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Especiação
Especiação é o processo evolutivo pelo qual as espécies vivas se formam. Este processo pode
ser uma transformação gradual de uma espécie em outra (anagênese) ou pela divisão de uma
espécie em duas por cladogênese. Há quatro modos principais de especiação: a especiação
alopátrica, simpátrica, parapátrica e peripátrica. A especiação pode também ser induzida
artificialmente, através de cruzamentos selecionados ou experiências laboratoriais.
Anagênese x Cladogênese
Observe na figura ao lado que em (a)
há modificações graduais, e em (b) há
a divisão da espécie ancestral em
duas novas espécies.
Especiação natural
Todos os modos de especiação já ocorreram na Natureza, embora a importância relativa de
cada um na formação da biodiversidade atual ainda seja amplamente debatida na comunidade
científica.
Atualmente, também não há consenso sobre a taxa a que eventos de especiação acontecem
na escala geológica. Uma visão partilhada por muitos biólogos evolutivos é que o número de
eventos de especiação tem se mantido constante ao longo do tempo. Uma posição
contrastante foi inicialmente proposta por Niles Eldredge e Stephen Jay Gould. Ela defende
que as espécies se mantiveram relativamente estáveis durante longos períodos de tempo,
pontuado por períodos de tempo relativamente curtos quando a especiação ocorre. Esta visão
é conhecida pela teoria dos equilíbrios pontuados.
Mecanismo da especiação
A especiação se inicia quando uma subpopulação de uma espécie (subespécie) se isola
geograficamente, altera o seu nicho ecológico ou altera o seu comportamento, de maneira
que fique isolada reprodutivamente do restante da população daquela espécie. Esta
subpopulação, ao se isolar, sofre mutações cumulativas com o passar do tempo, que alteram o
seu genótipo (conjunto de genes) e, consequentemente, a expressão deste.
Um exemplo seria o cruzamento de um jumento com uma égua, resultando na mula (um
híbrido estéril).
Em alguns casos o isolamento reprodutivo pode ocorrer antes da fecundação, sendo chamado
de isolamento reprodutivo pré-zigótico . Nesse caso pode ocorrer (dentre outros fatores) por:
* Habitat – Duas populações ocupam a mesma região, mas tem habitats diferentes. Estas duas
populações estão isoladas e não trocarão genes entre si.
Especiação artificial
Espécies novas foram criadas por seleção de animais de pecuária, mas as datas iniciais e os
métodos usados para dar origem a tais espécies não são claros. Por exemplo, a ovelha
doméstica (Ovis aris) foi criada através de hibridação, e já não produz descendentes férteis
com o muflão (Ovis orientalis), que é uma das espécies que lhe deu origem. Gado
domesticado, por outro lado, ainda pode ser considerado como a mesma espécie que várias
variedades de gado selvagem, porque conseguem produzir descendentes férteis com estas
variedades.
A criação de novas espécies em laboratório que melhor foi documentada, realizou-se no fim
dos anos 80 por William Rice e G.W. Salt. Estes cientistas criaram mosquinha-da-fruta,
Drosophila melanogaster, usando um labirinto com três escolhas diferentes tais como
escuro/claro e seco/molhado. Cada geração era colocado no labirinto, e o grupo de moscas
que saía em duas das oito possíveis saídas eram separadas para procriar dentro do seu próprio
grupo. Após trinta e cinco gerações, os dois grupos e os seus descendentes não conseguiam
procriam entre eles, mesmo quando essa era a única oportunidade de se reproduzir.
Diane Dodd também foi capaz de demonstrar especiação alopátrica por isolamento
reprodutivo em Drosophila pseudoobscura após apenas oito gerações usando diferentes tipos
de comida, amido e maltose. A experiência de Dodd tem sido facilmente replicada por outros,
incluindo outras espécies de moscas da fruta e alimentos.
Questão 3. Descreva com suas palavras como os cientistas Rice & Salt conseguiram conduzir
o processo de especiação artificialmente.
Genética
Especiação por hibridação
Hibridação entre duas espécies leva por vezes ao aparecimento de fenótipos diferentes. Este
fenótipo pode estar melhor adaptado do que as linhagens parentais e por isso, a seleção
natural pode favorecer estes indivíduos. Eventualmente, se for alcançado o isolamento
reprodutivo, pode levar a uma espécie diferente. No entanto, isolamento reprodutivo entre os
híbridos e os seus parentais é particularmente difícil de alcançar e por isso a especiação por
hibridação é considerado um evento raro. A espécie Anas oustaleti (agora extinta) originou de
especiação por hibridação.
Quando a hibridação que leva a especiação não resulta numa mudança do número de
cromossomas chama-se especiação por hibridação homoplóide. É considerado muito raro mas
já foi demonstrado em borboletas do gênero Heliconius e em girassóis. Especiação poliplóide,
que envolve mudanças no número de cromossomas, é um fenômeno mais comum,
especialmente em plantas.
Especiação no Homem
Os seres humanos têm semelhanças genéticas com chimpanzés e gorilas, o que sugere
antepassados comuns. Uma análise de deriva genética e recombinação sugeriu que o ancestral
comum mais próximo entre o homem e o chimpanzé sofreu especiação (por cladogênese) há
4,1 milhões de anos, formando duas novas espécies que, através de caminhos evolutivos
diferentes, deram origem aos indivíduos atuais