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CAMPUS SIMÕES FILHO

PROF.: Melquisedec Lourenço

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Hidrostática
1. INTRODUÇÃO

O termo hidrostática se refere ao estudo dos fluidos em repouso. Um fluido é uma substância que pode escoar
facilmente e que muda de forma sob a ação de pequenas forças. Portanto o termo fluido iclui os líquidos e os gases.

Os fluidos que existem na natureza sempre apresentam uma espécie de atrito interno, ou viscosidade, que torna um
tanto complexo o estudo de seu escoamento. Neste capítulo, não haverá a necessidade de considerar a viscosidade porque
estaremos tratando apenas com fluidos em repouso e a viscosidade só se manifesta quando estas substâncias estão
escoando.

Para desenvolver o estudo de Hidrostática é indispensável o conhecimento de duas grandezas: a pressão e a massa
específica (ou densidade).

2. PRESSÃO E MASSA ESPECÍFICA


Quando se afia a lâmina de uma faca, o objetivo é diminuir a área de contato
entre ela e o material a ser cortado. Assim, ela pode cortar mais facilmente sem
que seja necessário aumentar a intensidade da força sobre a faca. Quanto menor a
área, maior o efeito produzido pela força e vice-versa. A esse efeito denominamos
pressão.
r
Define-se, então, a pressão p de uma força F perpendicular a uma
superfície, e distribuída sobre a área A, da seguinte maneira:

F
p= .
A
r
r Onde F é uma força normal a superfície e A é a área de atuação da força.
Fig. 1: Pressão de um objeto de peso F Embora força seja grandeza vetorial, pressão é uma grandeza escalar.
sobre uma superfície plana.

Fig. 2: Quanto menor for a área de


atuação da força maior será a pressão.

Fig. 3: Para reduzir a pressão da parede de uma casa no solo, construimos


alicerceres com área maior.

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UNIDADES DE PRESSÃO

A unidade de pressão no SI é N/m2 e se denomina pascal (Pa). Na prática, os engenheiros e técnicos costumam
usar a unidade 1 kgf/cm2. Nas máquinas e aparelhos de origem norte-americana (ou inglesa) é usada, como unidade de
pressão, 1 libra/polegada2. Quando desejamos medir pressões elevadas (gases comprimidos, vapores em uma caldeira
etc.), usamos uma unidade denominada 1 atmosfera = 1 atm. Na tabela 1 mostramos a relação entre algumas unidades de
pressão.
r
Se a força F atua sobre uma placa obliquamente, apenas o seu componente normal à superfície contribui para a
pressão exercida.

FN
Fig. 4: pressão p =
A

MASSA ESPECÍFICA (DENSIDADE)


A massa específica ou densidade absoluta de um corpo é a
relação entre a sua massa e o seu volume, isto é,

m
ρ= .
V

Na tabela 2 apresentamos as massas específicas de várias


substâncias. Observe que os gases têm densidades muito pequena; a
densidade da água do mar é maior do que a da água doce e o
mercúrio, entre os líquidos, é o que apresenta maior densidade.

UNIDADES DE DENSIDADE

Pela definição,observamos que a unidade de medida de


densidade no SI deve ser a relação entre uma unidade de massa e uma
de volume. Portanto, 1 kg/m3. Porém, na prática é muito comum o uso
de outra unidade: 1 g/cm3.

Tabela 2

Tabela 1

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EXEMPLO: Um tambor, cheio de gasolina, tem a área da base A = 0,75 m2 e a altura h = 2,0 m. a) Qual é a massa de
gasolina contida no tambor? b) Qual a pressão exercida, pela gasolina, no fundo do tambor?

V = A.h = 0,75 x 2,0

V = 1,5 m3

Consultando a tabela 2:

3
g ⎛ g ⎞⎛ 1kg ⎞⎛ 10 2 cm ⎞ kg
ρ = 0,70 3 = ⎜ 0,70 3 ⎟⎜⎜ 3 ⎟⎟⎜⎜ ⎟⎟ = 0,70 x10 3 3
cm ⎝ cm ⎠⎝ 10 g ⎠⎝ 1m ⎠ m

m = d.V = 0,70x103 x 1,5

m = 1,05x103 kg

F mg 1,05 x10 3.10


p= = =
A A 0,75
N
p = 1,4 x10 4 2
m

3. PRESSÃO ATMOSFÉRICA
O ar como qualquer substância próxima à Terra, é atraído por ela, isto
é, o ar tem peso. Em virtude disto, a camada atmosférica que envolve a
Terra, atingindo uma altura de dezenas de quilômetros, exerce uma pressão
sobre os corpos nela mergulhados. Esta pressão é denominada pressão
atmosférica.

O físico italiano, Torricelli, realizou uma famosa experiência que


permitiu a determinação do valor da pressão atmosférica. Para realizar sua
experiência, Torricelli tomou um tubo vidro, com cerca de um metro de
comprimento, fechado em uma de suas extremidades, enchendo-o
completamente com mercúrio. Tampando a extremidade livre e
invertendo o tubo, mergulhou esta extremidade em um recipiente contendo
também mercúrio. Ao destampar o tubo, Torricelli verificou que a coluna
líquida descia, até estacionar a uma altura de cerca de 76 cm acima do
nível do mercúrio no recipiente. Concluiu então que a pressão atmosférica,
pa, atuando na superfície do líquido no recipiente, conseguia equilibrar a
coluna de mercúrio. Observe que, acima do mercúrio, no tubo, temos
vácuo, pois, se fosse feito um orifício no tubo nesta ragião de modo a
permitir a entrada de ar, a coluna desceria até se nivelar com o mercúrio
do recipiente.

Fig. 5: O valor a pressão atmosférica, ao nível do


mar, é de 76 cmHg.

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Como a altura da coluna líquida no tubo era de 76 cm, Torricelli chegou a conclusão de que o valor da pressão
atmosférica, pa, equivale à pressão exercida por uma coluna de mercúrio de 76 cm de altura, isto é,

pa = 76 cmHg.

Por este motivo, a pressão de 76 cmHg é donominada 1 atmosfera e definida como uma unidade de pressão.

Fig. 6: A pressão atmosférica é capaz de


esmagar uma lata no interior da qual foi feito o
vácuo.

Fig. 7: A pressão atmosférica atua na superfície do líquido, fazendo-o subir


no canudinho.

Fig. 8: Com apenas um furo na lata, a pressão atmosférica impede a saída do líquido. Com dois orifícios, o ar pode entrar na
lata por um deles. Assim, a pressão do ar é a mesma no interior da lata e o líquido escoa facilmente.

Observação:

• A experiência de Torricelli pode ser realizada com qualquer outro líquido, em lugar de mercúrio. Se realizarmos a
experiência com agua, por exemplo, como a sua densidade é 13,6 vezes menor que a do mercúrio, a altura da
coluna de água será 13,6 vezes maior, isto é, será igual a 10,3 m.

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EXERCÍCIOS
1) Considere uma moça de peso igual a 60 kgf em pé sobre o assoalho de uma sala.
a) Estando descalça, a área total de apoio de seus pés sobre o chão é de 150 cm2. Qual a pressão que a moça está
exercendo no assoalho?
b) Se ela estivesse usando sapatos para neve, sua área total de apoio seria de 600 cm2. Neste caso, qual seria a
pressão sobre o assoalho?
2) Suponha que a moça do exercício anterior estivesse usando sapatos de saltos muito finos. Considere que a área da
base de cada salto é igual a 1 cm2 e que a metade do peso da moça se distribui sobre os saltos.
a) Qual a pressão exercida, no assoalho, pelos saltos?
b) Compare a resposta de (a) com os resultados do exercício anterior e explique por que os saltos finos costumam
causar estragos em assoalhos de madeira.
3) A área total de apoio dos alicerces de um edifício é de 200 m2. Um engenheiro lhe informa que o solo, sob os
alicerces, está suportando uma pressão de 40 kgf/cm2.
a) Expresse, em cm2, a área de apoio dos alicerces.
b) Calcule o peso do edifício.
4) Um tijolo foi colocado sobre uma mesa, apoiando-se inicialmente da maneira mostrada em A e, posteriormente, na
posição B (veja a figura deste exercício).
a) A força com que o tijolo comprime a mesa na posição A é igual, menor ou maior do que em B?
b) A pressão que o tijolo exerce sobre a mesa em A é igual, menor ou maior do que em B?

5) Consultando uma tabela, responda às questões seguintes:


a) Sabe-se que uma caldeira pode resistir a uma pressão de até 30 atm. Qual o valor desta pressão no S.I.?
b) Um pneu foi calibrado com uma pressão de 20 libras/polegada2. Qual o valor desta pressão em atmosferas?
6) Um bloco de madeira, cujo volume é de 500 cm3, tem massa igual a 300 g.
a) Qual é a densidade dessa madeira em g/cm3 e em kg/m3?
b) Explique, com suas palavras, o significado dos resultados encontrados em (a).
c) Uma tora desta madeira tem 2,5 m3 de volume. Qual é a sua massa?
7) Um bloco de Pb, cujo volume é 0,30 m3, está apoiado no solo sobre uma área de 0,60 m2.
a) Consulte uma tabela e expresse a densidade do Pb em kg/m3.
b) Calcule, em kg, a massa do bloco de Pb.
c) Considere g = 10 m/s2 e calcule, em N/m2, a pressão que o bloco de Pb está exercendo no solo.
8)
a) Sabe-se que a pressão atmosférica em Marte é cerca de 10 vezes menor do que o valor da pressão atmosférica
na Terra. Qual seria a altura da coluna de Hg na experiência de Torricelli, se ela fosse realizada naquele
planeta?
b) E qual seria a altura da coluna de Hg se a experiência fosse realizada na Lua? Explique.
9) Verifica-se, experimentalmente, que quando se sobe 100 m na atmosfera terrestre há uma diminuição de cerca de 1
cmHg no valor da pressão atmosférica. Tendo em vista esta informação, responda às questões seguintes:
a) Qual deve ser o valor da pressão atmosférica no alto do Pão de Açúcar? (altitude de 400 m)
b) Um estudante mediu o valor da pressão atmosférica em sua cidade e encontrou Pa = 64 cmHg. Qual é a altitude
aproximada da cidade?
10)
a) A densidade do Hg é quantas vezes maior do que a da gasolina? (Consulte a tabela)
b) Então, qual seria a altura da coluna líquida, na experiência de Torricelli, se ela fosse realizada com gasolina, ao
nível do mar?

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11) Uma pessoa, realizando a experiência de Torricelli, em sua cidade, usando água em vez de Hg, verificou que a altura
da coluna líquida era de 8,0 m. Considerando que a pressão de uma coluna d'água de 10 m de altura corresponde,
praticamente, a 1 atm, expresse o valor da pressão atmosférica nesta cidade:
a) em atm.
b) em cmHg.
12)
a) Um habitante da Lua conseguiria tomar um refrigerante, usando um canudinho, como se faz aqui na Terra?
Explique.
b) Por que uma lata de conserva fechada amassa-se com facilidade? (Lembre-se de que, para conservar um
alimento, seu contato com o ar deve ser evitado.)
13) Um manômetro foi usado para medir a pressão do ar no interior dos dispositivos mostrados na figura deste exercício.
Sabendo-se que a pressão atmosférica no local onde foram feitas as medidas era de 70 cmHg, qual é o valor da
pressão do ar:
a) No pneu da figura I?
b) No pneu (furado) da figura II?
c) Na câmara de rarefação da figura III?

14) O ponto mais fundo de uma piscina cheia d'água está situado a 10 m de profundidade. Sabendo-se que esta piscina
está localizada no nível do mar, diga qual é, em atm, o valor da pressão:
a) Na superfície da água da piscina.
b) No ponto mais fundo da piscina (lembre-se de que uma coluna d'água de 10 m de altura exerce uma pressão de,
praticamente, 1 atm).

Respostas: 1a) 0,40 kgf/cm2, 1b) 0,10 kgf/cm2; 2a) 15kgf/cm2, 2b) A pressão é muito grande; 3a) 2,00x106 cm2, 3b) 8,0x107 kgf; 4a) Igual, 4b) menor;
5a) 3,03x106 N/m2, 5b) 1,4 atm; 6a) 0,600 g/cm3 = 600 kg/m3, 6b) 1 cm3 de madeira tem 0,600 g de massa, 6c) 1500 kg; 7a) 11,3x103 kg/m3, 7b) 3,4x103
kg, 7c) 5,7x104 N/m2; 8a) 7,6 cm, 8b) Zero; 9a) 72 cmHg, 9b) 1200 m; 10a) 19,4 vezes maior, 10b) 14,7 m; 11a) 0,8 atm, 11b) 61 cmHg; 12a) não, pois
pa = 0, 12b) No interior da lata o ar está rarefeito.13a) 102 cmHg, 13b) 70 cmHg, 13c) 30 cmHg; 14a) 1 atm, 14b) 2 atm.

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4. VARIAÇÃO DA PRESSÃO COM A PROFUNDIDADE

A pressão atmosférica diminui à medida que nos elevamos na atmosfera. Naturalmente, isto deveria acontecer, pois o
peso da camada de ar, que exerce a pressão atmosférica em um dado local, é menor quanto maior for a altitude do local.

Quando mergulhamos numa piscina, observamos uma situação semelhante. À medida que nos aprofundamos na água,
a pressão aumenta, pois o peso da camada líquida, que exerce a pressão em um ponto, é tanto maior quanto maior for a
profundidade.

CÁLCULO DA PRESSÃO NO INTERIOR DE UM FLUIDO

A figura ao lado mostra um cilindro imaginário imerso


dentro de um líquido de densidade ρ em repouso. As bases
desse cilíndro estão na profundidade h2 e h1. Portanto a altura
desse cilíndro é Δh = h2 – h1. Como se vê na figura, enquanto a
r
força resultante F1 , que o líquido exerce sobre a face 1, atua
r
verticalmente para baixo, a força resultante F2 , atua
verticalmento para cima, sobre a face 2. Como esse cilindro está
em equilíbrio, a resultante das forças exercidas sobre ele deve
ser nulo. Ou seja,

F1 + P = F2
F2 − F1 = P

Onde P é o peso do cilindro: P = m.g = ρ.V.g. O volume do


cilíndro é dado pela área da base vezes a altura: V = A.Δh.

A pressão do líquido nas profundidades h1 e h2 serão:

F1
p1 = ⇒ F1 = p1 . A
A
Fig. 9: Líquido de densidade ρ.
F
p 2 = 2 ⇒ F2 = p 2 . A
A

Assim,

p 2 . A − p1 . A = ρ . A.Δh.g

p 2 − p1 = ρ .Δh.g

Δp = ρ .Δh.g

Esta é a expressão matemática da Lei de Stevin. A diferença de pressão entre dois pontos no interior de um líquido
em repouso é igual ao produto da densidade desse líquido pela aceleração da gravidade e pelo desnível vertical entre esses
dois pontos.

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Supondo que um dos pontos se encontrem na superfície do líquido e que o outro ponto esteja a uma profundidade
h, vemos que a pressão no primeiro ponto será a pressão atmosférica pa e, então, a pressão p, no segundo ponto, pode ser
obtida pela relação

p = p a + ρ .h.g

CONSEQUÊNCIAS DA LEI DE STEVIN:

• Pela equação anterior vemos que, se h = 0, temos p = pa (estamos na superfície do líquido). A medida que a
profundidade, h, aumenta, a pressão aumenta linearmente.

Fig. 10: Gráfico da pressão versus a profundidade p X h.

• Pela mesma equação, observamos que a pressão, em um dado ponto do líquido é constituída de uma parcela
ralativa a atmosfera, pa e outra parcela ralativa ao peso do líquido.
• VASOS COMUNICANTES - Para um dado líquido, em um mesmo local, a pressão só depende da profundidade.
Assim, em vasos comunicantes, as pressões serão iguais em pontos do líquido que estejam na mesma superfície
horizontal. Além disso, o líquido subirá alturas iguais em todos os vasos.

Fig. 11: O líquido atinge a mesma


altura nos diversos recipientes. Fig. 13: A água jorra do poço artesiano sem a
Fig. 12: Os pedreiros usam uma
necessidade do emprego de bombas.
mangueira para nivelar os azulejos.

• PRINCÍPIO DE PASCAL – Um liquido está contido num recipiente fechado pelo êmbolo E. O Princípio de
Pascal afirma que, se variarmos a pressão pe exercida pelo êmbolo sobre o líquido, a pressão px em qualquer
ponto X no interior do líquido sofre a mesma variação.

Fig. 14

9
Δp1 = Δp 2

F1 F2
=
A1 A2

Fig. 15: Prensa hidráulica


Fig. 16: Freio hidráulico.

• LIQUIDOS QUE NÃO SE MISTURAM

O tubo em U, representado na figura 17, contém os líquidos A e B, que não se misturam. Vamos considerar as
pressões p1 e p2 nos pontos 1 e 2, localizados no nível horizontal que passa pela superfície de separação entre A e B. Sendo
pontos do mesmo líquido (A) em repouso, da terceira conseqüência da Lei de Stevin, pode-se afirmar que:

p1 = p 2 .

Aplicando novamente a Lei de Stevin, podemos determinar p1 e p2:

p1 = p a + ρ A .h A .g

p 2 = p a + ρ B .hB .g

Igualando p1 e p2, obtemos:

Fig. 17: Líquidos diferentes que não se misturam.

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p a + ρ A .h A .g = p a + ρ B .hB .g

ρ A .h A = ρ B .hB

É fácil ver que se ρA < ρB, então hA > hB e vice-versa, ou seja, as alturas hA e hB são inversamente proporcionais às
densidades ρA e ρB.

EXEMPLO: Uma piscina de 10 m de profundidade, está totalmente cheia d’água.

a) Qual a pressão, no fundo da piscina, devida apenas ao peso da água?

Consultando a tabela 2:

3
g ⎛ g ⎞⎛ 1kg ⎞⎛ 10 2 cm ⎞ kg
ρ = 1,0 3 = ⎜1,0 3 ⎟⎜⎜ 3 ⎟⎟⎜⎜ ⎟⎟ = 1,0 x10 3 3
cm ⎝ cm ⎠⎝ 10 g ⎠⎝ 1m ⎠ m

ρgh = 1,0 x10 3.10.10 = 1,0 x10 5 N


m2

b) Sabendo que a pressão atmosférica local vale pa = 76 cmHg, qual é a pressão total no fundo da piscina?

Sendo pa = 76 cmHg = 1,01x105 N/m2

p = p a + ρgh = 1,01x10 5 + 1,0 x10 5 = 2,01x10 5 N


m2

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