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Estas são perguntas constantes que estamos recebendo através de comentários feitos

pelos nossos ilustres amigos Internautas.

Existe uma idade para iniciar o aprendizado? De acordo com vários estudiosos como
Jean Piaget (1896-1980), nunca é tarde pois para conhecer um objeto é necessário agir
sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa
transformação e, conseqüentemente, compreender o modo como o objeto é construído.
Aprender é uma ação interiorizada que modifica o objeto do conhecimento.

Em seu trabalho, Piaget identifica os quatro estágios de evolução mental de uma


criança. Cada estágio é um período onde o pensamento e comportamento infantil é
caracterizado por uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Esses quatro
estágios são: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.

Fase 1: Sensório-motor

No estágio sensório-motor, que dura do nascimento ao 18º mês de vida, a criança busca
adquirir controle motor e aprender sobre os objetos físicos que a rodeiam. Esse estágio
se chama sensório-motor, pois o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias
ações que são controladas por informações sensoriais imediatas.

Fase 2: Pré-operatório

No estágio pré-operatório, que dura do 18º mês aos 8 anos de vida, a criança busca
adquirir a habilidade verbal. Nesse estágio, ela já consegue nomear objetos e raciocinar
intuitivamente, mas ainda não consegue coordenar operações fundamentais.

Fase 3: Operatório concreto

No estágio operatório concreto, que dura dos 8 aos 12 anos de vida, a criança começa a
lidar com conceitos abstratos como os números e relacionamentos. Esse estágio é
caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar
problemas concretos.

Fase 4: Operatório formal

No estágio operatório formal – desenvolvido entre os 12 e 15 anos de idade – a criança


começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade
de engajar-se no raciocínio abstrato. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio
de objetos concretos.

No estágio das operações formais, desenvolvido a partir dos 12 anos de idade, a criança
inicia sua transição para o modo adulto de pensar, sendo capaz de pensar sobre idéias
abstratas.

Para Lev Vygotsky (1896-1934) existem níveis de aprendizagem distintos:

Nível de desenvolvimento potencial


Capacidade de a criança desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de
companheiros mais capazes.

Zona de desenvolvimento proximal

Distância entre o nível de desenvolvimento real e o de desenvolvimento potencial.

Nível de desenvolvimento real

Capacidade de a criança realizar tarefas de forma independente. São aquelas


capacidades ou funções que a criança já domina completamente e exerce de forma
independente, sem ajuda de outras pessoas.

De acordo com Vygotsky a importância da atuação de outros membros do grupo social


na mediação entre a cultura e o indivíduo e na promoção dos processos
interpsicológicos que serão posteriormente internalizados. A intervenção deliberada dos
membros mais maduros da cultura no aprendizado das crianças é essencial ao seu
processo de desenvolvimento.

Por que começar com o professor? Winnicott explica que o acontecer humano depende
da intervenção do ambiente. A tendência ? integração e ao amadurecimento só se realiza
se pessoas significativas facilitarem o desenvolvimento do indivíduo.

A facilitação ambiental ocorre através de funções básicas (“segurar, manejar e


apresentar objetos”) realizadas no momento certo, de forma adequada, respeitando e
partindo das características e necessidades do indivíduo. As experiências do indivíduo
no mundo possibilitam atualizar potenciais, que sem essas não se realizariam.

Desta concepção elucidamos três conseqüências importantes para a aprendizagem:

- A tendência ao amadurecimento depende da facilitação ambiental e da não-interrupção


da continuidade desse processo.

- Não existe indivíduo desvinculado de seu meio cultural.

- O desenvolvimento do indivíduo ocorre por correlação e não por causalidade. “Não se


pode dizer que as árvores florescem porque a primavera chegou” e sim “Como em
relação a tudo o que floresce, a partir de si mesmo, é preciso dizer: as árvores florescem
pois a primavera chegou.” (Oliveira Dias, 1998, p. 94)

Após esta pequena comparação entre as teorias dos três autores estudados podemos
observar que é necessário uma idade mínima pois aprender a tocar um instrumento
depende de capacidades adquiridas em fases, períodos ou faixas etárias dentre outros
delimitadores, sendo estas no caso do violão, entre 6 e 8 anos de idade para o início de
uma real aprendizagem envolvendo leitura musical, fraseologia e interpretação musical.

Percebe-se de acordo com os pontos em comum entre os teóricos Piaget, Vygotsky e


Winnicott que ao sofrer influências do meio a criança pode ser facilitada antes mesmo
do primeiro ano de vida, sendo assim podemos lembrar de frases como: “Herdou as
virtudes do avô”. “Filho de peixe peixinho é”…. dentre outras que colaboram para as
afirmações que dizem respeito ás influências do meio.

Deste modo a criança que foi facilitada durante os primeiros anos de vida ao obter idade
para aprender tocar violão de forma a compreender fraseados, notação, acentuações
dentre outros mais meios para interpretar as peças, na verdade foi facilitada, ou seja,
“herdou estes dons do pai”

Tratando-se de uma idade máxima para o aprendizado torna-se relevante observar que o
indivíduo que envelhece sem contrair doenças degenerativas do Sistema Nervoso como
amnésia e Alzheimer dentre outros males, tendem a aprender sem algum esforço maior
do que um jovem ou uma criança.

Estudos indicam que nas suas primeiras fases, portadores de Alzheimer podem ser mais
capazes de aprender do que até agora se tinha julgado, indica um estudo realizado por
cientistas norte-americanos, publicado no American Journal of Geriatric Psychiatry.

O estudo de qualquer instrumento musical através de métodos adequados e profissionais


especializados aliados ao esforço, vontade de aprender e motivação do estudante idoso
ou portador de deficiências degenerativas ou mentais, pode obter resultados satisfatórios
que podem ajudar a pessoa a melhorar sua qualidade de vida.

Para finalizar gostaria de propor a seguinte equação onde:

Tocar violão = V;

Tempo para aprender = X, sendo X= D-Q.F, onde: D= Dificuldade; Q= Qualidade


do estudo e F= Frequência com que se estuda;

Tempo para começar a estudar = Y;

Logo, V = X + Y

Nota-se através da simples solução que começando hoje as suas aulas de violão vai
levar menos tempo do que começar a semana que vem, mês que vem… A mesma
equação se aplica para você que já sabe tocar bem mas quer tocar aquela suíte de
Bach, basta modificar V por SBX, onde SB = Suíte de Bach e X o número da suíte.
Ex:

Tocar Suíte de Bach BWV997 = SB997;

Tempo para aprender = X, sendo X= D-Q.F, onde: D= Dificuldade; Q= Qualidade


do estudo e F= Frequência com que se estuda;

Tempo para começar a estudar = Y;

Logo, SB997 = X + Y

Bibliográfica Estudada:
Oliveira, M. K. (1997). Vygotsky – Aprendizado e desenvolvimento: Um processo
sócio-histórico. São Paulo: Scipione;

Oliveira Dias, E. (1998). As psicoses em Winnicott. Tese de Doutorado, Instituto de


Psicologia da Pontifícia Universidade Católica;

PIAGET, Jean. Development and learning. in LAVATELLY, C. S. e STENDLER, F.


Reading in child behavior and development. New York: Hartcourt Brace Janovich,
1972;

Winnicott, D. W. (1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago;

American Journal of Geriatric Psychiatry.

Leia mais
1. Aprender a Tocar Violão
2. Algumas Classificações Quanto ao Estilo de Tocar Violão
3. Tipo de memória utilizada ao tocar violão
4. Recuerdos de la Alhambra – Criança Koreana
5. É hora de comprar o violão e começar a estudar!

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