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GUIA PARA ADMINISTRAÇÃO DE PSICOFÁRMACOS SERVIÇO PORTO DO HML

1. TABELA RESUMIDA CONTENDO OS FÁRMACOS MAIS UTILIZADOS EM


PSIQUIATRIA
Contra-indicações
Efeitos
Classe Grupo Principio activo Indicações Precauções
Secundários
Interacções
Neurolépticos ou Clorpromazina Tratamento da Sintomas Hipersensibilidade.
tranquilizantes Esquizofrenia e de extrapiramidais: Não devem ser usados em doentes com glaucoma do
comportamentos distonia, crises ângulo estreito.
maiores ou Proclopromazina psicóticos agudos e oculogiras, síndromes Não devem ser usados em doentes com depressão do
antipsicoticos crónicos, parkinsónicos, acatasia, SNC.
Tioridazina acompanhados de discinésias tardias, Utilizar com cuidado em doentes com patologia
Fenotiazidas hiperactividade alterações da linguagem cardíaca, estado grave ou debilitado, insuficiência
Trifluoperazina (fases maníacas), e da marcha. respiratória, hipertrofia da prostata, diabetes, obstrução
comportamentos Baixar o limiar das intestinal.
violentos ou convulsões. Função hepática deve ser monitorizada.
Levopromazina potencialmente Agranulocitose PO: Diluir com água ou misturar com alimentos para
violentos. Doenças (clozapina), síndrome diminuir a irritação gástrica.
Loxapina extrapiramidais. neuroléptico maligno, Administração parentérica: deitar o doente durante 30
Butirofenonas Síndromes secura da boca, minutos após a administração devido ao risco de
delirantes. obstipação, amenorréia, hipotensão ortostática.
Haloperidol galactorréia, visão turva,

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Clozapina sonolência, Interage com o álcool, antihipertensores ou nitratos.


coma,náuseas, vómitos, Antiácidos diminuem a absorção.
dores abdominais, Fenobarbital, analgésicos opiáceos ou os sedativos
Olanzapina irritação gástrica, hipnóticos causam depressão do SNC.
alterações endócrinas, Interagem com medicamentos que aumentem o
Quetiapina alterações intervalo da QT, potenciando o efeito. Risco de
Outros hematológicas, toxicidade e mielosupressão da clozapina é potenciado
Risperidona alterações das por carbamazepina, cotrimoxazol, cloranfenicol,
transaminases, icterícia sulfonamidas, citostáticos.
colestática, erupções Aumenta o risco de agranulocitose com fármacos para a
cutâneas, hipotensão tiróide.
ortostática, arritmias,
fotosensibilidade.

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Antidepressivos Tricíclicos Amitriptilina Controlo Obstipação, boca seca, Inibem de forma não Não devem ser usados em
sintomático de visão desfocada, selectiva a recaptação mulheres grávidas ou a
perturbações dificuldades de micção, de noradrenalina e de amamentar, imediatamente
Doxepina depressivas do aumento de peso, serotonina. após enfarte do miocárdio,
humor,, quer se sonolência, sudorese, (tratamento de glaucoma e hipersensibilidade.
Imipramina trate de depressão taquicardia, mania, sintomas da Interage com
major ou distimica. alterações da glicemia. depressão, incluindo antihipertensores, com IMAO
Nortriptilina perturbações do sono, (taquicardia, hipertensão e
função sexual, convulsões), potencia a
alterações do apetite e actividade dos
alterações cognitivas). simpaticomiméticos e dos
anticolinergicos.
Interage com anfetaminas,
metildopa, levodopa,
dopamina, adrenalina,
noradrenalina, desipramina,
imipramina, reserpina,
vasoconstritores provocando
crises hipertensivas.
Hipertensão/ hipotensão,
estupor, coma, convulsões
quando utilizados com a
meperidina ou outros
analgésicos opiáceos e IMAO.
Potencia efeito dos
hipoglicemiantes. A nicotina e
os barbitúricos diminuem o
seu efeito.

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Citalopram Desconforto gástrico, Inibidores selectivos Não devem ser usados em


náuseas, vómitos, da recaptação de mulheres grávidas ou a
diarreia, sonolência, serotonina (tratamento amamentar, imediatamente
Fluoxetina diminuição do apetite, da depressão) após enfarte do miocárdio,
perda de peso, perda de glaucoma e hipersensibilidade.
Fluvoxamina libido, dificuldade em
Inibidores atingir o orgasmo,
selectivos da Paroxetina dependência, sedação,
discrasias sanguineas.
recaptação da
serotonina Sertralina

Venlafaxina

Cloridrato de
Buspirona
IMAO Fenelzina Estimulantes, Inibem o metabolismo Não devem ser usados em
nervosismo, insónia, das catecolaminas por mulheres cgrávidas ou a
hipersudorese, vertigem, bloquearem a amamentar, imediatamente
Tranilcipromina aumento de peso, monoaminoxidase. após enfarte do miocárdio,
retensão de líquidos, (Doentes com glaucoma e hipersensibilidade.
Senegilina disfunção sexual, diversos tipos de Restrição alimentar:
taquicardia, crises depressão que não Bebidas alcoólicas; favas;
hipertensivas, tiveram ajuda apartir queijo curado; fígado de vaca
hipotensão ortostática, de outros ou galinha; peixe, aves ou
fotosensibilidade, antidepressivos) carnes de salmoura ou
cefaleias, tremores, fumadas; enchidos; soja;
fadiga, tonturas e bananas; abacates; Beringelas;
perturbações da ameixas; uvas; espinafres;
memória. tomates; iogurte; Suplementos
dietéticos de leveduras ou
proteínas; leite fermentado;
conservantes de carne.

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Bupropriona Sudorese, alterações Não devem ser usados em


oculares, taquicardia, mulheres grávidas ou a
hipotensão ortostática, amamentar, imediatamente
Mirtazapina tremor, ataxia, após enfarte do miocárdio,
parkinsonismo glaucoma e hipersensibilidade.
Outros Nefazodona

Trazodona

Venlafaxina
Diazepam Diminuem os Podem causar Vigiar a pressão arterial.
efeitos do stresse, dependência física e Não pode conduzir veículos motorizados.
ansiedade, psicológica, sonolência, Interage com consumo de álcool.
Clordiazepóxido comportamentos letargia, desmaio,
Ansioliticos ou Benzodiazepinas neuróticos, hipotensão transitória,
tranquilizantes Flunitrazepam depressão ligeira. náuseas, vómitos,
menores ou Podem ser convulsões, coma,
sedativos Lorazepam empregues no pré- morte, incordenação
operatório para motora, obstipação,
Hidroxizina promover a diarreia, alterações do
Outros sedação. Insónia, apetite, confusão,
Doxepina indução de depressão, vertigem,
Hipnóticos relaxamento irregularidades
sedativos Barbitúricos Fenobarbital muscular. cardiovasculares.
Convulsões.

Benzodiazepinas Triazolam

Clorazepato

Flunitrazepam

Flurazepam

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Lometiazol

Outros Buspirona

Zolpidem
Carbonato de lítio Na depressão Sede, secura das O lítio atravessa a barreira placentária e aparece no leite
bipolar e, por mucosas, naúseas, materno.
vezes, noutras vómitos, fadiga, dores A desidratação e a febre podem provocar um risco
Reguladores do Valproato perturbações abdominais, aumento de acrescido de toxicidade.
humor ou depressivas ou peso, tremor, Deve-se diminuir a ingestão diária de sódio.
antimaniacos Carbamazepina esquizoafectivas hipotiroidismo,
sonolência, cefaleias
Lamotrigina
Hidroclorido de Promovem o estado Ritmo cardíaco rápido e Contraindicado em mulheres grávidas e que
fenilpropalamina de vigília, irregular, hipertensão, amamentam.
diminuem o apetite, hiperactividade, Não deve ser utilizado em pessoas alcoólicas ou
combatem a tremores das mãos, maníacas com ideação suicida ou homicida.
Sulfato de narcolepsia e são discurso rápido, Doença cardíaca e glaucoma deve ser utilizado com
Estimulantes Anfetaminas dextroanfetamina utilizados na confusão, depressão, cuidado.
anestesia geral convulsões, dependência
Hidroclorido de psicológica
metilfenidato

Benzatropina Utilizado no Visão turva, secura da Evitar a administração Devem ser evitados em
tratamento da boca, sonolência, em crianças com doentes com glaucoma do
síndrome confusão, taquicardia, menos de 12 anos. ângulo estreito.
Anticolinérgicos Biperideno Parkinsónico e retenção urinária, Vigiar a TA de 4/4 Usar com cuidado em doentes
Antiparkinsónicos outras discinésias, obstipação, melanoma, horas no início do com doença cardíaca,
Tri-hexifenidilo visam restabelecer alterações da pressão tratamento. obstrução pilórica ou aumento
Inividores da o equilíbrio entre a sanguínea. Estimular a utilização da prostata.
catecol-o- Entacapone acetilcolina e a de rebuçados duros A pirodixina, os IMAO, as
dopamina. sem açúcar, para benzodeazepinas, a fenitoína,
metiltransferase

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Bromocriptina combater os efeitos da as fenotiazidas e o haloperidol


secura da boca. podem antagonizar os efeitos
da levodopa.
Carbidopa/levodopa

Levodopa
Agonistas da
dopamina
Pergolide

Pramipexole

Ropirinole

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2. TABELA REPRESENTATIVA DOS EFEITOS DE


SEDAÇÃO/ SECUNDÁRIOS E AUMENTO DO
PESO DOS ANTIDEPRESSIVOS TRICICLICOS

Efeitos
Princípio Dose Habitual Aumento de
Sedação Secundários
Activo (mg/dia) Peso
Anticolinérgicos
Amitriplitina 100-200 +++ +++ ++
Amoxapina 200-300 + + +
Clopramida 100-200 ++ +++ +
Desipramina 100-200 +\- + +
Doxepina 100-200 +++ ++ ++
Imipramida 100-200 +++ ++ ++
Maprotilina 100-150 ++ ++ ++
Nortriptilina 75-150 + + +
Protriptilina 15-40 +\- + +

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3. ADENDA INTERNA DO HOSPITAL


MAGALHÃES DE LEMOS 2004

Acamprosato 333mg – Comp. Galantamina 12mg – Comp.


Acarbose 50 mg – Comp. Glicazida L.M. 30mg – Comp.
Ácido Acetilsalicílico 1000mg – Cart. Halazepam 40 mg – Comp.
Alprozolam 0,5mg XR – Comp. Halazepam 120mg – Comp.
Alprozolam 1mg XR – Comp. Haloperidol Decanoato 50mg/ml – Amp.
Alprozolam 3mg XR – Comp. Idebenona 30mg – Comp.
Ambroxol xarope – Frs. Idebenona 45mg – Comp.
Amisulpride 50mg – Comp. Indapamida L.P. 1,5mg – Comp.
Amisulpride 200mg – Comp Indapamida 2,5mg – Comp.
Amitriptilina+Perfanazina 25+2 – D – Drag Lamotrigina 25mg – Comp.
Amitriptilina+Perfanazina 25+4 – F – Drag Lamotrigina 100mg – Comp.
Amitriptilina 50mg – Comp. Lanolina ultra purificada, creme hidratante
Biperideno retard 4mg – Drag. Lisinopril + Hidroclorotiazida (20mg+12,5mg) - Comp
Bromazepam 3mg – Comp. Loflazepato de etilo – Comp.
Bromazepam 12mg – Comp. Loprazolam 1mg – Comp.
Ciamemazina 100mg – Comp. Magnésio 1,5mg/10ml – Amp.
Ciamemazina gotas – Frs. Maprotilina 10mg – Comp.
Citicolina 50ml – Frs. Maprotilina 25mg – Comp.
Clomipramida 75mg – Comp Maprotilina 75mg – Comp.
Clorozepato 5mg – Cáps. Memantina 10mg – Comp.
Clorozepato 10mg – Cáps. Metadoxina 300mg – Comp.
Clorozepato 15mg – Cáps. Metilperona 25mg – Comp.
Cloxazolam 2mg – Comp. Mexazolam 1mg – Comp.
Dextrometorfano 2mg + efedrina 0,5mg/ml-Frs Mianserina 30mg – Comp.
Diazepam retard 10mg – Cáps. Milnacipran 25mg – Caps.
Dihidroergotoxina 4,5mg – Comp. Milnacipran 50mg – Cáps.
Diosmina 300mg – Comp. Mirtazepina Soltab 15mg – Comp.
Diosmina 450mg – Comp. Mirtazepina Soltab 30mg – Comp.
Dimetindeno gel – Bisn. Neomicina + Bacitacina 18,25+2500 U.I – Comp
Dissulfiramo 500mg – Comp. Nicergolina 30mg – Comp.
Donezepil 10mg – Comp. Nifedipina Cr 30mg – Comp.
Dotieptina 75mg – Comp. Nortriptilina 25mg – Comp.
Enalapril + Hidroclorotiazida(20mg+12,5mg) Olanzapina 5mg – Comp.
- Comp
Escitalopram 10mg – Comp. Olanzapina 10mg – Comp.
Espiramicina 500mg-Comp. OlanzapinaVelotab 5mg – Comp.
Estazolan 2mg-Comp OlanzapinaVelotab 10mg – Comp
Etilfrina 25mg-cáps Olanzapina 10mg – IM.
Etilfrina gotas 0.75-Frs. Paroxetina 20mg-Comp
Fenitoina+Fenobarbital 156-Comp Pimozide 4mg-Comp
Ferro+ácido fólico (33+0.85)-Comp Piracetam 1.2g-Comp
Flavonoides micronizados 500mg-Comp Piracetam 1g (200mg/ml-5ml)-Amp
Flunarizina 5mg-Cáps Piracetam 6g730ml-Amp
Flupentixol 3mg-Comp Quetiapina 25mg-Comp
Flupentixol retard 20mg/ml-Amp Quetiapina 100mg-Comp
Flupentixol retard 100mg/ml-Amp Quetiapina 200mg-Comp
Flurazepam 15mg-Cáps Reboxetina 4mg-Comp
Flurazepam 30mg-Cáps Risperidona 1mg-Comp
Fluvoxamina 100mg-Comp Risperidona 2mg-Comp
Gabapentina 300mg-Comp Risperidona 3mg-Comp
Gabapentina 400mg-Comp Risperidona gotas-Frs
Gabapentina 600mg-Comp Risperidona 2mg QuicKlet-Comp

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Galantamina 4mg-Comp Sertralina 50mg-Comp


Galantamina 4mg/ml-Comp Sultopride 400mg-Comp
Galantamina 8mg-Comp Temazepam 20mg-Comp

Tianeptina 12.5mg-Comp
Trazodona 150mg AC-Comp
Triazolam 0.250mg-Comp
Trimetazidina 20mg-Comp
Venlafaxina 37.5mg XR-Comp
Venlafaxina 75mg XR-Comp
Ziprazidona 20mg-Comp
Ziprazidona 40mg-Comp
Ziprazidona 60mg-Comp
Ziprazidona 80mg-Comp
Ziprazidona 20mg/ml-Amp
Zolpidem 10mg-Comp
Zuclopentixol 10mg-Comp
Zuclopentixol 25mg-Comp
Zuclopentixol accutard 50mg-Amp
Zuclopentixol accutard 200mg-Amp

Antihipertensores
Antipsicóticos
Antidepressores
Ansioliticos
Antiepilépticos/anticonvulsionantes
Anticolinergicos
Tratamento da Enxaqueca
Analépticos
Outros medicamentos para o SNC
Antidiabéticos orais
Mucolitico
Antianginosos
Espermicidas
Venotropicos
Medicamentos utilizados no
tratamento de dependências
Descongestionante nasal
Fluidificantes, antitússicos e
expectorantes
Acção hepática
Vasodilatadores

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4. ALIMENTOS A EVITAR QUANDO SE TOMAM


IMAO

Alimentos a evitar quando se tomam IMAO

Bebidas alcoólicas
Cerveja sem álcool
Favas
Vagens de feijão
Queijo curado (permitido o queijo amanteigado ou fresco)
Fígado de vaca ou de galinha
Polpa de laranja
Peixes, aves ou carnes de salmoura ou fumadas
Sauerkraut
Sopas de pacote
Soja
Suplementos dietéticos de leveduras ou proteínas
Extractos de carne (por exemplo: Marmite ou Bovril)
Enchidos
Natas
Bananas
Abacates
Beringelas
Ameixas
Uvas
Espinafres
Tomates
Iogurte
Figos de conserva
Arenque de conserva
Cafeína

Nota: Esta lista não é exaustiva, e alguns destes alimentos têm tão pouca tiamina que são permitidos em 1 ou 2
doses. Estes alimentos contêm tiamina ou dopa e podem induzir uma crise hipertensiva se ingeridos durante a
administração de IMAO.

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5. ENSINOS E CONSIDERAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Considerações de
Classificação Ensino ao doente
Enfermagem
Observação de qualquer sinal de Estes são medicamentos
ESEPs. poderosos.

Vigilância dos resultados das Cobrir toda apele exposta ao sol


provas sanguíneas para detectar e aplicar filtros solares,
algum resultado anómalo. especialmente nos doentes que
utilizam Cloropromazina.
Interromper a administração
lentamente. Evitar as bebidas alcoólicas,
tranquilizantes e outros
Antipsicóticos Os antiácidos diminuem a medicamentos.
absorção dos antipsicóticos.
Não alterar as doses.

Tomar a medicação 1 a 2 horas


antes de ir para a cama.

Tomar os antiácidos 1 a 2 horas


após as doses orais de
antipsicóticos.

Administrar as doses por via Não é seguro conduzir


intramuscular profundamente, automóveis ou ingerir bebidas
Ansiolíticos lentamente e em grandes massas alcoólicas quando se utiliza esta
musculares. classe de medicamentos.

Estimular os doentes para Reforçar o ensino quanto a que


continuar a tomar a medicação esta medicação leva 2-3 semanas
embora possam não sentir até tornar os seus efeitos
Antidepressivos alteração no humor durante evidentes.
cerca de 3 semanas após o inicio
da medicação.

Estimulantes Dependência física ou Os doentes diabéticos devem


psicológica, especialmente na vigiar cuidadosamente as
utilização a longo prazo. necessidades em insulina e
devem informar o médico quanto
As anfetaminas podem causar a qualquer mudança.
alterações nas necessidade
insulinicas em doentes Os doentes devem ser
diabéticos. cuidadosos ao conduzir veículos
automóveis ou trabalhar com
Pode causar alterações máquinas. Evitar estas

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cognitivas, as pessoas devem ser actividades se possível.


aconselhadas a ser muito
cautelosas quando tenham que Os doentes não devem suspender
conduzir veículos automóveis ou a medicação sem consultar um
trabalhar com máquinas, médico.
devendo evitar estas actividades
sempre que possível. Os doentes devem utilizar água
para limpeza e rebuçados duros,
Estimular a limpeza frequente da sem açúcar para aliviar a boca
boca com água para aliviar a seca.
secura.

Deve ser evitada a administração Utilizar rebuçados duros, sem


em crianças com menos de 12 açúcar, para combater os efeitos
anos de idade. da boca seca.

A tensão arterial deve ser Aumentar a ingestão de fibras


vigiada pelos menos de 4/4 horas alimentares para manter o
numa fase inicial. funcionamento intestinal.
Antiparkinsónicos
Estimular a utilização de Pode causar sonolência, pelo que
rebuçados duros, sem açúcar, não se deve conduzir ou
para combater os efeitos da boca trabalhar com equipamento
seca. enquanto a resposta à medicação
se estabelece

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6.CLASSIFICAÇÃO DOS NEUROLÉPTICOS E


PRINCIPAIS EFEITOS

Efeitos sedativos Efeitos Vegetativos

FAMILIA
NOME
QUIMICA
Levomepromazina
(Nozinan) Fenotiazinas
Cloropromazina alifáticas
NEUROLÉPTICOS (Largactil)
SEDATIVOS Reserpina
Reserpinicas
(Serpasil)
Clotiapina
Dibenzodiazepinas
(Etumina)
Propericiazina
NEUROLÉPTICOS (Neuleptil) Fenotiazidas de
MÉDIOS Tioridazina cadeia piperidinica
(Melleril)
Pipotiazina
(Piportil)
Haloperidol
Butiferonas
NEUROLÉPTICOS (Haldol, Serenelfi)
POLIVALENTES Flufenazina
(Anatensol, Cenilene)
Tioproperazina
(Majeptill)
Fenotiazinas de
Procloroperazina
cadeia iperazinica
(Stemetil)
Perfenazina
NEUROLÉPTICOS
Trifluperidol Butiferonas
DESINIBIDORES
Sulpride
Benzamidas
(Dogmatil)
Carpipramina

Efeitos Hipercinéticos
Efeitos Desinibidores

Nota: Adaptado de Deniker

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Efeito Hipnoindutor

Promazina

Clorprotixeno

Levomepromazina
Clozapina
Clopentixol

Reserpina
Neurolépticos a largo
espectro Clotiapina

Clorpromazina
Tioridazina
Haloperidol
Perfenazina
Metilperidol
Pimozida
Flufenazida
Flupentixol
Fluspirileno
Neurolépticos a longo prazo Benperidol

Efeito antipsicótico

NOTA: Reproduzido de Poldinger

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Tempo de risco
Mecanismo
Características máximo Tratamento
proposto

Acinesia

Pobreza mímica Forma menos


corporal. exuberante do Se possível reduzir a
Precoce
Apatia. Diagnóstico Sindroma dose. Antiparkinsónicos
diferencial: Depressão. Perkinsónico? (anticolinérgicos).

Acatisia

Necessidade urgente de
Redução a dose ou
movimentação.
mudança de droga.
Impossibilidade de
5-60 dias Desconhecido Antiparkinsónicos
estar quieto. Não
(anticolinérgicos) ou
confundir com
benzodiazepinas.
ansiedade e agitação.

Distonia Aguda (ou de torsão)

Espamos dos músculos


da língua, face,
percoço, tronco. Antiparkinsónicos:
Crises oculogiras (por diagnósticos e curativos.
1-5 Dias. Desconhecido
vezes). Biperideno oral ou
Diagnostico diferencial: injectável.
convulsões, histeria de
conversão.

Discinesias

Retomar droga anterior


em dose semelhante e
POR SERVAGE: após melhoria clínica.
Hipersensibilidade dos
semelhante à discinesia Variável. Redução da dose em 4 a
receptores da
tardia. 6 semanas.
dopamina.

Prevenção.
Tratamento
TARDIA decepcionante.
Hipótese de função
Discinesia orofacial. Apos meses ou anos de Tenta-se:
dopaminérgica
Coreotetose terapêutica. Amantidina
excessiva.
generalizada. I.dopa
Clonidina
Colina (experimental)

Sindroma Maligno Dos Neurolépticos

Alterações da Imprevisível Paragem dos


consciência, do estupor neurolépticos. Equilíbrio
ao coma. hidroelectrolitico.

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Rigidez. Febre. Terapêutica das


Leucocitose. CPK complicações médica.
elevado. Dantroleno é útil.

Catatonia

Raro. Tratar as complicações


Variante do sindroma
Isolamento, mutismo, médicas.
maligno dos
posturas bizarras, Redução e paragem dos
neurolépticos.
rigidez e imobilidade. neurolépticos.

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7. FARMACOLOGIA

7.1. Ansiolíticos e Tranquilizantes menores

Deprimem as actividades do córtex cerebral


São medicamentos que têm a propriedade de actuar sobre a ansiedade e tensão,
stresse ou depressão ligeira. Estas drogas foram designadas de tranquilizantes, por
acalmarem as pessoas sob stresse, tensões ou ansiedade. Actualmente, prefere-se
designar estes tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que "destroem"
(lise) a ansiedade. Também são utilizadas no tratamento de insónia e nesse caso também
recebem o nome de drogas hipnóticas, isto é, que induzem sono. Há ainda usuários de
drogas estimulantes como cocaína e anfetaminas, que fazem uso destes ansiolíticos para
tentarem diminuir a excitação e euforia provocadas por esses estimulantes ou mesmo
para tentarem dormir após muitas horas de uso de drogas estimulantes que inibem o
sono.

O que fazem os tranquilizantes menores no corpo após uma dose (efeitos físicos
agudos)?
Nas doses terapêuticas, produzem um estado relaxado, de calma ou dependendo
da dose e da droga podem induzir a sono. Dessa forma, quem utiliza esses
medicamentos tem uma atenção prejudicada e não podem desenvolver actividades
perigosas onde a atenção é muito necessária como por exemplo dirigir ou operar
máquinas.

O que fazem os tranquilizantes ou ansiolíticos no corpo com o uso contínuo


(efeitos físicos crónicos)?
As benzodiazepinas quando utilizados por alguns meses podem levar as pessoas
a um estado de dependência. Como consequência, sem a droga o dependente passa a
sentir muita irritabilidade, insónia excessiva, sudorese, dor pelo corpo todo podendo,
nos casos extremos, apresentar convulsões.
As benzodiazepinas podem causar tolerância, ou seja, a pessoa com o passar do
tempo tem que aumentar a dose para sentir o mesmo efeito que sentia anteriormente.

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O que fazem os ansiolíticos na mente?


Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos no nosso
cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando
devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do nosso
cérebro funcionam exageradamente resultando num estado de ansiedade, os
benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é inibem os mecanismos que
estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica mais tranquila como que desligada do meio
ambiente e dos estímulos externos.
Como consequência desta acção os ansiolíticos produzem uma depressão da
actividade do nosso cérebro que se caracteriza por:
1) diminuição de ansiedade;
2) indução de sono;
3) relaxamento muscular;
4) redução do estado de alerta.
É importante notar que estes efeitos das benzodiazepinas são grandemente
alimentados pelo álcool; a mistura álcool mais estas drogas pode levar uma pessoa ao
estado de coma. Além desses efeitos principais os ansiolíticos dificultam os processos
de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante prejudicial para as
pessoas que habitualmente utilizam estas drogas.
Finalmente, é importante ainda, lembrar que estas drogas também prejudicam
em parte nossas funções psicomotoras, prejudicando actividades como dirigir
automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes."
Todas as benzodiazepinas são capazes de estimular os mecanismos no nosso
cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando
devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do nosso
cérebro funcionam exageradamente resultando num estado de ansiedade, as
benzodiazepinas exercem um efeito contrário, isto é inibem os mecanismos que estavam
hiperfuncionantes e a pessoa fica mais tranquila como que desligada do meio ambiente
e dos estímulos externos.

ALPRAZOLAM: Frontal, Tranquinal, Apraz, Xanax


BROMAZEPAM: Brozepax, Bromalex, Deptran, Lexotam, Nervium, Novazepam, Somalium,
Sulpam

3º CLE – OUT. 2001 19


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BUSPIRONA: Ansienon, Ansitec, Bromopirim, Brozepax, Buspanil, Buspar


CLOBAZAM: Frizium, Urbanil
CLONAZEPAM: Clozal, Rivotril
CLORDIAZEPÓXIDO: Psicosedim
CLOXAZOLAM: Elum, Olcadil
DIAZEPAM: Ansilive, Calmociteno, Diazepam, Diazepan, Kiatriun, Somaplus, Valium
LORAZEPAM: Lorium, Lorax, Mesmerin, Lorenim, Ansilor

A - FARMACOCINÉTICA
Com excepção do Lorazepan, a grande maioria das benzodiazepinas têm semi-
vida longa, em geral entre 10 e 30 horas. Isso faz com que o equilíbrio dinâmico da
droga no organismo ocorra até depois de 3 dias de uso. Chama atenção o fato do pico de
concentração plasmática ser atingido mais rapidamente quando a via de administração
for oral, ao invés da intramuscular. Esta peculiaridade acontece porque o solvente da
apresentação injectável, com característica lipídica, tem absorção mais lenta por via
intramuscular. Assim sendo, havendo necessidade de rapidez, a via oral ou endovenosa
é preferível à intramuscular.
Aparentemente o efeito ansiolítico dos benzodiazepínicos está relacionado com
o sistema gabaminérgico (do GABA) do sistema límbico. O ácido gama-aminobutírico
(GABA) é um neurotransmissor com função inibitória capaz de atenuar as reacções
serotoninérgicas responsáveis pela ansiedade. As benzodiazepinas seriam, assim,
agonistas deste sistema agindo nos receptores gabaminérgicos.
Ultimamente as pesquisas têm indicado a existência de receptores específicos
para as benzodiazepinas no SNC, sugerindo a existência de substâncias endógenas
muito parecidas com as benzodiazepinas. Tais substâncias seriam uma espécie de "
benzodiazepinas naturais", ou mais precisamente, de "ansiolíticos naturais".
Os ansiolíticos benzodiazepinas possuem, em geral, metabólitos activos. Isso, de
certa forma, aumenta ainda mais a sua semi-vida plasmática. O lorazepan e o oxazepan
não possuem metabólitos activos.

B - EFEITOS COLATERAIS
O principal efeito colateral das benzodiazepinas é a sedação, variável de
indivíduo para indivíduo. Um aumento da pressão intra-ocular teoricamente pode
ocorrer mas, na clínica, trata-se de raríssima observação. Os efeitos teratogénicos são

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ainda objecto de estudo, porém, sua utilização clínica durante décadas permite a
indicação do diazepan durante a gravidez.

C - TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA
A prática clínica tem demonstrado que a dependência às benzodiazepinas
acontece, embora não invariavelmente. A tendência do paciente em aumentar a dose
para obter o mesmo efeito, ou seja, a tolerância, parece ser rara. Em relação a isso
notamos, na maior parte das vezes, uma má utilização da droga. Isto é, não sendo
tratada a causa básica da ansiedade e esta tornando-se mais intensa, haverá maior
necessidade de droga. Essa maior necessidade da droga decorrente do aumento da
ansiedade não deve, de forma alguma, ser confundida com o fenómeno da tolerância.
Quanto aos sintomas de abstinência às benzodiazepinas, o que observamos, com
frequência, é o retorno dos sintomas psíquicos que promoveram sua indicação por
ocasião da sua retirada. Isso pode, eventualmente, ser confundido com abstinência na
expressiva maioria dos casos. Ora, se situação psicoemocional que determinou a
procura pela droga não foi decididamente curada com a benzodiazepina, foi apenas
protelada, então, retirando-a os sintomas recrudescerão. Isso não pode ser tomado como
síndrome de abstinência.
Em alguns pouquíssimos casos, de fato observamos sintomatologia de
abstinência. Estes ocorrem, predominantemente, com o Clonazepam. Quando ocorre a
síndrome de abstinência, esta tem início cerca de 48 horas após a interrupção da droga e
os sintomas correspondem à ansiedade acentuada, tremores, visão turva, palpitações,
confusão mental e hipersensibilidade a estímulos externos.
Os casos de dependência aos benzodiazepínicos relatados na literatura ou
constatados na clínica prendem-se, na grande maioria das vezes, ao uso muito
prolongado e com doses acima das habituais. Há uma tendência actual em se considerar
o fenómeno da dependência, até certo ponto, mais dependentes de traços da
personalidade que de alguma atribuição da droga. De qualquer forma, parece que o
Clonazepam e o Lorazepam são os benzodiazepínicos mais facilmente relacionados à
dependência.
Antes de considerarmos a dependência, pura e simplesmente, devemos ter em
mente que se a benzodiazepína não foi bem indicado e esteja a ser utilizado como
paliativo de uma situação emocional não resolvida, como atenuante de uma situação
vivencial problemática, como um correctivo de um "modus vivendi" ansiogénico,

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enfim, como um "tapaburacos" para uma circunstância existencial anómala, então a sua
supressão colocará à tona a penúria situacional em que se encontra a pessoa, dando
assim a falsa impressão de dependência ou até de síndrome de abstinência.

ALPARAZOLAM
FRONTAL
TRANQUINAL
APRAZ
ALTROX
XANAX

INDICAÇÕES
ALPRAZOLAM é indicado no tratamento de estados de ansiedade.
ALPRAZOLAM não deve ser administrado a pacientes com sintomas psicóticos. Os
sintomas de ansiedade podem variavelmente incluir: ansiedade, tensão, medo,
apreensão, intranquilidade, dificuldades de concentração, irritabilidade, insónia e/ou
hiperactividade neurovegetativa, resultando em manifestações somáticas variadas.
ALPRAZOLAM também é indicado no tratamento dos estados de ansiedade
associados com outras manifestações como a abstinência do álcool. A eficácia de
ALPRAZOLAM para uso prolongado excedendo a 6 meses não foi estabelecida por
ensaios clínicos sistemáticos. O médico deve periodicamente reavaliar a utilidade do
medicamento para o paciente individual.

PRECAUÇÕES
ALPRAZOLAM não é recomendado para ser administrado a pacientes cujo
principal diagnóstico seja a psicose. Indivíduos com tendência para o abuso de drogas,
tais como alcoólatras e toxicómanos, devem ser cuidadosamente observados enquanto
receberem benzodiazepinas, por causa de sua predisposição para o hábito e
dependência.
A exemplo de outras drogas que actuam sobre o sistema nervoso central, os
pacientes sob terapia com ALPRAZOLAM devem ser advertidos para não operar
veículos motorizados ou maquinaria perigosa até que se tenha certeza de que não
experimentam sonolência ou tontura enquanto recebem este medicamento.

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A dosagem de ALPRAZOLAM deve ser gradualmente reduzida, visto que a


suspensão abrupta de qualquer agente ansiolítico pode resultar em sintomas similares
aos mesmos sintomas que são objecto do tratamento.
Os sinais e sintomas de suspensão abrupta podem incluir: ansiedade, agitação,
irritabilidade, tensão, insónia e, ocasionalmente, convulsões. Deve-se tomar as
precauções usuais no tratamento de pacientes com função renal ou hepática prejudicada.
Não foi estabelecida segurança e eficácia de ALPRAZOLAM em pacientes com menos
de 18 anos.
Interacções medicamentosas: as benzodiazepinas, incluindo ALPRAZOLAM,
produzem efeitos depressores do sistema nervoso central quando co-administrados com
drogas tais como barbitúricos, álcool ou anti-histamínicos ou outros benzodiazepínicos.
Carcinogénese: nenhuma evidência de potencial carcinogénico foi observada
durante um estudo de 24 meses com ALPRAZOLAM.
Uso durante a gravidez: em vários estudos foi sugerido um risco de
malformações congénitas associadas com tranquilizantes menores (clorodiazepóxido,
diazepam e meprobamato) durante o primeiro trimestre de gravidez.
Em vista de o uso destas drogas se constituir raramente em um caso de urgência,
a administração de ALPRAZOLAM durante a gravidez deve sempre ser evitada. Deve-
se considerar a possibilidade de a paciente potencialmente fértil estar grávida na época
da instituição da terapia.
A paciente deve ser advertida para, no caso de gravidez, contactar seu médico
acerca de sua decisão em descontinuar o tratamento com a droga. Uso durante a
amamentação: como regra geral, amamentação não deve ser efectuada quando a
paciente estiver a receber o medicamento, pois muitas drogas são excretadas no leite
humano.

EFEITOS COLATERAIS
Os efeitos colaterais, se ocorrerem, são geralmente observados no início da
terapia e desaparecem, usualmente, com a continuação do tratamento ou redução da
dosagem. O efeito colateral mais comum verificado com ALPRAZOLAM foi a
sonolência. Os efeitos colaterais menos frequentes foram, aturdimento, visão turva,
desordens de coordenação, vários sintomas gastrointestinais e manifestações
neurovegetativas.

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A exemplo de outras benzodiazepinas, relações paradoxais como estimulação,


agitação, dificuldades de concentração, confusão, alucinações ou outros efeitos adversos
de comportamento podem se apresentar em raras ocasiões e ao acaso. Pode ainda
ocorrer prurido, incontinência ou retenção urinária, alterações de libido e irregularidades
menstruais.

Superdosagem: Manifestações decorrentes de superdosagem de


ALPRAZOLAM incluem extensões de sua actividade farmacológica, isto é, ataxia e
sonolência. Indica-se a indução do vómito e/ou lavagem gástrica. Como em todos os
casos de superdosagem, a respiração, as pressões sanguíneas e do pulso devem ser
monitorizadas e apoiadas por medidas gerais, quando necessário. Pode-se administrar
fluidos intravenosos mantendo-se ventilação adequada para as vias respiratórias.
Experimentações efectuadas em animais indicaram que pode ocorrer colapso
cardiopulmonar após grandes doses intravenosas de ALPRAZOLAM (cerca de 195
mg/Kg; mais que 2000 vezes a dose máxima diária para seres humanos). Os animais
puderam ser reanimados com ventilação mecânica positiva e infusão endovenosa de
levarterenol.
Outros estudos efectuados em animais sugeriram que a diurese forçada ou
hemodiálise se mostraram provavelmente de pouco valor no tratamento da
superdosagem.

BROMAZEPAM
BROZEPAX
DEPTRAN
LEXOTAM
NERVIUM
NOVAZEPAM
SOMALIUM
SULPAM
BROMALEX

Em doses baixas, BROMAZEPAM reduz selectivamente a tensão e a ansiedade;


em doses altas, promove efeito sedativo e músculo relaxante. A concentração

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plasmática máxima é atingida em 1- 2 horas após a administração oral. A


biodisponibilidade média de substância não metabolizada é de 84%. A meia vida de
eliminação média é de 12 horas, mas pode ser maior nos pacientes idosos.
O bromazepam é metabolizado no fígado. Do ponto de vista quantitativo,
predominam dois metabólitos: 3 hidroxi bromazepam e 2 (2 amino 5 bromo 3
hidroxibenzoilpiridina), que são excretados pela urina principalmente sob a forma
conjugada. Em média, 70% do bromazepam está ligado às proteínas plasmáticas.

INDICAÇÃO
Distúrbios emocionais: estados de tensão e ansiedade, humor depressivo ansioso,
tensão nervosa, agitação e insónia; Manifestações relacionadas à ansiedade e tensão:
- distúrbios funcionais cardiovasculares e respiratórios, tais como: pseudo angina do
peito, ansiedade pré-cordial, taquicardia, hipertensão psicogénica, dispneia,
hiperventilação;
- distúrbios funcionais gastrointestinais, como: síndrome de cólon irritável, colite
ulcerativa, dor epigástrica, espasmos, distensão abdominal e diarreia;
- distúrbios funcionais geniturinários, como: bexiga irritável, frequência urinária
alterada e dismenorréia;
- outros distúrbios psicossomáticos, tais como: cefaleia e dermatoses psicogénicas.
BROMAZEPAM é ainda útil no tratamento dos estados de ansiedade e tensão nervosa
devidos a doenças orgânicas crónicas e como adjuvante do tratamento psicoterápico e
psiconeuroses.

DEPENDÊNCIA
Pode ocorrer dependência quando da terapia com benzodiazepinas. O risco é
mais evidente em pacientes em uso prolongado, altas dosagens e particularmente em
pacientes predispostos, com história de alcoolismo, abuso de drogas, forte personalidade
ou outros distúrbios psiquiátricos graves.
No sentido de minimizar o risco de dependência, os benzodiazepinas, só devem
ser prescritos após cuidadosa avaliação quanto à indicação e devem ser administrados
por período de tempo o mais curto possível. A continuação do tratamento, quando
necessária, deve ser acompanhada bem de perto. A duração prolongada do tratamento só
se justifica após avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.

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ABSTINÊNCIA
O início dos sintomas de abstinência é variável, durando de poucas horas a uma
semana ou mais. Nos casos menos graves, a sintomatologia da abstinência pode
restringir se a tremor, agitação, insónia, ansiedade, cefaleia e dificuldade para
concentrar-se.
Entretanto, podem ocorrer outros sintomas de abstinência, tais como sudorese,
espasmos muscular e abdominal, alterações na percepção e, mais raramente delirium e
convulsões.
Na ocorrência de sintomas de abstinência, é necessário um acompanhamento
médico bem próximo e apoio para o paciente. A interrupção abrupta deve ser evitada e
adoptado um esquema de retirada gradual.

INTERACÇÃO
Como ocorre com qualquer substância psicoativa, o efeito do BROMAZEPAM
pode ser intensificado pelo álcool. Se BROMAZEPAM for usado concomitantemente
com outros medicamentos de acção central, tais como neurolépticos, tranquilizantes,
antidepressivos, hipnóticos, analgésicos e anestésicos, seu efeito sedativo pode ser
intensificado. O uso simultâneo com levodopa pode diminuir o efeito terapêutico da
levodopa.
Em doses terapêuticas, BROMAZEPAM é bem tolerado. Cansaço, sonolência e,
em raros casos, relaxamento muscular, podem ocorrer quando se usam altas doses. Estes
sintomas desaparecem com a redução da dose.
Embora não existam evidências de efeitos tóxicos hematológicos ou afectando a
função hepática ou renal, recomenda se, nos tratamentos prolongados, controle do
hemograma e da função hepática.

BUSPIRONA
ANSIENON
ANSITEC
BROMOPIRIM
BROZEPAX

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BUSPANIL
BUSPAR

DESCRIÇÃO
Cloridrato de BUSPIRONA é um agente ansiolítico, que não tem relação
química ou farmacológica com as benzodiazepinas ou outros agentes psicotrópicos
conhecidos. O Cloridrato de suspirara é um composto branco, cristalino, solúvel em
água, com peso molecular de 422,0. Quimicamente, é Cloridrato de 8-[4-[4-(2-
piridimil) -1-piperazinil]buril] -8-azaspiro [4,5] decano 7,9-diona. A sua fórmula
empírica é C21H31N5O2 .cl.

INDICAÇÕES
Cloridrato de BUSPIRONA é indicado no tratamento de distúrbios de ansiedade
e no alívio a curto prazo dos sintomas de ansiedade. O diagnóstico de pacientes
estudados em experiências clínicas controladas com a BUSPIRONA, corresponde a
distúrbios de Ansiedade Generalizada conforme a classificação da Organização Mundial
da Saúde (OMS) descritos a seguir:
A - Ansiedade Persistente Generalizada manifestada por sintomas de três das
seguintes quatro categorias:
1) tensão motora: instabilidade, agitação, nervosismo, tremores, tensão, mialgias,
falibilidade, incapacidade para relaxar, contracção muscular da pálpebra, testa enrugada,
face extenuada, desassossego, sobressalto, diplopia.
2) hiperactividade do sistema nervoso autónomo: sudorese, palpitações, taquicardia,
frio, mãos frias e pegajosas, boca seca, tontura, delírio, parentelas (Formosamente das
mãos ou pés), distúrbios estomacais, acessos de calor ou frio, micção frequente,
diarreia, desconforto epigástrico, nó na garganta, rubor, palidez, pulso e respiração
muito rápidos em repouso.
3) expectativa apreensiva: ansiedade, preocupação, medo, reflexão e pressentimento do
infortúnio para si mesmo ou para outros.
4) vigilância e vigília: estado de hiperalerta que resulta em distracção, dificuldade de
concentração, insónia, sensibilidade extrema, irritabilidade e impaciência.

B - Estado de ansiedade sendo contínuo durante pelo menos um mês: Tensão e

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ansiedade comuns associadas com stresse da vida diária, geralmente não requerem
tratamento com agentes ansiolíticos.
Como os estudos clínicos de BUSPIRONA têm sido geralmente limitados a 6
meses, recomenda-se este tempo como período limite para a terapia contínua. Nos
pacientes em uso prolongado de BUSPIRONA, devem ser reavaliadas as necessidades
da droga.
Não existe registro de síndrome de abstinência na terapia com BUSPIRONA
após a administração crónica em ratos, a suspensão repentina não provocou perda de
peso, comummente observada com substâncias que causam dependência física. Muito
embora não exista evidência directa de que Cloridrato de BUSPIRONA cause
dependência física ou comportamento de procura à droga, é difícil predizer, baseado em
experimentações, a extensão na qual uma droga activa no SNC em comercialização
poderá ser erroneamente usada, ter sua finalidade desviada e/ou ser de uso abusivo.
Portanto, os médicos deverão avaliar cuidadosamente os pacientes, quanto a
história de abuso de drogas e acompanhá-los de perto, observando sinais de uso erróneo
ou abusivo de Cloridrato de BUSPIRONA (por exemplo, desenvolvimento de
tolerância, aumento da dose, comportamento de procura à droga).

USO NA GRAVIDEZ
Nenhum comprometimento da fertilidade ou fetais foram observados em estudos
de reprodução realizados em ratos e coelhos a doses de BUSPIRONA de
aproximadamente 30 vezes a dose máxima humana recomendada. Em mulheres, no
entanto, não foram realizados estudos adequados e bem controlados durante a gravidez,
por esta razão, o uso de BUSPIRONA durante a gravidez somente poderá ser iniciado
ou continuado se, na opinião do médico, o benefício sobrepujar o risco potencial.

USO NA LACTAÇÃO
A extensão da excreção de BUSPIRONA ou de seus metabólitos no leite
materno é desconhecida. Em ratos, no entanto, a BUSPIRONA e seus metabólitos são
excretados no leite. Assim sendo, BUSPIRONA somente deverá ser administrado a
lactentes após o médico determinar que o benefício para a mãe supera o risco potencial
para o bebé.

3º CLE – OUT. 2001 28


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CLONAZEPAM
RIVOTRIL
CLONOTRIL

PROPRIEDADES
As benzodiazepinas actuam como depressores do SNC, produzindo todos os
seus níveis de depressão, desde uma leve sedação até hipnose, dependendo da dose.
Calcula-se que o clonazepam estimule os receptores de GABA (ácido gama
aminobutírico) no sistema reticular activador ascendente.
Dado que o GABA é inibidor, a estimulação dos receptores aumenta a inibição e
bloqueia a excitação cortical e límbica, após estimular a formação reticular do talo
cerebral. É absorvido no trato gastrointestinal. A eliminação do fármaco é lenta, pois os
metabólitos activos podem permanecer no sangue vários dias e inclusive semanas, com
efeitos persistentes. O clonazepam é de semi-vida intermediária. A sua união às
proteínas é alta, metabolizando-se no fígado e excretando-se por via renal.

INDICAÇÕES
Tratamento de crises mioclônicas. Ausências do tipo epilépticas refractárias a
succinimidas ou ácido valpróico. Crises convulsivas tônico-clônicas (geralmente
associadas com outro anticonvulsivo). Tratamento do pânico.

REACÇÕES ADVERSAS
Os pacientes geriátricos ou debilitados, as crianças e os pacientes com distúrbios
hepáticos são mais sensíveis às benzodiazepinas no SNC. Podem ocorrer enjoos ou
sensações de enjoos, sonolência e, raramente, alterações de comportamento,
alucinações, erupções cutâneas ou prurido, cansaço ou debilidade não habituais,
distúrbios de micção.
Precauções
Evitar o consumo de álcool e outros depressores do SNC durante o tratamento. Ter
precaução com idosos se ocorrer sonolência, enjoos, torpeza e instabilidade. O
clonazepam atravessa a placenta, devendo, por isso, ser evitado seu uso durante a
gravidez, principalmente no primeiro trimestre.

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Por ser excretado no leite materno, deve-se avaliar a relação risco-benefício


antes de ser prescrito durante o período de lactação, já que pode provocar sedação no
recém-nascido e possivelmente dificuldades de alimentação e perda de peso.
No tratamento a longo prazo em crianças, deve-se avaliar a relação risco-
benefício devido aos possíveis efeitos adversos sobre o desenvolvimento físico e
mental, que podem não se evidenciar por muitos anos.

INTERACÇÕES
Quando utilizado junto com analgésicos opiáceos, reduzir a dose destes. O uso
de antidepressivos tricíclicos pode diminuir o limiar convulsivo, devendo, portanto,
modificar-se a dose de clonazepam. A carbamazepina pode aumentar seu metabolismo e
diminuir, por isso, sua concentração sérica. A prescrição simultânea de haloperidol pode
produzir uma alteração no padrão ou frequência das convulsões epileptiformes. Pode
diminuir os efeitos terapêuticos de levodopa.

CONTRA INDICAÇÕES
A relação risco-benefício deverá ser avaliada na presença de intoxicação
alcoólica aguda, antecedentes de dependência de drogas, glaucoma de ângulo fechado,
disfunção hepática ou renal, depressão mental grave, hipoalbuminemia, miastenia grave,
psicose, porfiria ou doença pulmonar obstrutiva crónica grave.

CLOXAZOLAM
ELUM
OLCADIL

INDICAÇÕES
Distúrbios emocionais, especialmente ansiedade, medo, fobias, inquietude,
astenia e sintomas depressivos; distúrbios comportamentais, especialmente má
adaptação social; distúrbios do sono, tais como, dificuldade em dormir ou sono
interrompido e despertar precoce; sintomas somáticos, funcionais de origem
psicogénica, sentimentos de opressão e certos tipos de dores.
As condições nas quais estes sintomas ocorrem frequentemente são: neuroses,
estados reaccionais crónicos, reacções patológicas sub agudas; distúrbios

3º CLE – OUT. 2001 30


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psicossomáticos dos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, respiratório, músculo-


esquelético ou urogenital; reacções afectivas devido a moléstias agudas ou crónicas;
síndrome de abstinência do álcool. Outros empregos: pré-medicação anestésica;
tratamento coadjuvante em psicopatia, atraso mental, psicoses, depressão endógena
psicogénica, distúrbios geriátricos.

PRECAUÇÕES
Especialmente em doses elevadas, CLOXAZOLAM, como todos os
medicamentos de acção central pode comprometer as reacções do paciente (ex.:
condução de veículos, operação de máquinas, etc.). As experiências animais não
revelaram efeitos adversos no feto, mas ainda não há experiência disponível sobre o uso
de CLOXAZOLAM em mulheres grávidas. CLOXAZOLAM não é recomendado
durante a lactação.
Na presença de doença hepática ou renal, síndrome cerebral crónica ou
glaucoma de ângulo fechado, os pacientes devem ser cuidadosamente monitorizados e
se necessário a dose de CLOXAZOLAM deve ser reduzida. Embora as benzodiazepinas
apresentem baixo potencial em causar dependência e não tenham sido relatados casos de
criação de hábito com CLOXAZOLAM, deve-se ter cuidado ao prescrever o
medicamento a pessoas com tendência ao vício.
Interações medicamentosas: CLOXAZOLAM pode potenciar os efeitos
inibidores centrais dos neurolépticos, antidepressivos, ansiolíticos, sedativos,
hipnóticos, narcóticos, analgésicos e anti-histamínicos. Esta potenciação pode ser
utilizada terapeuticamente, especialmente pela combinação do CLOXAZOLAM com
antidepressivos. A ingestão simultânea de álcool não é recomendada.

REACÇÕES ADVERSAS
Sedação, tonturas e cefaleia podem ser verificadas com doses elevadas ingeridas
de uma só vez. Estes efeitos colaterais geralmente aparecem no início do tratamento,
mas podem ser evitados pelo aumento gradual da dose, ou podem ser revertidos pela
redução da mesma. Hipotensão ortostática, hipotonia muscular ou ataxia são fenómenos
raros.

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CLOBAZAM
FRIZIUM
URBANIL

INDICAÇÕES
CLOBAZAM é um derivado das benzodiazepinas e está indicado no tratamento
da ansiedade em todas as suas formas, após a exclusão de causa orgânica, e da epilepsia
do adulto e da criança, em associação ao tratamento anticonvulsivante de base. Sua
semi-vida plasmática é de cerca de 20 horas, e a eliminação é essencialmente renal
(90%).
No insuficiente renal e na pessoa idosa, os parâmetros farmacocinéticos são
pouco modificados. No insuficiente hepático, o metabolismo do produto é mais lento (a
semi-vida é multiplicada por 2, e a concentração máxima por 1,5). A ligação a proteína
é de 85-90%.

PRECAUÇÕES
Gerais: a ingestão de bebidas alcoólicas é formalmente desaconselhada durante o
tratamento; em caso de utilização prolongada do produto, a suspensão deve ser
progressiva, para evitar uma síndrome de privação; duração do tratamento ansiolítico: o
tratamento não deve ser prolongado inutilmente, pois actualmente há poucos estudos
que permitam avaliar a manutenção da eficácia em tratamentos de longo curso.
Miastenia: como ocorre com outras benzodiazepinas a ingestão de CLOBAZAM
só deve ser feita sob rigorosa vigilância médica, nestes casos. Depressão: antes de tratar
um estado ansioso associado a instabilidade emocional, deve-se assegurar que o
paciente não sofre de depressão que requeira tratamento específico ou complementar.
Pessoas idosas: A prudência se impõe neste caso, e deve se diminuir a posologia.
Insuficiência respiratória moderada: o risco de agravação da insuficiência respiratória
impõe prudência e redução da posologia.
Insuficiência renal: a posologia diária e o ritmo de administração do
medicamento devem ser adaptados.
Insuficiência hepática: a posologia deve ser reduzida. - Uso durante a gravidez e
o aleitamento: Gravidez: os estudos em animais não evidenciaram efeito teratogênico

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nem fetotóxico. No entanto, parece recomendável não utilizar CLOBAZAM durante o


primeiro trimestre de gestação.
Deve-se evitar a prescrição de doses elevadas no terceiro trimestre, devido ao
risco de hipotonia e insuficiência respiratória no recém-nascido. Aleitamento: como o
clobazam passa ao leite, sua utilização não é recomendada durante a amamentação.
Interacções medicamentosas: A tomada concomitante de cimetidina aumenta a
taxa circulante do clobazam e seus metabólitos, e prolonga a sua semi-vida. Neste caso,
é conveniente adaptar a posologia de CLOBAZAM, se necessário. O risco de uma
síndrome de privação é aumentado por associação de benzodiazepinas prescritas como
ansiolíticos ou hipnóticos.
Uma potenciação dos efeitos sedativos em caso de associação com outros
medicamentos que agem sobre o sistema nervoso central (hipnóticos, neurolépticos,
tranquilizantes, opiáceos e aparentados) é possível, e é necessário prudência. Efeito
sobre a capacidade de dirigir automóveis e operar máquinas: existe a possibilidade de
sonolência diurna durante o tratamento.

EFEITOS COLATERAIS
Sintomas moderados, transitórios e que ocorrem em decorrência de dose diária
elevada ou sensibilidade individual: sonolência, hipotonia muscular, amnésia
anterograda (descrita essencialmente com as benzodiazepinas injectáveis), sensação de
embriagamento, fadiga, cefaleia, vertigens, obstipação. "Rash" e prurido podem ocorrer,
em decorrência de sensibilidade individual.
Manifestações paradoxais (hiperexcitabilidade, ansiedade, alucinações),
impondo a suspensão do tratamento. A suspensão brusca do tratamento com
benzodiazepinas pode levar a uma síndrome de privação, o qual pode ter como
sintomas: alterações menores: irritabilidade, ansiedade, mialgias, tremores, insónia e
pesadelos, náuseas, vómitos; excepcionalmente, alterações maiores: convulsões
isoladas, estado de mal mioclônico com síndrome confusional, podem aparecer após
alguns dias, e são geralmente precedidos por sintomas menores. - Superdosagem: os
sinais de superdosagem são os mesmos que para os outros benzodiazepínicos (depressão
cardiorrespiratória, alterações de consciência, e eventualmente coma, se houver
absorção de álcool ou depressores do SNC). O emprego de um antídoto específico,
como o flumazenil, associado ao tratamento sintomático, deve ser em meio hospitalar.

3º CLE – OUT. 2001 33


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DIAZEPAM
ANSILIVE
CALMOCITENO
DIAZEFAST
DIAZEPAM
DIAZEPAN
KIATRIUN
NOAM
SOMAPLUS
VALIUM

INDICAÇÃO
O DIAZEPAM está indicado no alívio sintomático da ansiedade, agitação e
tensão devidas a estados psiconeuróticos e distúrbios passageiros causados por situação
stressante. Pode também ser útil como coadjuvante no tratamento de certos distúrbios
psíquicos e orgânicos. A ansiedade, principal sintoma sensível ao tratamento, pode se
expressar por humor ansioso ou comportamento apreensivo, e/ou sob forma de sintomas
funcionais, neurovegetativos ou motores, tais como: palpitação, sudorese, insónia,
tremor, agitação, etc.
O DIAZEPAM é útil como adjuvante no alívio do espasmo muscular reflexo
devido a traumatismos localizados (ferimento, inflamação). Pode ser igualmente usado
no tratamento da espasticidade devida a lesão dos neurónios intermediários espinhais e
supra espinhais tal como ocorre na paralisia cerebral e paraplegia, assim como na
atetose e na síndrome de "stiff man".

DEPENDÊNCIA
Pode ocorrer dependência aquando da terapia com benzodiazepinas. O risco é
mais evidente em pacientes em uso prolongado, altas dosagens e particularmente em
pacientes predispostos, com história de alcoolismo, abuso de drogas, forte personalidade
ou outros distúrbios psiquiátricos graves.
No sentido de minimizar o risco de dependência, os benzodiazepínicos só devem
ser prescritos após cuidadosa avaliação quanto a indicação e devem ser administrados
por período de tempo o mais curto possível. A continuação do tratamento, quando

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necessária, deve ser acompanhada bem de perto. A duração prolongada do tratamento só


se justifica após avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.

INTERACÇÃO
Tem sido descrito que a administração concomitante de cimetidina (mas não de
ranitidina) retarda o clearance do diazepam. Existem igualmente estudos mostrando
que a disponibilidade metabólica da fenitoína é afectada pelo diazepam. Por outro lado,
não existem interferências com os antidiabéticos, anticoagulantes e diuréticos
comummente utilizados.
Se o DIAZEPAM é usado concomitantemente com outros medicamentos de
acção central, tais como: neurolépticos, tranquilizantes, antidepressivos, hipnóticos,
anticonvulsivantes, analgésicos e anestésicos, os efeitos destes medicamentos podem
potencializar ou serem potencializados pelo DIAZEPAM. O uso simultâneo com
levodopa diminui o efeito terapêutico da levodopa.

EFEITOS COLATERAIS
Os efeitos colaterais mais comummente citados são: cansaço, sonolência e
relaxamento muscular em geral, estão relacionados com a dose administrada.
Efeitos colaterais pouco frequentes: confusão mental, amnésia anterógrada,
obstipação, depressão, diplopia, disartria, cefaleia, hipotensão, incontinência urinária,
aumento ou diminuição da libido, náusea, secura da boca ou hipersalivação, rash
cutâneo, fala enrolada, tremor, retenção urinária, tonturas e distúrbios de acomodação
visual.
Efeitos colaterais que podem ser observados muito raramente: elevação das
transaminases e da fosfatase alcalina, assim como icterícia. Têm sido descritas reacções
paradoxais, tais como, excitação aguda, ansiedade, distúrbios do sono e alucinações.
Quando estes últimos ocorrem, o tratamento com DIAZEPAM deve ser interrompido.

GRAVIDEZ E LACTAÇÃO
O diazepam e seus metabólitos atravessam a barreira placentária e atingem o
leite materno. A administração contínua de benzodiazepínicos durante a gravidez pode
originar hipotensão, diminuição da função respiratória e hipotermia no recém-nascido.
Sintomas de abstinência em recém nascidos têm sido ocasionalmente relatados com o
uso de benzodiazepinas.

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Cuidados especiais devem ser observados quando o DIAZEPAM é usado


durante o trabalho de parto, altas doses podem provocar irregularidades no trabalho
cardíaco do feto e hipotonia, sucção difícil e hipotermia no neonato.
Antes da decisão de administrar DIAZEPAM durante a gravidez, especialmente
durante o primeiro trimestre como deveria ocorrer sempre com outras drogas os
possíveis riscos para o feto devem ser comparados com os benefícios terapêuticos
esperados para a mãe. Lembrar que no recém-nascido o sistema enzimático, responsável
pela degradação da droga, não está totalmente desenvolvido (especialmente em
prematuros).

CLORDIAZEPÓXIDO
PSICOSEDIM

As benzodiazepinas actuam, em geral, como depressores do SNC. Produzem


todos os níveis de depressão, desde uma leve sedação até hipnose, conforme a dose.
Foram propostos vários mecanismos de acção para as benzodiazepinas; calcula-se que,
após interactuarem com um receptor neuronal específico de membrana, potenciam ou
facilitam a acção inibidora do neurotransmissor ácido gama aminobutírico (GABA),
mediador da inibição tanto a nível pré-sináptico como pós-sináptico em todas as regiões
do SNC.
Calcula-se que estimulam os receptores GABA nos sistemas reticular activador
ascendente, com aumento da inibição e bloqueio da excitação cortical e límbica após
estimular a formação reticular do talo cerebral. É bem absorvido no trato
gastrointestinal. Após a administração IM a absorção é lenta e errática, e sua união às
proteínas é muito alta.
Metaboliza-se no fígado; sua semi-vida é longa, 5 a 30 horas, e os seus
metabólitos activos são demoxepam, desmetildiazepam, oxazepam e
desmetilclordiazepóxido. É excretado por via renal. É uma benzodiazepina de semi-vida
longa.

INDICAÇÕES
Tratamento da ansiedade a curto prazo, sintomas de supressão alcoólica aguda
(agitação, tremor, delirium tremens e alucinações) e como coadjuvante da anestesia.

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REACÇÕES ADVERSAS
Sinais de superdosagem que requerem atenção médica: confusão contínua,
sonolência grave, agitação, bradicardia, balbuciação, tonturas e debilidade grave. São de
rara incidência e menos frequentes: confusão, convulsões, náuseas ou vómitos e
tremores. Os sintomas de privação são mais comuns em pacientes que tenham recebido
doses excessivas durante um período prolongado. Pode ocorrer sonolência, torpeza e
instabilidade.

PRECAUÇÔES
Os pacientes de idade avançada, debilitados ou crianças com disfunção renal ou
hepática devem receber uma dose inicial reduzida, pois pode haver diminuição da
eliminação das benzodiazepinas. Após a administração parenteral, deve manter-se o
paciente em observação por um período de até 3 horas. Evitar o consumo de álcool e de
outros depressores do SNC.
O clordiazepóxido atravessa a placenta, devendo-se, portanto, avaliar a relação
risco-benefício durante a gravidez e a lactação, já que pode provocar sedação no recém-
nascido, dificuldades de alimentação e perda de peso. As crianças, principalmente as
menores, são mais sensíveis aos efeitos sobre o SNC. Em neonatos pode ocorrer
depressão prolongada do SNC devido à incapacidade para biotransformar as
benzodiazepinas em metabólitos.

INTERACÇÕES
Os medicamentos que produzem depressão do SNC podem aumentar esse efeito
do clordiazepóxido. O uso de antiácidos pode retardar, porém não diminuir, a absorção
de clordiazepóxido. A cimetidina pode inibir o metabolismo hepático e provocar um
aumento nas concentrações plasmáticas.
A cetamina, especialmente em altas doses ou quando administrada de forma
rápida, pode aumentar o risco da hipotensão ou depressão respiratória. Pode diminuir o
efeito terapêutico da levodopa.

CONTRA INDICAÇÕES
A relação risco-benefício deve ser avaliada na presença de intoxicação alcoólica,
coma ou choque, antecedentes de abuso ou dependência de drogas, glaucoma de ângulo

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fechado, disfunção hepática, hipercinesia, hipoalbuminemia, depressão mental grave,


miastenia grave, porfiria, psicose, disfunção renal.

LORAZEPAM
LORIUM
LORAX
MESMERIN
LORENIM

O Lorazepam actua, geralmente, como depressor do SNC em todos os seus


níveis, dependendo da dose. Embora seu mecanismo exacto de acção não seja
conhecido, ao que parece, após interagir com um receptor específico da membrana
neuronal, potencializa ou facilita a acção inibidora do neurotransmissor ácido gama-
aminobutírico (GABA), mediador da inibição no nível pré-sináptico e pós-sináptico em
todas as regiões do SNC. É bem absorvido no trato gastrintestinal e após a
administração por via IM a absorção é rápida e completa.
O lorazepam tem semi-vida de curta a intermediária e o início da acção, após a
administração oral, evidencia-se entre 15 e 45 minutos. Sua união às proteínas é alta;
metaboliza-se no fígado e é eliminado por via renal.
Indicações
Distúrbios por ansiedade. Ansiedade associada com depressão mental. Sintomas de
supressão alcoólica aguda. Insónia por ansiedade ou situação passageira de stress.

REACÇÕES ADVERSAS
Os pacientes geriátricos e debilitados; as crianças e os pacientes com doença
hepática são mais sensíveis aos efeitos das benzodiazepinas no SNC. A administração
parenteral pode ocasionar apnéia, hipotensão, bradicardia ou paragem cardíaca. São de
incidência mais frequente: torpor ou instabilidade, sonolência, cansaço ou debilidade
não habituais.
Raramente se observam: confusão (por intolerância), debilidade muscular, visão
turva ou outros distúrbios de visão, obstipação, náuseas ou vómitos. São sinais de
superdosagem que requerem atenção médica: confusão contínua, sonolência grave,
agitação, bradicardia, cambaleios e debilidade grave.

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PRECAUÇÕES
Evitar o consumo de álcool ou de outros depressores do SNC durante o
tratamento. Ter precaução com os idosos, principalmente se ocorrer sonolência, enjoos,
torpor ou instabilidade. A administração IV muito rápida pode produzir apnéia,
hipotensão, bradicardia ou parada cardíaca.
A relação risco-benefício deve ser avaliada para administração durante a
gravidez, uma vez, que atravessa a placenta e pode originar depressão do SNC no
neonato. Devido ao fato de excretar-se no leite materno, durante o período de lactação
pode produzir sedação no recém-nascido, dificuldades na alimentação e perda de peso.

INTERACÇÕES
O uso de antiácidos pode retardar, porém não diminuir, a absorção; a
administração prévia de lorazepam pode diminuir a dose necessária de um derivado da
fentanila para induzir anestesia. O uso simultâneo com levodopa pode diminuir os
efeitos terapêuticos desta droga. A escopolamina junto com lorazepam parenteral pode
aumentar a incidência de sedação, alucinação e comportamento irracional.

CONTRA INDICAÇÕES
A relação risco-benefício deve ser avaliada na presença de intoxicação alcoólica
grave, coma ou choque, antecedentes de abuso ou dependência de drogas, glaucoma de
ângulo fechado, disfunção hepática ou renal, hipoalbuminemia, depressão mental grave,
miastenia grave, porfiria, psicose e doença pulmonar obstrutiva crónica grave.

7.2. HIPNÓTICOS

Alguns trabalhos mostram que um terço da população adulta sofre de insónia,


seja para iniciar o sono, para mantê-lo ou ainda manifestando um despertar precoce. Os
Benzodiazepínicos são, actualmente, as drogas mais utilizadas como hipnóticos. Ao
tratarmos dos ansiolíticos Benzodiazepínicos vimos que a sedação destas drogas está na
dependência da dose, da rapidez de absorção e da potência em miligramas.
Desta forma, os Benzodiazepínicos ditos hipnóticos são aqueles possuidores de um

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efeito de sedação rápida e semi-vida plasmática curta o suficiente para restringir sua
actuação ao período noturno.

FLUNITRAZEPAM: Fluzerim, Rohypnol


FLURAZEPAM: Dalmadorm
MIDAZOLAM: Dormire, Dormonid
NITRAZEPAM: Nitrazepam, Nitrazepol, Sonebom, Sonotrat
ESTAZOLAM: Noctal
ZOLPIDEM: Stilnox
ZOPICLONE: Imovane

O sono pode ser dividido em 5 estágios:


1 - Estágio I; é início do sono ou sonolência, a fase própria da vigília relaxada
onde o EEG mostra o desaparecimento do ritmo Alfa.
2 - Está-gio II; no qual aparece fusos de sono e complexos K no EEG.
3 - Estágio III; onde o EEG apresenta ondas lentas do tipo Delta, as quais vão
aumentando até caracterizar o Estágio IV.
4 - Estágio IV; o mais profundo.
5 - Estágio (REM); onde sonhamos.

Ao dormir a pessoa vai passando sucessivamente de estágio em estágio da I até a


IV. Estando no IV, há superficialização para o Estágio II e, em seguida entra na fase
REM. Nesta fase REM (Rapid Eye Moviment) aparecem movimentos oculares rápidos
e atonia da musculatura esquelética. É aqui neste estágio onde aparecem os sonhos.
Cada sequência destes 5 estágios formam um ciclo de sono que se repete 4 a 6 vezes por
noite. Os primeiros ciclos têm estágios III e IV longos e fases REM curtas, nos últimos
ciclos ocorre o contrário disso, com a fase REM atingindo até 30 minutos. De modo
geral o Estágio REM toma cerca de 20 a 25% do tempo total do sono, o Estágio I toma
5 a 10%, o Estágio II ocupa 50% e os Estágios III e IV ficam, juntos, com 20% do sono
total.
A farmacocinética dos hipnóticos é a mesma estudada no tópico dos ansiolíticos,
ambos Benzodiazepínicos. A utilização desta droga deve ser sempre o último recurso
para a abordagem da insónia, já que o tratamento da causa básica que esteja
determinando o prejuízo do sono deve receber atenção prioritária. Daí a necessidade de
lembrar sempre que a insónia é apenas um sintoma e não uma doença em si e os

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Benzodiazepínicos empregados como hipnóticos desempenham um papel coadjuvante


no tratamento.
Algumas regras para a indicação dos hipnóticos:
1 - Certificar-se de que o tratamento da causa básica não está a ser suficiente
para corrigir a insónia sintomática;
2 - Usar como primeira escolha um benzodiazepínico ansiolítico, muitas vezes
suficiente para os objetivos pretendidos;
3 – Avisar o paciente que o uso do benzodiazepínico hipnótico ou ansiolítico
deve ser feito apenas "se necessário", isto é, nas noites em que realmente ocorrer
insónia.

FLUNITRAZEPAM
FLUZERIM
ROHYPNOL

PROPRIEDADES
É uma benzodiazepina fluorada que desenvolve uma acção hipnótica rápida e
efectiva. Por via oral o seu efeito começa de 15 a 30 minutos após a administração e a
duração do sono é de 6 a 8 horas. O seu mecanismo de acção é devido à facilitação e
potenciação do efeito inibitório mediado pelo ácido gama-aminobutírico (GABA), ao se
fixar em sítios específicos do SNC (receptor GABA-benzodiazepínico) com uma
afinidade que está estreitamente relacionada com a potência neurodepressora. As suas
qualidades como indutor da anestesia são aproveitadas quando administrado por via
intravenosa. Possui uma biodisponibilidade oral de 85% e a sua semi-vida é de 15 ± 5
horas. O seu metabólito activo é o dimetilflunitrazepam.

INDICAÇÕES
Hipnótico. Indução da anestesia.

SUPERDOSAGEM

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Não há antídoto específico. Aparecem sonolência, confusão mental, coma,


depressão respiratória e da actividade reflexa. Tratamento: assistência respiratória,
tratamento sintomático e reidratação.

REACÇÕES ADVERSAS
Fadiga, hipotonia muscular e embotamento (hangover) que podem aparecer com
doses acima de 4mg. Amnésia temporária, amnésia anterógrada após a injecção.
Reacções paradoxais (raras): excitação aguda, alteração do sono, ansiedade,
alucinações. Por via parenteral produz uma leve diminuição da pressão arterial.

PRECAUÇÕES
Ingerir o medicamento imediatamente antes de se deitar. Durante o tratamento o
paciente deve abster-se de operar maquinaria pesada ou conduzir veículos. Os pacientes
idosos podem responder de maneira exacerbada ou paradoxal ao flunitrazepam.
Administrar com precaução a pacientes com insuficiência hepática ou renal e glaucoma.
Não consumir álcool. O flunitrazepam pode intensificar a depressão respiratória. Por
não existirem provas conclusivas, recomenda-se não utilizar em mulheres grávidas a
menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. A lactação deve
ser suspensa.

INTERACÇÕES
Com IMAO, fenotiazinas e outros psicotrópicos. Álcool: sinergismo.
Potencializa o efeito de hipno-indutores, neurolépticos, tranquilizantes, antidepressivos,
anestésicos e analgésicos. A cimetidina pode inibir o metabolismo hepático e provocar
um atraso na sua eliminação. As benzodiazepinas podem diminuir os efeitos
terapêuticos da levodopa, e a rifampicina potenciar a eliminação do flunitrazepam.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade às benzodiazepinas. Miastenia gravis, gravidez, glaucoma,
insuficiência respiratória grave.

3º CLE – OUT. 2001 42


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FLURAZEPAM
DALMADORM

Tratamento da insónia a curto prazo.


Insónia de diferentes tipos e intensidade. Dificuldade para conciliar o sono,
despertares noturnos frequentes e/ou matutinos muito cedo. Flurazepam inibe, em
animais, a resposta tensional devido a estimulação eléctrica do hipotálamo e eleva o
limiar da excitação. No homem, o Flurazepam prolonga a duração do sono, diminui o
tempo de adormecimento assim como a frequência de despertares noturnos.

PROPRIEDADES
Pertence quimicamente ao grupo dos benzodiazepínicos. O seu efeito evidencia-
se por redução significativa do tempo de latência para conciliar o sono, mantendo-o sem
interrupções por períodos de 7 a 8 horas. A sua semi-vida é de 2,3 horas e sua
metabolização hepática origina metabólitos activos como o desalquilflurazepam (semi-
vida entre 30 e 200 horas) e o N-1-hidroxietilflurazepam (semi-vida de 2 a 4 horas). O
seu equilíbrio cinético plasmático é alcançado em 7-10 dias. A eliminação renal é lenta.

INDICAÇÕES
Dose oral de 30 mg de flurazepam quase não diminui a fase do sono REM. Após
interrupção do tratamento não se tem observado efeito rebote da fase de sono REM.
Tem se observado, em compensação, uma diminuição do estágio IV do sono.
Estudos em laboratório do sono com duração de um mês não demonstraram, mesmo nos
casos de administração contínua do Flurazepam, diminuição da sua eficácia.
O flurazepam é rápida e quase totalmente absorvido ao nível do trato
gastrintestinal sendo rapidamente metabolizado. Os seus metabólitos são eliminados
principalmente pela urina.
Após administração da dose oral de 30 mg de flurazepam só se encontra no soro
traços de substância inalterada. O metabólito activo hidroxietilflurazepam, só é
encontrado durante poucas horas após a administração. A sua semi-vida de eliminação é
de aproximadamente uma hora e o seu volume de distribuição de 1,4 litros/kg.
O outro metabólito activo, N desalquilflurazepam apresenta semi-vida de
eliminação de 40-100 horas sendo o seu volume de distribuição de 0,41 litros/kg.

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Quanto maior a idade do indivíduo maior será o tempo de eliminação da substância. Em


casos de administração diária contínua durante 7 a 10 dias obtém se uma curva em
"plateau" (steady state) cujo nível é aproximadamente cinco vezes mais elevado do que
o da concentração obtida 24 horas após uma administração isolada.

SUPERDOSE
Sonolência, confusão e enjoos. Recomenda-se imediata lavagem gástrica e
tratamento sintomático.

REACÇÕES ADVERSAS
Pode provocar sonolência diurna. Raramente observam-se confusão, depressão
mental, câimbras, visão turva, irritabilidade, obstipação, diarréia, sensação de enjoo,
boca seca, dor de cabeça, náuseas e vómitos.

PRECAUÇÕES
Evitar funções onde a falta de atenção aumenta o risco de acidentes (operar
máquinas pesadas, dirigir automóveis etc.). Não consumir álcool nem outros
depressores do SNC durante o tratamento. Ocorrência da síndrome de abstinência por
suspensão abrupta do fármaco. O seu uso prolongado pode levar a dependência física e
psíquica. Não utilizar durante a gravidez (risco de teratogenia) e o aleitamento. O
flurazepam atravessa a placenta e atua sobre o SNC do feto.

INTERACÇÕES
Fármacos que causam sinergismo, em especial os depressores do SNC que
levam a dependência (aumentam o risco de dependência).

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade ao flurazepam ou a outros benzodiazepínicos. Pacientes com
glaucoma de ângulo fechado.

3º CLE – OUT. 2001 44


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MIDAZOLAM
DORMIRE
DORMONID

Hipnótico, ansiolítico, anticonvulsivante, miorrelaxante.


Midazolam é um agente indutor do sono, caracterizado pelo rápido início de
acção, breve permanência no organismo, eficácia constante e facilidade posológica.
Ensaios clínicos controlados e testes em laboratório do sono mostraram que Midazolam
diminui o tempo necessário para adormecer e prolonga a duração do sono, sem interferir
quantitativamente no sono REM. Os despertares noturnos são reduzidos e a qualidade
do sono é melhorada.
Em geral, o tempo que decorre entre a ingestão de Midazolam e o
adormecimento é menor do que 20 minutos. Após a dose recomendada e a duração
adequada de sono, não foi observado prejuízo no desempenho ou na capacidade de
reacção. Midazolam também possui propriedades anticonvulsivante, ansiolítica e
miorrelaxante.
Em alguns casos, Midazolam foi administrado por um período de até 150 dias,
sem que tenham sido observados sinais de tolerância ou. As investigações toxicológicas
demonstraram a ampla margem de segurança terapêutica, mesmo em doses maiores do
que 100 vezes às recomendadas para o tratamento. Não existem relatos de efeitos
embriotóxicos, teratogênicos ou mutagênicos.
Após a ingestão de Midazolam, a absorção de seu princípio activo (Midazolam)
é extremamente rápida e completa. 30-50% do princípio activo já são metabolizados no
decorrer da primeira passagem através do fígado.
Midazolam é rápida e completamente metabolizado. Os metabólitos formados
sofrem rápida conjugação com o ácido glicurônico e são eliminados como
glicuronídeos, por via renal. O principal metabólito farmacologicamente activo é o alfa
hidroxi Midazolam, cuja semi-vida de eliminação é mais curta do que a do Midazolam.
A concentração plasmática decresce em duas fases, com tempos de semi-vida de 10
minutos (fase de distribuição) e de 1½ e 2½ horas (fase de eliminação). Mesmo após
administração prolongada, não ocorre acúmulo do princípio activo; o perfil
farmacocinético e o metabolismo permanecem constantes. Cerca de 95% de Midazolam
ligam-se às proteínas plasmáticas.

3º CLE – OUT. 2001 45


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PROPRIEDADES
Derivado de 1,4 benzodiazepina, de acção relativamente curta, depressora do
SNC. Os seus efeitos dependem da dose administrada, da via de administração e da
união simultânea com outros fármacos. A sua união é mediada pelo neurotransmissor
inibitório ácido gama-aminobutírico (GABA), com aumento de sua actividade. O efeito
hipnótico do Midazolam parece estar relacionado com o acúmulo do GABA e a
ocupação do receptor das benzodiazepinas. O Midazolam tem uma afinidade
relativamente alta (duas vezes a do diazepam) pelo receptor de benzodiazepinas.
Acredita-se que há receptores diferentes para as benzodiazepinas e para o
GABA, acoplados a um canal ionóforo comum; a ocupação de ambos os receptores
produz hiperpolarização da membrana e inibição neuronial. O Midazolam interfere na
recaptação do GABA, razão pela qual produz acúmulo deste. A biodisponibilidade
absoluta média após a administração IM é maior que 90%. Distribui-se no organismo,
incluindo o LCR e o cérebro. A sua união a proteínas é muito elevada (97%).
Metaboliza-se com rapidez a 1-hidroximetil Midazolam e 4i-hidroxiMidazolam,
metabólitos que podem ter certa actividade farmacológica.A curta duração de acção
deve-se a seu rápido metabolismo e velocidade de eliminação. Excreta-se por via renal.

INDICAÇÕES
Sedação pré-cirúrgica ou prévia a procedimentos diagnósticos curtos
(broncoscopia, gastroscopia, citoscopia, cateterismo cardíaco); coadjuvante da anestesia
geral.

REACÇÕES ADVERSAS
As reacções mais frequentes incluem uma diminuição do volume corrente ou da
frequência respiratória e apnéia. Adicionalmente, podem produzir-se variações da
pressão arterial e bradicardia. Podem ocorrer alterações psicomotoras após a sedação ou
anestesia com Midazolam, as quais podem persistir durante períodos variáveis.
Requerem atenção médica: tremor muscular, movimentos descontrolados do
corpo, excitação, irritabilidade, hipotensão, sonolência prolongada, vómitos,
alucinações, confusão.

PRECAUÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 46


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Não é recomendado para induzir anestesia prévia a uma cesariana, porque pode
produzir efeitos colaterais depressores sobre o SNC do neonato. Em pacientes
geriátricos não pré-medicados, a dose IV deve ser reduzida de 25% a 30%. Ter
precaução ao conduzir ou realizar tarefas que requeiram coordenação e atenção. Evitar a
ingestão de álcool e o uso de outros depressores do SNC no prazo de 24h após receber o
Midazolam .

INTERACÇÕES
Os anestésicos de acção local por via parenteral podem originar efeitos
depressores aditivos. O uso simultâneo de medicamentos que produzem depressão do
SNC pode aumentar a depressão respiratória e os efeitos hipotensores destes e do
Midazolam . Os inibidores da MAO, dissulfiram e isoniazida, podem diminuir o
metabolismo e a eliminação do Midazolam no fígado. Os efeitos hipotensores dos
fármacos que provocam hipotensão são potencializados.

CONTRA-INDICAÇÕES
A relação risco-benefício deverá ser avaliada na presença de intoxicação etílica
aguda, coma, choque, glaucoma de ângulo fechado e agudo; insuficiência cardíaca
congestiva, insuficiência renal crónica, disfunção hepática, miastenia grave e na
gravidez.

ESTAZOLAM

PROPRIEDADES
É uma triazolobenzodiazepina útil como hipnótico por via oral. 93% do fármaco
liga-se a proteínas plasmáticas. A sua farmacocinética está submetida a grandes
variações interindividuais e responde a uma cinética linear. O pico plasmático aparece
em indivíduos sadios em aproximadamente duas horas (faixa de 0,5 a 6,0 horas) e a
faixa de semi-vida de eliminação estimada para o estazolam vai de 10 a 24 horas. O
clearance é acelerado em fumantes.

INDICAÇÕES

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Insónia de diferentes etiologias e intensidade.

SUPERDOSAGEM
Pode provocar sonolência, depressão respiratória, confusão, falhas na
coordenação e coma. Para seu tratamento induzir o vómito e lavagem gástrica imediata.
A manutenção da ventilação é essencial. Os sinais vitais devem ser monitorizados e
devem-se administrar líquidos para manter a pressão sanguínea e estimular a diurese.

REACÇÕES ADVERSAS
Sonolência, vertigem, cefaléia, hipocinesia, tonturas e instabilidade,
desorientação matinal, astenia, boca seca.

PRECAUÇÕES
Não operar máquinas pesadas, dirigir ou realizar outras actividades perigosas
que requeiram alerta mental total. Podem ocorrer amnésia e reacções paradoxais
(agitação, excitação). O estazolam pode provocar dependência, por isso com a retirada
abrupta do fármaco podem ocorrer sintomas característicos como disforia moderada,
insónia e, em casos mais graves, uma síndrome que pode incluir cãimbras abdominais e
musculares, vómitos, sudorese, tremores e convulsões. Evitar administrar a mulheres
jovens que possam ficar grávidas ou que amamentam.

INTERACÇÕES
A acção dos fármacos tipo benzodiazepinas, como o estazolam, pode ser
potenciada por anticonvulsivantes, anti-histamínicos, álcool, barbitúricos, inibidores da
monoamino oxidase, narcóticos, fenotiazinas, psicotrópicos e qualquer outro que
provoque depressão do sistema nervoso central.

CONTRA-INDICAÇÕES
Gravidez: pode ocorrer dano fetal e malformação com a administração de
fármacos tipo benzodiazepina. O estazolam, administrado nas últimas semanas de
gravidez, provoca dependência. Miastenia grave, insuficiência respiratória severa.
Hipersensibilidade ao fármaco.

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ZOPICLONE
IMOVANE

O zopiclone está indicado em todos os tipos de insónia, tendo sido demonstrado


sua actividade como hipnótico.

PROPRIEDADES
O zopiclone pertence a um novo grupo químico, o das ciclopirrolonas, mas que,
farmacologicamente, se assemelha às benzodiazepinas. É um hipnótico que rapidamente
induz o sono, além de mantê-lo dentro dos padrões normais durante a noite (melhora a
qualidade de sono). O zopiclone possui uma semi-vida de eliminação curta, sendo
rapidamente excretado, não havendo, pois, acúmulo do produto e dos seus metabólitos.
A absorção de zopiclone é rápida. As concentrações máximas são obtidas em
torno de 1 hora e meia a 2 horas, atingindo níveis de, aproximadamente, 30, 60 e 115
ng/ml, após a administração de 3,75 mg, 7,5 mg e 15 mg respectivamente. A
distribuição do produto é muito rápida, a partir do compartimento vascular. A ligação de
zopiclone às proteínas plasmáticas é fraca (cerca de 45%) e não saturável. Há pouco
risco de interacção medicamentosa devido às ligações protéicas. A semi-vida de
eliminação está em torno de 5 horas. Não há acúmulo após administrações repetidas.
Entre os metabólitos, os 2 principais são os derivados N-óxido (farmacologicamente
activo, em animais) e o N-desmetil (farmacologicamente inactivo em animais). Cerca de
80% do produto é eliminado por via urinária, sob a forma de metabólitos livres
(derivados N-óxido e N-desmetil) e pelas fezes em aproximadamente em 16%.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade conhecida aos zopiclone; insuficiência respiratória severa,
crianças menores de 15 anos.

REACÇÕES ADVERSAS
Foram observados, de acordo com a dose e a sensibilidade individual do
paciente, alguns efeitos desagradáveis, tais como: sonolência matinal residual; sensação
de boca amarga e/ou secura do boca; hipotonia muscular; amnésia anterógrada;

3º CLE – OUT. 2001 49


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sensação de embriaguez; em alguns pacientes, pode-se observar reacções paradoxais


como irritabilidade, agressividade, sub-excitação, síndrome de confusão onírico (própria
dos sonhos); cefaléia, astenia. A retirada abrupta do medicamento após tratamento
prolongado, pode acarretar a possibilidade de incidentes menores, como irritabilidade,
ansiedade, mialgias, tremores, insónia e pesadelos, náuseas e vómitos e,
excepcionalmente, de incidentes maiores (geralmente precedidos de sintomas menores)
como convulsões e estado de mal mioclônico com síndrome confusional.

INTERACÇÕES
O Zopiclone apresenta sinergismo com: os depressores neuromusculares
(miorelaxantes); outros medicamentos depressores do SNC (em particular, os
neurolépticos).

PRECAUÇÕES
Apesar de não terem sido encontradas reacções embriotóxicas ou teratogênicas
nos estudos realizados com animais, Zopiclone não deve ser administrado a mulheres
grávidas; também está desaconselhado no período de lactação, pois o zopiclone é
excretado no leite materno. Em pacientes com miastenia, devido à possível acentuação
da fatigabilidade muscular, a administração de Zopiclone deve ser feita sob cuidadosa
vigilância médica. Em caso de insuficiência respiratória moderada, é recomendável
adaptar-se a posologia. A mesma atenção deve ser dada a pacientes portadores de
insuficiência hepática severa e/ou insuficiência renal. A ingestão de bebidas alcoólicas
ou outras drogas depressoras do SNC, na vigência do tratamento com Zopiclone, está
formalmente desaconselhada. Os pacientes que conduzem veículos ou utilizam-se de
máquinas potencialmente perigosas devem tomar cuidados especiais devido ao risco de
sonolência residual no dia seguinte à ingestão do medicamento.

ZOLPIDEM
STILNOX

O Zolpidem está indicado nos casos de insónia (ocasional, transitória).

PRECAUÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 50


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A duração do tratamento deve ser definida em função da indicação e informada


ao paciente: 2 a 5 dias em caso de insónia ocasional (ex.: durante uma viagem); 2 a 3
semanas em caso de insónia. Qualquer persistência de distúrbios do sono após um
período de 6 semanas deve ser objeto de investigações adicionais. O zolpidem actua
principalmente sobre os distúrbios do sono; usado isoladamente, o fármaco não se
constitui em tratamento para a depressão ou ansiedade, podendo mascarar os seus
sintomas (um estado depressivo pode justificar uma terapia antidepressiva). O consumo
de bebidas alcoólicas é rigorosamente desaconselhado durante o tratamento com
zolpidem. Estudos de farmacologia humana e animal não demonstraram quaisquer
efeitos sobre os centros respiratórios; todavia, o uso do zolpidem em pacientes com
insuficiência respiratória severa deve ser realizado com cautela. Em pacientes com
miastenia, o emprego do zolpidem só deve ser efectuado sob rigorosa vigilância médica,
em função de um possível aumento na fadiga muscular. Em presença de insuficiência
hepática, pode ser necessária uma redução na dosagem. Pacientes que dirigem ou
operam máquinas devem ser alertados sobre a possibilidade de risco de sonolência com
o uso do produto.
Os factores listados a seguir podem favorecer o aparecimento de dependência:
duração do tratamento; dose administrada; associação com outros fármacos
(psicotrópicos, ansiolíticos, hipnóticos); associação com álcool; antecedentes de outras
dependências, medicamentosas ou não. Os estudos disponíveis até o momento não
indicam a existência de insónia de rebote sob condições normais de uso. A associação
com benzodiazepinas é desnecessária e arriscada, qualquer que seja a indicação
(ansiolítica ou hipnótica), aumentando a possibilidade de dependência farmacológica.
Embora estudos clínicos efectuados com doses terapêuticas não tenham evidenciado
quaisquer alterações nos processos cognitivos, a possibilidade de amnésia anterograda
dose-relacionada não pode ser excluída, em particular quando o sono é interrompido
(despertar precoce devido a um factor externo) ou quando o acto de recolher-se é
retardado após a toma do produto.
Gravidez: embora estudos em modelos animais não tenham evidenciado efeitos
teratogênicos ou embriotóxicos, como uma medida de precaução necessária para
qualquer novo fármaco, o uso do zolpidem não deve ser efectuado durante a gravidez.
Lactação: embora o zolpidem passe para o leite materno somente em pequena
quantidade, o uso do produto não deve ser realizado durante a lactação.

3º CLE – OUT. 2001 51


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INTERACÇÕES
Deve ser evitada a ingestão concomitante de bebidas alcoólicas ou de
medicamentos contendo álcool. O álcool promove uma intensificação no efeito sedativo
com reflexo sobre a vigilância, aumentando o risco na condução de veículos ou na
operação de máquinas. Associações a serem monitorizadas cuidadosamente: com outros
depressores do sistema nervoso central: derivados morfínicos (analgésicos e
antitussígenos), barbituratos, alguns antidepressivos, sedativos H1, anti-histamínicos,
benzodiazepinas, neurolépticos, clonidina e substâncias relacionadas. O aumento na
depressão central pode ter consequências importantes, particularmente na condução de
veículos ou operações de máquinas.

7.3. Antipsicóticos Típicos (Incisivos)

FLUFENAZINA: Ana tensol, Flufenan


HALOPERIDOL: Haldol
PENFLURIDOL: Semap
PIMOZIDA: Orap
PIPOTIAZINA: Piportil
ZUCLOPENTIXOL: Clopixol

Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções


psicomotoras, como é o caso da excitação e da agitação. Paralelamente eles atenuam
também os distúrbios neuropsíquicos ditos psicóticos, tais como os delírios e as
alucinações. São substâncias químicas sintéticas, capazes de actuar selectivamente em
células nervosas que regulam os processos no homem e a conduta em animais.
Entre 1910 e 1920 praticamente não havia terapêutica para a esquizofrenia e que
somente 20% dos pacientes, aproximadamente, apresentavam algum tipo de melhora.
Em 1930 surge o primeiro tratamento biológico para essa psicose, a
eletroconvulsoterapia.
Através desse tratamento foi possível alcançar pouco mais de 30% de resposta
terapêutica. Mas foi somente nas décadas de 50 e 60 que chegam os primeiros

3º CLE – OUT. 2001 52


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antipsicóticos, chamados então de primeira geração, hoje conhecidos como


"convencionais".
A clorpromazina foi descoberta em 1957 e o haloperidol em 1959. Com esses
medicamentos foi possível alcançar mais de 60% de melhora, aumentando
significativamente as chances de pacientes com esquizofrenia se ressocializarem e
deixarem os manicômios.
Em 1990 surgem os antipsicóticos de segunda geração, que trouxeram uma nova
perspectiva para o tratamento da doença. A clozapina (Leponex®), considerado o
primeiro antipsicótico de segunda geração (ou atípico) foi descoberta em 1970 mas,
devido ao problema da agranulocitose, aparece no mercado somente em 1988.
Logo, outros antipsicóticos de segunda geração entram no mercado, para alívio
dos milhões de esquizofrênicos. A risperidona foi lançada em 1994, a olanzapina em
1996, a quetiapina em 1997 e a ziprasidona no ano 2000.
Os neurolépticos atípicos, ou de 2ª geração, não podem ser classificados de
sedativos ou incisivos tendo em vista a diversidade de acção, ora cumprindo um
objetivo, ora outro.
Os neurolépticos sedativos são os anti-psicóticos cujo principal efeito é a
sedação, ao contrário dos neurolépticos incisivos (como o Haloperidol, p. ex.) cujo
efeito principal e a remoção de delírios e alucinações.
Dos neurolépticos incisivos fazem parte o Haloperidol, Penfluridol, Flufenazina,
Fenotiazina, etc. Ao contrário dos sedativos, os incisivos têm baixa capacidade de
sedação mas uma melhor actuação naquilo que se chama sintomas produtivos das
psicoses (delírios e alucinações), enquanto os sedativos têm melhor aplicação nos casos
de agitação psicomotora.
Os neurolépticos atípicos não podem ser classificados de sedativos ou incisivos
tendo em vista a diversidade de acção, ora cumprindo um objectivo, ora outro. São os
antipsicóticos recentemente introduzidos no mercado que não se classificam nem como
Fenotiazínicos, como Butirofenonas e nem como Ortopramidas.
Os antipsicóticos, denominados clássicos ou convencionais, são eficazes
principalmente no controle de sintomas chamados positivos, como os delírios, as
alucinações, a desorganização do pensamento.
Eles também produzem efeitos colaterais denominados extrapiramidais, tais
como tremores, rigidez muscular.

3º CLE – OUT. 2001 53


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A partir dos anos 90 uma nova geração de antipsicóticos (p. ex., clozapina,
risperidona, olanzapina) vem sendo desenvolvida. Os novos antipsicóticos, alem de
bloquear a dopamina, bloqueiam também outros neurotransmissores cerebrais,
especialmente a serotonina.
Esses novos antipsicóticos agem não apenas nos sintomas positivos, mas
também nos sintomas chamados negativos, como a pobreza de pensamento, o
embotamento afetivo e a falta de motivação. Eles produzem menos efeitos colaterais
extrapiramidais do que os antipsicóticos clássicos.
Existem numerosos antipsicóticos disponíveis no mercado, alguns deles, além da
forma de comprimidos são apresentados como injeção de longa duração (depot) para ser
aplicada com intervalo de semanas. Os antipsicóticos demoram até algumas semanas
para fazer efeito e melhorar o paciente.
Os neurolépticos ou antipsicóticos são drogas lipossolúveis e, com isso, tendo
facilitado sua absorção e sua penetração no Sistema Nervoso Central. Logo após a
absorção pela parede intestinal os antipsicóticos têm sua primeira passagem pelo fígado,
portanto, metabolização hepática.
Esta metabolização é mais intensa para algumas drogas deste grupo, como por
exemplo a Clorpromazina e a Flufenazina e menos intensa para outras, como é o caso
do Haloperidol e o Pimozide. A grande maioria dos antipsicóticos possui meia vida
longa, entre 20 e 40 horas. Alguns, como a Clorpromazina, têm meia vida mais curta
mas, pelo facto de os seus metabólitos também serem activos.
Outra conseqüência desta meia vida longa é o fato de demorar aproximadamente
cinco dias para se instalar o estado estável da droga no organismo. O seu uso contínuo
resulta num acúmulo progressivo, até que o nível plasmático se estabilize. Trata-se de
uma situação onde a quantidade absorvida seja igual à excretada. Neste momento ocorre
o equilíbrio dinâmico ou estabilidade, chamado de Equilíbrio Plasmático, mantendo-se
o nível plasmático em torno de um mesmo valor.
Assim, para a obtenção do melhor efeito terapêutico com uma determinada dose
do neuroléptico deve-se aguardar este estado estável. Existem também, como
apresentações farmacológicas, os chamados Neurolépticos de Ação Prolongada (NAP),
administrados semanalmente ou até mensalmente.

MECANISMO DE ACÇÃO

3º CLE – OUT. 2001 54


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Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem receptores adrenérgicos,


serotoninérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, todos eles têm em comum a acção
farmacológica de bloquearem os receptores dopaminérgicos. É em relação a estes
últimos que os estudos têm demonstrado os efeitos clínicos dos neurolépticos. O
bloqueio dos outros receptores, além dos dopaminérgicos, estaria relacionado aos
efeitos colaterais.
Actualmente as hipóteses mais aceites como sendo etiologicamente relacionadas
para a esquizofrenia falam de uma combinação de hiperfunção dopamínica e hipofunção
dos glutamatos no sistema neuronal, juntamente com um envolvimento pouco
esclarecidos dos receptores 5HT2 e um balanço entre esses receptores com os receptores
D2.
Os receptores dopaminérgicos mais conhecidos pela neurofisiologia são o D1 e o
D2 (pós-sinápticos), além dos receptores localizados no corpo do neurónio dopamínico
e no terminal pré-sináptico. A actividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar
relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos
do tipo D2.
Estes antipsicóticos tradicionais, tais como a Clorpromazina e o Haloperidol são
eficazes em mais de 80% dos pacientes com esquizofrenia, actuando
predominantemente nos sintomas chamados produtivos ou positivos (alucinações e
delírios) e, em grau muito menos nos chamados sintomas negativos (apatia,
embotamento e desinteresse).
Duas vias, mesolímbicas e mesocorticais, são as envolvidas nos efeitos
terapêuticos dos antipsicóticos. As vias mesolímbicas e mesocorticais confundem-se
anatomicamente e ambas se originam no segmento ventral do mesencéfalo. A via
mesolímbica inerva diversos núcleos subcorticais do Sistema Límbico: amígdala,
núcleo acumbens, tubérculo olfatório e o septo lateral. A via mesocortical tem as suas
terminações sinápticas localizadas no córtex frontal, na parte anterior do giro do cíngulo
e no córtex temporal medial.
As primeiras suspeitas de que este era o sítio da actuação terapêutica surgiram
pela observação da semelhança sintomatológica entre determinadas patologias dos lobos
frontais e temporais com a esquizofrenia, além da notável importância do sistema
límbico nas emoções e na memória.
Na via nigro-estriatal está concentrada a maior parte da dopamina cerebral e,
como este sistema está envolvido na regulação da actividade motora, a interferência dos

3º CLE – OUT. 2001 55


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antipsicóticos no seu funcionamento é a responsável pelos adversos efeitos extra-


piramidais (parkinsonismo). A via nigro-estriatal vai da substância negra do
mesencéfalo até o corpo estriado (núcleos caudato e putâmem).
A via túbero-infundibular é constituída de neurónios com o corpo celular no
hipotálamo e cujos axônios terminam na eminência média da hipófise. A dopamina
libertada próxima aos capilares da circulação porto-hipofisária chega à hipófise anterior
e acaba, entre outros efeitos, por aumentar a libertação secundária de prolactina. Mais
um efeito colateral indesejável.
A hipotensão, sedação e tontura, efeitos colaterais comuns aos neurolépticos
tradicionais, normalmente acontecem devido à capacidade desses medicamentos
bloquearem também os receptores alfa-adrenérgicos.

EFEITOS COLATERAIS
Dos efeitos colaterais provocados pelos neurolépticos o mais estudado é a
Impregnação Neuroléptica ou Síndrome Extrapiramidal. É o resultado da interferência
medicamentosa na via nigro-estriatal, onde parece haver um balanço entre as atividades
dopaminérgicas e colinérgicas.
Desta forma, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos provocará uma
supremacia da actividade colinérgica e, consequentemente, uma libertação de sintomas
extra-piramidais. Estes efeitos colaterais, com origem no Sistema Nervoso Central,
podem ser divididos em cinco tipos:

1 - REAÇÃO DISTÔNICA AGUDA


Ocorre com freqüência nas primeiras 48 horas de uso de antipsicóticos.
Clinicamente observa-se movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, boca,
língua e às vezes um tipo de opistótono com crises oculógiras. Deve-se fazer
diagnóstico diferencial com a crise convulsiva parcial, tétano e histeria. O tratamento
com anticolinérgicos injetáveis (Prometazina ou Biperideno) é eficaz em poucos
minutos para este quadro agudo.

2 - PARKINSONISMO MEDICAMENTOSO
Geralmente acontece após a primeira semana de uso dos antipsicóticos.
Clinicamente há um tremor de extremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia
e fácies inexpressiva. O tratamento com anticolinérgicos (antiparkinsonianos) é eficaz

3º CLE – OUT. 2001 56


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Para prevenir o aparecimento desses desagradáveis efeitos colaterais utiliza-se a


Prometazina ou Biperideno por via oral.
Muitas vezes, pode haver o desaparecimento de tais problemas após 3 meses de
utilização do neuroléptico, como se houvesse uma espécie de tolerância ao seu uso. Esse
facto favorece uma possível redução progressiva na dose do anticolinérgico que
comummente associamos ao antipsicótico no início do tratamento.
Alguns autores preferem utilizar os antiparkinsonianos apenas depois de
constatados os efeitos extra-piramidais. Estabelecendo-se um plano de tratamento para a
esquizofrenia, sabendo antecipadamente da cronicidade desse tratamento e,
principalmente, se as doses a serem empregadas tiverem que ser um pouco mais
incisivas, será quase certa a ocorrência desses efeitos colaterais. Já que o paciente
deverá utilizar esses neurolépticos por muito tempo, será sempre desejável que tenha
um bom relacionamento com eles. Ora, nenhum paciente aceitará como benvindo um
medicamento capaz de fazê-lo sentir-se mal, como é o caso dos efeitos extra-piramidais.

3 - ACATISIA
Ocorre geralmente após o terceiro dia de uso da medicação. Clinicamente é
caracterizado por inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e
sensação interna de tensão. O paciente assume uma postura típica de levantar-se a cada
instante, andar de um lado para outro e, quando compelido a permanecer sentado, não
para de mexer as pernas.
A Acatisia não responde bem aos anticolinérgicos ou ansiolíticos e o clínico é
obrigado a decidir entre a manutenção do tratamento antipsicótico com aquelas doses e
o desconforto da sintomatologia da Acatisia. Com freqüência é necessário a diminuição
da dose ou mudança para outro tipo de antipsicótico. Quando isso acontece
normalmente pode-se recorrer aos Antipsicóticos Atípicos.

4 - DISCINESIA TARDIA
Como o próprio nome diz, a discinesia tardia aparece após o uso crônico de
antipsicóticos (geralmente após 2 anos). Clinicamente é caracterizada por movimentos
involuntários, principalmente da musculatura oro-língua-facial, ocorrendo protrusão da
língua com movimentos de varredura látero-lateral, acompanhados de movimentos
sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros também podem
apresentar movimentos discinéticos.

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A Discinesia Tardia não responde a nenhum tratamento conhecido, embora em


alguns casos possa ser suprimida com a readministração do antipsicótico ou,
paradoxalmente, aumentando-se a dose anteriormente utilizada.

5 - SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA


Trata-se de uma forma raríssima de toxicidade provocada pelo antipsicótico. É
uma reacção adversa dependente mais do agente agredido que do agente agressor, tal
como uma espécie de hipersensibilidade à droga. Clinicamente observa-se um grave
distúrbio extra-piramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e
distúrbios autonômicos. Leva a óbito numa proporção de 20 a 30% dos casos.

Além dos efeitos adversos dos neurolépticos tradicionais sobre o Sistema Nervoso
Central, são observados reflexos da sua utilização ao nível sistêmico. São seis as
principais ocorrências:

1 - EFEITOS AUTONÔMICOS
Por serem drogas que desequilibram o sistema dopamina-acetilcolina, em
algumas situações podemos encontrar efeitos colinérgicos, em outras efeitos
anticolinérgicos. É o caso da secura da boca e da pele, obstipação, dificuldade de
acomodação visual e, mais raramente, retenção urinária.

2 - CARDIOVASCULARES
Alguns neurolépticos podem produzir alterações eletrocardiográficas, como por
exemplo, um aumento do intervalo PR, diminuição do segmento ST e achatamento de
onda T. Estas alterações são benignas e não costumam ter significado clínico. Das
alterações cardiovasculares a mais comum é a hipotensão (postural ou não) a qual,
decorre do bloqueio alfa-adrenérgico proporcionado por essas drogas.
Na maioria das vezes a hipotensão desencadeada pela utilização de neurolépticos
tradicionais proporciona apenas um certo incomodo ao paciente, entretanto, nos casos
com comprometimento vascular prévio, como nas arterioscleroses, poderá precipitar um
acidente vascular cerebral isquêmico, isquemia miocárdica aguda ou traumatismos por
quedas.

3 - ENDOCRINOLÓGICOS

3º CLE – OUT. 2001 58


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A acção dos neurolépticos no sistema túbero-infundibular repercute na hipófise


anterior produzindo distúrbios hormonais. Embora incomum, esse antipsicóticos
tradicionais podem produzir amenorréia e, menos frequente, galactorréia e
ginecomastia.
Todos esses efeitos são decorrentes das alterações na síntese de prolactina
(hiperprolactinemia). Há também referências de alterações nas hormonas gonadotróficas
e do crescimento, porém, ainda não há consenso conclusivo sobre isso.

4 - GASTRINTESTINAIS
Tendo em vista a acção nos mecanismos da acetilcolina, os neurolépticos
tradicionais podem ter boa acção anti-emética. A obstipação e boca seca também podem
ser observados durante o tratamento, como consequência dos efeitos anticolinérgicos.

5 - OFTALMOLÓGICOS
Embora raras, duas síndromes oftálmicas podem ser descritas com a utilização
dos antipsicóticos tradicionais. A primeira, com a Clorpromazina em altas doses, é
consequência do depósito de pigmentos no cristalino. A segunda, com o uso de altas
doses de Tioridazina, determina uma retinopatia pigmentosa.

6 - DERMATOLÓGICOS
Com uma incidência de 5 a 10% podemos encontrar o aparecimento de um rash
cutâneo, foto-sensibilização e aumento da pigmentação nos pacientes em uso de
Clorpromazina.

Antipsicóticos "típicos" ou clássicos são aquelas medicações que tendem a


produzir sintomas extrapiramidais (EPS). Estes agentes têm sido as principais drogas na
farmacoterapia da esquizofrenia por mais de um quarto de século.
Os sintomas que respondem melhor aos antipsicóticos típicos são os chamados
sintomas positivos, como delírios e alucinações. Já nos sintomas negativos, além de não
responderem tão bem, podem ser acentuados com seu uso.
A maioria dos autores divide o tratamento farmacológico da esquizofrenia em
duas fases: aguda e manutenção ou profilática.

3º CLE – OUT. 2001 59


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Aguda
Envolve a tentativa de aliviar os sinais e sintomas associados como delírios,
alucinações, alterações formais do pensamento e do comportamento.
Manutenção
Esquizofrenia é uma doença que dura a vida toda, como a diabetes ou hipertensão. A
maioria das pessoas com esquizofrenia necessitará de cuidados médicos e medicação
para o resto da sua vida.
As medicações antipsicóticas não curam a esquizofrenia, somente controlam os
sintomas da doença. Ou seja, se o paciente deixar de tomar a medicação pode sofrer
uma recaída.
Algumas pessoas, mesmo tomando a medicação regularmente, podem ter uma
recaída dos sintomas psicóticos.
Antes do aparecimento de sintomas como delírios ou alucinações, é comum
aparecerem sintomas menos específicos como irritabilidade, insónia e depressão.
Os familiares devem estar atentos a mudanças subtis que possam ocorrer, pois a
intervenção médica precoce pode impedir a recaída.
Enquanto esta necessidade de tratamento por longo tempo é bem reconhecida
pelo médico, frequentemente não é bem aceite pelo paciente.

FLUFENAZINA
ANATENSOL
FLUFENAN

Acredita-se que a flufenazina melhora os estados psicóticos por bloqueio dos


receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. Também produz
um bloqueio alfa-adrenérgico e deprime a libertação de hormonas hipotalâmicas e
hipofisárias.
Entretanto, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos aumenta a libertação de
prolactina da hipófise. Tem fraco efeito antiemético, antimuscarínico e sedativo, e forte
efeito extrapiramidal. É metabolizada no fígado e excretada por via renal.

INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 60


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Estados psicóticos, esquizofrenia e na fase maníaca da doença maníaco-


depressiva. Dor neurogênica crônica.

REACÇÕES ADVERSAS
Nos primeiros dias de tratamento, e com mais frequência nos idosos podem,
ocorrer efeitos extrapiramidais distônicos e congestão nasal. São de incidência menos
frequente: visão turva ou qualquer alteração de visão, pulso irregular, sensação de
cansaço não habitual, palidez, micção dificultada, erupção cutânea, alterações do ciclo
menstrual, enjoos, sonolência, secura na boca, secreção de leite não habitual, náuseas,
vómitos, tremores dos dedos e mãos.

PRECAUÇÕES
Evitar o consumo de álcool ou outros depressores do SNC. Não tomar durante as
2 horas posteriores à administração de antiácidos ou medicamentos antidiarréicos.
Cuidado ao dirigir, devido à possível sonolência ou visão turva.
Possível fotossensibilidade, sendo recomendado evitar a exposição ao sol ou o
uso de lâmpadas solares. Pode ser ingerida com alimentos, água ou leite para diminuir a
irritação gástrica.
No caso de terapêutica parental, controlar os pacientes geriátricos e pediátricos
devido à maior incidência de reacções hipotensoras e extrapiramidais. A relação risco-
benefício deverá ser avaliada na indicação durante a gravidez e o período de lactação, já
que pode produzir sonolência no lactente e em mães que tenham recebido fenotiazinas.
Os neonatos podem apresentar icterícia prolongada, hiporreflexia e hiperreflexia
e efeitos extrapiramidais. Em crianças com doenças agudas (sarampo, infecções do
SNC, desidratação, gastroenterite), desenvolvem-se com maior facilidade reacções
neuromusculares, principalmente distonias.

INTERACÇÕES
Os antimuscarínicos antidiscinésicos ou anti-histamínicos podem intensificar os
efeitos colaterais antimuscarínicos (confusão, alucinações, pesadelos). As anfetaminas
diminuem seu efeito estimulante quando utilizadas simultaneamente com fenotiazinas.
O uso de antiácidos ou antidiarréicos pode inibir a absorção de flufenazina.
As fenotiazinas podem baixar o limiar das crises convulsivas, podendo ser,
portanto, necessário ajustar a dose de anticonvulsivantes. Os antidepressivos

3º CLE – OUT. 2001 61


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intensificam os efeitos antimuscarínicos. Os efeitos antiparkinsonianos da levodopa


podem ser inibidos pelo bloqueio dos receptores dopaminérgicos no cérebro.
O uso simultâneo de quinidina pode originar efeitos cardíacos aditivos. Os
bloqueadores beta-adrenérgicos originam uma concentração plasmática elevada de cada
medicação. O uso com antitireóideos pode aumentar o risco de agranulocitose.

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão grave do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular grave; a
relação risco-benefício deve ser avaliada na presença de alcoolismo, angina pectoris,
discrasias sanguíneas, glaucoma, disfunção hepática, Parkinson, úlcera péptica, retenção
urinária, hipertrofia prostática benigna, distúrbios convulsivos e vómitos.

HALOPERIDOL
HALDOL
HALOPERIDOL

Haloperidol é um derivado da butirofenona com efeitos similares aos das


fenotiazinas derivados da piperazina. Produz um bloqueio seletivo sobre o SNC por
bloqueio competitivo dos receptores dopaminérgicos pós-sinápticos, no sistema
dopaminérgico mesolímbico, e um aumento do intercâmbio de dopaminas no nível
cerebral para produzir a acção antipsicótica.
O decanoato, que é a forma de acção prolongada, actua como pró-fármaco,
libertando de forma lenta e estável haloperidol do veículo. O bloqueio dos receptores de
dopamina provoca reacções motoras extrapiramidais, diminui a libertação da hormona
de crescimento e aumenta a libertação de prolactina pela hipófise.
Também existe certo bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos do sistema
autónomo. Absorve-se por via oral em 70%; o seu metabolismo, realiza-se no fígado;
une-se às proteínas em 90% ou mais. Aproximadamente 40% de 1 dose oral única
excretam-se pela urina em 5 dias, dos quais 1% é fármaco inalterado. Os 15% da dose
oral excretam-se nas fezes por eliminação biliar.

INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 62


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Tratamento de distúrbios psicóticos agudos e crónicos que incluem


esquizofrenia, estados maníacos e psicose induzida por fármacos (psicose esteróidea).
Pacientes agressivos e agitados. Em esquizofrenia crónica, é indicado o decanoato de
haloperidol. Tratamento de problemas graves de comportamento. Síndrome de Gilles de
La Tourette.

REACÇÕES ADVERSAS
As crianças são muito sensíveis aos efeitos extrapiramidais. Os pacientes
geriátricos ou debilitados são mais propensos ao desenvolvimento de efeitos
extrapiramidais adversos e de hipotensão ortostática. Requerem atenção médica:
disartria, instabilidade, rigidez de braços ou pernas, tremor e agitação de dedos e mãos,
disfagia, movimentos de torção do corpo.
São de incidência mais rara: movimentos de mastigação, cansaço ou debilidade
não habituais, tonturas, alucinações, erupção cutânea, aumento de sudorese. Sinais de
superdosagem: dificuldade para respirar, tonturas, sonolência grave ou estado comatoso,
tremores musculares, espasmos, rigidez ou movimentos descontrolados ou graves.

PRECAUÇÕES
Evitar a ingestão de bebidas alcóolicas ou de outros depressores do SNC durante
o tratamento. Ter precaução se provocar sonolência durante a realização de exercícios.
Pode aparecer secura na boca (efeito antimuscarínico) e possível fotossensibilidade da
pele. Não é recomendável a sua utilização em crianças menores de 3 anos. Os pacientes
geriátricos são mais propensos à discinesia tardia e parkinsonismo.
Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos do haloperidol podem provocar um
aumento na incidência de infecção microbiana, atraso na cicatrização e gengivas
sangrentas.

INTERACÇÕES
A acção do álcool é potenciada e pode ser produzida hipotensão grave. Diminui
os efeitos estimulantes das anfetaminas e reduz os efeitos antipsicóticos do haloperidol.
Pode aumentar ou diminuir a actividade anticoagulante de derivados cumarínicos ou da
indandiona.
O haloperidol intensifica os efeitos antimuscarínicos da atropina e compostos
relacionados. Aumenta as concentrações séricas de prolactina ao indicar-se

3º CLE – OUT. 2001 63


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simultaneamente com bromocriptina. Potencia a acção de depressores do SNC. Diminui


os efeitos hipotensores da guanetidina e os efeitos terapêuticos da levodopa. Pode
provocar efeitos mentais não desejados (desorientação) usando-se simultaneamente com
metildopa.

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão do SNC, grave ou tóxica. Parkinson. A relação risco-benefício será
avaliada em alcoolismo activo, alergias, epilepsia, disfunção hepática ou renal,
hipertireoidismo ou tireotoxicose, glaucoma e retenção urinária.

PIMOZIDA
ORAP

A pimozida é um complemento sintético que pertence às difenilbutilpiperidinas.


Essas estão relacionadas com as butirofenonas e, como elas, são neurolépticos-
antipsicóticos de acção prolongada. A acção antipsicótica da pimozida deve-se ao
bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2 nos neurônios do SNC (sistema límbico e
corpo estriado).
Além dos receptores D2, outros são afectados, o que gera diferentes efeitos
adicionais (bloqueio muscarínico, bloqueio alfa1 adrenérgico, bloqueio H1
histaminérgico) que podem ser terapêuticos ou adversos. Mais de 50% da dose oral de
pimozida absorve-se no intestino e depois são extensamente metabolizados no fígado,
libertando os principais metabólitos, cuja atividade é desconhecida. Sua principal via de
eliminação é o rim. A semi-vida de eliminação em pacientes esquizofrênicos é de 55
horas, apesar de existir uma grande diferença interindividual.

INDICAÇÕES
Em pacientes com síndrome de Gilles de la Tourette que não respondem ao
tratamento habitual. Manutenção de psicóticos estabilizados, transtornos emergentes de
pacientes no limite e personalidades esquizóides, paranóicas e obsessivo-compulsivas.
Autismo infantil. Além disso, no alívio da psicopatologia da demência senil, coréia de
Huntington, neuralgia pós-herpética e onicotilomania.

3º CLE – OUT. 2001 64


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SUPERDOSAGEM
Observam-se: anomalias eletrocardiográficas, reacções extrapiramidais severas,
hipotensão, estado comatoso com depressão respiratória. Tratamento: lavagem gástrica,
assistência respiratória, administração de líquidos por via parenteral e vasopressores
(excepto adrenalina).

REACÇÕES ADVERSAS
Reacções extrapiramidais, discinesia tardia, síndrome neuroléptica maligna,
mudanças no eletrocardiograma, astenia, dor no peito, hipotensão postural, náusea,
vómitos, tonturas, tremores, doença de Parkinson, sudorese, erupções, visão turva,
cataratas.

PRECAUÇÕES
O tratamento com pimozida expõe o paciente a sérios riscos. Como outros
neurolépticos, o paciente pode desenvolver um quadro de discinesia tardia
potencialmente irreversível (risco maior nos idosos); síndrome neuroléptica maligna,
potencialmente mortal, que se manifesta com hiper-reflexia, rigidez muscular,
instabilidade autonômica e estado mental alterado; também ocorreram mortes súbitas,
talvez causadas por algum efeito da pimozida sobre o coração.

INTERACÇÕES
Fármacos que prolonguem o intervalo QT do eletrocardiograma (fenotiazinas,
antidepressivos tricíclicos, antiarrítmicos).

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão endógena, estados comatosos. Síndrome de Parkinson. Pacientes com
prolongamento do intervalo QT do eletrocardiograma, seja congênito ou
medicamentoso. Pacientes com arritmias cardíacas. Gravidez.

3º CLE – OUT. 2001 65


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PIPOTIAZINA
PIPORTIL
PIPORTIL L4

A pipotiazina é uma fenotiazina normalmente administrada como forma


farmacêutica de libertação lenta (depot) por via intramuscular, embora também possa
ser administrada por via oral. Como antipsicótico, a pipotriazina actua bloqueando os
receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro.
As fenotiazinas produzem um bloqueio alfa-adrenérgico e deprimem a libertação
de hormonas hipotalâmicas e hipofisárias. No entanto, o bloqueio dos receptores
dopaminérgicos aumenta a libertação de prolactina na hipófise.
Como antiemético, inibe a região disparadora quimiorreceptora medular e sua
acção ansiolítica ocorre por redução indirecta dos estímulos sobre o sistema reticular do
talo encefálico. Além disso, os efeitos do bloqueio alfa-adrenérgico podem produzir
sedação. O seu metabolismo é hepático e a eliminação ocorre por via renal e biliar.

INDICAÇÕES
Tratamento dos transtornos psicóticos agudos e crónicos: é eficaz na
esquizofrenia e na fase maníaca da doença maníaco-depressiva. Tratamento do controle
de náuseas e vómitos severos em pacientes seleccionados.
Terapêutica alternativa aos fármacos de primeira linha no tratamento a curto
prazo (máximo de 12 semanas) da ansiedade psicótica. Tratamento de problemas
severos de comportamento em crianças (hiperexcitabilidade). Tratamento coadjuvante
do tétano e na porfiria aguda intermitente. Esquizofrenias. Delírios crónicos
interpretativos e passionais.

SUPERDOSAGEM
Síndrome parkinsoniana severa, coma. Tratamento: suporte sintomático.

REACÇÕES ADVERSAS
Manifestam-se com frequência: visão turva ou outras alterações na visão,
movimentos de torção do corpo por efeitos parkinsonianos extrapiramidais distônicos.
Hipotensão, obstipação, tonturas, sonolência, secura da boca, congestão nasal.

3º CLE – OUT. 2001 66


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Observam-se raramente discinesia tardia, micção difícil (por efeito


antimuscarínico), erupção cutânea, transtornos do ciclo menstrual, hipersensibilidade à
luz solar, galactorréia, náuseas, vómitos.

PRECAUÇÕES
Os pacientes que não toleram uma fenotiazina podem não tolerar as outras. As
medicações antipsicóticas elevam as concentrações de prolactina, que persistem durante
a administração crónica. Em recém-nascidos cujas mães receberam fenotiazinas no final
da gravidez descreve-se icterícia prolongada, hiporreflexia ou hiper-reflexia e efeitos
extrapiramidais. Durante a lactação manifesta-se sonolência no lactente.
Os pacientes geriátricos necessitam de uma dose inicial mais baixa pois tendem
a desenvolver concentrações plasmáticas mais elevadas, são mais propensos à
hipotensão ortostática e mostram uma sensibilidade aumentada aos efeitos
antimuscarínicos e sedativos das fenotiazinas.
Também são propensos a desenvolver efeitos secundários extrapiramidais, tais
como discinesia tardia e parkinsonismo. Sugere-se administrar em pacientes idosos a
metade da dose do adulto. Por seu efeito antimuscarínico pode diminuir e inibir o fluxo
salivar e contribuir ao desenvolvimento de cáries, doença periodontal e candidíase oral.
Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos das fenotiazinas podem aumentar a
incidência de infecção microbiana, atraso na cicatrização e hemorragia gengival.

INTERACÇÕES
Os anti-histamínicos e antimuscarínicos intensificam os efeitos antimuscarínicos
das fenotiazinas, especialmente confusão, alucinações e pesadelos. As anfetaminas
podem produzir redução dos efeitos antipsicóticos das fenotiazinas e por sua vez as
fenotiazinas podem diminuir o efeito estimulante das anfetaminas.
As fenotiazinas podem diminuir o limiar para as crises convulsivas, sendo
necessário ajustar as doses dos anticonvulsivantes. Podem inibir o metabolismo da
fenitoína e causar toxicidade por fenitoína. O uso concomitante com antitireóideos pode
aumentar o risco de agranulocitose; com a bromocriptina podem aumentar as
concentrações séricas de prolactina.
Os efeitos antiparkinsonianos da levodopa podem ser diminuídos devido ao
bloqueio dos receptores dopaminérgicos no cérebro. O uso concomitante com

3º CLE – OUT. 2001 67


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bloqueadores beta-adrenérgicos provoca a elevação da concentração plasmática de cada


medicação.

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão severa do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular severa. A
relação risco-benefício deve ser avaliada nas seguintes situações: alcoolismo, angina do
peito, discrasias sangüíneas, glaucoma, disfunção hepática, doença de Parkinson, úlcera
péptica, retenção urinária, síndrome de Reye, transtornos convulsivos, vómitos.
Antecedentes de agranulocitose tóxica, porfiria e glaucoma. Gravidez e lactação.
Risco de retenção urinária em transtornos uretrais ou prostáticos.

PENFLURIDOL
SEMAP

Como penfluridol não é sedativo potente, ele deve ser usado em combinação
com psicotrópicos sedativos, quando usado em pacientes agitados ou agressivos.
Penfluridol deve ser usado com cautela em pacientes com disfunção hepática.
Acredita-se que os neurolépticos possam baixar o limiar convulsivo e devem,
portanto, ser usados com cautela em pacientes epilépticos. Se necessário, as doses dos
anticonvulsivantes devem ser adaptadas nestes pacientes.
Pacientes idosos podem ser particularmente sensíveis, especialmente aos efeitos
extrapiramidais recomenda-se reduzir as doses iniciais pela metade.
A segurança de penfluridol em crianças menores de 12 anos não foi estabelecida.
Discinesia tardia. Como todo agente neuroléptico pode-se observar discinesia
tardia em alguns pacientes submetidos a terapia prolongada ou após a interrupção do
medicamento. As manifestações podem ser permanentes em alguns pacientes.
Tal síndrome é principalmente caracterizada por movimentos involuntários rítmicos da
língua, face, boca ou mandibula. Não há nenhum tratamento eficaz conhecido.
Agentes antiparkinsonianos normalmente não aliviam os sintomas desta síndrome.

INTERACÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 68


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Como ocorre com todos os neurolépticos, o penfluridol pode intensificar a


depressão do SNC produzida por outros depressores do SNC, incluindo álcool,
hipnóticos, sedativos ou analgésicos potentes.
Da mesma forma, apesar do penfluridol não ter efeito depressor sobre a
respiração, ele pode potenciar a depressão respiratória causada por morfinomiméticos.
Quando administrado concomitantemente com anti-hipertensivos, penfluridol pode
intensificar a hipotensão ortostática.
Quando drogas indutoras enzimáticas (tais como o fenobarbital, a
carbamazepina ou a fenitoína) forem administradas concomitantemente, a dose de
penfluridol deve ser aumentada.
Penfluridol inibe a acção de agonistas dopaminérgicos, tais como a L-dopa ou a
bromocriptina. Não foram relatadas incompatibilidades com outros psicotrópicos.

REAÇÕES ADVERSAS
Os efeitos colaterais são raros e geralmente brandos.
Efeitos neurológicos: Aparecem cerca de 4-6 horas após a administração da dose
semanal e são mais pronunciados no dia seguinte. Normalmente, diminuem em 48 horas
e tendem a desaparecer espontaneamente, dentro de 3 a 6 semanas, conforme o
tratamento e continuado.
Os sintomas extrapiramidais, que ocorrem devido ao bloqueio dopaminérgico,
raramente aparecem em doses inferiores a 10 mg de penfluridol por semana. As
manifestações clínicas mais comuns desses sintomas são:
Parkinsonismo: Bradicinesia, rigidez muscular, dificuldade para caminhar, ausência de
expressão facial, tremor, micrografia. Distonia aguda ou discinesia: Torcicolo, trismo,
crises oculogiras. Acatisia: Incapacidade de ficar parado. Os efeitos mais
freqüentemente relatados são: Inquietação e discinesia.
Os sintomas parkinsonianos são diminuídos com administração de
anticolinérgico ou, se possível com a redução da dose.
Discinesia tardia.
Efeitos hormonais: Incluem hiperprolactinemia, que em alguns casos pode levar
a galactorréia ou amenorréia.
Síndrome neuroléptica maligna: Como ocorre com outros neurolépticos, em
raros casos foram relatados este tipo de síndrome ao penfluridol. Esta síndrome
constitui uma resposta idiossincrásica desenvolvida rapidamente, caracterizada por

3º CLE – OUT. 2001 69


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hipertermia, rigidez muscular, instabilidade autonómica, alteração de consciência, coma


e aumento nos níveis de CPK.
Sinais de instabilidade autonómica, tais como, taquicardia, pressão arterial lábil
e sudorese podem preceder a hipertermia, agindo como sinais de advertência.
O tratamento antipsicótico deve ser interrompido imediatamente e instituída terapia de
suporte apropriada e cuidadosa monitorização do paciente.
Outros efeitos: Efeitos colaterais autonómicos, tais como, distúrbios visuais e
hipotensão, sintomas gastrintestinais, incluindo náusea e vómito, podem ocorrer
principalmente no início do tratamento. Fadiga, hipersalivação ou sudorese excessiva
podem ocorrer no dia seguinte a administração da dose semanal de penfluridol.
Outras observações incluem: Tonturas, sonolência, cefaléias, reacções cutâneas e
ganho de peso. Depressão tem sido ocasionalmente reportada.
Foram relatados casos isolados de alteração na função hepática e taquicardia
benigna após a administração de neurolépticos.
Efeitos sobre a capacidade de dirigir ou operar máquinas:
Pacientes que queiram dirigir ou operar máquinas devem ser alertados sobre a
possibilidade de sonolência e prejuízos sobre o estado de alerta, especialmente durante o
primeiro dia de tratamento.

CONTRA-INDICAÇÕES
Penfluridol não deve ser usado em distúrbios depressivos e síndrome de
Parkinson.
Penfluridol é contra indicado nas depressões do SNC e em estados comatosos. Não deve
ser usado em pacientes com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da
fórmula ou a qualquer derivado difenilbutilpiperidínico.

7.4. Antipsicóticos Sedativos

CLORPROMAZINA: Amplictil, Clorpromazina


LEVOMEPROMAZINA: Levozine, Neozine
SULPIRIDA: Dogmatil, Equilid
TIORIDAZINA: Melleril
TRIFLUOPERAZINA: Stelazine

3º CLE – OUT. 2001 70


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CLORPROMAZINA
AMPLICTIL
CLORPROMAZINA

Como antipsicótico a clorpromazina atua bloqueando os receptores pós-


sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. As fenotiazinas também produzem
um bloqueio alfa-adrenérgico e deprimem a libertação de hormonas hipotalâmicas e
hipofisárias. Ainda assim, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos aumenta a
libertação de prolactina na hipófise.
Como antiemético, inibe a zona disparadora químio-receptora medular, e sua
ação ansiolítica pode ocorrer por redução indireta dos estímulos sobre o sistema
reticular do talo encefálico. Além disso, os efeitos de bloqueio alfa-adrenérgico podem
ocasionar sedação. Seu metabolismo é hepático e elimina-se por via renal e biliar.

INDICAÇÕES
Tratamento dos distúrbios psicóticos; é eficaz na esquizofrenia e na fase maníaca
da doença maníaco-depressiva. Tratamento do controle de náuseas e vômitos graves em
pacientes selecionados. Terapêutica alternativa para fármacos de primeira linha no
tratamento de curto prazo (não mais de 12 semanas) da ansiedade não psicótica.
Tratamento de problemas graves de comportamento em crianças (hiperexcitabilidade).
Tratamento coadjuvante de tétano e na porfiria aguda intermitente.

REACÇÕES ADVERSAS
São de aparição mais freqüente: visão turva ou qualquer alteração na visão,
movimentos de torção do corpo por efeitos parkinsonianos extrapiramidais distônicos.
Hipotensão, Obstipação, enjoos, sonolência, secura na boca, congestão nasal.
Raramente se observa discinesia tardia, micção difícil (por efeito
antimuscarínico), erupção cutânea, distúrbios do ciclo menstrual, hipersensibilidade à
luz solar, galactorréia, náuseas, vômitos.

PRECAUÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 71


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Os pacientes que não toleram uma fenotiazina podem não tolerar outras. As
medicações antipsicóticas elevam as concentrações de prolactina, que persistem durante
a administração crónica. Em recém-nascidos cujas mães receberam fenotiazinas no final
da gravidez foram descritas icterícia prolongada, hiporreflexia ou hiperreflexia e efeitos
extrapiramidais.
Durante a lactação observa-se sonolência no lactente. Os pacientes geriátricos
necessitam de uma dose inicial mais baixa, pois tendem a desenvolver concentrações
plasmáticas mais elevadas, são mais propensos à hipotensão ortostática e monstram uma
sensibilidade aumentada aos efeitos antimuscarínicos e sedativos das fenotiazinas.
Também são mais propensos a desenvolver efeitos colaterais extrapiramidais,
tais como discinesia tardia e parkinsonismo. Sugere-se administrar aos pacientes idosos
a metade da dose usual do adulto. O seu efeito antimuscarínico, pode diminuir ou inibir
o fluxo salivar e contribuir para o desenvolvimento de cáries, doença periodontal e
candidíase oral.Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos das fenotiazinas podem
aumentar a incidência de infecção microbiana, atraso na cicatrização e hemorragia
gengival.

INTERACÇÕES
Os anti-histamínicos e os antimuscarínicos intensificam os efeitos
antimuscarínicos das fenotiazinas, principalmente confusão, alucinações e pesadelos. As
anfetaminas podem produzir redução dos efeitos antipsicóticos das fenotiazinas e estas
diminuem o efeito estimulante das anfetaminas.
As fenotiazinas podem baixar o limiar para crises convulsivas, sendo necessário
ajustar a dose dos anticonvulsivos. Podem inibir o metabolismo da fenitoína e dar
origem a toxicidade por fenitoína. O uso simultâneo com antitireoidianos pode
aumentar o risco de agranulocitose; com a bromocriptina, podem aumentar as
concentrações séricas de prolactina. Pode-se inibir os efeitos antiparkinsonianos da
levodopa devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos no cérebro.
O uso simultâneo com bloqueadores beta-adrenérgicos origina uma
concentração plasmática elevada de cada medicação.

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão grave do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular grave. A
relação risco-benefício deve ser avaliada nas seguintes situações: alcoolismo, angina

3º CLE – OUT. 2001 72


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pectoris, discrasias sanguíneas, glaucoma, disfunção hepática, Parkinson, úlcera péptica,


retenção urinária, síndrome de Reye, distúrbios convulsivos, vômitos.

LEVOMEPROMAZINA
LEVOZINE
NEOZINE

A levomepromazina é um antipsicótico que pertence à classe das fenotiazinas


alifáticas como a clorpromazina. Quimicamente é a metotrimeprazina, somente utilizada
como isómero levógiro denominado levomepromazina. O seu mecanismo de acção
ocorre bloqueando os receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos
cerebrais.
Possui uma potência farmacológica menor (1/3) que a clorpromazina e, tal como
ela, desenvolve efeito sedativo, potencializador de analgésicos (neuroleptoanalgesia).
Em quadros psicóticos e na esquizofrenia a levomepromazina é activa em casos agudos
com excitação e agitação. A sua administração oral garante uma boa absorção e
biodisponibilidade do fármaco. Passa por biotransformação metabólica hepática e é
eliminada especialmente pela urina e bílis.

INDICAÇÕES
Psicopatias agudas ou crónicas. Esquizofrenias crónicas. Síndromes de excitação
psicomotora. Psicoses, alucinações.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
Foram descritos: boca seca, astenia, sonolência, agitação, insónia, cefaléias,
discinesias precoces e tardias, fotossensibilidade, depressão do SNC,
hiperprolactinemia, extrapiramidalismo, distúrbios da visão, tonturas, congestão nasal,
hipotensão arterial, icterícia obstrutiva, disúria, amenorréia, galactorréia.
Incompatibilidade cruzada com outros neurolépticos fenotiazínicos (clorpromazina).

PRECAUÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 73


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Em casos de tratamento prolongado devem ser realizados controlos periódicos


da função medular, hepática, renal e oftálmica. O tratamento deve ser cuidadosamente
monitorizado em indivíduos parkinsonianos, epilépticos e cardíacos. Os pacientes não
devem ser expostos a radiação solar ou ultravioleta.
Em casos de hipertermia é imperativa a suspensão do tratamento para avaliação
de possível caso de síndrome neuroléptica maligna. A administração durante a gravidez
e a lactação deverá ser avaliada conforme a relação risco/benefício.

INTERACÇÕES
Anticolinérgicos e anti-histamínicos H1 potencializam os efeitos da
levomepromazina. Fármacos mielodepressores: potencializam a leucopenia e
trombocitopenia. Anestésicos gerais: pacientes submetidos a tratamento prolongado
com levomepromazina requerem doses menores de anestésico geral.
Aminas: podem reduzir a eficácia do neuroléptico e esse, por sua vez, o efeito
estimulante das anfetaminas. Podem ser afetados os efeitos dos fármacos
anticonvulsivantes (fenitoínas) ao reduzirmos o limiar para as crises convulsivas.
As respostas antiparkinsonianas da levodopa podem ser afectadas ao bloquear os
receptores cerebrais dopaminérgicos. Também podem ocorrer interacções
medicamentosas com os seguintes fármacos: antidepressivos tricíclicos, antitireóideos,
betabloqueadores adrenérgicos, anticolinérgicos, álcool, antiparkinsonianos e anti-
hipertensivos.

CONTRA-INDICAÇÕES
Em pacientes debilitados, caquéticos e idosos. Pacientes comatosos
especialmente aqueles que estejam recebendo fármacos neurodepressores. Indivíduos
com antecedentes de depressão medular, glaucoma, hipertrofia prostática, taquicardia.
Doença de Parkinson. Insuficiência hepática, cardiopatia isquêmica, patologias
convulsivantes (epilepsia).

SULPIRIDA
DOGMATIL
EQUILID

3º CLE – OUT. 2001 74


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A sulpirida é um bloqueador dopaminérgico "selectivo" sobre os receptores D2


das vias mesolímbica e mesocortical, sem ação sobre outros subtipos de receptores (D1,
D3, D4 e D5). Esta afinidade sobre os receptores dopaminérgicos D2 faz com que seja
menos tolerada e produz menos efeitos adversos – bloqueio muscarínico, bloqueio
alfa1, bloqueio H1 – do que outros antipsicóticos clássicos não selectivos.

INDICAÇÕES
Dispepsia, discinesia, somatizações viscerais, cólon irritável, colite ulcerosa.
Distúrbios somatiformes. Doenças psicossomáticas.

REACÇÕES ADVERSAS
Em alguns pacientes foram assinalados tremores, sonolência,
extrapiramidalismo, tonturas, cefaléia, astenia, secura na boca, ginecomastia,
galactorréia, erupção cutânea.

PRECAUÇÕES
Não associar com antidepressivos IMAOs. A relação risco-benefício deverá ser
avaliada em pacientes com glaucoma. Não ministrar com bebidas alcoólicas ou
fármacos depressores do SNC. Empregar com precaução na presença de insuficiência
renal ou hepática.

CONTRA-INDICAÇÕES
Feocromocitoma, Parkinson, epilepsia, gravidez e lactação, miastenia grave.
Hipersensibilidade ao fármaco.

TIORIDAZINA
MELLERIL

Em doses elevadas a tioridazina possui uma acção farmacológica básica similar


à de outras fenotiazinas, porém, no espectro clínico, observam-se diferenças
significativas com efeitos extrapiramidais mínimos e acção antiemética débil.

3º CLE – OUT. 2001 75


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A sua absorção é rápida e completa. A sua concentração plasmática máxima é


alcançada após 2 a 4 horas de sua ingestão. A sua fixação às proteínas é de 95%.
Metaboliza-se no fígado e alguns de seus metabólitos possuem propriedades
farmacodinâmicas similares às da droga-base (fenotiazina).
A meia-vida de eliminação plasmática é de aproximadamente 10 horas.
Atravessa a placenta e passa ao leite materno.

INDICAÇÕES
Ansiedade, estados de tensão, agitação, distúrbios emocionais e do sono.
Geriatria: estados de confusão, ansiosos, depressivos e insónia. Pediatria: dificuldade de
concentração, distúrbios de conduta como hiperatividade ou agressividade. Pacientes
psicóticos internados ou ambulatoriais.

REACÇÕES ADVERSAS
Sedação, vertigem, hipotensão ortostática, secura na boca, distúrbios da
acomodação visual, galactorréia, irregularidade do ciclo menstrual, erupção cutânea,
fotossensibilidade.
Náuseas, obstipação, icterícia. Em casos isolados, com doses elevadas de
tioridazina, observaram-se rigidez muscular e sintomas extrapiramidais, arritmias ou
paragem cardíaca.
Em tratamentos a longo prazo, com doses superiores a 800mg/dia, foram
descritas retinopatias pigmentárias.

PRECAUÇÕES
Em pacientes com glaucoma de ângulo fechado, hipertrofia prostática ou doença
cardiovascular grave. Devem ser realizadas contagens leucocitárias regularmente
durante o tratamento, por possível leucopenia ou agranulocitose, e controle da função
hepática em doentes com antecedentes. Durante a gravidez, deverá ser prescrita somente
em casos estritamente indicados.

INTERACÇÕES
Aumenta os efeitos depressivos do álcool sobre o SNC, dos depressores do SNC
e anti-histamínicos, os efeitos antimuscarínicos dos anticolinérgicos e dos inibidores da
quinidina sobre a contratilidade miocárdica.

3º CLE – OUT. 2001 76


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Diminui os efeitos antiparkinsonianos da L-dopa e baixa o limiar do ataque


convulsivo em pacientes epilépticos. Reduz o efeito pressor dos vasoconstritores
adrenégicos. O uso junto com IMAO prolonga e aumenta o efeito sedativo e
antimuscarínico das fenotiazinas. As drogas antiácidas e antidiarréicas inibem a
absorção das fenotiazinas.
O uso junto com lítio agrava sintomas extrapiramidais e a neurotoxicidade dos
agentes neurolépticos.

CONTRA-INDICAÇÕES
Estados comatosos ou depressão do SNC grave, hipersensibilidade a outras
fenotiazinas e antecedentes de discrasias sanguíneas. Doença vascular grave. Lactação.

TRIFLUOPERAZINA
STELAZINE

Como antipsicótico a trifluoperazina, actua bloqueando os receptores pós-


sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. As fenotiazinas também produzem
um bloqueio alfa-adrenérgico e deprimem a libertação de hormonas hipotalâmicas e
hipofisárias. O bloqueio dos receptores dopaminérgicos aumenta a libertação de
prolactina na hipófise.
Inibe a zona disparadora quimiorreceptora medular e actua, assim, como
antiemético. Acredita-se que a sua acção ansiolítica seja produzida por redução indirecta
dos estímulos sobre o sistema reticular do talo encefálico. Os efeitos do bloqueio alfa-
adrenérgico podem produzir sedação. Seu metabolismo é hepático e elimina-se por via
renal e biliar. Tem forte efeito extrapiramidal, porém efeitos antimuscarínicos e
sedativos débeis.

INDICAÇÕES
Tratamento de distúrbios psicóticos como esquizofrenia e na fase maníaca da
doença maníaco-depressiva. Tratamento do controle de náuseas e vómitos graves em
pacientes seleccionados. Terapêutica alternativa dos fármacos de primeira linha no
tratamento a curto prazo (não mais de 12 semanas) da ansiedade psicótica.

3º CLE – OUT. 2001 77


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REACÇÕES ADVERSAS
São de aparição mais frequente: efeitos parkinsonianos, extrapiramidais
distônicos (mais frequentes em idosos), congestão nasal. Raras vezes se observa: visão
turva ou qualquer alteração de visão, discinesia tardia, micção difícil, hipotensão,
erupção cutânea, distúrbios do ciclo menstrual, constipação, sonolência, secura na boca,
secreção de leite não habitual, náuseas, vómitos.

PRECAUÇÕES
Os pacientes que não toleram uma fenotiazina podem não tolerar também outras
fenotiazinas. As medicações antipsicóticas elevam as concentrações de prolactina e
persistem durante a administração crónica. Nos recém-nascidos, cujas mães receberam
fenotiazinas no final da gravidez, foram descritos icterícia prolongada, hiporreflexia ou
hiperreflexia e efeitos extrapiramidais.
Durante a lactação observa-se sonolência no lactente. Os pacientes geriátricos
necessitam de uma dose inicial mais baixa, pois tendem a desenvolver concentrações
plasmáticas mais elevadas, são mais propensos à hipotensão ortostática e demonstram
uma sensibilidade aumentada aos efeitos antimuscarínicos e sedativos das fenotiazinas.
Também são mais propensos a desenvolver efeitos secundários extrapiramidais, tais
como discinesia tardia e parkinsonismo.
Sugere-se administrar aos pacientes idosos a metade da dose usual para adultos.
Pelo seu efeito antimuscarínico, pode diminuir ou inibir o fluxo salivar, contribuindo
para o desenvolvimento de cáries, doença periodontal, candidíase oral. Os efeitos
leucopênicos e trombocitopênicos das fenotiazinas podem aumentar a incidência de
infecção microbiana, atraso na cicatrização e hemorragia gengival.

INTERACÇÕES
Os anti-histamínicos e os antimuscarínicos intensificam os efeitos
antimuscarínicos das fenotiazinas, principalmente confusão, alucinações e pesadelos. As
anfetaminas podem produzir redução dos efeitos antipsicóticos das fenotiazinas e estas,
reduzir o efeito estimulante das anfetaminas.
As fenotiazinas podem baixar o limiar para as crises convulsivas, razão pela qual
é necessário ajustar a dose dos anticonvulsivos. Podem inibir o metabolismo da
fenitoína e originar a toxicidade por fenitoína. O uso simultâneo com antitireóideos

3º CLE – OUT. 2001 78


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pode aumentar o risco de agranulocitose, e a bromocriptina pode aumentar as


concentrações séricas de prolactina.
Podem-se inibir os efeitos antiparkinsonianos da levodopa devido ao bloqueio
dos receptores dopaminérgicos no cérebro. O uso simultâneo com bloqueadores beta-
adrenérgicos dá lugar a uma concentração plasmática elevada de cada medicação.

CONTRA-INDICAÇÕES
Depressão do SNC grave, estados comatosos, doença cardiovascular grave. A
relação risco-benefício deverá ser avaliada nas seguintes situações: alcoolismo, angina
pectoris, discrasias sanguíneas, glaucoma, disfunção hepática, Parkinson, úlcera péptica,
retenção urinária, síndrome de Reye, distúrbios convulsivos, vómitos

7.5. Antipsicóticos Atípicos ou de 2ª Geração

Em 1990 surgem os antipsicóticos de segunda geração, que trouxeram uma nova


perspectiva para o tratamento da doença. A clozapina, considerada o primeiro
antipsicótico de segunda geração (ou atípico) foi descoberta em 1970 mas, devido ao
problema da agranulocitose, aparece no mercado somente em 1988.
Logo, outros antipsicóticos de segunda geração entram no mercado, para alívio
dos milhões de esquizofrênicos. A risperidona foi lançada em 1994, a olanzapina em
1996, a quetiapina em 1997 e a ziprasidona no ano 2000.
Os neurolépticos atípicos, ou de 2a. geração, não podem ser classificados de
sedativos ou incisivos tendo em vista a diversidade de ação, ora cumprindo um objetivo,
ora outro.
Esses novos medicamentos tem se mostrado um novo e valioso recurso
terapêutico nas psicoses, principalmente naquelas refratárias aos antipsicóticos
tradicionais, nos casos de intolerância aos efeitos colaterais extra piramidais, bem como
nas psicoses predominantemente com sintomas negativos, onde os antipsicóticos
tradicionais podem ser ineficazes.

3º CLE – OUT. 2001 79


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De forma ampla os Antipsicóticos Atípicos são definidos como uma nova classe
desses medicamentos que causam menos efeitos colaterais extra-piramidais, ao menos
em doses terapêuticas. Eles são os seguintes:

AMISULPRIDA: Socian
CLOZAPINA: Leponex
OLANZAPINA: Zyprexa
QUETIAPINA: Seroquel
RISPERIDONA: Risperdal
ZUCLOPENTIXOL: Clopixol
ZIPRASIDONA: Geodon

A utilidade dos antipsicóticos atípicos já é considerada um vitória recente na história da


terapêutica das psicoses. Pesquisas sistemáticas estabelecem como sólida a
superioridade dos Antipsicóticos Atípicos, como por exemplo, a clozapina, entre outros,
frente aos antipsicóticos típicos ou convencionais.
E essa superioridade terapêutica não se vê apenas nas melhoras clinicas dos
pacientes crónicos, ou na escassez de efeitos colaterais, mas também na prevenção das
tão temidas recaídas.
Pelas diferenças em perfil clínico-terapêutico podemos classificar estes
antipsicóticos de 2a geração, por ordem decrescente de atipicidade. Esta atipicidade é
definida como: eficácia sobre sintomas negativos esquizofrênicos, baixo risco de
sintomas extrapiramidais e ausência de elevação duradoura da prolactina. São
classificados em pelo menos três níveis:
nível I - clozapina;
nível II - olanzapina, quetiapina, ziprasidona e;
nível III - risperidona, amissulprida.
Um dos efeitos colaterais mais temidos e ocasionados pelo uso prolongado de
antipsicóticos é a Discinesia Tardia. Porém, afortunadamente, estudos com seres
humanos e com animais através de técnicas de neuroimagem e exames histológicos já
mostraram que doses repetidas dos antipsicóticos atípicos de segunda geração, em graus
variáveis, induzem uma menor proliferação dos receptores dopaminérgicos, em
comparação com os antipsicóticos típicos, facto este relacionado à menor probabilidade
de Discinesia Tardia.

3º CLE – OUT. 2001 80


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CLOZAPINA
LEPONEX

PROPRIEDADES
É um novo antipsicótico diferente dos neurolépticos clássicos cujo mecanismo
de acção pode ser devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos, tanto D1 como
D2, no sistema límbico.
Esse bloqueio selectivo explicaria a ausência de fenômenos extrapiramidais, a
sua notável e rápida sedação e a sua forte acção antipsicótica e antiesquizofrênica, assim
como seu leve efeito sobre os níveis de prolactina.
Devido a essa última acção o risco de efeitos adversos como ginecomastia,
amenorréia, galactorréia e impotência é menor. A clozapina desenvolve efeitos
anticolinérgicos, anti-histamínicos, noradrenérgicos.
O inédito e revolucionário perfil terapêutico demonstrado pela clozapina, ao lado
das suas importantes limitações em segurança, já que pode ser capaz de produzir a
agranulocitose, ajudou a estimular, na década de 1990, a busca por novos antipsicóticos
que, alcançando o mesmo potencial terapêutico e a boa tolerabilidade extrapiramidal,
não apresentassem o mesmo risco dos graves problemas hematológicos com ela
registado.
A busca deflagrada por um sucessor da clozapina forneceu uma série de novos
fármacos, alguns ainda em desenvolvimento.
Em indivíduos esquizofrênicos a clozapina melhora tanto os sintomas positivos
como negativos em 30%-35% dos casos e, em 60% dos casos se o tratamento se
prolonga por 12 ou mais meses.
A absorção digestiva após a administração por via oral é rápida e completa
(90%-95%) e não se modifica com a ingestão de alimentos. A sua biodisponibilidade é
de 50%-60% devido ao efeito de primeira passagem hepática, após o qual liberta dois
metabólitos principais, dos quais a desmetilclozapina é o terapeuticamente activo.
A concentração máxima plasmática é atingida após 2 horas (0,4 a 4,2 horas) em
um regime posológico de duas tomadas diárias; possui uma elevada ligação às proteínas
plasmáticas (90%) e sua excreção é bifásica, com uma semi-vida média de 12 horas.
Somente uma mínima proporção do fármaco excretado está inalterada, pois 50%
da dose administrada elimina-se metabolizados pela urina e 30% pelas fezes.Devido às

3º CLE – OUT. 2001 81


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suas características, esse antipsicótico atípico está sujeito ao sistema denominado


farmacovigilância intensiva.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS
A clozapina é um antipsicótico que tem demonstrado ser diferente dos
neurolépticos clássicos. Em estudos farmacológicos experimentais clozapina não induz
catalepsia nem inibe o comportamento estereotipado induzido por apomorfina ou
anfetamina.
A droga apresenta apenas fraca actividade bloqueadora de dopamina em
receptores D1, D2, D3 e D5, mas demonstra elevada potência em receptores D4, além
de potente efeito antiadrenérgico, anticolinérgico, anti-histamínico e inibidor da reacção
de alerta. Apresenta também propriedades anti-serotoninérgicas.
Clinicamente clozapina produz sedação rápida e acentuada e exerce potente
efeito antipsicótico. É de particular interesse que este é observado em pacientes
esquizofrênicos resistentes a outros tratamentos medicamentosos. Nesses pacientes,
clozapina é eficaz no alívio tanto de sintomas positivos como negativos.
Observa-se uma melhoria clínica relevante em cerca de um terço dos pacientes
nas primeiras seis semanas de tratamento e em aproximadamente 60% dos pacientes nos
quais se mantém o tratamento por até 12 meses. Além disso, tem sido descrita melhora
em alguns aspectos de alterações cognitivas.
Estudos epidemiológicos demonstraram também uma redução de
aproximadamente sete vezes na ocorrência de suicídio e tentativas de suicídio em
pacientes tratados com clozapina, comparadas a esquizofrênicos não tratados com
clozapina. Clozapina é único no sentido de que não produz virtualmente nenhuma das
reacções extrapiramidais mais relevantes, como distonia aguda. Síndrome parkinsoniana
e acatisia são raras.
Ao contrário dos neurolépticos clássicos, clozapina produz pequena ou nenhuma
elevação de prolactina, evitando, portanto, efeitos colaterais como ginecomastia,
amenorréia, galactorréia e impotência sexual. Uma reacção adversa potencialmente
grave produzida pelo tratamento com clozapina é granulocitopenia e agranulocitose,
com ocorrência estimada de 3% e 0,7%, respectivamente.
Em vista do risco desse efeito colateral, o uso de clozapina deve ser limitado a
pacientes resistentes ao tratamento neuroléptico convencional, nos quais se possam
realizar exames hematológicos regulares

3º CLE – OUT. 2001 82


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INDICAÇÕES
Psicoses severas: esquizofrenia especialmente em formas refratárias a outros
tratamentos (esquizofrênicos resistentes). Desequilíbrios bipolares incluindo síndromes
maníaco-depressivas.

SUPERDOSAGEM
A superdose produz alteração dos estados de consciência, como adormecimento,
delírio e coma, hipotensão, taquicardia, depressão ou paragem respiratória, sialorréia e
em poucos casos tremores. Tratamento: manter a ventilação e a oxigenação, administrar
carvão activado, monitorização cardíaca e cuidados sintomáticos. Evitar a adrenalina e
seus derivados para tratar a hipotensão, e quinidina e procainamida para as arritmias
cardíacas. A hemodiálise e a diálise peritoneal são pouco eficazes.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
Em nível medular pode provocar agranulocitose mortal – embora em certas
ocasiões possa ser reversível – a qual se manifesta nas primeiras 18 semanas de
tratamento. No SNC, sedação, sonolência, cefaléia, tonturas e alterações no EEG com
complexos espiga-onda. Pode reduzir o limiar convulsivante (efeito dose-dependente) e
induzir convulsões, obrigando assim a reduzir a dose e ao mesmo tempo adicionar
tratamento com anticonvulsivantes.
Os sintomas e sinais extrapiramidais que podem ocorrer são muito menores que
os gerados pelos neurolépticos clássicos; outros fenômenos indesejáveis indicados são
visão turva, secura da boca, taquicardia, hipotensão arterial, náuseas, vómitos,
obstipação, febre e raramente elevação das enzimas hepáticas, eosinofilia, priapismo,
retenção urinária, aumento de peso, rash cutâneo. Todos esses fenômenos são
percebidos durante terapias prolongadas ou com doses elevadas.

PRECAUÇÕES
Administrar somente em pacientes com doença severa ou refratária devido ao
risco de agranulocitose. Controlar semanalmente os parâmetros hematológicos antes e
durante o tratamento. Se o tratamento for suspenso, controle hematológico deve
continuar durante quatro semanas após a suspensão.

3º CLE – OUT. 2001 83


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O tratamento prolongado aumenta o risco de convulsões (5%). Em algumas


ocasiões registraram-se taquicardia, hipotensão ortostática com ou sem síncope,
paragem cardíaca e paragem respiratória. Como com outros neurolépticos, o paciente
pode desenvolver um quadro de discinesia tardia, potencialmente irreversível, que é de
maior risco em idosos; além disso, pode ocorrer uma síndrome neuroléptica maligna,
potencialmente mortal, com hiperpirexia, rigidez muscular, instabilidade autonômica e
estado mental alterado. Utilizar com extrema precaução em pacientes afectados por
glaucoma de ângulo agudo e hipertrofia prostática devido à sua actividade
anticolinérgica.
Utilizar com precaução em pacientes com insuficiência renal, hepática ou
cardíaca. Por não existirem provas conclusivas, recomenda-se não usar em mulheres
grávidas a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto.
Suspender a amamentação. A segurança e a eficácia em crianças menores de 16 anos
não foram estabelecidas.

INTERACÇÕES
Deve ser empregada de forma simultânea com fármacos potencialmente
mielotóxicos. Os efeitos de álcool, narcóticos, psicofármacos, anti-histamínicos, IMAO
podem ser potencializados pelo emprego simultâneo de clozapina. Efeitos aditivos
também foram observados com anticolinérgicos, anti-hipertensivos e depressores da
função ventilatória pulmonar. Os anticoagulantes orais podem aumentar as
concentrações séricas de clozapina com o risco potencial de hemorragias.
A administração de cimetidina e provavelmente outros indutores enzimáticos do
citocromo P450 pode reduzir os níveis de clozapina com o conseguinte ressurgimento
dos sintomas psicóticos. O emprego de lítio e outros fármacos para evitar a recorrência
pode aumentar o risco de manifestação de síndrome neuroléptica maligna.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade ao fármaco. Patologias hemáticas, psicose, estados de
choque, coma, colapso cardiorrespiratório, insuficiência cardíaca, hepática ou renal
grave.

3º CLE – OUT. 2001 84


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OLANZAPINA
ZYPREXA

A olanzapina está indicada para o tratamento da esquizofrenia e melhora dos


sintomas afectivos normalmente associados a esta patologia. Demonstrou-se também
ser eficaz na manutenção da melhora clínica durante o tratamento contínuo em pacientes
que tenham respondido ao tratamento inicial.
A olanzapina possui um amplo perfil farmacológico, já que actua sobre vários
tipos de receptores, dopaminérgicos, serotoninérgicos, adrenérgicos e histamínicos.
Estudos realizados in vitro e in vivo demonstraram que possui maior capacidade de
união aos receptores da serotonina e, além disso, reduz selectivamente a descarga de
neurónios dopaminérgicos mesolímbicos, com menor efeito sobre as vias estriatais,
envolvidas na função motora.
Em doses inferiores às que produzem catalepsia, a olanzapina reduz a resposta
aversiva condicionada, o que indica que sua acção antipsicótica é acompanhada de
efeitos colaterais motores mínimos. Após administração oral, a olanzapina é bem
absorvida alcançando concentração plasmática máxima de 5 a 8 horas após. A absorção
não é afectada pelas refeições. Sua união com proteínas plasmáticas é cerca de 93%. É
metabolizada principalmente no fígado, por conjugação e oxidação, e os metabólitos são
eliminados por via renal. Sua farmacocinética não é afetada pela insuficiência renal,
porém sofre modificação na presença de distúrbios hepáticos.

INDICAÇÕES
Esquizofrenia e outras psicoses em que os sintomas positivos (delírios,
alucinações, pensamento desordenado, hostilidade e medo) ou os negativos (indiferença
afectiva, depressão emocional e social, pobreza de linguagem) são predominantes.

SUPERDOSAGEM
A experiência em seres humanos é limitada, portanto os sintomas são
sonolência, depressão respiratória, visão turva, hipotensão e possíveis distúrbios
extrapiramidais.
O tratamento consiste em manter ventilação e oxigenação adequadas, utilizar
líquidos intravenosos ou agentes simpatomiméticos como a noraepinefrina. Não

3º CLE – OUT. 2001 85


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administrar epinefrina, dopamina ou betabloqueadores, pois pode piorar a hipotensão


produzida pela olanzapina.

REACÇÕES ADVERSAS
Os efeitos adversos observados são sonolência, aumento de peso e
hiperprolactinemia, com manifestações clínicas como ginecomastia e galactorréia.
Menos frequentemente foram registrados: tonturas, aumento do apetite, edema
periférico, hipotensão ortostática, secura da boca, obstipação, aumento transitório das
transaminases hepáticas e eosinofilia assintomática.

PRECAUÇÕES
Durante o tratamento com olanzapina recomendam-se controlos periódicos dos
níveis das transaminases hepáticas, principalmente naqueles pacientes com sinais e
sintomas de lesão hepática, patologias preexistentes associadas com reserva funcional
hepática limitada e naqueles sob tratamento com fármacos potencialmente
hepatotóxicos.
Caso haja aumento das enzimas, é necessário considerar a redução da dose de
olanzapina. Utilizar com precaução em pacientes com antecedentes de convulsões ou
com doenças linfoproliferativas, contagens baixas de leucócitos ou neutrófilos,
antecedentes de depressão ou toxicidade da medula óssea induzida pelo fármaco ou por
patologia concorrente. Administrar com precaução a pacientes com hipertrofia da
próstata, íleo paralítico, glaucoma de ângulo fechado ou afecções correlacionadas, em
função da actividade anticolinérgica potencial deste fármaco.
Estudos em animais indicaram que a olanzapina não possui efeitos
carcinogênicos, teratogênicos ou mutagênicos. Não obstante, devido à limitada
experiência em seres humanos, recomenda-se utilizá-la durante a gravidez somente
quando o benefício para a mãe justificar o risco potencial para o feto. Aconselha-se
evitar seu uso durante a amamentação. Dada a possibilidade de sonolência durante o
tratamento, recomenda-se advertir os pacientes sobre o manuseio de máquinas perigosas
ou automóveis.

INTERACÇÕES
A administração simultânea de álcool ou fármacos de acção central pode causar
aumento dos efeitos farmacológicos, como sedação. Como a olanzapina actua sobre os

3º CLE – OUT. 2001 86


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receptores dopaminérgicos, antagoniza os efeitos da levodopa ou outros agonistas


dopaminérgicos. A carbamazepina aumenta o metabolismo da olanzapina e, portanto,
diminui a sua concentração no sangue.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade conhecida a este fármaco. A relação risco/benefício deve ser
avaliada nas seguintes patologias: insuficiência hepática, antecedentes de carcinoma
mamário, epilepsia ou antecedentes de convulsões, glaucoma, principalmente de ângulo
estreito, retenção urinária, insuficiência respiratória e Parkinson.

RISPERIDONA
RISPERDAL
RISPERDON
ZARGUS

Pertence ao grupo de antipsicóticos-neurolépticos atípicos que têm uma eficácia


similar à dos clássicos, mas com um perfil de efeitos adversos diferentes deles, em
especial nos sintomas extrapiramidais que ocorrem com freqüência muito menor. O
mecanismo de acção da risperidona é desconhecido, embora se acredite que a sua
actividade é devida a um bloqueio combinado dos receptores dopaminérgicos D2 e dos
receptores serotoninérgicos S2 (antagonista dopaminérgico-serotoninérgico).
Outros efeitos da risperidona podem ser explicados pelo bloqueio dos receptores
alfa 2-adrenérgicos e histaminérgicos H1. A risperidona é bem absorvida pela mucosa
gastrintestinal e extensamente metabolizada pelo fígado.

INDICAÇÕES
Controle das manifestações das afecções psicóticas. Como coadjuvante no
tratamento de mudanças do comportamento ou transtornos afectivos em pacientes com
deficiência mental. Esquizofrenia aguda ou crónica.

SUPERDOSAGEM

3º CLE – OUT. 2001 87


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Observam-se: anomalias eletrocardiográficas, reações extrapiramidais severas,


hipotensão, sonolência e sedação. Tratamento: lavagem gástrica, assistência respiratória,
administração de líquidos por via parenteral, vasopressores, tratamento anticolinérgico.
Não administrar adrenalina nem dopamina. O paciente deve ser controlado até à sua
recuperação.

REACÇÕES ADVERSAS
Associadas com suspensão do tratamento: sintomas extrapiramidais (2,1%),
tonturas, hiperquinesia, sonolência, náuseas. Durante o tratamento: insónia (26%),
agitação (22%), ansiedade (12%), sonolência, agressão, sintomas extrapiramidais
(17%), dor de cabeça (14%), tonturas, obstipação, náuseas, dispepsia, vómitos, dor
abdominal, sialorréia, dor dental, rinite (10%), tosse, sinusite, dorsalgias ou dores no
peito, febre, seborréia, visão anormal, artralgia, taquicardia, diminuição do desejo
sexual. A aparição dos efeitos extrapiramidais está relacionada com a dose de
risperidona administrada.

PRECAUÇÕES
O tratamento com risperidona expõe o paciente a sérios riscos. Como com outros
neurolépticos, o paciente pode desenvolver um quadro de discinesia tardia,
potencialmente irreversível (maior risco em idosos); síndrome neuroléptica maligna,
potencialmente mortal, que é manifestada com hiperpirexia, rigidez muscular,
instabilidade autonômica e estado mental alterado. Foi observado um aumento do risco
de aparição de tumores da pituitária, endócrinos e mamários em animais.
A risperidona pode produzir hipotensão ortostática. O paciente que recebe
risperidona não deve operar maquinaria pesada nem conduzir automóveis. Não deve
consumir álcool durante o tratamento. Não amamentar. Não utilizar em mulheres
grávidas, a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto.

INTERRACÇÕES
Álcool e outros fármacos que tenham acção no SNC. A risperidona pode
potenciar o efeito dos agentes hipotensores e antagonizar a levodopa e os agonistas
dopaminérgicos. A carbamazepina pode incrementar o clearance da risperidona.

3º CLE – OUT. 2001 88


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A clozapina pode diminuir o clearance da risperidona. Os fármacos que inibem o


citocromo P450IID6 e outras isoenzimas podem interferir na biotransformação da
risperidona.

CONTRA INDICAÇÕES
Hipersensibilidade à risperidona.

QUETIAPINA
SEROQUEL

A quetiapina é um agente antipsicótico atípico que interage com uma ampla


gama de receptores de neurotransmissores exibindo maior afinidade para receptores de
serotonina (5HT) do que para receptores de dopaminérgicos D1 e D2 no cérebro. A
quetiapina tem também afinidade nos receptores histaminérgicos e alfa1-adrenérgicos,
afinidade mais baixa nos receptores alfa2-adrenérgicos mas sem afinidade apreciável
aos receptores muscarínicos colinérgicos ou benzodiazepínicos.
A quetiapina não produz elevações prolongadas da prolactina e mostra-se eficaz
no tratamento dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia.

INDICAÇÕES
Controle das manifestações das afecções psicóticas. Como coadjuvante no
tratamento de mudanças do comportamento ou transtornos afectivos em pacientes com
deficiência mental. Esquizofrenia aguda ou crónica.

SUPERDOSAGEM
Em geral, os sinais e sintomas relatados foram resultantes da exacerbação dos
efeitos farmacológicos conhecidos da quetiapina, isto é, sonolência e sedação,
taquicardia e hipotensão.
Não há antídoto específico para a quetiapina. Em casos de intoxicação grave, a
possibilidade do envolvimento de múltiplas drogas deve ser considerada e recomendam-
se procedimentos de terapia intensiva, incluindo estabelecimento e manutenção de vias

3º CLE – OUT. 2001 89


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aéreas desobstruídas, garantindo oxigenação e ventilação adequadas e monitorização e


suporte do sistema cardiovascular.
Supervisão médica e monitorização cuidadosas devem ser mantidas até a
recuperação do paciente.

REACÇÕES ADVERSAS
Os efeitos adversos significantes e relatados com maior frequência em estudos a
curto prazo foram sonolência (17.5%), tonturas (10%), obstipação (9%), hipotensão
postural (7%), boca seca (7%), a alterações de enzimas hepáticas (6%).
A quetiapina pode estar associado e astenia leve, rinite e dispepsia. Assim como
outros antipsicóticos, pode estar associado a ganho de peso limitado,
predominantemente durante as primeiras semanas de tratamento.
Assim como outros antipsicóticos com actividade de bloqueio adrenérgico a
quetiapina pode induzir hipotensão ortostática, associada a vertigem, taquicardia e
síncope em alguns pacientes. Existem relatos ocasionais de convulsões em pacientes
tratados com quetiapina embora a frequência não tenha sido maior do que a observada
em pacientes que receberam placebo em estudos clínicos controlados.
Da mesma forma que para outros agentes antipsicóticas, foram relatados casos
raros de possível síndrome neuroléptica maligna em pacientes tratados com quetiapina.
A quetiapina também tem sido associada a variações na contagem de glóbulos brancos.
Leucopenia assintomática transitória e/ou neutropenia têm sido observadas com
incidência aproximada de 1,6%.
Elevações assintomáticas nos níveis de transaminases séricas ou gama-GT foram
observadas em alguns pacientes recebendo quetiapina.

PRECAUÇÕES
Doença cardiovascular: A quetiapina pode induzir hipotensão ortostática,
especialmente no início do tratamento. Essa substância deve ser usada com cuidado am
pacientes com doença cardiovascular, doença cérebro-vascular ou outras condições que
predisponham à hipotensão.
Assim como para outros antipsicóticos, existe potencial para a quetiapina causar
discinesia tardia após tratamento em longo prazo. A segurança e a eficácia de quetiapina
durante a gestação humana não foram estabelecidas.

3º CLE – OUT. 2001 90


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INTERACÇÕES
Devido aos efeitos primários da quetiapina sobre o sistema nervoso central, ela
deve ser usada com cuidado em combinação com outros agentes de acção central e com
álcool. A co-administração da quetiapina e tioridazina causou elevações na depuração
da quetiapina.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade à quetiapina.

AMISULPRIDA
SOCIAN

A amissulprida, benzamida modificada de recente desenvolvimento na Europa,


ganhou status de atípico ao demonstrar, em doses baixas (50mg a 150mg/dia), acção
sobre sintomas negativos e afectivos secundários de esquizofrênicos crónicos, além de
baixo risco de efeitos motores extrapiramidais nos ensaios clínicos, confirmado, por
achados de selectividade límbica, ausência da up-regulation estriatal e propriedades de
agonismo dopaminérgico nos experimentos com animais in vivo e in vitro.
Ao contrário de outra benzamída, a remoxiprida, a amissulprida não esteve
relacionada à ocorrência de anemia aplástica ou de outras discrasias sanguíneas.
A sua classificação plena como atípico permanece questionável pela constatação
de bloqueio dopaminérgico clássico nas faixas de doses maiores (acima de 200mg/dia),
com registo de efeitos extrapiramidais e elevações duradouras da prolactina.

PROPRIEDADES
A Amisulprida é um neuroléptico pertencente à classe das benzamidas
substituídas, que se caracteriza por rapidez de acção e por objectivo terapêutico bipolar,
também com actividade sobre sintomas psicóticos, tanto sobre os chamados sintomas
produtivos (alucinação e delírio) quanto os chamados sintomas negativos (apatia,
desinteresse...). Após administração oral da Amisulprida, sua concentração plasmática
máxima é atingida em 3,7 horas, sendo sua biodisponibilidade na ordem de 36%.

3º CLE – OUT. 2001 91


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O volume de distribuição varia de 9 a 16 l/kg. A Amisulprida é eliminada pela


urina, principalmente sob forma inalterada; o principal metabólito (um derivado N-
óxido) representa de 4 a 10% da quantidade total eliminada. No decurso das primeiras
24 horas a eliminação é rápida (meia-vida de 2 a 3 horas), representando 80 a 98 % da
quantidade total eliminada. Após 24 horas, a eliminação se torna mais lenta, com uma
semi-vida de 12 a 19 horas. O clearance renal é de cerca de 300 ml/min.

INDICAÇÕES
Na dose de 50 a 100 mg/dia a Amisulprida é considerada um activador
Dopaminérgico, portanto, indicada nos estados deficitários e produtivos consequentes à
transtornos mentais, mais precisamente em estados depressivos caracterizados por
extrema apatia.
Na dose de 400 à 1200 mg/dia a Amisulprida é um neuroléptico pertencente à
classe das benzamidas substituídas e que se caracteriza por seu perfil terapêutico sobre
sintomas psicóticos tanto produtivos quanto deficitários.

PRECAUÇÕES
Em caso de hipertermia, é imperativo suspender o tratamento, uma vez que este
sintoma pode ser um dos elementos da síndrome maligna (caracterizada por palidez,
hipertermia e distúrbios vegetativos), descrita com o uso de neurolépticos. Esta
precaução deve ser observada sobretudo nos casos onde o produto é empregado em
doses altas. O efeito sedativo dos neurolépticos pode alterar a vigilância e tornar
perigosa a condução de veículos ou a operação de máquinas.
O emprego da Amisulprida deve ser cauteloso em pacientes idosos, devido ao
risco de uma maior sensibilidade. Em virtude da eliminação urinária do produto, é
prudente reduzir a posologia e promover tratamentos descontinuados em presença de
insuficiência renal grave. Faz-se necessário acompanhamento rigoroso quando do uso
em pacientes epilépticos, em vista da possibilidade de abaixamento do limiar
epileptogênico.
Evitar o uso em parkinsonianos, a menos que o tratamento com neurolépticos
mostre-se indispensável. A Amisulprida não deve ser administrada em pacientes com
suspeita de feocromocitoma sem um controle médico rigoroso. Bebidas alcoólicas são
fortemente desaconselhadas durante tratamento com a Amisulprida.

3º CLE – OUT. 2001 92


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INTERACÇÕES
A associação com levodopa é desaconselhada em razão do antagonismo
recíproco existente entre a levodopa e os neurolépticos. Acredita-se poder a
Amisulprida potenciar a acção de hipotensores, anti-hipertensivos e depressores do
sistema nervoso central, tais como hipnóticos, tranquilizantes, anestésicos, analgésicos,
etc.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
A Amisulprida pode provocar reacções típicas dos neurolépticos, em particular:
Sedação, Discinesias precoces (torcicolo espasmódico, crises oculógiras, trismo), que
cedem com a administração de um antiparkinsoniano anticolinérgico;
Discinesias tardias, que podem ser observadas com todos os neurolépticos durante
tratamentos prolongados. Nestes casos, os antiparkinsonianos anticolinérgicos são
desprovidos de acção, podendo inclusive provocar um agravamento do quadro.
Reações Vegetativas: Com doses elevadas, pode ocorrer hipotensão moderada,
ainda que raramente.
Variados: Amenorréia, galactorréia, ginecomastia, hiperprolactinemia, ganho de
peso.

ZOCLUPENTIXOL
CLOPIXOL

INDICAÇÕES
Esquizofrenias agudas e crónicas e outras psicoses, especialmente com sintomas
como alucinações, delírios, distúrbios do pensamento, assim como agitação,
inquietação, hostilidade e agressividade. Fase maníaca da psicose maníaco-depressiva.
Atraso mental associado com hiperatividade motora, agitação, violência e outros
distúrbios do comportamento. Demência senil com idéias paranóides, confusão e/ou
desorientação ou distúrbios do comportamento.

CONTRA-INDICAÇÕES
Intoxicações agudas por álcool, barbitúricos ou opiáceos, estados comatosos.

3º CLE – OUT. 2001 93


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PRECAUÇÕES
Zoclupentixol não deve ser ingerido com bebida alcoólica ou barbitúricos.
Pacientes em terapia por longo prazo devem ser acompanhados cuidadosamente. O
tratamento não deve ser interrompido abruptamente.
Zoclupentixol deve ser usado com precaução em pacientes com desordens
convulsivas, doença hepática ou cardiovascular avançada. Preferivelmente,
Zoclupentixol não deve ser usado durante a gravidez e a lactação.
Efeitos sobre actividades que necessitem de atenção: A capacidade de dirigir
automóveis ou de operar máquinas pode ser afectada. Portanto, deve-se tomar cuidado,
sobretudo no início do tratamento até que todas as reacções individuais do paciente
sejam conhecidas.

INTERACÇÕES
Zoclupentixol pode aumentar a resposta ao álcool e aos efeitos dos barbituricos e
outros depressores do SNC. Zoclupentixol não deve ser usado concomitantemente com
a guanetidina ou compostos de acção similar, já que os neurolépticos podem bloquear o
efeito anti-hipertensivo destes compostos.
Zoclupentixol reduz o efeito da levodopa e das drogas adrenérgicas. O uso
concomitante da metoclopramida e piperazina aumenta o risco de sintomas
extrapiramidais.

REACÇÕES ADVERSAS
Neurológicas: Podem ocorrer sintomas extrapiramidais, especialmente durante
as fases iniciais do tratamento. Na maioria dos casos, estes efeitos colaterais podem ser
controlados satisfatoriamente através da redução da dose e/ou uso de substâncias
antiparkinsonianas.
O uso profilático de rotina de medicação antiparkinsoniana não é recomendado.
A discinesia tardia pode ocorrer muito ocasionalmente em pacientes submetidos a
tratamento de longo prazo.
As drogas antiparkinsonianas não aliviam estes sintomas. Recomenda-se
redução da dose ou, se possível, a interrupção da terapia.
Psíquicas: Sonolência inicialmente.

3º CLE – OUT. 2001 94


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Autonômicas e cardiovasculares: Boca seca, distúrbio de acomodação, distúrbio


da micção, obstipação, taquicardia, hipotensão ortostática e vertigens.
Hepáticas: Podem ocorrer alterações leves e transitórias dos testes de função
hepática.

SUPERDOSAGEM
O conjunto dos seguintes sintomas pode indicar superdosagem: sonolência,
coma, sintomas extrapiramidais, convulsões, hipotensão, choque, hipo ou hipertermia.
Conduta na superdosagem: Tratamento sintomático e de suporte. Deve-se fazer lavagem
gástrica, tão rápido quanto possível, após a ingestão oral. Administrar carvão activado.
Instituir medidas de suporte dos sistemas respiratório e cardiovascular. Não se deve
utilizar epinefrina (adrenalina), pois pode resultar em redução ainda maior dos níveis
tensionais. Convulsões podem ser tratadas com diazepam e os sintomas extrapiramidais
com biperideno.
Recomendações especiais: A síndrome neuroléptica maligna (SNM) é uma
complicação rara, porém potencialmente fatal, ao uso de substâncias neurolépticas. Os
sinais da SNM são: hipertermia, rigidez muscular e flutuação do nível de consciência,
associados a disfunção autonômica (pressão sanguínea lábil, taquicardia, sudorese).
Além de imediata interrupção da medicação neuroléptica, são vitais a instituição de
medidas de suporte geral e tratamento sintomático.

ZIPRASIDONA
GEODON

A ziprasidona possui uma alta afinidade pelos receptores de dopamina tipo 2


(D2) e afinidade substancialmente maior pelos receptores de serotonina tipo 2A
(5HT2A). O bloqueio do receptor, 12 horas após a administração de uma dose única de
40 mg, foi maior que 80% para o receptor de serotonina tipo 2A e maior que 50% para o
receptor D2, utilizando a tomografia de emissão de pósitrons (PET).
A ziprasidona também interage com os receptores de serotonina 5HT2C, 5HT1D
e 5HT1A, com afinidade igual ou maior à sua afinidade pelo receptor D2. A ziprasidona
tem afinidade moderada pelos transportadores neuronais de serotonina e de

3º CLE – OUT. 2001 95


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norepinefrina e demonstra afinidade moderada pelos receptores histamínicos H-1 e


receptores alfa-1. A ziprasidona demonstra afinidade desprezível pelos receptores
muscarínicos M-1. A ziprasidona demonstrou ser antagonista tanto dos receptores de
serotonina do tipo 2A (5HT2A) como dos receptores de dopamina do tipo 2 (D2).
Sugere-se que a actividade antipsicótica seja mediada, em parte, por meio desta
combinação de actividades antagonistas.
A ziprasidona também é um potente antagonista dos receptores 5HT2C e
5HT1D, um potente agonista do receptor 5HT1A e inibe a recaptação neuronal de
norepinefrina e serotonina.
A ziprasidona tem um volume de distribuição de aproximadamente 1,1 l/kg
quando administrada por via intravenosa. A ziprasidona é amplamente metabolizada
após administração oral; apenas uma pequena quantidade (< 1%) é excretada na urina
como fármaco inalterado. A principal via metabólica leva a formação de S-metil-
diidroziprasidona, ziprasidona-sulfona e sulfóxido. Aproximadamente 20% da dose é
excretada na urina, com aproximadamente 66% sendo eliminado nas fezes. A
ziprasidona inalterada representa cerca de 46% de toda a concentração sérica
relacionada ao fármaco.
A semi-vida média da ziprasidona após administração intravenosa é de 6 horas.
O clearance sistêmico médio da ziprasidona administrada por via intravenosa é de
aproximadamente 5 ml/min/kg. Dados de segurança pré-clínicos: Estudos de segurança
pré-clínicos baseados em estudos convencionais de segurança farmacológica,
genotóxicas e de potencial carcinogênico não revelaram nenhum perigo especial para
humanos.
Efeitos adversos sobre a fertilidade, um aumento do número de filhotes
natimortos, diminuição do peso dos filhotes e atraso no desenvolvimento funcional
foram observados em doses que causaram toxicidade materna, tais como sedação e
diminuição no ganho de peso corpóreo.
A ziprasidona é eficaz no tratamento de pacientes com esquizofrenia e na
manutenção da melhora clínica durante a continuação da terapia.

CONTRA INDICAÇÕES
A ziprasidona é contra-indicado em pacientes com conhecida hipersensibilidade
à droga ou a quaisquer componentes do produto. A ziprasidona também é contra-
indicado em pacientes com conhecido prolongamento no intervalo QT, enfarte agudo do

3º CLE – OUT. 2001 96


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miocárdio, insuficiência cardíaca descompensada e arritmias tratadas com drogas


antiarrítmicas classes I e III.

PRECAUÇÕES
Uso em crianças: A segurança e a eficácia da ziprasidona em crianças menores
que 18 anos de idade ainda não foram avaliadas. Uma vez que a SNM, um complexo
raro mas potencialmente fatal, foi relatada em associação com outros fármacos
antipsicóticos, um risco potencial da ocorrência deste evento adverso durante o
tratamento com ziprasidona não pode ser excluído.
O controlo da SNM deve incluir descontinuação imediata de todos os fármacos
antipsicóticos. Discinesia tardia: Assim como ocorre com outros antipsicóticos, existe
um potencial da ziprasidona causar discinesia tardia e outras síndromes extrapiramidais
tardias após tratamento prolongado.
Se aparecerem sinais ou sintomas de discinesia tardia, deve-se considerar
redução da dose ou descontinuação da medicação. Intervalo QT: A ziprasidona causa
um prolongamento no intervalo QT de grau leve a moderado. Portanto, a ziprasidona
não deve ser administrada concomitantemente com outros medicamentos que são
conhecidos por prolongar o intervalo QT.
Distúrbios eletrolíticos tais como hipocalemia e hipomagnesemia aumentam o
risco de uma arritmia maligna e devem ser corrigidos antes de o tratamento com
ziprasidona ser iniciado. Se pacientes com doenças cardíacas estáveis forem tratados,
uma revisão no eletrocardiograma (ECG) deve ser considerada antes do início do
tratamento. Se sintomas cardíacos, tais como palpitações, vertigens, síncope ou
convulsão ocorrerem, então a possibilidade de uma arritmia cardíaca maligna ocorrer
deve ser considerada e uma avaliação cardíaca incluindo um ECG deve ser conduzida.
Se o intervalo QT é > 500 ms, é recomendado que o tratamento seja interrompido.
Convulsões: Assim como com outros antipsicóticos, recomenda-se cautela no
tratamento de pacientes com histórico de convulsões. Uso durante a gravidez e a
lactação: Estudos de toxicidade na reprodução demonstraram efeitos adversos no
processo reprodutivo apenas com doses associadas à toxicidade materna. Não houve
evidências de teratogenicidade. Mulheres com potencial de engravidar que estejam
recebendo ziprasidona devem ser aconselhadas a utilizar um método contraceptivo
adequado. Como a experiência humana é limitada, a administração de ziprasidona não é

3º CLE – OUT. 2001 97


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recomendada durante a gravidez, a menos que o benefício esperado para a mãe supere o
risco potencial ao feto.
Efeitos na habilidade de dirigir e de operar máquinas: ziprasidona (ziprasidona)
pode causar sonolência. Os pacientes que forem dirigir ou operar outras máquinas
devem, portanto, ser advertidos adequadamente.

INTERACÇÕES
Fármacos activos no SNC/Álcool: Considerando os principais efeitos da
ziprasidona no SNC, deve-se ter cautela quando for administrada em associação a
outros fármacos de acção central, incluindo aqueles que agem nos sistemas
dopaminérgicos e serotonérgicos, e com álcool.
Efeito de ziprasidona sobre outros fármacos: A concentração de ziprasidona
(ziprasidona) requerida para inibir os citocromos CYP2D6 e CYP3A4, in vitro, foi, no
mínimo, 1.000 vezes maior que a concentração livre que pode ser esperada in vivo. A
relevância clínica destes achados é incerta, mas é improvável que ziprasidona cause
interações medicamentosas clinicamente importantes mediadas por estas enzimas.
Contraceptivos orais: A administração de ziprasidona não resultou em uma
alteração significativa da farmacocinética de estrogênios (etinilestradiol, um substrato
do citocromo CYP3A4) ou de progestagênios.
Lítio: A co-administração de ziprasidona não teve efeito na farmacocinética do
lítio. Efeitos de outros fármacos sobre ziprasidona: A ziprasidona é substrato do
citocromo CYP3A4. Entretanto, a importância desta via de metabolização in vivo não é
clara, e os potenciais indutores (carbamazepina) ou inibidores (cetoconazol) do
citocromo CYP3A4 não produziram qualquer efeito clinicamente significante na AUC e
na Cmáx da ziprasidona. Estudos in vitro indicam que o citocromo CYP2D6 pode estar
envolvido no metabolismo da ziprasidona.
Embora estudos in vivo não tenham sido conduzidos, não é esperado que
inibidores dessa enzima afectem o metabolismo da ziprasidona devido ao envolvimento
de múltiplas vias metabólicas.
Antiácidos: Doses múltiplas de antiácido à base de alumínio e magnésio não
alteram a farmacocinética da ziprasidona. Estudos farmacocinéticos demonstraram que
a biodisponibilidade da ziprasidona aumenta em até 100% na presença de alimentos.
Portanto, recomenda-se que ziprasidona seja administrado com alimentos.

3º CLE – OUT. 2001 98


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REACÇÕES ADVERSAS
Sonolência, astenia, tontura, síndrome extrapiramidal, hipotensão,
prolongamento do intervalo QT , Convulsões.
Em estudos clínicos de tratamento de manutenção de longo prazo, os níveis de
prolactina em pacientes tratados com ziprasidona estavam algumas vezes elevados.
Entretanto, na maioria dos pacientes, estes níveis voltaram ao normal sem a interrupção
do tratamento. Além disso, foram raras as manifestações clínicas potenciais (p. ex.,
ginecomastia e aumento da mama).

SUPERDOSAGEM
A experiência de superdosagem com ziprasidona é limitada. Os únicos sintomas
reportados após a ingestão da maior quantidade confirmada, 3.240 mg, foram sedação
leve e fala indistinta. A possibilidade de obnubilação, convulsões ou reação distônica da
cabeça e pescoço após superdosagem pode levar ao risco de aspiração com a indução de
vómitos.
A monitorização cardiovascular deve começar imediatamente e deve incluir
monitorização eletrocardiográfica contínua para detectar possíveis arritmias. Não há um
antídoto específico para ziprasidona.

7.6. Antidepressivos Atípicos

Até que apareça um termo melhor, são atípicos os antidepressivos que não se
caracterizam como Tricíclicos (ADT), como Inibidores Seletivos da Recaptação da
Serotonina (ISRS) e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs).
Alguns desses Antidepressivos Atípicos aumentam a transmissão
noradrenérgica, através do antagonismo de receptores a2 (pré-sinápticos) no sistema
nervoso central, ao mesmo tempo em que modulam a função central da serotonina por
interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3, como é o caso da Mirtazapina.
A actividade antagonista nos receptores histaminérgicos H1 da Mirtazapina é a
responsável pelos seus efeitos sedativos, embora esteja praticamente desprovida de
actividade anticolinérgica.

3º CLE – OUT. 2001 99


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Outros atípicos são inibidores da recaptação de Serotonina e Norepinefrina,


alguns inibindo também, a recaptação de dopamina. É o caso da Venlafaxina, da
Mirtazapina. Algumas dessas drogas também costumam reduzir a sensibilidade dos
receptores beta- adrenérgicos, inclusive após administração aguda, o que pode sugerir
um início de efeito clínico mais rápido.
Também estão aqui os inibidores da recaptação da Norepinefrina
(Noradrenalina), como é o caso da Riboxetina. Alguns atípicos, como é o caso da
Tianeptina, embora sejam serotoninérgicos, não inibem a recaptação da Serotonina no
neurónio pré-sináptico mas, induzem a sua recaptação pelos neurónios do córtex, do
hipocampo e do sistema límbico.
As melhoras sintomáticas poderão ser observadas a partir do 3º ao 5º dias e
sobre o sono REM a partir do 20º dia de tratamento em posologia suficiente.

AMINEPTINA: Survector
FLUVOXAMINA: Luvox
MIRTAZAPINA: Remeron
REBOXETINA: Prolif
TIANEPTINA: Stablon
VENLAFAXINA: Efexor
TRAZODONA: Donaren
MIANSERINA: Tolvon
MILNACIPRANO

Apesar de eficientes para o tratamento dos estados depressivos, demoram vários dias
para fazer efeito e devem ser tomadas por longo período.

AMINEPTINA
SURVECTOR

A Amineptina é usada na forma de cloridrato, mostrando-se como um


antidepressivo tricíclico dopaminérgico que inibe a recaptação ("reuptake") do
neurotransmissor dopamina no SNC. A Amineptina distingue-se dos antidepressivos
tricíclicos imipramínicos pela presença de uma cadeia de aminoácidos inserida num
ciclo mediano.

3º CLE – OUT. 2001 100


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A amineptina é rapidamente absorvida no trato gastrintestinal, com distribuição


uniforme por todo o organismo, sendo eliminada principalmente pelos rins, com meia-
vida em torno de 8 horas. Seu mecanismo de acção é essencialmente dopaminérgico,
actuando sobre a lentificação psicomotora após 3 a 5 dias de tratamento, sobre o humor
a partir do 7º dia e sobre as alterações do sono após 3 semanas.

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas. Depressão reactiva, involutiva, neurótica. Episódios
depressivos em PMD. Amineptine actua combatendo a depressão, agindo
especificamente sobre a lentificação psicomotora e sobre o humor.

REACÇÕES ADVERSAS
Irritabilidade, ansiedade, palpitações, insónia (principalmente após toma da
vespertina). Mais raramente, observam-se queda da pressão arterial dentro dos limites
fisiológicos, gastralgias, náuseas e vertigens.
Foram observadas reacções imunoalérgicas de tradução clínica (mialgias, febre
inexplicável, icterícia, dores abdominais) ou laboratorial (aumento de transaminases ou
fosfatase alcalina) reversíveis com a suspensão do tratamento. Com posologias muito
superiores às doses habituais foram relatados casos de acne.

PRECAUÇÕES
Não administrar simultaneamente com IMAO. Evitar toma da vespertina pelo
risco de induzir insónia. Evitar doses superiores a 200mg/dia, pelo maior risco de
efeitos colaterais, sem maior eficácia antidepressiva.
Em caso de icterícia, dor abdominal, mialgias, febre inexplicada, anorexia ou
náuseas persistentes, é aconselhável a dosagem de enzimas hepáticas. Nos casos de se
encontrarem elevadas, suspender o medicamento e não expor posteriormente o paciente
novamente à amineptina, pois trata-se de reação imunoalérgica.
Desaconselha-se o uso durante a gravidez e o aleitamento, pela ausência de
experiência clínica nessas condições.
Não foram referidas, até o momento, restrições de uso de Amineptine
conjuntamente com álcool ou alimentos.

CONTRA-INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 101


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Coréia de Huntington, insuficiência hepática, antecedentes de hepatite por


amineptina.

VENLAFAXINA
EFEXOR

A Venlafaxina é um novo fármaco antidepressivo com uma estrutura química


totalmente diferente da dos tricíclicos clássicos, tetracíclicos e outros agentes
antidepressivos conhecidos. Quimicamente denomina-se 1-2 dimetilamino-1-4-
metoxifeniletil- ciclohexano. O seu mecanismo de acção lembra o de outros
antidepressivos conhecidos (fluoxetina, sertralina e paroxetina), já que está directamente
associado à potenciação da actividade neurotransmissora no sistema nervoso central.
É um potente e activo inibidor da recaptação de aminas no neurónio pré-
sináptico e, à diferença dos acima mencionados, além de inibir a recaptação da
serotonina (5-hidroxitriptamina) age sobre a noradrenalina e a dopamina; mesmo assim,
não exerce esta acção sobre os receptores muscarínicos, histaminérgicos ou alfa-
adrenérgicos.
Por esta razão não seriam gerados efeitos significativos no nível autônomo, nem
anticolinérgicos, hipnossedativos ou cardiovasculares, como ocorre com os
antidepressivos tricíclicos clássicos.
A venlafaxina é absorvida sem inconvenientes no trato digestivo (92%) nas
doses habituais (25-100mg/dia); sofre uma activa e ampla biotransformação hepática da
qual surge um único e activo metabólito denominado O-desmetilvenlafaxina (ODV).
Estima-se que aproximadamente 87% da dose administrada por via oral são excretados
na urina dos pacientes nas primeiras 48 horas, e desta 5% correspondem ao fármaco não
metabolizado, 26% ao metabólito ativo (ODV) e 27% a outros metabólitos inativos; isto
faz com que a excreção renal seja a principal via de eliminação da venlafaxina.
O processo de absorção gastrintestinal não é afectado pela presença de
alimentos. A fração que se liga às proteínas plasmáticas é de 27% para uma
concentração sérica de 2,5 a 2.215ng/ml. O perfil farmacocinético da venlafaxina
administrada a cada 8 ou 12 horas não é alterado pela idade nem pelo sexo dos
indivíduos em tratamento.

3º CLE – OUT. 2001 102


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Em indivíduos com transtornos renais, a semi-vida de eliminação prolongou-se


aproximadamente 50% e o clearance de creatinina em 24%; enquanto que em pacientes
com nefropatias crónicas em processo de diálise a semi-vida prolongou-se em torno de
180%. A semi-vida plasmática do fármaco é similar à da fluoxetina (3 a 5 dias).

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas de grau variável. Transtornos obsessivo-compulsivos.

REACÇÕES ADVERSAS
Foram relatados náuseas, diarréia, erupções cutâneas, anorexia, ansiedade,
insónia, nervosismo, confusão mental, cefaléia, secura da boca e astenia. Em geral, a
tolerância clínica ao fármaco é boa e a incidência destes efeitos é baixa (3%).

PRECAUÇÕES
Os indivíduos que requerem um grau de reflexos e alerta, ou trabalham com
máquinas ou veículos, deverão ser advertidos do risco de desenvolver sonolência. Em
indivíduos com insuficiência renal recomenda-se reduzir a dose diária.
A suspensão do tratamento deverá ser lenta e gradual, devendo-se evitar a
suspensão repentina. Quando se deseja substituir a venlafaxina por um antidepressivo
inibidor da monoamino oxidase (IMAO), observar um intervalo de 7 a 14 dias. As
patologias depressivas severas requerem tratamentos prolongados (3 a 6 meses), para se
conseguir a eutimia. Em indivíduos hipertensos deverá ser usada com precaução e
controle tensional periódico.

INTERACÇÕES
A venlafaxina é um antidepressivo que, pela sua reduzida fração ligada às
proteínas plasmáticas e sua mínima interação com o sistema citocromo P450, possui
uma leve tendência a gerar interações medicamentosas com diversos fármacos (lítio,
diazepam, cimetidina).

CONTRA-INDICAÇÕES
Gravidez e lactação. Hipersensibilidade ou alergia à venlafaxina. Desaconselha-
se o consumo de bebidas alcoólicas durante o tratamento, a administração a crianças
menores de 18 anos ou em presença de insuficiência hepática ou renal graves.

3º CLE – OUT. 2001 103


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REBOXETINA
PROLIFT

A Reboxetina é um inibidor altamente selectivo e potente da recaptação da


noradrenalina, portanto, pode ser chamada de ISRN (Inibidor Seletivo da Recaptação da
Noradrenalina). A inibição da recaptação e o conseqüente aumento da disponibilidade
da noradrenalina na fenda sinóptica e a alteração da transmissão noradrenérgica estão
entre os mecanismos de acção mais importantes dos antidepressivos conhecidos.
A Reboxetina não possui afinidade significativa com receptores adrenérgicos e
muscarínicos. A ligação a estes receptores foi descrita como estando associada a efeitos
colaterais cardiovasculares, anticolinérgicos e sedativos de outros medicamentos
antidepressivos.
Nas doses terapeuticamente eficazes, a Reboxetina não apresenta ligação
significativa aos receptores da histamina e dopamina. Em voluntários saudáveis, a
administração de doses únicas de 1 mg e 3 mg de Reboxetina foi acompanhada por
efeitos no SNC dose-dependentes com alterações do EEG (diminuição da voltagem) das
ondas teta e beta rápida na derivação fronto-central e melhora da performance.
Após administração oral de dose única de 4 mg de Reboxetina a voluntários
saudáveis, alcançou-se pico de concentração plasmática de aproximadamente 130 ng/ml
em um prazo de 2 h após a administração. Dados indicam que a biodisponibilidade
absoluta é de no mínimo 90%.
Os níveis plasmáticos de Reboxetina decaem de forma mono-exponencial, com
semi-vida de aproximadamente 13 h. Observaram-se condições de estado de equilíbrio
num prazo de 5 dias.
O fármaco parece distribuir-se na água caporal total. A taxa de ligação a
proteínas plasmáticas da Reboxetina é de 97% (com afinidade acentuadamente maior à
glicoproteína l-ácida do que B albumina), sem dependência significativa da
concentração do fármaco.
A quantidade de radioatividade excretada na urina é de 78% da dose. Embora o
fármaco inalterado seja predominante na circulação sistêmica (70% da radioatividade

3º CLE – OUT. 2001 104


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total, em termos de AUC), apenas 10% da dose é excretada na urina na forma


inalterada. A Reboxetina é extensivamente metabolizada após administração oral.

INDICAÇÕES
A Reboxetina é indicada para o tratamento agudo da doença depressiva e para a
manutenção da melhora clínica em pacientes resistentes ao tratamento inicial, A
remissão da fase aguda da doença depressiva está associada a melhora da qualidade de
vida do paciente, em termos de adaptação social. O efeito clinico é observado após 14
dias do início do tratamento.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade a Reboxetina ou a qualquer outro componente da fórmula.

PRECAUÇÕES
Devido ao relato de alguns raros casos de convulsões durante os estudos clínicos
realizados, o uso da Reboxetina deve ser acompanhado de monitorização no caso de
acidentes com antecedentes de distúrbios convulsivos; a administração do medicamento
deve ser descontinuada se o paciente apresentar convulsões.
Deve-s-e evitar o uso concomitante de inibidores da MAO e Reboxetina, até que
estejam disponíveis dados adicionais. Da mesma forma que com todos os
antidepressivos, ocorreram alternâncias de mania/hipomania durante os estudos
clínicos. Recomenda-se, portanto, a supervisão rigorosa de pacientes bipolares.
O risco de tentativa de suicídio é inerente à depressão e pode persistir até que
ocorra remissão significativa. Recomenda-se, portanto, supervisão rigorosa do paciente
durante o período inicial da terapia medicamentosa. Deve-se supervisionar
rigorosamente pacientes com retenção urinária e glaucoma.
Acima da dose máxima recomendada, observou-se hipotensão ortostática com
maior frequência. Deve-se ter cuidado especial ao administrar a Reboxetina
concomitantemente a outros medicamentos de conhecida acção hipotensora.
Efeitos sobre a capacidade de conduzir veículos e operar máquinas: A
Reboxetina não é sedativa. Em estudos não se observou comprometimento cognitivo ou
psicomotor com esse fármaco.Uso pediátrico: Não foram avaliadas a segurança e a
eficácia da Reboxetina em crianças. Uso na Gravidez e Lactação: Não foram realizados
estudos adequados e bem-controlados em mulheres grávidas. A Reboxetina apenas

3º CLE – OUT. 2001 105


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deveria ser utilizada durante a gravidez se o benefício esperado justificar o risco


potencial para o feto. Enquanto não estiverem disponíveis informações sobre a excreção
da Reboxetina no leite materno humano não se recomenda a administração da
Reboxetina a lactantes.

INTERACÇÕES
Estudos in vitro e in vivo mostraram que a Reboxetina não é metabolizada pelo
citocromo P450 2D6. Portanto, não são necessárias precauções especiais no caso de
pacientes que apresentam deficiência desta enzima. Da mesma forma, é improvável que
inibidores dessa enzima, como a fluoxetina e a paroxetina, afectem a farmacocinética da
Reboxetina.
Estudos de metabolismo in vivo mostraram que a Reboxetina não inibe a
actividade das seguintes iso-enzimas do citocromo P-450: CYP1A2, CYP2C9,
CYP2C19 e CVP2E1. Em concentrações altas, a Reboxetina inibe a CYP2D6, mas não
se conhece a significância clínica dessa observação.
Não se avaliou em estudos clínicos o uso concomitante da Reboxetina com
outros antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO, ISRSs e Lítio). A extensão da
absorção da Reboxetina não é influenciada significativamente pela ingestão
concomitante de alimentos.

REACÇÕES ADVERSAS
Secura na boca, obstipação, insónia, aumento de sudorese, taquicardia, vertigem,
dificuldades na micção, retenção urinária, impotência.
Observou-se impotência principalmente em pacientes tratados com doses
maiores que 8 mg/dia. Em termos de incidência de efeitos adversos, a diferença mais
importante entre os sexos foi relacionada à freqüência de dificuldades na micção e
retenção urinária, que ocorreu com maior freqüência em pacientes do sexo masculino.
A única modificação observada nos sinais vitais foi um aumento na frequência
cardíaca ortostática.
Além da taquicardia não foram relatadas alterações consistentes nos traçados de
ECG durante o tratamento de pacientes adultos com Reboxetina. Na população idosa,
observaram-se distúrbios do ritmo cardíaco (principalmente taquicardia) e de condução,
evidentes ao ECG, em aproximadamente 15% dos casos.

3º CLE – OUT. 2001 106


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SUPERDOSAGEM Em alguns casos foram administradas doses maiores que as


recomendadas (12 mg a 2O mg/dia) por um período que variou de alguns dias a
algumas semanas durante os estudos clínicos. Os eventos adversos relatados incluíram
hipotensão ortostática, ansiedade e hipertensão.
No caso de doses tóxicas recomenda-se monitorização da função cardíaca e dos
sinais vitais.

FLUVOXAMINA
LUVOX

A Fluvoxamina é indicada no tratamento de certos distúrbios afectivos. O seu


mecanismo de acção parece estar relacionado à inibição selectiva da recaptura da
serotonina nos neurónios cerebrais.
A interferência com os processos adrenérgicos é mínima, sendo também
negligenciável a sua capacidade de ligação aos receptores alfa-adrenérgicos, beta-
adrenérgicos, histaminérgicos, colinérgicos muscarínico, dopaminérgicos ou
serotoninérgicos. Fluvoxamina é bem tolerado, sendo indicado para tratamentos tanto
de curto prazo tanto de manutenção.
Os estudos realizados em pacientes idosos não mostraram diferenças quanto à
segurança e eficácia em ralação a pacientes de outras faixas etárias. A Fluvoxamina é
absorvida após administração oral. Níveis plasmáticos máximos são atingidos 3 a 8
horas após sua administração.
A meia-vida plasmática média da Fluvoxamina é de aproximadamente, 13-15
horas após uma dose única, e discretamente mais longa (17-22 horas), quando da
administração de doses repetidas, quando os níveis plasmáticos de equilíbrio são
atingidos em 10 a 14 dias.
A Fluvoxamina sofre extensa transformação hepática, principalmente via
demetilação oxidativa, produzindo, pelo menos, nove metabólitos, que são excretados
pelos rins. Os dois metabólitos principais mostraram actividade farmacológica não
significativa e acredita-se que os demais metabólitos não sejam farmacologicamente
activos. A ligação da Fluvoxamina às proteínas plasmáticas humanas in vivo é de cerca
de 80%.

3º CLE – OUT. 2001 107


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Não houve evidência de fenómenos de dependência.

INDICAÇÕES
Fluvoxamina é indicada no tratamento da depressão e dos sintomas do transtorno
obsessivo-compulsivo.

CONTRA-INDICAÇÕES
Fluvoxamina não deve ser administrada concomitantemente com inibidores da
monoamino-oxidase (IMAO). 0 tratamento com Fluvoxamina pode ser iniciado duas
semanas após suspensão de um IMAO irreversível, ou no dia seguinte após a suspensão
de um lMAO reversível por exemplo; moclobemida.
Deve haver um intervalo de pelo menos uma semana entre o término do
tratamento com Fluvoxamina e do tratamento com qualquer IMAO. Fluvoxamina é
também indicada em pacientes com hipersensibilidade à droga.

PRECAUÇÕES
A possibilidade de tentativa suicida é inerente a pacientes com depressão, e pode
persistir até que ocorra uma remissão significativa. Pacientes apresentando insuficiência
renal ou hepática devem receber, inicialmente, uma dose mais baixa, devendo ser
cuidadosamente monitorizados, ou o tratamento deve ser descontinuado.
Fluvoxamina não é recomendado para uso em crianças, pois ainda não há
experiência suficiente, com o produto nessa faixa etária. Ela não interfere nas
habilidades psicomotoras associadas com a condução de veículos ou operação de
máquinas, até a dose de 150 mg/dia. Contudo, relatou-se sonolência durante o
tratamento com a Fluvoxamina.
Da mesma maneira que ocorre com outros fármacos psicoativos o paciente deve
ser alertado para evitar o uso de álcool durante o tratamento com Fluvoxamina.
Recomenda-se cautela quando o produto é administrado a pacientes com distúrbios
convulsivos.
O tratamento deve ser descontinuado se ocorrerem convulsões. Fluvoxamina
pode provocar uma insignificante diminuição no batimento cardíaco.
Gravidez e lactação: Estudos de reprodução com altas doses em animais não
revelaram evidências de prejuízo à fertilidade, à actividade reprodutora, nem efeitos

3º CLE – OUT. 2001 108


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teratogênicos. Apesar disso, devem ser observadas as precauções usuais relativas à


administração de qualquer droga durante a gravidez.
A Fluvoxamina é excretada no leite humano em pequenas quantidades. Este
produto, portanto, não deve ser utilizado por mulheres que estejam a amamentar.

INTERACÇÕES
Fluvoxamina não deve ser utilizado em combinação com IMAOs. A
Fluvoxamina pode prolongar a efeminação de drogas metabolizadas por via oxidativa
no fígado, é possível uma interacção clinicamente significativa com drogas com um
índice terapêutico estreito, como p. ex., warfarina, fenitoína, teofilina, clozapina
carbamazepina.
Relatou-se um aumento nos niveis plasmáticos previamente estáveis de
antidepressivos tricíclicos quando usados de forma combinada com Fluvoxamina . Não
se recomenda a administração concomitante desses fármacos.
Nos estudos de interação medicamentosa, observou-se níveis plasmáticos
aumentados de propranolol durante administração concomitante da Fluvoxamina.
Recomenda-se, portanto, diminuir a dose desse medicamento quando prescrito
juntamente com Fluvoxamina.
Quando Fluvoxamina é administrada concomitantemente com warfarina por
duas semanas, as concentrações plasmáticas de warfal aumentam significativamente, e
os tempos de protrombina são aumentados. Portanto, deve-se monitorizar os tempos de
protrombina dos pacientes que estejam recebendo anticoagulantes orais e Fluvoxamina.
Não se registaram interações com digoxina ou atenolol.
A Fluvoxamina tem sido utilizada em combinação com lítio no tratamento de
pacientes com depressão grave resistente à medicação. Contudo, o lítio (e,
possivelmente, o triptofano) aumenta os efeitos serotoninérgicos da ftuvoxamina, e,
portanto, essa associação deve ser utilizada com cautela.
Os efeitos serotoninérgicos podem também ser aumentados quando a
Fluvoxamina é utilizada em combinação com outros agentes serotoninérgicos (incluindo
somatriptano e ISRSs). Em raras ocasiões, isso resulta numa síndrome serotoninérgica.
Os níveis plasmáticos de benzodiazepínicos metabolizados por via oxidativa
podem aumentar durante a administração concomitante com Fluvoxamina.

3º CLE – OUT. 2001 109


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REACÇÕES ADVERSAS
A reacção adversa mais frequentemente observada com Fluvoxamina é náusea,
algumas vezes acompanhada de vómitos. Este efeito colateral geralmente diminui
dentro das duas primeiras semanas de tratamento. Outros efeitos colaterais, observados
nos estudos clínicos nas frequências relacionadas abaixo, são frequentemente associados
com a própria patologia tratada, não sendo necessariamente relacionada com o
tratamento.
Reacções adversas mais frequentes (1-1,5%): astenia, cefaléia, mal estar,
palpitações/taquicardia, dor abdominal, anorexia, obstipação, diarréia, boca seca,
dispepsia, agitação, ansiedade, vertigens, insónia, nervosismo, sonolência, tremores,
sudorese.
Reações menos freqüentes (< 1 %): hipotensão postural, artralgia, mialgia,
ataxia, confusão, sintomas extrapiramidais, alucinações, ejaculação retardada, prurido,
erupção cutânea.
Reações raras (< 0,1%): função hepática anormal, convulsões; mania,
galactorréia, fotossensibilidade.
Embora tenha sido observada hiponatremia durante o uso de outros
antidepressivos, raramente esta foi observada durante o tratamento com Fluvoxamina.
Raramente, foram relatados sintomas, incluindo cefaléias, náuseas, vertigens e
ansiedade após a interrupção abrupta da administração de Fluvoxamina.

SUPERDOSAGEM
Os sintomas mais comuns de superdosagem incluem queixas gastrintestinais,
náuseas, vómitos e diarréia, sonolência, tonturas. Foram também relatados eventos
cardíacos taquicardia, bradicardia, hipotensão, distúrbios da função hepática, convulsões
e coma.

TIANEPTINA
STABLON

3º CLE – OUT. 2001 110


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A Tianeptina é um antidepressivo derivado dos tricícliclos. O seu mecanismo de


acção é essencialmente serotoninérgico, pois Tianeptina induz a recaptação da
serotonina pelos neurónios do córtex, do hipocampo e do sistema límbico.
Desta forma Tianeptina caracteriza-se por: uma actividade sobre os distúrbios do
humor, situando-se entre os antidepressivos sedativos e os estimulantes; uma actividade
nítida sobre as queixas somáticas, em particular as queixas digestivas, ligadas à
ansiedade e aos distúrbios do humor; uma actividade sobre os distúrbios do carácter e
do comportamento do etilista no período de abstinência.
A Tianeptina é desprovida de efeito: sobre o sono e a vigília; sobre o sistema
cardiovascular; sobre o sistema colinérgico (ausência de manifestações
anticolinérgicas); de indução ao hábito. A Tianeptina não deve ser utilizado nos
seguintes casos: em associação com os IMAO; na gravidez ou aleitamento; em crianças
menores de 15 anos.
Não parar o tratamento bruscamente. A absorção digestiva da Tianeptina é
rápida e completa. A distribuição é próxima de 94%. A metabolização é hepática. A
excreção dos metabólitos se dá essencialmente por via renal com uma excreção muito
pequena do produto inalterado (8%).

CONTRA-INDICAÇÕES
Crianças menores de 15 anos; associação aos IMAO; associação com a
mianserina; gravidez.

REAÇÕES ADVERSAS
Raras, geralmente benignas: gastralgias, dores abdominais, secura da boca,
anorexia, náuseas, vómitos, obstipação, flatulência; insónia, sonolência, pesadelos,
astenia; vertigens, cefaléia, lipotimia, tremores; desconforto respiratório; mialgia,
lombalgia.

PRECAUÇÕES
Devido ao risco de suicídio, os pacientes em uso de Tianeptina deverão ser
vigiados no início do tratamento; em caso de anestesia geral, é conveniente advertir o
anestesista e suspender o tratamento 24 ou 48 horas antes da intervenção. Na paragem
do tratamento recomenda-se, como para todos os antidepressivos, a redução progressiva
da dose durante 7 a 14 dias.

3º CLE – OUT. 2001 111


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INTERACÇÕES
Com IMAO não seletivos e com a mianserina.

MIRTAZAPINA
REMERON

A Mirtazapina é um antidepressivo tetracíclico derivado da piridolbenzazepina,


similar à maprotilina, que como todos esses fármacos bloqueia a captação neuronal de
aminas e consequentemente induz um aumento e maior biodisponibilidade de
noradrenalina (NA) ou de serotonina (5HT) em nível sináptico.
Também foram postulados numerosos mecanismos para explicar a dissociação
entre o bloqueio de recaptação de neuraminas, que é rápido e detectável em poucas
horas, e o surgimento tardio (14 a 21 dias) do efeito antidepressivo clínico como a
diminuição da troca do neurotransmissor, a diminuição da descarga neuronal, alterações
nos receptores serotoninérgicos, regulação por rebaixamento dos adreno-receptores.
A sua absorção digestiva é rápida e completa após sua administração oral,
difunde-se no plasma e liga-se com elevada afinidade às proteínas séricas
(90%).Apresenta uma longa semi-vida plasmática (20-40 horas). A sua eliminação
realiza-se principalmente através do rim. O seu efeito neurodepressor é acentuado,
como ocorre com outros fármacos afins (maprotilina, amoxapina), enquanto a atividade
anticolinérgica é fraca.

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas, depressão reactiva, doença maníaco-depressiva bipolar.
Depressão associada com ansiedade, melancolia.

SUPERDOSAGEM
Além da sedação excessiva não foram identificados efeitos de importantes por
superdose. Nesses casos aconselham-se lavagem gástrica, hidratação, terapia
sintomática e apoio das funções vitais respiratórias e cardiovasculares.

3º CLE – OUT. 2001 112


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REACÇÕES ADVERSAS
Cefaléias, tonturas, sonolência, astenia, secura da boca, discrasias sanguíneas,
edemas, ginecomastia, artralgia, icterícia, hipotensão arterial, visão turva.

PRECAUÇÕES
Após 4-6 semanas do início do tratamento foi observada mielodepressão
manifestada como granulocitopenia que é reversível com a supressão do tratamento.
Deverá monitorizar o surgimento de odinofagia, febre, estomatite ou outros sinais de
infecções, e diante da sua detecção, realizar um hemograma e suspender o tratamento.
A dose deverá ser adequada, regulada e controlada cuidadosamente em
indivíduos com insuficiência hepática ou renal, epilepsia, diabetes, hipertrofia
prostática, glaucoma de ângulo estreito, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca,
enfarte do miocárdio recente, arritmias cardíacas. Pode ser observado agravamento dos
sintomas psicóticos quando o medicamento é administrado a pacientes com
esquizofrenia ou patologias psicóticas ou paranóides.
Pode afectar a concentração e os reflexos, especialmente em indivíduos que
dirijam veículos ou maquinarias perigosas.

INTERACÇÕES
O uso simultâneo com álcool, barbitúricos ou benzodiazepínicos pode
potencializar o efeito depressor sobre o SNC. Pode diminuir o limiar convulsivante e
diminuir o efeito dos agentes anticonvulsivantes quando associado a esses
medicamentos. O uso simultâneo com IMAO não é aconselhado devido ao risco
hipertensor e convulsivante.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade ao fármaco. Gravidez e lactação. Estados maníacos. Crianças
menores de 12 anos. Crises convulsivantes.

TRAZODONA
DONAREN

3º CLE – OUT. 2001 113


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A Trazodona é um antidepressivo cuja molécula não apresenta relação com


outros fármacos de efeito similar. O mecanismo de acção não está bem esclarecido.
Sabe-se que, em animais, inibe de forma selectiva a recaptação de serotonina pelas
sinapses cerebrais e potencia as mudanças de comportamento induzidas pela
administração de um precursor da serotonina, o 5-hidroxitriptofano.
A trazodona é bem absorvida no intestino; a presença de alimentos pode elevar
levemente a biodisponibilidade. A eliminação é bifásica e varia muito de um paciente
para outro. A resposta clínica observa-se em 75% dos pacientes ao final da segunda
semana de administração, enquanto os restantes 25% exigem 2 a 4 semanas para
responder.

INDICAÇÕES
Depressão profunda, expressa como depressão ou humor disfórico, que interfere
na vida diária e inclui pelo menos 4 dos seguintes sintomas: mudanças no apetite,
inversões no sono, atraso ou agitação psicomotora, perda de interesse pelas actividades
diárias, diminuição do desejo sexual, aumento da fadiga, do sentimento de culpa ou de
menosprezo, raciocínio lento ou perda da concentração e idéias ou tentativas de
suicídio.
Também tem sido utilizada isolada ou como coadjuvante no tratamento da
bulimia, da neuropatia diabética, da cleptomania, na profilaxia da enxaqueca e para
alívio dos sintomas de agorafobia dos pacientes com síndromes de abstinência de
álcool.

SUPERDOSE
Ocorreram mortes por superdoses em pacientes que consumiam paralelamente
outras drogas (álcool, álcool + hidrato de cloral + diazepam, amobarbital, meprobamato,
clordiazepóxido). Com tradozona isolada as reacções mais severas têm sido: priapismo,
paragem respiratória, convulsões e modificações no eletrocardiograma. Não existe
tratamento específico; deve-se administrar tratamento sintomático de manutenção,
submeter o paciente a lavagem ou esvaziamento gástrico; a diurese forçada pode ajudar
a eliminar a trazodona.

REACÇÕES ADVERSAS

3º CLE – OUT. 2001 114


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Visão turva, obstipação, boca seca, hipotensão, hipertensão, confusão, enjoos,


dor de cabeça, sonolência, fadiga, insónia, nervosismo, dores músculo-esqueléticas,
incoordenação, náuseas, vómitos.

PRECAUÇÕES
A trazodona tem sido associada ao aparecimento de priapismo, que exige intervenção
cirúrgica em um terço dos casos com uma proporção de impotência ou falhas
permanentes de ereção; por isso, os homens com ereções prolongadas e impróprias
deveriam interromper o uso da droga imediatamente e consultar o médico.
Não operar máquinas pesadas nem dirigir automóveis, enquanto receber a
trazodona. Em animais, observa-se que sua administração eleva a reabsorção fetal; por
isso não deveria ser usada em mulheres grávidas, a menos que o benefício para elas
supere o risco potencial para o feto. A amamentação deve ser interrompida se for
indicada a trazodona. A segurança e a eficácia em menores de 18 anos não foram
estabelecidas.

INTERACÇÕES
Pode elevar os níveis séricos de degoxina e fenitoína. Desconhece-se a
ocorrência de interações entre os IMAO e a trazodona; por isso as transições entre eles
devem ser feitas com extrema cautela.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade à trazodona.

MIANSERINA
TOLVON

A Mianserina é um agente antidepressivo para uso oral, quimicamente


denominado como monocloridrato de 1, 2, 3, 4, 10, 14b-hexahidro-2-metildibenzo [c, f]
pirazino [1, 2, a] azepina, não-relacionado com os antidepressivos tricíclicos "TADs". O
cloridrato de mianserina não possui actividade anticolinérgica dos "TADs", devido à
ausência de cadeia lateral básica em sua estrutura.

3º CLE – OUT. 2001 115


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A eficácia antidepressiva global da Mianserina é comparável a dos


antidepressivos commumente utilizados. Mianserina Comprimidos é rapidamente
absorvido pelo trato gastrintestinal, metabolizado no fígado e excretado pela urina e
fezes.
A Mianserina é bem tolerado particularmente por pacientes idosos e portadores
de doenças cardiovasculares. Em doses terapeuticamente efectivas, é isento de
actividade anticolinérgica e não produz efeitos significativos sobre o sistema
cardiovascular. Comparado aos "TADs", causa menos efeitos cardiotóxicos em
superdosagens.
A Mianserina não antagoniza a acção de agentes simpaticomiméticos
(betanidina) ou dos receptores alfa-2 (clonidina, metildopa) nem altera a acção dos
anticoagulantes cumarínicos (fenprocumon). Finalmente, Mianserina possui ainda
actividade ansiolítica de valor no tratamento de pacientes com ansiedade associada à
depressão.

INDICAÇÕES
Mianserina é indicado no tratamento das patologias depressivas nas quais
estejam indicados os fármacos antidepressivos.

CONTRA INDICAÇÕES
Em pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula, durante a
fase maníaca de doença bipolar e nos casos de psicose esquizofrênica.

PRECAUÇÕES
Mianserina possui acção sedativa pronunciada e pode diminuir a performance
psicomotora durante os primeiros dias de tratamento, portanto, os pacientes deverão ser
prevenidos quanto à realização de tarefas perigosas como dirigir veículos ou operar
máquinas. Mianserina, como outros antidepressivos, poderá precipitar a ocorrência de
hipomania em indivíduos susceptíveis a doença depressiva bipolar. Nesses casos, o
tratamento deverá ser descontinuado.
O tratamento deverá ser interrompido na vigência de icterícia ou de convulsões.
Os benefícios do uso de Mianserina durante a gravidez e a lactação deverão ser
avaliados em relação aos possíveis riscos para o feto ou lactente.

3º CLE – OUT. 2001 116


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Após 4 a 6 semanas de tratamento com cloridrato de mianserina, foram relatados


casos de depressão da medula óssea, geralmente evidenciados por granulocitopenia ou
agranulocitose. Essas reacções foram revertidas com a interrupção do tratamento. Se o
paciente apresentar febre, irritação da garganta, estomatite ou outros sinais de infecção,
deverá ser solicitado um hemograma. Essas reacções foram observadas em todas as
faixas etárias, porém, mais comum nos idosos.
Precauções normais deverão ser tomadas e posologias de qualquer terapêutica
concomitante mantidas sob controle quando do tratamento de pacientes portadores de:
diabetes, insuficiências cardíaca, renal ou hepática, pacientes com glaucoma ou
sintomas sugestivos de hipertrofia prostática. Embora não seja considerado
epileptogênico, deve-se ter cautela quando da administração de Mianserina a pacientes
com história de crises convulsivas.

INTERACÇÕES
O cloridrato de mianserina poderá potencializar a acção depressiva do álcool
sobre o SNC, portanto, os pacientes deverão ser orientados a não usar bebidas alcoólicas
durante o tratamento com Mianserina Comprimidos.
A Mianserina não deverá ser administrado simultaneamente ou dentro de 2
semanas após a interrupção do tratamento com inibidores da MAO. Mianserina não
interage com a betanidina, clonidina, metildopa, guanetidina ou propranolol (isolados
ou em combinação com hidralazina) entretanto, recomenda-se monitorizar a pressão
arterial dos pacientes que estejam em tratamento concomitante com anti-hipertensores.

REACÇÕES ADVERSAS
Discrasias sanguíneas, convulsões, hipomania, hipotensão, distúrbios da função
hepática, artralgia, edema e ginecomastia foram ocasionalmente relatados. Durante os
primeiros dias de tratamento foram relatados casos de tonturas. A fim de assegurar um
efeito antidepressivo óptimo, não é recomendável reduzir a dose de Mianserina.
A freqüência e severidade dos sintomas relacionados com a depressão tais como
visão turva, boca seca e obstipação não aumentam durante o tratamento com
Mianserina, ao contrário, em muitos casos foi observado uma diminuição desses
sintomas.

SUPERDOSAGEM

3º CLE – OUT. 2001 117


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Os sintomas relacionados à superdosagem, normalmente estão confinados a


sedação prolongada. É improvável a ocorrência de arritmias cardíacas, convulsões,
hipotensão severa e depressão respiratória. Não há um antídoto específico. O tratamento
consiste na lavagem gástrica e na instituição de terapia sintomática de suporte para as
funções vitais.

MILNACIPRANO
IXEL

O milnaciprano é um inibidor não selectivo de recaptação de serotonina e


noradrenalina (IRSN). Ao contrário dos antidepressivos tricíclicos, o milnaciprano não
tem afinidade por receptores colinérgicos (muscarínicos), a1-adrenérgicos ou
histaminérgicos H1. O milnaciprano também não tem afinidade por receptores
dopaminérgicos D1 e D2 ou receptores benzodiazepínicos e opióides.
Em humanos, a dose terapêutica e as concentrações plasmáticas do milnaciprano
produzem, consistentemente, um nível de inibição de 50% a 90% da recaptação de
noradrenalina e serotonina. O milnaciprano não induz modificações de repolarização ou
condução cardíacas e tem pouco efeito sedativo. O milnaciprano é bem absorvido após
administração por via oral. A sua biodisponibilidade é da ordem de 85%, não sendo
modificada pela alimentação. A concentração plasmática máxima é atingida por volta de
2 horas após a ingestão oral.
Após ingestões repetidas, o nível plasmático do estado de equilíbrio é atingido
em 2 a 3 dias.

CONTRA-INDICAÇÕES
O milnaciprano é contra-indicado nas seguintes condições:Hipersensibilidade
conhecida ao milnaciprano ou a outros componentes da formulação; Em pacientes com
menos de 15 anos, por falta de dados clínicos; Em associação com inibidores não
selectivos da MAO (IMAOs), inibidores selectivos da MAO B, digitálicos e agonistas
5HT1D (sumatriptano). É conveniente aguardar um intervalo de pelo menos 15 dias
entre a interrupção do tratamento com um inibidor da MAO e a introdução de
milnaciprano;

3º CLE – OUT. 2001 118


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De modo geral, este medicamento também não deve ser usado nas seguintes
condições:Em associação com adrenalina e noradrenalina por via parenteral, ou
clonidina e compostos similares, digoxina e inibidores selectivos da MAO. Em
hipertrofia prostática e outros distúrbios gênito-urinários ; Na gravidez e lactação: por
medida de precaução, é preferível não usar o milnaciprano durante a gravidez, pois não
existem informações suficientes sobre seus efeitos sobre o feto; como o milnaciprano
passa para o leite em pequenas quantidades, o seu uso é contra-indicado durante a
amamentação.

PRECAUÇÕES
Como no tratamento com outros antidepressivos, o risco de suicídio em
pacientes deprimidos persiste no início do tratamento, pois o efeito na inibição
psicomotora pode preceder a acção antidepressiva do medicamento. Pacientes com
insónia ou nervosismo no início do tratamento podem necessitar tratamento sintomático
adjuvante transitório. Em caso de evidente ciclagem para mania, o tratamento com
milnaciprano deve ser descontinuado e, na maioria dos casos, um agente antipsicótico
sedativo pode ser introduzido.
Embora interação com álcool não tenha sido evidenciada, recomenda-se evitar a
ingestão de álcool, como com qualquer medicamento psicotrópico. O milnaciprano deve
ser prescrito com prudência nos seguintes casos:
Em pacientes com insuficiência renal: a posologia deve ser reduzida, em razão
do prolongamento da semi-vida de eliminação; Em pacientes hipertensos ou
cardiopatas: recomenda-se reforçar a vigilância clínica, uma vez que o milnaciprano
pode aumentar discretamente a frequência cardíaca em alguns pacientes; Em pacientes
com glaucoma de ângulo aberto.
Estudos em animais evidenciaram a passagem de pequena quantidade de
milnaciprano pela placenta. Actualmente, não há dados relevantes que demonstrem
efeitos teratogênicos ou tóxicos do milnaciprano para o feto quando este é administrado
durante a gravidez.
Na ausência de efeitos teratogênicos demonstrados nos estudos em animais,
malformações em humanos não são esperadas. Entretanto, por medida de precaução, é
preferível não administrar o milnaciprano durante a gravidez. Como pequenas
quantidades do milnaciprano são excretadas no leite materno, a amamentação é contra-
indicada.

3º CLE – OUT. 2001 119


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Embora nenhuma alteração da função cognitiva ou psicomotora tenha sido observada


em voluntários sadios, este medicamento pode reduzir a capacidade física e mental
necessária para a execução de tarefas como operar máquinas ou dirigir veículos.

INTERACÇÕES
Associações contra-indicadas:
Com inibidores não seletivos da MAO (tranilcipromina): Existe o risco do
desenvolvimento de síndrome serotoninérgica. Deve haver um intervalo de duas
semanas entre o término de tratamento com um IMAO e o início do tratamento com o
milnaciprano e pelo menos uma semana entre a interrupção do milnaciprano e o início
de tratamento com um IMAO.
A síndrome serotoninérgica manifesta-se pelo desenvolvimento simultâneo ou
sequencial (às vezes abrupto) de um conjunto de sintomas que podem requerer
hospitalização ou mesmo levar à morte.
Os seguintes sintomas podem ocorrer:
- psiquiátricos: agitação, confusão mental, hipomania, eventualmente coma;
- motores: mioclonias, tremores, hiperreflexia, rigidez, hiperatividade;
- vegetativos: hipotensão ou hipertensão arterial, taquicardia, calafrios,
hipertermia, diaforese;
- gastrintestinais: náusea, vómitos, cólicas, diarréia.
Com inibidores seletivos da MAO B (selegilina): Existe o risco de crises
hipertensivas. Deve haver um intervalo de duas semanas entre a interrupção do IMAO-
B e o início do tratamento com milnaciprano e pelo menos uma semana entre a
interrupção do milnaciprano e o início do tratamento com IMAO-B.
Com agonistas 5 HT1D (sumatriptano): Por extrapolação com inibidores
selectivos de recaptação da serotonina, existe o risco de hipertensão arterial e
vasoconstrição arterial coronariana, por potencialização de efeitos serotoninérgicos.
Deve-se aguardar um intervalo de uma semana entre a interrupção do milnaciprano e o
início do tratamento com sumatriptano.
Com digitálicos (digoxina): Risco de potenciação de efeitos hemodinâmicos,
particularmente por via parenteral.
Associações desaconselhadas: Com adrenalina, noradrenalina
(simpatomiméticos alfa e beta).

3º CLE – OUT. 2001 120


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Em caso de acção sistêmica, por via parenteral: risco de crises hipertensivas,


com possíveis arritmias (inibição da entrada de adrenalina ou de noradrenalina na fibra
simpática).
Lítio: Risco de desenvolvimento de síndrome serotoninérgica.

REACÇÕES ADVERSAS
Os efeitos indesejáveis observados durante o tratamento com milnaciprano
ocorrem principalmente na primeira ou nas duas primeiras semanas de tratamento e
regridem, subsequentemente, com a melhoria da depressão. São geralmente benignos e
só raramente levam à interrupção do tratamento.
Vertigem, diaforese, ansiedade e disúria. Os efeitos indesejáveis relatados com
menor frequência são: náusea, vómitos, xerostomia, obstipação, tremores e palpitações.
Observou-se que pacientes com história de distúrbio cardiovascular ou uso
concomitante de medicamento cardiológico podem ter maior incidência de eventos
adversos cardiovasculares (hipertensão, hipotensão, hipotensão postural e palpitações).
Além disso, certos efeitos indesejáveis estão relacionados com a própria
natureza da depressão: eliminação da inibição psicomotora, com risco de suicídio;
ciclagem do humor, com episódio de mania; reactivação de delírios, em pacientes
psicóticos; sintomas de ansiedade paroxística (com antidepressivos psicoestimulantes).

SUPERDOSAGEM
Com doses de 800 mg a 1 g, em monoterapia, os principais sintomas observados
foram: vómitos, distúrbios respiratórios (crises de apnéia) e taquicardia. Após doses
maciças (1,9 g a 2,8 g), em associação com outros fármacos (principalmente
benzodiazepínicos) os seguintes sintomas adicionais ocorrem: sonolência, hipercapnia e
alterações da consciência.
O tratamento deve ser sintomático, com lavagem gástrica, o mais rapidamente
possível após a ingestão oral. Monitoração deve ser mantida no mínimo 24 horas.

3º CLE – OUT. 2001 121


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7.7 Antidepressivos IMAOs

Os chamados antidepressivos Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO)


promovem o aumento da disponibilidade da serotonina através da inibição dessa enzima
responsável pela degradação desse neurotransmissor intracelular.
A monoaminoxidase (MAO), é uma enzima envolvida no metabolismo da
serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como adrenalina,
noradrenalina e dopamina. Os antidepressivos IMAOs são inibidores da MAO e,
havendo uma redução na actividade MAO, produz-se um aumento da concentração
destes neurotransmissores nos locais de armazenamento, em todo o SNC ou no sistema
nervoso simpático.
Acredita-se que a acção antidepressiva dos IMAOs se correlacione também, e
principalmente, com alterações nas características dos neuroreceptores, alterações essas
no número e na sensibilidade desses receptores, mais até do que com o bloqueio da
recaptação sináptica dos neurotransmissores, propriamente dita. Isso explicaria o atraso
de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica.

TRANILCIPROMINA: Parnate, Stelapar


MOCLOBEMIDA: Aurorix
SELEGILINA: Elepril, jumexil

TRANILCIPROMINA
PARNATE
STELAPAR

Usada como cloridrato, a Tranilcipromina é um derivado não hidrazínico,


análogo estrutural da anfetamina. Inibe a monoaminoxidase (MAO), enzima envolvida
no metabolismo da serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como
epinefrina, norepinefrina e dopamina. É um inibidor da MAO não selectivo, que se une
de forma irreversível a esta enzima. A actividade MAO reduzida produz um aumento da
concentração destes neurotransmissores nos locais de armazenamento em todo o SNC
ou no sistema nervoso simpático.

3º CLE – OUT. 2001 122


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Acredita-se que a acção antidepressiva correlaciona-se melhor com as alterações


nas características dos receptores produzidos pela administração crónica de
tranilcipromina do que com o bloqueio da recaptação sináptica dos neurotransmissores,
o que explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica.
A Tranilcipromina é bem absorvida no trato gastrintestinal. Metaboliza-se por
oxidação no fígado de forma rápida. É eliminado por via renal e biliar.

INDICAÇÕES
Tratamento da depressão maior sem melancolia, que não responde ou não tolera outros
antidepressivos.

REACÇÕES ADVERSAS
São de incidência mais frequente: enjoos ou sensação de enjoos graves, visão
turva, obstipação, micção dificil, cansaço e debilidade, sonolência. De incidência rara:
colúria, erupção cutânea, edemas de membros inferiores.
Sinais de superdosagem: ansiedade grave, confusão, enjoos graves, febre,
alucinações, cefaléias, crises convulsivas, sudoração e irritabilidade não habitual.

PRECAUÇÕES
É importante evitar bebidas alcoólicas e com cafeína. Ao produzir sonolência
deve-se ter precaução ao dirigir veículo ou realizar trabalhos que requeiram estado de
atenção. Controlar a glicemia e glicosúria em pacientes diabéticos, dado que os
resultados podem estar diminuídos. Não se recomenda sua administração em menores
de 16 anos, já que pode produzir atraso no crescimento.

INTERACÇÕES
O uso simultâneo de anticonvulsivos pode aumentar os efeitos depressores sobre
o SNC e produzir uma alteração nos quadros de crises epileptiformes. Os
antidepressivos tricíclicos aumentam os efeitos anticolinérgicos e podem produzir crises
hiperpiréticas, crises hipertensivas e convulsões graves.
Os IMAO potencializam os efeitos dos hipoglicemiantes orais e da insulina.
Com o dextrometorfano pode ocorrer excitação, hipotensão e hiperpirexia. Com os
diuréticos pode ocorrer um efeito hipotensor aumentado. Pode-se prolongar e

3º CLE – OUT. 2001 123


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intensificar os efeitos sedativos e antimuscarínicos do naloperidol, loxapina,


fenotiazinas e tioxantenos.
Não se recomenda o uso simultâneo com levodopa, uma vez que a associação
pode gerar crises hipertensivas de moderadas a graves e repentinas.
O uso de L-triptófano pode produzir hiperreflexia, hiperventilação, hipertermia,
desorientação ou confusão. A associação com metildopa pode produzir
hiperexcitabilidade. O uso simultâneo de drogas simpaticomiméticas pode prolongar e
intensificar os efeitos vasodepressores e de estimulação cardíaca.

CONTRA-INDICAÇÕES
Disfunção hepática grave. Feocromocitoma. Disfunção renal. A relação risco-
benefício deve ser avaliada na presença de alcoolismo activo ou tratado, asma ou
bronquite, arritmias cardíacas, patologia cerebrovascular, epilepsia, diabetes mellitus,
hipertensão, hipertireoidismo, esquizofrenia paranóide, Parkinson e disfunção renal e
hepática.

MOCLOBEMIDA
AURORIX

A Moclobemida não deve ser utilizado em crianças uma vez que ainda não se
dispõe de estudos nessa faixa etária. Também está contra-indicado a pacientes com
hipersensibilidade a moclobemida e estados de confusão aguda. Os estudos em animais
não indicam que Moclobemida deva ser contra-indicado na gravidez.
Devido a mínima passagem de moclobemida para o leite materno devem ser
considerados os benefícios para a mãe em relação aos possíveis riscos para a criança.
Os comprimidos devem ser tomados com um pouco de líquido e sempre após as
principais refeições.
Após administração oral, a moclobemida é completamente absorvida, passando
para a circulação portal a partir do trato gastrintestinal. A sua primeira passagem
hepática reduz a fracção do princípio activo disponível a nível sistêmico
(biodisponibilidade).

3º CLE – OUT. 2001 124


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Esta redução é mais pronunciada após dose única ( 60%) do que doses múltiplas
(80%). Devido à sua natureza lipofílica, a moclobemida é extensivamente difundida
pelo organismo com um volume de distribuição de cerca de 1,2 L/kg.
A ligação às proteínas plasmáticas, principalmente albumina, é relativamente
baixa (50%). Concentrações plasmáticas máximas são atingidas aproximadamente uma
hora após administração.
Após doses repetidas, as concentrações plasmáticas de moclobemida aumentam
durante a primeira semana de tratamento e permanecem estáveis em seguida. Quando a
dose diária é aumentada, ocorre uma elevação proporcionalmente maior nas
concentrações do estado de equilíbrio dinâmico (steady-state).
A moclobemida é quase que inteiramente metabolizada antes de sua eliminação
pelo organismo: menos do que 1% da dose é eliminado por via renal sob forma
inalterada. A metabolização ocorre em grande parte através de reacções oxidativas sobre
a fracção morfolina da molécula.
Os metabólitos são eliminados por via renal. Produtos de degradação
farmacologicamente activos, encontrados in vitro e no animal, estão presentes na
circulação sistêmica no ser humano apenas em concentrações muito baixas. A
moclobemida é rapidamente eliminada do organismo.
O clearance sangüíneo é de aproximadamente 20-50 l/hora e a semi-vida de
eliminação é de uma a duas horas e ligeiramente mais elevada em doses mais altas. A
moclobemida passa para o leite materno em quantidades mínimas (menos de 0,06% da
dose para o adulto).

INDICAÇÕES
Tratamento das síndromes depressivas. Moclobemida é particularmente
adequado para tratamento ambulatorial, uma vez que não possui acção sedativa e não
compromete a atenção nem a capacidade de reacção.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade. Estados de confusão aguda. Moclobemida não deve ser
utilizado em pediatria, uma vez que não se dispõe, até o momento, de experiência
clínica nesta faixa etária.

3º CLE – OUT. 2001 125


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A administração concomitante de moclobemida com seleginina também é


contra-indicada. Uso durante a gravidez: os dados disponíveis referentes aos estudos em
animais não indicam que Moclobemida deva ser contra-indicado durante a gravidez.
Uso durante a lactação: devido à passagem de quantidades mínimas de
moclobemida para o leite materno, os benefícios do tratamento para a mãe devem ser
considerados em relação aos possíveis riscos para o lactente.

REACÇÕES ADVERSAS
A Moclobemida é bem tolerado. Os efeitos secundários mais freqüentes que
foram observados: distúrbios do sono, vertigens, náuseas, cefaléia, agitação. Outros
efeitos de carácter transitório ou ocasional: tremor, frio, sonolência, rubor, cansaço dos
membros inferiores. Em casos raros, estados confusionais foram observados, mas
cessaram rapidamente após interrupção do tratamento.

PRECAUÇÕES
Pacientes depressivos nos quais a excitação ou agitação seja o quadro clínico
predominante não devem ser tratados com Moclobemida isoladamente, mas somente em
combinação com um sedativo (p. ex.: um benzodiazepínico). Como ocorre com outros
antidepressivos, é possível uma exacerbação dos sintomas esquizofrênicos durante o
tratamento de pacientes que apresentem psicose esquizofrênica ou esquizoafectiva.
O tratamento com neurolépticos a longo prazo deve, se possível, ser mantido
nestes pacientes. Pacientes hipertensos devem ser alertados no sentido de evitar o
consumo de grandes quantidades de alimentos ricos em tiramina. Durante o tratamento
com Moclobemida, geralmente não se observa diminuição no desempenho em
actividades que requeiram plena capacidade de atenção (p. ex.: condução de veículos).
Entretanto, as reações individuais devem ser controladas durante a fase inicial do
tratamento.
Considerações farmacológicas de natureza teórica indicam que os IMAO em
geral podem precipitar crise hipertensiva em pacientes com tireotoxicose ou
feocromocitoma. Na ausência de experiência clínica com moclobemida nestes grupos,
recomendamos cautela na prescrição a estes pacientes.
Pacientes com tendências suicidas devem ser cuidadosamente monitorizados no
início do tratamento. Deve-se ter cautela ao se administrar a moclobemida junto com a
clomipramina.

3º CLE – OUT. 2001 126


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INTERACÇÕES
Em estudos farmacológicos, a moclobemida demonstrou um potencial mínimo
de interacção com a tiramina. Ao contrário do que se observa com os inibidores
irreversíveis da monoamino oxidase, a interacção com alimentos ricos em tiramina não
tem importância clínica durante o tratamento com moclobemida em condições dietéticas
normais e quando o produto é administrado após as principais refeições. Em animais, a
moclobemida potencia os efeitos do ibuprofeno e dos opiáceos. Portanto, pode ser
necessário um ajuste posológico. A cimetidina prolonga o metabolismo da
moclobemida. A dose usual de Moclobemida deve, portanto, ser reduzida a metade para
pacientes que estejam a receber cimetidina. A moclobemida não interage com álcool.
Tratamentos com antidepressivos tricíclicos ou outros agentes podem ser instituídos
imediatamente sem necessidade de um período de wash-out. Há possibilidade de
potencialização e prolongamento do efeito farmacológico de drogas simpatomiméticas
administradas por via sistêmica, durante o tratamento concomitante com moclobemida.

SUPERDOSAGEM
Os sintomas observados foram: aumento da agitação, agressividade e alterações
do comportamento. O tratamento de superdose deve visar, em primeiro lugar, à
manutenção das funções vitais.

SELEGILINA
ELEPRIL
JUMEXIL

A Selegilina é um moderno antiparkinsoniano que parece agir inibindo de forma


irreversível a enzima monoamino oxidase B, acarretando a degradação da dopamina no
cérebro. A selegilina pode aumentar a transmissão dopaminérgica através de outros
mecanismos como o de impedir a recaptura da dopamina ao nível da sinapse.
Nas doses preconizadas inibe seletivamente a MAO B; porém em doses maiores,
a MAO A pode também ser inibida. A não ocorrência de crises hipertensivas na
vigência de doses terapêuticas da selegilina associada a alimentos que contêm tiramina

3º CLE – OUT. 2001 127


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(queijo, vinho, licores, peixes, leveduras, etc.) pode ser explicada pela presença da
MAO A também ao nível do intestino; dessa forma a tiramina ingerida seria
normalmente metabolizada sob acção dessa enzima.
Seu efeito benéfico no tratamento de Parkinson ocorre, sobretudo, como
coadjuvante a outros fármacos como a levodopa e a carbidopa.

INDICAÇÕES
Parkinson, como coadjuvante de levodopa/carbidopa, em pacientes que
apresentem falha no tratamento com levodopa/carbidopa. Tem sido utilizada de forma
isolada ou como coadjuvante no tratamento da demência do tipo Alzheimer e na
depressão endógena.

SUPERDOSE
Agitação psicomotora, hipotensão severa e sintomas similares aos resultantes da
superdose de inibidores da MAO A. O tratamento deve ser de suporte e sintomático. A
indução do vómito e a administração de diazepam podem ser necessárias. Deve-se
evitar a administração de derivados fenotiazínicos.

REACÇÕES ADVERSAS
Costumam aparecer com frequência, porém não muito severa, náuseas, enjoos,
fraqueza, dor abdominal, confusão, alucinações, sensação de boca seca, sonhos vividos
e discinesias.
PRECAUÇÕES
Depois do início do tratamento observa-se aumento dos efeitos adversos da
levodopa, o que obriga a redução da dose dessa última. Recomenda-se não superar a
dose diária de 10mg para evitar o risco da aparição do efeitos decorrentes da inibição da
MAO A.
O risco/benefício deve ser avaliado durante a gravidez. O aleitamento deve ser
suspenso. A segurança e a eficácia em crianças não foram ainda estabelecidas.

INTERACÇÃO
Meperidina: rigidez muscular, estupor, agitação severa.

CONTRA-INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 128


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Hipersensibilidade à selegilina. Pacientes que recebem meperidina ou outros


opióides.

7.8. Antidepressivos Tricíclicos

AMITRIPTILINA: Amytril, Tryptanol


CLOMIPRAMINA: Anafranil
IMIPRAMINA: Imipra, Tofranil
MAPROTILINA: Ludiomil
NORTRIPTILINA: Pamelor

O local de acção dos ADT é no Sistema Límbico aumentando a NE e a 5HT na


fenda sináptica. Este aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda
sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores
pré-sinápticos.
Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do
número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback
inibiria a libertação de NE. Desta forma, quanto menor o número destes receptores,
menor seria sua estimulação e, consequentemente, mais NE seria libertada na fenda.
Há muitos tipos de antidepressivos. Todos são igualmente eficazes no tratamento
dos sintomas da depressão. A principal diferença entre eles são os possíveis efeitos
colaterais.
Os primeiros antidepressivos amplamente usados foram os tricíclicos. São muito
eficazes, mas causam efeitos colaterais porque afectam substâncias químicas do cérebro
não relacionadas com a depressão.
Entre esses efeitos estão boca seca, obstipação, visão embaçada, pressão arterial
baixa, sonolência diurna e ganho de peso. Os tricíclicos também são perigosos em caso
de dosagem excessiva.
Desde 1989, vários novos antidepressivos foram desenvolvidos. Eles foram
criados para afectar somente a serotonina, uma substância química do cérebro.

3º CLE – OUT. 2001 129


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São mais seguros e mais bem tolerados do que os tricíclicos. Por exemplo, eles
raramente causam um aumento de peso. O mais popular desses novos antidepressivos é
o Prozac.
Esses novos medicamentos também têm possíveis efeitos colaterais, como
náuseas, insónia, nervosismo e agitação. Como a maior parte dos deprimidos tem
dificuldade para dormir, esses efeitos colaterais podem incomodar.
Infelizmente, nem todas as pessoas com depressão reagem ou toleram bem os
antidepressivos existentes. Entretanto, tem havido muitos avanços na pesquisa sobre a
serotonina, nos últimos anos. Vários novos antidepressivos têm trazido novas
esperanças.
Com uma dessas drogas recentemente comercializadas, os pacientes
possivelmente sofrerão muito menos ansiedade e menos interferência no sono e na
função sexual.

A - FARMACOCINÉTICA
Os ADT sofrem metabolização hepática por oxidação e hidroxilação numa via
metabólica, noutra via sofrem dimetilação originando metabólitos também activos. Eles
têm uma forte tendência para se ligar às proteínas plasmáticas, embora a fracção livre
tenha também uma grande importância na acção terapêutica. Apenas 5% da dose
ingerida é excretada na sua forma original.
Como os metabólitos dos ADT são activos terapeuticamente, as diferenças
individuais de metabolização fazem com que as doses equivalentes prescritas resultem,
com freqüência, em níveis plasmáticos discrepantes de uma pessoa para outra.
O local de acção dos ADT é no Sistema Límbico aumentando a NE e a 5HT na fenda
sináptica.
Este aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é
conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré-
sinápticos. Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do
número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback
inibiria a libertação de NE. Desta forma, quanto menor o número destes receptores,
menor seria sua estimulação e, consequentemente, mais NE seria libertada na fenda.
Portanto, dois mecanismos relacionados à recaptação; um inibindo directamente
a recaptação e outro diminuindo o número dos receptores.

3º CLE – OUT. 2001 130


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Alguns autores tentam relacionar subtipos de depressão de acordo com o


envolvimento do sistema serotoninérgico ou noradrenérgico. Teríamos então,
bioquímica e farmacologicamente, a depressão por déficit de 5HT, considerada
depressão ansiosa e a depressão por déficit de NE, depressão inibida.
Importa, em relação à farmacocinética dos ADT, o conhecimento do período de
latência para a obtenção dos resultados terapêuticos. Normalmente estes resultados são
obtidos após um período de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar
até 30 dias.
Os ADT são potentes anticolinérgicos e por esta característica seus efeitos
colaterais são explicados. Enquanto os efeitos terapêuticos exigem um período de
latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem
imediatamente após a ingestão do medicamento e são responsáveis pelo grande número
de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados. Daí a
importância na orientação ao paciente.

B - EFEITOS COLATERAIS
1-OFTALMOLÓGICOS
Pode-se observar com certa frequência alguma dificuldade de acomodação
visual dependendo da dose do ADT, facto que não chega a ser importante ao ponto de
obrigar uma interrupção no tratamento. Midríase também é uma ocorrência que pode ser
observada.

2-GASTRINTESTINAIS
Secura na boca ocorre em quase 100% dos pacientes em doses terapêuticas dos
ADT. Embora incómoda, esse sintoma pode perfeitamente ser suportável e em casos
mais severos podemos ter como consequência gengivite e mesmo glossite. Obstipação
intestinal também acontece em quase 100% das vezes e é resolvido com a mudança no
hábito alimentar ou com a utilização de laxantes.

3-CARDIOCIRCULATÓRIOS
Os ADT podem provocar, principalmente no início do tratamento, um aumento
na frequência cardíaca mas as taquicardias importantes são de ocorrência rara. Podemos
observar, às vezes, um aumento do intervalo PR, do complexo QRS ou do intervalo QT
no ECG. Estas alterações são moderadas e não têm significado clínico. Devem ser

3º CLE – OUT. 2001 131


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considerados com mais seriedade os pacientes portadores do bloqueio AV anterior ao


tratamento com ADT.
Embora tenha havido grandes preocupações no passado em relação ao potencial
disrítmico dos ADT, na realidade, hoje se constacta que podem ter uma actuação até
antiarrítmica, com efeitos semelhantes aos quinidínicos. Portanto, pacientes em uso de
quinidina ou procainamida poderão eventualmente ter as suas doses diminuídas quando
associamos aos ADT.
Outro efeito circulatório que pode molestar o paciente é a ocorrência de
hipotensão postural, também perfeitamente suportável e que não exige mudança na
posologia.

4-ENDOCRINOLÓGICO
Alguns trabalhos apontam um aumento nos níveis de prolactina e,
paradoxalmente, outros autores demonstram diminuição e outros ainda, níveis
inalterados. A mesma disparidade encontramos em relação aos trabalhos sobre
alterações das hormonas tereoideanas.
Em relação ao eixo hipófise-suprarenal também não há nada conclusivo. A
maioria dos autores concorda em que não há alterações neste sistema. Entretanto, parece
ser relevante o aumento nos níveis da hormona do crescimento com o uso de
desipramina, um metabólito da imipramina.

5-GENITURINÁRIO
A retenção urinária pode ser observada, principalmente, em pacientes homens e
portadores de adenoma de próstata. Embora deva ser dado mais atenção a estes
pacientes, tal ocorrência não é contra-indicação absoluta ao uso dos ADT. Com muita
frequência encontramos disúria em ambos os sexos.
Na esfera sexual podemos ter uma diminuição da libido, retardamento do
orgasmo e mais raramente, anorgasmia (em ambos sexos). Como frequentemente na
depressão a libido já se encontra diminuída ou até abolida, com a melhora do quadro
afectivo pelos ADT o paciente notar comumente uma melhora desta função, ao
contrário do que poderíamos esperar se considerarmos apenas os efeitos colaterais.

6-SISTEMA NERVOSO CENTRAL

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A sedação inicial e sonolência são encontrados no início do tratamento,


diminuindo sensivelmente após os 6 primeiros dias. Em doses terapêuticas a insónia,
agitação e aumento da ansiedade não são comuns de se observar.
Em pacientes mais idosos podemos encontrar a chamada "síndrome
anticolinérgica central" com agitação, confusão mental, delírios e alucinações. Daí
considerar-se a utilização de doses menores em tais pacientes. Em pessoas predispostas
pode ocorrer convulsões do tipo generalizada devido aos facto dos ADT diminuírem o
limiar convulsígeno.

7-ALTERAÇÕES GERAIS
Tremores finos das mãos são observadas com certa frequência e respondem
muito bem aos betabloqueadores (Propranolol). Sudorese excessiva pode também
incomodar o paciente mas não necessita cuidados especiais.
É comum um ganho de peso e, às vezes, os pacientes referem impulso para
comer doces. Apesar disso os estudos controlados sobre o metabolismo dos glicídios
não revelam maiores explicações.

8-INTOXICAÇÃO
Sinais de intoxicação começam a aparecer quando a ingestão de ADT ultrapassa
500 mg/dia, porém, a dose letal e maior que isso: varia entre 1.800 e 2.500 mg(10).
Na intoxicação por ADT podemos encontrar agitação ou sedação, midríase, taquicardia,
convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia
cardíaca, paragem cardíaca e morte.
Tendo em vista a grande afinidade protêica dos ADT, sua eliminação por diálise
ou diurese é muito difícil. Nos casos de intoxicação está indicado o uso de
anticolenesterásicos (Prostigmina IM ou EV) e medidas de sustentação geral.

CLOMIPRAMINA
ANAFRANIL

As acções terapêuticas da Clomipramina são destinadas aos estados depressivos


de etiologia e sintomatologia variáveis: depressão endógena, reactiva, neurótica,

3º CLE – OUT. 2001 133


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orgânica, mascarada e das suas formas involutivas; depressão associada à esquizofrenia


e transtornos da personalidade; síndromes depressivas causadas por pré-senilidade ou
senilidade, por condições dolorosas crónicas, por doenças somáticas crónicas; distúrbios
depressivos do humor de natureza psicopática, neurótica ou reactiva. Síndromes
obsessivo-compulsivas.
Condições dolorosas crónicas. Oral: fobias e ataques de pânico, cataplexia
associada a narcolepsia, enurese noturna (apenas em pacientes acima de 5 anos de idade
e desde que as causas orgânicas tenham sido excluídas), ejaculação precoce. Injetável:
fobias, anorexia nervosa.

PROPRIEDADES
A Clomipramina droga inibe a recaptação neuronal de norepinefrina e serotonina
(a inibição da recaptação de 5-hidroxitriptamina é o componente dominante). Também
tem propriedades adrenolíticas a1, anticolinérgicas, anti-histamínicas e anti-
serotoninérgicas (bloqueio do receptor de 5-HT).
Após a administração repetida de 50 a 150mg diários de clomipramina por via
IV ou IM, as concentrações plasmáticas correspondentes ao período de estado são
alcançadas na segunda semana de tratamento e variam de <15 até 391ng/ml para a
droga inalterada e de <15 até 600ng/ml para a DMC (metabólito activo -
desmetilclomipramina), no mesmo momento.
A Clomipramina é excretada pela urina 2/3 na forma de conjugados
hidrossolúveis e aproximadamente um terço com as fezes. A sua semi-vida é de 12 a 36,
horas e fixa-se às proteínas em 96%. Possui um efeito antimuscarínico e sedante
moderado.
Oral: a clomipramina é completamente absorvida do trato gastrintestinal.
A biodisponibilidade sistêmica da clomipramina inalterada é reduzida a cerca de
50% pelo metabolismo hepático de primeira passagem para desmetilclomipramina. A
biodisponibilidade da clomipramina não é significativamente afectada pela ingestão de
alimentos.Apenas o início da absorção pode ser ligeiramente retardado e portanto o
tempo para pico prolongado.
As concentrações plasmáticas de steady-state do metabólito activo
desmetilclomipramina acompanham um padrão similar.Contudo, a uma dose de 75mg
de Clomipramina por dia, essas concentrações são 40 a 85% mais elevadas do que as de

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clomipramina. Distribuição: 97,6% da clomipramina se ligam a proteínas plasmáticas.


O volume de distribuição aparente é de cerca de 12 a 17 litros/kg de peso corpóreo.
No fluido cerebrospinhal, a concentração é equivalente a cerca de 2% da
concentração plasmática. A clomipramina passa para o leite materno em concentrações
semelhantes às do plasma. Biotransformação: a maior rota de biotransformação da
clomipramina é a desmetilação para desmetilclomipramina.
Adicionalmente, a clomipramina e a desmetilclomipramina são hidroxiladas para
8-hidroxi-clomipramina e 8-hidroxi-desmetilclomipramina, mas pouco se conhece a
respeito de sua actividade in vivo.
A hidroxilação da clomipramina e da desmetilclomipramina estão sobcontrolo
genético semelhante ao da debrisoquina. Em metabolizadores fracos de debrisoquina,
isso pode levar a altas concentrações de desmetilclomipramina, enquanto as
concentrações de clomipramina são pouco influenciadas.
Eliminação: após administração IM ou IV, a clomipramina é eliminada do
plasma com uma semi-vida terminal média de 25h (de 20 a 40h) ou 18h,
respectivamente. A clomipramina administrada por via oral é eliminada do sangue com
uma semi-vida média de 21h (de 13 a 36h), e a desmetilclomipramina com uma semi-
vida média de 36h.
Cerca de dois terços de uma dose única de clomipramina são excretados na
urina, sob a forma de conjugados solúveis em água, e aproximadamente um terço nas
fezes. A quantidade de clomipramina inalterada e de desmetilclomipramina excretada
na urina é de cerca de 2% e 0,5% da dose administrada, respectivamente.

INDICAÇÕES
Estados depressivos de etiologia diversa: depressão associada com esquizofrenia
e distúrbios de personalidade, síndromes depressivas senis ou pré-senis, distimias
depressivas de natureza reactiva, neurótica ou psicopática, síndromes obsessivo-
compulsivas, fobias e ataques de pânico, estados dolorosos crónicos, enurese noturna (a
partir dos 5 anos e prévia exclusão de causas orgânica

REACÇÕES ADVERSAS
Reacções anticolinérgicas: secura na boca, obstipação, suores, distúrbios de
micção, distúrbios do SNC, sonolência, fadiga, aumento de apetite. Ocasionalmente
podem ocorrer confusão ou alucinações, distúrbios do sono.

3º CLE – OUT. 2001 135


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Sistema cardiovascular: hipotensão ortostática, taquicardia sinusal. Sistema


gastrintestinal: náuseas, vómitos, diarréia, anorexia. Ocasionalmente, também, reacções
alérgicas cutâneas.

PRECAUÇÕES
Deverá ser administrada com cautela em pacientes com distúrbios
cardiovasculares; controlar a pressão arterial, já que em indivíduos hipotensos ou com
instabilidade circulatória pode haver diminuição da pressão. Dever-se-á ter precaução
com pacientes com hipertireoidismo, com controlo do quadro hemático, uma vez que
pode ocorrer agranulocitose. A função hepática e renal deverá ser controlada.
Os pacientes com distúrbios afectivos bipolares podem passar da depressão para
a mania; nestes casos, suspender o tratamento com clomipramina. Diante de uma
superdose com sintomatologia grave, taquicardia, arritmias, estupor, ataxia, rigidez
muscular, depressão respiratória, será necessária a hospitalização do paciente com
vigilância contínua do sistema cardiovascular durante 48 horas.

INTERACÇÕES
Os pacientes que necessitam de um inibidor da monoaminooxidase deverão
suspender o tratamento com clomipramina 15 dias antes de iniciar a dose de IMAO.
Pode reduzir ou anular o efeito antihipertensivo de clonidina, guanetidina, betanidina,
reserpina e metildopa. Pode reforçar o efeito cardiovascular dos simpaticomiméticos
(epinefrina, norepinefrina e anfetamina), dando origem a arritmias, taquicardia ou
hipertensão.
Administrado em associação com anticolinérgicos ou neurolépticos com efeito
anticolinérgico, podem ocorrer estados de hiperexcitação ou delírio, como ataques de
glaucoma. Também não deverá ser empregado em combinação com antiarrítmicos do
tipo da quinidina.
Se administrada junto com estrogênios, a dose de clomipramina deverá ser
diminuída, pois as hormonas esteróides inibem o metabolismo destas substâncias, dando
origem a toxicidade, mascarando os efeitos terapêuticos e piorando a depressão.
Ao diminuir o limiar das crises convulsivas com doses elevadas, diminui o efeito
da medicação anticonvulsiva, requerendo, portanto, um ajuste da dose para o controle
destas crises. O uso simultâneo com cimetidina inibe o metabolismo da clomipramina e

3º CLE – OUT. 2001 136


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aumenta a concentração plasmática, dando origem à toxicidade, podendo ser necessária


uma diminuição da dose do antidepressivo tricíclico.

CONTRA-INDICAÇÕES
É contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida aos
antidepressivos tricíclicos do grupo das benzodiazepinas. Não deve ser administrada
junto com inibidores da monoaminooxidase, bem como no estado agudo de enfarte do
miocárdio.
A relação risco-benefício deverá ser avaliada nos seguintes quadros clínicos:
asma, doença maníaco-depressiva, alterações cardiovasculares, principalmente em
crianças ou idosos, disfunção hepática ou renal, esquizofrenia, crise convulsiva,
retenção urinária.

IMIPRAMINA
IMIPRA
TOFRANIL

A Imipramina é um antidepressivo tricíclico indicado para todas as formas de


depressão, incluindo-se as formas endógenas, as orgânicas e as psicogênicas e a
depressão associada com distúrbios de personalidade ou com alcoolismo crónico.
Outras indicações: pânico; condições dolorosas crónicas; terror nocturno; enurese
nocturna (apenas em pacientes acima de 5 anos de idade e somente se as causas
orgânicas tiverem sido excluídas).
Inibidor da recaptação de noradrenalina e serotonina. Mecanismo de acção: a
imipramina tem várias propriedades farmacológicas, incluindo-se as propriedades
alfadrenolítica, anti-histamínica, anticolinérgica e bloqueadora do receptor
serotoninérgico (5-HT). Contudo, acredita-se que a principal actividade terapêutica da
imipramina seja a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina (NA) e serotonina
(5-HT). A imipramina é chamada de bloqueador "misto" da recaptação, isto é, ela inibe
a recaptação da noradrenalina e da serotonina aproximadamente na mesma extensão.
Absorção: o cloridrato de imipramina é rapidamente e quase que completamente
absorvido a partir do tracto gastrintestinal. A ingestão de alimentos não afecta a

3º CLE – OUT. 2001 137


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absorção e a biodisponibilidade. Durante sua primeira passagem pelo fígado, a


imipramina, administrada por via oral, é parcialmente convertida em
desmetilimipramina, um metabólito que também exibe actividade antidepressiva.
Distribuição: cerca de 86% da imipramina ligam-se a proteínas plasmáticas. As
concentrações de imipramina no fluido cerebroespinal e no plasma são altamente
correlacionadas.
O volume aparente de distribuição é de aproximadamente 21L/kg de peso
corpóreo. Tanto a imipramina como seu metabólito desmetilimipramina passam para o
leite materno em concentrações análogas às encontradas no plasma. Biotransformação:
a imipramina é extensivamente metabolizada no fígado.
A molécula é transformada principalmente por desmetilação e, em menor
extensão, por hidroxilação. Ambas as rotas metabólicas estão sob controlo genético.
Eliminação: a imipramina é eliminada do organismo com semi-vida média de 19 horas.
Aproximadamente 80% do fármaco são excretados através da urina e cerca de
20% nas fezes, principalmente na forma de metabólitos inactivos. A quantidade de
imipramina inalterada e de seu metabólito activo desmetilimipramina excretados através
da urina são de 5% e 6%, respectivamente.
Apenas pequenas quantidades são excretadas através das fezes. Em pacientes
portadores de distúrbios renais graves, não ocorrem alterações na excreção renal da
imipramina e de seus metabólitos não-conjugados, biologicamente activos. Entretanto,
as concentrações plasmáticas de steady-state dos metabólitos conjugados, que são
considerados biologicamente inactivos, são elevadas. A importância clínica dessa
descoberta é desconhecida.

PROPRIEDADES
É uma benzodiazepina que actua aumentando a concentração de norepinefrina
na sinapse ou de serotonina no SNC, ao bloquear sua recaptação pela membrana
neuronal pré-sináptica. Inibe a recaptação tanto de norepinefrina como de serotonina.
Acredita-se que a acção antidepressiva correlaciona-se melhor com as mudanças
nas características dos receptores provocadas pela administração crónica dos
antidepressivos tricíclicos do que com o bloqueio da recaptação dos neurotransmissores;
isso poderia explicar o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica.
Absorve-se bem e com rapidez após a administração oral; seu metabolismo é
somente hepático, com efeito de primeiro passo, e seu metabólito activo é a

3º CLE – OUT. 2001 138


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desipramina. A sua união às proteínas é muito elevada no plasma e tecidos. Elimina-se


principalmente por via renal.

INDICAÇÕES
Síndrome depressiva maior, doença maníaco-depressiva, ansiedade associada à
depressão mental. Depressão reactiva ou distúrbios distímicos. O cloridrato de
imipramina é indicado como ajuda ao tratamento temporário da enurese noturna em
crianças de 6 anos ou maiores. Tratamento de dor crónica grave.

REACÇÕES ADVERSAS
Tonturas, sonolência, secura na boca, cansaço ou debilidade, aumento de peso,
diarréia, sudorese excessiva. Visão turva, movimentos de sucção, mastigação,
instabilidade, movimentos lentos, hipotensão, ansiedade. São de incidência rara:
taquipnéia, crises convulsivas, erupção cutânea, prurido, irritabilidade, rigidez muscular
grave, dor de garganta.

PRECAUÇÕES
Deve ser ingerido junto com os alimentos para reduzir a irritação gastrintestinal.
São necessárias de 2 a 6 semanas de tratamento para obter-se os efeitos antidepressivos.
Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas; possível sonolência, motivo pela qual se deve
ter precaução ao dirigir.
Não suspender a medicação de forma abrupta, porém gradualmente. O seu uso
não é recomendável para crianças menores de 12 anos, excepto no tratamento da
enurese em crianças maiores de 6 anos.

INTERACÇÕES
Os corticóides, amantadina, anti-histamínicos ou antimuscarínicos intensificam
os efeitos antimuscarínicos, principalmente confusão mental, alucinações e pesadelos.
Pode bloquear a desintoxicação da atropina, diminuir o umbral das crises convulsivas e,
assim, reduzir os efeitos da medicação anticonvulsiva.
A cimetidina pode inibir o metabolismo da imipramina e aumentar sua
concentração plasmática. O uso simultâneo com guanetidina ou clonidina pode diminuir
os efeitos hipotensores destes medicamentos. Os anticoncepcionais orais que contêm
estrogênios podem aumentar a biodisponibilidade da imipramina.

3º CLE – OUT. 2001 139


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O haloperidol, as fenotiazinas ou os tioxantenos prolongam e intensificam o


efeito dos antidepressivos tricíclicos. O uso de metilfenidato aumenta as concentrações
de imipramina. Não é recomendável o uso simultâneo com inibidores da MAO, devido
ao aumento do risco de episódios hiperpiréticos, convulsões graves, crises hipertensivas.
Potencializa os efeitos cardiovasculares dos simpaticomiméticos, o que origina
arritmias, taquicardia ou hipertensão grave.

CONTRA-INDICAÇÕES
Não deve ser usada durante o período de recuperação, imediatamente após
enfarte de miocárdio. A relação risco-benefício deve ser avaliada na presença de
alcoolismo, asma, doença maníaco-depressiva, distúrbios sanguíneos, alterações
cardiovasculares (idosos ou crianças), distúrbios gastrintestinais, doença genito-urinária,
disfunção hepática ou renal, esquizofrenia e retenção urinária.

AMITRIPTILINA
AMITRIPTILINA
AMYITRIL
TRYPTANOL

Embora não tenha sido descrito o exacto mecanismo de acção da Amitriptilina


no tratamento da depressão, calcula-se que os antidepressivos tricíclicos aumentam a
concentração na sinapse de norepinefrina ou de serotonina no sistema nervoso central,
ao bloquear sua recaptação pela membrana neuronal pré-sináptica.
A amitriptilina parece ser mais potente no bloqueio da serotonina. Recentes
investigações com antidepressivos mostram uma dessensibilização dos receptores da
serotonina e dos alfa-adrenérgicos ou beta-adrenérgicos.
Calcula-se que a acção antidepressiva relaciona-se melhor com as mudanças nas
características dos receptores, produzidos pela administração crónica dos
antidepressivos tricíclicos, que com o bloqueio da recaptação dos neurotransmissores;
isto explica o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica.

3º CLE – OUT. 2001 140


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Também aparecem importantes efeitos antimuscarínicos periféricos e centrais


devido a sua potente e alta afinidade de união aos receptores muscarínicos; efeitos
sedantes por sua grande afinidade de união pelos receptores H1 da histamina e possíveis
efeitos depressores miocárdicos semelhantes aos produzidos pela quinidina.
É bem e rápidamente absorvida por via oral. Metaboliza-se exclusivamente no
fígado e seu metabólito activo é a nortriptilina. A união a proteínas é elevada no plasma
e em tecidos (96%). A eliminação é principalmente renal, durante vários dias, e não é
dializável por sua alta união às proteínas. Sua semi-vida é de 10 a 50 horas. É um dos
antidepressivos tricíclicos com maior efeito sedante.

INDICAÇÕES
Síndrome depressiva maior, doença maníaco-depressiva, distúrbios depressivos
na psicose. Estados de ansiedade associados com depressão. Depressão com sinais
vegetativos. Dor neurogênica: em dose de até 100mg/dia em dor crónica grave.

REACÇÕES ADVERSAS
Visão turva, movimentos de mastigação, sucção, linguais; movimentos
incontrolados das pernas ou braços; confusão, delírio, alucinações. Obstipação,
principalmente em idosos. Dificuldade ao falar ou engolir. Nervosismo. Agitação.
Rigidez muscular. Fotossensibilidade. Crises convulsivas. Sudorese excessiva. Pirose.
Vómitos.

PRECAUÇÕES
Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas. É possível que apresente sonolência,
portanto é necessário ter cuidado ao dirigir. A possível secura da boca implicará o uso
de um substituto da saliva para o alívio. Não suspender a medicação de forma brusca.
Não se recomenda seu uso em menores de 12 anos.

INTERACÇÕES
Os corticóides, anti-histamínicos ou antimuscarínicos potencializam os efeitos
antimuscarínicos; principalmente os de confusão mental, alucinações e pesadelos. O uso
simultâneo com atropina pode bloquear a detoxificação da atropina, e pode produzir íleo
paralítico. Aumenta a acção dos anticoagulantes por inibição do metabolismo
enzimático do anticoagulante. Potencializa a depressão do SNC, o que diminui o limiar

3º CLE – OUT. 2001 141


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das crises convulsivas a doses elevadas e diminui os efeitos da medicação


anticonvulsiva.
O uso simultâneo com antitireóideos pode aumentar o risco de agranulocitose.
Os efeitos dos antidepressivos tricíclicos podem ser diminuídos quando usados com
barbitúricos. A cimetidina inibe o metabolismo da amitriptilina e aumenta sua
concentração plasmática.
Outros depressores do SNC potencializam sua acção. Não é recomendado seu
uso com IMAO devido ao aumento do risco de convulsões graves e crises hipertensivas.
Potencializam-se os efeitos pressores da nafazolina oftálmica, oximetazolina nasal,
fenilefrina nasal ou oftálmica ou xilometazolina nasal. O uso concomitante com drogas
simpaticomiméticas pode potencializar os efeitos cardiovasculares e dar lugar a
arritmias, taquicardia ou hipertensão.

CONTRA-INDICAÇÕES
É contra-indicada a sua prescrição durante o período de recuperação imediato a
enfarte do miocárdio. Deverá ser avaliada a relação risco-benefício na presença de
alcoolismo activo ou tratado, asma, síndrome maníaco-depressiva ou bipolar, distúrbios
hemáticos, alterações cardiovasculares, principalmente em idosos e crianças, glaucoma,
disfunção hepática ou renal, hipertireoidismo, esquizofrenia, crises convulsivas,
retenção urinária.

MAPROTILINA
LUDIOMIL

O tratamento com Maprotilina não deve ser interrompido sem o conhecimento


do médico. Os efeitos indesejáveis de Maprotilina são leves e transitórios e,
normalmente, desaparecem durante o tratamento ou após a redução da dose. Pacientes
idosos são mais sensíveis. Ocasionalmente podem ocorrer tonturas, dor de cabeça,
vertigem, cansaço transitório, sonolência, secura da boca, vermelhidão de pele, urticária
(às vezes acompanhada de febre), náuseas, vómitos, alterações da pressão arterial,
aumento da frequência cardíaca, transpiração, aumento de peso.
Enquanto estiver em tratamento, o paciente não deve ingerir bebidas alcoólicas.

3º CLE – OUT. 2001 142


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Maprotilina é um antidepressivo tetracíclico que exibe uma série de


propriedades terapêuticas comuns aos antidepressivos tricíclicos. Apresenta um espectro
de acção bem equilibrado, melhorando o humor e aliviando a ansiedade, a agitação e o
retardamento psicomotor. Maprotilina influencia favoravelmente os sintomas somáticos
dos quadros de depressão mascarada.
A Maprotilina difere estrutural e farmacologicamente dos antidepressivos
tricíclicos. Possui efeito inibidor potente e selectivo sobre a recaptação da noradrenalina
nos neurónios pré-sinápticos, nas estruturas corticais do sistema nervoso central, mas
quase não exerce efeito inibidor na recaptação da serotonina. A Maprotilina apresenta
afinidade de fraca a moderada pelos adrenoceptores alfa-1 centrais, acentuada
actividade inibitória com os receptores H1 de histamina e um efeito anticolinérgico
moderado.
Absorção: após a administração oral dos comprimidos revestidos, é lenta, porém
completamente absorvido. A biodisponibilidade absoluta média é de 66-70%.
Distribuição: o coeficiente de partição da Maprotilina entre o sangue e o plasma é 1,7. O
volume médio de distribuição aparente é de 23-27 litros/kg. A Maprotilina liga-se a
proteínas plasmáticas em 88 a 90%, independentemente da idade ou enfermidade do
paciente. As concentrações no fluido cerebrospinhal são de 2-13% das concentrações
séricas. Biotransformação: Maprotilina é amplamente metabolizado; apenas 2 a 4% da
dose são eliminados de forma inalterada através da urina. O principal metabólito é o
desmetil derivado, farmacologicamente activo. Há muitos metabólitos hidroxilados
e/ou metoxilados, de menor importância, que são excretados como conjugados através
dos rins. Eliminação: a Maprotilina é eliminada do sangue com semi-vida média de 43-
45 horas. O clearance sistêmico médio encontra-se entre 510 e 570ml/min. Em 21 dias
cerca de dois terços de uma dose única são excretados através da urina,
predominantemente como metabólitos livres e conjugados, e cerca de um terço nas
fezes.

INDICAÇÕES
Depressão: endógena e depressão de início tardio (involutiva). Depressão
psicogênica, reactiva e neurótica, depressão por exaustão. Depressão somatogênica.
Depressão mascarada. Depressão na menopausa.

3º CLE – OUT. 2001 143


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Outros transtornos depressivos: caracterizados por ansiedade, disforia ou


irritabilidade; estados apáticos (especialmente nos idosos); sintomas psicossomáticos e
somáticos com depressão e/ou ansiedade subjacentes.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade à Maprotilina ou sensibilidade cruzada com antidepressivos
tricíclicos. Transtornos convulsivos ou limiar convulsivo diminuído (ex.: danos
cerebrais de etiologia variada, alcoolismo). Estágio inicial de enfarte do miocárdio ou
distúrbios da condução cardíaca. Insuficiência hepática ou renal grave.
Glaucoma de ângulo fechado ou retenção urinária (ex.: causadas por doença
prostática). Tratamento concomitante com inibidor da MAO. Intoxicação aguda com
álcool, hipnóticos, ou fármacos psicotrópicos.

REACÇÕES ADVERSAS
Os efeitos indesejados são geralmente leves e transitórios, desaparecendo
durante o curso do tratamento ou após a diminuição da dose. Frequentemente é difícil
distinguir-se certos efeitos adversos dos sintomas da depressão, tais como fadiga,
distúrbios do sono, agitação, ansiedade, obstipação e boca seca.
Sistema nervoso central. Efeitos psíquicos frequentes: sonolência, fadiga.
Ocasionais: aumento de apetite, inquietação, sedação diurna, ansiedade, agitação,
mania, hipomania, agressividade, alteração da memória (diminuída), perturbações do
sono, insónia, pesadelos, agravamento da depressão, concentração prejudicada. Raros:
delírios, confusão, alucinações (particularmente em pacientes idosos), nervosismo.
Casos isolados: activação de sintomas psicóticos, despersonalização.
Efeitos neurológicos frequentes: sensação de cabeça leve, cefaléia, tremor leve,
mioclonia. Ocasionais: tontura, disartria, parestesias (dormência, formigamento),
fraqueza muscular. Raras: convulsões, ataxia, acatisia. Casos isolados: alterações do
ECG, discinesia, falta de coordenação, dislalia.
Efeitos anticolinérgicos freqüente: boca seca. Ocasionais: obtipação, sudorese,
visão turva, distúrbios da acomodação visual, distúrbios na micção. Casos isolados:
estomatite, cáries dentárias.
Sistema cardiovascular. Ocasionais: taquicardia sinusal, palpitações, hipotensão
postural, alterações do ECG clinicamente irrelevantes em pacientes com as condições
cardíacas normais (ex.: alterações da onda T e do segmento ST). Raros: arritmias,

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elevação da pressão arterial. Casos isolados: distúrbios da condução (ampliação do


complexo QRS, bloqueio do feixe atrioventricular, alterações PQ), síncope.
Trato gastrointestinal. Ocasionais: náusea, vómito, distúrbios abdominais. Raros:
diarréia, elevação de enzimas hepáticas (transaminases, fosfatase alcalina). Casos
isolados: hepatite, com ou sem icterícia.
Pele. Ocasionais: reacções alérgicas na pele (rash, urticária), algumas vezes com
febre, fotossensibilidade. Casos isolados: prurido, púrpura, edema (local ou
generalizado), vasculite cutânea, perda de pêlos, alopecia, eritema multiforme.
Sistema endócrino e metabolismo. Ocasionais: ganho de peso, distúrbios da
libido e da potência. Casos isolados: aumento do volume das mamas, galactorréia,
síndrome da secreção inapropriada da hormona antidiurética (SIHAD).
Trato respiratório. Casos isolados: alveolite alérgica com ou sem eosinofilia,
broncoespasmo.
Sangue. Casos isolados: leucopenia, agranulocitose, eosinofilia,
trombocitopenia.
Órgãos dos sentidos. Casos isolados: zumbido, distúrbios do paladar, congestão
nasal.
Outras. Embora não haja indicativos de dependência, os sintomas a seguir
ocorrem ocasionalmente após a interrupção abrupta do tratamento ou da redução da
dose: náusea, vómito, dor abdominal, diarréia, insónia, cefaléia, nervosismo, ansiedade
e piora da depressão subjacente ou do humor depressivo.

PRECAUÇÕES
O risco de suicídio é inerente à depressão grave e pode persistir até que ocorra
remissão significativa. Há relatos de que os antidepressivos, em raras ocasiões,
exacerbam tendências suicidas. Um estudo em que Maprotilina foi administrado como
tratamento profilático para depressão unipolar sugeriu um aumento no comportamento
suicida do grupo tratado.
Relatou-se que Maprotilina é comparável a outros antidepressivos, em termos de
associação à superdose fatal. Os pacientes devem ser supervisionados cuidadosamente,
durante todos os estágios do tratamento.
Embora tenham sido relatados apenas casos isolados de alterações na contagem
de leucócitos com Maprotilina, recomenda-se a contagem periódica das células

3º CLE – OUT. 2001 145


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sanguíneas e a monitorização de sintomas, tais como febre e faringoamigdalites,


especialmente nos primeiros meses de tratamento.
Durante tratamento prolongado, é recomendável controlar-se as funções hepática
e renal. Utilizar com cautela em pacientes com história de pressão intra-ocular elevada,
obstipação crónica grave ou com história de retenção urinária, especialmente na
presença de hipertrofia prostática.
Os antidepressivos tricíclicos podem causar íleo paralítico, particularmente em
pacientes idosos e em pacientes hospitalizados. Em tratamento de longo prazo com
antidepressivos tem sido relatado aumento de cáries dentárias.
O lacrimejamento reduzido e o relativo acúmulo de secreções mucóides,
causados por propriedades anticolinérgicas dos antidepressivos tricíclicos, podem
originar danos ao epitélio da córnea em pacientes que utilizam lentes de contato.
Efeitos sobre a habilidade de dirigir veículos e/ou operar máquinas: pacientes em
tratamento com Maprotilina devem ser alertados sobre a possível ocorrência de visão
embaçeada, sonolência e outros sintomas do SNC; nesses casos, eles não devem dirigir,
operar máquinas ou se envolver em qualquer atividade potencialmente perigosa.
Maprotilina não deve ser administrado durante a gravidez, a menos que os
benefícios ao feto sejam evidentemente mais importantes do que seus riscos.
Maprotilina deve ser descontinuado ao menos sete semanas antes da data
prevista para o parto, desde que o estado clínico da paciente assim o permita, para se
evitar que o recém-nascido apresente possíveis sintomas, tais como dispnéia, letargia,
irritabilidade, taquicardia, hipotonia, convulsões, tremor e hipotermia.
A Maprotilina passa para o leite materno.

INTERACÇÕES
Inibidores da MAO: não administrar Maprotilina pelo menos por 14 dias após a
interrupção de tratamento com inibidores da MAO (há risco de interações graves, tais
como hipertermia, tremores, convulsões clônicas generalizadas, delírio e possível
óbito). O mesmo se aplica quando da administração de um inibidor da MAO após
tratamento prévio com Maprotilina.
Bloqueadores adrenérgicos: Maprotilina pode diminuir ou anular o efeito anti-
hipertensivo da guanetidina, da betanidina, da reserpina, da clonidina e da alfa-
metildopa. Os pacientes que necessitem de co-medicação para hipertensão deverão,
portanto, ser tratados com anti-hipertensivos de mecanismo de acção diferente (ex.:

3º CLE – OUT. 2001 146


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diuréticos, vasodilatadores ou betabloqueadores, que não sofram acentuada


biotransformação).A descontinuação brusca de Maprotilina pode também resultar em
hipotensão grave.
Drogas simpatomiméticas: Maprotilina pode potencializar os efeitos
cardiovasculares da adrenalina, da noradrenalina, da isoprenalina, da efedrina e da
fenilefrina, assim como os das gotas nasais e dos anestésicos locais (ex.: em
odontologia).
Agentes anticolinérgicos: Maprotilina pode potencializar os efeitos desses
fármacos (ex.: fenotiazina, agentes antiparkinsonianos, atropina, biperideno, anti-
histamínicos) na pupila ocular, no sistema nervoso central, no intestino e na bexiga.
Quinidina: Maprotilina não pode ser administrado em combinação com agentes
antiarrítmicos do tipo quinidina. Os efeitos anticolinérgicos da quinidina podem causar
sinergismo relacionado à dose com Maprotilina. Neurolépticos: a co-medicação com
esses pode resultar em aumento dos níveis plasmáticos de Maprotilina, em redução no
limiar da convulsão e em crises.
Os níveis plasmáticos de fenitoína e carbamazepina podem também aumentar,
com os efeitos adversos correspondentes. Pode ser necessário ajustar-se a dose desses
fármacos em tais casos. Metilfenidato: a concentração plasmática dos antidepressivos
tricíclicos pode aumentar e, portanto, ter intensificados seus efeitos.
Propranolol: as concentrações plasmáticas de Maprotilina podem elevar-se
quando o fármaco é administrado concomitantemente com os beta-bloqueadores que
sofrem biotransformação substancial, como o propranolol. Em tais casos, deve-se
monitorizar os níveis plasmáticos e ajustar-se adequadamente a dose.
Anticoagulantes: Maprotilina pode potencializar o efeito anticoagulante de
fármacos, cumarínicos pela inibição de seu metabolismo no fígado. É recomendada a
monitorização cuidadosa da protrombina plasmática. Se necessário, deve-se reduzir a
dose do anticoagulante. Sulfoniluréias orais e insulina: a co-medicação com tais
fármacos pode potencializar seu efeito hipoglicêmico.
Cimetidina: embora não relatado com relação a Maprotilina, a cimetidina
demonstra inibir o metabolismo de vários antidepressivos tricíclicos, resultando em
aumento da concentração plasmática dos mesmos e no aumento dos efeitos colaterais
(boca seca, distúrbios da visão). Pode ser necessário, portanto, reduzir-se a dose de
Maprotilina, quando administrado concomitantemente com a cimetidina.

3º CLE – OUT. 2001 147


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SUPERDOSAGEM
Os sinais e sintomas de superdose com Maprotilina são similares aos relatados
com antidepressivos tricíclicos. As anormalidades cardíacas e os distúrbios
neurológicos são as principais complicações. A ingestão acidental de qualquer
quantidade por crianças deve ser tratada como séria e potencialmente fatal.
Sinais e sintomas: os sintomas geralmente aparecem dentro de 4 horas após a
ingestão e atingem a severidade máxima em 24 horas. Em virtude da absorção retardada
(efeito anticolinérgico), de semi-vida longa e reciclagem entero-hepática, o paciente
estará em risco por até 4-6 dias.
Os seguintes sinais e sintomas podem ser observados: sistema nervoso central:
sonolência, estupor, coma, ataxia, inquietação, agitação, reflexos alterados, rigidez
muscular e movimentos coreoatetóides, convulsões. Sistema cardiovascular: hipotensão,
taquicardia, arritmia, distúrbios de condução, choque, insuficiência cardíaca e, em casos
muito raros, paragem cardíaca.
Além disso, podem ocorrer depressão respiratória, cianose, vómitos, febre,
midríase, sudorese e oligúria ou anúria. Tratamento: não existe antídoto específico e o
tratamento é essencialmente sintomático e de suporte.

NORTRIPTILINA
PAMELOR

A Nortriptilina é um antidepressivo tricíclico cujo mecanismo de acção é


desconhecido. Inibe a acção de certos neurotransmissores, como a histamina, a
serotonina e a acetilcolina, e aumenta o efeito pressor da noradrenalina, mas bloqueia o
da fenetilamina.

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas de diversas etiologias; a depressão endógena parece
responder melhor que outros estados depressivos. Depressão reactiva, neurose reactiva,
neurose depressiva, coadjuvante da terapêutica hormonal na síndrome do climatério,
arritmia ventricular, incontinência urinária.

3º CLE – OUT. 2001 148


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SUPERDOSAGEM
Pode provocar confusão, agitação, vómitos, rigidez muscular, hiper-reflexia,
taquicardia, choque, insuficiencia cardíaca congestiva, estupor, coma, convulsões
seguidas de depressão respiratória. Deve ser instituído tratamento de suporte; o uso de
digitálicos pode auxiliar em casos de insuficiência cardiovascular ou falha cardíaca. O
diazepam age como anticonvulsivante com pouco efeito sobre a depressão respiratória.

REACÇÕES ADVERSAS
São basicamente devidas à acção anticolinérgica do medicamento: boca seca,
sonolência, obstipação, retenção urinária, midríase, insónia. No caso de retirada brusca
pode aparecer cefaleias e mal-estar.

PRECAUÇÕES
Pode provocar exacerbação das psicoses dos pacientes esquizofrênicos. Não
deve ser administrada nos primeiros 3 meses da gravidez nem a crianças menores de 6
anos, até não haver maiores informações a respeito. Devido ao seu efeito
anticolinérgico, deve ser empregada com precaução em pacientes com glaucoma ou
hipertrofia de próstata ou com transtornos cardiovasculares, hepáticos ou renais severos
e quando é associada com simpatomiméticos.

INTERACÇÕES
Em pacientes medicados com IMAO é aconselhável deixar passar pelo menos 2
semanas desde a interrupção, antes de iniciar o tratamento com nortriptilina. Deve ser
evitada a ingestão simultânea de álcool ou fármacos estimulantes do SNC. A cimetidina
aumenta os níveis séricos de nortriptilina.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade a outros benzodiazepínicos. Período de recuperação do enfarte de
miocárdio. Não deve ser administrado simultaneamente com IMAO. Se tiver de ser
mudada a medicação de IMAO para nortriptilina ou vice-versa, é necessário abandoná-
la umas duas semanas antes de receber a outra.

3º CLE – OUT. 2001 149


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7.9. Antidepressivos Inibidores Selectivos de


Recaptação da Serotonina (ISRS)

Os antidepressivos chamados de Inibidores Específicos da Recaptação da


Serotonina (ISRS) são aqueles que não interferem ou interferem pouco nos demais
neurotransmissores além da serotonina (5HT).

CITALOPRAM Cipramil, Parmil, Procimax


FLUOXETINA Daforim, Deprax, Eufor, Fluxene, Nortec, Prozac, Verotina
NEFAZODONA Serzone
PAROXETINA Aropax, Pondera, Cebrilin
SERTRALINA Novativ, Tolrest, Zoloft, Serenata

O efeito antidepressivo dos ISRS parece ser conseqüência do bloqueio selectivo


da recaptação da serotonina (5-HT). A fluoxetina foi o primeiro representante dessa
classe de antidepressivos e ela tem um metabólito activo, a norfluoxetina. Esse
metabólito é o ISRS que se elimina mais lentamente do organismo.
As doses dos ISRS, seja a fluvoxamina, sertralina, paroxetina, fluoxetina ou
outros, devem ser individualizadas para cada paciente. A incidência de efeitos colaterais
anticolinérgicos, antihistamínicos e alfa-bloqueantes, assim como o risco de
superdosagem é menor nos ISRS que nos chamados antidepressivos tricíclicos (ADT).
Estes últimos, causam mais efeitos colaterais que os ISRS, mais intolerância digestiva
(até 21 % dos pacientes podem experimentar náuseas, anorexia, boca seca), sudorese
excessiva, temores, ansiedade, insónia.
Por outro lado, a fluoxetina tem se associado a alguns casos de acatisia,
especialmente quando a dose é muito alta, e a estimulação de SNC parece maior com a
fluoxetina que com outros ISRS. A fluvoxamina também parece produzir mais
intolerância digestiva, sedação e interações farmacológicas que outros ISRS. A
paroxetina origina mais sedação (também a fluvoxamina), efeitos anticolinérgicos e
extrapiramidais que outros ISRS. Tem-se relatado sintomas de abstinência com a
supressão brusca do tratamento com a paroxetina e com a venlafaxima.

3º CLE – OUT. 2001 150


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CITALOPRAM
CIPRAMIL
PARMIL

Citalopram é um antidepressivo que inibe intensa e selectivamente a recaptação


de serotonina pelas terminações nervosas. Pode ser empregado em pacientes alcoólatras,
pois aumenta os dias de abstinência e diminui o consumo de álcool.

INDICAÇÕES
Tratamento da depressão e abuso de álcool.

REACÇÕES ADVERSAS
Sudorese, boca seca, náuseas, cefaléia, alterações do sono, nervosismo, rash
cutâneo, ansiedade.

PRECAUÇÕES
Evitar dirigir veículos ou manusear máquinas perigosas e a ingestão de álcool.

INTERAÇÕES
Com cimetidina, sumatriptana, IMAO, anticoagulantes orais.

CONTRA-INDICAÇÕES
Os pacientes que estam a receber IMAO devem suspendê-lo durante 14 dias
quando se utiliza citalopram. Os pacientes tratados com citalopram e por diferentes
motivos devem trocá-lo por um IMAO, suspender o citalopram 7 dias antes. Menores de
12 anos. Gravidez e lactação. Hipersensibilidade ao fármaco.

SUPERDOSAGEM
Quando o citalopram foi ingerido sem outros medicamentos associados, os sinais
e sintomas observados foram: sonolência, coma, crise convulsiva, taquicardia sinusal,
ritmo juncional, sudorese, náuseas, vómitos, cianose, hiperventilação. Não há nenhum
caso descrito de óbito.

3º CLE – OUT. 2001 151


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A conduta é sintomática e de suporte. Lavagem gástrica deve ser feita


precocemente. As vias aéreas devem ser previamente mantidas. Caso necessário realizar
entubação orotraqueal. Administrar oxigênio em caso de hipóxia e diazepam, caso
ocorram convulsões. O paciente deve permanecer sob observação médica pelo menos
por 24 horas.

FLUOXETINA
BIOZAC
CLORIXETIN
DAFORIM
DEPRAX
DEPRESS
EUFOR
FLUOXETIN
FLUOXIL
FLUOXON
FLUOZET
FLUXENE
FLUXTINA
NORTEC
PROZAC
PSIQUIAL
SOSTAC
VEROTINA

A Fluoxetina é um inibidor selectivo da captação da serotonina ao nível do


córtex cerebral, neurónios serotoninérgicos e das plaquetas. Não inibe a captação de
outros neurotransmissores, não tendo afinidade pelos receptores adrenérgicos,
muscarínicos, colinérgicos, H1-histamínicos, serotonínicos ou dopamínicos. Tanto a
fluoxetina como seu metabólito principal, a norfloxetina, apresentam semi-vida
plasmática longa, o que permite sua administração em dose única diária.

3º CLE – OUT. 2001 152


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INDICAÇÕES
Transtornos depressivos. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade, gravidez e lactação. Não administrar fluoxetina no mínimo
por 5 semanas antes ou depois do uso de IMAO, devido ao risco de interação grave,
com síndrome serotoninérgica.

REACÇÕES ADVERSAS
As reações mais comummentes observadas são ansiedade, nervosismo, insónia,
sonolência, fadiga, astenia, tremor e problemas gastrintestinais, incluindo anorexia,
náuseas e diarréia.

PRECAUÇÕES
A fluoxetina tem acção anorexígena com uma discreta redução ponderal durante
seu uso. Nos pacientes sensíveis ocorre rash, urticária incluindo febre, leucocitose,
artralgias, edema e até linfadenopatias. Usar com cuidado em pacientes com história de
convulsão.
Os suicidas potenciais de alto risco devem ser supervisionados cuidadosamente
durante a terapia, evitando-se prescrever ou deixar grande quantidade de medicamento
junto ao paciente. Uso cuidadoso em idosos (reduzir doses) e renais crónicos. Uso em
pediatria ainda não está indicado. Gravidez. Lactação – concentra-se no leite materno.
A fluoxetina não parece ter potencial de desenvolvimento de abuso, tolerância
ou dependência física, no entanto deve-se evitar a prescrição do medicamento a
pacientes com história de abuso de drogas.

INTERACÇÕES
Com triptofano e lítio podem ocorrer reacções do tipo síndrome serotoninérgica.
Com diazepam pode haver prolongamento da semi-vida dessa droga. Drogas que se
ligam fortemente às proteínas plasmáticas (cumadina, digitoxina) podem concorrer com
a fluoxetina nessa ligação, aumentando o risco de efeitos adversos de uma ou de outra
droga. Evitar o uso concomitante de outras drogas que agem no SNC.

SUPERDOSAGEM

3º CLE – OUT. 2001 153


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A conduta inicial é de provocar emese e lavagem gástrica ou administrar carvão


activado com sorbitol. Instituir adequada ventilação e oxigenação. A função cardíaca e
os sinais vitais devem ser monitorizados. Não há antídoto específico para a fluoxetina,
que não é dialisável.

NEFAZODONA
SERZONE

Nefazodone é um derivado sintético, pertencente ao grupo das fenilpiperazinas.


O seu efeito antidepressivo decorre do bloqueio da neurotransmissão seratoninérgica
por competição com os receptores de tipo II da serotonina (5HT) e por um bloqueio
parcial leve na neurotransmissão alfa-adrenérgica. Não apresenta efeitos
anticolinérgicos e nem anti-histamínicos. Em pacientes com mais de 65 anos, a
nefazodona não provoca alterações na condução cardíaca e nem hipotensão ortostática.
Provoca leve interferência na duração dos estágios do sono o que causa pequeno
atraso na instalação da fase MOR ou REM. Administrada por via oral, é rapidamente
absorvida e alcança o pico plasmático em 1 a 3 horas. O equilíbrio cinético plasmático
ocorre em 3 ou 4 dias com as doses terapêuticas usuais.A presença de alimentos retarda
sua absorção e reduz sua biodisponibilidade em 20% (clinicamente não significativo).
A nefazodona é bastante lipossolúvel, distribuindo-se por todos os tecidos
(volume de distribuição 0,23 a 0,68l/kg). Metaboliza-se no fígado, originando dois
metabólitos activos, a hidroxinefazodona e a dietil-hidroxinefazodona, e um metabólito
com actividade seratoninérgica, a m-clorofenilpiperazina.
A semi-vida de eliminação no estado de equilíbrio cinético é de 2 a 4 horas,
sendo os metabólitos eliminados, principalmente, pelos rins. Apresenta elevada ligação
às proteínas plasmáticas: > 99%. Recomenda-se a redução da dose em pacientes com
disfunção hepática ou renal.A resposta clínica máxima instala-se após 4 semanas de
tratamento.

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas. Depressão severa não psicótica.

3º CLE – OUT. 2001 154


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SUPERDOSAGEM
Aumento de incidência e gravidade das reacções adversas, em especial,
sonolência e vómitos. O tratamento deve ser sintomático e de manutenção, em especial
para hipotensão e sedação excessiva. Recomenda-se a lavagem gástrica, se a ingestão
for recente.

REACÇÕES ADVERSAS
Secura da boca, náuseas, sonolências, enjoos, astenia, obstipação, cefaléia,
diplopia e insónia, o que leva à interrupção do tratamento em cerca de 10% dos
pacientes.

PRECAUÇÕES
Possibilidade de tentativa de suicídio, exarcebação da mania/depressão em
pacientes tratados com outros antidepressivos. Evitar funções onde a falta de atenção
aumenta o risco de acidentes (operar máquinas pesadas, dirigir veículos, etc). O
risco/benefício deve ser avaliado durante a gravidez e o aleitamento.

INTERACÇÕES
Triazolam: reduzir a sua dose quando se associa com nefazodona. Anti-
hipertensivos: ocorrência de hipotensão ortostática e síncope (bloqueio alfa-
adrenérgico). Anestésicos gerais: suspender a nefazodona vários dias antes da cirurgia.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipersensibilidade aos antidepressivos fenilpiperazínicos. Pacientes menores de
18 anos.

PAROXETINA
AROPAX
PONDERA
CEBRILIN
BENEPAX

3º CLE – OUT. 2001 155


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Presume-se que a acção antidepressiva da paroxetina é devida ao aumento do


estímulo serotoninérgico no SNC, ocorrido a partir da inibição da recaptação da
serotonina pelos neurónios. Os estudos em animais indicam que a paroxetina é um
bloqueador da recaptação altamente selectivo para a serotonina, pois exibe somente um
efeito muito leve sobre a recaptação de outros neurotransmissores, como a
noradrenalina e a dopamina.
A paroxetina é completamente absorvida após a sua administração oral, é
metabolizada rapidamente para dar origem a metabólitos cinquenta vezes menos
potentes, que na sua maior parte são polares (predominam glicurônidos e sulfatos) que
se eliminam rápidamente. Um dos passos na sua biotransformação depende de uma
enzima facilmente saturável, o que dá como resultado uma falta de linearidade na
farmacocinética do fármaco.
A sua distribuição pelo organismo é rápida, incluindo o SNC, e fica um
remanescente de 1% no plasma.

INDICAÇÕES
Síndromes depressivas com melancolia. Episódios depressivos maiores ou
severos. Depressão recorrente. Distimias. Transtorno obessivo-compulsivo. Usos
adicionais, como terapia única ou como coadjuvante no tratamento da neuropatia
diabética e da dor de cabeça tensional crónica. Transtornos da conduta alimentar.

SUPERDOSAGEM
Náuseas, vómitos, sonolência. Não foram observados casos fatais. O tratamento
deve ser de suporte, assegurando o estabelecimento da ventilação e oxigenação. A
diurese forçada, a diálise e a hemoperfusão não são benéficas na eliminação da
paroxetina do organismo.

REACÇÕES ADVERSAS
Dor de cabeça, astenia, dor abdominal, palpitação, vasodilatação, sudorese,
tonturas, sonolência, insónia, agitação, tremores, ansiedade, náuseas, vómitos, boca
seca, alterações na ejaculação.

PRECAUÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 156


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Não é recomendável o uso em crianças, pois a eficácia e a segurança do fármaco


não foram estabelecidas para esse grupo etário. O paciente que recebe paroxetina não
deve operar maquinaria pesada nem dirigir automóveis. Para mudar de paroxetina a um
IMAO, ou vice-versa, deve suspender-se a administração de qualquer um deles pelo
menos duas semanas antes de iniciar a administração do outro.

INTERACÇÕES
Entre as manifestações comuns incluem-se rigidez, hipertermia, instabilidade
autonômica (com flutuações rápidas dos sinais vitais), mudanças do estado mental
(agitação extrema que pode progredir a delírio e coma). Essas reacções foram
observadas em pessoas que recentemente tinham suspenso a paroxetina e começavam o
tratamento com um IMAO.
Co-administrado com triptofano, dor de cabeça, náusea, sudorese e tonturas.
Warfarina: administrar com precaução. Os fármacos que afectam o metabolismo
hepático podem alterar o metabolismo e a farmacocinética da paroxetina. A cimetidina
inibe o metabolismo da paroxetina; deve ser ajustada a dose dessa última.
A co-administração de fármacos metabolizados pelo citocromo P450IID6
(nortriptilina, amitriptilina, imipramina, desipramina, fluoxetina, fenotiazinas,
propafenona, flecainida, encainida, quinidina, etc.) deve ser levada a cabo com
precauções. Os pacientes que recebem paroxetina não devem ingerir álcool.
Com digoxina foi observada uma diminuição da área sob a curva média desse
fármaco, quando é co-administrada com paroxetina. Prociclidina: se forem observados
efeitos anticolinérgicos na co-administração com paroxetina, a dose de prociclidina
deve ser reduzida.

CONTRA-INDICAÇÕES
Uso simultâneo com IMAO. Hipersensibilidade ao fármaco. Insuficiência renal
severa. Crianças. Lactação. Gravidez.

SERTRALINA
LIRIOL
NOVATIV

3º CLE – OUT. 2001 157


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SERCERIN
SERTAX
TOLREST
ZOLOFT

O cloridrato de sertralina é um derivado da naftilamina. A sertralina é um


inibidor potente da recaptação neuronal de serotonina, pelo que produz uma potenciação
dos efeitos da 5HT. O fármaco tem efeitos apenas muito débeis sobre a recaptação
neuronal de norepinefrina e dopamina; não possui ação estimulante, sedativa ou
anticolinérgica, nem cardiotoxicidade em animais.
A sertralina não tem afinidade pelos receptores muscarínicos (colinérgicos),
serotoninérgicos, dopaminérgicos, adrenérgicos, histaminérgicos, gabaérgicos ou
benzodiazepínicos, e exibe uma farmacocinética proporcional à dose na faixa de 50 a
200mg.
A semi-vida de eliminação terminal plasmática de setralina é de
aproximadamente 26 horas. Em concordância com a semi-vida de eliminação terminal,
há um acúmulo aproximado do dobro até chegar a concentrações estáveis, que são
alcançadas depois de 1 semana com 1 dose diária única. Cerca de 98% da droga
circulante se unem as proteínas plasmáticas.
O principal metabólito, N-desmetilsertralina, é substancialmente menos activo in
vitro que a sertralina (cerca de 8 vezes) e é virtualmente inactivo em testes
farmacológicos in vitro. A semi-vida da N-desmetilsertralina está na faixa de 62 a 104
horas. No homem, a sertralina e a N-desmetilsertralina são metabolizadas de forma
extensa, e os metabólitos resultantes são excretados com as fezes e a urina em
quantidades similares.
Somente uma pequena quantidade (<0,2%) da sertralina é excretada pela urina
sem modificação. Dado que a biodisponibilidade das cápsulas de sertralina é aumentada
na presença de alimentos, recomenda-se administrá-la nas refeições.

INDICAÇÕES
Depressão com antecedentes de mania, ou sem ela.

REACÇÕES ADVERSAS

3º CLE – OUT. 2001 158


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As mais comuns observadas são: distúrbios gastrointestinais (diarréia, náuseas e


dispepsia), tremores, vertigens, insónia, sonolência, transpiração abundante, boca seca,
disfunção sexual masculina.

PRECAUÇÕES
Não utilizar em combinação com IMAO. No caso de empregá-los com
sertralina, deixar passar 14 dias entre o final de uma medicação e o início da outra.

INTERACÇÕES
Pode produzir-se um aumento das concentrações plasmáticas da sertralina,
quando administrada com outras drogas que são combinadas fortemente com as
proteínas plasmáticas, como por exemplo varfarina e digitoxina.

CONTRA-INDICAÇÕES
Pacientes com hipersensibilidade. Gravidez.

7.10. Estabilizadores do Humor

Estabilizadores do Humor são substâncias utilizadas para a manutenção da


estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem sedativas.
Internacionalmente reconhecem-se três substâncias capazes de desempenhar tal
papel: o Lítio, a Carbamazepina e o Ácido Valpróico, mais recentemente o Divalproato
de Sódio.
Alguns outros anticonvulsivantes estão a merecer estudos sobre sua eficácia
como Estabilizadoras do Humor, como é o caso da Lamorigina e da Gabapentina.

CARBAMAZEPINA Carbamazepina, Tegretard, Tegretol


CARBONATO DE LITIO Carbolim, Carbolitium, Litiocar, Neurolithiun
ÁCIDO VALPRÓICO Depakene, Valpakine
DIVALPROATO DE SÓDIO Depakote
LAMOTRIGINA Lamictal, Neurim
GAMAPENTINA Neurotontin, Progresse

3º CLE – OUT. 2001 159


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A indicação exclusiva para Estabilizadores do Humor são os Transtornos


Afectivos Bipolares e os Episódios de Mania (Euforia) ou de Hipomania.
O tratamento do Transtorno Afectivo Bipolar sem estes Estabilizadores do
Humor se complica devido ao facto dos antidepressivos estarem sujeitos à desencadear
crises de euforia, assim como os sedativos terem probabilidade de desencadear a
depressão.
Desta forma, tanto o Carbonato de Lítio, quanto a Carbamazepina são utilizados
sempre como coadjuvantes quase indispensáveis do tratamento.

CARBAMAZEPINA
CARBAMAZEPINA
TEGRETARD
TEGRETOL

A carbamazepina é um derivado tricíclico do iminostibeno. Estruturalmente a


carbamazepina é similar aos fármacos psicoativos (imipramina, clorpromazina e
maprotilina) e compartilha algumas características estruturais com os anticonvulsivos
(fenitoína, clonazepam e fenobarbital).
O mecanismo exacto da acção anticonvulsiva da carbamazepina é desconhecido;
pode deprimir a actividade do núcleo ventral anterior do tálamo, porém o significado
não está completamente esclarecido. Como antineurálgico pode actuar no SNC
diminuindo a transmissão sináptica ou a adição da estimulação temporal que dá origem
à descarga neuronal. Estimula a libertação da hormona antidiurética.
Outras acções secundárias descritas: anticolinérgico, antidepressivo, inibidor da
transmissão neuromuscular e antiarrítmico. A absorção é lenta e variável, porém é quase
completamente absorvido no trato gastrintestinal. A sua união às proteínas é muito alta
(de 55% a 59% em crianças e 76% em adultos).
A carbamazepina é metabolizado no fígado e um metabólito, a carbamazepina-
10, 11-epóxido, tem actividade anticonvulsiva, antidrepressiva e antineurálgica. O seu
início de acção como anticonvulsivo varia entre dias e meses, o que depende de cada
paciente devido à auto-indução do metabolismo; o alívio da dor na neuralgia do

3º CLE – OUT. 2001 160


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trigêmeo varia entre 24 a 72 horas. É eliminado em 72% por via renal (3% como
fármaco inalterado).

INDICAÇÕES
Epilepsia. Tratamento das crises convulsivas parciais com sintomatologia
simples ou complexa, crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, crises
convulsivas mistas. Anticonvulsivo de primeira eleição. Neuralgia do trigêmeo.

REACÇÕES ADVERSAS
Em pacientes que apresentam letargia, debilidade, náuseas, vómitos, confusão ou
hostilidade, anomalias neurológicas ou estupor, deve-se suspeitar de hiponatremia. São
de incidência mais frequente: visão turva, cefaléia contínua, aumento da frequência de
crises convulsivas, sonolência e debilidade.
Raramente: bradicardia, dificuldade de respiração, disartria, rigidez, tremor,
alucinações visuais, fezes pálidas, hemorragias ou hematomas, febre, adenopatias,
linfadenopatias e parestesias. Sinais de superdosagem: enjoos agudos, sonolência grave,
taquicardia, depressão respiratória, crises convulsivas, tremores ou contrações. Erupção
cutânea ou prurido.

PRECAUÇÕES
Deve-se ter cuidado ao dirigir, no manuseio de máquinas ou ao realizar trabalhos
que exijam atenção e coordenação. Em pacientes diabéticos poderá haver um aumento
nas concentrações de açúcar na urina.
Os pacientes de idade avançada podem ser mais sensíveis que os jovens à
agitação e confusão, bloqueio cardíaco auriculoventricular ou bradicardia induzidos pela
carbamazepina. Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos podem originar maior
incidência de infecção microbiana, atraso na cicatrização e hemorragia gengival.

INTERACÇÕES
O paracetamol pode aumentar o risco de hepatoxicidade e diminuir os efeitos
terapêuticos desta droga. Pode diminuir o efeito dos corticosteróides devido ao aumento
do metabolismo destes. Se estimulado, o metabolismo hepático das xantinas (teofilina,
aminofilina), podem diminuir os efeitos dos anticoagulantes derivados da cumarina por
indução da actividade enzimática microssômica hepática.

3º CLE – OUT. 2001 161


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Diminuição das concentrações séricas e redução das vidas médias de eliminação


de primidona, ácido valpróico, barbitúricos, benzodiazepinas ou anticonvulsivos do
grupo succinimida ou hidantoína. Os efeitos depressores sobre o SNC são
potencializados com o uso simultâneo de antidepressivos tricíclicos, aloperidol,
loxapina, fenotiazinas ou tioxantenos.
Os inibidores da anidrase carbônica podem produzir um aumento do risco de
osteopenia. A cimetidina pode aumentar a concentração plasmática de carbamazepina.
Aumenta o metabolismo e, portanto, diminuem os efeitos terapêuticos da ciclosporina,
anticoncepcionais orais que contenham estrogênios, dacarbazina, glicosídeos digitálicos,
estrogênios, levotiroxina, mexiletina e quinidina.
O danazol, diltiazem, eritromicina, dextropropoxifeno ou verapamil podem
inibir o metabolismo da carbamazepina. Em pacientes tratados com doses elevadas de
mebendazol, foi demonstrado que as concentrações plasmáticas da carbamazepina são
diminuídas. O uso de IMAO pode originar crises hiperpiréticas, crises hipertensivas e
convulsões graves.

CONTRA INDICAÇÕES
Crises de ausência atípicas ou generalizadas. Crises atônicas. Crises convulsivas
mioclônicas, bloqueio A-V, antecedentes de depressão da medula óssea. A relação
risco-benefício deverá ser avaliada na presença de gravidez, lactação, diabetes mellitus,
glaucoma, disfunção hepática ou renal e reacções hemáticas adversas por outros
medicamentos.

LÍTIO
CARBOLIM
CARBOLITIUM
LITIOCAR
NEUROLITHIUM

Ainda não foi claramente estabelecido o mecanismo exacto de acção do Lítio.


Postulam-se duas teorias. A primeira relaciona o efeito estabilizador do ânimo com uma
redução na concentração do neurotransmissor catecolamina, mediada possivelmente

3º CLE – OUT. 2001 162


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pelo efeito do íon lítio na enzima adenosina trifosfatase Na+/K+-dependente, para


produzir um aumento no transporte transmembrana neuronal do íon sódio.
A segunda hipótese é que o lítio pode diminuir as concentrações de monofosfato
de adenosina cíclico (AMPcíclico), o que por sua vez pode originar diminuição da
sensibilidade dos receptores da adenilatociclase sensíveis às hormonas. É absorvido por
via oral de forma rápida e completa.
O Lítio não se une às proteínas plasmáticas nem é metabolizado, e elimina-se
95% de forma inalterada pelo rim. A eliminação é inicialmente rápida e, após
tratamento prolongado, torna-se mais lenta.
Na forma activa o Lítio pode ser reabsorvido 80% no túbulo proximal. A
velocidade de excreção diminui com o aumento da idade. No início do tratamento a
semi-vida é bifásica, a concentração sérica diminui com rapidez durante as 5 a 6 horas
iniciais, seguida de uma diminuição gradual durante as 24 horas seguintes. O início de
sua acção terapêutica pode demorar de 1 a 3 semanas.

INDICAÇÕES
Tratamento da doença maníaco-depressiva.

REACÇÕES ADVERSAS
Frequência de micção aumentada, aumento da sede, náuseas, tremor das mãos,
desvanecimentos, taquicardia, pulso irregular, dispnéia de esforço, sonolência,
confusão.

PRECAUÇÕES
O lítio é excretado no leite materno e em alguns lactentes foram descritos sinais
de toxicidade, tais como hipotonia, hipotermia, cianose e alterações no
eletrocardiograma.
O Lítio é potencialmente tóxico para o sistema nervoso central, inclusive em
concentrações séricas dentro do alcance terapêutico. Deve ser administrado com
precaução na presença de doença cardiovascular (pode exacerbar-se), na presença de
alterações do sistema nervoso central (epilepsia e parkinsonismo), em casos de
desidratação grave (aumenta o risco de toxicidade) e quando existir insuficiência renal
ou retenção urinária.

3º CLE – OUT. 2001 163


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A toxicidade por lítio pode aparecer em concentrações séricas terapêuticas ou


próximas a elas. Durante a fase maníaca aguda, o paciente pode ter uma grande
capacidade para tolerar o lítio, dado que este diminui a reabsorção de sódio pelos
túbulos renais. Recomenda-se o consumo de cloreto de sódio e uma adequada ingestão
de líquidos (2,5 a 3 litros por dia). A sua administração deve ser cuidadosa nos casos de
bócio ou hipotireoidismo, já que pode agravá-los.
Antes e durante o tratamento, recomenda-se efectuar a determinação da função
renal, contagem de leucócitos e eletrocardiogramas. É aconselhável efectuar exames do
lítio sérico durante o tratamento.

INTERACÇÕES
O uso simultâneo com antitireóideos, iodeto de cálcio, glicerol iodado ou iodeto
de potássio pode potencializar os efeitos hipotireóideos destes fármacos e do lítio. Os
antiinflamatórios não esteróides (AINE) podem aumentar os efeitos tóxicos do lítio pela
diminuição de sua excreção renal.
O uso de diuréticos pode provocar uma toxicidade grave ao retardar a sua
excreção renal e aumentar, em consequência, as concentrações séricas. A associação
com haloperidol (frequente) tem produzido, em alguns casos, toxicidade neurológica e
lesão cerebral irreversível.

CONTRA-INDICAÇÕES
Gravidez, lactação, disfunção renal ou cardíaca grave.

ÁCIDO VALPRÓICO
DEPAKENE
VALPAKINE

Não se conhece exactamente o mecanismo de acção do Ácido Valpróico, porém


acredita-se que esteja relacionado com um aumento directo ou secundário das
concentrações do neurotransmissor inibidor GABA (ácido gama-aminobutírico),
possivelmente causado pela redução de seu metabolismo ou sua recaptação nos tecidos
cerebrais.

3º CLE – OUT. 2001 164


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O Ácido Valpróico é de absorção rápida no trato gastrintestinal, a qual porém


demora mais quando ingerido com alimentos. Em concentrações séricas terapêuticas
acima de 50mg/ml, sua união às proteínas é de 90%; à medida que aumenta a
concentração, a fracção livre se torna maior, e assim aumenta o gradiente de
concentração no cérebro.
O seu metabolismo é fundamentalmente hepático. A semi-vida do Ácido
Valpróico é muito variável, de 6 a 16 horas, e as concentrações séricas terapêuticas
variam de 50 a 100mg/ml. É eliminado por via renal, principalmente como conjugado
glicurônico, e em pequenas quantidades pelas fezes e pelo ar expirado. Atravessa a
placenta e é excretado no leite materno.

INDICAÇÕES
Tratamento da epilepsia (crise de ausência). Como coadjuvante no tratamento
das crises mistas da epilepsia e do transtorno bipolar do humor.

REACÇÕES ADVERSAS
Hepatotoxicidade grave ou fatal (risco maior em crianças que recebem outros
anticonvulsivos simultaneamente), alterações intestinais, diarréia, tremores, náuseas,
vómitos, erupções cutâneas, hemorragias ou hematomas por trombocitopenia ou
inibição da agregação plaquetária, sonolência.

PRECAUÇÕES
A administração de Ácido Valpróico requer cuidados, especialmente nas
crianças (maior risco de desenvolver hepatotoxicidade grave), na presença de discrasias
sangüíneas, doença cerebral orgânica, doença hepática e disfunção renal. Deve ser
empregado com cautela nos casos que requerem qualquer tipo de cirurgia, tratamento
dental ou de emergência devido ao possível prolongamento do tempo de sangramento.
Não se recomenda a ingestão de álcool ou outros depressores de SNC quando
em uso de Ácido Valpróico. Na suspensão de sua administração a dose deve ser
reduzida gradualmente, pois a suspensão repentina pode precipitar a crise ou o estado
epiléptico. Nos casos em que se utiliza o ácido valpróico para substituir ou suplementar
outra terapêutica anticonvulsiva, as doses devem ser aumentadas de forma gradual
conforme a redução da outra medicação, a fim de manter o controle da crise.

3º CLE – OUT. 2001 165


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Recomenda-se que, antes do tratamento e periódicamente durante a sua duração,


sejam feitas determinações do tempo de sangramento, contagem sanguínea e de
plaquetas, determinação da função hepática e renal.

INTERACÇÕES
A hipoprotrombinemia induzida pelo ácido valpróico pode aumentar a
actividade dos derivados da cumarina e indandiona, e aumentar o risco de hemorragia
em pacientes que recebem heparina ou trombolíticos. O uso simultâneo com
antidepressivos tricíclicos, haloperidol, inibidores da monoaminooxidase e fenotiazinas
pode potencializar a depressão de SNC e reduzir o limiar convulsivo.
A administração juntamente com medicamentos hepatotóxicos pode aumentar o
risco de hepatotoxicidade. A associação com fenitoína pode provocar crises convulsivas
inesperadas ou a toxicidade por esta droga devido à interferência na sua união com as
proteínas. O uso em conjunto com carbamazepina pode provocar concentrações séricas
menores e diminuição da semi-vida devido ao aumento do metabolismo induzido pela
actividade das enzimas microssômicas hepáticas.
O uso simultâneo com barbitúricos ou primidona pode aumentar as
concentrações séricas desses medicamentos devido ao deslocamento das uniões com as
proteínas e, por conseguinte, o risco de toxicidade neurológica e depressão de SNC. A
administração juntamente com inibidores da agregação plaquetária pode aumentar o
risco de hemorragias.

CONTRA-INDICAÇÕES
Disfunção hepática grave, gravidez (pode produzir anomalias no tubo neural do
feto).

DIVALPROATO DE SÓDIO
DEPAKOTE

Doses orais equivalentes dos produtos Divalproato de Sódio (ácido valpróico)


libertam quantidades equivalentes de íon valproato sistemicamente. Devido ao

3º CLE – OUT. 2001 166


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revestimento entérico do Divalproato de Sódio, a absorção é retardada numa hora após a


administração oral.
O revestimento entérico do Divalproato de Sódio pode reduzir a incidência do
efeito irritativo gastrointestinal do valproato, quando comparado ao Ácido Valpróico
cápsulas.
Neonatos - crianças nos dois primeiros meses de vida têm uma marcada diminuição de
eliminação de valproato, quando comparadas com crianças mais velhas e adultos.
Crianças - pacientes pediátricos (entre 3 meses e 10 anos de idade) têm depurações 50%
mais altas em relação aos adultos, demonstrados no peso (isto é, ml/min/kg). Acima dos
10 anos de idade, as crianças têm parâmetros farmacocinéticos que se aproximam dos
adultos.
Idosos - pacientes idosos (entre 68 e 89 anos de idade) têm uma capacidade
diminuída de eliminação de valproato quando comparados com adultos jovens;
portanto, a dosagem inicial deverá ser reduzida em idosos.
Doenças hepáticas - doenças hepáticas diminuem a capacidade de eliminação de
valproato. Doença hepática está também associada com decréscimo das concentrações
de albumina e com grandes fracções de valproato não ligado (aumento de 2 a 2,6 vezes).
Correspondentemente, a monitorização de concentrações totais pode ser enganosa, uma
vez que as concentrações livres podem estar substancialmente elevadas em pacientes
com doenças hepática e as concentrações totais podem estar normais.
Doenças renais - uma pequena redução (27%) na depuração de valproato não
ligado tem sido relatada em pacientes com insuficiência renal (depuração de creatinina
< 10 ml/minuto); no entanto, a hemodiálise tipicamente reduz concentrações em torno
de 20%. Ajustes de doses não são necessários em pacientes com insuficiência renal. A
ligação protéica nestes pacientes está substancialmente reduzida.

INDICAÇÕES
Divalproato de Sódio está indicado para o tratamento de episódios de mania
associados com desordens bipolares. Um episódio de mania é um período distinto de
anormalidade de humor persistentemente elevado, expansivo, ou de humor irritável.
Os sintomas típicos de mania incluem taquilalia, hiperatividade motora, redução
da necessidade de dormir, fuga de idéias, grandiosidade, pobreza de julgamento,
agressividade e possível hostilidade.

3º CLE – OUT. 2001 167


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CONTRA-INDICAÇÕES
Divalproato de Sódio não deve ser administrado a pacientes com doença
hepática ou disfunção hepática significante. Divalproato de sódio é contra-indicado para
pacientes com hipersensibilidade conhecida a esta medicação.

PRECAUÇÕES
Insuficiência hepática resultando em morte, tem ocorrido em pacientes que
fazem ácido valpróico ou os seus derivados. Estes incidentes usualmente têm ocorrido
durante os primeiros seis meses de tratamento. Hepatotoxicidade séria ou fatal pode ser
precedida por sintomas não específicos, como mal-estar, fraqueza, letargia, edema
facial, anorexia e vómitos.
Em pacientes com epilepsia, a perda de controlo de crises também pode ocorrer.
Os pacientes devem ser cuidadosamente monitorizados para o aparecimento desses
sintomas
Pacientes em uso de múltiplos anticonvulsivantes, crianças, pacientes com
doenças metabólicas congênitas, aqueles com doença convulsiva severa associada a
atrasos mentais e pacientes com doença cerebral orgânica podem ter um risco acrescido.
A experiência tem demonstrado que crianças abaixo de dois anos de idade têm
um risco consideravelmente maior de desenvolver hepatotoxicidade fatal, especialmente
aquelas com as condições anteriormente mencionadas.
Há múltiplos relatos na literatura clínica, que indicam que o uso de medicações
anticonvulsivantes em geral, durante a gravidez, resulta em um aumento da incidência
de defeitos congénitos no feto. Embora os dados sejam mais extensos com respeito à
trimetadiona, parametadiona, difenil-hidantoína e fenobarbital, relatos indicam uma
possível associação similar com o uso de outras medicações anticonvulsivantes.
Portanto, medicações anticonvulsivantes só devem ser administradas a mulheres
com potencial para engravidar se demonstrarem claramente serem essenciais no
tratamento das suas crises.
Segundo informações da literatura médica, Ácido Valpróico e seus sais podem
produzir efeitos teratogênicos em mulheres que recebam esta medicação durante a
gestação.
Pelo facto do valproato ser eliminado pelo leite materno e devido à inexistência
de dados conclusivos sobre a acção do medicamento em recém-nascidos, não se
recomenda o aleitamento materno por pacientes sob tratamento com esta medicação.

3º CLE – OUT. 2001 168


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INTERACÇÕES
Álcool - O Divalproato de Sódio pode potencializar a actividade depressora do
álcool sobre o SNC.
Aspirina - A fracção livre de valproato aumenta quatro vezes a aspirina
comparada com o valproato, administrado como monoterapia.
Carbamazepina - Níveis séricos de CBZ diminuem 17%.
Clonazepam - O uso concomitante de ácido valpróico e de clonazepam pode
induzir estado de ausência em pacientes com história desse tipo de crises.
Etossuximida - A administração de uma dose única de etossuximida 500 mg
com valproato (800 a 1600 mg/dia) a voluntários sãos, foi acompanhada por um
aumento de 25% na semi-vida de eliminação da etossuximida e um decréscimo de 15%
na sua depuração total quando comparado a etossuximida administrada como
monoterapia.
Felbamato - Um decréscimo na dosagem de valproato pode ser necessária
quando a terapia com felbamato for iniciada.
Lamotrigina - A semi-vida de eliminação da lamotrigina aumentou de 26 para 70
horas quando administrada em conjunto com valproato, portanto a dose de lamotrigina
deverá ser reduzida nesses casos.
Lítio - A co-administração de valproato (500 mg duas vezes ao dia) e lítio (300
mg três vezes ao dia) a voluntários sãos do masculino não apresentou efeitos no estado
de equilíbrio cinético do lítio.
Fenobarbital - Existem evidências de que o ácido valpróico pode causar
decréscimo na depuração não renal do fenobarbital (50% de aumento na semi-vida e
30% de decréscimo na depuração do , plasma). Foi também relatado que a combinação
dessas duas medicações pode produzir depressão do SNC, sem elevações significativas
dos níveis plasmáticos de barbiturato ou de valproato. Este fenómeno pode resultar
numa severa depressão do SNC. Apesar de não se conhecer o mecanismo de interacção,
devem-se observar cuidadosamente todos os pacientes que recebam terapêutica
barbitúrica concomitante, em relação à toxicidade neurológica e a níveis séricos de
barbiturato, para, se necessário, diminuir as doses administradas.
Fenitoína - O valproato desloca a fenitoína da sua ligação com a albumina
plasmática e inibe o seu metabolismo hepático. A co-administração de valproato (400
mg, 3 vezes ao dia) e fenitoína (250 mg), em voluntários sãos, foi associada com

3º CLE – OUT. 2001 169


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aumento de 60% na fracção livre de fenitoína. A depuração plasmática total e o volume


aparente de distribuição da fenitoína aumentou 30% na presença de valproato. Em
pacientes com epilepsia, têm ocorrido relatos de desencadeamento de crises com a
combinação de valproato e fenitoína.
Varfarina - Em um estudo in vitro, o valproato aumentou a fracção de Varfarina
não ligada até 32,6%. A relevância terapêutica deste facto é desconhecida.

REACÇÕES ADVERSAS
Os seguintes efeitos colaterais tiveram incidência acima de 5% ou
significantemente maior do que o grupo placebo: náuseas, sonolência, tontura, vómitos,
astenia, lesões acidentais, dor abdominal, dispnéia e erupção cutânea. Os efeitos
adversos a seguir relatados tiveram uma incidência maior que 1%, porém não mais do
que 5% em 89 pacientes tratados com divalproato de sódio em estudos clínicos
controlados.
Gerais - Dor torácica, arrepios e febre, infecção, dor e rigidez no pescoço.
Cardiovasculares - hipertensão, hipotensão, palpitação, hipotensão postural,
taquicardia, anomalias vasculares, vasodilatação.
Digestivas - Anorexia, incontinência fecal, flatulência, gastrenterite, glossite e
abscesso periodontal.
Hemáticas e linfáticas - Equimoses.
Desordens metabólicas e nutricionais - Edema e edema periférico.
Músculo-esqueléticas - Artralgia, artrose, cãibras nas pernas e contracções
musculares.
SNC - Sonhos anormais, marcha anormal, agitação, ataxia, reação catatônica,
confusão, depressão, diplopia e disartria, alucinações, hipertonia, hipocinesia, insónia,
parestesia, reflexos aumentados, discinesia tardia, anormalidades de pensamento e
vertigens.
Respiratórias - Dispnéia e rinite.
Pele e anexos - Alopecia, lupus eritematoso discóide, furunculose, erupção
máculo-papular e seborréia.
Sentidos - Visão anormal, ambliopia conjuntivite, surdez, olhos ressecados,
alterações auditivas, dor nos olhos, dor de ouvido e zumbidos.
Urogenitais - Dismenorréia, disúria e incontinência urinária.

3º CLE – OUT. 2001 170


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LAMOTRIGINA
LAMICTAL
NEURIUM

Os resultados de estudos farmacológicos sugerem que a Lamotrigina age nos


canais de sódio sensíveis à diferença de potencial para estabilizar as membranas
neuronais e inibir a libertação de neurotransmissores, principalmente do glutamato, um
aminoácido excitatório que representa um papel-chave no desencadeamento de ataques
epilépticos.

INDICAÇÕES
A Lamotrigina é uma droga antiepiléptica indicada para o tratamento de crises
parciais e crises tônico-clônicas generalizadas, não satisfatoriamente controladas com
outras drogas antiepilépticas.

CONTRA-INDICAÇÕES
Lamotrigina é contra-indicado para indivíduos com conhecida hipersensibilidade
à droga.

PRECAUÇÕES
Dados disponíveis sugerem que se a dose recomendada para o início da terapia
com Lamotrigina for excedida, pode haver um aumento na incidência de rash
requerendo a retirada da terapia. Lamotrigina é um fraco inibidor da diidrofolato-
redutase; portanto, há possibilidade de interferência com o metabolismo do folato
durante tratamentos prolongados. Entretanto, em períodos de até um ano, a Lamotrigina
não provocou alterações significativas na concentração da hemoglobina, no volume
corpuscular médio e nas concentrações séricas de folato ou de glóbulos vermelhos.
Como ocorre com outras drogas antiepilépticas, a suspensão abrupta de
Lamotrigina pode provocar crises. Este risco pode ser evitado pela redução gradual da
dose por um período de duas semanas. Em estudos de dose única em pacientes com
insuficiência renal terminal, as concentrações plasmáticas de Lamotrigina não foram

3º CLE – OUT. 2001 171


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significantemente alteradas. No entanto, como é esperado que haja acúmulo do


metabólito glicuronado, deve-se ter cuidado ao tratar pacientes com insuficiência renal.
Os resultados de toda uma gama de testes mutagênicos indicam que Lamotrigina
não apresenta risco genético ao homem. A Lamotrigina não se mostrou carcinogênico
em estudo a longo prazo em ratos e camundongos.
A Lamotrigina é um fraco inibidor da diidrofolato-redutase. Há um risco teórico
de deformações fetais em seres humanos quando a mãe é tratada com um inibidor de
folato durante a gravidez. Todavia, estudos de toxicologia reprodutora com Lamotrigina
em animais com doses que excediam às terapeuticamente indicadas para seres humanos
não mostraram efeitos teratogênicos.
São insuficientes os dados disponíveis sobre o uso de Lamotrigina na gravidez
humana, para que se avalie sua segurança na mesma. Como ocorre com a maior parte
das drogas, Lamotrigina não deve ser usado durante a gravidez, a menos que, na opinião
do médico, os benefícios potenciais do tratamento para a mãe superem quaisquer
possíveis riscos ao feto em desenvolvimento.
Não há informação disponível sobre as concentrações de Lamotrigina ou seus
metabólitos que possam aparecer no leite materno após a administração de Lamotrigina.

REACÇÕES ADVERSAS
Em estudos clínicos duplo-cegos, onde Lamotrigina foi adicionado a regimes
padrão de drogas antiepilépticas, ocorreram rashes cutâneos em até 10% dos pacientes
que tomavam Lamotrigina e em 5% dos pacientes que tomavam placebo. Os rashes
cutâneos levaram à suspensão do tratamento com Lamotrigina em 2% dos pacientes. O
rash, normalmente de aparência máculo-papular, geralmente aparece dentro de quatro
semanas após o início do tratamento, ocorrendo regressão com a suspensão da droga.
Raramente, foram observados rashes cutâneos graves, inclusive angioedema e
síndrome de Stevens-Johnson. Outras reacções adversas relatadas durante estudos com
Lamotrigina, adicionado a regimes padrão de drogas antiepilépticas, incluíram:
diplopia, visão turva, tonturas, sonolência, cefaléia, falta de firmeza de movimentos,
cansaço, distúrbios gastrintestinais e irritabilidade/agressividade.

SUPERDOSAGEM

3º CLE – OUT. 2001 172


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Sinais e sintomas: Não há experiência com superdosagem de Lamotrigina, mas


alguns pacientes com concentrações séricas muito altas de Lamotrigina (maior ou igual
a 15 mcg/ml) relataram sedação, ataxia, diplopia, náusea e vómito.
Tratamento: Lavagem gástrica.

GABAPENTINA
NEUROTONTIN
PROGRESSE

A Gabapentina é o ácido 1-(aminometil) ciclohexanoacético. A Gabapentina está


estruturalmente relacionada ao neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico),
mas o seu mecanismo de acção difere do de várias outras drogas que interagem com as
sinapses GABA, inclusive o valproato, os barbitúricos, as benzodiazepinas, os
inibidores do GABA transaminase, os inibidores de captação do GABA, os agonistas do
GABA e as pró-drogas do GABA.
Estudos in vitro com Gabapentina radiomarcada caracterizaram um novo local
de ligação peptídica, no tecido cerebral do rato, incluindo o neocórtex e o hipocampo,
que pode estar relacionado com a actividade anticonvulsivante da Gabapentina e dos
seus derivados estruturais..
A Gabapentina, em concentrações clínicas relevantes, não se liga a receptores
cerebrais de outros fármacos ou de neurotransmissores comuns, incluindo receptores de
GABAA, GABAB, benzodiazepina, glutamato, glicina ou N-metil-d-aspartato.
A Gabapentina não interage com os canais de sódio in vitro e, portanto, difere da
fenitoína e da carbamazepina. A Gabapentina reduz parcialmente as respostas ao
agonista do glutamato N-metil-d-aspartato em alguns sistemas de testes in vitro, mas
somente em concentrações maiores que 100 mcM, que não são alcançadas in vivo. A
Gabapentina reduz levemente a libetração de neurotransmissores monoamina in vitro.
A administração da Gabapentina a ratos aumenta o turnover do GABA em várias
regiões do cérebro, de modo semelhante ao valproato de sódio, embora em diferentes
regiões do cérebro. A relevância destas várias acções da Gabapentina para o seu efeito
anticonvulsivante ainda não foi estabelecida. Em animais, a Gabapentina penetra
rapidamente no cérebro e previne crises convulsivas por electrochoque máximo, de

3º CLE – OUT. 2001 173


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convulsivantes químicos incluindo inibidores da síntese do GABA, e em modelos


genéticos de convulsões.
A biodisponibilidade de Gabapentina não é proporcional à dose. Isto é, quando a
dose é aumentada, a biodisponibilidade diminui. Após administração oral, os picos de
concentração plasmática de Gabapentina são observados em 2 a 3 horas. A
biodisponibilidade absoluta de Gabapentina é de aproximadamente 60%. A
alimentação, incluindo dietas ricas em gorduras não tem efeito sobre a farmacocinética
da Gabapentina.
A semi-vida de eliminação da Gabapentina depende da dose e dura, em média, 5
a 7 horas. A farmacocinética da Gabapentina não é afectada por administrações
repetidas e o estado de equilíbrio das concentrações plasmáticas é previsível, a partir de
dados de dose única.
A Gabapentina não se liga a proteínas plasmáticas e tem um volume de
distribuição de 57,7 litros. Em pacientes com epilepsia, as concentrações de
Gabapentina no líquor são aproximadamente 20% das concentrações plasmáticas
correspondentes em estado de equilíbrio. A Gabapentina é eliminada exclusivamente
por excreção renal. Não há evidência de metabolismo no homem. A Gabapentina não
induz enzimas oxidase de funções hepáticas mistas, responsáveis pelo metabolismo de
drogas.
A Gabapentina é eliminada do plasma por hemodiálise. Recomenda-se um ajuste
da dose em pacientes com insuficiência renal ou submetidos a hemodiálise.

INDICAÇÕES
Gabapentina é indicado como terapia adjuvante, junto com drogas
antiepilépticas padrões, em pacientes que não obtiveram controle adequado das crises
com estas drogas usadas isoladamente ou em combinação.
A eficácia foi estabelecida em pacientes com crises parciais que são refractários
aos anticonvulsivantes padrões ou que não toleram as doses terapêuticas destas drogas.
Em estudos clínicos controlados com placebo, a Gabapentina, quando
adicionada à terapia antiepiléptica vigente, foi eficaz no controle tanto de crises simples,
como de crises complexas parciais, tendo sido particularmente eficaz no controle de
crises convulsivas tonicoclônicas secundariamente generalizadas.

CONTRA-INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 174


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Gabapentina está contra-indicado em pacientes que demonstraram


hipersensibilidade à Gabapentina ou a componentes do produto.

PRECAUÇÕES
Gerais: Embora não haja evidência de crises de rebote com a Gabapentina, a
suspensão abrupta da administração de anticonvulsivantes em pacientes epilépticos
pode precipitar um estado epiléptico. Quando, na opinião do clínico responsável, houver
necessidade de uma diminuição de dose, de uma interrupção do tratamento ou de
substituição por medicação anticonvulsivante alternativa, isto deve ser feito
gradualmente, durante uma semana no mínimo.
A Gabapentina geralmente não é considerada eficaz no tratamento de crises de
ausência. Foi observado um aumento estatisticamente significativo da incidência de
tumores pancreáticos de células acinosas, apenas em ratos machos e na dose mais alta.
Os tumores pancreáticos de células acinosas, nos ratos machos, são de baixo grau de
malignidade, não afectaram a sobrevida, não geraram metástases ou invadiram tecidos
vizinhos e foram semelhantes aos vistos nos controlos.
A Gabapentina não demonstrou potencial genotóxico. Ela não foi mutagênica in
vitro, em testes padrões empregando células de mamíferos ou bacterianas.
A Gabapentina não induziu aberrações estruturais dos cromossomos em células
de mamíferos in vitro ou in vivo e não induziu a formação de micronúcleos na medula
óssea de hamsters. Não foram observados efeitos adversos sobre a fertilidade ou sobre a
reprodução em ratos.
A Gabapentina não aumentou a incidência de malformações, quando comparada
aos controlos. Contudo, não há estudos adequados e bem controlados em mulheres
grávidas.
A Gabapentina é excretada no leite humano. Como o efeito em lactentes é
desconhecido deve-se ter cuidado quando a Gabapentina for administrada a lactantes. A
Gabapentina deve ser usada somente quando os benefícios superarem claramente os
riscos. Uso pediátrico: Ainda não foram estabelecidas a segurança e a eficácia em
pacientes pediátricos com menos de 12 anos de idade.

INTERACÇÕES
Não foi observada interação entre a Gabapentina e fenobarbital, fenitoína, ácido
valpróico ou a carbamazepina. A farmacocinética da Gabapentina, no estado de

3º CLE – OUT. 2001 175


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equilíbrio, é similar para voluntários sadios e para pacientes epilépticos, que recebem
estas medicações antiepilépticas. A co-administração de Gabapentina com
anticoncepcionais orais, contendo noretindrona e/ou etinilestradiol, não influencia a
farmacocinética, em estado de equilíbrio, de quaisquer dos componentes.
A co-administração da Gabapentina com antiácidos contendo alumínio e
magnésio reduz a biodisponibilidade da Gabapentina em cerca de 20%. É recomendado
que a Gabapentina seja administrada duas horas após a administração de antiácidos.
Quando a Gabapentina é co-administrada com cimetidina, há uma pequena
diminuição da excreção renal da Gabapentina que não se espera ser de importância
clínica.

REACÇÕES ADVERSAS
Organismo como um todo: Astenia, mal-estar, edema facial. Sistema
cardiovascular: Hipertensão. Sistema digestivo: Flatulência, anorexia, gengivite.
Sistema sanguíneo e linfático: Púrpura, mais frequentemente descrita como abrasões
resultantes de traumatismo físico. Sistema músculo-esquelético: Artralgia. Sistema
nervoso: Vertigem, hipercinesia, aumento, diminuição ou ausência de reflexos,
parestesia, ansiedade, hostilidade. Sistema respiratório: Pneumonia. Sistema urogenital:
Infecção do trato urinário. Órgãos dos sentidos: Visão anormal, mais frequentemente
descrita como um distúrbio da visão. Experiência pós-marketing: Mortes súbitas
inexplicáveis foram relatadas sendo que a relação causal com Gabapentina não foi
estabelecida.
Os eventos adversos adicionais pós-marketing relatados incluem pancreatite,
eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson, flutuação da glicose sanguínea em
pacientes com diabetes e testes da função hepática elevados.
Em todos os estudos clínicos, os eventos que ocorreram com maior frequência e
que contribuíram para a interrupção do tratamento com a Gabapentina, incluíram
sonolência, ataxia, tontura, fadiga, náusea e/ou vómito. Quase todos os participantes
tiveram queixas múltiplas e nenhuma delas pôde ser caracterizada como primária.

SUPERDOSAGEM
Os sinais de toxicidade aguda em animais incluem ataxia, respiração difícil,
ptose, hipoatividade ou excitação. Não foi observada toxicidade aguda, com risco de
vida, com superdoses de Gabapentina de até 49 g. Os sintomas da superdosagem

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incluíram tonturas, visão dupla, fala indistinta, sonolência, letargia e diarréia leve.
Todos os pacientes se recuperaram totalmente com cuidados de suporte.
Entretanto, em pacientes com insuficiência renal severa, a hemodiálise pode ser
necessária.

7.11. OUTROS FÁRMACOS COM ACÇÃO NO SNC

ARGININA: Desfatigan, Reforgan, Targifor, Basilan


Redução da memória, de concentração, de aprendizagem, fadiga, astenia física e mental.

BUPROPIONA: Zyban
Antidepressivo mais utilizado como facilitador para deixar de fumar.

RIVASTIGMINA: Exelon
Para estados demênciais leves a moderados (Doença de Alzheimer).

SIBUTRAMINA: Plenty
Para tratamento da obesidade.

TACRINA: Tacrinal, Cognex


Tratamento da Doença de Alzheimer.

BUFLOMEDIL: Bufedil
Tratamento de problemas circulatórios, centrais e periféricos.

METILFENIDATO: Ritalina
Tratamento de Transtorno Hipercinético (Hiperactividade Infantil).

NALTREXONA: Revia
É um medicamento usado para o alcoolismo.

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ARGININA
DESFATIGAN (aspartato)
REFORGAN (aspartato)
TARGIFOR (aspartato)
BASILAN

INDICAÇÕES
A ARGININA parece ter algum efeito na redução da memória e capacidade de
concentração, dificuldade de aprendizagem, fadiga, na astenia física (muscular) e
mental, intelectual e sexual, nas insuficiências do fígado, das supra-renais e das
gônadas.

A L-Arginina é precursora na gênese do Óxido Nítrico. O Óxido Nítrico é uma


molécula, que apresenta múltiplas funções no organismo. Dentro destas, temos a
estimulação da resposta imunológica mediada por linfócitos e macrófagos; a redução da
hiperagregabilidade plaquetária e a manutenção do tônus vascular na regulação da
pressão arterial, que envolve um equilíbrio dinâmico entre o Óxido Nítrico e as
endotelinas. O Óxido Nítrico, produzido nas células endoteliais a partir da L-Arginina,
determina uma vasodilatação. A L-Arginina aumenta a libertação da hormona do
crescimento, que se encontra diminuída em indivíduos idosos. Existem evidências,
também, demonstrando a acção benéfica da L-Arginina nos processos de cicatrização. O
aspartato de L-Arginina age como defatigante e nos diversos tipos de astenia. Age,
também, como coadjuvante no tratamento dos processos infecciosos em geral, inclusive
nos causados pelo stresse. O aspartato de L-Arginina reforça, ainda, a capacidade
muscular.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
Os efeitos colaterais, se ocorrerem, são geralmente observados no início da
terapia e desaparecem, usualmente, com a continuação do tratamento ou redução da
dosagem. O efeito colateral mais comum verificado com ALPRAZOLAM foi a
sonolência. Os efeitos colaterias menos frequentes foram, aturdimento, visão turva,
desordens de coordenação, vários sintomas gastrointestinais e manifestações
neurovegetativas. A exemplo de outras benzodiazepinas, reacções paradoxais como

3º CLE – OUT. 2001 178


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estimulação, agitação, dificuldades de concentração, confusão, alucinações ou outros


efeitos adversos de comportamento podem-se apresentar em raras ocasiões e ao acaso.
Pode ainda ocorrer prurido, incontinência ou retenção urinária, alterações de
libido e irregularidades menstruais.

SUPERDOSAGEM
Manifestações decorrentes de superdosagem de ALPRAZOLAM incluem
extensões de sua actividade farmacológica, isto é, ataxia e sonolência. Indica-se a
indução do vómito e/ou lavagem gástrica. Como em todos os casos de superdosagem, a
respiração, as pressões sanguíneas e do pulso devem ser monitorizadas e apoiadas por
medidas gerais, quando necessário. Pode-se administrar fluidos intravenosos mantendo-
se ventilação adequada para as vias respiratórias. Experimentações efectuadadas em
animais indicaram que pode ocorrer colapso cardiopulmonar após grandes doses
intravenosas de ALPRAZOLAM (cerca de 195 mg/Kg; mais que 2000 vezes a dose
máxima diária para seres humanos). Os animais puderam ser reanimados com
ventilação mecânica positiva e infusão endovenosa de levarterenol. Outros estudos
efectuados em animais sugeriram que a diurese forçada ou hemodiálise mostraram-se
provavelmente de pouco valor no tratamento da superdosagem.

Nos últimos anos foram descobertas três isoformas da enzima Óxido Nítrico
Sintase. Duas são denominadas constitutivas (endotelial e neuronal), são citosólicas e
dependentes de Ca++/Calmodulina. Libertam Oxido Nítrico por períodos curtos, em
resposta à estimulação física ou de receptores, e ocorrem nas mais diversas condições
fisiológicas. A terceira denominada induzida, manifesta-se após activação dos
macrófagos e de outras células imunitárias, por citocinas, geralmente por condições
patológicas. Uma vez activada, sintetiza Oxido Nítrico por longos períodos e pode ser
inibida por N-Mono Metil Arginina (L-NMMA) e glicocorticóides. A activação de cada
uma delas pode apresentar consequências diversas.
Os trabalhos de investigação neste campo demonstram, de forma clara,
convergência, revelando o importante mecanismo de amplificação, no qual o Oxido
Nítrico actua como factor central. Assim sendo, a formação de Oxido Nítrico, a partir da
Arginina, faz parte do amplo sistema de comunicação intercelular, cujo alvo principal, a
nível intracelular, é a guanilato ciclase, responsável, quando estimulada, pela formação
de monofosfato de guanosina cíclica (GMPc). De forma inequívoca, temos que o Oxido

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Nítrico é libertado por neutrófilos, por células mononucleares sanguíneas, pelo tecido
cerebral, pelas células epiteliais renais, pela medula adrenal e pelos mastócitos. Além
destas, algumas células, tais como macrófagos e as células de Kupffer hepáticas,
"matam" outras células, através do Óxido Nítrico. É interessante observar que, as
células produtoras de Oxido Nítrico possuem mecanismos para manter a concentração
de Arginina livre, através de sua produção intracelular, possivelmente a partir da L-
Citrulina.

Em 1980, Furchgott demonstrou que, o relaxamento vascular induzido pela


Acetilcolina (Ach), dependia da presença de endotélio íntegro. Ao mesmo tempo,
fornecia evidências de que este efeito seria mediado por um fator humoral lábil, ao qual
deu a denominação de EDRF (Endothelium-Derived Relaxing Factor) - Factor
Relaxante Derivado de Endotélio. Logo a seguir, foi demonstrado que, a remoção do
endotélio das preparações vasculares, prevenia a acção relaxante da Acetilcolina.
Posteriormente, este EDRF foi reconhecido por diversos pesquisadores (Robert
Furchgott, Louis Ignarro e Ferid Murad, Solomon Snyder e Salvador Moncada, dentre
outros), como sendo o próprio Oxido Nítrico.
Os estímulos envolvidos no controle da síntese de Óxido Nítrico pelas células
endoteliais, em condições fisiológicas, são, por ordem de importância: os estímulos
mecânicos (aumento do fluxo sanguíneo local) e a estimulação de receptores localizados
nas células endoteliais por substâncias vasodilatadoras como a Acetilcolina, a
substância P, o ATP, a bradicinina e a histamina. A vasoconstrição localizada em um
vaso provoca o aumento compensatório da libertação local de Oxido Nítrico, relaxando-
o e, desta forma, demonstrando que os mecanismos de adaptação do sistema
cardiovascular contribuem, sobremaneira, para a manutenção da pressão arterial dentro
de valores normais. Quando ocorre falha na libertação basal de Oxido Nitrico, esta
deficiência pode determinar elevação da pressão arterial. A infusão venosa de inibidores
da Oxido Nítrico Sintase, como a N-Mono Metil Arginina (L-NMMA), determina, em
animais, elevação da pressão sistêmica ou da pressão na artéria braquial de seres
humanos voluntários. Como pode ser observado, a célula endotelial quando estimulada
é capaz de "dar sopros" de Oxido Nítrico, que ao atingir as fibras musculares lisas da
camada média do vaso, liga-se ao grupamento heme da enzima guanilato ciclase. Esta
enzima é responsável pela conversão do trifosfato de guanosina (GTP) em monofosfato
de guanosina cíclica (GMPc). Em última análise, o GMPc é o responsável pelas acções

3º CLE – OUT. 2001 180


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e efeitos do Oxido Nítrico. Esta elevação nas taxas de GMPc determina uma diminuição
dos níveis intracelulares de cálcio, redução da força de contração muscular, relaxamento
da musculatura, com consequente vasodilatação e queda da pressão arterial.
Lerman e Cols demonstraram em seres humanos, que a administração de
Arginina, por via oral, determina melhora da função endotelial em vasos coronários de
pequeno calibre, assim como uma redução nos niveis plasmáticos de endotelina. Com
base nos resultados obtidos, estes autores propuseram que a Arginina poderia
representar uma opção terapêutica, em pacientes com disfunção endotelial coronariana e
naqueles portadores de doença coronária não obstrutiva. Desta forma, temos que o
Óxido Nítrico, além de relaxar o músculo liso vascular, causando vasodilatação, tem a
função de inibir outros processos como a agregação plaquetária, a adesão de leucócitos
ao endotélio e a produção de endotelina (potente substância vasoconstritora). O Óxido
Nítrico causa, ainda, variação nas propriedades contráteis (efeito inotrópico negativo) e
na frequência cardíaca. No sistema cardiovascular a libertação de Óxido Nítrico actua
como mecanismo adaptativo geral, de tal forma que o endotélio responde às alterações
do seu meio ambiente e regula o fluxo sanguíneo e a pressão arterial, através de sua
acção sobre a musculatura lisa. Além disto, o Oxido Nítrico regula a interacção entre o
endotélio, as plaquetas e as células sangüíneas em geral, podendo, ainda, exercer papel
no controlo da proliferação do músculo liso vascular.

O sistema Arginina - Óxido Nítrico, proposto por Hibbs e Cols., em 1990, pode
ser o mecanismo primário de defesa orgânica contra microrganismos intracelulares,
assim como contra agentes patogênicos, tais como fungos e helmintos que, entretanto,
pelo seu tamanho, não podem ser fagocitados. Em lesões e outros locais onde ocorre
inflamação, foi observada redução na concentração de Arginina e aumento na
concentração de Ornitina, resultantes da acção da Arginase, derivada de macrófagos. A
actividade da Arginase, que também está aumentada em células tumorais, promove
proliferação e regeneração tissular, por fornecer Ornitina, substrato para a síntese de
poliaminas e de tecido colágeno. Desta forma, a baixa concentração, resultante do
consumo da Arginina, aumenta as funções associadas com a activação dos macrófagos.
A interacção entre estas duas vias metabólicas da Arginina, levando à formação de
Uréia/Ornitina ou Óxido Nítrico/Citrulina, é da maior importância na biologia dos
macrófagos.

3º CLE – OUT. 2001 181


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Barbul demonstrou que a suplementação enteral ou parenteral de Arginina


aumenta o peso do timo, aumenta a resposta linfocitária a mitógenos e promove
retenção de nitrogênio, bem como a cicatrização. A suplementação dietética (1 a 2% da
dieta total) de Arginina, também melhora a sobrevida e as reacções de
hipersensibilidade tardia, em cobaias com queimaduras. Por outro lado, foi ainda
demonstrado que, a suplementação dietética de Arginina, a animais portadores de
tumores, favorece a resposta do hospedeiro, possivelmente por actuar favorecendo os
mecanismos imunitários específicos de defesa antitumoral.
A ligação entre compostos nitrosamínicos e o risco aumentado de cancro,
juntamente com a demonstração de que estes compostos podem ser produzidos "in
vivo" como resultado da reacção entre aminas secundárias ingeridas e NO2, motivaram
os estudos metabólicos dos óxidos de nitrogênio inorgânico em seres humanos. Quando
o homem é alimentado com dieta livre de NO3, a síntese endógena de NO3 continuou,
sendo estimada a sua produção diária em 1 mmol, em condições normais. Inicialmente,
pensou-se ser o resultado metabólico de micróbios intestinais. Posteriormente, foi
demonstrado que esta síntese não era de origem bacteriana, mas do próprio sistema de
defesa dos mamíferos. Por outro lado, foi observado um aumento da excreção urinária
de NO3, em indivíduos com diarréia e febre. Em ratos aos quais foram administrados
lipopolissacárides (LPS) de E. coli, o aumento na excreção urinária de NO3 estava
correlacionado com a intensidade da febre. Com base nestes 3 resultados, foi possível
estabelecer ligação entre imunoestimulação, síntese aumentada de NO3 e, ainda,
correlacionar os macrófagos como a fonte mais provável de síntese aumentada de NO2
e de NO3.
Barbul e Cols demonstraram que a suplementação de Arginina exerce efeito
cicatrizante e timotrófico. Provavelmente, o mecanismo destes efeitos seja devido ao
facto da Arginina ser um precursor da prolina e da hidroxiprolina e de fosfoguanidinas
ricas em energia, tal como o fosfato de creatina. A Arginina é um precursor de
poliaminas, que são consideradas como sendo importantes mediadores de crescimento e
de diferenciação celulares. As poliaminas protegem as organelas subcelulares e os
ácidos nucléicos, exercendo efeitos estabilizadores de membrana e, desta forma,
prevenindo agressões celulares, tal como a lipoperoxidação.
O Oxido Nítrico é também libertado, após estimulação imunológica, por uma
enzima induzível e Ca2+ independente. Esta enzima, originalmente descrita em

3º CLE – OUT. 2001 182


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macrófagos, liberta Oxido Nítrico, como parte dos mecanismos de defesa, uma vez que
demonstrou ser citotóxica ou citostática, para células tumorais e organismos invasores.
De acordo com Moncada e Cols, a resistência às infecções e às células tumorais
pode ser aumentada, de maneira não específica, por produtos bacterianos, facto este
conhecido, mas não explicável, há pelo menos um século, desde as publicações
pioneiras de Fehleisent (1882) e Coley (1893), quando usaram Streptococcus vivos,
para induzir erisipela, no tratamento de pacientes com cancro, sendo que,
posteriormente, as bases biológicas deste fenómeno foram relacionadas com a função
macrofágica.
Actualmente, sabemos que esta imunidade não específica está relacionada com a
indução do Óxido Nítrico Sintase e que é um fenómeno geral, envolvendo não somente
o sistema reticuloendotelial, mas, também, outras células notadamente o endotélio
vascular, que é o mais "espalhado" de todos os tecidos. Neste contexto, o papel dos
pulmões e do fígado, na imunidade não específica, dependente de Óxido Nítrico, é
crucial, uma vez que ambos os órgãos estão estrategicamente localizados na circulação,
para funcionar como filtros imunológicos.
Em condições normais, a Arginina endógena é suficiente para a manutenção do
bem-estar, mas, em condições de estresse orgânico ou de indução enzimática, a sua
suplementação se faz necessária, uma vez que foi demonstrado, em macrófagos, que a
depleção da Arginina pode levar à própria morte celular. Modernamente, sabemos que a
depleção de Arginina pode estar envolvida na hipertensão, espasmo vascular e/ou
aterosclerose. Wrightham, com base na indução ampla da resposta imune, tanto "in
vitro" quanto "in vivo", sugere, pelos seus efeitos e ausência de toxicidade, a sua
utilização como mais uma tentativa terapêutica no tratamento da AIDS/HIV.

A importância da via da Arginina - Oxido Nítrico, no sistema nervoso, requer


estudos cada vez mais aprofundados. Entretanto, já é conhecida a sua ligação
estimulatória por aminoácidos excitatórios de receptores específicos no Sistema
Nervoso Central (SNC).
O Óxido Nítrico actua, também, a nível cerebral. A primeira evidência mostrou
que a formação de GMPc requeria a presença de Arginina. O mesmo ocorre quando o
tecido cerebral é estimulado pela presença de glutamato (neurotransmissor excitatório)
sendo os seus efeitos mediados por vários tipos de sub-receptores do glutamato, dentre
estes, o mais conhecido, o NMDA (N-Metil-D-Aspartato).

3º CLE – OUT. 2001 183


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A Óxido Nítrico Sintase cerebral é amplamente distribuída e encontra-se


presente no cérebro, cerebelo, hipocampo, lobos olfativos, nos nervos periféricos que
inervam órgãos pélvicos, bexiga, trato gastrintestinal, traquéia, adrenais, etc. O Óxido
Nítrico activa a guanilato ciclase, promovendo um aumento dos níveis de GMPc, o que
vai determinar as suas acções e efeitos, de acordo com o órgão em questão. As
evidências do Oxido Nítrico, como mediador químico decorrem, principalmente, da
ampla distribuição da Óxido Nítrico Sintase em neurónios.
Burnett demonstrou que o relaxamento da musculatura lisa dos vasos do corpo
cavernoso e a consequente erecção peniana envolvem aumento na produção de Oxido
Nítrico, a partir da Arginina, em neurónios denominados não adrenérgicos não
colinérgicos (NANC), nas células endoteliais e, provavelmente, nas fibras musculares
lisas, deste órgão. Melman e Christ, também demonstraram o Óxido Nítrico como sendo
um neurotransmissor NANC a nível genital masculino, tal como ocorre com a inervação
das células do corpo cavernoso, onde a sua libertação determina erecção peniana. O
trabalho de Melis e Cols demonstra que a administração de inibidores da NOS (L-
NAME e L-NMMA) previne esta resposta.
Por outro lado, a deficiência em Óxido Nítrico pode estar associada com a
impotência que, frequentemente, ocorre nos pacientes diabéticos. Na doença diabética
induzida experimentalmente em animais, quando comparada com a diabetes humana,
pode-se correlacionar a deficiência de Óxido Nítrico com a impotência sexual,
observada em pacientes diabéticos. Estas observações, podem ser a base científica que
explica a observação popular das, reputadas, propriedades afrodisíacas do nitrito de
amila. Ratos tornados deficientes em Óxido Nítrico apresentam extrema dificuldade de
copular de forma eficaz. O número de "tentativas" aumenta, ao mesmo tempo em que a
penetração diminui, sensivelmente.

PRECAUÇÕES
Pacientes portadores de doença renal ou em anúria, doenças hepáticas ou
diabetes mellitus devem utilizar o produto com cautela. Durante a gravidez e lactação, o
produto deve ser utilizado sob estrita orientação médica. Como qualquer outro
medicamento, não se recomenda sua utilização no primeiro trimestre da gravidez.

3º CLE – OUT. 2001 184


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BUPROPIONA
ZYBAN

A Bupropiona é um inibidor relativamente selectivo da recaptação de


catecolaminas (noradrenalina e dopamina), com mínimo efeito sobre a recaptação de
serotonina, indicado para tratamento do tabagismo

A Bupropiona é originalmente um antidepressivo, inibidor da recaptação da


noradrenalina e da dopamina, muito menos da serotonina e não inibe a
monaminaoxidase. O seu mecanismo de acção no tabagismo é ainda desconhecido mas,
presume-se, que esteja envolvido com os mecanismos dopaminérgicos e
noradrenérgicos. O pico máximo de acção é em torno de 3 horas e a sua semi-vida em
torno de 21 horas.
O metabolismo da Bupropiona produz 3 metabólitos activos no corpo humano;
a hidroxibupropiona, a trihidrobupropiona e a eritrohidrobupropiona. Destes, o primeiro
(hidroxibupropiona) tem o mesmo efeito da Bupropiona e os demais variam entre
metade e dois terços do seu efeito.
A eliminação da Bupropiona é por via renal e de 5 a 8 dias depois da última
toma não se encontra mais essa substância nem os seus metabólitos na urina. Os testes
mostram que a eliminação da Bupropiona e dos seus metabólitos não sofre diferenças
significativas quando essa substância é administrada isoladamente ou em combinação
com adesivos cutâneos de nicotina.

Apesar do objectivo inicial da Bupropiona ter sido para o tratamento da


depressão, a sua utilização ou em combinação com adesivos cutâneos de nicotina, tem
mostrado taxas significativas de sucesso para o abandono do hábito de fumar. Segundo
trabalhos de Douglas E. Jorenby, do Instituto Médico da Universidade de Wisconsin,
foram investigados 3 grupos de tratamento; 244 pacientes com uso isolado de
Bupropiona, 245 com uso de placebo, 245 com adesivos cutâneos de nicotina e 160
combinando os dois tratamentos.
O tratamento com Bupropiona consistia no uso de 150 mg/dia durante os 3
primeiros dias, aumentado-se para 150 mg 2 vezes ao dia (300 mg/dia) do 4º dia em
diante. Com os adesivos de nicotina foi usada a dose de 21 mg/dia, 14 mg/dia na oitava

3º CLE – OUT. 2001 185


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semana e 7 mg/dia na nona semana. A incidência de abstinência do fumo depois de 12


meses foi de 15,6% nos pacientes que usaram placebo, quase a mesma porcentagem
(16,4%) naqueles que usaram a nicotina em adesivos cutâneos, 30,3% no grupo que uso
Bupropiona e 35,5% entre as pessoas com tratamento combinado Bupropiona-adesivo.
Quanto ao ganho de peso entre os abstinentes, após a sétima semana aqueles que
deixaram de fumar com o placebo engordaram em média 2,1 kg, enquanto o grupo dos
adesivos de nicotina engordou uma média de 1,6 kg, 1,7kg para os usuários de
Bupropiona e de apenas 1,1 kg para o grupo com tratamento combinado.

PRECAUÇÕES
A Bupropiona, como qualquer antidepressivo, não deve ser usado sem
supervisão médica. Essa substância está relativamente contra-indicada nos pacientes
com Transtornos Disrítmicos Cerebrais e/ou Epilepsia.
Também se deve evitar em pacientes alérgicos a essa substância, a qual pode
desencadear reacções de urticária, prurido, eczemas e outras nesses pacientes. A insónia
foi observada em 35% dos pacientes tratados com 300 mg/dia de Bupropiona, contra
21% dos pacientes que apresentaram insónia com o placebo. Esse efeito colateral tem
sido suficientemente importante para que 0,8% dos pacientes interrompam o tratamento.
Em relação à hipertensão, 6,1% dos pacientes em uso da Bupropiona, contra
2,1% dos que tomaram placebo tiveram aumento da pressão arterial. Na grande maioria
dos casos, eram pacientes previamente portadores de transtorno hipertensivo.
Em pacientes com problemas renais as doses devem ser diminuídas, tendo em vista a
excreção renal da substância e a existência de metabólitos activos.
Embora não tenham sido feitos estudos suficientes em seres humanos, coelhos e
ratas grávidas tratadas com 14 a 10 vezes a dose recomendada não mostraram efeitos
teratogênicos.

EEITOS SECUNDÁRIOS
Torcicolo, Reacções Alérgicas, Hipertensão, Hipertermia, Boca seca, Aumento
do apetite, Diminuição do apetite, Artralgia, Mialgia, Insónia, Tonturas, Sonolência,
Tremor, Prurido, Rubor, Urticária, Pele seca.

3º CLE – OUT. 2001 186


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RIVASTIGMINA
EXELON

INDICAÇÕES
Tratamento de pacientes com demência leve e/ou até moderadamente grave,
notadamente do tipo Doença de Alzheimer.

CONTRA-INDICAÇÕES
Pacientes com conhecida hipersensibilidade à Rivastigmina, a outros derivados
do carbamato.

PRECAUÇÕES
Cuidado em pacientes com doença do nó sinusal ou com arritmias cardíacas
graves. Recomenda-se cautela em pacientes predispostos a estados ulcerosos, em
pacientes portadores ou com histórico de doença respiratória e em casos de obstrução
urinária e convulsões. Rivastigmina deve ser utilizado em mulheres grávidas apenas se
o benefício potencial for superior ao possível risco ao feto. Pacientes que utilizam
Rivastigmina não devem amamentar. Efeitos na habilidade de dirigir veículos e/ou
operar máquinas: a habilidade de dirigir veículos e operar máquinas deve ser
rotineiramente avaliada pelo médico.

INTERACÇÕES
Não são antecipadas interacções farmacocinéticas com outras drogas
metabolizadas por isoenzimas do citocromo P450. Não foram observadas interacções
farmacocinéticas com digoxina, warfarina, diazepam ou fluoxetina em estudos em
voluntários sadios. Em pacientes, a administração concomintante com antiácidos,
antieméticos, antidiabéticos, anti-hipertensivos de acção central, betabloqueadores,
bloqueadores do canal de cálcio, drogas inotrópicas, antianginosos, antiinflamatórios
não esteroidais, estrógenos, analgésicos, benzodiazepínicos e anti-histamínicos não foi
associada a alterações farmacocinéticas. Rivastigmina não deve ser administrado
concomitantemente com outras drogas colinomiméticas e pode interferir na actividade
de medicações anticolinérgicas. Rivastigmina pode potencializar os efeitos de relaxantes
musculares do tipo succilcolina durante a anestesia.

3º CLE – OUT. 2001 187


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REACÇÕES ADVERSAS
Incidência igual ou superior a 5%, independente de apresentar uma relação de
causa com Rivastigmina: trauma acidental, fadiga, astenia, tontura, cefaléia, sonolência,
náusea, vómito, diarréia, dor abdominal, perda de apetite, dispepsia, agitação, insónia,
confusão, depressão, infecções do trato respiratório superior e infecções do trato
urinário. Incidência 2% superior ao placebo em pacientes que utilizaram Rivastigmina:
aumento da sudorese, mal-estar, perda de peso e tremor. Pacientes do sexo feminino
mostraram-se mais susceptíveis à náusea, vómito, perda de apetite e perda de peso.

SUPERDOSAGEM
Nos casos de superdosagem assintomática, nenhuma dose de Rivastigmina deve
ser administrada pelas próximas 24 horas. Nos casos de superdosagem acompanhada
por vómito e náusea grave, o uso de antieméticos deve ser considerado. Tratamento
sintomático para outros eventos adversos deve ser realizado se necessário. Em casos de
superdosagem grave, a atropina pode ser utilizada. Recomenda-se uma dose inicial i.v.
de 0,03 mg/kg de sulfato de atropina, com doses subsequentes baseadas na resposta
clínica. Não é recomendado o uso da escopolamina como antídoto.

7.12. FITOTERÁPICOS

A fitoterapia, utiliza substâncias activas naturalmente presentes nas plantas com


finalidade terapêutica. Essa foi a primeira forma de farmacoterapia. A possibilidade de
se obter medicamentos por síntese química foi, inicialmente, uma tentativa laboratorial
de se copiar os princípios activos de plantas.
O ácido salicílico, por exemplo, contido no córtex de salix alba, e no
desenvolvimento do ácido acetilsalicílico mediante uma pequena união química na
molécula original, resultando no princípio activo da aspirina, inegavelmente uma das
drogas mais utilizadas na medicina.
Hoje é possível descobrir e caracterizar as substâncias responsáveis pela
actividade terapêutica das plantas e, assim, esclarecer seu mecanismo de acção.

3º CLE – OUT. 2001 188


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Como tem sido feito pelos farmacêuticos, a eficácia médica das plantas
medicinais foi verificada por testes farmacológicos e clínicos com a intenção de
estabelecer as reais potencialidades, evidenciando a eficácia e os eventuais efeitos
colaterais de tais medicamentos.

GINKGO BILOBA circulação e performance cerebral


HIPÉRICO antidepressivo leve-moderado
VALERIANA ansiolítico, indutor do sono

HIPÉRICO

INDICAÇÕES
Quadros de distúrbios psicovegetativos (distúrbios psíquicos com efeitos sobre o
estado físico), estados depressivos leves e moderados, medo e/ou agitação emocional
(ansiedade).

O extrato de Hypericum perforatum, também conhecido como Erva-de-São-


João, é o ingrediente activo dos medicamentos fitoterápicos à base de Hipérico. O
Hipérico foi testado em experiências in vitro e em pequenos roedores. Em ratos
submetidos ao uso de Hipérico, as concentrações hipotalâmicas do neurotransmissor
dopamina e do ácido 5-hidroxiindolacético foram significativamente aumentadas.
Apesar da identidade parcial de algumas acções entre antidepressivos tradicionais e o
Hipérico, o perfil global dos efeitos mensuráveis não correspondeu completamente ao
dos antidepressivos sintéticos. Por isso se concluiu que estava envolvido um modo de
acção diferente, modo de acção este ainda não muito bem explicado.
O Hypericum perforatum é uma planta herbácea perene, pertencente à família
das Hiperricoidaea guttiferae e largamente distribuída na Europa, Ásia, norte da África e
aclimatada nos Estados Unidos. Na Europa, é comum encontrar o Hypericum
perforatum na beira das estradas, vales e bosques. Essa planta foi usada largamente na
medicina popular em vários países da Europa, durante muitos séculos, para o tratamento
de inflamações nos brônquicos e infecções do trato geniturinário, agente cicatrizante no
tratamento de feridas, traumas e queimaduras.

3º CLE – OUT. 2001 189


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Actualmente a planta não é muito usada para estes propósitos, mas sim,
largamente usada para o tratamento da depressão. Na medicina caseira, o extrato oleoso
das partes aéreas da planta colhidas durante sua florescência, exposto a luz solar por
pelo menos várias semanas, apresenta acção antiinflamatória e cicatrizante.
O produto medicamente comercial contém o extrato seco padronizado da parte
aérea do Hypericum perforatum, colhido no momento de sua florescência. A
padronização desse extrato é que garantirá a qualidade deste fitoterápico em suas
diversas apresentações comerciais.
A parte do Hypericum perforatum utilizada para fins medicinais são as flores e
folhas. A colheita deve ser feita antes do florescimento da planta. Após a colheita, a
planta deve ser imediatamente seca para evitar a degradação de seus princípios activos.
Efeitos sobre os potenciais visuais e auditivos no EEG e durante o sono
As alterações dos potenciais visuais evocados foram medidas em 12 indivíduos durante
o tratamento de seis semanas. Após duas semanas as latências estavam
consideravelmente encurtadas em comparação com os valores basais, com essa redução
atingindo sua maior extensão após quatro a seis semanas.
Os efeitos do Hipérico foram comparados com os da maprotilina (antidepressivo
tetracíclico) num estudo duplo-cego randomizado em 24 indivíduos sadios. As
pesquisas foram baseadas nas medidas do EEG de repouso e sobre os potenciais visuais
e auditivos evocados. No EEG de repouso as duas medicações provocaram alterações
antagônicas na região teta, mas alterações predominantemente uniformes nas regiões
alfa e beta.
As medidas dos potenciais evocados nas regiões teta e beta confirmaram esses
achados. Globalmente, os resultados foram sugestivos de melhoras da função cognitiva,
assim como de propriedades relaxantes, especialmente com o extrato de Hipérico.
Em um estudo duplo-cego posterior, foram examinados os efeitos sobre o com-
portamento no sono de quatro semanas de tratamento com 1 drágea 300 mg de Hipérico
três vezes ao dia. Esse estudo controlado com placebo foi realizado com 12 mulheres
idosas, sadias, segundo um esquema cruzado, com uma fase de duas semanas de "wash-
out" entre os tratamentos.
Não foram observadas com este fitoterápico as alterações do sono REM, típicas
dos antidepressivos tricíclicos e dos inibidores da MAO. O Hipérico, entretanto,
aumentou a proporção de sono profundo no período total de sono. Isso foi observado

3º CLE – OUT. 2001 190


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tanto na análise visual dos estágios 3 e 4 do sono, como na análise automática da


actividade da onda lenta do EEG.
Os estudos duplo-cegos controlados com placebo são, por isso mesmo,
essenciais para se avaliar a actividade dos antidepressivos. Os índices de melhora e
cura, medidos de acordo com a Escala de Hamilton em 101 pacientes ambulatoriais com
depressão discreta a moderadamente grave, ficaram entre 60 e 80% nos pacientes
tratados com antidepressivos sintéticos, bem como para os casos tratados com Hipérico.
Ensaios clínicos em comparação com tratamentos padrões
O Hipérico foi testado em três estudos controlados, em comparação com
tratamento antidepressivo padrão: um estudo comparou o antidepressivo fitoterápico
com a imipramina, um com a maprotilina e um a uma outra forma de tratamento
(fototerapia).
O primeiro estudo, duplo-cego, foi realizado em 135 pacientes de 20 centros. Os
critérios de inclusão foram estabelecidos de acordo com a DSM-III-R como a depressão
maior, episódio único (296.2) ou recorrente (296.3), distimia (300.4) e transtorno de
adaptação com humor depressivo (309.0).
A dose foi de 300 mg de Hipérico três vezes ao dia, ou 25 mg de imipramina três
vezes ao dia. O tratamento durou seis semanas. Os critérios principais foram a Escala da
Depressão de Hamilton (HAMD), a Escala de Depressão de von Zerssen (D-S) e a
Impressão Clínica Global (CGI).
Em outro estudo duplo-cego, randomizado, o Hipérico foi comparado com a
maprotilina em termos de eficácia e segurança. Participaram no total 102 pacientes
depressivos de 17 clínicas especializadas de neurologia/psiquiatria.
Por um período de quatro semanas os pacientes tomaram três vezes ao dia
drágeas com aparência idêntica contendo 300 mg do extrato de hipericum ou 25 mg de
maprotilina. A eficácia foi avaliada pelas Escala da Depressão de Hamilton (AMD).
Escala de Depressão de von Zerssen (D-S) e Escala de Impressão Clínica Global (CGI).
O escore total da HAMD caiu aproximadamente 50% em ambos os grupos durante as
quatro semanas de terapia.
O transtorno afectivo sazonal (TAS) é uma sub-forma de depressão maior
(DSM-III-R), caracterizada pela ocorrência regular dos sintomas no outono e inverno e
pela remissão dessa sintomatologia na primavera e verão. Uma forma de tratamento
especialmente desenvolvida, com o uso de luz fluorescente brilhante (fototerapia),
mostrou ser eficaz no TAS.

3º CLE – OUT. 2001 191


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Em um estudo simples-cego, 20 pacientes TAS foram pesquisados durante um


período de cinco semanas. Todos os pacientes receberam 300 mg de Hipérico, 10
receberam fototerapia adicional de 3.000 Lux (duas horas por dia), enquanto que nos
outros 10, que agiram como controles da luz. Foi usada radiação com luz reduzida (<
300 Lux).

INTERACÇÕES
A possibilidade de interacções entre o Hipérico e álcool foi pesquisada em um
estudo duplo-cego controlado com placebo. A amostra consistiu de 3 2 voluntários
sadios de ambos os sexos, com 25 a 40 anos de Idade. Um grupo recebeu na primeira
semana, 1 drágea de 300 mg de Hipérico três vezes ao dia e, em seguida, placebo
durante sete dias; no segundo grupo a ordem foi invertida.
No 7° e 14° dias os participantes foram submetidos a testes padronizados de
desempenho, tendo concentrações respiratórias de álcool de 0,21 e 0,38 mg/l
(concentrações de álcool no sangue de 0,46 a 0,80%). Os testes avaliaram alterações no
tipo de desempenho exigido para a operação adequada de máquinas e para dirigir um
veículo. A análise estatística dos resultados mostrou que não ocorreu nenhuma
interacção entre o Hipérico e o álcool que pudesse afectar a função psicomotora ou
mental.
A segurança de um tratamento de quatro semanas com o extracto de Hipérico foi
monitorizada por 663 clínicos gerais. Foram registrados os dados de 3.250 pacientes,
76% deles mulheres e 24% homens. A idade dos pacientes variou de 20 a 90 anos
(média de 51 anos). Dos pacientes, 49% apresentava distúrbios depressivos leves, 46%
moderadamente graves e 2% graves.
Os sintomas típicos estavam presentes com frequência de 5O-90% antes de ser
iniciada a terapia, tendo diminuído aproximadamente 50% com o tratamento, tanto em
frequência como em gravidade. Com a terapia, a condição normalizou-se ou melhorou
em cerca de 80% dos pacientes. Foram relatadas reacções adversas num total de 79
pacientes (2,43%) e abandono do tratamento por 48 (1,45%).
Os efeitos fototóxicos conhecidos da medicina veterinária, os quais ocorreram
com quantidades de hipericina 30 a 50 vezes mais elevadas que as usadas clinicamente,
até agora nunca foram relatados com as doses recomendadas, por motivos quantitativos,
é improvável que ocorram.

3º CLE – OUT. 2001 192


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QUÍMICA
Dos princípios activos isolados da planta, os mais importantes são a hipericina,
pseudo-hipericina, hiperforina, amentoflavonóide, biapigenina e xantonas. Também
estão presentes flavonóides, tais como a Rutina, Hiperosídeos e óleos essenciais. Outros
componentes de importância biológica isolada de diferentes partes da planta são a
hiperforina, hiperisina, adhiperforina e 1,3,6,7 tetrahiddoxi-xantona dotados de
actividade antimicrobiana.

Um dos modos de acção aceite para o Hipérico seria como um inibidor da monoamino-
oxidase (IMAO), mas essa acção não pôde ser confirmada unanimemente em estudos
mais recentes. Há, em realidade, indicações de um tipo de mecanismo imunomodulador.
O sistema imunológico e o sistema nervoso são as únicas estruturas biológicas
equipadas com uma memória. Eles caracterizam-se por numerosas interacções
reguladoras e processos bioquímicos comuns. Moléculas importantes são conjuntamente
produzidas, secretadas e activamente reconhecidas por ambos os sistemas.
A influência do Hipérico sobre a expressão estimulada da citocina foi estudada
em indivíduos sadios e em pacientes depressivos. A libertação de várias citocinas foi
quantitativamente medida após 24 horas de incubação sobre placas microtituladas. Com
o extrato de Hipérico foi observada uma acentuada supressão da libertação da
interleucina-6 estimulada, o que levou os autores a concluir que o efeito antidepressivo
dessa substância poderia perfeitamente se manifestar por meio de modulação
imunológica nas vias neuro-hormonais.
Pelas pesquisas até agora realizadas sobre os efeitos farmacológicos dos extratos
de Hipérico, pode-se concluir que a acção antidepressiva se deve não apenas a diversos
constituintes, mas também a diferentes mecanismos de acção.
Apesar das controvérsias, a hipótese mais aceita é de que a acção terapêutica é
devida a presença da hipericina ou de compostos derivados da hipericina. Ainda existem
muitos pesquisadores que relacionam o mecanismo de acção do Hipérico com a inibição
da MAO e/ou COMT: enzimas responsáveis pelo catabolismo de aminas biológicas,
entre elas, a serotonina, noradrenalina, adrenalina, dopamina.
A hipericina é considerada por alguns autores, um inibidor da MAO, dos tipos A
e B. Entretanto, estudos demontram que usando somente hipericina pura a acção
terapêutica na depressão não é relevante. Outros e estudos confirmam a acção inibitória

3º CLE – OUT. 2001 193


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da MAO, das substâncias do grupo de flavonóides e xantonas junto da hipericina


pertencentes ao extrato.
Após 6 semanas de tratamento, o EEG feito antes e após a medicação mostra
uma diminuição do efeito de ondas alfa e aumento de ondas teta e beta.
Alguns trabalhos recentes também sugerem para o Hipérico um mecanismo de acção
semelhante ao dos antidepressivos tricíclicos, ou seja, aumentando a disponibilidade de
serotonina, noradrenalina e dopamina na fenda sináptica. Não obstante essa semelhança,
a grande vantagem do fitoterápico é a ausência dos efeitos colaterais comuns aos
antidepressivos tricíclicos, principalmente os efeitos anticolinérgicos.
Outro mecanismo de acção potencial é a modulação dos mediadores da
inflamação e a modulação da expressão dos receptores da serotonina sob estimulação in
vitro e in vivo.
Os níveis máximos plasmáticos são de 1,5; 4,1; 14,2 ng/ml e 2,7, 11,7 e 30,6
ng/ml de hipericina e pseudohipericina, respectivamente, após três doses diárias. O
tempo de semi-vida de eliminação da hipericina é de 24,8 a 26,5 horas e varia para a
pseudohipericina de 16 a 30 horas. Com uma dose diária de 900 mg de extrato
padronizado/dia o estado de equilíbrio é alcançado em 4 dias. O pico plasmático
máximo é de 6,5 ng/ml para a hipericina e 5,8 ng/ml para a pseudohipedcina.
Embora a pseudohipericina apresente uma maior concentração no extrato do que
a hipericina, os níveis plasmáticos de pseudohipericina são menores do que a hipericina.
Não se conhece muito sobre a metabolização da pseudohipericina e hipericina. As suas
estruturas químicas sugerem que ocorra glucoronidização hepática, com subsequente
excreção biliar. A eliminação dessas substâncias é lenta.

CONTRA-INDICAÇÕES
O produto é contra-indicado a pacientes com hipersensibilidade a quaisquer dos
componentes da fórmula.

PRECAUÇÕES
Uso na gravidez e lactação. Uma vez que até ao presente momento não foi
comprovada a segurança do Hypericum perforatum em mulheres grávidas ou que
amamentam, este produto não deverá ser utilizado por gestantes e lactantes.

REACÇÕES ADVERSAS

3º CLE – OUT. 2001 194


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É possível a ocorrência de fotossensibilização (sensibilidade aumentada da pele


à luz solar), particularmente em pessoas com a pele clara. Os efeitos colaterais mais
frequentes foram irritações gastrintestinais (0,55%), reacções alérgica (0, 52%), cansaço
(0,40 %) e agitação (0,26%).

VALERIANA

A Valeriana Conhecida também por amantila, bardo selvagem, erva gata,


valaricana e badarina, para os botânicos somente Valeriana officinalis, cujo habitat
natural é a Europa e norte da Ásia, estando presente nos bosques e nas encostas dos
Alpes e dos Apeninos, mais frequentemente a mais de 2.000 metros de altitude.
Em latim Valeriana quer dizer valer, que significa "ter força", provavelmente
devido à eficácia no dessa planta curar pessoas no passado. Uma lenda medieval
recomendava que no 7º dia da lua, assim que o Sol se põe, colhe-se uma flor de
valeriana e repitam-se uns dizeres mágicos com a flor nas mãos, e a planta curava
qualquer doença.
O médico italiano Andrea Mattiolo observou, desde o século VI, que esta planta
causava estranhos efeitos sobre ao comportamento de seres humanos e dos animais.
Pouco depois, no século VII a partir a cura da de Fabio Collona, descobriu-se o poder
antiepiléptico, não por muito tempo, na verdade, até que este morresse "louco".
Mais recentemente, o médico Monpellier Lazàre Rivière, depois de experimentar
a planta nos seus pacientes, concluiu que ela diminuía a sensibilidade nervosa e era
dotada de um perceptível efeito sobre o sistema nervoso central e que, portanto, poderia
controlar a epilepsia.
Pensava-se que o princípio activo responsável pela acção da Valeriana fosse o
Ácido Valeriânico livre, mas hoje atribui-se a acção sedativa característica da Valeriana
a alguns ésteres e a outras substâncias glicosadas e alcoolizadas.
Acredita-se que as virtudes medicinais da Valeriana tenham sido comentadas
pela primeira vez por um médico egípcio do século IX. Em torno do ano 1.000, falava-
se da Valeriana como um medicamento capaz de curar uma série de doenças, sobretudo,
o nervosismo, a epilepsia, e superestimava-se a planta atribuindo-lhe até poderes
divinos.

3º CLE – OUT. 2001 195


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Fabio Collona, príncipe romano do século XVI e portador de graves ataques de


epilepsia, conforme a história, livrou-se dos ataques depois do uso da Valeriana. De
facto essa planta sempre teve uma grande simpatia terapêutica, tanto devido à sua acção
sedativa, como pelo facto de servir também contra a febre.
Actualmente fala-se da Valeriana, planta de história milenar, como eficaz contra
ansiedade, angústia, leves desequilíbrios do Sistema Nervoso, sem contra indicações, e
sem provocar consequências danosas.

Como todas as espécies aromático-medicinais, a Valeriana é caracterizada


quimicamente por um óleo essencial, o qual atinge concentração de até 0,5%, com odor
característico, e contendo ésteres provenientes dos ácidos nele contidos.
Para completar, a Valeriana possui em seu tecido, além dos óleos, também o
ácido valérico, ácido málico, ácido tânico, alcalóides, catinina, valerianina, mucilagina,
resina, amido, açucares e enzimas, como por ex. a lipase (2,3).
Assim sendo, os princípios activos da Valeriana são, em primeiro lugar os
valepropiatos (valtrato, isovaltrato e dehidrovaltato), um grupo químico instável de
ésteres possuindo actividade sedativa. A acção desses produtos no organismo é,
basicamente, isenta de efeitos colaterais nas doses recomendadas e eles não são
potencializados pelo álcool (1).
O extrato aquoso da Valeriana contém suficiente quantidade de GABA (ácido
gama amino butírico), um neurotransmissor relacionado aos efeitos sedativos dessa
erva.

Componentes Activos:
1 - valepotriatos = ésteres não-glicosídeos valtrato, isovaltrato, acevaltrato
presentes em todas as partes da planta e em maior concentração nas raízes.
2 - ácido valérico
3 - pequeno número de alcalóides
 actinidina
 isovaleramida
 valerianina
 valerina

3º CLE – OUT. 2001 196


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 catinina
4 - óleo voláctil contendo sesquiterpenas activas

O extrato de Valeriana tem demonstrado um efeito sedativo comparado, segundo


alguns autores, aos efeitos de pequenas doses do diazepam e clorpromazina. Há também
observações significativas quanto à melhoria da qualidade do sono na dose de 120 mg,
com aumento da actividade REM e um despertar agradável. Esse efeito indutor do sono
aparece de 2 a 3 horas depois de ingerido. Os efeitos anti-convulsivantes e
miorelaxantes da Valeriana são descritos como muito discretos e fracos.

VÁRIAS ESPÉCIES
Quando se fala de Valeriana, normalmente se pensa em Valeriana officinalis,
que é a mais difundida no nosso meio, mas existem 150 espécies de Valeriana. De
qualquer forma, são 6 as espécies com finalidade medicinal, relacionadas por ordem de
importância curativa: Valeriana officinalis, que se colhe de março a maio, de agosto a
outubro, presente em toda a península italiana e Sicília; Valeriana palustre, típica de
lugares mais húmidos, cuja florada se dá de abril a junho; Valeriana grande, usada e
colhida como a Valeriana officinalis; Valeriana céltica, que nasce nos rochedos dos
Alpes; Valeriana saliunca, também nativa dos Alpes e Apeninos; e Valeriana marina,
que dá, sobretudo, em colinas de terras calcárias.

Como remédio caseiro


Sem mencionar exageros populares, como o caso dos índios do México, os quais
mastigavam folhas de Valeriana contra a preguiça e para atenuar qualquer tipo de
sofrimento, podemos confiar nas virtudes curativas da Valeriana, com a segurança de se
obter resultados satisfatórios para alguns estados de insónia e ansiedade.
Entretanto, a medicina caseira pode recomendar a Valeriana da seguinte
maneira:
- Em Chá: Preparado com 2 g de raiz de Valeriana, colocados em fusão em 100 g de
água e fervendo por 15 min. Adoça-se com mel para se beber 3 copos por dia. Esse tipo
de utilização é recomendado contra ansiedade, estado depressivo e também para induzir
ao sono.

3º CLE – OUT. 2001 197


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- Como Vinho Aromático: Deixar por 2 semanas 2 g de raiz em 100 g de vinho


branco e seco, filtrar e beber um copo pequeno depois das refeições. Essa apresentação
é recomendada para evitar dificuldades digestivas.
- Na forma de Sumo: Espremer a parte aérea e fresca da flor, colhida de maio a
junho, para se obter um suco, o qual deve ser ingerido de 2 a 3 g por dia, para acção
sedativa.
O folclore popular, superestimando ou não as qualidades terapêuticas da
Valeriana tem indicado seu uso para vasta lista de problemas:
· enxaqueca
· insónia
· cólicas intestinais
· problemas digestivos
· náuseas
· transtornos urinários
· tensão pré-menstrual
· tensão muscular do stresse
· depressão

INDICAÇÕES MÉDICAS ACTUAIS


Actualmente a medicina alopática tem indicado a Valeriana principalmente para
Ansiedade, e como Indutor do Sono. Alguns preparados podem ser úteis para úlcera
péptica, gastrite, dispepsia, doenças inflamatórias intestinais crónicas, colo irritável,
como antiespasmódico e mio-relaxante.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
Com a descoberta dos princípios activos contidos na Valeriana, notou-se que ela
não apenas tinha uma acção efectivamente específica sobre o sistema nervoso central,
mas também, que poderia produzir ofuscamento da vista e convulsões quando usada em
dosagem muito elevada. Esse seria um dos motivos pelo qual se aconselha utilizar a
Valeriana em doses menores, mais como um sedativo brando.
O facto de tratar-se de um produto "natural" não significa que a droga é
completamente inócua e destituída de qualquer perigo. Altas doses podem causar
problemas e ela pode, mesmo em doses recomendadas, potenciar outras substâncias
com acção no Sistema Nervoso Central. Mal utilizada a Valeriana pode causar vómito,

3º CLE – OUT. 2001 198


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estupor, tremores, dor de cabeça, palpitação e depressão emocional, quando em altas


doses e por muito tempo.
Também não se recomenda utilizar a Valeriana conjuntamente com barbitúricos,
devido ao excesso de sedação que pode ocorrer por potencialização. Em uso tópico,
extratos de Valeriana podem ter utilidade como cicatrizante e antibacteriano.

GINKGO BILOBA
BIOFLAVIN
KIADON
TANAKAN
TEBONIN

O Ginkgo biloba tem sido usado para tratar desordens de circulação relacionadas
com a idade, perda de memória, cancro, asma e outras doenças pulmonares, deficiência
na audição e disfunções sexuais. O Ginkgo biloba é um fitoterápico com as seguintes
propriedades farmacológicas: efeitos protectores neurocerebrais pela melhoria da
permeabilidade da membrana cerebral, elevando a tolerância à hipóxia e inibindo o
edema cerebral, protegendo, portanto todo o tecido cerebral dos efeitos da hipóxia e da
isquemia.
O extracto inibe a redução dos receptores muscarinérgicos, alfa2 e 5HT1A
provocada pela idade, melhora a absorção de colina para o hipocampo, e aumenta a
performance da memória e da capacidade de aprendizagem, melhora as propriedades
hemorreológicas do sangue e da perfusão circulatória, primariamente na área de
microcirculação. Combate os radicais livres e actua antagonicamente no PAF: factor de
agregação plaquetária.
Estudos toxicológicos revelaram uma grande segurança no extracto de ginkgo
sem apresentar efeitos teratogênicos, mutagênicos ou carcinogênicos. Em estudos
clínicos duplo-cego foi possível substanciar a eficácia clínica do Extrato de Ginkgo
Biloba em pacientes idosos com distúrbios leves a moderados da função cerebral e os
seus sintomas relacionados, ambos de origem vascular e na demência degenerativa
primária do tipo Alzheimer, bem como uma forma mista de ambos.

3º CLE – OUT. 2001 199


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Em pacientes com doença periférica arterial oclusiva, claudicação intermitente, o


Extrato de Ginkgo Biloba demonstrou ser significantemente superior ao tratamento com
placebo. Adicionalmente, foi possível demonstrar um efeito significante do Extrato de
Ginkgo Biloba no tinnitus e vertigem. O extracto é bem tolerado, com uma faixa muito
baixa de efeitos colaterais.
O Ginkgo biloba tem sido usado para aliviar a tensão e ansiedade e melhorar o
alerta mental, elevar o humor e recuperar a energia.
Como preventivo e para problemas circulatórios nas extremidades, o Extrato de
Ginkgo Biloba, padronizado para conter 24% de flavonóides e 6% de terpenolactonas, é
recomendado em uma dosagem diária de 80mg, divididas em duas ou três doses.
Dosagens diárias de 240mg podem ser necessárias em alguns casos de insuficiência
cerebrovascular, estágios iniciais de Alzheimer, depressão resistente e danos cerebrais
menores.

INDICAÇÕES
Ginkgo Biloba é um facilitador do fluxo sanguíneo arterial, cerebral e periférico.
Activador do metabolismo neuronal. Redutor da hiperagregabilidade de plaquetas e
eritrócitos. Protector da rede capilar, aumentando sua resistência e diminuindo sua
hiperpermeabilidade. Protector da integridade estrutural das membranas celulares contra
ataque de radicais livres.
Está indicado para casos de deficit de memória, dificuldade de concentração,
tonturas, vertigens, zumbidos.
Claudicação intermitente, parestesias, cãibras noturnas, extremidades frias,
edemas ortostáticos, tratamento auxiliar das úlceras varicosas e distúrbios tróficos.
Tratamento de microvarizes, ulceras varicosas, cansaço das pernas, artrite dos
membros inferiores.
Processos causados pelo abastecimento deficiente de oxigênio e substâncias
nutritivas. Casos de dor, palidez e cianose das extremidades com sensação de frio.
Tratamento de toda ísquemia seja cerebral ou periférica. Casos de vertigens,
deficiências auditivas, perda de memória e dificuldade de concentração.
Tratamento profilático do envelhecimento celular e tratamento estético pela sua
acção protectora contra radicais livres e pela inibição da destruição do colágeno.
Tratamento nos processos vasculares degenerativos. Prevenção de edema
cerebral.

3º CLE – OUT. 2001 200


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CONTRA-INDICAÇÕES
Podem ocorrer distúrbios gastrintestinais e, especialmente em casos de
predisposição alérgica, transtornos circulatórios, Incluindo queda de pressão arterial,
cefaléia ou reacções cutâneas.
Pacientes com distúrbios de coagulação ou em terapia com anticoagulantes em
doses elevadas. Por ausência de estudos clínicos em gestantes e lactantes, o uso de
extracto de Ginkgo Biloba nessas situações deve ser cuidadosamente analisado pelo
médico.
Não há casos de interacções com outros medicamentos, podendo haver
administração concomitante de agentes antianginosos, uricosúricos, hipoglicemiantes
orais e anticoagulantes. Pacientes com distúrbios de coagulação devem ser
cuidadosamente acompanhados pelo médico.
Nos normotensos, verifica-se uma perfeita estabilidade tensional; já nos
hipertensos se verifica muitas vezes uma baixa, discreta e progressiva, dos valores
tensionais.
Não deve ser utilizado durante a gestação e lactação devido à ausência de
estudos clínicos nessas condições.

SUPERDOSAGEM
Os sintomas característicos de superdosagem são: irritabilidade, agitação,
diarréia e vómito.

As indicações do Ginkgo Biloba são para o tratamento sintomático de


insuficiência cerebral leve a moderada com os seguintes sintomas: déficits de memória,
distúrbios de concentração, condição depressiva emocional, tonturas, dor de cabeça;
sintoma de déficit intelectual na 3a idade (distúrbios na concentração e memória)
melhora na distância percorrida sem dor na doença periférica arterial oclusiva, como a
claudicação intermitente; vertigem ou tinnitus de origem vascular e involutiva.
Para o cérebro funcionar adequadamente, é necessário que ele receba um
suprimento constante de oxigênio e nutrientes pelo sangue. Qualquer disfunção que
interrompa o fluxo sanguíneo pode provocar um efeito profundo na função mental. Se
essa disfunção ocorrer cronicamente por muitos anos devido à arteriosclerose, o
resultado é frequentemente perda da função cognitiva e demência, incluindo lapsos de

3º CLE – OUT. 2001 201


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memória, perda de concentração, habilidade intelectual diminuída, visão deficiente,


ansiedade, perda de equilíbrio e vertigem.
Fluxo sanguíneo deficiente também pode provocar dores de cabeça, depressão,
confusão e, no caso mais severo, acidente vascular cerebral.
Os bioflavonóides do extracto de Ginkgo Biloba apresentam uma actividade
biológica mais forte do que a maioria dos demais bioflavonóides e parecem ter
afinidade específica pelos capilares do cérebro. As suas funções incluem:
-Dilatação de Vasos Sanguíneos:
Aumento do conteúdo de oxigênio no sangue: Demonstrou-se que o sangue rico
em oxigênio eleva a memória.
-Melhoria da neurotransmissão
-Melhoria da função Cognitiva
-Inibição do Factor de Agregação Plaquetária (PAF)
-Melhoria do Metabolismo Cerebral
-Combate aos radicais livres
-Proteção contra Retinopatias: Dano ou lesão nas células da retina é uma causa
comum de cegueira em pessoas com diabetes e outros problemas maculares. Numerosos
estudos demonstraram que o extrato de ginkgo reduz a suscetibilidade dessas células à
lesão.

KAVA-KAVA
BIOFLAVIN (HERBARIUM)
KIADON (MERCK)
TANAKAN (KNOLL)
TEBONIN (BYK)

INDICAÇÕES
Estados de ansiedade, tensão e agitação.

CONTRA-INDICAÇÕES

3º CLE – OUT. 2001 202


GUIA PARA ADMINISTRAÇÃO DE PSICOFÁRMACOS SERVIÇO PORTO DO HML

Não deve ser administrado durante a gravidez ou a mulheres que estejam


amamentando, a portadores de depressão endógena ou a pacientes com
hipersensibilidade conhecida ao extracto de kava-kava.

PRECAUÇÕES
Apesar dos estudos demonstrarem que não influencia a capacidade de reacção do
paciente, entretanto, devido às variações individuais, podem ocorrer alterações na
capacidade visual ou na habilidade de dirigir veículos ou de operar máquinas,
principalmente, se houver ingestão concomitante de álcool ou substâncias que actuam
sobre o sistema nervoso central.

INTERACÇÕES
O efeito de substâncias activas sobre o sistema nervoso central como álcool,
barbitúricos e drogas psicoativas, pode ser potencializado pela administração
concomitante do medicamento.

REACÇÕES ADVERSAS
Queixas gastrointestinais leves e reacções alérgicas cutâneas têm sido raramente
observadas após a administração do medicamento. Também foram relatados casos de
dilatação das pupilas, perturbação da visão e da coordenação dos movimentos oculares
após ingestão de bebidas de kava-kava.

SUPERDOSAGEM
Sintomas de intoxicação, após o uso de altas doses de infusão (chá) de kava-
kava por tempo prolongado, foram descritos na literatura: ataxia, dificuldade de
acomodação visual, dilatação das pupilas, distúrbios no balanço oculomotor, alterações
ictiosiformes da pele, coloração amarelada da pele e apêndices cutâneos, redução do
peso corporal, perda de apetite e diarréia. Caso estes sintomas ocorram após a
administração, o seu uso deverá ser interrompido. Na eventualidade da ingestão
acidental de doses muito acima das preconizadas, comunique imediatamente ao médico
para que sejam adoptadas as medidas habituais de controlo das funções vitais.

3º CLE – OUT. 2001 203


GUIA PARA ADMINISTRAÇÃO DE PSICOFÁRMACOS SERVIÇO PORTO DO HML

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE NACIONAL TERAPÊUTICO. Lisboa: Tupam Editores, Ano XXIV,


nº82 (julho de 2002). ISBN: 972-9385-98-X.

SIMPOSIUM TERAPÊUTICO. Lisboa: Edições Simposium, Ano XLV


(2001). ISBN: 972-8053-18-5

FONSECA, Fernando. Psiquiatria e Psicopatologia, II Volume; Fundação


Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1988.

WWW.Psiqweb.com

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