanhados de coletâneas, esse procedimen-
inadequações que realmente comprometem a compreensão do texto, por
to prejudica a articulação textual, o que, conseqüentemente, compro-
um lado, e, por outro, que evidenciam a pouca familiaridade do aluno
mete a coerência.
com as estruturas próprias do texto escrito.
É comum, também, o aluno utilizar (sem perceber) dois elementos
Poderíamos pensar, só para lembrarmos alguns desses problemas, na
da coletânea que são contraditórios, como se fossem complementa-
utilização dos tempos e modos verbais (com o cuidado de diferenciar o
res... situações como essas são avaliadas no item coerência.
aluno que usa o acento gráfico de forma equivocada, confundindo, diga-
Avaliar a coerência nas narrativas implica discutir o conceito de
mos, falara e falará, daquele que realmente optou por uma flexão de tem-
verossimilhança, ou, em outras palavras, a possibilidade de criação de
po inadequada; ou casos em que o aluno, por hipercorreção, evita grafar
um mundo ficcional em que acontecimentos irreais pareçam possíveis.
com dois esses [ss] a desinência própria do pretérito imperfeito do subjun-
O leitor de narrativas é bastante tolerante nesse sentido, estando
tivo, obtendo, como resultado, uma forma pronominal: fala-se, em lugar
disposto a aceitar as premissas criadas por um narrador para o compor-
de falasse, por exemplo), nas concordâncias verbal e nominal, na escolha
tamento de personagens no interior de um mundo ficcional (podemos
lexical (por exemplo, a substituição sistemática de ter por possuir, ou por-
pensar nos contos de fadas como exemplo óbvio), mas costuma exigir
que por pois, como se houvesse palavras “melhores” e “piores”...), na
que tais premissas sejam respeitadas ao longo do texto.
interferência excessiva de estruturas da linguagem oral no texto escrito.
Soluções apresentadas abruptamente, no fim da narrativa, e que não fo-
Avaliar o uso que o aluno faz da modalidade escrita da língua portu-
ram preparadas ao longo do desenvolvimento do enredo não costumam con-
guesa não deve significar, no entanto, uma mera contagem de “erros”.
tribuir muito para a construção da coerência desse tipo de texto, e o professor
O professor precisa reconhecer os casos em que o aluno optou por uma
precisa estar atento para isso ao avaliar produções escritas de seus alunos.
estrutura sintática, ou mesmo por uma determinada palavra, e que essa
opção contribuiu significativamente para o texto resultante.
Estamos tão acostumados a corrigir “erros”, que abandonamos por E a criatividade, como é que fica?
completo a observação dos acertos e essa é uma postura certamente con- Podemos, agora, discutir a noção de criatividade no texto escrito,
denável. Cabe ao professor identificar tanto os erros quanto os acertos e “critério” muito freqüentemente proposto para a avaliação da qualidade
ponderá-los ao fazer sua avaliação. de um texto. “Texto bom é texto criativo!”, costumamos ouvir... Mas,
será que isso é verdade?
5. Coesão A análise dos diferentes aspectos responsáveis pela estruturação da
Ainda com relação à organização gramatical e semântica do texto, redação permite ao professor determinar em qual(is) dele(s) o aluno so-
podemos considerar um segundo critério: a coesão. Um texto coeso pode bressaiu em relação a seus colegas. Um desempenho acima da média,

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ou mesmo excepcional, no trabalho com o foco narrativo, ou com a ar-
ticulação de argumentos, deverá refletir-se na nota que o professor atri- Bibliografia geral para o professor
buirá ao trabalho realizado por aquele aluno com relação à estrutura da
narração ou da dissertação.
Ora, é bem possível que, em uma avaliação holística, essa mesma Literatura: A arte como representação do mundo
redação fosse considerada “criativa”. No entanto, se forem utilizados
critérios específicos, em lugar de uma “impressão”, o professor recom- Os textos abaixo indicados podem ser muito úteis na preparação de
pensará o aluno, tendo condições de determinar exatamente qual, dentre aulas e na compreensão da linha analítica adotada nesta obra. Recomen-
os vários elementos analisados, ele soube desenvolver melhor do que damos, especificamente, a leitura da obra de Edward Forster por apre-
seus colegas. Por que recorrer à “criatividade”, quando podemos mos- sentar, de modo bastante claro, os procedimentos de leitura a serem
trar a nossos alunos que um bom texto é fruto de um trabalho cuidadoso adotados no momento de abordagem do texto literário.
com cada um dos seus elementos constitutivos? Embora as fontes pesquisadas para a preparação desta obra tenham
Esperamos que o professor, ao considerar os critérios de avaliação sido mais numerosas, optamos por indicar os textos da série Princípios,
sugeridos, lembre-se de que os exercícios de leitura e produção de tex- como referência para uma consulta mais rápida pelo professor. Dada a
tos devem ter como objetivo o aperfeiçoamento da expressão escrita dos natureza dessa série, os livros abordam as diferentes estéticas literárias
alunos. As propostas de redação constituem, assim, espaço privilegiado focalizando os seus aspectos essenciais.
para que se promova uma reflexão mais produtiva sobre o uso da moda- Caso o professor deseje encontrar outros textos literários em língua
lidade escrita do Português. Acreditamos sinceramente que o estabeleci- portuguesa, além dos transcritos neste livro, recomendamos a utilização
mento prévio de critérios baseados nos quais o texto será avaliado só das antologias literárias identificadas abaixo, bem como o hoje clássico
pode contribuir para essa reflexão. Presença da Literatura Brasileira, do Professor Antonio Candido.
Ressaltamos, por fim, que a intenção não foi a de elaborar uma
bibliografia extensa, mas sim a de indicar algumas obras de referência
para o professor consultar no momento de preparar suas aulas.
Sugestões de leitura para o aluno Allambert, Francisco. A semana de 22. A aventura modernista no Brasil.
São Paulo, Editora Scipione, 1992.
Fizemos, ao longo deste livro, uma viagem por diferentes momen- Behr, Shulamith. Expressionismo. São Paulo, Cosac & Naify, 2000.
tos da trajetória humana. Os textos literários foram nosso veículo. Para Bosi, Alfredo (org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo, Cul-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ampliar o repertório dos alunos, selecionamos algumas obras estran- trix, s/d.
geiras sugeridas que foram traduzidas para o Português e outras, de Bosi, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo, Edi-
autores brasileiros e portugueses. Como há, porém, diferentes edições tora Cultrix, 1994.
e/ou traduções dessas obras, optamos por não indicar nenhuma delas, Bradley, Fiona. Surrealismo. São Paulo, Cosac & Naify, 1999.
deixando a escolha final para você. Brunetl, P. et alii. A crítica literária. São Paulo, Martins Fontes, 1988.
Lembre-se de que toda seleção é pessoal. Portanto, essa é apenas Cademartori, Lígia. Períodos literários. São Paulo, Ática, 1993. Série
uma sugestão de alguns dos muitos autores e títulos possíveis. Use-a Princípios.
como ponto de partida para pensar em outras possibilidades que sejam Campedelli, Samira Y. e Benjamim Abdala Jr. Literatura Comentada –
mais adequadas ao perfil e aos interesses de seus alunos. Clarice Lispector. São Paulo: Abril Educação, 1981.
Candido, Antonio e Castello, José Aderaldo. Presença da literatura brasi-
leira. São Paulo, Difel, 1985.
Pré-modernismo Candido, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo,
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma. Ática, 1987.
Monteiro Lobato. Urupês. Candido, Antonio. Na sala de aula – Caderno de análise literária. São
Euclides da Cunha. Os sertões. Paulo, Ática, 1985.
Coelho, Jacinto do Prado (org.). Dicionário de Literatura Brasileira, Portu-
guesa e Galega. Figueirinhas/Porto, Companhia Editora do Minho, 1983.
Modernismo Cottington, David. Cubismo. São Paulo, Cosac & Naify Edições, 1999.
Franz Kafka. A metamorfose. Cunha, Maria Helena Ribeiro et alii. A Literatura Portuguesa em Perspectiva
Mário de Andrade. Macunaíma. – Classicismo/Barroco/Arcadismo. São Paulo, Editora Atlas, 1993.
Mário de Andrade. Amar, verbo intransitivo. D’Onofrio, Salvatore. Literatura Ocidental – Autores e obras fundamen-
Mário de Andrade. Contos novos. tais. 2. ed. São Paulo, Ática, 2000.
Oswald de Andrade. Serafim Ponte Grande. De Nadai, José Fulaneti et alii. Literatura Comentada – João Cabral de
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Melo Neto. São Paulo, Abril, 1982.
Carlos Drummond de Andrade. Antologia poética - recomposta. Dimas, Antônio. Espaço e romance. São Paulo, Ática, 1985. Série Princípios.
Vinicius de Moraes. Livro de sonetos. Filho, Domício Proença. A linguagem literária. São Paulo, Ática, 1997.
Cecilia Meireles. Melhores poemas de Cecilia Meireles. Série Princípios.
Cecilia Meireles. Romanceiro da Inconfidência. Forster, Edward M. Aspectos do romance. São Paulo, Globo, 1998.
Murilo Mendes. Melhores poemas de Murilo Mendes. Gancho, Cândida V. Como analisar narrativas. São Paulo, Ática, 1999.
Graciliano Ramos. Vidas secas. Série Princípios.
Graciliano Ramos. São Bernardo. Goldstein, Norma. Versos, sons e ritmos. São Paulo, Ática, 1985. Série
Jorge Amado. Terras do sem fim. Princípios.
José Lins do Rego. Menino de Engenho. Gomes, Álvaro Cardoso. A Literatura Portuguesa em Perspectiva – Sim-
José Lins do Rego. Fogo morto. bolismo/Modernismo. São Paulo, Editora Atlas, 1994.
Érico Verissimo. O tempo e o vento. Gonçalves, Magaly T. et alii (orgs.). Antologia de antologias – 101 poetas
João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina. brasileiros “revisitados”. São Paulo, Musa Editora, 1995.
Gonçalves, Magaly T. et alii (orgs.). Antologia de antologias – Prosadores
brasileiros “revisitados”. São Paulo, Musa Editora, 1996.
Pós-modernismo Gonçalves, Magaly T. et alii (orgs.). Antologia escolar de literatura brasilei-
João Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas. ra. São Paulo, Musa Editora, 1998.
João Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. Hauser, Arnold. História social da literatura e da arte. 2 volumes. São Pau-
Clarice Lispector. A hora da estrela. lo, Mestre Jou, 1982.
Clarice Lispector. Laços de família. Helena, Lúcia. Modernismo brasileiro e vanguarda. São Paulo, Ática, 1989.
Clarice Lispector. A legião estrangeira. Série Princípios.
Lygia Fagundes Telles. Antologia - Meus contos preferidos. Humphreys, Richard. Futurismo. São Paulo, Cosac & Naify Edições, 2000.
Lygia Fagundes Telles. As meninas. Kraube, Anna-Carola. História da Pintura – Do Renascimento aos nossos
Rubem Fonseca. A grande arte. dias. Könemann, Hong Kong, 2000.
Adélia Prado. Poesia reunida. Lajolo, Marisa e Regina Zilberman. A formação da leitura no Brasil. São
Manoel de Barros. O livro das ignorãças. Paulo, Ática, 1998.
Gabriel García Márquez. Cem anos de solidão. Lyra, Pedro. Conceito de poesia. São Paulo, Ática, 1986. Série Princípios.
Italo Calvino. Se um viajante numa noite de inverno. Mack, Maynard (ed.). The Norton Anthology – World Masterpieces. New
Umberto Eco. O nome da rosa. York, W.W. Norton Company, 1997.

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Saraiva, António José. Iniciação à Literatura Portuguesa. São Paulo, Com- Prática de leitura e produção de textos
panhia das Letras, 1999.
Sobre a questão da leitura merecem destaque as obras de Alberto
Short, Robert. Dada & Surrealism. Hong Kong, Laurence King Pu-
Manguel, principalmente Uma história da leitura e de Roger Chartier
blishing, 1994.
(A aventura do livro – Do leitor ao navegador).
Souza, Roberto A. de. Teoria da Literatura. São Paulo, Ática, 1995. Série
Com relação à estrutura dos textos, recomendamos o já “clássico”
Princípios.
Comunicação em Prosa Moderna, do professor Othon M. Garcia, pelo
Strickland, Carol. Arte Comentada – Da Pré-História ao Pós-Moderno. Rio
aspecto prático das orientações por ele oferecidas com relação à cons-
de Janeiro, Ediouro, 1999.
trução das partes do texto.
Teles, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro.
Recentemente têm sido publicadas várias obras que auxiliam a refle-
8. ed. Petrópolis, Vozes, 1983.
xão sobre o trabalho com os gêneros textuais no contexto escolar. Além da
Verissimo, Érico. Breve História da Literatura Brasileira. São Paulo, Glo-
referência clássica de Mikhail Bakhtin, recomendamos o livro do profes-
bo, 1995.
sor Bernard Schneuwly, que traz um capítulo dedicado à orientação da
Língua: Da análise da forma à construção do sentido preparação de seqüências didáticas para o trabalho com gêneros da
oralidade e da escrita. Além disso, a coleção coordenada pela professora
Os textos abaixo indicados podem ser muito úteis na preparação Lygia Chiappini (Aprender e ensinar com textos) também oferece interes-
de aulas e na compreensão de alguns aspectos abordados nesta obra. santes sugestões e orientações para o estudo dos gêneros textuais basea-
Recomendamos, especialmente, a leitura de Linguagem, Escrita e Po- das no acompanhamento de propostas realizadas em escolas brasileiras.
der, do professor Maurizio Gnerre, para os interessados em entender Recomendamos por fim, mais uma vez, a leitura das obras da pro-
melhor como diferentes usos da linguagem podem dar margem a dis- fessor Ingedore Koch, que, com suas reflexões sobre a lingüística textu-
criminação social ou favorecer determinadas relações de poder. al contribui de modo muito valioso para a compreensão dos mecanismos
Os livros da professora Ingedore Villaça Koch também merecem de organização do texto e construção de sua coerência.
atenção especial para os interessados em conhecer melhor os mecanis- Bakthin, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins Fontes,
mos de estabelecimento das relações de coesão e coerência textuais. 2003.
Bechara, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Ja- Blikstein, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 13. ed. São Paulo, Áti-
neiro, Lucerna, 1999. ca, 1995.
Camara Jr., Joaquim Mattoso. Dicionário de Lingüística e Gramática. Pe- Brandão, Helena e Guaraciaba Micheletti (coords.). Aprender e ensinar com
trópolis, Vozes, 1984. textos didáticos e paradidáticos. 3. ed. São Paulo, Cortez, 2001. Coleção

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cegalla, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portu- Aprender e ensinar com textos. v. II.
guesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996. Brandão. Helena Nagamine (coord.). Gêneros do discurso na escola. 4. ed.
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Respostas
Observação: as respostas, muitas vezes, são apenas sugestões para auxiliar o professor.

Capítulo 1 Falar sobre elas implica conhecê-las, e esse processo de análise da situação
real do povo brasileiro é um importante passo na aproximação entre a reali-
1. Chama-se Pré-Modernismo uma literatura que problematiza nossa dade e a ficção, que futuramente será tão defendida pelos modernistas.
realidade social e antecipa elementos da Semana de 22. 19. b
2. Ao problematizar a realidade nacional, o Pré-Modernismo agita o 20. Além de suas características físicas (presentes no segundo parágra-
ambiente cultural brasileiro (a belle époque), que andava estagnado. fo), o marechal Floriano Peixoto é apresentado como um sujeito pregui-
3. Os sertanejos nordestinos, os “caipiras”, os pequenos funcionários çoso, indolente, fraco de caráter, com profundo desamor pelos cargos
públicos, o mulato, os imigrantes. que ocupava. Ainda assim, ficou conhecido como “Marechal de Ferro”.
4. Há entre os pré-modernistas e seus contemporâneos uma relação de opo- 21. Floriano parecia ser autor de ditos silibinos, proféticos, misteriosos.
sição. Não se pode esquecer que a literatura da moda era o Parnasianismo, No entanto, tal característica era de fato resultado da carência de gran-
célebre por seu distanciamento das questões sociais, seu beletrismo, e sua des homens que o país sentia, pois Floriano tinha, na verdade, preguiça
poesia de certa forma alienada do contexto social. de pensar e de agir, o que resultava em mutismo.
5. a) Divide-se em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. 22. O trecho é: … pobre de expressões, a não ser de tristeza que não lhe
b) Euclides da Cunha apresenta uma visão determinista, característica do era individual, mas nativa, de raça. A referência à raça como determinante
século XIX (usada principalmente pela literatura naturalista). Percebemos de um traço de caráter é característica do determinismo.
um traço dessa visão em tendências impulsivas das raças inferiores. 23. O narrador é onisciente, o que lhe confere autoridade para revelar os
c) A divisão do livro revela claramente a visão determinista. Promove a traços da personagem de uma forma crítica. Tal postura crítica condiz com
análise do Meio, na primeira parte. Descreve a Raça, na segunda, para os princípios pré-modernistas de problematizarem a realidade brasileira.
só então, a partir da combinação desses fatores, tentar compreender o 24. e
conflito de Canudos. 25. O Cubismo foi uma das mais importantes vanguardas artísticas euro-
6. a) O trecho refere-se a Antônio Maciel (o Conselheiro). péias do século XX. Pablo Picasso tornou-se, na pintura, seu principal re-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Segundo o trecho, Antônio Conselheiro condensou as tendências reli- presentante. O movimento queria romper com as tradições artísticas passadas
giosas impulsivas da raça sertaneja. Ele foi o elemento passivo por ser e, para isso, propunha “enxergar” o mundo por outras perspectivas, muitas
uma projeção desse misticismo, mas foi também o elemento ativo por, vezes “deformando” o objeto observado. Na tirinha de Calvin, o garoto
de certa forma, estimular esses impulsos nos sertanejos. começa a ver os dois lados da questão em tudo. Para reforçar essa idéia, no
7. O tema regionalista já havia sido abordado pelos românticos, de for- último quadrinho, o desenho de Bill Watterson parece uma obra cubista, em
ma descritiva, idealizada e sentimental. Euclides da Cunha, pela primei- que o objeto é representado simultaneamente por mais de um ponto de vis-
ra vez, trata o sertão de maneira crítica, apontando os problemas ta. Dentre as telas de Picasso reproduzidas na questão, Marie-Thérèse apoi-
característicos dessa região (como a seca, por exemplo). ada no cotovelo é a única que exemplifica a multiplicidade de perspectivas
8. Teleológica, bactéria, antropomorfismo, hidrópicos, vísceras. de se ver o mesmo objeto, traduzida na deformação do rosto da mulher.
9. Augusto dos Anjos trata da morte sob o seu aspecto material, biológico. 26. c
A abordagem desse tema sob o ponto de vista orgânico, da putrefação dos
corpos (o poema refere-se ao verme — o agente da decomposição), fre-
Capítulo 2
qüente em seus poemas, torna-o único em nossa literatura.
10. Augusto dos Anjos opõe-se frontalmente ao gosto literário da época, 1. No poema, o eu lírico revela sua inadequação pelo desajuste entre a
notadamente parnasiano. Como se sabe, o Parnasianismo pregava uma imagem que se faz dele e o que ele próprio percebe, de forma cruel,
poesia com temas considerados belos. Augusto dos Anjos traz para a poe- sobre si mesmo.
sia imagens consideradas de mau gosto, grotescas e por vezes repulsivas. 2. O título do poema revela justamente a distância entre o que os outros
11. A terceira estrofe do poema é um bom exemplo do gosto do poeta. vêem do eu lírico e o que ele vê em si mesmo. A distância é tão grande
Além disso, podemos apontar carne podre, na última estrofe, e, de ma- que ele se refere à imagem construída socialmente como aquele outro.
neira geral, o tema central do poema (o verme), como justificativas para 3. O poema é um soneto, composto de versos decassílabos, e esquema
uma reação negativa da crítica dos parnasianos. de rimas ABBA/ABBA/CCD/DDC. Tal esquema formal não condiz com
12. A característica mais forte a ser observada é a da colagem de diferentes o que se espera do Modernismo, que é uma maior liberdade formal.
tipos de imagens, o que faz com que não haja um nexo entre os elementos. A 4. O eu lírico se vê como um desajustado, gordo, mentiroso e fingidor,
distribuição dos recortes, uns sobre os outros, também aponta para a gratuidade dentre outras características autodepreciativas.
(falta de razão) da arte dadaísta: tudo é fruto de uma disposição casual. 5. a) A poesia de Caeiro é antifilosófica, porque se declara contra a
13. As imagens mais nitidamente surrealistas são: Soltaram os pianos; reflexão. Diz ele Não tenho filosofia, tenho sentidos. Para ele, a vida
as sombras dos pássaros vêm beber; acompanhado pelas rosas deve ser percebida sensorialmente, e não de forma metafísica, Porque
migradoras e pianos que gritam. Todas essas imagens indicam uma rup- pensar não é compreender...
tura com a lógica realista.
b) Segundo o poema, a vida deve ser encarada de forma materialista,
14. O movimento literário que desenvolveu o gênero pastoril foi o
isto é, em suas dimensões físicas. A percepção concreta da existência é
Arcadismo, ou Neoclassicismo, no século XVIII.
mais adequada.
15. Murilo Mendes substitui o elemento característico da poesia pastoril
6. Apesar de afirmar a necessidade da percepção física, sensorial da vida,
(o gado) por pianos, que, pela lógica, não podem ser pastoreados. Se a
Caeiro é poeta, ou seja, faz reflexões, pensa sobre a natureza, não a
palavra pianos no primeiro verso fosse substituída por bois ou ovelhas,
vivencia. Daí a suposta contradição.
o poema poderia ser lido como uma pastoral tradicional.
7. Pensar é estar doente dos olhos é uma das definições dadas por Caeiro.
16. a) Pastor pianista, convencionalmente, pode ser lido como um pas-
tor que toca piano. Indica que o pensamento está aquém da percepção sensorial.
b) No contexto do poema, a expressão passa a significar pastor de pia- 8. Não vale a pena viver baseando-se em suposições de grandeza.
nos, como se pianos fossem uma espécie de gado. O melhor é contentar-se com o que temos e com o que somos.
17. O que aconteceu de mais importante em termos literários durante o 9. A linguagem de Alberto Caeiro é mais prosaica, contém algumas repeti-
Pré-Modernismo foi a construção de uma nova imagem de Brasil na ções de palavras, denotando maior simplicidade, além de versos livres e bran-
Literatura. Deixando de lado as idealizações românticas e o elitismo cos comporem o poema. Ricardo Reis tem uma linguagem mais elaborada,
realista, o Brasil pré-modernista é o país dos sertanejos ignorantes, dos mais sofisticada do ponto de vista formal (o poema tem métrica regular).
imigrantes que se deparam com uma cultura estranha, dos pequenos fun- 10. Florbela Espanca utiliza a forma fixa do soneto, o que, de certa for-
cionários públicos que vivem nos subúrbios e dos caboclos que povoam ma, contraria o princípio de liberdade formal (versos livres e brancos)
o interior de São Paulo. defendido pelo Modernismo.
18. Elevar as personagens até então marginalizadas à categoria de persona- 11. a) O livro é uma Bíblia de tristes, um livro de sombras e de mágoas.
gens principais significa, na verdade, reconhecer sua existência e, mais ain- O eu lírico apresenta o livro como uma expressão da dor e da tristeza em
da, tomar consciência de que elas formam grande parte da população brasileira. que vive.

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b) Pelo uso de vocativos como Desgraçados, Desventurados, Irmãos na Capítulo 3
Dor, os leitores são apresentados como cúmplices no sofrimento do eu
lírico: por viverem as mesmas mágoas, são capazes de compreender o 1. Os elementos característicos da cultura brasileira são a farinha, a pinga e
que o livro vai mostrar. o fumo, além da referência aos lugares Baependi, Suruí e Parati.
12. Provavelmente, o eu lírico busca a cumplicidade dos leitores, que 2. A linguagem é coloquial, foge à norma culta e procura reproduzir a fala
compartilhariam as tristezas expressas pelo livro. Ao mostrar o livro cotidiana brasileira. Além disso, os nomes dos locais são todos indígenas, o
dessa maneira, o eu lírico antecipa a temática que abordará. que é outra referência ao português falado no Brasil.
13. a) A visão sentimentalista da literatura, vista como algo confessional, 3. A afirmação pode sugerir a submissão da cultura estrangeira à cultura
de lamentação sobre mágoas individuais, além da pontuação expressiva nacional, pois o europeu elogia elementos característicos do Brasil. Esse
de emoções (reticências e exclamações) sugerem a aproximação com o pode ser considerado um recurso utilizado pelo poeta para valorizar a cultu-
Romantismo. ra nacional.
b) O elemento simbolista mais evidente no texto é a presença de maiús- 4. Inicialmente, podemos apontar três paradoxos. O primeiro, entre o ambi-
culas alegorizantes. ente (o baile da Corte) e o assunto tratado (fumo, pinga e farinha são carac-
14. d terísticos da cultura popular, e não aristocrática). O segundo, entre a pessoa
15. a) Almada acredita que o principal problema de Portugal é viver do que fala (o conde europeu) e, novamente, o assunto tratado. O terceiro, entre
passado, ser um país atrasado e decadente. a linguagem utilizada (comê bebê pitá e caí), o ambiente e a pessoa que fala.
b) Segundo Almada, os portugueses são fracos, covardes e cheios de 5. a) O eu lírico compara Teresa ao porquinho-da-índia que ele ganhara aos
defeitos. seis anos. Isso causa estranheza por fugir ao convencionalismo das declara-
16. Almada se apresenta como um jovem inteligente que deseja, por ções de amor: um porquinho-da-índia não é exatamente um animal belo,
meio de sua produção intelectual, salvar a pátria portuguesa da decadên- com o qual uma mulher queira ser comparada.
cia em que se encontra. b) Bandeira compara a mulher ao porquinho-da-índia a partir de uma expe-
17. a) Almada explica que a guerra ajuda a diferenciar os fortes dos riência sentimental: o mesmo efeito de deslumbramento provocado pela
fracos, promovendo uma espécie de higiene que elimina do mundo a visão do animalzinho quando o eu lírico tinha seis anos acontece pela visão
postura saudosista, de adoração do passado e dos mortos. da amada.
b) A vanguarda que influenciou o autor foi o Futurismo, que defendia a c) A linguagem coloquial, o tema prosaico, a lembrança da infância são
guerra como a grande higiene do mundo. No texto, observa-se que essa características da poesia de Bandeira notadas no texto transcrito.

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é justamente a posição de Almada-Negreiros. 6. Além da repetição dos nomes das personagens, percebemos ainda a
18. a) O “ensinamento” dos versos de Píndaro seria o de que o ser huma- recorrência do pronome que, conectando todos os protagonistas dessa pe-
no não deve almejar aquilo que não lhe foi destinado; deve viver segun- quena história.
do a sua natureza, respeitando-a, para, assim, alcançar a felicidade. 7. O título, “Quadrilha”, faz referência à célebre dança popular, em que os
b) Toda aspiração a uma existência semelhante a dos imortais (deuses) pares são, por diversos motivos, trocados e/ou desfeitos. O mesmo ocorre
seria frustrante, pois o ser humano estaria contrariando o princípio da com as personagens do poema, que se vêem sem parceiros amorosos, tal
vida satisfatória apresentado na primeira estrofe (desejar do céu / coi- como na dança.
sas que assentem a um espírito mortal e tomar conhecimento da sorte 8. Segundo o poema, o amor parece ser um sentimento aleatório ou casual:
para a qual nascemos). A felicidade consistiria, nessa perspectiva, em aquele que ama não tem necessariamente seu amor correspondido. De fato,
se viver plenamente, aceitando as limitações humanas (goza plena- no poema, a visão é mais trágica: o sujeito que ama nunca é amado. O amor
mente / tudo o que esteja ao teu alcance). também é interrompido, e, principalmente, amor nada tem a ver com casa-
c) Resposta pessoal. Sugerimos um debate mais amplo sobre a enorme mento, pois a única que não amava ninguém é a que se casa.
diferença entre a visão de mundo dos gregos (apresentada no poema) e 9. J. Pinto Fernandes, apresentado com o nome pomposo, pouco afetivo e
aquela que rege a humanidade atualmente. O que o aluno deve perceber íntimo, representa justamente o casamento, desvinculado do amor. Casa-se
é que o ser humano não se contenta com a sua condição de mortal, pro- com a que não amava ninguém.
curando transcendê-la de todas as formas. A Ciência reflete bem essa 10. A métrica livre, os versos brancos, o tom humorístico são traços da poe-
ambição, na medida em que é o campo das pesquisas que buscam a sia da primeira geração que encontramos em “Quadrilha”.
origem e o controle da vida. No dia em que se conseguir, em laboratório, 11. Resposta pessoal. O aluno pode argumentar que sim, lembrando que,
compreender os mecanismos que regem a criação da vida, o ser humano nos dias de hoje, observa-se, de um lado, uma grande instabilidade nos
terá alcançado os meios que lhe permitirão transcender da condição de envolvimentos amorosos (muitas separações, relacionamentos passagei-
criatura para a condição de criador. Resta saber se, nesse dia, terá tam- ros) e, de outro, uma insatisfação muito grande das pessoas no terreno
bém encontrado a chave para a imortalidade e para uma existência feliz. afetivo. O aluno pode também responder de modo negativo e argumen-
19. A poesia de Ricardo Reis é, dos heterônimos de Fernando Pessoa, a que tar de modo a demonstrar que, em todas as épocas, o ser humano enfren-
mais se aproxima dos textos dos poetas clássicos. Podemos identificar, nos ta problemas para satisfazer-se no campo amoroso. Desencontros
poemas de Ricardo Reis, o mesmo desejo de apresentar ensinamentos para amorosos seriam, assim, encarados como algo comum na busca pelo
que o ser humano aceite a sua própria mortalidade e viva melhor, aprovei- amor verdadeiro.
tando intensamente o momento presente. A diferença entre homens e deu- 12. A geração de 30 notabilizou-se com temas sociais ligados aos pro-
ses e o carpe diem são temas que se originam na poesia grega da Antigüidade, blemas do Nordeste. No trecho, reconhecemos o problema da seca e da
como se pode constatar da leitura do poema de Píndaro. migração que ela provoca.
20. Sugere que tem uma visão centrada em si próprio, ou seja, subjetiva. 13. a) Os adjetivos são avermelhada, verdes, cansados e famintos, seco,
21. Pobre vaidade de carne e osso e mito, duas imagens que sugerem pelados, rala, vermelho, indeciso, brancas, negro e moribundos.
a vacuidade da existência, assim como o irrealismo daquilo que o b) As cores, ao contrário do usual (quando indicam um ambiente ale-
homem pensa que é. gre), são utilizadas no texto para compor um cenário desolador. O ver-
22. Nesse verso, Fernando Pessoa sintetiza o fenômeno da heteronímia. melho da seca é quebrado pelo verde ralo da caatinga, e por ossadas
Cada um de seus heterônimos é resultado de um processo racional de brancas cercadas de urubus.
fingimento. 14. As personagens são os retirantes Fabiano, sinha Vitória, o menino mais
23. O eu lírico dirige-se às flores, às aves, ao sol e a Maio (primavera). velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia. Carregam muitas coisas,
24. A repetição ou retomada do primeiro verso acentua aquilo que é estão cansados, famintos e calados.
afirmado, ressaltando seu conteúdo em outro contexto, depois das ex- 15. A enumeração indica a distância percorrida pelos retirantes. A caminha-
plicações dadas. da incessante deles também aparece em “os infelizes tinham caminhado o
25. Tomemos como exemplo a primeira estrofe. O eu lírico diz que já dia inteiro”.
não dá flores. A palavra flores, aí, está em sentido figurado. Em seguida, 16. O processo que ocorre na nomeação das personagens infantis é chama-
ele dirige-se às flores, dessa vez em sentido denotativo. Os elementos da do de despersonalização: as crianças, vítimas da miséria, perdem aquilo que
natureza, no desenvolvimento do poema, servem para caracterizar tanto lhes seria mais peculiar como cidadãos: o nome. São animalizadas, perdem
o mundo interno quanto o externo. sua condição humana. Ao contrário, como se vê em outras passagens do
26. Inicialmente, o texto teria uma estrutura dramática por ser um mo- romance, a cachorra Baleia parece ser mais humanizada que os retirantes.
nólogo, em que o eu lírico interpela elementos da natureza. Além disso, Esse indício já aparece no fato de ela possuir um nome.
ele se apresenta como um sujeito infeliz, atormentado, frio, que pede à 17. e
natureza aquilo que ele não possui mais. 18. a) O movimento literário criticado por Bandeira é o Parnasianismo.

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b) As características parnasianas criticadas por Bandeira são o excessi- banalidade do fato narrado não é típica. Essa é uma característica da obra
vo apego à forma, que de certo modo “burocratizava” a poesia, assim de Clarice Lispector, que perscruta o banal em busca de significados
como a utilização de um vocabulário pouco usual e a extrema valoriza- subjacentes.
ção da gramática. 11. Segundo o texto, a personagem queria adoecer, ou seja, descobrir o
19. a) O quarto verso, Que pena!, lamenta o processo de aculturação do ódio que desconhecia.
índio brasileiro pelos europeus. 12. Os parágrafos iniciam-se com a conjunção adversativa mas porque,
b) Os três últimos versos estabelecem uma relação de oposição com os em busca do ódio, a personagem depara-se com o amor dos leões e com
três primeiros. a inocência da girafa: era primavera, e aquele não era o lugar para se
c) Tanto o poema quanto o manifesto criticam a aculturação do índio e aprender o ódio.
valorizam a cultura nativa, original, sem as imposições culturais oriun- 13. Clarice Lispector centra sua narrativa no mundo interior da persona-
das da Europa. gem. A ação externa é quase irrelevante para o texto. O narrador preocu-
20. O poema pertence à vertente mais social do Modernismo da segunda pa-se em registrar os pensamentos e sensações da personagem, levando o
geração. O tema da bomba atômica relaciona-se diretamente ao contex- leitor a acompanhar os processos de descoberta que ela vive.
to de um mundo irremediavelmente transformado após o final da Se- 14. Novembras (adjetivo formado a partir do nome do mês); andorinham
gunda Guerra Mundial. e horizonto (verbos derivados de substantivos).
21. a) As expressões são rosa hereditária, rosa radioativa, estúpida e 15. Amanhecer, que normalmente é um verbo intransitivo, aqui está usado
inválida, com cirrose, anti-rosa atômica. como transitivo direto (o objeto é me).
b) As expressões transcritas mostram que a rosa a que se refere o poema 16. O papel do poeta é iluminar o silêncio das coisas anônimas.
é o símbolo da destruição atômica, por isso, inclusive, a referência ao 17. Se é função do poeta iluminar o silêncio daquilo que não tem nome,
fato de essa rosa ser sem perfume, sem rosa, sem nada. ele deve, necessariamente, utilizar-se de uma linguagem nova — se as
22. d coisas são anônimas e devem ter voz, o poeta é o responsável por romper
23. a) Narrador em primeira pessoa. esse silêncio, criando denominações e sentidos que não existem na lin-
b) Como um homem que parece restabelecer-se de alguma enfermida- guagem coloquial, cotidiana.
de, mas que não superou o trauma por que passou. Vive assustado, amar- 18. a) A personagem parece estar triste, sentindo-se abandonada, e acusa
gurado, envelhecido e agitado. Tal estado impede-o de trabalhar, e ele a mulher de ingratidão. Ressalta sua dedicação a ela, o que acentua a
demonstra estar obcecado por duas outras personagens, Julião Tavares e traição.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Marina. Ambos ocupam o pensamento do narrador, impedindo-o de pros- b) O texto é confessional: o sujeito traído fala a um interlocutor sobre suas
seguir com sua vida. mágoas.
24. Sim, pois quando o romance começa, não sabemos quem é o narrador, 19. Podemos apontar a brevidade da narrativa: uma linha que contém o
quais são os problemas por que passou, e muito menos quem são Julião embrião de uma história. Não há narrador explícito, nem enredo, nem ca-
Tavares e Marina. Somos colocados diante de um homem atormentado racterização de personagens, espaço ou tempo. Ou seja, a narrativa não con-
por “sombras” de um passado desconhecido. tém claramente nenhum dos elementos que a caracterizariam como narrativa.
25. Alguns elementos que serão explicados no decorrer do romance são, Contudo, a leitura do texto cria, na mente do leitor, uma história.
além das personagens, o motivo pelo qual o narrador ficou afastado do 20. a) No poema, o retirante Severino percorre o estado de Pernambuco,
trabalho e por que suas mãos estavam machucadas (as escoriações das até chegar a Recife, onde tem sua primeira experiência positiva: o nasci-
palmas). mento de uma criança, filha de José, o mestre Carpina, fato que o dis-
26. As palavras escritas pelo narrador sugerem que sua história envolve suade da idéia de suicídio. Está aí o sentido de Natal — nascimento (além
amor, ira e morte, relacionados a Marina, ou seja, trata-se de algum tipo da conotação religiosa: a criança que nasce é filha de um carpinteiro de
de crime passional. nome José, recebe visitas e presentes etc). O adjetivo pernambucano refe-
re-se ao espaço em que transcorre a ação.
Capítulo 4 b) O adjetivo severina, derivado de nome próprio muito comum no Nor-
deste, refere-se a uma vida árida, difícil, marcada pelo sofrimento. Tam-
1. a) Uma andorinha só não faz verão. bém refere-se ao anonimato em que vivem tantos severinos, semelhantes
b) João Cabral aplica o provérbio para mostrar que uma manhã é tecida na vida e nas formas de morrer geradas pela miséria.
pelo canto de vários galos. c) A inversão da expressão reproduz a trajetória de Severino, que, ao sair
2. No trecho De um que apanhe esse grito que ele/e o lance a outro; de um de sua terra depara-se com inúmeras situações de morte (enterros, veló-
outro galo/que apanhe o grito que um galo antes/e o lance a outro, perce- rios, até mesmo o rio seco), para só no final ter uma experiência de vida (o
bemos que as orações não são completas; elas são interrompidas pelo iní- nascimento da criança).
cio de outra oração. 21. c
3. A estrutura sintática de certa forma imita o conteúdo: assim como cada 22. Para o eu lírico, escrever assemelha-se a catar feijão, pois, assim como
canto de galo é interrompido pelo canto de outro galo, as orações também ao jogarmos o feijão na água o que não é bom (palha, sujeira etc.) bóia, o
interrompem-se entre si. mesmo ocorre com as palavras num poema: aquelas que não forem de
4. Entre todos/entrem todos; tecido/tecido; entre/tenda/entretendendo. Todos nenhuma serventia, que forem insubstanciais, devem ser descartadas.
os jogos de palavras apontados fundamentam-se na semelhança entre pala- 23. a) No início do texto, o narrador diz que a história se passa num lugar
vras. João Cabral faz com que as palavras mudem de classe gramatical, como longe daqui. O advérbio de lugar coloca o leitor e o narrador no mesmo
em “tecido”, que ora é verbo, ora substantivo. Além disso, junta palavras de ponto.
sons semelhantes, construindo trocadilhos (entre/tenda/entretendendo). b) A linguagem apresenta um tom mais infantil, como percebemos na
5. João Cabral, como pudemos perceber, tem grande preocupação com a utilização do diminutivo cabecinha e na expressão um tico de cuspe. Tal
estruturação formal do poema: a sintaxe que imita o conteúdo, os jogos de recurso confere à linguagem, no decorrer da obra, um caráter afetuoso.
palavras etc. Além disso, vemos que não há referências à primeira pessoa. 24. O início da narrativa assemelha-se ao Era uma vez dos contos de fa-
O poema não é, como na tradição lírica, a expressão do sentimento do eu. das. O fato de a história se passar num local distante daqui (onde estamos)
Por isso chamamos o autor de antilírico. e de a personagem ser identificada como um certo Miguilim leva-nos a
6. O narrador é Riobaldo, jagunço que conta sua história. atribuir à narrativa um caráter mais lendário, indefinido, não histórico.
7. O interlocutor de Riobaldo é um senhor da cidade, culto. Percebe-se 25. Miguilim, como outras personagens de Guimarães Rosa, possui uma
essa característica pelo fato de que ele toma notas em uma caderneta. percepção sensorial do mundo, cuja saudade é traduzida por uma sensa-
8. A linguagem é regionalista, oral e inventiva, tanto no que diz respeito à ção física, e aliviada por um recurso também material: “um tico de cuspe”
sintaxe quanto em relação ao léxico. nas ventas. Miguilim, por enquanto, interpreta o mundo através do corpo.
9. Na década de 1930, o regionalismo era realista, procurando denunciar 26. a) O poema, por ser breve, e pela própria disposição na página, sugere
os problemas característicos do Nordeste, tais como a seca, a migração, a uma inscrição numa lápide (um epitáfio). Semanticamente, vemos que as
exploração do trabalho etc. Guimarães Rosa pratica outra forma de regio- palavras sintetizam a trajetória de vida do banqueiro: negócios, ego, ócio
nalismo, na qual o caráter específico do sertão é apenas um pretexto para e, finalmente, a morte, representada pelo zero na última linha. Observe
a abordagem de temas universais e arquetípicos. Em sua obra, o sertão que as palavras ego e ócio estão contidas em negócio, fato que é ressaltado
não é um espaço geográfico, mas mítico. pelo alinhamento visual dos signos.
10. No trecho transcrito, uma mulher, que veste um casaco marrom, pas- b) A palavra é ego.
seia pelo Jardim Zoológico e vê os leões e a girafa. Percebemos que a 27. III

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Capítulo 5 16. d
17. Trata-se de uma oração absoluta (única no período), mas que man-
1. Não. Na oração, mas tão imoral, a conjunção, na verdade, dá a idéia tém um sentido explicativo com a anterior: Ela recusou (pois) um amigo
de intensificação do termo imoral, ou seja, o sujeito referido na frase é viria buscá- la.
muito imoral. 18. a) Oração subordinada substantiva subjetiva.
2. a) Comeu tanto, mas tanto, que passou mal. b) Oração subordinada substantiva objetiva direta.
b) Mariana é muito inteligente, mas foi reprovada no exame. c) Oração subordinada substantiva predicativa.
3. a) Primeiro quadrinho: Já namorei uma fada — oração coordenada d) Oração subordinada substantiva apositiva.
assindética; e sobrevivi — oração coordenada sindética adversativa.
Segundo quadrinho: Também namorei uma bruxa — oração coordenada Capítulo 6
assindética; e sobrevivi — oração coordenada sindética adversativa. Ter-
ceiro quadrinho: eram elas — oração coordenada assindética; ou [era] 1. a) A criança que é feliz se desenvolve plenamente.
eu — oração coordenada sindética alternativa. b) Aquela garota, de cujo trabalho lhe falei, é inteligente.
b) O último quadrinho nos apresenta um rapaz com dois revólveres na c) A cidade onde Carlos nasceu fica longe.
mão. A fumaça que sai dos revólveres sugere que eles foram utilizados. 2. a) crescendo entre o povo brasileiro: oração subordinada adjetiva
Quando se associa essa imagem à fala do rapaz (Eram elas ou eu), per- restritiva reduzida de gerúndio.
cebe-se que a relação de coordenação estabelecida pela conjunção e, no b) que cresceu entre o povo brasileiro.
texto dos dois primeiros quadrinhos, é uma relação de contradição de 3. a) No primeiro enunciado, entende-se que apenas os alunos que se
uma expectativa criada. Em outras palavras, as orações introduzidas por dedicaram serão recompensados com a aprovação. No segundo,
essa conjunção são coordenadas sindéticas adversativas, porque não se depreende-se que todos os alunos se dedicaram e serão, portanto, re-
esperava que o rapaz sobrevivesse ao namoro com uma fada e/ou uma compensados com a aprovação.
bruxa, mas ele sobreviveu. Na verdade, matou as duas… b) O que produz as diferenças é a classificação das orações subordina-
4. a) As duas orações (ou você dança/ou você dança) são coordenadas das adjetivas (que se dedicaram): a primeira é restritiva (apenas alguns
sindéticas alternativas, introduzidas pela conjunção alternativa ou. alunos serão recompensados) e a segunda é explicativa (todos os alunos
b) A conjunção ou traz a idéia de alternância, opção. No caso do slogan, serão recompensados, pois se dedicaram).
a repetição da mesma oração apresenta a idéia contrária: na FM, o 4. a) A palavra que refere-se ao substantivo matéria.

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ouvinte não tem alternativa (e provavelmente não deseja ter) a não ser b) A palavra que, no verso em questão, introduz uma oração subordina-
dançar. da adjetiva restritiva.
5. a) Como os operários tinham trabalhado ininterruptamente, estavam 5. a) Em todos os versos, a palavra que se classifica como pronome
cansados e famintos. Ou: Os operários estavam cansados e famintos relativo e exerce função sintática de sujeito.
porque tinham trabalhado ininterruptamente. b) O verso é: Pulsação que seria a substância de todas as vibrações. Em
b) Os operários tinham trabalhado ininterruptamente, por isso estavam todos os outros versos, o que se refere à palavra vibrações; neste, o ter-
cansados e famintos. mo retomado pelo pronome relativo é pulsação.
6. a) As suas falas anteriores. A personagem não percebe que o fato de c) Sim. Em todas as orações, o pronome relativo introduz orações subor-
dizer que conhece a música, mas não sabe o título não é responder à dinadas adjetivas restritivas.
pergunta feita no programa. A irmã de Charlie Brown não se dá conta de 6. Uma dentre as possibilidades: I. E há sempre as pessoas que passam
que afirma saber, quando não sabe, ou não se lembra. risonhas nas ruas da cidade./ E há sempre as pessoas que passam sorri-
b) As orações coordenadas sindéticas adversativas presentes nas primei- dentes nas ruas da cidade. II. Ouvi uma mulher que chorava baixinho
ras quatro falas da personagem (mas qual é mesmo o título?; mas esque- alguma perda que jamais terei./ Ouvi uma mulher a chorar baixinho algu-
ci qual é; mas não consigo lembrar; mas não lembro do nome), pois ma perda que jamais terei.
contradizem a afirmação feita nas orações que as precedem. 7. a) I. Carlos não conhecia aquelas pessoas. II. Aquelas pessoas tinham
7. a) o descontentamento de todos: predicativo do sujeito. O motivo da briga vindo visitá-lo.
é que todos estão descontentes: oração subordinada substantiva predicativa. b) Como o pronome relativo recupera a expressão aquelas pessoas, que
b) do bem de todos: complemento nominal. Tenho certeza de que todos funciona como sujeito simples, exerce, portanto, essa função na segun-
ficarão bem: oração subordinada completiva nominal. da oração.
8. a) Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. 8. a) A afirmação é a de que a personagem comprou um telefone com
b) É saudável que se pratiquem exercícios. um fio muito comprido. Os efeitos são poder sair da sala, do apartamen-
9. a) Oração subordinada substantiva predicativa. to, entrar no elevador, sair na rua e chegar à casa de Pestana.
b) Oração subordinada substantiva objetiva direta. b) Porque criam uma situação inverossímil: poder chegar com o telefone
c) Oração subordinada substantiva subjetiva. até a casa da pessoa para quem se está telefonando. Além disso, não
d) Oração subordinada substantiva completiva nominal. seria possível percorrer todo o caminho sem que o fio se rompesse (por
10. a) … desejavam que as autoridades competentes garantissem condi- exemplo, quando a personagem toma o elevador).
ções mínimas de higiene no local. c) … tão comprido que dá até pra sair da sala…
b) É evidente que os marginais são ousados e violentos. 9. a) A crítica é sobre a incompetência do governo no que diz respeito
11. A expressão destacada desempenha função sintática de aposto. Tra- aos investimentos em energia, o que obrigou a população brasileira a
ta-se, nesse caso, de uma oração subordinada substantiva apositiva. conviver com o racionamento de energia elétrica (o apagão) durante um
12. a) O vocábulo que é classificado como conjunção integrante. período no ano de 2001.
b) Introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta. b) Ao repetir exatamente a mesma afirmação na segunda parte do círcu-
13. a) Os conectivos são e e ou. E indica que se fará uma adição, um lo vicioso, apresentando, nas duas orações subordinadas, a incompetên-
acréscimo à idéia expressa na oração anterior. Ou indica que será apre- cia do governo como a causa do racionamento, fica evidenciada a intenção
sentada uma opção, uma alternativa em relação ao fato expresso na ora- de criticar tal incompetência administrativa governamental.
ção que a antecede. 10. Para, de fato, termos uma estrutura de círculo vicioso, as relações
b) … e eu tenho que responder ao chamado: oração coordenada de causa e conseqüência das duas partes do período, separadas pela
sindética aditiva/… ou arrepender-me para sempre: oração coordena- conjunção alternativa ou, deveriam ser invertidas. Em outras palavras,
da sindética alternativa. o que é causa da necessidade de se fazer economia de energia na pri-
14. No período composto por coordenação, o uso da conjunção adversativa meira parte (“porque o governo é incompetente”) deveria ser transfor-
indica que a arrogância do indivíduo é um argumento desfavorável à sua mado em conseqüência na segunda. Sendo assim, o círculo vicioso
inteligência. No segundo período, a subordinação indica outro valor estaria correto, se tivesse sido apresentado da seguinte maneira: “Nós
argumentativo à proposição: a arrogância do indivíduo é uma restrição teremos que fazer economia de energia porque esse governo é incom-
que pode ser superada (ou tolerada) em função de sua inteligência. petente ou esse governo é incompetente porque nós teremos que fazer
15. a) São assindéticas as seguintes orações: não movia um músculo; economia de energia?”
não emitia um único som; o irmão chegou; o marido saiu; o policial 11. a) Se se afastasse do trabalho por um tempo, Carlos teria condições
entregou a multa; o motorista a recebeu; não havia o que discutir. de se recuperar.
b) Há apenas uma oração coordenada sindética adversativa, introduzida b) Embora tivesse conhecido aquelas novas pessoas, Joana jamais aban-
pela conjunção mas: mas a mulher nem notou. donaria seus antigos amigos.

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12. a) Se mantivermos uma preocupação exagerada com o que pensam 7. Temos, na propaganda, uma inadequação da concordância verbal do ver-
os outros,… bo parar no trecho não pára de chegar mais lojistas. O sujeito, posposto, da
b) Como (Porque) estava ocupado demais com os próprios problemas,… oração (mais lojistas) está no plural; portanto, o verbo deveria estar no plu-
13. A relação estabelecida pela conjunção se é de condição, introduzin- ral para concordar com o sujeito: … e não param de chegar mais lojistas.
do, portanto, uma oração subordinada adverbial condicional. 8. a) A inadequação está na concordância do verbo olhar no singular e den-
14. a) Pronome relativo. b) Oração subordinada adjetiva restritiva. tes no plural. O adequado seria: “A cavalo dado não se olham os dentes.”
15. Na frase Deus, que é bom, é fiel, pressupõe-se que há um só Deus e b) O fato de o sujeito da oração (dentes) estar posposto ao verbo (olhar)
que ser bom é inerente à sua natureza. Portanto afirma-se simplesmente e este associado à partícula se, em uma estrutura de voz passiva sintéti-
que Deus é fiel. Na frase Deus que é bom é fiel, pressupõe-se a possibi- ca, foi o que desencadeou o equívoco do redator. Por isso, o autor do
lidade de haver vários deuses, não sendo a bondade algo inerente à natu- texto faz referência ao exemplo do Alugam-se casas e Casas são alugadas:
reza de um deus. Portanto afirma-se que apenas um deus que seja bom a estrutura é exatamente a mesma no caso do provérbio reinventado.
será fiel. Em outros termos: entre os vários deuses possíveis, só é fiel 9. a) faltam b) faz c) interessa d) ocupa e) devem
aquele que é bom. Em termos gramaticais, a diferença é que na primeira 10. a) A concordância inadequada do verbo descobriram com o sujeito
frase temos uma oração subordinada adjetiva explicativa; na segunda, do período.
uma oração subordinada adjetiva restritiva. b) O autor do texto parece ter concordado o verbo descobrir com o refe-
16. Nos dois períodos, o que se classifica como pronome relativo. No rente mais próximo que se encontrava no plural (softwares), quando de-
primeiro, introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva; no segun- veria tê-lo concordado com o sujeito a que se referia (direção), que está
do, uma adjetiva explicativa. no singular.
17. a) No primeiro período, o que se classifica como pronome relativo; 11. a) O trecho é: … se existir possibilidades técnicas…
no segundo, como conjunção integrante. b) O equívoco está no fato de o verbo existir ter sido usado como impes-
b) No primeiro período, o vocábulo introduz uma oração subordinada adjetiva soal, quando, na verdade, é pessoal e deve concordar com o sujeito plu-
restritiva; no segundo, uma subordinada substantiva objetiva direta. ral possibilidades técnicas. A forma correta é: … existirem possibilidades
18. a) O efeito de sentido de circularidade é proporcionado pelo fato de técnicas…
o texto ser composto por um único período; pelo encadeamento de ora- 12. O verbo ser é o único que nem sempre concorda com o sujeito. Quando
ções adjetivas, em que o pronome relativo que retoma alternadamente o sujeito é um pronome indefinido no singular (Tudo) e o predicativo do
os termos trainees, diretores, gerentes e presidente; pelo uso de partícu- sujeito um substantivo no plural (delírios), a tendência é o verbo concor-
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las comparativas (mesmo e como) em todas as orações. dar com o predicativo.


b) Não. Descartando-se a hipótese de humor, a expressão vice-versa é des- 13. O verbo existir, sendo pessoal, concorda em número e pessoa com o
necessária no contexto, pois ela seria usada para criar um efeito de sentido seu sujeito (desculpas).
de circularidade já produzido pelos elementos citados na resposta ao item a. 14. a) Sois vós que deveis sair de casa neste exato momento.
19. a) Oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. b) Tu e ela ides viajar para o litoral.
b) Oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo. c) Já deve fazer dois meses que ele viajou.
c) Oração subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo. 15. a) Hagar comete uma inadequação de regência. No caso, ele elimina
d) Oração subordinada adverbial condicional. a preposição de da expressão a fim. O correto seria estar a fim de algu-
20. a) como meu pai. ma coisa, como afirmou o estranho.
b) 1a interpretação: o sonho do menino é idêntico ao de seu pai: ganhar b) Não. Hagar, depois de perguntar ao estranho, indicando o saco que
20 mil por mês. 2a interpretação: o sonho do menino é ganhar a mesma estava no balcão, “Isso aí é o seu dinheiro?”, vale-se da agressão física
quantia que seu pai recebe: 20 mil por mês. para tomar o dinheiro do homem, afirmando, ironicamente, com a devi-
c) Assim como meu pai, eu sonho ganhar 20 mil por mês. da correção gramatical, que era aquilo de que estava a fim. Agindo as-
21. a) Podemos afirmar sobre o período os conteúdos de I, II e IV. sim, Hagar mostra ao estranho que a correção gramatical, para ele, não
b) Uma dentre as seguintes possibilidades: importa, uma vez que, pela força, consegue o que deseja.
O camareiro, cujo nome eu não lembro, entrou no quarto onde estava o c) Muitos falantes assumem uma postura “mais despreocupada” quando se
presidente que se matara./O camareiro, de cujo nome eu não me lembro, expressam oralmente, ignorando, muitas vezes, algumas regras gramaticais.
entrou no quarto onde estava o presidente que se matara. Sem dúvida, há diferenças entre a fala e a escrita, mas isso não significa um
22. a) Oração subordinada adverbial condicional (reduzida de infinitivo). descompromisso absoluto com normas estabelecidas. A reação de Hagar
b) Se não houver esforço, nada mudará. reforça a idéia de que as normas podem ser ignoradas, já que o bárbaro
mostra ao estranho que não precisa ser instruído, pois ele é Hagar, o horrí-
Capítulo 7 vel, aquele que sempre consegue o que deseja. Em contrapartida, o estra-
nho, que demonstra ser “uma pessoa instruída”, perde o seu dinheiro.
1. Na primeira frase, fez-se a opção de concordar o adjetivo (alta) ape- 16. As três frases apresentam casos de regência nominal. A primeira
nas com o último substantivo (mulher). Sendo assim, apenas a mulher é refere-se à regência do nome insinuação, que exige a preposição de; a
apresentada como alta. Na segunda, optou-se por concordar o adjetivo segunda trata do substantivo certeza, que também rege a mesma prepo-
(altos) com os dois substantivos (homem e mulher), sendo apresenta- sição; finalmente, temos, na terceira frase, o substantivo pressentimen-
dos, portanto, como altos, tanto o homem como a mulher. to, que exige também a preposição de.
2. a) questionadas b) utilizados/utilizadas c) infundadas d) diferencia- 17. a) … assuntos que Dona Ruth Cardoso gostava de falar…
dos/diferenciadas e) desejados b) O adequado é: … assuntos de que Dona Ruth Cardoso gostava de
3. Na primeira frase, o adjetivo bom não concorda com o substantivo
falar… O verbo gostar é transitivo indireto e exige preposição de.
comida, porque este não está precedido de artigo ou outro elemento
18. Segundo Josué Machado, o objeto direto do verbo dar, no sentido de
determinante. Na segunda, o substantivo está determinado pelo artigo
parir, estaria oculto (uma criança). No texto do jornal, o objeto direto
indefinido uma, sendo, portanto, obrigatória a concordância, em gêne-
parece ser a luz, visto que o a não traz crase, que indicaria o objeto
ro, do adjetivo (boa) com o artigo em questão.
4. a) Ela mesma conformou a realização do encontro. indireto, e o objeto indireto seria ao quarto neto de Loureiro, formas
b) Foi muito criticada pelos jornais a reedição da obra. inadequadas. A forma adequada seria: dar à luz o quarto neto...
c) Ela ficou meio preocupada com a notícia. 19. O problema de regência verbal está na inadequação da preposição
d) Anexas, remeto-lhes nossas últimas fotografias. associada, na frase, ao verbo encobrir, que é transitivo direto, e não pode,
5. a) O problema está na flexão de gênero do adjetivo sozinha. por isso, ser regido pela preposição sobre. O correto, do ponto de vista
b) A gente não está sozinho no universo… da regência verbal, é utilizar o pronome relativo que: João Manuel des-
c) O cantor flexionou o adjetivo no feminino para concordar com o subs- cobriu todas as verdades escondidas que seus pais estavam encobrindo.
tantivo gente, que é feminino. Como o sentido desse substantivo é cole- 20. a) Gosto muito dos livros de José Saramago cujas tramas narrativas
tivo, a flexão de gênero dos termos que a ele se referem tende a ser feita propõem interessantes dilemas da vida.
no masculino. A exceção aconteceria apenas se as pessoas designadas b) O espetáculo daquele grupo de teatro, a que (ao qual) assistimos du-
pelo termo gente fossem todas do sexo feminino, o que evidentemente rante o festival de verão, foi interessantíssimo.
não é o caso do contexto da fala em questão. 21. Na Língua Portuguesa, temos o que se chama de plural redundante, ou
6. É proibida a entrada de animais nas dependências do condomínio. O seja, todos os termos nominais (determinados e determinantes) de uma ex-
adjetivo proibido tem que concordar com entrada, pois esse substantivo pressão devem concordar em número. Sendo assim, as regras de concor-
está determinado por um artigo. dância nominal determinam que as expressões corretas são os manos, as

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minas, comidas típicas, pratos quentes. Os falantes acabam por não se ade- 9. a) Josué Machado critica a definição, apresentada por alguns gramáticos,
quar a essa regra, utilizando um princípio de economia lingüística, que mar- de que a vírgula serve para marcar pausas, afirmando que tal definição é
ca o plural em apenas um dos termos da expressão nominal, geralmente o incompleta, “a pausa oral nem sempre corresponde à pontuação”.
primeiro: os mano, as mina, pratos quente, comidas típica, os plural. b) Para demonstrar o equívoco de tal definição, o autor cria um diálogo entre
22. a) O autor diz que “Os pobres não falam no plural por falta de cultu- um repórter e o ex-presidente Fernando Collor de Mello durante uma das
ra. Da classe média para cima, deixamos o plural de lado quando há cavalgadas que o político costumava dar, satirizando a regra inadequada de
excesso de intimidade. É como se o plural fosse algo opcional, como pontuação ao demonstrar que a pausa determinaria, na cavalgada, a colocação
escolher entre ‘você’ e ‘o senhor’.” de vírgulas depois de cada palavra emitida por qualquer um dos cavaleiros.
b) Na verdade, o princípio seguido por “pobres” e pessoas da “classe média 10. — Como está a coisa, Vossa Majestade?
para cima” é o mesmo: o da economia lingüística. O preconceito lingüístico — A coisa vai.
do autor está no fato de ele afirmar que, no caso de pessoas de classe menos — Para onde, Majestade?
favorecida, a ausência de plural se deva à ignorância, e no de falantes de — Para a!… Depois eu conto.
classe social mais elevada, a “despluralização” é fruto de escolha. 11. O 1o quadro na vida da personagem retratada vem associado a um
23. Segundo o autor, no “Rio Grande ninguém fala os plurais. […] Con- ponto de interrogação. A interpretação, aqui, é direta: como se trata da
sidera-se pedante quem fala plural. […] Assim como no francês oral, infância da personagem, seu destino se descortina como uma série de
no gauchês oral o plural é indicado pelo artigo: os guri, as guria. Mas possibilidades marcadas pela indefinição (como será sua vida futura? o
isso só vale no gauchês falado.” que ele fará profissionalmente? etc.). No 2o quadro, vemos a persona-
24. a gem no início da sua vida adulta. O sinal de pontuação, agora, é o ponto
25. a) A vaga é oferecida para pessoas do sexo feminino, portanto, o de exclamação. A idéia da exclamação, nesse momento da vida, intro-
trecho deve estar no feminino para que a concordância nominal seja duz a imagem do protesto, do jovem que se manifesta contra uma série
estabelecida. de costumes sociais (observe-se que ele é representado com cabelos lon-
b) As interessadas deverão enviar…. gos, barba e óculos escuros) e que se vale do protesto para defender seus
26. a) Meias palavras, meios tons — índices de sua sensatez. pontos de vista. No último quadro, o ponto final sinaliza o fim da vida
b) Nós estávamos sós naquela ocasião; acreditamos, pois, em meias pro- da personagem, como confirmam as imagens da cova e da cruz.
messas. 12. No 3o quadro, o sinal utilizado é indicativo da união e representa a
c) Só estudamos o elementar, o que nos deixa meio apreensivos. idéia do envolvimento emocional/amoroso, a constituição de uma famí-

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27. Em I, ocorre mútua exclusão. Em II, não. lia. No 4o, o sinal da adição faz referência ao comportamento dessa per-
28. Está se fazendo a concordância do verbo com a idéia transmitida sonagem no mundo profissional: sugere o desejo de acumular riquezas.
pela expressão a gente (= nós), e não com a forma (terceira pessoa do 13. Os dois-pontos após Parecia um louco se justificam pelo fato de as
singular) dessa expressão. Essa concordância ideológica recebe o nome orações que vêm em seguida explicarem o sentido da frase inicial. Já as
de silepse de pessoa. vírgulas, colocadas entre os verbos driblou, escorregou, driblou, correu,
29. a) Estes livros, cujas edições originais datam do século passado, de- parou, chutou, servem para separar as orações coordenadas assindéticas.
moraram dez anos para serem finalizados. Por fim, as reticências traduzem a expectativa gerada pelo chute.
b) Observo que as mesmas frases permitem diferentes níveis de en- 14. a) Porque, nos exemplos apresentados, as vírgulas colocadas depois
tendimento. da conjunção não antecedem uma palavra ou grupo de palavras a que
30. a) Os autores dos enunciados não sabem usar adequadamente os se quer ou se deve dar destaque, isto é, não introduzem uma palavra ou
pronomes relativos na elaboração de orações subordinadas adjetivas, além expressão intercalada.
de apresentarem sérias dificuldades com as regras de regência neste tipo b) Essas são apenas sugestões de reescrita das frases. É importante que o
de construção. aluno perceba que deve acrescentar uma palavra ou expressão entre vírgulas
b) I. Aquele foi o dia em que descobri que estava (em que descobri para eliminar o problema apresentado nos exemplos transcritos. “Mas, equi-
estar) apaixonada por ele. II. A mulher à qual Sandoval se referia foi vocadamente, Itamar optou por um jogo miúdo e vaidoso.” “Mas, apesar de
uma das pessoas com quem ele conversou. III. A mulher com quem (com todas as denúncias de corrupção em que estão envolvidos, Ricardo Fiúza e
a qual) ele conversava… João Alves têm cara de inocente.” “Mas, acreditando na memória curta do
31. a) por b) para c) com d) de e) por povo brasileiro, Collor se preparava para candidatar-se.”
32. a) Assista amanhã à revista eletrônica feminina que é a referência 15. a) “Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária, do
do gênero na TV. diretor e de um coordenador.”
b) De acordo com a norma culta, o verbo assistir, no sentido de ver, acom- b) Na primeira frase, sem a vírgula, a informação apresentada é a de que
panhar visualmente, é transitivo indireto, exigindo a preposição a. A cra- os técnicos foram à reunião acompanhados de duas pessoas: a secretária
se resulta da fusão dessa preposição com o artigo feminino que precede do diretor e um coordenador. Na segunda, com a vírgula, a informação
a expressão revista eletrônica feminina. apresentada é a de que os técnicos foram à reunião com três pessoas: a
secretária, o diretor e um coordenador.
Capítulo 8 16. Não ocorre crase na expressão, porque a palavra favor é masculina. Não
há, portanto, a contração da preposição a com o artigo definido feminino.
1. O substantivo terra está sendo determinado pela expressão de seus 17. a) Pode-se interpretar que a própria sensibilidade artística funciona
antepassados; exige, por isso, a crase. como objeto direto de ensinando, coordenado ao anterior (a linguagem
2. Não ocorre crase antes de verbo, porque as formas verbais não são poética). A leitura que se pode fazer é, portanto: “Com a sutileza de um
determinadas por artigo definido a; há na expressão “a realizar-se” ape- sábio foi nos ensinando (verbo transitivo direto) a linguagem poética
nas a preposição a. (objeto direto) e a própria sensibilidade artística (objeto direto).”
3. Há crase no termo destacado, pois há a contração da preposição a, b) Caso houvesse crase, a expressão à própria sensibilidade artística
exigida pelo verbo referir, com o pronome demonstrativo feminino a, estaria relacionada à palavra mesclada (com função de complemento
que substitui o substantivo elíptico (oculto): moça. nominal), sendo, portanto, o terceiro elemento na série: ao ritmo, à me-
4. a) Não há crase. b) Não há crase. c) Lorena foi à festa de seus pais lodia e à própria sensibilidade artística.
contrariada. d) Não há crase. e) Sentimo-nos completamente à vonta- 18. Os verbos enviar e encaminhar estão regendo a preposição a, e as
de durante toda a estadia na casa deles. palavras regidas secretária e supervisão são femininas e compatíveis com
5. O enunciado pode significar que a mãe presenteou a filha ou que foi o artigo definido feminino. Portanto, a crase é obrigatória nos dois casos.
presenteada por ela. A crase impede a primeira leitura. 19. Na primeira frase, existe a contração de preposição a com o artigo a
6. Nessa frase, a crase é facultativa, pois diante de pronome possessivo que precede o nome Bahia. Na segunda, a contração não ocorre pelo fato
feminino (minha), é possível optar por colocar ou não o acento grave de o nome Salvador não ser determinado pelo artigo definido feminino.
indicativo de crase. 20. No primeiro caso, a expressão à noite é adjunto adverbial; no segun-
7. a) Expressão adverbial feminina. do caso, sem o acento grave, a expressão a noite é sujeito. Essa mudança
b) Objeto indireto introduzido pela preposição a, à qual se funde o arti- de função sintática faz com que, no primeiro caso, entenda-se que al-
go a que antecede o substantivo feminino esperança. guém chegou durante a noite de mansinho; no segundo caso, compreen-
8. Há ocorrência de crase diante da palavra casa, quando o termo está deter- da-se que a própria noite chegou de mansinho.
minado como de algo, de alguém, estabelecimento; quando o termo em 21. A palavra “causos” (casos) é típica de variedade regional, enquanto
questão não está determinado, equivalendo a lar, moradia, não admite crase. o restante do enunciado está redigido em uma linguagem coloquial. Por

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isso o uso das aspas: para marcar o uso de uma palavra ou expressão de 4. a) Se Leão, efetivamente, ficasse aprimorando seus defeitos após os
variedade lingüística diversa da que foi usada no restante da frase. treinos, tornar-se-ia um péssimo jogador ou não teria se tornado um go-
22. a) Os dois-pontos são utilizados com o objetivo de indicar a justifi- leiro de destaque. A frase ficaria correta da seguinte forma: “… costu-
cativa para a definição do sujeito como distraído. mava ficar horas aprimorando sua técnica ou corrigindo seus defeitos”.
b) Não. A primeira vírgula é utilizada para separar um adjunto adverbial b) A expressão por outro lado cria o pressuposto de que o conteúdo da
deslocado; a segunda, para separar orações coordenadas assindéticas. frase que a segue opõe-se àquilo que se afirmou anteriormente, ou apre-
23. a) O poeta utiliza os sinais de pontuação como metáforas de com- senta um lado diferenciado da questão, o que não ocorre neste texto, já
portamentos ou atitudes humanas, ou seja, entende-se que cabe ao ho- que treinar não se opõe a ser disciplinado (ou arredio).
mem escolher como agir ou reagir diante das diferentes situações da c) A palavra racionalismo foi empregada inadequadamente nessa passa-
vida: que ele se encante e se espante (viva em ponto de exclamação); gem porque ela designa um sistema filosófico que elege a razão e o
que questione sempre o que vive ou presencia (viva em ponto de inter- raciocínio lógico como único critério de verdade. Além disso, o texto
rogação); que viva oscilando e, muitas vezes, que não tome partido, leva a concluir, a partir do fato de que alguém que fez um curso superior,
quando se trata de questões políticas. que quem tem essa formação é racionalista, ou seja, adepto de uma filo-
b) Frase significa, no contexto do poema, a vida; o inevitável ponto sofia ou doutrina (o texto confunde racional com racionalista).
final, a morte. A figura de linguagem aí presente é a metáfora. 5. a) Eles convivem com João há dez anos e, embora o conheçam, não
24. a) Pode-se entender, a partir do uso da pontuação, que a afirmação feita sabem se gosta de futebol.
é a reprodução do discurso de outras pessoas, e não, necessariamente, o que b) Depois do surgimento da internet, tem-se a impressão de que o mun-
o eu lírico acredita ou assume como sua opinião a respeito do homem. do diminuiu de tamanho, porque as distâncias parecem não existir mais.
b) Falta uma vírgula para a oração intercalada. O adequado seria: que c) Fiquei decepcionado com o resultado do jogo. A segunda decepção
use, na frase que ele vive, / o inevitável ponto final. que tive foi quando meu irmão me disse que eu não poderia sair com ele
aquela noite.
Capítulo 9 d) Escutamos o barulho de uma pessoa forçando a janela da sala.
6. a) De um dia comum da vida de um homem de negócios.
1. Espiões de Cristo (1) [ membros das Fraternidades de Foucauld, b) Sempre que os elementos identificados fazem parte de uma mesma
seqüência, são apresentados em uma enumeração separada por meio de
que agem no anonimato] vírgulas. O ponto é utilizado para indicar o encerramento de uma se-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O mineiro Serafim Lanna tem três diplomas universitários e (2) qüência e o início de uma nova.
7. Chinelo, vaso, descarga — um homem acorda, calça os chinelos e vai
[ ter três diplomas universitários + falar quatro idiomas] fala quatro ao banheiro.
idiomas, mas (3) [ o fato de Serafim ter três diplomas universitários e Pia, sabonete — o homem lava as mãos.
Água, escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel,
falar quatro idiomas cria a expectativa de que estaria mais bem colocado espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha
— escova os dentes, faz a barba e toma banho.
no mercado profissional e morando em outro local] trabalha vendendo
Creme para cabelo, pente — penteia os cabelos.
queijo numa feira e (4) [ trabalhar vendendo queijo + morar numa Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó —
veste-se.
favela da Grande São Paulo] mora numa favela da Grande São Paulo. Um Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigar-
de seus (5) [ colega de Serafim] colegas é o filósofo e (6) [ ser ros, caixa de fósforos — pega os objetos de que vai precisar ao longo do dia.
Jornal — lê o jornal.
filósofo + ser teólogo] teólogo Remy Felisaz, que (7)[ Remy Felisaz] Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo — toma
sobrevive de bicos de marcenaria. Eles (8) [ Serafim Lanna e Remy o café da manhã.
Quadros — anda pela casa.
Felisaz] se encontram nessas condições (9) [ vendendo queijo e mo- Pasta, carro — prepara-se para sair. Pega o seu carro.
rando na favela (Serafim); fazendo bicos como marceneiro (Remy)] não Cigarro, fósforo — fuma um cigarro.
Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com
por falta de oportunidades profissionais. Ao contrário, (10) [ o fato de lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de
saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo — chega ao
estarem desempenhando funções que poderiam sugerir falta de oportuni-
trabalho, observa a sua mesa, a sua sala, coloca o cigarro e os fósforos
dades profissionais compatíveis com a formação deles não se confirma; sobre a mesa.
Bandeja, xícara pequena — toma um cafezinho.
na verdade, indica que, de acordo com seus propósitos, os dois religiosos Cigarro e fósforo — fuma um cigarro.
atingiram o auge de suas carreiras] atingiram o auge da carreira. Os dois Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
bilhetes, telefone, papéis — começa a trabalhar.
(11) [ Serafim e Remy] fazem parte das Fraternidades de Foucauld, 8. a) A segunda fala (Você devia fazer o mesmo). Essa fala pode ter dois
uma ordem católica pouco conhecida que (12) [ A ordem católica pou- sentidos, a depender do referente que se assume: I. Você também devia
exercitar o seu cérebro. e II. Você também devia exercitar o meu cérebro.
co conhecida Fraternidades de Foucauld] surgiu na Argélia em 1933. Exis- b) O termo mesmo é o responsável pela ambigüidade, porque não se
consegue determinar se ele se refere ao aprimoramento da mente de Jon
tem atualmente 1.800 membros da congregação (13) [ Fraternidades
ou de Garfield.
de Foucauld] espalhados pelo mundo trinta deles (14) [ membros da c) Você também deveria exercitar o seu.
9. Os elementos coesivos que faltam ao texto A História gorda são os
congregação] estão no Brasil. Como os demais integrantes da comunida-
seguintes: 1o parágrafo: que; cuja; em que; desta. 2o parágrafo: ela; nes-
de, Serafim e Remy são uma espécie de agente secreto de Cristo. Esses te; seus; lhes; seu; eles; seu; desta; seus; seu; onde. 3o parágrafo: dessa;
ela; ele; isto.
religiosos (15) [ os religiosos integrantes da comunidade] acreditam
que a maneira mais eficiente de pregar a palavra de Deus é agindo no Proposta de produção de texto – 1
O professor deve, no caso desse exercício, orientar seu aluno para selecionar
anonimato. Por isso, aboliram o uso da batina e (16) [ abolir o uso da quais são os acontecimentos/comportamentos rotineiros que deseja caracte-
rizar por meio de substantivos. Seria aconselhável que o aluno fizesse uma
batina + costumar integrar-se em favelas e empresas] costumam infiltrar-
lista desses acontecimentos e, depois, procurasse os substantivos adequados
se em favelas e (17) [ favelas + empresas] empresas. para caracterizá-los, de tal maneira que essa lista funcione como um roteiro
2. c. que permitirá a construção do texto de modo coeso e coerente.
3. O elemento é o pronome demonstrativo isto, que faz referência a to-
dos os comentários do general. Esse pronome tem valor pejorativo, mos- 10. Os elementos coesivos que faltam ao texto Estranha lógica são os
trando o tédio e a irritação da esposa diante das falas do marido. seguintes: 1o parágrafo: para; tanto; que; como; tão; que. 2o parágrafo: e;

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se; para; mas; na medida em que; pois. 3o parágrafo: para que; e. 4o pará- em Nerdês Avançado. É mais incompreensível que letra de música do
grafo: como; quando; porque; ainda; como se; mas. 5o parágrafo: nem. Caetano (‘o pintor pogogan’ etc.). E tudo o que você precisa, tudo o que
11. a) Sugestão: O tribunal, após breve deliberação, condenou o réu a um você usa, são três botões: o liga-desliga e os dois que mudam o canal.
mês de prisão. A tecnologia burra não quer melhorar a sua vida, meu caro. Nunca quis.
b) Sugestão: O cabrito montês, depois de morto, permaneceu na estrada O valor dos produtos é definido pela tecnologia supostamente avançada
durante alguns instantes. que eles possuem e nunca pelo sentido prático dos mesmos. Deu para
c) Sugestão: O papa João Paulo II beatificou dois dominicanos franceses do entender? Imagine o seguinte: você acaba de inventar a roda. É um troço
século XVIII. revolucionário, que vai mudar definitivamente a forma como os seres
d) Sugestão: Os artistas que compõem o trio têm talento. humanos se locomovem. Eu sou seu concorrente. Olho aquilo, me reúno
e) Sugestão: O presidente de honra é um senhor de 81 anos. com meus técnicos e especialistas em marketing e, dois meses depois,
f) Sugestão: As reuniões daqui para a frente serão realizadas três vezes por nós lançamos a sensacional Roda 2.0! A Roda 2.0 faz tudo o que a roda
mês e não mais a cada quinze dias. tradicional faz, só que melhor. É quadrada, para seguir a tendência mun-
g) Sugestão: Cego aposentado deseja contato com uma jovem. dial do design industrial. Sendo quadrada, ela vai rodar, quer dizer,
12. A incoerência do enunciado está na associação da chegada do verão quadradar por muito mais tempo útil (‘o desgaste natural torna o produ-
e do frio, que vai contra os princípios conhecidos da natureza. Tem-se, to mais competitivo’, me garantiu a moça loira do marketing).
no verão, o calor e, no inverno, o frio. E para você tirar melhor proveito da sensacional Roda 2.0 ela vem com o
13. O enunciado pode tornar-se coerente se estiver, por exemplo, associa- incrível Manual do Usuário da Roda 2.0! São 816 páginas em aramaico
do a uma campanha para venda de aparelhos de ar-condicionado, por- primitivo com legendas originais em sânscrito! Aprenda a programá-la.
que, nesse caso, tais aparelhos seriam responsáveis pelo “frio” que chega Aprenda a evitar vírus! Você acha graça? Então, por que leva a sério esta
durante o verão. vingança-dos-nerds-em-forma-de-gente chamada Bill Gates? O Windows é
14. a) Não é possível identificar passagens incoerentes nesse texto, pois um cavalo de Tróia: tem 8.374 programas diferentes. Um deles calcula o
ele provoca um efeito geral de incoerência no leitor. Falta-lhe, simples- fluxo de água na privada e faz estudos comparativos com sua conta bancá-
mente, sentido. ria. Não serve pra nada, é claro. Mas acrescenta um valor agregado ao siste-
b) Faleceu hoje, às cinco e meia da madrugada, depois de prolongada e ma operacional, que o torna 250% vezes mais caro. Para aprender a usá-lo,
pertinaz doença, o General Batista Nolo. Com o esforço de todos, que é só ler o manual de 1.302 páginas. Ah, e vem todo escrito em mandarim.
custaram a reprimir as lágrimas, o caixão baixou à sua última morada. E a tecnologia WAP? É fantástica. Você quer uma pizza? Nada mais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O extinto deixa viúva. fácil. Acesse a internet numa minitela sem definição. Procure o minissite
15. a) O escritor, que é autor de vários livros didáticos, chega da pizzaria, entre no minimenu, escolha a pizza e digite o número do
freqüentemente atrasado para dar as suas palestras. cartão de crédito no miniteclado. A operação leva, mais ou menos, uns
b) Na verdade a televisão é um passatempo mortificante, pois, embora 30 minutos. Se você ligar e pedir uma meia quatro queijos, meia
proporcione às famílias alguns momentos de distração, reduz-lhes o calabresa, leva cinco minutos. Faz sentido pra você?
tempo que poderiam dedicar à conversa, que cada vez se torna mais Não estou sugerindo, claro, que mudemos todos para uma cabana
rara entre pais e filhos. no meio do mato, adotemos o nome de Unabomber e passemos a man-
dar cartas-bombas para os fabricantes de tecnologia burra. Isso não adi-
Proposta de produção de texto – 2 anta. O Bill Gates não cuida pessoalmente da correspondência. E mesmo
Como o aluno foi solicitado a dar uma continuação e uma conclusão se cuidasse, certamente não teria Q.I. suficiente para entender como é
coerentes ao texto iniciado por Edson Aran, achamos interessante que se faz para abrir um simples envelope.”
transcrevê-lo para referência do professor. O fundamental, porém, é que ARAN, Edson. Superinteressante. 173. ed., fev. 2002.
o aluno, ao cumprir a tarefa, perceba que o argumento central do autor
do texto é o de que aparelhos muito sofisticados são utilizados para rea-
16. a) Juan e Peter não se entendem, já que um fala inglês, e o outro,
lizar tarefas simples e, o que é pior, geram em nós uma atitude comodis-
espanhol. (porque, uma vez que…)
ta e dependente, como se não fôssemos capazes de tocar nossa vida sem
b) O livro é muito interessante embora tenha 570 páginas. (Apesar de ter
esses aparelhos. Os exemplos podem variar, mas devem, quando utiliza-
570 páginas, o livro…)
dos pelo aluno, contribuir para a consolidação desse ponto de vista.
c) Mesmo morando no Rio há cinco anos, Carmem ainda não conhece o
Abaixo a tecnologia burra! Corcovado. (Apesar de morar…)
“Por que você aceita que a tecnologia mais avançada entre em pane? d) Acordei às 7 horas, apesar de ter ido deitar às 2 horas. Dormi, portan-
Uma estepe da Ásia, 120.000 anos a.C. Você e seus primos Homo to, pouco mais de 5 horas.
sapiens encaram os vizinhos neandertais. Disputa de terras, naturalmente. e) O livro que a professora de literatura mandou comprar já está esgota-
Vai correr sangue. Mas vocês estão preparados. Gronk, o cara mais cri- do, embora tenha sido publicado há menos de três semanas.
ativo da tribo, aparece com uma idéia revolucionária: ‘E se a gente amar- f) João, o pintor, foi despedido, porque se negou a pintar a casa, uma vez
rasse pedras afiadas na ponta de uma vara? E se a gente, em vez de que estava chovendo.
morder e rosnar, usasse as ‘lanças’ (o nome é dado por Gronk) para furar 17. a) O fato de a expressão alto demais estar relacionada a cheque em
os inimigos?’ Você segura a lança e se prepara para a batalha. Então, branco é incoerente, pois não se pode atribuir um preço alto ou baixo a
aparece um aviso luminoso na arma: ‘Error 404. Retry, Ignore, Fail?’ um cheque em branco.
A lança deu pau. Sua tribo é massacrada pelos neandertais. O Homo b) Prerrogativas é o termo mais geral e privacidade o mais específico (é
sapiens deixa de ser a espécie dominante no planeta. uma das prerrogativas).
Ridículo, você diz? Então, por que você acha normal que o seu 18. a) A construção gramatical que dá acesso ao mundo das fantasias do
supercomputador com 800 gigamegas de memória, tela siliconada de cristal carregador é Se eu fosse… .
líquido e tração nos quatro drives faça exatamente a mesma coisa? Por b) Ele transfere a obrigação a que era submetido pela profissão que ti-
que você aceita tão calmamente que os artefatos tecnológicos atuais (mui- nha: Só então é que eu ia fazer o primeiro carreto.
to mais caros que uma lança) entrem em pane? Onde foi que nós erramos? c) Porque o trabalhador, mesmo imaginando-se presidente da Repúbli-
Os avanços tecnológicos sempre tiveram o objetivo de melhorar a vida ca, continua preso ao seu cotidiano, mostrando-se incapaz de livrar-se
do homem na Terra. Ligar o interruptor é mais fácil que encher lampiões de das obrigações mesmo quando está fantasiando acerca de sua situação.
querosene e acender um por um. Abrir a torneira é melhor que carregar Ao inserir sua realidade na fantasia, ele acaba indo contra as expectati-
baldes nas costas. A ‘tecnologia que complica a vida’ é uma invenção recen- vas de quem ouve a história, e isso provoca o efeito de humor.
te, do final do século XX. Eu, pessoalmente, acho que o marco zero da 19. a) Minha mãe me ensinava a ler e escrever desde que eu tinha
tecnologia burra é o forno de microondas. Aparelho fantástico desenvolvido quatro anos.
pela Nasa. Compre hoje o seu, freguesa. Não é necessário prática nem habi- b) Quando eu assistia a televisão nos Estados Unidos, as propagandas
lidade. O forno produz calor ao direcionar feixes de microondas que fazem me chamavam a atenção.
vibrar as moléculas dos alimentos e serve para… esquentar água. Nada mais. c) O ônibus derrapou e pegou o funcionário que estava andando na
Tudo o que sai de dentro dessa invenção do capeta parece uma sopa primor- calçada no momento em que entrava na livraria.
dial, de aspecto repugnante, com gosto de mingau de papel. d) Quando cheguei ao aeroporto, o avião já levantava vôo.
E o que você me diz do controle remoto de TV com 365 funções e) Depois da consulta, o ginecologista disse à paciente que ela estava
diferentes? Para aprender a usá-lo, é preciso um curso de pós-graduação esperando um bebê.

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f) Eu ouvia a resposta de Márcia, quando o carro parou e ela desceu sem 7. a) A propaganda destina-se a leitores de jornal que, além da informa-
que eu pudesse responder-lhe. ção, procuram no jornal que assinam outro tipo de prestação de serviço,
g) Quando o homem entrou em casa para pegar a chave do carro, seu como a divulgação de problemas enfrentados por seus assinantes, para
celular tocou. que, com a influência do jornal, as autoridades se sintam mais inclina-
h) Para que o homem não fosse atacado, o cão teve que ficar preso. das a solucionar os problemas denunciados.
i) Durante o noivado, Joana pediu várias vezes a Eduardo que se casasse b) Pode-se apontar, em primeiro lugar, a chamada em destaque: compra-
com ela. se briga e, em letras menores, a informação: O Dia faz por você. Vemos,
j) Alugam-se, a moças, quartos, no 1o andar, com banheiro. no texto, a confirmação da intenção do jornal de formar, junto aos leito-
20. a) A hipótese absurda a que o leitor pode ser levado é a de que a res, a imagem de órgão combativo, que sairá em sua defesa (Um serviço
pessoa encarregada de pagar a prestação foi morta, eliminada. Essa in- onde [sic] os leitores podem denunciar, reclamar e ter os seus direitos
terpretação se deve ao sentido figurado que a palavra liquidada pode ter de cidadão atendidos. Um serviço que não se intimida diante das quei-
e ao fato de a expressão a mesma ter sido utilizada, do ponto de vista xas, de onde quer que elas venham: Prefeitura, Estado ou empresas pri-
coesivo, inadequadamente, pois pode fazer referência tanto à pessoa vadas. E compra a briga de milhares de pessoas de todas as faixas
encarregada de pagar a prestação quanto à dita prestação. socioeconômicas, etárias, étnicas, sem distinção de sexo.).Temos, ain-
b) Sugestão: … a dita prestação, sendo que a mesma foi, de pronto, da, o depoimento de quatro pessoas que atestam ter tido seus problemas
quitada. resolvidos apenas após a intervenção de O Dia.
8. Rubem Alves dirige-se a um interlocutor específico, o jovem, com a
Capítulo 10 intenção de persuadi-lo a seguir a vocação política. O interlocutor é
identificado, no 12o parágrafo do texto, através do pronome você e do
1. Karen Gimenez defende que as mulheres que têm problemas de ferti- vocativo jovem. Nesse parágrafo, o autor dialoga com o jovem para se-
lidade não deveriam investir em tratamentos para conseguir engravidar. duzi-lo à vocação política, estabelecendo a interlocução através dos ver-
Deveriam, na verdade, optar pela adoção, uma vez que há tantas crian- bos e pronomes que se dirigem ao interlocutor específico.
ças abandonadas no mundo. Segundo ela, neste contexto, engravidar é 9. A necessidade de termos, em nosso país, governando-o, políticos por
um ato egoísta. vocação, que visem ao bem de todos e não ao de si mesmos, que procu-
2. O primeiro argumento utilizado pela jornalista é o da explosão demográfica. rem construir um jardim para todos. Esses políticos devem vencer a luta
Segundo Gimenez, em função do crescimento populacional em progressão contra os políticos por profissão, que usam o cargo que ocupam para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

geométrica, não é mais possível se esconder atrás de dogmas religiosos ou obter benefícios pessoais, que se valem do jardim de todos para cons-
morais que enalteçam o dom da maternidade e o milagre de gerar uma nova truir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu re-
vida. Ela argumenta, ainda, que a ciência contribui para o agravamento des- dor aumentem o deserto e o sofrimento.
se quadro, ao desenvolver, por motivos que estão mais ligados ao lucro do 10. a) Rubem Alves parte da afirmação de que a política é a mais nobre das
que a preocupações humanitárias, métodos de fertilização artificial, quan- vocações. Para justificar/explicar essa afirmação apresenta a definição de
do seria muito mais lógico, em vez de gerar cada vez mais crianças, darmos vocação (chamado interior de amor por um ‘fazer’, que leva o “vocacionado”
condições decentes às que estão abandonadas ou que são obrigadas a viver a fazer, mesmo que não ganhe nada com isso, pois faz por amor) e de polí-
em condições subumanas. A jornalista defende que o mais adequado seria, tica (o autor defende que, quem faz política — o político — tem por função
em lugar de se promoverem métodos de fertilização artificial, promoverem- cuidar do espaço seguro e ordenado — a cidade —, em que os homens se
se eficientes campanhas de adoção, inclusive com a modificação de postu- dedicam a buscar a felicidade), que, segundo os hebreus, é a arte da jardi-
ras governamentais que facilitem a adoção internacional, para que os países nagem aplicada às coisas públicas. A partir dessas definições, o autor con-
que têm um crescimento populacional negativo possam garantir, às crianças clui que o político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para
abandonadas, condições de vida digna. Karen enfatiza que todo o dinheiro todos, abrindo mão do pequeno jardim que poderia plantar para si mesmo.
gasto nos tratamentos de fertilidade poderia ser usado, pelas mulheres que Dessa forma, pretende fazer com que o leitor aceite como válida a primeira
querem engravidar, para educar crianças que já nasceram. afirmação sobre a nobreza da vocação política.
3. Segundo Karen Gimenez, são dois os argumentos utilizados para con- b) Ao definir o que seria o político por vocação e a nobreza associada a
testar a posição que defende: o de que toda mulher tem o desejo de gerar ele, Rubem Alves pode encaminhar a discussão que pretende fazer so-
uma vida, pois não haveria nada que substituísse o ato de sentir um novo bre a necessidade de termos no nosso país mais políticos desse tipo e
ser crescendo dentro de si; e o de que, ao adotar um bebê, não se tem a menos políticos por profissão, que também serão definidos no texto e
garantia de saber a origem da criança. levarão à enunciação de sua segunda tese.
4. Sobre o primeiro argumento, Karen Gimenez afirma que a mulher 11. Segundo Rubem Alves, apesar de amar a sua vocação, que é escre-
que justifica o investimento em tratamentos de fertilidade, seguindo ver, deve reconhecer que ela é fraca porque o escritor tem amor, mas
esse raciocínio, busca, na verdade, a auto-satisfação e, segundo a jor- não tem poder, ele pode escrever sobre os jardins para todos e denunci-
nalista, não seria exagero dizer que ela estaria mais preocupada em ar os desertos criados por políticos inescrupulosos, mas não pode fazê-
conquistar esse prazer do que pensando no bebê em si. A jornalista los florescer; um político tem poder para isso. O autor pretende com isso
questiona o segundo argumento, dizendo que a desconfiança sobre a reafirmar, através da comparação, a importância do político por voca-
origem da criança parte da tese, sem fundamento, de que o filho de um ção: ele é um poeta forte, que tem o poder de transformar poemas sobre
criminoso pode se tornar um criminoso, mesmo que cresça cercado de jardins em jardins de verdade. Esse argumento é retomado no 12o pará-
carinho. Tal raciocínio, afirma ela, é equivocado, uma vez que os genes grafo, quando o autor se dirige ao jovem para persuadi-lo a despertar o
não garantem que alguém será um mau-caráter ou um cidadão exem- jardineiro adormecido que pode ter dificuldade de escutar a vocação
plar. Até porque criminosos como Hitler e o ‘Unabomber’ eram filhos política ou ser chamado a outra vocação que, apesar de legítima, tende a
legítimos de famílias consideradas normais, ressalta a autora do texto. ser afunilante, pois vão colocá-lo num pequeno canto do jardim, muito
5. Segundo ela, as mulheres que investem anos fazendo tratamento para distante do lugar onde o destino do jardim é decidido.
engravidar, gastando até dezenas de milhares de dólares, são egoístas, pois 12. a) Segundo o autor, na vocação a pessoa encontra a felicidade na
num planeta cada vez mais desigual, não têm qualquer preocupação com o própria ação, ou seja, aquele que é movido pela vocação desempenha
futuro do bebê nem com o futuro do planeta. Essas mulheres, afirma a jor- suas funções por amor ao que faz — é, portanto, um amante; na profissão,
nalista, querem apenas provar para elas e para a sociedade que são capa- o prazer está no ganho que dela se deriva, ou seja, o profissional encontra
zes de cumprir uma falsa obrigação moral: engravidar num mundo cada satisfação no dinheiro que provém de sua função e não no prazer de exercê-
vez mais cheio de gente. Além disso, a jornalista ressalta que o repúdio à la. Sendo assim, o profissional sem vocação transforma-se em um gigolô,
adoção pode estar ligado a uma postura preconceituosa, pois se a genética e que deseja da profissão apenas o dinheiro que dela puder extrair.
o desejo de engravidar não justificam o repúdio contra a adoção, é possível b) Rubem Alves, dando continuidade à analogia entre política e jardina-
concluir que o que as futuras mães querem é a garantia de que seus filhos gem, afirma que o político profissional é aquele que procura, através do
terão um tom de pele próximo ao do delas. O desejo de engravidar a qual- exercício de seu mandato, obter benefícios pessoais, enriquecer, ainda
quer custo também tem seu lado racista, mesmo porque, boa parte das cri- que isso signifique produzir ou aumentar a miséria ao redor, contribuin-
anças abandonadas que poderiam ser adotadas no Brasil são negras. do para a consolidação das mazelas sociais (usa o jardim de todos para
6. A imagem da autora do texto, a jornalista Karen Gimenez, é a de uma construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu
pessoa extremamente racional e bem-informada, que se sente indignada redor aumentem o deserto e o sofrimento.).
com a postura das mulheres que investem tempo e dinheiro em tratamen- 13. a) Rubem Alves afirma que de todas as profissões, a política é a
tos de fertilidade em lugar de optar pela adoção de crianças abandonadas. mais vil.

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b) O autor comprova a sua tese argumentando que os políticos profissio- cessário demonstrar a ele que a situação de clandestino nos Estados Unidos
nais são vis por não hesitarem em satisfazer os próprios interesses em não lhe garantirá perspectivas melhores que as que teria no Brasil. É impor-
detrimento do direito de todos ao jardim, por transformarem o exercício tante que o aluno perceba que, para persuadir o amigo, deve mostrar que é
de jardinagem em uma atividade lucrativa à custa da miséria do povo, ilusória a idéia de que a vida lá será melhor, uma vez que a situação de
por inviabilizarem o imenso jardim que poderia ser o nosso país. São vis ilegalidade em um país estrangeiro impede, por exemplo, que se obtenham
porque criaram desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde bons empregos, que se tenham garantidos os direitos que só um cidadão
poucos encontram vida e prazer. americano ou estrangeiros que migraram legalmente podem ter.
14. O texto de Rubem Alves tem como objetivo concluir que a única pos- 2. É importante enfatizar para o aluno que o contexto de interlocução da
sibilidade de futuro do nosso país está no fato de os políticos por vocação tarefa proposta é menos formal, pois estabelece que ele deveria escrever
atenderem ao chamado da política e vencerem os políticos por profissão, uma carta procurando convencer um amigo (que pensa em migrar para
pois, se os vocacionados se apossarem do jardim, poderemos começar a os Estados Unidos) de que, apesar da imagem do Brasil feita pelos noti-
traçar um novo destino. Então, em vez de desertos e jardins privados, ciários, ainda vale a pena morar aqui e de que a situação de clandestini-
teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor dade em outro país não será a resolução de seus problemas.
e a paciência de plantar árvores em cuja sombra nunca se assentariam. O fato de a carta ter como interlocutor um amigo não desobriga o aluno
da tarefa argumentativa explicitada na questão anterior. Muito pelo con-
Propostas de produção de texto – 1 trário, exige dele maior objetividade, para que não se perca em argu-
1. O aluno deve, na realização da tarefa proposta, em primeiro lugar, mentos tolos como nosso Brasil é lindo, temos praias maravilhosas, o
evitar o tom poético e metafórico que caracteriza o texto de Rubem povo é acolhedor etc.
Alves. Ele deve deixar claro para o seu interlocutor a imagem que dele Como a questão central diz respeito a uma imagem de Brasil veiculada
tem e o que entende por vocação política, além de apresentar dados da pelos jornais e a imagem ilusória de melhores condições de vida em
realidade brasileira que demonstrem que no nosso país, como afirma outro país, ainda que em situação de ilegalidade, é apenas na leitura da
Rubens Alves, os políticos profissionais estão ganhando a luta e, com coletânea que essa questão ficará mais clara, porque precisaremos ana-
suas ações individualistas, incompatíveis com a função que desempe- lisar as manchetes reproduzidas para, com base em tal análise, identifi-
nham como representantes de todo o povo brasileiro, estão inviabi- car qual é a imagem que se faz do nosso país e da vida nos Estados
lizando o futuro de nosso país. Unidos e encontrar argumentos que nos permitam questioná-la.
2. O desenvolvimento dessa carta depende inteiramente da visão que o No caso específico desta proposta, os passos seguintes dependerão da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aluno tem da cidade onde mora. Evidentemente, no momento de corri- imagem que o aluno fizer do seu amigo. Que tipo de pessoa é ele? Poli-
gir as produções escritas, o professor deverá observar se a proposta ini- ticamente, como se caracteriza? Pela preocupação demonstrada com as
cial foi respeitada e se, estruturalmente, o texto constitui-se como uma manchetes de jornal, deve ser alguém consciente, bem-informado, pron-
carta argumentativa. to, portanto, a receber uma resposta articulada em termos maduros.
3. A primeira coisa que o aluno deve reconhecer é a veracidade das in-
15. Ignacio Cano argumenta, primeiramente, contra a opinião do prefei- formações contidas nestas manchetes. Não é possível, neste caso, negar
to César Maia que afirmou, recentemente, que se morrerem dez delin- os fatos e, como sabemos, é verdade que nossa economia está em crise,
qüentes, que morram. Cem, quinhentos, mil, quantos for necessário para que a dengue no Brasil apresenta-se como uma situação bastante grave,
restabelecer a ordem pública. Essa declaração sugere que o prefeito do que realmente tem crescido a incidência de violência, principalmente
Rio de Janeiro acredita que bandido bom é bandido morto, como diz o nos grandes centros, e que o arrocho salarial, bem como o desemprego e
povo. Em outras palavras, que ele aposta no extermínio como forma de a situação deplorável dos aposentados brasileiros são questões inegá-
solução para o problema da violência no Rio. veis. Por outro lado, podemos, desde já, questionar a imagem parcial
16. O primeiro argumento utilizado pelo articulista é a demonstração de do país apresentada nessas manchetes. Apesar de elas virem de diferen-
que a polícia carioca já mata um número extraordinariamente alto de pes- tes jornais, deve-se perguntar se não há, por parte da imprensa, interesse
soas por ano, todas tidas como criminosas. Apesar desse comportamento, em provocar um certo estardalhaço em torno de problemas crônicos do
o crime continua a amedrontar os cariocas. O segundo argumento é a con- Brasil, como meio de formar, para si, a imagem de órgãos independen-
testação, por meio de análise, da relação entre violência policial e paz tes, que cumprem à risca sua função de denunciar os problemas do go-
social: como a violência policial sempre foi a norma no Rio (e a paz ainda verno e do país. Embora reconheçamos a veracidade das notícias,
não foi alcançada), deve-se concluir que essa estratégia não funciona. podemos levantar argumentos que, se contrapostos a elas, formam uma
17. A segunda opinião contestada por Ignacio Cano é a do delegado outra imagem do Brasil: I. Os problemas apontados concentram-se na
Wladimir Reale, que defende que a polícia deve ser liberada para exer- área da saúde, economia, política social e segurança. Considerando o
cer plenamente o direito legal de matar em defesa da sociedade. fato de que, desde 1964, com o golpe militar, a situação social brasileira
18. Ignacio Cano questiona a premissa legal adotada pelo delegado, se- vem se deteriorando nas mãos de governos inaptos, perceberemos que
gundo a qual existe um “direito” de matar previsto na lei. (Não existe o os problemas apontados não surgiram de uma hora para a outra e não
tal direito de matar, existe sim o direito de legítima defesa para qual- podem ser creditados ao governo atual (embora ele deva ser cobrado
quer cidadão. Como a polícia de fato pode usar a força para se defender com relação a possíveis alternativas para solucioná-los). II. Devemos
e para defender a terceiros de acordo com a lei, essa ‘liberação’ propos- reconhecer o processo de sucateamento do sistema de saúde. O Ministé-
ta só pode ser entendida em relação à própria lei.) O articulista questi- rio tem se mostrado mais atuante, realizando campanhas de esclareci-
ona, ainda, o raciocínio feito pelo delegado, e afirma: Uma das raízes da mento público com relação à epidemia de dengue, procurando informar
insegurança no país é precisamente a falta de aplicação das leis, e não as pessoas sobre como evitar a contaminação; há importantes campa-
será ignorando-as que lograremos reverter o quadro. nhas educativas quanto ao contágio pelo HIV; o Brasil é o único país do
mundo que oferece, gratuitamente, o coquetel de remédios que combate
Proposta de produção de texto – 2 a ação do vírus da Aids no organismo; têm sido feitas campanhas de
a) Independentemente do interlocutor escolhido pelo aluno, é importan- orientação sobre a sexualidade e o planejamento familiar, com o objeti-
te verificar se os argumentos por ele apresentados são válidos. É claro vo de conter o alto número de gravidez em adolescentes. Mas, como
que aqueles que escolherem escrever ao prefeito César Maia serão bene- ocorre no setor da educação, tais iniciativas buscam conscientizar o ci-
ficiados, porque os argumentos apresentados por Ignacio Cano podem dadão sobre cuidados que ele deve tomar com a própria saúde. Seus
ser tomados como base para sua argumentação. resultados não se fazem de uma hora para a outra. III. As conquistas
b) Os alunos que escreverem para Ignacio Cano podem valer-se dos sociais foram em grande número no país: hoje conta-se com uma legis-
questionamentos feitos pelo leitor I.M., que aponta o fato de que muitos lação que caracteriza a tortura como crime; os direitos da cidadania têm
policiais também são mortos, anualmente, em confrontos com bandi- sido mais reivindicados e respeitados; o Serviço de Proteção ao Consu-
dos. Esse ponto de vista, porém, é mais difícil de ser defendido com midor (Procom) é um dos órgãos públicos mais atuantes, o que demons-
base em argumentos lógicos… (o aluno precisa perceber isso na hora da tra que as pessoas estão mais conscientes de seus direitos e dispostas a
tarefa e escolher corretamente). lutar por eles. IV. O país demonstra maior maturidade e estabilidade
democrática e luta para alcançar uma estabilidade econômica. A última
Proposta complementar de produção de texto eleição demonstra, com uma renovação muito grande da Câmara e do
1. A tarefa persuasiva apresentada ao aluno é a de escrever a um amigo Senado, que o povo brasileiro se fartou de eleger sempre os mesmos
procurando convencê-lo de que ainda vale a pena viver em nosso país, a políticos, principalmente aqueles que durante governos anteriores esti-
despeito dos problemas sociais e econômicos que temos. Além disso, é ne- veram envolvidos em escândalos e negociatas.

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4. Os textos da coletânea trazem notícias de diferentes jornais que confir- Fragmento 6: texto analítico em que o autor defende a idéia de que lutar
mam os avanços do Brasil em relação às mesmas áreas que constituem contra a discriminação e a intolerância deve ser tarefa de todos — discri-
problemas crônicos no nosso país. Os dois primeiros tratam das perspec- minados ou não — pois será a única forma de se construir uma sociedade
tivas de crescimento econômico no Brasil, com o aumento na oferta de mais justa.
empregos e a queda da inflação. O texto 3 traz um bom argumento para 3. A partir da leitura da coletânea, é possível identificar que a possibilida-
um aspecto positivo em relação ao nosso país: a preocupação com a ga- de de construir uma sociedade mais justa a partir de ações contra a discri-
rantia de melhores oportunidades para os alunos de escola pública, histo- minação envolve etapas diferentes: em primeiro lugar, identificar as formas
ricamente prejudicados em função do sucateamento da educação. Esse de racismo e suas vítimas (fragmento 1, 3 e 4); depois, refletir sobre suas
processo de sucateamento da rede pública de educação aconteceu ao lon- causas (2, 5 e 6) e, só, então, pensar em ações que, de fato, combatam a
go de décadas e, por mais que haja iniciativas do governo, não será possí- discriminação (5 e 6, mais uma vez).
vel alterar esse quadro de uma vez só. Podem ser destacadas várias 4. Espera-se que, durante a discussão deste tema, fique evidente para os
iniciativas do Ministério da Educação, como: a destinação de verbas do alunos que a complexidade relativa à discussão das ações contra a discri-
Fundef para a melhoria do ensino fundamental, a organização de comis- minação que possibilitariam uma sociedade mais justa está associada à
sões que avaliam os livros didáticos para indicar os melhores a serem identificação das causas que determinam uma postura preconceituosa,
utilizados nas escolas públicas, a realização de uma avaliação com os alu- como ressaltamos na última questão. É importante nesse momento
nos do ensino médio (Enem), o estabelecimento de um processo de avali- relembrar aos alunos a necessidade de desenvolver um bom projeto de
ação dos cursos superiores, ameaçando de descredenciamento aqueles que, texto, percebendo quais informações e opiniões podem ser utilizadas para
defender seu ponto de vista, considerando a natureza da discussão. As
por três anos consecutivos, obtiverem desempenho insatisfatório.
questões propostas devem ser levadas em conta no momento de seleção
5. No momento de avaliar o desempenho dos alunos na produção desse
dos argumentos para a redação da dissertação do aluno.
texto, é importante relembrar a necessidade de desenvolver um bom pro-
jeto de texto, percebendo quais argumentos podem ser utilizados para de-
fender seu ponto de vista. As questões apresentadas devem ser consideradas Proposta de produção de texto – 2
no momento de seleção dos argumentos para a redação da carta do aluno. 1. O tema central do diálogo é a possibilidade (ou impossibilidade) de
escolhermos livremente o que somos.
2. A primeira noção apresentada é a de que a liberdade é limitada pela
Capítulo 11 natureza de cada coisa: podemos mover o polegar apenas dentro dos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Proposta de produção de texto – 1 limites impostos pela sua natureza física (ele não pode separar-se da
1. Na introdução, são apresentadas informações sobre a conferência mão e sair pulando pela sala). Assim também o leão não tem a opção de
mundial realizada para identificar as formas de racismo, suas vítimas e ser vegetariano, dado que isso não é de sua natureza.
elaborar ações para combater a discriminação. Ora, é evidente que a 3. Descartes afirma que o homem é diferente do animal por possuir fa-
realização de um evento dessa natureza indica que, em pleno século XXI, culdades mentais livres. No entanto, essa afirmação não refuta a posi-
época em que os avanços tecnológicos nos fazem crer que somos “de- ção assumida pelo professor, que questiona em que momento da vida
senvolvidos”, ainda temos manifestações imperdoáveis de intolerância um ser humano passa a possuir essa razão livre. Um bebê, por exemplo,
e preconceito. Isso indica, em primeiro lugar, que é necessário refletir não a possui, assim como uma criança pequena: quando, então, essa
sobre o que significa termos ainda a necessidade de realizar conferên- faculdade racional se constituiria?
cias como essa. A resposta para essa questão está na definição do tema: 4. O exemplo das duas árvores ilustra a idéia de que o ser humano só se
é preciso garantir que tenhamos uma sociedade mais justa; para que isso torna aquilo que sua natureza dita quando é cercado de todas as possibi-
ocorra, são necessárias ações contra a discriminação. lidades de desenvolvimento. Só podemos considerar um ser humano li-
2. Fragmento 1: dados sobre o mapeamento do racismo no mundo, com os vre quando o mundo exterior (as circunstâncias políticas, por exemplo)
principais casos de discriminação apontados por relatório da Anistia Inter- permite que ele desenvolva as potencialidades que lhe são inerentes.
nacional. É interessante perceber que a discriminação aparece de maneira 5. O narrador chama a mãe de colaboradora na vida de D. Plácida. Aos
diversa, mas tem como base sempre o mesmo tipo de atitude: a intolerância pais, refere-se como autores de seus dias. Sobre a relação entre os pais,
com aqueles que são considerados diferentes do que se estabelece como diz que foi uma conjunção de luxúrias vadias. Diz ainda que
“padrão” (leia-se, posição de superioridade) em dada sociedade. D. Plácida brotou, o que é absolutamente incongruente com a vida mise-
Fragmento 2: entrevista do historiador americano David Brion Davis, intro- rável da personagem (D. Plácida não poderia ser chamada de “flor” se-
duzindo uma idéia bastante perturbadora: segundo ele, a razão pela qual a não ironicamente.).
escravidão e o racismo tenham demorado tanto para causar revolta é uma 6. Brás Cubas acredita que as pessoas de uma classe social menos
demonstração de que essas atitudes tinham respaldo cultural, religioso e favorecida, de algum modo, são as responsáveis pelos próprios infortú-
filosófico. Isso pode nos levar a pensar sobre o motivo de, ainda hoje, ter- nios. Não há, na fala de Brás Cubas, nenhuma indicação de que a situa-
mos tantas manifestações de intolerância e discriminação na nossa sociedade. ção social ou política possa ser a causa da pobreza: a miséria é causada
Fragmento 3: notícia de jornal que traz uma informação bastante incômoda, pelos erros dos próprios miseráveis.
apurada em um relatório divulgado pela Anistia Internacional: em quase 7. a) Porque, na visão do narrador, não houve entre o sacristão e a mu-
todo o mundo, embora em graus diversos, decisões dos sistemas de Justiça lher uma relação profunda: apenas desejavam-se, inconseqüentemente.
e procedimentos das forças de segurança do Estado têm desrespeitado os b) Os pais se relacionaram sem medir conseqüências, e sem possuírem
direitos humanos em razão de cor, raça, etnia e nacionalidade. Segundo esse condições econômicas (eram o sacristão e a sacristã), logo, não teriam
relatório, os abusos que ocorrem todos os dias no contexto da administração como dar à filha meios de escapar de uma vida de infelicidades.
da Justiça parcial ou totalmente devidos ao racismo não são divulgados, 8. O “confronto” entre D. Plácida e os pais tem duas funções: acentuar a
diferentemente do que ocorre com manifestações violentas de preconceito e vida de infortúnios de D. Plácida, e ressaltar a inconseqüência dos pais.
intolerância, que, invariavelmente, conquistam as manchetes dos jornais. 9. O texto 2 exemplifica o que se afirma no texto 1. D. Plácida seria uma
Fragmento 4: notícia de jornal que aponta para a impunidade e falta de ilustração da falta de liberdade de escolha quando as condições do meio
proteção do Estado no que diz respeito ao racismo e à discriminação no social impedem o desenvolvimento de suas capacidades.
Brasil, segundo o relatório da Anistia Internacional. Nesse documento, 10. O aluno deve perceber que, para desenvolver adequadamente o tema
afirma-se que o Estado muitas vezes faz vista grossa aos abusos cometi- proposto, é necessário discutir a possibilidade real de escolha, a existên-
dos por seus agentes e são apontados os freqüentes ataques às comunida- cia do livre-arbítrio, para os indivíduos, quando existem limitações so-
des indígenas, a impunidade, a predominância de negros presos e a grande ciais e políticas que impedem o desenvolvimento de suas potencialidades.
disparidade social e econômica entre as raças. É importante insistir que a elaboração de um projeto de texto é funda-
Fragmento 5: opinião de um sociólogo português sobre o que é necessário mental para um bom desenvolvimento do tema.
para a promoção do bem de todos, isto é, de uma sociedade mais justa, sem
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de Proposta de produção de texto – 3
discriminação. Segundo ele, é necessário um remédio forte, como a 1. Esse tema propõe a reflexão de uma questão extremamente pertinente e
criminalização das condutas contrárias. Sem a ameaça grave de sanções, o atual: o que fazer com as toneladas de lixo produzidas diariamente nos nos-
preconceito continuará agindo no coração de muitas pessoas. O sociólogo sos centros urbanos? Será que, com o avanço da ciência e da tecnologia, não
ainda apresenta uma definição daquilo que permitiria esse tipo de atitude: o deveríamos rever o nosso conceito sobre o que seria lixo?
fascismo social, que afirma ser a incapacidade de redistribuição da riqueza, 2. O fragmento 1, de natureza informativa, traz as diversas acepções encon-
permitindo que o Capitalismo opere contra o pobre, e não a favor dele. tradas no dicionário para o vocábulo lixo. Percebe-se que essa palavra é

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associada à idéia do que não tem mais serventia, do que deve ser descartado, va, com base em que tais limites podem ser estabelecidos? Nesse sentido, é
do que é imundo. É importante que o aluno reflita sobre essa definição de interessante ressaltar o termo humanos que aparece na definição do tema. Os
lixo: atualmente, podemos de fato afirmar que todo o lixo produzido é algo dilemas são próprios do Homem, não da Ciência e é justamente essa pers-
que deve ser descartado? pectiva que nos assusta nos dias de hoje: a ciência parece ignorar limites.
3. O fragmento 2 traz informações sobre quanto de lixo cada um de nós 2. Fragmento 1: definição de ética como um comportamento que procura, no
provavelmente produzirá ao longo da vida. Os dados são assustadores: se dia-a-dia, garantir que o homem se dedique à busca do Bem.
vivermos até os 70 anos, produziremos em média 25 toneladas de lixo. Sem Fragmento 2: texto analítico introduzindo uma idéia bastante perturbadora: a
perspectiva para tratar ou reciclar o lixo, o que vemos são conseqüências de de que a Genética pode vir a ser controlada pelas leis de mercado, o que
seu acúmulo, como as enchentes na época das chuvas, porque os detritos permitirá vislumbrar um futuro em que seriam criados seres humanos de
acumulados impedem a vazão das águas. primeira e segunda classe, de acordo com os interesses econômicos vigentes.
4. Segundo esse fragmento, a reciclagem é vista como algo natural e neces- Fragmento 3: texto analítico que defende a idéia básica de que sem liberdade
sário no mundo dito “civilizado”, o que ainda não acontece no Brasil. e ousadia a Ciência não evolui. De acordo com tal perspectiva, o estabeleci-
5. O fragmento 4 traz informações referentes ao que se poderia econo- mento de limites para a pesquisa científica corresponderia ao estabelecimen-
mizar caso tivéssemos, no Brasil, um programa sério de reciclagem de to da censura para as atividades culturais.
lixo. Observa-se, ainda, que, quanto maior o desenvolvimento, maior o Fragmento 4: notícia de revista com a opinião dos opositores ao primeiro
percentual de municípios que promovem a reciclagem (caso do Japão e experimento de clonagem humana, com a constatação de que nenhum ele-
da Austrália: 100%, contra os irrisórios 2,5% dos municípios brasilei- mento externo poderá impedi-lo e que o sucesso do experimento alterará
ros). O fragmento 5 mostra o exemplo desse tipo de atitude na cidade de completamente o cenário científico, a exemplo do que aconteceu com o su-
Curitiba, onde a reciclagem de lixo é tratada de forma séria pela prefei- cesso da concepção in vitro quando as chances eram desencorajadoras.
tura. Os dois fragmentos apontam para a necessidade de se rever a noção Fragmento 5: texto analítico em que o autor defende a idéia de que o
de lixo que atualmente temos: é preciso adotar uma postura séria no que produto da Ciência não é, por si só, bom ou mau. O que determina seu
diz respeito à reciclagem do lixo. caráter positivo ou negativo é o uso que os homens fazem daquilo que
6. Poderíamos afirmar que tanto o fragmento 6 quanto o 7 estabelecem descobrem por meio da Ciência.
uma relação entre o desenvolvimento econômico e o aumento da produ- Fragmento 6: carta de um leitor que, a propósito da possibilidade da criação
ção do lixo, bem como a alteração de seu perfil. O gráfico apresentado de clones humanos, sugere que uma situação futura seria a venda de clones,
no fragmento 7 permite identificar uma relação direta entre o desenvol- à semelhança do que acontecia, no século XIX, com os escravos. O que o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vimento econômico e o aumento dos detritos produzidos pela humani- autor sugere é que, se no passado tal comportamento não nos escandalizou, o
dade. O fragmento 6 traz a informação de que, com o desenvolvimento que garante que não retornaremos a ele no futuro?
tecnológico, o perfil do lixo está mudando. O que antes era essencial- 3. A partir da leitura da coletânea, é possível identificar duas possibili-
mente composto de substâncias orgânicas, agora é um amontoado de dades de estabelecer a ética do novo: estabelecendo limites sobre o que
substâncias tóxicas de difícil composição, além de apresentar riscos de será aceitável ou não a partir de projeções futuras, considerando o con-
contaminação para os seres humanos. ceito de ética atual (ou seguindo as leis de mercado, como sugere o frag-
7. A partir desse fragmento, que traz a informação sobre a quantidade de mento 2) ou repetindo o passado, como sugere o fragmento 6, o que
anos que determinados materiais demoram para serem absorvidos pela na- seria bastante perturbador.
tureza, é possível encaminhar a discussão do estrago que estamos causando 4. Espera-se que, durante a discussão deste tema, fique evidente para os alu-
quando não adotamos programas sérios para o tratamento e a reciclagem do nos a complexidade relativa à discussão do que seria ético ou não quando o
lixo que produzimos. que se analisa são os progressos científicos, como ressaltamos na última
8. É importante fazer com que o aluno parta do pressuposto de que o questão. É importante nesse momento relembrar aos alunos a necessidade de
lixo que produzimos deve ser visto sobre outra perspectiva, a da desenvolver um bom projeto de texto, percebendo quais argumentos podem
reciclagem, caso não queiramos ser “soterrados” por ele. Também vale ser utilizados para defender seu ponto de vista, considerando a natureza da
ressaltar a importância de escolher uma linha argumentativa, para que a discussão. As questões propostas devem ser levadas em conta no momento
reflexão não fique restrita a um dos aspectos apresentados pela coletâ- de seleção dos argumentos para a redação da dissertação do aluno.
nea, pois, pela amplitude do tema, o aluno corre o risco de desenvolver 5. O papel desempenhado pelo fator social em relação à natureza huma-
uma dissertação que fuja à proposta. Por isso, as questões propostas de- na é crucial: é ele o responsável por moldar e transformar o ser humano.
vem ser levadas em conta no momento da seleção dos argumentos para Segundo Durkheim, é a cultura local que determina até mesmo as emo-
a redação da dissertação do aluno. ções mais profundas da natureza humana.
6. Os novos cientistas sociais darwinistas acreditam que o traçado
Propostas complementares de produção de texto evolutivo dos povos determina padrões de comportamento social na es-
1. Na introdução, oferece-se uma definição de ética que precisa ser cuidado- trutura da família, da amizade, de política e moralidade.
samente considerada: Ética nada mais é do que atitudes abonadas pelos 7. As duas vertentes se opõem: enquanto os primeiros acreditam que a Bio-
costumes de uma determinada sociedade numa época dada. Ora, é evidente logia determina os padrões de comportamento cultural de diferentes povos,
que, como o que se analisa são as possibilidades futuras projetadas pelo pro- os últimos afirmam que é a cultura que determina a natureza humana.
gresso alcançado no campo da genética, não se tem como saber quais são as 8. O aluno deve perceber que a discussão está na oposição das duas
atitudes abonadas pelos costumes da sociedade. Isso significa, em primeiro possibilidades de análise do comportamento humano. É importante dis-
lugar, que não há uma ética a ser seguida. O que há é um problema a ser cutir qual delas se sustenta com maior propriedade: se a exposta no texto
analisado: é lícito estabelecer limites para a ciência? Se a resposta for positi- 1 ou a apresentada no texto 2.

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