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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO MARANHÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HUMANAS E APLICADAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

JOSIMAR MELO RIBEIRO DA SILVA JUNIOR

RAFAELA MOTA LIMA

OS PADRÕES DE MANIPULAÇÃO DA MÍDIA: uma análise da veiculação de notícias


nos jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno na candidatura e eleição do senador José
Sarney à presidência do Senado

São Luís

2009
2

JOSIMAR MELO RIBEIRO DA SILVA JUNIOR

RAFAELA MOTA LIMA

OS PADRÕES DE MANIPULAÇÃO DA MÍDIA: uma análise da veiculação de notícias


nos jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno na candidatura e eleição do senador José
Sarney à presidência do Senado

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Comunicação Social da
Faculdade São Luís como pré-requisito para
obtenção de grau de bacharel em
Comunicação Social, habilitado em
Jornalismo.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Rios


Ribeiro.

São Luís

2009
3

JOSIMAR MELO RIBEIRO DA SILVA JUNIOR

RAFAELA MOTA LIMA

OS PADRÕES DE MANIPULAÇÃO DA MÍDIA: uma análise da veiculação de notícias


nos jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno na candidatura e eleição do senador José
Sarney à presidência do Senado

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Comunicação Social da
Faculdade São Luís como pré-requisito para
obtenção de grau de bacharel em
Comunicação Social, habilitado em
Jornalismo.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Rios
Ribeiro.

Aprovada em: / / .

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Rios Ribeiro (Orientador)
Faculdade São Luís

_________________________________________
1.º Examinador

_________________________________________
2.º examinador
4

Ao sonho do jornalismo ideal.


5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me deixar conhecê-Lo e aproveitar um tempo de graça e glória na Sua


presença. Obrigada por me mostrar outro caminho, que é difícil de seguir, mas que é
recompensador. Eu te amo.

À minha família, meu avô, que é o melhor ser humano que eu conheço e que sempre
incentivou a sua terceira geração a ser melhor sempre. A meu pai, arrimo de família, a
integridade e honestidade em pessoa. Minha mãe, sempre nos ajudando. À minha madrinha,
Socorro Mota, que sempre acreditou no meu sucesso e no meu avanço profissional. Muito
obrigada.

A Josimar Júnior, parceiro insubstituível de manhãs de domingo, tardes e noites de


quaisquer dias neste trabalho de tamanha importância acadêmica para nós dois. És meu irmão
de alma e conhecimento. Obrigada pelo apoio e parceria.

Aos meus „chefes‟, Antônio Bacelar Júnior e Allyson Perez, competentes,


compreensivos e flexíveis, meus exemplos de dedicação e garra. Obrigada também aos meus
companheiros da Via Mundo Intercâmbio e Turismo, que me ajudaram a completar este
caminho. A compreensão de vocês me fortaleceu e me ofereceu apoio todos os dias. Obrigada
ao meu outro „chefe‟, Moraes Júnior, por acreditar no meu trabalho mesmo antes de estar
completo.

A todos os peregrinos da Igreja Batista do Angelim, em especial a Rodrigo e Carla


Arrais, Rebeca Arrais e Patrícia Serra. Obrigada por me mostrarem sempre que o caminho de
Deus é o melhor a ser seguido. Vocês me dão força para continuar.

A todos os meus amigos e amigas ausentes e presentes, eu amo todos vocês. Em


especial a Mariana Melo, Renata Lima, Thâmara e Deyvid Camelo. Sou muito grata a tudo o
que vocês fizeram e ainda fazem por mim. Obrigada por acreditarem e incentivarem o meu
sucesso.

Aos Professores Paulo Rios e Larissa Leda, pela maravilhosa orientação e direção
neste trabalho. Agradeço a paciência, dedicação e sinceridade.

A todos, muito obrigada!

Rafaela Mota Lima


6

AGRADECIMENTOS

Agradeço primordialmente a Deus, por me proporcionar a vivência na área


profissional que escolhi e, principalmente, pelas oportunidades dadas ao longo da minha
caminhada profissional. Não posso deixar de ser grato à minha família pelo inicio da minha
caminhada universitária, em especial a minha mãe, que dedicou seus poucos momentos de
tempo livre para me incentivar a continuar meus estudos. A coincidência se tornou presente
quando minha irmã me presenteou com o livro Padrões de Manipulação na Grande
Imprensa, de Perseu Abramo, que posteriormente se consolidou como base bibliográfica para
construção deste trabalho.

Agradeço aos meus amigos que, apesar da distância, sempre me incentivaram a


continuar estudando para alcançar o meu sonho de obter minha graduação de jornalista.
Lembro do meu primeiro emprego, no qual trabalhava mais de oito horas diárias e, acabando
meu expediente, saía correndo pelo centro da cidade para a Faculdade São Luís, para não me
atrasar nas aulas. Com isso, aprendi a valorizar ainda mais o ensino acadêmico que adquiri até
hoje.

Aos meus professores, devo meu conhecimento e discernimento. Com suas aulas
e conselhos, contribuíram para a construção do meu senso crítico e profissional. No decorrer
de minha vida na faculdade, tive que fazer uma escolha difícil, mas necessária - abandonar
meu emprego fixo para me aventurar no campo de estágio do jornalismo. Hoje vejo que se
não tivesse decido assim, não seria tão apaixonado pela minha profissão como sou agora.

Sinto-me privilegiado pelas amizades que adquiri nos estágios, em especial nas
empresas: Colégio O Bom Pastor, Futura Produções, Serviço Social do Comércio – SESC,
Instituto Trabalho Vivo, Grupo Santa Fé e SENAI. Toda essa caminhada me ensinou a ser
ético e responsável e o exercício da comunicação social trouxe uma imensa gratificação por
poder exercer minha contribuição em prol da sociedade.

Agradeço aos meus irmãos na vida André Rabelo, André Ramos, Rafaela Lima,
Paulo Junior, Mauricio Araya, Alice Albuquerque, Jackson Douglas, Diego Torres, Graci
Ataíde e Leilane Fonseca. Sem vocês ao meu lado, não suportaria esta caminhada cheia de
escolhas difíceis em que abdico da presença de quem realmente gosto em detrimento da
conquista do meu sonho. Uma batalha que começou há três anos e que agora posso dizer
obrigado por tudo.
7

Agradecimentos especiais ao nosso orientador, o Profº Paulo Rios, que foi


compreensível com os contratempos que tivemos antes de sua orientação, seus ensinamentos e
conselhos nos acompanham durante toda nossa vida acadêmica, sua responsabilidade e
domínio no tema proposto foram de primordial ajuda para elaboração de nossa monografia.

Não posso esquecer-me de um dos meus referenciais na área da comunicação.


Suas aulas na faculdade influenciaram diretamente nos meus conhecimentos e escolhas de
referências teóricas. Minha admiração pela inteligência e capacidade desta mestra em repassar
seus ensinamentos, me faz agradecer ainda mais pela contribuição neste trabalho.
Infelizmente, a denominação de co-orientação no trabalho não traduz a importância da Profª
Larissa Leda em minha caminhada acadêmica, mas tenho nela meu exemplo de
conhecimentos e sabedoria.

Hoje vivo o meu sonho. Sonho que um jovem, ex-trabalhador do comércio,


sempre se esforçou e teve que abdicar do convívio da família e dos amigos para poder
realizar. Hoje me sinto um privilegiado, pois Deus me ajudou a trilhar o caminho que sempre
quis e agradeço diariamente a Ele por me fazer conhecer verdadeiros amigos na faculdade,
que contribuem não somente na minha vida profissional, mas na construção da pessoa que sou
hoje.

A todos, o meu muito obrigado.

Josimar Melo Ribeiro da Silva Júnior


8

“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o


exercício cotidiano do caráter”.

Cláudio Abramo
9

RESUMO

Este trabalho é uma análise da veiculação de notícias publicadas nos jornais O Estado do
Maranhão e Jornal Pequeno sobre a candidatura e eleição de José Sarney à presidência do
Senado Federal. Tem o objetivo oferecer uma contribuição acadêmica para o aprofundamento
teórico dos estudos que abordem a realidade maranhense e o papel desempenhado pela mídia
nos processo de formação da opinião. A análise segue de acordo com os padrões de
manipulação adotados pela mídia segundo o jornalista Perseu Abramo, no discurso
empregado nas matérias publicadas sobre o assunto no período de 23 de janeiro a 04 de
fevereiro. Além da interpretação do discurso, estas matérias são classificadas quanto o seu
padrão de manipulação e confrontadas quanto à suas linhas de pensamento. Os padrões de
manipulação de Abramo são detalhados para um melhor entendimento do assunto. A posição
política dos jornais, bem como suas linhas editoriais, também é apresentada como
direcionamento.

Palavras-chave: Padrões de Manipulação. Discurso. Senado.


10

ABSTRACT

This paper is an analysis of published articles on the newspapers O Estado do Maranhão and
Jornal Pequeno about the candidature and election of José Sarney to the Presidency of the
Senate. It has the objective to offer an academic contribution to the theoretical studies that
approach the local reality and the function developed by the media in the process of forming
opinion. The analysis follows the manipulation patterns adopted by the press according to the
journalist and sociologist Perseu Abramo, related to the speech used on articles published
from January 23rd to February 4th, 2009. Besides the interpretation of speech, these articles
are classified on their manipulation patterns and compared on their way of thinking. Perseu
Abramo‟s manipulation patterns are detailed for a better understanding of the matter. The
newspapers‟ political views, as well as their editorial line, are also presented as guidelines.

Key-words: Manipulation Patterns. Speech. Senate.


11

SUMÁRIO

p.

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13

2 A RELAÇÃO ENTRE MÍDIA E POLÍTICA........................................................ 15

3 CONTEXTO DA POLÍTICA BRASILEIRA ............................... 21

4 ANÁLISE DOS JORNAIS O ESTADO DO MARANHÃO E JORNAL


PEQUENO ................................................................................................................... 24

4.1 Jornal O Estado do Maranhão.............................................................................. 24

4.2 Jornal Pequeno........................................................................................................ 26

4.3 Análise dos periódicos maranhenses ................................................................... 28

4.3.1 Dia 23 de janeiro de 2009...................................................................................... 28

4.3.2 Dia 24 de janeiro de 2009...................................................................................... 31

4.3.3 Dia 25 de janeiro de 2009...................................................................................... 33

4.3.4 Dia 26 de janeiro de 2009...................................................................................... 35

4.3.5 Dia 27 de janeiro de 2009...................................................................................... 36

4.3.6 Dia 28 de janeiro de 2009...................................................................................... 37

4.3.7 Dia 29 de janeiro de 2009...................................................................................... 41

4.3.8 Dia 30 de janeiro de 2009...................................................................................... 44

4.3.9 Dia 31 de janeiro de 2009...................................................................................... 47

4.3.10 Dia 1 de fevereiro de 2009................................................................................... 50

4.3.11 Dia 2 de fevereiro de 2009................................................................................... 54

4.3.12 Dia 3 de fevereiro de 2009................................................................................... 57

4.3.13 Dia 4 de fevereiro de 2009................................................................................... 60


12

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 63

REFERÊNCIAS 66

ANEXOS 71
13

1 INTRODUÇÃO

A mídia aliada à política é um instrumento de grande poder dentro do atual


cenário em que se vive. O livro Política e Mídia no Brasil, de Luís Felipe Miguel (2002), faz
uma abordagem do estudo do relacionamento da mídia com a política, e é com este olhar que
se pode perceber o caráter ideológico das notícias, de acordo com a linha editorial dos jornais
que a veiculam.

Este trabalho se propõe a analisar as notícias veiculadas nos jornais O Estado do


Maranhão e Jornal Pequeno que abordam a candidatura e eleição de José Sarney à presidência
do Senado. As notícias, que tem como recorte histórico o período de 23 de janeiro a 04 de
fevereiro de 2009, serão classificadas dentro dos padrões de manipulação da mídia
identificados por Perseu Abramo, em sua obra Padrões de Manipulação na Grande Imprensa
(2003). O ponto inicial deste trabalho é analisar criticamente os dois veículos de comunicação
citados como divulgadores da informação e formadores de opinião, legitimando os fatos
ocorridos e noticiados. Visa entender a utilização dos padrões de manipulação na construção
das notícias e a influência das mesmas na construção do real, de forma neutra ou tendenciosa,
prejudicando assim o leitor, que pode absorver ou não as informações e significados inclusos
e objetivados pelo veículo de comunicação.

A primeira parte a ser explanada no trabalho é a relação entre a mídia e a política,


entendendo a posição em que ocupam e suas aplicações no contexto social. Foi feita a
conexão desta relação com os elementos da interpretação do discurso e, também, discorre-se
sobre as classificações dos padrões de manipulação que a mídia utiliza para melhor
entendimento e conceituação assunto do qual se embasou esta análise.

Na segunda parte, é trabalhado um breve contexto histórico político em que o país


e o Maranhão se encontram, para que se compreenda o meio em que as notícias selecionadas
foram publicadas, analisadas e criticadas.

A pesquisa está referida na terceira parte deste trabalho. É feito o histórico dos
jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno, para que seja possível aprofundar o
conhecimento dos objetos de estudo, estabelecendo-se, assim, uma melhor compreensão da
sua posição dentro da imprensa e da política local. A comparação e análise dos objetos
procura observar a construção textual de ambos, além de classificá-los dentro dos padrões de
14

manipulação da mídia. Ao final do terceiro capítulo, é estabelecido quantativamente a


presença de cada padrão de manipulação nos objetos deste estudo.
15

2 A RELAÇÃO ENTRE MÍDIA E POLÍTICA

Os meios de comunicação de massa influenciam a formação de opinião da


sociedade. A mídia exerce hoje um papel de interpretação dos fatos políticos para o melhor
entendimento das suas transformações na sociedade. Arbex (2001, p.104) afirma que “o
jornalismo é uma arte pragmatista. Não se pode desprender nunca do seu resultado, nem se
desligar do seu objeto. A veracidade, o realismo é a sua grande força”. Em todos os meios de
comunicação, a linguagem usada para divulgar os fatos e publicar as notícias segue padrões
específicos para abordar e demonstrar um sentido pré-determinado aos acontecimentos.
Historicamente, a política e a imprensa estão estreitamente ligadas, sendo isso comprovado
pelo sucesso político a que estão ligados os partidários e, à grande atenção da mídia a mesma.

No entanto, a objetividade jornalística (ARBEX, 2001, p. 111) camufla a operação


de produção da notícia. Fato e notícia não são acontecimentos naturais. Eles não
simplesmente existem, já que são designados por alguém, por algum motivo que não é sempre
explícito. O discurso jornalístico precisa estar condizente com a realidade e o repórter
funciona como intermediador entra o fato e o público. Costalles apud Medina (1998, p.68)
assegura que “a missão do repórter é captar essa realidade com a maior amplitude e precisão
possíveis e narrá-las com fidelidade, de tal forma que o leitor receba a mais cabal informação
sobre o fato”.
A mídia exerce uma função primordial como interceptora entre a política e os
cidadãos comuns. Como consequência, os meios de comunicação atendem às funções dos
partidos políticos e colaboram com seu declínio. Miguel1 afirma que “o discurso político
transformou-se, adaptando-se às formas preferidas pelo meio de comunicação de massa”. Este
discurso, porém, não pode ser considerado pré-existente, já que a atribui-se a mudança do
contexto histórico e social à construção do sentido. A mídia, por sua vez, utiliza de seus
artifícios tecnológicos para fragmentar informações, abusando de frases de efeito e
diminuindo, assim, o espaço da fala dos políticos. 2
Com isso, a mídia tem um papel de crucial importância na construção do jogo
político. As pautas nos órgãos públicos são baseadas na visibilidade que este assunto terá nos
meios de comunicação, fazendo com que alguns assuntos sejam escolhidos para terem

1
MIGUEL, Luis Felipe. Dossiê Mídia e Política. grifo suprimido. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n22/n22a02.pdf Acesso em: 21 mai. 2009.
2
Idem.
16

divulgação na mídia e outros, não. Porém, não se pode afirmar que a política perdeu a sua
função ou esteja completamente tomada pelas ações midiáticas. Miguel afirma que

As relações entre mídia e política são bem mais complexas. Partidos e redes
tradicionais de apoio, ainda são, em geral, indispensáveis para o êxito em uma
disputa eleitoral. O discurso político, por mais que precise adaptar-se aos meios em
que transita, ainda guarda suas marcas de distinção em relação àquele comumente
veiculado pela mídia, como um vocabulário mais elaborado, signo de uma pretensa
competência. A pauta da mídia fixa a agenda pública, mas muitas vezes os agentes
com maior capital político são capazes de orientar o noticiário. A gestão da
visibilidade é uma tarefa política central, mas nem toda a política é visível – uma
parte significativa dela continua ocorrendo nos bastidores. (MIGUEL, 2004, p. 9).

Por apresentarem este caráter de semelhança com os partidos políticos, as grandes


empresas de comunicação no Brasil se transformaram em unidades de poder, e é justamente
por isso que essas empresas têm a necessidade de manipular a informação e exercer sua força:
A centralidade dos meios de comunicação de massa na prática política
contemporânea está fundada na dupla mediação que eles estabelecem nas relações
entre líderes, eleitores e a realidade que os cerca. O importante é destacar que a
mídia não se limita a difundir, ela também transforma o discurso político. (Miguel,
Luís Felipe. 2002. p.14).

Abramo (1998, p.14), coloca seis pontos comuns entre o órgão de comunicação e
os partidos políticos. São eles:

1. Da mesma forma que os partidos têm seus manifestos de fundação, seus


programas, suas teses, os órgãos de comunicação têm seus projetos editoriais, suas
linhas editoriais, seus artigos de fundo.
2. Os partidos têm estatutos, regimentos internos e regulamentos; os órgãos de
comunicação têm seus Manuais de redação, suas Normas de Trabalho.
3. Os partidos têm sede central, diretórios regionais e locais, células, núcleos, áreas
de influência e intercâmbio com entidades do movimento social. Os órgãos têm sede
central ou matriz, sucursais correspondentes e enviados especiais, contratos e
convênios com outros órgãos e agências internacionais.
4. Os partidos são pontos de referência para segmentos sociais, têm seus
simpatizantes e seu eleitorado. Os órgãos também são ponto de referência para
milhares ou milhões de leitores/espectadores, têm seus simpatizantes e seguidores, o
seu eleitorado.
5. Os partidos procuram conduzir partes da sociedade ou o conjunto da sociedade
para alvos institucionais, para a conservação de algumas instituições e para a
transformação de outras; têm enfim um projeto histórico relacionado com o poder.
Os órgãos de comunicação também procuram conduzir a sociedade, em parte ou no
todo, no sentido da conservação ou da mudança das instituições sociais; têm,
portanto, um projeto histórico relacionado com o poder.
6. Os partidos têm representatividade, em maior ou menos grau, na medida em que
exprimem interesses e valores de segmentos sociais; por isso destacam, entre seus
membros, os que disputam e exercem mandatos de representação, legislativa ou
executiva. Os órgãos de comunicação agem como se também recebessem mandatos
de representação popular, e alguns se proclamam explicitamente como detentores de
mandatos. Oscilam entre se auto-suporem demiurgos da vontade divina ou
mandatários do povo, e confundem o consumo dos seus produtos ou o índice de
tiragem ou audiência com o voto popular depositado em urna.
(ABRAMO, Perseu, 1998, p.14)
17

O público é fundamental na transição da linha política para uma linha que


criticava, sim, mas nas entrelinhas, já que aceitou consumir a produção jornalística mais
direcionada à linha política. Bordieu explica que a literatura e o jornalismo faziam parte do
mesmo grupo, tinham elementos diferentes, mas com alguma coisa em comum: o limite de
veiculação. Desde os primórdios do jornalismo, existiam veículos de comunicação
independentes do poder central, porém comprometidos por ideologias políticas, oposição, e
ansiosos para entrar no jogo de poder que a imprensa sugere, e muitas vezes eram,
contraditoriamente, eram financiados por grupos políticos. Apesar de serem críticos aos
sistemas políticos, esses chamados “jornais alternativos” não eram desvinculados da política,
justamente por a criticarem. Segundo Bordieu (1989, p.14),
É necessário saber descobri-lo [o poder] onde ele se deixa ver menos, onde ele é
mais completamente ignorado, portanto, reconhecido: o poder simbólico é, com
efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles
que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem.

Nesse contexto, Os jornais são importantes meios de formação de opinião na


sociedade, portanto, o que é dito ou escrito é discutido como realidade e sua influência deve
ser analisada além do que se está escrito, pois as ações e o senso crítico de uma sociedade são
construídos a partir do conhecimento obtido e repassados pelos meios de comunicação, como
afirma Ghisleni (2006, p.2):
Ao centrar a discussão no jornalismo impresso, pode-se perceber que, afora as
questões tecnológicas, esta atividade também tem como guia as mudanças sociais,
políticas e econômicas que se sucedem. Estas mudanças devem ser entendidas não
somente como mudanças de articulações governamentais ou de oscilações sociais
mais ou menos esporádicas. Trata-se de algo mais universal, capaz de enraizar
profundas modificações no entendimento das pessoas acerca da atividade
jornalística, porque também provoca profundas modificações no entendimento das
pessoas acerca do mundo e das relações que se estabelecem nele.

Em todos os meios de comunicação, a linguagem usada para divulgar os fatos e


publicar as notícias segue padrões específicos para abordar e demonstrar um sentido pré-
determinado aos acontecimentos. Historicamente, a política e a imprensa estão estreitamente
ligadas, sendo isso comprovado pelo sucesso político a que estão ligados os partidários e, à
grande atenção da mídia a mesma.

Abramo procurou classificar os padrões que a mídia utiliza para manipular as


informações. São eles: Ocultação; Fragmentação; Inversão; Indução; E global ou específico
do jornalismo de televisão e rádio. Por este trabalho estar delimitado somente aos jornais O
Estado do Maranhão e Jornal Pequeno na mídia impressa, não será feita referência ao padrão
da radiodifusão.
18

Os padrões de manipulação tratam de esconder do leitor um acontecimento que


possivelmente daria um entendimento de leitura diferente do que está sendo proposto por
aquele órgão de comunicação. A Teoria do Gatekeeper3 pode ser associada aos conceitos de
Abramo para exemplificar os padrões. A linha editorial do jornal é um fator de primordial
importância na seleção do que será impresso, e deve ser fielmente seguida pelo jornalista:

A ocultação do real está intimamente ligada àquilo que frequentemente se chama de


fato jornalístico. A concepção predominante – mesmo quando não explicita – entre
empresários e empregados de órgãos de comunicação sobre o tema é a de que
existem fatos jornalísticos e fatos não - jornalísticos e que, portanto, à imprensa
cabe cobrir e expor os fatos jornalísticos e deixar de lado os não-jornalisticos.
Evidentemente, essa concepção acaba por funcionar, na prática, como uma
racionalização a posteriori do padrão de ocultação na manipulação do real.
(ABRAMO, 2003 p.26).

Outra importante teoria jornalismo é empregada no uso da manipulação: a Teoria


da Agenda Setting ou Teoria do Agendamento4. Apesar desta teoria não defender que os
meios de comunicação pretendem controlar a mente do público, as rotinas organizacionais
destes mesmos meios possuem uma linha editorial própria, de acordo com seus próprios
critérios de noticiabilidade. Portanto, o que é exposto na mídia é discutido como realidade e o
que é ocultado do público não pode ser objeto das conversas, pois não se pode falar do que
não se possui conhecimento. Assim, a realidade ocultada passa a não existir e o leitor não
adquiriu conhecimento do acontecimento, pois este não foi considerado fato - jornalístico.
Selecionados os fatos jornalísticos e descartados os não – jornalísticos de acordo
com o processo de seleção e critérios de noticiabilidade dos meios de comunicação, os
acontecimentos em questão são divididos em fatos isolados. Para Abramo, este processo tem
como conseqüência a falta de ligação entre as partes selecionadas, isto é, a conexão entre os
fatos não possui nenhuma interligação histórica ou lógica entre os acontecimentos
antecedentes e os conseqüentes a ele. (ABRAMO, 2003, p.27).

Uma expressão utilizada pelo autor para explicar os padrões de manipulação é “o


real despedaçado”, explicando que a realidade é dividida em vários fragmentos
particularizados.

O todo real é estilhaçado, despedaçado, fragmentado em milhões de minúsculos


fatos particularizados, na maior parte dos casos desconectados entre si, despojados
de seus vínculos com o geral, desligados de seus antecedentes e de seus
conseqüentes no processo em que ocorrem, ou reconectados e revinculados de forma

3
Uma das teorias clássicas do jornalismo, A Teoria do Gatekeeper diz que o processo de seleção da notícia passa
pelos critérios de quem possui o „poder‟ de publicá-la.
4
A Teoria do Agendamento ou Teoria da Agenda Setting defende a idéia que os leitores são consumidores de
notícias e, por isso, possuem a visão direcionada para o que a mídia expõe.
19

arbitrária e que não corresponde aos vínculos reais, mas a outros ficcionais e
artificialmente inventados. (ABRAMO, 2003 p.27).

Perseu afirma que a seleção das notícias chega até mesmo a possuir um
significado antagônico, criando artificialmente outra realidade:

A fragmentação da realidade em aspectos particulares, a eliminação de uns e a


manutenção de outros e a descontextualização dos que permanecem são essenciais,
assim à distorção da realidade e à criação artificial de uma outra realidade.
(ABRAMO, 2003 p.28).

O planejamento dessa ordem de apresentação na construção textual da notícia


coloca o que seria um fato jornalístico secundário como principal. Por sua vez, o fato
principal se torna secundário ou até mesmo em terceiro lugar, direcionando a atenção e a
interpretação à relevância do supérfluo. O que seria apresentado como notícia principal é
divulgado como uma simples informação.

Salomão apud Breed (1955)5 afirma que as notícias são escolhas, mas não são
escolhas individuais do jornalista. De acordo com a Teoria Organizacional6, são escolhas
feitas pelo veiculo de comunicação para o qual o jornalista trabalha. Para Breed, o
comunicólogo se conforma mais com regras impostas pela política editorial da empresa do
que com suas crenças pessoais.
Abramo também defende que as notícias são utilizadas para impor visões
particulares do mundo, criando uma falsa realidade, o que pode ser remetido também a Teoria
da Ação Política7.

As versões interpretativas dos órgãos de comunicação acabam por se tornar o


único meio de conhecimento do leitor sobre o atual contexto em que a sociedade está inserida.
Tal interpretação induz o condicionamento do público ao necessitar de informações, fatos
ditos jornalísticos são impostos ao cotidiano do público, e o meio social é utilizado como
objeto de manipulação, pois as interpretações da mídia são colocadas como realidade.
McLuhan (2001, p.26) conceitua essa vivencia em sociedade e a influência da mídia como
meio interpretativo, denominada Aldeia Global:

5
SALOMÃO, Mozahir. Os constrangimentos organizacionais no jornalismo. Disponível em:
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=283IMQ002. Acesso em: 17 de março de 2009.
6
A Teoria Organizacional explica que toda notícia é apenas uma das versões dos fatos e nunca uma versão
definitiva do acontecimento.
7
A Teoria da Ação Política diz que as mídias são instrumentos de visão política e defende que o posicionamento
das notícias são distorções sistemáticas, que servem a interesses políticos de agentes sociais.
20

“Toda mídia trabalha sobre nós de uma forma total. Esses meios são tão intensos em
suas conseqüências pessoais, políticas, econômicas, estéticas, psicológicas, morais,
éticas e sociais que não deixam nenhuma parte nossa intocada, não afetada,
inalterada. O meio é a mensagem. Qualquer compreensão sobre mudanças sociais e
culturais é impossível sem um conhecimento do modo como a mídia funciona como
contexto”.

A existência da informação quando veiculada no texto aparece como ilustração,


como exemplificação da opinião que já foi arbitrariamente formada e imposta à sociedade. A
opinião no meio impresso jornalístico serve de base para a formação de opinião do próprio
leitor, tomando para si a visão do meio de comunicação, sem o questionamento de seus
processos de produção. Evidencia-se, assim, que a comunicação detém um forte poder de
influenciar a opinião pública, pois o meio de comunicação é utilizado como forma de dominar
os critérios de aceitação e rejeição do seu público:
A posse da comunicação e a informação tornam-se instrumento privilegiado de
dominação, pois criam possibilidade de dominar a partir da interioridade da
consciência do outro, criando evidências e adesões, que interiorizam e introjetam
nos grupos destituídos a verdade e a evidência do mundo do dominador, condenado
e estigmatizado a prática e a verdade do oprimido como prática anti-social.
(GUARESCHI, 1991 p.19).

O ato de induzir mostrando outra realidade é o principal método de controle


encontrado no meio impresso jornalístico, pois a verdade exposta muitas vezes é contrária ao
sentido real do acontecimento, manipulando, assim, o intelecto do leitor. O público assimila a
realidade apresentada com a visão editorial empregada pelo veículo de imprensa.

Esse mecanismo de “fabricação de opinião” simula a democracia: aparentemente, a


“opinião” divulgada pela mídia interfere no curso dos acontecimentos, dando alusão
de que o público foi levado em consideração. Na realidade, os indivíduos
permanecem isolados, espalhadas pelas mais distintas cidades, regiões, estados e
países, sendo virtualmente “unificados” pela mídia, mas sem terem exercido
qualquer interlocução. É a “ágora eletrônica” que simula a antiga polis, onde tudo se
debatia. As megacorporações simulam a ágora que legitimará suas próprias
estratégias de dominação e controle. (ARBEX, 2001, p.56)
21

3 CONTEXTO DA POLÍTICA BRASILEIRA

Todas as características e os trâmites políticos que envolveram as eleições para a


presidência do Senado em 2009 tiveram início dois anos antes, em 2007, quando o PT e o
PMDB firmaram acordo para um rodízio na presidência da Câmara, mas a importância do
cargo de presidente do poder legislativo que possui bastante participação e influência nas
eleições presidenciais em 2010 traz as discussões para dentro do senado.

As relações entre o PMDB e o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva


transformaram a política nacional, o PMDB está em constante crescimento desde 2006 e
vêem apoiando o presidente da república visando o cargo de vice-presidência nas eleições de
2010. Já o atual presidente ganharia com a vitória do PMDB tanto na Câmara como no
Senado, apoios diretos nas votações de projetos em combate a crise econômica8.

O então presidente do senado, o Senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), desejava


se reeleger no cargo por meios jurídicos, mas o devido o regimento interno do Senado não
permitir a reeleição no cargo dentro da mesma legislatura não obteve êxito. Garibaldi assumiu
a presidência do senado após a renúncia do Senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

O DEM – Democratas, extinto PFL – Partido da Frente Liberal, deu total apoio a
candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) como nome forte para vencer a disputa
contra o senador Tião Viana (PT-AC) pela presidência do senado. O DEM firmava alianças
em outros estados junto ao PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira - visando
aumentar numericamente a sua bancada de deputados. O PSDB só apoiaria a candidatura de
Sarney se o PMDB apóia-se a candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto. No dias finais
da eleição o PSDB decidiu apoiar o candidato Tião Viana.

Os acordos partidários para apoiar a candidatura de José Sarney envolviam a


preferência em cargos importantes em comissões como as presidências das Comissões de
Constituição e Justiça e Assuntos Econômicos e a Comissão de Relações Exteriores.

8
PMDB domina Congresso e quer vaga de vice para 2010. Disponível em:
http://www.sistemaodia.com/noticias/pmdb-domina-congresso-e-quer-vaga-de-vice-para-2010-9665.html.
Acesso em: 22 mai. 2009.
22

Neste mesmo momento, o cenário da política maranhense girava em torno da


repercussão dos julgamentos dos processos contra o governador Jackson Lago que tramitavam
no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal Superior Eleitoral em relação às eleições de
2006, em que Jackson Lago derrotou Roseana Sarney, filha de José Sarney.

O senador José Sarney considerado político experiente com repercussão nacional


e principalmente em seu estado, além de focar sua estratégica na eleição da presidência do
senado, sempre teve seu olhar voltado para as disputa políticas maranhenses, que devido à
derrota de Roseana Sarney, para Jackson Lago nas eleições para o governo em 2006,
enfraqueceu sua influência e poder exercido a mais de 40 anos no cenário político estadual.

As relações de poder exercidas por Sarney sempre foram motivos de atenção da


mídia nacional e local. Um grupo de oposição intitulado “Frente de Libertação do Maranhão”,
encabeçado pelo ex-governador José Reinaldo Tavares, antes aliado político da família
Sarney, era formada pela coligação (PDT/PPS/PAN). A Frente de Libertação foi composta em
6 de fevereiro de 2006, com o objetivo de romper, destituir e enfraquecer o poder político da
família Sarney no Estado, visto que todos os governadores eleitos desde 1966 tinham apoio do
senador9.

No decorrer dos desdobramentos na eleição do Senado, o Maranhão vivia dias


conturbados, pois, em vários municípios do estado ocorreriam novas eleições. Vila Nova,
Centro Novo do Maranhão, Bacabeira e Amarante do Maranhão teriam que voltar às urnas. O
Ministério Público pedia a cassação do prefeito de Bacuri sob a acusação de compras de
votos, além dos noticiários locais e nacionais repercutirem os andamentos dos processos
movidos contra o Governador Jackson Lago por abuso de poder político nas eleições de 2006.

Sarney elege-se presidente do senado no dia 2 de fevereiro de 2009 com o apoio


do DEM PMDB, do PTB, do PR e do PCdoB. Neste mesmo dia, o deputado Marcelo Tavares
(PSB) tomou posse da nova mesa da Assembléia Legislativa do Maranhão. Na cerimônia da
nova mesa na Assembléia, o Governador Jackson Lago fez um balanço das ações do governo
no ano passado e mostrou as principais metas para 2009. No dia 17 de abril de 2009, Jackson
tem seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Lago acusou a justiça de ser
manipulada pelo poder que o senador José Sarney exerce na política nacional. A segunda

9
José Reinaldo tenta reconstruir Frente de Libertação. Disponível em:
http://www.oimparcialonline.com.br/noticias.php?id=7142. Acesso em: 22 mai. 2009.
23

colocada nas eleições de 2006, Roseana Sarney (PMDB) e o ex-senador João Alberto
(PMDB) assumiram o cargo do governador cassado.

Já a oposição entrou com recurso no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão,


com o intuito de ser realizada uma nova eleição. O recurso acusava Roseana Sarney de
também ter se beneficiado do poder político e de ter trocado de partido logo após as eleições
de 2006.10 Ela se elegeu pelo extinto PFL, atual DEM – Democratas e está atualmente no
PMDB.

Quando efetivada a vitória de José Sarney no senado, a revista inglesa The


Economist, publicou um artigo declarando que a vitória de Sarney no senado era a volta do
feudalismo11. A reportagem “Onde os dinossauros ainda vagam” trata da trajetória política de
Sarney relatando que já é um fato histórico comum uma família deter o poder político dos
estados na região nordeste. O artigo cita a influência do Sistema Mirante de Comunicação
como forma de reforçar o poder político da família Sarney diante das precariedades em que se
encontram as classes menos favorecidas do Maranhão.

10
Partidos acusam Roseana de infidelidade partidária. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2009-abr-
25/pt-psdb-psb-entram-recurso-tse-tirar-roseana-governo. Acesso em: 22 mai. 2009.
11
The Economist é uma revista semanal inglesa sobre assuntos e notícias internacionais. Disponível em:
http://www.economist.com/world/americas/displaystory.cfm?story_id=13062220. Acesso em: 22 mai. 2009.
24

4 ANÁLISE DOS JORNAIS O ESTADO DO MARANHÃO E JORNAL PEQUENO

Pode-se perceber a diferença no direcionamento das notícias no Jornal O Estado


do Maranhão e Jornal Pequeno sobre a candidatura e eleição do Senador José Sarney à
presidência do Senado Federal referindo-se à análise de discurso dos dois órgãos de
comunicação. É demonstrado que o desenvolvimento da linguagem utilizada para divulgação
dos acontecimentos mostra a visão política das empresas de comunicação e caracterizam
manipulação na formação de opinião, de acordo com os padrões estabelecidos por Perseu
Abramo. A pesquisa foi delimitada ao período de 23 de janeiro a 04 de fevereiro de 2009,
momento em que a repercussão regional da candidatura e eleição do Senador José Sarney à
presidência do Senado Federal ganha maior atenção dos periódicos.
Para apresentar a análise deste trabalho, é necessário fazer uma breve descrição
sobre a criação e a posição ideológica no cenário maranhense de cada um dos veículos
impressos estudados.

4.1 Jornal O Estado do Maranhão

Antes de tornar-se O Estado do Maranhão, o periódico chamava-se Jornal do Dia


– um órgão a serviço da comunidade. Lançado em 1 de maio de 1959, o jornal de oito
páginas era direcionado à política, teve entre seus anos de publicação e funcionamento vários
proprietários e diretores, como Arimathéia Athayde, Raimundo Emerson Bacelar, José Beto
Neiva, Eurico Bartolomeu Ribeiro, Cid Carvalho, Alexandre Alves Costa e Alberto Aboud.

Costa12 (2008. p. 4) afirma que José Sarney começa a fazer parte do quadro de
sócios do Jornal do Dia após apoio dado a ele pelo veiculo de comunicação impresso à sua
candidatura ao governo do Estado do Maranhão:

Aboud entrou no ramo da imprensa por pura conveniência política, pois julgava que
para executar um projeto político e alcançar a vida pública precisava de um veículo

12
Artigo As origens do Jornal O Estado do Maranhão, publicado por Ramon Bezerra Costa e apresentado no
GT – Jornalismo e Produção Editorial, do Iniciacom, evento componente do X Congresso de Ciências da
Comunicação na Região Nordeste.
25

de comunicação. Por isso, negociou com Alexandre Costa a compra do Jornal do


Dia. Porém, mesmo antes de comprar o jornal elegeu-se deputado estadual pelo PTB
em 1958 e em 1962 entrou para a Câmara Federal pelo PSD, partido do então chefe
político do Maranhão Victorino Freire. Alberto Aboud ficou no PSD até 1965,
quando foi apoiar o candidato das Oposições Coligadas para o governo do estado,
José Sarney – esse apoio se materializou, entre outras coisas, com a colocação do
Jornal do Dia à disposição da campanha de José Sarney.

Em 1968, Alberto Aboud vende o Jornal do Dia para o grupo político pertencente
a José Ribamar Marão. Em novembro de 1968, José Sarney adquire as ações pertencentes a
José Ribamar Marão, 50% do total do periódico impresso. Os outros 50% pertenciam ao
grupo formado por Clodomir Millet e Nunes Freire, aliados de José Sarney no governo do
Estado. Sarney posteriormente adquire a outra metade, tornando-se proprietário do jornal.
Como tradição no meio jornalístico impresso na sociedade maranhense, todo jornal existente
no referido período tinha um caráter essencialmente político. Hoje, o jornal O Estado do
Maranhão compõe o Sistema Mirante de Comunicação, de propriedade da Família Sarney,
juntamente com três emissoras de televisão afiliadas a Rede Globo e seis emissoras de rádio.

O Portal Imirante13 descreve que a mudança da denominação do jornal para O


Estado do Maranhão deu-se no mês de maio de 1973, informando que a data da fundação
continuava a mesma do Jornal do Dia. O antigo Jornal do Dia funcionava na Rua Joaquim
Távora, número 105-B, hoje Rua Nazaré. Posteriormente, com a mudança de proprietário e
nova titulação de Jornal do Dia para O Estado do Maranhão, transfere suas instalações para
Avenida Ana Jansen, 200, São Francisco, onde funciona atualmente a sede do Sistema
Mirante de Comunicação.

Em entrevista a Paulo César D‟Elboux14, Sarney afirma: “Eu criei o jornal porque
eu tinha que ter um instrumento político (...). O jornal não era de empresário, não era um
negócio que nós estávamos precisando, era uma inspeção do processo político”. (D‟ELBOUX
apud COSTA, 2008, p.5). De acordo com o 5º parágrafo do artigo 220 do 5º capítulo da
Constituição de 1988, os meios de comunicação não podem servir direta ou indiretamente
como objeto de monopólio ou oligopólio, o que acontece com o atual Sistema Mirante de
Comunicação, que tem o mesmo proprietário para diversas mídias.
No dia 02 de fevereiro de 2009, José Sarney de Araújo Costa (PMDB-AM) foi
eleito presidente do Senado Federal do Brasil.

13
O Portal Imirante é parte do Sistema Mirante de Comunicação. Informação Disponível em:
http://imirante.globo.com/oestadoma/paginas/conhecendo.asp. Acesso em: 26 de abril de 2009.
14
Trecho da Entrevista de José Sarney a Paulo César D‟Elboux em 18 de dezembro de 2002. (D‟ELBOUX apud
COSTA, 2008, p.5)
26

Um trecho do primeiro editorial do jornal O Estado do Maranhão, intitulado Um


jornal, uma universidade, diz que: “A informação é, hoje, como a saúde, como a vida, um
direito. Numa sociedade democrática é a base sem a qual é impossível construir a liberdade; é
o oxigênio sem o qual ninguém respira”. (COSTA, 2008, p. 30). Escrito por José Sarney, o
editorial enfatizou ainda, que não aconteceu nenhuma inauguração e dá destaque às inovações
e modernizações do jornalismo no Maranhão e do direito à informação.

As principais mudanças técnicas aconteceram no sistema de produção, do antigo


linotipo para o offset, o mais moderno da época quando de sua inauguração, por ser um
sistema eletrônico. O Estado do Maranhão foi um dos primeiros jornais a trabalhar com
divisões de editorias e destaca-se por suas inovações que sempre procuraram a informatização
de todos os seus setores, inclusive, O Estado foi um dos primeiros jornais do nordeste a
utilizar cores.
Atualmente, o jornal O Estado do Maranhão tem a tiragem de 13 mil exemplares
de segunda a sábado e 18 mil aos domingos. O veiculo de comunicação impresso do Sistema
Mirante de Comunicação é dividido em 17 editorias, 5 suplementos, 8 colunas diárias, 6
colunas semanais e 2 colunas sociais. 15

4.2 Jornal Pequeno

O Jornal Pequeno foi criado pelo jornalista José de Ribamar Bogéa que, aos 12
anos, precisou trabalhar numa tinturaria para ajudar sua família. Ao final de seu dia de
trabalho, ia para a redação do Jornal O Globo, onde sempre observava os editores.

Ainda jovem, começou sua carreira de jornalista, mas só realmente foi


profissionalizado quando trabalhava 16 horas por dia nos Diários Associados, como repórter
de esporte e polícia. Em 1947, Bogéa cobria o jogo Moto x Fluminense e foi censurado por
fazer críticas ao juiz Élvio Furtado e foi demitido por isso. A partir daí, Bogéa direcionou sua
atenção para criar o Jornal O ESPORTE, evoluindo, posteriormente, para o Jornal Pequeno16.

15
O Jornal. Disponível em: http://imirante.globo.com/oestadoma/paginas/conhecendo.asp . Acesso em 22 mai.
2009.
16
Disponível em: http://www.piratininga.org.br/artigos/2004/01/araujo-jornalpequeno.html. Acesso em: 26 de
abril de 2009.
27

O primeiro exemplar do Jornal Pequeno foi publicado no dia 29 de maio de 1951.


Recebeu este nome exatamente pelo formato do jornal, que possuía apenas quatro paginas, ou
seja, duas folhas impressas dos dois lados e dobradas ao meio.

Bogéa fundou o Jornal Pequeno com o intuito de ter um instrumento que


representasse a voz do povo maranhense. Um veículo que atingisse a “baixa renda”, a
população em geral, e que abrangesse assuntos gerais. A linguagem do Jornal era bem ousada
para a época. Colunas como O Mundo em poucas palavras, Defendendo o Nosso Povo, No
Cafezinho, Dicionário do Povo, Língua de Trapo, Coisas que acontecem atingiam classes
diferentes das classes que os jornais da época atingiam. Desde seus primeiros exemplares, o
jornal tentava defender valores que eram considerados importantes e imprescindíveis para
clarear os fatos sociais e, mesmo passando por graves crises financeiras por falta de
anunciantes, Bogéa nunca se deixou abater e seguiu com a sua ideologia. Algumas propostas
indecorosas vindas de políticos apareciam, mas Bogéa não cedeu às tentações de “vender” o
seu jornal e sua idéia. 17

Na década de 60, o idealizador do jornal O Estado do Maranhão, Governador José


Sarney, moveu um processo contra Ribamar Bogéa. Na época, o deputado Freitas Diniz fez
uma denúncia contra José Sarney nas páginas do periódico criado por Bógea, mas o
Governador não podia processar o deputado devido sua imunidade parlamentar, então o
proprietário do jornal O Estado do Maranhão, tentando acabar com o Jornal Pequeno, moveu
um processo contra Bógea, porém, não teve êxito18.

Bogéa faleceu no ano de 1996, deixando o jornal para seu filho, Lourival Marques
Bogéa, que é o atual chefe do Jornal Pequeno. Hilda Bogéa, esposa de Ribamar, é quem ainda
hoje orienta o jornal. Lourival fez mudanças importantes, como transformar o sistema de
impressão de tipográfico para offset, fazer a página policial ficar mais informativa e adquirir
um caráter político de combate frontal ao grupo de José Sarney.

A tiragem do Jornal Pequeno é de seis mil exemplares em dias de semana e onze


mil exemplares aos domingos e alcança 30% da preferência dos leitores do interior estado.

17
Disponível em: http://www.guesaerrante.com.br/2006/5/31/Pagina732.htm. Acesso em: 27 de abr. de 2009.
18
Informações retiradas da entrevista de Lourival Bógea concedida ao Portal AZ. Disponível
em:http://www.portalaz.com.br/noticia/maranhao/103558_diretor_do_jornal_pequeno_lourival_bogea_desabafa
_contra_a_familia_sarney.html. Acesso em 27 de abril de 2009.
28

4.3 Análise dos Periódicos Maranhenses

4.3.1 Dia 23 de janeiro de 2009

As matérias analisadas no jornal O Estado do Maranhão e no Jornal Pequeno, do


dia 23 de janeiro de 2009, dão inicio à discussão sobre a possibilidade do Senador José Sarney
(PMDB-AP) assumir mais uma vez a presidência do Senado. A divulgação de tal tema
abrange não somente o fato em si, pois o cenário político regional é repleto de nuances e a
rede que envolve a política local é complexa. O jogo de interesses e a utilização dos meios de
comunicação para empregar ideologias, angulam e direcionam a atenção a disputas políticas,
que nada contribuem para a discussão do caso em destaque.

No periódico do dia 23, O jornal Estado do Maranhão noticiou a matéria “Jackson


faz política baixa”, diz Escórcio. Tal material jornalístico deu inicio a repercussão na
sociedade da eleição do senado, servindo de pano de fundo para as desavenças políticas e
pessoais entre a família do senador José Sarney, proprietária do meio impresso, e o
Governador do Estado do Maranhão, Jackson Lago. O título desta matéria deu-se em
decorrência das declarações públicas dadas pelo governador Jackson Lago (PDT) sobre a
possível candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) a presidência do Senado. Jackson
Lago afirmou suas desavenças ao afirmar que a possível eleição de Sarney seria um
“retrocesso”. A linha editorial do jornal O Estado do Maranhão direcionou a publicação da
matéria para consolidar uma resposta ao governador. O que deveria ser uma discussão sobre o
Senado, transformou-se em ataques à administração do governo do Maranhão.19

Usando da prática jornalista de buscar versões para embasar as críticas ao


governador Lago, o Estado publicou declarações do ex-senador Francisco Escórcio, que
demonstrou sua indignação com as declarações de Jackson Lago e atacou a administração do
governo. Rebatendo o dito “retrocesso” ao atual governador do Estado do Maranhão,
Francisco Escórcio declara:

“Retrocesso é o governo dele que não consegue tratar de maneira respeitosa a


população e as categorias grevistas. Seu governo levou o caos ao Maranhão e, em

19
Em 2006, a candidata Roseana Sarney (PFL), filha de José Sarney, perdeu a eleição do governo para Jackson
Lago, o que mudou a angulação das noticias do periódico para ataques diretos ao governador eleito.
29

vez de trabalhar pelo estado, ele vem para Brasília fazer a baixa política, a
politicalha. Conversei hoje (ontem) com vários senadores do PDT e senti a grande
admiração deles por Sarney”. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009, p.2).

Tal prática é definida como padrão manipulação de inversão da versão pelo fato,
pois, o que podemos observar foi o emprego da ideologia dos comandantes do periódico
impresso de propriedade da família Sarney, como tentativa de influenciar a opinião pública
através do uso do frasismo, tendo as declarações de Escórcio como base para a linha editorial
do jornal.

A matéria também pode ser classificada dentro do padrão de inversão da opinião


pela informação, pois, a construção textual do material jornalístico apresentado forma-se
substancialmente a partir da opinião pessoal de Francisco Escórcio. Dos sete parágrafos da
matéria, cinco são declarações integrais de Escórcio.

Mas o que chama atenção e predomina como uma manipulação do real é que o
foco em questão foi fragmentado – cabendo, assim, também classificar a matéria dentro do
padrão de fragmentação - e mudou da possível candidatura do senador José Sarney, para
críticas a administração pública do governador Jackson Lago. Tal direcionamento acarreta
como uma indução, pois o assunto principal foi utilizado somente como plano de fundo a
ataques pessoais e brigas políticas.

A nota publicada em O Estado, na coluna Panorama Político, do jornalista Ilimar


Franco, faz um resumo da situação política partidária da eleição do Senado. Segundo Franco,
quatro senadores do PSDB estariam cogitando votar no candidato adversário de José Sarney
(PMDB-AP), o senador Tião Viana (PT-AC) e outros nove senadores do PSDB estariam com
votos favoráveis a Sarney. O quadro de votos iria mudar, pois o PSDB faria uma reunião e um
apelo para que todos votassem em um único candidato. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009, p.2).

A nota acaba por fragmentar somente um aspecto do tramite partidário,


particularizando os votos do PSDB. Na nota, a dita reunião do partido para a decisão do voto
único de seus senadores, acabou por ocultar outra importante informação: um acordo pré-
existente entre PMDB e PT, que previa um rodízio entre os dois partidos na liderança do
senado já estava fechado para que os partidos votassem no senador José Sarney.

O Jornal Pequeno, por sua vez, tem como notícia principal do dia 23 de janeiro
que Garibaldi diz que denúncias contra filho de Sarney não prejudicam peemedebistas. Na
30

matéria, é declarado que o Senador Garibaldi Alves (PMDB – RN) teria minimizado as
denúncias existentes contra Fernando Sarney, filho de José Sarney. O texto é repleto de
acusações a Fernando Sarney e de declarações que Garibaldi teria dado à imprensa,
acompanhado também de uma foto do Senador, que tem como legenda a frase Garibaldi
Alves torce para que Sarney saia do páreo. Entretanto, em nenhum momento da matéria é
apresentada alguma declaração de Garibaldi confirmando esta afirmação.

Percebe-se a presença do padrão de manipulação pela indução, por apresentar


fatos passados sobre a família Sarney que não condizem com o tema principal – a possível
candidatura de Sarney à presidência do Senado – e fatos que não estão relacionados
diretamente a José Sarney.

Alguns aspectos são sistematicamente relembrados na composição das matérias


sobre determinados grupos sociais, mais igualmente evitados de forma sistemática
quando se trata de outros. Depois de distorcida, retorcida e recriada ficcionalmente,
a realidade é ainda assim dividida pela imprensa no campo do Bem e realidade do
campo do Mal, e o leitor/espectador é induzido a acreditar não só que seja assim,
mas que assim será eternamente, sem possibilidade de mudança. (ABRAMO, 2003.
p.35)

Analisando o texto, é constatado que o mesmo não condiz com o título,


caracterizando assim uma fragmentação de fatos. Como a fragmentação passa pelo processo
da seleção de aspectos e da descontextualização, percebe-se que, logo após relembrar as
acusações feitas a Fernando Sarney, a matéria foca supostas expectativas de Garibaldi para
que Sarney desista da candidatura. O padrão da inversão da relevância dos aspectos também é
identificado, uma vez que fatos secundários, como a declaração de Garibaldi, são
apresentados como fatos de principal importância para a eleição no Senado.

Além da matéria citada anteriormente, o Jornal Pequeno ainda publica mais duas
matérias relacionadas ao tema. São elas: Por Serra, oposição apóia Sarney no Senado e
Julião Amin põe pingos nos „is‟: Sarney sempre usou o Maranhão e o PMDB como moeda de
troca.

A primeira acima citada não é de criação do Jornal Pequeno, e sim, da Folha de


São Paulo. Acredita-se ter sido publicada por seguir a ideologia do Jornal e apresentar fatos
que possam prejudicar a campanha do Senador José Sarney. A matéria afirma que o único
motivo por qual a oposição estaria disposto a apoiar Sarney em sua candidatura seria atrair o
PMDB, juntamente com o alto comando do DEM e o PSDB para apoiar a candidatura de José
31

Serra (PSDB-SP) ao Palácio do Planalto, induzindo o leitor por também relembrar fatos sobre
José Sarney, como o Caso Lunus.

A segunda matéria foi publicada na sessão Informe JP e também não é de criação


da equipe de jornalismo do Jornal Pequeno. É uma notícia que foi publicada pelo jornal O
Estado de São Paulo e se utiliza do padrão de inversão da versão pelo fato, já que o
pensamento de Julião Amin corresponde ao pensamento da linha editorial do Jornal Pequeno.
O uso do oficialismo é abusivo, e mostra vários trechos de um pronunciamento de Amin
afirmando que Sarney “sempre utilizou o Maranhão e o PMDB como moeda de troca para
chantagear o governo e se manter no poder através dos tempos”.

4.3.2 Dia 24 de janeiro de 2009

A matéria de capa do Jornal Pequeno no dia 24 de janeiro de 2009 anuncia que o


PT mantém rejeição a Sarney na disputa pelo comando do senado. O título da capa, porém,
difere do título da matéria nas páginas do jornal que, dando continuidade ao texto segundo
indicações da página, tem como título Berzoini afirma que a disputa entre Tião e Sarney será
decidida no voto. No decorrer da matéria, percebe-se o extremo uso do oficialismo, tendo as
afirmações do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) como verdadeiras e únicas.

Nesta edição do jornal, é veiculado também o editorial Em todas as vitrines.


Identifica-se o padrão de inversão da opinião pela informação e, claro, mostra toda a linha de
pensamento do jornal. Os ataques a José Sarney são feitos a cada parágrafo, sempre
lembrando aos leitores fatos do passado dos membros da família e alertando o leitor sobre
possíveis conseqüências quando eleito a presidente do senado. Frases como “é uma situação
que faz de Sarney um candidato não recomendável para a saúde moral do Senado e do Brasil”
(JORNAL PEQUENO, 2009. p.2) permeiam o texto do editorial.

A matéria publicada no Jornal Pequeno que tem como título Renan busca votos
para Sarney dentro de um PMDB rachado, foi feita pela equipe da Folha Online e não pela
equipe de jornalismo do Jornal Pequeno. A ênfase dada a Renan Calheiros entra em consenso
com o editorial, focalizando em fatos de uma época em que ele estava em evidência por
32

corrupção. Destaca-se o padrão de ocultação, por ter sido retirado o fato realmente jornalístico
e o padrão de indução, pelas lembranças da época Sarney.

Uma última matéria publicada neste dia segue o padrão de inversão da opinião
pela informação, com um uso exagerado de frasismos, do padrão de inversão da forma pelo
conteúdo, já que o texto está numa posição de maior importância do que a informação que ele
quer noticiar, e do padrão de indução. Sarney: sem consenso e sem Lula, escrita por Haroldo
Sabóia20, afirma que Sarney está numa posição delicada após o presidente Lula não apóia-lo
na candidatura ao Senado e por não ser o preferido do presidente.

Otacílio (2005, p. 196), sobre a discussão sobre ideologias nos discursos políticos
relata que:

No entendimento de Bourdieu, os discursos políticos que se encontram em oferta no


mercado de bens políticos, são produtos das “lutas simbólicas” que determinados
agentes sociais travam entre si no campo político – um subespaço específico do
espaço social.

Assim, pode-se simplificar o entendimento que é observado no decorrer desta


pesquisas. O cenário político maranhense serve de base para veiculação de acontecimentos e
opiniões de relevância duvidosa, pois a importância de certas notícias consideradas fatos
jornalísticos pelos respectivos meios impressos, não contribuem para o assunto principal,
onde o que seria primário é tratado como plano de fundo em brigas políticas e a construção
textual sobre segmento oposto sempre é tratada negativamente e em tons considerados
pejorativos.

A disputa política entre o Governador do Maranhão eleito em 2007, Jackson


Lago, e a família Sarney, é retratada nas notícias publicadas pelo jornal O Estado do
Maranhão no início da cogitação do nome do Senador Sarney ao Senado, mas a candidatura
do Senado colocada como assunto principal é a entrada para críticas a Lago no dia 24 de
janeiro de 2009.

A matéria publicada e intitulada Jackson Lago age como bobo nas eleições do
Senado, diz Gastão, é uma espécie de resposta a declarações de Jackson Lago, assumidamente
contrário à possível eleição de José Sarney ao comando do Senado. Na notícia, ao exemplo do
que ocorre no dia 23 de janeiro no mesmo jornal ao publicar declarações na íntegra do ex-
senador Francisco Escórcio, as declarações de Gastão Vieira resumem o trâmite político que

20
Haroldo Sabóia foi Constituinte em 1988.
33

acontece entre os partidos envolvidos na disputa/briga existente entre o PDT de Jackson Lago
e o PMDB de José Sarney. As opiniões do deputado federal Gastão Vieira são utilizadas
como julgamento e juízo de verdade, caracterizando assim o padrão de inversão da opinião
pela informação.

O fato é apresentado ao leitor arbitrariamente escolhido dentro da realidade,


fragmentado no seu interior, com sues aspectos correspondentes selecionados e
descontextualizados, reordenados invertidamente quanto a sua relevância, seu papel
e seu significado, e, ainda mais tendo suas partes reais substituídas por versões
opiniáticas dessa mesma realidade. (ABRAMO, 2003. p.32)

Gastão Vieira chega a afirmar que José Sarney ganharia naquele dia a eleição para
comandar o Senado, pois o senador do PMDB já teria votos suficientes para vencer a disputa.
Tal declaração pode ser considerada fato-jornalístico, mas o discurso do deputado e a matéria
em questão ocultam a informação que Sarney precisaria de 41 votos para se eleger e que até o
momento José Sarney teria supostamente 34 votos, quantidade insuficiente para vencer. A
declaração de Gastão Viera não está em discussão sobre os padrões de manipulação, mas o
periódico impresso deveria contestar mostrando o quadro atual dos votos. Quando o jornal se
omite, ele oculta a verdade e o leitor não toma conhecimento da realidade. O público é
induzido a acreditar no favoritismo devido à interpretação relatada pelo deputado federal, uma
indução construída pela inversão da versão interpretativa do fato em si.

4.3.3 Dia 25 de Janeiro de 2009

A matéria do dia 25 de janeiro publicada pelo jornal O Estado do Maranhão tende


a esclarecer todo o trâmite político presente na disputa pela escolha do candidato que irá
representar o PMDB na eleição para a presidência do Senado. O presidente do Senado até
aquela data, Garibaldi Alves, demonstrava vontade de voltar a disputar a vaga para se reeleger
no cargo mais alto do senado. Segundo a matéria,

Ele afirma que o acordo feito entre PT e PMDB não se estende ao Senado. Garibaldi
deixou oficialmente a disputa para apoiar José Sarney (PMBD-AP). Garibaldi
afirmou que o acordo firmado em 2007 que previa um rodízio na presidência entre
PT e PMDB tratava exclusivamente da Câmara. “Não houve reconhecimento de
nenhum acordo e isso não prosperou” afirmou o presidente do Senado. Garibaldi
pretendia disputar novamente a presidência, mas abriu mão depois que o senador
José Sarney anunciou que pretende concorrer ao posto. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).
34

O jornal de propriedade de Sarney afirma que Garibaldi deixou a disputa para


apoiar a candidatura do senador maranhense. Ora, Garibaldi dava declarações públicas que
gostaria de continuar na presidência do Senado e logo após, deixa a disputa somente por causa
do anúncio de José Sarney declarando que gostaria de ser mais uma vez candidato
representante do partido, o que remete à importância do acordo firmado entre o PT e PMDB
para o rodízio de lideranças.

A matéria em si trata da desistência de Garibaldi, da não legitimação do acordo,


mas em momento algum na construção da notícia desenvolve-se a declaração de Garibaldi em
favor a José Sarney. O dito apoio entre os senadores é interpretado somente em detrimento da
desistência de um e candidatura efetiva do outro, Garibaldi em momento algum se diz
apoiador de Sarney. Acrescentado à falta de informação, a foto legenda diz que “Garibaldi
Alves declara apoio a Sarney e diz que PMDB tem legitimidade para assumir câmara e
Senado” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2)induzindo o leitor a acreditar em uma
declaração que não existe. A interpretação do fato jornalístico coloca a opinião e a linha
editorial à frente da informação, invertendo o sentido original e retratando uma realidade
inexistente.

Já no espaço destinado à publicação de notícias veiculadas no portal Imirante21, o


jornal Estado do Maranhão publica uma nota do blog do jornalista Décio Sá, que trata do
envolvimento da influência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para consolidação e
apoio de outros partidos na votação do dia 2 de fevereiro. O partido em questão seria o
PSDB, sob a presidência do senador Sérgio Guerra (PE). A nota, publicada na internet no dia
22 de janeiro, caracteriza a busca de apoios à possível adesão a candidatura de José Serra ao
Palácio do Planalto.

Neste mesmo dia, o Jornal Pequeno exibe declarações do deputado federal


Domingos Dutra como informações de extrema importância para a eleição à presidência do
Senado, o que caracteriza o padrão de inversão pela relevância dos aspectos. A matéria diz
que Dutra enviará uma carta de apoio ao senador Tião Viana, por considerar sua luta como
legítima e necessária ao Brasil. Dutra afirma que

A eleição de Sarney para a Presidência do Senado será duro golpe à renovação


política almejada pela população, uma vez que eleito presidente do Congresso
Nacional, Sarney irá constranger e pressionar os ministros do TSE pela cassação do
governador Jackson Lago. Fará ainda mais pressões sobre o Presidente Lula para

21
O Portal Imirante é parte integrante do Sistema Mirante de Comunicação, de propriedade de José Sarney.
35

obter mais cargos. Usará o poder do cargo para perseguir adversários no Maranhão
e no Amapá e fará a ponte que deseja ou para tentar impor um vice da ministra
Dilma, caso perceba que está em condições de ser eleita ou então para embarcar na
candidatura de José Serra, já que em seus 55 anos de mandato jamais ficou longe de
quem sentou na cadeira de Presidente da República. (JORNAL PEQUENO,
2009).22

Também é identificada a presença do padrão de indução, já que a matéria sobre


Dutra continua relembrando fatos passados da família Sarney. Percebe-se, então, certa
irritante e abusiva presença do mesmo discurso, já que em vários os artigos o jornal procura
destacar, de forma insistente, malfeitorias do governo Sarney ou quaisquer outros episódios
que envolvam o nome do senador e outros membros de sua família.

Publicado na coluna JP Artigos, de autoria de Jersan Araújo e título Sarney quer


ser presidente do Senado, o texto não foge à regra. Também usa o mesmo artifício de
indução, relembrando episódios envolvendo Fernando Sarney e fazendo referência às
declarações de Julião Amin e Domingos Dutra, publicadas em outras matérias. Além da
indução, o padrão de inversão da opinião pela informação também é presente.

A última notícia sobre o assunto publicada no periódico no dia 25 de janeiro é


intitulada Blogueiros organizam café da manhã em apoio a Tião Viana. A matéria é de
importância mínima ao fato, caracterizando, assim, um padrão de inversão pela relevância dos
aspectos. O teor da notícia – uma convocação para um café da manhã em apoio a Tião Viana,
convocada por blogueiros do Jornal Pequeno – de nada acrescenta à notícia principal da
candidatura de Sarney à presidência do Senado. A notícia, inclusive, diz que o café da manhã
é apenas uma idéia inicial e que está sujeito a alterações, o que mostra o descomprometimento
do jornal em dar notícias de relevância e que realmente sejam de extrema importância à
construção do real.

4.3.4 Dia 26 de Janeiro de 2009

A única notícia sobre as eleições no Senado publicada pelo Jornal Pequeno na


edição do dia 26 de janeiro de 2009 anuncia que o PSDB faz exigências para apoiar Zé
Sarney na disputa no Senado. O primeiro aspecto a ser destacado é que, mais uma vez, a
22
Por o site do Jornal Pequeno ter o caráter transpositivo e à não-disponibilidade da matéria impressa, esta
informação foi retirada do site do veículo. Disponível em:
http://www.jornalpequeno.com.br/2009/1/25/Pagina97278.htm. Acesso em: 10 de maio de 2009.
36

notícia publicada não é de autoria de jornalistas do Jornal Pequeno, e sim, de Josias de Souza,
colunista da Folha de São Paulo. Josias defende em seu texto que o PSDB estaria negociando
cargos para fechar acordo com Sarney. Souza afirma que “O PSDB está a um passo de fechar
com Sarney (AP), o candidato do PMDB. Os tucanos exigiram de Sarney três postos. Se
forem atendidos, fecharão as portas para Tião Viana (AC), o candidato do PT. (JORNAL
PEQUENO, 2009. p.3).

Souza também afirma que “Tião já teve duas conversas telefônicas com Serra, que
não se bica com Sarney” (JORNAL PEQUENO, 2009. p.3). Na matéria publicada no dia 23
de janeiro, porém, este mesmo jornal diz que o PSDB fecharia acordo com Sarney em favor
de José Serra. O texto sugere uma negociação de cargos, mas em momento algum o Jornal
explica o porquê da animosidade entre Serra e Sarney, evidenciando, inclusive, que o apoio
viria por parte de Serra, desde que Sarney também cumprisse a sua parte no acordo.

Classifica-se a matéria de acordo com o padrão de inversão da opinião pela


informação, já que o Jornal Pequeno utiliza da opinião de Josias para veicular a informação
principal. Abramo explica que “não se trata de dizer que além da informação, o órgão de
imprensa apresenta também a opinião, o que seria justo, louvável e desejável, mas sim que o
órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação” (ABRAMO, 2009, p.31, grifo
suprimido).

Em contrapartida, O Jornal O Estado do Maranhão não publicou nenhuma matéria


relacionada ao tema neste dia.

4.3.5 Dia 27 de Janeiro de 2009

Os jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno publicam matérias com o


mesmo teor no dia 27 de janeiro. É interessante destacar que as duas se enquadram no padrão
de fragmentação, visto que selecionaram fatos jornalísticos e não-jornalísticos e cada jornal
publicou somente o fato que estava de acordo com a sua linha editorial e visão política.

O Jornal Pequeno afirma que Governadores fazem pressão contra Zé Sarney no


Senado, apostando em um movimento de rebelião de governadores nordestinos contra a
candidatura de Sarney e “pelo menos quatro deles manifestaram a intenção de levar ao
37

presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua desaprovação à idéia do PMDB de comandar as duas
Casas do Congresso” (JORNAL PEQUENO, 2009. p.3), havendo, assim, a possibilidade de
ameaça de boicote à candidatura de Michel Temer. Há uma contradição com o título, que
afirma que a ameaça é contra Sarney. A matéria também diz que os governadores devem
consultar a posição de Lula antes de liberar as bancadas nordestinas, temendo que a eleição de
Sarney fortaleça os grupos regionais do PMDB.

O mesmo fato não ocorre do Jornal O Estado do Maranhão. Praticamente decidida


a escolha do nome do PMDB para a disputa pela presidência do senado, este meio impresso
tratou de planejar a repercussão do fato esquematizando a opinião que viria a ser vista no
decorrer de suas futuras matérias. Tal planejamento fragmenta as informações pelos seus
aspectos ocultando todos os procedimentos e nuances envolvidas no caso até seu fechamento,
induzindo o pensamento do leitor a acreditar no clima de tranqüilidade para possível vitória
do Senador maranhense, tendo espaço, inclusive, para a citação envolvendo as disputas e
desavenças políticas. O que se observa nas notas intituladas Tranquilo e Bobo da corte, que
dão ênfase ao apoio do PMDB juntamente com a experiência adquirida na carreira política de
José Sarney, e ao papel de denegrir a imagem do governador Jackson Lago ao relembrar
declarações e críticas feitas por Gastão Vieira no dia 24 de janeiro de 2009.

4.3.6 Dia 28 de Janeiro de 2009

Dando prosseguimento à nítida campanha eleitoreira, o periódico do Sistema


Mirante trata de esclarecer a sua dita visão da realidade que expõe diariamente com o intuito
de influenciar o senso crítico de seus leitores.

O favoritismo deixa de ser mera especulação para se firmar como vitória


antecipada, mesmo antes dos pressupostos iniciarem uma perspectiva positiva para algum
posicionamento em relação a qualquer vertente. A produção jornalística acaba por ser
utilizada como mera ferramenta de disseminação de propagandas eleitorais. Daí a gravidade
da interpretação dos fatos, pois as relações entre os meios de comunicação e a política
representam um poder dentro da sociedade, repassando suas ideologias e seguimentos.
38

Tomar para si a verdade dos meios de comunicação é um habito das classes que
consomem notícias. Dentro destas perspectivas, a matéria José Sarney garante apoio formal
das bancadas do PTB e do PR induz os leitores de várias formas com o objetivo de consolidar
o favoritismo do senador José Sarney na disputa para a presidência do Senado. É atribuída a
Sarney uma lista detalhada de seus aliados e apoiadores na eleição tratando dos trâmites das
coligações partidárias. O Estado confirma 46 votos para eleição, cogitando mais 13 votos no
decorrer das articulações, totalizando 59 votos contra 12 do senador Tião Viana.

Primeiramente, o jornal O Estado do Maranhão induz de maneira positiva que


Sarney alcançará os 59 votos, mas nem mesmo as alianças dão certeza do número exato de
senadores que apoiarão José Sarney. A notícia afirma que “Além destas legendas, Sarney tem
apoio do seu partido, o PMDB e do DEM, que somam algo em torno de 35 parlamentares já
levando em conta as eventuais defecções”. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009. p.2).

Como as estatísticas do jornal podem dar certeza utilizando o termo “algo em


torno”, visto que tal expressão não dá conotação de certeza no contexto de significados? A
indução maior caracteriza-se pela desinformação, logo em seguida que a matéria afirma “já
levando em conta as eventuais defecções”. Ora, se em sua construção textual anterior, o jornal
não passa certeza e segurança por utilizar a expressão “algo em torno”, não poderia afirmar
tais fatos levando em consideração possíveis desistências. O que ocorre nesta matéria é uma
fragmentação por seleção dos aspectos, onde os fatos interpretados são interligados sem nexo
com o intuito de induzir e impor as ideologias de favoritismo.

Linguagem desnecessária e adjetivações são utilizadas para tentar aproximar as


classes junto às interpretações do jornal. Trechos como: “O PT esperava que Serra, velho
desafeto de Sarney, se animasse a arregaçar as mangas por Tião Viana” (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009. p.2, grifo nosso) e a declaração de José Serra: “Tira meu nome dessa
história” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009. p.2, grifo nosso), se mantendo isento nas
buscas de votos por Tião Viana, fez com que o jornal induzisse que José Serra apoiava Sarney
com a interpretação “Um pedido que deixa os senadores do PSDB à vontade para optar por
Sarney” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009. p.2). Outro fato que discorre juntamente ao
caso José Serra é a isenção de Aécio Neves, a mesma situação de Serra. A matéria fragmenta
os fatos utilizando a influência de grandes nomes da oposição política a conotações positivas
Sarney, uma indução do entendimento direto na repercussão da notícia.
39

Outra inversão da relevância dos aspectos é encontrada na conotação negativa que


é dada as ações, busca de votos e contabilidade de apoios ao senador Tião Viana. Enquanto se
entra em detalhes de forma conturbada sobre os votos positivos a Sarney, Tião é citado de
maneira pejorativa:

Tião ainda rumina a expectativa de obter os votos de cinco senadores do PMDB.


Renan Calheiros (PMDB-AL), o centroavante da candidatura Sarney, desdenha da
aposta. Move-se para restringir a perspectiva de defecção a um mísero nome:
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Com a saída do PR, Tião Viana tem agora o apoio
oficial de apenas cinco partidos. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009. p.2, grifo
nosso).

Durante campanhas eleitoreiras no Senado, o que mais atenta aos próprios


políticos e aos poderosos partidos é o ganho de cargos com possíveis alianças firmadas em
favor de determinado candidato. Nos altos cargos de comando no Senado nacional esta rede
em busca de favorecimento em bancadas, comissões e vice-mandatos, forma uma complexa e
estratégica disseminação de planejamentos, visando postos de liderança em renome nacional.

Retratar essa rede de planejamento induzindo o favoritismo de algum candidato é


o papel da imprensa/órgão de comunicação atuando como partido político, visto que partidos
e meios de comunicação são ambos comandados por políticos adjetivados de “estrategistas”,
por possuírem meios de comunicação para disseminarem fatos jornalísticos positivamente
angulados aos seus próprios interesses.

Na matéria Aliados já pensam em desistência de Tião, o direcionamento explícito


ao favoritismo do senador maranhense tenta informar o leitor que, na disputa pelo Senado,
votar em José Sarney concederia possíveis cargos a opositores, dando então a entender que
pela corrida de cargos, senadores e partidos estariam fazendo alianças para votar em Sarney,
consolidando sua vitória em relação à Tião Viana.

Dada as devidas proporções à imagem positiva de José Sarney para a eleição do


dia 2 de fevereiro, a matéria do jornal O Estado do Maranhão contrabalança utilizando o
marketing negativo ao senador Tião Viana. O discurso de Viana divulgado na matéria passa a
imagem de desespero com uma possível derrota somente pela noticia da definição do nome de
Sarney como representante do PMDB na disputa.

O PTB também se apressou hoje em oficializar seu apoio à candidatura de Sarney.


Apesar de toda movimentação e pressão, o candidato do PT reiterou que
permanecerá na disputa até o fim. “Não tem pressão nenhuma. Eu não retiro a
minha candidatura por ninguém. Vou até o fim”, garante ele. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).
40

A imposição de atribuições negativistas não é figurada somente a Tião Viana, mas


também a seu partido, que é alvo de ataques e a mesma busca de apoio que o PMDB pratica é
dita como uma atitude incorreta do PT. A fragmentação dos fatos jornalísticos firma a mídia
como partido político, pois a busca de apoios e promessas de futuros cargos é prometida por
todos, mas o ato errôneo é atribuído intitulado somente a oposição do senador José Sarney.

Nos bastidores, o PT do Senado que ainda resiste ameaça atrapalhar os planos do


PMDB no caso da derrota de Tião Viana: durante a divisão dos cargos, o PT pediria
os postos que já foram prometidos aos demais partidos... “O clima aqui está tão
pesado que não se consegue nem vender a alma ao Diabo, porque já tem gente
oferecendo de graça”, ironizou Wellington Salgado (PMDB-MG). (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).

Revitalizando e prevendo a vitória do senador do PMBD, a pequena matéria


Atrasado, PSDB vai de Sarney, resume o apoio tardio do PSDB ao candidato peemedebista. O
termo “O roteiro está pronto” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2) caracteriza o
favoritismo, ao mesmo tempo em que a expressão “Perdeu a oportunidade de faturar no papel
de noiva” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2) remete o atraso como perda de
possíveis cargos e vantagens futuras:

O PSDB perdeu o timing e anunciará hoje apoio a José Sarney (PMDB-AP) quando
seus votos já não são mais decisivos para elegê-lo presidente do Senado. Perdeu a
oportunidade de faturar no papel de noiva. O roteiro está pronto. Para evitar a
imagem de decisões centralizadas na cúpula, o PSDB reunirá hoje sua bancada. O
passo seguinte é tentar afastar a impressão de que a decisão está atrelada a 2010.
Dirá que o apoio foi decidido com base em uma lista de compromissos, como
independência em relação ao Palácio do Planalto, direito de obstrução garantido e
posição contrária a um terceiro mandato para o presidente Lula. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009. p.2).

Por outro lado, a edição impressa do Jornal Pequeno do dia 28 de janeiro publica
duas notícias sobre a eleição no Senado. Na primeira, o veículo divulga que Blogueiros do JP
manifestam apoio à candidatura de Tião Viana ao Senado. A notícia refere-se a evento já
anunciado no dia 25 de janeiro, quando ainda era apenas uma intenção de apoio a Tião Viana
e sujeita a alterações e sugestões. A matéria pouco utiliza agressões a Sarney em seu discurso
e aproveita o espaço para transmitir a notícia como aconteceu. As agressões típicas das
notícias do veículo, apesar de em menor quantidade no texto, ainda existem nas frases de
represália, que afirmam que

O Senador Zé Sarney quer se eleger presidente do Senado apenas para continuar


fazendo o que lhe é peculiar na política, o velho jogo das chantagens e barganhas
políticas em prol de seus interesses, isto é, nada mais é uma tentativa de reverter a
vexatória derrota que sofreu pra Frente de Libertação nas últimas eleições.
(JORNAL PEQUENO, 2009. p.3).
41

A mesma notícia também traz uma carta aos blogueiros, vinda do candidato Tião
Viana, que expressa sua gratidão pelo apoio e relembra o papel do Senado, de “efetivar
medidas imprescindíveis à modernização do país, como a reforma política e tributária, e a
criação de uma agenda ambiental que garante nossa soberania sobre a Amazônia e a
sustentabilidade do seu desenvolvimento”. (JORNAL PEQUENO, 2009. p.3). Ao final de sua
carta, o Senador diz que a atividade política do país está sendo prejudicada por velhas
oligarquias, se referindo a Sarney. Apesar de o discurso de Viana ter ligação com o texto e
não apresentar palavras de baixo calão e agressões verbais, está de forma coerente à linha
editorial do jornal e não foge dos padrões de manipulação, já que o veículo utiliza a
declaração de Viana como oficial em relação ao fato, classificado, assim, como oficialismo.
Pode-se também classificar a notícia dentro do padrão de inversão da relevância dos aspectos,
tendo “o acessório e supérfluo no lugar do importante e decisivo.” (ABRAMO, 2003. p.29).

A segunda notícia do Jornal Pequeno publicada neste dia parece ser a de maior
coerência nesta análise. O jornal não utiliza seu espaço para agredir verbalmente o senador
José Sarney e nem mostra seu apoio ao senador Tião Viana. A matéria intitulada Partidos
trocam apoio por cargos na Mesa Diretora do Senado fala da disputa de partidos por cargos
em troca de apoio a Sarney ou Viana. São listados os cargos que cada partido pretende
assumir, beneficiando, assim, suas legendas para os próximos dois anos.

4.3.7 Dia 29 de Janeiro de 2009

No dia 29 de janeiro foi feita uma ampla divulgação no jornal O Estado do


Maranhão, concretizando a candidatura de José Sarney, representante do PMDB, na disputa
pela presidência do senado. A cobertura jornalística dava ênfase à experiência do ex-
presidente da república, abordando, inclusive, sua passagem como presidente do senado em
duas vezes anteriores.

Durante toda a semana e períodos anteriores, o nome de Sarney foi cogitado para
disputar a vaga do então senador Garibaldi Alves, mas José Sarney sempre negava tal fato.
Nesta edição, o senador do Amapá declara: “A partir deste momento, eu sou candidato”, (O
ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2). Visto que campanhas eleitorais nunca começam de
três a quatro dias antes de uma votação e que a briga pela disputa de cargos começa mesmo
42

antes de um possível nome de candidato seja definido, a reiteração de José Sarney à


presidência do senado vem sendo planejada mesmo antes deste período eleitoreiro.

Sarney declara: “Disseram que eu seria a pessoa indicada para presidir o Senado”.
(O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2). O senador joga a repercussão anterior à escolha
do seu nome para afirmações e especulações de terceiros, induzindo e invertendo um caráter
de idoneidade, com o intuito de se resguardar dos planejamentos e acordos já tratados pelo
seu partido através de alianças por promessas de futuros cargos, deixando a responsabilidade
destes acordos aos partidos. Tais fatos já ocorriam em um período anterior à escolha de seu
nome. Ocorreu inclusive, uma ocultação de informações não descritas de qual segmento da
sociedade o estava apoiando como melhor alternativa, induzindo que foi solicitado para uma
missão, com a afirmação:

“Não pude deixar de atender uma solicitação de meu partido”, completou Sarney,
destacando que, além da solicitação da bancada, setores da sociedade consideraram
que ele seria a melhor opção para presidir a Casa... O candidato do PMDB disse que
a partir de agora (de ontem) iria começar a conversar com os colegas de outras
legendas em busca de votos. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2).

Os acordos já firmados entre partidos são consolidados, mas logo após a definição
dos candidatos, existe uma corrida para firmar novas alianças, a fim de fortalecimento político
partidário e a presença em decisões e cargos de renome da casa. Partidos de oposições
juntam-se a novas bases para garantir o futuro das coligações. Estes referidos acordos não são
tratados de maneira explícita a luz de todos os olhos da sociedade:

O candidato peemedebista não quis adiantar o teor da conversa com os senadores


tucanos, mas mostrou-se entusiasmado com a possibilidade de apoio do PSDB.
“Pelo que ouvi deles, o PSDB vai apoiar nosso projeto”, disse. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009. p.2).

Favoritismo assumido pelas notícias veiculadas, O Estado do Maranhão tenta


inverter e induzir a vitória de Sarney descaracterizando e descontextualizando a campanha do
senador Tião Viana, dando uma conotação que nem mesmo os membros do PT o apoiariam:

Candidato à presidência do Senado, o senador José Sarney tem o apoio de 21


colegas do PMDB, 13 do DEM, sete do PTB, quatro do PR e um do PCdoB.
Matematicamente, esse grupo de apoio garante sua eleição – são 46 votos num total
de 81 - mas ele ainda espera o apoio dos 13 senadores do PSDB e até no PT, que
tem como candidato o acreano Tião Viana. Os aliados de Sarney calculam que ele
será eleito com mais de 50 votos. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

Firmado os nomes, o que mais influência em uma eleição, além do número de


votos, é passar a tranqüilidade de favorecimento à sociedade, repassando o clima de desespero
a campanha do outro candidato. Por sua linha editorial, o jornal O Estado do Maranhão não
43

cometeria o erro de atribuir desconfiança e medo de uma possível derrota ao candidato


proprietário do Sistema Mirante de Comunicação.

Depois de passar meses negando que seria candidato à presidência do Senado,


alegando inclusive que já tem quase 80 anos, José Sarney (PMDB-AP) não levava
nenhum obstáculo em consideração, ontem, no almoço da bancada. Ele lembrou,
segundo os presentes, que Magalhães Pinto, quando resolveu se candidatar à
Presidência da República, aos 69 anos, foi questionado se não era muito velho. “Ele
respondeu: „Não, aliás estou indo tomar vacina contra paralisia infantil agora‟”. (O
ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2).

As matérias escritas e publicadas relacionadas ao tema fragmentam


particularidades da realidade, interconectando fatos relevantes e irrelevantes a sociedade, tal
ações não descaracterizam a prática jornalística, mas o seu poder de influência deve ser
rigorosamente analisado.

O Jornal Pequeno, por sua vez, consolida o seu apoio a Tião Viana e utiliza do
padrão de manipulação por ocultação para publicar a matéria Tião Viana reafirma que não
desistirá de sua candidatura. Em momento algum é publicado um depoimento que reafirme o
título. Ao contrário, o Jornal se prende a mostrar as declarações de fúria de Viana ao saber
que Sarney seria ser candidato, declarando que

Quando ele escondeu a candidatura dele por quatro meses dizendo que não era
[candidato] e agora manda recado por líderes, ele só pode estar pensando que o
Senado é o quintal da casa dele, respondeu Viana, quanto à possibilidade de ser
procurado por líderes de partidos para propor que desista da candidatura petista em
favor de Sarney. (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3).

Ao longo da matéria, também é afirmado que Viana já aceitou todas as propostas


do PSDB, incluindo a indicação de Marcone Perilo para a 1.ª vice-presidência e Flecha
Ribeiro para a 4.ª secretaria. (JORNAL PEQUENO, 2009, p.3). Além do padrão de ocultação,
também é presente o padrão de fragmentação, por passar claramente pela seleção de aspectos
e pela descontextualização e não estar condizente com a proposta inicial da matéria.

Sarney anuncia ser candidato para „atender solicitações‟, a segunda matéria


publicada pelo Jornal Pequeno neste dia, já começa a manipular seu discurso pelo título. As
palavras demarcadas entre aspas dão uma idéia além do significado semântico de seu uso, que
caracterizam declaração de alguém. Neste caso, a idéia de mentira, de discurso forjado para
justificar o ato de quem falou, é bem mais forte que apenas uma declaração. A notícia se
utiliza de frasismos e deixa a entender que Sarney quer a desistência de Tião Viana e que se
tornou candidato para atender solicitações do partido, de senadores e de setores da sociedade.
Em outro momento, a notícia publica uma declaração de Sarney alegando que “não poderia
44

pensar no próprio bem-estar, abdicando de „prestar um serviço para o país‟.” (JORNAL


PEQUENO, 2009, p.3). Novamente, a presença das aspas nas declarações passa a intensão de
ironia no discurso do candidato. O padrão de indução está presente ao longo da matéria, que
tenta mostrar somente a visão da oposição, ignorando o fato de que disputas por cargos e
negociações também aconteceriam, caso Viana fosse eleito presidente do Senado.

O Jornal Pequeno também publica uma matéria da Folha Online neste mesmo dia,
que contradiz o texto analisado acima e é intitulada Sarney cede a apelos e oficializa
candidatura ao comando do Senado. Nesta, existem declarações de Sarney afirmando que
estaria disposto a enfrentar Viana na disputa pela presidência do Senado, enquanto a matéria
anterior publica declarações de Sarney insinuando uma possível desistência de Tião para que
houvesse uma candidatura de unidade. O teor da matéria é o mesmo da anterior e não se
considera necessária a repetição do assunto no mesmo dia, o que caracteriza também a
pobreza de conteúdo do meio impresso, não buscando por matérias novas.

A quarta matéria publicada no dia 29 de janeiro diz que o PSDB adia decisão
sobre apoio a Sarney ou Tião Viana e está enquadrada nas características do padrão de
ocultação, pois só torna jornalístico o fato de que Viana cedeu às exigências do PSDB, não
levando em consideração que Sarney também o fez. Segundo a notícia, a decisão foi adiada
por causa da carta que foi entregue por Viana a Arthur Virgílio, líder do PSDB. Outra matéria
publicada no mesmo dia afirma, porém, que o PSDB já teria decidido por José Sarney, por
considerarem que uma aliança com Viana os prejudicaria em 2010. A matéria foi escrita pela
Folha Online. Ora, se um veículo de comunicação possui uma linha editorial e deve segui-la,
é inconcebível que erros como este sejam deixados de lado por editores.

4.3.8 Dia 30 de Janeiro de 2009

O artigo Sarney: sem consenso e sem Lula, é publicado novamente no Jornal


Pequeno sob a justificativa de ter sido repetido a pedidos. O mesmo não acrescenta nada de
novo a esta discussão, é repetido na íntegra. Além deste, o veículo publica mais duas matérias
acerca do tema.
45

A matéria Dutra afirma que haverá retrocesso, se Sarney ganhar eleição no


Senado é a publicação de uma carta de apoio que Dutra entregou a Tião Viana, mostrando sua
solidariedade ao candidato petista. A notícia se enquadra perfeitamente no padrão de inversão
da versão pelo fato, já que usa declarações de Dutra como oficiais para dar veracidade e
legitimidade ao fato. Sobre o oficialismo, Abramo (2009. p. 31) diz:

Ela [a autoridade] sempre vale mais do que as versões de autoridades subalternas,


sempre muito mais que a dos personagens que não detêm qualquer forma de
autoridade e, evidentemente, sempre infinitamente mais do que a realidade. Assim, o
oficialismo se transforma em autoritarismo.

A carta ataca diretamente ao Senador José Sarney. Dutra incita que

A sociedade terá ainda direito de se questionar: qual arma secreta e o poder invisível
que possui o senador Sarney, capaz de derrotar um senador do PT, encurralar o
governo e seduzir os democratas do Brasil, após servir militares, presidir a Arena e o
PDS. Ampliar o seu mandato de quatro para cinco anos em troca de canais de TV e
rádio e deixar o País com a maior inflação da história? A sociedade terá de se
perguntar: quais interesses estão movendo um político com 79 anos, a ponto de fazê-
lo mudar de idéia após negar por três vezes ao presidente da república que não seria
candidato, imitando o Apóstolo Pedro que também por três vezes negou Cristo antes
de traí-lo? (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3).

Dutra chega a comparar Lula a Jesus Cristo em seu discurso e Sarney ao apóstolo
bíblico Pedro, o que não é coerente ao discurso e ao contexto histórico o qual ele representa.
O deputado também afirma que Sarney quer presentear o Maranhão a sua filha, Roseana
Sarney, já que ela não ganhou a eleição ao governo nas urnas (JORNAL PEQUENO,
2009.p.3).

A coluna Informe JP comunica que o PSDB resolveu apoiar a candidatura de Tião


Viana após carta-compromisso assinada pelo senador no dia anterior à decisão do partido. O
PSDB, por sua vez, afirma que fez a opção que considera melhor e mais adequada ao
Legislativo (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3). A notícia se enquadra no padrão de indução,
visto que fala daquilo que é dito sem ser falado (ABRAMO, 2009, p.34). O discurso do Jornal
é de que o PSDB estaria aparentemente desprendido do desejo de ter pelo menos três cargos
na mesa diretora e das comissões, mas declarações de Viana afirmam que o PSDB informou
que vai tratar do assunto dentro do que está previsto nas regras da proporcionalidade das
bancadas (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3). O PSDB tinha evidências de que Viana não seria
eleito. De acordo com dados publicados pela imprensa, se Sarney já teria 35 dos 41 votos
necessários para ser eleito sem o apoio do PSDB, que motivos levariam o tucanato a apoiar
Viana, se a eleição já teria um favorito? Tal fato pode ser considerado como uma jogada
46

estratégica, já que a regra da proporcionalidade das bancadas existe e o partido poderá apelar
para ela na composição da mesa diretora.

Com alianças já firmadas e acordos em prosseguimento, é chegado o momento do


ápice da eleição. Este final de semana firma a reta final da eleição para o senado, onde
partidos e membros partidários correm para garantir seus lugares de visibilidade no cenário
nacional. A matéria relata o apoio do DEM ao candidato José Sarney para consolidar o
favoritismo ao senador maranhense, diferente da imagem relatada de Tião Viana em dias
anteriores no periódico impresso do Sistema Mirante de Comunicação.

O DEM formalizou nesta quinta-feira o apoio à candidatura do senador José Sarney


(PMDB) à presidência do Senado. A decisão da bancada foi unânime e ninguém
faltou à reunião. Com o apoio, Sarney consolida ainda mais sua candidatura. (O
ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.2).

A matéria, intitulada DEM formaliza apoio a Sarney e fortalece PMDB no


Senado, não discute somente o apoio dado a Sarney, mas trata de vincular a imagem do DEM
como partido forte e de influência positiva como a segunda maior bancada do senado. Um dos
fatos marcantes em discussão na matéria é a utilização da inversão da versão pelo fato, onde
as falas do líder do DEM, José Agripino Maia, são excessivamente utilizadas como juízo de
verdade diante da realidade apresentada. Tal fato entra em contradição com a seguinte
declaração:

“Tião Viana é do PT, que já detém o Poder Executivo. Ter a presidência da


República e presidência no Congresso já é demais”, disse Maia.“O senador Sarney é
um homem de diálogo, não é petista, não tem alinhamento com o Executivo. O
senador Tião é integrante do PT, que já detém o Executivo. Ter a presidência da
República e do Congresso é um pouco demais”, afirmou o democrata. (O ESTADO
DO MARANHÃO, 2009.p.2).

Nesta fala, somente uma das vertentes acaba por ser noticiada e, obviamente, a
que favorece o senador Sarney é a que o jornal de sua propriedade irá divulgar. Tais críticas
do senador José Agripino Maia se dão a vontade partidária do PT de comandar o senado e a
presidência da república, mas o líder do DEM se esquece de comentar o favoritismo do
PMDB em relação à câmara e o senado nacional.

Os trâmites envolvendo acordos de ultima hora retratam a obstinação em se


destacar a nível nacional, principalmente em relação a partidos, buscando e prometendo
favorecimentos futuros nas eleições no ano que virá. Estes acordos não são tratados de forma
a esclarecer seus verdadeiros teores, o que os parlamentares sempre argumentam é a
preocupação com a situação nacional, porém, o verdadeiro significado de seus discursos
47

encontra-se nas entrelinhas e nos bastidores da política articulada nos corredores da capital
nacional, como é observado na afirmação de Maia:

O líder democrata desvinculou o apoio a Sarney à eventual aliança com o PMDB em


2010, para a disputa pela presidência da República. “Não há compromisso de
votarem Sarney para o PMDB estar alinhado conosco em 2010. A opção é em cima
das necessidades do Congresso Nacional”, afirmou. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).

O que mais se destaca na análise dos discursos encontrados no jornal O Estado do


Maranhão do dia 30 de janeiro é exatamente o excesso de frases na matéria. Como dito
anteriormente, o veículo publica varias opiniões do senador Agripino Maia, o qual deixa
escapar uma declaração que contradiz e revela as verdadeiras nuances entre os acordos e
apoios a Sarney, relatando que apóia aquele que tem condição de vencer. Isso nos remete a
analisar que o apoio é dado a quem pode vencer, não sendo necessariamente o mais correto ou
o que fará o melhor pelo senado e a população brasileira, confirmado pela afirmação de Maia:

“Não há compromisso de votarem Sarney para o PMDB estar alinhado conosco em


2010. A opção é em cima das necessidades do Congresso Nacional”, afirmou.
Agripino reconheceu, porém, que o DEM decidiu migrar para a candidatura de
Sarney porque a oposição não tem votos suficientes para eleger candidato próprio à
presidência do Senado. “Se tivéssemos número para ganhar, teríamos uma
candidatura nossa. Mas não temos. Então, apoiamos a candidatura mais viável. Não
estou votando no Renan, estou votando no Sarney.” (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).

Enquanto isso, a cobertura dos acontecimentos jornalísticos continua a fragmentar


os fatos, abrangendo ainda mais o seu papel de denegrir, passar a imagem de derrotado e
induz críticas questionando a postura do senador Tião Viana, relacionando sempre a notícia
com o favoritismo exacerbado a José Sarney:

O senador Tião Viana (PT-AC) é um pote de mágoas. Atribui suas dificuldades ao


fato de ter sido abandonado pelo presidente Lula e a setores da imprensa que teriam
fabricado uma preferência inexistente por José Sarney (PMDB-AP). Favorito à
presidência do Senado, Sarney também está magoado, mas com Tião. O petista
afirmou que Sarney tinha uma visão patrimonialista da política e tratava o Senado
como seu quintal. Indignado, Sarney reage: “Estou surpreso, eu não conhecia essa
face agressiva e grosseira do senador Tião Viana”. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.2).

4.3.9 Dia 31 de Janeiro 2009

Campanhas definidas de ambos os lados à espera somente do dia da votação. Este


seria o clima da disputa no Senado, porém, uma notícia abala as estruturas, trazendo mais
48

polêmica à complexa eleição que se definiria dia 2 de fevereiro. O último dia de janeiro no
Senado teve como repercussão o apoio inusitado do PSDB a Tião Viana – os tucanos já
haviam aderido à campanha do senador do Amapá.

As notícias publicadas pelo jornal O Estado do Maranhão direcionaram a notícia


como algo de pouca relevância na disputa, como é percebido na nota de capa de título José
Sarney é favorito à presidência do senado. A matéria do caderno de política, intitulada
Candidatos articulam apoios na disputa pelo comando do Senado, com os subtítulos
Peemedebista José Sarney mantém favoritismo e PSDB apóia petista Tião Viana, retrata a
busca final por votos na eleição vindoura. A angulação da matéria trata cada vez mais do
favoritismo dado ao senador do Amapá, ressaltando que, mesmo após a adesão do PSDB a
Tião Viana nos instantes finais, nada muda o cenário político apresentado até então pelo
periódico impresso maranhense. O Estado do Maranhão (2009, p. 2) afirma:

O PSDB declarou apoio à candidatura de Tião Viana, mas não impediu o


favoritismo de Sarney (PMDB-AP), que já tinha o apoio do PMDB e do DEM, as
duas maiores bancadas na Casa. A eleição no Senado acontece na manhã de
segunda-feira e vence a eleição quem tiver, ao menos, 41 votos. Pelos cálculos dos
aliados de Sarney, ele mantém o favoritismo com 48 dos 81 votos do Senado.

A mudança do PSDB a apoiar Tião Viana é tratada com o que Abramo descreve
de uma inversão da relevância dos aspectos, pois o secundário é tratado como principal
(ABRAMO, 2009. p. 29); a notícia em questão seria a mudança repentina do partido que há
dois dias antes apoiava Sarney e resolveu mudar seu posicionamento em relação a Viana. Mas
cada veículo/empresa de comunicação possui linha editorial própria determinada a direcionar
suas reportagens. O que ocorre nesta matéria é um reordenamento dos fragmentos
considerados fatos jornalísticos de acordo com sua relevância. No referido reordenamento,
acontece a recontextualização do sentido, induzindo o leitor a uma determinada realidade e
relembrando que nem sempre pode ser atribuída culpa ao jornalista pela angulação
condicionada pela empresa de comunicação.

No dia 31, todas as esperanças de Tião são apresentadas de formas pejorativas,


enquanto o jornal passa um clima de tranqüilidade por parte da cúpula de Sarney. O caso
PSDB mostrado por O Estado do Maranhão, inclusive traz afirmações de senadores que,
apesar do partido apoiar Tião Viana, continuam ao lado de José Sarney como é o caso de
Papaléo Paes (PSDB-AP), Marcone Perillo (GO), cotado para assumir o cargo de vice de
Sarney e Álvaro Dias (PR), que também pleiteia algum cargo na possível vitória do senador
maranhense.
49

Na matéria Antes e Depois da Noite de quinta-feira, a mudança do PSDB é


comparada a uma traição, visto que dois dias antes de anunciar o apoio a Tião Viana,
Fernando Henrique Cardoso teria se comunicado com José Sarney declarando sua adesão.

Em resposta as declarações exaltadas do Deputado Domingos Dutra no dia 30 de


janeiro no Jornal Pequeno, o periódico impresso do Sistema Mirante de Comunicação publica
algumas declarações contrárias às de Dutra, feitas pelo presidente do Partido dos
Trabalhadores em Brasília, o ex-deputado Chico Vigilante. Na matéria, Chico afirma que
Dutra age como um irresponsável e leviano a falar de José Sarney:

“Uma coisa é a disputa em si, que se mantém em alto nível. Outra coisa é esta
tentativa de desqualificação, inaceitável, até por ser o ex-presidente Sarney o que é,
um símbolo da redemocratização do país”, disse o dirigente petista.... “De um lado
temos um ex-presidente, a experiência política de Sarney. Do outro, um jovem
político como Tião Viana (PT-AC), que representa a força da juventude. Os dois
candidatos disputam dentro do mais alto nível. Não há espaços para as intrigas como
as que Domingos Dutra quer fazer”, desqualificou Vigilante. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.2).

A matéria inverte o sentido real e principal da notícia quando começa a fazer


ligações entre o senador José Sarney e o atual Presidente da República, Luís Inácio Lula da
Silva. Tal inversão ocorre devido às mesmas declarações de Chico Vigilante. O uso em
excesso de frases de entrevistados caracteriza uma inversão da opinião pela informação,
invertendo o sentido dado inclusive anteriormente pelo início da matéria. Abramo (2003.
p.31) define o padrão afirmando que

Deve-se destacar que não se trata de dizer que, além da informação, o órgão de
imprensa apresenta também a opinião, o que seria justo, louvável e desejável, mas
sim que o órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com a
agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é
inescrupulosamente utilizado como se fosse um juízo de realidade, quando não
como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. O
leitor/espectador já não tem mais diante de si a coisa tal como existe ou acontece,
mas sim uma determinada valorização que o órgão quer que ele tenha de uma coisa
que ele desconhece, porque o seu conhecimento lhe foi oculto, negado e
escamoteado pelo órgão.

No lado oposto da política, a notícia principal no Jornal Pequeno sobre as


articulações no Senado afirma que o Apoio do PSDB a Tião Viana abala a candidatura de
Sarney, por ter equilibrado a disputa à presidência do Senado. Apesar das dissidências dentro
dos partidos, o veículo afirma que Viana contabiliza 42 votos e que o PSDB não fecharia
inteiramente com o petista. Além disso, também é publicada na íntegra uma carta de apoio
vinda dos líderes do PT, PSB, PDT, PR e PRB, que seria uma reposta a informações de que
Tião estaria fazendo acordos com os líderes partidários em troca de cargos em Comissões
50

permanentes e na Mesa Diretora do Senado. (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3). O padrão de


manipulação de inversão da opinião pela informação é identificado nesta notícia, por ter a
opinião dos líderes dos partidos como juízo de realidade. Na carta, os líderes afirmam:

Tião Viana inspira avanços que a sociedade brasileira reclama. E a sociedade quer
um Senado transparente, ágil, atuante e com a firma iniciativa, especialmente frente
à crise econômica que vive o mundo. Neste sentido, avaliamos que Tião Viana
presidirá esta Casa com os olhos voltados não apenas para o seu funcionamento
interno, para os interesses específicos do Governo, mas para o bem do país.
(JORNAL PEQUENO, 2009.p.3).

Com isso, o padrão de indução também é presente, fazendo o leitor pensar que
Viana é a melhor opção para a presidência do Senado e não deixando o leitor tomar
conhecimento de acordos que também existem entre outros partidos.

O Jornal Pequeno, na mesma edição, publica em outra matéria que os aliados de


Sarney tentam conquistar a vitória sem precisar dos votos dos tucanos e assegura que o
peemedebista vai ganhar a eleição, independente do PSDB, o que teria causado desconforto
no senador Arthur Virgílio. A notícia segue o padrão de fragmentação, pois, o título da
matéria, Aliados de Sarney afirma ter seis dos 13 votos tucanos, sofre uma seleção de
aspectos e descontextualização ao longo do texto, quando o veículo assegura que a Flecha
Ribeiro e Marconi Perillo foram prometidas a quarta-secretaria e a primeira vice-presidência,
respectivamente.

4.3.10 Dia 1 de fevereiro de 2009

Três das quatro matérias publicadas pelo Jornal Pequeno no dia primeiro de
fevereiro são de autoria de agências ou foram encontradas em sites, o que é uma prática
constante do jornal, já percebida em outros dias. As matérias acusam Sarney de negociar
votos e cargos para ganhar a eleição à presidência do Senado e, por lógica, assumem que será
o vencedor. Percebe-se que, com a proximidade do dia de eleição, o Jornal torna mais
agressivo o seu discurso e não mede esforços para destruir a campanha do Senador, buscando,
além de notícias em outros meios de comunicação, palavras de baixo calão para escrever as
atitudes de Sarney. Um dos artigos publicados é de Otávio Cabral23. Ele afirma:

23
Otávio Cabral é colunista da Revista Veja.
51

Sarney fez uma campanha de bastidores usando a mesma fórmula que marcou sua
trajetória ao longo de mais de meio século de política. Prometeu cargos aos que não
têm, assumiu o compromisso de manter os cargos dos que já têm, garantiu um
ambiente de tranqüilidade ao governo e, ao mesmo tempo, assegurou à oposição que
será um presidente independente, como se isso tudo fosse possível. (JORNAL
PEQUENO, 2009.p.4).

Nenhuma das notícias mostra que Tião Viana também cedeu às exigências do
PSDB e que também negocia cargos. Sarney é tido como o grande „vilão‟ do Senado. A
notícia Estratégia de Sarney é distribuir cargos e vantagens de está classificada dentro dos
padrões de ocultação, visto que é evidente que a edição da matéria escondeu o fato e a edição
opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, no “momento” das decisões
de planejamento das edições (ABRAMO, 2009, p.26).

O artigo extraído do Blog de Josias de Souza não nega a presença do padrão de


inversão da opinião pela informação na notícia „Acho que o tempo do Sarney já foi‟, afirma
Simon. O texto fala de uma notícia que teria sido publicada no blog de Pedro Simon (PMDB-
RS), com declarações do senador que atacam diretamente Sarney. Não deixam a desejar na
baixa qualidade das palavras utilizadas nas declarações, repetindo a notícia na íntegra e não se
preocupando em retirar declarações esdrúxulas, afirmando que Simon faz “troça” quando diz
que “O Sarney não nasceu com aquilo virado pra Lua, ele nasceu com a Lua naquele lugar.
Onde ele entra dá tudo certo pra ele. [...] Coisa ruim eu vou deixar para segunda-feira”
(JORNAL PEQUENO, 2009. p.4).

A entrevista com Arthur Virgílio, também retirada do Blog de Josias Souza, segue
o mesmo padrão da notícia descrita anteriormente, abusando do oficialismo para tentar fazer
valer a posição da linha editorial do Jornal Pequeno. Em trechos da entrevista Virgílio deixa a
entender que não existem acordos entre Viana e o PSDB quando, ao mesmo tempo, dispara
que as conversas com o peemedebista estavam avançadas. (JORNAL PEQUENO, 2009.
p.24).

O artigo A disputa no Senado, publicado no Informe JP, já teme a vitória de


Sarney e não mostra estar tão confiante na candidatura de Viana. Apesar de afirmar ao longo
do texto que Viana fortalece a sua candidatura e cresce politicamente, a matéria claramente
foca, através do padrão de indução, as estratégias e articulações políticas que José Sarney faz
para chegar à presidência do Senado. É corroborado que

Sarney já não teme os holofotes da imprensa, não teme envidraçar-se ou ser o alvo
preferencial dos adversários políticos. Ele precisa de força institucional para salvar o
filho que não sai da mira da Polícia Federal. Presidente do Senado espera, como
52

frisou o deputado Domingos Dutra, ter mais espaço para constranger os membros do
Tribunal Superior Eleitoral a cassarem o mandato do governador Jackson Lago. Essa
disputa, a priori, deveria salvaguardar os interesses da Nação. Para Sarney, no
entanto, transformou-se num vale-tudo em que, para além de seus interesses
pessoais, está a salvação política e moral de sua família. (JORNAL PEQUENO,
2009.p.3)

Por outro lado, a um dia das eleições para a presidência do senado, o jornal O
Estado do Maranhão continuou com sua campanha eleitoral em favor de José Sarney. Dadas
as devidas proporções propagandistas, a manipulação ocorre com o resumo de todos os
acontecimentos gerados até o presente momento. Informar o leitor somente com suas próprias
interpretações e versões sobre determinados fatos considerados jornalísticos é um fator
primordial para a disseminação de discursos de caráter ideológicos:

Ao leitor/espectador, assim, não é dada qualquer oportunidade que não a de


consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é
autoritariamente imposta sem que lhe sejam igualmente dados os meios de distinguir
ou verificar a distinção entre informação e opinião. (ABRAMO, 2003 p.32).

O cenário político maranhense se agitou no mês de fevereiro com diversas


disputas evolvendo maranhenses em proporções locais e nacionais como, por exemplo, a
reforma municipal e a cassação do governador Jackson, que foi profunda e minuciosamente
analisada e divulgada ao leitor maranhense devido à briga entre as facções políticas. Tal
desavença serviu inclusive de pano de fundo por várias vezes para atribuir incompetência a
administração de Jackson lago e atribuir elogios ao senador José Sarney.

A matéria Ano político começa para valer com fortes decisões este mês, no
Estado do Maranhão, exalta a importância do cargo de liderança no senado e sua influência e
participação nas eleições presidenciais da república de 2010, sem deixar, é claro, de dar um
teor de favoritismo à Sarney para a eleição do dia 2 de fevereiro. O Estado do Maranhão
(2009. p. 3) afirma:

Uma eventual vitória de José Sarney no Senado dá ao senador maranhense posição


privilegiada no PMDB para discutir o cenário da sucessão do presidente Luís Inácio
Lula da Silva (PT). O chefe do Congresso Nacional tem estatura para influenciar e
participar de todas as etapas – da escolha do candidato à definição de alianças
partidárias. Por isso, é que a disputa mostra-se acirrada nesta reta final, com
favoritismo do ex-presidente.

Ainda repercute a mudança inesperada do PSDB em aderir à campanha do


senador Tião Viana, mas a virada de mesa foi tratada por O Estado como fato jornalístico de
pouca relevância, pois o proprietário do Sistema Mirante de Comunicação já dava como certo
o apoio do partido. Apesar deste fato, o enfoque foi direcionado ao voto de alguns membros
53

que iriam contra a decisão do PSDB, fortalecendo ainda mais o caráter favoritista atribuído a
Sarney. Tal direcionamento caracteriza-se pela nova ordem dada aos acontecimentos
induzindo a dita verdade, principalmente neste dia antes da eleição. O Estado, além de
propagar a boa reputação do senador José Sarney, induz essa ideologia de maneira excessiva
em suas páginas. Ainda a intenção de inverter a opinião pública em relação a este caso,
colocando o PSDB como único partido que se interessa pelos cargos públicos.

As cúpulas do PMDB e do DEM no Senado não parecem preocupadas com a


manifestação de apoio do PSDB à candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência
da Casa. Pelo menos seis senadores tucanos decidiram não seguir a orientação do
partido e vão votar em José Sarney (PMDB-AP), que soma 18 votos do seu próprio
partido, 14 do Democratas, sete do PTB, quatro do PR e até dois do PT. Além do
apoio de partidos, Sarney conta também com votos individuais de senadores de
outros partidos, como PSB e PDT. O PMDB não cedeu às exigências do PSDB para
apoiar Sarney: dois cargos na Mesa e a presidência de duas importantes comissões.
O PSDB quer impor Tasso Jereissati (CE) como chefe da Comissão de Assuntos
Econômicos e Eduardo Azeredo (MG) na comissão de Relações Exteriores. Se o
PMDB cedesse às pressões do PSDB, não sobrariam vagas na Mesa, nem nas
comissões, para composição de outros partidos. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.2).

Uma nota foi publicada na seção Estado Maior em resposta a declarações dadas
por Haroldo Sabóia ao Jornal Pequeno. Na nota, Haroldo Sabóia é tratado de forma pejorativa
por causa de suas opiniões, que serviram de ferramenta de ataque contra Sarney. Alguns
segmentos da sociedade acabam por serem citados em determinados veículos de comunicação
somente para serem atacados ou ridicularizados e, apenas seguindo esta linha de manipulação
indutiva e fragmentando todo o acontecimento antes do ocorrido – fato semelhante ao que
aconteceu com o Deputado Federal Domingos Dutra, adjetivado como irresponsável e leviano
– Haroldo é adjetivado como “Mãe Diná” e citado como a voz do fracasso:

Estranho que o economista Haroldo Sabóia se disponha a vestir a fantasia de “Mãe


Diná” para falar sobre a eleição no Senado. Carimbado como retumbante fracasso
político, Sabóia deveria cuidar mais da auto-estima, evitando parecer patético. Não é
sem razão que o deputado federal Julião Amin ficou furioso quando um político
disse que ele está parecendo com Haroldo Sabóia. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.3).

Neste mesmo periódico, encontra-se o claro e óbvio posicionamento do jornal: o


editorial Lastro, experiência e legitimidade, que faz um histórico extremamente favorável a
vida e obra do senador do Amapá. A essência e a construção textual remetem a Sarney como
única esperança de salvação em momentos difíceis da política e crise nacional. É citado o
caso de Sarney nunca ter feito declarações se seria candidato ao posto mais alto do senado,
porém, o episódio se demonstra fragmentado e a atitude é mostrada como se José Sarney
tivesse atendido uma necessidade nacional encabeçada pelo seu partido. O exagero de elogios
54

busca a indução em seu grau máximo, como se o senador peemedebista não fosse obter
nenhuma vantagem pessoal em estar ocupando o almejado posto, o mesmo que já tinha sido
ocupado por ele duas vezes.

De todos os materiais jornalísticos analisados até agora, o editorial do dia 1 de


fevereiro de o Estado torna-se o maior objeto de manipulação direcionado a favor do senador
maranhense. O editorial oculta, inclusive, algumas informações, tentando passar a idoneidade
de Sarney e deixando de citar os acordos feitos antes e pós-indicação de seu nome a eleição.
Inverte o sentido real de uma disputa política onde desgastes aconteceram em várias
situações.

O editorial como retrato da linha política não somente induz o leitor a acreditar
em uma predeterminada realidade, mas também manipula ocultando, fragmentando e
invertendo o sentido real, o real estilhaçado, (ABRAMO, 2003. p.27) e é totalmente
recontextualizado criando uma realidade inexistente:

O principal efeito dessa manipulação é que os órgãos de imprensa não refletem a


realidade. A maior parte do material que a Imprensa oferece ao público tem algum
tipo de relação com a realidade. Mas essa relação é indireta. É uma referência
indireta à realidade, mas que distorce a realidade. Tudo se passa como se a Imprensa
se referisse à realidade apenas para apresentar outra realidade, irreal, que é a
contrafação da realidade real. É uma realidade artificial, não-real, irreal, criada e
desenvolvida pela Imprensa e apresentada no lugar da realidade real. A relação que
existe entre a Imprensa e a realidade é parecida com a que existe entre um espelho
deformado e um objeto que ele aparentemente reflete: a imagem do espelho tem algo
a ver com o objeto, mas não só não é o objeto como também não é a sua imagem: é a
imagem de outro objeto que não corresponde ao objeto real. (ABRAMO, 2003
p.23).

4.3.11 Dia 02 de Fevereiro de 2009

É chegado o tão esperado dia da eleição que definirá o comandante pelo biênio
2009/2010 no senado. Tião Viana (PT-AC) e José Sarney (PMDB-AP) encontram – se em
momentos finais de uma espera que culminaram inúmeros episódios de apoio e traições,
declarações de adesão e ataques pessoais, tudo que pode envolver uma disputa política
recheou e incrementou a disputa do senado um ano antes da disputa presidencial.

No dia da eleição e o Jornal Pequeno assegura em sua manchete que Sarney


enfrenta Tião em clima de desespero. A matéria veiculada pelo jornal considera a vitória de
55

Sarney, se realiza, com um placar apertado. Entretanto, nenhuma divulgação de pesquisas que
embasem tal fato é realizada, o que faz com que o jornal trabalhe com suposições. O texto é
uma narração de fatos que explicariam o suposto “desespero” de Sarney e nele são utilizadas
palavras que induzem o leitor a pensar em Viana como o verdadeiro futuro do Senado. O
padrão de inversão da forma pelo conteúdo encontra no texto do veículo um perfeito aliado,
em trechos que parecem ser mais importantes que o fato que reproduz, o ficcional
espetaculoso sobre a realidade (ABRAMO, 2009, p.29), como:

José Sarney telefonou para Lula. Queixou-se ao presidente do comportamento do


chefe de gabinete dele, Gilberto Carvalho. Segundo Sarney, Carvalho rompera a
prometida neutralidade do Planalto ao envolver-se de corpo e alma na campanha de
seu rival Tião Viana. Lula disse que carvalho não age como funcionário do governo,
mas como filiado do PT e amigo de Tião. Sarney não se deu por achado. (JORNAL
PEQUENO, 2009. p.3).

No mesmo dia, outra matéria do mesmo veículo informa à sociedade que Arthur
Virgílio, líder do PSDB, diz que punirá traições a Viana e nega que tenham feito acordos com
o candidato em troca de votos. “O senador Virgílio não me pediu nada em relação a 2010”,
afirma Viana (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3). Sabe-se que a aliança do PT e do PSDB é
inusitada, porém, os peessedebistas asseguram que é uma aliança despretensiosa. A
declaração de Virgílio se nega por outra, quando ele mesmo diz que o senador Papaléo Paes
será punido se efetivar seu voto a Sarney e não será indicado para nenhum cargo. É ilógico
pensar em uma aliança efetivada sem intenções que se porta dessa forma, já que declarações
do PMDB asseguram que a troca na decisão de apoio aos candidatos foi dada ao PT pelo
PMDB não poder atender todas as solicitações de cargos dos tucanos. O padrão de indução é
presença forte ao longo do texto, levando o leitor a pensar que o PSDB é um partido que apóia
a melhor escolha para o Brasil.

O padrão de inversão da forma pelo conteúdo é identificado na matéria Na reta


final, grupo de apoio a Tião diz contar com 43 dos votos no Senado. Novamente, não é
divulgada nenhuma pesquisa para embasar os números; ao contrário, o jornal afirma que
Viana chegou a esses números “ouvindo e conversando com cada senador” (JORNAL
PEQUENO, 2009.p.3), o que dá um tom de especulação à matéria. Também, a inversão da
opinião pelo fato é presente, pela caracterização do uso do frasismo. Percebem-se erros de
demarcação temporal ao longo do texto, exemplificado pela frase de Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE), que disse esperar que pelo menos quatro ou cinco senadores do PMDB
votassem em Tião amanhã, quando o dia da votação é no dia da publicação da matéria.
56

As matérias do O Estado do Maranhão que marcam os trâmites gerais estão todas


anguladas ao favoritismo de Sarney e a indução se torna tão presente neste dia como em todos
os outros anteriores analisados até agora, mas um fato curioso que causa certa confusão na
cabeça do leitor/espectador neste ultimo dia é a contabilidade de possíveis adesões unidas as
palavras de confirmação de apoios, causando uma difícil interpretação e entendimento das
verdadeiras fontes dos votos.

No decorrer das noticias são dadas fontes para embasar a numeração dos votos,
mas como cada segmento afirma ter um determinado número de votos fica ainda mais difícil
entender a real situação. Dentre as fontes citadas no dia 2 de fevereiro estão: a Agência
Estado, que conta com 32 votos para Sarney e 24 para Viana; o próprio senador Tião Viana,
que contabiliza 48 votos para si e 38 para a oposição; e o senador Epitácio Cafeteira, que
conta com 45 votos para seu aliado Sarney e 36 para o candidato petista.

Na construção textual segue-se o resumo de todos os fatos jornalísticos como o


episódio da mudança do PSDB que antes apoiava Sarney e agora está apoiando Tião. Tal fato
é retratado novamente como traição induzindo a opinião do leitor a acreditar que o PSDB
mudou de posição por não ter seus desejos de cargos atendidos. Explicação várias vezes
comentada e exibida pelo jornal O Estado do Maranhão. Como cita o trecho da matéria
Enquete aponta favoritismo de Sarney à presidência do Senado publicada o dia 2 de fevereiro
“Os tucanos, que indicavam adesão à candidatura Sarney, mudaram de posição depois de não
terem atendidas as suas reivindicações, incluindo cargos na Mesa Diretora e nas principais
comissões.” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

Mantendo o clima de favorecimento a Sarney e traição do PSDB, as declarações


do senador Papaléo Paes são novamente utilizadas com o intuito de denotar sentidos negativos
ao partido e apoio mesmo de membros opostos a José Sarney.

“Mantenho meu voto no Sarney. Não entendi essa decisão do PSDB de ir para o
Viana”, afirmou Papaléo Paes (PSDB-AP). “Outros do meu partido vão manter o
voto no Sarney. Mas eu serei o único que vou confessar isso”, acrescentou. Outro
partido em que as traições são dadas como certas é o PDT - a expectativa é de que
pelo menos dois dos cinco senadores votem em Sarney. (O ESTADO DO
MARANHÃO, 2009.p.3).

Uma ligação inusitada foi percebida no desenvolvimento de nossas análises, assim


como percebemos o erro do Jornal Pequeno no dia 29 de janeiro relatando em uma matéria
que o PSDB ainda não tinha definido apoio a Sarney e logo em seguida na próxima matéria
57

afirma que o PSDB fechou com o senador tucano, no Estado do Maranhão do dia 2 de
fevereiro duas matérias se contradizem.

Na notícia Favoritos no Congresso o texto afirma o seguinte: “Nas contas feitas


ontem, Sarney deverá ser eleito com pelo menos 50 votos. Mas o próprio ex-presidente não
canta vitória, preferindo trabalhar até o último momento.” E em uma matéria anterior Sarney
declara “Não estou, de maneira alguma, preocupado. Tenho certeza que a convocação que me
foi feita pelos colegas do Senado, pelos partidos, certamente assegura uma grande e folgada
vitória” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3). A fragmentação dos fatos foi tão
utilizada que a divulgação e a conexão das matérias não foram atentamente observadas.

4.3.12 Dia 03 de Fevereiro de 2009

Como já detectado anteriormente, as duas matérias publicadas no Jornal Pequeno


novamente são de composição da Folha Online e intituladas PMDB assume comando do
Senado e da Câmara e Arthur Virgílio diz que „companhias‟ de Sarney não permitirão
avanços.

A primeira matéria trata da vitória no Senado e na Câmara por representantes do


PMDB e classifica o fato como “monopólio partidário” (JORNAL PEQUENO, 2009.p.3). Ao
longo do texto, o discurso utilizado pela Folha e reproduzi pelo Jornal Pequeno conta com a
presença do padrão de fragmentação, já que passa por uma seleção de aspectos e pela
descontextualização. O texto não condiz com o título, pois faz uma breve referência à carreira
política de Sarney e não se delimita apenas a abordar da presença do PMDB no comando das
duas Casas. Além disso, traz declarações de Sarney que não embasam o título e, ainda, faz um
breve resumo de toda a campanha política nos três últimos meses com acusações de partidos e
de políticos da oposição e trata da posição dos peemedebistas quanto às eleições presidenciais
em 2010. O jornal continua utilizando do recurso de implicar o uso das aspas a outro
significado semântico que não o da mesma, com um tom de zombaria dado às palavras sob o
uso das mesmas.

A última matéria neste dia é classificada no padrão de indução. Abramo (2009.


p.35) afirma que, neste padrão, a verdade é retorcida para que o leitor a aceite como esteja
58

sendo mostrada sem a possibilidade de modificação. Esta afirmação pode ser caracterizada
pela declaração de Virgílio:

“Eu pergunto se é possível se fazer renovação dos costumes da casa mantendo o


senhor Agaciel Maia [diretor-geral do Senado]? Na minha opinião, não é. As
pessoas do entorno do Senador José Sarney, eu vi ali não mudança, eu vi
conservação”, disse. (JORNAL PEQUENO, 2009. p.3).

Além disso, o senador Virgílio deixa a entender, em seus depoimentos ao longo


da matéria que a inovação tão esperada pelo partido não acontecerá, e não por causa de
Sarney, e sim, por causa de seus aliados. O Jornal Pequeno publicou no dia 30 de janeiro de
2009 algumas declarações de Arthur Virgílio afirmando que, se apoiasse Sarney, estaria
colaborando para a “manutenção da mesmice” (JORNAL PEQUENO, 2009. p.3).

Eleições definidas, o senador José Sarney (PMDB-AP) é eleito presidente do


senado derrotando senador Tião Viana (PT-AC) por 49 a 32. Dadas e atendidas às
expectativas do jornal O Estado do Maranhão em querer concretizar antecipadamente a vitória
de Sarney, o dia pós-eleição serviu de ilustração para enaltecer o vencedor publicando
matérias extremamente elogiosas e comprovativas de tudo o que ocorrera até esta data.

O discurso de posse de Sarney é publicado na íntegra e baseiam todas as matérias


publicadas neste dia. As induções podem ser confirmadas através das inversões das opiniões
pela informação, o frasismo é abundante com o teor de compromisso e exaltação do caráter do
senador vencedor, com o intuito de passar a imagem de idoneidade e as próprias declarações
do senador ilustram o dever e os desafios que o senador enfrentará o futuro, Sarney ressalta
que os interesses da casa estão em primeiro lugar:

“Tenho deveres de amizades, deveres partidários e deveres políticos. Mas não será
com o Senado que resgatarei qualquer dever de amizade, político ou partidário.
Acima de tudo isso, estão a independência, a autonomia, a dignidade e os grandes
interesses de nossa Casa. Que o Senado tenha a certeza de que reafirmaremos nossa
independência e exigiremos cada vez mais respeito à nossa instituição”, disse. (O
ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

A tarefa de induzir logo após uma vitória é uma estratégia minuciosamente


planejada, pois os fatos decorridos até o dia da eleição são fragmentados para direcionar o
sentido positivo ao que era demonstrado como negativo por outros veículos de comunicação,
em relação à oposição que tinha o dever de ultrapassar e até mesmo vincular a imagem do
opositor a algo pejorativo. Observando atentamente estes fatos, as matérias deste período
tratam de trazer a oposição para junto da base, induzindo uma possível ocultação de trâmites
partidários que geraram desconforto nas eleições. Senadores de oposição dão declarações
59

após a vitória de Sarney e o periódico de propriedade do senador exalta através de frasismos


os elogios da oposição:

Os senadores alinhados à candidatura de Tião Viana fizeram questão de ressaltar, em


seus discursos, a admiração que tinham pelo candidato do PMDB, José Sarney. O
líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), agradeceu a forma como foi tratado pelo ex-
presidente nas negociações para a aliança que não vingou com o partido. Lamentou
o fato dele não ter assinado a carta-compromisso dos tucanos, apesar de ter
concordado com os 12 pontos do documento. “O Sarney foi da maior dignidade
conosco. Nenhuma queixa. Só elogios”, ressaltou. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.3).

Dadas as proporções nacionais à eleição, trazer o fato jornalístico para a realidade


maranhense era uma estratégia calculada da manipulação. A opinião pública estadual firmaria
ainda mais a vitoriosa campanha do senador maranhense. Em todas as matérias, o excesso de
declarações se torna evidente para caracterizar o real sentido e importância do acontecimento,
como é visto na matéria Conterrâneos enfatizam importância política, com declarações dos
senadores Epitácio Cafeteira, Roseana Sarney, Edison Lobão Filho e do deputado Gastão
Vieira.
Já assumido o alto posto do senado, Sarney rebateu todas as críticas em que fora
acusado de retrógrado, injusto e velho. Com a oportunidade de ser unicamente ouvido naquele
momento Sarney, de certa forma, aproveitou para rebater e induzir o direcionamento de
informações antes vinculadas a seu nome e o jornal O Estado do Maranhão usa o discurso
como fato a ser noticiado, induzindo, através das opiniões do presidente do Senado, o
discernimento do leitor:

“Ouvi muitos discursos aqui. Uma parte quero contestar porque é injusta. Desde que
comecei como político, sempre procurei caracterizar-me como inovador. Nunca
meus olhos ficaram como lanternas voltadas para trás. [...] Não me chamem de um
homem retrógrado, como se fosse um velho que chega aqui sem querer renovar o
Senado. Sempre tive esta vontade”, afirmou. “Fundei os primeiros circuitos fechados
de TV, depois a primeira TV educativa do Brasil. Não me chamem de um velho que
não tem gosto pela inovação. aqui no Senado, quando cheguei, a idéia da
informatização foi minha. Acho injusta a informação de que é um retrocesso eu
disputar o Senado.” (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.5).

Para fortalecer a imagem de político experiente e conhecedor dos trâmites que


envolvem o cenário da política nacional, uma biografia de Sarney é publicada com o intuito
de firmá-lo como a melhor escolha para presidir o Senado.

Na coluna Estado Maior percebe-se o caráter de afirmação que a linha editorial do


jornal O Estado do Maranhão apresentou desde o começo das eleições, dando apoio
exacerbado a Sarney e fazendo críticas ao governador Jackson Lago devido às disputas
políticas iniciadas desde antes da derrota da senadora Roseana Sarney.
60

Confirmando prognósticos isentos e mergulhando, mais uma vez, seus adversários


na frustração, o ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB) se
tornou ontem o primeiro senador a comandar a Câmara Alta e o Congresso Nacional
pela terceira vez. A repercussão mais forte da sua eleição foi mesmo no Maranhão.
Explica-se: o governador Jackson Lago e seus “balaios” resolveram meter o bedelho
na eleição da Presidência do Senado. À custa de dinheiro público, Lago bancou uma
campanha destinada a atacar o ex-presidente da República. Planejou errado e se deu
mal, já que a campanha foi um fracasso retumbante. O fato é que o meio político
maranhense ganhou fôlego ontem, com os “balaios” e seus aliados em baixa,
comprimidos por uma verdade que se consolidou definitivamente: a de que José
Sarney é o grande nome do Congresso Nacional. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.3).

Nesta coluna, a fragmentação pela seleção dos aspectos e a interpretação dos fatos
se torna evidente como ferramenta de manipulação, descontextualizando o sentido original
dos fatos e redirecionando a visão que o órgão de comunicação quer que o leitor tenha, uma
indução do senso crítico.

O editorial História, dignidade e fé, não traz nada de novo em relação a todos os
textos apresentados pelo veículo em questão. Fatos fragmentados e indutivos não só
caracterizam este editorial, como a mesma ordem de construção textual é seguida por todo o
conteúdo publicado, repassando de forma elogiosa a vitória do senador maranhense. Ressalta
a história de vida, as dificuldades que o país sofre economicamente e afirma que José Sarney
é o líder mais preparado para presidir o Senado em um momento como esse. A indução é
exacerbada pela repetição das mesmas palavras e informações em cada matéria e nota
relacionada ao tema. Tal acontecimento nos atenta a pobreza de conteúdo e ausência de
criatividade na angulação das matérias:

Como registra sua biografia, Sarney é um vencedor, demolidor de obstáculos, e


um lutador que nunca se dobra, mesmo diante das situações mais complicadas. E
a eleição de ontem foi um exemplo da sua capacidade de líder com entraves e de
driblar a adversidade. Ontem, o senador José Sarney honrou a classe política
brasileira e entrou definitivamente para a História como um dos seus maiores
nomes em todos os tempos. E o fez com a humildade de um homem de fé,
agradecendo a Deus pelo destino que lhe deu. (O ESTADO DO MARANHÃO,
2009.p.4).

4.3.13 Dia 04 de Fevereiro de 2009

Passados dois dias da eleição da eleição no Senado, o Jornal Pequeno publica um


editorial cheio de intenções e mensagens diretas a Sarney. Intitulado de Políticos sem alma, o
texto compara atitudes de políticos como o senador eleito à definição de poder dada por
61

Maquiavel em sua obra O Príncipe, em que afirmava que política é a arte de conquistar,
manter e exercer o poder, o próprio governo. (JORNAL PEQUENO, 2009.p.2). O texto,
enquadrado no padrão de inversão da opinião pela informação, avalia que

Sarney chegou mais uma vez à presidência do Senado a troco de prebendas e


favores, que sua performance na luta pelo poder desenvolve-se precisamente a partir
da dubiedade, da falsidade e do oportunismo rançoso que o atual presidente da
Assembléia condena. (JORNAL PEQUENO, 2009.p.2).

Outra notícia veiculada no Jornal Pequeno no mesmo dia segue o padrão de


manipulação pela indução, refrescando a memória do leitor com todos os atos de corrupção
dos aliados de Sarney, como o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, o
senador Renan Calheiros, o deputado federal Francisco Escórcio, o diretor financeiro da
Eletrobrás Astrogildo Quental e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Uma vez consignada a vitória, as atividades como novo presidente do Senado


fazem parte da rotina de José Sarney e, obviamente, o jornal de propriedade do senador do
Amapá conduz seus noticiários baseado somente em induzir e controlar a opinião pública com
o intuito de repassar a sociedade o caráter de renovador e político sério em cenário nacional.

A primeira ação anunciada em O Estado foi o corte de 10% no orçamento do


Senado, o que representa uma economia entre R$ 50 milhões nos cofres públicos. Em meio ao
clima de trabalho, volta à cena uma discussão iniciada na época das eleições: os acordos
firmados entre os partidos e a polêmica da troca em instantes finais do apoio do PSDB a Tião
Viana. O Estado do Maranhão continua sua função de assessoria de imprensa quando atribui
a Sarney uma imagem de apaziguador em meio às disputas por posse em cargos importantes:

O impasse está justamente na 4ª secretaria onde PDT, que se alinhou à candidatura


de Tião Viana (PT-AC), e o PR, que apoiou Sarney, reivindicam a vaga. Devido à
disputa, o presidente deixou para realizar a eleição nesta quarta-feira. Ele tenta um
acordo para que não haja a briga no voto. Ambos os partidos elegeram em 2006
quatro senadores e hoje estão com cinco. Sarney disse esperar o consenso entre as
legendas. “Acredito sempre que vamos encontrar um terreno de concórdia, de
interesse comum e que se possa concluir a eleição da mesa diretora tranquilamente”,
declarou. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

Assim como foi feito em outras publicações, o veículo tenta trazer planejadamente
a eleição para dentro do Maranhão. Tal fato ocorre utilizando novamente as versões pelo fato
em discussão. Relatos de conterrâneos políticos embasam a matéria, a maioria das declarações
citadas como fatos jornalísticos foram coletadas na Assembléia Legislativa do Estado do
Maranhão e fazem alusão histórica a época que Sarney foi presidente da república, citando as
62

dificuldades passadas pelo país naquele momento induzindo que o senador maranhense seria a
melhor escolha devido suas experiências em épocas de crise.

Os deputados Joaquim Haickel (PMDB), Chico Gomes (DEM), Graça Paz (PDT),
Penaldon Moreira (PSC), Alberto Franco (PSDB) e Antonio Carlos Bacelar (PDT)
exaltaram ontem, em discursos na tribuna da Assembléia Legislativa, a eleição do
senador José Sarney (PMDB) à presidência do Congresso Nacional. Os deputados
César Pires, Max Barros e Carlos Alberto Milhomem - todos do DEM – também
exaltaram a vitória de Sarney em conversa com jornalistas. Primeiro a subir à
tribuna, Joaquim Haickel levantou um pouco da história política de Sarney e frisou
ser ele o responsável pela tranquilidade democrática e pelo desenvolvimento
econômico que o Brasil desfruta hoje. “Hoje, o Brasil não é mais o país da inflação,
não é mais o Brasil da Ditadura. Isto ocorre hoje porque, muito antes, um
maranhense teve que engolir seco para trazer o Brasil à democracia” frisou Haickel.
(O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

Como feito em outras edições, a coluna Estado Maior dá prosseguimento a


análise a fim de dar conhecimento ao leitor da situação política em que o país e o Maranhão
se encontram. O texto Controle e Severidade evidentemente proporciona total glória a Sarney
por qualquer ação que o senador venha a fazer. Induzindo e fragmentando os fatos, a linha
interpretativa da construção textual contextualiza e insere a visão editorial na vida e no
cotidiano dos leitores:

O gestor público José Sarney é também partidário intransigente da transparência nos


gastos públicos. Sua maior contribuição para que os gastos de governos sejam do
conhecimento do contribuinte foi a criação do Sistema Integrado de Administração
Financeira do Governo Federal (SIAF), um revolucionário mecanismo de controle e
acompanhamento dos gastos públicos. Depois de sua implantação, durante o seu
mandato presidencial, a administração pública nunca mais foi a mesma e os
distúrbios foram drasticamente reduzidos. Ninguém, portanto, deve ter qualquer
dúvida de que o controle dos gastos do Senado será severo nesta gestão, como o foi
nas outras duas comandadas por Sarney. Com a diferença que a severidade tem
como motivo uma crise monumental. (O ESTADO DO MARANHÃO, 2009.p.3).

Terminado deste estudo, a interpretação dos textos identificou quantitativamente no


Jornal O Estado do Maranhão a presença dos padrões de: ocultação por 6 vezes; de
Fragmentação por 17 vezes; Inversão da relevância dos aspectos por 2 vezes; inversão da
forma pelo conteúdo por 3 vezes; Inversão da versão pelo fato, por 7 vezes; Inversão da
Opinião pela Informação por 9 vezes; e, o padrão de indução por 24 vezes, predominando,
assim, sob o discurso do jornal. No Jornal Pequeno, foram identificadas a presença dos
padrões de: ocultação, em 3 das matérias publicadas; fragmentação, em 6 das notícias;
Inversão da relevância dos aspectos, por 3 vezes; Inversão da forma pelo conteúdo, por 2
vezes, sendo a mesma quantidade de apresentação do padrão de inversão da versão pelo fato;
Inversão da opinião pela informação por 10 vezes; e padrão de indução, também
predominante neste jornal, se apresenta por 14 vezes.
63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa, analisou-se e identificou-se os padrões de manipulação da mídia


de acordo com as classificações de Perseu Abramo, no discurso das matérias dos jornais O
Estado do Maranhão e Jornal Pequeno, os dois principais veículos de comunicação impressos
do Maranhão. Entretanto, não se pretendeu determinar qual dos dois periódicos é o detentor
da verdade, uma vez que cada jornal possui linha editorial própria, estabelecida de acordo
com suas visões políticas.

O discurso naqueles jornais permitiu contextuar e situá-los politicamente, uma vez


que se percebe um discurso desequilibrado e tendencioso quanto à candidatura e eleição de
José Sarney à presidência do Senado, fazendo com que a imagem do candidato fosse
favorecida ou desfavorecida de acordo com a intenção da linha editorial da empresa de
comunicação.

As notícias produzidas pelos dois impressos e analisadas de acordo com os


propósitos desta pesquisa, permitiram a identificação de um processo de seletividade de fatos
no momento da edição, trazendo textos voltados para interesses político-ideológicos de
determinados grupos, fazendo com que os fatos aparecessem distorcidos e fossem
apresentados diferentemente da forma que eles realmente são. Tanto o jornal O Estado do
Maranhão quanto o Jornal Pequeno tratam de forma expressiva as suas preferências políticas.

O Jornal Pequeno ataca de forma explícita e agressiva o grupo Sarney. Percebeu-


se que as matérias, em sua maioria, são originadas em agências de notícias e não pela equipe
de jornalismo deste veículo. Além disso, a maioria de seus artigos trata a notícia com o tom
opinioso, ou seja, consideram as opiniões dos seus entrevistados como se fosse o fato em si, o
que não pode ser considerado como verdadeiro, visto que estes entrevistados são aliados
políticos à oposição que o grupo do Jornal Pequeno representa. O veículo também apresenta,
no recorte histórico desta análise, matérias contraditórias entre si e publicadas no mesmo dia.
Também foi identificada a má organização e distribuição das notícias em alguns casos,
podendo ser encontradas notícias do tema da política nas páginas policiais.

O jornal O Estado do Maranhão é utilizado como ferramenta de propagação


ideológica. Nas discussões analíticas percebe-se que a angulação das matérias remete
diretamente a indução de caráter propagandístico com objetividades claras de controle social.
64

Grande parte de seus textos que remetem à política nacional são produzidos pela Agência
Senado, mas obviamente, as notícias reproduzidas no periódico maranhense são voltadas à
boa imagem do Senador José Sarney. Suas ações e declarações são sempre retratadas e
denotadas para um sentindo positivo em relação a seu adversário nas eleições para a
presidência do Senado, o senador Tião Viana.

As matérias que são produzidas pelos repórteres do órgão de comunicação de


Sarney direcionam o sentido das mesmas para disputas políticas internas. Quando são
analisadas as matérias de O Estado, observa-se que o assunto principal era a disputa pela
presidência do Senado, porém, o fato sempre se interligava à disputa política da família
Sarney com o até governador do Maranhão, Jackson Lago, cassado após 2 anos de mandato
por abuso de poder político. Jackson venceu Roseana Sarney, filha do Senador José Sarney,
nas eleições para governador em 2006. A adjetivação é utilizada de maneira exacerbada,
conotações exageradamente positivas são atribuídas a Sarney, enquanto termos pejorativos
são empregados a Tião Viana. A essência deste trabalho é a observação e a análise dos
padrões de manipulação na grande mídia maranhense tais padrões são encontrados no jornal
de propriedade de José Sarney em forma de construir uma ideologia a ponto de induzir o
leitor a absolver seus critérios de noticiabilidade e opiniões editoriais.

Encontrou-se nenhuma dificuldade em enquadrar as matérias em questão nos


padrões de manipulação relacionados por Abramo em cada veículo que serviu como objeto de
pesquisa, sendo que ambos apresentam, em sua maioria, mais de uma possibilidade de
classificação, já que os padrões não seguem uma seqüência classificatória e podem ser
apresentados em grupos nas notícias.

Em relação às especificidades que esta análise identificou, conclui-se que a


produção da notícia nos meios de comunicação maranhense está marcada pelas relações de
poder político vigente no meio sócio-político em que se vive. Percebe-se que o Jornal O
Estado do Maranhão, por estar ligado ao grupo Sarney, tem uma linha editorial atrelada aos
ideais políticos dos mesmos, assim como o Jornal Pequeno possui a sua linha editorial voltada
à oposição.
Trabalhada a relação da mídia com a política, que é tratada também neste
trabalho, pode-se afirmar que os veículos impressos analisados pautam sua produção
jornalística de acordo com os interesses do grupo que os dominam, considerando as análises
feitas nesta pesquisa.
65

Por fim, considerando os teóricos que embasaram este trabalho, afirma-se que os
veículos impressos locais utilizam os padrões de manipulação, mesmo que de forma
inconsciente, para atingir os seus objetivos.
66

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Periódicos

O Estado do Maranhão. São Luís, 23 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 24 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 25 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 27 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 28 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 29 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 30 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 31 de janeiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 1 de fevereiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 2 de fevereiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 3 de fevereiro de 2009.

O Estado do Maranhão. São Luís, 4 de fevereiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 23 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 24 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 25 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 26 de janeiro de 2009.


70

Jornal Pequeno. São Luís, 27 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 28 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 29 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 30 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 31 de janeiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 1 de fevereiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 2 de fevereiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 3 de fevereiro de 2009.

Jornal Pequeno. São Luís, 4 de fevereiro de 2009.


71

ANEXOS
72

Por Serra, oposição apóia José Sarney no Senado

23 de janeiro de 2009

PSDB e DEM avaliam que disputa atrai peemedebistas para a candidatura do


governador de SP à Presidência em 2010

Interessados na adesão do PMDB à candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto, o alto


tucanato e o comando do DEM se mobilizam para fechar o apoio dos dois partidos à eleição
de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado.

Na quarta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para o presidente do


PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), defendendo a formalização de apoio ao peemedebista.
“Vamos todos votar num candidato só”, disse Guerra, após reunião com o governador de
Minas, Aécio Neves, defensor da eleição de Sarney.

Além da atuação de FHC, o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen (SC) visitou o senador
Demóstenes Torres (GO), que se recupera de uma cirurgia em São Paulo, para consultá-lo
sobre os rumores de que votaria no petista Tião Viana (AC). “Demóstenes está fechado com o
DEM, que já manifestou apoio a Sarney”, assegurou Bornhausen. No PSDB e no DEM, a
avaliação é que a disputa no Senado atrai o PMDB para a candidatura Serra.

Caso Lunus – Atualmente os Sarney representam um dos principais focos de resistência à


aliança com o governador paulista, a quem atribuem as investigações da Polícia Federal que
enterraram a candidatura de Roseana Sarney à Presidência em 2002. Na operação da PF, R$
1,3 milhão em dinheiro foi apreendido na Lunus, empresa de Roseana. Segundo Guerra, Serra
disse que não pretende interferir na eleição no Senado. Mas, segundo tucanos, a omissão é
tida como um gesto pró-Sarney. Já Aécio “manifestou simpatia” à candidatura do senador.
No momento, Sarney conta com o apoio oficial do PMDB, do DEM e do PP, o que
oficialmente lhe renderia 34 dos 41 votos necessários para a vitória. Além do seu próprio
partido, estão ao lado de Viana, PSB, PC do B, PRB, PR e PSOL. Ontem, ele ganhou o apoio
do PDT. Somados esses partidos, ele estaria hoje com 26 votos. O PDT também anunciou que
na Câmara apoiará o candidato Michel Temer (PMDB-SP). (Folha de S. Paulo)
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Em todas as vitrines

24 de janeiro de 2009

Dois acontecimentos a nível nacional chamam a atenção da classe política. A probabilidade


de Sarney voltar à presidência do Senado, enfraquecendo o Partido dos Trabalhadores, e a
iminente intimação do filho do senador, Fernando, para depor em inquérito aberto na Polícia
Federal.
São notícias que dizem respeito diretamente ao Maranhão, vítima contumaz da corrupção
descarada e vítima também do inconformismo do senador que desde que deixou de comandar
as forças políticas do Estado abriu diversas frentes de combate ao desenvolvimento e ao
progresso. Além de engendrar nos bastidores da Justiça a cassação do governador Jackson
Lago.
A idéia é fazer com que os maranhenses paguem caro a derrocada do grupo político que
insiste em se alimentar das benesses do poder.
Para o PT, perder o comando das duas casas legislativas do país significa render-se, de uma
vez por todas, ao PMDB como principal força política da Federação. Para Fernando Sarney, a
notícia de sua intimação representa uma queda valorativa na influência que o último herdeiro
da ditadura militar, seu pai, ainda possa exercer nos bastidores da República.
Os dois acontecimentos se misturam porque é provável que a intimação de um provoque a
desistência do outro na luta pela presidência do Senado. Sarney eleito presidente da Câmara
Alta do país estará em todas as vitrines, exposto às pedradas dos adversários políticos. E seu
filho é, hoje, o mais visível alvo da Polícia Federal e do Ministério Público.
A ocupação simultânea de duas casas legislativas pelo PMDB, além de ser um fenômeno
histórico, deixará a impressão de que o presidente da República se afasta cada vez mais do
Partido dos Trabalhadores e se integra às forças reacionárias que elegeram a ideologia do "é
dando que se recebe", do "toma lá dá cá", como principal prática política do país.
Não se tirem as razões do governador Jackson Lago ao tratar de retrocesso uma eventual
vitória de Sarney para a presidência do Senado. Não apenas por suas ligações com a direita
que sustentou a ditadura militar, mas também pelo impacto que isso representará nas
instituições públicas. Há gente demais em torno de Sarney envolvida em denúncias de
corrupção. Não apenas o chamado Grupo da Poli, mas quase todos aqueles por ele indicados
para ocuparem cargos públicos no país.
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Por outro lado, a tardia decisão de intimar Fernando Sarney a depor traz de volta o foco dos
holofotes para os membros da família, quase todos eles listados em complexas operações
financeiras que vão das propinas (Gautama) à remessa de divisas para o exterior. É uma
situação que faz de Sarney um candidato não recomendável para a saúde moral do Senado e
do Brasil.

SARNEY: SEM CONSENSO E SEM LULA

24 de janeiro de 2009

Haroldo Saboia

O senador José Sarney, após meses fazendo campanha pelo consenso em torno de seu próprio
nome para a presidência do Senado, acabou derrotado.
Foi uma campanha inovadora. Todos os dias, o velho coronel fazia publicar uma declaração
sua negando ser candidato, tendo o cuidado sempre de lembrar que "se chamado por seus
pares", para "evitar disputas inúteis", poderia pensar em aceitar ser "o nome de consenso".
E sempre, sempre, dava lá o seu jeito para que os jornalistas nunca esquecessem ser ele,
Sarney, "o candidato preferido do presidente Lula".
Creio que muitos brasileiros (e brasileiras) foram convencidos de que o presidente Lula não
pensou em outra coisa, em suas férias de fim de ano, na Ilha de Fernando de Noronha, a não
ser em Sarney, presidente por consenso do Senado. É que do Natal ao Dia de Reis, não vi
jornal que não lembrasse que a primeira coisa que faria o Lula quando voltasse a Brasília era
falar com o Sarney.
O jornalista Kennedy Alencar, repórter especial da Folha de São Paulo, chegou mesmo a
afirmar;
"Lula deseja uma conversa definitiva com José Sarney. Se ele disser sim, Lula falará com o
senador Tião Viana (AC), candidato do PT a presidente do Senado, para que ele desista da
candidatura" (Folha de São Paulo, 14/01/2009).
Sarney disse sim e Lula, não. (O primeiro, que era como sempre foi candidatíssimo; o
segundo, que não o apoiaria nem tampouco pediria a desistência do senador Tião Viana).
O velho coronel Sarney acabou, assim, sem consenso e sem Lula; mas agarrado como nunca
em suas ambições e interesses.
75

Derrotado, comete um gravíssimo erro na própria formulação de sua candidatura. Na matéria


que citamos, o colunista da Folha de São Paulo afirma:
- "Sarney quer ser candidato para fortalecer o seu clã político no Maranhão";
- "a Presidência do Senado daria ao ex-presidente da República força para tentar frear
eventual operação da Polícia Federal contra um filho dele"
Essas afirmações - não contestadas nem desmentidas - são reveladoras tanto quanto
estarrecedoras.
Reveladoras, pois, informam ao país que um seu ex-presidente da República ao colocar,
meses a fio, seu nome a disposição de seus pares para presidir o Senado e o Congresso
Nacional, o fazia não por espírito público, por ideais republicanos, mas por mesquinhas
motivações decorrentes de disputas regionais.
Estarrecedoras à medida que dão conta que o senador José Sarney busca o cargo também com
propósitos confessadamente criminosos tais como o de obstruir investigações policiais e
eventuais processos judiciais contra seu filho e sócio, Fernando Macieira Sarney, em
liberdade por força de salvo conduto.
Deste episódio fica claro que o presidente Luis Inácio Lula da Silva não se deixou levar pela
cantilena consensual do seu caríssimo aliado José Sarney (Ministério de Minas e Energia,
Eletrobrás, Eletronorte, ANTAQ, Banco da Amazônia, todos os cargos federais no Maranhão
e Amapá, etc. etc. etc.).
Enquanto José Dirceu, com certeza por afinidades éticas, acha natural apoiar Sarney e reitera
em seu blog de 21/01/2009 "inclusive para lhe fortalecer frente às derrotas no Maranhão",
Lula, inteligente, já percebe enfraquecimento de Sarney. (Não é a toa que Lula é presidente
com 80 por cento de aprovação, e Dirceu não pode sequer freqüentar lugares públicos...)
Paciente e exímio negociador, amadurecido nos embates sindicais, Lula tem extraordinária
intuição política e aguçado sentido de autoridade. Não se deixa pautar por matérias como
aquelas que Sarney costuma tanto "plantar" na imprensa. Quantas vezes não lemos nos jornais
que Lula iria oferecer o Ministério da Saúde em troca do apoio do senador Tião Viana a
Sarney?
Sem Lula e sem consenso, Sarney caiu na vala comum e sua campanha no vale tudo.
Já voltou até mesmo, em outras escalas e graus, a oferecer troca-troca de votos. Agora, dizem
correligionários seus nos quatro cantos de São Luis sem pedir segredo, Sarney estaria, enfim,
disposto a negociar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vaga na Academia
Brasileira de Letras em troca do apoio do PSDB a sua candidatura a presidência do Senado.
76

(Nesse andar da carruagem, Sarney vai ter logo, logo, que propor aumento de cadeiras na
ABL).
O certo é que não está fácil para o velho coronel da Maguary.
Como convencer o PSDB e o PFL, partidos de oposição a Lula, com forte presença no Senado
a abrir mão da presidência de Comissões importantes como a de Justiça, a de Relações
Exterior, e a de Economia? Esses cargos fariam parte de um protocolo a ser formalizado pelo
senador Tião Viana, do PT, e as bancadas dos tucanos e pefelistas.
Apoiada por partidos de esquerda e centro esquerda, como o PSOL e o PDT, a candidatura do
petista Tião Viana ganha força apesar de toda a influencia que Sarney ainda tem na grande
imprensa. Mas é questão de tempo.
Derrotado na busca do consenso, derrotado na tentativa de conquistar o apoio de Lula, Sarney
agora será derrotado no voto, como no voto foi derrotada sua filha Roseana pelos
maranhenses que elegeram Jackson governador.
Nota:
Recebi do Secretario de Estado do Turismo, Sr.João Martins, carta tentando explicar a
exclusão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses na disputa pela escolha das 7
Maravilhas Naturais do Mundo . Nela o Dr. João Martins afirma:
... "pessoas, órgãos, comitês é que falharam em suas proposições inclusive assumindo sem a
devida competência suas funções e gerando fracasso.
Como faço parte de uma equipe de Governo muitas vezes necessitamos ficar em silêncio para
não gerar conflitos, porém o Senhor Governador tem conhecimento de todos estes fatos."

Haroldo Saboia, 58 anos, economista, advogado, Constituinte de 1988.

PT mantém rejeição a Sarney na disputa pelo comando do Senado

24 de janeiro de 2009

Berzoini afirma que a disputa entre Tião e Sarney será decidida no voto
Brasília - O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse ontem que a
disputa entre os senadores Tião Viana (PT-AC) e José Sarney (PMDB-AP) pela presidência
do Senado será decidida no voto. Apesar de reconhecer que Sarney integra um partido aliado
ao governo federal, Berzoini disse que a candidatura do peemedebista "não contribui" para o
processo democrático.
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"Sarney é um aliado do governo desde 2003. O PT ajudou a elegê-lo naquela eleição. Mas sua
candidatura, apresentada na reta final do processo, depois de inúmeras negativas, inclusive em
interlocução com o senador Tião Viana, não contribui para o processo", disse Berzoini em
entrevista ao site do PT.
O deputado reiterou que os petistas vão se manter na campanha do deputado Michel Temer
(PMDB-SP), na disputa pelo comando da Câmara, mesmo com a ameaça do PMDB ficar com
a presidência das duas Casas Legislativas.
Berzoini foi enfático ao afirmar que a candidatura de Tião será mantida até o final. "A
candidatura de Tião está mantida e a decisão será no voto, a partir da avaliação de bancadas e
também de cada parlamentar", disse. O petista afirmou que Tião lançou sua candidatura no
final do ano passado e que representa a renovação que o Senado necessita.
"O Tião Viana colocou seu nome com antecedência e com uma proposta política, respaldada
pela maneira como conduziu uma interinidade difícil, em momento de grande crise no
Senado. Tião representa uma renovação, com apoio de seis partidos e de vários senadores
individualmente", afirmou. As eleições para os comandos do Senado e da Câmara estão
marcadas para o dia 2.
Palpite - Berzoini evitou arriscar um palpite sobre os efeitos do impasse no Senado na
campanha de Temer na Câmara. "Esse assunto se resolve no dia da eleição. Cabe a todos que
defendemos o governo dissociarmos o assunto da eleição da Mesa com os interesses maiores
do país e as respectivas votações", afirmou.
O petista classificou a Câmara como um espaço "gerado para intrigas e tentativas de
desestabilização", mas garantiu que seu partido vai manter o acordo com Temer e ficará com
ele na campanha.
"Quanto à Câmara, apesar do espaço gerado para intrigas e tentativas de desestabilização,
entendo que o PT está unido em torno do cumprimento do acordo firmado em 2007 e que os
demais apoiadores de Michel Temer também estarão firmes. Vamos trabalhar para que a falta
de acordo do PMDB com o PT no Senado não desestabilize o quadro para a eleição do Temer.
Acordo se cumpre e palavra dada deve ser palavra honrada", disse.
No entanto, políticos que acompanham as negociações afirmam que o PT deverá ir rachado no
dia da eleição e não deve apoiar de forma integral o nome de Temer. Mas, no último dia 20, o
peemedebista se reuniu com vários aliados, entre eles petistas que lhe asseguraram que a
bancada se manterá unida a seu favor. No próximo dia 30, a bancada do PT na Câmara deverá
se reunir para tratar do assunto e oficializar uma posição.
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SARNEY QUER SER PRESIDENTE DO SENADO

25 de janeiro de 2009

Jersan Araújo

O senador José Sarney quer presidente do Senado Federal pela terceira vez. E será. Apesar de
ter dito e repetido muitas vezes que não seria candidato, no fundo, gostaria de receber um
apelo do presidente Lula e ser aclamado pelos colegas de partidos atrelados ao governo.
Paralelamente, agia à calada da noite, e viabilizou-se com o apoio dos partidos de oposição,
com destaque para o PSDB e DEM. Diante da impossibilidade de Lula em abraçar a sua
candidatura e da recusa do petista Tião Viana em renunciar, o senador amapaense sinaliza, a
essas alturas, apoio ao candidato da oposição ao do presidente Lula, principalmente se esse
candidato for Aécio Neves.
As mágoas que guarda contra o governador de São Paulo, José Serra, a quem é atribuída a
denúncia contra Roseana Sarney em 2002, que culminou com a retirada da candidatura dela à
Presidência da República, também, são "negociáveis" desde que o PSDB se disponha,
realmente a apoiá-lo. Não há dúvida de que o motivo preponderante dessa postulação do
senador amapaense está diretamente ligada à necessidade de ter mais poderes para tentar
livrar o filho das garras da justiça e da polícia. Quer salvar, como sempre o fez, a própria pele
e a pele dos seus filhos, envolvidos em atos ilícitos.
Cheguei a admitir nesta coluna que o senador José Sarney não teria coragem de disputar, no
voto, a presidência da Câmara Alta. Errei na avaliação. Nas confirmo que essa "disposição"
dele de "topar a briga" está impulsionada pela necessidade de adquirir mais poderes e
influenciar nas decisões sobre os processos envolvendo o filho Fernando Sarney. Para ver
prosperar os próprios interesses, Sarney enfrenta qualquer desafio, e, para tanto, usa o partido
em que estiver (agora o PMDB) e o Maranhão, como moeda de troca, como bem o diz o
deputado Julião Amim (PDT) e ratifica Domingos Dutra (PT).
O senador amapaense não está um pouco incomodado se a sua candidatura vai ou não
prejudicar a eleição de Michel Temer para a direção da Câmara Federal. Também, a essas
alturas, não se está nem aí para Lula, em fim de mandato. Assim foi em 1985 quando chutou
seus aliados do regime militar e se transformou no mais ferrenho defensor da candidatura de
Tancredo Neves, de quem foi vice-presidente e depois, com a morte do mineiro, ascendeu à
Presidência da República.
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PSDB faz exigências para apoiar Zé Sarney na disputa no Senado

26 de janeiro de 2009

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Para apoiar Sarney, PSDB exige a vice e 2 comissões

Convertido em fiel da balança da disputa pela presidência do Senado, o PSDB está a um passo
de fechar com José Sarney (AP), o candidato do PMDB. Os tucanos exigiram de Sarney três
postos. Se forem atendidos, fecharão as portas para Tião Viana (AC), o candidato do PT. Eis
as posições reivindicadas pelo PSDB: Na primeira vice-presidência, o tucanato deseja
acomodar na cadeira o senador Marconi Perilo (PSDB-GO).
Para a Comissão de Assuntos Econômicos, o PSDB não abre mão de entregar a presidência
dessa comissão ao senador Tasso Jereissati (CE). Para o comando da Comissão de Relações
Exteriores, os tucanos indicaram Eduardo Azeredo (MG).
As exigências do PSDB foram levadas a Sarney pelo líder tucano Arthur Virgílio (AC). O
candidato mostrou-se receptivo. Sarney condicionou o atendimento das exigências apenas a
um acerto com os líderes dos demais partidos que o apóiam. Incumbiu-se Renan Calheiros
(AL), virtual novo líder do PMDB e centro-avante de Sarney, de conduzir a articulação que
deve levar à formalização do acordo.
Fixou-se a próxima quarta-feira (28) como data limite para a conclusão das negociações.
Nesse mesmo dia, Sarney reúne o PMDB num almoço. O encontro servirá para oficializar a
candidatura de Sarney e sacramentar a saída de Garibaldi Alves (PMDB-RN) do jogo. No dia
seguinte, quinta-feira (29), reunem-se as duas bancadas de oposição: a do PSDB e a do DEM.
No caso dos 'demos', que já fecharam com Sarney, o encontro da bancada será mera
formalidade. Vai-se apenas ratificar o decidido. Quanto aos tucanos, se forem atendidos em
suas reivindicações, tendem também a derramar os seus 13 votos no colo de Sarney.
É essa a tendência de Arthur Virgílio e do presidente do PSDB, Sérgio Guerra. A dupla
recebera, no final de 2008, delegação da bancada para tratar do tema. Confirmando-se a
adesão do PSDB a Sarney, só por um milagre o petista Tião Viana prevaleceria na disputa
pelo comando do Senado.
Dentro do próprio PT a posição do PSDB é vista como definidora do jogo. Vem daí o esforço
de Tião Viana para arrastar para o centro da disputa o governador José Serra. Tião já teve
duas conversas telefônicas com Serra, que não se bica com Sarney. Deve ter uma terceira.
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Parte-se da avaliação de que um pedido de Serra, hoje o presidenciável tucano mais bem-
posto nas pesquisas, poderia inverter a tendência da bancada do PSDB. Por ora, Serra não se
moveu na direção pretendida por Tião. Parceiros de 2010, líderes do PSDB e do DEM
duvidam que o governador venha a fazer o pedido.
Ainda que Serra peça, não é negligenciável a hipótese de não ser atendido. No final de 2007,
Serra recomendara a aprovação da CPMF. Os senadores tucanos votram contra. De resto, o
sarneyzista DEM também mexe os seus pauzinhos em São Paulo. Jorge Bornhausen (DEM-
SC) esteve com o ex-presidente FHC.
O petista Jorge Viana, ex-governador do Acre e irmão do candidato do PT, também foi a
FHC. Contou a lideranças petistas ter ouvido dele palavras de apreço a Tião. A julgar, porém,
pelo telefonema de apoio que FHC deu a Sarney na sexta (23) a embaixada de Bornhausen
teve mais sucesso.
Na fase em que o candidato do PMDB inda era Garibaldi Alves, Tião Viana colecionara algo
como seis promessas de voto no DEM e dividira ao meio a bancada do PSDB. Com Sarney,
afirmam lideranças 'demos' e tucanas, a chance de haver defecções seria pequena, muito
pequena, mínima.
(Blog de Josias de Souza).

Tião diz que terá apoio de cinco peemedebistas

27 de janeiro de 2009

Brasília - O senador Tião Viana (PT-AC), que disputa a presidência do Senado, aposta no
apoio de pelo menos cinco dos 20 senadores do PMDB à sua candidatura -mesmo após o
ingresso do senador José Sarney (PMDB-AP) na disputa. Embora o PMDB oficialmente
mantenha o discurso de que estará unido em torno de Sarney, candidato do partido, Tião disse
que um grupo de peemedebistas já manifestou interesse em apoiar o seu nome na corrida pelo
comando do Senado.
"Eu acredito que terei o apoio de cinco a sete senadores do PMDB, além de votos no DEM e
no PTB, hoje não muito simpático à minha candidatura. Isso sem contar os seis partidos que
já declararam apoio ao meu nome", afirmou.
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O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse não acreditar em um racha no


PMDB capaz de viabilizar a vitória de Tião. "Acho muito pouco provável que exista uma
dissidência deste tamanho no partido. Se ele tiver colocando esses votos na conta dele, vai
acabar dando conta errada", afirmou o peemedebista.
Garibaldi, que recuou de sua candidatura em favor de Sarney, disse não acreditar em traições
contra o peemedebista na bancada -mesmo com a votação secreta no plenário do Senado. "Se
ele [Tião] estiver esperando isso, tá mal. Eu tenho falado com os senadores e não noto esse
propósito [de traições]."
O DEM vai oficializar esta semana o apoio à candidatura de Sarney, mas Tião se mostrou
otimista em conquistar votos da oposição. Além dos democratas, o petista mira nos votos dos
tucanos - que são apontados como responsáveis por definir a corrida sucessória no Senado.
Com uma bancada de 13 senadores, o PSDB está rachado entre Tião e Sarney. O petista disse
ter convicção que parte dos votos dos tucanos serão seus, mesmo com a disputa entre PT e
PSDB no cenário nacional. Eu acredito que o PSDB será muito importante na decisão que
vier a tomar. É uma luta dura que vai até o último momento na segunda-feira [dia das
eleições]", afirmou.
Câmara - Tião disse esperar que o deputado Michel Temer (PMDB-SP), candidato à
presidência da Câmara, declare apoio à sua candidatura. Apesar de Temer e Sarney serem
peemedebistas, a dupla candidatura pode prejudicar o deputado porque muitos parlamentares
são contrários ao PMDB no comando simultâneo da Câmara e do Senado. "Sei que o Temer
defende o apoio ao meu nome", afirmou Tião.
Garibaldi, por sua vez, disse não acreditar que os peemedebistas da Câmara sejam favoráveis
à candidatura do petista no Senado. "Existe uma realidade na Câmara que é descolada do
Senado. Ao que sei, a candidatura do Temer vai muito bem. As duas eleições estão correndo
de maneira autônoma, não vejo que uma atrapalhe a outra."

Partidos trocam apoio por cargos na Mesa Diretora do Senado

28 de janeiro de 2009

Brasília - Os partidos deflagraram no Senado a corrida por cargos na Mesa Diretora da Casa
Legislativa e nas comissões permanentes. Além da disputa pela presidência da Câmara e do
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Senado, os parlamentares lutam por indicações em cargos estratégicos que possam beneficiar
as legendas nos próximos dois anos.
No Senado, o PSDB negocia cargos em troca do apoio do partido aos senadores Tião Viana
(PT-AC) ou José Sarney (PMDB-AP). Os tucanos estão dispostos a definir o voto da bancada
de acordo com a oferta do candidato, mas reivindicam a primeira-vice presidência do Senado
e as presidências da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e a CRE (Comissão de
Relações Exteriores).
O partido pretende indicar o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) para a 1ª vice-presidência,
enquanto os senadores Tasso Jeiressati (PSDB-CE) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ficariam,
respectivamente, com as presidências da CAE e da CRE.
O DEM, por sua vez, não está disposto a abrir mão da presidência da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), a mais cobiçada da Casa, que atualmente está com o senador Marco
Maciel (DEM-PE). A presidência da CCJ, no entanto, foi prometida pelo PMDB ao senador
Garibaldi Alves (PMDB-RN), que deixou a disputa pela presidência da Casa em favor de
Sarney.
Nos bastidores, o PMDB já admite ceder a presidência da CCJ em troca do apoio da bancada
do DEM a Sarney. A estratégia do peemedebistas, para acomodar Garibaldi, será ceder a
presidência da Comissão de Infraestrutura da Casa, responsável por analisar obras do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento).
O DEM ficaria, além da presidência da CCJ, com a 1ª secretaria do Senado -cargo atualmente
ocupado pelo senador Efraim Morais (DEM-PB). O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) briga
pelo comando da 1ª. secretaria, embora Efraim já tenha sinalizado que gostaria de permanecer
no cargo.
Além da Comissão de Infra-Estrutura, o PMDB também reivindica a presidência da Comissão
de Ciência e Tecnologia --já que na Mesa Diretora o único cargo que lhe resta além da
presidência é a segunda secretaria da Casa Legislativa. Na eventual vitória de Sarney, o PT
deve ficar com a presidência da CAS (Comissão de Assuntos Sociais) e da Comissão de
Direitos Humanos.
83

Sarney anuncia ser candidato para 'atender solicitações'

29 de janeiro de 2009

Brasília - Com um discurso cheio de mea-culpas e insinuações de que seu adversário deveria
desistir da disputa, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) contrariou o que vinha dizendo
há cinco meses e oficializou ontem, após almoço da bancada do partido, sua candidatura à
presidência do Senado.
Em sabatina realizada pela Folha de S.Paulo, em agosto do ano passado, ele fora taxativo: "O
que posso adiantar é que não serei candidato. Não quero ser presidente de nada". Depois
disso, repetiu o mesmo discurso a senadores, ministros e ao próprio presidente Lula, a quem
em quatro ocasiões garantiu que não entraria na disputa.
Ontem, ao formalizar que mudara de idéia, ele alegou que não poderia pensar no próprio bem-
estar, abdicando de "prestar um serviço para o país". "Não desejei, não quis, não queria,
esperava que não se chegasse a essa situação. Mas não pude deixar de atender as solicitações
que recebi do partido, de muitos senadores de nossa casa, de todos os partidos e de alguns
setores da sociedade."
O peemedebista entra na disputa como favorito, com votos em quase todas as bancadas da
Casa. Ontem, havia expectativa que o PSDB, terceiro maior partido, oficializasse o apoio a
Sarney, o que não ocorreu até o agora porque os tucanos não tiveram garantias de que ficarão
com os cargos almejados na Mesa Diretora e nas comissões.
"Existe uma preferência por Sarney, mas ainda não fechamos", disse Sérgio Guerra (PE),
presidente do PSDB. "A gente vai reagir se não nos tratarem bem", afirmou o líder do partido,
Arthur Virgílio (AM). Confiante na vitória, o PMDB colocou obstáculos para acomodar os
tucanos Tasso Jereissati (CE), na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), e Eduardo
Azeredo (MG), nas CRE (Relações Exteriores).
Além das duas comissões, o PSDB quer emplacar Marconi Perillo (GO) na primeira vice-
presidência. No começo da noite, os tucanos cogitavam trocá-lo por Tasso, diante das
dificuldades de fazê-lo presidente da CAE.
Na primeira entrevista como candidato oficial, Sarney negou em público o que senadores de
seu próprio partido admitem nos bastidores: que a projeção da presidência do Senado dará a
seu grupo mais força nas articulações para 2010. "Ao contrário, me tomará mais tempo o
próprio Senado, em detrimento das articulações políticas."
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O peemedebista concorrerá ao cargo com Tião Viana (AC), senador do PT que em dezembro
passado anunciou que concorreria ao cargo. Mas hoje Sarney deixou claro que seu grupo
ainda trabalha com a possibilidade de fazer dele candidato único. "Eu não queria [que
houvesse disputa]. Muito melhor se tivéssemos uma candidatura de unidade."
Viana, horas depois, demonstrou irritação com as declarações do colega. "Ele cometeu mais
uma indelicadeza ao sugerir que eu renunciasse. Se tem uma candidatura que deve ser
repensada é a dele, que não disse a que veio, além de ter dado a palavra de que não seria
candidato por cinco vezes", afirmou.

Sarney cede a apelos e oficializa candidatura ao comando do Senado

29 de janeiro de 2009

O senador José Sarney (PMDB-AP) oficializou ontem, 28, sua candidatura à presidência do
Senado. O peemedebista atendeu aos apelos da bancada do partido na Casa e, durante almoço,
que reuniu integrantes da legenda, formalizou o seu ingresso na disputa com o discurso de
que, apesar de suas resistências pessoais, decidiu ser o candidato do PMDB.
"Não queria, resisti, mas eu acho que é importante a minha candidatura num momento como
esse em que há uma crise mundial", afirmou.

Foto: FOLHA IMAGEM

José Sarney oficializa candidatura ao Senado Federal

Sarney não quis adiantar suas estratégias de campanha, porque disse que só agora vai começar
a buscar votos - embora nos bastidores já tenha contabilizado o apoio da maioria dos
parlamentares, inclusive senadores do DEM e partidos da base do governo federal. O
peemedebista disse que mais importante que sua vontade são os interesses do país - por isso
aceitou lançar-se candidato.
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Questionado sobre a neutralidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida pela
presidência do Senado, Sarney disse que o petista desejava apenas uma candidatura. Mesmo
assim, o peemedebista afirmou estar disposto a uma disputa direta com o senador Tião Viana
(PT-AC), do partido de Lula.
Ausências - A reunião que selou a candidatura de Sarney não contou com as presenças dos
senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), contrário ao nome do peemedebista.
Jarbas declarou apoio a Tião, enquanto Simon disse que não concorda com a decisão tardia de
Sarney de ingressar na disputa. Ex-presidente da República, Sarney chegou a negar em
diversas ocasiões a possibilidade de disputar o cargo. O senador Garibaldi Alves (PMDB-
RN), atual presidente da Casa, lançou sua candidatura pelo partido, mas teve que recuar
depois que Sarney aceitou disputar o cargo.
Com a pressão do partido e o aval indireto do Planalto, o peemedebista acabou por formalizar
hoje sua candidatura.
(Da Folha Online)

PSDB divide oposição e decide apoiar Tião Viana

30 de janeiro de 2009

Informe JP

O PSDB optou por apoiar a candidatura do petista Tião Viana (AC) à presidência do Senado.
O líder tucano Arthur Virgílio (AM) já comunicou a decisão ao candidato petista. Deu-se num
telefonema disparado pouco antes das 22h de ontem. Antes, Virgílio discara para Rosena
Sarney, filha e coordenadora da campanha de José Sarney (PMDB-AP), o rival de Tião.
A deliberação do PSDB foi tomada em reunião realizada no Recife (PE), na casa de Sérgio
Guerra (PE), presidente do partido. Além de Virgílio e Guerra, participou do encontro o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Os outros senadores tucanos foram consultados pelo
telefone. Exceto Mário Couto (PA). Em viagem ao exterior, Couto não foi localizado.
O senador Arthur Virgílio confirmou a notícia ao blog de Josias de Souza, da Folha de S.
Paulo: "Nossa decisão está tomada. Apoiaremos o senador Tião Viana. Fizemos a opção que
consideramos melhor e mais adequada para o Legislativo".
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Tião disse que "o elo" do entendimento de sua candidatura com o tucanato "foi a carta-
compromisso do PSDB", que assinara e respondera na véspera. "O PSDB me informou que
não reivindica nada além disso". E quanto aos cargos na mesa diretora e nas comissões do
Senado?
Tião responde: "Esse assunto, o PSDB me informou que vai tratar dentro do que está previsto
nas regras da proporcionalidade das bancadas."
Sob a aparência de desprendimento, o tucanato almeja pelo menos três cargos: a primeira
vice-presidência do Senado e o comando das comissões de Economia e de Relações
Exteriores. São posições que, na véspera, Tião dissera aos tucanos que conseguiria prover.

Apoio do PSDB a Tião Viana abala a candidatura de Sarney

31 de janeiro de 2009

DISPUTA NO SENADO

Brasília - O apoio do PSDB ao PT na sucessão do Senado já produziu um forte abalo na


candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP), ainda que não seja suficiente para derrubar
o favoritismo do peemedebista na votação em plenário, marcada para segunda-feira. Avesso a
disputas, Sarney só aceitara o confronto com o petista Tião Viana (AC) na expectativa de ser
legitimado pela eleição e de sair "consagrado" do plenário.
Sem o apoio oficial do PSDB, no entanto, não haverá consagração para Sarney, ainda que lhe
sobrem votos além do mínimo de 41, imprescindíveis para levar qualquer candidato à vitória.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), explicou que o PSDB tomou esta decisão
"às pressas", para que o candidato petista tivesse mais tempo para trabalhar o fato novo e virar
o jogo eleitoral a seu favor.
A despeito da larga margem de vantagem do candidato do PMDB, alardeada por todos até a
noite de quinta-feira, quando houve a reviravolta no PSDB, o líder tucano afirma que seu
partido "entrou para valer" na campanha de Viana e mais: "Já equilibrou a disputa".
"Queremos ganhar esta eleição e estamos trabalhando duro para isto", disse Virgílio.
O PSDB aposta que conseguirá inverter o movimento dos indecisos que aderiram a Sarney na
última semana, certos de que a candidatura de Tião perdera competitividade. "Aqueles que
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foram para lá (Sarney) no efeito manada, agora voltam para cá (Tião). O Tião Viana está no
jogo", avalia.
A contabilidade do PT do Senado ontem apontava algo em torno de 37 ou 38 votos, logo de
manhã. Nas contas de Viana, que entrou madrugada adentro avisando os companheiros do
Senado da novidade bastariam três novas adesões para virar o jogo. No fim do dia, o petista já
falava em 42 votos. A dificuldade é que há dissidências em todos os partidos, tanto para um
lado quanto para o outro.
Até mesmo o PSDB, que anunciou o voto em bloco de seus 13 senadores, a exemplo do que
ocorreu na votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), não
fechará inteiramente com Viana. Diferentemente da CPMF, que foi derrubada com o apoio
maciço dos tucanos, o painel de votação não exibirá publicamente a posição de cada um, já
que o voto para presidente do Senado é secreto.
Contas - O grupo de Sarney afirma, contudo, que tem vitória garantida com pelo menos, 55
dos 81 votos. Os peemedebistas acreditam que o PSDB apostou mais na confusão do que na
definição do jogo sucessório, quando aderiu ao PT. O PMDB admite que o fato novo altera as
contas, mas mantém a previsão de vitória com folga de votos. A aposta do grupo é que o
PSDB vai rachar e dar a Sarney pelo menos sete votos. A conta do PT é outra. Os apoiadores
de Tião Viana acreditam que a dissidência tucana não passará de quatro votos.
No caso do PMDB, os partidários de Sarney contabilizam apenas uma defecção - Jarbas
Vasconcelos (PE) - na bancada de 20 senadores. Mas o PT aposta que, com o apoio dos
tucanos, tomará de volta votos perdidos. Um dirigente do PMDB avalia que o senador Gerson
Camata (PMDB-ES), por exemplo, é um dos que podem fazer o caminho de volta.
Segundo o parlamentar, Sarney teve muito trabalho para obter o apoio do capixaba, que,
apesar do carinho e da atenção dispensados pelo candidato peemedebista, mostrava-se
desconfortável com a opção. O raciocínio neste caso é de que todos os que aderiram
"contrariados" a Sarney, porque a candidatura de Viana parecia inviável, agora podem
repensar o voto.
Líderes de cinco partidos declaram apoio a Tião Viana
Brasília - Os líderes dos cinco partidos que apoiam a candidatura do senador Tião Viana (PT-
AC) à presidência do Senado divulgaram nota ontem reafirmando a adesão ao petista. No
documento, os líderes do PT, PSB, PDT, PR e PRB afirmam que o grupo rechaça as
negociações envolvendo a troca de cargos por apoio político. Na nota, não está incluído o
PSDB nem integrantes da legenda.
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A nota é uma resposta às informações de que Tião estaria fazendo acordos com líderes
partidários nos quais daria sua palavra de que os partidos teriam os comandos de comissões
permanentes e cargos na Mesa Diretora do Senado, se for eleito.
Para os aliados de Tião, apesar de ele pertencer ao PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
não comandará o Senado como uma extensão do governo federal. Segundo eles, Tião
consagra a renovação no Senado e aprofunda o processo democrático brasileiro.
"Neste sentido, avaliamos que Tião Viana presidirá esta Casa com os olhos voltados não
apenas para seu funcionamento interno, para os interesses específicos do governo, mas para o
bem do país", diz o documento. Íntegra da nota:

"Carta de apoio do PT, PSB, PDT, PR e PRB a Tião Viana presidente do Senado
A candidatura do senador Tião Viana a presidente do Senado no período 2009-2010 consagra
a renovação da Casa no sentido de aprofundar o processo democrático brasileiro e o
fortalecimento da República. Reafirmamos nosso apoio à sua candidatura, confiantes no
cumprimento de um mandato voltado para as mudanças que o Senado Federal exige.
Tião Viana inspira os avanços que a sociedade brasileira reclama. E a sociedade quer um
Senado transparente, ágil, atuante e com a firme iniciativa, especialmente frente à crise
econômica que vive o mundo. Neste sentido, avaliamos que Tião Viana presidirá esta Casa
com os olhos voltados não apenas para seu funcionamento interno, para os interesses
específicos do Governo, mas para o bem do País.
Repelimos, ao reiterar este apoio, acordos de bastidores sem a participação de todos os
partidos para a distribuição de cargos ao arrepio da lei e da tradição desta Casa. A
Constituição e o Regimento Interno são claros e consagram a prática adotada por esta Casa.
Diz o art. 58, º 1º da Constituição Federal:
"Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa".
Esse dispositivo confere aos partidos políticos o direito à proporcionalidade na composição da
Mesa Diretora e das Comissões do Senado Federal. A Constituição é clara e taxativa. O verbo
utilizado é "assegurar". Não é uma garantia aleatória, susceptível de recusa por interpretação,
mas de caráter incondicional, impositivo.
O texto constitucional apenas permite variação ou flexibilidade na medida da
proporcionalidade, que será observada "tanto quanto possível". A dimensão da
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proporcionalidade, portanto, é que pode ser graduada, tendo em vista o número de partidos e a
representação (número de senadores) de cada um deles.
A Constituição não afirma "quando possível" ou "se possível" e sim "tanto quanto possível".
É, portanto, inegável que a garantia da representação proporcional dos partidos, em cada
comissão, tem caráter obrigatório. O texto constitucional, aliás, está inscrito no artigo 59,
parágrafo 1º, do Regimento Interno, e no artigo 78."
Líder do PR, João Ribeiro (TO)
Líder do PSB, Renato Casagrande (ES)
Líder do PRB, Marcello Crivella (RJ)
Líder do PDT, Osmar Dias (PR)
Líder do PT, Ideli Salvatti (SC)

Aliados de Sarney afirmam ter seis dos 13 votos tucanos

31 de janeiro de 2009

Brasília - Aliados do candidato do PMDB à presidência do Senado, José Sarney (AP), vão se
mobilizar durante o fim de semana para conquistar o maior número de votos na bancada do
PSDB, cuja cúpula anunciou apoio a Tião Viana (PT-AC). A eleição é na segunda-feira.
De imediato, o grupo de Sarney diz contar com seis do 13 votos tucanos. Dentro da bancada,
três trabalham pelo peemedebista: Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Marconi Perillo (PSDB-GO) e
Papaléo Paes (PSDB-AP). Este último chegou a declarar publicamente que votará no
candidato peemedebista.
"Eu voto no Sarney. Já declarei meu voto, depois de uma reunião que indicava tendência pró-
PMDB. E, depois que eu dou minha palavra, mudar é quase impossível", disse.
Paes, que é aliado de Sarney no Amapá, disse ter sido "comunicado" da decisão do PSDB na
quinta à noite, por meio de um telefonema do líder da bancada tucana, Arthur Virgílio (AM).
"Acho que não vou sofrer represália", afirmou.
Flexa Ribeiro e Marconi Perillo trabalham por Sarney nos bastidores. Ambos tentam garantir
seus lugares na Mesa Diretora. Ao paraense, foi prometida a quarta-secretaria e, ao goiano, a
primeira vice-presidência. No domingo, Marconi reúne a bancada em sua casa.
Os aliados de Sarney, porém, tentarão conquistar a vitória sem precisar dos votos tucanos.
Ontem o grupo reuniu-se na casa da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que admitiu ter
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ficado surpresa com a decisão dos tucanos. Sobre o pai, afirmou: "Quando ele virou
candidato, ele aceitou o jogo".
Aliado de Sarney, o DEM minimizou o apoio tucano ao PT. "Lamentei. Gostaria de ganhar a
eleição ao lado do PSDB. Mas Sarney vai ganhar, independentemente do PSDB", disse o líder
José Agripino Maia (RN). Arthur Virgílio reagiu ao ser avisado que o grupo de Sarney diz
contar com seis votos tucanos. "Eles estão pensando o quê? Se é assim, diga que eu conto
com os 20 votos deles. Acho que eles estão confundindo os partidos", afirmou.

Estratégia de José Sarney é distribuir cargos e vantagens

1 de fevereiro de 2009

PROMETENDO TUDO A TODOS

Para derrotar Tião Viana na disputa pelo comando do Senado, o velho ex-oligarca mais
uma vez vira as costas para a moralidade política
O senador Tião Viana, do PT do Acre, acreditava que o apoio do presidente da República, sua
biografia e as elogiáveis propostas de moralização do Parlamento seriam suficientes para
convencer os colegas de que seu nome era o que havia de melhor para presidir o Congresso. A
política, porém, não se move apenas por virtudes. Há interesses gigantescos, alguns
inconfessáveis, a maioria infelizmente direcionada ao fisiologismo. Na semana passada, o
senador José Sarney apresentou-se como candidato do PMDB e, mantida a lógica, assumirá
nesta segunda-feira o comando do Senado. Sarney fez uma campanha de bastidores usando a
mesma fórmula que marcou sua trajetória ao longo de mais de meio século de política.
Prometeu cargos aos que não têm, assumiu o compromisso de manter os cargos dos que já
têm, garantiu um ambiente de tranqüilidade ao governo e, ao mesmo tempo, assegurou à
oposição que será um presidente independente, como se isso tudo fosse possível.
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José Sarney é o candidato do fisiologismo

Em novembro do ano passado, Tião Viana procurou Sarney e pediu apoio. "Conte comigo",
respondeu o senador, que já estava costurando sua candidatura com a ajuda de Renan
Calheiros, um de seus principais discípulos na política e que dispensa maiores apresentações.
E tome promessas. O DEM, que flertava com Tião Viana, foi o primeiro a fechar com Sarney,
após a garantia de que continuará comandando a primeira-secretaria, responsável pela
administração de um orçamento anual de 2 bilhões de reais e epicentro de uma série de
escândalos de corrupção. O PSDB chegou a piscar diante da proposta de assumir a primeira-
vice-presidência, a quarta-secretaria e a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos.
Adversário histórico de Sarney, até o senador Fernando Collor prometeu entregar seu voto e o
de mais seis petebistas em troca do comando da Comissão de Relações Exteriores. O PR,
partido com quatro senadores, obteve o compromisso mais prosaico: a troca da frota de carros
oficiais, hoje composta de Fiat Marea da década de 90.
No atacado, Sarney garantiu ainda que não mexerá na estrutura do Conselho de Ética - uma
promessa que agrada em cheio a um colégio eleitoral no qual um quarto de seus membros
responde a processos. O senador também avisou a Dilma Rousseff que a apoiará na sucessão
de Lula, ao mesmo tempo em que falou a José Serra, o provável candidato tucano, que não
tem nada contra ele e que ainda está indeciso sobre os rumos que tomará em 2010. Foram
tantas promessas que elas acabaram se sobrepondo e criando um incidente. Na quinta-feira
passada, depois de anunciarem o apoio a Sarney, os tucanos voltaram atrás e se alinharam ao
petista Tião Viana. Descobriram que os cargos prometidos ao partido entraram em
negociações com outras bancadas. A confusão, que pode acabar criando dificuldades para o
PMDB na Câmara, onde o deputado Michel Temer tinha uma eleição tranqüila, expõe o nível
de preocupação institucional que orienta as decisões de uma boa parte dos nossos políticos.
Caso Sarney confirme seu favoritismo, os petistas ameaçam trair Temer em benefício de Ciro
Nogueira, do PP. Ciro é afilhado político de Severino Cavalcanti, que renunciou ao ser
apanhado em negociações nada institucionais. Solução no Senado, problema na Câmara.
(Otávio Cabral, da Veja)
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Informe JP

1 de fevereiro de 2009

A disputa no Senado

Diferente da Câmara Federal, o Senado é um território restrito, com 81 votos, onde a


hegemonia partidária do PMDB, reforçada pela presença de outras siglas de pequeno porte,
pode sempre garantir a eleição de qualquer de seus membros. Uma eleição de José Sarney,
por mais que implique em retrocesso político para o país, nesse território, é perfeitamente
possível.
De característica conservadora, se não reacionária, posto que, pelo menos em tese, abriga a
nata dos caciques partidários responsáveis pelo clientelismo e pelo "toma lá da cá" da política
brasileira, o Senado é propício a todas as formas de traições. Bem mais que na Câmara, é
neste espaço que as prebendas e favores ganham força na hora de impor decisões políticas e
orientar distorções institucionais, como o troca-troca partidário, por exemplo. É a zona franca
dos lobistas, a gruta para ação preferencial dos homens das malas pretas, conforme o chavão
em voga no país.
Uma vitória de Sarney é possível também porque o PMDB sintetiza, hoje, para vergonha de
figuras póstumas históricas como Ulisses Guimarães e Teotônio Vilela, esse espírito de
avacalhação que, volta e meia, ronda o Congresso Nacional.
O PSDB tem feito a oposição que dele se esperava, mas é de tal modo nefasta a figura de
Sarney entre os homens sérios deste país, que o partido prefere aliar-se momentaneamente ao
PT do que contribuir como sigla e agremiação para a eleição do "maranhamapaense" à
presidência do Senado.
A inadmissível credibilidade do Poder Legislativo no Brasil certamente estará mais rastejante
se Sarney, neste momento em que as instituições públicas parecem ter descurado de seus
apanágios morais, vencer a eleição. Mas as disputas corporativas, mormente em campos
reduzidos e eticamente fragilizados como o Senado brasileiro, induzem ao erro, a todo tipo de
erro.
Sarney já não teme os holofotes da imprensa, não teme envidraçar-se ou ser o alvo
preferencial dos adversários políticos. Ele precisa de força institucional para salvar o filho que
não sai da mira da Polícia Federal. Presidente do Senado espera, como frisou o deputado
Domingos Dutra, ter mais espaço para constranger os membros do Tribunal Superior Eleitoral
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a cassarem o mandato do governador Jackson Lago. Essa disputa, a priori, deveria


salvaguardar os interesses da Nação. Para Sarney, no entanto, transformou-se num vale-tudo
em que, para além de seus interesses pessoais, está a salvação política e moral de sua família.
Felizmente, a candidatura do senador Tião Viana cresce a ponto de minar o franco-
favoritismo do senhor José Sarney, pelas razões aqui já expostas. Mas o ringue dessa peleja é
o território das traições, do tráfico de influência, das prebendas e troca de favores. Um terreno
desfavorável para a democracia onde ninguém, hoje, neste país, se movimenta melhor que o
donatário do Convento das Mercês e da Ilha de Curupu.

Sarney enfrenta Tião em clima de desespero

2 de fevereiro de 2009

Sarney trava dura disputa com Tião Viana no Senado

Ex-presidente queixa-se a Lula e Roseana chora ao se lamentar com Sérgio Guerra

Brasília - José Sarney telefonou para Lula. Queixou-se ao presidente do comportamento do


chefe de gabinete dele, Gilberto Carvalho. Segundo Sarney, Carvalho rompera a prometida
neutralidade do Planalto ao envolver-se de corpo e alma na campanha de seu rival Tião Viana.
Lula disse que Carvalho não age como funcionário do governo, mas como filiado do PT e
amigo de Tião. Sarney não se deu por achado.
Para o morubixaba do PMDB, um pedido de Gilberto Carvalho, que trabalha em gabinete
contíguo ao de Lula, se confunde com uma requisição do presidente. Foi a segunda vez em
menos de 48 horas que Sarney retirou o telefone do gancho para reclamar do vaivém de
Gilberto Carvalho. Conforme noticiado aqui, o candidato do PMDB já havia despejado sua
inconformidade no ouvido da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
A despeito dos queixumes, não há sinal em Brasília de que Gilberto Carvalho tenha se
recolhido. Ao contrário. Segue de mangas arregaçadas por Tião. Roseana Sarney,
coordenadora da campanha do pai, tocou o telefone para o colega Sérgio Guerra, presidente
nacional do PSDB. A poucas horas da eleição do Senado, Roseana soou como se ainda não
tivesse deglutido a "traição" do tucanato.
Depois de quase fechar com Sarney, o PSDB evoluiu, na semana passada, para o apoio à
candidatura rival de Tião Viana. A adesão dos tucanos como que ressuscitou Tião, livrando-o
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de uma derrota acachapante. Sarney ainda pode prevalecer, mas prenuncia-se um placar
apertado. Ao relatar o telefonema de Roseana a colegas de partido, Sérgio Guerra disse ter
tido a impressão de que a filha de Sarney chorava do outro lado da linha. Segundo a descrição
do presidente tucano, Roseana lamuriou-se da atmosfera de guerra que se estabeleceu no
Senado.
Disse que, se tivesse idéia de que a coisa tomaria esse rumo, não teria permitido que o pai, já
entrado em anos, se envolvesse na refrega. De duas uma, concluiu um interlocutor de Sérgio
Guerra: ou Roseana tentava amalocer o coração do tucanato ou o otimismo que reinava ao
redor de Sarney se dissipou.

Na reta final, grupo de apoio a Tião diz contar com 43 votos no Senado

2 de fevereiro de 2009

Brasília - Aliados do senador Tião Viana (PT-AC) contabilizam o apoio de 43 senadores à


candidatura do petista, o que lhe garantiria vitória nas eleições desta segunda-feira. O senador
José Sarney (PMDB-AP), que disputa o cargo com o petista, teria pelas contas do grupo pró-
Tião o apoio de 38 senadores. A "virada" de Tião ocorreu, segundo os seus aliados, devido à
decisão do PSDB de apoiar o seu nome na disputa.
"Estamos realistas, computados 43 votos para a minha candidatura contra 38 do senador
Sarney. Chegamos a esses números ouvindo e conversando com cada senador. Somos
devedores a sete partidos que declararam apoio à minha candidatura", disse Tião.
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que declarou apoio ao petista, disse esperar que
pelo menos quatro ou cinco senadores do PMDB votem em Tião amanhã. "É uma eleição
muito difícil, imprevisível, mas acho que a dissidência no PMDB vai ficar entre quatro e
cinco votos", afirmou.
Jarbas desistiu de apoiar o candidato do seu partido porque argumenta que os aliados de
Sarney, como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), não devem estar no comando da Casa.
"O Sarney não tem condições de fazer isso [boa gestão] porque o entorno dele é muito ruim.
Eu acho que o senador Tião, quando se colocou como candidato, já tinha experiência no
episódio que resultou no afastamento do senador Renan. Ele conduziu a Casa de uma maneira
muito equilibrada", disse em referência ao período que Tião assumiu a presidência do Senado
logo após o afastamento de Renan. Na opinião de Jarbas, o Senado vai estar dividido
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independentemente da vitória de Tião ou de Sarney. "Será um Senado dividido, embora não


nos interesse agora ter uma Casa dividida", afirmou.

PMDB assume comando do Senado e da Câmara

3 de fevereiro de 2009

Com Sarney e Temer, PMDB comandará Casas do Legislativo

MONOPÓLIO NO CONGRESSO

O senador pelo Amapá José Sarney e o deputado paulista Michel Temer, ambos do PMDB,
venceram ontem as eleições para as presidências do Senado e da Câmara federais. Sarney
obteve 49 votos contra 32 dados ao petista Tião Viana. Temer teve 304 votos. Ele disputou o
cargo com os deputados Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PC do B-SP), que receberam,
respectivamente, 129 e 76 votos. Com isso, o PMDB comandará as duas Casas no biênio
2009-2010. É a primeira vez que vigora tal "monopólio partidário" no Congresso. Em seu
discurso, antes de serem conhecidos os resultados, tanto na Câmara como no Senado, Aldo
Rebelo criticou a virtual vitória do PMDB nas duas Casas: "O peixe grande invade o espaço
dos peixes pequenos. Não se pode dar o monopólio do Congresso a um partido só. Não creio
que isso seja saudável para a democracia", disse o comunista.

Foto: reprodução

Sarney e Renan Calheiros: dupla debocha da moralidade

É a terceira vez que Sarney ocupa a presidência do Senado - ele já exerceu o cargo nos
biênios 1995-1997 e 2003-2005. Para ser eleito presidente do Senado, é preciso conquistar a
maioria simples dos votos dos senadores presentes - os 81 senadores compareceram. A
votação foi manual.
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'Velho retrógrado' – Sarney rebateu críticas de aliados de Tião de que seu retorno à
presidência representa a manutenção do conservadorismo político na Casa. "Ouvi muitos
discursos aqui. Uma parte quero contestar porque é injusta. Desde que comecei como político,
sempre procurei caracterizar-me como inovador. Nunca meus olhos ficaram como lanternas
voltadas para trás. [...] Não me chamem de um homem retrógrado, como se fosse um velho
que chega aqui sem querer renovar o Senado. Sempre tive esta vontade", afirmou.
O senador listou uma série de medidas implementadas durante sua gestão na Casa para
mostrar que, no passado, foi favorável à renovação. "Fundei os primeiros circuitos fechados
de TV, depois a primeira TV educativa do Brasil. Não me chamem de um velho que não tem
gosto pela inovação. aqui no Senado, quando cheguei, a idéia da informatização foi minha.
Acho injusta a informação de que é um retrocesso eu disputar o Senado."
Ele disse ainda que decidiu lançar-se na corrida à presidência da Casa após ser "convocado"
por parlamentares de partidos diversos. Depois de ser criticado por ter lançado seu nome na
disputa tardiamente, Sarney disse que não desejou disputar o comando do Senado, mas que
não poderia "fugir ao dever" de atender aos colegas -tendo "a Deus como testemunha" da sua
disposição inicial de não concorrer ao cargo.
"Eu nunca fui candidato pela minha vontade, mas por convocação. Eu não queria disputar a
presidência do Senado, fui convocado como um homem público que não pode deixar de fugir
ao dever de atender a essa convocação no momento em que colegas de quase todos os
partidos me solicitavam que assim eu fizesse", afirmou.
Interesses – A disputa pela presidência do Senado envolve interesses partidários que vão
além do desejo de comandar o Congresso Nacional. O novo presidente da Casa terá a
prerrogativa de selecionar o que entra na pauta de votações em pleno ano eleitoral. Com
mandato de dois anos, Sarney estará no comando da Casa durante a disputa pela Presidência
da República, em 2010.
Cabe ao presidente do Senado ditar o ritmo de votações e elaborar a pauta, o que poderá
beneficiar ou prejudicar o governo em meio à corrida rumo ao Palácio do Planalto.
Os peemedebistas, que não mostram disposição em lançar candidato próprio à Presidência no
ano que vem, são cortejados pelo PT e pela oposição para uma eventual composição de chapa.
Com a presidência do Senado, o partido ganha força para as negociações com governo e
oposição nas negociações pré-eleitorais.
Além da força política de presidir o Congresso, o senador eleito para comandar a Casa vai
administrar um orçamento estimado em R$ 2,7 bilhões ao ano. O valor supera orçamentos de
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várias capitais e grandes municípios brasileiros, o que reforça a importância do cargo para os
partidos - que também pleiteiam cargos na Mesa Diretora.
O presidente ainda autoriza, ou não, a instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de
Inquérito).
Apego ao poder é marca da biografia de Sarney
O senador José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o José Sarney, 78 anos, nasceu em 24 de
abril de 1930, em Pinheiro (Baixada Maranhense). Ocupou seu primeiro cargo político há
mais de 50 anos, como deputado. Desde então, nunca deixou de estar próximo ao Poder,
alternando mandatos no Legislativo e no Executivo. Neste ano, volta à presidência do Senado,
cargo que já exerceu por duas vezes - de 1995 a 1997 e de 2003 a 2005.
Filho de Sarney de Araújo Costa e Kiola Ferreira de Araújo Costa, José Sarney é bacharel em
Direito pela Faculdade de Direito do Maranhão. Integrou a UDN (União Democrática
Nacional), partido que fazia oposição ao governo de Getúlio Vargas.
Também foi líder do governo Jânio Quadros na Câmara e presidiu a Arena e o PDS (Partido
Democrático Social), braços políticos do regime militar (1964-1985). Com a
redemocratização do país, integrou-se ao PMDB.
Em 1965, elegeu-se ao governo do Maranhão com o apoio do presidente Castelo Branco. Em
1971, entrou no Senado e saiu em 1985 para ser vice de Tancredo Neves.
Com a morte de Tancredo, antes da posse, foi Sarney o primeiro presidente do país após a
ditadura. Foi sob seu governo que a Assembléia Constituinte aprovou, em 1988, a atual
Constituição.
Após deixar a Presidência, Sarney voltou ao Senado, agora eleito (e reeleito duas vezes) pelo
PMDB do Amapá, já que no Maranhão sua eleição era incerta.
Membro da Academia Brasileira de Letras, Sarney costuma dizer que sua verdadeira vocação
é a literatura. A política, segundo ele, foi seu destino. Como escritor, é autor de diversos
romances, livros de poesia e obras sobre política no país.

(Folha Online)

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