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Mosaico Romano

(breve introdução)

Quando se tratava de formar letra ou imagens, não por pintura ou por incisão, os
romanos optavam pelo mosaico. Esta solução era usada de preferência para pisos e
morais. ‘’mosaico’’ designa um embutido de pequenas pedras ou de outras peças
(pequenos bocados de vidro, mármore ou cerâmica) formando um determinado desenho.

O tamanho das pedrinhas de cor seleccionadas para formar um mosaico representava


um equilíbrio entre os custos de produção, o espaço a preencher com o motivo e a
resolução necessária para permitir uma leitura satisfatória do texto e uma visualização
aceitável das imagens.

Visto que a pixelização não era executada mecanicamente – como faz qualquer
software de tratamento de imagem -, a resolução dos pixéis era ajustada ao pormenor
desejado: as imagens que exigiam detalhes e variações subtis de cores levavam muitas
pedras pequenas; os espaços livres e as grandes áreas em branco ou preto obtinham-se
com pedras bastante maiores.

O mosaico preenche áreas planas, como chãos e paredes.

O mosaico é uma forma de arte, tendo-se utilizado vários tipos de matérias e


aplicações ao longo dos tempos. Por vezes meramente decorativo, outras vezes como
elaborada obra de arte, com qualidades pictóricas.

Os mosaicos em opus vermiculatum…

Em Portugal, o Mosaico das Musas da villa romana de Torre de Palma, em Monforte,


ou os mosaicos da villa de Milreu, no Algarve, são belos exemplares decorativos da
época romana, datados do séculos IV d.C.

A palavra mosaico tem origem na palavra grega mouseîn, a mesma que deu origem à
palavra música, que significa próprio das musas.

Descoberto e transportado para o MNA em meados do século passado, o chamado


‘’mosaico das musas’’ da villa romana de Torre de Palma, em Monforte, constitui o
mais notável exemplar do seu tipo conhecido até hoje em Portugal.

Depois de ter sido objecto de demorado restauro, apresenta-se agora ao público toda a
sua parte figurativa, onde alguns dos quadros mitológicos representam autenticas obras-
primas, tanto do ponto de vista pictural como do ponto de vista mosaicista. É este o caso
do ‘’Coro das Musas’’, do chamado ‘’Triunfo Indiano de Baco’’, das cenas trágicas de
Medeia, meditando no infanticídio, e de Hércules, enlouquecido por Juno, preparando-
se para matar a mulher e os filhos.

Esta é, aliás, a única representação conhecida desta cena no Mundo Romano, tendo
por suporte o mosaico. Muitos outros motivos poderiam ser citados. Todavia, talvez a
mais espectacular obra-prima do mestre mosaicista de Torre de Palma seja o quadro da
luta de ‘’Teseu contra o Minotauro’’, no labirinto de Creta.

Tem-se aqui a impressão de estarmos em presença de uma representação moderna,


com uma expressividade que nos recorda a força de um Picasso. Com uma tal obra, é
todo o Portugal Romano que se torna agora mais familiar: a vida de um aristocrata
romano ou romanizado dos finais do século III d.C., a sua casa, os seus ambientes
decorativos, as suas riquezas, o seu imaginário, os seus sonhos, enfim, a sua cultura e as
suas ambições sociais, surgem de novo aos nossos olhos com a força das imagens
retidas nos seus mosaicos. E que outra compensação poderia ele ter do que a de saber
que, tantos séculos volvidos, as mensagens escolhidas para sua casa ainda provocam em
nós a mesma interpelação, a mesma inquietude?

Carlos Eberl, Nº4 10ºE

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