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Depois do choque da segunda derrota consecutiva de Fedor Emelianenko na primeira rodada

do GP dos pesados do Strikeforce, é difícil não fazer perguntas como “o que isso significa?” ou
“o que aconteceu nesse sábado contra Antonio Silva e como isso muda nosso entendimento
sobre eventos passados e futuros?”.

Há muitas respostas (algumas diretamente contraditórias) para essas respostas, então é


possível colocar elas uma por uma e argumentar da melhor forma possível cada uma delas.
Sintam se livres para argumentar.

[b]1. Fedor é o melhor da história.[/b] Uma derrota – ou até duas derrotas consecutivas – não
muda isso. Quem mais tem uma sequência de vitórias desse tipo? Quem mais é tão complete
ou dominante? Quem aguentou os golpes mais duros de Cro Cop ou um suplex do Kevin
Randleman? Um homem, e seu nome é Fedor. Enquanto o cinturão dos pesados do UFC passa
de mãos em mãos como um iPod em um amigo secreto, podemos notar cada vez mais como a
carreira de Fedor foi gloriosa.

[b]2. Fedor foi o melhor de outra geração do MMA e essa geração está acabada.[b] Seu
reinado começou quando ele derrotou Antônio Rodrigo Nogueira pelo cinturão dos pesados
do Pride em 2003. Naquela época os lutadores ainda eram unidimensionais e os poucos
lutadores que chegavam perto dos 120Kg eram geralmente “bobões” que dependiam da força
pra compensar sua falta de técnica. O mundo do MMA mudou completamente desde então e,
ainda assim, Fedor conseguiu se manter no topo pela maior parte da ultima década. Quem
mais daquela época conseguiu ser tão bom por tanto tempo?

[b]3. A diferença de tamanho era simplesmente grande demais.[/b] Na pesagem Silva estava
16Kg mais pesado que Fedor e, provavelmente, ganhou mais uns 10Kg até a hora da luta.
Talvez Fedor pudesse agüentar esse diferença contra Zuluzinhos e Hong Man Chois da vida,
mas Silva apresentou um novo tipo de desafio. Se Fedor começasse hoje, ele provavelmente
começaria na LHW. Para o melhor ou pior, ele preferiu competir como um HW “pequeno” e
isso finalmente “ferrou” ele.

[b]4. Todo mundo fica velho eventualmente – até os melhores.[/b] Fedor completou 34 anos
em setembro. Se você é um advogado isso não é problema nenhum. Se vc é um lutador, é mais
ou menos a época onde os reflexos ficam mais lentos e as lesões do passado começam a te
lembrar de todos os anos usando seu corpo como uma “bola de demolição”. Claro, Cain
Velasquez está no topo agora, mas ele tem 28 anos e está lutando há menos de 5 anos.
Pergunte a ele como ele se sente daqui a uma década. Pergunte a ele depois que ele tiver seu
nariz quebrado mais vezes do que ele pode contar. Veja se ele também não está um pouco
“cansado” disso tudo.

[b]5. Fedor está acabado.[/b] Quando você apanha da maneira que ele apanhou na noite de
sábado e seu primeiro pensamento é de aposentadoria e não de “vingança”, é melhor
pendurar as luvas antes que algo pior aconteça. Ultimamente ele vem beirando essa porta em
entrevistas e, enquanto a M-1 Global prefere não perder seu vale refeição, um lutador
relutante é um desastre ambulante. É melhor não ser um lutador do que ser um lutador
indeciso.

[b]6. Fedor não está nem perto de estar acabado.[/b] Essa derrota vai reacender o fogo nele,
talvez convencê-lo a mudar seu treino e, antes que você perceba, ele estará nocauteando
gente para novamente chegar ao topo. Espere pra ver.

[b]7. Fedor não “caiu” de uma vez só; ele vem decaindo, mas sem competir tanto.[/b] A última
vez que Fedor lutou mais do que duas vezes em um ano foi em 2005 e somente se vc
considerar sua luta/freak show contra Zulizinho na noite de ano novo. Desde então ele bateu
Brett Rogers, Anderi Arlovski, Tim Sylvia, Hong Man Choi, Matt Lindland, Mark Hunt e Mark
Coleman. Muitos deles pareciam estar no topo quando o enfrentaram, mas também essa lista
parece menos expressiva (por exemplo, Sylvia era um ex-campeão quando perdeu para Fedor,
mas também estava 1-2 em suas ultimas três lutas). Você geralmente pode encontrar buracos
no cartel de alguém quando você quer, mas é possível que a qualidade de competição do
Fedor ajudou a esconder a atrofia natural de suas habilidades, ao menos por um pequeno
intervalo de tempo.

[b]8. “Pezão” Silva é melhor do que nós pensamos.[/b] Tirando sua derrota em início de
carreira para Eric Pele, sua única derrota veio de uma decisão apertada contra Fabrício
Werdum, que também é melhor do que nós pensamos. Não é como se Fedor estivesse
perdendo para idiotas; ele está perdendo para caras que, talvez por falta de marketing ou de
conhecimento por parte dos fãs e mídia, estavam “voando abaixo do radar”. Derrotas
consecutivas para caras como eles não é nada para se envergonhar ou para pensar que
aposentadoria é a única escolha restante.

[b]9. Fãs do Fedor estão certos em desprezar a reação de Dana White no Twitter.[/b] Sem
surpresa nenhuma, o presidente do UFC usou a derrota de Emelianenko para afirmar que ele
não era nada mais do que um peso de papel reforçado por uma mídia sem noção nenhuma.
Claro, se White tivesse assinando com Emelianenko, não é difícil de imaginar que sua reação
sobre os últimos acontecimentos na carreira do Fedor seriam bem diferentes. O fato de tantos
fãs terem condenado as declarações de White no Twitter mostra como a “mídia social”
permite que a “voz do povo” seja ouvida. Isso também deixa a historia um pouco mais
“honesta”.

[b]10. Fãs do Fedor são tão inclinados a idolatrar o herói que acabam por perder a história
inteira.[/b] É irônico como Fedor, que mostra tão pouca emoção e parece as vezes igualmente
confuso e envergonhado pela fascinação do público com ele, inspira um zelo tão incrível por
parte dos fãs. É como se eles sentissem a necessidade de expressar as emoções que ele não
pode, ou não quer. Isso também os faz “mistificar” ele ao ponto de amenizar os tropeços de
sua carreira e disparar fervorosamente contra qualquer um que sugerir que ele é qualquer
coisa menos que um deus vivo. Fedor é humano, ele tem falhas. Reconhecer isso faria suas
conquistas no esporte muito mais impressionantes. Em outras palavras, não vamos fingir que
suas 31 vitorias não são preenchidas com alguns adversários fáceis, ou que sua vontade de
deixar a M-1 Global no comando não nos proibiu de ver algumas lutas que esperávamos.

[b]11. Fedor não fez os “ajustes” apropriados, e pagou por isso.[/b] Depois de sua primeira
derrota real em junho, Emelianenko disse que não fez mudanças drásticas em seu
treinamento. Isso pode ser porque ele considerava aquela derrota como um sintoma de um
erro imprudente, ou também poderia ser porque, aos 34 anos, ele conhecia somente uma
maneira de treinar e não estava interessado em aprender outra. Independentemente, se você
não melhorar como lutador, você está um passo atrás. Fedor perdeu e decidiu por continuar
fazendo o que ele sempre fez, então ele perdeu denovo. Simples assim.

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