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"Quem pratica Karatê não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar"
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO AOS PAIS
Esta apostila dedica-se a ajudar e orientar as crianças para um melhor aproveitamento dos ensinamentos do
karatê-dô. A participação dos pais é muito importante, sempre incentivando-as, porém, respeitando os limites de seus
filhos.
O karatê infantil não significa o estímulo à agressão, e sim o desenvolvimento físico e intelectual da criança. Com
atividades físicas e recreativas, a aula de karatê para crianças procura estimular o condicionamento físico e sua
coordenação motora.
O professor, utilizando os princípios filosóficos do karatê, ajuda a desenvolver a parte intelectual da criança,
preparando-a para conviver dentro da atual sociedade.
O karatê pode ser praticado por crianças de ambos os sexos, e normalmente a partir dos 5 anos de idade.
1.2. INTRODUÇÃO ÀS CRIANÇAS
O karatê-dô é uma arte marcial, ou seja, é uma luta perigosa se não for levada a sério. Para aprender uma luta, é
necessário ter respeito, ser paciente e ter disciplina.
O respeito é necessário na vida. Como praticante de karatê, é importante respeitar os colegas e os professores.
A paciência é muito importante, por que sem ela a criança não mudará de faixa na época certa.
A disciplina, não somente na aula, mas em casa e na escola, também é importantíssima. A criança deve saber
diferenciar momentos de brincar, de estudar e de treinar.
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Por ser uma luta perigosa, as crianças que estão aprendendo karatê, devem treinar somente na academia, na
presença de um professor. Não devem treinar na escola, porque podem machucar um colega. E em casa, só se for com
a autorização dos pais.
• Equilíbrio
• Resistência ao cansaço
• Agilidade
• Coordenação motora
• Flexibilidade
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3.2. A CONDUTA NO DOJO
O Dojo representa o local de treinamento (a academia) ou a área de luta, um quadrado de 8x8 metros. O atleta
deve utilizar sempre um kimono branco com a faixa correspondente à sua graduação. A faixa demonstra respeito na
hierarquia do aprendizado e o kimono também é importante para a proteção do atleta.
É preciso que todo praticante de karatê saiba como se portar dentro do dojo, local de treino, ou mesmo perante um
professor ou colega de treino. Antes de tudo, o local de treino deve ser respeitado, não devendo jamais ser pisado de
sapato, se houver tatamis esteiras, e se não houver, evitar entrar calçado durante o treino, mesmo que esteja só
praticando ginástica.
O aluno mais novo de graduação não deve chamar o mais antigo para treinar luta (kumite), no caso de ser
convidado para treinar, não deve rejeitar mesmo estando cansado, e no caso de estar ferido, dirigir-se primeiro ao local
de luta e depois se explicar que está ferido, mas não dizer que não pode. Neste caso o mais antigo é que deve avaliar a
situação, de acordo com sua própria experiência.
Durante o descanso das aulas, procurar ficar em atitude de respeito, evitando cruzar os braços e por as mãos na
cintura.
Em uma aula ou treino de kata, o aluno mais graduado deve corrigir os menos graduados, e os alunos mais novos
devem observar os colegas em treinamento.
A atitude de uma pessoa deve ser de acordo com o que pensa a respeito daquilo que está fazendo, mesmo fora do
local de treino; aquele que verdadeiramente segue o karatê, como arte, mantém uma atitude de respeito com todos os
praticantes. Uma pessoa que já pratica há muito tempo, sabe perfeitamente a atitude que se deve tomar, mas o iniciante
normalmente erra e só com o tempo é que vai adquirindo uma boa conduta de lutador.
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3.3. O USO DO KIAI
O uso de um som alto, breve ou longo, é denominado kiai. O kiai é executado no instante que antecede o impacto
dado por um golpe. Este som tem como finalidade, concentrar e exteriorizar energia e força, estimulando a velocidade, a
contração muscular e também distrair a atenção do oponente, aumentando sua auto-confiança.
CAPÍTULO IV - TREINAMENTO
4.1. KIHON IPON & JYU IPON
O kihon (treino de base) ipon (01 ponto) é o nome do treinamento onde 2 atletas simulam o ataque e a defesa. O
atacante deve obter 01 ponto perfeito com a base correta do treinamento, pois é com ela que se obtém a maior potência
do golpe.
O atleta que ataca, só pode atacar com um oi-zuki (soco andando). O que defende, é obrigado a defender e contra-
golpear utilizando quaisquer golpes, desde que ele saiba, com toda a técnica possível.
O kihon ipon é ensinado a partir da faixa amarela.
O jyu ipon é o kihon ipon executado sob a forma de luta.
4.2. KUMITE
Kumite é o nome da luta. Ela pode variar de 01 ipon (01 ponto - com limite de 1 minuto) à 3 ipons (sanbon - 03
pontos com limite de tempo de 3 minutos). Existem os meio-pontos (wazaris) que devem ser levados em conta, por
exemplo:
01 ipon + 04 wazaris = 03 ipons
02 ipons + 02 wazaris = 03 ipons
06 wazaris = 03 ipons
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O Ipon é o nome do ponto perfeito, em que o atleta faz um ponto, e seu adversário não consegue defender. Já o
wazari é o nome do ponto imperfeito.
Durante a luta, o atleta não pode sair do dojo. Caso saia a primeira vez, será advertido (jogai). Na segunda, será
punido com um wazari. Na terceira com um ipon. E na quarta, será desclassificado.
Em caso de empate, a luta tem uma prorrogação por tempo limitado. Prevalecendo o empate, a luta será decidida
pela decição dos árbitros (hantei), que normalmente são o principal (em pé) e os dois auxiliares de linha.
Mesmo para os adultos, a regra visa preservar a integridade física dos atletas. Eles devem usar protetores de mão
e de boca como será visto adiante.
Vocabulário para kumite:
Atoshibaraku 30 segundos para terminar a luta Otagai ni rei cumprimento mútuo entre os lutadores
Awasete ippon dois wazaris reconhecidos como um ipon Sagate suwate recuar e sentar
Hansoku infração grave Shobu ippon hajime iniciar a luta - disputa por um ponto
Obs: os katas das faixas roxa e marrom são katas avançados, e os da faixa preta são superiores. Isto acontece por
que no Japão não havia a graduação atual, existia apenas as faixas branca, marrom e preta. Abaixo temos os nomes dos
katas do karatê para a faixa preta (estilo Shotokan).
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Empi Jitte Hangetsu
Teki-nidan Teki-sandan Bassai-sho
Ji in Gankaku Sochin
Chinte Kanku-sho Nijushiho
Meikyô Unsu Wankan
Gojushiho-dai Gojushiho-sho
Diz a lenda que um mestre em karatê em suas andanças numa noite de lua cheia, precentiu no crispar dos
galhos secos, ao transpor uma clareira na mata, a presença do mal. São salteadores armados, em tocaia.
Seu instinto guerreiro e defensivo o põe em KAMAE - atitude de luta. Está imóvel. Abdômen contraído e punhos
cerrados. Atento, olhando nada e vendo tudo. Altamente concentrado, espírito vivo e aguçado. Vai lutar!
Seu repúdio ao mal, seu kimono intocável, sua honra, seu nome e sua vida, tudo está simbolizado no KAMAE.
Sua mente visualiza ao longe, num halo de luz, seu velho mestre que em atitude de ZEN inspira-o. Suas sábias
palavras de ensinamento ecoam ainda: "Antes que lhe toque a pele, toca-lhes os ossos". Inconscientemente curva-se
reverente o brado: "OSS!". É atacado!
Pela esquerda, brilha a lâmina. Consciente e veloz, bloqueia firme e forte, em GUEDAN BARAI. Ele sabe que:
"Deve-se enfrentar o adversário, mas nunca enfrentar seu ataque". Está em base ZENKUTSO DACHI e em defesa
GUEDAN BARAI. Seguro pelo punho, recolhe girando o braço e golpeia no ombro (TETSUI UCHI). Completa com um
soco fundo e seco, tirando toda a chance do agressor. Da esquerda, um pé sibila. É o terceiro agressor. Como um raio,
um bloqueio GUEDAN BARAI. Quase simultaneamente, um bastão corta o ar, cobrindo a lua várias vezes. O inimigo
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bate recuando de cima para baixo. As defesas são AGUE UKE, protegendo a cabeça. A terceira, mais rápida e mais
funda, a fim de partir suas entranhas, um grito de guerra num berro de morte! "É o kiai". Nada o detém.
Há uma transformação total no corpo e no espírito. A mutação de força em poder, de massa em energia, de água
em fogo. Estar possuído de kiai é despertar a ARMA MORTAL POMBA ENFURECIDA, o Karatê.
Silêncio na mata. Passa a perplexidade. É atacado pela direita. O mestre gira para o campo de luta, defende em
GUDAN BARAI e ataca em OI ZUKI. Para. O terceiro ergue-se à sua esquerda, estocando-o com um bastão, recebe
um GUEDAN BARAI e um soco andando; como resiste, mais dois OI ZUKI's, sendo o segundo com kiai. O kiai dá-lhe
firmeza, força e resolução de parar o adversário. Em karatê, não há meia defesa, nem meio ataque. O último imita a
agressão e sente no poder das mãos em forma de faca, a devassar a mata ao redor, o poderio do karatê.
A luta chega ao fim. Por um instante, mantém-se imóvel na última defesa. Volta à postura inicial de KAMAE.
Lembra-se seu "SEN PAI", em sua posição de ZEN e procura-o. Em vão; já não consegue vê-lo mais.
Isso é KATA!
Isso é KARATÊ!
Isso é ZEN!
Um dos kata mais conhecidos de vários estilos é o Bassai, inicialmente só Bassai, ou Passai como alguns estilos
mais antigos os chamam, tendo sido o Mestre Itosu o criador da forma Sho (curta) do Kata que trabalha contra técnicas
de BO, o que acabou levando à mudança do nome do original para Bassai-Daí (dai=longa) ao invés de só Bassai,
como ainda é conhecido nos estilos que não adotam a linhagem do Mestre Itosu.
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Existem 2 versões deste Kata: a versão de Shuri, feita com as mãos fechadas e a de Tomari, feita com as mãos
abertas que parece ser a mais antiga e a original (há controvérsas: alguns apostam que ele é originário de Shuri), e
teria sido criado pelo Mestre Soken(Bushi) Matsumura (1787-1889), um samurai que criou o estilo Shorin-Ryu de
Karate que acabou originando o Shotokan, o Kobayashi-ryu e o Shito-ryu.
É, completando sua descrição, um kata shorin, como os Heian, kanku e Enpi, em oposição aos kata Shorey
(Tekki, Jion e Hanguetsu) enfatizando a velocidade em detrimento da força.
O nome Bassai se traduz como "atravessar a fortaleza" ou seja: você está diante do último reduto do inimigo e os
últimos exércitos do inimigo estão ali entre você e a vitória final: neste kata o karateka deverá mostrar mostrar todo o
vigor e derrotar o inimigo, destruir seu último reduto para poder vencer a guerra. Importante não é a vitória de uma
batalha que está em jogo, que pode ser perdida ou ganha mas é a luta final: ela deve ser ganha, não se deve pensar
em derrota, mas usar todo o vigor, toda a tenacidade, aplicar os golpes mais poderosos e decisivos para que a guerra
acabe ali ("Batsu" = pular, saltar, superar, ir além, "Sai" = fechar, cobrir, obstruir).
Quem o executa deve demonstrar vigor físico e força (lembrar que os japoneses não separam corpo e espírito,
portanto... força para eles não significa só contração muscular mas também demonstração de energia espiritual).
É o Kata cujo domínio, juntamente com o Kanku-dai, caraceriza o Faixa Preta Chodan do Estilo Shotokan, por
possuir todos os elementos que caracterizam o estilo. Ultimamente, alguns professores vem incluído seu ensino a partir
da faixa roxa, com o que concordamos porque a execução de um kata pede tempo para se amadurecer a expressão do
mesmo e se o aprendizado técnico começa mais cedo, mais cedo o atleta alcançará maturidade.
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5.3. EXAME DE FAIXAS
O exame de faixa é um evento em que o aluno é avaliado por um examinador experiente, mais graduado que o
professor.
O examinador avalia o conhecimento do aluno, sua destreza, sua coordenação no momento de fazer o kata, sua
perícia, sua força e velocidade. Cabe a ele a palavra final sobre a mudança de faixa, podendo até pular o aluno de faixa.
O aluno, durante o exame de faixa, aprende com os erros de seus colegas, e com os ensinamentos do examinador.
As faixas significam o respeito em relação ao praticante mais antigo, e maior experiência na arte. Veja o tempo
mínimo para cada exame:
Obs: quando o atleta chega na faixa preta, seus exames passam a variar de 5 a 10 anos, caso o atleta continue
treinando.
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Tabela da matéria dos exames de faixas. Serve apenas de referência mínima que cada faixa deve saber.
Depende de cada examinador, principalmente para os mais graduados.
KOKUTSO DACHI - 30% do peso do corpo na perna da frente e 70% do peso do corpo
na perna de trás. Agora os pés ficam na mesma linha, formando a letra L, e continua com 2
vezes a largura dos ombros no comprimento da base
KIBA DACHI - O peso do corpo é igual nas 2 pernas: 50%. Os pés ficam na mesma
linha e apontados para a frente do corpo.
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7.2. OUTRAS BASES
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CAPÍTULO VIII – TÉCNICAS DE MÃO
E outras, como por exemplo: Choku Zuki, Ipon Nukite, Nihon Nukite, Shihon Nukite, Kizami Zuki.
8.3. OUTRAS TÉCNICAS – UCHI WAZA
E outras, como por exemplo: Haito Uchi, Shuto Uchi, Teisho Uchi, Mae Hijiate, Ushiro Hijiate
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8.4. TÉCNICAS DE DEFESA – UKE WAZA
E outras, como por exemplo: Haishu Uke, Haito Uke, Keito Uke, Kakuto Uke, Nagashi Uke, Osae Uke, Seiryuto
Uke, Sukui Uke, Tate Shuto Uke, Teisho Uke, Uchi Ude Uke.
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CAPÍTULO IX – TÉCNICAS DE PERNA
9.1. NOME DE ALGUMAS REGIÕES DA PERNA
CAPÍTULO X – PREPARAÇÃO
10.1. FASES DO TREINAMENTO
CAPÍTULO XI – TERMINOLOGIA
• O karatê inicia-se e termina-se com saudações • Não pense em vencer, mas não pense em derrota
• No karatê não existem golpes de agressão • Mude a sua posição conforme o tipo de adversário
• O karatê apóia o caminho da razão • A luta depende do bom manejo da teoria do Yin
• Conheça-se a si próprio, antes de julgar os outros (negativa) e do Yang (positiva)
• A princípio lapidar o espírito, depois a técnica • Imagine que seus membros são espadas
• Evitar o descontrole do equilíbrio mental • Para o homem que sai do seu portão, existem
• A falha surge com a acomodação mental e física milhões de adversários
• O karatê não se limita apenas à academia • No princípio, seus movimentos são artificiais, mas
• A essência do karatê se descobre no decorrer da com a evolução, tornam-se naturais
vida • A prática de fundamentos deve ser correta.
• Dará frutos quando associado à vida cotidiana Enquanto em uso torna-se diferente
• O karatê é igual à água quente: se não receber • Domínio do seu corpo na coordenação, na força,
na velocidade e flexibilidade
calor constantemente, ela esfria
• Estudar, criar e aperfeiçoar-se constantemente.
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MESTRE FUNAKOSHI
WKF - http://www.wkf.net
CRÉDITOS
Esta apostila foi idealizada para auxiliar o ensino do karatê, tendo em vista a dificuldade de se encontrar literatura
adequada e a atual facilidade em termos de computação, uma vez que podemos utilizar figuras disponíveis na internet e
até mesmo aproveitar o suporte dos Scanners.
Minha intenção não é escrever um livro, mas sim, poder prover os interessados com as informações que eu não
consegui obter quando iniciei.
Existem, é claro, as dificuldades naturais de se unificar as informações devido a vários fatores, tais como: erros de
tradução; dissidência entre praticantes; variações entre estilos ou até mesmo a não documentação desta arte marcial.
Agradecimentos aos professores Dilton Darley e Alexandre Cardoso (ambos 1º Dan) por cederem material para a
construção desta apostila.
Quaisquer dúvidas ou comentários, basta entrar em contato através do e-mail don@ig.com.br ou pelos sites
http://karaterj.cjb.net ou http://www.karaterj.hpg.com.br/ Digitally signed by Daniel Falcao
DN: cn=Daniel Falcao, o=Eng.