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NESTE COMOVENTE convite, Henry Maxwell Wright nos chama à adoração ao Deus Criador, exaltando-
o através de expressões como: excelso, bom, soberano, luz e poder. Esse Deus se manifesta não apenas na
criação, mas principalmente em seu Filho, Jesus Cristo, que é o ponto culminante da revelação (Hebreus
1.1,2).
A David William Hodges, membro do Grupo de Trabalho de Textos do HCC, foi dada por Joan Larie
Sutton, Coordenadora Geral, a tarefa de acrescentar uma terceira estrofe trinitária a este hino, em 1989.
“O resultado, então, é um hino que começa e termina com a frase Oh, vinde adorar!, sendo assim um
excelente hino número 1 do nosso Hinário para o culto cristão”.1
Henry Maxwell Wright nasceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1849. De ascendência inglesa,
mais tarde optou pela cidadania britânica. Associou-se aos Batistas Livres.
Em visita à Inglaterra, durante as campanhas do evangelista Dwight L. Moody, Wright decidiu deixar a
profissão de bem sucedido comerciante e, em outubro de 1875, passou a dedicar-se à evangelização.
Durante os seus três anos de treinamento bíblico ensinou os meninos de rua numa escola noturna e pregou
tanto na Inglaterra como na Escócia.
Em 1878, achou que Deus o queria na China e, antes de partir, passou por Portugal. Lá, impressionado
com a falta de obreiros, sentiu-se desafiado a trabalhar com os povos de língua portuguesa, o que fez por
mais de 50 anos. Evangelizou extensivamente no Arquipélago dos Açores.
Wright empreendeu quatro viagens ao Brasil, onde falava a grandes auditórios, percorrendo quase todo o
país. Em sua segunda viagem foi preso como “inimigo da religião oficial”.2 Na terceira viagem, veio
acompanhado de sua irmã Luiza Wright (evangelista e escritora de hinos).
Contraiu impaludismo e voltou à Inglaterra para tratamento de saúde. Em 1897, já restabelecido, voltou a
Portugal para continuar o seu ministério ali.
Wright esteve duas vezes nos Estados Unidos, pregando aos povos de língua portuguesa ali residentes, e,
na volta, pregou aos portugueses residentes nas Ilhas Bermudas. Em 1901, Wright casou-se com Ellen Della-
force, filha de ingleses, e juntos construíram o salão evangélico da Associação Cristã de Moços (ACM) no
Porto, inaugurado em 1905.
A contribuição hinológica de Wright é muito significativa. Suas letras são de grande valor inspirativo. Ele
possuía também uma bela voz e cantava solos em suas reuniões evangelísticas. Gostava de ensinar hinos e
cânticos nestas ocasiões, que ele escolhia ou escrevia para reforçar a mensagem da noite.
Wright foi autor ou tradutor de cerca de 200 hinos.3 Há uma coletânea chamada In Memoriam (Em
Memória), editada por J.P. da Conceição e publicada no Porto, em 1932, que contém 185 hinos dele. Os seus
hinos e cânticos aparecem em grande número na maior parte dos hinários evangélicos no Brasil.
Na 36ª edição do Cantor cristão se encontram 61 hinos seus. No Hinário para o culto cristão, publicado 60
anos depois da sua morte, ainda há 29 das letras e traduções deste servo de Deus.
“Cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado habitual”,4
Wright foi o Moody-Sankey do povo de língua portuguesa, alcançando milhares de almas com sua vida
dedicada, sua poderosa pregação e sábio uso da música no seu ministério.
Em 23 de janeiro de 1931, Wright faleceu no Porto. Entre os presentes ao seu sepultamento achava-se o
nosso saudoso missionário Antônio Maurício, ainda jovem. Foram cantados os hinos Com tua mão segura
bem a minha; Doce, doce lar e Rocha eterna, a pedido do próprio Wright antes de falecer.
David William Hodges, autor da terceira estrofe, nasceu em Kansas City, Estado de Missouri, EUA, em
22 de dezembro de 1942. Criado em lar cristão, foi batizado aos nove anos, e começou a trabalhar na música
da igreja. David começou a estudar canto, aos 16 anos, com a profª. Gladys Cranston.
David casou-se em 4 de junho de 1966, com Ramona Gay Miller, que conhecera na universidade. O casal
tem quatro filhos: Charles, Catherine, Elizabeth, e Robert, seu caçula brasileiro.
Hodges adquiriu um treinamento aprimorado, com Bacharel e Mestrado em Artes (especialização em
canto), na Faculdade Central do Estado de Missouri; Mestrado em Educação Religiosa, no Seminário
Teológico Midwestern, também, no seu estado natal. No Seminário Teológico Southwestern, em Fort Worth,
Estado de Texas, ainda fez dois anos em busca do Doutorado em Educação Religiosa. Ramona fez o
Bacharel e o Mestrado em inglês. Começou seus estudos de piano ainda criança e é a acompanhadora
predileta de seu marido, além de servir como organista da sua igreja. Foi no seminário que Deus tocou no
coração do casal, chamando-o para o trabalho missionário. O casal apresentou-se à Junta de Richmond, e foi
nomeado para o Brasil, chegando aqui em 31 de janeiro de 1980.
O ministério de Hodges tem sido multifacetado e profícuo. No final dos seus estudos da língua portuguesa,
já servia interinamente como Ministro de Música, na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo, Capital, e em
1981 se tornou professor da Faculdade Teológica Batista da mesma cidade, ensinando e regendo corais com
grande sensibilidade.
Hodges, que ama as línguas, dedicou-se também à tradução, dando-nos assim um grande repertório
antes desconhecido dos evangélicos. A maior obra traduzida por ele e apresentada pelo Coro da FTBSP sob
a sua regência, foi o oratório São Paulo, de Mendelssohn. Ainda traduziu o Te Deum 5 (Nós te louvamos, ó
Senhor), de G.F. Handel, para o Coro, no qual foi o tenor solista sob a regência do pr. Marcílio de Oliveira
Filho.
O pr. Marcílio, num artigo para O Jornal Batista, intitulado Ele segurou as cordas!, falou do grande ímpeto
que o projeto Cantem, Batistas brasileiros! recebeu desse dedicado missionário, que se empenhou para que o
projeto tivesse sustento de sua missão, e se prontificou a tomar o lugar de Marcílio à frente do Coro da Igreja
Batista do Ipiranga e na FTBSP durante a ausência do casal Oliveira.6
Em 1987 a família Hodges se mudou para a cidade do Recife, PE, onde David assumiu o professorado de
música sacra no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Hodges serviu também na Igreja Batista do
Forte, na cidade de Paulista, e na Igreja Batista da Capunga, na cidade de Recife, PE, como diretor interino
de música.
David é um tenor de voz pura e maviosa, sendo requisitado freqüentemente para solos e recitais por onde
anda. Nas chamadas “férias” nos Estados Unidos, tem prazer em divulgar, com a sua família, a música sacra
brasileira.
No âmbito nacional, Hodges atuou incansavelmente no preparo do Hinário para o culto cristão,
primeiramente, na pesquisa (computada com o auxílio do seu filho, Charles) dos hinos prediletos do povo
batista em todo o Brasil. Hodges também preparou o livreto Sete hinos congregacionais para a Igreja de hoje,
publicado pela JUERP em 1986. Ele continuou a dar de si eficientemente, sem medir esforços, ora na
Subcomissão de Música, ora no GTT (Grupo de Trabalho de Textos, que trabalhava com os hinos mais
problemáticos), ora no Grupo de Verificação de Dados, em cooperação com a Subcomissão de
Documentação e Histórico, ora no preparo e computação dos índices. Sua capacidade de ver um problema
com clareza e achar uma resposta certa foi de grande auxílio para todos os seus colegas.
Quando perguntado pelo pr. Marcílio quais eram as suas maiores alegrias no Brasil, David respondeu:
O Hinário para o culto cristão inclui 11 excelentes letras e traduções de Hodges, e 10 músicas,
verdadeiras jóias que o povo aprenderá a amar.
Esta frase, ouvida dos lábios de William Knapp (1698-1768) em cada culto da sua igreja, caracterizou a
sua vida.
Knapp, descendente de alemães, nasceu no condado de Dorsetshire, Inglaterra, em 26 de setembro de
1698. Foi chamado “O salmista do campo”. 9 Tornou-se organista, compositor e compilador de coleções de
melodias. Serviu por 39 anos como precentor, uma função semelhante à de diretor de música, na Igreja de
Saint James, em Poole, porto no seu condado natal no extremo sul do país.
Knapp publicou duas coleções de salmos, antemas e hinos, em 1738 e 1753. Hoje cantamos somente a
sua melodia WAREHAM, que faz parte da primeira coleção. Uma das características distintas dessa melodia
é que, com duas pequenas exceções, ela se movimenta, do início ao fim, em graus conjuntos.
“o melhor hino já escrito, considerando sua pureza de linguagem, sua devoção, sua espiritualidade, e
a dificuldade de tratar poeticamente um tema abstrato como esse.” 1
É cantado, domingo após domingo ao redor do mundo, quer em inglês, português, russo, chinês, e em
centenas de outras línguas. Paráfrase de Apocalipse 4.8-11, o hino realça o canto contínuo de adoração dos
quatro seres viventes:
“Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir.”
Reginald Heber (1783-1826) era filho de um abastado fazendeiro inglês no condado de Cheshire. Era
uma pessoa por demais generosa, dando tudo o que ele tinha nos bolsos às pessoas necessitadas que
encontrava. Quando ele viajava, sua mãe costumava costurar o seu dinheiro da passagem em sua roupa,
para que ele não ficasse sem possibilidade de voltar para casa. Como jovem, Heber recebeu boa educação e
durante os estudos tinha certa fama como poeta. Ordenado ao ministério anglicano, recusou boas posições
na capital, voltando à sua região natal para servir numa pequena igreja.
Embora os anglicanos cantassem mais os salmos, Heber ficou muito impressionado pelos hinos de John
Newton e William Cowper (ver HCC 226). Interessou-se, especialmente, por hinos de boa qualidade que
fossem apropriados para o ano eclesiástico, seguindo os temas bíblicos para cada domingo. Começou a
publicar seus hinos em 1811, mas não conseguiu permissão para publicar a sua coleção, Hinos escritos e
adotados ao serviço semanal do ano eclesiástico, feita com a colaboração de outros bons hinistas.
Depois de 16 anos no pastorado, Heber aceitou o bispado de Calcutá 2, na Índia, dizendo que um pastor
devia ser como um
“soldado ou marinheiro, pronto a ir para qualquer serviço, tão remoto ou indesejável que fosse.” 3
Este campo enorme incluía não apenas a Índia, mas o então Ceilão (agora Sri Lanka), e Austrália. Heber
se dedicou a este ministério com entusiasmo mas, depois de três anos de trabalho árduo, maltratado pelo
clima severo, faleceu repentinamente. Ele tinha ido numa viagem de aproximadamente 1.800 quilômetros
para a cidade de Trichinópoli, no extremo sul da Índia, para confirmar uma classe de 42 convertidos. O seu
servo, achando que ele se demorava muito no banho, foi à sua procura, encontrando-o morto. Seu ministério,
contudo, continuou pois a coleção dos seus hinos foi encontrada por sua mãe (depois da morte de Heber), na
mala dele que a ela foi enviada. E foi a pedido dela que a Igreja Anglicana deu permissão para publicá-la em
1827, um ano após a sua morte.
A obra de Reginald Heber ajudou a dissipar os preconceitos dos anglicanos contra os hinos e marcou uma
nova era na hinologia inglesa. A importância dos seus hinos é resultado, em parte, da sua expressão literária
e qualidade lírica. Mais importante ainda é o fato que as igrejas receberam dele hinos baseados no ensino
bíblico de cada domingo, de acordo com o Evangelho ou a Epístola. Começaram a cantar o Novo
Testamento!
“Heber figura como um dos mais importantes hinistas ingleses do séc.19. Ao todo, escreveu 57
hinos. Todos ainda estão em uso, um tributo raro ao gênio deste escritor consagrado”.4
O tradutor do hino, João Gomes da Rocha, nasceu no Rio de Janeiro em 14 de março, de 1861, filho de
Antônio Gomes da Rocha e D. Maria do Carmo, portugueses. Era filho adotivo do Dr. Robert Reid Kalley e
Sarah Poulton Kalley, missionários pioneiros no Brasil. Estudou medicina em Londres. Foi médico missionário
na Inglaterra, Madagascar e África. O Dr. Rocha aproveitou-se de uma viagem à América do Sul para visitar a
família no Brasil e tornou-se membro da Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo casal Kalley.
O Dr. Rocha, que estudara música na Escócia, cooperou ativamente com D. Sarah após o falecimento do
seu esposo, no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro.
Depois da morte de D. Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições do hinário até 1919, quando dotou
de valiosos índices a quarta edição com música. Ele também produziu numerosos hinos, entre traduções,
adaptações e trabalhos originais, 62 dos quais se encontram em Salmos e Hinos de 1975 e 15 no Cantor
cristão de 1971. No Hinário para o culto cristão encontram-se 11 das suas letras, metrificações e traduções. O
Dr. Rocha faleceu em 1947, na Escócia, onde morava, mas seu coração nunca saiu do Brasil, sua terra natal,
e do ministério da hinódia aqui.
O Dr. John Bacchus Dykes (1823-1876), nascido em Hull, Inglaterra, foi um compositor prolífico e
espontâneo de melodias para hinos, considerados os melhores exemplos da época. Estas melodias
conseguiram imortalizar os hinos para os quais foram compostas. Constavam em grande número em todos os
hinários do povo de língua inglesa e influenciaram a música dos hinos ao redor do mundo. Outras duas das
melhores dessas melodias estão no Hinário para o culto cristão, ST. AGNES (n.316) e VOX DELECTI (n.413).
Dykes mostrou o seu talento desde menino, estudando, desde cedo, violino e piano. Aos 10 anos tornou-
se organista na igreja do seu avô. Formou-se em Música em Cambridge em 1847 e foi ordenado ao ministério
no ano seguinte. Depois de poucos anos no pastorado, foi escolhido como diretor de música da famosa
Catedral de Durham, Inglaterra, onde serviu com muita distinção até a sua morte em 1876. Foi em Durham
que Dykes recebeu o grau de Doutor em música (honoris causa).
Sua filha fala de Dykes:
A sua natureza era viva, sorridente e cheia de alegria e ele tinha a capacidade de fazer amigos,
inspirando amizades profundas (...). A sua qualidade principal, entretanto, era sua fé profunda e
sincera. Parecia ser a fonte escondida de toda a sua vida exterior.4
Certamente nestas palavras pode ser achado o segredo da capacidade do Dr. John Dykes de imortalizar
bons hinos com sua música.
NICAEA, considerada a melhor melodia de Dykes, foi composta em 1861 para este hino trinitário de
Heber. Foi uma das sete com que ele contribuiu para o hinário de muita projeção, Hymns ancient and modern
(Hinos antigos e modernos). Depois que este hino recebeu a melodia de Dykes, tornou-se um dos mais
amados no mundo inteiro. O compositor escolheu este nome porque foi no Concílio de Nicéia, em 325 a.D.,
na Ásia Menor, que se estabeleceu a doutrina trinitária, rejeitando-se a heresia do arianismo.
1. TENNYSON. Alfred. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our Hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937, p.17. [Lord Tennyson foi poeta laureado da
Inglaterra].
2. Bispo é um dos postos da Igreja Anglicana (Ver anotação 2 HCC 60).
3. Ibid.
4. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.79.
5. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p. 307.
6. Onipotente Rei
A AUTORIA deste hino ao Deus triúno é desconhecida. Por muitos anos foi atribuída a Charles Wesley.
Sabemos que o hino foi publicado pela primeira vez em uma das coletâneas de João Wesley. É um dos mais
conhecidos e cantados hinos à Trindade ao redor do mundo. Enfatiza a ação particular de cada pessoa da
Trindade na vida do cristão.
Primeiro, dirige-se a Cristo, nosso Rei, cujo amor nos inspira o louvor, como descrito em Apocalipse 19.16:
ele é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Na estrofe 2, dirige-se ao poderoso Deus que pode “fazer brotar o
que se planta no coração”. Paulo expressa esta verdade em outras palavras em Filipenses 2.13: “Porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Na estrofe 3, pede-
se ao Consolador, que “testifique da redenção (João 15.26-27), nos dê poder (Atos 1.8) e domine o coração”.
A estrofe 4 é uma doxologia, adorando ao trino Deus, que nos santifica, que nos levará à sua presença, e nos
dará glória para sempre! Amém.
Justus Henry Nelson, o tradutor, nascido em 18491 no Estado de Wisconsin, EUA, trabalhou
aproximadamente 45 anos na Amazônia. Seu preparo para este trabalho profícuo se deu na Faculdade de
Lawrence, no seu Estado natal, e na Faculdade de Teologia da Universidade de Boston, Massachusetts.
Apresentou-se para o trabalho missionário à Missão da Igreja Metodista Episcopal em 1879, e, enquanto
esperava poder viajar, preparou-se como enfermeiro e dentista para melhor poder atender às necessidades
do povo entre o qual serviria. Chegou com sua esposa em Belém, Pará, em 19 de junho de 1880.
Justus Nelson, que se desligou da sua missão e trabalhou independentemente a maior parte dos seus
anos no Brasil, fundou o periódico O apologista christão. Foi redator e escritor, escrevendo muitos artigos
apologéticos. Traduziu também muitos sermões de João Wesley. Escreveu artigos para O Bíblia e O christão,
como também enviou seus hinos e suas traduções para serem publicados em outras publicações evangélicas.
A sua ousadia provocou hostilidades e perseguições. Sua primeira escola foi completamente queimada.
Em 1892, passou três meses e meio na prisão. A febre amarela levou dois dos seus colegas de trabalho, seu
irmão João, e uma professora. Por pouco, não o levou também.
Nelson será lembrado como pioneiro nas áreas de implantação de igrejas, educação, trabalho social e
hinologia. Ele foi um dos grandes contribuidores para a hinódia evangélica brasileira, como autor e tradutor. 2
Há nove hinos da sua lavra no Hinário para o culto cristão, entre os mais amados e cantados no país. O mais
conhecido é Saudai o nome de Jesus.
A melodia ITALIAN HYMN (Hino Italiano) foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1769. Chama-se
“hino italiano” pelo fato de seu compositor ser desta nacionalidade.
Felice de Giardini nasceu em Turim, Itália, em 1716. Corista, violinista, concertista, professor, regente e
empresário, Giardini atuou na Itália e na Inglaterra. A Condessa de Huntington, grande incentivadora de
hinistas evangélicas na Inglaterra, comissionou-o a escrever melodias para hinos. Somente a melodia
ITALIAN HYMN ainda está em uso. Giardini viajou a Moscou, Rússia, onde faleceu em 1796.
1. Alguns autores não concordam com estas datas para Nelson, insistindo em 1851-1937. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its
source and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p. 65.
2. PAULA, Ibid., p. 68.
e na oração de Habacuque:
“Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (Habacuque 3.2).
A quarta estrofe, “Oh, vem nos encher de celeste fervor...” expressa a oração que Mackay queria realçar.
Entretanto, a forte expressão de louvor ao Deus triúno que permeia o hino todo o coloca no Hinário para o
culto cristão na seção DEUS TRIÚNO.
O estribilho
vivifica a alma do crente, demonstrando a estreita relação entre o louvor e o aprofundamento espiritual.
William Paton Mackay nasceu na Escócia em 13 de maio de 1839. Formou-se na renomada
Universidade de Edimburgo, e praticou a medicina por alguns anos. Sentindo-se chamado para o ministério,
abandonou a medicina, foi ordenado, e em 1868 tornou-se pastor duma igreja presbiteriana.
O pr. Mackay gostava de escrever hinos. Louvamos-te, ó Deus é o mais conhecido dos dezessete hinos
com que ele contribuiu para o hinário Praise book (Livro de louvor), de 1872. Mackay faleceu vítima de um
acidente em 22 de agosto de 1885.
O hino de Mackay foi unido à música de John Jenkins Husband no hinário New praises of Jesus (Novos
louvores de Jesus), em 1867. Entretanto, foi composto em cerca de 1815, e tinha sido usado com outros
textos.
John Jenkins Husband nasceu em 1760 na cidade de Plymouth, na Inglaterra. Serviu na música da sua
igreja por alguns anos. Emigrou para os Estados Unidos da América do Norte em 1809, estabelecendo-se na
Filadélfia, Estado da Pensilvânia. Lá dirigiu uma escola de canto de música sacra e serviu na sua igreja até
falecer em 1825.
Husband compôs um bom número de melodias de hinos e antemas corais, e contribuiu com um novo
método de ensino de música para o livro Philadelphia harmony (Harmonia de Filadélfia), 1ª edição, de 1790.
O nome da melodia, REVIVE US AGAIN, (Aviva-nos de novo) refere-se ao título original do hino.
James Theodore Houston (1847-1929), que adaptou o hino para o português em 1881, foi missionário
presbiteriano da Junta de Nova Iorque. Aportou à Bahia em 17 de dezembro de 1874 servindo ali até 1877,
quando foi transferido para o Rio de Janeiro, onde exerceu o pastorado.
“Foi um dos redatores do periódico Imprensa evangélica, fundado pelo missionário pioneiro
presbiteriano Ashbel Green Simonton (1833-1867).” 1
Estendeu, também, sua atuação ao Estado de São Paulo e outras áreas do país.
O missionário Houston voltou aos Estados Unidos em 1885, onde ficou por cinco anos. Em 1900 voltou a
um novo campo no Brasil, Florianópolis, SC, onde trabalhou por mais dois anos. Depois de completar 28 anos
de ministério voltou definitivamente à sua terra natal em 1902. Faleceu em Oakland, Estado da Califórnia, aos
82 anos de idade.
Houston, hinista de grande capacidade,
“foi o organizador da Nova collecção de hymnos sagrados, publicada no Rio de Janeiro em 1881”.2
Cooperou também com seu colega, o missionário John Boyle (1845-1892) na compilação do hinário
Hymnos evangélicos e cânticos sagrados, publicado em 1888. Vinte e quatro hinos escritos por ele foram
incluídos nesse hinário. Consequentemente, diversos dos seus hinos foram incluídos, em quase todos os
hinários evangélicos do Brasil. Seu hino original Dirijo a ti, Jesus, minha oração (379) e mais duas das suas
excelentes traduções: Oh, vinde, fiéis! (90), Vem, Senhor, do bem a fonte (288) aparecem no Hinário para o
culto cristão.
1. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its sources and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist
Theological Seminary, 1985. p. 62.
2. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p. 156.
10. Louvemos ao Senhor
ESTE HINO de gratidão ao Deus triúno, Nun danket alle Gott, (Agora, agradecemos todos ao Senhor) de
Martin Rinkart, pastor, teólogo e músico alemão, é chamado o Te Deum (ver HCC 1, anotação 5) alemão.
Escrito em 1636, é largamente usado, não somente nas igrejas, mas para expressar gratidão nacional em
muitos países. A primeira estrofe é uma expressão de agradecimento a Deus por suas bênçãos; a segunda é
um reconhecimento do seu cuidado e proteção; a estrofe final é uma doxologia, louvando o Pai, o Filho, e o
Espírito Santo.
O autor, Martin Rinkart (ou Rinckart), nasceu em Eilenburg, Alemanha, em 23 de abril de 1586. Formou-
se em música e teologia e exerceu os dois ministérios. Poeta e dramaturgo sacro, escreveu muitos volumes,
inclusive dramas que celebravam a Reforma, publicados em 1613, 1618 e 1625. Muitas das suas obras foram
perdidas. Isto não surpreende quando se lembra que:
A maior parte da vida profissional de Rinkart ocorreu durante os horrores da Guerra dos trinta anos.
Eilenburg (onde era pastor) tornou-se uma cidade de refúgio de todos os arredores, naturalmente
sofrendo pestilência e fome (....) Por muito tempo, Rinkart foi o único pastor da cidade. (....) Os seus
recursos foram estendidos ao máximo para tentar atender às necessidades do seu povo (....) teve
(durante aquele período) de fazer o culto fúnebre de um total de 4.480 pessoas.(....) Salvou a cidade
em duas ocasiões de forças inimigas.1
O pastor Rinkart faleceu em 8 de dezembro de 1649, um ano depois que a paz voltou à sua terra,
prematuramente envelhecido por seus sofrimentos. Uma placa memorial, erigida na sua cidade em 1886,
relembra o extraordinário ministério deste servo de Deus.
O pastor João Soares da Fonseca traduziu este hino do alemão em 1990, a pedido da Comissão
Coordenadora do Hinário para o culto cristão. Fonseca procurou ser o mais fiel possível ao original de Rinkart.
João Soares da Fonseca, como atuante membro da Subcomissão de Textos, traduziu dezenove hinos
para o Hinário para o culto cristão, escreveu uma estrofe para outro, e harmonizou ainda outro. Contribuiu
sempre com muita eficácia e criatividade na consideração de todos os textos. Bacharel pelo Seminário
Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1976, foi consagrado ao ministério no mesmo ano, na Igreja Central de
Cachoeiras de Macacu, RJ, onde foi seminarista. Capixaba, nascido em Barra de São Francisco, em 15 de
maio de 1955, Fonseca voltou em seguida para o seu estado natal, pastoreando a Primeira Igreja Batista de
Vila Velha, ES, por cinco anos. Deixou esse pastorado para servir como missionário da Primeira Igreja Batista
de Vitória, no Iraque. Ficou lá dois anos. Trabalhava junto aos funcionários brasileiros da Empresa Mendes
Júnior que estava construindo uma estrada de ferro naquele país. O pastor Fonseca procurava oportunidades
para testemunhar também aos iraquianos, mesmo sabendo que isto era proibido pela lei daquele país
muçulmano. Ele usou esses anos para aprender árabe e aperfeiçoar-se no hebraico, língua que lecionou mais
tarde, no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo.
Voltando ao Brasil, o pastor Fonseca assumiu o pastorado da Igreja da Praia de Suá, Vitória, ES, em
março de 1984. Foi também redator de O Batista Capixaba. De lá foi para a Primeira Igreja Batista de
Cascadura, Rio de Janeiro, RJ, em maio de 1986, permanecendo até 22 de abril de 2001. Assumiu, ainda em
1986, a função de redator auxiliar de O Jornal Batista, lugar que ocupou até 1988.
“Desde 6 de maio de 2001 pastoreia a Eastview Baptist Church (igreja bilíngüe de cultos em inglês e
português), na cidade de Ottawa, Canadá, auxiliado por sua esposa Peggy Smith Fonseca, com
quem contraíu nupcias em 1992. Peggy foi missionária da Junta de Richmond no Brasil designada
para o trabalho na União Feminina Batista do Brasil, onde foi líder das Sociedades de Crianças
(Amigos de missões) por 14 anos.”2
O pastor Fonseca é conhecedor do castelhano, inglês, alemão e francês, habilidade esta que usou com
afinco nas suas traduções para o Hinário para o culto cristão, dotando o hinário, assim, de um bom número
dos melhores hinos da hinódia internacional.
NUN DANKET (Agora agradecemos) recebeu o seu nome da primeira linha do hino de Rinkart, como é o
costume nos corais (hinos) alemães. Johann Crüger publicou a melodia em 1647 na sua coletânea Praxis
pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade), 3ª edição. Felix Mendelssohn introduziu-a na sua obra
Festgesänge (Celebração), alterada e com harmonia a seis vozes. Sua obra foi apresentada, pela primeira
vez, em 1840, numa celebração do quarto centenário da invenção da imprensa. A harmonia no Hinário para o
culto cristão apresenta quatro das seis vozes.
Johann Crüger (1598-1662) nasceu na Prússia (hoje englobada pela Alemanha). Estudou teologia em
Wittenburg e tornou-se Kantor (solista e diretor de música) da Catedral Luterana de St. Nicholas, fundando o
seu coro famoso. Continuou ali até a sua morte, quarenta anos mais tarde. Crüger, um dos músicos mais
importantes da sua época, compôs muitas melodias para hinos e publicou muitas coletâneas. Publicou a
primeira edição de Praxis pietatis melica em 1644. Suas 44 edições sucessivas de 1644 a 1736 formaram a
coleção de hinos mais notável do século 17 e a fonte principal de música para a hinódia luterana daquele
período. Muitas das suas melodias estão em hinários e coletâneas corais do Brasil. O Hinário para o culto
cristão inclui outra linda melodia deste notável músico no número 315.
Felix Mendelssohn (Jacob Ludvig Felix Mendelssohn-Bartholdy) nasceu em Hamburg, Alemanha, em 3
de fevereiro de 1809, numa culta e abastada família judaica convertida ao cristianismo. O jovem Felix mostrou
os seus extraordinários talentos musicais em tenra idade: estreou como concertista ao piano aos nove anos;
aos doze, já tinha composto muitas obras, inclusive cinco sinfonias.
Outros dados sobre este gênio alemão são acessíveis em outras fontes. É importante realçar aqui as suas
mais notáveis obras sacras: os seus oratórios, Elias e São Paulo, traduzidos por Joan Larie Sutton e David
William Hodges, respectivamente (ver detalhes no HCC 25 e no HCC 1). Entre outras obras sacras de
Mendelssohn são: Tu és Petrus (Tu és Pedro, Op111), Lauda Sion (Louvai, Sião, Op 73), alguns Salmos para
coros, antemas corais, quartetos e duetos vocais, e a oração Verleih' uns frieden (Concede-nos paz), além de
diversos cânticos para solo e piano como Es ist bestimmt in Gottes rat (É, com certeza, do plano de Deus).
Outros hinos extraídos e adaptados das suas obras estão no HCC 96 e 351.
1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.2, Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.962.
2. FONSECA, João Soares da. Dados atualizados pelo tradutor, por e-mail, à Magali Cunha em 19 de novembro de 2001.
“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”
Apareceu, pela primeira vez no hinário do autor, Hymns of Christ and christian life (Hinos de Cristo e a vida cristã),
em 1867. Desde que o compositor Gustav Holtz combinou-o, com poucas modificações, com a melodia ST. DENIO, no
hinário The english hymnal, (O hinário inglês) em 1906, seu uso se alastrou na Inglaterra e no mundo.
O seu autor, William Chalmers Smith, nasceu na cidade de Aberdeen, Escócia, em 5 de dezembro de 1824. Formou-
se na Universidade da sua cidade natal, e em Teologia em Newburg College, na famosa cidade universitária de
Edimburgo. Ordenado ao ministério da Igreja Livre da Escócia, serviu em vários pastorados por um total de 44 anos. Foi
moderador desta denominação em 1893.
De acordo com McCutchan, os hinos do Dr. Smith, um autor de mérito, “possuem tal riqueza de pensamento e vigor
de expressão que mais deles deviam receber atenção dos hinólogos”.1
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja Louvado, preparado especialmente para
a Igreja Presbiteriana São Paulo de Newark, Estado de Nova Jersey, EUA. Foi publicado no Brasil, em São Paulo, capital
do Estado, em 1972.
João Faustini nasceu em lar cristão em Bariri, SP, em 20 de novembro de 1931. Desde cedo mostrou-se atraído pela
música. Estudou com sua irmã Martha Faustini, e aos dez anos já era organista da Igreja Presbiteriana de Pirajuí, SP. Aos
treze anos sentiu-se chamado para o ministério de Música Sacra, e desde então está intimamente ligado a esse setor da
obra de Deus.
Em 1948, Faustini ingressou no Instituto José Manoel da Conceição, na cidade de Jandira, SP. Naquele tempo Evelina
Harper, dedicada missionária e exímia musicista, era Diretora do Departamento de música. Com ela estudou regência
coral e, por seu intermédio, em 1951, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu cursar o Westminster Choir College,
em Princeton, Nova Jersey, EUA. Ali Faustini fez o Bacharel em Música.
Regressando ao Brasil em 1955, além de assumir o coro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo,
Capital, foi convidado a substituir D. Evelina na direção do Departamento de Música do Instituto JMC. Seguindo o
caminho que Evelina Harper traçara, dirigiu o coro, preparou a Caravana Evangélica Musical, que se apresentava
anualmente em várias cidades do Brasil e organizou Seminários de música sacra dedicados aos regentes e organistas das
igrejas evangélicas.
Em 1964 Faustini regressou aos Estados Unidos, onde fez o mestrado em Música Sacra no Union Theological
Seminary em Nova Iorque. Serviu, durante o seu curso, como organista e regente na Igreja Presbiteriana São Paulo, em
Newark, Estado de Nova Jersey.
Nos anos seguintes, de novo na sua Pátria, o maestro Faustini continuou e acumulou muitos outros ministérios de
música: professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, do Seminário Presbiteriano Independente de São Paulo, das
Faculdades Metropolitanas Unidas e da Faculdade Santa Marcelina na mesma cidade. Brilhou como solista em concertos
promovidos pelo Coro e Orquestra de Câmera de São Paulo e pela Sociedade de Bach.
Desde o tempo da sua atuação no Instituto JMC, Faustini se empenhou num ministério que ele via como muito
necessário, o de publicações de músicas evangélicas para coro. Publicou músicas corais da série Evelina Harper.
Acrescentou a estas as cinco valiosas coletâneas Os céus proclamam, que, além de suprirem historicamente importantes
músicas corais internacionais, incluíam músicas dele e de outros brasileiros.
Faustini não se esqueceu da necessidade de gravações de música de qualidade, cantada por bons coros. Lançou, entre
outros, os LPs Os céus proclamam, volumes I e II, com a Caravana Evangélica Musical e o Conjunto Vocal Faustini,
ambos sob a sua regência.
Em 1971, juntamente com seus irmãos Loyde e Zuinglio Faustini, publicou a coletânea Hinos contemporâneos e, em
1972, o famoso Seja louvado, hinário de 315 hinos em inglês e português. Nele participaram 45 autores e 16 compositores
evangélicos brasileiros. Além desses, foram incluídas músicas de sete compositores eruditos brasileiros. Faustini fez uma
valiosa contribuição a este hinário, não somente com suas músicas, mas também com suas traduções de quilate sob o
pseudônimo J. (de João) Costa (do nome da sua esposa Queila, também musicista de renome). Rolando de Nassau, no seu
artigo Um hinário com música brasileira, na revista Ultimato, elogia Faustini por sua “contribuição pioneira”2 à hinódia:
a inclusão do sabor único e distinto da música brasileira.
Publicou, em 1973, Música e adoração, livro que contribuiu significativamente na importante área do culto de
adoração, especialmente relacionado com música.
Nos anos seguintes Faustini contribuiu para o repertório evangélico com as coletâneas: Ecos de louvor I e V, Sempre
louvarei, Coros varonis, Florilégio coral, a cantata O reino divino, a Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São
João, e músicas avulsas.
O pr. Faustini foi pastor da Igreja Presbiteriana Unida São Paulo, em Newark, Nova Jersey de 1982 a 1996. O seu
ministério bilíngüe abrange muitos brasileiros e portugueses longe de casa. Ele continua a servir no Brasil em seminários,
congressos, apresentações e publicações, vindo uma vez por ano no mês de agosto.
Em 1988, como participante dum debate em São Paulo, sobre Música, Louvor e Adoração na Igreja Evangélica do
Brasil, Faustini falou da importância de lembrar os
“poderes tremendos que a música tem. (....) A arte nunca deve ser usada com um fim em si mesma, mas é um
instrumento fundamental, a célula para se servir ao Senhor para o louvor”.3
O Brasil evangélico é abençoado continuamente, e Deus é glorificado na música que João Wilson Faustini tem
proporcionado a todos nós por mais de três décadas.
O Hinário para o culto cristão inclui 32 letras e traduções do maestro, e quatro músicas e harmonizações.
A melodia ST. DENIO, também chamada JOANNA, apareceu como melodia para um hino pela primeira vez na
coletânea Caniadau e Cyssegr (Cânticos sacros) em 1839, com o nome PALESTRINA. Baseou-se num antiga canção
galesa muito conhecida no século 19.
1. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.93.
2. NASSAU, Rolando de. Um hinário com música brasileira. Ultimato, Ano X, n.103. p.13-14.
3. FAUSTINI, João Wilson. Em: Canto comum. Kerigma, Ano II, n.10. p.23.
1. Cantilhação: Canto religioso em estilo recitativo, especialmente no serviço judaico. Dicionario de música. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. p.65.
2. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.1053.
3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.326.
“Fui altamente afetado por isso tudo, e comecei a olhar a vida (....) por um prisma diferente; comecei
a estudar a minha Bíblia, e a pregar duma maneira diferente de antes.”1
“a expressão de maior ternura, e a maneira mais simpática possível. Estávamos muito ligados a
ele.”2
Henry Francis Lyte publicou diversos volumes de poesias. As duas coletâneas de salmos de Lyte
caracterizam-se por sua beleza, ternura e tristeza. Seus textos de hinos são cantados mundialmente. O
Hinário para o culto cristão inclui três dos mais duradouros nos números 15, 199 e 402.
Lyte faleceu em Nice, na França, em 20 de novembro, de 1847, onde tinha ido em função de sua saúde
(sofria de tuberculose). Morreu apontando para cima e dizendo: “Paz! Júbilo!”3
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para uso no hinário bilingüe Seja louvado, que foi
publicado em São Paulo em 1972. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 13).
Mark Andrews que compôs o antema Lauda anima (Louva, ó alma) para a letra de Lyte em 1931, nasceu
em Gainsborough, Inglaterra, em 21 de março de 1875. Estudou música com John Thomas Ruck, de
Westminster Abbey. Mudando-se para os Estados Unidos, foi mestre-capela e organista em diversas igrejas
de Montclair, Estado de Nova Jersey. Membro ativo no American guild of organists (Grêmio Americano de
Organistas), Andrews compôs música para órgão, quartetos de cordas, cantatas, antemas corais e muitas
canções. Faleceu em 10 de dezembro de 1939.
LAUDA ANIMA (Andrews) foi o nome escolhido para esta melodia no Baptist hymnal (Hinário Batista) de
1975, por ser o título do antema de Andrews, publicado por G. Schirmer's, de Nova Iorque. O nome de
Andrews aparece ao lado para distinguí-la da melodia de Sir John Goss, que tem o mesmo nome.
1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., vol.1, 1957. p.706.
2. JONES, F.A. Famous hymns and their authors. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.13.
3. LYTE, Henry F. Em: THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion, Revised Edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.68.
“Deus não quis que o jovem italiano fosse cantor e sim, pregador do evangelho.”1
Assim, o jovem talentoso preparou-se para o ministério. Formou-se em teologia pelo Seminário Teológico
Batista do Sul do Brasil (STBSB), em 1930.
O pr. José dos Reis Pereira, em seu livro História dos Batistas no Brasil, 1882-1982, escreve sobre o
trabalho batista na década dos anos trinta:
Em Santa Catarina, Estado ainda pouco atingido pelos batistas, foi fundada a Primeira Igreja de
Florianópolis, pelo Pastor Egídio Gióia, trabalhando como missionário da Igreja Batista do Méier, no Rio de
Janeiro. Gióia permaneceu lá pouco tempo, mas a igreja ficou.2
O pr. Egydio ainda pastoreou quatro igrejas em três estados brasileiros e ensinou no Instituto Batista de
Bauru, SP.
A Casa Publicadora Batista publicou o seu livro Notas e comentários à harmonia dos evangelhos.
O inesquecível Arthur Lakschevitz, criador e compilador das coletâneas Coros sacros, no prefácio do
primeiro volume, agradeceu a Egydio “pela grande cooperação”3 prestada. Há hinos e paráfrases das
escrituras do pr. Gióia nestas coletâneas, (agora publicadas em um só volume), inclusive a muito cantada
paráfrase do Salmo 19, Os céus declaram a glória de Deus adornada com a música de Beethoven, talvez a
música mais cantada dos Coros sacros.
Enquanto esteve no Rio de Janeiro, Gióia foi regente do coro da Primeira Igreja Batista. Regeu também o
grande coro de 500 vozes no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 1954.
Autor de muitos hinos, o pr. Gióia contribuiu com vários destes para a edição revisada do Cantor cristão,
1958, da qual foram extraídos para o Hinário para o culto cristão este hino e sua tradução (HCC 64). Esta vida
longa (de 1896 a 1980) de serviço ao Mestre, ainda nos inspira por meio de seus hinos.
A Subcomissão de Música do HCC procurou uma nova melodia para o hino do pr. Gióia e encontrou-a
entre as obras de David Peacock, eminente músico contemporâneo inglês.
Nascido em Bradford, Inglaterra, em 1949, David Peacock formou-se nas áreas de música e educação.
Professor, ministro de música, diretor da divisão de música da rede de televisão da British Broadcasting
Company (1973-1974), compositor, arranjador, orquestrador e compilador de coletâneas de hinos, Peacock
está agora empenhado em estabelecer um curso universitário de música sacra. Membro da comissão do
hinário Hymns for today's church (Hinos para a igreja de hoje), um dos seus arranjos feitos para este hinário
se acha no hino 180 do HCC. A melodia usada para o hino Ó Santo de Israel chama-se PARKSTONE.
1. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.23.
2. PEREIRA, José dos Reis. História dos batistas no Brasil - 1882-1982. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1985, p.134. (O pr. Reis Pereira usa a soletração moderna
para o nome do autor, enquanto a regra para este livro é utilizar a soletração da sua época).
3. LAKSCHEVITZ, Arthur. Coros sacros, v.1, 8ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), Prefácio.
1. Para um estudo mais completo desta imponente mensagem, ver ROLLO Jr., Hiram Simões. Para edificação dos santos, cantemos nossa fé. Mensagem proferida
em Niterói, perante a 72ª Assembléia da CBB, O Jornal Batista, ANO XCI, 17 de março, 1991.
2. ROLLO JR., Hiram Simões. Dados atualizados pelo autor, por e-mail, à Leila C. Gusmão dos Santos, em 7 de novembro de 2001.
“As publicações de Mason de música religiosa durante meio século são exemplos do melhor que a
América podia oferecer.”1
Depois de ir para a Europa para estudar a fundo o sistema de ensino de canto de Pestalozzi, Mason
estabeleceu a Academia de Música de Boston em 1833. Em 1838, com muita perseverança em face de
grandes dificuldades, ganhou a aprovação para o ensino de canto nas escolas públicas da cidade. Mason
usou estas escolas para
“preparação para tornar glorioso o louvor a Deus nas famílias e nas igrejas”2
Mason foi conferido o grau de Doutor em música (honoris causa) da Universidade de Nova Iorque, o
primeiro dado por uma universidade nos Estados Unidos. O hinólogo Robert McCutchan acha que
“Lowell Mason provavelmente fez mais para a música na América (do Norte) do que qualquer outro
indivíduo que o país já produziu.”3
O Hinário para o culto cristão inclui além desta, outras seis melodias ou arranjos deste importante
compositor nos números 127, 360, 399, 492, 540 e 563.
1. WEINANDT, Elwyn A. e YOUNG, Robert H. The anthem in England and America. New York: The Free Press, 1970. p.237.
2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadmam Press, 1976. p.390.
3. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.44.
Esta canção nasceu em um momento de vida em que, apesar de muitas limitações e lutas, o nome da gente se
tornara conhecido Brasil afora, por força das músicas gravadas. Também tínhamos feito inúmeras viagens de
evangelização com a equipe dos Vencedores por Cristo, da qual, naquela época, fazíamos parte. É bem verdade
a Palavra de Deus quando diz que um homem é provado pelos louvores que recebe. Pensando nisso e apoiado
por exemplo tão significativo do Rei Davi foi que nasceu esta letra.1
O grupo Vencedores por Cristo gravou muitos destes salmos numa série de discos que se espalhou por todo o Brasil.
Não a nós, Senhor fez parte do primeiro disco, lançado em 1981.
Nas edições impressas do Hinário para o culto cristão foi grafada erradamente uma palavra na segunda linha da
segunda estrofe. Onde se lê “Onde está nosso Deus”, lê-se, “Onde está vosso Deus”, exatamente como encontra-se no
Salmo.
O pastor Guilherme Kerr Neto, muito conhecido no Brasil através das suas letras bíblicas e profundas, nasceu em
São Paulo em 30 de agosto de 1953 de uma família famosa na história das igrejas evangélicas, por seus pastores,
educadores e hinistas. Convertido em fevereiro de 1972 foi batizado pelo pastor Renato Cobra Castro, na Igreja Batista do
Morumbi. Sentindo a chamada ao ministério da Palavra, formou-se pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Durante sete anos trabalhou com os Vencedores por Cristo, viajando, fazendo campanhas evangelísticas musicais,
escrevendo muitos hinos, gravando discos. Por cinco anos fez parte do colegiado de pastores da Igreja Batista do
Morumbi. Foi diretor artístico na área de publicações, música, rádio e TV do grupo Luz do caminho, sediado em
Campinas, SP. Pastoreou uma comunidade evangélica independente chamada Koinonia, na mesma cidade, e dirigiu
GKERR Produções. O pastor Guilherme começou a escrever hinos em 1972. O grupo Vencedores por Cristo publicou
muitas das suas produções a partir de 1975. Muitas delas também continuaram a ser gravadas e publicadas por GKERR
Produções e diversos outros discos e hinários. Sua contribuição à hinódia brasileira contemporânea é inestimável.
Falando sobre este ministério, o pastor Kerr Neto explica:
Na realidade não exerço o ministério da música e sim do ensino, por meio, principalmente, da música. Isso se
deu no contexto de trabalho com os Vencedores por Cristo, quando viajamos por dois anos quase consecutivos e
eu percebi a necessidade e a imensa abertura que as pessoas em geral, os jovens em particular, tinham para com
a música, como veículo de comunicação da poderosa mensagem do evangelho.2
O pastor Guilherme é casado com Sandra Elizabeth Kerr e o casal tem quatro filhos.
Pr. Kerr Neto tem no seu bojo de textos diversas cantatas como Vento livre, Eram doze e Histórias que Jesus contou.
O Hinário para o culto cristão inclui cinco das outras excelentes letras deste hinista nos números 80, 194, 321, 496 e 531.
Atualmente reside em Boca Raton, no sul da Flórida, EUA, onde é pastor da Brazilian Missionary Community Church
e gravou, também pela BMCC, o Cd Doce nome, ao vivo, nesta vibrante comunidade batista, no ano 2000.3
O compositor Nelson Marialva Bomilcar, hoje pastor e ministro de louvor da Igreja Evangélica Pró-Raízes, nasceu
em São Paulo, em 14 de novembro de 1955. Aceitou a Cristo em julho de 1972, sendo batizado na Igreja Batista
Paulistana, Capital, pelo pastor Cesar Thomé.
Bomilcar se aprimorou na música através de cursos de piano popular, violão clássico, contrabaixo, guitarra, canto,
composição e regência e produções musicais. Estudou teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Na área de educação, já ensinou Novo Testamento, discipulado, missões, música e louvor, música e cultura, música e
contextualização.
Bomilcar, além de músico profissional, é produtor musical. Desde 1975 tem publicado várias produções: músicas para
coros mistos, para crianças, para conjuntos e solistas. Várias das suas músicas foram gravadas (com a sua participação)
por Vencedores por Cristo, Grupo Semente e pela Igreja Batista do Morumbi, da qual foi pastor associado por diversos
anos.
O pastor Bomilcar é conhecido em todo Brasil como conferencista, especialmente na área de música sacra. Inclui no
bojo dos seus vários ministérios os de aconselhamento e evangelismo itinerante. Tem trabalhado na adoração e música
cristã nos últimos 30 anos, ministrando e pastoreando músicos, tendo produzido inúmeros cantores e grupos no Brasil.
Participou de Vencedores, Semente, IBMorumbi. É membro da Associação de Músicos Cristãos (AMC) do Brasil.
SALMO 115, o nome da melodia escolhido pelo compositor, é do título original do hino.
O arranjo do hino foi feito por Ralph Manuel para o HCC em 1990.
Ralph Manuel nasceu em 22 de julho de 1951, na cidade de Oklahoma, Estados Unidos da América, filho de um
diácono. Chamado para o ministério de música em 1971, serviu a Deus no Brasil como missionário da Junta de Richmond
de janeiro de 1980 a dezembro de 2003. De 1980 a 1988 atuou como Ministro de Música na Igreja Batista Imperial,
Recife, PE. Durante os 23 anos que aqui esteve, trabalhou como professor de teoria, piano e composição no Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil, por diversas ocasiões ministrou aulas no Curso de Mestrado do Seminário do Sul,
RJ, além de atuar como preletor e pianista acompanhador nos Congressos Nacionais e Estaduais dos músicos Batistas
brasileiros. Em janeiro de 2004, de volta à sua terra natal, Ralph foi empossado no ministério de música da Heritage
Baptist Church, em Anápolis, estado de Maryland, USA.
Manuel iniciou seus estudos de música aos 8 anos de idade. Bacharelou-se em Música na Universidade de Oklahoma,
EUA, com especialização em Piano. No Seminário Teológico Batista do Sudoeste em Fort Worth, Texas, fez o Mestrado
em Música Sacra, com especialização em educação musical de igreja e iniciou seus estudos de Doutorado em Filosofia
(Ph.D.), com especialização em Teoria Musical.
O prof. Ralph e Donna Manuel casaram-se em dezembro de 1972. Seus filhos são James (1986) e Melissa (1988).
Donna, formada em Educação Religiosa, serve a sua igreja no departamento de crianças e também como pianista.
Antes de chegar ao Brasil, Ralph já demonstrava sua habilidade de compositor. A Broadman Press publicou sua
coletânea para piano em 1979, e outra para solo vocal e piano em 1983. A JUERP publicou esta última em 1993, com o
título Cantai!.
Uma vez aqui chegando, Manuel assimilou a cultura musical brasileira a tal ponto que compôs vários hinos e músicas
para coro com características brasileiras. Suas excelentes composições e arranjos para coro, diversas das quais apareceram
nas coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP, são cantados em número
crescente pelos evangélicos nos quatro cantos do país. Como professor, pianista e compositor nos congressos da
Associação de Músicos Batistas do Brasil, e como componente nas equipes de música das assembléias da Convenção
Batista Brasileira, Ralph deu uma contribuição significativa para a música sacra brasileira. 4
Ralph é concertista de renome. Sua colega na Subcomissão de Música do HCC, Célia Câmara Reis (In memorian),
expressou o sentimento de muitos quando disse:
We come before you, Lord (Chegamos diante de ti, Senhor), uma coletânea de solos para piano de Ralph foi publicada
por Beckenhorst Press, em 1994.
A Broadman Press publicou sua coletânea para piano em 1979 e outra para solo vocal e piano em 1983; esta também
publicada aqui no Brasil, pela JUERP, em 1993, com o título Cantai! Suas composições e arranjos para coro aparecem nas
coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP e AMBB, com destaque a
cantata A perfeição do amor.
Ralph continua a compor, e durante o período que aqui trabalhou produziu hinos para missões com seu parceiro Jilton
Moraes e músicas para coro. Da sua cantata A perfeição do amor a JUERP publicou antecipadamente os antemas corais
Deus é amor e Quem nos separará?. No ano de 1997 a AMBB publicou a cantata inteira.
Em dezembro de 2003, Ralph e sua família retornaram ao seu país de origem e, em janeiro de 2004, Ralph tomou
posse o ministério de música na Heritage Baptist Chruch, em Anapolis, Estado de Maryland, EUA. Foi ordenado na noite
de 25 de julho de 2004 como ministro de música na mesma igreja. 6
“Esta poesia tinha tal apelo, que orei com todo o fervor para que a minha melodia pudesse transmitir
a sua mensagem duma maneira digna.”1
A cena descrita transcorreu em 1923. O compositor era o Rev. William Marion Runyan, metodista
norteamericano. Sem dúvida, hoje podemos dizer: a música do compositor faz exatamente o que ele tão
ardentemente desejou.2
Runyan nasceu no dia 21 de janeiro de 1870, em Marion, Estado de Nova York. Tinha grande inclinação
para a música. Iniciou os seus estudos de música quando tinha cinco anos, e aos doze já servia como
organista da igreja. Quando tinha 14 anos, seu pai, que era pastor metodista, mudou-se, com a família, para o
Estado de Kansas.
Apesar do seu grande talento musical, Deus tinha outros planos para Runyan. Aos 21 anos de idade, foi
consagrado ao ministério pastoral. Serviu como pastor e evangelista entre os metodistas por 32 anos.
Por causa de um problema de surdez, Runyan deixou o pastorado em 1923, para assumir
responsabilidades na Universidade John Brown, trabalhando também como redator da revista Christian
workers' magazine (Revista do obreiro cristão) e como compilador de hinários.
De 1931 a 1944, ele serviu no Instituto Bíblico Moody, em Chicago. Foi nesse Instituto que o hino Tu és
fiel, Senhor, tornou-se muito conhecido, tornando-se um dos prediletos dos alunos daquela instituição.
Quando o Dr. Houghton, presidente da mesma, faleceu, o hino foi entoado por todos os presentes ao culto
fúnebre.
Em 1923, quando Thomas O. Chisholm enviou aquelas poesias a William Runyan, este, compositor de
quase 300 hinos, já havia feito umas 20 ou 25 músicas para acompanhar poesias de Chisholm, seu colega e
grande amigo.
Thomas Obediah Chisholm nasceu no Estado de Kentucky, no dia 29 de julho de 1866, em
circunstâncias humildes e teve de instruir-se por si mesmo. Apesar de só completar o curso primário por
esforço próprio, mais tarde se tornou professor. Com 21 anos já era o redator auxiliar do jornal local.
Com 27 anos, Chisholm se converteu durante uma série de conferências evangelísticas. Mais tarde, foi
consagrado ao ministério pela Igreja Metodista, mas o seu estado de saúde bastante precário proibiu que
desenvolvesse muitas atividades. Por esta razão, ele deixou o pastorado.
Chisholm escreveu um total de aproximadamente 1.200 poesias. Faleceu no Lar Metodista de Ocean
Grove, Estado de Nova Jersey, em 29 de fevereiro de 1960.
O hino Tu és fiel, Senhor foi publicado pela primeira vez em 1923, num hinário intitulado Songs of
salvation (Cânticos de salvação) da autoria de Runyan.
O nome da melodia, dado pela família de Runyan, é FAITHFULNESS (Fidelidade).
A tradução é uma colaboração de Joan Larie Sutton, Lydia Bueno e Hope Gordon Silva, as duas
últimas então professoras de português na Escola de Português e Orientação em Campinas, SP.
Quando o Hinário da Campanha Nacional de Evangelização foi publicado pela JUERP, em 1964, um dos
hinos “novos” que logo se tornou favorito foi o hino n.38, Tu és fiel, Senhor. Seguiu-se sua inclusão em Vinde,
cantai! (1980). Foi um dos hinos mais alistados como favorito na pesquisa feita pela Comissão do Hinário
para o culto cristão em todo o Brasil, para determinar quais fariam parte do novo hinário.
A tradutora, Joan Larie Sutton, habilidosa coordenadora da comissão que preparou o Hinário para o culto
cristão, é conhecida e amada em todo o Brasil. D. Joana (como ela é mais conhecida) é exímia violinista,
querida professora, compositora, autora, tradutora e criadora de um imenso patrimônio de música sacra no
Brasil.
Joan Larie Riffey nasceu em 26 de julho de 1930, em Louisville, Estado de Kentucky, EUA. Chegou ao
Brasil com os seus pais, John e Esther Riffey, operosos missionários da Junta de Richmond, em 1935. Como
diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954, o Dr. Riffey
serviu em oito estados do Brasil. D. Esther trabalhou na igreja local, no Rio de Janeiro, no Curso de Obreiras
e como autora e compositora para o trabalho com crianças. Joana aceitou a Cristo nos joelhos de sua mãe,
vindo a se batizar aos dez anos. Os seus estudos de primeiro e segundo grau foram em colégios batistas, em
Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou
piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos
Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e
musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões.
Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na
música sacra brasileira.
Indo aos Estados Unidos para continuar os estudos, como bolsista, Joana cursou Pedagogia do violino na
Universidade de Baylor, Estado de Texas, bacharelando-se em Letras (literatura inglesa e francesa) e Música
(teoria e violino), concluindo em 1951. Após o falecimento de seu primeiro esposo, Joana voltou aos estudos,
iniciando, em 1952, o Mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul, em sua cidade natal.
Durante o curso veio a conhecer John Boyd Sutton, com quem se casou em segundas núpcias. Deus deu três
filhos a este casal, John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília, que nasceu no Brasil em 1960. O Pr. Boyd e
Joana terminaram o Mestrado em Música Sacra em 1956, e, depois de três anos de trabalho na Primeira
Igreja Batista de Hendersonville, no Estado de Carolina do Norte, foram nomeados como missionários pela
Junta de Richmond, chegando ao Brasil em agosto de 1959. O casal começou a lecionar música no STBSB
em 1961. Em 1963, iniciaram o Curso de Música Sacra do Seminário, com o Pr. Boyd na direção. A
professora Joana lecionou em muitas áreas: composição, contraponto, forma e análise, órgão, violino, e
hinologia, sempre traduzindo músicas para os diversos coros e para o ensino de canto. Passaram mais de
vinte anos abençoados treinando pessoas que hoje estão espalhadas pelos quatro cantos do país e no
exterior, muitos em liderança da denominação. Este casal verdadeiramente tem dedicado toda a vida ao
ministério de música na Pátria Brasileira.
Do incansável trabalho e direção de D. Joana temos traduzidas grandes obras para o português: o
Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms - o único que expressa a firme
esperança dos salvos - com um significado especial para a vida da tradutora; As sete últimas palavras de
Cristo, de Dubois; Glória, de Poulenc; e a Primeira Cantata do Oratório de Natal, de Johann Sebastian Bach.
Além do grande acervo de traduções de outras cantatas, antemas, hinos e solos, suas composições
abrangem todas as áreas de música sacra. Muito cantadas no Brasil foram suas cantatas E habitou entre nós
e O presente de Natal. Seus hinos, como O desafio (agora, no HCC 543, Eu aceito o desafio), Seguir a Cristo
não é sacrifício (HCC 480) e Com júbilo prossigamos (no HCC 613, Com alegria recordamos) ecoam nas
igrejas e nos corações em todo o Brasil.
Em março de 1983, o casal se transferiu para Porto Alegre, RS, onde o Pr. Boyd atuou como Diretor do
Departamento de Música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. D.Joana continuou seu trabalho como
tradutora e assessora de Música para a JUERP e a denominação.
Desde a fundação da Associação de Músicos Batistas do Brasil, Joana foi uma fonte de intensa produção
e inspiração, como membro da Junta Executiva, relatora da comissão que preparou o livreto Filosofia de
música sacra, publicado pela JUERP e, desde 1987, coordenadora do projeto que tornou possível a produção
do Hinário para o culto cristão, ao qual se dedicou quase que exclusivamente por vários anos. Nas palavras
do Pr. Joaquim de Paula Rosa:
Essa irmã soube, pela direção de Deus, descobrir os elementos nacionais e missionários, homens e
mulheres para se tornarem garimpeiros da inesgotável mina dos tesouros musicais. Ela soube reunir
os pendores, a formação técnica, a consagração pessoal de cada um, a perícia e a arte de todos,
para formar uma equipe singular, que se houve com maestria no presentear-nos com um Cântico
Novo.3
O Hinário para o culto cristão apresenta 45 contribuições da profª. Joana, oito letras, uma metrificação, 36
traduções e sete músicas. Em 1991, o ano que o Hinário para o culto cristão foi lançado, Joan Sutton foi
oradora oficial da Convenção Batista Brasileira, a primeira mulher escolhida para esta honra.
O casal Sutton, depois de 33 abençoados anos de ministério no Brasil, voltou à sua terra natal em outubro
de 1992 para a aposentadoria. Fixando-se em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA, continua a servir ao
Senhor, tanto no seu novo lar, como em cooperação com seus companheiros do trabalho batista no Brasil.
Em julho de 1993, o Pr. Boyd tomou posse como Ministro de Música da Igreja Batista de Shaw Creek.
Lydia Cassano Bueno nasceu em Campinas, SP, em 9 de julho de 1916. Convertida em 5 de dezembro
de 1954, foi batizada na Igreja Presbiteriana Central da sua cidade natal. Formada na Escola Normal Carlos
Gomes, fez cursos em fonética e inglês na capital americana, Washington D.C. Começou a escrever hinos em
1964.
Hope Gordon Silva, filha dos operosos missionários presbiterianos, Dr. Donald e Helen Gary Gordon,
nasceu em 10 de maio de 1926 em Belavista, Peru. Formou-se na Faculdade Wellesley, no Estado de
Massachusetts, EUA, fez complementação pedagógica em Mogi das Cruzes, SP, e mestrado na PUC de São
Paulo. Autora e tradutora, publicou várias coletâneas. Algumas das suas produções foram publicadas também
na série Os Céus Proclamam e nas revistas Louvor Perene e O Evangelista. Escreveu fascículos para as
reuniões infantis da sua denominação. Hope é esposa do rev. João Silva, pastor da Segunda Igreja
Presbiteriana de Ermelino Matarazzo, São Paulo, Capital. O casal tem quatro filhos.
1. RUNYAN, William M. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. pp.80-81.
2. Adaptado de ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem, v.III, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1971. pp.78-79.
3. ROSA, Joaquim de Paula. Apresentação. Em: Hinário para o culto cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1990. p.vii
“Uma letra empolgante para uma marcha triunfal, celebra uma vitória gloriosa na batalha”.1
Embora Davi estivesse muito exultante com o sucesso, não usou a ocasião para vangloriar-se; ao
contrário, rompeu em louvor, celebrando a pessoa e as obras de Deus. Davi percebia que, como Deus fazia a
sua obra por meio da sua vida e experiências pessoais, também age na história por meio de grandes atos de
redenção. Deus triunfará no fim, trazendo seu reino mundial de justiça.2
Como Daví, devemos “encher os seus átrios de louvor”. Nosso Deus, que em compaixão nos libertou e
nos purificou, estará conosco para sempre! Cantemos, então, “sem cessar!” Celebremos a inigualável
“bondade que Deus nos dispensou”; louvemos a quem “nos resgatou!”
Rodolfo Hasse (1890-1968), eminente nome na Igreja Evangélica Luterana do Brasil, foi o primeiro pastor
da Igreja da Paz, no Rio de Janeiro, cujo trabalho iniciou em 30 de janeiro de 1930.
O rev. Hasse foi o pioneiro do trabalho radiofônico evangélico no Brasil. Por meia hora, semanalmente, ele
difundiu a mensagem de Cristo pela Rádio Club do Brasil, trabalho este começado em 1929.
Membro da Comissão Sinodal de Hinologia e Liturgia, o rev. Hasse trabalhou no Hinário evangélico
luterano, em 1938, e suas subseqüentes edições em 1952 e 1956. No Hinário luterano, 1986, encontramos 63
hinos originais e 83 traduções da pena deste servo de Deus.
A contribuição do rev. Hasse à hinódia brasileira é imensurável. Ninguém mais que ele soube trazer a
herança hinística germânica para a língua portuguesa, tanto por suas traduções e seus hinos como por seu
trabalho incansável de apoio à nossa hinódia.
Esta melodia foi usada pela primeira vez em um hinário publicado em 1784 em Württemberg, Alemanha.
Levada à Inglaterra, foi incluída no hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), edição de
1868. ELLACOMBE é nome de um vilarejo em Devonshire, na Inglaterra.
1. WYRTZEN, Don. A musician looks at the psalms. Grand Rapids MI: Zondervan Publishing House, 1988. p.30.
2. Ver Ibid.
“verdadeiras mensagens do evangelho”, (....) exprimem santas e belas experiências cristãs, e (....)
estão profundamente arraigados na alma dos crentes.1
Depois de uma vida de extraordinário ministério, Ginsburg faleceu em 31 de março de 1927, em São
Paulo.2
O Hinário para o culto cristão inclui, entre originais e traduções, 30 contribuições de Ginsburg, um gigante
na obra de Deus no Brasil.
Descrevendo a composição desta singela melodia, Joan Larie Sutton fala:
Estávamos no final do trabalho de escolha de letras e melodias e não tínhamos melodia para este
grande hino. Foi durante as reuniões da Comissão do HCC que compus esta melodia, indicando, na
parte harmônica, que deveria terminar em acorde maior no final da quarta estrofe. Para minha
surpresa, a Subcomissão de Música gostou da melodia. Ralph a harmonizou, e a ela dei o nome
LARIE, que faz parte do meu próprio nome.3
1. SOUZA, Manuel Avelino. Em: GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manuel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista (JUERP), 1970. pp.248-249.
2. Está aqui uma biografia muito resumida desse intrépido mensageiro do evangelho. Em cada um dos 30 hinos do Hinário para o culto cristão, cuja letra foi escrita
ou traduzida por ele, a autora procura apresentar outras facetas da sua vida relevantes ao hino, como faz para outros hinistas. Recomenda-se sua leitura. Melhor, a
leitura da sua autobiografia será uma bênção inestimável e um desafio.
3. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.
30. A terra semeamos
ESTE HINO VIGOROSO é uma tradução do cântico dos lavradores produzido por Matthias Claudius. Foi
escrito em Hamburg, Alemanha, em 1782, descrevendo uma festa de gratidão pela ceifa, numa casa alemã
da roça.
Matthias Claudius (1740-1815) era uma pessoa muito simpática, cheia de alegria e brincadeiras. Amava
a natureza, como este hino revela. Tinha um lar muito feliz, embora muito pobre, com a sua amada esposa e
onze filhos. Pensou em entrar no ministério luterano, como o seu pai, mas foi desencorajado pelos “livres
pensadores” do seu tempo. Entrou na advocacia e no jornalismo, e chegou a uma posição de destaque.
Todavia, uma doença muito séria o fez voltar à sua primeira fé. Renunciou posição e salário. Usou a arte do
jornalismo para defender a fé do racionalismo com tal vigor que muitos dos seus antigos amigos o
abandonaram. Claudius não escreveu hinos em si, mas as suas poesias, cristãs em essência, eram populares
e de grande influência. Deixou oito volumes das suas obras.
Jane Montgomery Campbell (1817-1878) traduziu este hino de gratidão do alemão para o inglês em
1861, baseado nas estrofes 3, 5, 9, 10 e 13 das dezessete estrofes originais, publicando o hino no hinário
Garland of songs (Grinalda de hinos). Jane, filha de pastor, cantora e professora de canto, falando
fluentemente o alemão, traduziu um bom número de seus hinos para o inglês. Publicou também A handbook
for singers (Um manual para cantores).
Henry Maxwell Wright, dinâmico evangelista-cantor, o Moody-Sankey da língua portuguesa, com cerca
de duzentas letras e traduções, traduziu este hino do inglês para o português em 1898. (Ver dados do tradutor
no HCC 1).
Johann Abraham Peter Schulz (1747-1800), filho de um padeiro alemão, começou cedo na vida os seus
estudos na música. Aos quinze anos, mesmo sem recursos, foi a Berlim, onde o grande mestre Kirnberger lhe
ensinou gratuitamente. Viajou muito pela Europa. Mostrou a sua gratidão a Kirnberger por auxiliá-lo na
produção de dois livros sobre composição e arte.
Schulz ganhou fama, tornando-se Diretor do Teatro Francês em Berlim em 1776; Diretor de música do
Príncipe Henry da Prússia em 1780 e Diretor de música da corte do Rei da Dinamarca, em Copenhague em
1787. Voltou à Alemanha em 1796, onde faleceu em 1800. Schulz publicou coletâneas de canções sacras e
profanas. Escreveu óperas, oratórios, e música instrumental.
A melodia WIR PFLÜGEN (Nós aramos) apareceu na coletânea Lieder für volkschulen (Canções para
escolas públicas), em 1800, com algumas estrofes do hino A terra semeamos em alemão. Mais tarde, esta
melodia muito popular foi reconhecida como sendo de Schulz.
Walter Stillman Martin (1862-1935) formado na Universidade de Harvard, foi ordenado ao ministério
batista, mais tarde unindo-se à Igreja Discípulos de Cristo. Tornou-se professor de Bíblia na Faculdade Cristã
Atlântica, em Carolina do Norte. Casou-se com Civilla Durfee Holden, e em 1919 fixaram residência em
Atlanta, Estado de Georgia, enquanto Martin conduzia conferências bíblicas e evangelísticas em todo o país.
O casal publicou outros hinos do estilo gospel hymns, incluindo Nada de desânimo (CC 337), que por longos
anos foi de conforto a muitos.
Civilla Durfee Martin (1866-1948), nascida na província de Nova Scotia, no Canadá, por muitos anos foi
professora da rede pública. Recebeu educação musical. Civilla, embora nunca tivesse boa saúde, colaborou
com seu marido nas suas campanhas até a morte dele.
O nome da melodia, GOD CARES (Deus cuida), reflete a mensagem do hino pelo casal Martin. Foi
publicado no hinário Songs of redemption and praise (Cânticos de redenção e louvor), em 1905, compilado
por Martin e John A. Davis, fundador e presidente da Escola de Treinamento Prático na Bíblia em Lestershire,
Estado de Nova Iorque.
Salomão Luiz Ginsburg traduziu este hino em 1905, dedicando a tradução a Francis. M. Edwards,
missionário batista no Brasil de 1907 a 1924. Certamente com esta tradução Ginsburg procurava encorajar e
fortificar a fé de Edwards, que passava por dias difíceis. Por alguma razão, ele publicou sua versão somente
em 24 de outubro de 1912, em O Jornal Batista, na página 6 (Ver dados do tradutor no HCC 29).
1. PORTO FILHO, Manoel. História e mensagem dos hinos que cantamos. Teresópolis: Casa Editora Evangélica, 1962. pp.15-18.
“fala de Deus como o criador do universo e de como Ele nos guia como nação”1,
foi escrita para a celebração do centenário do dia da independência americana em 1876 na pequena
cidade de Brandon, Estado de Vermont, EUA. Roberts
“suplica que a proteção de Deus continue eterna, fortalecendo-nos para glorificar o seu nome”.2
Seu texto afirma fé na liderança passada de Deus à nação, e invoca sua bênção contínua como
“soberano, protetor, guia e sustentador”. Israel conhecia a importância do favor de Deus. “Bem-aventurada é
a nação cujo Deus é o Senhor” (Salmo 33.12). Assim esse hino dá para o país uma postura de invocação em
procurar a bênção contínua do Senhor. “A nossa vida vem fortalecer para o teu nome sempre engrandecer”.3
Pelo seu valor excepcional, a letra foi publicada em diversos jornais da época. Em 1892, submetida
anonimamente, foi incluída no hinário episcopal, The hymnal (O Hinário), com a música que George W.
Warren compôs especialmente para ela em 1887, por nome NATIONAL HYMN (hino nacional). Com esta
música, desde então, este hino não somente tem sido incluído em hinários pelo mundo afora, mas
selecionado para um bom número de extraordinárias celebrações eclesiásticas e nacionais.
O autor, Daniel Crane Roberts (1841-1907), formou-se na Faculdade Kenyon, em Gambier, Estado de
Ohio, EUA. Ordenado pela Igreja Protestante Episcopal em 1866, serviu em diversas igrejas do Nordeste
americano. Foi chamado para a Igreja St. Paul, de Concord, Estado de New Hampshire em 1878, onde
permaneceu até a sua morte. Roberts foi presidente da Sociedade Histórica Estadual daquele Estado por
muitos anos. Foi honrado com o Doutorado em Divindade (honoris causa) pela Universidade de Norwich.
George William Warren (1828-1902), organista americano, compositor da melodia NATIONAL HYMN,
nasceu na cidade de Albany, do Estado de Nova Iorque. Praticamente autodidata, foi organista em diversas
grandes igrejas do estado. Escreveu muita música sacra, e em 1888 editou um hinário intitulado Hymns and
tunes as sung at St.Thomas' Church (Músicas e hinos como são entoados na Igreja de São Tomás).
Na sua apresentação do hino em Os céus proclamam, v.1, 1958, o tradutor, João Faustini descreve bem a
qualidade desta música de Warren:
João Wilson Faustini fez sua primeira tradução deste imponente hino em 1955, e embora esta tenha sido
usada em comemorações diversas, divulgada até por rádio e televisão, Faustini, insatisfeito com a primeira
tentativa, fez uma segunda tradução em 1958 para Os céus proclamam, v.I, com o título Deus dos antigos.
(Ver dados de Faustini no HCC 13). É esta a tradução usada no hinário Seja louvado e no Hinário para o culto
cristão.
Por anos os conjuntos corais batistas tiveram o privilégio de cantar este hino com o arranjo do compositor
e hinólogo Dr. William J. Reynolds, achado na coletânea Antemas corais, compilado por Bill Ichter, e
publicado pela Casa Publicadora Batista (JUERP) em 1961. Agora está ao alcance da congregação!
1. FAUSTINI, João Wilson. O reino de Deus na terra, Histórias dos hinos, Os céus proclamam, v.I. 2ª ed. Jandira, SP: Instituto José Manuel da Conceição, 1959.
p.43.
2. Ibid
3. GERIG, Richard E. God of our fathers. Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church: A hymnal, Worship leader's edition. Carol Stream, IL: Hope Publishing
Company, 1990. n.419.
4. FAUSTINI. Loc. cit.
Este é um hino muito querido para mim. Traduzi-o para meu marido e também para o Pr. Marcello
Cavalcanti, pastor de minha igreja na época, Igreja Batista do Calvário, Rio de Janeiro.”1
Foi escrito como um adeus cristão e cantado pela primeira vez na Primeira Igreja Congregacional
(Washington, Capital dos EUA), da qual fui pastor por quinze anos. Celebramos cultos evangelísticos
domingos à noite, e a música usada era intencionalmente do tipo popular. Escrevi a primeira estrofe
e mandei-a a dois irmãos para ser musicada. A música que parecia servir melhor foi escrita por W. G.
Tomer. Depois de uma revisão por J. W. Bischoff [o organista da igreja], escrevi as outras estrofes.2
“Somente Deus sabe quantas e quantas vezes este hino tem sido cantado na despedida de irmãos
que nunca mais se encontraram nesta terra”.3
Ainda hoje,
“nenhuma despedida melhor pode ser dada entre cristãos, ao sair do culto, do que `Deus vos guarde
pelo seu poder.'”4
Jeremiah Eames Rankin (1828-1904), natural do Estado de New Hampshire, EUA, formou-se na
Faculdade Middlebury, do Estado de Vermont. Fez teologia no Seminário Teológico Andover, do Estado de
Massachusetts, sendo ordenado ao ministério congregacional em 1855. Rankin pastoreou diversas igrejas no
Nordeste americano. Foi convidado para ser Presidente da Universidade Howard em Washington D.C. em
1889, onde recebeu Doutorado em Letras (honoris causa). Continuou nesta escola de renome especialmente
para a educação de negros até a sua morte em 1904. Dr. Rankin, conhecido como pregador poderoso, atraiu
as multidões não somente pelas pregações, mas por seus cultos evangelísticos nos domingos à noite quando
enfatizava o canto congregacional. Com muita convicção da importância da hinódia, compilou e editou muitos
hinários e livros. Escreveu algumas poesias e diversos hinos (letra e música).
William Gould Tomer (1832-1896) compôs esta inesquecível melodia em 1880, a pedido de Rankin.
Depois de servir no exército da União na Guerra civil, tornou-se funcionário do governo, na capital do país,
posição que ocupou por vinte anos. Durante esse tempo foi Diretor de música na Igreja Metodista Episcopal
da Graça. Passou seus últimos anos como professor nas escolas públicas do Estado de Nova Jersey, EUA.
Este hino foi cantado no seu culto fúnebre.
O nome da melodia GOD BE WITH YOU (Deus esteja contigo) provém das primeiras quatro palavras do
hino no original.
O missionário Stuart McNair traduziu este hino e publicou-o no hinário Hinos e cânticos espirituais, em
1901.
O tradutor, o extraordinário inglês Stuart Edmund McNair (1867-1959), foi um engenheiro que dedicou a
maior parte de sua vida à evangelização em cooperação com os Irmãos Unidos (Igreja Cristã). Primeiramente,
desempenhou a sua profissão na Espanha e em Portugual. Em Coimbra, McNair fez amizade com Henry
Maxwell Wright e, aos 29 anos, resolveu
McNair chegou ao Rio de Janeiro em maio de 1896. Cooperou com um grupo iniciado por Richard Holden.
A partir de 1899, estendeu o seu ministério de evangelização a várias cidades daquele Estado. Alargando
sempre seu campo de ação, atingiu mais tarde os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Pernambuco e Maranhão.
McNair viajava a cavalo, hospedando-se com os sertanejos, muitas vezes detendo-se um ou dois meses
num lugar para consolidar o trabalho. Residiu em diferentes lugares do interior onde, ao lado dos serviços
evangélicos, abria aulas de alfabetização, escolas bíblicas para o preparo de obreiros e desenvolvia serviço
assistencial atendido por sua irmã, Dra. Carlota McNair, médica que dava consultas diariamente.6
Colaborando com outros líderes da sua denominação, promoveu a construção de mais de quarenta Casas
de Oração.
Em 1933, não podendo mais viajar tanto, fixou residência em Teresópolis, onde fundou a Casa Editora
Evangélica. Com sua irmã Dra. Carlota manteve por sete anos um sanatório para tuberculosos naquela
cidade.
Autor prolífico, McNair publicou vários livros, folhetos e artigos sobre os mais diversos tópicos. Produziu
muitos hinos, 157 deles sendo publicados no hinário Hinos e cânticos espirituais (hoje Hinos e cânticos), do
qual foi por longos anos revisor e editor. O Cantor cristão aproveitou trinta destas letras e traduções. O
Hinário para o culto cristão inclui sete das suas produções, nos números 37, 120, 173, 319, 356, 416 e 448.
Stuart McNair nunca se casou. Dedicou-se de corpo e alma ao seu ministério multifacetado. Faleceu em
Teresópolis em 1959, depois de uma longa vida de admirável serviço ao Senhor a quem ele amava.
1. RANKIN, Jeremiah. Em: PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.109.
2. RANKIN, Jeremiah. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.521.
3. PRICE. Loc. cit.
4. OSBECK, Kenneth W. 101 More hymn stories. Grand Rapids: Kregel Publications, 1985. p.99.
5. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. A criancinha em oração, Ultimato, Ano XI, n.107, p.13.
6. Ibid.
“nos relembra, em linguagem tão solene quanto sublime, o contraste entre a brevidade da existência humana e a
eternidade de Deus.”1
É uma paráfrase do Salmo 90 feita em 1714 por Isaac Watts, “Pai da hinódia inglesa”.2
É considerada por muitos sua paráfrase mais primorosa e, nas palavras do hinólogo inglês F.A. Jones: “Viverá
enquanto a Igreja durar”.3 Surgiu em tempo de grandes ameaças para os dissidentes. Os jacobinos conseguiram promessa
da rainha Anne de trazer de volta os piores dias da rainha Maria, chamada “A sangüinária” por causa das ferrenhas
perseguições de todos que se chamavam protestantes. Temiam dias terríveis. Mas, como o biógrafo de Watts, Thomas
Wright escreveu:
“O impossível aconteceu!” A Rainha Anne morreu de repente, e as ameaças dos jacobinos com ela. Foi
justamente 'no meio desses alarmes dramáticos e mudanças [em 1714] que Watts escreveu esse glorioso e
excitante hino de triunfo e fé' (....) e esse hino proclamou que ”somente a graça de Deus rende o homem
invencível.” A Inglaterra tem este hino no seu coração. Canta-se em todas as grandes e solenes ocasiões [do
país], sejam dias de perigo, ou de bonança.4
O hino foi publicado, em 1719, com nove estrofes, no seu saltério Psalms of David imitated (Salmos de Davi
imitados). Do original, o Hinário para o culto cristão inclue estrofes 1, 3, 5 e 9 deste hino universalmente usado.
O que Ambrósio foi para os hinos latinos, Clement Marot para os salmos e hinos franceses e Lutero para os alemães,
isto - e mais - foi Watts para os ingleses.5
Isaac Watts nasceu em Southampton, Inglaterra, em 17 de julho de 1674, num lar não-conformista.6
“É bem possível que uma das suas primeiras recordações fosse a de ser levado nos braços de sua mãe para a
prisão onde seu pai, por causa da sua fé, fora encarcerado em três ocasiões diferentes”.7
Reconhecendo que seu filho era de saúde delicada mas precoce, o pai começou a ensinar-lhe latim aos 4 anos. Aos 8
ou 9 começou a estudar grego, aos 11, francês e aos 13, hebraico. Aos quatorze anos, de acordo com Watts, ele “teve uma
convicção considerável do pecado” e no ano seguinte foi, “ensinado a confiar em Cristo”.8
Cedo Watts revelou sinais de gênio poético. Desde seus sete anos, alegrava a família com suas rimas. Aos dezoito
anos Watts queixou-se dos versos malfeitos do saltério usado por sua igreja e foi desafiado: “Então faça uma coisa
melhor!”9 Watts aceitou o desafio! O seu primeiro hino foi cantado no domingo seguinte.
O hino de Watts teve uma recepção favorável. O jovem poeta foi encorajado a escrever outros, e dentro de dois anos
produziu quase todos os 210 hinos que formaram sua famosa coletânea Hymns and spiritual songs (Hinos e cânticos
espirituais), publicada em 1707, e seguindo o exemplo dos seus precursores Wither, Barton, Mason e Keach: deu ao povo
um hinário (em contraste com os saltérios comumente usados). Seus hinos baseavam-se estritamente nas Escrituras, mui
especialmente no Novo Testamento. Quando Watts publicou os Salmos de Davi em 1719, declarou que transformara o
saltério
Watts recusou uma oferta de uma educação universitária, porque isso exigiria deixar a sua igreja e ingressar na Igreja
Anglicana. Escolheu, em vez disto, preparar-se para o ministério numa notável academia dos Independentes. Foi ordenado
e convidado a ser assistente e depois pastor duma igreja congregacional em Londres. Quando sua saúde precária forçou-o
a deixar este ministério em 1712, Sir Thomas Abney, amigo íntimo e admirador, o convidou para passar o tempo em
recuperação na sua casa. A sua saúde não melhorou, antes piorou. Então aquela família insistiu que ele ficasse. Watts
tornou-se tutor e capelão da família, e ali residiu até a sua morte.
Isaac Watts, além de pastor e poeta, era aluno brilhante de teologia e filosofia. Produziu cerca de sessenta volumes
sobre vários assuntos. Seus ensaios, afirmando a doutrina da Trindade foram importantíssimos num tempo quando
algumas heresias como Arianismo influenciavam alguns dos Dissidentes. Lideres como Hervey, entre os evangélicos da
Igreja Anglicana, João e Charles Wesley, da ala crescente dos Metodistas, (HCC 72) e acharam imprescindível estudar os
escritos de Watts e visitar o sábio quando possível. Acharam nele um irmão sempre pronto a falar, não das suas
diferenças, mas dos fundamentos da fé em que eles todos se baseavam.
A maior parte dos seus seiscentos hinos e paráfrases dos Salmos foi publicada em três das suas coletâneas: Hora
lyricai (1706) e as duas mencionadas anteriormente. Recebeu doutorados (honoris causa) pelas universidades de
Edimburgo e Aberdeen, ambas na Escócia.
Watts nunca se casou, mas amava profundamente as crianças e dedicou um hinário inteiro a elas (ver HCC 48).
Algumas das suas poesias para crianças estão entre as mais famosas da língua inglesa. Seu hinário Hinos sacros e morais
mostrava que “Watts, como a maior parte dos homens simpáticos, possuía o dom de humor”. Este sábio sabia usá-lo para
instruir as crianças duma maneira muito agradável.
Watts, brilhante erudito morreu em 25 de novembro de 1748, e foi enterrado em Londres, perto da sepultura de João
Bunyan. Dele foi testificado:
“Poucos homens deixaram tanta pureza de caráter, ou tais monumentos de piedade laboriosa”.11
Um monumento foi colocado à sua memória na Abadia de Westminster, a maior honra que um inglês pode receber.
Ali, numa tabuleta, o hinista é representado com caneta na mão, escrevendo à mesa. Acima dele está um anjo, falando-lhe
palavras de inspiração. Hoje, 250 anos depois, não há uma terra onde se louva a Deus cujos hinários não incluam alguns
dos seus inesquecíveis hinos.
O Hinário para o culto cristão inclui mais cinco maravilhosos hinos de Watts: números 48, 106, 127, 190 e 197.
A melodia ST. ANNE apareceu anonimamente pela primeira vez em 1708, na sexta edição do histórico Saltério de
Tate e Brady, mas foi atribuída com bastante firmeza a William Croft em saltérios subseqüentes. O nome da melodia
homenageia a igreja onde Croft foi organista. A sua frase inicial aparece em várias obras sacras do século 18, inclusive as
de Handel e Bach. Desde a edição de 1861 de Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), esta melodia é
universalmente associada a esta letra de Watts.
William Croft (1678-1727) serviu como corista do eminente compositor John Blow na Capela Real de St. James. A
partir de 1700, serviu sucessivamente como organista na Igreja St. Anne, na Capela Real e na Abadia de Westminster.
Embora tenha composto música para o teatro, dedicou-se realmente à música sacra. Croft é conhecido principalmente por
suas melodias para os Salmos, mas calcula-se que Handel tenha usado sua música para coro como modelo para seu
próprio estilo. De fato, Phillips, no seu livro, The singing church (A igreja que canta), refere-se às obras corais de Croft
como as melhores do período, em que se manifesta a fusão convincente da restauração aos novos estilos, com
“uma qualidade imaginativa de um tipo mais alto do que aquele (....) que mais tarde seria chamada estilo
Handeliano”.12
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1957 motivado pela necessidade de hinos fáceis para serem usados em
aulas de regência coral oferecidas por ele em cursos especiais. Publicou-o pela primeira vez em julho de 1958 no volume I
de Os céus proclamam. A Subcomissão de Textos do HCC usou as estrofes 1, 3, e 4 da sua tradução, alterando a 4a estrofe
em alguns pontos.
Werner Kaschel traduziu a 2a estrofe deste hino em 1989, como componente da Subcomissão de Textos do HCC.
Werner Kaschel nasceu em Campinas, São Paulo, a 4 de abril de 1922. Converteu-se em 1930 na Primeira Igreja
Batista de Campinas, sob o ministério do pr. Paul C. Porter. Foi batizado em dezembro de 1934, sentindo no mesmo ano a
chamada para o ministério. O Dr. Werner bacharelou-se em teologia no Seminário da Igreja Presbiteriana do Brasil,
Campinas, em 1944. Fez o mestrado no Seminário Batista do Sudoeste (Southwestern), Fort Worth, Texas, EUA, em
1949, e o doutorado em Filosofia, no Seminário Batista do Sul (Southern), em Louisville, Kentucky, EUA, em 1971.
Kaschel foi pastor da atual Primeira Igreja Batista de Americana, SP (1943-1944), Central do Rio de Janeiro (1945-
1946), Bom Retiro, RJ (1952-1960) e Casa Verde, SP (1963-1966). Foi diretor do Departamento de Treinamento da Junta
de Escolas Dominicais e Mocidade, atual JUERP, de 1948 a 1957, e serviu seis vezes como primeiro secretário da
Convenção Batista Brasileira.
Apreciado como educador, o Dr. Werner exerceu seu ministério com grande êxito nesta área desde 1946. Até 1960,
serviu como professor e deão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Rio de Janeiro. Foi diretor do Colégio
Batista Brasileiro em São Paulo de 1961 a 1967. Ensinou na Faculdade Teológica Batista de São Paulo a partir de 1961 e
foi escolhido em 1972 para dirigí-la, servindo com afinco até 1989. No âmbito nacional, liderou, como presidente, a
Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE) e Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino
Teológico (ABIBET).
Como homem da denominação, Kaschel prestou relevantes serviços à causa do Mestre no Brasil e no exterior desde a
sua juventude, em liderança de juntas, organizações, campanhas estaduais, nacionais e internacionais.
As contribuições literárias do Dr. Werner enriquecem o meio evangélico. Ora escrevendo, ora dirigindo, ora
traduzindo. A lista é longa, mas talvez a maior obra seja sua participação na Comissão de tradução da Bíblia na
Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil. Esta comissão, trabalhando durante vinte e um anos estudando os
textos nas línguas originais, produziu uma versão da Bíblia em linguagem popular, que pode ser entendida pelo povo e
merece a admiração da família cristã, pela alta qualidade da tradução produzida.
A contribuição do Dr. Werner para a hinódia brasileira é rica e extensa. Desde a juventude, escreveu e traduziu hinos
para muitas ocasiões, enriquecendo o corpo da hinódia brasileira em grande escala. Em reconhecimento disto, em 1989
recebeu o Prêmio “Arthur Lakschevitz”, da Associação dos Músicos Batistas do Brasil (AMBB).
O valor do seu trabalho como membro da Subcomissão de Textos do HCC é inestimável. Da sua lavra há dez letras
originais, além de três em parceria e duas estrofes avulsas. Também dele são dezesseis traduções completas, mais três
estrofes avulsas. Estas representam uma pequena parte da sua fiel colaboração no Hinário para o culto cristão.
O casal Dr. Werner Kaschel e D. Dirce Folster Rodrigues Kaschel, merece destaque entre todos os batistas brasileiros
por sua longa e produtiva folha de serviço.
1. RYDEN, E. E. The story of christian hymnody. Rock Island, IL: Augustana Press, 1959. p.271.
2. KEITH, Edmund E. Hinódia cristã. Trad. Bennie May Oliver, Joan Larie Sutton e Vera Liana Nachtigall. Ruy Wanderley, autor do capítulo, A hinódia brasileira, 2ª edição revista e
atualizada, Rio de Janeiro: JUERP, 1987. p.71.
3, JONES, Francis Arthur. Famous hymns and their authors. 2ª ed. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.78.
4. WRIGHT, Thomas. The life of Isaac Watts. V.III, The lives of the british hymn-writers. London: C.J. Farncombe & Sons, Ltd., 1914. p.121.
5. HORDER, The hymn lover, p. 96. Em: JEWETT, Paul King. The doctrine of the church: worship, song, annotated hymnal, bulletin, systematic theology T32 , Pasadina, CA: Fuller
Theological Seminary, 1951. p.12.
6. Na Inglaterra, visto que a Igreja Anglicana era a igreja oficial do Estado, todas as igrejas ou congregações não anglicanas foram chamadas não conformistas, dissidentes,
independentes etc. Também chamadas “capelas” e não igrejas, onde congregavam foram, de certa maneira, desprezadas pela Igreja do Estado. Em geral, embora tivesse uma ala
evangélica na Igreja Anglicana, eram mais evangélicas ainda. Não recebiam sustento do Estado. Sustentavam-se a si mesmas.
7. KEITH. Op. cit., p.71.
8. JEWETT, Op. cit., p.12.
9. JONES. Op. cit., p.78.
10. RYDEN. Op cit., p.270.
11. JEWETT, Op. cit., p.12.
12. HUTCHINGS, Arthur ed. The singing church, Hamdem, CT, Archon Books, 1969. p.186.
Embora não tenhamos os dados exatos sobre como o hino surgiu em 1873, cremos que ele se baseia no Salmo 31.14-
15. "Mas eu confio em ti, ó Senhor; e digo: Tu és o meu Deus. Os meus dias estão nas tuas mãos".
Nascida em 1825, na Inglaterra, em lar de destaque cultural e político, Sarah Poulton Morely recebeu aprimorada
educação e cultivou seus dotes artísticos, claramente revelados mais tarde na poesia e na pintura. Estudou várias línguas,
entre as quais hebraico, grego, alemão e francês.
Sarah conheceu o Dr. Robert Reid Kalley em março de 1852, quando ambos faziam viagens à Palestina. Veio a casar-
se com ele em dezembro do mesmo ano. O Dr. Kalley trabalhara como missionário médico na Ilha da Madeira. "Abrira
escolas e mantivera um hospital durante oito anos, de 1838 a 18461. Foi o primeiro médico a cuidar dos pobres. Tanto
cuidou deles sem remuneração, como convidou a seus filhos a estudarem nas suas escolas sem pagar matrícula. "Uma
onda de gratidão ao 'bom doutor 'o santo inglês', espalhou-se pela Ilha. 2 Muitas pessoas tornaram-se crentes em Jesus e
reuniam para louvá-lo e aprender dele. Isso trouxe terrível perseguição pelo clero. O Dr. Kalley, e muitos crentes foram
presos: o missionário por 6 meses. Ali foi enterrada sua primeira esposa. No esquentamento destas ferrenhas perseguições,
cercaram o seu consultório. Planejavam matar o Doutor. Com o auxílio de crentes fiéis, o Dr. Kalley conseguiu sair
somente com a roupa do corpo, e subir à bordo de um navio que Deus colocou no porto! O intrépido servo de Deus
concluiu que seria impossível voltar para trabalhar na Ilha. "O Lobo da Escócia", como fora chamado pelas autoridades
católicas da Ilha, viajou então para o Brasil com D. Sarah. Ao saírem do porto Southampton para o Brasil no dia 8 de abril
de 1855, o Dr. Roberto escreveu no seu diário:
Deixar as Ilhas Britânicas seria insuportável se não fosse pelo sentir que fosse para levar as palavras de paz de
Deus para as criaturas rebeldes, e com a esperança de ver fruto eterno dos nossos trabalhos e das nossas
dificuldades. Vale a pena o nosso trabalho e o nosso sofrer. Vale a pena gastar as nossas vidas para alcançar este
alvo.3
O casal chegou aqui em maio de 1855. Seguiu-se o primeiro trabalho evangélico duradouro entre os brasileiros,
estabelecendo-se na cidade serrana de Petrópolis, RJ. Logo D. Sarah organizou o primeiro trabalho de Escola Bíblica
Dominical entre os brasileiros, para o qual começou a produzir hinos e cânticos em português.
O casal Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 1858. Foram firmes, desde
o começo, sobre a ira de Deus sobre a escravatura. Os cultos sempre incluíam qualquer pessoa, sem distinção. O Dr.
Kalley pregava com bastante coragem contra esse mal. Houve um debate na igreja sobre a possibilidade de um possuidor
de escravos ser membro da igreja. O Dr. Kalley foi tácito. Citando Romanos 8.15, 16 e outras passagens mostrou como
um homem possuir outro, quanto menos lhe tratar com menos do que amor ao irmão, era totalmente contra as Escrituras. 4
Desta maneira o casal foi modelo para outros missionários e outras missões que começaram seu trabalho no Brasil durante
o período da escravidão e depois.
Uma das maiores contribuições que o casal Kalley fez para a marcha do evangelho no Brasil foi na área de hinódia.
Henriqueta (Rosinha) Braga, a maior historiadora de música sacra evangélica no Brasil, falou eloqüentemente sobre esse
aspecto do ministério desse admirável casal:
O casal foi, na divina Providência, o verdadeiro baluarte da hinologia evangélica brasileira. Para isto, achavam-
se os dois magnificamente preparados: eram, antes de tudo, cristãos consagrados; além disso, possuíam fina
educação aliada a sólida cultura e a notáveis dons artísticos. Ambos escreveram hinos originais [metrificaram
Salmos] e traduziram inspirados cânticos. (Dos cento e oitenta e dois números hoje (1961) se encontram em
Salmos e hinos, com a letra K, cento e sessenta foram produzidos por D. Sara e, treze pelo Dr. Kalley).5
"A coleção Psalmos e hymnos, organizada pelo casal (....) [com 50 salmos e hinos] foi usada pela primeira vez
no domingo 17 de novembro de 1861",6
seis anos depois de sua chegada ao Brasil!! Esta coleção foi a "primeira coletânea de hinos evangélicos em português
organizada no Brasil" Sucederam-se novas edições, ano após ano. D. Sarah lançou Música sacra, editada em 1868, na
realidade a primeira edição de Psalmos e hinos com músicas sacras.
Não tendo filhos, o casal Kalley adotou uma filha, Sia, e um filho, João Gomes da Rocha, que, mais tarde, tornou-se
colaborador com D. Sarah na obra hinológica que o casal começara.
Depois de 21 anos árduos e frutíferos no Brasil, o casal Kalley voltou à Escócia, mantendo, de lá, a sua influência e
seu apoio ao trabalho aqui no Brasil.
D. Sarah publicou a segunda edição de Psalmos e hinos com músicas sacras em 1889. Recebeu, na ausência do Dr.
Kalley, que falecera em 1888, a ajuda valiosa do Dr. João Gomes da Rocha, organizador de edições subseqüentes. Foi
necessária que estas edições fossem impressas na Escócia ou em Portugal, sempre adicionando novas traduções e hinos
originais. Como o casal havia custeado todas as edições até a morte do Dr. Kalley, assim continuaram a D Sarah e o Dr.
João Gomes de Rocha. Ao todo, laboriosamente prepararam e publicaram estas edições, tanto de letra, como também, as
com partituras, como uma parte de sua grande colaboração para que o Evangelho crescesse no amado Brasil. Rocha
continuou até sua morte a produzir estas edições que cresciam em número de hinos.(Ver mais dados do Dr. Rocha no
HCC 2).
Seria muito difícil exagerar a importância do hinário Salmos e hinos na história da hinódia brasileira. Além de ser o
primeiro hinário usado por diversas denominações, incluindo a batista, ao imprimirem outros hinários, um grande número
dos hinos do Salmos e hinos foram aproveitados. O Cantor cristão de 1971 ainda incluía perto de trezentos hinos
provenientes desse valioso hinário. O Hinário para o culto cristão engloba também um bom número.
A "Mãe da hinódia brasileira" 7 ainda fez muito mais em prol da obra do Evangelho no Brasil. Levantou fundos para
missionários poderem trabalhar nesse país. Foi D. Sarah quem ajudou Salomão Ginsburg (ver HCC 29) a vir para o Brasil
em 1890. Custeou "a sua passagem no navio, e parcialmente o seu sustento, enquanto aprendesse a língua - em Portugal,
onde foi hospedado com o sr. Fernandes Braga, antepassado de Henriqueta Braga, e no Brasil - e trabalhasse por um ano
como missionário independente". 8
D. Sarah faleceu aos 82 anos de idade, deixando-nos uma herança inegável no campo da hinódia brasileira. Produziu,
ao todo, 169 hinos, dos quais treze estão no HCC (ver índice).
David William Hodges compôs esta música originalmente para o hino Em Cristo seja o lar edificado (HCC 598). Por
haver sido escolhida outra melodia para aquele hino, Hodges então revisou esta melodia, e o resultado é o que temos
agora: texto e melodia num bom casamento, proclamando esta grande verdade. (Ver dados de Hodges no HCC 1). O nome
da melodia MEU DESTINO é alusivo ao título da poesia.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes, Salmos e hinos, sua origem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Igreja Evangélica Fluminense, 1983, p.23.
2. FORSYTH, W. B.. The wolf from Scotland. Durham, England: Evangelical Press, 1988, p.41.
3. KALLEY, Robert Reid. Em: FORSYTH, Ibid. Part II: Brazil, p.96.
4. Ver FORSYTH. Ibid., p. 158-163.
5. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.125.
6. BRAGA, Salmos..., p.19.
7. Ibid
8. Ver BRAGA. Salmos..., p.54. e GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. pp.42,43.
42. Guia, ó Deus, a minha vida
ESTA ORAÇÃO poderosa, pedindo o amparo e direção de Deus e traduzida em mais de 75 idiomas, existe em
português desde a publicação do primeiro hinário brasileiro, Salmos e hinos, em 1861. Foi escrito na língua galesa por
William Williams em 1745, quando este foi desafiado a escrever melhores hinos do que os que a sua denominação
possuía.
Ilustra algumas das características da hinódia galesa, que tem sido bem comparada na sua simplicidade e transparência
com a poesia hebraica. Na sua linguagem emocional e seu apelo direto, depende mais da expressão simples de um forte
sentimento espiritual do que nas sutilezas das leis poéticas.1
Depois que Peter Williams, um líder proeminente no reavivamento metodista em Gales, traduziu três estrofes para o
inglês, o autor (ou seu filho, o Pr. John Williams), insatisfeito com esta tradução, fez nova tradução de duas delas e
adicionou uma outra estrofe. Assim foi publicado em inglês em 1772. O HCC inclui somente três estrofes.
William Williams (1717-1791), conhecido como o “doce cantor de Gales” 2, formou-se em medicina no seu país
natal. Sentindo-se chamado para o ministério, foi ordenado diácono aos 23 anos. Mais tarde, tornou-se evangelista da
Igreja Metodista Calvinista de Gales. Viajou muito em todo o seu país, pregando e cantando as boas novas com grande
sucesso, por 45 anos. Escreveu cerca de 800 hinos em galês, e 100 em inglês. Publicou sua primeira coletânea aos 27
anos.
Williams, como hinólogo para o País de Gales, tem sido comparado com Paul Gerhardt, o maior hinista da Alemanha
e Isaac Watts, o “Pai da hinódia inglesa”. Os hinos de Williams
“desafiaram e confortaram a nação por mais de cem anos e ajudaram a moldar o seu caráter e aprofundar a sua
piedade.”3
O nome da melodia, CWM RHONDDA, significa “o baixo vale de Rhondda” 4 (vale onde se encontram várias
pequenas cidades mineiras).5 Foi composta por John Hughes em 1907 para o Festival Batista de Música celebrado
anualmente naquele vale e impressa para aquela ocasião.
Escrita numa época quando “o país de Gales estava em pleno avivamento”, 6 esta linda melo-dia foi sua obra prima.
Desde que foi unida à letra de Williams num hinário presbiteriano nos Estados Unidos em 1933, esta combinação se
alastrou ao redor do mundo. CWM RHONDDA expressa esta oração duma maneira singular. Hoje esta melodia é achada
em hinários em todos os continentes, casada com diversas letras.
John Hughes (1873-1932), membro vitalício da Igreja Batista de Salem, em Gales, filho de um diácono e diretor de
música, começou a se sustentar aos 12 anos como porteiro duma grande companhia mineira.
Anos mais tarde era oficial da mesma companhia. Hughes compôs muitos hinos, marchas para a Escola Dominical e
antemas corais.
O tradutor para o português, Richard Holden (1828-1886), escocês de nascimento, esteve em atividades comerciais
no Brasil quando moço. Sentindo-se chamado para o ministério, transferiu-se para os Estados Unidos onde estudou
teologia e foi ordenado na Igreja Protestante Episcopal. Em 1861 voltou ao Brasil, trabalhando no Pará e na Bahia. Fortes
perseguições religiosas promovidas pelo clero romano não lhe permitiram êxito nos seus esforços. Desligando-se da
Sociedade Missionária Episcopal, Holden transferiu-se para o Rio de Janeiro onde serviu como co-pastor do Dr. Robert
Kalley na Igreja Evangélica Fluminense de 1864 a 1871. Cooperou algum tempo com a Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira.
Durante a sua visita à Escócia em 1872, tornou-se membro da Igreja Cristã (Irmãos Unidos). Esteve em Portugal onde
publicou o marcante hinário Hinos e cânticos espirituais provavelmente em 1876. Este hinário, com o nome Hinos e
cânticos, bastante revisado e ampliado, ainda serve à Igreja Cristã no Brasil. Quase cem hinos de Holden têm sido
aproveitados nos diversos hinários evangélicos do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui mais quatro hinos (entre
letras e traduções) deste pioneiro da hinódia da língua portuguesa nos números 73, 166, 179 e 358. (Ver outros dados de
Holden no HCC 73).
1. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966, p.47.
2. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. Nashville, TN: Abingdon Press, 197, p.28.
3. LEWIS, H. Elvet. Em: REYNOLDS William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.464.
4. REYNOLDS, Ibid., p. 77.
5. Brown, David, Carta à autora em 13 de outubro de 1993.
6. Ibid.
43. Tu és digno
NO MÊS de maio de 1962 a autora e compositora Pauline Michael Mills esteve num culto evangelístico numa igreja
em Hillsboro, Estado de Oregon, EUA. Viajava com seu filho, o evangelista Dick Mills, acompanhando-o ao piano. Num
certo momento do culto Dick disse à congregação:
A senhora Mills não sabia que seu filho ia fazer isto, mas pegou a primeira Escritura escolhida, e orou. Antes do fim
do culto, o Senhor tinha lhe dado a música para aquele versículo:
“Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu criaste todas as
coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas” (Apocalipse 4.11).
Este cântico, depois publicado em muitos hinários e línguas, foi o primeiro de diversos outros musicados por esta
dotada compositora para cultos dirigidos por seu filho.
Pauline Michael Mills nasceu em Portland, Estado de Indiana, EUA, em 13 de outubro de 1898. Aos doze anos já
tocava piano em missões e cultos ao ar livre. Aprendera com sua mãe, Ella Michael, musicista e compositora de diversos
cânticos.
No natal de 1914, Pauline casou-se (aos dezesseis anos) com Louis Warden Mills. O casal teve seis filhos. Desejosa
de servir ao Senhor, Pauline compôs mais de trezentos hinos, cânticos e canções sacras. Outro cântico da sua autoria
muito conhecido no Brasil é O Senhor é a minha luz. Nos anos quarenta, estudou na Faculdade Bíblica L.I.F.E., em Los
Angeles, Califórnia, formando-se na classe do seu primogênito, Dick, em 1949.
Aos setenta anos, a senhora Mills trabalhava numa igreja em Davis, Estado de Califórnia, especialmente com um
grande grupo de “hippies”. Vestindo-se ao gosto deles, foi muito amada por eles. Ali mesmo, foi convidada a fazer um
casamento, e por isso foi ordenada na Igreja Quadrangular.
Em 1986, a Senhora Mills sofreu um derrame. Desde então está numa cadeira de rodas, mas seu espirito está bom.
WORTHY (Digno), o nome da melodia, refere-se à palavra-chave da mensagem do cântico. Foi publicada pela
primeira vez em 1963 pela Fred Bock Music Company, (EUA).
A versão em português de Tu és digno foi adaptada pelo Professor Isidoro Lessa de Paula, usando a escritura em
Apocalipse 4.11. Este cântico bíblico, depois de ser lançado por ele num acampamento de músicos em Rio Bonito, em
1985, foi bem aceito e conseqüentemente espalhado pelo país depois de ser publicado na revista Louvor, em 1987.2
Isidoro é mineiro, nascido em 21 de agosto de 1943 e tem uma rica herança cristã. Seu avô materno, Alberto Vaz
Lessa, convertido no ministério do inimitável Salomão Ginsburg (ver HCC 29), “foi pastor pioneiro, plantando igrejas
batistas na região montanhosa do sudeste do Brasil”3
Isidoro é o quarto de seis filhos de uma família batista, membros fundadores da Igreja Batista de Manhumirim, Minas
Gerais. Sua mãe, Dahlia Lessa de Paula, crente dedicada. Seu pai, Sr. Theonillo Rodrigues de Paula, criado católico e
devoto filho de Maria, converteu-se através das orações e testemunho persistente de sua esposa. Ele serviu como diácono
em várias igrejas batistas, e orgulhou-se do filho que veio a ser um dos primeiros ministros de música de tempo integral
no Brasil. A família mudou-se do interior de Minas Gerais para Niterói, aonde o jovem Isidoro logo se revelou como líder
de música e juventude na igreja local e denominação.
Isidoro sentiu a chamada de Deus para aprimorar e usar o dom da música como veículo de louvor a Deus, edificação
do salvos e propagação do evangelho. Depois de se formar em piano no Conservatório Brasileiro de Música e de
completar o curso de letras da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Isidoro ganhou uma bolsa de
estudos, através do incentivo de seu pastor, Dr. Nilson do Amaral Fanini, na Escola de Música Sacra no Seminário
Teológico Batista em Louisville, Estado de Kentucky, EUA. Em maio de 1973 ele concluiu o Mestrado em Música Sacra
com ênfase em piano e composição.
Em Louisville, ele conheceu sua esposa, Barbara Jones, que o ajudou no ministério de música na Igreja Batista de
Walnut Street e subseqüentemente passou dois anos em Recife como jovem missionária. Em janeiro de 1974 Isidoro
retornou aos Estados Unidos para o seu casamento com Barbara, celebrada na Primeira Igreja Batista de Winter Park, na
Flórida, onde os pais da noiva residiam.
O ministério do ministro de música Isidoro começou na Primeira Igreja Batista de Niterói em julho de 1973. Após três
anos ali, ele foi convidado a lecionar na Faculdade Teológica de São Paulo, servindo ao mesmo tempo como Ministro de
Música da Igreja Batista Ebenézer. Percebendo, então, que precisava aprimorar-se mais para lecionar melhor numa escola
de música sacra, ele regressou aos Estados Unidos em junho de 1976, para estudar no Seminário Teológico Batista
Southwestern, em Fort Worth, Texas, onde, em 1980, concluiu o Mestrado em Música com concentração em Regência.
No verão de 1985, o Dr. Isidoro recebeu o prêmio de Excelência Acadêmica ao terminar o grau de Doutorado em Artes
Musicais nas áreas de Regência e Hinologia, defendendo a tese Os primórdios da hinódia das igrejas batistas brasileiras
- suas fontes e desenvolvimento,4 que serviu como uma das fontes básicas na compilação deste livro.
Regressando ao Brasil em agosto de 1985 com sua esposa Barbara e seus filhos Marcus, Matthew e Marisa, ele serviu
como ministro de música na Primeira Igreja Batista de Niterói, RJ, e em 1988 na Igreja Batista de Itacuruçá, na Tijuca.
Concomitantemente ele lecionou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, exercendo a função de diretor interino
do Departamento de Música por dois anos. No Seminário Batista de Niterói, coordenou o Curso de Música Sacra. Neste
período ele participou de muitas clínicas e oficinas de música, como preletor e professor nas áreas de regência e culto e
louvor, no Rio e na região. Também participou como relator da Subcomissão de textos do HCC por dois anos.
O Dr. Isidoro serve como ministro de música na Primeira Igreja Batista de Tuscawilla, em Winter Park, na grande
Orlando, Estado de Flórida, onde teve o privilégio de implantar o ministério de música desta nova igreja, sendo o seu
primeiro ministro. Durante os anos de 1993, 1994 e 1995 ele serviu como Diretor de Música na Associação Batista da
Grande Orlando. Ele continua a ensinar os princípios bíblicos de culto e louvor, enfatizando que Deus merece somente o
nosso melhor, e que o louvor agradável ao Senhor emana somente de um coração puro e daqueles que realmente
conhecem a Deus e com ele se relacionam intimamente. Acredita muito no poder da música, no ensino de teologia e na
memorização das escrituras. Por isso ele se dedica muito ao trabalho com vozes juvenis e coros graduados.
Além das teses de mestrado e doutorado, o Dr. Isidoro produziu várias composições, Lutas e vitórias - para conjunto
vocal e instrumental, com textos do Dr. Olavo Feijó, e uma cantata para vozes juvenis Emanuel, Deus Conosco publicada
pela JUERP em 1980. Estas composições usam ritmos e estilos brasileiros. Ele também traduziu algumas obras corais e
antemas para o português, introduzindo várias delas no Congresso da Associação dos Músicos Batistas do Brasil, em
1992, em Londrina, PR, quando foi convidado para reger o coro daquele conclave.
NESTE POEMA o autor, Maltbie Davenport Babcock, nos traz a mensagem da presença, do caráter, do poder e do
propósito de Deus. Não é simplesmente um cântico descrevendo a natureza, mas uma apreciação madura, colocada com
beleza, de confiança plena nos caminhos e julgamentos de Deus, nosso Pai. 1
O pr. Babcock tinha um amor genuíno pelas belezas da natureza criada por Deus. Costumava dizer quando saía da
cidade: “Vou ver o mundo do meu Pai”. 2 Calcula-se que foi numa dessas largas caminhadas no campo, apreciando a
natureza e em comunhão com o seu Pai, que foi inspirado a escrever sua poesia de dezesseis estrofes que conhecemos
como O mundo é teu, Senhor.
Maltbie Babcock (1858-1901) era de uma família socialmente proeminente do Estado de Nova Iorque, EUA.
Excelente estudante, destacou-se na universidade em atividades atléticas, dramáticas e musicais. Tocava órgão, piano e
violino. Depois de formar-se pelo seminário, tornou-se um notável pastor presbiteriano, com um ministério extraordinário
entre os universitários. O Dr. Babcock faleceu repentinamente durante uma viagem à Terra Santa, em 1901.
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1960, publicando-o na coletânea Os céus proclamam, v.IV, e usando-o
em seu hinário Seja louvado, em 197l (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 13).
O compositor, Franklin Lawrence Sheppard (1852-1930), empresário nascido e criado em Philadelphia, Estado de
Pennsylvania, EUA, estabeleceu-se em Baltimore, Estado de Maryland. Lá uniu-se com a igreja presbiteriana,
participando duma maneira muito significativa na denominação. Muito dotado em música, sem-pre servia na sua igreja,
ora como organista, ora como diretor de música da Escola Dominical. Foi presidente da Junta de Publicação Presbiteriana.
Serviu também na comissão editorial do Hymnal, o hinário presbiteriano de 1911. Era grande amigo de Babcock, e desta
amizade resultou este hino que hoje está em hinários ao redor do mundo.
Sheppard publicou a melodia TERRA PATRIS (terra paternal), chamada TERRA BEATA em alguns hinários, em
Alleluia, sua coletânea muito escolhida para as Escolas Dominicais, em 1915. Com a impressão de ter a lembrança desta
melodia da sua infância, chamou-a de ENGLISH MELODY (Melodia Inglesa). Hoje, não há nenhuma dúvida que a
melodia seja original.
Edward Shippen Barnes, que harmonizou esta melodia em 1926, nasceu no Estado de Nova Jersey, EUA, em 1887.
Formou-se na célebre Universidade de Yale e estudou com alguns dos melhores músicos do país, tais como Horatio
Parker e Vincent d'Indy. Tornou-se compositor, organista e regente de grande importância. Além de servir como
organista-regente em algumas grandes igrejas, de costa a costa, escreveu três livros para organistas. Compôs antemas
corais, hinos e duas sinfonias. Faleceu na Califórnia em 1958.
1. HAEUSSLER. The story of our hymns, p.117. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. pp.225-226.
2. HUSTAD, Donald P.. Dictionary-handbook to hymns for the living church. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1978. p.59.
46. Pela graça e o primor
A INSPIRAÇÃO deste hino de gratidão a Deus, o Criador, veio a Folliett Pierpoint numa primavera, enquanto
contemplava a beleza que o cercava, perto da linda cidade hidrotérmica de Bath, no Sul da Inglaterra. Este hino,
originalmente escrito para a Ceia do Senhor, foi publicado com oito estrofes na segunda edição do hinário Lyra
eucharistica (Lira eucarística) com o título O sacrifício de louvor. Algumas mudanças na letra tornaram o hino apropriado
ao uso geral.
Neste hino expressamos a nossa gratidão a Deus pelo primor da sua criação que nos cerca (vs 1-2); por nossa
capacidade de apreciar as belezas em ver e ouvir (vs 3); por nossas famílias, amigos e pela igreja (vs 4,5); e mui
especialmente pelo dom maior de Deus, nosso Redentor. Por tudo isso, a ele damos graças e louvor”.1
Folliott Sandford Pierpoint (1835-1917) nasceu em Bath, e lá completou os seus estudos pré-universitários. Formou-
se na Universidade de Cambridge. Por um período de tempo foi o Mestre dos Clássicos na Faculdade Somer-setshire.
Pierpoint contribuiu com hinos para alguns hinários e publicou vários volumes de poesias, inclusive Lyra Jesu, (Lira de
Jesus), em 1878.
João Wilson Faustini traduziu cinco estrofes deste hino em 1958. Foi motivado pela necessidade de hinos fáceis
para as suas aulas de regência coral dadas em seminários de música de férias e cursos livres de música sacra. Foi
publicado pela primeira vez em julho de 1958 no primeiro volume de Os céus proclamam associado à melodia
NATUREZA, composta pelo tradutor para este texto (Ver dados biográficos do Prof. Faustini no HCC 13).
A sexta estrofe foi traduzida por Joan Larie Sutton em 1988, quando, no preparo deste hino para o Hinário para o
culto cristão com a Subcomissão de Textos, notou que não existia tradução da sexta estrofe, que é o clímax deste preito de
gratidão. Na revisão de 2005 para o HCC Digital, a autora alterou a segunda linha da sexta estrofe: onde se lê “que de
graça aos homens dás”, lê-se, “que de graça a todos dás”. (Ver dados biográficos desta tradutora no HCC 25).
A fonte desta melodia é do compêndio de hinos alemães Stimmen aus dem reiche Gottes (Vozes do reino de Deus), de
Conrad Kocher, publicado em 1838. Foi adaptada para um hino de Natal de William Dix por William Henry Monk, em
1861. Recebeu então o nome de DIX em homenagem àquele autor (Ver dados do Monk no HCC 8).
Conrad Kocher (1786-1872), compositor alemão de música sacra, fundou a Escola de Canto Sacro em Stuttgart, na
Alemanha, em 1821. Kocher dirigiu a música da igreja universitária daquela cidade. Muito interessado na música de
Palestrina e no canto a capella, iniciou necessárias reformas na música das igrejas alemãs. Compilador de um hinário e
autor de um livro sobre música na igreja, Kocher também compôs um oratório, duas óperas, e numerosas obras menores.
1. POLMAN, Bert. For the beauty of the earth, Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church - a hymnal, Worship leader's edition, Carol Stream IL: Hope Publishing Company,
1990. n.353.
“Não há um salmo mais majestoso e mais nobre sobre a revelação de Deus do que o Salmo 19. Fala-nos de
como Deus tomou a iniciativa em revelar-se a nós - um conceito além da compreensão humana! Deus não nos
deixou na escuridão; comunicou-se pelos céus e pelas Escrituras.
A criação revela as qualidades invisíveis de Deus. Seu poder e sua natureza divina podem ser claramente vistos
pelo que fez (Romanos 1). Somos responsáveis diante de Deus por nossa resposta a esta revelação. Se
respondermos favoravelmente, Deus manda mais revelações (Aos 10). Se suprimirmos esta verdade, estamos
sem desculpa.
Nosso Pai celestial, Criador virtuoso, deslumbra-nos com seu poder e resplendor. Mas, porque quer se
aproximar de nós, encurta a distância entre nós pela Palavra, possibilitando um relacionamento íntimo com ele.”
1
A melodia alemã AN DIE FREUD, publicada em 1799, foi indicada pela Subcomissão de Música do Hinário para o
culto cristão e aprovada pela Comissão coordenadora para expressar este poderoso salmo.
1. Ver - WYRTZEN, Don. Glorious proclamation, A musician looks at the Psalms. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1988. p. 41.
48. Eu louvo o poderoso Deus
ISAAC WATTS, o “Pai da hinódia inglesa”, escreveu este hino de louvor ao Deus Criador em 1715 para o seu
hinário, Divine songs attempted in easy language, for the use of children (Hinos sacros, na linguagem para crianças). Este
hinário tem sido chamado “A fonte da hinódia inglesa para crianças”1 e continuou a ser impresso por mais de cem anos.
Watts explica, no prefácio, que ele o preparou em resposta a um pedido de um amigo que trabalhava com crianças. O seu
esforço para expressar-se numa linguagem, que possibilitasse “às crianças [de todos os níveis] unirem-se nestes
cânticos”,2 abriu o caminho para hinistas de gerações futuras (Ver dados desse famoso autor no HCC 38).
David William Hodges (ver HCC 1) fala sobre a sua escolha e tradução deste hino :
Sou grande admirador dos hinos de Isaac Watts. Fiz esta tradução, em 1986, para um arranjo coral de Mark
Hayes quando eu era professor de música da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Quando comecei a
trabalhar no novo hinário, lembrei-me desse hino que é comumente cantado com a melodia ELLACOMBE
(HCC 27), e revisei-o para uma versão congregacional.3
A Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão teve como princípio não repetir melodias, e
ELLACOMBE tinha sido escolhida para outra letra. A comissão rejeitou também, como tradicional demais, uma outra
melodia inglesa sugerida. Ralph Manuel (Ver dados biográficos do compositor no HCC 23), membro da Subcomissão de
Música escreve:
Encarei esta decisão como um desafio, pois achei o texto muito bom, que merecia entrar no hinário. Naquela
noite, no meu quarto de hotel, tentei imaginar a letra com uma outra música, bem vibrante e definitivamente não
tradicional, com características mais brasileiras. A melodia que saiu foi aprovada no dia seguinte pela comissão,
que sugeriu o nome CURITIBA, em homenagem à cidade em que estávamos reunidos.4
1. THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion, Revised ed., London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.96.
2. Ibid.
3. HODGES, David William. Carta à autora em 22 de março de 1991.
4. MANUEL, Ralph. Carta à autora em 20 de maio de 1992.
Outros servos de Deus testemunharam da bênção especial que este hino foi nas suas vidas. Neste hino Schütz mostra a
sua convicção que a adoração é de suma importância na vida daquele que, como os pietistas, achem que ser cristão
verdadeiro é ter fé pessoal em Cristo, não somente uma crença mental nos ensinos da igreja; fé que traz no seu bojo uma
vida santa e a expressão sincera de adoração. Schütz escreveu mais quatro hinos, mas esse é o único em uso geral hoje.
Johann Jakob Schütz, nascido em Frankfurt am Main, na Alemanha em 1640, estudou e praticou a advocacia,
chegando à posição de juiz na sua cidade natal. Luterano de muita cultura, cristão muito dedicado, Schütz era amigo
íntimo de P.J. Spener, fundador do movimento pietista, aliás, foi com a sugestão de Schütz que Spener começou o seu
famoso tratado, Collegia pietatis (Escolas de piedade), alicerce do movimento. Schütz tornou-se Separatista (Pietista) em
1686 e faleceu em 1690.
Frances Elizabeth Cox (1812-1897) que teve uma parte importante na introdução de hinos alemães na hinódia inglesa
- assim como para a hinódia mundial - incluiu uma excelente tradução deste hino na sua coletânea Hymns from the
German (Hinos do alemão), publicada em 1864.
O pr. João Soares da Fonseca traduziu com esmero as estrofes 1, 3 e 4 da versão da srta. Cox para o português em
1990 a pedido da Subcomissão de Textos do HCC (Ver dados biográficos de Fonseca no HCC 10).
A melodia, MIT FREUDEN ZART (Com suave paz), é também chamada BOHEMIAN BRETHREN (Irmãos da
Boêmia), por ter sido publicada pela primeira vez no hinário Kirchengesänge (Cânticos da igreja), dos Irmãos Boêmios,
em 1566. A melodia pode ser bem mais antiga, de fonte alemã ou francesa.
A harmonização usada no Hinário para o culto cristão para esta melodia foi feita por Maurice F. Bell em 1906.
Maurice nasceu no dia 3 de setembro de 1862, em Londres, Inglaterra e morreu no ano de 1931. Filho do advogado G.W.
Bell, Maurice se formou na Faculdade de Hertford, Oxford. Em 1904 tornou-se vigário da Igreja de St. Mark, Londres.
Contribuiu com três traduções para o ingles (The glory of these forty days, Festival day hail thee e Most holy Lord and
God of heaven) e um hino original no English Hymnal (Hinário inglês) em 1906: O Dearest Lord, by all adored.
1. KOCH, Conrad. v.IV, p.220. Em: JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.II, Dover Edition, New York: Dover Publications, Inc., 1957. p.1018.
2. BELL, Maurice F. Home page. Disponível em <http://www.cyberhymnal.org> acesso em (15.12.2004)
Numa manhã de sábado, em 1985, eu estava contemplando meus filhos, ainda bem pequenos: Lucas brincando
tranqüilo, Marcos, alegre, se alimentando - e envolvida por aquele momento tão corriqueiro, mas também tão
singelo e precioso, comecei a pensar no poder e no amor de Deus manifestos na natureza. Logo me veio à mente
o marcante versículo: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”
(Salmo 19.1).
Profundamente envolvida, contemplando céu e mar, flores e frutos apesar de estar entre paredes, no coração de
Curitiba, logo me veio à mente outro versículo: “Que é o homem, para que te lembres dele? e o filho do homem,
para que o visites? Contudo, pouco abaixo de Deus o fizeste; de glória e de honra o coroaste” (Salmo 8.4). O
amor de Deus naquele instante me emocionou e me constrangeu mais uma vez. Só que aquele momento foi
diferente, pois foi me dada a possibilidade e a alegria de perpetuar aquela emoção nos versos de Contemplação
[Toda a natureza]. Coloquei-os, quase que simultaneamente, dentro de uma melodia, de um ritmo e de uma
harmonia que já tinham endereço certo para um futuro solo vocal para a voz de alguém que me ensinou a
contemplar a natureza: meu pai. Pronta, a música foi logo incorporada ao repertório do grupo Charisma [então
coral de adolescentes] e num período de quatro anos recebeu gradativamente os bons tratos musicais de alguns
amados irmãos. Em 1990, na possibilidade de vir a tornar-se parte do Hinário para o culto cristão,
CONTEMPLAÇÃO veio para as talentosas mãos do mestre e amigo Joaquim Paulo do Espírito Santo, que
dando-lhe um acabamento esmerado, possibilitou-lhe ser cantada em congregação por muitos irmãos deste
querido Brasil. Louvado seja Deus por isto! 1
Selene de Souza, nasceu num lar cristão em 31 de março de1958, aceitou a Cristo na tenra idade de cinco anos sob o
ministério do pr. Harald Schally. Fez sua profissão de fé aos oito, sendo batizada pelo pr. Cornélio Dorta Bernardes na
Primeira Igreja Batista de Curitiba, em 31 de dezembro de 1969. Estudou o curso fundamental de piano, depois formando-
se na Escola de Música e Belas Artes. Em seguida, fez Licenciatura em desenho na mesma instituição.
Selene é decoradora, com projetos de móveis e decoração, e artista com um total de 35 quadros pintados. É professora
de piano, teoria musical, violão, expressão plástica, sonora e corporal.
Servindo a Deus por meio da música, Selene tem escrito um bom número de hinos (alguns gravados) e duas cantatas.
Toda a natureza faz parte da sua cantata Amigos de Jesus apresentada em 1986 pelo coro de adolescentes da sua igreja
(agora grupo Charisma) e em seguida, por outros corais. Seu hino também foi escolhido para fazer parte da cantata
Eternamente aleluia! de David Brazzeal (JUERP), que celebrou o lançamento do Hinário para o culto cristão na 72ª
Assembléia da Convenção Batista Brasileira, em janeiro de 1991.
Selene escolheu o nome CONTEMPLAÇÃO para a melodia, sendo este o título original do hino.
A Hope Publishing Company, do Estado de Illinois, EUA, publicou mais de 200 dos seus textos na coletânea Hymns
and ballads of Fred Pratt Green (Hinos e baladas de F.P. Green) na celebração dos seus 80 anos em 1982. No mesmo
ano, foi lhe conferido o Doutorado em Letras humanas (honoris causa) pela Universidade Emory em Atlanta, Geórgia, em
reconhecimento da sua relevante contribuição à hinódia.
A melodia tradicional americana, A LA PUERTA (A porta), oriunda do Estado de Novo México, foi adaptada por
Lee Hastings Bristol.
Bristol nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, em 9 de abril de 1923. Proeminente organista, mestre-capela, compositor e
educador, Bristol é detentor de nada menos que onze doutorados (honoris causa). Compositor de música para coro e para
órgão, foi presidente do célebre Westminster Choir College de 1962 a 1969, e foi nomeado presidente emérito em 1976.
A Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão percebeu a necessidade de incluir hinos contextualizados.
Achando a mensagem deste hino muito importante, convidou o Dr. Werner Kaschel para traduzi-lo para o português, o
que fez em 1990. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 38)
1. HUDDLE, Valerie. Hymn writer is today. Em: GREEN, Fred Pratt. The american organist, v.17, n.4, abril, 1983, pp.36-37.
2. BRALEY, Bernard, Foreward, Em: GREEN, Fred Pratt. The hymns and ballads of Fred Pratt Green. Carol Stream, IL: Hope Publishing Co., 1982.
“É preeminentemente o hino da coroação de Cristo, o Rei”, conforme Erik Routley, distinto hinólogo, e “reúne
toda a história sacra no seu louvor.” 1
As quatro estrofes que existem hoje (das oito originais) exortam a todos os arcanjos, escolhidos, perdoados, tribos,
raças e nações a coroá-lo. Nas outras estrofes originais também as estrelas da manhã, os serafins, os mártires e os
herdeiros da linha de Davi foram convocados a entronizá-lo.
O que quer dizer entronizar Cristo como Rei? Entronizar Cristo quer dizer fazer dele o foco de todo o pensamento, da
ação, e da esperança; a considerar nada completo sem ele. Quer dizer aceitar o fato que Cristo não somente convoca a fé
dos homens, mas é fiel a eles. Cristo se colocou às ordens do homem, sofreu e morreu. Até no momento da sua coroação,
(....) [foi chamado de Cordeiro]. 'Aleluia! O reino deste mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e reinará
pelos séculos dos séculos.' Qual a verdade humana, qual a realização ou esperança que pode ser completa sem se tomar
conhecimento deste fato? 2
Edward Perronet publicou a primeira estrofe deste magnífico hino na Revista do evangelho, de Toplady (autor de
Rocha eterna), em 1779, e as oito estrofes na mesma revista em 1780. Muitas vezes revisado e alterado, o hino aparece
hoje com três das estrofes de Perronet e a última estrofe de John Rippon, adicionada em 1787.
Uma das histórias mais dramáticas descrevendo a maneira que Deus tem usado este magnífico hino vem da Índia,
contado pelo missionário E.P. Scott. Na sua missão na India, Scott desejava evangelizar uma certa tribo no interior. Foi
prevenido que não deveria se aproximar desta etnia por ser ela muito feroz. Mesmo assim, na convicção que Deus estava
lhe mandando, Scott entrou na região com muita coragem.
Quando, por fim, alcançou a região montanhosa, encontrou-se com um grupo destes selvagens. Imediatamente,
cercaram-no, apontando as suas lanças para ele com olhares malévolos. Não havia nada nas mãos de Scott além do seu
violino. Então, fechando os olhos, começou a tocar e cantar Saudai o nome de Jesus. Quando terminou, e abriu os seus
olhos, esperava ser morto imediatamente. Suas lanças caídas, [os selvagens] receberam-no primeiro com curiosidade e
interesse, e então mais tarde com avidez, enquanto [o missionário] contou-lhes o evangelho, e ganhou as suas almas para
Jesus Cristo.3
Edward Perronet, nascido no condado de Kent, na Inglaterra, em 1726, descendia de refugiados huguenotes
franceses. Seu pai, pastor anglicano, era amigo íntimo de João e Carlos Wesley. Educado na casa pastoral por professores
particulares, (há dúvidas quanto a seus estudos na Universidade de Oxford) Perronet decidiu entrar no evangelismo com
estes dois irmãos, sofrendo com eles a mesma violência das mãos da populaçao. Trabalhou com os Wesleys até o tempo
da separação de muitos metodistas da Igreja Anglicana, separação a que João e Carlos fizeram forte oposição. Perronet
uniu-se então aos dissidentes,4 e pastoreou uma pequena congregação em Canterbury até a sua morte em 1792. Foi autor
de diversos livros de poesia e escrituras versificadas. Dos seus hinos só este continua em uso, mas enquanto o povo cristão
cantar o louvor de Cristo nesta terra, o hino de Perronet soará.
John Rippon também foi um dos mais influentes pastores dissidentes (não anglicanos) do seu tempo. Nascido em
Tiverton, condado de Devon, em 1751, estudou para o ministério na Faculdade Batista de Bristol. Aos 22 anos tornou-se
pastor da Igreja Batista em Carter Lane, em Londres, servindo ali até a sua morte.
Rippon fez uma grande contribuição como editor e publicador de O registro anual Batista de 1790 a 1802 e reeditou a
monumental Exposição do Antigo e Novo Testamentos, de John Gill, de nove volumes.
A maior contribuição de Rippon à hinódia é sua coletânea, Selection of hymns from the best authors (Seleção de hinos
dos melhores autores). Esta coletânea teve largo uso, tanto na Inglaterra como na América do Norte. Sua influência
sobrepujou a de todos os seus precursores. Tornou-se o modelo para a hinódia batista e também fonte para outros hinários.
Foi especialmente notável pelo número de hinos originais que apareceram nela pela primeira vez. Em edições
subseqüentes, Rippon deu nomes às melodias. Algumas destas melodias, como RIPPON, continuam em uso até hoje em
todo o mundo.
O tradutor, o dedicado missionário Justus Henry Nelson, traduziu este hino em 1890.
Interessantemente, o hino foi impresso em O Jornal Baptista, ano I, n.5, p.1, em 20 de fevereiro de 1901. Desde o
início, este jornal imprimiu novos hinos na primeira página, para o uso das igrejas. Primeiro, só tinha condições de
imprimir a letra e indicar o hinário existente onde achar a música, mas, mais tarde com novo equipamento, conseguiu
imprimir letra e música. As igrejas dependiam do jornal para a ampliação da sua hinódia. Aliás, a hinódia brasileira deve
muito ao O Jornal Batista e a outros periódicos evangélicos, que, especialmente nos primeiros anos, foram fontes de
novos hinos para o povo!5 (Ver dados biográficos de Nelson no HCC 6).
James Ellor (1819-1899) compôs a melodia DIADEM (Diadema) em 1838 para o aniversário da escola dominical da
sua igreja. Neste tempo Ellor, com dezenove anos e chapeleiro por profissão, era o diretor da Capela Wesleyana na vila de
Droysden, perto de Manchester, na Inglaterra.
DIADEM é uma das três melodias mais conhecidas e usadas com a letra de Perronet, e o seu uso se alastrou pelo
mundo.
A autora deste livro de notas históricas ouviu o testemunho de uma missionária às tribos vietnamitas, de que os
crentes de uma das tribos gostavam de cantar o hino com esta melodia a quatro vozes.
O amor do mundo cristão ao hino com esta melodia é demonstrado por seu uso contínuo na Aliança Batista Mundial.
“Aqueles que assistiram à reunião da ABM no Rio de Janeiro em 1960 lembrarão por muito tempo a alegria da
sessão final no estádio do Maracanã onde duzentas mil pessoas se uniram para cantar este hino com esta
melodia”.6
1. ROUTLEY, Erik. Hymns and the faith. Greenwich, CT: Seabury Press, 1956. pp.276-279.
2. Ibid., pp.278-279.
3. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.41.
4. Dissidentes: Todos os não conformistas e independentes que não faziam parte da Igreja Anglicana, igreja oficial da Inglaterra.
5. Ver PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its sources and development. Fort Worth, TX: School of Church Music, Southwestern Baptist
Theological Seminary, 1985. p.128.
6. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.32.
59. Saudai o nome de Jesus
CORONATION (Coroação), composta em 1792,
Oliver Holden a compôs para este hino, publicando-a na sua coletânea, Union harmony (Harmonia da
união), usada até hoje nos Estados Unidos da América do Norte. O nome da melodia provém da frase
repetida em cada estrofe, “com glória coroai”. O pequeno órgão de tubos onde Holden compôs esta
majestosa melodia continua conservado pela Sociedade de Boston, naquela cidade histórica.
Oliver Holden, nascido em Shirley, Estado de Massachusetts, EUA, em 1765, sentiu, como todos os
americanos, os efeitos da guerra pela independência.
Homem de muitas habilidades, ajudou a reconstruir seu novo país após a guerra. Mudando-se para
Charlestown, no mesmo estado, que fora incendiada pelos ingleses, trabalhou como carpinteiro, reconstruindo
a cidade. Serviu ali, também como juiz de paz. Prosperou nos seus empreendimentos, tornando-se um
cidadão proeminente. Pastoreou a Igreja Puritana local, e praticamente construiu sozinho seu templo. Foi
deputado estadual entre 1818 e 1833, corretor de imóveis, professor de música e regente coral. Doou um
terreno para a Igreja Batista construir o seu templo.
Holden foi um dos pioneiros em dirigir singing schools2 (escolas de canto) nas igrejas. Também teve
sucesso como redator e publicador de diversas das mais importantes coletâneas de melodias do seu período.
Numa época quando os saltérios e hinários eram publicados sem música, ajudou a suprir uma das mais
relevantes necessidades do povo de Deus: a música para os salmos e hinos. Faleceu em Charlestown, a
cidade que ajudou de tantas maneiras a reconstruir, em 4 de setembro de 1844.
(Ver a apresentação do hino, a sua história e dados dos autores no HCC 56)
1. ESKEW, Harry e MCELRATH, Hugh T. Sing with understanding. Nashville, TN: Broadman Press, 1980. p.156.
2. Singing schools: (Escolas de canto). Surgiram como um movimento de reforma na Nova Inglaterra (os estados originais no Nordeste dos Estados Unidos da
Améric do Norte). Pastores treinados em Harvard, a primeira faculdade do país, consideraram o canto congregacional das suas igrejas muito pobre e procuraram
melhorá-lo ensinando o povo a ler música em vez de cantar somente de cor. O primeiro manual para os singing schools foi compilado em 1721. Este, e centenas de
outros que se seguiram, incluía dois ingredientes básicos: uma introdução aos rudimentos da música e uma antologia de música (preponderantemente, músicas
sacras) para o canto. Ao final do séc.18, todos estes manuais tiveram a mesma forma. Bem mais largos do que compridos, foram conhecidos como tunebooks [livros
de melodias], porque incluíam somente uma estrofe dos hinos (em contraste com os saltérios e hinários da época, que, em geral, incluíam textos somente). Tinham
melodias para os hinos e salmos metrificados e música coral mais elaborada: melodias em forma de cânones ou fuga e antemas corais. Nos primeiros manuais a
melodia estava no tenor (seguindo a prática da época). Este movimento de singing schools foi muito importante para a hinódia americana, porque produziu os
primeiros compositores de melodias do país na segunda metade do século 18 (no período da formação da nova nação). A tradição de singing schools continua
enriquecendo a música das igrejas até hoje, embora seu currículo e material de ensino tenham se modificado com o passar dos anos. [Adaptado de: ESKEW e
MCELRATH, Ibid., p.155-156.]
A 1ª estrofe proclama louvor a Deus pelo fato da ressurreição de Cristo. A 2ª estrofe enfatiza o
impacto da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. A estrofe final é uma grande doxologia
trinitária. Nas suas “Aleluias” eleva-se o hino a um alto nível de louvor.1
Em 1862, ele publicou The holy year (O ano santo), com hinos para domingos e outras ocasiões como
Páscoa e Natal. Dois terços dos hinos dessa coletânea são da sua autoria.
Ver dados biográficos do tradutor Salomão Luiz Ginsburg no HCC 29.
Ludwig van Beethoven (1770-1827), nascido em cerca de 16 de dezembro de 1770, em Bonn,
Alemanha, foi um dos maiores compositores de todos os tempos. Desde a infância mostrou seu talento
extraordinário. Slonimsky afirma:
“Beethoven representa a maturidade mais ampla (em escopo emocional, em construção formal e em
tratamento instrumental) das formas clássicas aliadas na sonata, no concerto, no quarteto de cordas
e na sinfonia.”5
1. POLMAN Bert. Aleluia, Aleluia! Hearts to heaven. Em: HUSTAD, Donald P. ed. The worshiping church. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1990. n.254.
2. Introdução os postos de ministério da igreja anglicana:
Na Igreja Anglicana (Igreja oficial da Inglaterra) há divisões de ministério diferentes de outras igrejas “protestantes”, com exceção das igrejas episcopais:
Há o vigário, clérigo apontado para pregar e pastorear e representar a Igreja Anglicana junto à paróquia. Dirige a missão ou capela.
Há o reitor que é co-responsável pela administração da paróquia pela Igreja Anglicana Nacional onde não há vigário.
Há o cura ou pároco auxiliar. É ele quem dirige os cultos da igreja e serve como pastor onde não há vigário, ou assiste o mesmo onde há os dois. É
contratado e pago pelo vigário ou pelo reitor.
Há o bispo que dirige uma grande região da Igreja Anglicana.
Há o arcebispo, chefe na Igreja Anglicana da província ou país.
Embora a paróquia indique uma unidade eclesiástica de área geográfica e não somente uma igreja e os seus membros, como outras igrejas protestantes,
neste livro, geralmente temos usado o termo igreja para indicar paróquia, por entendermos ser esta palavra melhor compreendida entre a maior parte dos
leitores.
A designação pastor pode ter sido usada em lugar de vigário ou cura, mas sempre referida ao responsável pelas ovelhas da paróquia. (Ver Webster's ninth
new collegiate dictionary. Springfield, MA: Merriam-Webster Inc., 1983. pp.100,154, 315, 856, 985, 1313.)
3. Encyclopaedia Britannica, v.2. Vietnam to Zworykin, Chicago: Encyclopaedia Britannica, Inc., 1967, p.674.
4. MCCUTCHAN, Robert Guy, Our hymnody, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.190.
5. SLONIMSKY, Nicholas. Ed. Baker's geographical dictionary of musicians, 6ª ed. New York: Schirmer Books, 1978, p.126.
depois da sua conversão, contou a seu pai, líder do seu grupo teatral, da sua convicção de que
deveria mudar de profissão. Este, preocupado com a falta de sustento, procurou convencê-la do
contrário. Porque amava muito a seu pai, a moça prometeu ao menos comparecer a um
compromisso que havia aceito. Na noite do espetáculo, a cortina subiu, e a atriz, sozinha no palco,
recebeu os aplausos da multidão; mas, para a surpresa de todos, em voz firme, o rosto brilhando, ela
recitou:
Jesus, sempre te amo porque sei que és meu;
feliz, eu te rendo louvor que é só teu.
Meu Mestre divino, Senhor e meu Rei,
a ti, ó meu Cristo, me submeterei.
Completou as estrofes deste hino em meio ao silêncio da platéia. Ao final, a atriz se retirou, e nunca
mais voltou à profissão.1
Uma das razões deste hino ser predileto de muitos batistas no Brasil é a excelente tradução feita por
Salomão Luiz Ginsburg. Certamente este dedicado missionário expressava nesta tradução o seu próprio
amor por Cristo (Ver dados biográficos de Ginsburg no HCC 29).
Adoniram Judson Gordon (1836-1895), cujo nome foi dado em homenagem ao missionário pioneiro
batista na Índia e Birmânia, compôs a melodia que recebeu o seu nome, GORDON, para o texto de
Featherstone. Apareceu pela primeira vez no hinário que Gordon compilou em parceria com S.L. Caldwell,
The service of song for Baptist churches (Cânticos para cultos das igrejas Batistas), em 1876.
Adoniram Gordon teve uma vida que demonstrou seu amor verdadeiro por Cristo. Bacharelando-se pela
Universidade Brown, Estado de Rhode Island, EUA, estudou teologia no Seminário Teológico Newton (hoje
Andover-Newton), em Massachusetts. Ordenado ao ministério batista em 1863, serviu em igrejas do mesmo
estado. Foi notável como pastor da Igreja Batista Clarendon Street, em Boston, pastorado que ocupou
durante vinte e cinco anos.
O encontro de Gordon com o evangelista, D.L. Moody, em 1877, transformou a sua vida. Com nova
vitalidade espiritual, tornou-se gigante no campo de missões mundiais. Sua igreja repetidamente ultrapassou-
se nas suas ofertas para missões.
Na Conferência Centenária de Missões Anglo-Americanas, na Inglaterra, Gordon ganhou “reputação
internacional como apologista para o emprendimento missionário”.2 Fez uma conferência missionária em
Edimburo, na Escócia, com A.T. Pierson, outro ilustre lider internacional em missões. Lograram inédito
sucesso levantando verbas e grande numero de voluntários entre os jovens escoceses.
De volta à sua terra, foi eleito relator da Comissão Executiva da União Missionária Batista Americana. Sob
sua liderança, a missão cresceu notavelmente, especialmente na Africa. Também tornou-se mentor do
Movimento de Estudantes Voluntários, cujo lema era A evangelização do mundo nesta geração.3 Sua
declaração, “Nossa tarefa não é trazer todo mundo a Cristo, mas indiscutivelmente é levar Cristo a todo o
mundo”,4 continua a ser o âmago da nossa visão até hoje.
“Se Gordon foi gigante no campo de missões, foi um verdadeiro pioneiro em educação teológica de
homens e mulheres leigos”.5
Por causa do seu compromisso missionário legendário, fundou a Escola Boston de Treinamento
Missionário. Liderou na aceitação de mulheres entre as fileiras missionárias, convicto dos seus dons e
capacidades e de que o “ide” de Jesus incluía a elas. Seu exemplo inspirou lideres por todo o mundo a
levantarem semelhantes escolas de treinamento. A Faculdade e o Seminário Gordon-Conwell em South
Hamilton, também em Massachusetts, sucessores da notável escola de Gordon, hoje levam o nome deste
grande servo de Deus.
Gordon foi um dos redatores de dois hinários batistas, redator da revista mensal The watchword (A divisa)
e autor duma série de livros devocionais chamada Quiet talks (Palestras devocionais). A Universidade Brown
lhe conferiu o grau de Doutor em Divindade (honoris causa) em 1873.
Em 2 de fevereiro de 1895, em Boston, Adoniram Judson Gordon fechou os seus olhos. Foi muito digno
do seu nome. O primeiro Adoniram teria tido orgulho dele.
1. Anônimo, (Bispo da Igreja Metodista Episcopal do Estado de Michigan). Em: SANKEY, Ira D. My life, and the story of the gospel hymns. Philadelphia P.W: Zeigler
Co. 1906, pp. 224-225.
2. ROBERT, Dana L. Em: ROSELL, Garth M., ed. The vision continues. South Hamilton, Massachusetts: Gordon Conwell Theological Seminary, 1992, p 6.
3. Op. cit., p. 6.
4. COOLEY, Robert E. Em: ROSELL, ed. Ibid., Introdução, p.ii.
5. Ibid.
“Bom pregador, possuiu veia poética fluente e expressiva, tendo escrito numerosos hinos
evangélicos (traduções, adaptações e trabalhos originais)”,1
53 dos quais se encontram nos Salmos e hinos (1975). Um bom número aparece no Hinário evangélico e
Cânticos de Natal. Entre estas criteriosas produções apontam-se vários corais de Johann Sebastian Bach e
alguns hinos históricos. O Hinário para o culto cristão inclui, além desta adaptação, suas produções sob os
números 382, 387 e 567.
O rev. Porto Filho foi membro valioso da Comissão revisora de Salmos e hinos, (1975) durante os 17 anos
que esteve em preparação. Preparou os capítulos II e III do importantíssimo livro, Música sacra evangélica no
Brasil. O seu livrinho História e mensagem dos hinos que cantamos, publicado em 1962, foi uma compilação
de seleções da sua participação do programa radiofônico Jesus, alegria dos homens das Juntas Regionais
dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro da UIECCB.
Quando a morte nos privou da ilustre mestra, historiadora e musicista Henriqueta Rosa Fernandes Braga,
foi confiado ao rev. Porto Filho ser o “digno continuador do livro Salmos e hinos, sua origem e
desenvolvimento (1983). O capítulo VII, Salmos e hinos e sua teologia é da sua autoria. Enquanto preparava
um livro sobre o Dr. Robert Kalley, o rev. Manoel da Silveira Porto Filho faleceu em 5 de junho de 1988.
Deixou uma grande lacuna na obra evangélica no Brasil. Nos seus hinos e escritos, como também nas vidas
que tocou, este servo de Deus continua a viver.
A Subcomissão de Documentação e História do HCC escolheu o nome SCHÖNSTER HERR JESU entre
os vários nomes usados para esta melodia por causa da sua fonte. Outro nome muito usado para a melodia é
CRUSADER'S HYMN (Hino do Cruzado), oriundo da idéia errada de que ela seria do tempo das cruzadas. É
interessante notar que o eminente compositor Franz Liszt usou esta melodia no seu oratório A lenda de Santa
Elizabeth.
Este arranjo é uma de duas importantes contribuições do compositor, escritor e crítico Richard Storrs Willis
à hinódia mundial. Willis introduziu esta linda melodia à hinódia americana na sua coletânea, Church chorals e
choir studies (Coros sacros e estudos corais) de 1850.
Richard Storrs Willis nasceu na histórica cidade de Boston, Estado de Massachusetts, EUA. Bacharelou-
se na célebre Faculdade Yale, em 1841. Passou seis anos na Alemanha estudando música com músicos de
renome. Durante aquele tempo tornou-se amigo íntimo de Felix Mendelssohn, que muito se interessou em
suas composições. Na sua volta aos Estados Unidos da América do Norte, tornou-se crítico musical para
alguns jornais importantes de Nova Iorque. De 1852 a 1864, editou três jornais e revistas de música. Depois
de 1861, estabeleceu-se em Detroit, Estado de Michigan, mas passou quatro anos em Nice, na França. Willis
publicou mais três coletâneas de músicas para coros sacros. Faleceu em Detroit, em 7 de maio de 1900.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961, p.348.
As juntas missionárias às vezes falham nos seus diagnósticos - o jovem tão fraco, que não podia ser
missionário, viveu 96 anos. (....) Deus o usou poderosamente num trabalho que não deixou de ser
missionário, pois além de pregar em 80 países do mundo [inclusive no Brasil], ainda fundou uma
igreja que tem sustentado centenas de missionários.1
Oswald J. Smith fundou a Igreja do Povo, em Toronto, em 1928, e continuou como seu pastor até 1958.
Embora seja uma das maiores igrejas do Canadá, sua fama reside no sustento de missionários através do
mundo. Do seu pastor foi dito:
“O Dr. Oswald Smith deu mais ímpeto para missões do que qualquer outra pessoa viva.”
Billy Graham, falando dos 35 livros (traduzidos para 128 línguas) deste servo do Senhor, escreveu,
“Seus livros têm sido usados pelo Espírito Santo para penetrar na profundeza da minha alma e
tiveram uma influência tremenda sobre minha vida pessoal e meu ministério”.2
O seu livro Paixão pelas almas, amplamente divulgado pela nossa Junta de Missões Mundiais, teve
enorme repercussão aqui no Brasil:
Foi um evangelista mundial, pregando e ganhando almas em todos os continentes. Pelo rádio alcançou
milhões de pessoas, através de 42 emissoras. Como editor, publicou uma revista por mais de 40 anos.
Foram-lhe conferidos três doutorados (honoris causa).
Como hinista, o Dr. Smith escreveu mais de 1.200 poesias e letras de gospel hymns and songs)Hinos
gospel e canções). (ver HCC 112). Publicou várias coletâneas.
Billy Graham pregou na ocasião do culto fúnebre deste eminente estadista missionário, e entre outras
coisas disse que Oswald Smith foi
O tradutor deste hino é desconhecido, mas esta versão já foi consagrada pelas igrejas batistas do Brasil.
O hino obteve grande repercussão no Brasil inteiro, nas grandes clarinadas e campanhas de evangelização
dos anos 1964 e 1965. Foi um dos hinos mais cantados do Hinário da Campanha Nacional de Evangelização,
da Convenção Batista Brasileira, publicado pela JUERP em 1964. Foi também incluído no hinário Vinde,
cantai!, hinário da II Campanha Nacional de Evangelização (JUERP -1980). Sua inclusão no Hinário para o
culto cristão foi muito requisitada.
A métrica deste hino é 13.13.12.13. com estribilho, como corrigida nas edições mais recentes do Hinário
para o culto cristão. 5
Alfred Henry Ackley, compositor e/ou autor de aproximadamente 1.500 hinos, cânticos do estilo gospel
hymns (ver HCC 112) e canções, publicou este hino em 1938.
Ackley nasceu em Spring Hill, Estado da Pensilvânia, EUA, em 21 de janeiro de 1887. Violoncelista
aprimorado, recebeu de seu pai as primeiras noções de música. Depois estudou na Academia Real de Música
em Londres e com Hans Kronold, em Nova Iorque. Formado pelo Seminário Teológico Westminster no Estado
de Maryland, EUA, pastoreou igrejas presbiterianas nos Estados da Pensilvânia e da Califórnia. Foi assistente
do Dr. Hugh Kerr, editor do Hinário Presbiteriano de 1933.
Em colaboração com seu irmão, Bently DeForest Ackley, além de escrever e compor hinos, Ackley
compilou inúmeros hinários e coletâneas para a Publicadora Rodeheaver para os quais os irmãos
contribuíram com muitos Gospel hymns and choruses (Ver HCC 112).
Alfred A. Ackley recebeu o Doutorado em música sacra (honoris causa) da Universidade John Brown.
Faleceu em 3 de julho de 1960.
Além deste hino, o Hinário para o culto cristão inclui o vibrante hino Adoro o Cristo vivo (HCC 136) e a
letra do mui amado hino No serviço do meu Rei (HCC 491), do Dr. Ackley.
O nome da melodia, ALMA LIBERTA, vem do estribilho na versão original, que declara que este cântico
surge no coração da “alma liberta”.
1. PEREIRA, José dos Reis. Oswald J. Smith (Artigo Memorial), O Jornal Batista. Rio de Janeiro, 16 de mar., 1986, p.2
2. Rev. Oswald J. Smith, D.D. Litt. E., LL. D. Em: SMITH, Oswald J. Oswald J. Smith's favorites. Grand Rapids, MI: Singspiration, 1962, Introduction.
3. PEREIRA, José dos Reis. Recordando Oswald Smith, O Jornal Batista, Rio de Janeiro: JUERP, 6 de jun., 1986
4. PEREIRA, Oswald J. Smith, Op. Cit
5. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
(...) Achamos em Bonar o paradoxo de um homem com muita força física e uma intelectualidade
poderosa combinadas com uma natureza tenra, de muita simpatia, e a fé simples e confiante duma
criança.1
Bonar foi ordenado em 1838, indo para a cidade de Kelso, perto da fronteira com a Inglaterra. Em 1843
entrou para a Igreja Livre da Escócia. Um homem de energia ilimitada, quando não estava pregando, estava
escrevendo hinos (com um total de mais de 600), ou folhetos, ou livros. Como Schubert, anotava as suas
idéias que vinham espontaneamente, em quaisquer circunstâncias, em pedacinhos de papel, ou outro
material à mão e guardava-as para uso futuro. Conhecido como homem de oração, também foi estudante
entusiástico da Bíblia. Foi redator de mais de um periódico.
A Bonar foi conferido o grau de Doutor em Divindade (honoris causa) pela Universidade de Aberdeen, em
1853. Em 1866 tornou-se pastor na cidade de Edimburgo, onde permaneceu até a sua morte. Em 1883 foi
eleito moderador da Assembléia Nacional da Igreja Livre da Escócia.
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja louvado, publicado em São
Paulo, em 1972. (Ver dados biográficos do tradutor e fatos sobre o hinário no HCC 13)
Sobre a música do hino, feita em 1990, a sua compositora Roselena de Oliveira Landenberger escreve:
A melodia veio a mim numa manhã quando eu tinha acabado de fazer o momento devocional. Após
a oração, comecei a meditar na letra. Imaginei que tipo de música aqui na terra poderia representar o
Cordeiro sendo recebido com honra no céu. Na frase, “Soa nos céus o clamor da vitória”, pude
imaginar e entrever com minha mente humana visões dos anjos com seus instrumentos, louvando o
Cordeiro. (...) Ao mesmo tempo surgiu a melodia (...). Primeiramente, passei a melodia para o papel
e em seguida, fui ao piano e a toquei, já harmonizada.2
Roselena de Oliveira nasceu em 22 de abril de 1962, filha de José Ferreira de Oliveira e Escolástica C. de
Oliveira. Paulista, converteu-se em outubro de 1969 sob o ministério do pr. Silas da Silva Melo e foi batizada
na Igreja Batista Betel, SP.
Bacharelou-se em música sacra (especialização em órgão) na Faculdade Teológica Batista de São Paulo
e em piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. É membro, com seu marido, Ottmar
Landenberger, da Igreja Batista do Ipiranga, SP.
Na área de educação, já ensinou cursos de iniciação musical, piano, órgão, e teoria. É também monitora
do método Suzuki de violino.
Os arranjos corais que Roselena fez nos hinos Cristo, paz para a cidade e Segundo a vontade de Deus,
de Marcílio de Oliveira Filho, publicados pela JUERP, são cantados em todo o Brasil. Ela também compôs
arranjos para coro infantil, coro feminino, órgão e duetos para órgão e piano, além de compor solos vocais,
obras para piano e hinos congregacionais.
A Redijo publicou O aniversário de Jesus, musical infantil escrito em parceria de Roselena com o pr.
Marcílio, em 1986. A Convenção Batista do Estado de São Paulo publicou sua peça coral, Cristo, nossa
libertação, em 1988.
O Hinário para o culto cristão inclui sete músicas originais desta dedicada e versátil compositora nos
números 67, 175, 279, 304, 305, 520 e 547.
Roselena deu o nome FAUSTA à melodia
“em homenagem à professora Fausta Sermaini, mestra e amiga, que, como poucos, tem se dedicado
de corpo e alma ao ensino. É pessoa de profunda sensibilidade, com quem tenho aprendido muito
sobre a vida e a arte”.3
1. RYDEN, E. E. The story of christian hymnody. Rock Island, IL: Augustana Press, 1959. p.399.
2. LANDENBERGER, Roselena de Oliveira. Carta à autora em 20 de março de 1991.
3. Ibid.
68. Tudo és tu, Jesus
Este hino de adoração tem como autor Cornelius Krummacher (1824-1884). Pastor luterano, ele recebeu
sua educação em Bonn e Berlim.
Krummacher foi assistente do pastor da Catedral de Berlim em 1850 e, após vários postos, foi pastor em
Wernigerade. Publicou vários livros de caráter pietista, inclusive um volume de poesias que incluía este hino,
Stern, auf den ich schaue (Estrela que eu contemplo), que demonstra seu conhecimento e amor profundo por
Jesus Cristo.
Tudo és tu, Jesus foi mui habilmente traduzido do alemão pelo pastor João Soares da Fonseca, atuante
membro da Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão. Veja o que ele fala deste hino:
Um amigo meu chamou-me a atenção para aquela letra. A música já me prendia. E, de fato, ao
examinar o original alemão, senti-me tocado pelas qualidades de Jesus ali referidas, especialmente
na primeira estrofe.1
Cremos que todas as pessoas que cantam este hino, mergulhando-se em sua mensagem, concordarão
com o pastor João Fonseca. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 10).
A melodia original deste hino MINNA, já conhecida de outros hinários com a letra Pelo vale escuro, do
saudoso Pastor Othoniel Motta, foi composta em 1897 por Minna Koch (1845-1924) e cantada originalmente
em uníssono.
É sempre agradável ganhar presente de amigos queridos. Naquele dia [em 1986] eu recebi um
presente suigeneris. O meu amigo e colega, Ralph Manuel, entregou-me uma partitura, só com a
música, afirmando que era um presente para mim. Pedi-lhe que a tocasse ao piano. Era uma melodia
jovem, com ritmo bem brasileiro. Ao ouvi-la veio-me à mente a idéia de adoração, o desejo do crente
de adorar, servir e honrar ao Senhor. [Levamos] música e letra, juntas, logo à nossa igreja. A Igreja
Batista Imperial (Recife, PE) vibrou cantando: Desejo te adorar, Senhor.1
Este hino tomou o Brasil batista como um todo. Foi publicado em 1986 no livreto Sete hinos
congregacionais para a igreja de hoje, publicado pela JUERP como parte da campanha Cantem, Batistas
brasileiros!.
Jilton Moraes nasceu em Maceió, AL, num lar cristão em 21 de abril de 1946. Fez sua decisão após uma
mensagem do pr. José Florêncio Rodrigues e foi batizado pelo pr. Plácido Moreira na Igreja Batista de
Bebedouro, daquele estado.
Sentindo-se chamado para o ministério pastoral, Jilton procurou se preparar. Bacharelou-se em teologia
em 1971 pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife, PE, completou o Mestrado em
Teologia (especialização em Homilética), na mesma instituição em 1983 e depois também o Doutorado na
mesma área. Pastoreou igrejas batistas em Fortaleza, Belém e Teresina e por dezesseis anos a Igreja Batista
Imperial, no Recife, PE. Dedicado à educação religiosa, foi convidado a dirigir este departamento do STBNB
interinamente, em 1989, onde de 1986 a 2000 lecionou a disciplina homilética.
O pr. Jilton tem como fiel companheira no lar e no ministério D. Ester Souto de Moraes, musicista formada
e foi Ministra de Música da IB Imperial. O casal tem quatro filhos: Lídia, Lílian, David e Daniel. Sobre sua ida
para Brasília, DF, para assumir a reitoria da Faculdade Teológica Batista, fala:
Decidimos aceitar a ordem e desafio do Senhor da Seara de deixar o Recife interpretando ser o
convite da Faculdade Teológica de Brasília o pensamento e o caminho do Senhor para nós.
Decidimos (eu e Ester) partir em obediência ao que nos manda o Senhor.2
Escritor, o pr. Jilton é conhecido como colaborador de O Jornal Batista e algumas revistas da
denominação. Seu livro, o romance A riqueza maior, publicado pela JUERP já está na segunda edição. Muitas
igrejas pelo Brasil afora tem sido abençoadas por suas conferências.
O pr. Jilton fez uma contribuição valiosa durante todo o preparo do Hinário para o culto cristão, na
Subcomissão de Música e como assessor da Subcomissão de Textos. Poeta e romancista de fama no meio
batista, e hinista desde 1970, por muitos anos o pr. Jilton trabalhou em parceria muito feliz com o compositor
Ralph Manuel, dando ao Brasil evangélico um repertório de hinos que preencheram lacunas importantes na
música da igreja. O HCC incluiu seis destes hinos congregacionais sob os números 76, 212, 241, 308, 443 e
609, como também a tradução do hino 442. Ainda escreveu (em parceria com o Dr. Werner Kaschel) a letra
do hino 246, fazendo um total de nove contribuições de muito valor.
O nome ADORAÇÃO foi escolhido pelo compositor para a melodia, sendo este o primeiro título do hino.
Falando da sua composição, Ralph Manuel escreve:
Esta música foi uma tentativa de compor num estilo “brasileiro”, mais especificamente nordestino. Eu
queria ver se era possível cantar hinos na igreja usando música assim. Depois de completar a
música, eu a dei ao meu pastor, Jilton Moraes, e ele escreveu a letra de louvor e adoração a Deus.3
(Ver dados de Manuel no HCC 23)
Os dois aleluias ao fim de cada estrofe dão uma perfeita oportunidade para a congregação exaltar o nome
de Jesus por todas as razões enumeradas.
Escrito em 1938, este lindo hino é da autoria de Francis Bland Tucker, homem de grande influência
hinológica, especialmente na Igreja Episcopal, e considerado por muitos como o “Deão dos hinistas
norteamericanos” da sua época.
Bland Tucker serviu na comissão que compilou o Hinário episcopal de 1940 e na comissão de textos do
Hinário episcopal de 1982.
De família ilustre e último de 13 filhos, Bland Tucker nasceu em 6 de janeiro de 1895, em Norfolk, Estado
da Virgínia. Estudou na Universidade da Virginia e no Seminário Teológico da Virginia. Serviu na área médica,
durante a Primeira guerra mundial. Foi ordenado ao ministério episcopal em 1920.
Bland Tucker foi um homem de compaixão e muito compreensivo. Foi esposo exemplar para a sua amada
Polly e pastor querido por suas igrejas. Foi grande admirador de John Wesley cuja igreja, a Igreja de Cristo de
Savannah, Georgia, pastoreou 210 anos após Wesley. Amava os hinos de Isaac Watts e Christopher Smart. A
erudição, firmeza e força de seus próprios hinos espelham estas mesmas qualidades achadas nos hinos
destes ilustres hinistas. Francis Bland Tucker faleceu em janeiro de 1984.
A belíssima tradução deste hino foi feita para o Hinário para o culto cristão pelo pr. João Soares da
Fonseca, membro da Subcomissão de Textos. (Ver dados de Fonseca no HCC 10).
O ilustre compositor Ralph Vaughan Williams compôs a melodia, SINE NOMINE (Sem nome), para o hino
Por todos os santos, aparecendo pela primeira vez no hinário English hymnal (Hinário inglês), em 1906. Nos
últimos anos, usada em hinários em vários continentes, tem sido considerada uma das melhores melodias
deste século.
Ralph Vaughan Williams (1872-1958), um dos compositores mais importantes do séc.20, e o melhor
compositor inglês desde Henry Purcell (do séc.17), influenciou fortemente a hinódia contemporânea. Filho de
um pastor anglicano, nasceu na casa pastoral de Down Ampney. Quando jovem, recebeu aulas de piano,
violino, teoria e órgão. Estudou com os maiores músicos do seu tempo e em três das melhores faculdades de
Londres, bacharelando-se em música (1894) e em artes (1895) e fazendo o doutorado em música em 1901.
Vaughan Williams produziu um grande acervo de música, compondo em todas as formas musicais. Há
outras fontes amplas sobre a sua vida e obra. Aqui concentraremos nossa atenção na sua produção hinódica.
Convidado em 1904 para ser o redator de música do English hymnal (Hinário inglês), publicado em 1906,
Vaughan Williams deu a sua maior contribuição à hinódia. Mas de acordo com ele mesmo, foi aí que recebeu
a maior contribuição para seu próprio desenvolvimento. Disse ele:
“Eu sei que aqueles dois anos que passei trabalhando com algumas das melhores melodias do
mundo foram uma educação musical melhor do que qualquer quantidade de sonatas e fugas”.1
Nesse hinário Vaughan Williams introduziu o estilo de cânticos folclóricos à hinódia. Começou a sua
coleção destes cânticos em 1903, descobrindo, ao todo, mais de 800 deles.
Vaughan Williams também foi redator de música, em parceria com o compositor Martin Shaw, do hinário
Songs of praise (Cânticos de louvor) publicado em 1925, e numa edição ampliada em 1931. Cooperou na
revisão da música do English hymnal em 1933, e na edição de The Oxford book of carols (Livro Oxford de
carols - coletânea de grande valor dos cânticos de Natal do mundo inteiro), em 1928. Foi pela sua influência
que o canto de hinos foi introduzido na coroação da rainha Elizabeth II. Iniciou o movimento moderno de
colocar os hinos em tonalidades acessíveis à maioria, e de ênfase no canto em uníssono. Seus arranjos e
melodias se destacam em muitos hinários. O Hinário para o culto cristão, como centenas de hinários
modernos, deve muito a este mestre.
1. GEALY, Fred D. Austin C. Lovelace & Carlton R. Young. Companion to the Hymnal, a handbook to the United Methodist Book of Hymns, Nashville, TN: Abingdon
Press, 1970. p.688.
“forçado a ser o secretário de Oglethorpe, o fundador da colônia, teve 'o seu próprio inferno': atiraram nele, foi
caluniado, todos se afastaram dele, esteve doente”.5
Depois de poucos meses, Charles voltou a Londres, sentindo-se totalmente derrotado. Lá os irmãos fizeram novo
contato com os moravianos e, num domingo, 20 de maio de 1738, Charles experimentou a sua conversão espiritual.
“Terça-feira de manhã,” diz ele, “despertei sob a proteção de Cristo e entreguei-me de corpo e alma a ele”.6
Naquele mesmo dia, escreveu seu primeiro hino, as primícias dos milhares que viriam. No dia seguinte, João também
fez sua decisão.
Os dois começaram imediatamente a pregar sua nova fé: salvação somente pela fé em Cristo Jesus, e não pelos
sacramentos da igreja, ou por justiça própria. Nos anos seguintes os dois alcançaram “a grande massa dos humildes em
toda a Inglaterra”.7
Os irmãos Wesley suportaram incontáveis perseguições dos líderes das igrejas, das autoridades civis, e até do povo a
quem procuravam alcançar. Com a disciplina severa e o treinamento espiritual que seus pais Susannah e Samuel Wesley
lhes deram, enfrentaram todos esses momentos com lealdade à Palavra de Deus. Nenhuma dificuldade pôde apagar o seu
ardor, e aos poucos a mensagem dos irmãos Wesley, tão apaixonadamente proclamada em pregação e tão docemente
entoada em canto, começou a penetrar no “Vale dos pântanos” em que vivia o povo humilde. Muitas vidas foram
transformadas e começou uma grande mudança naquela sociedade. É correto dizer que os irmãos Wesley ajudaram a
mudar a história do seu país e assim, a história do mundo.
Charles Wesley escreveu cerca de 8.989 hinos, além de centenas de poemas. Para ele escrever era tão natural como
respirar.
“O Dr. Frank Baker calcula que Wesley escreveu uma média de 10 linhas por dia durante cinqüenta anos!
Completava uma poesia (ainda existente), em cada dois dias”.8
Como Schubert, com seu instinto melódico, cada pensamento que chegava à mente de Charles Wesley parecia
gerado em forma poética. Ele não era somente o “doce cantor” do Metodismo; porém, mais do que qualquer
outra pessoa, teve sucesso em apresentar religião e experiências religiosas em forma lírica. Foi John Julian, a
maior autoridade sobre a hinódia inglesa, quem disse: “Charles Wesley foi, talvez, tomando em consideração
tanto quantidade como qualidade, o maior hinista de todos os tempos”.9
A mente de Charles Wesley estava encharcada pelas Escrituras. O mais alto elogio que João deu aos hinos de Charles
era que seus hinos eram bíblicos. Seus versos são comparados a
“uma esponja enorme, cheia, ao ponto de saturação com palavras bíblicas, símiles bíblicos, metáforas bíblicas,
histórias bíblicas, temas bíblicos”.10
Os hinos de Charles Wesley formam em si uma biblioteca teológica sobre a verdade cristã. Isto foi de valor
incalculável, numa época em que o povo vivia na mais densa ignorância. A massa analfabeta decorava os hinos dos
Wesleys, de até 18 estrofes, e foi salva e edificada. Nas igrejas metodistas que se formaram, os hinos de Charles
formavam a maior parte do seu repertório de hinos. Entre eles, os irmãos escreveram 13 volumes, de 400 páginas cada,
cheios de hinos impressos em tipo pequeno e pouco espaço; noventa por cento dos hinos originais eram de Charles.
Wesley abordava em seus hinos toda a escala da experiência humana desde o berço até o sepulcro. É interessante
saber que Charles não só escreveu sobre as crianças, mas, também, para as crianças. É lamentável, mas estes hinos não
obtiveram êxito.
“Também os hinos de Wesley trataram de todos os aspectos concebíveis da experiência devocional cristã e
podem ser chamados os progenitores do gospel song moderno.”11
1. BETT, Henry. The hymns of methodism. London: The Epworth Press, 1956. p.95.
2. MENTZER, Johann. O dass ich tausend. Em: Neue glaubensharfe, gesangbuch der deutschen Baptisten - gemeinden. Cleveland, OH: Verlag des Publikations - Dereins der
Deutschen Baptisten, 1916. n.3.
3. ALLEBRANDT, Odilo Alfredo. Tradução inédita do hino O Dass ich tausend, a pedido da autora em maio de 1992.
4. JOY, James Richard. O despertamento religioso de João Wesley. Trad. GODINHO, Carlos A., 2ª ed. São Paulo: Junta Geral de Educação da Igreja Metodista do Brasil, 1963. p.67.
5. TOWNSEND, Jim. The forgotten Wesley, Christian History, v.X. n.3, Issue 31, Des Moines, IA, 1991. p.7.
6. JOY. Op. cit., p. 81.
7. KEITH, Edmond D. Hinódia cristã, 1ª ed. Trad. OLIVER, Bennie May. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1962. p.105.
8. Townsend, Jim. Did you know? Unusual facts about hymns and hymn writers in the eighteenth century, Christian History, Op. cit., p.1.
9. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.49.
10. DUDLEY-SMITH, Timothy. Why Wesley still dominates our hymnbook, Christian History, Op. cit. p.11.
11. HUSTAD, Donald P. Jubilate! church music in the evangelical tradition. Carol stream, IL: Hope Publishing Company, 1981. p.127.
12. OSBORNE. La aurora, 1:76, Em: NINDE, Eduardo S. Diesinueve siglos de canto cristiano. Buenos Aires, 1948. p.156.
ESTE ALEGRE HINO de louvor e adoração ao Filho de Deus faz parte da grande herança a nós
outorgada pelo missionário pioneiro Richard Holden. Repleto de doutrina, como todos os hinos de Holden, nos
ensina sobre o Filho encarnado, sua humilhação e morte como nosso substituto, nosso remidor. Agora em
glória, reluzente, perfeito, e tendo satisfeito a justiça de Deus, nosso Senhor, pela graça, recebe o pecador
redimido por Ele. Sugere-se ao regente congregacional promover uma boa discussão sobre a rica e preciosa
doutrina deste hino, em tempo oportuno, na época de cantá-lo.
A alegria dos hinos de Richard Holden resulta em parte de sua profunda experiência no tocante ao seu
relacionamento com Deus.
Embora tendo nascido no seio de um lar cristão e recebido uma educação evangélica, Holden viveu
indiferente à fé até aos 21 anos. Mas a experiência daquele ano fê-lo realmente compreender a grandeza da
salvação oferecida a ele por Cristo. Renasceu pelo Espírito Santo de Deus. Pôde compreender que Deus
perdoa pelo amor e sacrifício de Jesus. Sua vida foi transformada.
Holden exerceu um profícuo ministério, e deu-nos um rico acervo de hinos que abençoam a muitos até
hoje (Ver dados biográficos do Holden no HCC 42).
A métrica deste hino é 12.12.12.11., como corrigido nas edições mais recentes do Hinário para o culto
cristão.1
Nasceu e faleceu em Viena, Áustria (10 de abril de 1838 a 27 de novembro de 1914), o harmonizador
deste hino, Edward Kremser, tornou-se mestre-capela em 1869 e desenvolveu uma atividade musical muito
extensa. Regente coral, compositor de obras vocais, corais e instrumentais, Kremser foi também compilador e
arranjador.
Esta melodia, de nome KREMSER em homenagem a este grande músico, foi descoberta por Kremser
numa coletânea de músicas holandesas, compilada por Adrian Valerius e publicada em 1626. A coletânea de
Valerius, pouco conhecida mas usada por mais de 200 anos, foi valorizada por Kremser, que dela usou seis
melodias (dentre as quais KREMSER se tornou famosa).
1. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
1. ORTONVILLE: o sufixo “ville” indica uma cidade ou vila, mas não é conhecida a cidade que Hastings homenageou com o nome da melodia
“Foi escrita pensando no sofrimento de Jesus: na humilhação, na ingratidão e na maldição que ele
sofreu em nosso lugar. A música, composta por Ralph Manuel completou o espírito de devoção,
louvor e gratidão expresso na letra.” 1
Este hino, com esta música, fez parte de uma série de músicas feitas para uso na Ceia do Senhor.
Havia três músicas para coro que falavam do sacrifício de Jesus, do pão e do vinho; depois, vinha
Ao eterno Salvador Jesus, que a congregação cantava depois de participar da Ceia.
Jilton Moraes teve a idéia inicial para este projeto e escreveu os textos para todas as músicas. A
JUERP publicou a coleção completa das músicas no seu Culto cantado para a Ceia do Senhor
(1989).2
Ver dados biográficos do autor no HCC 69 e do compositor, Ralph Manuel, no HCC 23.
TODO O LOUVOR foi escolhido como o nome da melodia por fazer parte do título original do hino e ser o
âmago da sua mensagem, aparecendo no final de cada estrofe.
[*Observação: Em algumas edições do Hinário para o culto cristão com música existe um erro em uma nota
da melodia deste hino. No segundo sistema, quinto compasso, no primeiro tempo (na sílaba “do” de
“bondoso”) a nota da melodia é Ré (e não Dó como saiu erradamente em algumas edições).] 3
“Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou
para ficar com eles.”
Keble publicou a poesia, com o nome Evening (Noite), no seu famoso livro The christian year (O ano
cristão), em 1827. Este livro, do qual todos os hinos de Keble foram extraídos, teve 95 edições durante a sua
vida. “Sinceramente piedoso e estimulante à consciência religiosa”,1 também representou, no seu estilo, o
espírito romântico prevalescente na primeira parte do séc.19.
John Keble (1792-1866), preparado para a universidade por seu pai, homem de grande cultura, no seu lar
pastoral, entrou em Oxford como bolsista aos 14 anos. Provou sua erudição ao receber inúmeras honras.
Ordenado ao ministério anglicano aos 24 anos, teve uma carreira brilhante. Keble pastoreou diversas igrejas e
foi professor de poesia na Universidade de Oxford por alguns anos. Escreveu muito, mas a sua fama vem
mais por seu livro The christian year. O hinólogo John Julian, que considerou os hinos de Keble entre os
melhores e mais populares da língua inglesa, cita o famoso poeta, Sir John Coleridge, em seu dicionário de
hinologia:
O ano cristão é maravilhosamente bíblico. A mente de Keble era, através de estudo prolongado,
paciente e afetuoso das escrituras, tão permeada por elas, que a sua linguagem, sua linha de
pensamento, seu modo de raciocinar parecem fluir na poesia [de Keble].2
Editores de todas as denominações pediram permissão para fazer seleções das poesias deste livro para
os seus hinários, e sempre receberam um alegre “sim” deste escritor muito modesto.
Keble foi um dos líderes do Movimento Oxford, na Inglaterra. Adornou as suas idéias, ganhas do seu pai,
com o seu caráter de pureza, bondade e doçura. Expressou-as na sua poesia e ensinou-as aos seus
discípulos com muito fervor.
Em 1836 Keble aceitou o pastorado na pequena cidade de Hursley, continuando alí até a sua morte, trinta
anos mais tarde. Publicou em 1839 sua Metrical version of the psalms (Versão metrificada dos salmos), e
Lyra innocentium (Lira dos inocentes), com o subtítulo Pensamentos em poesia sobre crianças cristãs, em
1847. Keble, com a “mente de um erudito de uma cultura refinada”, continuou a publicar muitos outros livros e
folhetos sob os mais variados assuntos durante toda a sua vida.
No livro Famous hymns of the world (Hinos famosos do mundo), o escritor Allan Sutherland conta uma
história comovente de como o cantar deste hino salvou muitas vidas:
Numa noite tempestuosa uma heróica nau foi ao pique. Conseguiram colocar poucas mulheres e
crianças num barco salva-vidas, sem remos ou vela, flutuando à deriva, a mercê das ondas. Mais
cedo, ao entardecer, homens corajosos na beira do mar haviam percebido o perigo da nau e saído
na tempestade, desejando salvar vidas. Mas, nem puderam achar a nau. Depois de muita busca sem
sucesso, iam voltar para a praia quando, acima do gemido da tempestade, ouviram a voz pura de
uma mulher cantando:
Conseguiram salvar aquelas vidas, mas se não tivessem ouvido o cântico de fé daquela senhora,
com toda a probabilidade, aquelas pessoas teriam perecido antes do amanhecer.3
A tradução de Luz da minha alma foi feita pelo Dr. João Gomes da Rocha, dedicado médico missionário
e hinólogo, em 1898. O hino de cinco estrofes foi publicado na terceira edição do hinário Psalmos e hymnos
com músicas sacras em 1899, edição pela qual ele era inteiramente responsável. No Hinário para o culto
cristão foram usadas as duas primeiras estrofes da tradução de Dr. Rocha. (Ver dados biográficos do Dr.
Rocha no HCC 2)
João Wilson Faustini descreve a ocasião da sua tradução das estrofes 3 a 5:
Embora eu já conhecesse o texto português de J.G. Rocha, quando fui adaptá-lo na peça coral
Antífona da dedicação e Sun of my soul (Luz da minha alma). de Warren Martin, verifiquei que, a
partir da terceira estrofe, quase nada havia das idéias de John Keble. As estrofes 3 a 5 foram
traduzidas então por mim.4
Esta forma da tradução do hino foi usada no culto de ação de graças da formatura de Faustini do Curso de
canto e canto orfeônico pela Escola Paulista de Música, em 1963. Foi publicada em São Paulo no seu hinário
bilíngüe, Seja louvado, em 1972.
A compositora Joan Larie Sutton nos dá a história da composição da música do hino em 1970:
Já tínhamos outra tradução deste hino, no CC 284, com a música tradicional (HURSLEY) para ele
usada. Esta tradução, muito melhor, nos pedia outra música. Usamos a letra como exercício de
composição em aula, no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, surgindo esta música. O nome
da melodia LUZ provém da letra.5
1. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.162.
2. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. v.1, Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.612.
3. SUTHERLAND, Allan. Famous Hymns of the World. Em: PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.81.
4. FAUSTINI, João Wilson. Carta à autora em 23 de abril de 1991.
5. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.
“pretende chamar atenção para o fato inequívoco de que Deus não tem preferências culturais, raciais
ou nacionais − a universalidade do evangelho em sua essência e em sua abrangência.”1
Foi publicado no hinário da Primeira Conferência Missionária da Igreja Batista do Morumbi, SP, em julho
de 1985, como também gravado no seu disco Missões e adoração I. Desde então o seu uso se alastrou em
todo o Brasil. Com o título, Muitos virão te louvar. faz parte do hinário Cânticos do Congresso Despertar 89,
editado pela Junta de Mocidade da CBB (JUMOC).
Seu autor, o pr. Guilherme Kerr Neto, foi por muitos anos um dos pastores da Igreja Batista do Morumbi
(Ver dados do autor no HCC 23).
O compositor, Jorge Geraldo de Camargo Filho, nasceu em 6 de abril de 1963 em São Paulo, capital.
Converteu-se sob o ministério do pr. George Russel Faulkner, sendo batizado em seguida. Jorge estudou
teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e inglês na Abbey Missionary School for the English
Language, em Londres. Começou a escrever hinos em 1978. Desde então, muitos dos seus hinos (música e
letra) foram gravados por Vencedores por Cristo nos discos Louvor IV (1985) e Louvor V (1988). Compôs
música para outros discos como Vento livre, da Igreja Batista do Morumbi e Grupo semente, (1986). Além de
compor músicas, dirigiu a produção do LP Salmos e Feito a Amanhecer. Em colaboração com seus colegas
Guilherme Kerr Neto e Jorge Rehder, colaborou na composição das músicas das cantatas Da liberdade
(1987) e Eram doze (1988), publicadas e gravadas por GKerr Publicações.
Camargo Filho tem um ministério nacional em congressos, festivais, debates e apresentações diversas.
E sobre ele Fernando Passarelli acrescenta:
“É difícil encontrar nas igrejas evangélicas quem nunca se emocionou ao ouvir que “O Rei da glória,
o Rei dos reis, Senhor dos senhores, soberano Deus... é Jesus”. Às vezes é até difícil ler em Salmos
que “... o pardal encontrou casa e a andorinha ninho para si, eu encontrei teus altares Senhor, Rei
meu e Deus meu” sem se lembrar da melodia de Jorge. “Bendize, ó minh'alma... pra sempre
penhorada ao seu imenso amor... Senhor tu és maravilhoso...”
Sim, Deus é maravilhoso com Jorge Camargo como pode ser com qualquer pessoa, “de todas as
tribos, povos e raças”. São muitas as músicas dele, registradas nos discos Salmos e Presenças
apontado como uma das melhores produções dos últimos anos, onde mescla regravações de
canções bem conhecidas com outras inéditas”.2 Esta é uma vida de talento e inteiramente dedicada
a Deus.3
O arranjo deste hino foi feito para o Hinário para o culto cristão por Ralph Manuel, membro da
Subcomissão de Música, em 1990 (Ver dados de Manuel no HCC 23).
O nome da melodia, DE TODAS AS TRIBOS, provém das primeiras palavras do hino.
O autor continua dizendo que não é para ganhar o céu ou escapar do inferno, mas porque pela cruel
morte na cruz ele nos deu vida e luz! O seu amor fê-lo sofrer tanto, que:
“Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos
justiça de Deus” (2Coríntios 5.21).
Este amor imerecido nos atraiu ao ponto que, sem promessa alguma, nosso amor é dele.
O hino é geralmente atribuído a São Francis Xavier, dedicado missionário da Igreja Católica às terras do
Oriente. Xavier nasceu no castelo da família perto de Pampeluna, na Espanha, em 7 de abril de 1506.
Formando-se pela Universidade de Paris, dedicou-se ao ensino até unir-se a Inácio de Loiola. Trabalhou com
ele em diversos lugares na Europa, evidenciando o seu entusiasmo e devoção. Xavier foi então escolhido
para um trabalho no Oriente. Sobre este trabalho, John Julian, no seu dicionário de hinologia, nos diz:
[Xavier] deixou Roma em março de 1540, chegando em Goa em 6 de maio de 1541. Daquele dia até
sua morte em Sancian, perto de Cantão [na China], dedicou-se ao seu trabalho duma maneira
heróica e com grande devoção, visitando Travancore (Índia), Ceilão (agora Sri Lanca), Malásia,
Japão e outras terras com a cruz na mão e um zelo abrasador no coração.1
Francis Xavier provou o seu amor por Cristo pela vida, como pela palavra. Faleceu em 1551 e foi
canonizado em 1621.
O tradutor, o Rev. Jaci Correia Maraschin, fala sobre o seu trabalho:
Trata-se de uma tradução bastante livre de antigo soneto espanhol atribuído a São Francisco Xavier,
por alguns, e à Santa Tereza de Ávila, por outros. Por causa da exigência métrica do hino, o soneto
foi transformado numa poesia de quatro estrofes iguais. A tradução foi encomendada pela Comissão
do Hinário da Igreja Epis-copal do Brasil e publicada pela primeira vez no hinário dessa igreja, no
ano de 1962.2
O rev. Maraschin, pastor da Igreja Episcopal Anglicana e conhecido hinista e compositor, nasceu em
Bagé, RS, em 12 de dezembro de 1929. Diplomou-se em música em Porto Alegre, fez Bacharel em filosofia
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Licenciatura na Faculdade Anchieta. Fez Bacharel em
teologia no Seminário da Igreja Episcopal em Porto Alegre, Mestrado no Seminário Geral de teologia em Nova
Iorque, e Doutorado em teologia na Universidade de Strasburgo, na França.
O Dr. Maraschin é o atual Secretário da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE) e
professor de teologia no Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião em São Bernardo do
Campo, Rudge Ramos, SP. Destacando-se na área da música sacra, editou as coletâneas: O Novo Canto da
Terra, publicada pela Editora Sinodal, de São Leopoldo e Brazilian songs of worship (Cânticos brasileiros de
adoração) publicada pelo Conselho Mundial de Igrejas em Genebra, Suíça. Também fez parte da Comissão
de Liturgia e Música da sétima assembléia geral do Conselho Mundial de Igrejas realizada em fevereiro de
1991, em Canberra, na Austrália. Conferencista, o Dr. Maraschin é requisitado dentro e fora do Brasil.
Também é autor de livros de teologia.
O rev. Maraschin é casado com Ana Dulce Maraschin. O casal tem duas filhas, Ana Isabela Maraschin
Irala e Rosa Maria Maraschin Louzada.
A melodia BRACONDALE, cujo nome deve referir-se a uma cidade ou vila, foi composta por Josiah
Booth (1852-1929), inglês de Coventry, que recebeu sua primeira posição de organista duma igreja quando
ainda autodidata em música. Jamais tivera a oportunidade de tocar este instrumento! Com muito esforço,
conseguiu estudar na Academia Real de Música, em Londres. Então, desde 1877 até se aposentar em 1918,
foi organista de uma igreja congregacional, na qual elevou o nível de música a alto grau. Booth editou um
hinário, publicado em Londres em 1886, e serviu como assessor na preparação de um outro.
1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology. Dover Edition, v.II. New York: Dover Publications, 1957. p.296.
2. MARASCHIN, Jaci Correia. Carta à autora em 18 de junho de 1991.
“John Adam Granade, o 'Billy Sunday' do movimento de avivamento que atingiu seu auge em cerca
do início do séc.19".1
Jackson afirma que Granade foi autor de muitos textos de uso geral.
Pela primeira vez temos este hino publicado em português, graças à tradução em 1990 de David William
Hodges, membro da Subcomissão de Música do Hinário para o culto cristão (Ver dados de Hodges no hino 1
do HCC).
Sobre a tradução do hino, Hodges escreve:
Sempre gostei deste hino, e há algum tempo tentei traduzi-lo. Mas foi quando começamos este
trabalho da Comissão que cheguei a completá-la. Lembro-me que fiz os retoques finais nesta letra a
bordo do avião indo do Recife ao Rio de Janeiro (para uma reunião da Comissão Coordenadora do
HCC) em companhia dos meus colegas Jilton Moraes e Ralph Manuel.2
O nome da melodia, I LOVE THEE (Eu te amo), provém da primeira frase do hino, em inglês.
1. JACKSON, George Pullen, editor & compilador Spiritual folk-songs of early America. New York: Dover Publications, 1964. p.152.
2. HODGES, David William. Carta à autora em 22 de março de 1991.
1. Antífona - Curto versículo bíblico cantado antes ou depois de um salmo ou cântico; Uma antífona processional é uma peça relativamente extensa, de caráter
narrativo, entoada durante as procissões em certas festividades como Domingo de Ramos.
2. Cantochão - Melodia sem acompanhamento em que são cantados os textos da liturgia católica romana [e outras igrejas protestantes] A modalidade
tradicionalmente adotada é o canto gregoriano, cuja ligação com o papa Gregório I que reinou em 590-604, é em parte nominal.(....) Um tipo mais simples de
cantochão é o canto ambrosiano, por ter sido atribuído a sua criação ao ancião da igreja, Ambrósio. Em sua aparente simplicidade, esses cantos são a primeira
grande manifestação artística da Idade Média; e, em sutileza melódica e rítmica [não há compassos indicados], nunca foram ultrapassados.
Na segunda estrofe, Deus humanado se humilha e se entrega como “o Pão celestial”. A terceira estrofe
mostra a glória do Senhor na linguagem de Isaías 6. O hino inteiro mostra a vinda de Cristo no contexto maior
da salvação duma maneira majestosa, e fará a congregação cantar de coração com muita reverência:
“Aleluia, aleluia! Ao supremo Deus, Senhor
A adaptação para o inglês foi feita pelo hinólogo Gerard Moultrie, pastor e educador, e publicada em Lyra
eucarística, 2ª edição, em 1864. Moultrie editou e publicou algumas coletâneas que incluíram hinos traduzidos
e adaptados do grego, latim e alemão, além de hinos originais. Deixou assim um bom acervo para a hinódia
inglesa e mundial. Como é o caso em muitos outros grandes hinos traduzidos para o português, a terceira
estrofe na versão de Moultrie que proclama como esta vinda da “Luz das luzes” dispersa a escuridão e vence
o poder do inferno, não foi incluída e faz falta:
João Wilson Faustini traduziu as estrofes 1, 2 e 4 da versão de Moultrie para o português em 1960.
Publicou-o no hinário bilingüe Seja louvado em São Paulo, em 1972, para a Igreja Presbiteriana São Paulo de
Newark, Estado de Nova Jersey, EUA, da qual era Ministro de Música. O maestro Faustini, depois de alguns
anos de rico ministério de música no Brasil, voltou a ser pastor desta igreja em 1982 (Ver dados biográficos de
Faustini no HCC 13).
PICARDY é uma melodia tradicional francesa (Noel) para o Natal (ver anotação 1 no HCC 102).
Aparecendo em Chansons populaires des provinces de France, IV (Canções populares das províncias da
França), em 1860, acredita-se ser do séc.17. Diferente em estilo de outras melodias de canções francesas
para o Natal, esta é solene e cerimoniosa, devendo ser cantada devagar, como o texto requer.
1. POLMAN, Bert. Let all mortal flesh keep silence. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church: a hymnal, worship leader's edition. Carol Stream, IL: Hope
Publishing Company, 1990, Nº167.
2. Ibid.
3. SUTTON, Joan Larie. Tradução bondosamente feita em 31 de agosto de 1993, a pedido da autora de Notas Históricas.
Foi um dos muitos entre os primeiros missionários no Brasil que deram suas vidas para levar o evangelho
a esta querida e grande nação.
O Dr. Entzminger casou-se, em 1922, com Amélia Joyce, viúva de T.C. Joyce, missionário independente
que trabalhou na Bahia.
Publicou, em 1919, com enormes dificuldades, o primeiro hinário com música dos batistas, Lyra cristã.
Poeta inspirado, o Cantor cristão contém 72 letras e traduções suas. Muitas das edições do CC saíram por
causa do seu esforço fiel e eficaz. Por onde andava, nos cultos, podia se ouvir “aquela voz forte e vibrante,
cantando hinos”.5 Entzminger morreu em Petrópolis, em 18 de janeiro, 1930, depois de 39 anos de serviço,
tendo sofrido muito para levar o evangelho à sua Pátria adotiva, inclusive até o mal de Hansen do qual o
Senhor o curou milagrosamente. Este destacado servo de Deus ajudou a “moldar e amadurecer”6 o
pensamento dos batistas brasileiros. O pr. Manuel Avelino de Souza falou de Entzminger:
“Com ele aprendi muitas lições preciosas; sua paciência e perseverança; seu amor e dedicação à
mocidade; sua humildade (....) sua lealdade, seu amor cristão, tudo me inspirava”.7
O Hinário para o culto cristão inclui 21 das letras e traduções de Entzminger, o “segundo maior escritor de
hinos entre os missionários pioneiros ao Brasil”.8
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Cânticos de Natal, Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1947. p.52.
2. Ibid.
3. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.77.
4. CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil, 1ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1962.
5. ICHTER. Op. cit., p.79.
6. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: its sources and development, D.M.A Dissertation. Fort Worth, TX: Southwestern Baptist
Theological Seminary, 1985. p.36.
7. ICHTER. Op. cit. p.78.
8. PAULA. Op.cit., p.33.
Richard J. Stanislaw, na Edição para o líder do culto, do hinário The worshiping church (A igreja em
adoração), sugere:
A familiaridade é um possível impedimento (de atenção e aplicação) para este carol. Esta
familiaridade poderá ser superada se convidarmos a congregação a considerar o anúncio angelical e
a responsabilidade a ele relacionada. A igreja de hoje deve trazer de volta o cântico que os anjos
cantaram no Natal, às favelas e ao mundo falido.2
O periódico Christian register (Registro cristão) publicou o hino de Sears em 29 de dezembro de 1849,
com 5 estrofes de 8 linhas cada. Dali o seu uso se divulgou ao redor do mundo. Embora envolvido no
movimento unitariano, Sears testemunhou: “creio e prego a divindade de Cristo”.3
Edmund Hamilton Sears nasceu em 6 de abril de 1810, em Sandisfield, Estado de Massachusetts, EUA.
Bacharelou-se na Faculdade Union em Schenectady, Nova Iorque, e em Teologia na Escola de Divindade
Harvard. Ordenado ao ministério, pastoreou diversas igrejas do seu Estado natal. Publicador e escritor, co-
editou a Monthly religious magazine (Revista religiosa mensal). Os seus livros religiosos, inclusive Sermons
and songs of the christian life (Sermões e cânticos da vida cristã - 1875), revelam a profundidade da sua vida
espiritual.
Alguns membros da Comissão do Hinário para o culto cristão lembram de uma linda noite no Rio de
Janeiro, quase passada em claro, em que trabalharam para traduzir este hino de Natal da melhor maneira.
Conseguiram unir lealdade ao autor à linguagem clara, que flui com liberdade: realização feliz e não muito
comum (Ver dados da Comissão no HCC 4).
CAROL, a melodia deste hino, é o arranjo do 23º estudo na coletânea Church chorals and choir studies
(Corais sacros e estudos corais) de Richard Storrs Willis (1850). Willis era, naquele tempo, membro do
conselho paroquial da Igreja da Transfiguração, em Nova Iorque (Ver dados biográficos de Willis no HCC 63).
1. Henriqueta Braga, no seu livro Cânticos do Natal, escreveu uma ótima descrição e definição de carols: “Data do início da era cristã o costume de comemorar o
nascimento de Cristo com hinos da circunstância. (...) Tal prática fez surgir. Com o passar dos séculos, abundante produção de cantos natalinos, quase sempre
anônimos, que recebiam o nome genérico de Noëls, Christmas carols ou Weihnachtslieder, conforme florescessem na França, Inglaterra ou Alemanha. O acervo por
eles constituído é vastíssimo, valendo, principalmente, por ser o fiel repositório do sentir popular (....) Cânticos originais têm sido produzidos em diferentes épocas e
países, versando, tanto os eruditos quanto os populares, ora sobre a mensagem dos anjos aos pastores nas campinas de Belém, ora sobre a adoração destes ou
dos magos.” (BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes, comp. e anot., Cânticos do Natal. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1947. p.43.
2. STANISLAW, Richard J. Em: The worshiping church: a hymnal, worship leader's edition. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1990. n.170.
3. SEARS, Edmund Hamilton. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.423.
“quando africanos foram trazidos para as Américas, trouxeram consigo a arte de contar uma história
por meio da música”.2
“muitas alterações foram sendo feitas [nestas canções], resultando em uma variedade de padrões
melódicos e textuais de lugar em lugar”.3
Embora a melodia das estrofes deste spiritual já pertencesse ao Negro spiritual, as palavras delas
apresentadas no Hinário para o culto cristão são a obra de John Wesley Work, Jr., um dos mais dedicados
estudiosos dos Negro spirituals da sua geração. Apareceram no seu livro Folk songs of the American negro
(Cânticos folclóricos do negro americano), publicado em 1907
John Wesley Work, Jr. nasceu em Nashville, Estado de Tennessee, EUA, em 6 de agosto de 1872. Fez
os cursos de bacharel (1895) e mestrado (1898) na Universidade Fisk, daquela cidade, onde tornou-se
professor de latim e grego, assumindo a direção do Departamento de Latim e História em 1906. Juntamente
com seu irmão, Frederick J. Work foi um líder no trabalho de colecionar, arranjar, apresentar e promover os
Negro spirituals, num período quando eram considerados de baixo nível e sem importância.
Publicou diversas coletâneas de spirituals e canções, entre elas New jubilee songs as Sung by the Fisk
jubilee Singers (Novas canções como cantadas pelos Cantores de jubileu da Fisk) de 1907. Por 18 anos
regeu e cantou em grupos que apresentavam os spirituals que ele amava. Organizou o Quarteto Jubilee Fisk
em 909, que viajou por todo os Estados Unidos da América do Norte, ganhando proeminência com seus
discos gravados nas gravadoras mais respeitadas. Em 1923, o Prof. Work aceitou a presidência da
Universidade Roger Williams, também em Nashville, permanecendo ali até a sua morte em 25 de setembro de
1925.
John Wesley Work III, seguindo o pai no estudo desta cativante forma musical, fez a harmonização usada
no HCC na sua coletânea American negro songs and spirituals (Canções e spirituals do negro americano),
publicada em 1940. O compositor se lembrou com carinho que, na sua infância na Universidade Fisk, de
madrugada, no dia de Natal, os alunos reunidos, andavam de prédio em prédio, cantando “Falai pelas
montanhas que Cristo já nasceu”.
John Wesley Work III nasceu em Tullahoma, Estado de Tennessee, em 15 de junho de 1901, o mais
velho de sete irmãos. Bacharelou-se em artes pela Universidade Fisk, fez Mestrado em Educação Musical
(1930) pela Universidade Columbia, Estado de Nova Iorque, e bacharel em música pela Universidade Yale
(1933), Estado de Connecticut. Seguindo a tradição dos pais, regeu o Coro Masculino da Universidade Fisk, e
também os Jubilee Singers, ganhando fama nacional. Começando aos 16 anos, compôs obras orquestrais,
peças corais e arranjos, e um ciclo coral, Isaac Watts contemplates the cross (Isaac Watts contempla a cruz
-1964). A prestigiosa Fellowship of american composers (Sociedade de compositores americanos) conferiu à
sua cantata, The singers (Os cantores) o primeiro lugar do ano 1946.
Além da coletânea de que este hino faz parte, Work é o autor de importantes artigos, Negro music e jazz,
na revisão do célebre Harvard dictionary of music (Dicionário de música Harvard). Não há dúvida que é em
grande parte por causa do esforço destes pai e filho que hoje o Negro spiritual tem seu lugar na música sacra.
Foi conferido o Doutorado em Música (honoris causa) a Work pela Universidade Fisk, onde, com sua
esposa Edith, teve uma grande influência. Recebeu também muitas outras honrarias. Faleceu em Nashville
em 18 de maio de 1967.
O nome da melodia, GO TELL IT (Vai dizê-lo) provém das primeiras palavras do cântico na língua original.
Joan Larie Sutton traduziu este negro spiritual em 1969, a pedido de Roger Cole, então Diretor de Música
da Convenção Paulista e responsável pela publicação da coletânea coral, Quatro negro spirituals, de Jester
Hairston, publicada no mesmo ano.
(Ver dados de Joan Sutton no HCC 25)
1. FISHER, Miles Mark. Negro slave songs in the United States. New York: Citadel Press, 1933. p.xi, Em: Cone, James H. The spirituals and the blues: an
Interpretation. New York: The Seabury Press, 1972. p.15.
2. CONE. Ibid., p.15.
3. GEALY, Fred D., LOVELACE, Austin C. e YOUNG, Carlton R. Companion to the hymnal, (a handbook to the United Methodist book of hymns), Nashville, TN:
Abingdon Press, 1985. p.189.
4. CONE. Op.cit., p.9.
veio a lume em 1959. A profª. Blanche Lício, nascida em 1930, é autora das estrofes 1 e 2. Ela escreveu
estas linhas tão significativas
“como exercício de casa para uma aula (...) dada durante o 1º Seminário de Música Sacra realizado
em fevereiro de 1959 no Instituto José Manuel da Conceição, em Jandira, Estado de São Paulo”.2
D. Blanche tem feito letras para cânticos infantis desde os seus dias de professora na Escola Allyn em
Varginha, Sul de Minas. Continuou prestando valiosa colaboração no campo da música sacra na Primeira
Igreja Presbiteriana de Itajubá, MG, onde seu marido, o rev. Mário Lúcio era pastor. Serviu como assessora
do departamento cultural e artístico da Confederação Nacional das Sociedades Auxiliadoras Femininas. Seus
hinos aparecem nos hinários: Hinário evangélico, Os céus proclamam v.IV, Salmos e hinos, Seja louvado, nas
revistas Louvor perene e Eclesia musical, e agora, no Hinário para o culto cristão, número 95.
João Wilson Faustini, em 1961, acrescentou a terceira estrofe, que se dirige ao Senhor, ecoando as
palavras de D. Blanche, “Grande amor, incomparável, foi o teu”, para a primeira edição de Os céus
proclamam, Volume IV. (Ver dados biográficos de Faustini no HCC 13).
A Subcomissão de Música do HCC escolheu a melodia natalina polonesa W ZLOBIE LEZY (Deitado na
manjedoura), de origem desconhecida, para este hino natalino.
Ralph Manuel fez a harmonização para o Hinário para o culto cristão em 1990 (Ver dados biográficos de
Manuel no HCC 23).
1. KNIGHT, Lida E. De Belém a linda história, Louvor perene, n.35 (out/dez), 1968. p.2.
2. FAUSTINI, João Wilson. Carta à autora em 23 de abril de 1991.
“é mais extensamente publicado em hinários do que qualquer outro hino de Wesley e um dos mais
amados hinos na língua inglesa”.2
1. PRICE, Carl R. On hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.107.
2. Ibid.
3. Christian choir: Coletânea de quartetos e música para coro, compilada por Ira D. Sankey (ver 112) e James McGranahan (ver HCC 150) e muito usada nas
campanhas evangelísticas de D.L. Moody. Foi a fonte de diversas traduções feitas por Entzminger, Ginsburg e outros.
1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., 1957. p.764.
A impressão daquela noite ficou no coração deste ilustre pregador, e a música continuou a soar no seu
coração. Ao escrever este hino, dois anos mais tarde, Brooks conseguiu incorporar, além da descrição
daquela noite, “o sentido espiritual daquilo que viu alí”.2
O pr. Brooks pediu a Lewis Henry Redner, organista e superintendente da Escola Dominical da sua igreja,
que compusesse a melodia. Embora se aplicasse ao trabalho, Redner viu passar a semana inteira sem
conseguir escrever uma música adequada. E a véspera do Natal chegou sem que sequer a melodia estivesse
esboçada. Alta noite, porém, Redner acordou com uma melodia angelical soando-lhe aos ouvidos. Levantou-
se com presteza e anotou-a; harmonizou-a pela manhã, terminando o trabalho a tempo para que as crianças
a cantassem na manhã de Natal, de 1868. Redner sempre dizia que essa música foi um presente do céu.3
Originalmente com cinco estrofes, foi publicado em folhas avulsas. William R. Huntington publicou-o na
sua coletânea para Escolas Dominicais em 1874 e seu uso se difundiu pelo mundo inteiro.
O autor, Phillips Brooks, nasceu em Boston, Estado de Massachusetts, EUA, em 13 de dezembro de
1835. Bacharelou-se pela célebre Universidade Harvard e formou-se em teologia no Seminário Teológico de
Virginia (Episcopal) em 1859. Ordenado para o ministério, pastoreou igrejas em Massachusetts e Virginia.
Aceitando o pastorado de Trinity Church, Boston, em 1869, lá serviu por 22 memoráveis anos. Amava muito
os hinos, decorando-os e citando-os muitas vezes nos seus sermões, muitos volumes dos quais foram
publicados, e são estudados até hoje. Brooks escreveu outros hinos, mas será lembrado por este. Não era
poeta; era pregador.
Em 1855 Brooks recebeu o grau de Doutor em Divindade (honoris causa) pela Universidade de Oxford, de
Londres, na Inglaterra. O Dr. Brooks nunca se casou, mas demonstrava tão bem o seu amor pelas crianças,
que quando ele morreu em 1893, uma criancinha exclamou: “Oh, mamãe, quão felizes serão os anjos!”4
McCutchan, descrevendo Brooks no seu livro Our hymnody, lamenta:
A posteridade nunca verá a sua forma de príncipe, de 2 metros de altura; nem seu rosto majestoso
que combinava os traços do pensador com doçura (...) impressionando primeiro como gigante, mas,
tão cheio de luz que parecia radiante como um anjo.5
Esta autora teve o privilégio de visitar a famosa igreja deste “príncipe”, e viu, na frente da igreja, a
imponente estátua de Brooks, o seu mais conhecido pastor e pregador. Abaixo dos seus pés havia esta
inscrição: “Dr. Phillips Brooks: Ele pregou a Palavra”. Oxalá que todo o pastor e pregador pudesse ser
relembrado com tal inscrição!
Lewis Henry Redner (1830-1908), o compositor da música para Pequena vila de Belém, foi um importante
corretor de imóveis em sua cidade natal, Filadélfia, Estado de Pensilvânia, EUA. Nascido em 15 de dezembro
de 1830, Redner também veio a interessar-se pela música, tornando-se organista e diretor do coro. Foi
organista de quatro igrejas, entre elas a de Holy Trinity, onde exerceu um ministério notável ao lado de Phillips
Brooks, autor da letra deste hino.
Não se sabe com certeza como a melodia veio a ser chamada ST. LOUIS, mas uma história diz que foi o
próprio Brooks que escolheu este nome, notando que era um pouco parecido com o primeiro nome do
compositor.
Redner nunca se casou, morando com sua irmã, sra. Sarah H. Sagers. Depois de uma doença de três
dias, Redner faleceu em 29 de agosto de 1908, em Atlantic City, Estado de Nova Jersey.
O rev. Salomão Ferraz (1880-1969) traduziu este hino em 1930. Bispo da Igreja Católica Livre do Brasil,
Ferraz foi também escritor, poeta e teólogo. Treze das suas traduções e adaptações apareceram no hinário
Aleluias, publicado em 1931. O rev. Ferraz fez parte da comissão que preparou esse hinário.
Conseqüentemente, algumas das suas traduções foram aproveitadas por outros hinários brasileiros, inclusive
pelo Cantor cristão.
1. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.16.
2. Ibid.
3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Cânticos do Natal, 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A. 1954. p.104.
4. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.134.
5. Ibid.
O Cântico de Natal, de Lutero, escrito para seu próprio filho, Hans, ainda é cantado”.1
Esta frase, que não definiu qual o hino de Natal, foi citado no livro Dainty songs for lads and lasses
(Cânticos mimosos para meninos e meninas) por James R. Murray em 1887, definindo o hino Num berço de
palhas como Luther's cradle hymn. Infelizmente, nenhum original deste hino pôde ser achado nos escritos de
Lutero.
Pesquisas cuidadosas de Richard S. Hill revelam que as primeiras duas estrofes deste hino americano,
provavelmente escritas por alguém no Estado de Pensilvânia, são de 1884-1885. O hino (com duas estrofes)
foi publicado pela primeira vez numa coletânea, Little children's book (Livro das criancinhas), autorizada pelo
Concílio Geral das Igrejas Luteranas Evangélicas na América do Norte em 1885. Uma terceira estrofe
apareceu anonimamente no hinário de Charles H. Gabriel, chamado Gabriel's vineyard songs (Cânticos do
vinhedo de Gabriel) publicado em 1892. Entretanto, o bispo William F. Anderson, da Igreja Metodista
Episcopal, nos dá uma história sobre a terceira estrofe, atribuindo-a ao Dr. John T. McFarland, então
secretário da Junta das Escolas Dominicais.
Quando eu era secretário da Junta de Educação (1904-1908), pedi [a McFarland] que escrevesse
uma terceira estrofe. [Em resposta] foi ao seu escritório [pertinho] e dentro duma hora trouxe-me a
estrofe começando: 'Jesus, ao meu lado vem sempre ficar'. (...) Foi a primeira vez que foi publicada.2
John Thomas McFarland nasceu em Mount Vernon, Estado de Indiana, em 2 de janeiro de 1851. Fez
seus estudos de graduação na Universidade Wesleyana de Iowa, vindo a formar-se pela Faculdade Simpson.
Estudou teologia na Escola de Teologia da Universidade de Boston, Estado de Massachusetts. Depois de
pastorear diversas igrejas em vários estados, tornou-se secretário da União das Escolas Dominicais e, em
1904, redator da literatura para as Escolas Dominicais da Igreja Metodista Episcopal. Sua contribuição mais
marcante foi colocar o plano de Graded lessons (planejamento de lições da EBD de acordo com as faixas
etárias dos alunos) diante das Escolas Bíblicas Dominicais do mundo inteiro. Foi criticado por esta inovação,
mas a Conferência Geral da sua denominação deu-lhe um voto de confiança
O uso universal deste sistema de ensino nas Escolas Bíblicas Dominicais hoje demonstra o valor da sua
contribuição. Antes da sua morte súbita no seu lar em Mapelwood, Estado de Nova Jersey, em 22 de
dezembro de 1913, a McFarland foi conferido o Doutorado em Letras (honoris causa).
Joan Larie Sutton, falando da tradução deste singelo hino, conta:
No final do trabalho da Comissão do HCC, não podíamos chegar a uma decisão sobre qual das
várias traduções já existentes deste hino usaríamos. Nenhuma das traduções satisfazia,
especialmente em simplicidade. Decidi tentar uma tradução, e ela foi escolhida.4
1. GEALY, Fred D., LOVELACE, Austin C. e YOUNG, Carlton R. Companion to the hymnal, A handbook to the United Methodist Book of Hymns . Nashville, TN:
Abingdon Press, 1985. p.108.
2. ANDERSON, William F. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.436.
3. MCCUTCHAN. Ibid.
4. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.
5. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
A harmonização deste cântico de Natal é de John Stainer e faz parte da coletânea Christmas carols new
and old (Cânticos de Natal novos e antigos), publicada por Bramley e Stainer em 1871.
João Stainer, um dos mais eminentes músicos sacros ingleses da sua época, nasceu em Londres em 6
de junho de 1840. Filho de um educador, mostrou os seus dons musicais desde cedo. Tornou-se corista da
Catedral São Paulo, em Londres, aos 7 anos e organista duma igreja aos 14. Formou-se na Universidade de
Oxford. Em 1872, sucedeu a Sir John Goss como organista da Catedral São Paulo, servindo com distinção.
Quando a sua vista começou a falhar, aposentou-se em 1888. Foi nomeado cavalheiro pela rainha Vitória.
Voltou então à Universidade Oxford, onde lecionou até a sua morte.
Stainer compôs 150 hinos, muitos peças corais, um oratório e diversas cantatas. Algumas das suas
melodias ficarão no repertório mundial. Escreveu muitos livros didáticos. Seu livro de ensino sobre como tocar
órgão foi um clássico por meio século. Escreveu The music of the Bible (A música da Bíblia) e um dicionário
de termos musicais. Stainer foi editor musical da edição de 1898 do hinário Church hymnary (Hinário da
igreja). Destacou-se como organista, regente coral, editor, professor e compositor. Morreu em Verona, na
Itália, em 31 de março de 1901, deixando uma rica herança musical.
A tradução portuguesa deste hino foi feita em 1941 por D. Ruth See (1873-1960), descrita por Henriqueta
Braga como
(...) dedicada missionária presbiteriana que deu ao Brasil o melhor de si mesma durante quarenta e
sete anos. De 1900 a 1906 trabalhou na Missão Sul da Junta Presbiteriana do Sul (EUA); a partir
dessa data e até 1947, quando se aposentou, atuou na Missão Leste. Exerceu o magistério no
Instituto Evangélico de Lavras, hoje Instituto Gammon, e, a seguir, em Bom Sucesso, Campo Belo,
Nepomuceno e Formiga, MG.2
1. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.212.
2. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. O primeiro Natal, Ultimato, Ano IX, n. 96, (dez 1976), p.7
Foi escrito em cerca de 1865, quando o autor se debruçou sobre o trecho de Mateus 2.1-12, a “lição do
evangelho” para o dia da Epifania.
A pergunta deste carol (ver HCC 92, anotação 1) devia ter dominado os pensamentos, não somente dos
magos, mas de todos que presenciaram o nascimento de Jesus. Podemos imaginar a pergunta sendo feita de
uma pessoa à outra: Poderia este menino, nascido em circunstâncias tão rudes, duma família pobre, ser o
Messias, ou um Rei?
“Pelos séculos, os homens continuaram a questionar quem, realmente, é Cristo - como ele pode ser
verdadeiramente Deus e ainda verdadeiramente homem?”3
Somente pela dádiva divina de fé entendemos a resposta revelada. Na segunda parte de cada estrofe, a
resposta triunfante soa:
E o hino apresenta a resposta que deve ser a nossa diante de tamanha maravilha:
“Poucos escritores modernos demonstraram um dom tão marcante como o seu para a arte difícil de
escrever hinos”.4
Ao todo, Dix publicou quatro volumes de hinos, alguns deles bem destacados na hinódia mundial.
Esta tradução foi feita em 1946 por Adelina Cerqueira Leite, entre doze que ela fez para a coletânea
Cânticos do Natal, publicada por Henriqueta Rosa Fernandes Braga em 1947.
Adelina Cerqueira Leite (1906-1985), filha do mestre da língua portuguesa, o Rev. Othoniel Motta, e
esposa do industrial José Cândido de Cerqueira Leite, nasceu em São Paulo, Capital. Fez seus estudos pré-
universitários naquela cidade. No Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, estudou com alguns dos
mais proeminentes mestres do país, inclusive Mário de Andrade. Diplomou-se em Violino com distinção em
1927, conquistando a Medalha de Ouro. Ainda cursou no nível universitário filologia portuguesa, literatura,
francês e literatura francesa, continuando em cursos de pós-graduação em teatro, na Suíça.
Além de destacar-se no mundo do teatro e literatura, D. Adelina serviu como co-redatora do periódico
metodista infantil Bem-te-vi.
No seu livro, Música sacra evangélica no Brasil, sua ilustre parenta, Henriqueta Braga falou de D. Adelina:
Dominando o vernáculo, que maneja com aprimorado gosto e notável fluência, e possuindo sólidos
conhecimentos musicais, tem feito expressivas traduções de hinos e corais (alemães) para a língua
portuguesa.5
1. RYDEN E.E. The story of christian hymnody, Rock Island, IL: Augustana Press, 1959. p.427.
2. Epifania: Dia dos Reis, 6 de janeiro, observado como festival em igrejas que observam o “Ano eclesiástico” em comemoração da chegada dos magi [magos] como
a primeira manifestação de Cristo aos gentios.
3. OSBECK, Kenneth W. Amazing grace. Grand Rapids: Kregel Publications, 1990. p.369.
4. RYDEN. Op, cit.
5. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.347.
publicada em 1836. As primeiras quatro notas são idênticas às notas introdutórias de Vossos portais
levantai e a melodia para as palavras “contentes vos rendei” parecem com a introdução ao solo de tenor,
Consolai meu povo, ambos partes do oratório Messias, de Handel. Em face destes fatos, embora haja
polêmica sobre o assunto, os hinários geralmente atribuem o hino a Handel, e usam a data de Messias, a de
1742.
O compositor, George Frideric Handel, (forma anglicizada do seu nome - originalmente, em alemão,
Georg Friedrich Händel) nasceu na cidade de Halle, na Alemanha, em 23 de fevereiro de 1685. Mostrou
talento extraordinário em tenra idade, mas o seu pai, preferindo que ele seguisse a profissão de advogado, o
desencorajou fortemente. Mesmo assim, Handel estudou órgão, cravo e violino, como também contraponto e
fuga com F.W. Zachaw, organista da catedral em Halle. Depois de tocar numa orquestra de Hamburg por
quatro anos, Handel viajou para a Itália, lá ganhando considerável fama com suas composições. De 1713 em
diante, fixou residência na Inglaterra, tornando-se cidadão inglês em 1727 (eis a razão de ele usar a forma
anglicizada do seu nome).
Handel era um homem de presença carismática, e embora de temperamento variável, sua liberalidade e
caridade eram notórias. Teve altos e baixos na sua carreira, mas legou-nos uma produção prodigiosa,
incluindo 46 óperas, 32 oratórios, numerosas cantatas, além de inúmeras obras para órgão, coro, e
instrumentos. Havendo outras fontes amplas de informação sobre a sua vida e obra, nós nos concentraremos
nas suas obras sacras. O seu imortal Messias, o oratório mais apresentado no mundo até hoje, demonstra
que:
A grandeza e o sustentado poder do seu estilo nos oratórios; a simplicidade expressiva da sua
melodia , e a largura e clareza da sua estrutura harmônica formam um “todo” artístico. [Handel] é
sem dúvida, um dos “grandes mestres”.3
Handel escreveu melodias para três hinos de Charles Wesley, mas as melodias que outros extraíram das
suas obras vocais são mais conhecidas. Outros oratórios sacros foram Deborah, Esther, Joseph and his
brethern, Jeptha, Judas Maccabeeus e Solomon.
Embora tenha ficado completamente cego em 1751, Handel acompanhou os seus oratórios ao órgão até a
sua morte. Foi justamente no sábado depois de uma última apresentação de Messias, na Sexta-feira da
Paixão, em 1759, que Handel morreu. Três dias antes assinara um testamento que incluía decidida profissão
de fé:
“Quero ser enterrado em Westminster (....) e morrer na Sexta-Feira Santa, esperando o meu
encontro com o bom Deus, o meu doce Senhor e Salvador, no dia da sua Ressurreição.”4
Como pediu, foi sepultado na Abadia de Westminster, honra limitada às pessoas mais importantes do
país. Lá, um monumento magnífico marca a sua sepultura.
1. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribners Sons, 1950. p.51.
2. MASON, Henry L. Hymn-tunes of Lowell Mason, p. 65. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal, Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.128.
3. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker's biographical dictionary of musicians, 6ª ed. New York: Schirmer Books. 1978. p.687.
4. HERNANDEZ, Antonio. Haendel, os três séculos do 'Kantor' bíblico. Rio de Janeiro: O Globo, 21 de fevereiro de 1985. Em: Louvor, Ano VI - v.3, Rio de Janeiro:
JUERP, jul./ago./set.1985, pp.30-31.
“esposa de pastor ideal, no seu intenso interesse pelos cultos da igreja, em toda a vida da paróquia e
em seu dedicado cuidado de qualquer membro em necessidade”.3
Mais tarde, seu marido assumiu a mais alta posição da sua denominação no país, tornando-se arcebispo 4
da Irlanda. Cecil Frances Alexander, cujas letras explicam o evangelho com simplicidade e clareza para todos
nós, faleceu em 12 de outubro de 1895.
“No seu culto fúnebre uma multidão uniu-se, ingleses e irlandeses, espontaneamente
homenageando uma vida nobre.” 5
Henry John Gauntlett, compôs a música para este hino natalino. Publicou o hino numa coletânea de hinos
de Natal em 1849, e na edição de 1858 de Hymns for little children, set to music, (Hinos para criancinhas,
musicados). Gauntlett não somente musicou os hinos de Cecil Alexander, mas fez ilustrações muito atraentes
neste pequeno hinário de 30 páginas. Harmonizou a melodia de Numa estrebaria rude a quatro vozes para o
célebre hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos) de 1861, dando-lhe o nome de IRBY,
nome de um vilarejo no condado de Lincolnshire, Inglaterra.
Henry John Gauntlett nasceu em 9 de julho de 1805 em Wellington, no condado de Shrops, na
Inglaterra. Cedo mostrou talento musical e já tocava órgão na igreja de seu pai, em Olney, aos nove anos de
idade. Mais tarde serviu à mesma igreja como mestre-capela. Fez o curso de advocacia e começou sua
carreira nesta área, mas logo deixou-a para voltar à música. Gauntlett tornou-se um dos maiores músicos
ingleses da sua época. Destacou-se como organista, construtor e reformador de órgãos de tubos, estudioso
do canto gregoriano, e compositor. O renomado Mendelssohn escreveu sobre ele:
Suas realizações literárias, seu conhecimento da história da música, seu conhecimento das leis de
acústica, sua memória maravilhosa, seu ponto de vista filosófico, como também sua experiência
prática, lhe fizeram um dos professores mais notáveis da época. 6
Suas composições eram para órgão, coro, e canto congregacional. Dizem ter ele escrito cerca de 10.000
melodias para hinos! Também compilou e publicou várias coletâneas.
O Arcebispo de Canterbury conferiu a Gauntlett o Doutorado em Música (honoris causa), pela alta
qualidade de sua obra musical. Gauntlett faleceu em Londres no dia 21 de fevereiro de 1876.
João Gomes da Rocha traduziu esta linda letra em 1898, publicando o hino na terceira edição de
Salmos e hinos com músicas sacras em 1899 (Ver dados do tradutor no HCC 2).
1. THOMSON, R. W., ed. The baptist hymn book companion, revised edition, London: Psalms and Hymns Trust, 1967, p.131.
2. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns, New York: Charles Scribner's Sons, 1950, p.352.
3. Ibid., p.131.
4. Ver descrição dos postos de ministério da Igreja Anglicana na nota 2 do HCC 60.
5. BENSON, Louis F. Studies in familiar Hymns, 2nd Series, Philadelphia: Wesminster Press, 1923, pp.227-228, In: Bailey, Op. cit.
6. MENDELSSOHN, Felix. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.442.
“apresentação clara e simples do porquê do nascimento de nosso Senhor. Seu uso pode levar
alguma alma à fé verdadeira em Cristo, como já aconteceu no passado.”1
Veio a nós por meio da feliz versão inglesa da hinóloga Catherine Winkworth (somente as estrofes 1,7,8
e 15), uma hábil tradutora de vinte dos hinos de Gerhardt, como de muitos outros hinistas alemães. Ela achou
que nos hinos dele, “o canto religioso da Saxônia acha sua mais pura e doce expressão”.2 Pena que, ao longo
dos anos, o gosto por hinos de muitas estrofes tenha desaparecido. Neste hino de 15 estrofes há um grande
tesouro de profunda expressão da nossa fé e vida em Cristo. Um hinista testificou que ele chegou a realmente
compreender a doutrina de justificação pela fé ao cantar as estrofes 13 e 14.3
Das muitas versões em português, a Subcomissão de Textos do HCC escolheu a de João Wilson
Faustini (sob o pseudônimo de J. Costa), que traduziu a versão de Catherine Winkworth em 1971 (Ver dados
biográficos de Faustini no HCC 13).
O autor Paul (ou Paulus) Gerhardt (1607-1676) nasceu em Gräfenhaynichen, perto de Wittenburg, na
Saxônia (Alemanha), filho do prefeito da cidade. Estudou na famosa Universidade de Wittenburg onde, com
Paul Röber e Jacob Martini, aprendeu “o propósito e uso da hinódia”.4
Numa igreja luterana em Lueben, na Alemanha, há uma grande pintura de Paul Gerhardt. Abaixo dela há
esta inscrição:
“Theolobus in cribro Satanae versatus” (Um divino [ministro do evangelho] peneirado pela peneira de
Satanás).
Gerhardt viveu durante a terrível Guerra dos trinta anos e sofreu muito por causa disto. Quatro dos seus
filhos morreram na infância. Perdeu sua esposa depois de treze anos de casamento. Restou-lhe somente um
filho. Por causa da guerra, só foi ordenado ao ministério luterano em 1651, com 44 anos. Subiu rapidamente
de posição por causa das suas habilidades incomuns. Foi eleito ministro da Igreja de São Nicolau em Berlin,
em 1657. Nesta igreja “Gerhardt ficou famoso como pregador poderoso e corajoso” 5 e seus sermões atraíam
grandes multidões.
Embora Gerhardt sofresse muito por causa da posição firme que tomou na controvérsia com os
Calvinistas Reformados, e isso tenha lhe custado seu pastorado, seus 132 hinos refletem serenidade
espiritual. De acordo com Henriqueta Braga, a estimada historiadora da música sacra no Brasil, Gerhardt foi
“o maior hinólogo do século 17, cuja obra marca o período clássico da poesia espiritual alemã”.6
Depois de Lutero, foi o mais dotado e amado poeta da Igreja Luterana. Seus hinos ilustram a transição na
hinódia do confessionalismo para o pietismo. Antes de Gerhardt, os hinos eram objetivos, para a igreja toda,
para a congregação como um todo. Com os sofrimentos da guerra, fome e necessidade, os hinos de Gerhardt
“enquanto aplicáveis a todos, tornaram-se o brado da alma individual a Deus”.7 Em alemão foram Ichlieder
(hinos meus), não Wirlieder (hinos nossos). Sua mensagem é principalmente de consolo e de uma fé contente
e sem amarguras. Ele confiava plenamente no amor de Deus. Esta confiança permeava sua vida e seus
hinos.
Johann Crüger (ver HCC 10), ilustre músico e hinista luterano, foi Diretor de Música da Igreja de
Mittenwalde, onde Gerhardt pastoreou no início do seu ministério. Foi um encontro muito feliz, porque Crüger
musicou muitos hinos de Gerhardt, e publicou-os nas suas coletâneas Geistlichkirchenmelodien (Melodias
espirituais para a igreja), de 1649, e Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade), de 1656.
Johann Sebastian Bach, maior músico protestante de todos os tempos, reconhecendo o justo valor da poesia
de Gerhardt, utilizou-a largamente nas suas cantatas e paixões. Sua adaptação do hino medieval, Oh, fronte
ensanguentada (HCC 130) foi um dos hinos principais na Paixão Segundo São Mateus.
Outro músico destacado do período, Johann Georg Ebeling, musicou um bom número de hinos de
Gerhardt, publicando-os na sua coletânea Geistliche andachts-lieder (Hinos espirituais de devoção) em 1666.
É com a música de Ebeling que cantamos este hino.
WARUM SOLLT ICH, às vezes conhecida como BONN, é uma melodia muito aprazível e capta
perfeitamente o espírito alegre das palavras de Gerhardt. Ebeling a compôs, realmente, para outro hino de
Gerhardt, Warum sollt ich mich denn grämen (Por que deveria eu preocupar-me?), por isso o nome da
melodia.
Johann Georg Ebeling (1620-1676) nasceu em Lüneburg, Alemanha. Seguiu Johann Crüger como
Kantor (Diretor de música) da Catedral São Nicolau em Berlim, em 1662. Em 1668, tornou-se professor e
Diretor de música na Faculdade de São Carlos em Stettin, na Pomerânia, onde permaneceu até sua morte
prematura. Sua maior contribuição à hinódia alemã, que Julian considerou a mais rica de todas as hinódias,
foram as duas coletâneas que publicou em 1666,1667 e 1669, em que musicou 120 dos hinos de Gerhardt
com 113 melodias.
1, THOMSON, R.W., ed., The Baptist hymn book companion, revised edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967, p.131
2. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.352.
3. Ibid. p.131.
4. BENSON, Louis F. Studies in Familiar Hymns, 2ª series. Philadelphia: Wesminster Press, 1923. pp. 227-228, Em: BAILEY, Op. cit.
5. MENDELSSOHN, Felix, Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.442.
6. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Do coral e sua projeção na história da música. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1958, p.12.
7. MOORE, S.H. Sursum corda: studies of some german hymn writers, 1956, p. 66. Em: THOMSON. Ibid.
“e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, por que não
havia lugar para eles na estalagem.”
Foi publicado em 1870 na revista que a srta. Elliott editou por seis anos, a Church missionary juvenile
instructor (Instrutor missionário juvenil da igreja). Embora seja um bom hino para o Natal, serve também para
qualquer época do ano, e é assim usado nas igrejas batistas em todo o Brasil.
Nestas estrofes, a sra. Elliot apresenta os tremendos contrastes que Cristo experimentou na sua vinda ao
mundo:
Estrofe 1: Do seu reino de luz, Cristo veio ao mundo tão vil com um presépio por berço.
Estrofe 2: Veio da alegria nos céus para a cruz do Calvário.
Estrofe 3: Veio em amor salvar-nos: aqui provou o fel, a morte cruel.
Estrofe 4: Aqui o contraste é o oposto: por causa dele ganharei um lugar no céu que ele
deixou por mim.1
Estribilho: Que convite! “Vem, Jesus, habitar comigo, em minha alma há lugar; oh, vem já!”
Você já fez este convite a Cristo? Se não, faça-o agora!
Emily Elliott, sobrinha de Charlotte Elliott (autora de Tal qual estou, HCC 300), nasceu em Brighton,
Inglaterra, onde seu pai era pastor, em 22 de julho de 1836. Hinista muito talentosa, seus hinos foram usados
na sua igreja e na escola que esta mantinha. Foram publicados em duas coletâneas da sua autoria. Além do
seu trabalho em prol de missões, Emily escreveu hinos para hospitais e enfermarias. Hoje, seu nome é
lembrado principalmente por este hino. Faleceu em Londres, em 3 de agosto de 1897.
A tradutora, a dedicada missionária Kate Stevens Crawford Taylor, demonstrou sua capacidade literária
no manuseio da língua portuguesa com a tradução deste singelo convite a Jesus. Kate Crawford nasceu em
Bell, Estado de Texas, EUA, em lar cristão. Por influência da sua mãe, senhora de grande cultura, aprendeu a
apreciar a literatura e a poesia. Fez o curso superior em Salado, onde havia excelente Universidade,
terminando em 1879, com especialização em línguas e matemática. Kate se converteu aos dezessete anos,
depois de ouvir a pregação de um tio, missionário na China. Fez, então, a pós-graduação e o magistério.
Pensou em ser missionária na China, mas, conhecendo Zacarias Taylor, teve a sua atenção voltada para o
Brasil.
Kate casou-se com Taylor em 25 de dezembro de 1881, numa cerimônia realizada pelo General Alexander
T. Hawthorne, que fizera o apelo à Convenção Batista do Sul para que enviasse missionários ao Brasil.
Depois de Zacarias terminar o seu curso no Seminário Teológico Batista do Sul em Louisville, Kentucky, EUA,
e ser ordenado pastor batista, o casal foi nomeado pela Junta de Richmond e embarcou para o Brasil em 11
de janeiro de 1882.
O casal serviu primeiro no campo paulista e depois na Bahia. Kate organizou uma escola na Bahia que, de
acordo com Salomão Ginsburg, “tomou a liderança no trabalho de educação no Brasil”.2
Kate viveu doze curtos anos no Brasil. Além de sofrer febre amarela, sofreu alguns anos de uma ferida
cancerígena na perna, que por fim teve de ser amputada. Viveu mais dois anos.
“Não podia ajudar ativamente no trabalho depois da séria operação que sofreu, mas a sua presença,
o seu conselho, o seu interesse e otimismo muito ajudaram para animar aos outros nas suas
atividades.”3
Kate faleceu em 1894. Seu marido, saudoso, abre a sua autobiografia com estas palavras:
Eu dedico este livro, primeiramente, à memória de minha primeira esposa, Kate Crawford Taylor,
companheira e fiel ajudadora nos primeiros doze anos de meu trabalho no Brasil, mãe de meus
quatro filhos.4
Devemos muito do nosso conhecimento dos primeiros anos do trabalho missionário no Brasil às cartas e
aos artigos de Kate. Ela é lembrada também por esta tradução e a do sempre predileto Em Jesus amigo
temos (HCC 165). Estes dois hinos estão entre os mais cantados no Brasil. O corpo desta fiel serva do
Senhor, que Salomão Ginsburg chamou de “uma das missionárias mais cultas e consagradas que já ví”,5 foi
sepultado “debaixo das palmeiras no Cemitério Britânico da Bahia, aguardando a ressurreição.”6
O famoso cantor-evangelista e publicador, Ira David Sankey, nasceu na pequena cidade de Edimburgo,
Estado de Pensilvânia, EUA, em 28 de agosto de 1840. Uma das suas memórias mais preciosas foi a do culto
doméstico no seu lar, ao redor da lareira, e o canto dos “bons hinos antigos”, ouvindo o seu pai, com um belo
baixo, e os outros membros da família completarem a harmonia. Foi assim que Sankey aprendeu a ler
música. Com oito anos já cantava corretamente muitas melodias. Seu amor pelos hinos lhe fez participante
assíduo dos cultos da sua igreja, embora esta ficasse longe da sua casa. Converteu-se aos dezesseis anos
durante cultos evangelísticos.
Pouco tempo depois da família mudar-se para Newcastle, uma cidade maior no seu Estado, Sankey
tornou-se membro da Igreja Metodista Episcopal, assumindo a regência do canto congregacional. Não havia
instrumento, sendo a opinião de muitos daquela época que o uso de um instrumento era pecaminoso. Para a
sua felicidade, depois de algum tempo, as opiniões se modificaram e a igreja comprou um órgão. No dia da
inauguração, Sankey foi ao órgão, e dele dirigiu o cântico, prática que durou enquanto atuou naquela igreja.
Sankey testemunhou:
“Assim, estava fazendo um preparo especial para a obra que teria em minha vida futura”.7
Sankey serviu no exército da União durante a guerra civil. Muitos anos mais tarde, numa campanha
evangelística onde, como sempre, cantou solos e regeu o canto congregacional, um homem lhe falaria assim:
Em 1870, quando Sankey foi solista numa convenção da Associação Cristã de Moços, aconteceu o
encontro que mudaria a sua vida. Conheceu o famoso evangelista Dwight L. Moody, e ouviu estas palavras:
Moody o convidou a se unir a ele como líder musical. Em seis meses, começou uma feliz parceria que
provaria ter resultados mundiais e eternos. Regendo os hinos da congregação, cantando solos,
acompanhando a si mesmo num pequeno harmônio, viajou com Moody, evangelizando milhares de pessoas
nos dois lados do Atlântico. Calcula-se que a dupla viajou mais de 1.500.000 quilômetros e alcançou
100.000.000 pessoas com o evangelho.
Embora não sendo formado em canto, Sankey tinha voz poderosa, e teria de ser assim. Os dois
ministravam muitas vezes diante de multidões de 10.000 a 20.000 pessoas!
A qualidade encantadora de seu som e sua sensibilidade ao uso de música com capacidade espiritual
tornaram-se sua marca registrada. Dele foi dito:
“O Sr. Sankey canta com a convicção que almas estão recebendo Jesus entre uma nota e outra”.10
Sankey costumava usar os hinos da coletânea Hallowed songs (Cânticos sacros), de Philip Phillips, do
estilo gospel hymns, além de outros hinos avulsos, alguns dos quais da sua autoria. Com os insistentes
pedidos de cópias, começou a publicar estes hinos em pequenas coleções, chamando-as de Sacred songs
and solos (Cânticos e solos sacros). Nos anos seguintes publicaria, na Inglaterra, seis volumes desta coleção
e, em 1903, uniria os seis numa coletânea de 1.200 hinos. Naquele país, onde se preza a tradição, publica-se
esta coletânea até hoje. Influenciando o mundo evangélico com a venda de mais de 50 milhões de cópias em
50 anos, foi esta a coletânea que mais influenciou a formação do Cantor cristão. Nos Estados Unidos, Sankey
uniu-se com Phillip Bliss, publicando Gospel hymns and sacred songs (Hinos do evangelho e cânticos
sacros)11, a primeira coleção aparecendo em 1875. Seguiram-se mais cinco nesta série, e uma última
coletânea em 1894, com 739 hinos, 12 anos antes da morte deste extraordinário servo de Deus.
Sankey também publicou seu livro My life, and the story of the gospel hymns (Minha vida e a história dos
hinos gospel) em 1903. Aliás, escreveu este livro duas vezes. A primeira cópia foi perdida na grande
conflagração que destruiu a maior parte da cidade de Chicago, em 1871, inclusive seu lar, e tudo que nele
havia. Foi necessário ele ditar o livro a segunda vez, e isso, completamente de memória, porque Sankey
estava cego durante os últimos cinco anos da sua vida. Faleceu em Brooklin, Estado de Nova Iorque, em 13
de agosto, de 1908.
O nome da melodia ROOM IN MY HEART quer dizer “lugar no meu coração”, palavras do fim do estribilho
e declaração central do hino. O hino com a melodia de Sankey apareceu no primeiro volume encadernado de
Sacred songs and solos (Cânticos e solos sacros) de 271 hinos, publicado em 1876.
1. Adaptado de: OSBECK, Kenneth W. Amazing grace. Grand Rapids, MI: 1990. p.384.
2. GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manoel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. p.228.
3. CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil - até o ano de 1906, v.I, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1962. p.108.
4. CRABTREE, Ibid., p.59.
5. GINSBURG, Salomão L. Op. cit. p.69.
6. TAYLOR, Z.C. Em: PEREIRA, José dos Reis. Op. cit., p.19.
7. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P. W. Zeigler Co., 1906. p.15.
8. Ver: Songs of the civil war and civil rights, Focal Point, v.12., N.4, Denver, CO: Denver Conservative Baptist Seminary, Oct/Nov, 1992. p.8.
9. SANKEY, Op. cit., p. 21.
10. HAMPTON, Vinita and WHEELER, C.J. Key people in the life of D.L. Moody, Christian history, ISSUE 25, v.IX, n.1, Carol Stream IL: Christianity Today, 1990.
p.13.
11. Gospel hymns: Como os acampamentos rurais (camp meetings) nas primeiras décadas do séc.19 produziriam sua própria hinódia popular, assim os
reavivamentos ou reuniões de evangelismo em massa da segunda metade da década produziram um corpo de canto sacro popular − um tipo conhecido como gospel
hymns ou gospel songs. O uso destes termos pode ser descoberto em duas séries de coletâneas, os Gospel songs, de Phillip Bliss (1874ss) e Gospel hymns and
sacred songs, de Ira D. Sankey (1875ss). Os textos deste hinos utilizam os mesmos artifícios de simplificação achados nos hinos dos camp meetings. O estilo do
gospel hymn reflete em muito o estilo simples da canção popular da época. O gospel hymn usa melodias das escalas maiores. Usa harmonias simples, consistindo
pela maior parte dos acordes da tónica, subdominante e dominante em rítmo devagar. Geralmente, emprega mais cromaticismo do que outros tipos de hinos e
freqüentemente os compassos simples 3/4 e 4/4 ou compassos compostos (6/8, 9/8 e 12/8). Os ritmos do gospel hymn podem ser simples, mas rítmos com colcheias
pontuadas ou semicolcheias pontuadas são mais característicos. (Ver Rude cruz - HCC 132 e Em Jesus amigo temos - HCC 165). Às vezes no gospel hymn se
encontram rítmos sincopados, como em Que mudança admirável, HCC 448. Emprega o estilo homofônico, pela maior parte; isto quer dizer, tem a melodia no
soprano, enquanto as outras vozes fazem a harmonia. Uma variedade de tessitura ocorre às vezes através de ecos - vozes ecoando palavras, especialmente no
contralto, tenor e baixo.
Embora o termo gospel hymnody (hinódia gospel) tenha surgido nos anos 1870, esta hinódia realmente apareceu uma década mais cedo, especialmente nas
coletâneas preparadas para as Escolas Bíblicas Dominicais, que se tornavam mais e mais populares nos Estados Unidos. [Fonte: ESKEW, Harry e MCELRATH,
Hugh T. Sing with understanding. Nashville: Broadman Press, 1980, pp.176,42.]
“Regozija-se na crônica profético de Paulo da volta de Cristo em 1Coríntios 4.13-5.11. O refrão deixa
o cantor interagir com a mensagem do poema”.1
Lelia Naylor nasceu numa pequena cidade no Estado de Ohio, em 15 de abril de 1862. Depois da morte
do seu pai, abriu uma chapelaria com sua mãe e irmã. Casando-se com Charles H. Morris em 1881, passou a
ser muito atuante numa igreja metodista com tendências para o movimento holiness (santidade).2 Em 1890
começou a escrever hinos, letra e música, com muito encorajamento do bem conhecido hinista e publicador
H.L. Gilmore. O casal freqüentava muitos dos populares camp meetings,3 acampamentos de verão da época,
que visavam levar os crentes a uma vida mais santa e a evangelizar os não crentes. Muitos dos hinos desta
compositora foram escritos nestes acampamentos.
Quando, em 1913, a visão de Lelia começou a falhar, seu filho montou para ela um enorme quadro-de-giz
com mais de oito metros e meio de comprimento sobre o qual ele pintou as claves. Assim esta talentosa e
dedicada mulher continuou seu ministério. Antes da sua morte em 1929, a Sra C.H. Morris (como Lelia muitas
vezes assinava seu nome) escreveu letra e música de mais de mil hinos, muitos deles publicados em hinários
ao redor do mundo. Além deste, no Hinário para o culto cristão temos de Lelia Naylor Morris o hino 442 Perto,
mais perto e a música de 574 Um só rebanho que utilizou a mesma melodia. Os batistas do Brasil também se
lembrarão especialmente de Dá teu coração a Jesus e Jesus de Nazaré, também de sua autoria.
O pr. Ricardo Pitrowsky adaptou este hino, cuja mensagem central é sobre a segunda vinda de Jesus,
para centralizar o pensamento no ministério do Deus-Filho, a nossa redenção, redenção esta que dá aos
libertos o privilégio de ter “paz com Deus” e de, um dia, “cantar nos céus”. Pitrowsky descreve o preço da
nossa redenção: o que isto custou a Jesus, e com a autora responde, “glória, glória, demos ao Salvador”.
Rolando de Nassau declara que a ênfase evangelística de Pitrowsky mostra que ele era sempre um “pregador
inflamado”.4
Ricardo Pitrowsky nasceu em Linha Formosa, no município de Santa Cruz, RS, no dia 10 de janeiro de
1891. O menino Ricardo foi o quarto dos onze filhos do casal Gustavo e Elisa Pitrowsky.
Seus avós maternos, a família Fuerharmel, chegaram ao Brasil em 1881, constituindo, provavelmente, o
primeiro grupo batista naquele Estado. Descendente de alemães, Ricardo falou o alemão somente até aos
vinte anos. Até 1910 viveu na fazenda. Recebeu boa instrução cristã no seu lar. Sempre dizia que sua avó
Frederica e sua mãe Elisa foram para ele como Loide e Eunice para Timóteo. Fez sua decisão ao lado de
Cristo e foi batizado em 1903 pelo missionário Carlos Roth.
Desde cedo Ricardo manifestou o seu interesse pela música. Cantou o baixo no coro de sua igreja e
participou do conjunto instrumental. Embora não houvesse professor, tocava violino e cítara. Falou da sua
terra natal:
“Abriste o meu coração e a minha alma para celestes tons, músicas e melodias. Criaste em mim o
entusiasmo para que eu pudesse deliciar-me na música, desde a minha tenra infância”.5
Sentindo a chamada para o ministério da Palavra, formou-se no Colégio Batista Shepard e bacharelou-se
pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ. Logo depois, Pitrowsky foi servir no Estado da Bahia.
Foi consagrado ao ministério em 25 de fevereiro de 1917, na Igreja Batista do Rio Salsa, no sul daquele
Estado. Depois, assumiu o pastorado da Igreja Batista do Engenho de Dentro, hoje Segunda Igreja Batista do
Rio de Janeiro, em 13 de fevereiro de 1918, onde serviria por 38 anos.
Ricardo Pitrowsky casou-se em 18 de junho de 1918 com Eugenia Thomas, descendente de
norteamericanos que se estabeleceram no Brasil e filha do pastor Robert Porter Thomas, que batizou Antônio
Teixeira de Albuquerque, “o primeiro batista brasileiro”.6 Ricardo e Eugenia viveram 47 anos de vida conjugal
e tiveram cinco filhos: Betty (sua biógrafa), Eudora, Elmer, Lovie e Beny e, das suas famílias, nasceram 21
netos. Certamente, o rico ministério que Ricardo teve foi resultado em grande parte, da sua boa escolha de
cônjuge, “excelente esposa de pastor, cristã e fiel serva do Senhor!” 7 Esta notável família continua a mostrar
suas raízes fortes, firmadas no solo rico de uma vida cristã autêntica.
Voltando aos estudos, Ricardo ainda fez bacharel de Ciências e Letras e Mestrado em Teologia.
Durante o seu ministério de 48 anos, pastoreou várias igrejas. Foi hinólogo, professor, doutrinador, escritor
e, nas horas vagas, fotógrafo amador e artesão. Dirigiu, por cerca de 38 anos, o Instituto Evangélico dos
Cegos, que hoje tem o seu nome. Foi um dos fundadores da Junta Patrimonial da Convenção Batista
Brasileira e ativo no trabalho em prol do Orfanato Batista Brasileiro.
A contribuição de Pitrowsky como hinólogo não pode ser medida. Como autor, compositor e como
compilador, editor e revisor do Cantor cristão ao longo do seu ministério, teve imenso impacto sobre a hinódia
batista. Bill Ichter, no seu livro, Vultos da música evangélica no Brasil (JUERP), e Rolando de Nassau, nos
seus artigos de música em O Jornal Batista, nos contam de inúmeras contribuições do “Gigante dos
Pampas”.9
Pitrowsky fez parte (com Manuel Avelino de Souza e William E. Entzminger) duma comissão nomeada em
1921 para rever as letras e elaborar as músicas dos hinos do Cantor cristão. Em 1924, então, saiu a primeira
edição musicada de nosso hinário denominacional.
“Durante quatro décadas Pitrowsky manteve-se o mais assíduo revisor de nosso hinário”.10
“Escrutinava os hinos por seu conteúdo doutrinário e poético e pela métrica. Era muito zeloso nestas
questões”.11
Foi membro da comissão que, depois de muitos anos de trabalho, produziu um hinário experimental em
1958, que não foi bem recebido pelos líderes denominacionais. Uma das importantes adaptações de
Pitrowsky (HCC 507) fazia parte deste hinário.
Pitrowsky teve 23 produções no Cantor cristão, algumas das quais apareceram em outros hinários
evangélicos. Uma coletânea das suas produções corais, Glória ao Justo, foi publicada pela JUERP em 1967.
O Hinário para o culto cristão contém oito letras deste gigante da fé: uma letra original, três adaptações e
quatro traduções. (Ver ainda HCC 140, 153, 327, 330, 338, 507 e 588.)
Em 16 de janeiro de 1965 Ricardo Pitrowsky foi transferido para o “lugar de descanso” que descreveu no
seu diário como “muito melhor”.12 Mas, por meio da sua família notável, das pessoas cujas vidas ele tocou,
dos seu livros, hinos e antemas corais, “a sua influência permanecerá”.13
1. ARMSTRONG, Kerschal. What if it were today? Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church, worship leader's edition, 1990. n.275.
2. O movimento holiness, sentindo ao esfriamento da fé nas igrejas metodistas, procurou a plena santificação e a ausência de pecados conhecidos não confessados.
Hoje este movimento consiste de algumas denominações como Metodistas Wesleyanos, e a Igreja do Nazareno etc. Como as outras igrejas da herança Wesleyana,
estão no campo armeniano. Procuram preservar a doutrina bíblica dentro desta perspectiva. Consideram-se os verdadeiros seguidores da doutrina dos Wesleys.
3. Ver explicação mais completa dos camp meetings que tiveram muita influência sobre o canto congregacional, no HCC 190.
4. NASSAU, Rolando de. Os hinos de Pitrowsky - II, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, n.5 - ANO LXXXV, 3 de fevereiro, 1985. p.2.
5. OLIVEIRA, Betty Antunes de. Ricardo Pitrowsky, Revista Teológica, Ano VI, n.9, Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.20.
6. PEREIRA, José dos Reis. História dos Batistas do Brasil, Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.20.
7. OLIVEIRA, Betty Antunes de. Centelha em restolho seco. Rio de Janeiro: Edição própria, 1985. p.58.
8. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: JUERP, 1967, p.46.
9. Ibid. p.41
10. NASSAU, Rolando de, Os hinos de Pitrowsky - I, Rio de Janeiro,:O Jornal Batista, n. 4 - ANO LXXXV, 27 de janeiro de 1985. p.2.
11. ICHTER, Op. cit., p.45.
12. Ibid. p.46-47.
13. Ibid. p.47.
116. Um dia
PELA ENCARNAÇÃO, Deus se interpôs na história humana e agiu dentro da estrutura do tempo e do
espaço que humanos entendem. A vida e morte de Jesus Cristo demonstraram sua identificação com a
humanidade, enquanto sua ressurreição transcendeu as limitações humanas. O hino Um dia projeta quatro
cenas da vida de Jesus dentro da extensão da história humana e antevê o futuro dentro duma outra
realidade.1
Estas cenas contam a história que todos nós conhecemos bem. Em cada evento que elas contam, dá-se
um título a Jesus que “apreende o significado daquele evento”.
“Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação, e
invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o seu povo”
(Salmo 116.12,13,14).
J. Wilbur Chapman, o autor deste lindo hino nasceu em 17 de junho de 1859, em Richmond, Estado de
Indiana, EUA. Educou-se na Universidade de Lake Forest e no Seminário Teológico Lane, sendo então
ordenado ao ministério presbiteriano. Pastoreou várias igrejas antes de se tornar evangelista de renome,
viajando extensamente em campanhas evangelísticas. Em 1917 foi eleito moderador da Assembléia Geral da
Igreja Presbiteriana, EUA. Chapman interessou-se pelo trabalho de conferências em acampamentos e
promoveu o estabelecimento de centros de conferências em Montreat, na Carolina do Norte, e em Stony
Brook, em Long Island, Nova Iorque. Autor muito conceituado, Chapman publicou oito livros e vários hinos.
Faleceu no ano de 1918.
Joan Larie Sutton fez a tradução deste hino em 1969, a pedido do missionário Roger Cole, então Diretor
do Departamento de Música da Convenção Batista do Estado de São Paulo. Cole publicou um arranjo coral
do hino no mesmo ano. A JUERP publicou o hino congregacional com a tradução de Joan na coletânea
Vinde, Cantai, em 1980. Assim o hino foi difundido entre as igrejas no Brasil. (Ver dados de Sutton no HCC
25)
Quando o jovem Charles Howard Marsh aceitou o convite de J. Wilbur Chapman para ser organista e
pianista no Centro de Conferências Bíblicas, já era excelente pianista. Dois ou três anos mais tarde, ainda ao
lado de Chapman, recebeu dele a letra de dois hinos, com o pedido que Marsh as musicasse. Um dia ganhou,
então, a música que conhecemos, e recebeu o nome do autor, CHAPMAN.
Charles Howard March nasceu em 8 de abril de 1886 em Magnolia, Estado de Iowa, EUA, de pais
recém-chegados da Inglaterra. Teve o privilégio de estudar durante vários anos de sua mocidade na Europa,
com músicos de renome, como Nadia Boulanger (composição e orquestração), Charles-Marie Widor e Marcel
Dupré (órgão). Voltando à sua pátria, Marsh destacou-se não somente na área da música, mas também como
poeta e artista. Suas obras para canto, instrumentos, e corais, mostram sua grande habilidade criativa.
Faleceu na Califórnia, em 12 de abril de 1956.
1. RICHARDSON, Paul A. One Day, Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church, Worship leader's edition, Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1990.
n.196.
2. Ver Ibid.
ESTA COMOVENTE descrição do sofrimento de nosso Redentor, Jesus Cristo, e da sua vitoriosa volta
para nós, seu remidos, nos leva a chorar e a exultar. Certamente foram “nossa culpa, nosso mal” que o
puseram na cruz. Glória a Deus, “Consumado está!” Ele virá nos buscar e “viveremos a cantar: Aleluia! Aleluia
Um ano antes da sua morte em 1876, Phillip Bliss escreveu este hino, letra e música, publicando-o, com o
título Redenção, no periódico evangélico mensal International lessons monthly (Lições mensais
internacionais), no mesmo ano. Seguiu-se a sua publicação em sua coletânea, Gospel hymns n.2 (Hinos do
Evangelho), em 1876.
Seu amigo, o cantor-evangelista, Ira D. Sankey, recordando o fato que este foi o último hino que ele ouviu
Bliss cantar, contou que:
Poucas semanas antes da sua morte, Philip Bliss visitou a prisão em Jackson, Estado de Michigan. Depois
duma mensagem comovente sobre 'O Homem de Dores', [Bliss] cantou este hino com grande efeito. Muitos
dos prisioneiros se converteram naquele dia.1
O autor, Philip Paul Bliss, nasceu numa simples cabana feita de troncos no condado de Clearfield, no
Norte do Estado da Pensilvânia, EUA, em 9 de julho de 1838. Como seu pai, Bliss amava a música desde a
infância, mas seu único instrumento foi uma flauta, feita de bambu por seu pai para ele. Aos dez anos, com
intenso desejo de comprar um pequeno violino, colheu frutas silvestres nos pantanais perto de casa e foi
vendê-las na cidade vizinha. Ao andar descalço pela cidade, este menino pobre ouviu o som de um piano.
Sabia o que era, porque sua mãe o descrevera para ele. Aproximando-se da casa, subiu ao alpendre e ficou
de pé diante da porta aberta, escutando. A senhora que tocava, ao perceber a presença do menino, parou de
tocar. “Oh, senhora, continue a tocar, por favor!” implorava o menino. Mas aquela senhora, irritada pela
audácia daquele menino a sujar o seu alpendre com seus pés empoeirados, mandou o pequeno vendedor
descer e ir-se embora. Assim foi a infância de Philip Bliss. Graças a Deus, esta ocasião só serviu para
alimentar a sua determinação de estudar e aprender música.
Deixando o seu lar aos 11 anos, Bliss trabalhou em fazendas e serrarias, estudando o quanto pôde. Aos
12 anos, aceitando a Cristo em conferências evangelísticas, tornou-se membro de uma igreja batista.
Recebendo sua primeira educação musical com os músicos evangélicos, J.G. Towner e W. B. Bradbury (ver
HCC 173), tornou-se professor itinerante de música durante o ano escolar, viajando no lombo do seu velho
cavalo, carregando um pequeno harmônio. Durante as férias, assistia a Academia Normal de Música em
Geneseu, Estado de Nova Iorque.
Bliss vendeu seu primeiro hino (letra e música) à publicadora evangélica Root & Cady, em 1864. Associou-
se a esta empresa como hinista e compositor por quatro anos. Ao mesmo tempo, ganhou fama como
professor de música, cantor e pregador. Alto, bonito, com amplos cabelos e barbas castanhos avermelhados,
e o amor de Cristo brilhando no seu rosto, Bliss impressionava a todos que o ouviam a sua rica e possante
voz de baixo. Encorajado persistentemente pelo evangelista Dwight L. Moody a tornar-se um cantor-
evangelista, associou-se ao evangelista e hinista Daniel W. Whittle (ver HCC 183). Tiveram feliz e frutífera
parceria até sua morte trágica num desastre de trem em 29 de dezembro de 1876, quando perdeu sua vida,
procurando, sem sucesso, salvar a de sua esposa, Lucy.
Philip Bliss tornou-se um famoso escritor de gospel hymns (ver HCC 112).
“Possuía talento muito superior ao dos seus contemporâneos no mundo de gospel hymns [a não ser,
possivelmente, Sankey]”.2
Geralmente escrevia tanto a letra como a música dos seus hinos. Trabalhando rapidamente, texto e
melodia nasciam simultaneamente. Compilou muitas coletâneas de gospel hymns, às vezes em parceria com
outros e outras, sozinho. A série Gospel songs (Hinos do evangelho) foi extremamente popular, e, ao uní-la
com os Sacred songs (Cânticos sacros) de Ira D. Sankey, formou-se a mundialmente famosa série Gospel
hymns and sacred songs (1875 e 1876). Durante a sua curta carreira, Bliss ganhou mais de 30.000 dólares
em direitos autorais. Mas, lembrando da pobreza da sua juventude, deu tudo, além de um modesto sustento
familiar, para a expansão do evangelho. Mais de 40 dos hinos de Philip Bliss fazem parte dos hinários
evangélicos do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui, além deste, suas inesquecíveis melodias para
Morri na cruz por ti (124) e Sou feliz com Jesus (329).
HALLELUJAH! WHAT A SAVIOUR, (Aleluia! Que Salvador!), o nome da melodia, provém do título
geralmente usado para o hino na sua língua original. A melodia é também chamada GETHSEMANE em
alguns hinários.
Há muita dificuldade em traduzir hinos como este. Repleto de linhas curtas, cheias de palavras curtas de
profundo significado, requer maestria na arte de tradução para o português, com suas palavras de muitas
sílabas. Sobre sua magistral tradução deste hino, feita em 1984, a tradutora Joan Larie Sutton escreve:
1. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P.W. Zeigler Co., 1906. p.164.
2. RUFFIN, Bernard. Fanny Crosby. Philadelphia: United Church Press, 1976. pp.112-113.
3. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.
“demonstraram o alto nível de qualidade que Challinor exigia de si mesmo, e sempre atingia.”1
Em 1942, a Aliança Pró Evangelização das Crianças (APEC) publicou o volume I de Cânticos de salvação
para crianças, com traduções e adaptações de Maria Olinda Siqueira e do Dr. Antônio Almeida. Neste volume
aparecem cinco estrofes do hino de Parker.
Para o Hinário para o culto cristão, Urgél Rusi Lóta dedicado membro da Subcomissão de Textos, levou a
mensagem mais para o lado da aplicação. Alterou a primeira estrofe de Siqueira e Almeida e escreveu mais
duas estrofes, inspiradas no hino original, porém expressando mais a resposta da pessoa que ouve estas
histórias maravilhosas.
Não há, neste momento, informações biográficas disponíveis sobre a tradutora Maria Olinda Siqueira
além do fato dela ser presbiteriana e ter ajudado a traduzir hinos do vol. I de Cânticos de salvação.
O Dr. Antônio Almeida (1879-1969), de acordo com Ruy Wanderley no hinário Novo cântico,
“é um dos mais ilustres pastores presbiterianos que marcou sua presença na história pela sua fé,
coragem e cultura”.2
Sergipano, de Frei Paulo, pastoreou diversas igrejas presbiterianas no Nordeste durante 43 anos. Foi
professor de hebraico, Antigo Testamento e hermenêutica no Seminário Teológico Presbiteriano do Norte, em
Recife, PE. Publicou diversas obras teológicas, como Doutrina do Espírito Santo. Suas Anotações dos livros
de Gênesis, Levítico e Daniel são importantes livros de referência até hoje.
“Pelo seu conhecimento profundo da língua portuguesa, garantiu a perpetuidade de suas excelentes
produções literárias.”3
Almeida escreveu, traduziu e adaptou cerca de 200 hinos. Em 1956, lançou a publicação de Hinos do
coração, que reúne uma parte da sua obra hinológica. No prefácio desta coletânea escreveu:
“O cântico sagrado é o pulsar do coração agradecido; é a voz da alma, que se dirige a Deus; é a
melodia do remido, que adora ao Redentor; é a mensagem da nova criatura, desejosa de levar a
seus semelhantes o gozo da mesma fé; é o testemunho da experiência feliz, que se exterioriza para
engrandecer o nome do Senhor...”4
Diversos hinos do Dr. Almeida estão em outros hinários evangélicos. Colaborou na tradução de três dos
quatro volumes da série Cânticos de salvação, da APEC. O Dr. Almeida faleceu no Rio de Janeiro “em
perfeita lucidez e cercado do carinho de todos”.5
Urgél Rusi Lóta nasceu em 18 de abril de 1950 em Cachoeiras do Macacu, RJ. Filho do vereador Rubem
da Silva Lóta e Iracy Ferreira Lóta, ambos muito ativos na igreja batista local, Urgél foi criado num ambiente
musical. As famílias Lóta e Ferreira cantavam e tocavam instrumentos. Urgél mostrou seus dons musicais
desde cedo. Aceitou a Cristo aos 10 anos, em abril de 1960, e foi batizado pelo pr. Isaías Moreira de Farias
na Primeira Igreja Batista da sua cidade natal. Sentindo a chamada para um ministério em música sacra,
Urgél fez Licenciatura em Música pelo FEFIE-RJ, da Universidade do Rio de Janeiro, em 1977, e ´bacharel
em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1979. Em 1976, gravou um disco com
músicas folclóricas regendo o Coro da UNI-RIO.
Tornando-se ministro de música, Urgél serviu na Igreja Batista de Acari de 1977-1983, e na Primeira Igreja
Batista de Vitória (1984-1991). No seu ministério, essas igrejas tiveram uma escola de música modelo que
mostrou o quanto um ministério de música pode enriquecer a vida da igreja. Urgél também ensinou regência e
culto e louvor no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo (SETEBES) durante seus anos em Vitória.
Uma ocasião inesquecível na vida deste maestro foi na Convenção Batista Brasileira em Vitória (1987)
quando Urgél regeu um grande coro e orquestra (da sua igreja, a Igreja Batista da Praia do Canto e de
membros do AMBB), no oratório Elias, de Felix Mendelssohn, que a JUERP se apressava a publicar em
tempo para este evento. Em novembro do mesmo ano regeu a mesma obra no Teatro Carlos Gomes, com a
Orquestra Sinfônica do Espírito Santo, e os coros das duas igrejas.
Desde o início da Associação dos Músicos Batistas do Brasil (AMBB) Urgél teve parte significativa.
Durante dois anos foi eleito vice-presidente da organização, e de 1988 a 1992 serviu como presidente. Sob
sua direção esta entidade continuou a crescer e servir não somente àqueles que servem na música das suas
igrejas, mas também às igrejas e às missões. Na sua gestão a AMBB promoveu excelentes encontros
nacionais de ministros e diretores de música. No ano de 1992 houve o III Encontro Nacional da AMBB com
preleções de músicos batistas internacionais de renome. Na sua gestão também foi desenvolvido um projeto
com a Junta de Missões Nacionais, visando a utilização da música na evangelização.
“O resultado foi um manual editado e distribuído pela JMN em todo o país, que vem sendo ensinado
em todas as super clínicas do PNE (Plano nacional de evangelização).”6
Nos anos do preparo do Hinário para o culto cristão, Urgél trabalhou incessantemente, dando tempo e
esforços sem medida. Foi membro conceituado da comissão coordenadora, trabalhou incansavelmente como
membro da Subcomissão de Textos e, mais do que tudo, como relator do Grupo Assessor de Leitura de
Provas.
Urgél é casado com a Prof. Gláucia Déa Delgado Lóta, conselheira de adolescentes, professora da EBD e
líder do culto infantil da sua igreja. O casal tem três filhos: Lucíola, Vinícius e Rodolpho, violinistas e coristas
na sua igreja. Dois dos seus irmãos são conhecidos pastores batistas, e sua irmã é muito ativa na sua própria
igreja.
Em 22 de fevereiro de 1991, Urgel foi empossado como ministro de música da Primeira Igreja Batista da
Penha, SP. Fazemos nossas as palavras de um colega da AMBB:
“A consciência que [Urgél] tem de sua chamada ao ministério e a honestidade com que abraça a
causa do Senhor é sempre motivo de admiração por parte de seus colegas”.7
1. THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion. London: Psalms and Hymns Trust, 1967, p.146.
2. WANDERLEY, Ruy. Novo cåntico. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1991, p.333.
3. Ibid.
4. ALMEIDA, Antônio. Hinos do coração. Rio de Janeiro: A. Almeida, 1956, Prefácio.
5. WANDERLEY, Ruy, Op. cit.
6. OLIVEIRA FILHO, Marcilio de. 10 anos cantando pelo Brasil. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.4, ANO XCII, 18 de out., 1992, p.9.
7. AMBB, Notas em pauta, 1991.
ESTE HINO que conta a história de Jesus Cristo conforme a Bíblia, sintetizando o evangelho, é de autor
desconhecido. O operoso missionário inglês, Stuart Edmund McNair, traduziu-o e publicou-o no hinário
Hinos e cânticos, do qual era editor. Dali passou para o Cantor cristão, como muitas das outras produções
valiosas de McNair (Ver dados biográficos de McNair no HCC 37).
Para o HCC, este hino ganhou uma nova melodia brasileira, composta por Mônica Ferreira em 1989.
Mônica dos Santos Freitas Ferreira teve o privilégio de nascer num lar cristão, de pais muito atuantes na
igreja em Jaboatão, PE, em 18 de setembro de 1961. Começou a estudar harmônio aos 9 anos, continuando,
com algumas interrupções, a estudar teclado. Embora membro duma igreja presbiteriana independente desde
os 13 anos, Mônica marca a sua conversão aos 16 anos. Foi batizada pelo Pr. Almir Teodoro Rodrigues na
Igreja Batista em Deodoro, RJ, em setembro de 1980. Fez o curso de enfermagem na Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Começou o curso de Bacharel em Música Sacra, no Seminário Teológico Batista do Sul do
Brasil em 1985. Transferindo-se em 1986 para o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife,
PE tornou-se aluna do Prof. Ralph Manuel em harmonia e piano. Convidada por ele a enviar hinos para o
novo hinário, escreveu dois e entregou-os à comissão coordenadora por meio do seu professor. Uma das
suas melodias foi escolhida para este hino. Foi ao estudar bem a mensagem do texto, e lembrar o sofrimento
de Cristo por nós, que veio a ela o nome de GETSÊMANE para a melodia.
Mônica é casada com Suêde de Freitas Ferreira, membro atuante na música da Igreja Batista da Torre,
em Recife, PE, da qual são membros. O casal tem um filho.
o prolífico escritor e hinista pr. John Mason Neale. Esta, a segunda adaptação do hino, foi publicada no
seu hinário Hymnal noted (Hinário com música), em 1854.
João Wilson Faustini, como professor de regência no Instituto José Manuel da Conceição (SP) e em
cursos livres que oferecia, precisava de bons hinos, fáceis de reger. Traduziu este hino do inglês em 1958,
publicando-o em julho do mesmo ano na coletânea Os céus proclamam, v.1. O hino foi incluído no repertório
regular dos corais do Instituto da Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo que ele regia, como para
muitas igrejas pelo Brasil afora (Ver dados biográficos do Maestro Faustini no HCC 13).
O compositor, Melchoir Teschner (1584-1635), em 1609 foi o Kantor (dirigente de música) e professor da
escola paroquial duma igreja luterana em Fraustadt, Silésia, sua cidade natal. Em 1614, tornou-se pastor em
Oberprietschen. Foi sucedido nesta posição por seu próprio filho, que, por sua vez foi seguido pelo neto de
Teschner.
ST. THEODULPH, a melodia composta por Teschner, apareceu num pequeno panfleto de doze páginas
em Leipzig, Alemanha, em 1615. Sofreu algumas variações, a principal sendo o uso da primeira metade do
hino como refrão, como apresentado por W.H. Monk (ver HCC 8) no hinário Hymns ancient and modern
(Hinos antigos e modernos), de 1861. Foi neste célebre hinário que a música de Teschner apareceu ligada à
letra de Theodulph pela primeira vez. O Hinário para o culto cristão preserva o formato original, aparecendo
as primeiras três estrofes, somente.
1. FAUSTINI, João Wilson. Os céus proclamam, v.1, 2ª ed. Jandira, SP: Instituto José Manuel da Conceição, 1959. p.44.
A autora, Frances Ridley Havergal (1836-1879) era filha de William Havergal, pastor da Igreja Anglicana
da Inglaterra e também músico e hinista. Aos três anos Frances já sabia ler, aos sete, se empenhou a
escrever poesia e, naquele ano, seus poemas começaram a aparecer em periódicos religiosos ingleses. De
modo geral, não tinha boa saúde. Embora isto limitasse sua educação formal, ela aprendeu vários idiomas
europeus, grego e hebraico, podendo ler o Antigo e o Novo Testamentos nas línguas originais.
Desenvolvendo sua memória extraordinária, Frances decorou todo o Novo Testamento e ainda os Salmos,
Isaías e os Profetas menores.
Frances teve uma profunda experiência religiosa aos 14 anos de idade. Descreveu-a assim:
“Ali mesmo entreguei minha alma ao Salvador, e desde este momento os céus e a terra me pareciam
brilhantes”.2
“Sua voz era tão aprazível e bem treinada que ela foi procurada como concertista. Mas por causa da
suas convicções, depois de 1873, Frances cantou somente música sacra” (ver HCC 429).3
Simplesmente e docemente ela cantou o amor de Deus e a sua salvação. Para este fim e este objeto, sua
vida inteira e toda sua força foi consagrada.4
Escritora prolífica, Frances publicou alguns livros tanto em prosa como poesia. Suas obras poéticas
completas foram publicadas em 1884, depois da sua morte aos 42 anos.
Quando perguntada como escrevia suas poesias, Frances respondeu:
Escrever é orar (....)nunca me ponho a escrever versos. Creio que o meu Rei sugere o pensamento e
segreda-me uma ou duas frases musicais, e então olho para ele, agradecendo-lhe com muita alegria
e continuo o trabalho. É assim que vêm os hinos e poemas.(....)5
“Ela vive e fala em cada linha da sua poesia. Seus poemas estão permeados com a fragrância do
seu amor fervoroso por Jesus.”6
Sofrendo de saúde frágil toda a sua vida, um dia, aos 42 anos, Frances pegou uma gripe forte que a
deixou com inflamação nos pulmões. Ao ouvir que sua vida estava em perigo, Frances respondeu:
“Esplêndido! Estar tão perto dos portões dos céus”. Nos últimos momentos, cantou claramente, embora
fracamente seu hino, Cristo, confiarei em ti. Sua irmã relatou:
Ela olhou para cima, como se visse o Senhor, e certamente nada menos do que os climas celestiais
poderiam ter refletido o glorioso brilho na sua face. Por dez minutos observamos aquele encontro
quase visível com o seu Rei; (...) procurou cantar, mas depois de uma nota linda e pura, sua voz
falhou (...) e ela partiu.7
O tradutor deste hino de Havergal foi Dilwynn MacFadden Hazlett, missionário presbiteriano que chegou
ao Brasil em novembro de 1875. Hazlett nasceu em Elderton, Pensilvânia, EUA, aos 4 de julho de 1852.
Pouco se sabe sobre sua vida. Exerceu o pastorado no Rio de Janeiro onde também montou uma tipografia
para a divulgação de material evangélico. Este trabalho teve fim quando Hazlett regressou aos Estados
Unidos em 1879. Hazlett será lembrado mais por esta tradução, publicada pela primeira vez em 1885.
KENOSIS, melodia composta por Philip Paul Bliss para este hino, pela sua simplicidade, fez o hino viver
em corações ao redor do mundo. Bliss dedicou-a ao Railroad Chapel Sunday School, Chicago (A Escola
Dominical da Capela da Rodoviária de Chicago). O hino com sua melodia apareceu no seu hinário Sunshine
for Sunday Schools (Raios de Sol para Escolas Dominicais), publicado em 1873. KENOSIS, em grego, refere-
se ao esvaziamento de Cristo de si mesmo, conforme Filipenses 2.7 (Ver dados do compositor no HCC 117).
1. Irmã de Frances Havergal. Em: REYNOLDS, William. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.97.
2. HAVERGAL, Frances. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1964. 480. p.331.
3. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.403.
4. DAVISON, James. Em: JULIAN, John. A dictionary of hymnology, Dover edition, 1957, p.403.
5. HAVERGAL, Frances. Em: WALSH, R. & EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1899, p.224.
6. JULIAN. Loc. cit.
7. OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1985, p 128-129.
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas
iniqüidades” (Isaías 53.5),
e qual deve ser a nossa resposta a tão grande amor! Aliás, Cecil
“combinava a simpática simplicidade que capta e instrui os pequenos com o poder de falar à criança
no coração do homem.”1
O eminente compositor francês Charles Gounod (1818-1893) considerou este o mais perfeito hino na
língua inglesa. Fez dele um arranjo para solo cantado em igrejas ao redor do mundo. O marido da sra.
Alexander, um pastor anglicano, tornou-se o oficial mais alto da sua igreja na Irlanda. Refletindo sobre a vida
e o ministério da sua esposa, o arcebispo Alexander disse:
“Apesar de tudo que consigo realizar, sempre serei lembrado como o marido da autora de 'Oh,
quanto, quanto nos amou!'”.2 (Ver dados da autora no HCC 107)
Um bom hino nem sempre tem uma boa tradução, o que causa seu desuso na nova língua. Neste caso
temos um hino de grande valor, e uma excelente tradução feita em 1898 pelo Dr. João Gomes da Rocha,
responsável pela continuação do valioso trabalho pioneiro de Sarah Poulton Kalley no primeiro hinário
brasileiro, Salmos e hinos (Ver dados deste hinista no HCC 2).
O compositor Ralph Manuel, dedicado missionário e membro da Subcomissão de Música do HCC, foi
incumbido de compor uma nova música para este comovente hino. Ele escreve sobre sua composição:
Esta letra é uma das mais profundas expressões do amor e do sacrifício de Jesus que eu conheço.
Sempre tem me afetado muito. Resolvi tentar compor uma música refletindo um pouco do conteúdo
deste grande texto.3
Ralph (como é chamado pelos colegas) conseguiu exprimir a mensagem duma maneira muito tocante,
excelente compositor que é. A escritora deste livro se lembra bem da hora em que Ralph tocou esta música
para os seus colegas da Comissão Coordenadora. Houve um momento de silêncio, então um expressivo
“Ahhhhhhh” encheu a sala! A decisão de usar a música foi unânime!
A melodia, composta em 1988, tem por nome MONTE VERDE, que vem da primeira linha da primeira
estrofe do hino na língua original (Ver dados biográficos do compositor no HCC 23).
1. GREGORY, A.S. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.169.
2. SMITH, Cheryl. Teaching songs. Focal point, v.12, n. 4, Denver, CO: Denver Conservative Baptist Seminary, Oct/Dec 1992.
3. MANUEL, Ralph. Carta à autora em 20 de maio de 1992.
“Para Watts, como para o apóstolo Paulo, Cristo tem importância cósmica”.3
Ao mesmo tempo, o hino, como os outros de Watts, representa “a experiência da alma”4. Ele mesmo
experimentou a crucificação do “ego” de “tudo que desagrada ao Rei” na sua própria vida. Só assim poderia
escrever estas palavras.
Considerado por muitos como o melhor hino da língua inglesa, Ao contemplar a rude cruz apareceu pela
primeira vez, no Hymns and spiritual songs (Hinos e cânticos espirituais) de Watts em 1707 (Ver dados de
Isaac Watts no HCC 38).
Foi durante o cântico da última estrofe deste hino maravilhoso que a autora deste livro dedicou a sua vida
a Deus para o campo missionário. “Se eu fosse o mundo lhe ofertar, ele o iria desprezar; seu grande amor
vem requerer minha alma, a vida e todo o ser.” Reconhecendo, naquele momento, que o plano de Deus para
sua vida era que ela fosse uma missionária, ela não podia dizer “Não” à chamada que vinha de um tamanho
amor, ou dar menos do que todo o ser a Cristo.
Pela importância deste hino, a Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão procurava a melhor
tradução possível. Convidou, então o muito experiente Werner Kaschel a dedicar-se a esta tarefa. Seus
colegas sabiam que ele faria todo o esforço para ser fiel ao original sem sacrificar a sua expressão dinâmica
em português. A tradução feita em 1990, como se esperava, foi muito feliz (Ver dados biográficos do tradutor
no HCC 38).
A melodia HAMBURG é, de acordo com seu ilustre compositor, Lowell Mason, um arranjo feito por ele de
uma melodia gregoriana. Preparado por ele em 1824, foi cantado pela primeira vez na Primeira Igreja
Presbiteriana da cidade de Savannah, Estado de Georgia, EUA, onde Mason era organista. Foi publicado na
coletânea The Boston Handel and Haydn Society collection of church music, (A coleção de música sacra da
Sociedade Handel e Haydn de Boston), 3ª edição, em 1825 (Ver dados de Mason no HCC 22).
1. WRIGHT, Thomas. The life of Isaac Watts. London: C.J. Farncombe & Sons, Ltd., 1914. p.86.
2. Ibid., p.87.
3. THOMSON, R. W. Ed. The baptist hymn book companion. Revised edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.159.
4. WRIGHT. Op. cit., p.88.
DESDE A VOLTA da ênfase em cânticos baseados nas Escrituras, este trecho tem inspirado os
compositores, mais do qualquer outro. O ilustre compositor, Donald John Wyrtzen, diretor das publicações de
música da editora Singspiration Music, relembra os eventos que o levaram à música que comunica tão bem a
mensagem desta adaptação do versículo:
“Em 1970, eu estava na Cidade de México colaborando com Luis Palau na direção duma série de
conferências. Como as mensagens seriam em castelhano, eu usava este tempo para escrever novos
hinos. Um dia, fiquei especialmente impressionado com a grande verdade de Apocalipse 5.12.
Pensei como a mensagem deste versículo poderia ser poderosa com a música certa para realçá-la.”1
Wyrtzen decidiu que um estilo semelhante a uma canção que conhecia combinaria bem com estas
palavras e assim escreveu a música. Este hino foi usado pela primeira vez num musical chamado
Breakthrough (Ruptura) que Wyrtzen compôs para o texto de John E. Wolford. Tornou-se o hino-tema da bem
conhecida cantata para a Páscoa Worthy is the Lamb (Digno é o Cordeiro), que Wyrtzen compôs em
colaboração com Phil e Lynne Brower. O compositor testifica ainda:
“Deus usou este hino para abençoar seu povo durante esta década, talvez mais do que qualquer
outra obra que tive o privilégio de escrever. Por isso serei eternamente grato a ele”.2
A melodia recebeu o nome WORTHY IS THE LAMB do título do hino na língua original.
Donald John Wyrtzen, filho do bem conhecido Jack Wyrtzen, fundador e diretor de Palavra da Vida,
Internacional, nasceu em Brooklyn, Estado de Nova Iorque, em 16 de agosto de 1942. Don, como é chamado
por todos, se lembra duma infância e juventude de contato contínuo com destacados oradores e músicos
evangélicos, por causa do ministério do pai. Começou muito cedo a escrever hinos. Antes de formar-se no
segundo grau, já tinha composto diversos cânticos no estilo gospel (ver HCC 137) que foram publicados em
várias coletâneas da Palavra da Vida.
Wyrtzen estudou no Instituto Bíblico Moody e bacharelou-se em música pela Faculdade King's, em 1965.
Desejando conhecer melhor as Escrituras, fez o mestrado em teologia no Seminário Teológico Dallas, no
Texas, terminando em 1969. Durante os seus estudos, ensinou também no Seminário e na Faculdade Bíblica
de Dallas. Enquanto permanecia naquele estado, fez cursos de verão em composição na Universidade do
Norte do Estado do Texas.
Wyrtzen, que já compôs ou arranjou mais de 200 hinos e antemas corais, declara que seu objetivo ao
compor gospel music tem sido o de colocar a verdade divina numa forma simples e atraente. Até hoje, mais
de dois milhões das suas cantatas e dos seus musicais foram vendidos. Fez arranjos e orquestrações para os
solistas e compositores mais conhecidos de hoje como, Sandi Patti, Steve Green e John W. Peterson,
gravando muitos discos. Publicou seu livro devocional, A musician looks at the psalms (Um músico considera
os salmos) em 1988, recebendo o prêmio do Medalhão de ouro da Associação das Publicadoras Evangélicas.
Nos últimos anos, Wyrtzen tornou-se um dos líderes em música sacra. É um preletor muito procurado pelas
maiores universidades evangélicas e seminários teológicos nos Estados Unidos. Reside hoje, com sua
esposa, Karen e seus filhos D.J. e Kathy, em Brentwood, Estado de Tennessee. Dele é dito:
É animador poder perceber que, em cada geração, Deus levanta indivíduos como Don Wyrtzen com
talento e convicções espirituais para comunicar suas verdades eternas através do veículo atraente,
mas facilmente compreendido, de gospel hymnody (hinódia do evangelho).3
O tradutor, o maestro João Wilson Faustini, conta as circunstâncias que o levaram a traduzir este hino:
A sra. Dorothea Thompson que mora na Estância Palavra da Vida, em Atibaia, SP, por volta de 1980,
me emprestou uma gravação de músicas corais denominada Rapsódia de louvor, e me disse: “O
senhor vai gostar! São músicas lindas!”4
Ouvi a fita. Nela estava, entre outras músicas, o Digno é o Cordeiro, cantado pelo coral da Igreja
Moody de Chicago. (A cantata do mesmo nome foi apresentada diversas vezes pelos conjuntos
musicais do antigo Instituto Bíblico Palavra da Vida, que hoje é Seminário). Imediatamente mandei
buscar a sua música e o traduzi; (...) naquele mesmo ano o publiquei em avulso, na série
publicações corais religiosas Evelina Harper.
Digno é o Cordeiro foi cantado em português pela primeira vez em 1980 na comemoração do 31 de
julho da Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, cujo coro na ocasião contava com 100
vozes, regido por mim, no teatro de Cultura Artística, e acompanhado por uma orquestra.5
1. WYRTZEN Donald John. Em: Osbeck, Kenneth W.101 more hymn stories, Grand Rapids: MI: Kregel Publications, 1985. p.317.
2. Ibid.
3. OSBECK. Ibid., p.318.
4. THOMPSON, Dorothea. Em: FAUSTINI, João Wilson. Carta à autora em 3 de abril de 1991.
5. FAUSTINI, Ibid.
UM LONGO POEMA do séc.14, Salve mundi salutari, (Salve aquele que sara o mundo) foi por muito
tempo atribuído a Bernard de Clairvaux (ver HCC 316). Originalmente compunha-se de sete meditações
extensas sobre o corpo de Cristo pendurado na cruz: seus pés, joelhos, mãos, lados, peito e coração. A
sétima parte, Salve caput cruentatum, (Salve, cabeça ensangüentada) se focalizou na cabeça de Cristo,
coroada de espinhos.
Esta parte do poema chegou até nós por meio de um longo caminho. Paul Gerhardt, considerado o maior
poeta luterano desde Lutero (ver dados no HCC 108) adaptou esta sétima seção para o alemão em 1656,
criando O haupt voll blut und wunden (Ó cabeça ensangüentada e ferida), hino de dez estrofes. Unido com a
inesquecível melodia de Hans Leo Hassler na coletânea Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da
piedade) de Johann Cruger, o hino ganhou fama. Muitos hinistas ingleses traduziram-no, mas foi James
Alexander Waddell (1804-1859), hinista e pastor presbiteriano americano, que realmente fez viver a versão de
Gerhardt no inglês. Esta versão inglesa foi traduzida para o português em 1950 pela cuidadosa mão do prof.
Isaac Nicolau Salum (Ver dados do tradutor no HCC 104).
“Este é um hino profundamente devocional, que requer uma aplicação muito pessoal da morte
redentora de Cristo, por relembrar seu sofrimento e morte cruel na cruz”1.
Nele o cristão reconhece que foi o seu pecado que pôs Cristo na cruz, e foi por amor a ele que Cristo
sofreu ali. Este reconhecimento traz conforto e uma confissão de gratidão e dedicação a Cristo. Na quarta
estrofe, o cristão pede que Cristo seja seu refúgio, guia e luz, sabendo que assim viverá e dormirá em paz.
O ilustre compositor luterano Hans Leo Hassler (1564-1612), nascido em Nurembergue, Alemanha, fez
seus primeiros estudos com seu pai, Isaak Hassler. Desde muito cedo mostrou-se muito competente ao
órgão. Depois de estudar com o grande organista e compositor Andrea Gabriele em Veneza, tornou-se
organista, e subseqüentemente Diretor de Música da Casa dos Fugger, abastados comerciantes e
banqueiros. Em 1601, aceitou o cargo de organista na Igreja Frauenkirche, em Nurembergue e, em 1608 foi
escolhido organista e músico na corte de Christian II, Eleitor da Saxônia, permanecendo nesta posição até
sua morte. Hassler publicou obras para órgão, madrigais, litanias, motetos sacros e dois hinários, mas esta
melodia, pela qual ele é mais lembrado, foi composta em 1601 para uma letra secular. Já em 1613 apareceu
como melodia para um hino ainda cantado na Alemanha, na coletânea Harmoniai sacrai (Harmonias sacras),
seguindo o preceito de Lutero que “o demônio não deve monopolizar as melhores melodias”.2 Em 1656 foi
unida com esta letra de Gerhardt, e desde então é associada a ela. Este choral (hino) alemão3 aparece cinco
vezes na Paixão de São Mateus, de Johann Sebastian Bach (1729), e sua melodia recebeu o nome de
PASSION CHORAL (Hino da Paixão).
A versão desta melodia é uma combinação das harmonizações de Johann Sebastian Bach, um dos
maiores músicos de todos os tempos e membro de uma das famílias musicais mais destacadas em todo o
mundo. Ao todo, Bach harmonizou um total de 371 chorales (hinos protestantes alemães), fazendo deles o
verdadeiro centro da sua imperecível obra.
Há amplas fontes de informação em outros livros sobre este gênio musical. Todavia, a riquíssima herança
de música sacra deixada por este cristão dedicado merece nossa atenção aqui. Nascido em Eisenach,
Alemanha, em 21 de março de 1685, estudou nas escolas corais de Ohrdruf e Lüneburgo. Aprendeu a tocar
órgão, violino e viola (seu instrumento predileto). Copiava e estudava cuidadosamente a música dos mestres.
Aproveitou todas as oportunidades de ouvir e aprender de outros mestres, mesmo com grande sacrifício.
Depois de servir em duas posições por curtos períodos, passou o resto da sua vida em três cidades: Weimar
(1708-1717), Cöthen (1718-1723), e Leipzig (1723-1750). Bach compunha constantemente, mesmo quando
tinha uma outra ocupação. Contribuiu significativamente para a literatura da sonata (inventou a sonata para
instrumento solo), do concerto italiano e da suíte e abertura francesas, e promoveu
“a afinação temperada (homogênea) (...) em que os intervalos do teclado deviam ser iguais, sistema
que se utiliza ainda hoje nos instrumentos de teclado.”4
Mas os melhores momentos e a maior parte da sua obra foram dedicados à música sacra. “Bach escreveu
cinco coleções de composições sacras para cada domingo e Dia de Festa do ano,” 5 aproximadamente 300
cantatas, 5 paixões, 2 Magnificats, uma Missa Solene e diversas missas curtas para a liturgia luterana,
oratórios bíblicos, 5 Santus, motetos, obras vocais, um vasto repertório para órgão, tanto sacro como secular
e inúmeras peças para teclado e para orquestra. Uma edição monumental das obras de Bach consiste de 47
volumes, e ainda se sabe que muitas das suas obras foram perdidas.
“Bach aplicou nestes trabalhos a sua vasta erudição musical, a sua técnica virtuosística e a procura
da perfeição, de tal modo que o resultado final ultrapassou tudo o que antes fora feito nestes
campos”.6
Explicou que na alma de Bach se amalgamavam em proporções infinitamente variáveis, os dons de poeta,
de pintor e de músico. Certamente isto explica em parte a sua obra inigualável.
Bach foi feliz chefe de família. Foi pai de 20 filhos, 7 com sua primeira esposa, Maria Bárbara, e 13 com a
segunda, a destacada musicista Ana Madalena. Onze morreram na infância. Tanto cuidou da educação
musical dos seus filhos, como compôs muito para este fim. Diversos dos seus filhos e netos lhe seguiram em
carreiras brilhantes.
Mas a característica predominante de Bach era a sua fé. Disse Henriqueta Braga:
“[Era] o mais excelente ministro de música. Para Bach o único objetivo de toda a música deve ser a
glória de Deus e uma recreação agradável”.8 Tudo que Bach fazia, fazia “guiado por suas convicções
religiosas, conduzido pela fé e sempre suplicando a inspiração divina, como o atestam as letras J. J.
(Jesu, juva - Jesus, ajuda-me) que caracterizavam os manuscritos de suas composições autênticas.
Ao terminá-las, invariavelmente juntava as iniciais S. D. G. (Soli Deo gloria - Somente a Deus a
glória).9
Em julho de 1750, alguns dias antes de morrer, Bach [que por muito tempo sofria dos olhos e havia um
ano estava completamente cego] completou um arranjo para órgão do hino Quando na hora de maior
provação, cujo título, no último instante, mudou para Diante de teu trono, ó Deus, mostrando uma
extraordinária coerência entre a música que produziu e a vida que viveu.10
1. POLMAN, Bert. Oh sacred head now wounded. Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church: a hymnal. Worship leader's edition. Carol Stream, IL: Hope
Publishing Co., 1990. n. 221.
2. MANN, William. A música no tempo. Lisboa: Gradiva, 1982. p.80.
3. “O coral (choral) é uma ampla melodia adaptada a um texto versificado - Salmo ou hino - destinado à execução coletiva nos templos (canto congregacional)”.
BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Do coral e sua projeção na história de música. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, s/d. p.19. [Ver a “Projeção do choral na
história da música” neste livro.]
4. Ibid., p.93.
5. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker's biographical dictionary of musicians, 6ª ed., New York: Schirmer Books, 1978. p.265.
6. MANN. Op. cit., p.94.
7. SCHWEITZER, Albert. J.S. Bach, el musico - poeta. Trad. Jorge D'Urbano. Buenos Aires: Ricordi, 1955. p.265.
8. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Johann Sebastian Bach, O mais excelente ministro de música. Ultimato, Ano XVIII, n.162, março 1985. p.9.
9. BRAGA, Do coral..., pp.71-72.
10. Ibid.
“se convenceu de que a cruz era muito mais do que um símbolo religioso, era o coração do
evangelho.”1
“A inspiração me veio em um dia em 1913, enquanto estava em Albion, Michigan, EUA. Comecei a
escrever Rude cruz. Compus a melodia primeiro. A letra que escrevi estava imperfeita. As palavras
completas do hino foram postas [mais tarde] no meu coração em resposta à minha própria
necessidade. Pouco tempo depois, em 7 de junho, apresentei o hino numa conferência em Pokagon,
Michigan.”2
Depois do hino ser apresentado numa grande convenção em Chicago, tornou-se imensamente popular no
país todo, e, em pouco tempo, ao redor do mundo. Apareceu primeiro num folheto, e em seguida, no hinário
Heart and life songs,for the church, Sunday School, home and camp meeting3 (Cânticos para o coração e a
vida, para igrejas, escolas dominicais, lares e retiros espirituais), publicado em 1915.
Bennard tinha razão. A cruz é o coração do evangelho, e Deus usou o sofrimento deste seu servo para
abençoar o mundo até hoje.
George Bennard, filho de um mineiro, nasceu em Youngstown, Estado de Ohio, em 4 de fevereiro de
1873. Pouco tempo depois, a família mudou-se para o Estado de Iowa. Foi na cidade de Lucas que George se
converteu numa reunião do Exército da Salvação. Desejava ser pastor mas, aos dezesseis anos, com a morte
do seu pai, tornou-se o único a prover o sustento da sua mãe e quatro irmãs. Tornou-se impossível adquirir
mais educação formal, mas George entrou nas fileiras do Exército da Salvação. Adquiriu conhecimento
teológico por meio do seu próprio estudo e do convívio com pastores. Mudou-se com a família para Illinois, e
mais tarde se casou. Ali trabalhou com sua esposa lado a lado na liderança do Exército da Salvação. Após
alguns anos, deixando este trabalho, Bennard foi consagrado ao ministério metodista, e começou quarenta
anos frutíferos em conferências evangelísticas no norte dos Estados Unidos da América do Norte e no
Canadá.
Bennard escreveu mais de trezentos hinos, mas será lembrado especialmente por este.
Em 9 de outubro de 1958, aos 85 anos, depois de levar fielmente sua cruz, George Bennard trocou-a por
“uma coroa”.
O nome da melodia, OLD RUGGED CROSS, (Velha rude cruz) provém do título do hino que por muitos
anos foi considerado o gospel hymn (ver HCC 112) predileto do povo americano. O missionário F.A.R. Morgan
traduziu este hino em 1924.
Finis Alma Rhine Morgan nasceu em 10 de outubro de 1885, em Whetstone Landing, Estado de
Kentucky, EUA. Seu pai foi o pastor John William Morgan, e sua mãe era uma índia da tribo Cherokee.
O pr. Morgan pastoreou diversas igrejas pequenas ao longo do Rio Cumberland, um verdadeiro circuit
rider (pastor de um grupo de igrejas entre as quais circulava). Finis tinha 5 anos quando a família mudou-se
para o Texas, um novo Estado, onde seu pai sentiu-se chamado para pregar o evangelho. Compraram uma
fazenda perto de Wichita Falls e seu pai foi o primeiro pregador a percorrer aquela região. Enquanto seu pai
viajava, a esposa e os filhos tinham que trabalhar para o seu sustento. Havia perigo de grupos de bandidos e
de alguns índios descontentes que atacavam os indefesos. Quando o seu irmão mais velho morreu de febre,
Finis tornou-se o “homem” do lar. Assumiu uma maior responsabilidade pela família que crescia a cada ano,
chegando a incluir 13 filhos, ao todo!
Aos 17 anos, Finis Morgan sentiu-se chamado para o ministério pastoral. Para poder se preparar,
trabalhou dois anos no garimpo no Estado do Novo México. Conseguiu então entrar na Faculdade Batista de
Decatur, no seu estado. Os anos seguintes foram cheios de estudos e trabalho. Publicou um livro de poemas.
Tornou-se diretor de uma escola pública. Casou-se com a professora Bertha Gertrude Weatherby, em 1910.
Quando a primeira guerra mundial explodiu na Europa em 1914, Morgan já era aluno da Universidade Baylor
(batista) em Waco, Texas. Quando os Estados Unidos entraram no conflito, tornou-se capelão do exército
num acampamento perto da cidade. Continuando ainda seus estudos, alcançou os graus de bacharel e
mestre em Artes.
Sentindo-se chamado para o Brasil, o casal Morgan apresentou-se à Junta de Richmond, e sendo aceito e
comissionado em julho de 1919, chegou ao Recife, PE, em setembro do mesmo ano. Ambos ensinaram no
Colégio Americano Batista daquela cidade. Serviram também em Salvador, BA. Foi no seu trabalho ali que,
liderada por um padre enfurecido, uma multidão atacou com pedras a pequena igreja onde ele pregava. Uma
pedra atingiu Morgan na testa, deixando uma “marca de Cristo” pelo resto da sua vida.
Nesta região, Morgan foi seriamente atacado por disenteria amebiana. Os remédios receitados
enfraqueceram o seu coração, e daí em diante, embora conseguisse servir fielmente por 33 anos no Brasil,
sofreu muito por causa disto.
Proeminente educador, Morgan foi fundador e presidente do Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte,
por sete anos, presidente do Colégio Batista Fluminense, em Campos, RJ, e do Colégio Batista Brasileiro,
São Paulo. Dirigiu o Centro Batista Paulistano e Escola Bíblica. Fundou a Primeira Igreja Batista de
Araraquara, SP. Escreveu o livro A pérola de grande preço e o livreto de bolso Semente para o semeador que
servia de auxílio no evangelismo pessoal. Traduziu vários hinos, sendo Rude cruz o mais memorável.
Em 1952, a doença do coração de Morgan se agravara muito. Seu médico o avisou que teria de voltar aos
Estados Unidos para tratamentos. Com muita tristeza a família Morgan (já com três filhas) deixou o Brasil e o
ministério que amavam. (Sua filha Virginia, casada com Horace E. Buddin, continuaria no Brasil como
missionária).
Aos 69 anos, em 2 de março de 1954, F.A.R. Morgan sucumbiu ao seu último ataque de coração. Foi
receber seu galardão por ser um servo “bom e fiel”.
Como acontece com muitos hinos e traduções, a versão de Morgan circulou pelo Brasil sem a sua
assinatura. O hino tornou-se grande favorito do povo brasileiro como já era em outras partes do mundo. Foi
publicado, às vezes com a tradução atribuída a outros hinistas,4 e às vezes como anônima (Vinde, cantai!,
n.47). Graças à missionária Virginia Buddin, a filha de Morgan, a dúvida quanto o tradutor foi tirada.
1. WYRTZEN, Donald John. Em: OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1985. p.317.
2. BENNARD, George, Em: OSBECK, Ibid.
3. Para uma descrição mais completa sobre camp meeting, ver HCC 190.
4. Ver Hinos e cânticos, n.595.
O TEXTO deste hino reflete o profundo conhecimento das Escrituras que tinha a sua autora, a frágil
escocesa Elizabeth Cecilia Clephane. Ela o escreveu em 1868, um ano antes da sua morte prematura, mas
publicado anonimamente em 1872, como outros dos seus poemas, no periódico presbiteriano escocês,
Family treasury (Tesouro da família) muito lido entre as famílias daquela denominação. Osbeck assinala os
versículos bíblicos de base da primeira estrofe:1
Ao publicar este hino, sob o título Breathings on the border (Sopros da margem), o editor do periódico
comenta:
Estas linhas expressam as experiências, as esperanças, e os desejos de uma jovem crente, que
faleceu há pouco tempo. (...) Estas [palavras] de alguém que o Bom Pastor guiou pelo deserto ao
descanso podem, com a bênção de Deus, contribuir para o conforto e direção de outros peregrinos.2
McCutchan recomendou esse hino especialmente para o culto da Sexta-feira da Paixão, dizendo:
Este hino era usado nos cultos da semana santa pelo rev. Anthony Monteiro, pela congregação de
fala inglesa na Igreja Presbiteriana S. Paulo, [Nova Jersey, EUA] no tempo em que eu era ministro de
música lá [1964-1972]. O rev. Monteiro lamentava o fato de não termos uma tradução portuguesa do
mesmo. Providenciei, então, fazê-la. Antes que Seja louvado fosse publicado, mandei imprimir uns
folhetos com alguns hinos que estava já preparando para aquele hinário. Bem junto à cruz de Cristo
foi incluído entre estes hinos, e começou a ser usado [pela congregação de fala portuguesa] naquela
igreja imediatamente.4
1. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.40.
2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.42.
3. MCCUTCHAN, Robert Guy, Our hymnody, a manual of the Methodist hymnal. 2ª. ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.181.
4. FAUSTINI, João Wilson, Carta à autora em 23 de abril de 1991.
ESTE HINO GLORIOSO da vitória da ressurreição é cantado por todo o Brasil evangélico na Páscoa.
Merece ser cantado em qualquer domingo, porque o primeiro dia da semana é, para os cristãos, a celebração
da ressurreição de Cristo desde o tempo dos apóstolos. (Atos 2.1-41, Atos 20.6-7 etc.).
Na primeira estrofe, observamos que Cristo ressurgiu, a redenção já consumada. Na segunda, somos
exortados a entoar gratos hinos a ele, que venceu a morte e reina eternamente. A terceira estrofe enfatiza:
“Uma vez na cruz sofreu; uma vez por nós morreu”. Este sacrifício não pode ser repetido. Cristo, que
ofereceu-se “uma só vez para levar os pecados de muitos” (Hebreus 9.28), completou a obra. “Agora vivo está
e pra sempre reinará! Aleluia!” As aleluias repetidas neste exultante hino vêm desde os primórdios da fé cristã
quando, no dia da Ressurreição, os crentes saudavam uns aos outros com: “Cristo está ressurreto, Aleluia!
A melodia EASTER HYMN (Hino da Páscoa) apareceu anonimamente na coletânea Lyra davidica em
Londres em 1708, com o texto Surrexit Christus hodie (Ressurreto é Cristo hoje). Seu texto latino é um carol
(ver HCC 92, anotação 1) do dia da Ressurreição, encontrado num manuscrito da cidade de Munique, na
Alemanha, do séc.14.
Variações deste hino em inglês apareceram em várias coletâneas na Inglaterra. Julian, no seu Dicionário
de hinologia, apresenta o hino original e na forma como foi impressa na segunda edição de Compleat
psalmist (Salmista completo), de John Arnold, de 1749,1 onde a segunda e terceira estrofes foram
substituídas por outras. Esta versão modificada de 1749 foi traduzida por Henry Maxwell Wright.
É interessante notar que Charles Wesley escreveu um hino muito semelhante, Christ the Lord is risen
today (Cristo, o Senhor, está ressurreto hoje) 2, com onze estrofes de quatro linhas, e o publicou em Hymns
and sacred poems (Hinos e poemas sacros) em 1739. Seria muito fácil confundir os dois hinos. Wesley,
dando a mesma mensagem, usou a mesma métrica e as aleluias no fim de cada frase. Seu hino é comumente
cantado com a melodia da LYRA DAVIDICA.
Henry Maxwell Wright, o ilustre evangelista e hinista que deu quase duzentas letras e traduções ao povo
de fala portuguesa, publicando-as em várias coletâneas, traduziu este hino em 1887 (Ver dados de Wright no
HCC 1).
1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology. v.1, Second revised edition with new Supplement. New York: Dover Publications, Inc. 1957. p.597.
2. THOMSON, R.W. The Baptist hymn book. Revised edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.162.
“O pensamento da presença viva (de Cristo) trouxe a música pronta e facilmente. As palavras
seguiram imediatamente.”1
Tudo isso ocorreu em 1933. Homer Rodeheaver, com quem Alfred e seu irmão Bentley trabalharam em
publicação de coletâneas de hinos e cânticos por muitos anos, publicou o hino no hinário Triumphant service
songs (Hinos triunfantes para cultos), em 1934.
ACKLEY, o nome da melodia, homenageia o autor e compositor. (Ver dados de Alfred Ackley no HCC 66).
A Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão, considerando o hino original e as traduções à
mão, pediu a um dos seus membros, o pr. João Soares da Fonseca, que traduzisse estas palavras
vitoriosas. Isto ele fez, com esmero, em 1990.
Nós, que temos esta mesma certeza, podemos afirmar com o autor:
1. ACKLEY, Alfred H. Em: SANVILLE, George W. Forty gospel hymn stories. Winona Lake, IN: The Rodeheaver-Hall Mack Co.,1945, pp.34-35.
Embora a história tenha revelado que este mundo nunca foi muito estável, (...) parece que o nosso
século tem sido especialmente um tempo de crise. (...) O nosso mundo é um planeta cheio de
injustiças, traição de confiança nacional e pessoal. Assassinatos, tráfico de drogas, e guerra
monopolizam as manchetes. Foi no meio destas incertezas que a certeza do senhorio do Cristo vivo
inundou as nossas mentes perturbadas. Ao nascer nosso bebezinho, com toda a confiança em
Cristo, vivo e soberano, foi possível pegar nosso filhinho nos braços, e escrever:
Este hino vitorioso foi escolhido como “Hino do ano” pela Associação de Música Gospel.2 E hoje, onde o
povo cristão ergue a sua voz em louvor, em todos os continentes, ouvem-se estas palavras triunfantes.
William James (Bill) Gaither, co-autor do hino, nasceu em 1936 em Alexandria, no Estado de Indiana,
EUA. Gaither, que fez bacharelado e mestrado na Faculdade Anderson, no Estado de Indiana, foi professor
do segundo grau durante seis anos. É autor e compositor prolífico de mais de 200 hinos, de cantatas e peças
corais. É presidente de Gaither Music Company, que publica e promove sua música. O Trio Gaither, grupo
notável consistindo de Bill, Gloria e seu irmão, Daniel, já gravou muitos discos, CDs e fitas magnéticas,
incluindo um disco de ouro. Seus concertos recebem enormes platéias.
Gaither recebeu, durante seis anos seguidos, o prêmio Dove da Associação de Música Gospel, como
“Hinista do ano”.
“O seu espírito manso e humilde e o calor da sua música o tem tornado (Bill)
extraordinariamente popular em todo o país”.3
Os Gaithers são especialmente responsáveis por um novo estilo de canto congregacional que tem se
alastrado nos Estados Unidos da América do Norte e no mundo.
Glória Lee (Sickal) Gaither, a esposa e colaboradora de Bill, e co-autora desse e de muitos outros hinos,
nasceu no ano de 1942, em Battle Creek, Estado de Michigan, EUA. Preparou-se para o magistério, com
bacharel e mestrado em Artes, com concentração em inglês, francês e sociologia. Exerceu sua profissão até
se dedicar de tempo integral, com Bill, no ministério de música.
RESURRECTION (Ressurreição) é o nome dado à melodia pelo casal Gaither para seu uso no hinário
Baptist hymnal, de 1975.
James Frederick (Fred) Spann e Jaubas Freitas de Alencar traduziram este hino. Foi publicado na
coletânea Vinde, cantai! pela JUERP em 1980.4
Dr. James Frederick (Fred) Spann, educador, escritor, compositor, regente de renome, tradutor, e
compilador de coletâneas de música para coros, nasceu em 19 de julho de 1933, no Estado de Arkansas,
EUA, filho de um ministro de música leigo. Casou-se com Bettye Clay Brawner. Dessa união nasceram James
Frederick Junior, Edward Clay, Grady Brawner e Suzanne Davia.
Convertido em 1940, Fred foi batizado pelo pr. Taylor Stanfield na Igreja Batista Baring Cross, North Little
Rock, Estado de Arkansas, EUA. Fez o bacharelado na Universidade Batista de Wichita e cursou o Seminário
Teológico Batista do Sudoeste, Estado de Texas, recebendo os títulos de Mestre em música sacra e Mestre
em educação religiosa. Também fez o Doutorado em educação musical na Universidade da Flórida.
Antes de vir para o Brasil em 1962, o Dr. Spann foi ministro de música nos Estados de Texas e Missouri,
no EUA, e no México.
Por mais de trinta anos Spann
Além de dirigir o departamento, o pr. Fred, como é mais conhecido, até uma pouco antes de se aposentar
e retornar para os EUA regeu o Coral Sinfônico, cuja fama alcançou não apenas o Brasil, mas os Estados
Unidos, e outros países por meio da suas apresentações na Aliança Batista Mundial, no Canadá e na Coréia
do Sul.
O Dr. Fred tem várias composições e compilações de músicas para coro e de hinos, entre as quais se
destacam duas coletâneas de Novo som e as seis coletâneas de Coral Sinfônico,
As músicas compostas por professores do STBNB são prediletas entre os números destas coletâneas.
Assim, este maestro-compilador exerceu notável influência sobre a música executada nas igrejas batistas
(...) e contribuiu para o desenvolvimento dos talentos musicais de muitos batistas brasileiros”.7
Muitos hinos da coletânea Vinde, cantai! compilada por ele em 1980 para a 2ª Campanha Nacional de
Evangelização passaram a ser difundidos pelo país e estão incluídos no Hinário para o culto cristão.
O Dr. Fred foi professor e maestro no âmbito nacional em muitas ocasiões. Atuou no ensino e na regência
de diversos congressos da Associação dos Músicos Batistas do Brasil. Dirigiu a música para diversas
assembléias da Convenção Batista Brasileira.
“Como articulista da revista de música Louvor, demonstrou sua objetividade, senso profissional e
seriedade”.8
A AMBB outorgou a este capacitado e dedicado músico missionário o Prêmio “Arthur Lakschevitz” em
1989, reconhecendo sua grande contribuição para a música sacra brasileira.
O Dr. Spann serviu por muitos anos como Ministro de Música da Igreja Batista do Cordeiro, Recife. Depois
disto tornou-se pastor da Igreja Batista do Forte, Paulista, PE. Hoje, de volta aos EUA, continua atuando na
música. Em 2003, ano do lançamento do HCC Notas Hitóricas, o pr. Fred retornou ao Brasil como regente
convidado do coro do 19º. Congresso Nacional da AMBB, realizado na cidade de Recife, PE.
O Hinário para o culto cristão tem três traduções do prof. Fred nos números 137, 266 e 422.
Jaubas Freitas de Alencar, é piauiense, nascido em 8 de outubro de 1952. Durante os seus estudos no
STBNB ajudou o Dr. Fred em muitas traduções do inglês.
1. GAITHER, Bill e Glória. Em: REYNOLDS, William J. Companion to baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press. 1976, pp.78-79.
2. “Bíblicamente, [como ilustra este hino] gospel significa as boas novas de salvação em Jesus Cristo, mas nos últimos anos, o termo 'música gospel' tem recebido
conotações adicionais. Históricamente, gospel music descreve o hino de um estilo musical popular (melodioso, harmonicamente simples, com padrões rítmicos
repetidos), com texto evangelístico. Hoje em dia, a frase tem se aplicado a qualquer música de estilo popular e com letra inspirativa. Também, se usa o termo, nos
Estados Unidos da América do Norte, para as músicas negras populares, freqüentemente animadíssimas, com mensagens religiosas. No Brasil o termo gospel se
aplica até a um estilo musical parecido com rock. Conseqüentemente, nem toda música denominada gospel seria apropriada para o culto sagrado a Deus, nem para
fins de evangelização. Somente uma criteriosa análise da letra e do estilo musical determinará a utilidade de uma música chamada gospel.” (HODGES, David
William, carta à autora em 16 de set., 1992.)
3. REYNOLDS, William J.,Op. cit. p.343.
4. Vinde, cantai!, Nº58.
5. ICHTER, William (Bill) Harold. Música. Em: MEIN, David, comp. O que Deus tem feito. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. Capítulo 9, pp.342-343.
6. Ibid. p.343.
7. NASSAU, Rolando de. Prêmio “Artur Lakschevitz” - 1989. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.16 - ANO LXXXIX, 1989. p.2.
8. Ibid.
“Sua afamada Doutrina da igreja grega até hoje é padrão para a igreja oriental”.2
O pr. Antônio de Campos Gonçalves, que adaptou este lindo hino para o português, nasceu em Araras,
São Paulo, em 1899. Estudou em Piracicaba e Juiz de Fora, diplomando-se pela Escola Normal em 1918 e
pelo Seminário Metodista.
Aos 16 anos o rev. Gonçalves iniciou-se na poesia, escrevendo para O juvenil, publicação para crianças
atualmente representada pelo Bem-te-vi. Fundou a revista Cruz de Malta, hoje órgão oficial da Sociedade
Metodista de Jovens. Colaborou no Expositor cristão, órgão oficial da Igreja Metodista e, ao longo dos anos,
emprestou sua pena a quase todos os jornais e periódicos evangélicos da nossa Pátria.
Alto, magro, sempre bem arrumado, revelando homem de fino gosto, andar firme e olhar profundo,
maneiras singelas e cativantes, este é o perfil de Antônio de Campos Gonçalves, o vernaculista de escol.4
Ilustre ministro da Igreja Metodista do Brasil, o rev. Gonçalves pastoreou grandes e pequenas igrejas no
interior dos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Serviu à sua denominação como Secretário
Executivo da Comissão de Literatura da Confederação Evangélica do Brasil.
Campos Gonçalves
“serviu à Sociedade Bíblica do Brasil por 34 anos como revisor do vernáculo nas edições da SBB e
secretário da Comissão Permanente de Revisão e Consulta”.5
“sem faltar um só versículo. (...) 'Dedicação, perfeição e gosto' era o lema que lhe disciplinava as
atividades na Sociedade Bíblica. (...) Mestre da língua pátria, na Comissão Permanente de Revisão e
Consulta, sua voz nunca foi contestada. A última palavra em matéria do vernáculo era a dele”.6
Ainda houve seu trabalho minucioso na revisão da Concordância Bíblica. Também revisou Bíblias
completas, desde a Antiga Versão Brasileira, passando por todos os textos de Almeida e chegando à
Linguagem de Hoje: milhares de páginas, bilhões de linhas tipográficas. O suficiente para derrubar gigantes e
especialistas. Gonçalves foi as duas coisas, humildemente.7
O rev. Gonçalves figura entre os grandes nomes da hinologia brasileira. O segredo do ministério dos seus
hinos foi descrito por seu colega na SBB:
É poeta e sonhador. Quando sofre (vi-o chorando várias vezes; chorando e trabalhando) escreve
páginas de consolo para os outros. Quando chora, metrifica letras de hinos, traduzindo alegrias do
céu em mistérios de fé. Sofre, consolando. Chora, minorando prantos. É profeta.8
É autor de hinos oficiais para igrejas, escolas, grupos e instituições. Foi membro atuante da Comissão do
Hinário evangélico, do início em 1935 ao final em outubro de 1961, e contribuiu com dezenove textos para o
hinário.
“Os hinos da sua lavra revelam a piedade pessoal de que era possuído e a inteira confiança em
Deus”.9
Mais de 33 textos de hinos seus figuram nos hinários e coletâneas evangélicos do Brasil.
O Hinário para o culto cristão inclui, além deste texto, as letras dos hinos 283 e 420 deste operoso servo
de Deus, que veio a falecer em 14 de janeiro de 1981, dez dias antes de completar 82 anos.
O internacionalmente conhecido compositor Sir Arthur Seymour Sullivan é famoso especialmente por
causa da sua parceria com Sir W.S. Gilbert numa série de operetas de renome,
Ainda hoje, não se passa um ano em que ao menos uma destas operetas não seja apresentada na
Inglaterra, e muitas vezes, em outras partes do mundo.
Sullivan nasceu em 13 de maio de 1842, em Londres, Inglaterra. Aos doze anos tornou-se corista da
Capela Real, e aos quinze, publicou sua primeira peça coral. Estudou na Academia Real de Música em
Londres e no Conservatório de Leipzig, na Alemanha. Serviu como organista em diversas igrejas e, em 1866,
tornou-se professor de Composição da Academia Real de Música. Além das suas operetas melodiosas,
escreveu muitos peças corais, melodias para hinos, oratórios e cantatas. Editou o hinário Church hymns
(Hinos da Igreja) em 1874 e contribuiu com melodias para outros hinários. Muitas das suas melodias
aparecem em hinários evangélicos no Brasil. O muito cantado solo O acorde perdido é da sua autoria.
Sir Arthur era fortemente contrário ao uso de música popular para hinos. Embora melodias das suas
operetas estivessem nos lábios de quase todos os ingleses, recusou muitos pedidos para adaptá-las para
hinos. O Hinário para o culto cristão inclui mais duas das suas lindas melodias, nos hinos 340 e 586.
Foi conferido a Sir Arthur o grau de Doutor em música (honoris causa) pela Universidade Cambridge, em
1876 e pela de Oxford em 1879. Foi designado Cavalheiro pela Rainha Vitória, em 1883. Faleceu em 22 de
novembro de 1900, em Westminster, Londres, e sepultado com muitas honrarias.
A melodia ST. KEVIN, composta para este texto, apareceu em 1872. Posteriormente, o compositor deu-
lhe este nome em homenagem a um eremita irlandês que vivia no Vale of glendalough (Vale de duas lagoas)
na Irlanda.
1. “Deve-se ao rev. John Mason Neale a revelação e aproveitamento, no ocidente, do vasto tesouro hinológico grego e latino. Profundo conhecedor dos usos e
costumes da igreja oriental, (...) seu volume de traduções do grego representa doze anos (1850-1862) de trabalho árduo e perserverante.” [Embora pobre e de saúde
precária, nunca procurou receber direitos autorais de qualquer uma das suas produções.] - BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Amorável convite, Ultimato, ANO
XIII, n.128, abril/1980, Música sacra, pp.15-16.
2. BRAGA, Ibid.
3. Ibid.
4. ÁVILA, Ivan Espínola de. Mestre Campos Gonçalves, Obrigado! A Bíblia no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, n.124, abr/jun, 1976. p.7.
5. Honra ao mérito - Rev. Prof. Antônio de Campos Gonçalves, A Bíblia no Brasil. Brasília, DF: Sociedade Bíblica do Brasil, n.124, jul/set, 1982. p.7.
6. ALVES, Ewaldo. Quando o rev. Antônio Campos Gonçalves se retirou da SBB. A Bíblia no Brasil. Brasília: DF, n.118, jan/mar, 1981. pp.1,2.
7. ÁVILA, Ivan Espínola de. Loc. cit.
8. ÁVILA. Ibid.
9. ALVES, Ewaldo. Op.cit., p.1.
10. REAM, Ethel Dawsey, Nossos hinos, a sua história. Rio de Janeiro: Escola de Música Sacra, 1951. p.74.
11. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.439.
Se vivêssemos na era cristã primitiva, esta seria a nossa saudação mútua, como crentes, no dia da
Páscoa. Esta tradição continua na Igreja Ortodoxa, na Grécia e outros países do continente. Entretanto, hoje
em dia, muitas igrejas evangélicas celebram este dia mais importante do nosso calendário com o cântico
deste muito amado hino da ressurreição, e por meio dele tem recebido uma nova inspiração.1
Como cada domingo é uma celebração da ressurreição, por que não nos saudarmos uns aos outros
cantando este hino nos cultos dominicais?
Robert Lowry escreveu este magnífico hino sobre a ressurreição em 1874, quando era pastor da Igreja
Batista de Lewisburg, no Estado de Pensilvânia, EUA. A base bíblica é Lucas 24.6:
Robert Lowry nasceu em 12 de março de 1826, na histórica cidade de Filadélfia, também na Pensilvânia.
Bacharelou-se com honras, pela Universidade Bucknell (em Lewisburg) em 1854. Foi professor de retórica na
mesma Universidade, onde recebeu o grau de Doutor em Divindade (honoris causa), em 1875. Pastoreou
diversas igrejas batistas na Pensilvânia e em Nova Iorque. Era pastor da Primeira Igreja Batista de Plainsfield,
Estado de Nova Jersey, quando morreu em 1899.
Lowry era um homem de muitos talentos: como pastor, além de ser um pregador e orador popular,
possuía discernimento afiado e habilidades administrativas. Foi hinista e compositor muito respeitado, como
também, colaborador na publicação de inúmeros hinários. Como compositor, tinha capacidade de imortalizar
um texto, comunicando o seu significado duma forma especial com sua música cativante.
O Hinário para o culto cristão inclui mais duas das suas mais destacadas melodias: SOMETHING FOR
JESUS (Teu santo amor, Jesus, hino 434) e FOLLOW ON (Sempre seguirei a Cristo, hino 469).
CHRIST AROSE (Cristo ressurgiu) é o título do hino original de Lowry. Foi publicado no hinário Brightest
and best (O mais brilhante e o melhor), em 1875, editado por Lowry e William H. Doane.
A adaptação foi feita pelo inigualável Ricardo Pitrowsky, que falou assim sobre a sua versão:
Escrevi esta versão deste hino para enfatizar o extremamente extraordinário fato da ressurreição de
Jesus e sua vitória sobre a morte. Isto enche o mundo com esperança, porque temos um Salvador
vivo a quem servimos, que está sempre conosco “até a consumação dos séculos”. 2
É em grande parte pela excelência desta adaptação que o hino é tão querido no Brasil (Ver dados do
tradutor no HCC 114).
1. OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1985. p. 57.
2. PITROWSKY, Ricardo. Em: PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in Brazilian Baptist churches: its sources and development. Fort Worth, TX: School of Church
Music, Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p.177.
ESTE HINO LATINO anônimo, que celebra a vitória de Jesus sobre a morte é especialmente apropriado
para os cultos da Páscoa e da Ceia do Senhor. Mas como todo domingo é uma celebração da ressurreição,
cantemos alegremente este hino triunfal em qualquer época do ano.
Depois de muita polêmica quanto à fonte e o período do hino, recentemente um manuscrito foi descoberto
na Symphonia sirenum selectarum (Sinfonia de melodias selecionadas), publicada em Colônia, na Alemanha,
em 1695. Acredita-se ser o original. Neste manuscrito, duas aleluias introduzem cada estrofe
Vertido para o inglês pelo notável hinólogo, o Dr. John Mason Neale (ver HCC 123), foi publicado em sua
coletânea Medieval hymns (Hinos medievais), em 1851.
Foi em 1873 que Sarah Poulton Kalley, "Mãe da hinódia brasileira", trouxe a versão de Neale para o
português. Desde 1888, quando a segunda edição de Salmos e hinos com músicas sacras o divulgou, este
hino é muito cantado nas igrejas evangélicas brasileiras (Ver dados desta ilustre tradutora no HCC 40).
O maestro João Wilson Faustini adaptou a letra das estrofes 1 e 5 de D. Sarah para a música de James
Minchin, adicionando o estribilho. Publicou esta versão na sua coletânea Os céus proclamam, v.III, em 1982.
A Comissão do Hinário para o culto cristão adaptou a estrofe 4 de Kalley, dando-nos assim três estrofes
(Ver dados de Faustini no HCC 13 e da Comissão do HCC no HCC 4).
A melodia FINITA JAM SUNT PRAELIA (As batalhas já terminaram), que provém do título original deste
hino de vitória, foi composta no estilo popular pelo compositor australiano James Minchin2 em 1964, para
uma coletânea de cânticos e hinos contemporâneos para a igreja.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Findou-se a Luta de Jesus. Ultimato, Ano XI, n.108, (abril, 1978), p.7.
2. Não há dados disponíveis do compositor no momento.
COMPOSITOR desta melodia, Giovanni Pierluigi da Palestrina, nasceu em 1525, duma família rica da
cidade de Palestrina na Itália. Seu nome da Palestrina deriva desta cidade.
O maior compositor de música sacra da Igreja Católica e da Escola de Roma (séc.16), Palestrina começou
como corista na Catedral de São Agapito. Em 1544, foi nomeado organista e regente da sua cidade natal.
Mais tarde, tornou-se Mestre Capela do Coro Julian, na Igreja de São Pedro, em Roma. Este gênio musical
compôs 100 missas, 200 motetos, 4 salmos, 25 Magnificats, além de ofertórios, hinos e outras composições
litúrgicas. Estas obras estão encadernadas em 33 volumes e foram publicadas por Breitkopf e Härtel entre os
anos 1862 e 1903.
Na sua música,
“Palestrina procurou criar delicadeza e beleza de som em vez de expressão forte e originalidade.
Suas obras são recomendadas como de qualidade excelente do prisma litúrgico e musical”.1
Por isso, muitos dão a Palestrina o crédito de ter salvo a música erudita católica das reformas restritivas
ditadas pelo concílio de Trento em 1562.
Ao morrer em Roma, em 2 de fevereiro de 1594, este ilustre compositor foi sepultado na cappella nuova
(nova capela) da velha Catedral de São Pedro.
A melodia VICTORY (Vitória), é uma adaptação feita por William Henry Monk das frases iniciais de Gloria
Patri et Filio (Glória ao Pai e ao Filho) do Magnificat tertii toni (Magnificat no terceiro tom), composto em 1591
por Palestrina.
O título provém da segunda frase da primeira estrofe do texto em inglês (Ver dados do destacado hinólogo
e compositor, W.H. Monk, no HCC 8).
(Ver dados deste hino e da sua tradutora Sarah Poulton Kalley no HCC 142)
1. SLONIMSKY, Nicolas., ed. Baker's biographical dictionary of musicians. 6ª ed. New York: Schirmer Books, 1978, p.1281.
“o mais nobre e aprazível dos liristas [escritor de textos de hinos e outras músicas] cristãos”,1
poeta clássico, trovador e escritor de hinos, nasceu na Itália. Em cerca de 566, passou à Gália, ou França,
e ali ficou. Educado com esmero, era um jovem alegre e romântico. Não havia castelo, ou palácio, que não
acolhesse este poeta e cantor inspirado. Ali cantava suas canções e participava das festas com alegria.
Tornou-se grande amigo da muito piedosa rainha Radegunda. Foi em grande parte devido à sua influência
que chegou ao sacerdócio, donde seguiu progredindo até chegar a ser o Bispo de Poitiers. A vida de
Fortunato não foi sempre irrepreensível, mas os três hinos de sua pena, que sobreviveram, são dos melhores.
A versão de Ellerton foi habilmente adaptada para o português pelo pioneiro hinista brasileiro, João
Gomes da Rocha, em 1898 e publicada na segunda edição de Psalmos e hymnos com músicas sacras, em
1889. Já constava junto ao hino naquela edição o versículo: “Estive morto, mas eis que estou vivo pelos
séculos dos séculos” (Apocalipse 1.18). (Ver dados do tradutor no HCC 2).
A melodia SALVE FESTA DIES (Barnby) foi composta para este hino pelo compositor inglês Joseph
Barnby. Recebe seu nome pelo título do hino na língua original.
Joseph Barnby (1838-1896) nasceu em York, na Inglaterra, em 12 de agosto de 1838, o último de sete
filhos, todos com talentos musicais. Desde cedo, Barnby se destacava como corista em York Minster, uma
região famosa pelos bons coros de meninos. Continuou o mesmo caminho tornando-se organista da sua
igreja aos doze anos e regente coral aos quatorze. Barnby recebeu bolsa de estudos e formou-se pela célebre
Academia Real de Música em Londres, onde fez estreita amizade com Arthur Sullivan. Brilhou como regente
coral e organista de algumas igrejas de renome. Reintroduziu o canto anual da Paixão de Cristo de São João,
de Johann Sebastian Bach. Sucedeu ao famoso compositor, Charles Gounod, como regente da Sociedade
Coral Real, agindo com sucesso incomum. Aliás, toda a sua fama como regente foi adquirida regendo coros
de amadores.
De acordo com Welsh e Edwards, seus contemporâneos, o sucesso de Barnby
“deve ser atribuído a sua vontade indomável, sua natureza agradável e franca e seu poder de
conservar as mentes dos seus coristas concentradas no seu trabalho. Seu sucesso também era
resultado da sua insistência numa pronúncia muito clara, que capacitava seus ouvintes a
compreenderem o que estava sendo cantado, sem ter o texto em mão”.2
Barnby foi Diretor de música da Faculdade Eton de 1875 a 1892 e, depois, Diretor da Escola de Música
Guildhall. Editou cinco hinários e compôs 246 melodias para hinos, algumas das quais estão entre as mais
lindas existentes. Compôs um oratório, diversas cantatas, muitos peças corais e outras músicas litúrgicas. O
Hinário para o culto cristão inclui mais duas das suas inesquecíveis melodias nos números 310 (LAUDES
DOMINI) (Os louvores do Senhor) e 597 (O PERFECT LOVE) (Perfeito amor). Este benquisto músico faleceu
em Londres, em 28 de janeiro de 1896. Suas melodias foram publicadas num só volume em 1897, após sua
morte.
1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.I, Dover Edition. New York: Dover Publications, 1957. p.644.
2. WELSH, R. & EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p.335.
“SEI QUE VIVE O REDENTOR, sei que há vida em seu favor, sei que numa cruz morreu, sei que reina lá
no céu”. Palavras vibrantes, escritas em 1867 por Antonio José dos Santos Neves (1827-1874), um dos
pioneiros da hinódia brasileira.
Leigo presbiteriano, Santos Neves professou a fé em 1863. Taquígrafo no Senado, pertenceu ao grupo de
fundadores do jornal Imprensa evangélica. Sua esposa era a diretora da escola paroquial da Igreja
Presbiteriana e organista da congregação. Poeta, ele também escreveu muitos hinos que foram publicados
pelo missionário pioneiro presbiteriano Alexander Blackford no hinário Cânticos sagrados. Outros hinários
evangélicos incluiram alguns destes hinos.
No Hinário para o culto cristão, este hino vitorioso está adornado com a expressiva música de Hiram
Simões Rollo Júnior.
“Na minha mente”, diz Hiram, “um texto alusivo à ressurreição de Jesus merecia uma música alegre
e vibrante. Assim nasceu a nova música.”1
O prof. Hiram dedicou esta melodia EQUATORIAL, composta em abril de 1989, ao Seminário Teológico
Batista Equatorial, em Belém, PA, onde ele se formou e onde dirigiu o Departamento de Música de 1988 até
abril de 1992, quando assumiu a Superintendência de Música na JUERP.
Este hino de Hiram mostra o quanto o espírito nordestino influenciou a sua música, tanto melódica quanto
rítmica e harmônicamente. Ele testifica:
O mundo evangélico também lucrou com esta experiência. (Ver dados biográficos do compositor no HCC
21).
COM FÉ absoluta na segunda vinda de Cristo, John Willard Peterson escreveu estas vibrantes palavras e
as musicou:
Peterson publicou o hino no primeiro volume da revista coral chamada Songster (Coralista), em 1957.
Editou esta revista alguns anos para a editora coral Better choirs (Melhores coros), e depois para a editora
Singspiration.
John Willard Peterson nasceu em Lindsborg, Estado de Kansas, EUA, caçula duma família sueco-
americana cristã muito musical. Foram membros da Igreja Missionária do Pacto e ativos na difusão de
programas evangélicos pela rádio. Seu pai faleceu quando John tinha quatro anos.
Peterson converteu-se aos doze anos e escreveu seu primeiro hino aos dezessete. Durante a segunda
guerra mundial, foi piloto na Força Aérea, voando a perigosíssima rota sobre as montanhas Himalaias, na
Ásia. Durante os seus estudos, após a guerra, no Instituto Bíblico Moody, em Chicago, Estado de Illinois,
serviu na famosa MBI, difusora daquela instituição. Formou-se pelo Conservatório Americano de Música,
também de Chicago, em 1953.
Em 1954, Peterson foi convidado para fazer parte da Singspiration, publicadora de música evangélica com
a qual produziria mais de 1.000 hinos e cânticos e inúmeros antemas corais. Suas cantatas, das quais foram
vendidos até agora mais de oito milhões de exemplares, são muito cantadas e usadas por Deus no Brasil e ao
redor do mundo. Destacam-se Eu vos envio, Maior amor (JUERP), Noite de milagres, Jesus voltará, Rei dos
reis e muitas outras. Por mais de dez anos Peterson serviu como presidente e redator-chefe daquela editora.
Em 1967, Peterson recebeu doutorados em Música Sacra, Divindade, e Belas Artes (honoris causa) de
instituições evangélicas. Recebeu várias outras honrarias nacionais e internacionais.
Peterson reside atualmente em Scotsdale, Estado de Arizona, continuando a escrever música e a servir
nas juntas de várias organizações de música evangélica. Sua autobiografia The miracle goes on (O milagre
continua), foi publicada pela editora Zondervan em 1977 e o filme do mesmo título foi produzido pela Gospel
Films. O nome de Peterson consta nas listas de Who's who in America e Who's who in the world (Quem é
quem na América e Quem é quem no mundo).
O nome da melodia COMING AGAIN, (Voltando outra vez) ecoa as palavras do coro e a afirmação central
do hino de Peterson.
A tradução da letra foi feita pela habilidosa pena do Dr. Werner Kaschel, em 1990, como membro da
Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 38).
COM A REFERÊNCIA bíblica de João 14.3, este hino de H.L. Turner, sobre a segunda vinda de Cristo, foi
publicado em 1878 no hinário de Ira D. Sankey, Gospel hymns, n.3 (Hinos do evangelho) (ver HCC 112).
O hino faz perguntas que todos os que aguardam a volta de Cristo fazem: “Será de manhã, de tarde, ou
de noite?” Afirma, também, o que está em nossos corações:
SOBRE ESTE HINO, escrito em 1987, seu autor e compositor, Almir Rosa fala:
“Um dos meus temas preferidos é a volta de Jesus. Tenho escrito alguns hinos sobre este tema. Esta
linguagem de Jesus, [a parábola da figueira] era sem dúvida, muito conhecida pelo povo do seu
tempo. Fui utilizar também uma linguagem por demais conhecida do nosso povo, principalmente o
homem do campo. Aqui no Brasil, quando nós pensamos em terra seca e falta de chuva, não
podemos esquecer do drama que o povo nordestino vive cada ano com a expectativa de uma chuva
que sempre demora a chegar, sendo ela de uma importância inestimável para aquele povo tão
sofrido.”1
COMPARAÇÃO, o nome da melodia, chama atenção à comparação que o autor faz entre a linguagem
brasileira da terra seca e a chuva e a de Jesus, na parábola da figueira, e seu ensino sobre a nossa espera
por sua vinda. Almir, para que a música caracterizasse a mensagem, utilizou sons de “uma das músicas
regionais mais ricas do mundo” 2 (Ver dados de Almir Rosa no HCC 110).
A primeira publicação deste hino foi pela Junta de Mocidade da Convenção Batista Brasileira (JUMOC) no
seu hinário Cânticos do congresso, Despertar 89.
A autora deste livro ensinou este hino a queridos irmãos obreiros do Piauí e do Maranhão. Aprenderam
muito rapidamente e amaram este hino! Queriam ouvir muito mais hinos com características musicais da sua
região.
FOI NO OUTONO de 1861 que a escritora Julia Ward Howe e seu marido, um médico a serviço do governo dos
Estados Unidos, mudaram-se para Washington D.C., capital.
Julia, abolicionista, mas pacifista, angustiou-se ao ver a atmosfera de ódio e as preparações frenéticas para uma guerra
entre os Estados. Dia após dia as tropas passaram por sua porta, cantando John Brown's body (O corpo de John Brown),
canção de melodia contagiante que contava a história da morte de John Brown, com alguns dos seus filhos, num violento
esforço individual de acabar com a escravidão. Um dia, enquanto ouviam as tropas cantando, um visitante do casal, o
pastor da sua igreja anterior, conhecendo a sua habilidade de poetisa, virou-se para Julia e a desafiou:
−Porque a senhora não escreve palavras decentes para aquela melodia?
−Farei isto! − respondeu Julia.
As palavras vieram a ela antes do novo amanhecer.
A senhora Howe relata:
Assim nasceram palavras “decentes” e empolgantes para aquela melodia muita conhecida, que surgira nos camp
meetings (ver HCC 190) do Sul, anos antes da guerra civil. 2 Em pouco tempo, todo o Norte estava cantando a letra de
Julia Ward Howe. O hino foi publicado no periódico mensal Atlantic monthly (Revista mensal atlantic) em Boston, Estado
de Massachusetts, em fevereiro de 1862. Conta-se que a primeira vez que o Presidente Lincoln ouviu o hino, chorou e
pediu: “Cante-o mais uma vez!”3
Ao longo dos anos, o hino perdeu qualquer resquício de partidarismo e tornou-se um dos hinos mais amados dos
Estados Unidos. Arranjos maravilhosos deste hino foram feitos por compositores de renome e cantados nos momentos
mais solenes do país. Foi cantado na posse do Presidente Lyndon Johnson, e, tornando-se internacional, no culto funerário
de Winston Churchill4, como planejado por ele mesmo.
Julia Ward Howe, (1819-1910) nascida em Nova Iorque numa família de distinção, se unia com seu marido, o Dr.
Samuel Gridley Howe, em obras humanitárias. Foi pioneira no movimento para o voto feminino, abolicionista ardente,
pacifista e muito ativa nas obras sociais. Tornou-se oradora destacada de muita influência. Em 1870, organizou uma
cruzada com este alvo: que as mulheres do mundo se organizassem para acabar com a guerra de uma vez por todas.
Pregava freqüentemente na sua denominação e em outras. Julia publicou, entre outros escritos, três volumes de poesia. Em
1910, doze dias antes da sua morte, foi lhe conferido um Doutorado em Direito (honoris causa) em homenagem às suas
muitas realizações humanitárias.
Nas mãos do inesquecível Ricardo Pitrowsky este hino tornou-se um hino triunfante da volta de Jesus, assunto que
empolgava este servo de Deus. Sua excelente adaptação da letra de Julia Ward Howe fizeram o hino amado em toda a
nação brasileira. Ao fazê-la Pitrowsky escreveu:
Este hino é a expressão da gloriosa esperança da segunda vinda de Jesus a este mundo, para ser, no fim,
vitorioso sobre todas as forças do maligno. Isto nos dá coragem para proceder na sua obra.5
1. HOWE, Julia Ward. Em: OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982, p.35.
2. NATHAN, Hans. no livro A history of song, chama este hino de “hino de William Steffe para o movimento Sunday-School (Escola Dominical)”, sem perceber que a melodia não
escrita nascera anteriormente nos camp meetings. Nathan continua: “este gênero religioso foi ocasionalmente cultivado por escritores de cânticos seculares, [como no caso de Tramp!
Tramp! Tramp!, de G.F. Root]. (NATHAN, Hans. Em: STEVENS, Denis, ed. New York: W.W. Norton & Company Inc., 1960, p.421) Dessa mesma maneira foi apropriada para a
canção de guerra que a autora desse hino ouviu.
3. OSBECK. Ibid.
4. Famoso primeiro ministro da Grã Bretanha, líder, herói internacional e historiador da 2ª. Guerra mundial.
5. PITROWSKY, Ricardo. Em: PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist Theological
Seminary, 1985. p.177.
ESTE HINO, sobre a glória da segunda vinda do Senhor e como nós devemos estar preparados para ela,
foi escrito por Eliza E. Hewett e musicado por John R. Sweney, aparecendo pela primeira vez no hinário
Songs of love and praise, n.4 (Hinos de amor e louvor) em 1897, compilado por Sweney e seus parceiros. A
autora nos recorda que o Senhor “sem aviso do céu descerá”, e nos exorta: “Estejamos alertas, servindo em
amor, vigiando ao voltar o Senhor”. Amamos a sua vinda? É real para nós? O que estamos fazendo para
apressar aquele dia?
Eliza Edmunds Hewett (1851-1920), escritora de mais de 1.500 textos para hinos, nasceu em Filadélfia,
Estado de Pensilvânia, EUA. Educada nas escolas públicas, formou-se pela Escola Normal da sua cidade
natal, com honras. “Lida”, como às vezes era chamada, foi professora por alguns anos até que uma dolorosa
doença na coluna forçou-a a deixar seu trabalho. Esta experiência levou-a a ter um relacionamento estreito
com Deus e as Escrituras, e lhe deu um desejo de escrever, compartilhando suas experiências com outros.
Tornou-se escritora prolífica para Escolas Bíblicas Dominicais, e de poesia para crianças. Grande amiga de
Fanny Crosby, as duas se encontravam para ter comunhão. Sua poesia, “se menos polida e refinada do que a
de Fanny, tinha a simplicidade que era tão essencial ao gospel hymn (ver HCC 112) com o profundo fervor, a
sinceridade, e a subjetividade” tão características desses hinos.
1
Depois de alguns anos acamada, Eliza Hewett conseguiu voltar a trabalhar na igreja e especialmente na
EBD. Também deu muito do seu tempo ao Lar do Norte para crianças abandonadas. O Hinário para o culto
cristão inclui ainda os hinos Meu coração descansa em Deus (336), Mais de Cristo (364), também com a
melodia de Sweney, e Lá no céu moraremos (583) desta dedicada autora.
Uma das perguntas feitas pela autora, na versão original deste hino, foi: “When through wonderful grace
by my Savior I stand, will there be any stars in my crown?”. (Quando pela maravilhosa graça eu estiver ao lado
do meu Salvador, haverá estrelas na minha coroa?) Por isso a Comissão do Baptist hymnal (Hinário Batista)
de 1956 deu à melodia o nome STARS IN MY CROWN (Estrelas na minha coroa).
Werner Kaschel, membro da Subcomissõo de Textos do HCC, fez uma adaptação bem extensa do hino
de Eliza Hewett em 1990. (Ver dados biográficos de Kaschel no HCC 38)
John Robson Sweney (1837-1899) foi um dos principais compositores e publicadores a musicar os hinos
de Lida Hewett, embora a lista incluísse outros compositores de gospel hymns como William Kirkpatrick,
Charles Gabriel e B.D. Ackley. Sweney, líder muito influente do movimento gospel hymns, também musicou
tex-tos famosos de Fanny Crosby. Foi um apreciado diretor de música para as conferências bíblicas por todo
o país norteamericano. Compôs mais de mil melodias e colaborou na publicação de mais de sessenta
coletâneas de gospel hymns, músicas para as EBDs e músicas corais.
Sweney nem sempre dedicou seus talentos à hinódia. Até 1871, a maior parte das suas composições foi
de natureza secular. Mas naquele ano ocorreu uma crise espiritual na sua vida e durante os 28 anos
seguintes dedicou sua vida a ministérios cristãos. Foi por muitos anos diretor de música da Igreja
Presbiteriana Betânia, em Filadélfia, EUA.
No culto fúnebre de John Sweney, Ira D. Sankey cantou Beulah land (Oh, bela terra de esplendor!, CC
481) que Sweney havia composto 25 anos antes.
O SILÊNCIO o perturbou. Tomava parte numa reunião da mocidade da Pine Street Church, uma modesta igreja
metodista no Estado de Pensilvânia, EUA. No início do programa daquela noite foi feita a chamada, e cada pessoa, ao
ouvir o seu nome, em vez de responder “presente”, recitava um versículo bíblico. Noventa e oito jovens já haviam
respondido, mas o número 99 não se pronunciou. A secretária chamou outra vez. O silêncio continuou. O professor James
Milton Black levantou-se e, pela terceira vez chamou aquele nome. Conhecia bem a menina, pois ele mesmo algum tempo
atrás a convidara a freqüentar a igreja. Pertencia a uma família muito pobre, cujo pai gastava tudo que ganhava em
bebidas.
O fato da menina não ter respondido à chamada impressionou grandemente o Prof. Black. Naquela noite, voltando
para casa, ele pensou: “E, se ela nunca mais responder, que acontecerá?” Sob a impressão desta dúvida, naquela mesma
noite, ele escreveu:
Mais quinze minutos e ele escreveu mais duas estrofes. Ao terminar a poesia, foi ao piano e escreveu a música nota
por nota, exatamente como nós a conhecemos hoje.
Mais tarde, Black verificou que aquela menina não estivera presente à reunião porque se achava gravemente enferma,
vindo a falecer depois.1
Assim Bill Ichter nos conta a história deste hino no volume 2 da série Se os hinos falassem. O hino apareceu pela
primeira vez em 1892, no hinário Songs of the savior's love (Cânticos do amor do Salvador), embora o copyright de Black
tenha a data de 1893.
James Milton Black (1856-1938), membro muito ativo na Igreja Metodista, estudou canto e órgão desde cedo e
tornou-se professor das escolas de canto (ver Singing schools, HCC 59) que a igreja mantinha. Dedicou-se ao serviço
social da sua igreja e da sua comunidade, como também à Escola Bíblica Dominical e à mocidade. Escritor de
provavelmente mais de mil hinos, letra e música, Black também foi editor de mais de uma dúzia de coletâneas, sendo a
mais popular dessas Songs of the soul (Cânticos da alma), volumes 1 e 2, publicadas em 1894 e 1896. Amplamente usadas
em conferências evangelísticas, seu uso se alastrou ao redor do mundo.
O nome da melodia ROLL CALL (Chamada) foi escolhido pela comissão do Baptist hymnal (Hinário Batista) de
1956, lembrando a chamada para a qual todo crente tem certeza que vai responder: “presente”!
A tradução deste hino para o Cantor cristão, e também para o Hinário para o culto cristão, foi feita pelo dedicado
missionário Albert Lafayette Dunstan. Nascido no condado de Jackson, Estado de Georgia, EUA, em 14 de julho de
1869, foi comissionado como missionário para o Brasil com sua esposa Sallie Silvey Dunstan em 28 de junho de 1900,
chegando ao Brasil em 1901. Começaram o seu trabalho em Campos, RJ, em 1902. Dunstan enfrentou duras dificuldades
naquele ministério por causa da oposição do Pr. Antônio Campos. Em 1906, quase morreu de febre amarela. Entretanto,
fez um grande trabalho de desenvolvimento do Campo Fluminense, conseguindo ensinar às igrejas a contribuir para o
sustento dos pastores e das missões. Para sua felicidade, fez parte da primeira Junta de Missões Nacionais.
Sendo transferido para a expansão do evangelismo no Estado de São Paulo, o casal trabalhou na cidade de Santos
alguns anos. Em 1908, recomeçou o trabalho na cidade de Campinas, ficando lá até 1911. Em 1910, Dunstan foi a Porto
Alegre e ajudou a iniciar a obra no Estado de Rio Grande do Sul, fundando a Primeira Igreja Batista. O casal então
mudou-se para aquele Estado em 1911, onde dedicou-se “por longos anos a um dos mais difíceis trabalhos do Brasil”.2
Havia muita perseguição nos primeiros anos, e sempre escassez de obreiros. Além disso, havia isolamento do resto do
trabalho batista no Brasil. Entretanto, foi possível fundar sete igrejas em sete anos naquele Estado. Em 1931, Dunstan
mudou-se para Pelotas, onde trabalhou muitos anos, fundando, inclusive, um pequeno colégio.
Dunstan entendia a importância da música para o desenvolvimento da obra. Traduziu alguns hinos e, com a
colaboração do missionário Edward Joiner, compilou e publicou dois pequenos fascículos de Hymnos escolhidos, de 36 e
37 hinos (a maior parte com letra e música), preenchendo em parte a necessidade de hinários naquela região. Albert
Dunstan continuou seu ministério com fidelidade até 2 de junho de 1937, quando faleceu.
1. ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem. v.2, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. pp.63-64.
2. MESQUITA, Antônio N. de. História dos batistas do Brasil, de 1907 até 1945. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1962. p.247.
“A melodia simplesmente veio a mim, quase como se fosse um presente. Procurei então escrever
uma letra apropriada à música.”1
O hino foi muito popular desde o começo. Publicado pela primeira vez no hinário New evangel (Novo
evangelho), no Estado de Texas, EUA, no mesmo ano foi traduzido para muitas línguas, aparecendo em
hinários de muitos países.
John (Jack) P. Scholfield, (1882-1972) nascido no Estado de Kansas, EUA, formou-se pela Universidade
Baker e, por um tempo, exerceu o magistério. Dotado de bela voz e de paixão pelas almas, tornou-se um
cantor-evangelista, associando-se com alguns dos mais conhecidos evangelistas da sua época. Mais tarde
uníu-se à Junta de Missões Nacionais dos Batistas do Sul (Richmond). Scholfield escreveu diversos gospel
hymns (ver HCC 112), a maior parte comprada por Robert H. Coleman, publicador de muitas coletâneas.
RAPTURE (Arrebatamento ou enlevo) é o nome da melodia escolhida pelo compositor para o Baptist
hymnal (Hinário Batista), publicado em 1956 pela Broadman Press. A palavra procura descrever a real
felicidade que o cristão experimenta no dia a dia com seu fiel amigo e Salvador, Jesus. “Vivo na luz, meu
amigo é Jesus, sou feliz, feliz!”
O ilustre missionário, William Edwin Entzminger, responsável por 72 das letras e traduções da 36ª
edição do Cantor cristão, traduziu as primeiras três estrofes do hino. Embora não tenhamos a data da sua
tradução, sabemos que fez parte de Lyra cristã, hinário de sessenta hinos compilado por Entzminger em 1919
- o primeiro hinário com música publicado pela Casa Publicadora Baptista do Brasil (hoje JUERP). Entzminger
publicou aquele hinário por ser financeiramente impossível publicar, como desejava, um “Cantor christão com
música”.2 (Ver dados de Entzminger no HCC 91).
David William Hodges escreveu a quarta estrofe do hino para o Hinário para o culto cristão em 1989, por
sugestão da coordenadora da Comissão do HCC, Joan Larie Sutton, que o hino tivesse mais uma estrofe de
sentido mais evangelístico. (Ver dados de Hodges no HCC 1)
1. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.119.
2. ENTZMINGER, William E., ed. Lyra cristã, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil (JUERP), 1919.
O AUTOR Walter John Mathams compôs este hino para o hinário Psalms and hymns for church and home
(Salmos e hinos para a igreja e o lar) publicado pela União Batista da Grã-Bretanha em 1882. Foi colocado na
seção Deus-Filho, Amigo no Hinário para o culto cristão, mas serve bem para o Dia das crianças e para
ensinar às crianças na EBD.
Na Igreja Batista do Lago Norte, em Brasília, DF, e provavelmente em outras igrejas, há participação de
famílias da igreja durante o mês de maio, o Mês do lar nas igrejas batistas brasileiras. Este hino seria uma
ótima escolha para uma família com crianças menores cantar.
Walter John Mathams (1853-1931), nascido em Bermondsey, bairro de Londres, tornou-se marinheiro
muito cedo na vida. Teve uma carreira de muitas aventuras, inclusive a participação na corrida ao garimpo do
Alasca. Depois de voltar pela Terra Santa em uma das suas viagens, resolveu estudar para o ministério
pastoral. Formou-se pela Faculdade Regent's Park e aceitou o pastorado da Igreja Batista de Preston,
condado de Lancashire. Por causa da sua saúde, em 1879 viajou para a Austrália e outros países. Depois de
quatro anos, voltando à sua terra natal, pastoreou mais duas igrejas. Ainda serviu como capelão nas forças
inglesas no Egito, onde seus marcantes dons no trabalho com homens se manifestaram. Depois de mais dois
pastorados, aposentou-se em 1919. Mathams era um pregador excepcional. Escreveu diversos livros muito
difundidos e muitos hinos. Publicou At Jesus' feet (Aos pés de Jesus), um pequeno volume de hinos e
poemas em 1876.
A tradutora da primeira estrofe deste hino, a talentosa missionária Edith Caroline Ayers Allen, nasceu na
cidade de Fort Smith, Estado de Arkansas, EUA, em 10 de dezembro de 1892. Bacharelou-se em Música e
Artes pela Faculdade Converse, em Spartanburg no seu Estado natal, em 1916. Ainda fez o Curso Normal da
Faculdade do Estado de Arkansas, e a Escola de Treinamento da União Missionária Feminina (hoje, Escola
Carver de Missões e Serviço Social), de 1919 a 1921.
Antes de ser comissionada como missionária da Junta de Richmond, em 6 de setembro de 1921, D. Edith
serviu como obreira educacional da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Lá conheceu o missionário, o pr.
William Edison Allen, professor (mais tarde, diretor) do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Foram
casados em 19 de junho de 1922 pelo pr. F.F. Soren.
Esta dedicada missionária teve uma longa folha de serviço ao Senhor. Foi uma amada professora de
religião no Colégio Batista Shephard, e no Instituto de Treinamento Cristão [ITC, depois, Instituto Batista de
Educação Religiosa (IBER) e hoje CIEM - Centro Integrado de Educação e Missões] e nos treze anos antes
de se aposentar, dirigiu o Departamento bíblico da instituição.
Esta professora também era escritora. Compilou e traduziu livros, textos para as matérias que ensinou,
especialmente na área do Antigo Testamento e arqueologia. Mapas e mostruários preparados por ela
continuam a ser apreciados pelas alunas e pelos visitantes no IBER.
Contribuiu para O Jornal Batista com uma coluna sobre notícias internacionais além de editar a página da
União Feminina Missionária, à qual serviu como presidente e secretária-correspondente no então Distrito
Federal (RJ) por muitos anos. D. Edith ainda escreveu um livro para o estudo sobre missões, Keys to Brasil,
(Chaves para o Brasil), publicado pela Broadman Press, em 1951.
Exímia musicista, D. Edith preparou duas excelentes coletâneas para crianças. Além da A palavra
cantada, (1940 - Casa Publicadora Batista) ainda compilou Cânticos para crianças, 1ª edição, sem data e 2ª
edição com 162 hinos, também publicada pela CPB, em 1943. Estas coletâneas continuam a fornecer
cânticos que são usados nas Escolas Bíblicas Dominicais em todo o Brasil. D. Edith também foi a organista da
Igreja Batista Itacuruçá, RJ, por muitos anos.
Sempre se aprimorando nos estudos para melhor servir ao Senhor, D. Edith fez Mestrado pelo Seminário
Teológico Batista do Sul, em Louisville, KY, terminando em 1945.
As palavras do pr. Daniel Soares dos Reis mostram algo deste casal:
Depois de aposentar-se em 1962, o casal Allen residiu em Wingate, Carolina do Norte. D. Edith descansou
no Senhor em 9 de junho de 1979, aos 87 anos e o seu companheiro no serviço do Senhor, o Dr. William
Edison Allen, em 5 de junho de 1985, aos 93 anos.
A segunda estrofe deste singelo hino foi publicada na coletânea Canticos de salvação para crianças, v.I,
em 1942. As traduções desta coletânea foram feitas por Maria Olinda Siqueira e pelo Dr. Antônio Almeida
(ver HCC 118).
Estas duas versões foram adaptadas na coletânea Coros juvenis, publicada pela Casa Publicadora Batista
(JUERP) em 1966 e unidas à música de Alta C. Faircloth.
A compositora Alta Cook Faircloth nasceu em Valley Mills, Estado de Texas, EUA, em 8 de novembro de
1911. Bacharelou-se pela Faculdade de Louisiana e lecionou em escolas públicas por alguns anos. Assumiu
então o cargo de assistente do diretor e supervisora de música do Lar Batista de Louisiana, em Monroe.
Durante aquele tempo, serviu como regente e acompanhadora de coros, na comunidade e também na Igreja
Batista College Place.
D. Alta começou a trabalhar com o Departamento de Música Sacra da Junta Batista de Escolas
Dominicais em 1951. Lá fez um significativo trabalho editorial nas publicações musicais do departamento até
sua aposentadoria em 1976. Compositora de numerosos hinos e antemas corais, a sra. Faircloth também
compilou e arranjou três coletâneas para vozes femininas. Serviu na comissão editorial dos notáveis hinários
Baptist hymnal (Hinário Batista) dos anos 1956 e 1975 e Christian praise (Louvor cristão - 1964).
1. REIS, Daniel Soares dos. Pastor William Edison Allen e D. Edith Ayers Allen, O Jornal Batista. 1985.
O MISSIONÁRIO Henry Maxwell Wright foi um evangelista de muito sucesso. Trabalhou, com magníficos
resultados, para ganhar almas em muitos países do mundo, num tempo em que as viagens eram longas e
difíceis: Inglaterra, Escócia, Portugal (onde nasceu), os Açores e, extensivamente, Brasil.
Durante suas quatro longas viagens evangelísticas a este país, trabalhou no Norte, de Belém a Santarém;
no Nordeste, em Pernambuco e Bahia; no Sudeste, no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, e até no
Paraná, no Sul. Wright não fez tudo isso sem dificuldades. Contraiu impaludismo em Pernambuco, e passou
diversos anos muito doente. Passou um período de cinco anos na Inglaterra, onde sofreu nove intervenções
cirúrgicas. “Hinólogo dos mais expressivos”,1 escreveu perto de 200 hinos e coros.
Podemos imaginá-lo, depois de mais uma dolorosa operação, com sua Bíblia aberta, em oração com seu
Salvador. Certamente, foi num tempo como este, em 1901, que Deus lhe deu este hino de devoção,
Rafael D. Grullón (1933- ), nascido em São Domingos, Capital da República Dominicana, é contador
público autorizado e gerente administrativo. No entanto, dedica boa parte de seu tempo e esforço às suas
atividades como membro da Igreja Metodista Livre. É auxiliar do seu pastor. É Presidente da Comissão
Nacional de Ministérios Especiais da sua denominação, atividade que abrange a música. Organizou e dirige a
Agrupación coral Arpa evangélica (Grupo coral Harpa evangélica) desde 1968, que tem feito diversas viagens
a outros países. Já escreveu mais de duzentos hinos e cânticos espirituais.
Grullón compôs a melodia INMOLADO para sua letra Jesucristo fue inmolado (Jesus Cristo foi imolado)
em 1960, próximo à Semana Santa, época do ano que muito o inspira a escrever hinos.
A música de Grullón é, reconhecidamente, mais apropriada para coro. Assim, o arranjo congregacional foi
feito em 1977 pelo músico norte americano Hermon Warford, Junior (1932- ), professor e técnico de piano e
pianista na sua igreja batista.
Warford contribuiu com quatro arranjos para o Himnário Bautista, publicado em 1978 pela Casa Bautista
de Publicaciones para as igrejas de fala castelhana na América Latina. Algumas alterações foram feitas no
arranjo de Warford para o Hinário para o culto cristão.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1960. p.233.
2. Ibid.
“Um amigo verdadeiro é aquele que nos conhece muito bem, mas nos ama assim mesmo”.1
Um bom amigo nos aceita como somos, continua ao nosso lado tanto nos bons momentos como nos maus, está pronto
a nos ajudar em tempo de necessidade e tristeza.
“Foi porque o autor deste hino, Joseph Scriven, achou um verdadeiro amigo em Jesus, que decidiu passar sua
vida inteira mostrando real amizade a outros”.2
Joseph Medlicott Scriven (1819-1886) nasceu em Seapatrick, condado de Down, Irlanda, filho de um capitão da
Marinha Real, e sobrinho dum pastor. Formou-se na célebre Faculdade Trinity de Dublin, capital. Possuía fortuna,
educação, uma família que o amava e uma vida cheia de alegria. Estava prestes a casar-se com uma bela moça. Então,
tragédia inesperada lhe sobreveio. Na noite anterior às suas almejadas núpcias, sua noiva afogou-se!
“Na sua tristeza profunda [e na melancolia que o perseguiria durante toda a sua vida], Joseph reconheceu que
somente no seu amigo mais querido, Jesus, poderia achar o consolo e o sustento de que precisava.”3
Começara a carreira militar, mas sua saúde precária forçou-o a abandonar este sonho. Pouco tempo depois, Scriven
decidiu emigrar para o Canadá. Mudou completamente o seu estilo de vida. Estabeleceu-se em Port Hope, orovíncia de
Ontário, e propôs no seu coração que se dedicaria a ser amigo e auxílio aos outros. Professor por profissão, trabalhou, sem
pagamento, para qualquer pessoa que precisasse dele. Doava sua própria roupa e outros pertences a qualquer pessoa
necessitada. Tornou-se conhecido como “O bom samaritano de Port Hope”.
Uma vez um novo vizinho procurava quem lhe cortasse lenha. Vendo as ferramentas de Scriven, procurou se
informar sobre ele.
−O senhor não pode empregar aquele homem, lhe disseram.
−É o senhor Scriven. Não cortará lenha para o senhor.
−Por que não? −perguntou o homem.
−Porque o senhor pode pagar. Ele somente corta lenha para viúvas e inválidos.4
Scriven sofreu outra perda devastadora. Noivo pela segunda vez, no Canadá, sua pretendida adoeceu gravemente,
vindo a falecer. Ele também sofreu financeira e fisicamente. Com muita razão, Bill Ichter intitulou sua comovente história
sobre a vida deste bom homem: Um homem marcado pela tragédia. 5
Foi ao ouvir da enfermidade da sua mãe em 1855, que Scriven, numa carta para ela, incluiu as comoventes palavras
deste hino para o seu conforto, mensagem experimentada por ele dia após dia. Não pensou que outros fossem ver suas
palavras. O hino foi publicado anonimamente. Até pouco tempo antes da sua morte, ninguém sabia deste dom poético de
Scriven. Foi um vizinho, que foi ajudá-lo durante uma enfermidade, que viu a poesia, rabiscada num papel ao lado da sua
cama.
Depois, Scriven publicou uma pequena edição dos seus poemas, Hymns and other verses (Hinos e outros versos), em
1869.
Scriven afogou-se num riacho pertinho da casa do seu vizinho amigo. Supõe-se que foi num delírio, porque
continuava bem doente, e com muita febre. Estava debruçado, como se estivesse orando. Seus vizinhos de Bewdley e dos
arredores,
“erigiram três monumentos à memória desse humilde emigrante que veio da Irlanda e proporcionou tanta alegria
a tantas pessoas”.7
A mensagem de conforto de Scriven tem alcançado os corações de milhões, porque é um dos hinos mais cantados ao
redor do mundo. Depois de mais de um século, continua em grande demanda.8
O hino aparentemente apareceu anonimamente pela primeira vez em 1857, no hinário Spirit minstrel: A collection of
hymns and music (Trovador espiritual: coleção de hinos e melodias), de J.B. Packard.
Habilmente traduzido pela operosa missionária pioneira Kate Stevens Crawford Taylor, nos primeiros anos do
trabalho batista no Brasil, este hino tornou-se um dos mais cantados por evangélicos brasileiros. (Ver dados biográficos de
Kate Taylor no HCC 112)
Sankey (ver HCC 112) e Bliss (ver HCC 117) estavam para publicar Gospel hymns n.1, (Hinos gospel n.1), em 1875.
Depois de completar a coleção, Sankey, lendo um panfleto de hinos para a Escola Dominical, descobriu o hino de Scriven,
ligado à melodia do seu amigo Charles D. Converse. Gostou muito. Achou que fosse do “Príncipe dos hinistas escoceses”,
Horation Bonar (ver HCC 67). Desejoso que este hino estivesse nesse hinário, colocou-o no lugar de outro de Converse.
“Assim o último hino que entrou no hinário tornou-se um dos primeiros em preferência”.9
Mais tarde, Sankey soube, dos amigos de Scriven, de quem foi este hino tão importante.
Charles Crozat Converse (1832-1918) nasceu em Warren, Estado de Massachusetts e foi educado na Academia
Elmira na cidade de Nova Iorque. Associou-se com William B. Bradbury (ver HCC 173) e Ira D. Sankey na compilação e
edição de hinários para Escolas Dominicais, usando o pseudônimo Karl Reden, forma alemã do seu nome. Mais tarde,
estudou música erudita no Conservatório de Leipzig, na Alemanha, onde conheceu Franz Liszt e Louis Spohr. Voltando
aos Estados Unidos em 1859, estudou Direito na Universidade de Albany, Nova Iorque. Praticando a advocacia com
muito sucesso em Erie, Estado de Pensilvânia, continuou como músico e escritor, interessando-se também em Filosofia e
Filologia. Compôs melodias para hinos, quartetos mistos, antemas corais, cantatas e oratórios patrióticos, quartetos e outra
música para cordas e duas sinfonias. A Faculdade Rutherford (Nova Iorque) lhe conferiu o Doutorado em Letras (honoris
causa), em 1895. Converse faleceu em Highwood, Estado de Nova Jersey.
O nome da melodia, CONVERSE, homenageia este destacado compositor. Foi composta em 1868 e apareceu na sua
coletânea Silver wings (Asas prateadas), em 1870 sob seu pseudônimo: Karl Reden.
1. BARROWS, Cliff, ed. Crusade hymn stories. Chicago, IL: Hope Publishing Company, 1967. p.39.
2. OSBECK, Kenneth W. Amazing grace. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. p.19.
3. Ibid.
4. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P. W. Zeigler Co. 1906. p.334.
5. ICHTER, Bill H.. Se os hinos falassem, v.1. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP). s/d. p.25.
6. SANKEY. Loc. cit.
7. ICHTER. Op, cit. p.28.
8. POSEGATE, Robert D. What a friend we have in Jesus. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church, Worship leader's edition. Carol Stream, IL: Hope Publishing
Company, 1990. n.622.
9. SANKEY. Op.cit. p.335.
Seus textos são marcados pela objetividade do alvo, simplicidade da linguagem, e grande
sinceridade. O ritmo é bom e uma ternura expressiva permeia muitos deles.2
James George Deck (1802-1884), de Bury St. Edmunds, Inglaterra, foi educado para o exército e tornou-
se oficial no exército da Índia. Unindo-se a “Os irmãos”, aposentou-se do exército. Tomou a direção de uma
congregação em Wellington, no condado de Somerset em 1843. Em 1852, emigrou para a Nova Zelândia. Os
hinos de Deck, publicados em primeiro lugar em diversos hinários da sua denominação, na Inglaterra e na
Austrália, foram ganhando espaço em muitos outros hinários. Seis dos seus textos apareceram no hinário
Hinos e cânticos espirituais (hoje Hinos e cânticos), o segundo hinário evangélico no Brasil, cujas primeiras
edições foram editadas por Richard Holden em 1876 e 1879. Embora o hinário, como outros da sua época,
somente indicasse o tradutor, isto foi retificado na quinta edição com música de 1986. Três hinos de Deck
também aparecem no pequeno hinário Cristo nos cânticos (c.1985).
(Ver dados biográficos do tradutor, o missionário pioneiro e grande hinista, Richard Holden, no HCC 42).
Arthur Henry Mann compôs a aprazível melodia ANGEL'S STORY (História dos anjos) para o hino I love
to hear the story which angel voices tell (Gosto de ouvir a história que as vozes dos anjos contam) de Emily
Huntington Miller. Publicou o hino na coletânea The Methodist sunday school hymnbook (O hinário Metodista
para a escola dominical), em 1881. Pela beleza desta melodia, desde então tem sido escolhida para outros
textos também, e aparece em muitos hinários ao redor do mundo.
Arthur Henry Mann (1850-1929), nasceu em Norwich, no condado de Norfork, Inglaterra. Treinou-se
como corista na Catedral de Norwich, e bacharelou-se pela Faculdade New College, de Oxford, onde fez
Doutorado em Música, em 1882. Depois de servir como organista por curtos períodos em algumas igrejas, foi
chamado para King's College Chapel em Cambridge, “onde serviu com distinção por 53 anos”. 3 Mann compôs
muitas melodias para hinos, antemas corais e peças para órgão. Bom professor, era autoridade sobre a
música de Handel (ver HCC 106) e mestre no desenvolvimento de coros de meninos. Foi editor musical do
hinário The church of England hymnal (O hinário anglicano), de 1895.
1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology. v.2, Second Revised Edition with New Supplement, New York: Dover Publications, 1907. p.1143.
2. FONSECA, João Soares da. Carta à autora em 6 de agosto, de 1991.
3. A cappella: “Escrito para a capela” - “canto coral sem acompanhamento instrumental ou com acompanhamento em uníssono ou oitavas, sem partes
independentes. Às vezes é sinônimo de canto orfeônico.” (FUX, Robert. Dicionário enciclopédico da música e músicos. Korani, Hans, org., ed. Brasileira, São Paulo:
Gráfica São José, 1957. p.6.
“Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que por alguém bondoso
alguém ouse morrer. Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos
pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5.7-8).
Jesus disse:
“Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15.13).
Foi isto que ele fez! Enquanto você canta este simples cântico, medite no tamanho do amor de Deus - a
sua altura − a sua largura −a sua profundidade. Procure medí-lo e saiba um pouquinho do quanto você é
amado!
Kurt Kaiser, o autor e compositor deste expressivo cântico, tem o costume de rascunhar idéias para
música ou textos quando estas lhe ocorrem, muitas vezes incorporando-as nas suas composições mais tarde.
Um dia, em 1975, em seus papéis, encontrou as palavras O how he loves you and me (Oh, quanto ele ama a
você e a mim). Decidindo escrever um cântico usando estas palavras, sentou-se ao piano, e em dez minutos
completou texto e melodia. A Word Music (Editora Word, Inc.) publicou-o no mesmo ano. Kurt Kaiser, já por
trinta anos está associado à publicadora evangélica Word, Incorporated, como compositor, arranjador, regente
e produtor de uma sucessão de excelentes discos, fitas e CDs.
Kaiser e a publicadora cresceram juntos. Word, Inc. tem permanecido no topo da indústria de musica
gospel (Ver HCC 137) por muitos anos, fato muito relacionado a esta associação.
Kaiser, nascido em Chicago, Estado de Illinois (EUA), em 17 de dezembro de 1934, é considerado um
prodígio. Estudou no Conservatório de Música Americana naquela cidade, brilhando especialmente ao piano.
Ainda adolescente, foi músico de duas emissoras de rádio, e aos 20 anos tornou-se ministro de música de
uma grande igreja. Fez o bacharel (1958) e o mestrado (1959) de música na Universidade Northwestern
(Chicago).
Mudando-se para Waco, Estado de Texas, em 1959, começou sua longa e profícua associação com
Word, Inc. Começou algo novo: musicais para jovens.
Seus musicais Tell it like it Is (Conte-o como é) e Natural high (Alto natural), em colaboração com Ralph
Carmichael (Ver HCC 256), tornaram-se favoritos especialmente para esta faixa etária e até caracterizaram
este novo movimento. Editou Sing and celebrate I e II (publicadas sob o título SoMaior no Brasil). Muitos dos
seus hinos foram publicados e muito cantados no Brasil.
Kaiser, diácono batista, dirigiu o coro masculino Singing men of Texas (Cantores do Texas), um grupo de
ministros de música batistas daquele estado. Hoje seus muitos discos, como também suas composições e
arranjos corais de alto nível são tocados e cantados por todo o mundo evangélico. Seus arranjos para
cantores de renome como Pat Boone, a dupla Robert Hale e Dean Wilder, George Beverly Shea, Anita Bryant
e muitos outros, mostram, com seu padrão de excelência, sua habilidade genuína combinada com um
conhecimento musical altamente desenvolvido.
Kaiser tem como alvo criar música do estilo gospel tão bem ajustada com o texto que o ouvinte não é
simplesmente entretido, mas conduzido à adoração. “Se a música for certa, intensificará a experiência de
adoração. Se o texto é bom, e a música não é, é angustiante! Eu a detesto!” diz Kaiser. Ele mesmo procura
textos bíblicos que “realmente dizem alguma coisa”.
Um hino de Kaiser, I am willing, Lord (Estou pronto, Senhor) escrito como resultado duma experiência
muito dolorosa, expressa a atitude deste extraordinário músico. A letra declara: “Estou pronto a ser
exatamente o que tu queres que eu seja”. Carol R. Theissen, sua comentarista da revista Christianity today,
(Cristianismo hoje) comenta:
[Kaiser] é treinado, e tem um extenso background na música. Mas, o mais importante: está usando
tudo isso para oferecer ao Senhor, e, não incidentalmente, ao público cristão, o melhor que tem para
oferecer!”1
Este cântico foi habilmente traduzido pelo pr. João Soares da Fonseca, em 1990. (Ver dados do tradutor
no HCC 10)
O nome da melodia, HE LOVES YOU AND ME (PATRICIA) (Ele ama a você e a mim) vem do
pensamento principal do hino na língua original e do nome da esposa do autor e compositor.
1. THIESSON, Carol R. Kurt Kaiser reaches for the higher notes, Christianity today. Chestertown, MD. n.26. pp.40-41, 21 de maio de 1982.
ESTE HINO, um dos prediletos dos batistas brasileiros sobre o imenso amor de Cristo, foi escrito por W.
Spenser Walton. Apareceu em The coronation hymnal (O hinário da coroação) de 1894, editado pelo
compositor da melodia, Adoniram Judson Gordon, e Arthur T. Pierson, ambos líderes importantes entre os
batistas do Nordeste dos Estados Unidos. Foi publicado pela Sociedade Publicadora Batista Americana de
Filadélfia, Estado de Pensilvânia.
W. Spenser Walton (1850-1906) é conhecido na hinódia somente por este hino. Aparentemente, foi
associado do Dr. A.J. Gordon na obra batista do Nordeste dos Estados Unidos. Não há maiores informações
sobre ele.
O compositor, Adoniram Judson Gordon deu à melodia o nome de CLARENDON, em homenagem à
Igreja Batista da Rua Clarendon, da cidade de Boston, Estado de Massachusetts, da qual foi pastor por
muitos anos. (Ver dados do compositor no HCC 62)
De acordo com Rolando de Nassau,
Salomão Luiz Ginsburg traduziu este hino em 1914, e incluiu-o no “Souvenir” da Assembléia da
Convenção Batista Brasileira realizada no mesmo ano no Rio de Janeiro, RJ. Publicou-o no
Suplemento do Cantor cristão de 1918.1
Podemos imaginar aquele corajoso servo de Deus numa praça de uma cidade ainda não evangelizada,
sentando ao seu pequeno harmônio, cantando com sua bela voz. Podemos imaginar a multidão a começar a
rodear este intrépido pregador, muitos ficando para ouvir o seu sermão, comprando suas Bíblias, e os
resultados eternos daquele encontro. Somente quando estivermos com Cristo, conheceremos o valor eterno
deste simples hino de gratidão pelo amado Salvador que nos buscou. (Ver dados de Ginsburg no HCC 29)
1. NASSAU, Rolando de. Os hinos de Salomão Ginsburg no HCC - IV. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.31 - ANO LXXXI, 2 de agosto, 1981. p.2.
A união da imaginação e razão na sua pregação e a profundeza da sua teologia fazem o seu
ministério ter grande e viva influência, especialmente entre os jovens. Ele entra no púlpito, que não é
maior do que um barril de trigo. Tem o rosto e porte do General Grant (famoso general da Guerra
civil, então Presidente dos Estados Unidos), mas é mais alto. Com olhos abertos, naturais, ninguém
advinharia que é cego. Agora se levanta, (...) vacila um pouco antes de ganhar o seu equilíbrio.
Anunciando um Salmo, toma seus versículos sem erro de palavra. Durante o culto, pedindo diversos
hinos e leituras com capítulos e versículos, ele não erra. Então ora. E que oração! Parece-me
profano falar sobre ela! Sente também o coração do seu povo. Quarenta minutos ele prega e somos
instruídos, restaurados e inspirados.1
Matheson escreveu muitos livros teológicos e devocionais e um livro de hinos denominado Sacred songs
(Cânticos sacros), em 1890. Ao menos dois destes hinos foram traduzidos para o português. Este, que
aparece em muitos hinários evangélicos, e um outro muito profundo: Cativa-me, Senhor, que apresenta o
enigma: a vitória real vem por meio de rendimento incondicional.2
Sobre o surgimento do hino Amor, que por amor desceste Matheson escreveu:
[Ele] não foi composto. Veio como inspiração. Lembro-me muito bem da ocasião. Foi em Innellan,
numa noite de junho de 1882. Eu tinha sofrido uma perda enorme e estava muito deprimido.
Enquanto sentava ali acabrunhado, as palavras brilharam na minha mente como um relâmpago, e
em poucos minutos as quatro estrofes estavam completas. Parecia que elas tinham sido ditadas a
mim por mão invisível, completas em linguagem e ritmo.3
O poeta não nos conta a fonte do seu sofrimento, mas relata que a ocasião foi no dia do casamento da
sua amada irmã, que sempre fora sua mão direita. Aprendeu grego, latim e hebraico, para melhor ajudá-lo
nos seus estudos teológicos. Esta irmã continuou a colaborar com ele durante toda a sua vida. Era ela quem
o guiava nas suas visitas pastorais. Concordo com Bailey que acha
que o casamento dela trouxe a Matheson a lembrança de uma outra perda, a da sua noiva que o
deixou, tantos anos antes, quando soube que ele se tornaria completamente cego, e que o intenso
sofrimento de estar na escuridão da sua cegueira, totalmente só, foi o que afligiu o autor.4
O hino apareceu pela primeira vez em 1883, em Life and work (Vida e obra), o periódico mensal da Igreja
da Escócia. Em 1885, foi incluído no Scottish hymnal (Hinário escocês). Matheson faleceu repentinamente em
28 de agosto de 1906. Certamente, naquela hora, houve júbilo inexorável para aquele servo de Deus, ao
deixar, para sempre, este mundo de escuridão para a luz no rosto do seu Salvador!
O dinâmico evangelista e hinista Henry Maxwell Wright não tentou traduzir este maravilhoso hino, mas
adaptou-o em 1912. Foi publicado na coletânea In memoriam Henry Maxwell Wright por seu grande amigo J.P
da Conceição, juntamente com o seu acervo de 151 hinos e 42 coros. Seguindo-se logo sua inclusão em
outros hinários evangélicos, este hino tornou-se muito amado em todo o Brasil (Ver dados deste
extraordinário servo de Deus no HCC 1).
A métrica deste hino é 9.9.9.8.6. como corrigido nas edições mais recentes do Hinário para o culto
cristão.5
Albert Lister Peace compôs esta linda melodia para o hino de Matheson para a edição de 1885 do The
scottish hymnal a pedido dos seus editores.
Acredita-se que seu nome ST. MARGARET homenageia Margarete, a rainha de Malcom III da Escócia,
canonizada em 1251. Sobre esta melodia, Peace falou:
Foi composta (...) durante a época em que a música de The scottish hymnal, do qual fui editor de
música, estava em preparo. Escrevi-a em Brodick Manse, [em Arran, uma das pequenas ilhas ao
oeste do Norte da Escócia] durante uma visita a meu velho amigo o sr. McClean. Não havia uma
melodia daquela métrica disponível naquele momento, então a Comissão do hinário me pediu que
escrevesse uma especialmente para o hino do Dr. Matheson. Depois de estudar o hino, escrevi a
música logo em seguida e posso dizer que a tinta da primeira nota tinha acabado de secar pouco
antes de eu terminar a última.6
Os batistas brasileiros conhecem esta melodia há muito tempo. W.E. Entzminger a escolheu para seu hino
original Boa nova (CC 19).
Albert Lister Peace (1844-1912), nascido em Huddersfield, no condado de Yorkshire, Inglaterra, foi um
prodígio musical. Aos cinco anos demonstrava a capacidade de identificar a altura de qualquer som que ouvia
(diapasão absoluto). Tornou-se organista da sua igreja em Holmfirth aos nove anos. Continuou a tocar em
outras igrejas da região até 1869, quando mudou-se para Glascow, assumindo a posição de organista da
Universidade e da Catedral da cidade. Bacharelando-se na universidade, fez doutorado em música em Oxford
(Inglaterra). Em 1897, aceitou a posição de organista em St. George's Hall em Liverpool, continuando no
cargo até sua morte em 1912. Peace foi um notável organista. Tornando-se membro do Royal college of
organistas (Faculdade real de organistas), organização nacional de honra, em 1866, foi reconhecido em toda
a nação. Editou diversos hinários para a Igreja Livre da Escócia.
1. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.458.
2. Ver Cantai ao Senhor 470. Louvor perene, n.49, folha 491 e Hinos e cânticos n.479).
3. MATHESON, George. Em: JONES, F.A. Famous hymns and their authors. 2ª ed. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.195-196.
4. Ver BAILEY, Op. cit.
5. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
6. PEACE, Albert Lister. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.345.
Cristo me ama!
Cristo me ama!
Cristo me ama!
A Bíblia diz assim.
Anna Bartlett Warner (1820-1915) nasceu em Long Island, Estado de Nova Iorque. Morou com o seu pai,
o advogado Henry W. Warner, e sua irmã Susan, uma famosa autora, na ilha Constitution perto da Academia
Militar West Point. Embora Anna nunca alcançasse a fama literária da sua irmã, escreveu diversos romances
sob o pseudônimo de Amy Lothrop. Publicou também dois volumes de poesia. Anna e Susan mantiveram
classes de Escola Dominical na Academia por muitos anos. O seu lar, chamado Good crag (Bom rochedo), foi
doado à Academia e transformado em patrimônio nacional.
Stuart Edmund McNair, dedicado missionário inglês, que nunca se casou, mas teve particular amor pelas
crianças, traduziu este hino e publicou-o no hinário Hinos e cânticos espirituais, do qual foi editor por longos
anos (Ver dados do tradutor no HCC 37). Com o intuito de obter o bom e atual português a Subcomissão de
textos do Hinário para o culto cristão alterou algumas frases de McNair.
O compositor, William Batchelder Bradbury, nascido em Montclair, Estado de Nova Jersey, EUA, em 6
de outubro, 1816, mudou-se com a família para Boston, Estado de Massachussetts, em 1830. Lá, ele estudou
na Academia de Música de Boston e cantou no coro da igreja “Bowdoin street”, ambos dirigidos pelo Dr.
Lowell Mason (Ver HCC 22), o célebre músico, educador e compositor.
Bradbury serviu como organista e dirigiu classes de canto em igrejas da cidade de Nova Iorque, de 1840
até 1847, quando levou sua família à Europa. Lá estudou com Wenzel, Boehm e Hauptmann, em Leipzig.
Voltando a Nova Iorque em 1847, dedicou o seu tempo em ensinar, conduzir convenções musicais e editar
livros. Juntamente com Lowell Mason, Bradbury incentivou o estudo de música nas escolas públicas. Também
fundou a companhia de pianos Bradbury em sociedade com seu irmão.
Entre 1854 e 1867, Bradbury ajudou a publicar 59 coletâneas de música sacra e secular. Entre as mais
importantes estão O coro jovem, O salmista, e a Coletânea Mendelssohn.
Bradbury, “o hinista mais importante e prolífico do seu período”,1 aplicou nas suas melodias, como também
faziam outros músicos americanos contemporâneos, artifícios usados pelos mestres europeus. Algumas
vezes, ele fazia adaptações de melodias de Beethoven, Handel, e outros compositores clássicos. As melodias
de Bradbury se destacavam por fluírem bem, sendo assim fáceis de serem cantadas.
Outra contribuição de Bradbury, que afetaria a hinódia mundial de uma maneira marcante, foi procurar
uma famosa poetisa cega, chamada Fanny Jane Crosby, e convidá-la a contribuir com hinos para a sua
publicadora. Falando desse encontro, Fanny diria: “Parecia que o grande trabalho da minha vida havia
começado”2 (trabalho esse que resultaria em 9.000 hinos). Os dois passaram a trabalhar em feliz parceria até
a morte de Bradbury em 1868.
No Hinário para o culto cristão há mais seis músicas de William Bradbury (números 181, 217, 300, 348,
375 e 378).
Bradbury compôs a música CHINA para este texto, e adicionou as palavras do refrão. Publicou o hino no
seu hinário para a Escola Dominical, Golden shower (Chuva de ouro), em 1862. Porque missionários na
China contaram que este hino era favorito entre as crianças da China, o nome CHINA foi dado à melodia.
1. RUFFIN, Bernard. Fanny Crosby. Philadelphia, PA: United Church Press, p.87.
2. CROSBY, Fanny. Life story. p.114. Em: RUFFIN, Ibid.
O NOME de Jesus era tudo para Lydia Baxter, a autora deste hino. Lydia dedicou-se muito ao estudo das
Escrituras. Gostava de estudar o significado dos nomes bíblicos. Mas o nome de Jesus, que ela estudara
profundamente, é que era sua força. Quando era questionada acerca da sua disposição alegre, apesar das
suas grandes dificuldades físicas, ela respondia:
Tenho uma armadura muito especial. Tenho o nome de Jesus. Quando o Tentador procura me fazer
triste ou desesperada, falo o nome de Jesus, e ele [Satanás] não pode me atingir. O nome de Jesus
quer dizer “Salvador” e vem da mesma raiz hebraica que os nomes de Josué e Joás.”1
Lydia expressou o seu amor pelo nome de Jesus neste texto em 1870. Musicado pelo capacitado
compositor e publicador William H. Doane, foi intensamente usado nas campanhas de Moody e Sankey (ver
HCC 112). Apareceu pela primeira vez no hinário Pure gold (Ouro puro), editado por Doane e Robert Lowry
(ver HCC 140), em 1871.
O nome da melodia, PRECIOUS NAME (Nome precioso), refere-se às duas primeiras palavras do
estribilho no original.
Lydia Baxter (1809-1874) nasceu em Petersburg, Estado de Nova Iorque. Converteu-se, juntamente com
sua irmã no ministério do missionário batista, o Pr. Eben Tucker. Pouco tempo depois, as duas irmãs foram as
principais responsáveis pela formação de uma igreja batista na sua cidade. Mudando-se para a cidade de
Nova Iorque depois do seu casamento, Lydia continuou o serviço cristão com muito zelo. Embora se tornasse
inválida e tivesse de passar muito tempo na cama, sua casa foi ponto de encontro de pregadores,
evangelistas e obreiros. “O brilho da sua experiência cristã foi uma inspiração para todos que a conheciam.”2
Publicou Gems by the wayside (Jóias pelo caminho), um volume de poesia cristã, em 1855. Escreveu
inúmeros gospel songs (ver HCC 112) de grande aceitação na sua época. A porta franca (CC 252) é da
autoria dela. Entretanto, somente Nome bom, doce à fé, escrito quatro anos antes da sua morte, continua a
fazer parte de muitos hinários ao redor do mundo.
William Howard Doane (1832-1915) nasceu em Preston, Estado de Connecticut. Mostrando o seu talento
musical muito cedo, aos 14 anos já dirigia o coro da sua escola. Convertido no seu último ano do segundo
grau, sempre foi um leigo batista muito ativo. Tornou-se um perito inventor de máquinas para o artesanato de
madeira (com 70 invenções a seu crédito) e empresário de muito sucesso.
Mudando-se para Cincinnati, Estado de Ohio, com sua empresa, da qual, com o tempo, tornou-se
presidente, Doane continuou a servir ao Senhor. Foi superintendente da Escola Dominical da Igreja Batista
Mt. Auburn por 25 anos. Cooperou com Moody e Sankey no evangelismo mundial.
Embora leigo na música, William H. Doane compôs mais de 2.200 melodias para hinos, muitas delas as
mais cantadas da sua geração. Sua colaboração mais feliz foi com Fanny Crosby, que por muitos anos
escrevia letras para as músicas que Doane lhe enviara. Vinte das suas melodias apareceram no Cantor
Cristão, número somente superado no mesmo por seus colegas Sankey, Stebbins, Bliss e McGranahan.3
Publicou mais de quarenta coletâneas de hinos e numerosas cantatas. Foi-lhe conferido um doutorado em
Música (honoris causa) pela Universidade Dennison (batista) do seu Estado, em 1875.
Apesar do seu enorme sucesso financeiro, Doane sempre foi conhecido como um humilde leigo cristão e
um generoso benfeitor. Doou um órgão de tubos para a Organização dos Moços Cristãos e fez grandes
doações à Universidade Dennison. Deixou uma grande fortuna numa fundação que foi usada para muitas
causas filantrópicas, inclusive a construção do Doane Memorial Edifício de Música, do célebre Instituto Bíblico
Moody, em Chicago, Estado de Illinois.
O Hinário para o culto cristão inclui mais seis das cativantes melodias de Doane nos números 228, 361,
366, 379, 392 e 395. Talvez a mais cantada no Brasil seja A Deus demos glória (228), uma de três melodias
do Hinário para o culto cristão que Doane fez em parceira com Fanny Crosby.
O rev. Benjamin Rufino Duarte (1874-1942), traduziu este hino em 1900. O rev. Duarte é autor de dois
hinos e tradutor de mais quatro nos hinários evangélicos no Brasil. Suas versões estão entre as mais
cantadas destes hinários. A qualidade da sua tradução deste hino é uma das causas do seu aparecimento em
pelo menos oito hinários evangélicos no Brasil. Benjamin Duarte nasceu na Ilha Brava, a mais ocidental entre
as quinze ilhas do arquipélago de Cabo Verde, 640 quilômetros ao Oeste do Senegal (África). Este
arquipélago foi descoberto pelos portugueses em 1460 e colonizadas por eles. Cabo Verde tornou-se
província portuguesa em 1951 e república independente em 1974. Infelizmente, não há mais informações
disponíveis sobre este hinista no momento.
1. OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids. MI: Kregel Publications, 1985. p.265.
2. REYNOLDS, William J., Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.261.
3. Ver dados de Sankey em HCC 112, de Stebbins em HCC 32, de Bliss em HCC 117 e de McGranahan no HCC 150.
O PASTOR madeirense Manuel Antônio de Menezes publicou este hino, que exalta o santo nome de
Jesus, em Lisboa, no seu Hymnário ou Collecção de músicas sacras, em 1885, para uso das “Egrejas
Evangélicas em Portugal e Brasil”. Esta coletânea, uma das primeiras na língua portuguesa, incluiu 114
cânticos acompanhados das respectivas músicas. Dezoito foram escritos ou traduzidos por Menezes.
Manuel Antônio de Menezes nasceu na Ilha da Madeira em 1848. Veio para o Brasil ainda jovem, onde
aceitou a Cristo aos 17 anos de idade, apoiado pelo missionário pioneiro Dr. Robert Reid Kalley. Menezes
estudou para o ministério em São Paulo e em Londres. Passou cinco anos em Portugal, como missionário da
Igreja Livre da Escócia. Organizou a Igreja Presbiteriana Portuguesa, em Lisboa, e a pastoreou até 1886.
Regressando ao Brasil, Menezes percorreu grande parte do Sul do país. Pastoreou igrejas no Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sul de Minas.
O pr. Menezes foi pioneiro na hinologia em Portugal e no Brasil. É importante notar que a sua coletânea
do ano de 1885 incluiu tanto a letra como a música dos hinos, prática que seria imitada bem mais tarde em
outros hinários do idioma.
Diversas letras e traduções de Menezes foram aproveitadas na quarta edição de Psalmos e hymnos com
músicas sacras, em 1919. Apareceram também no Cantor cristão e outros hinários evangélicos do Brasil.
O Hinário para o culto cristão inclui, mais de 100 anos depois da sua publicação, além desta letra original,
a sua tradução de Há um rio cristalino (HCC 581).
Manoel Antônio de Menezes faleceu em 1941, depois de um ministério frutífero de aproximadamente 60
anos.
Algumas das melhores letras do Cantor cristão precisavam de novas músicas. Jesus, teu nome é santo
era uma delas. A Subcomissão de Música, conhecendo a habilidade da compositora Roselena de Oliveira
Landenberger através das suas composições corais, convidou-a a participar no HCC, suprindo músicas para
diversas letras. Roselena aceitou o desafio, uma tarefa difícil, que nem todos os compositores aceitam. Deus
assim a abençoou ricamente, ao HCC e à hinódia brasileira. Quanto à música para Jesus, teu nome é santo,
Roselena descreve a sua composição em 1989:
Esta melodia foi a primeira a ser escolhida pela Subcomissão de Música. Eu a escrevi sentada ao
piano, sempre inspirada pela letra (...). O nome da melodia ESCOLÁSTICA é o nome da minha mãe
que sempre me incentivou. Ela é minha grande amiga, a quem devo muito, pois me proporcionou
condições para estudar música.1
AS ESTROFES deste lindo hino que exalta o nome do Salvador Jesus foram escritas por Frederick
Whitfield com o título The name I love (O nome que amo), em 1855. Whitfield publicou o texto de seis estrofes
em folhetos em 1855. Subseqüentemente, foi um dos 26 hinos incluídos no seu livro Sacred poems and prose
(Poesias e prosa sacras), publicado em 1861 e 1864. Aparece como texto de hinos em hinários americanos
desde 1864.
Frederick Whitfield, nascido em Threapwood no condado de Schrops, na Inglaterra, em 7 de janeiro de
1829, formou-se pela Faculdade Trinity, em Dublin, Capital da Irlanda. Ordenado pela Igreja Anglicana,
pastoreou diversas igrejas no seu país natal. Escritor prolífico, publicou trinta livros de prosa e versos.
Whitfield faleceu em 13 de setembro de 1904.
A autoria do texto do estribilho é desconhecida. É bem possível que seja do compositor da melodia,
William H. Rudd (séc.19), mas não há informações disponíveis sobre o texto ou o compositor até o momento.
A tradutora, a professora Edile Corrêa de Oliveira Cavalcante, nasceu em 27 de abril de 1939, em
Recife, PE. É filha do saudoso pr. Eliezer Corrêa de Oliveira, cujo trabalho abrangeu 31 anos de profícuo
ministério no Recife e no Rio de Janeiro, com sua esposa Edna Lins de Oliveira. Edile aceitou a Cristo sob o
ministério do próprio pai em 1948, sendo batizada por ele na Igreja Batista da Capunga, Recife, PE.
Edile bacharelou-se em Artes pela Faculdade William Carey no Estado de Mississipi, EUA; em Música
Sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (RJ) e em Direito, pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Também estudou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi aluna de
órgão do prof. M. Gazanego.
Edile foi auxiliar no departamento de música da JUERP na gestão de Bill Ichter. Contribuiu com várias
traduções de hinos para o hinário da Campanha Nacional de Evangelização, Cristo a única esperança; a
tradução do hino O nome do Salvador aparece no número 71 daquele hinário tão apreciado. Foi neste período
que este hino tornou-se conhecido do povo batista brasileiro. Os artigos de Edile publicados em O Jornal
Batista ainda contribuem para maior compreensão sobre o ministério da música sacra em nossas igrejas.
Edile continua no ministério de música, regendo o coro da sua igreja, a Igreja Evangélica Batista do
Catete, RJ. É casada com Euler José Monteiro Cavalcante, oficial da Marinha, e o casal tem dois filhos: Elise
Gabriela e Euler José Júnior, ambos instrumentistas.
O NOME DO SALVADOR foi escolhido como nome da melodia pela Subcomissão de Música do HCC, por
este ser o título original do hino em português. Foi publicado pela JUERP na coletânea Vinde, cantai! em 1980
tornando-se, desde então, ainda mais apreciado e cantado em todo o Brasil.
ESTE HINO mostra a intimidade do seu autor, Richard Holden, com Jesus Cristo, seu Senhor, e com a
sua Palavra. Um total de quase cem letras e traduções de Holden, missionário pioneiro escocês que trabalhou
no Brasil por longos anos, tem sido usado nos hinários evangélicos brasileiros. (Ver outros dados biográficos
do autor no HCC 42).
David William Hodges, membro da Subcomissão da Música do Hinário para o culto cristão e compositor do
hino em 1990, fala sobre a sua inspiração:
Nossas pesquisas mostraram que a linda melodia do CC 63 [HIDING IN THEE - Escondendo-me em
ti] para esta letra, era pouco cantada pelo povo brasileiro. Sendo um hino sobre o nome de Cristo,
tema importante no Novo Testamento, queria-se incluir este texto. Inspirei-me nas primeiras notas de
uma ária para tenor de uma cantata de Bach [Johann Sebastian]”.1
o nome “Jesus” murmurado traz conforto e alegria a quem sofre ou perdeu uma pessoa amada. Pode
trazer esperança jubilosa ao coração que está com medo ou em depressão.1
W.C. Martin, que escreveu este hino em 1901, conhecia bem o que quer dizer este nome: Jesus. Para
ele, este nome trouxe satisfação, paz, perfeito amor, vida, graça, fortaleza e força. Por tudo isso chamou-o de
Jesus, Senhor amado! Que cada pessoa que canta estas palavras também possa, em real gratidão, louvá-lo e
chamá-lo “Jesus, Senhor amado”. Não há, no momento, outras informações sobre este autor.
O admirável missionário pioneiro, Salomão Luiz Ginsburg (ver HCC 29), que traduziu este hino, amava o
nome de Jesus, e por este nome foi deserdado, expulso e abandonado por todos os seus. Dizia como o
apóstolo Paulo:
“Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo perda por amor de Cristo; sim, na verdade,
tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor” (Filipenses 3.7,8).
O musicista e compositor missionário James Lloyd (Jimmy) Owens (ver HCC 4) compôs esta linda
melodia para seu hino Come together (Venham unir-se), em 1972, daí o nome da melodia COME
TOGETHER.
O compositor inglês David Peacock fez um arranjo desta melodia de Owens para a edição do hinário
Hymns for today's church (Hinos para a igreja contemporânea) publicado por Jubilate hymns, em 1987. (Ver
dados de Peacock no HCC 18)
Solicitado pela Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão a procurar uma nova melodia para
este hino de Martin, a Subcomissão de Música descobriu esta de Owens-Peacock e, achando-a muito atual,
cantável e com um estilo quase brasileiro, uniu letra e música, omitindo o estribilho do texto. A Comissão
Coordenadora recomenda este hino, com sua nova roupagem. Serve muito bem para o coro de adolescentes
cantar em uníssono, bem como para a congregação.
1. OSBECK, Kenneth W. Amazing grace. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. p.39.
O pr. Gilmore continua sua história dizendo que, após o culto, escreveu a letra do hino Jesus me guia no
verso das suas anotações da mensagem, dando-a à sua esposa. Meses depois, ela enviou a poesia ao jornal
Watchman and reflector (Atalaia e refletor), sob um pseudônimo. Foi impressa no mesmo ano pelo jornal.
O ilustre compositor e publicador William Batchelder Bradbury achando esta mensagem em versos de
Gilmore, musicou-a, adicionando uma linha ao estribilho e repetindo a essência da primeira linha de Gilmore
no final. Publicou o hino no seu hinário Golden censer (Insensório dourado) em 1864. O pr. Gilmore somente
soube da publicação do hino em 1865, quando abriu um hinário numa igreja batista, justamente na página que
tinha seu hino.
O pr. Joseph H. Gilmore (1834-1918) formou-se na Universidade Brown, Estado de Rhode Island e
Seminário Teológico de Newton (hoje Andover-Newton) em Massachusetts. Ensinou hebraico no mesmo
seminário por um ano, depois da sua formatura. Ordenado ao ministério batista em 1862, pastoreou igrejas
nos Estados de New Hampshire e Nova Iorque.
Homem de muitas habilidades, serviu ao mesmo tempo como secretário do seu pai, então governador de
New Hampshire, e editou um jornal. Em 1867 ensinou hebraico no Seminário Teológico de Rochester (NY) e,
no ano seguinte, assumiu o professorado de lógica, retórica, e literatura inglesa na Universidade de
Rochester, continuando ali até sua aposentadoria em 1911.
Publicou seis livros ao longo dos seus anos de ensino. Teve uma vida longa e produtiva. Foi amado e
respeitado tanto nos círculos religiosos como educacionais, mas hoje Joseph Henry Gilmore é lembrado, em
primeiro lugar, pelo hino que escreveu aos 28 anos, na hora mais escura da guerra civil.
O nome da melodia HE LEADETH ME (Ele me guia), vem do título original do hino, baseado em Salmo
23.2. (Ver dados biográficos do compositor, Bradbury no HCC 173)
O pastor Leônidas Philadelpho Gomes da Silva nasceu no Recife, PE, em 1854, e ali, aos 20 anos, foi
batizado pelo Dr. Kalley na Igreja Pernambucana (Congregacional).
O pr. Leônidas preparou-se para o ministério em Londres e voltou para o Brasil em 1879. Foi ordenado na
Igreja Evangélica Pernambucana em 1893, continuando a trabalhar no Recife, PE, em Salvador, BA (onde
editou o jornal A Palavra) e no Rio de Janeiro. Organizou a Igreja Evangélica (Congregacional) em Niterói, RJ,
a qual pastoreou durante 15 anos. Ao exonerar-se do pastorado em 1914, tornou-se evangelista da
Sociedade de Evangelização, ministério que o levou a diversos estados do Brasil e que continuou até sua
morte em 14 de março de 1919. Também foi editor do periódico O cristão por algum tempo.
O pr. Leônidas editou a coletânea O cantor evangélico, em 1895, seguida por mais duas edições.
Escreveu, traduziu e adaptou numerosos hinos. Suas produções, como de outros autores e compositores,
foram incluídas nesta obra. Podemos encontrar diversas das seus hinos nos hinários evangélicos do Brasil.
O Hinário para o culto cristão contém, além desta, suas traduções dos hinos 373 e 429 e seu hino original
no 513. Por serem hinos prediletos com traduções muito bem feitas, estão entre os mais cantados no país.
1. GILMORE, Joseph Henry. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, pp.84-85.
A AUTORA desta tocante letra tinha firme confiança nesta declaração. Experimentara a presença de Deus
em muitos momentos de tristeza e de alegria antes de escrever estas palavras confortadoras em 1865. Foram
publicadas num calendário devocional em que “Lina Sandell” usou esta poesia e disse:
É tolice tomar os fardos futuros sobre o presente momento. É-nos dado somente um dia por vez, e
para cada dia [recebemos] nova graça, novas forças, novo auxílio.1
Karolina Wilhelmina Sandell-Berg foi a primeira mulher sueca a destacar-se como hinista. Nasceu em
1832 em uma família de posses e influência. Sua vida foi enriquecida por experiências artísticas, literárias e
religiosas. Seu pai era pastor e líder espiritual.
Aos doze anos, Karolina teve uma experiéncia que mudou sua vida. Poucos anos antes, sofrera uma
doença que a deixou paralítica. Toda a família cria que Deus fosse restaurá-la à saúde e orava assim, mesmo
quando os médicos achavam seu caso sem esperança. Um domingo de manhã, quando os outros estavam
no culto, Karolina abriu sua Bíblia à lição do dia. Era a história da filha de Jairo. Refletindo nas semelhanças
daquele caso com o seu, raciocinou:
“Se Cristo pôde curar aquela menina, da mesma forma pode curar a mim, também.”2
Orou com todo o fervor e, de repente, sentiu uma grande alegria inundar todo o ser. Levantou-se, vestiu-
se e andou! Esta experiência lhe encheu dum sentido profundo de amor e gratidão a Deus que nada pôde
abalar.
Karolina começou então a escrever. Aos dezesseis anos, publicou um livrinho de meditações e poemas.
Aos 26 anos, Karolina presenciou o afogamento do seu pai quando, ao atravessarem juntos o lago
Vättern, um movimento brusco do barco o jogou para fora. Ao perder o pai terrestre, ela veio a compreender a
profundidade do amor e cuidado do seu Pai celestial.
“Lina Sandell”, como ela assinava suas poesias, casou-se com C.O. Berg em maio de 1867. Apesar de
muitas tristezas e saúde precária, sempre transmitiu conforto e alegria aos que a cercavam.
A contribuição hinística de Karolina Sandell-Berg começou depois do falecimento dos seus pais. Até a sua
própria morte, em 1903, ela escreveu mais de 650 poesias que refletiam o espírito e a expressão do
reavivamento que se alastrou pelo norte da Europa durante sua vida. Sua obra é tão importante que ela é
chamada “a Fanny Crosby da Suécia”.3
O Hinário para o culto cristão inclui mais um dos maravilhosos hinos de Lina Sandell, Deus é nosso Pai
amado, no número 412.
Oscar Ahnfelt, chamado na Suécia de “o trovador espiritual”, por ser um cantor extremamente popular no
país, musicou a letra de Karolina, e publicou o hino na sua famosa coletânea Andeliga Sånger em 1872.
A melodia de Ahnfelt tomou seu nome da primeira frase da poesia de Karolina, BLOTT EN DAG.
Tornando-se predileto, o hino Dia a dia foi publicado em um crescente número de hinários, tanto na Suécia,
como em outros países.
O compositor Oscar Ahnfelt (1813-1882), porque seu pai era ministro da Igreja da Suécia, teve uma
educação aprimorada e começou os estudos em teologia. Mais tarde, associou-se com Carl Olof Rosenius, o
maior pregador leigo e líder do movimento pietista na metade do século dezenove. Ahnfelt, que cantava e
pregava, fez uma contribuição ainda maior à hinódia, compondo músicas para muitas das letras de Rosenius,
Sandell-Berg, e outros escritores. Jenny Lind, famosa cantora mundialmente conhecida como “O rouxinol
sueco”, financiou a publicação da primeira coletánea de Ahnfelt, em 1850. Onze edições do hinário seguiram,
até que em 1877 havia 200 hinos, 143 das melodias sendo de Ahnfelt, a metade originais e a outra, arranjos.
Emigrantes da Suécia à América do Norte levaram estes hinos consigo e acharam neles uma fonte de força
espiritual nas dificuldades de estabelecer-se no novo país.
Uma excelente tradução para o inglês foi feita pelo sueco-americano, Andrew L. Skoog (1856-1934),
homem de muitas habilidades e vocações. Autodidata em música, Skoog serviu como organista, e mais tarde
como regente e ministro de música em algumas igrejas no estado de Minnesota, EUA. Escreveu e compôs
hinos e antemas, e editou sete hinários.
Foi a versão de Skoog que Joan Larie Sutton traduziu para o português em cerca de 1975. (Ver dados de
Joan Sutton no HCC 25).
1. SANDELL BERG, Karolina Wilhelmina (Lina Sandell). Korsblomman. Em: ERICKSON, J. Irving. Twice-born hymns. Chicago, IL: Covenant Press, 1976. p.26.
2. Ibid.
3. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.418.
“Não gosto muito do hino Cada hora preciso de ti porque eu preciso de Cristo cada momento do
dia.”1
Depois de refletir sobre esse comentário, Whittle escreveu o texto deste hino. Deu-o para a sua filha May,
uma excelente musicista, e ela compôs uma cativante melodia para ele. Em seguida, seu colega, o
evangelista-cantor Sankey, publicou-o nos Estados Unidos e na Inglaterra, primeiro em folheto, depois nos
seus hinários. O notável pregador e escritor, o Dr. Andrew Murray, adotou-o como seu hino predileto, pedindo
a sua esposa para cantá-lo em quase todos os seus cultos na África do Sul
O autor do hino, Daniel Webster Whittle, nasceu em 22 de novembro de 1840, em Chicopee Falls,
Estado de Massachusetts, EUA. Trabalhou na Wells-Fargo Company, em Chicago, até alistar-se no exército
da União, em 1861. Durante a Guerra civil, Whittle atingiu o posto de major, título que conservou até a sua
morte.
Após o combate feroz em Vicksburg, Virgínia, no qual perdeu o braço e foi aprisionado, o major
Whittle entregou-se a Cristo. Desejando algo para ler durante sua recuperação, procurou em sua
mochila e encontrou o Novo Testamento que sua mãe colocara ali! Começou a lê-lo. Certa noite, foi
acordado por um guarda que o chamava:
− Venha, major, venha orar com um rapaz que está morrendo!
− Mas eu não sei orar, cabo, jamais orei com alguém, foi sua resposta.
− Venha, major, ele precisa de alguém, insistia o cabo.
Correndo, então, Whittle foi ao encontro do moribundo. Este agonizava e pedia:
− Ore por mim! Não estou preparado para morrer!
Impressionado, caiu de joelhos e pediu a Deus que salvasse o rapaz. Quando levantou os olhos, o
rapaz estava morto, mas havia uma expressão muito tranquila no seu rosto.
Ao contar desta conversão, o major falava: Espero encontrá-lo no céu!2
Depois da guerra, Whittle tornou-se tesoureiro da Elgin Watch Company, mas, com a influência de Dwight
L. Moody, deixou o cargo para dedicar-se à evangelização em 1873. Deus o abençoou. O músico e hinista
Philip Paul Bliss trabalhou com ele nas suas campanhas evangelísticas até a morte trágica do hinista (ver
HCC 117). Depois, cooperaram no seu ministério outros dois cantores e hinistas: James McGranahan e
George Coles Stebbins.3 Milhares de pessoas aceitaram a Cristo através destas campanhas.
O major Whittle foi autor de vários poemas e de muitos hinos que ele assinava com o pseudônimo “El
Nathan”. Um bom número apareceu em hinários brasileiros, e quinze no Cantor cristão.
Além de Cada momento, mais três dos seus melhores hinos, verdadeiros desafios para a nossa vida
espiritual, aparecem no HCC 337, Chuvas de bênçãos, o primeiro hino traduzido por Salomão Ginsburg, o
n.435, Não sou meu, e o n.447, Mas eu sei em quem tenho crido. Estes hinos foram vivenciados na vida
consagrada do major Whittle.
Major Whittle faleceu no dia 4 de março de 1901, em Northfield, no seu Estado natal, depois duma vida
frutífera de serviço ao seu Senhor.
Salomão Luiz Ginsburg habilmente traduziu este hino em outubro de 1909 e publicou-o pela primeira vez
na segunda página de O Jornal Batista em 11 de novembro de 1909. Posteriormente incluiu-o, em o Cantor
cristão. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 29).
A compositora Mary (May) Whittle Moody (1870-1963), filha de Whittle, chamava-se realmente Mary,
mas sempre usou o nome May. Formou-se em Música na Faculdade Oberlin, Estado de Ohio, e estudou na
Academia Real de Música, em Londres. Possuia uma voz de “doçura excepcional, e qualidade sonora muito
rica”.4 Cooperou com o seu pai e Dwight L. Moody nas suas campanhas evangelísticas. Casou-se com
William Moody, filho do evangelista. Seu esposo dirigiu as Escolas Northfield fundadas por Moody, e o Centro
de Conferências Mount Hermon, com sede na cidade de Northfield, Massachusetts, e editou o hinário
Northfield, n.3., juntamente com C.M. Alexander. William e May tiveram seis filhos. Dois morreram na infância.
O nome da melodia, WHITTLE, homenageia tanto ao pai como à filha que nos deram este hino
inesquecível.
1. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P.W. Zeigler Co., 1906. p.212.
2. Agradeço a Henriqueta Rosa Fernandes Braga, no seu artigo Unido com Cristo. Viçosa, MG: Ultimato, Ano X, n.129, jul. 1977. p.8., os fatos deste acontecimento,
e a inspiração de contar a história como diálogo.
3. Ver dados de McGranahan no HCC 150 e de Stebbins no HCC 2.
4. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976.p.269.
ESTE HINO DE ORAÇÃO agradece ao Senhor diretamente porque ele é, realmente, nosso bom pastor e
guia. Poderá ser usado com muito bom efeito no momento de oração do culto e como apelo, depois de um
sermão sobre O bom Pastor.
João Willard Peterson, prolífico compositor evangélico de mais de 1.000 textos e melodias, escreveu
este hino (letra e música), em 1966. Seus hinos e cantatas são os mais melodiosos e entre os mais cantados
da sua geração. (Ver dados biográficos do Peterson no HCC 148)
SHEPHERD OF LOVE (Pastor de amor), o nome da melodia, recebe seu nome do título do hino na língua
original.
As missionárias Jerry Ichter e Joan Sutton traduziram este hino em 1974 para ser incluído nas Seleções
corais para a campanha evangelística de Billy Graham no mesmo ano. Desde então, apareceu em várias
outras coletâneas evangélicas. (Ver os dados biográficos de Joan Larie Sutton no HCC 25).
Jerry Catron Ichter, amada esposa do muito conhecido Pr. Bill H. Ichter, nasceu em 1930, num lar de
batistas muito ativos na igreja local. Converteu-se em 1939 e foi batizada na Igreja Batista de Forest, Estado
de Louisiana. Bacharelou-se em ciências na Faculdade do Estado de Louisiana. Estudou piano durante
muitos anos. Casou-se com o Pr. Bill em 2 de junho de 1949. Comissionada com seu esposo pela Junta de
Richmond, chegou ao Brasil com ele e os seus filhos Alana (que se tornaria missionária ao Brasil) e Alan
(casado com uma brasileira) em 19 de setembro de 1956. Aqui nasceram mais dois filhos: Nelson, que reside
na América do Norte com sua esposa Janilda e seu filho Filipe, e Carlos, missionário na Alemanha,
juntamente com a família. Tem 9 netos, 6 dos quais com cidadania brasileira.
Além de ensinar piano no Instituto Batista de Educação Religiosa (IBER) e no Seminário Teológico Batista
do Sul do Brasil, D. Jerry foi fiel colaboradora na igreja local. Nas palavras do seu pastor, Gilson Antônio Paiva
Bifano, Pastor da Igreja Batista do Grajaú na época, onde o casal se congregava nos últimos anos do seu
ministério no Brasil:
A irmã é uma daquelas jóias preciosas que Deus coloca em suas igrejas. (...) Gostaria de mencionar
algumas das [suas] qualidades: simplicidade, fidelidade, seriedade, competência, amor para com a
igreja. (...) A irmã Jerry sempre dedicou-se integralmente às suas responsabilidades na igreja: (...)
coro infantil, classe de Juniores da EBD, presidente da Sociedade Feminina Missionária [Mulher
Cristã em Ação], pianista da igreja e do coro, diaconisa e demais compromissos. (...) Quero deixar
registrada (...) minha eterna gratidão a Deus por ter concedido a mim este imenso privilégio -
pastorear uma igreja em que tenha, no seu rol de membros, os missionários Bill e Jerry Ichter.1
Depois de 34 anos de abençoado ministério no Brasil, o casal Ichter aposentou-se em junho do ano 1990.
Radicados em Minden, Estado de Louisiana, continuam a servir ao Senhor.
1. BIFANO, Gilson Antônio Paiva. Jerry Ichter, Quem a conhece?, O Jornal Batista, ANO XC, 5 de agosto de 1990.
ESTE HINO É a versão metrificada do Salmo 23, provavelmente o mais conhecido e mais amado de
todos os salmos bíblicos, e uma fonte de conforto profundo a inúmeros de cristãos em todas as épocas e em
todos os lugares! O hino apresenta duas imagens do mundo bíblico: O Senhor é o Pastor que guia a vida do
seu povo (estrofes 1,3) e é o bondoso anfitrião que lhes dá alimento e proteção (estrofes 4,5). A robusta força
da sua linguagem e as imagens poderosas do salmo bíblico fizeram deste texto um veículo forte para culto
individual e público.1
Esta versão tão estimada do salmo, na sua língua original, é, verdadeiramente, “um mosaico feito das
linhas de sete saltérios anteriores”.2 Apareceu na presente forma no Saltério escocês de 1650. Tem sido
chamado “provavelmente o salmo metrificado mais perfeito em todo o cristanismo”.3
A célebre melodia CRIMOND apareceu, pela primeira vez, no Northern psalter (Saltério do Norte), em
1872. No prefácio foi atribuída a David Grant. Posteriormente, descobriu-se que a melodia foi composta por
Jessie Seymour Irvine, em 1871, e harmonizada por Grant a pedido do editor do hinário. Crimond é a cidade
onde Jessie Irvine morava no ano em que compôs a melodia. Esta melodia foi muito divulgada pela rádio-
difusão do Coro Orpheus de Glascow, sob a regência de Sir Hugh Robertson. Foi consagrada pelo seu uso no
casamento da Rainha Elizabeth II4 e Philipe, Duque de Edimburgo em novembro de 1947. Das Ilhas
Britânicas, seu uso se espalhou ao redor do mundo.
Jessie Seymour Irvine (1836-1887), uma das primeiras mulheres a publicar uma melodia, nasceu em
Dunottar, Escócia, onde o seu pai pastoreava. Morou com ele em Dunottar, Peterhead e Crimond, uma
paróquia no nordeste do condado de Aberdeenshire.
David Grant (1833-1893) foi um empresário de Aberdeen e um músico amador de muita sensibilidade
musical. Preparou muitas partituras para bandas e fez arranjos de melodias para o Northern psalter. Duas das
suas produções perduram até hoje. Além da sua harmonização de CRIMOND, compôs a melodia RALEIGH,
que tem alguma semelhança com CRIMOND. Foi membro da Igreja Footdee, de Aberdeen, e do seu coro.
O maestro João Wilson Faustini, cuja contribuição à hinódia brasileira inclui uma grande quantidade de
hinos, o hinário Seja louvado, coletâneas de músicas para coro, e cantatas, traduziu este hino para o
português em 1959. Sua versão foi cantada pela primeira vez por um coral de 400 vozes no Festival Coral
realizado no aniversário do Instituto José Manuel da Conceição em Jandira, SP, em 1960. Foi publicada pela
primeira vez na coletânea Os céus proclamam, v.III, em 1970.
1. POLMAN, Bert. Em: The worshiping church, a hymnal, Worship leader's Edition. Carol Stream, IL: Hope Publishing Co., 1990. n.330.
2. MILLAR, Patrick. Four centuries of scottish psalmody. 1949. p.103. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Broadman Press,
1976. p.216.
3. CRIPPEN T. G. Em: THOMSON, R.W., Revised ed. The Baptist hymn book companion. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.106.
4. A princesa Elizabeth foi coroada Rainha Elizabeth II das Ilhas Britânicas em 1953, depois da morte inesperada do Rei Geroge VI.
Editou muitas publicações de música sacra. Hinista prolífico, muitos dos seus hinos e cânticos (mais de
2.000 impressos) foram usados pelos cantores evangelísticos do seu tempo. Hoffman escrevia tanto a letra
como a música na maioria dos casos. Muitos desses hinos vieram ao Brasil e foram usados nos hinários
evangélicos. O HCC inclui, além desta letra, mais dois hinos de Hoffman, o texto de Descansando no poder
de Deus (HCC 330) e letra e música de A Jesus Cristo contarei tudo (HCC 350).
Falando da tradução deste hino feita em 1989, o pr. João Soares da Fonseca escreve:
Eu estava fazendo um curso no Paraguai. Aos domingos eu pregava nas igrejas de lá. E num
domingo desses, num culto na Igreja Batista de Fernando de la Mora, eu ouvi a igreja cantando este
hino, como jamais ouvira alguém cantar antes. Desde então me perguntava por que não cantávamos
daquele jeito no Brasil. Esta nova tradução é, portanto, uma tentativa de ver o hino mais cantado por
aqui.2
A melodia GLORY TO HIS NAME (Glória a seu nome), título do hino na língua original, foi composta por
John Hart Stockton e apareceu no hinário Joy to the world (Alegria para o mundo), em 1878.
John Hart Stockton nasceu num lar presbiteriano em New Hope, Estado de Pensilvânia, EUA, em 19 de
abril de 1813. Converteu-se num culto evangelístico metodista no verão de 1832 no Estado de Nova Jersey.
Ordenado ao ministério metodista, pastoreou várias igrejas naquele estado. Stockton, muitas vezes com
saúde precária, ainda dedicou tempo considerável à música sacra. Escreveu muitos hinos e melodias, e
publicou duas coletâneas em 1874 e 1875, que incluiam um grande número de hinos do seu próprio punho.
Faleceu na Filadélfia, Estado de Pensilvânia, em 25 de março de 1877.
1. KEITH, Edmund D. Hinódia cristã, 1ª ed., Trad. OLIVER, Bennie May. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), s/d, p.173.
2. FONSECA, João Soares da. Carta à autora em 6 de agosto de 1991.
O DINÂMICO EVANGELISTA internacional, Henry Maxwell Wright fez diversas frutíferas viagens
evangelísticas da sua terra, Portugal, para o Brasil. Na viagem de 1890-1891, em que Wright percorreu
“grande parte do território nacional - de Belém do Pará, Santarém e Manaus, ao norte, até Curitiba, ao sul, e
Ouro Preto, em Minas Gerais, a oeste, sempre com magníficos resultados: conversões e fervor religioso.”1
Podemos imaginar as condições difíceis destas peregrinações por água e por terra, e as perseguições que
acompanhavam os esforços evangélicos naqueles anos. Foi em 1892, depois desta viagem, que ele escreveu
Oh, que sangue tão precioso!.
A música sacra sempre desempenhou função de relevância nas atividades missionárias de Wright no
Brasil. Hinólogo dos mais expressivos, cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado
habitual, dono de bela voz,
Wright aproveitava a oportunidade das suas reuniões evangelísticas para ensinar novos hinos, à
medida que os preparava e recorria sistematicamente ao uso de pequenos coros que ajudassem a
fixar na alma popular as boas novas da salvação.2
Wright já tinha preparado uma coletânea de dezoito cânticos chamada Hymnos evangélicos para sua
viagem de 1882-1883. Com as viagens repetidas, escrevia mais letras de hinos e cânticos, aproveitando-se
de melodias existêntes, publicando-os em Hymnos e coros (1890 ou 1891) e Hymnos (1892). Seu grande
amigo, J.P da Conceição, reunindo todo o acervo, publicou Em memoriam Henry Maxwell Wright, em 1932,
com cerca de duzentos hinos e coros. (Ver outros dados do autor no HCC 1)
Em 27 de abril, de 1990, Hiram Rollo Júnior recebeu correspondência de Célia Câmara Reis, relatora da
Subcomissão de Música do HCC, com dois textos de hinos do Cantor cristão que haviam sido aprovados para
o novo hinário, e que precisavam de novas melodias. Um destes era Oh, que sangue tão precioso!. Hiram
conta a história da melodia:
Em 27 de abril, sentei no meu escritório em casa e comecei a tocar no sintetizador. Achei que não
conseguiria compor algo que pudesse me agradar, pois à primeira vista não havia simpatizado com a
métrica 8.5.8.3. Aos poucos, porém, uma linha melódica baseada em tom menor começou a “tocar”
em minha mente. Em alguns minutos a música estava pronta. Vibrei muito, pois aquele 8.5.8.3
tornou-se tão cantável aos meus ouvidos com aquela melodia que o Senhor me entregou naquela
tarde ensolarada.3
Na carta que Hiram recebeu da Subcomissão, ao receber suas músicas havia “palavras de tanto estímulo
e elogio” que ele ficou emocionado. “Agradeci ao Senhor aquela carta”,4 testificou.
O compositor explica o nome da melodia:
Abril de 1990 foi um mês marcante em minha vida e na vida de minha então namorada. Havia orado
e já sentia que Deus tinha um plano para nossas vidas. Hoje estamos casados e vivendo a alegria de
um novo lar. Resolvi dedicar a ela esta música. LENE é a maneira carinhosa como a chamo.5
A nova melodia de Hiram realmente faz viver esta preciosa mensagem. Em pouco tempo o hino tornou-se
favorito em muitas partes do Brasil, especialmente para a celebração da Ceia do Senhor. (Ver HCC 21).
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.232.
2. Ibid., p. 233.
3. ROLLO JÚNIOR, Hiram Simões. Carta à autora em 20 de maio de 1992.
4. Ibid.
5. Ibid.
“Em novembro de 1850, durante um culto que ela estava assistindo, depois duma oração,
começaram a cantar o grande hino antigo de consagração, Por meus pecados padeceu, e quando
chegaram à terceira linha da quinta estrofe, 'Eis-me aqui, Senhor, eu te dou a mim mesmo', minha
alma se inundou de luz celestial.”1
Infelizmente, esta estrofe não aparece nos hinários em português. Acredita-se que mais conversões têm
sido atribuídas a este do que a qualquer outro hino inglês, a não ser que Tal qual estou, de Charlotte Elliott o
tenha superado em anos recentes (Ver dados de Watts, no HCC 38).
O Hinário para o culto cristão inclui 4 das estrofes de Watts neste hino, traduzidas pelo missionário rev.
John Ransom, em 1886, possivelmente para a inauguração da Capela Metodista, à Praça José de Alencar, no
Rio de Janeiro. Foi publicado, junto com outro hino da sua autoria, em Salmos e hinos, no mesmo ano, e
conseqüentemente no Cantor Cristão e outros hinários. O lugar de Ransom na hinódia brasileira é significativo
por causa da sua tradução deste hino predileto do povo batista brasileiro.
John James Ransom, missionário da Igreja Metodista Episcopal do Sul dos Estados Unidos, chegou ao
Brasil em 1876. Dirigindo-se a Campinas, SP, para estudar o português, também lecionou inglês e grego no
Colégio Internacional daquela cidade. Depois de um breve período no Rio Grande do Sul, fixou-se na Corte
(Rio de Janeiro), onde começou o trabalho metodista. Sob o seu pastorado inauguraram-se duas capelas
(igrejas) metodistas em 1886. Ransom também iniciou trabalho na capital paulista em 1883 e dirigiu o trabalho
em Juiz de Fora, MG, por um período.
O evangelista e músico Ralph E. Hudson compôs a melodia que ganhou o seu nome. HUDSON apareceu
pela primeira vez no seu hinário Songs of peace, love and joy (Cânticos de paz, amor e alegria) em 1885.
Hudson adicionou um refrão (letra e música) ao hino que calcula-se ter nascido nos camp meetings.2
O hino, sem o refrão de Hudson apareceu em outras coletâneas da época. Por seu caráter bem diferente
da estrofe, o refrão não foi incluído no Hinário para o culto cristão. Foi na cruz, outro hino predileto dos
batistas brasileiros cujo estribilho Ralph Hudson adaptou de um cântico dos camp meetings se acha no HCC
293.
Ralph E. Hudson (1843-1901), nascido na cidade de Napoleon, Estado de Ohio, EUA, mudou-se durante
a infância para Pensilvânia. Durante a Guerra civil, Hudson serviu como enfermeiro no Estado de Maryland.
Casou-se com Mary Smith em 1863 e, voltando a Ohio em 1864, começou o seu ensino de música na
Faculdade Mount Vernon na cidade de Alliance. Pregador licenciado pela Igreja Metodista Episcopal, Hudson
foi muito ativo na obra evangelística. Cantor e hinista, também estabeleceu sua própria publicadora. Publicou
quatro coletâneas de gospel hymns (ver HCC 112) as quais depois uniu num só volume intitulado Quartette.
Hudson freqüentemente compôs melodias do estilo gospel hymns para letras de hinos tradicionais bem
conhecidos para uso no seu trabalho evangelístico.
1. CROSBY, Fanny. Fanny Crosby's life-story, by Herself. New York: Everywhere Publishing Co., 1903. p.231. Em: PRICE, Carl F. One hundred and one hymn
stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966, p.89.
2. Camp meetings - retiros espirituais, estilo acampamento para famílias no verão. Começaram em cerca de 1800 e continuaram, de um certo modo até hoje. Porque
criaram um estilo de música que influenciou muito o canto congregacional na América do Norte, e até no Brasil. “O movimento de maior influência e o mais
transformador na vida religiosa da América do Norte foi o Grande Despertamento - o reavivamento que teve muitas fases e que se estendeu por mais de cinqüenta
anos”. A fé cristã espalhou-se como um incêndio, de Estado em Estado. Um dos movimentos, que então surgiu foi o de camp meetings, movimento que havia de
mudar a face do canto congregacional americano para sempre.
Os camp meetings começaram em cerca de 1800 e continuaram no ambiente da natureza, longe das cidades. No verão, tempo de férias, famílias inteiras
montavam suas tendas (barracas de lona) perto da imensa tenda das reuniões. Seus alvos eram evangelismo e reavivamento. Foram imensas festas. Seus aspectos
informais da vida pioneira os livraram de ostentações de classes. Eram livres do controle denominacional ou de qualquer outra autoridade.
Neste ambiente livre e rústico, “o camp meeting nutriu e desenvolveu um tipo de folk hymn (hino folclórico) que teve início mais cedo na Nova Inglaterra (Nordeste
americano). Morte, inferno, condenação foram pregados (....) e muitos dos hinos refletiam esta mensagem”. Muitos hinos contavam histórias do fim triste deste ou
daquele pecador (ou pecadora!). Outros, com música emprestada de qualquer canção popular, cresceram espotaneamente. Qualquer pessoa com uma voz forte
podia criar uma estrofe, havia muitas estrofes! Não havia regentes. Num camp meeting “a questão não era levar o povo a cantar, mas deixar o povo cantar”, como
um participante declarou: “Agora, cantamos no velho estilo - desimpedido, forte, retumbante!” Um outro testificou: “O volume [na tenda] era tremendo; a 100 metros
era lindo, a três quilômetros era magnífico!”
Os hinos de Wesley, Watts e seus seguidores foram modificados e moldados ao ambiente. Havia uma “progressiva simplificação dos textos” e as melodias
tornaram-se muito simples, com muitas repetições. Em geral, não havia instrumentos nestas reuniões. Como em outra música folclórica, os hinos não foram
impressos e “padronizados” por muito tempo. Havia muitas versões dos mesmos hinos sendo cantados em lugares diferentes ou anos diferentes. Havia liberdade
para interpretação pessoal. Quando alguns músicos começaram a colecionar estes cânticos em coletâneas, enfrentaram os mesmos problemas dos colecionadores
dos Negro spirituals (ver HCC 94). Qual versão registrar? De quem era a letra ou a música? O povo levou sua experiência alegre dos camp meetings para as suas
igrejas. Assim, estes hinos tiveram muita influência sobre o gosto musical do povo. Seguiram-se os Hinos da Escola Dominical e os gospel songs (ver HCC 112), e a
multiplicação de hinários e coletâneas. (Fontes: ESKEW, Harry e MCELRATH, Hugh T. Sing with understanding. Nashville, TN: Broadman Press, 1980. pp. 164-167;
LORENZ, Ellen Jane. Glory hallelujah. Nashville: Abingdon, 1978 (The story of the camp meeting spiritual); REYNOLDS, William Jensen, e PRICE, Wilburn. A joyful
sound, 2ª ed. New York: Holt, Rinehart e Winston, 1978, p.82; SALLEE, James. The history of evangelistic hymnody. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1978.
pp.30-37.)
Esta mensagem de testemunho pessoal relata “a linda história de Jesus” nosso Salvador, e o que ele fez
por nós:
deixou seu lar na glória; alcançou-me, qual ovelha perdida (Lucas 15.1-7);
dissipou minhas mágoas e temores (Isaías 53.4);
conforta-me nas minhas dores (1Timóteo 1.12);
seu forte braço me conduz (Isaías 33.2).
Por tudo isso, “cantarei da sua glória entre os santos, com fervor!”
O pastor batista Francis Harold Rowley conta a história do surgimento deste hino de alegria e gratidão:
Em 1886 eu era pastor da Primeira Igreja Batista de North Adams, Estado de Massachusetts. A
igreja e a comunidade estavam experimentando um interesse especial pelas coisas espirituais. Um
extraordinário jovem suiço Peter Bilhorn [ver HCC 285] me ajudava [na música]. Um domingo à noite,
após o culto, Bilhorn, [que se tornaria um compositor e publicador importante de gospel hymns],
disse: “Por que o Pastor não escreve um hino para eu musicar?” Durante a noite estes versos vieram
a mim. Comecei o hino, “Não pode cantar a linda história?” mas, quando o hino foi publicado pela
primeira vez em 1887 por Ira Sankey, a frase foi modificada para “Cantarei a linda história”.1
Ao publicar, em 1887, o hino de Rowley e Bilhorn em Gospel hymns n.5 (Hinos gospel, n.5), e na Grã
Bretanha no Sacred songs e solos (Cânticos e solos sacros), Sankey também alterou um pouco a letra nas
estrofes 2, 3 e 4.
Na coletânea Special supplement to hallowed hymns new and old (Suplemento especial a hinos
consagrados, novos e antigos), editada por I. Allen Sankey (filho de Ira), de 1909, o texto de Rowland foi
ligado à notável melodia HYFRYDOL. Esta melodia, composta pelo galês, Rowland Hugh Prichard, em
cerca de 1830, tem sido muito usada com este texto em anos recentes, dando ao hino uma nova dimensão.
Para adaptar o hino a esta melodia foram combinadas duas estrofes em uma; na última estrofe adicionou-se o
estribilho à quinta estrofe original.
HYFRYDOL quer dizer “bom ânimo”. “É um bom nome para uma melodia jubilosa
(....) A extensão da melodia cai dentro dos primeiras cinco tons da escala, com uma exceção na
última frase”.2
Composta quando Prichard tinha menos de vinte anos, apareceu pela primeira vez 13 anos mais tarde na
sua coletânea para crianças, Cyfaill y cantorion (O amigo do cantor), em Gales, em 1844. Por sua excepcional
beleza, esta melodia tem sido escolhida para vários textos em muitos hinários, podendo aparecer quatro ou
cinco vezes num mesmo hinário. Há um grande número de arranjos desta extraordinária melodia, ligada a
variados textos em músicas corais ao redor do mundo.
Cantarei a linda história foi um dos hinos que Salomão Luiz Ginsburg traduziu em Pernambuco em seu
primeiro ano no Brasil. Publicou o hino na primeira edição do Cantor cristão, coletânea de 16 hinos, publicada
em 1891, somente quatro anos depois da sua publicação original! Certamente este hino englobava seu
próprio testemunho. Este e muitos outros hinos que Ginsburg traduziu, mostrou que ele não tinha nenhum
medo de usar “novos hinos”. (Ver dados biográficos deste maravilhoso missionário e hinista no HCC 29).
Francis Harold Rowley (chamado Rawley nos hinários de Sankey) nasceu em 25 de julho de 1854, em
Hilton, Estado de Nova Iorque, EUA. Bacharelou-se em Artes pela Universidade de Rochester e, depois de
sentir ser chamado para o ministério, fez teologia no Seminário Teológico (batista) da mesma cidade.
Ordenado ao ministério pastoral batista, serviu em igrejas em Pensilvânia, Illinois e Massachusetts. De 1900 a
1910 foi pastor da Primeira Igreja Batista de Boston.
Rowley tinha muita compaixão também pelos animais, numa época quando poucos se importavam com
eles. Serviu por 35 anos como Presidente da Sociedade Estadual de Massachusetts para a Prevenção de
Crueldade aos Animais. Escreveu diversos livros sobre o assunto. Largamente conhecido e altamente
respeitado por seus esforços humanitários, a Escola Rowley de Humanidades na Universidade Oglethorpe em
Atlanta, Estado de Georgia, recebeu seu nome em sua homenagem. Faleceu em 10 de novembro de 1952.
Rowland Huw Prichard (1811-1887) (Huw é a versão galesa de Hugh ou Hugo) nasceu em Graienyn,
condado de Bala, em Gales do Norte, neto do trovador Rowland Huw. Amava muito a música, tornando-se
músico amador muito conhecido. Por muitos anos, foi regente na sua igreja e na sua cidade natal. Mas, aos
69 anos, por exigências financeiras, teve que se mudar para Holywell, onde se empregou como tecelão.
Faleceu ali, aos 76 anos.
HYFRYDOL foi a mais famosa entre muitas melodias e antemas corais que Prichard compôs. Suas outras
produções foram publicadas no seu hinário de 1844, e em periódicos galeses.
1. ROWLEY, Francis Harold. Em: OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.114.
2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.56.
Em 1917, a senhora Lillenas e eu construímos nosso primeiro pequeno lar na cidade de Olivet,
Estado de Illinois. Ao completá-lo, havia pouco dinheiro para mobiliá-lo. Sem piano naquele tempo,
eu precisava de algum instrumento. Consegui comprar um velho e asmático harmônio de um vizinho
por $5.00. Foi neste instrumento que um número dos meus melhores hinos foram escritos, inclusive
Maravilhosa Graça.1
Apresentado pelo evangelista Homer Hammontree, numa conferência bíblica do mesmo ano, este hino foi
publicado no hinário Tabernacle choir (Coro do tabernáculo), em 1922. Por incrível que pareça, Lillenas
vendeu os direitos desta música por cinco dólares!
Haldor Lillenas nasceu na Ilha Stord, perto de Bergen, na linda região dos fiordes da Noruega, em 19 de
novembro de 1885. Emigrando com sua família para os Estados Unidos ainda criança, morou no Estado de
Dakota do Sul por dois anos. Depois, a família se estabeleceu em Astória, Estado de Oregon. Lillenas foi
confirmado na Igreja Luterana aos quinze anos, mas converteu-se sob o ministério da Missão Peniel. Sentiu a
chamada de Deus para o ministério e estudou na Faculdade de Deet, em Los Angeles (hoje, a Faculdade de
Loma Linda, na cidade do mesmo nome na Califórnia).
Lillenas casou-se com Bertha Mae Wilson, também uma hinista. Ambos foram líderes da Igreja do
Nazareno. Continuou estudos em harmonia, contraponto e composição na Escola de Música Siegel-Myers em
Chicago, Estado de Illinois. Viajou como evangelista de 1912 a 1914 e, depois, pastoreou igrejas em
Califórnia, Illinois, Texas e Indiana. Durante estes anos, forneceu hinos e música para coros para muitos
evangelistas da época, inclusive Alexander e Hammontree.
Em 1924, Lillenas fundou a Companhia de Música Lillenas em Indianapolis, Estado de Indiana. A empresa
foi comprada pela Publicadora da Igreja do Nazareno em 1930, mas Lillenas continuou como editor musical
por 20 anos. Este talentoso servo de Deus escreveu mais de 4.000 hinos e peças corais (letra e música),
alguns dos quais são conhecidos no Brasil. Foi-lhe conferido o Doutorado em Música (honoris causa), da
Faculdade Nazarena Olivet, em Kankakee, Estado de Illinois.
WONDERFUL GRACE (Maravilhosa graça), o nome da melodia, vem das primeiras duas palavras do
título, tema do hino. Harold Lillenas queixou-se que geralmente, o hino é cantado ligeiro demais.
“Um hino deve ser cantado duma maneira que as palavras possam ser pronunciadas sem pressa
demasiada”, disse ele.2
A dotada missionária Alyne Guynes Muirhead traduziu este hino para sua coletânea Antemas celestes
(1956). O seu uso se alastrou por todo o Brasil com grande entusiasmo. Foi a primeira entre cinco coletâneas
publicadas pela Casa Publicadora Batista, hoje JUERP, preparadas por ela.
Alyne Guynes Muirhead nasceu em Calvert, Estado de Texas, EUA, em 2 de janeiro de 1885, filha de
pais com um coração missionário. D. Alyne bacharelou-se na Universidade Baylor, na cidade de Waco, do seu
Estado natal. Fez cursos de pós-graduação em canto e piano. Casou-se com Harvey Harold Muirhead (H. H.),
que também bacharelou-se em Baylor, antes de fazer Mestrado e Doutorado em Teologia no Seminário
Teológico Batista do Sudoeste, no Texas.
O casal Muirhead chegou ao Brasil em 1907, em resposta ao pedido de Salomão Ginsburg à Junta de
Richmond por missionários que pudessem se dedicar ao ensino teológico no Norte do Brasil. Trabalharam no
Recife de 1907 a 1930. H.H. tem sido chamado “o arquiteto da educação teológica no Norte”.3 Serviram na
Escola Batista Americana e no Seminário (H.H. na direção, e D. Alyna, nome que ela usou no Brasil, no
ensino).
D. Alyna desenvolveu uma outra habilidade muito importante, a de tradução. Houve “um grande surto de
progresso”4 na publicação e nas Escolas Dominicais quando D. Alyna traduziu “Manual Normal das Escolas
Dominicais” que foi publicado no Recife. Com isso organizou-se um Curso de Escola Dominical que concedia
aos concluintes um certificado com selos. O número de alunos se multiplicava por toda a parte e este trabalho
“empolgava os batistas.”5 Alyna se dedicava também à música e tradução de músicas para coro.
O casal foi para o Rio em 1930, onde o Dr. Muirhead assumiu a direção do Colégio Shephard e o
Seminário do Rio. Lá, D. Alyna continuou seu ministério de música e de tradução. O pr. José dos Reis Pereira
fala do fruto deste ministério:
Com a colaboração de dois musicólogos, o prof. Arthur Lakschevitz e a missionária Alyne Muirhead, a
Junta (JUERP) principiou a publicação de coleções de hinos especiais para coros e conjuntos, o que foi um
grande passo no sentido da educação musical do povo batista brasileiro e no embelezamento dos cultos.6
À Alyna devemos as coletâneas Antemas celestes, Pérolas, Festival de música sacra, Louvores
evangélicos, e a cantata A Páscoa (JUERP). Todas compiladas por ela, ora traduzindo os textos, ora fazendo
arranjos corais. Os coros de igrejas cantaram a música destas coleções em todo o Brasil. Seus livros de
ensino musical como Harmonias e Regências foram textos para classes de música nas igrejas por muitos
anos. W.C. Taylor escreveu sobre D. Alyna:
A sra. Muirhead foi uma missionária única que contribuiu maravilhosamente no modo de pensar de
uma nação. Foi abençoada com uma mente, um corpo e um espírito fortes e uma feminilidade,
embora raramente sentimental.7
Taylor ainda fala que ela, além de ser boa mãe para seus oito filhos, se tornou mãe para os novos
missionários que foram chegando. Fiel colaboradora do seu pastor brasileiro, D. Alyna ensinava uma classe
evangelística na sua igreja, com grandes resultados.
Matemática bem treinada, tornou-se conselheira na área de finanças, como também educação, vida no lar
e na escola, saúde, e literatura. Regia grandes coros de jovens para as assembléias da denominação.
Dela se disse:
O casal Muirhead enraizou sua vida profundamente no amor e na gratidão de pessoas sem conta,
líderes na vida brasileira, no Estado, na religião, na literatura, na educação, no comércio e nos
círculos profissionais, [pessoas] que sentem por eles um amor e confiança que nenhum outro
estrangeiro goza, a não ser por um relacionamento igual.9
Depois de se aposentar do ministério no Brasil em 1938, o casal ainda serviu no Instituto Bíblico
Mexicano, em Dallas, Texas, até o fim das suas vidas. D. Alyna morreu 5 dias após o seu marido, no dia 7 de
novembro de 1957.
1. OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1985. p.314.
2. HUSTAD, Donald P. Dictionary-handbook to hymns for the living church. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1978. pp.93-94.
3. KEY, Jerry S. Cap. IV - Educação teológica. Em: MEIN, David, comp. O que Deus tem feito. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.119.
4. Anônimo. Em: MEIN, Ibid. pp.93-94.
5. Ibid.
6. PEREIRA, José dos Reis. História dos Batistas no Brasil, 1880-1992. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.277.
7. TAYLOR, William Carey. My father in the missionary ministry. Louisville, KT: Letter n.9, The W.C. Taylor Letters, c.1957.
8. Ibid.
9. Ibid.
AO ESTUDAR A LETRA completa deste hino, veremos que ela ensina todo o trecho de Filipenses 2. 6 a
11. Foi o Rei da glória quem se esvaziou, sofreu e entregou sua vida por sua própria vontade e é ele quem
salva, quem reina, quem virá em breve.
Aqui temos mais uma das letras muito significativas do pr. Guilherme Kerr Neto, cujos textos sempre nos
ensinam muitas verdades bíblicas. Sobre este hino o pr. Guilherme escreve:
Originalmente intitulado Por isso reina, foi escrito em julho de 1985 para a 1ª Conferência Missionária da
Igreja Batista do Morumbi, SP, da qual fez parte do colegiado de pastores por alguns anos. Gravou o hino no
seu disco Missões e adoração. (Ver HCC 80)
Jorge Geraldo Camargo Filho, dirigente de louvor e adoração da Igreja Batista do Morumbi, compôs esta
melodia para a letra do pr. Kerr em 1985, visando a mesma Conferência Missionária. O compositor, o autor e
o Dr. Jorge Rehder se encontravam todas as quartas-feiras, na hora do almoço, para compartilhar suas
experiências cristãs e suas criações mais recentes. Procuravam também criar algo de valor juntos.
Conseguiram! Tanto este hino, quanto Bendito seja sempre o Cordeiro (HCC 80), Barnabé, homem de Deus
(HCC 496) e outros hinos foram resultados deste estimulante convívio. (Ver HCC 80)
O REI DA GLÓRIA, a primeira frase do hino, foi o nome escolhido para a melodia pelo compositor.
ESTE clássico hino de adoração baseia-se no texto de Apocalipse 19.11 a 13. Aquele que levou uma
coroa de espinhos na cruz agora está coroado com “muitos diademas”. Cada diadema relembra um dos fortes
motivos pelos quais devemos coroá-lo:
Estrofe 1 - Somos convidados a coroar nosso Redentor, o Cordeiro de Deus, Rei sem par que é digno do
nosso louvor.
Estrofe 2 - Somos convidados a coroar aquele que é a encarnação do amor, que leva no seu corpo os
sinais do seu sofrimento, mas que agora brilha com glória que nem os anjos podem contemplar!
Estrofe 3 - Somos convidados a coroar aquele que nos doou a vida, que derrotou a morte, e reina para
sempre à destra do pai, conservando os seus remidos.
Estrofe 4 - Somos convidados a unir-nos com os anjos num coro singular, louvando sem cessar o nosso
Criador e Redentor.
Este hino é uma combinação de dois textos, de dois hinistas da Igreja Anglicana. Cada um desejava
escrever um hino de exaltação ao nosso Salvador e Senhor, que sofreu por nós mas hoje reina. A versão de
Matthew Bridges apareceu, em 1851, no seu hinário Hymns of the heart (Hinos do coração), 2ª edição, com
seis estrofes. Intitulava-se In capite ejus diademata multa (Na sua cabeça há muitos diademas) do texto
Apocalipse 19.12. Vinte e três anos mais tarde, Godfrey Thring escreveu mais seis estrofes, que apareceram
na sua coletânea Hymns and sacred lyrics (Hinos e líricas sacras) em 1874. Na presente versão as estrofes 1
e 3 são de Matthew Bridges, e a estrofe 2 de Godfrey Thring. Na estrofe 4 as primeiras quatro linhas são de
Bridges, e as linhas 5 a 8 são de Thring.
A melodia DIADEMATA foi composta por George Elvey para o hino de Bridges. Seu nome provém da
palavra grega para “coroas” ou “diademas”, do texto de Apocalipse 19.12. Apareceu pela primeira vez no
apêndice da primeira edição do hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), de 1868.
Este hino foi traduzido para o português, especialmente para o Hinário para o culto cristão, em 1990, pelo
Dr. Werner Kaschel, membro da Subcomissão de textos do HCC. Hinista de muita habilidade, o Dr. Kaschel
tem 32 produções no hinário. (Ver HCC 38)
Matthew Bridges (1800-1894), nascido em Malden, condado de Essex, na Inglaterra, foi criado na Igreja
Anglicana. Começou a escrever poesia e prosa em 1825. Publicou dois hinários e diversos livros de poesia,
história e política. Seus hinos apareceram nos Estados Unidos na Plymouth collection (Coletânea de
Plymouth), em 1855.
No meio do séc.19, surgiu o Movimento Oxford, que levou alguns anglicanos a entrarem na Igreja
Católica. Bridges, que tinha escrito o livro The Roman Empire under Constantine, the Great, (O Império
Romano sob Constantino, o Grande) em 1828, expondo erros daquela igreja, foi influenciado por líderes do
movimento, e também ingressou na igreja. Viajou para o Canadá, onde permaneceu por alguns anos, mas no
fim da sua vida, voltou à sua terra natal e faleceu em Devon.
Godfrey Thring (1823-1903) nasceu em Alford, no condado de Somerset, na Inglaterra. Formado pela
Universidade de Oxford, e ordenado pela Igreja Anglicana em 1846, serviu em diversas paróquias. Pastoreou
na Catedral Wells de 1876 a 1893. Thring escreveu muitos hinos e editou e publicou diversos hinários,
inclusive The church of England hymnbook (O hinário Anglicano) (1882).
O compositor, George Job Elvey (1816-1893) nasceu em Canterbury, na Inglaterra, numa família muito
musical. Foi menino corista na célebre Catedral de Canterbury e estudou na Academia Real de Música, a
mais conceituada do país. Organista capaz aos 16 anos foi escolhido como “Mestre dos Meninos” (regente do
coro dos meninos) e organista na Capela de São Jorge, em Windsor. Ali serviu à família real cerca de 50
anos. Tocou no casamento do Príncipe de Gales que, em 1901, se tornaria o Rei Eduardo VII. Foi feito
Cavalheiro pela Rainha Vitória, em 1871. Sir George Elvey compôs dois oratórios: A ressurreição e ascensão
e Monte Carmel, além de peças corais, composições para o órgão e música para o culto. Algumas das suas
mais lindas melodias para hinos continuam a ser usadas nos hinários ao redor do mundo. Esta talvez seja a
mais bela e expressiva delas.
APOCALIPSE 11.15 é a base para este hino escrito por Thomas Kelly, intitulado O segundo Advento.
É um grito de exultação, no momento que o poeta vê na sua imaginação as glórias inefáveis que
acompanham a volta de Cristo, o contraste entre seu sofrimento no primeiro advento e seu esplendor celestial
anjos e santos adorando, a entronização, sua coroação, a música, a aclamação.1
Oh, momento glorioso apareceu na 3a edição do Hymns on various passages of scripture (Hinos baseados
em várias passagens das escrituras), publicada por Kelly em 1809. Julian declara que este hino de Kelly (e
outros mencionados) “se classificam entre os primeiros hinos da língua inglesa”. 2 Foi incluído na primeira
coletânea dos Batistas do Sul dos Estados Unidos The Baptist psalmody (A salmódia Batista), de 1850.
O compositor e publicador George Coles Stebbins fez um arranjo duma melodia de um compositor
desconhecido para esta poderosa mensagem. Esta versão foi incluída na coletânea de Sankey, Sacred songs
and solos (Cânticos e solos sacros), de 1881, e em subseqüentes edições. É esta a música usada no Cantor
cristão e no Hinário para o culto cristão.
O nome da melodia, CROWN HIM (Coroai-o), provém das palavras muito repetidas no original, âmago da
mensagem do hino. (Ver dados biográficos sobre Stebbins no HCC 32)
Este é um dos oito hinos do Hinário para o culto cristão para os quais a Subcomissão de Textos fez uma
nova tradução. Incluiu as primeiras três estrofes do hino de Kelly na tradução feita em 1990. (Ver dados da
Comissão no HCC 4)
Thomas Kelly (1769-1855) nasceu em Stradbally, no condado de Queens, na Irlanda, filho de um juiz.
Formou-se em Direito, pela Faculdade Trinity, de Dublin, Capital, com a intenção de seguir a profissão do pai.
Entretanto, Kelly teve uma experiência espiritual muito marcante. Sentindo-se chamado para o ministério, foi
ordenado pela Igreja Episcopal Irlandesa em 1792.
Por causa das suas fervorosas pregações evangélicas em Dublin, especialmente sobre o assunto da
justificação pela fé, o Bispo de Dublin lhe proibiu de pregar naquela cidade. Kelly deixou a Igreja Episcopal e
trabalhou independentemente com muito sucesso.
Foi um estudioso assíduo das Escrituras, erudito em línguas clássicas e orientais. Pregador esplêndido e
homem de posses, Kelly construiu muitas igrejas e contribuiu muito para os necessitados, especialmente
durante o ano de 1847, quando a fome assolou o país, causando uma calamidade nacional. Foi muito amado.
O hinólogo Miller descreveu-o como um homem íntegro e piedoso, de uma disposição amável.
Sr. Kelly tornou-se amigo de bons homens, e defensor de todas as causas benevolentes e religiosas de
mérito. Foi admirado por seu zelo e sua humildade; e sua liberalidade achou escopo amplo na Irlanda,
especialmente durante o ano de fome.3
Homem de considerável talento musical, Kelly teve muito sucesso como hinista. O ilustre hinólogo Erik
Routley disse que
ESTA PARÁFRASE "cristianizada" do Salmo 72 de Isaac Watts, com o título O reino de Cristo entre os
gentios, é provavelmente o primeiro hino escrito com ênfase em missões mundiais. Foi publicado no seu
Psalms of David, imitated in the language of the New Testament (Salmos de Daví imitados na linguagem do
Novo Testamento) em 1719, a segunda parte da sua versão dos Salmos. É um forte exemplo do "sabor
cristão" que Watts deu a estes Salmos, sabor este que muitas vezes nos faz esquecer da sua origem no
Antigo Testamento. Foi escrito bem antes do despertamento missionário marcado pelo estabelecimento de
uma série de sociedades missionárias, entre as quais a primeira em 1792 foi a dos batistas. O HCC apresenta
a tradução das estrofes 1, 4, 5 e 8. Das 8 originais deste hino que calcula-se ter sido traduzido para mais
idiomas e dialetos do que qualquer outro hino de Watts.
Foi ao som deste hino que em 1862, no dia de Pentecoste, foi celebrado um culto, marcando a adoção de
uma forma de governo cristão, nas ilhas de Tonga, Fiji e Samoa, depois que muitas pessoas daquelas ilhas
tinham se convertido da antropofagia do passado à fé cristã. (Ver dados biográficos de Watts no HCC 38).
O habilidoso tradutor, Dr. Werner Kaschel, foi convidado pela Subcomissão de textos do Hinário para o
culto cristão a suprir uma nova tradução para este majestoso hino, o que ele fez com esmero, em 1990. (Ver
dados do tradutor no HCC 55)
Do compositor da melodia DUKE STREET, John Hatton, sabemos pouco. Nasceu em Warrington,
Inglaterra, em data desconhecida. Morava na cidade de St. Helens, na rua Duke Street, no distrito de Windle.
Faleceu em 1793. Seu culto fúnebre foi celebrado na capela presbiteriana daquela cidade em 13 de dezembro
daquele ano.
A melodia DUKE STREET, majestosa mas muito cantável, apareceu anonimamente pela primeira vez em
1793 na coletânea A select collection of psalm and hymn tunes (Uma coletânea seleta de melodias para
salmos e hinos). Entretanto, numa coletânea de 1805, foi apresentada com este nome para a melodia e
atribuída a Hatton.
A palavra hallelujah [aleluia] deriva-se de duas lindas palavras em hebraico: hallel (louvor) e jah que
refere-se a YAVÉ (Jehová). Hallelujah, então, quer dizer “louvai ao Senhor”. (...) Somente Jeová - cujo nome
era sagrado demais para ser pronunciado pelos adoradores antigos - é digno de louvor contínuo. Mas muitas
vezes falamos esse nome glorioso impensada e desrespeitosamente! Ao optarmos pela conversação
coloquial nas nossas orações, pregações e letras de hinos, precisamos nos resguardar de irreverência e
desrespeito. Precisamos dizer seu nome santo como se estivéssemos orando.1
À época da publicação do HCC Notas Históricas este singelo cântico expressando a alegria do cristão por
ter Cristo como seu Rei era de origem desconhecida, conforme registrado na versão impressa das Notas
Históricas. O pr. João Soares da Fonseca que harmonizou a melodia, para que o cântico pudesse ser usado
na sua igreja, explica:
Este era um “corinho” que ouvi dos jovens da igreja num culto num lar. Ninguém sabia a origem da
letra ou da música. Para que o mesmo fosse cantado na igreja, no culto, foi preciso fazer a
harmonização, já que os instrumentistas não tocavam “de ouvido”. Dei à melodia o nome de minha
igreja, CASCADURA, pelo apoio que ela [Igreja Batista de Cascadura, Rio de Janeiro, RJ] me deu
como participante da Comissão.2
Todos os membros da Comissão do Hinário para o culto cristão reconheceram o quanto suas igrejas
sofreram com as múltiplas responsabilidades que seus obreiros tiveram neste grande empreendimento,
incluindo muitas ausências em horas difíceis. Todos gostariam de homenagear suas igrejas como o pr.
Fonseca fez e aplaudem o seu gesto! (Ver dados do pr. Fonseca no HCC 10).
Anos mais tarde, o professor Ralph Manuel encontrou a partitura completa na coletânea de hinos ingleses
Cry hosanna, editada por Betty Pulkingham e Mimi Farra pela HOPE PUBLISHING COMPANY, com o
copyright 1978 de Celebration Services (International) Ltda., documentação esta que atribui à melodia o nome
POST GREEN, com letra de Sherrell Barker Prebble e Howard Clark e música de Sherrell Barker
Prebble.3
Jesus is our King (Jesus é nosso Rei) é o título original da partitura de onde foi retirado seu estribilho e
publicado no Hinário para o culto cristão sob o título de Cristo é meu Rei. Pela análise da melodia deste
estribilho e texto originais pudemos concluir que não ficaram prejudicadas pela transmissão oral. Assim,
atribuímos a tradução do estribilho deste hino ao pr. João Soares da Fonseca e destacamos uma pequena
alteração rítmica entre a partitura original e a partitura publicada no Hinário para o culto cristão.
Mesmo sendo autores e compositores contemporâneos, poucas são as informações sobre Sherrell Barker
Prebble e Howard Clark (sobre este último não foram encontradas informações até a conclusão desta
pesquisa):
Sherrell nasceu em 20 de março de 1951 e casou-se em 29 de julho de 1973 com o reverendo Edward
Howard Prebble, pastor da St. John's Church, na cidade de Tauranga, Nova Zelândia. Edward é descendente
do imigrante inglês James Prebble que estabeleceu-se em Port Nicholson, Nova Zelândia, em 1840.
Cinqüenta e cinco anos depois a filha deste imigrante, Clara Jane Prebble, mudou-se para o Estado do Oeste
da Austrália, onde também estabeleceu uma pequena extensão da família Prebble.4
1. WYRTZEN, Don. Psalm 113 - Anthem of angels. a musician looks at the psalms. MI: Zondervan Publishing House, 1988. p.294.
2. FONSECA, João Soares da. Carta à autora em 6 de agosto de 1991.
3. MANUEL, Ralph. Documentos enviados à Leila Gusmão, supervisora do HCC Notas históricas e HCC Digital em cerca de agosto de 2004.
4. PREBBLE, Kenneth Ralph. Home page. Disponível em< <http://lancemc46.topcities.com/prebble/5039p.html> >acesso em (08.03.2005).
A VIDA do crente maduro, “o louvor, júbilo interior e contentamento são entrelaçados - complementam um
ao outro. Vida como esta resulta de uma concentração em Deus. Para tal pessoa, a busca da glória de Deus,
o senhorio de Cristo e a adoração e o louvor do nosso Criador-Redentor tornam-se uma maneira natural de
viver. Para esta pessoa, as bênçãos de Deus nunca se tornam corriqueiras.”1
Este hino comunica bem o sentimento e a vida do seu autor, Henry Francis Lyte. Sofreu muitas
dificuldades na sua vida, inclusive saúde precária (faleceu de tuberculose). Mesmo assim, nesta paráfrase do
Salmo 103, Lyte nos ensina que, levantando sua voz em louvor, o crente pode superar os seus problemas em
qualquer circunstância. Este texto é um resumo das admoestações do salmista no Salmo 103: relembrar
todas as obras e maravilhas de Deus. Apareceu na coletânea Spirit of the psalms (O espírito dos salmos) em
1834. Lyte escreveu esta coleção de mais de 280 paráfrases de salmos para usar na sua igreja numa
pequena vila de pescadores, Lower Brixham, condado de Devonshire, onde ele pastoreou de 1823 até sua
morte. (Ver outros dados deste consagrado obreiro no HCC 15, onde há outra tradução da mesma paráfrase).
Salomão Luiz Ginsburg traduziu este hino em 1896, em Campos, RJ. Incluiu-o na edição de 1896 do seu
hinário o Cantor cristão que, pelos seus esforços, crescia cada vez mais. (Ver dados biográficos deste
admirável missionário pioneiro no HCC 29)
Esta linda melodia, escolhida pela Comissão do HCC para dar nova vida a este texto, foi composta pelo
compositor batista Paul Truett Langston para outro texto, em 1965. Langston deu-lhe o nome de ERIN, para
homenagear a sua filha. Foi incluída no Baptist hymnal (Hinário Batista), edição de 1975.
Paul Truett Langston nasceu em Marianna, Estado da Flórida, em 1928. Bacharelou-se na Universidade
de Flórida e fez o mestrado em música sacra no Seminário Teológico do Sul (Louisville). Fez ainda o
doutorado em música sacra no Seminário Teológico Union (Nova Iorque), terminando em 1963. Fez cursos
em composição no Conservatório Americano em Fontainebleau, França, onde teve o privilégio de estudar
com a ilustre Nadia Boulanger, a professora dos grandes compositores da época. Ainda ganhou bolsas de
pesquisa com a Universidade de Carolina do Norte e Universidade Yale.
Serviu como Ministro de Música na Igreja Batista St. John em Charlotte, Carolina do Norte, de 1953 a
1960. Convidado para ser professor na Escola de Música da Universidade Stetson, no seu Estado natal, em
1960, tornou-se Deão da escola em 1963. Serviu nesta capacidade até 1985, quando Stetson lhe conferiu um
Doutorado em música (honoris causa). Langston continua seu ensino na Universidade como o “Professor da
cadeira de música sacra William R. Kenan”, e voltou em janeiro de 1993 da Alemanha onde serviu como
professor num convênio.2
Langston é organista aprimorado, regente coral e compositor de várias melodias e antemas corais. É
membro de um número de organizações profissionais, e incluído em Who's who in America (Quem é quem na
América do Norte). Em 1988, o Seminário de Louisville lhe conferiu o prêmio de “Formado de destaque” e, em
1991, a Universidade Stetson o homenageou com o prêmio de muito prestígio, “Prêmio de excelência
McEniry”.
1. OSBECK, Kenneth W. Amazing grace. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. p.332.
2. LANGSTON, Paul. Carta à autora em 29 de janeiro de 1993.
ESTE HINO EXPRESSA muito bem o coração da pessoa que conhece “o amor de Cristo, que excede a
todo o entendimento” (Efésios 3.19). Cada palavra sobre Cristo baseia-se nas Escrituras. Cristo é vida, paz,
luz, braço forte, consolação, amigo sem igual - a quem vou em aflição, amor, grande amigo - que merece toda
a minha confiança. Esta mensagem veio do coração de um homem que conhecia e amava a Jesus com todo
o seu ser. A terceira estrofe expressa o que deve ser a nossa resposta a tudo que Cristo é. São frases fortes:
“sempre o amarei; nunca o abandonarei; servo leal serei por toda vida.” Não se deve cantar estas palavras
displicentemente! Cristo está ouvindo!
Seu autor e compositor Will Lamartine Thompson publicou o hino no seu hinário New century hymnal
(Hinário do novo século), em 1904. Homenageou a sua querida esposa Elizabeth Johnson Thompson com o
nome da melodia ELIZABETH.
Will Lamartine Thompson (1847-1909) foi chamado “O trovador de Ohio”, seu Estado natal (EUA).
Nascido em East Liverpool, de família presbiteriana, demonstrou desde cedo o seu talento musical. Começou
a compor aos 16 anos, alcançando fama 12 anos depois. Formou-se na Faculdade Mt. Union, do seu Estado,
e no célebre Conservatório de Música de Boston (Massachusetts). Continuou os seus estudos em Leipzig, na
Alemanha. Continuando a compor canções famosas, também estabeleceu a companhia “Will L. Thompson”,
uma firma de muito sucesso que publicava músicas populares, clássicas e sacras, tanto na sua cidade natal
como em Chicago (Illinois). Dele, Bill Ichter fala:
Embora tornasse o compositor milionário, nem por isso Thompson se esqueceu de agradecer a Deus
que tanto o abençoou. Apesar de ser um dos cidadãos mais proeminentes de sua cidade, Thompson
nunca deixou de dar testemunho do seu Salvador, que o salvou desde a sua infância. Nas palavras
de um de seus amigos íntimos, Thompson possuía “um excelente caráter e um belo espírito que não
eram menores do que o seu imenso talento musical”. Simplicidade, sinceridade, humildade e justiça
foram as características de sua vida.1
Sentindo-se muito devedor a Cristo, Thompson passou a compor somente músicas sacras. Comprou
cavalos e uma carroça, onde colocou seu piano, “viajou o comprimento e a largura de Ohio, visitando lares
rurais e cantando seus hinos”. Faleceu na cidade de Nova Iorque, cinco anos depois de ter escrito este hino
de amor e dedicação. Viveu suas próprias palavras. Thompson também nos deu o muito cantado hino Manso
e suave (CC 222), sobre o qual o célebre evangelista Moody disse ao autor: “Will, preferia ter escrito Manso e
suave a qualquer coisa que consegui fazer em toda a minha vida”.
O tradutor deste alegre hino é desconhecido. A Subcomissão de textos do HCC alterou um pouco a
tradução.
1. ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem, v.I. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), s/d, p.14.
JUDY WARD escreveu a letra e melodia deste hino como parte do seu primeiro testemunho público na
sua igreja, em 1978. Submetendo o hino a um concurso da Broadman Press, Judy obteve o 1º. lugar entre
3.000 participantes, recebendo 500 dólares e tendo o hino publicado.
Judy Godsey Ward nasceu em Norfolk, Estado de Virgínia, EUA, em 25 de janeiro de 1945. Cresceu na
pequena Ilha de Gwinn, na baía Chesapeake do mesmo Estado, onde assistia aos cultos da Igreja Batista
desde a infância. Entretanto, foi com a morte do seu pai em 1977, que Judy aceitou a Cristo pessoalmente.
Agora ensina na EBD e canta no coro da sua igreja. Judy bacharelou-se em biologia e química na Faculdade
Lynchburg no seu Estado natal, e ensinou ciências no oitavo ano do primeiro grau por dois anos.
Seus dons e seu amor pela música a levaram a se tornar uma musicista profissional. Com seu parceiro,
canta e toca o violão em restaurantes. Escrevem muitas músicas sacras e seculares juntos e gravaram um
disco. Embora este seja o único hino de Judy publicado internacionalmente, ela já escreveu mais de 300
cânticos e diversos dramas. Um desses dramas foi executado na sua cidade, Matthews, por ocasião do
bicentenário da cidade. Judy serve à sua comunidade como técnica na equipe para emergências médicas e
ganha um dinheiro a mais como pintora de casas, de tempo parcial.
A Subcomissão de Música do HCC deu o nome WARD à melodia em homenagem à autora.
A tradução deste hino foi feita pela dedicada missionária e musicista Joan Larie Sutton em cerca de
1982. (Ver HCC 25)
David Lynn Danner fez o arranjo deste hino cativante para sua primeira coletânea de antemas corais e
arranjos, He is Lord (Ele é Senhor), publicado por Broadman Press em 1979.
Danner nasceu em Tulsa, Estado de Oklahoma, EUA em 8 de agosto de 1951. Bacharelou-se em
educação musical pela Universidade Central do Estado de Oklahoma, em 1973, e fez o mestrado na mesma
área da Faculdade George Peabody para Educadores (agora parte da Universidade Vanderbilt) em 1978.
Desde 1973 serviu em várias funções em relação à música com a Junta das Escolas Dominicais da
Convenção Batista do Sul. Em 1987 tornou-se gerente de produções e, depois, editor artístico (design) do
grupo de Música Genevox, publicadora relacionada com a Junta. Danner foi também compositor, arranjador e
regente independente. Até 1991 já tinha publicado, por editores de renome, mais de 120 composições e
arranjos para coros e grupos instrumentais. Seu comovente drama musical para a ressurreição, Pela manhã
vem a alegria, originalmente publicado em 1981, e, quatro anos mais tarde, pela JUERP, foi uma grande
bênção em todo o Brasil. No prefácio deste drama Danner conta:
Ao compor esta obra, (...) encontrei, como Pedro, uma nova compreensão do magnífico plano de
Deus, da vida que primeiro apareceu numa manjedoura, depois numa cruz, mas que realmente
começou com uma tumba vazia.1
Danner também compôs a cantata Louvai!, publicada pela JUERP, em 1987. Com a tradução de Joan
Larie Sutton, o Coro do Instituto Batista de Educação Religiosa (IBER) apresentou em 1ª audição, sob a
regência da profª. Magali Cunha em junho de 1987, no Auditório Love do Colégio Batista Shepard, antes da
publicação.2 Na introdução desta obra, Danner escreveu estas importantes palavras aos coristas que a
cantariam:
Enquanto você cantar estas músicas, pense em quem Deus realmente é. É ele simplesmente uma
figura distante sobre a qual cantamos e a quem oramos levianamente, ou é ele o maravilhoso
Salvador que tanto nos amou, que deixou tudo o que tinha por causa dos nossos pecados? Estas
são as questões para pensar enquanto você canta.3
Outros antemas corais de Danner foram publicados em Coral sinfônico, v.III, e na revista Louvor. Foi
membro da Comissão de The Baptist hymnal (O hinário Batista) de 1991.
Danner e sua esposa, Judith Dunn Danner, tiveram duas filhas, Dianne e Denise. Este destacado músico
batista faleceu em sua casa em Nashville, Estado de Tennessee, em 13 de fevereiro de 1993, vítima de
problemas cardíacos. Nas palavras de Jean Charles de Oliveira, redator da revista Louvor, em 1993, “sua vida
está apenas começando”.4
1. DANNER, David. Pela manhã vem alegria, Prefácio. Em: Notas e notícias, Louvor, Ano 16, v.2, n.55, Rio de Janeiro: JUERP, 1993. p.15.
2. CUNHA, Magali. Carta à autora em 1993.
3. DANNER, David. Louvai!, Rio de Janeiro: JUERP, 1987.Introdução.
4. Notas e notícias. Louvor, Ano16, v.2 - n.55, Rio de Janeiro: JUERP, 1993. p.15.
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
de meu Pai, que está nos céus”.
Cristo é realmente Senhor da nossa vida? O discípulo Tomé o chamou Mestre durante três anos, mas foi
ao colocar sua mão nos cravos das mãos, e na ferida no lado de Jesus Cristo ressurreto, que ele declarou:
“Senhor meu, e Deus meu”. Que nossa declaração seja igualmente sincera!
O ensino do senhorio de Cristo tornou-se uma realidade na vida do autor e compositor deste hino, D.
LeRoy McClard, pela primeira vez numa aula de Novo Testamento, ensinada pelo Dr. Jack McGorman no
Seminário Teológico Batista do Sudoeste (Fort Worth, Texas, EUA), em 1948. Aquela experiência marcou
muito a sua vida.
No verão de 1965, McClard dirigiu a música para a Conferência dos Jovens dos Batistas do Sul, em
Glorieta, Estado de Novo México. O tema da conferência foi Cristo é Senhor. Durante a conferência toda,
McClard sentiu demais a falta de um hino neste assunto que os jovens pudessem cantar. Depois da sua volta
ao lar, continuou a refletir sobre a conferência, e a necessidade de um hino com esta mensagem. Sentou-se
ao piano e começou a compor um cântico sobre o conceito que Cristo é meu Senhor. Enquanto trabalhava
com a idéia, o cântico cresceu e se desenvolveu no hino que agora conhecemos. McClard relembra que o
texto, a estrutura, e a música vieram a ele muito rápido. Atribui este fato ao seu interesse duradouro no
conceito do senhorio de Cristo desde aquela matéria de MacGorman em 1948.2
O hino foi publicado pela primeira vez no hinário Songs of salvation n.3 (Cânticos de salvação, n.3) por
Broadman Press em 1966. McClard escolheu o nome LORDSHIP OF CHRIST (Senhorio de Cristo) para esta
linda melodia, enfatizando a sua mensagem central.
A primorosa tradução deste hino foi feita pela missionária Joan Larie Sutton, coordenadora da Comissão
do Hinário para o culto cristão, em março de 1987. É uma das suas 47 contribuições valiosas ao hinário. (Ver
dados de D. Joana no HCC 25)
D. LeRoy McClard nasceu em Cape Girardeau, Estado de Missouri, em 18 de março de 1926. Convertido
e batizado aos nove anos, entregou a sua vida a Deus para o ministério em 1948. Bacharelou-se em música
na Universidade Batista de Oklahoma e fez o bacharel de música sacra no Seminário de Fort Worth, Estado
de Texas. Serviu como ministro de música em igrejas nos Estados de Texas, Oklahoma e Arkansas. Foi
Diretor musical das Convenções dos Estados de Arkansas (1955 a 1963) e Illinois (1964 a 1966). Assumiu
cargos de muita responsabilidade no Departamento de música sacra da Junta de Escolas Dominicais da
Convenção Batista do Sul em Nashville, de 1963 a 1991. Foi relator de uma subcomissão e membro de outras
de Baptist hymnal (Hinário Batista) de 1975 e The Baptist hymnal (O hinário Batista) de 1991. Aposentado,
mora em Franklin, Estado de Tennessee.
McClard é autor-compositor de vários hinos e peças corais. O mais significativo, de acordo com ele, é
esse.
1. RICHARDSON, Paul A. Jesus is Lord of all. Nashville, TN: The Church Musician, Hymn of the Month, p.14.
2. Ibid.
ESTE NEGRO SPIRITUAL, proclamando Cristo como Senhor, Rei dos reis, amado, sem igual e Salvador,
como outros spirituals, não tem data, nem autor.
“A divindade [e a humanidade] de Jesus foi afirmada inequivocamente nos negro spirituals (...). Jesus
é compreendido como o Rei, o libertador do sofrimento injusto da humanidade. É o confortador em
tempo de dificuldade.”1
(Ver HCC 94 para uma explicação mais completa sobre negro spirituals)
Caracteristicamente, começa e termina com o estribilho. As estrofes afirmam que o Redentor vive e que,
por seu amor, dá muitas bênçãos. Por isso minha alma sempre o louvará e meu cálice transbordará! A
terceira estrofe é uma declaração que traz um convite: quem crê no Santo Filho terá graça eterna.
O arranjo deste negro spiritual, por Anna Mae Nichols, fez parte de um grupo de arranjos a três vozes
que ela fez em 1964. Hope Publishing Company o publicou em 1965, na sua coletânea Sing praise to God
(Cantai louvores a Deus).
Joan Larie Sutton, que tem nos propiciado tanta música sacra (ver HCC 25), adaptou a letra em 1970. A
JUERP publicou letra e arranjo na coletânea coral Vozes angelicais, v.3, em 1975.
A Subcomissão do Hinário para o culto cristão escolheu o nome MEU SENHOR para a melodia, por serem
estas as palavras chaves do spiritual.
Anna Mae Nichols nasceu no Estado de Oregon, EUA, em 28 de agosto de 1936, num lar cristão. Seu pai
era pastor. Anna Mae fez sua decisão por Cristo aos oito anos. Formou-se em música e psicologia pela
Universidade Liberty, em Lynchburg, Estado de Virgínia. Tem servido como organista, regente coral e diretora
de música em muitas igrejas nos Estados Unidos, nas Filipinas e na Europa. Durante sua estada na França,
em 1972, rededicou sua vida a Cristo.
Anna Mae casou-se em 1955 com Jerry Nichols. O casal tem três filhos: Paul, Julie Ann e Jeffrey.
A sra. Nichols é compositora de peças e arranjos corais e peças sacras para órgão.
1. CONE, James H. The spirituals and the blues: an interpretation. New York: The Seabury Press, 1972. p.47.
“para que fique convosco para sempre, a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode
receber. (...) vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós” (João 14.16,17).
O cristão, confiando na presença do Espírito, e lhe entregando todo o ser, pede que ele atue em sua vida,
limpando, iluminando, ungindo, habitando, dominando, enchendo com seu poder
Hinos de oração ao Espírito têm sido escritos desde o início da igreja de Cristo, desde o grego até as
línguas mais modernas. Um dos hinos ingleses mais expressivos foi o de Edwin Hatch, Breathe on me, breath
of God (Sopre sobre mim, sopro de Deus). Baseado em João 20.22, foi publicado pela primeira vez num
panfleto Between doubt and prayer (Entre a dúvida e a oração), em 1878.
Edwin Hatch (1835-1889) nasceu na cidade de Dirby, na Inglaterra. Formou-se pela Universidade de
Oxford e foi consagrado ao ministério pastoral em 1859. Hatch pastoreou uma igreja por pouco tempo antes
de emigrar ao Canadá onde tornou-se professor dos clássicos na Faculdade Trinity, em Toronto, Província de
Ontário. Retornou à sua terra natal em 1867, como vice-diretor de St. Mary's Hall, de Oxford. Em 1884,
aceitou a cadeira de história eclesiástica. Suas preleções sobre a história da igreja primitiva tornaram-se muito
famosas. Harnack, um escritor importante, que traduziu uma das obras de Hatch, disse dele: “[Hatch] foi um
homem glorioso, cuja perda não deixarei de lamentar.”1 Unia erudição profunda com fé simples a uma vida
realmente cristã.
Conseguir traduzir não somente as palavras de um hinista, mas o seu intento, e ainda criar um hino na
nova língua que flui naturalmente, é uma arte. Depende, também, de muita dedicação, tempo e suor. Em
1991, o pr. João Soares da Fonseca desdobrou-se sobre esta mensagem com arte e dedicação. Que
possamos fazer esta oração com toda a sinceridade! (Ver dados do pr. Fonseca no HCC 10).
O compositor Robert Jackson (1842-1914), nascido em Oldham, condado de Lancshire, na Inglaterra, foi
homem de muitas habilidades. Brilhou como professor, compositor, regente e organista. Estudou na
Academia Real de Música. Começou sua carreira musical como organista e regente para a Igreja de São
Marcos, Grosvenor Square, em Londres. Quando seu pai, conhecido organista e regente da Igreja de São
Pedro, em Oldham, se aposentou, depois de 48 anos, Jackson o substituiu. Permaneceu ali até sua morte, 46
anos mais tarde, que somando-se o trabalho de pai e filho, significa quase um século de serviço dos dois!
TRENTHAM, o nome da melodia de Robert Jackson, é de uma vila no condado de Stafford. A melodia foi
publicada pela primeira vez no livro Fifty sacred leaflets (Cinqüenta panfletos sacros). Fontes seguras dão as
datas de 1888 ou 1894. No Hinário para o culto cristão indicamos a primeira data.
1. HARNACK. Em: THOMSON, R.W., ed. The Baptist book companion. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.355.
BASEADA EM GÁLATAS 5.25, esta oração tão equilibrada e sincera, não pede visões ou sonhos, mas
que os nossos corações pulsem de fé e amor, que o Espírito faça sua luz brilhar em nós. Expressa também a
certeza que temos de que o Senhor está sempre perto, e que, quando o buscamos, nós o encontramos.
Escrito pelo pastor anglicano George Croly, este hino não foi publicado no seu livro, Psalms and hymns for
public worship (Salmos e hinos para culto público) em 1854, como relatam alguns autores. Aparentemente,
apareceu postumamente, pela primeira vez, na coletânea Lyra Britannica, publicada por Charles Rogers em
1869.
George Croly (1780-1860), nascido em Dublin, na Irlanda, formou-se na Universidade de Dublin e
completou seu mestrado em artes em 1804. No mesmo ano foi ordenado ao ministério anglicano,
pastoreando na Irlanda por seis anos. Aos 30 anos, mudando-se para Londres, começou uma carreira literária
de muito sucesso. Publicou vários livros biográficos, históricos e religiosos. Conservador tanto em sua fé
como na política, opôs-se fortemente a qualquer forma de liberalismo. Pastoreou duas igrejas em Londres,
sendo que na última, São Estevão em Walbrook, não se realizava cultos há 100 anos! Croly teve um
ministério único naquela igreja. A ousadia da sua pregação atraiu grandes multidões para ouví-lo. Foi durante
aquele pastorado que publicou Psalms and hymns for public worship (Salmos e hinos para culto público), em
1854. Nesta coletânea, 10 dos 25 salmos e 10 dos 50 hinos eram de sua autoria. Podemos inferir que o uso
deste hinário tenha tido uma influência no seu rico ministério. A Universidade de Dublin conferiu um
Doutorado em Direito (honoris causa) a este erudito e destemido pregador.
João Wilson Faustini conta a história da tradução deste e muitos outros importantes hinos da nossa fé:
Por volta de 1960 uma lista de possíveis hinos a serem incluídos em um hinário multilíngüe, a ser
publicado na Suíça pelo Concílio Mundial de Igrejas, fora me enviada por João Moreira Coelho, que
havia sido meu companheiro dos tempos de ginásio no Instituto José Manuel da Conceição, em
Jandira, SP. Ele fora convocado para integrar a comissão responsável pelos textos em português.
Em sua carta a mim dirigida nessa época, João Coelho desejava saber quais dos hinos da lista já
haviam sido traduzidos, e se eu poderia providenciar a tradução de alguns outros. Verifiquei que de
fato eu já havia tentado traduzir muitos dos grandes hinos de nossa fé que constavam na lista.
Alguns estavam até em fase de publicação e outros apenas esboçados, mas motivado e estimulado
pelo desafio, propus-me a burilar mais as tentativas anteriores e a traduzir os novos da lista. Foi mais
ou menos nesta época que comecei a usar o pseudônimo de J. Costa. Oh, vem fazer fiel Consolador
foi traduzido nesta ocasião.1
Felizmente, Faustini traduziu a quarta estrofe (3ª estrofe no HCC)deste hino, muitas vezes omitida em
outros hinários. Suas palavras devem ser um grande desafio para os nossos corações:
Ralph Manuel, o compositor da nova melodia que comunica tão bem esta profunda mensagem, fala sobre
a ocasião em que ele a compôs:
Esta melodia foi escrita para esta letra em 1987, e foi dedicada aos formandos do Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil daquele ano, turma da qual fui o Patrono.2
O nome da melodia CONSOLADOR vem da primeira linha da letra, "Oh, vem, fazer, fiel Consolador, meu
coração com fé e amor pulsar!"
Num sábado à tarde, em outubro de 1858, enquanto trabalhava na minha roça de milho, o âmago
deste hino chegou a mim. No dia seguinte, o domingo, um dia de muita tempestade, terminei o hino,
escrevi a melodia e, depois, mandei-o ao publicador I. B. Woodbury.1
O hino foi publicado no mês de novembro no periódico mensal de Woodbury e Main, o New York musical
pioneer (Pioneiro musical de Nova Iorque). Em seguida, foi incluído em várias coletâneas americanas e
inglesas, inclusive Sacred songs and solos (Cânticos e solos sacros) de Ira D. Sankey.
Marcus Morris Wells nasceu em Otsego, Estado de Nova Iorque, em 2 de outubro de 1815. Viveu naquele
estado durante toda a sua vida. Na sua juventude converteu-se numa congregação em Búffalo. Passou a
maior parte da sua vida na sua fazenda perto de Hardwick, onde também produziu máquinas e implementos
para a agricultura até seu falecimento em 2 de outubro de 1895.
A melodia escolhida pela Comissão do Hináriopara o culto cristão para este hino sobre o Espírito Santo é
uma das mais lindas melodias inglesas: EVERLASTING LOVE (Amor perene) foi escrita por James Mountain
para o hino Loved with everlasting love (Amado com amor perene) e publicada na sua coletânea Hymns of
consecration and faith, (Hinos de consagração e fé), publicado em 1876.
James Mountain (1844-1933), nascido em Leeds do condado de York, na Inglaterra, estudou para o
ministério pastoral em três faculdades. Ordenado ao ministério Anglicano, tornou-se pastor em Great Marlow,
do condado de Buckingham. Problemas sérios de saúde causaram sua renúncia deste pastorado. Viajou para
a Europa, onde fez mais estudos em teologia. Mountain foi fortemente influenciado pela visita dos famosos
evangelistas Dwight L. Moody e Ira D. Sankey, no início dos anos 1870. Assim, dedicou sua vida ao
evangelismo na Grã Bretanha e mundialmente de 1874 a 1879. Pastoreou a igreja da célebre Condessa de
Huntington, em Tunbridge Wells, de 1889 a 1897. Tornando-se batista, Mountain fundou uma igreja batista
naquela cidade, servindo como seu pastor até se aposentar.
Mountain escreveu muitos livros e artigos religiosos e um bom número de textos de hinos, mas é mais
conhecido pelas suas melodias. Sua coletânea Hymns of consecration and faith mostra a influência de Moody
e Sankey.
O teólogo Werner Kaschel, como membro da Subcomissão de Textos do HCC, conhecia a necessidade
de bons hinos sobre o Espírito Santo no hinário. Com seu profundo conhecimento das Escrituras, traduziu
este hino em 1990 e escreveu o hino Santo Espírito divino, um estudo detalhado sobre o Espírito (HCC 206).
(Ver dados do tradutor em HCC 55).
1. WELLS, Marcus M. Em: REYNOLDS, William Jenson. Hymns of our faith - a handbook for the Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1964. p.68.
Estava se aproximando o retiro espiritual da nossa igreja [Igreja Batista Imperial do Recife, PE], em
1988. Naquele retiro seria apresentado, por meio das mensagens e dos estudos, o desafio de uma
vida de maior comunhão com Deus. Queríamos um hino que enfatizasse a atuação do Espírito Santo
na vida do crente. Deveria ser um hino de despertamento. Comecei a escrever a letra que saiu em
forma de oração. É uma oração expressando o desejo de uma vida completamente dirigida pelo
Senhor, pelo Espírito Santo. Uma vez pronta a letra, imediatamente Deus colocou na mente de
Ralph Manuel a linda melodia que logo foi escrita, completando o hino. A música foi uma inspiração
naquele acampamento e será uma bênção sempre que a entoarmos “em espírito e em verdade”.1
O compositor escolheu o nome DESPERTA-ME para o nome da melodia, por ser Desperta-me, Senhor o
título original do hino.
Ver os dados biográficos do pastor Jilton no HCC 69 e do prof. Manuel no HCC 23.
Por incumbência da Subcomissão de Textos do HCC, O Dr. Werner Kaschel habilmente traduziu o hino
de McKinney em 1989 (Ver dados do tradutor no HCC 38).
1. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.89.
Estrofe 1:
Palavra pura − Provérbios 30.5
Fonte da verdade − João 17.17
Palavra que corrige − 2Timóteo 3.16
Palavra que guia − Salmo 119.105
Estrofe 2:
Conselhos prudentes − Salmo 119.24
Cristo resplandece − 2Coríntios 4.6
Palavra, Espelho − 2Coríntios 3.17
Jesus ilumina − 1Pedro 1.19
Estrofe 3:
Livro verdadeiro − Salmo 119.160
Ensina o amor de Deus − Jo 15.9
Palavra santifica − 1Tm 4.5
Palavra companheira − João 15.7
Ensina a obedecer − João 14.15
1. SLEETH, Natalie, Cânone de louvor. Em: Louvor perene, n.60, folha 602, jan/fev/mar, de 1975.
Quanto à letra de minhas músicas, acho que tem muito a ver com Dr. W.C. Taylor, que foi meu
professor de doutrinas e a quem devo, depois de Deus, minhas certezas e convicções bíblicas e a
seriedade das mesmas.2
Gerda Reinke Sodré nasceu num lar batista teuto-brasileiro em 18 de março de 1932, em Panambí, RS
(Neu Württenberg na época). Converteu-se no último ano do ginásio, quando o pai perdeu tudo num incêndio.
Trabalhou por cinco anos num escritório comercial, dividindo o salário mínimo com a família. D. Gerda
escreve sobre a sua chamada:
Em 1953, o Dr. L.M. Bratcher foi a Panambí na campanha Ao Brasil contaremos a história, com
slides do trabalho missionário no sertão. Ao seu apelo, definí-me para o trabalho do Senhor e no ano
seguinte ingressei no Instituto de Treinamento Cristão, IBER (hoje CIEM), RJ. Terminando o curso,
imediatamente me apresentei à Junta de Missões Nacionais e fui enviada ao sertão.3
Foi em 15 de fevereiro de 1957 que D. Gerda foi nomeada. Trabalhou durante um ano à frente de uma
escola batista, em Carolina, MA, e três anos em Riachão das Neves, BA. Casou-se com o pastor Edval
Tolentino Sodré, também missionário da JMN, em 1961. O casal, desde então, trabalha no campo missionário
no interior da Bahia.
D. Gerda é mãe de sete filhos (seis filhas e um filho), tendo já quatro netos. Fala e escreve fluentemente o
alemão. Desde 1991 trabalha como professora na classe de jovens na EBD da Igreja Moriá, na cidade de
Vitória da Conquista (BA). É professora pública, à frente de uma turma de alfabetização. Também cursa a
Faculdade de Administração. O pr. Edval continua como Secretário Executivo da Associação Serra Vale, no
interior baiano. D.Gerda é autora e compositora de outros belos hinos inéditos.
LIVRO SANTO, cuja melodia ganhou o mesmo nome do título e tema, é a primeira composição de D.
Gerda, escrita em Xique-Xique, às margens do Rio São Francisco, para um concurso da Imprensa Bíblica
Brasileira em 1962, no qual tirou o primeiro lugar. Para escrevê-lo, usou o harmônio que ganhou de presente
de D. Dorine Hawkins Stewart quando estudou no ITC (Instituto de Treinamento Cristão), no Rio de Janeiro.
Em D. Gerda encontramos o exemplo vivo de consagração a Deus e dedicação à família e à obra
missionária no Brasil.
ESTE HINO é uma oração para que Cristo, o Pão do céu, abra sua Palavra para nós e nos alimente.
Quando a verdade das Escrituras está aplicada em nós, encontramo-nos com Cristo e somos transformados,
achando liberdade e paz nele, o Summum Bonum (o Bem Supremo).1
As estrofes 1 e 2 são baseadas em Mateus 14.13-21.
Em 1877, o diretor do famoso Acampamento Chautauqua pediu à autora, Mary Lathbury, que escrevesse
um hino para os grupos de estudos bíblicos do acampamento. Levando sua Bíblia a um lugar muito quieto e
aprazível nas margens do Lago Chautauqua, Mary abriu-a na história de Cristo alimentando a multidão. Suas
estrofes pediram que Cristo abrisse a Palavra para estes grupos como partiu o pão e alimentou a multidão
naquele dia perto do mar da Galiléia. Mary deu sua letra a William F. Sherwin, diretor da música do
Acampamento Chautauqua e regente do seu grande coral. Logo Sherwin compôs esta singela melodia,
BREAD OF LIFE (Pão da vida). Usou o novo hino naquele acampamento e o incluiu nas publicações de
Chautauqua. Esta feliz combinação de letra e música fez com que o hino se difundisse por toda parte.
Apareceu pela primeira vez num hinário em 1878, em The Calvary selection of spiritual songs (A seleção
Calvário de cânticos espirituais).
Em 1913, o hinista inglês Alexander Groves, estudando o hino de Lathbury, quis reforçar sua mensagem.
Escreveu mais duas estrofes, baseando-as em João 6.33-35, assim continuando a oração. Seu real desejo
era que o Pão do céu lhe alimentasse por meio da Palavra de Deus. Publicou o hino com as quatro estrofes
na revista Wesleyan Methodist magazine (Revista Metodista wesleyana) naquele ano. Desde então, muitos
hinários apresentam esta versão. O hino é muito apropriado para se cantar antes ou depois de abrir a Palavra
de Deus em qualquer reunião.
Em 1989, João Soares da Fonseca, como membro da Subcomissão de Textos do Hinário para o culto
cristão, estudava este hino no original. Apreciou muito a versão de quatro estrofes, e fez uma nova adaptação
dela, sempre lembrando o alvo do hino original, que Cristo abra e aplique a Palavra em nossas vida, para que
nelas haja real transformação (Ver dados do tradutor no HCC 10).
Mary Artemisia Lathbury (1841-1913) nasceu em Manchester, no condado de Manchester, Estado de
Nova Iorque. Filha de um pastor metodista, mostrou desde cedo seus dotes artísticos e literários. Tornou-se
artista profissional, desenhando ilustrações para revistas e livros para crianças. Aos 32 anos, sentindo-se
exausta e com a vista muito cansada, decidiu ir ao famoso Acampamento Chautauqua, ao sudoeste do
Estado, onde cada ano mais de 50.000 pessoas se reuniam para refrigério espiritual, mental e físico. Lá, Mary
ofereceu sua ajuda ao ilustre diretor, o Bispo John H. Vincent. Começou, então um relacionamento longo e
único. Com suas capacidades incomuns, chegou a ser chamada “Poetisa laureada de Chautauqua”. Seu hino
Cântico vespertino foi sempre usado no acampamento e difundiu-se ao redor do mundo.
Mary foi editora e autora de muitos artigos para jovens e crianças e fundou uma organização para jovens
nas Escolas Dominicais metodistas chamada Look-up legion (A legião dos que olham para cima) cujo lema,
baseado num verso por Edward Edward Hale, era:
1. HUSTAD, Donald P. An interpretation: Break thou the bread of life. Em: The hymn, v.36, n.3, Fort Worth, TX: The Hymn Society, July, 1985. p.27.
2. WAKE, Arthur N. Companion to hymnbook for christian worship. St. Louis, MO: The Bethany Press, 1970. p.286.
ESTE SINGELO HINO foi escrito especialmente para o Hinário para o culto cristão pelo teólogo Werner
Kaschel, membro da Subcomissão de Textos. A comissão do hinário queria um bom número de hinos sobre
a Palavra de Deus. Por ser ilustre estudioso da Bíblia e membro da equipe que traduziu A Bíblia na
Linguagem de Hoje, este servo de Deus vive com este assunto bem perto do seu coração (Ver dados de
Kaschel no HCC 38).
Sugere-se, ao ensinar este hino à igreja, chamar atenção antes, a todas as suas declarações sobre a
Palavra. As respostas poderiam vir da congregação. Este hino é excelente para o coro ou conjunto de
crianças, como também em suas classes da Escola Bíblica Dominical. Seria maravilhoso que elas
decorassem sua mensagem. Sua melodia é simples, e de uma tessitura bem dentro do seu alcance.
O compositor e publicador William Batchelder Bradbury compôs esta melodia em 1858, dando-a o nome
de ALETTA. Publicou-a no seu hinário The jubilee (O jubileu) em 1858. Desde então, por causa da sua
singela beleza, foi incluída em muitos hinários ao redor do globo, adaptada a diversos textos (Ver dados no
HCC 173 deste homem de destaque, que convidou a célebre poetisa cega Fanny Crosby a se dedicar à
hinódia, e foi um dos seus melhores parceiros).
SARAH POULTON KALLEY escreveu esta letra em 1873, publicando-a na quarta edição dos Psalmos e
hymnos, aumentada e revista, no mesmo ano. O casal Kalley pessoalmente custeou esta edição como
também várias outras.
“Era constante a preocupação do casal Kalley em abrir escolas primárias junto às igrejas que iam
fundando”.1
Por causa das leis do Brasil sob a monarquia e a falta de professoras idôneas,
“foi possível fazê-lo dezessete anos depois da sua chegada no Brasil”.2
Uma escola gratuita foi aberta no Rio de Janeiro em 1871, outra em Niterói no mesmo ano, e ainda outra
em Cascadura, na cidade do Rio de Janeiro, em 1873. D. Sara Kalley procurou preparar hinos adequados
para estas escolas. Podemos imaginar esta talentosa missionária pioneira à sua mesa, com a Bíblia aberta, e
alguns hinários britânicos à mão, se dedicando a escrever este hino sobre a Bíblia para todos os alunos
destas escolas e para as Escolas Bíblicas Dominicais das igrejas que iam sendo fundadas.
A historiadora Henriqueta Braga fala da extraordinária contribuição do casal Kalley à hinologia brasileira:
O casal Kalley foi, na Divina Providência, o verdadeiro baluarte da hinologia evangélica brasileira.
Para isto, achavam-se os dois magnificamente preparados: eram, antes de tudo, cristãos
consagrados; além disso, possuíam fina educação aliada à sólida cultura e a notáveis dons artísticos.
Ambos escreveram hinos originais e traduziram inspirados cânticos (dos cento e oitenta e dois
números que hoje (1960) se encontram em Salmos e Hinos com a inicial K, cento e sessenta e nove
foram produzidos por D. Sara e, treze, pelo Dr. Kalley).3(Ver outros dados da D. Sarah no HCC 40)
A Comissão Coordenadora de o Cantor cristão de 1958 achou por bem incluir este texto, com o título A
palavra da vida. Concordando com esta escolha mas, frente à necessidade de atualizar a linguagem deste
importante hino de D. Sarah, escrito 120 anos atrás, a Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão
achou aconselhável alterar o texto em alguns lugares.
A métrica deste hino é 8.7.8.7.11., como corrigida nas edições mais recentes do Hinário para o culto
cristão. 4
A Subcomissão de Música do Hinário para o culto cristão, procurando uma boa melodia para este texto, a
pedido da Comissão Coordenadora do HCC, achou a singela melodia HEBER, composta em 1868, por
Edward John Hopkins, para hinário Hymns of the christian life (Hinos da vida cristã), número 75.
Edward John Hopkins (1818-1901), cuja vida atravessou, quase por completo, o século 19, nasceu em
Westminster, Londres, na Inglaterra. Foi corista da Capela Real como menino, estudando teoria com T.F.
Walmsley. Decidido a fazer da música a sua vocação, tornou-se organista, servindo em três igrejas
sucessivas entre 1834 e 1843. Assumiu a posição de organista da Igreja Temple, em Londres, naquele ano,
continuando ali por 45 anos. Sob sua direção durante aquele tempo, o canto coral da igreja alcançou um nível
muito alto.
Hopkins compôs muita música para cultos, hinos e chants5 e muitas peças corais que se tornaram
repertório regular na Igreja Anglicana. Em 1855, escreveu The organ: its history and construction, (O órgão:
sua história e construção), ainda hoje considerado um livro padrão. Altamente respeitado como editor de
hinários, completou The Wesleyan tune book (O livro Wesleyano de melodias), depois da morte de Gauntlett
(ver HCC 107) e Cooper, seus compiladores. Foi editor musical do Congregational church hymnal (Hinário da
Igreja Congregacional, 1887), contribuiu com artigos para o prestigioso Grove's dictionary of music and
musicians (Dicionário Grove de música e músicos) e várias outras publicações musicais.
Em homenagem à sua grande contribuição à música sacra, foi conferido a Hopkins o doutorado em
música (honoris causa) pelo Arcebispo de Canterbury em 1882 e da Faculdade Trinity, em Toronto, no
Canadá quatro anos depois.
O Hinário para o culto cristão também inclui a famosa melodia ELLERS de Hopkins, no número 383.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1962k, p.113.
2. Ibid., p.114.
3. Ibid., p.125.
4. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
5. Anglican Chants - tipo simples de melodia harmonizada usada na Igreja Anglicana, [e hoje, em outras igrejas protestantes] para o canto de textos não metrificados,
principalmente os Salmos e c]anticles (trechos bíblicos fora dos Salmos). [Consiste de] uma melodia curta repetida para cada versículo do texto, a variedade das
sílabas sendo acomodada nas linhas diferentes pelo mecanismo de uma nota de recitação no início de cada linha, (...) servindo como veículo de muitas ou poucas
sílabas, enquanto as notas seguintes são cantadas no compasso indicado e normalmente tem uma sílaba cada. A primeira parte do chant inclui 3 compassos e a
segunda parte, 4. (KENNEDY, Michael. ed. The concise oxford dictionary of music. Third Edition, New York: Oxford University Press, 1980. p.20.) Diversos destes
chants foram incluídos no hinário brasileiro Alleluias, da Igreja Metodista Episcopal, publicado em 1951. Às vezes são chamados cantochão (ver p.439ss do referido
hinário)
“jamais deixaram os hinos sacros de desempenhar papel de relevância nas numerosas e sempre
crescente Escolas Dominicais que, desde então e pela graça de Deus, se vêm organizando por todo
o Brasil”.2
Os primeiros hinos cantados, provavelmente, foram aqueles escritos pelo Dr. Kalley, durante os tempos de
missionários na Ilha da Madeira (trabalho que ele deixou, forçosamente, só com a roupa do corpo, num navio
que Deus havia mandado para aquela ilha naquele momento de feroz perseguição). Havia deixado sua
primeira esposa sepultada naquela ilha, mas Deus providenciou uma outra companheira idônea para sua vida
e obra. Vindo ao Brasil com ele, D. Sara,
“por ordem e expressas do Dr. Kalley, como todas as outras, com cento e trinta títulos”.4
Seguindo a orientação da Comissão Coordenadora do HCC, de não repetir o uso de uma melodia em
mais de um hino, a Subcomissão de Música substituiu a melodia escolhida por D. Sarah (AZMON, HCC 72)
por uma outra muito apropriada, a RETREAT (Refúgio) de Thomas Hastings, composta em 1840. Esta
melodia apareceu pela primeira vez na sua coletânea Sacred songs for family and social worship (Cânticos
sacros para culto público e do lar) em 1842 (Ver dados deste extraordinário músico no HCC 75).
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.109.
2. Ibid.
3. Ibid.
4. BRAGA, Henriqueta, Rosa Fernandes. Salmos e Hinos - sua origem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Igreja Evangélica Fluminense, 1983. p.31.
CADA ESTROFE deste hino é baseada numa distinta passagem das Escrituras, que se refere a uma
testemunha viva - crentes que compreendem e demonstram a presença de Deus.
Estrofe 1: Habacuque 2.20 pede que toda a terra guarde silêncio, e proporciona o tema para sua
adoração − a transcendência única de Deus.
Estrofe 2: Apocalipse 4.8 retrata as multidões nos céus que se unem aos salvos na terra, adorando a
Deus dizendo: “Santo, santo, santo!”
Estrofe 3: Salmo 36.8-10 sugere a encarnação de Deus no crente que adora a Deus através da sua
vida santa.1
Gerhard Tersteegen é considerado um dos maiores hinistas e líderes espirituais da Igreja Reformada
Alemã. Ele mesmo era uma “testemunha viva”. Deixando sua vocação lucrativa, escolheu uma vida de
sacrifício. Depois de um tempo como eremita, começou a viajar e pregar, dando de si mesmo a um grupo
crescente de seguidores, vivendo uma vida exemplar de serviço.
A trajetória da sua vida se assemelha a este hino: o silêncio - sua retirada da vida; a adoração da igreja -
seus muitos amigos e sua pregação em muitos lugares; a vida pessoal − [sua vida santa] e seu extenso
serviço.2
Ver mais dados da vida deste singular homem de Deus no HCC 167.
Tersteegen publicou este hino, Gott ist gegenwärtig (Deus está presente) no seu hinário Geistliches
blumengärtlein (Jardim espiritual de flores), em 1729. Alguns acham que é, possivelmente, uma paráfrase de
uma obra do escritor francês pietista Labadie.
A tradução do alemão para o português foi habilmente feita pelo pr. João Soares da Fonseca, membro
da Subcomissão de Textos do HCC, uma das quatro traduções de hinos que ele fez do alemão especialmente
para o hinário. (Ver dados no HCC 10)
A melodia ARNSBERG, tambêm chamada WUNDERBARER KÖNIG (Maravilhoso Rei), foi composta pelo
consagrado hinista Joachim Neander, publicada no seu hinário Bundes lieder (Hinos cívicos) em 1680. Seu
nome alemão refere-se ao hino para o qual Neander a compôs, Wunderbarer König, Herrscher von uns allen
(Maravilhoso Rei, Senhor de todos nós). Entretanto, é com a letra de Tersteegen que sua melodia hoje é
usada ao redor do mundo.
Joachim Neander nasceu em Bremem, Alemanha, em 1650, primeiro filho do Diretor do Pädogogium
(Escola primária) daquela cidade, e descendente de uma longa linha de pastores de destaque. Recebeu uma
educação privilegiada. Entretanto, como aluno, influenciado pelos seus colegas, vivia uma vida de
devassidão. Aos vinte anos, foi com dois amigos a um culto numa igreja com a idéia de criticar e achar graça.
Mas o fervor do pastor, o Rev. Theodore Under-Eyck, tocou-lhe o coração e conversas subseqüentes com ele
mudaram a sua vida. Um dia, Neander foi caçar nas florestas dos morros perto da sua casa. Caiu a noite, e no
escuro perdeu o caminho. Foi ali que Deus alcançou a vida desse jovem. Caindo de joelhos, orou, dando a
sua vida ao Salvador. Ao se levantar, descobriu que havia parado na beira de um precipício, e que mais um
passo teria causado sua morte. Logo depois, como que guiado por Deus, Neander descobriu uma vereda bem
conhecida, e chegou em casa salvo, e transformado.
Depois de servir como tutor em Frankfurt e Heidelburgo, Neander foi ensinar numa escola da Igreja
Reformada Alemã em Dusseldorf, e, embora não ordenado, assistia na pregação e no trabalho pastoral da
igreja ligada à escola. Foi nesse tempo que Neander começou a sua associação com pietistas, 3 tornando-se
amigo do seu líder, Jacob Spener. Começou a seguir algumas das suas práticas. Com isso, foi demitido da
escola e da igreja e foi morar numa caverna na linda região de Neanderthal, perto de Mettman, nas margens
do Reno. Foi ali que escreveu a maior parte dos seus sessenta hinos (letra e música). A caverna ainda hoje é
chamada A caverna de Neander.
Em julho de 1679, Neander, aceito novamente na Igreja Reformada, tornou-se assistente do Pastor Under-
Eyck, na mesma igreja onde ele tinha ido zombar nove anos antes. Certamente teria tido um rico ministério
nos anos a seguir mas, a tuberculose o ceifou em 1680. Seus hinos foram publicados no mesmo ano numa
coletânea chamada A und Joachini Neandri Glaub- und liebesübung (Alfa a Ómega, Joaquim Neander,
ensaios de fé e amor). Naquele curto período de dez anos, Neander tornou-se o mais notável hinista da Igreja
Reformada Alemã. É chamado “o Paul Gerhardt (ver HCC 108) dos calvinistas”. 4 Nos seus hinos acham-se as
expressões e crenças da Igreja Reformada e dos Pietistas, mas, o brilho e a doçura dos seus melhores hinos,
sua fé firme, originalidade, biblicidade, variedade e mestria de formas ritmicas, e genuíno caráter lírico dá a
eles o direito ao lugar alto [na hinódia] que ocupam.5
Diversos dos hinos de Neander chegaram até os hinários evangélicos do Brasil. O Hinário para o culto
cristão inclui, além desta melodia, “uma das verdadeiramente grandes letras da igreja cristã”,6 o belíssimo
hino Louve, meu ser, ao grandioso Senhor, no número 227.
1. STANISLAW, Richard J. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church - a hymnal, Worship Leader's Edition, Carol Stream, IL: Hope Publishing Co., 1990.
n.110.
2. Ibid.
3. O pietismo foi o rompimento com as tendências escolásticas [ou ortodoxia morta], uma afirmação da primazia do sentimento, na experiência cristã, uma
reivindicação por parte dos leigos da participação ativa na edificação da vida cristã e um esforço de estrita atitude ascética com referência ao mundo. (Ver: WALKER,
Willitson, História da igreja cristã, 3ª ed. Rio de Janeiro e São Paulo: Co-edição Juerp e ASTE, 1981. Livro II, p.190.)
4. HUSTAD, Donald P., ed. Dictionary-handbook to hymns for the living church. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1978. p.292.
5. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.1, Dover Edition New York: Dover Publications, inc., 1957. p.791.
6. RYDEN, E. E. The story of christian hymnody, Rock Island, Il: Augustana Press, 1959. p.110.
“Estes hinos [de Wesley] foram compostos para que homens e mulheres pudessem cantar no seu
caminho para o conhecimento, e não somente para a experiência; para que as pessoas cultas
pudessem ter sua cultura batizada e as pessoas não instruídas pudessem ser levadas para a
verdade pela mão gentil da melodia e da rima”.1
1. ROUTLEY, Erik. Em: OSBECK, Kenneth W. 101 more hymn stories. Grand Rapids: Kregel Publications, p.109.
“São Fransisco de Assis dedicou-se de corpo e alma ao serviço dos pobres e aflitos”.2
Sua abnegação, amor e zelo atrairam um grupo de seguidores que mais tarde formaram a Ordem dos
Franciscanos, fundada sobre humildade, simplicidade, pobreza e oração. Ninguém, entretanto, conseguiu
igualar o exemplo do homem que se esforçou
“talvez mais do que qualquer outro homem, para imitar a vida e o espírito de Jesus”.3
Francisco de Assis e o seu grupo escaparam por pouco da ceifa da Inquisição, que exterminou outros
grupos de protesto, porque
“o Movimento Franciscano era realmente uma heresia, uma revolta contra a regimentação de
doutrina e vida, em busca da liberdade e do amor dos ensinos originais de Cristo”.4
Este hino, que é considerado o mais antigo poema religioso na língua italiana, é somente um dos muitos
cânticos que ele criou. Esses cânticos eram expressões de um homem que se regozijava no Senhor,
enquanto sentia muita tristeza pelos pecados do mundo e pelo sofrimento de Cristo.
Sugere-se intercalar as estrofes deste hino com os versículos do Salmo 148, no qual evidentemente foi
inspirado. O periódico, Sinos n.4, publicado pela Imprensa Metodista em 1948, incluíu 5 estrofes deste
poderoso hino de adoração. A segunda estrofe, que não aparece no Hinário para o culto cristão, diz assim:
Tu, forte vento a soprar,
vós, nuvens que pairais no ar,
oh, louvai-o, Aleluia!
Tu, linda aurora em teu albor,
tu, suave ocaso multicor
oh, louvai-o, oh, louvai-o,
aleluia! Aleluia!
Aleluia! 5
O hinólogo inglês, Dr. William H. Draper (1855-1933), que levou para o inglês muitos hinos latinos e
gregos, fez uma excelente versão deste hino entre 1899 e 1919. Esta versão ganhou a linda melodia, LASST
UNS ERFREUEN (Regozijemo-nos), da coletânea Geistliche kirchengesänge (Cânticos espirituais da igreja),
publicada em Colônia, na Alemanha, em 1623. Por causa da nítida semelhança desta melodia com outras do
século 16, alguns acham que há nas suas frases linhas comuns à hinódia daquele século, usadas à vontade
pelos compositores posteriores.
A versão de Draper foi habilmente traduzida pelo prof. Isaac Nicolau Salum, Jorge Cesar Mota e outros
em cerca de 1948. Ver dados de Isaac Salum no HCC 104.
1. KEITH, Edmund D. Hinódia cristã, 2ª ed., revista e atualizada, trad. de OLIVER, Bennie May. Rio de Janeiro: JUERP, 1987, p.40.
2. REAM, Ethel D. Sinos n.4, São Paulo: Imprensa Metodista, 1948, p.24.
3. KEITH, Loc. cit.
4. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950, p.261.
5. REAM, Loc. cit.
AO COMEÇAR uma nova semana, John Newton pede a paz e perdão do nosso Pai e, ao cultuá-lo,
declara a dependência nele para o futuro. Há muitos anos a letra deste hino é cantada pelos batistas
brasileiros, sendo que no HCC ela vem aliada a outra melodia. Certamente foi bem recebida pela igreja em
Olney, localizado no condado de Buckinghamshire, Inglaterra, na qual Newton servia. O hino foi publicado no
hinário Psalms and hymns (Salmos e Hinos) em 1774, e, depois, na coletânea Olney hymns, Book II, de
Newton e Cowper, em 1779. Seu título original era Sábado à noite, mas, sendo destinado para o culto
matutino no domingo, recebeu o novo título,
John Newton nasceu em Londres, em 24 de julho de 1725. Até sete anos, teve o carinho e ensino da sua
piedosa mãe, membro duma igreja dos dissidentes. Diligentemente ela o ensinou. Aos quatro anos, John lia
fluentemente. Aos seis, lia Virgílio em latim. Teve uma mente perspicaz e uma memória retentiva. Escreveria
mais tarde:
Minha mãe armazenou minha memória (....) com muitas peças valiosas, capítulos e porções das
Escrituras, catecismos, hinos e poemas. Quando o Senhor, muito mais tarde, abriu os meus olhos,
achei grande benefício em relembrá-los.1
Mas, com a morte dela, John perdeu sua oportunidade de ser criado no evangelho. Passou dois anos
numa escola onde seu tratamento era severo e sem amor. Aos onze, foi ao mar com seu pai, homem duro e
seco. Nos anos vindouros, na sua rebeldia, foi de mal para pior, descendo cada vez mais na degradação.
Mais tarde achou-se tripulante num “navio negreiro”, onde juntou-se ao tratamento cruel dos infelizes
escravos. Foi traído e deixado preso numa ilha, onde os seus maus tratos não o mataram pela bondade de
escravos ao seu redor. Seu pai, chegando a saber da condição do seu filho por uma carta, secretamente
enviada, conseguiu sua libertação.
Voltando para a Inglaterra no navio Greyhound, na providência de Deus, Newton havia achado e, no seu
tédio, lido o livro A imitação de Cristo, de Thomas A Kempis. De repente, a nau foi pega numa tempestade
tremenda. Seu lado foi desmoronado e muitos tripulantes foram levados ao mar, sem mastro; todas as
provisões perdidas, o navio, por 27 dias, flutuou a ermo. Todos a bordo, famintos e congelados, viveram entre
a vida e a morte. Newton cria que sua morte estava iminente! Foi ali que ele viu a sua condição de pecador.
“Voltou dramaticamente a Deus, repudiou sua vida de depravação, e chorou lágrimas de arrependimento”.2
Pela graça de Deus, o navio não afundou. Newton, o mais blasfemo dos tripulantes, nunca mais usou o
nome de Deus em vão. Lia o Novo Testamento enquanto seus companheiros o miraram em espanto. Quando,
milagrosamente, o Greyhound chegou em terra perto de Londonderry ao norte da Irlanda, no dia 8 de abril, o
primeiro ato de Newton foi de procurar uma igreja e lá orar.3
A graça de Deus continuou a fazer sua obra na vida de Newton. Foi crescendo espiritualmente. Casou-se
com Mary Catlett, uma excelente moça, a quem havia amado muito tempo. Voltou ao mar, capitão de outro
navio negreiro. Nos seus navios mantinha cultos e procurou educar-se com um ambicioso programa de
estudo de bons livros. Anos depois, ao crescer muito mais na fé, lamentou profundamente ter feito parte deste
nefando tráfico, descrito tão dramaticamente pelo famoso poeta brasileiro Castro Alves. Tornou-se “forte e
eficaz guerreiro contra a escravidão”.4
Em 1754, Newton deixou o mar. Estabelecendo-se em Liverpool, trabalhou no porto e começou a
preparar-se para o ministério. À noite, depois do seu trabalho, estudou teologia, hebraico, grego e os
clássicos. Lá recebeu muita influência de George Whitfield e João Wesley, e em 1758, começou a pregar.
Ordenado pela igreja anglicana (com o auxílio de Lord Dartmouth e a Condessa Huntington, dois evangélicos
de prestígio), foi nomeado para a pequena paróquia de Olney, no condado de Buckinghamshire,
permanecendo ali por 15 anos. Ali começou um frutífero e influente ministério.
Newton começou muitas inovações. Usava histórias no púlpito, especialmente a da sua conversão. Além
dos cultos na sua igreja, conseguiu um auditório grande e lá ensinava as crianças, de tarde, e aos adultos à
noite. Grandes multidões foram ouvir o “velho capitão” e foram alcançadas desta maneira. Outra inovação: em
vez de cantar somente os salmos métricos nos cultos, como era aceitável nas igrejas anglicanas, começou a
usar hinos e,
“querendo expressar a religião simples do coração que ele estava ensinando, começou a escrevê-
los”.5
Pediu o auxílio do seu grande amigo William Cowper. Queria ter um hinário que fosse “um livro de
instrução na fé evangélica, para ser cantado, lido e decorado.” Assim, com a cooperação de Cowper, publicou
a célebre coletânea Olney hymns, em 1779, hinário ao estilo Wesley, para a qual contribuiu com 280 textos.
Há um bom número dos seus melhores textos ainda em uso mundialmente, depois de dois séculos. O Hinário
para o culto cristão inclui seu famoso hino de testemunho Preciosa a graça de Jesus no número 314.
Newton nunca se esqueceu do seu passado. Colocou na parede do seu escritório uma placa com o
versículo:
“Pois lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou”
(Deuteronômio 15.15).
No púlpito, usava o uniforme de marinheiro - com uma Bíblia numa mão e o hinário na outra”6 - isso numa
igreja anglicana onde o pregador usaria beca. Achou importante relembrar a si mesmo e aos outros, o quanto
a “preciosa graça de Jesus” havia feito por ele.
Depois de Olney, Newton foi escolhido para pastorear uma das maiores igrejas em Londres, onde
permaneceu por 28 anos até sua morte em 1807,
“justamente o ano que o bom William Wilberforce, cuja conversão Newton encaminhou, conseguiu
que o Parlamento aprovasse a lei que abolisse para sempre a escravidão em todas os domínios da
Grã Bretanha”.7
Newton tornara-se o conselheiro espiritual de Wilberforce, e poucos meses antes da sua morte teve o
prazer de parabenizar o estadista por seu sucesso, depois de um heróico esforço de 45 anos.
Alguns consideraram que o maior dom espiritual deste servo de Deus era o de lidar com pessoas uma por
uma. Os publicadores das suas cartas chamaram-no de “diretor de almas no movimento evangélico”.8 Foi
descrito como “o escritor de cartas par excelence do Reavivamento evangélico”.
A Newton
“foi dado um conhecimento do coração humano e de como o Senhor lidava com seu povo”.9
Todas as terríveis experiências da sua vida, sua conversão e chamada para o ministério, deram-lhe fama
e
“as pessoas vinham a ele para conselho e auxílio. (....) Viam nele alguém que podia entendê-los e
entrar nas suas experiências com ternura e simpatia”10
Muitos que não podiam vê-lo em pessoa procuraram sua ajuda por carta. Newton entendeu a importância
deste ministério. Foi muito diligente em praticá-lo. Escreveu:
“É a vontade do Senhor que meu ministério maior seja por minhas cartas”.11
O rev. George B. Nind, missionário metodista que muito auxiliou o ministério de Salomão Ginsburg,
traduziu este hino em 1894.
George Benjamin Nind (1860-1932), o cunhado do dinâmico Justus Nelson, foi enviado ao Brasil pela
Igreja Metodista Episcopal do Norte dos Estados Unidos. Permaneceu no Recife de 1882 até 1892. Foi lá que
conheceu Salomão Ginsburg, que o descreveu como:
Um dos melhores auxiliares (na pregação ao ar livre), um verdadeiro cristão. Para seu sustento,
ensinava música em algumas das melhores escolas e colégios. Cada domingo à tarde, ele estava ao
nosso lado (....) com o seu chapéu cartola e paletó a príncipe Alberto, e dirigia o cântico de hinos.12
Num desses cultos, numa confusão causada por dois ébrios, o rev. Nind e Ginsburg terminaram sendo
presos. Esta prisão causou uma grande movimentação. A igreja orava por eles. O vice-presidente do Estado
foi pessoalmente libertá-los e pedir desculpas.
“Quando nos libertamos”, conta Ginsburg, “o salão estava repleto de ouvintes. O Senhor nos deu
muitas almas naquele noite. Foi uma grande recompensa ao pouco que sofremos.”13
Nind também auxiliou o casal Entzminger, oferecendo sua casa a eles durante o ano em que estariam nos
EUA.
Por causa da saúde da sua esposa, o rev. Nind se transferiu para a Ilha da Madeira em 1892 e,
posteriormente, trabalhou entre os portugueses no Estado de Illinois, EUA, onde veio a falecer.
Juntamente com o Bispo J.C. Hartzell, Nind preparou o Manual de doutrina e culto na Igreja Metodista-
Episcopal, publicado em 1899, cuja primeira parte consistia de um hinário, com 191 hinos. Também fez parte
na comissão do primeiro Cancioneiro (em português) para o Exército da Salvação em 1922. Traduziu vários
hinos para o português. O Hinário para o culto cristão inclui além desta, outra excelente tradução, Que
segurança! Sou de Jesus! (HCC 417).
No Hinário para o culto cristão, o hino de Newton aparece com uma nova roupagem musical.
O eminente compositor e regente, Buryl Red, compôs a melodia RAYMER em 1971. Esta melodia
apareceu pela primeira vez num antema coral publicado por Broadman Press, foi adaptada para a melodia do
hino Pela graça e o primor, para o Baptist hymnal (Hinário Batista), de 1975, e recebeu seu nome em
homenagem a Elwyn C. Raymer. Neste arranjo, o hino começa com o estribilho, que anuncia: “Este é o dia do
Senhor”. Enfatiza muito melhor a sua mensagem. Seu estilo mais rítmico e moderno tem um gosto “quase
brasileiro” e é muito agradável de cantar. João Newton, que introduziu o cântico de novos hinos cada domingo
na sua igreja, aprovaria.
Buryl Red nasceu em Little Rock, Estado de Arkansas, EUA, em 7 de outubro, de 1936. Bacharelou-se
em Música pela Universidade Baylor, Estado do Texas, em 1957, e fez mestrado em música na célebre
Universidade Yale em 1961. Recebeu doutorados em música (honoris causa) em duas destacadas faculdades
batistas. Foi ministro de música da Igreja Batista de Manhattan, da cidade de Nova Iorque, de 1962 a 1971.
Desde 1961, serviu em várias áreas: editor, produtor e assessor aos publicadores de textos e gravações para
educação musical. É assessor de projetos com a Comissão de Rádio e Televisão da Convenção Batista do
Sul (CBS). Continua a gravar material para o departamento pré-escolar da Junta de Escolas Dominicais da
denominação. Desde 1969 rege “The Centurymen”, coro masculino de cem ministros de música da CBS que
muito brilhou nas igrejas batistas no Brasil quando aqui vieram em 1982 e novamente em 1998. Num
aparecimento do grupo na televisão chinesa, em 1989, fizeram o primeiro programa de música religiosa
televisado naquele país comunista. O documentário da emissora NBC, que incluia uma parte daquele evento
histórico, ganhou o prêmio Emmy do ano.
Como orquestrador e arranjador, sua atuação se estende ao teatro e à televisão comercial. Atualmente
prepara edições de clássicos antigos, começando com o Magnificat, de Pergolesi. Dirige as companhias
BRProductions e Generic Music, em Nova Iorque.
Por meio de suas composições, que são conhecidas pelo seu sabor contemporâneo, pelas memoráveis
melodias e pelo sério som coral, Buryl Red tem ajudado a direcionar o rumo da música sacra por mais de
vinte anos.14 As cantatas e musicais para a juventude15 de Red se destacam no mundo inteiro. Celebrate life
(Celebração), Beginnings (Princípios), Está frio na fornalha, Atos, Reconciliation (Reconcialição) e Christmas
time (Tempo de Natal) são alguns dos mais conhecidos.16
Arranjos de Red apareceram no Brasil nas coletâneas Pelo mundo inteiro cantai, algumas edições de O
Coral Sinfônico, Sinais dos tempos, Cânticos para vozes masculinas, v.II (JUERP), e na revista Louvor
(JUERP). Quantos coros das igrejas trouxeram bênçãos para o povo cantando o seu antema Em memória de
mim (p. 104 da cantata Celebração)!
O maestro Buryl Red foi o regente convidado para o congresso da Associação de Músicos Batistas do
Brasil em São Paulo, em janeiro de 1993. Regeu o grande coro e orquestra no repleto Teatro Sérgio Cardoso,
e o coro na 73a Assembléia da Convenção Batista Brasileira no ginásio do Ibirapuera, ambos em São Paulo.
Em Nova Iorque Buryl está preparando um grande projeto, no qual gravará noventa CDs para um novo
currículo de livros didáticos sobre música. Este trabalho, chamado The world of music (O mundo da música),
incluirá a gravação de música clássica, folclórica e popular do mundo inteiro. Certamente o mundo será ainda
mais abençoado com este extraordinário músico e compositor.
1. NEWTON, John. An authentic narrative, Letter 2, Newton's Works, Edinburg, 1849. p.3 Em: GRAHAM, Ruth Bell. Prodigals and those who love them. Colorado
Springs, CO: Focus on the Family Publishing, 1991. p.28.
2. Ver: APPLEYARD, Simon. The amazing life of John Newton, This England, Summer 1984. p.71-74.
3. Ibid.
4. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.29.
5. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.126.
6. BONNER, Clint. A hymn is born. Nashville, TN: Broadman Press, 1959. p.32.
7. BAILEY. Op. cit., p. 126.
8. NEWTON, John. Letters of John Newton, Introduction. London: The Banner of Truth Trust, 1960., p.8.
9. Ibid., p.9.
10. Ibid.
11. Ibid., p.10.
12. GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil, Trad. SOUZA, Manoel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. p.54-55.
13. Ibid.
14. BRAZZEAL, David. Ligando passado e futuro. Louvor, Ano 16, v.2, n.55. Abr/maio/jun, 1993. Seção Conversa afinada, p.4.
15. Musicais: Os musicais para a juventude começaram a aparecer na música evangélica nos anos sessenta. “Produções semidramáticas desenhadas tanto para
apresentação dentro da igreja como para ser veículos para levar a mensagem da fé fora da igreja e para a sociedade secular.(....) Muitas vezes incluem ao menos
um cântico adaptado para o canto congregacional.”
16. HAMMOND, Paul. Em: FORBES, Wesley L., ed. Handbook to the Baptist Hymnal. Nashville, TN: Convention Press, Southern Baptist Convention, 1992. p.433.
ESTE HINO de forte expressão de louvor e adoração, baseado em Salmo 103. 1-6 e Salmo 150, foi escrito
por Joachim Neander no último ano da sua vida (1680). Morreria de tuberculose em pouco tempo.
Provavelmente, foi o período quando Neander, destituído da sua posição de professor e assistente pastoral,
morava numa caverna na região de Neanderthal, nas margens do Reno. A maior parte dos seus hinos foi
escrita ali. No entanto este hino é caracterizado da primeira à última palavra, por uma atmosfera triunfante de
louvor! A frase inicial de cada estrofe 'Louve, meu ser', é tanto uma expressão de adoração como também um
convite aos outros a se unirem no culto a Deus. O texto baseia-se livremente no Salmo 103 (estrofes 1-3).1
Como Neander, devemos adorá-lo por causa de quem Deus é e louvá-lo, com todo o nosso ser, por tudo
que tem feito por nós.
Julian considera este hino, que Neander publicou no seu hinário Glaubund liebesübung: auffemuntert
durch einfältige bundes lieder und danck-psalmen (Ensaios de fé e amor: revigorado por hinos singelos de
civismo e salmos de gratidão), em Bremen, em 1680, “talvez a melhor produção do seu autor, e da primeira
categoria da sua classe”.2 O ilustre hinólogo E.E. Ryden declarou que este hino continuará a viver como um
dos “verdadeiramente notáveis textos da igreja cristã”.3
Ver a história comovente de Neander, chamado “o Gerhardt da Igreja Reformada”4 no HCC 222.
O teólogo e hinista Werner Kaschel, como membro da Subcomissão de Textos do HCC, fez uma
primorosa tradução deste hino em 1989. Foi traduzido diretamente do alemão, língua que ele maneja como
nativo. A quarta estrofe de Kaschel inclui louvor à Trindade. (Ver dados deste homem de Deus no HCC 38)
LOBE DEN HERREN, uma das melodias mais famosas da hinódia alemã, apareceu pela primeira vez no
Andertheil des erneuerten Gesangbuch (Segunda parte do Hinário revisado), segunda edição, de Stralsund,
Alemanha, em 1665. O nome da melodia provém das primeiras palavras do hino de Neander “Louvai ao
Senhor”.
A harmonização desta magnífica melodia foi feita por William Sterndale Bennett e publicada em 1864, na
segunda edição do Chorale book for England (Livro de chorales para a Inglaterra). (Ver HCC 130 para uma
definição de choral).
Sir William Sterndale Bennett, (1816-1875), pianista, regente e compositor inglês, nasceu em Sheffield.
Aos oito anos, entrou no coro da Capela da Faculdade King's, e aos dez, na célebre Academia Real de
Música (Londres). Ali, aos 16 anos, tocou seu primeiro concerto de piano, publicado, mais tarde, pela
Academia.
Bennett estudou em Leipzig, na Alemanha, onde travou amizade com Felix Mendelssohn (ver HCC 10) e
Robert Schumann. Muito reconhecido como compositor e regente, foi escolhido “Principal of the Royal
Academy of Music” (Dirigente da Academia Real de Música), em 1866 e condecorado “Cavalheiro” em 1871.
As obras de Bennett incluem quatro concertos para piano, uma sinfonia, outras obras para orquestra e coro,
um oratório, A mulher de Samaria, peças para piano e outros instrumentos, hinos, antemas corais e canções.
Suas composições “são de alto nível, polidas e cuidadosamente elaboradas: um bom número das suas obras
para piano demonstram a versatilidade do piano como instrumento para solos”.5
1. ARMSTRONG, Kershal. Praise to the Lord, the almighty. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church, Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1990.
n.77.
2. JULIAN, John, ed.. A dictionary of hymnology. v.1, Dover Edition, New York: Dover Publications, Inc., 1957, p 683.
3. RYDEN, E. E. The story of christian hymnody, Rock Island, IL: Augustana Press, 1959, p.110.
4. Ibid.
5. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker's biographical dictionary of musicians, 6ª ed., New York: Schirmer Books, 1978, p.143.
“EXULTAI! EXULTAI! Vinde todos louvar a Jesus, Salvador, a Jesus Redentor. A Deus demos glória,
porquanto do céu seu Filho bendito por nós todos deu!” Há palavras de louvor mais conhecidas ou mais
amadas do que estas em nossas igrejas? Dar glória a Deus deve ser o maior desejo de cada crente e de cada
igreja. Como diz Hebreus 2.12:
Devemos estar sempre prontos a louvá-lo por ter-nos enviado o nosso Salvador. Devemos sempre estar
aptos a reconhecer a mão de Deus, que nos abençoa em tudo que procuramos fazer para ele em nossas
igrejas. Johann Sebastian Bach teve toda razão quando declarou:
“O alvo e razão de existência para toda a música deve ser nada menos que a glória de Deus”.1
Este poema foi profético, pois Fanny Crosby seria, em toda a sua vida, caracterizada pela alegria.
Com a idade de 15 anos, Fanny entrou no Instituto para os cegos, em Nova Iorque, com excelente
aproveitamento. Continuou no seu hábito de escrever poesia, muitas vezes solicitada a suprir a letra para
músicas que lhe eram entregues. Além de tocar violão, que aprendera quando criança, tornou-se cantora
concertista, pianista talentosa e proficiente e aprendeu o órgão e a harpa. Ao se formar, tornou-se professora
da instituição.
Em 1850, depois de passar alguns meses considerando se ela era realmente salva, num camp meeting
(ver HCC 190) ao som do hino Por meus pecados padeceu (HCC 190) de Watts, Fanny recebeu a certeza da
sua salvação. “Minha alma inundou-se com a luz celestial”, testificaria depois. Levantou-se e exclamou:
Aleluia! Aleluia!. Entregando sua vida totalmente a Cristo, ela disse: “Pela primeira vez entendi que estava
procurando segurar o mundo em uma mão e o Senhor na outra”.5
Fanny começou a suprir letras para canções e cantatas do destacado compositor George F. Root.
Obtiveram muito sucesso. Mas o compositor que mudou a vida de Fanny foi William B. Bradbury. Procurando
quem escrevesse letras para seus hinos e ouvindo da capacidade de Fanny, procurou-a. “Fanny”, disse ele,
“dou graças a Deus que nós nos encontramos, porque acho que você pode escrever hinos”. Ao seu pedido,
Fanny escreveu um hino e lho deu. Bradbury estava entusiasmado, e ali começou uma parceria que
continuaria até a morte dele. “Parecia que a grande obra da minha vida começara”,6 escreveu a poetisa que
continuaria a escrever, dando ao mundo mais de 9.000 hinos!
Aos 38 anos, Fanny casou-se com Alexander Van Alstyne, músico cego, conhecido como um dos
melhores organistas em Nova Iorque. Homem bonito, jovial e muito apreciado, empregou-se em várias igrejas
como organista e ensinava órgão para sustentar a família. Tiveram um filhinho, mas esse morreu na infância.
Poucos souberam sobre ele. “Van” compôs melodias para alguns dos textos de Fanny, mas não
perduraram. Um hinário que os dois prepararam não foi aceito pela editora, porque, disseram, não queriam
um hinário somente de duas pessoas.
Nos anos que seguiram, Fanny continuaria a escrever letras para hinos de muitos dos mais conhecidos
hinistas. Chegou a usar 204 pseudônimos! Nunca fez questão de uma remuneração adequada. Morava em
lares muito simples, vivia modestamente e dava muito do que recebia aos outros. Não se gabava na sua
fama. Conheceu mais de um Presidente do seu país. Foi a primeira mulher a falar diante do Senado dos
Estados Unidos. Pregava nos púlpitos de grandes igrejas e fez conferências em muitos lugares.
“À sua própria maneira, tornou-se um dos evangelístas mais proficientes da sua época”.7
Amava o trabalho das missões como o Exército de Salvação, Associação de Moços Cristãos, e a famosa
Bowery, que trabalhavam com os alcoólatras e necessitados. Cooperava nestes trabalhos, dando muito de si.
Embora fosse uma mulher muito pequenina, parecia ter energia ilimitada. Mulher de oração, nunca
escrevia um hino sem ter orado, pedindo a direção de Deus. Gostava das horas da noite para comunhão com
seu Senhor. Possuindo uma memória extraordinária, conhecia muitos livros da Bíblia de cor. Nunca gostou de
usar o Braille, e decorava seus textos, ditando até quarenta deles de uma só vez à pessoa que consentisse
em escrevê-los. Compôs músicas de grande beleza, mas se recusou a publicá-las. Publicou cinco volumes de
poesias. Escreveu o libretto (texto da música) de um oratório.
Uma vez, questionada como podia escrever tantos hinos, Fanny comentou:
Que alguns dos meus hinos foram ditados pelo Espírito Santo não tenho nenhuma dúvida; e que
outros foram o resultado de profunda meditação, sei que é verdade; mas que o poeta tenha o direito
de reclamar mérito especial para ele mesmo é certamente presunção. Sinto que há um poço de
inspiração do qual podemos tirar os tragos efervescentes que são tão essenciais à boa poesia. (....)
Às vezes o hino vem a mim por estrofes, e precisa somente ser escrito, mas nunca peço que uma
porção de um poema seja escrita até que o poema todo esteja completo. Então geralmente preciso
podar e revisar muito. Algumas poesias, é verdade, vêm completas, mas a maioria, não. (....) Nunca
começo um hino sem primeiro pedir meu bom Senhor para ser minha inspiração no trabalho que
estou a começar.8
Fanny Crosby, que ministrou e continua a ministrar ao mundo todo com suas mensagens que “tocam o
coração”, poucos dias antes da sua morte, numa visita de obreiros falou estas palavras muito significativas:
Creio que a maior bênção que o Criador me proporcionou foi quando permitiu que a minha visão
externa fosse fechada. Consagrou-me para a obra para a qual me fez. Nunca conheci o que é
enxergar, e por isso não posso compreender a minha perda. Mas tive sonhos maravilhosos. Tenho
visto os mais lindos olhos, os mais belos rostos e as paisagens mais singulares. A perda da minha
visão não foi perda nenhuma para mim.9
1. BACH, Johann Sebastian. Em: OSBECK, Kenneth W. Amazing grace, Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. p.357.
2. OSBECK. Ibid.
3. JACKSON, Samuel Trevena. Fanny Crosby's story of ninety-four years. New York: Revell, 1915. p.33. Em: RUFFIN, Bernard, Fanny Crosby, Philadelphia, PA:
United Church Press, 1976. p.28.
4. CROSBY, Fanny J. Em: ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem. v.I, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), s/d, p.38.
5. CROSBY, Fanny J. Memories of eighty years. Boston: James H. Earle, 1906. p.95. Em: RUFFIN. Op. cit. p.68.
6. CROSBY, Fanny J. Fanny Crosby's life story, by herself. New York: Everywhere Publishine Co., 1903. p.114. Em: RUFFIN. Ibid., p.89.
7. RUFFIN. Ibid.
8. LOVELAND, John. Blessed assurance: the life and hymns of Fanny J. Crosby, Mashville, TN: Broadman Press, 1978. p.125.
9. RUFFIN. Op. cit., p.236.
10. Ibid.
JOHN MILTON, um dos maiores escritores evangélicos de todos os tempos, parafraseou o Salmo 136, o
grande Salmo antifonal de louvor, em 1623, quando tinha somente quinze anos. Publicou no seu livro Poems
in english and latin (Poemas em inglês e latim). O original tinha 24 estrofes. As cinco estrofes geralmente
usadas hoje são l, 2, 7, 23 e 24.
É uma forte e concisa declaração de louvor enfatizando a infinita misericórdia e a fidelidade de Deus, um
convite a louvar com júbilo e gratidão por tudo que Deus tem feito por nós. Deus derrama sua graça e
bênçãos sobre os justos e os injustos − é o sustentáculo de tudo que vive e respira. Seu nome é digno de ser
louvado em todos os cantos da terra, porque ele é o Deus dos deuses, o criador da luz e da vida.1
O Salmo 136 é o único que tem o mesmo refrão seguindo cada declaração. Foi cantado pelos levitas com
o povo respondendo antifonalmente. Com o hinólogo Jack Schrader, recomendamos a leitura do salmo por
dois individuos, ou grupos, falando antifonalmente antes, depois, ou intercalado com o canto congregacional
destas estrofes.2
John Milton (1608-1674), “que se ombreia a William Schakespeare, entre os poetas ingleses,” 3 nasceu
em Londres. O pai de Milton, deserdado pelo pai católico por se tornar puritano, era compositor. Foi
“contribuinte para a famosa coletânea The triumphs of Oriana (Os triúnfos de Oriana); publicado em 1601”,4
proclamou os feitos de Elizabete I. Milton herdou do seu pai sua devoção pela música.
Milton viveu durante os dias tempestuosos da guerra civil e restauração da coroa. Homem brilhante e
aluno dedicado, possuidor de largos interesses e cultura, formou-se pela Universidade de Cambridge. De
1640 a 1660, foi ativo na luta política e eclesiástica. Sua prática de estudo das escrituras em hebraico,
meditação e de oração o levaram à convicção da autoridade das Escrituras e contra a hierarquia que existia
na Igreja da Inglaterra. Aliou-se com os puritanos, concordando com eles quanto à forma de governo do
Estado como para a igreja, e com os batistas quanto ao batismo. Como secretário de línguas estrangeiras do
Concílio do Estado para Oliver Cromwell, foi reponsável por traduzir as cartas do governo inglês aos poderes
estrangeiros. Ficou completamente cego aos 44 anos, mas continuou seu trabalho com Cromwell até a sua
abdicação. Ainda escreveria suas maiores obras de poesia!
Exponente da democracia e do puritanismo, escreveu muitos panfletos para a causa da liberdade que
tiveram muita repercussão e ajudaram, a longo prazo, a mudar a história da Inglaterra. Esperou que seu
grande tratado On christian doctrine (Sobre doutrina cristã) (1658-1660) “desse uma base sólida de doutrina
estreitamente cristã ao redor da qual todos os protestantes pudessem se unir”.5
Ao restaurar-se a monarquia, Milton não foi morto como muitos dos seus colegas do governo de Cromwell,
por causa da sua fama de escritor e do grande respeito do país.
Milton é mais lembrado pelas obras literárias, que se dividem em três períodos: primeiro, poesias mais
curtas; segundo, escritos polêmicos, inclusive a Areopagítica (uma coletânea de escritos em defesa da
liberdade de imprensa)6, e terceiro, as grandes epopéias, entre as quais, O paraíso perdido e O paraíso
recuperado. Nestas duas últimas, “usou seu 'grande estilo' com imponente poder. Sua caraterização de
Satanás é uma das realizações supremas da literatura mundial”.7
Milton escreveu desenove paráfrases de salmos, não para serem cantados, embora alguns façam parte de
saltérios e hinários. Entretanto, sua maior influência na hinódia mundial foi manifesta na hinódia de Isaac
Watts (ver HCC 38) e dos irmãos Wesley (ver HCC 72).
A influência de Milton é visível nos hinos [dos irmãos Wesley]. O grande poeta puritano é a fonte de muitas
das suas frases mais notáveis e sua influência sobre o estilo poético deles é maior, talvez, do que de qualquer
outro escritor. Num extrato João Wesley [homem de muita cultura] declarou: De todas as poesias que até
agora apareceram no mundo, em qualquer época ou nação, a preferência tem sido dado por juízes imparciais
ao Paraíso perdido de Milton.8
A melodia MONKLAND é atribuída a John Antes (1740-1811), aclamado “um dos melhores compositores
americanos pioneiros da música sacra”.9 A melodia apareceu pela primeira vez na sua coletânea A collection
of hymn tunes chiefly composed for private amusement by John Antes (Uma coletánea de melodias para
hinos, compostas principalmente para o uso particular, de John Antes) (c. 1790). Alguns autores acham que
Antes adaptou a melodia de Johann A. Freylinghausen (1670-1739), o melhor compositor da Escola Pietista,
publicada em 1704 no seu hinário Geistreiches eesangbuch (Hinódia espiritual). Mas é mais provável que
fosse composição original de Antes.10
John Antes nasceu em Frederick, Estado de Pensilvânia, EUA, filho de um destacado pioneiro
moraviano. Demonstrou seus dons musicais muito cedo. Não somente estudou a música no lar, mas
desenvolveu-se na arte de fazer vários instrumentos de corda. Em 1764 foi para a Saxônia, Alemanha, para
estudar no centro moraviano. Consagrado ao ministério moraviano em Londres, em 1769, foi missionário no
Egito por doze anos, o primeiro missionário americano naquele país. Nos seus últimos dois anos ali, Antes
sofreu cruéis açoitamentos ordenados por um turco (como Paulo em 2Co 11.23). Deixando o Egito em 1781,
passou dois anos na Alemanha. Então estabeleceu-se em Fulneck, condado de Yorkshire, na Inglaterra.
Moraviano devoto, relojoeiro por profissão, músico amador de muita capacidade, Antes compôs diversas
obras corais para quatro vozes e instrumentos, árias e alguns chorales (ver HCC 130). Seus trios para dois
violinos e violoncelo são reconhecidos como a primeira música de câmara composta na América do Norte.
Antes faleceu em Bristol, Inglaterra, para onde se mudou ao aposentar-se em 1808.
A melodia de John Antes recebeu uma nova roupagem com um arranjo que John Wilkes fez para a
primeira edição do célebre hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), em 1861. Sem
conhecimento que a melodia era da Antes, Wilkes deu a ela o nome MONKLAND, homenageando a vila no
condado de Herefordshire, onde era organista da igreja. “Não deve ser confundido com John Bernard Wilkes,
organista da Catedral em Llandaff (1861-1865)”.11
John Wilkes ( ? -1882) foi organista da igreja em Monkland, pastoreada por Sir H. W. Baker, e foi
coordenador da primeira edição do hinário Hymns ancient and modern.
O maestro João Wilson Faustini que tanto fez para a música sacra no Brasil, conta a história da tradução
deste hino:
Por volta de 1960 uma lista de possíveis hinos a serem incluídos em um hinário multilíngüe a ser
publicado na Suiça pelo Concílio Mundial de Igrejas fora-me enviada por João Moreira Coelho da
Conceição, em Jandira, São Paulo. Ele fora convocado para integrar a comissão responsável pelos
textos de hinos em português. Em sua carta a mim dirigida nessa época, João Coelho desejava
saber quais dos hinos na lista já haviam sido traduzidos e se eu poderia providenciar a tradução de
alguns outros. Verifiquei que de fato eu já havia tentado traduzir muitos dos grandes hinos de nossa
fé que constavam da lista. Alguns estavam até em fase de publicação e outros apenas esboçados,
mas motivado e estimulado pelo desafio, propus-me a burilar mais as tentivas anteriores e a traduzir
os novos da lista. Foi mais ou menos nesta época que comecei a usar o pseudômino de J. Costa (ver
HCC 34). [A tradução] Louvem, com alegre som foi produzida nesta época.12
Ver dados deste ilustre e dotado tradutor no HCC 13.
1. SCHRADER, Jack. Let us all with a gladsome mind. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church, Worship Leader's Edition, Carol Stream, IL: 1990. n.59.
2. Ver Ibid.
3. Encyclopedia Britannica, v.15, 14th Edition, London: Encyclopedia Britannica Inc. 1967. p.475.
4. Ibid.
BASEANDO-SE nestes dois versículos, Edward Hayes Plumptree, a pedido, escreveu este hino
processional em 1865 para o festival coral anual da Catedral Peterborough, na Inglaterra, construída na época
dos normandos. Por ser cantado por todos os coros participantes durante sua entrada na imensa catedral,
incluía onze estrofes. Das quatro estrofes (1,2,7 e 10) comumente usadas hoje em dia, o Hinário para o culto
cristão omite a segunda.
“O carimbo da vida cristã é o espírito jubiloso. (...) O cantar tem uma parte importante nesta vida de
alegria. (...) Pode ser o maior conforto da mente e expressar sua inspiração mais nobre.1
O espírito alegre, que canta, não deve ser limitado aos cultos na igreja. Cada dia é dia para regozijar-se
“no Senhor” (Filipenses 4.4).
Cristãos, justificados pela obra de Cristo na cruz, podem e devem cantar louvores a seu Redentor “com
todo o ardor”. A ele mostremos o nosso amor, porque o sacrifício de Cristo possibilita todo o crente a viver
esta vida em vitória. Nas lutas, no sofrer, é Cristo que nos dá a vitória contra as trevas. Na vida futura, com
ele,
“não haverá mais noite, e não necessitarão de luz da lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor
Deus os alumiará” (Apocalipse 22.5).
Serviu como capelão da Faculdade King's (1847-1868), professor de teologia (1853-1863), e de exegese
do Novo Testamento (1864-1861).
“Suas numerosas obras literárias incluem [traduções dos] clássicos, história, teologia, crítica bíblica,
biografia, e poesia”.3
1. OSBECK, Kenneth, W. Amazing grace, Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. n.341.
2. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, 2nd revised edition with new supplement, v.2. New York: Dover Publications, Inc., 1957. p.897.
3. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.401.
4. JULIAN, Op. cit.
5. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
O AUTOR Robert Grant baseou este hino livremente em Salmo 104, estudando também a versão
metrificada de William Kethe do salmo no Anglo-genevan psalter (Saltério anglo-genebrino) de 1561. Escrito
em 1833, apareceu no mesmo ano, no saltério Christian psalmody (Salmódia cristã) editado por Edward
Bickersteth.
Robert Grant descreveu a si mesmo e a todos nós como “filhos do pó, sem forças ou valor”, embora fosse
duma ilustre família de diplomatas ingleses, que conhecia bem o rei da sua terra. Há um grande contraste na
sua descrição de si mesmo e do seu Rei celestial, para o qual é totalmente dirigida a sua adoração.
“As imagens criadas no hino são esplêndidas, e seus aspectos literários são comparáveis aos seus
aspectos espirituais”.1
“Em cada um dos nomes-retratos dados no salmo, o conteúdo emocional é dramático: Deus-Rei,
defesa, real proteção, grande poder, graça eternal, verdade, perdão, glória real, Criador”.2
Quando ele fala do amor sem igual de Deus, da sua constante e eficaz bondade, que nos perdoa e nos
traz ricas bênçãos, Grant demonstra o seu relacionamento muito pessoal com Deus.
“Não é uma realização insignificante combinar, como faz este hino, majestade e ternura numa versão
poética que flui livremente”.3
Sir Robert Grant (1779-1838) nasceu em Bengal, na Índia, onde seu pai era Diretor da East India
Company. Tornou-se erudito, estadista, jurista e filantropo. Formando-se em Direito pela Universidade de
Cambridge, destacou-se como advogado. Como membro do parlamento, foi autor da lei que emancipou os
judeus em 1833, dando-lhes todos os direitos civis. Grant foi nomeado “Cavalheiro” em 1834, ao ser nomeado
Governador de Bombaim, no seu país natal, posto que ocupou com justiça e compaixão até sua morte.
Durante toda a sua vida, embora anglicano, Grant foi um “evangélico consagrado” que, como o pai,
fervorosamente sustentou a extensão missionária da sua igreja. Tornou-se muito querido do povo da Índia por
estabelecer uma faculdade de medicina em Bombaim, que recebeu seu nome.
Grant, um hinista “de grande mérito”,4 é bem conhecido hoje. Publicou diversos dos seus hinos
anonimamente. Depois da sua morte, seu irmão, Lord Glenelg, publicou doze dos seus hinos numa coletânea
chamada Sacred poems (Poemas sacros, 1839).
Depois de considerar diversas traduções deste hino “clássico” escolhido pela Comissão Coordenadora do
HCC, a Subcomissão de Textos pediu a um dos seus membros, o teólogo e hábil hinista Werner Kaschel,
uma nova tradução, que ele fez, com esmero, em 1990. (Ver dados do tradutor no HCC 38)
A melodia LYONS apareceu, pela primeira vez, na coletânea de William Gardiner, chamada Sacred
melodies (Melodias sacras - Londres, 1815) e, logo depois, nos Estados Unidos, em 1818, na coletânea de
melodias do mesmo nome, editada por Oliver Shaw. Foi atribuída ao ilustre compositor Johann Michael Haydn
(irmão do famosíssimo Joseph Haydn), embora sua fonte exata nunca pudesse ser precisada. Era praxe
naquela época compositores de melodias procurarem melodias clássicas que pudessem ser aproveitadas
para hinos.
Johann Michael Haydn (1737-1806) nasceu na vila de Rohrau, na Áustria. Cantor notável, ainda como
menino, foi treinado como corista na Catedral Santo Estêvão, em Vienna. Como seu famoso irmão Joseph,
foi, em grande parte, autodidata na música. Em 1757, foi escolhido para o posto de Mestre-Capela em
Grosswardein, e em 1762 em Salzburg, onde tornou-se também organista em duas igrejas de renome. “Um
cristão consagrado”,5 Haydn escreveu muita música sacra, embora pouco fosse publicada, por sua própria
relutância. Assim mesmo, deixou 400 obras sacras, incluindo 360 missas e muitos oratórios e cantatas,
diversas óperas, 60 sinfonias, muita música de câmara, e concertos para diversos instrumentos.
O autodidata Haydn foi professor de muitos compositores famosos, inclusive Karl Maria von Weber. Foi
altamente estimado pela Imperatriz Maria Teresa, pelo Príncipe Esterházy, e por seu irmão Joseph. O ilustre
compositor Franz Schubert (ver HCC 239), ao visitar a sua sepultura, declarou:
1. MARKS, Harvey B. The rise and growth of english hymnody. New York: Fleming H. Revell Company, 1937. p.126.
2. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Scribner's Sons, 1950. p.182.
3. Ibid.
4. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.450.
5. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.26.
6. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.26.
HÁ ALGUM OUTRO privilégio que nós, os filhos de Deus, temos mais precioso que o da oração? Quantas
vezes em nossas vidas nós nos achamos prostrados diante do nosso bondoso Pai, expondo a ele as nossas
petições? Quantas vezes voltamos para agradecer a ele porque ele, no seu amor, na sua graça e
misericórdia, nos ouviu? Quantas vezes confessamos os nossos pecados a ele, e nos levantamos certos de
que ele nos perdoou? Aqui está uma oração para a igreja toda cantar a uma só voz.
O rev. Raphael Camacho Pages (1900-1969), por muitos anos pastor da Igreja Presbiteriana
Conservadora no Rio de Janeiro, escreveu esta sincera oração. Certamente a escreveu para a sua igreja,
para que sua congregação pudesse cantá-la, levantando a voz unida em oração. Apareceu no Cantor cristão
(165) com uma melodia alemã, e no hinário Aleluias! com uma melodia (adaptada) de Silas Vail.
A métrica deste hino é 8.7.8.7.D., como corrigida nas edições mais recentes do Hinário para o culto
cristão.1
Convencida da importância desta mensagem, a Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão
pediu à Subcomissão de Música uma nova melodia para ela. Uma melodia muito simples e muito cantável, de
um compositor desconhecido foi escolhida. Apropriadamente, seu nome é CONSTANCY (constância ou
perserverança). Devemos ser constantes em orar ao nosso Deus fiel. O estilo da melodia faz-nos pensar nas
lindas melodias suecas. Recomenda-mo-la, com muita alegria, para a hora de petição, contrição ou
intercessão em nossos cultos.
1. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
ESTE EXULTANTE CONVITE à adoração e louvor foi escrito por Christian Henry Bateman e publicado,
com 5 estrofes, no seu hinário Sacred melodies for children (Melodias sacras para crianças) em 1843. O con-
vite, na sua forma original, era para as crianças, mas desde então, foi sabiamente transformado num convite a
todos.
Christian Henry Bateman (1813-1889) de Wyke, Escócia, estudou para o ministério pastoral moraviano.
Serviu naquela denominação por algum tempo, pastoreando depois igrejas congregacionais da Escócia até o
ano de 1889. Ordenado na Igreja Anglicana, pastoreou diversas igrejas até se aposentar em 1884. Bateman
faleceu em Carlisle, na Inglaterra. O hinário Melodies for sabbath schools and families (Melodias para escolas
dominicais e famílias) que Bateman editou em 1843, foi amplamente usado nas escolas dominicais da
Escócia. Nas suas edições subseqüentes até 1881, vendeu mais de 6 milhões de cópias. Bateman também
publicou The children's hymnal and christian year (O hinário e ano cristão para as crianças) em 1872.
Joan Larie Sutton traduziu este hino em 1987 para a cantata Louvai!, de David Danner, publicada pela
JUERP, sendo este a última música da cantata. A Comissão do HCC incluiu este aprazível hino na Amostra
do HCC que publicou em 1990. Foi escolhido também como hino oficial da União Feminina Missionária
daquele ano. (Ver dados desta habilidosa tradutora no HCC 25)
A melodia MADRID é de origem desconhecida. Apareceu na forma de hino em 1824, com o arranjo de
Benjamin Carr. Carr também fez um arranjo para piano, com variações, em 1825, e um arranjo coral em 1826.
Esta melodia é também conhecida em outra métrica como SPANISH HYMN, normalmente na métrica
7.7.7.D.; MADRID, porém, é da métrica 6.6.6.6.6. com Aleluias.
Benjamin Carr (1769-1831), nascido em Londres, recebeu sólida educação musical na Inglaterra, sendo
conhecido como solista nos Concertos Antigos de Londres. Com sua família, emigrou para os Estados Unidos
em 1793, onde abriram a primeira loja de música na Filadélfia, Estado da Pensilvânia. Tornaram-se publi-
cadores de sucesso, abrindo lojas em Nova Iorque e Baltimore. Carr contribuiu significativamente para o
desenvolvimento da música daquela nova nação, como solista, compositor, arranjador, organista, cravista,
pianista e, mais do que tudo, como publicador. Editou o periódico semanal, Musical jornal (Jornal musical) e
foi um dos fundadores da Sociedade Beneficente Musical da Filadélfia. Pelas suas publicações e promoções
encorajou os compositores e artistas americanos e, também, da Inglaterra e da Europa. Compôs muita música
sacra e secular. Sua ópera, The archers of Switzerland (Os arqueiros da Suiça), foi produzida em 1796.
A harmonia deste hino, como aparece no Hinário para o culto cristão, foi feito por David Evans, o músico
galês mais destacado da sua época, e apareceu no hinário presbiteriano The revised church hymnary (O
hinário da igreja revisado), em 1927.
David Evans, compositor, regente, professor e hinólogo, nasceu em Resolven, no condado de
Glamorgan, no País de Gales, em 6 de fevereiro de 1874. Bacharelou-se pela Faculdade Universitária em
Cardiff, Gales, e fez doutorado em música na célebre Universidade Oxford em Londres. Evans foi organista na
Igreja Presbiteriana Galesa da Rua Jewin, em Londres de 1903-1939. Foi professor de música na Faculdade
Universitária em Cardiff e líder nos famosos festivais galeses de canto. Compôs muitos antemas corais,
cantatas e obras orquestrais. Editou um periódico musical e foi editor musical do hinário Church hymnary
(1927), preparado para as igrejas presbiterianas das ilhas Britânicas, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul.
Faleceu numa pequena vila em Gales, em 17 de maio de 1948.
1. OSBECK, Kenneth, W. Amazing grace. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1990. n.341.
2. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. v.2, second revised edition with new supplement. New York Dover Publications, Inc., 1957. p.897.
3. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.401.
ESTE CÂNTICO, que expressa a certeza da presença do Senhor no meio daqueles que o adoram, foi
escrito, letra e música, por Lanny Wolfe em 1977. Traduzido por Wanderley Francisco das Neves e Joan Larie
Sutton, foi publicado pela JUERP na revista Louvor (v.4, out/nov/dez de 1981). Desde então tem sido muito
usado em todo o Brasil, onde se reúnem aqueles que amam ao Senhor.
David William Hodges (ver HCC 1) escreveu uma segunda estrofe para este cântico, a qual nos relembra
o fato maravilhoso de que a presença de Cristo não se limita à hora de nos reunirmos, mas está com cada um
dos seus filhos, em todos os dias do seu viver. Eis aqui a estrofe:
Lanny Lavon Wolfe é educador, ministro de música, e um dos mais destacados compositores americanos
da música gospel (ver HCC 137). Lanny nasceu em 2 de fevereiro de 1942, em Columbus, Estado de Ohio,
EUA. Hoje é Deão da Escola de Música da Faculdade Jackson de Ministérios em Jackson, Estado de
Mississippi, e Ministro de Música da Primeira Igreja Pentecostal daquela cidade. O grupo coral e orquestral
Lanny Wolfe Singers, regido por Wolfe, viaja por todo o litoral dos Estados Unidos, dando concertos em
igrejas e auditórios.
Lanny Wolfe já publicou mais de 300 hinos e cânticos, e sete musicais muito apreciados. Seus hinos
ganharam inúmeros prêmios e foram cantados e gravados por cantores evangélicos nacionalmente famosos
como Sandi Patti, Andraé Crouch, Bill Gaither e outros. Apontado, por oito anos consecutivos, pela Gospel
Music Association (Associação de Música Gospel) como melhor compositor gospel (ver HCC 137), Lanny
também foi eleito para a junta daquela prestigiosa organização, por dois anos. Em 1984, recebeu o Prêmio
Dove como hinista do ano, e seu hino More than wonderful (Mais que maravilhoso) foi escolhido como hino do
ano. Gravou alguns álbuns de trios, os quais estiveram entre os primeiros cinco álbuns inspirativos do ano.
Lanny Wolfe casou-se com Marietta Wolfe e o casal tem duas filhas, Lanna Marie e Lanita.
O nome da melodia deste hino de Lanny Wolfe é SURELY THE PRESENCE (Certamente a presença),
vindo das primeiras três palavras do texto e do título do hino no original.
Wanderley Francisco das Neves nasceu em 13 de abril de 1961 no Rio de Janeiro, filho de Deraldo
Francisco e Zeli Romualdo das Neves. Wanderley aceitou a Cristo em maio de 1973, sob o ministério do pr.
Antônio Carvalhaes, sendo batizado por ele na Igreja Batista da Redenção, em Tomás Coelho, Rio de
Janeiro, RJ.
Wanderley formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cursou língua
inglesa no CCAA e teoria musical e piano no Conservatório de Música Villa Lobos, RJ. Atualmente cursa
Psicologia na Universidade Gama Filho, RJ. Em julho de 1992, casou-se com Vânia Barbosa Castello,
formada pelo Instituto Batista de Educação Religiosa (IBER) e em História pela UFRJ. O casal coopera com a
Igreja Batista em Vaz Lobo, RJ. Atualmente, Wanderley rege o Coral Athus, um coro de 30 coristas de várias
igrejas evangélicas. O ministério deste coro consiste em apresentar a mensagem de Jesus utilizando
diferentes manifestações artísticas como música, coreografia e dramatização. Este coro reúne-se apenas uma
vez por ano, geralmente para preparar um musical de Natal e cantá-lo durante o mês de dezembro. Em 1993
foi preparado um musical de Páscoa. Também é regente do Coral El Shaddai, de 100 coristas de diversas
igrejas evangélicas do Rio de Janeiro, que costuma fazer apresentações no Natal ou na Páscoa. Sua esposa
Vânia coopera com ele nesses coros. Para o seu ministério como regente, Wanderley traduziu mais de 500
músicas e 30 cantatas.
Ver dados da prolífica tradutora, autora e compositora Joan Larie Sutton no HCC 25.
ESTAS QUATRO LINHAS de Thomas Ken talvez sejam mais conhecidas do que quaisquer outras de
qualquer hino. É verdadeiramente a doxologia dos evangélicos. Seu texto fez parte do Manual of prayers for
the use of the scholars of Winchester College (Manual de oração para os alunos da Faculdade Winchester),
escola pela qual Ken foi responsável por algum tempo. Para o bem espiritual de cada menino da sua escola,
Ken colocou três hinos (matutino, vespertino e noturno) na cabeceira da cama de cada um deles, com a
exortação: “É bom em toda hora louvar ao Senhor”. Cada um dos três hinos terminou com esta doxologia.
Embora escritos antes, Ken os publicou no manual em 1695. Revisou-os em 1709, colocando-os na forma
usada hoje.
Doxologias ou expressões de louvor a Deus existem desde os aleluias, que querem dizer “Louvai a
Jeovah (Senhor)”, do Antigo Testamento. No Novo Testamento, doxologias são achadas em trechos como
Romanos 16.27, Efésios 3.21, Judas 25 e Apocalípse 5.13. Na prática da Igreja primitiva, usou-se o Gloria in
excelsis (Glória a Deus nas alturas) do trecho de Lucas 2.14. Com o surgimento da heresia ariana que negava
a divindade de Cristo, as congregações adicionaram a prática de louvor específicamente ao trino Deus: Deus
Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo, numa doxologia chamada Gloria Patri (Glória ao Pai). Não é de se
surpreender que esta doxologia de Ken se tornasse um hino em si, uma doxologia moderna.
Thomas Ken (1637-1711), um homem de princípios firmes, que causaram sua prisão e poderiam ter-lhe
custado a vida, nasceu em Berkhampstead, no condado de Hertford, na Inglaterra. Ficou órfão na infância e
foi criado por sua meia-irmâ Ann e seu marido, o famoso autor Isaac Walton. Educado na Faculdade
Winchester, Hart Hall e na Universidade Oxford, foi ordenado em 1662. Pastoreou diversas igrejas até 1666,
quando voltou a Winchester, servindo de diversas maneiras através dos anos. Possuía uma bela voz e
acompanhava seus hinos com a viola ou a espineta (pequeno piano).
Nos anos seguintes Ken viveu em círculos influentes. Foi capelão da Princesa Maria, em Haia, e mais
tarde na corte de James II, que o considerou o mais eloquente dentre os pregadores protestantes. O rei
Charles II disse sobre ele: “Vou a Ken para ouvir dele as minhas falhas.” 1 De fato, em nenhuma circunstância
Ken comprometeu os seus princípios, mesmo que isso lhe custasse sua posição ou a prisão. “A santidade do
seu caráter, sua combinação de ousadia, gentileza, modéstia e amor tem sido universalmente reconhecido.”2
Ken aposentou-se do bispado3 em 1691. Suas caridades deixaram-no com insuficiente sustento, mas, dali em
diante, até sua morte, foi acolhido por seu amigo, Lord Weymouth. Suas obras poéticas foram publicadas em
quatro volumes em 1721.
A melodia OLD HUNDREDTH foi composta ou adaptada por Louis Bourgeois para a edição do Saltério
Genebrino em 1551, e usada com o Salmo 134. William Kethe transferiu a melodia para o Salmo 100
(HUNDREDTH) para o Anglo-genevan psalter (um Saltério genebrino traduzido para o inglês) em 1561, e é
com este salmo que tem sido cantado por 400 anos. A palavra “old” refere-se à Versão antiga dos salmos de
Sternhold e Hopkins de 1562, que “por mais de duzentos anos (....) manteve lugar de proeminência nos
corações do povo comum da Inglaterra”.4 Para o uso como doxologia como é cantada hoje, foi feita uma
alteração do ritmo para a forma binária, e o valor do tempo de cada sílaba é igual, com uma fermata no fim de
cada linha. Embora isto não embeleze a melodia, simplifica a sua execução. A indicação no Hinário para o
culto cristão de OLD HUNDREDTH, alt. é devida à necessidade de uma sílaba a mais na quarta frase, assim
fazendo a métrica 8.8.8.9.
O compositor Louis Bourgeois, nascido em 1510 em Paris, França, tornou-se discípulo de João Calvino e
mudou-se para Genebra em 1541. Foi nomeado cantor (solista e dirigente do canto congregacional) na Igreja
São Pedro e regente do coro, em 1545. Calvino lhe deu a responsabilidade de preparar melodias para os
salmos metrificados para um saltério já em preparo. Um saltério parcial foi publicado em 1542. Bourgeois
usou, como ponto de partida, o Saltério de Strasburgo, de Calvino. Alterou algumas melodias, trocou outras e
compôs novas também.
De 1542 a 1557, Bourgeois serviu como redator musical para as edições sucessivas do Saltério
genebrino. Não se sabe exatamente com quantas melodias originais ele contribuiu para estas edições, mas a
importância e a qualidade da sua obra é demonstrada pelo fato dele ter sido responsável pela forma final de
85 das 105 melodias e 110 métricas no saltério completo de 1562.
Bourgeois foi preso em Genebra em 1551, acusado de fazer alterações não autorizadas em algumas
melodias bem conhecidas. Calvino conseguiu libertá-lo em vinte e quatro horas, e as suas alterações foram
mais tarde sancionadas! Desta data em diante Bourgeois teve dificuldades com as autoridades de Genebra
que estavam em oposição às mudanças que ele propôs e à introdução de harmonia a quatro vozes preferida
por ele. Voltou a Paris em 1557, publicou uma coleção de salmos harmonizados em 1561 e ali desapareceu
da história. Suas melodias, com o uso freqüente do padrão de quatro notas em linha descendente (ver OLD
HUNDREDTH) implicam numa saída dos modos eclesiásticas para as escalas maiores e menores, mudança
radical e duradoura para a salmódia e, em conseqüência, para a hinódia. O HCC inclui, no número 387, a
melodia de Bourgeois para o Salmo 5, O meu clamor, ó Deus atende, cantado no primeiro culto evangélico no
Brasil.
A inigualável missionária pioneira Sarah Poulton Kalley traduziu este hino em 1861, seis anos depois da
sua chegada ao Brasil, publicando-o na primeira edição de Psalmos e hymnos (letra somente). Ver dados de
D. Sarah no HCC 40.
1. JULIAN, John, ed.. A dictionary of hymnody.Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.616.
2. Ibid. p. 617.
3. Ver descrição dos postos da Igreja Anglicana na nota n.2 do HCC 60.
4. KEITH, Edmond D. Hinódia cristã. 2ª ed. revista e atualizada, Trad. OLIVER, Bennie May. Rio de Janeiro: JUERP, 1987. p.65.
DESDE OS PRIMÓRDIOS da era cristã, os crentes, nos seus cultos, cantavam os salmos, ensinados
pelos judeus convertidos. Além destes, adicionaram os hinos, outros trechos do Antigo e Novo Testamentos,
como o Gloria in excelsis, cântico dos anjos (Lucas 2.10-14), o Magnificat, cantado por Maria (Lucas 1.46-55),
o Benedictus, cântico de Zacarias (Lucas 1.67-79), e o Nunc Dimittis, cântico de Simeão (Lucas 2.28-32). No
Ter sanctus (três vezes santo), de Isaías 6.3 e Apoc 4.8, os serafins dirigiam-se a seu Deus e cantavam
“Santo, santo, santo”. Ao longo dos anos, o canto desta, e de outras escrituras, que antes era espontâneo,
aos poucos tornou-se parte do ritual do culto. No período medieval, a igreja católica incluiu o Sanctus como
parte invariável da missa que se definiu nesta época. Ao mesmo tempo, os crentes continuavam a cantar este
versículo em hinos escritos em épocas sucessivas.1
Hoje, felizmente, há nas igrejas evangélicas um movimento mundial de ênfase na adoração. Para levar a
igreja a adorar a Deus em uma só voz, uma ótima maneira de iniciar um culto é usar uma “chamada ao culto”:
um curto trecho bíblico recitado em uníssono ou um curto cântico de adoração. Este cântico, que declara a
santidade de Deus, é uma escolha excelente para esta parte do culto.
Ao procurar responsos e doxologias para os cultos das igrejas, a Comissão Coordenadora do HCC
achou Holy Is the Lord (Santo é o Senhor) de letra tradicional e a música do ilustre compositor vienense Franz
Schubert. Faz parte de diversos hinários modernos, inclusive The Baptist hymnal (O hinário Batista), de 1991.
Em vez de traduzir a letra, a Subcomissão de Textos preferiu escrever sua própria versão para o HCC em
1990. (Veja HCC 4 para mais dados desta comissão.)
Franz Schubert compôs sua Deutsche Messa (Missa alemã), da qual esta melodia foi extraída, em 1816. A
letra original fez parte do antigo Sanctus (com o texto de Isaías), seção que segue o prefácio da obra.
Apropriadamente, a melodia é chamada HEILIG, HEILIG, HEILIG (Santo, Santo, Santo).
Franz Peter Schubert, um dos maiores gênios da música erudita da sua época, nasceu em 31 de janeiro
de 1797, num subúrbio de Viena. Adquiriu seus primeiros conhecimentos musicais com seu pai (um hábil
violoncelista amador) e seu irmão. Franz começou a tocar violino aos oito anos. Entrou, aos dez, no coro da
corte de Viena e na escola Konvict, que treinava estes cantores. Seus professores (que incluíam o ilustre
Saliere) descobriram nele um gênio musical. Tocou na orquestra da corte, chegando à posição de primeiro
violino. Sua primeira canção, ainda existente, foi escrita em 1811, aos quatorze anos; sua primeira sinfonia,
em 1813. Para se sustentar, Schubert completou seu preparo para o ensino público, juntando-se ao seu pai
na mesma escola. Continuou a estudar composição, e tornou-se
Há amplas fontes sobre a vida e obra deste cordial gênio que, como Mozart, produziu (além de 500
canções) um fantástico acervo de música em todas as formas na sua curta vida de 31 anos (suas obras
completas abrangem quarenta volumes!). Faleceu em 1828, de febre tifóide, pobre e pouco conhecido além
do seu círculo de ilustres músicos e escritores. Hoje, sua obra é considerada à altura de Beethoven (ver HCC
60). A seu próprio pedido, foi sepultado perto deste gênio alemão. (Brahms, outro gênio do século, foi também
sepultado perto).
1. Um lindo exemplo é Santo! Santo! Santo! (HCC 2) de Reginald Heber, tão amado pelo povo de Deus no mundo inteiro.
2. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker's biographical dictionary of musicians. Sixth Edition, New York: Schirmer Books, 1978. p.1549.
3. Ibid., p.1550.
ESTE HINO de adoração, apropriado para chamada ao culto, responso ou outro momento de adoração no
culto, é um arranjo para a congregação de um antigo hino latino. Veio à tona no mundo moderno através do
seu uso na famosa cantata (ou oratório, como chamado por Slonimsky)1 Les sept paroles du Christ (As sete
[ultimas palavras de Cristo), do proeminente compositor francês Théodore Dubois. Seria uma excelente
escolha para o fim da celebração da Ceia do Senhor.
Dubois pinta o quadro da crucificação com maestria, com músicas muito elaboradas para solos, tercetos,
coro e orquestra (ou órgão), comunicando o sentimento de cada frase de Cristo. Leva tudo a um comovente
clímax por colocar o coro a cantar, simplesmente, a cappella, a quatro vozes:
Que outra resposta poderiam os salvos dar a ele que nos remiu a tal preço? Adiciona-se à voz desta
autora a de Rolando de Nassau:
Théodore Clément François Dubois (1837-1924) nasceu em Rosnay, na França. Tornou-se conhecido
como compositor, organista e educador. Estudou no Conservatório de Paris, onde recebeu diversos prêmios,
inclusive o invejado Prix de Rome, em 1861. Exerceu cargos nas igrejas de St. Clotilde e na Madeleine, onde
sucedeu a Saint-Säens como organista, em 1877. Foi diretor do Conservatório de Paris de 1896 a 1905.
“Dubois escreveu obras instrumentais, e para a cena, mas é mais lembrado pela música de igreja e pelos
escritos teóricos sobre harmonia e contraponto”.3 Escreveu dois oratórios, diversas cantatas, motetos e outras
músicas corais, óperas cômicas, poemas sinfônicos, música para órgão, piano e harmônio. Faleceu em Paris.
Joan Larie Sutton tem proporcionado à música sacra do Brasil excelentes traduções de muitas obras
deste calíbre: Messias, de Handel, Elias e Cristus, de Mendelssohn, Glória, de Poulenc, a Primeira Cantata do
Oratório de Natal, de Bach, e o Réquiem, de Brahms4
Iniciou esta grande tarefa em 1962, quando traduziu As sete últimas palavra de Cristo do francês e latim;
foi cantada pelo Coro da Igreja Batista Itacuruçá, RJ, naquele ano. Foi somente em 1981 que a JUERP
publicou-a, colocando-a à disposição das igrejas de todo o Brasil. (Ver mais dados desta prolífica tradutora no
HCC 25)
O nome da melodia ADORE THEE (Adoramos-te) tem aparecido em diversos hinários recentes que
incluem este hino, inclusive em The Baptist hymnal (O hinário Batista) de 1991.
1. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker's biographical dictionary of musicians. 6ª ed., New York: Schirmer Books, 1978. p.439.
2. NASSAU, Rolando de. Dubois, pelo coro do Brás, O Jornal Batista n.4 - ANO XCII, Rio de Janeiro: JUERP, 26 de fevereiro de 1992. p 2.
3. HORTA, Luiz Paulo, ed. Dicionário de música. Rio de Janeiro: Azhar Editores, 1985. p.107.
4. Esse Réquiem, ou missa funeral é distinto dos demais, e é chamado Ein deutchsches requiem (Um réquiem alemão).Nele Brahms não usou textos da liturgia
católica, mas selecionou passagens da Bíblia alemã de Lutero. Incluíu a mensagem de esperança que o cristão tem de vida eterna. Corais evangélicos o apresentam
ao redor do mundo. (Ver KENNEDY, Michael, ed. The concise Oxford dictionary of music. 3ª ed, London: Oxford University Press, 1980. p.177.
Eu estava pastoreando na cidade de Teresina, capital do Piauí, no início de 1984, quando senti a
necessidade de escrever uma letra para um hino a ser cantado nos momentos de dedicação dos
bens. Era a primeira letra que eu escrevia.
Não tendo um compositor com quem pudesse me associar, decidi que usaria a música do hino,
Perto, mais perto, de Lelia Naylor Morris. Foi com essa música que o hino foi cantado inicialmente.
Quando eu me transferi para a cidade do Recife e conheci Ralph Manuel, pedi-lhe que preparasse
uma música para a letra de dedicação de bens.
Finalmente, a música foi composta [em 1988] e o hino começou a ser cantado com a melodia
DEDICAÇÃO, de Ralph Manuel.
O Dr. Werner Kaschel trabalhou revisando esta letra e melhorando o texto para o seu
aproveitamento no HCC. A segunda estrofe é completamente de sua autoria.1
(Ver os dados biográficos de Jilton Moraes no HCC 69 e de Werner Kaschel no HCC 38)
O compositor explica que o nome da melodia, DEDICAÇÃO, “que expressa bem o espírito do hino, vem
do seu título original, Dedicação dos bens”2 (Ver dados de Ralph Manuel no HCC 23).
A melodia MORRIS (HCC 574), mencionada na história do pr. Jilton, pode ser usada como melodia
alternativa para este hino.
DURANTE OS TRÊS ANOS de trabalho intensivo para preparar o HCC, a Comissão Coordenadora
procurou pastores e líderes da música e dos cultos em nossas igrejas solicitando sugestões quanto à inclusão
de hinos sobre este ou aquele assunto. Ao mesmo tempo, além de estudar a Declaração Doutrinária da nossa
denominação, foram estudados mais de duzentos hinários na formação do plano do nosso hinário. Foi clara a
necessidade do assunto Dedicação de bens. Lembrando-se deste singelo hino de uma das nossas dedicadas
compositoras e ministras de música, Jilza Feitosa de Araújo, a comissão o escolheu para fazer parte desta
seção.
Foi justamente pelo reconhecimento da necessidade de um hino sobre este assunto, que o hino nasceu
em 1983. A autora e compositora, que deu o nome Precenda ao seu hino, fala sobre seu surgimento:
Precenda nasceu após um pedido por um membro da 2a Igreja Batista do Rio de Janeiro, para que
eu preparasse para aquele mês um hino para o momento da Dedicação dos bens [...] O texto que
esteve presente durante os momentos em que estive escrevendo o hino foi 1Crônicas 29.9. Pensei
na alegria do povo contribuindo voluntariamente para a construção do templo. Pedi ao Senhor que
pusesse essa disposição e propósito nos nossos corações.1
Foi também no reconhecimento da necessidade das igrejas, e do valor do hino de Jilza, que a JUERP
publicou Precenda na revista Louvor em 1986 (Ano VII, v.1). O hino faz parte também, do Culto cantado de
mordomia, da série Cultos cantados Louvor, publicada pela JUERP. O hino serve muito bem tanto para solo,
como para conjunto, ou para a congregação. É fácil de decorar.
A Comissão Coordenadora seguiu sua filosofia de colocar como títulos aos hinos do HCC a primeira frase
da estrofe ou do estribilho para que o povo pudesse achá-los com facilidade. Assim, a comissão colocou
como título Ó Deus, venho te agradecer e a compositora escolheu PRECENDA, o título original do hino, para
o nome da melodia.
Jilza Feitosa de Araújo nasceu no Rio de Janeiro em 12 de maio de 1950, filha do Pr. Jogli Alves Feitosa
e Abigail Parahyba Feitosa. Jilza aceitou a Cristo em 1962 no ministério do seu próprio pai, e foi batizada na
Igreja Batista em Rio da Prata, RJ. Fez Bacharel e Licenciatura em Literatura Portuguesa pela Faculdade de
Filosofia Gama Filho, RJ, em 1971.
Fez estudos em regência com Alceu Bocchino, além de fazer vários cursos livres nesta matéria.
Bacharelou-se em regência pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, em
1995.2 Estudou no Seminário Teológico Batista do Sul fo Brasil, onde apresentou recital de regência.
Dirigiu o Coro Edson Paschoal (jovens) da Igreja Batista do Méier, Rio de Janeiro, RJ, foi professora de
Português na rede municipal do Rio de Janeiro. Foi diretora e professora do Espaço das Artes que inclui aulas
de vários instrumentos, regência, percepção e outras matérias de música. É professora e regente do coro do
Centro Integrado de Educação e Missões (CIEM), antigo Instituto Batista de Educação Religiosa (IBER). Em
2001 foi para a Igreja Batista Memorial da Tijuca, RJ, ajudar na regência do coro. No ano seguinte recebeu o
convite para assumir o ministério de música da mesma igreja e em 21 de agosto de 2004 foi a sua ordenação
e consagração. 3
Em 27 de dezembro de 1975 Jilza casou-se com Eliseu de Araújo. O casal tem três filhos, Gustavo Luis,
Ana Rachel e Marcos Davi, ganhadores de prêmios nos seus estudos musicais.
A JUERP publicou uma cantata de Jilza para vozes infantis, chamada Um neném em Belém, em 1988.
A PEDIDO DA AUTORA, o pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, então pastor da Primeira Igreja Batista de
Manaus, AM, exímio professor e escritor sobre o Antigo Testamento, escreveu um parágrafo sobre este
versículo e hino. Suas palavras nos desafiam:
Este é o trecho mais conhecido e utilizado em Malaquias. É a ordem para trazer “todos os dízimos”.
A Bíblia na Linguagem de Hoje traduziu por “todo o dízimo”. A Bíblia de Jerusalém por “o dízimo
integral”. A exortação é para que se devolva o dízimo em sua integralidade e não apenas parte dele.
Deus merece a integralidade de nossa oferta. Ela deve ser trazida “para que haja mantimentos na
minha casa”. A provisão da casa de Deus deve ser feita com os recursos que estão com o povo de
Deus.1
Para que o povo de Deus pudesse cantar esta doutrina absolutamente necessária para a obra do Senhor,
Lida Shivers Leech escreveu a letra e música deste hino, baseado em Malaquias 3.10, em 1923. O ilustre
hinista e publicador Charles E. Gabriel (ver HCC 456) gostou muito dele e comprou os direitos autorais no
mesmo ano. Apareceu no ano seguinte, no hinário Harvest hymns (Hinos da ceifa) do publicador Robert H.
Coleman, que muito influenciou o canto dos batistas do Sul (EUA). Também apareceu no seu muito difundido
hinário Modern hjymnal (Hinário moderno) em 1926, já com a indicação de ser propriedade de Coleman.
O nome GIVING (“dando” ou “o dar”), foi escolhido pela compositora para a melodia, por razões óbvias.
Lida Shivers Sleeth nasceu em Mayville, Estado de Nova Jersey, EUA, em 12 de maio de 1873. Estudou
nas Universidades Temple e Colúmbia (Nova Iorque). Foi organista da Igreja Metodista de Betânia em
Camden, no seu Estado natal, e viajou muito como pianista em conferências evangelísticas. Lida escreveu
cerca de 500 gospel songs (ver HCC 112). Faleceu em Long Beach, Estado de Califórnia, em 4 de março de
1962.
Joan Larie Sutton habilmente traduziu este hino para seu colega missionário, o Dr. Lester C. Bell,
responsável pela adoção do Plano Cooperativo da Convenção Batista Brasileira. Sua versão é muito cantada
pelo Brasil afora há algum tempo. O hino, com o título Provai-o e dedicai-vos, foi escolhido como Hino Oficial
da União Feminina Missionária Batista do Brasil em 1987 e publicado no primeiro trimestre da revista Louvor
daque-le ano. A JUERP também o incluiu na coletânea Culto cantado de mordomia, da série Cultos cantados
Louvor. (Ver dados biográficos da tradutora no HCC 25).
1. COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Carta à autora em 19 de agosto de 1993.
DOIS SERVOS DE DEUS, os pastores Werner Kaschel e Jilton Moraes nos proporcionaram, em 1990,
um hino maravilhoso que realça os ensinos importantíssimos encontrados em 1Coríntios 6.19, 20. O apóstolo
Paulo ensinou em 1 Coríntios 3 que a igreja é o santuário de Deus e no capítulo 6 ele fala a cada pessoa
comprada pelo sangue de Cristo: “vosso corpo é santuário do Espírito!” Como um comentarista deste trecho
enfatiza:
Aqui corpo é singular. Cada cristão é um santuário em que Deus habita. A palavra é naos, referindo-
se ao recinto sagrado, ao santuário, não hieron, que inclui todos os recintos. Isto dá à totalidade da
vida uma dignidade tal que nenhuma outra coisa mais poderia dar. Aonde quer que vamos, somos
portadores do Espírito Santo, templos em que apraz a Deus habitar. Isto deve eliminar toda forma de
conduta que não seja apropriada para o templo de Deus.1
Em cada estribilho, os autores, seguindo o trecho, aplicam este admirável fato às nossas vidas, deixando-
nos expressar nossa resposta diante desta verdade transformadora:
Ao Senhor eu pertenço;
não sou meu, bem certo estou.
Tudo entrego ao meu Mestre
que do mal me libertou.
“Uma vez que o crente é templo de Deus, não pode pensar de si como independente, como
pertencente a si próprio.”2
Neste espírito cantemos as estrofes dois e três: “nosso corpo guardemos” e “o que sou e tenho dedico ao
meu Senhor - minha vida e os meus bens”. O preço inestimável “que do mal me libertou” foi a morte do
Senhor, carregando nossos pecados e sofrendo a separação de Deus Pai (Marcos 15.34).
A estrofe 4 é uma prece para que Cristo, que nos comprou e que em nós habita através do Espírito Santo,
multiplique e abençoe o que lhe estamos oferecendo, porque assim ele estenderá o seu reino, tanto aqui
como além mar.
Um dia, o ilustre evangelista mundial Dwight Moody ouviu do seu amigo, Henry Varley: “O mundo ainda
está para ver o que Deus pode fazer com uma vida totalmente entregue a ele”. Profundamente impressionado
com as palavras do seu colega, Moody exclamou:“Com a ajuda de Deus pretendo ser esse homem”.3
Quem será o Moody de hoje? Serei eu?
Ver dados do Dr. Werner Kaschel no HCC 38 e de Jilton Moraes de Castro no HCC 69.
Para este hino novo, a Subcomissão de Música do HCC procurou uma melodia nova que pudesse
interpretar a mensagem adequadamente. Acharam no United Methodist hymnal (Hinário da Metodista Unida)
a singela melodia do hinista mexicano Skinner Chávez-Melo, com o nome de RAQUEL, composta em 1985.
Skinner Chávez-Melo nasceu na Cidade do México, em 1944. Fez seus estudos nos Estados Unidos na
Escola de Música de Manhattan, a ilustre Escola de Música Juilliard, e o mestrado em Música Sacra no
Seminário Teológico Union, ambos em Nova Iorque. Organista, regente e compositor, foi presidente da Igreja
Episcopal Nacional Hispânica. Foi muito ativo em promover a hinódia da língua castelhana por todo o México.
Editou Albricias, uma coletânea de hinos em castelhano, e como compositor contribuíu com músicas para o
total de treze hinários nas duas Américas entre 1982 e 1992. Participou regularmente de clínicas e
conferências de música promovidas pelo Ofício da Igreja Episcopal.
Regente-organista da Igreja de St. Rosa de Lima e do Seminário Teológico Union, em Nova Iorque,
Chavéz-Melo achou muito importante o trabalho com crianças e jovens. Focalizando nas suas habilidades
musicais, incorporava-os ativamente tanto nos cultos como em alcançar as suas comunidades.
Outras recentes realizações deste dotado compositor incluiram um saltério em castelhano, música litúrgica
para a sua igreja, e o Salmo 135 para coro, órgão e instrumentos de sopro para a celebração dos quinhentos
anos da descoberta da América por Colombo. Foi eleito à junta de diretores do Choristers Guild em março de
1991. Infelizmente, a vida de Chavez-Melo foi ceifada muito cedo. Faleceu em janeiro de 1992, aos 47 anos,
em Nova Iorque. Sua morte constitui uma perda tremenda ao Choristers Guild e à música sacra,
especialmente porque estamos procurando alargar os nossos horizontes de música pela herança nos
proporcionada de muitas culturas.4
1. MORRIS, Leon. I Coríntios - Introdução e comentário. Trad. OLIVETTI, Odayr. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora
Mundo Cristão, 1981. p.82.
2. Ibid. p.83.
3. FACKLER, Mark. The world has yet to see... Em: Christian history: the unconventional Dwight L. Moody, ISSUE 25. VP: IX. n.1, Carol Stream, IL: Christianity
Today, 1990, p.10.
4. CHAVÉZ-MELO, Skinner, 1944-1992, Choristers Guild Letters. Garland, TX: v.XLIII, n.10, maio de 1992. p.172.
Certo domingo à tarde, vagueava um homem nas ruas da cidade de São Paulo. Depois de haver
bebido durante o dia, se recostou para dormir num dos bancos da Praça Princesa Isabel, a mesma
onde fica a Primeira Igreja Batista. Passadas algumas horas, ele despertou. Já era noite. De longe
lhe vinha aos ouvidos o cântico de um hino! E era seu hino!
Lá na igreja o pastor havia terminado a pregação e anunciou o hino final do culto. O hino era A última
hora.1
Este homem, separado da família e longe de Deus, ainda trôpego e um tanto ébrio, se levantou
daquele lugar frio e de abandono e marchou em direção ao templo. Quando entrou, o pr. Tertuliano
Cerqueira se aproximava da porta, e aquele homem desalinhado e com forte cheiro de bebida
alcoólica o cumprimentou e disse:
− Que mensagem de Deus tem este hino!
O pastor lhe respondeu:
− Eu sei que o autor foi alguém inspirado por Deus.
Diener lhe disse, então:
− Eu escrevi esse hino!2
Em seguida, mostrou ao pastor a sua identificação. Depois, o Dr. Tertuliano levou Diener à sua casa,
ouviu sua comovedora história e a manifestação daquele coração, que naquela noite havia se arrependido.
João Diener reconstruiu o seu lar, que estava desfeito, reconciliando-se com sua mulher. Voltou a cantar o
seu hino, tornou-se outra vez regente do coro da igreja e foi fiel ao Senhor até a sua partida, no ano 1963.
Este hino foi também publicado no Cantor cristão (que inclui sete hinos da autoria de Diener), em Salmos
e hinos, em Seja louvado, e no Hinário evangélico.
A melodia DESTINO recebe o seu nome da mensagem do hino.
Diener é também o autor do hino Saudamo-vos, irmãos em Cristo, número 424 do Hinário para o culto
cristão.
1. CID, Francisco. A última hora. O Jornal Batista, Rio de Janeiro: ANO XC, junho de 1990.
2. Ibid.
ALGUNS DOS MELHORES hinos de convite para a salvação em Cristo foram escritos por pessoas que
experimentaram na carne o que era ser um pobre pecador, totalmente perdido e, ao se entregarem, de corpo
e alma a Cristo, receberam o novo nascimento e a vida maravilhosa que ele oferece. John Newton cantou
sobre a Preciosa graça (HCC 314), que lhe alcançou; Robert Robinson cantou sobre a Fonte de toda bênção
(HCC 17) que transformou sua vida. Este hino é outro exemplo da milagrosa transformação que pode
acontecer na vida de um pecador que aceita a Cristo.
Joseph Hart (1712-1768) nasceu em Londres e foi criado num lar cristão. Recebeu uma boa educação,
tornando-se professor de Línguas clássicas. Entretanto, sem ter se apropriado do sangue de Cristo para sua
própria alma, Hart caiu nos caminhos dissolutos. No seu testemunho, testificou que desceu no lamaçal até tal
ponto que
“superei confessos infiéis e choquei os irreligiosos e profanos com as minhas horrorosas blasfêmias
e monstruosas impiedades”.1
Passaram-se dez anos. No fim deste período, sua devassidão e seu sentido de culpa abalaram a sua
saúde. Não podia acreditar que o sacrifício de Cristo pudesse alcançar alguém como ele. No dia de
Pentecostes, em 1757, Hart “por acaso” entrou “numa capela moraviana em Fetter Lane, onde ouviu as boas
novas do perdão divino”.2
O pastor pregou sobre Apocalipse 3.10. Fiquei muito impressionado. Mal cheguei em casa, quando
senti tal estranha afeição para com Deus que caí de joelhos diante dele. A transformação (....) que
senti na minha alma era repentina e palpável, como aquela experimentada por uma pessoa
cambaleando e quase caindo sob um grande peso, que é de repente tirado dos seus ombros.3
Joseph Hart tornou-se pastor de uma igreja independente em Londres. Simples, zeloso, foi um pregador
muito amado por suas ovelhas, um calvinista ardente. Escreveu muitos hinos, que na sua época se tornaram
muito usados. O inigualável hinólogo Julian registra seu hinário e suplemento e, enumerando seus hinos,
declara:
“Muitos são de mérito, marcados por muito fervor e paixão pelo Redentor”.4
“Vinte mil pessoas assistiram ao seu culto fúnebre, e um obelisco foi erigido para perpetuar sua
memória em 1875, mais de cem anos após a sua morte”.5
Hoje o mais conhecido dos hinos de Joseph Hart é Vinde, aflitos pecadores. Publicou-o em 1759, dois
anos após a sua dramática conversão, no seu hinário Hymns composed on various subjects (Hinos escritos
sobre vários assuntos), com o título Come, and welcome, to Jesus Christ (Vinde, e bem-vindos, a Jesus
Cristo). Nestas maravilhosas e comoventes palavras um convite direto é dirigido, como se fosse de Deus aos
pecadores. Diversas das carências que as pessoas experimentam: fome espiritual (estrofe 2 - Isaías 55.1),
tristeza e dor (estrofe 1 - Mateus 11.28), estão colocadas lado a lado com a provisão de Cristo para estas
necessidades.6 Na última estrofe, depois de declarar o que Cristo fez por nossa redenção, Hart repete “Isso
basta, isso basta. Vinde, vinde sem temor!”
O tradutor destas quatro estrofes do hino de Hart é desconhecido. Esta excelente tradução apareceu no
Cantor cristão, e é diferente da tradução de Sarah Poulton Kalley, usada em vários hinários evangélicos no
Brasil.
A melodia BEACH SPRING (Salto da praia) faz parte da famosa The sacred harp (A harpa sagrada),
coletânea de melodias com shaped notes, ou seja, cada grau da escala aparecendo no manuscrito com uma
forma diferente para facilitar a sua identificação. Unida com este texto foi publicada em 1814, atribuída a
Benjamin Franklin White, um dos editores. Estas coletâneas costumavam incluir várias melodias folclóricas, e
difundiram-se especialmente nas zonas Sul e Central dos Estados Unidos. Tiveram grande influência na
hinódia do país.7
Em 1958, James H. Wood achou uma cópia de The sacred harp e, muito atraído por esta letra e melodia,
fez um arranjo coral que a Broadman Press publicou naquele ano. Wood estava numa campanha com Billy
Graham naqueles dias, e acha que “o espírito das reuniões do Dr. Graham certamente teve a ver com a
atração tanto do texto como da melodia”.8 A melodia aparece no Hinário para o culto cristão com sua
harmonização.
Benjamin Franklin White (1800-1879) nasceu perto de Spartanburg em Carolina do Sul, EUA. Caçula
entre 14 filhos, teve pouca instrução formal. Foi autodidata na música. Tornou-se professor nas escolas de
canto que proliferaram entre as igrejas, mas nunca pediu remuneração por este ministério. Casou-se com
Thurza Golightly em 1825. Nasceram 14 filhos ao casal, cinco morrendo na infância. Em cerca de 1840, White
mudou-se para Hamilton, Estado de Georgia. Em 1844, editou The Sacred Harp em parceria com E.J. King.
Esta coletânea teve grande sucesso, em parte por causa do seu próprio êxito como professor das escolas de
canto.
White foi o primeiro redator do primeiro periódico semanal do condado de Harris, chamado The organ (O
órgão). Foi eleito secretário do Tribunal em 1858 e prefeito de Hamilton em 1865. Serviu na guerra civil, na
milícia de Georgia, chegando a ser major. Homem muito consagrado, foi membro duma igreja batista
missionária.
James H. Wood nasceu em 14 de abril de 1921 em Rochester, Estado de Minnessota, EUA. Bacharelou-
se em artes pela Faculdade Macalester. Fez o mestrado em artes na Universidade de Iowa e o mestrado em
música sacra no Seminário Teológico Union de Nova Iorque. Foi membro do famoso Coral Robert Shaw em
1951 e 1952.
De acordo com seu próprio testemunho, Wood converteu-se aos 30 anos pela instrumentalidade de um
pastor luterano. Convencido da doutrina batista, foi batizado na Igreja Batista da Avenida Arigur, em Durham,
Estado de Carolina do Norte, em 1953. Ensinou música em algumas instituições de graduação e no Seminário
Teológico Batista do Sul (Louisville, KT) de 1954 a 1958. Depois, tornou-se parte do corpo docente da
Faculdade Morningside, em Sioux City, Estado de Iowa. Serviu naquela instituição por 21 anos, como
professor de canto, canto coral e como Diretor do Departamento de Música. Em 1979, aceitou a diretoria do
Departamento de Música da Faculdade Estadual de Frostburg, no Estado de Maryland.
Wood é um músico muito versátil. É solista baixo-barítono muito requisitado, regente e compositor de
músicas e arranjos corais. Em 1986 aposentou-se, voltando a seu Estado natal, com sua esposa Joyce,
professora de piano. Residem na pequena cidade de Owatonna.
1. HART, Joseph. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. Second Edition, Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.234.
2. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott Co., 1889. p.124.
3. MCCUTCHAN, Loc. cit.
4. JULIAN, John. A dictionary of hymnology. v.1, Dover Edition, Nashville, TN: Dover Publications, 1957. p.492.
5. MCCUTCHAN, Op. cit., p.235.
6. ARMSTRONG, Kerschal. Come, ye sinners, poor and needy. Em: HUSTAD. Donald P. ed. The worshiping church. Worship leader's edition, Carol Stream, IL: Hope
Publishing Company, 1990. n.451.
7. Para uma explicação melhor sobre estas coletâneas, ver ESKEW, Harry & MCELRATH, Hugh T. Sing with understanding. Nashville, TN: Broadman Press, 1980.
pp.160-161.
8. REYNOLD, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Convention Press, 1992. pp.492-493.
O AUTOR DO HINO com esta feliz citação de Romanos 1.16, Manuel Avelino de Souza, nasceu em 10
de novembro de 1886, em Santa Inês, BA. De família tradicionalmente católica, conheceu o evangelho em
sua mocidade e, apesar da oposição familiar, foi batizado aos 20 anos na Igreja Batista de Olhos D'Água.
Trabalhava como caixeiro viajante e revelava grande capacidade de comunicação. Manuel era auxiliar do
pastor, ajudando-o nas pregações. Ajudou a fundar a Igreja de Betel em Santa Inês. Em 1907, ao participar
da fundação da CBB, foi observado por Salomão Ginsburg e seu companheiro T.B. Ray, os quais o
aconselharam a se preparar melhor para servir a Deus. Profeticamente, Salomão Ginsburg falou dele:
“de certo conseguirá maiores coisas para o seu povo e para a causa batista”.1
Seus patrões tentaram dissuadi-lo, mas sua convicção era grande. Seguindo sua chamada, cursou o
Colégio e Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), RJ, “tornando-se um estudante proficiente,
formando-se com distinção”.2 Durante seus estudos foi o auxiliar do Dr. Entzminger como evangelista na
Primeira Igreja Batista de Niterói. Em agosto de 1917, foi consagrado ao ministério e assumiu o pastorado
desta Igreja, pastorado que se prolongaria por 46 anos! Sob sua liderança, a igreja organizou dez novas
igrejas e construiu dois templos.
Em 1919 o Pr. Avelino casou-se com D. Eva. Tiveram 6 filhos: Newton, Samuel, Silvio, Agnaldo, Helena e
Nicéa, todos muito conhecidos na obra do Senhor.
“Nos anos 1923 e 1924, esteve no Seminário de Louisville, KT, nos Estados Unidos, especializando-se na
matéria que iria ensinar no seminário, Homilética”.3 Voltando para o Brasil, recebeu seu Ph.D. em Filosofia da
Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro, em 1929.
A liderança do Pastor Avelino foi muito importante na denominação batista. Serviu por muitos anos como
presidente da Convenção Batista Fluminense e da Convenção Batista Brasileira nos anos de 1918, 1928,
1929, 1941, 1942 e 1945.
Professor de filosofia, homilética, teologia pastoral e outras disciplinas no STBSB, o pr. Manuel Avelino
sempre ensinou com objetividade, com dados de sua própria experiência. Os seus alunos lembram com
carinho daquele querido professor, com sua personalidade simples e cativante, subindo a colina do Seminário
com energia e prazer, dia após dia, para ministrar suas aulas. O pr. Luiz Modesto Menezes, por ocasião do
centenário do nascimento do pr. Manoel Avelino, falou da influência duradora do professor sobre o seu
ministério:
Aconselhava ele que deveríamos examinar as Escrituras com real interesse, à maneira bereana, e
com reverência e amor sob a luz do “espírito vivificante” - CRISTO JESUS - a chave-mestra do
tesouro das Escrituras (....) que procurássemos, como ministros de Cristo, “ser fiéis despenseiros da
casa de Deus”, “despenseiros da multiforme graça de Deus”, “falando como estando entregando as
palavras de Deus”, “administrando segundo o poder que Deus dá” a fim de que, “em tudo Deus seja
glorificado por Jesus Cristo.” (Essas figuras ilustrativas ele nos apontava em 1Coríntios 4. 1,2; Tito
1.7,9 e 1Pedro 4. 10,11).4
O pr. Avelino também fundou o Colégio Batista de Niterói, que serviu diversas gerações daquela cidade.
A contribuição do pr. Avelino à hinódia brasileira é indiscutível. Seus hinos geralmente nasciam para datas
especiais ou para outras necessidades específicas como a do hino Temos por lutas passado (HCC 502).
Costumava dizer que não sabia música, mas era poeta e sabia escolher música para suas letras. Sabendo
quais eram os hinários que as igrejas possuíam e a grande dificuldade em imprimir outras músicas, escolhia
músicas destes hinários com o auxílio da sua querida esposa e colaboradora, D. Eva, ao harmônio. Assim, ele
reconhecia, os instrumentistas poderiam tocá-los, e o povo podia cantar os seus hinos logo.
O pr. Avelino preparou 29 hinos para o Cantor cristão, dos quais três foram adaptações e os demais,
originais. Fez parte da comissão que preparou a revisão de 1958, dando de si sem se poupar. Embora a
denominação não estivesse preparada para uma revisão tão completa naquele ano, a Comissão do HCC
pôde aproveitar alguns dos seus hinos.
O HCC inclui, além de número 251, os hinos: Eis a nova (296), Jesus, levaste a minha cruz (304), Cristo
amado (497), e o famosíssimo e amado Temos por lutas passado (502), que foi cantado no seu culto
memorial.
Perguntado pela autora: “Como é que o irmão descreveria o pr. Manoel Avelino em poucas palavras?”, um
irmão que tivera o privilégio de ser uma das suas ovelhas, respondeu: “Um homem de fé!”
O pastor Avelino faleceu no dia 27 de setembro de 1962, aos 76 anos de idade. O Dr. José do Reis
Pereira, no seu artigo em O Jornal Batista, celebrando os cem anos do nascimento do pastor, disse assim:
Um dos seus monumentos foi o majestoso templo da sua Primeira Igreja Batista de Niterói. Outros
foram seus livros, seus hinos, sua família, sua atuação dedicada em tantas agências
denominacionais como o Seminário, a Junta de Educação Religiosa e Mocidade, hoje JUERP, e a
Junta Patrimonial. Dele se pode dizer, com fidelidade que “morto ainda fala”. Porque suas obras
permanecem e testificam do grande valor de sua vida.5
Albert Christopher Fisher (1886-1946) compôs esta música em 1913 para o seu hino Love is the theme
(Amor é o tema). A melodia FISHER leva o seu nome.
Albert Fisher nasceu no Estado de Carolina do Norte, EUA. Estudou na Faculdade Politécnica de Fort
Worth, no Texas, e nas Universidades Vanderbilt e Metodista do Sul. Por dez anos serviu como evangelista
para a Igreja Metodista Episcopal (Sul). Durante a primeira guerra mundial serviu como capelão. Pastoreou
igrejas na Conferência do Oeste do Estado de Oklahoma por doze anos. Em 1944 foi transferido para a
Conferência no Norte do Texas.
Fisher escreveu um bom número de gospel hymns (ver HCC 112) e editou o hinário Best revival hymns
(Os melhores hinos de avivamento).
1. GINSBURG, Salomão. Judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manoel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. p.180.
2. Ibid.
3. PEREIRA, José dos Reis, História dos Batistas no Brasil 1882-1982. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.152.
4. MENEZES, Luiz Modesto. O centenário do pastor Manoel Avelino de Souza, O Jornal Batista, n.45 - ANO LXXXVI, 9 de nov. de 1986. p.8.
5. PEREIRA, José dos Reis. Há 100 anos nasceu Manoel Avelino de Souza, O Jornal Batista, n.45 - AN0 LXXXVI, 9 de nov. de 1986, p.1.
LAWRENCE (Laurie) Forbes Taylor escreveu este cântico de apelo, em 1932, para uma campanha
evangelística em que ele cooperava com seu irmão Charles Forbes Taylor. Publicou-o, em 1940, na contra-
capa da coletânea Carry away a song (Leve consigo um cântico), publicada para as campanhas
evangelísticas dos irmãos Taylor, na qual Laurie incluiu 12 dos seus hinos e cânticos.
Não há outras informações disponíveis sobre este evangelista-compositor no momento.
Este hino, cujo tradutor é desconhecido, tem sido cantado no Brasil há muito tempo. O maestro Fred
Spann incluiu um simples arranjo do hino pelo saudoso prof. Osires Macêdo no primeiro volume do Coral
Sinfônico no fim dos anos sessenta. Diversos coros de igrejas batistas apresentaram um arranjo coral dele
nos anos setenta. A JUERP publicou a versão congregacional em 1980, na coletânea Vinde, cantai!, hinário
da II Campanha Nacional de Evangelização Só Jesus Cristo salva.
A Subcomissão de Música do Hinário para o culto cristão escolheu o nome TAYLOR para a melodia em
homenagem ao autor-compositor.
MYLON R. LeFevre nasceu em Atlanta, Estado de Georgia, em 6 de outubro de 1944. Seus pais, Urias e
Eva Mae LeFevre são muito conhecidos como gospel singers (cantores gospel, ver HCC 137).
“Nunca conheci outra coisa senão a música”, diz Mylon. “A minha carreira começou quando cresci o
bastante para ficar de pé no banquinho do piano e alcançar o microfone.”1
Aos 12 anos Mylon gravou seu primeiro disco. Aos 18, escreveu Cristo, só Cristo!. Outras músicas e
gravações se seguiram. LeFevre estudou na Universidade (Evangélica) Bob Jones e na Faculdade Bíblica da
Costa Pacífica. Diferenças quanto ao estilo de vida e música o separaram da sua família, e Mylon, rico por
causa das suas publicações e gravações, seguiu seu próprio caminho. Fundou uma banda de rock.
Fomos uma banda de Rock 'n' Roll que cria que Jesus era o Filho de Deus, mas não sabíamos o que
fazer sobre isso. (...) Fumamos marijuana. Naturalmente, com o tempo o evangelho foi superado pelo
Rock 'n' Roll. Afastei-me da minha família e da minha igreja.2
Mylon começou a unir-se com outras famosas bandas de rock. Entrou completamente no mundo das
drogas. Chegou ao ponto de ficar drogado 24 horas por dia.
A volta para sua família, sua fé e sua música deu-se aos poucos. Em 1974, seu vício, a dependência da
heroina, foi superada. Em abril de 1980, reconsagrou sua vida a Cristo e em novembro de 1981 foi ordenado
ministro e ancião na Igreja de Deus Monte Puran, em Atlanta.3
A música produzida por Mylon LeFevre e seu grupo Broken heart (Coração quebrantado) é muito
contemporânea e cria muita polêmica. Sobre sua música LeFevre declara:
“Celebramos Cristo porque é assim que sinto e é isso que ele tem feito por mim. Agora não estou
morrendo.”4
Mylon crê que “pelo fruto se conhece a árvore” (Mateus 12.33). Testifica:
“Há 52.000 pessoas que assinaram uma ficha que diz, 'Hoje à noite, pela primeira vez compreendo
quem é Jesus, e como ele age. Quero que ele seja o meu Senhor.' (...) Creio que estamos trazendo
vida aos corações das pessoas”.5
A habilíssima missionária Joan Larie Sutton traduziu este hino para o português em 1980 e a JUERP
publicou-o na coletânea Vinde, cantai! sob o título Sem ele. É um excelente hino de testemunho e apelo.
O nome da melodia WITHOUT HIM (Sem ele) reflete o título e a frase muito repetida do hino no original.
1. STYLL, John. Mylon LeFefre, the solid rocker. Em: The heart of the matter - the CCM interviews. v.1, Nashville, TN: Star Song Communications, 1991. mar/1986,
cap.7, p.76.
2. LEFEVRE. In: Ibid., p.78.
3. REYNOLDS, William J. Mylon R. LeFevre. Em: FORBIS, Wesley L., ed. Handbook to The Baptist hymnal. Nashville, TN: Convention Press, 1992. p.87.
4. STYLL. Op.cit., p.82.
5. Ibid.
“Que transição deve ter sido quando, ao chegar o seu fim, passou das áridas rochas de Mar Saba
aos campos florescentes do Paraíso! É natural que tenha sido escritor de hinos como os tios João
Damasceno e Cosmas. O hino associado a seu nome, e que é um predileto universal, não é, falando
estritamente, uma versão exata do que escreveu em grego, porém a idéia e a inspiração, assim
como parte da linguagem, pertence-lhe, de modo que ao ler as suas linhas podemos sentir palpitar o
coração e ouvir a voz do cantor cantando:1
Das obras de Estevão, o célebre hinólogo John Mason Neale (ver HCC 85), tirou este excelente convite à
salvação, publicando-o no seu hinário Hymns of the eastern church (Hinos da igreja oriental) em 1862.
Para ressaltar o verdadeiro significado da formosura do hino, as perguntas e as respostas deveriam ser
cantadas por vozes diferentes ou congregação e coro (ou vice-versa).
A inimitável missionária e hinista Sarah Poulton Kalley traduziu este hino para o português em 1888.
Publicou-o na segunda edição de Psalmos e hymnos com músicas sacras em 1889. (Ver dados de D. Sarah
no HCC 40).
O missionário e compositor David William Hodges explica:
Compus esta nova melodia originalmente para letra Oh, que sangue tão precioso (HCC 189), antes
de chegar a linda melodia de Hiram Júnior para o mesmo texto. Quando foi escolhida a melodia dele
(que ao meu ver é perfeita para o hino), a minha ficou na reserva. Surgiu então a necessidade de
outra melodia de 8.5.8.3., uma métrica pouco comum, para Triste estás. Lembramo-nos da minha
melodia. O resultado é o que se acha no HCC 255. WRIGHT, portanto, ficou como nome porque foi a
letra deste grande hinista que tinha inspirado a melodia.2
1. NINDE, Eduard S. Diecinueve siglos de canto cristiano. Buenos Aires: Editorial La Aurora, 1947. pp.34-35.
2. HODGES, David William. Carta à autora em 22 de março de 1991.
DR. LESTER HARNISH estava dirigindo reuniões evangelísticas em 1958 na sua igreja, a Igreja Batista
Temple, em Los Angeles, Califórnia, EUA. O habilidoso compositor Ralph Carmichael, ministro de música da
igreja, sentindo a necessidade de um bom hino de apelo, escreveu este hino de convite, letra e música.
“O hino tem uma qualidade particularmente pessoal. (...) e é precisamente esta qualidade que faz
este hino tão convincente”.1
A referência a Apocalipse 3.20 é evidente. Cristo bate à porta vez após vez, e agora “volta a bater”. Não
força a porta; espera, “querendo te dar salvação, paz e amor”.
Na realidade, este versículo faz parte da carta do Senhor à igreja em Laodicéia, (vs.14-22). Cristo
relembrou àqueles cristãos “mornos” (que ele chamou de coitados, miseráveis, pobres, cegos e nus - vs. 17)
que ele estava sempre acessível, sempre esperando! Se somente abrissem a porta, se voltassem ao seu
primeiro amor, participariam da sua glória eterna. Assim, este hino pode ser dirigido a cristãos que tenham,
como os laodiceanos, perdido a comunhão com Cristo.2
A publicadora Sacred Songs publicou o hino de Carmichael como solo avulso em 1958. Conseguiu direitos
autorais do arranjo congregacional de Carmichael em 1966. Este arranjo apareceu pela primeira vez no
hinário Hymns of glorious praise (Hinos de louvor glorioso, n.218), em 1969. Este lindo hino de convite,
traduzido para muitas línguas, tem sido difundido ao redor do mundo.
A versão do hino em português, feita por dois consagrados músicos batistas, Almir Rosa e Joan Larie
Sutton, foi publicada na muito conhecida coletânea SoMaior, em 1976. A JUERP publicou esta versão com o
arranjo original para solo de Carmichael na coletânea Vinde, cantai! em 1980. O HCC apresenta o hino, com
seu arranjo congregacional, como se acha no Baptist hymnal (Hinário Batista) de 1975.
(Ver dados de Almir Rosa no HCC 110 e de Joan Larie Sutton no HCC 25).
Ralph Richard Carmichael nasceu em Quincy, Estado de Illinois, em 27 de maio de 1927, filho de pastor.
Seus incomuns dotes musicais se tornaram muito aparentes desde cedo. Começou a estudar violino aos
quatro anos. Em 1946, durante seus estudos na Faculdade da Califórnia do Sul em Costa Mesa, tornou-se
diretor de música da Assembléia Calvário, em Inglewood. Em 1949 começou a dirigir o programa A hora cristã
do campus, numa emissora de televisão em Pasadena. Este programa, que destacou cantores e
instrumentalistas entre os alunos, ganhou o prestigioso prêmio “Emmy” da TV. Criou um conjunto de 16
trombones que, em harmonia nova e provocante, apresentava concertos entre as igrejas.
Em 1950, Carmichael, sempre criando novos acordes harmonias e rítmos, gravou seu primeiro disco
sacro. Em 1951, começou uma longa cooperação com Billy Graham, preparando a orquestração para o filme
Mr. Texas. Em seguida, orquestrou outros filmes para Graham que rodearam o globo. O filme A terra de Deus,
que ele orquestrou, andou pelo Brasil todo, com a voz do muito conhecido pastor batista, conferencista e
cantor Ivênio dos Santos.
Foi nos anos cinqüenta que Carmichael serviu como ministro de música da Igreja Batista Temple. Sempre
expandindo suas atividades musicais, em 1963, Carmichael estabeleceu a publicadora Lexicon Music, que
desde então tem tido crescimento fenomenal. Sua gravadora Light Records nasceu em 1967.
Seus arranjos orquestrais de hinos marcaram época. Além de compor cantatas, com Kurt Kaiser (ver HCC
168) escreveu uma série de musicals (ver HCC 226) no estilo jovem. Seu coro e orquestra têm gravado com
famosos solistas evangélicos. Publicou o hinário The new church hymnal (O novo hinário para a igreja) em
1976. Não é exagero dizer que Carmichael é um dos gênios da música evangélica dos nossos dias.
Carmichael é autor de mais de 200 hinos e cânticos em muitos estilos, muitos dos quais são conhecidos
no Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui, além deste, o hino Cristo te estende a sua forte mão (352) e o
cântico de oração, Ao orarmos, Senhor (374).
A linda e atual melodia CARMICHAEL cria uma atmosfera muito propensa para ajudar o não crente ou o
crente fora da comunhão com Cristo a responder à sua chamada. É uma das razões por que este hino se
difundiu em todas as partes do mundo. A comissão coordenadora do Baptist hymnal (Hinário Batista) de 1975
deu o nome à melodia em homenagem do seu autor-compositor.
1. DIVINE, Ann. The Savior is waiting. Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church. Worship leader's edition, Carol Stream, IL: 1990. n.446.
2. Ver DIVINE, Ibid.
“era mais conhecido por seus poemas líricos e baladas do que pelos seus hinos”. 2 A maior parte da
sua poesia era de “alto mérito poético”.3
Algumas das suas canções rodearam o globo e são cantadas até hoje.
Seus hinos estão registrados na sua coletânea Sacred songs (Cânticos sacros), de 1816, que incluía 32
dos seus textos sacros unidos com melodias conhecidas de muitas nações. Diversos destes hinos foram
difundidos, especialmente, nos Estados Unidos da América, mas hoje ele é lembrado mais por este
comovente convite, que ele intitulou Relief in prayer (Alívio em oração).
A versão do hino de Thomas Moore mais difundida hoje é a de Thomas Hastings, que alterou um pouco
as primeiras duas estrofes de Moore e criou sua própria terceira estrofe. Publicou-a na coletânea Spiritual
songs for social worship (Cânticos espirituais para o culto público) em 1832, que editou em parceria com
Lowell Mason (ver HCC 22). (Ver dados sobre Hastings, notável músico pioneiro dos Estados Unidos da
América, no HCC 75).
O Dr. Werner Kaschel, membro da Subcomissão de Textos, fez uma nova tradução do hino de Thomas
Moore, na versão de Thomas Hastings, em 1990, a pedido da Comissão Coordenadora do hinário. Baseou-se
no Baptist hymnal (Hinário Batista), de 1956 e 1975. (Ver dados do Dr. Kaschel no HCC 38).
O compositor da melodia CAMACHA, escolhida pela Subcomissão de Música para este hino, é Benjamin
Mansell Ramsey. Escreveu-a em 1919, para o seu próprio texto, Teach me thy way, o Lord (Ensina-me o teu
caminho, ó Senhor), denominando-a assim em homenagem ao seu lar em Chichester, condado de Sussex, na
Inglaterra, onde viveu e morreu.
Benjamin Mansell Ramsey (1849-1923) nasceu em Richmond, condado de Surrey na Inglaterra. Foi por
muitos anos um muito conhecido professor na região de Bournemouth. Compositor prolífico de música para
coro misto, peças para o piano, hinos e carols, organizou e regeu a Sociedade Coral de Chichester. Teve
saúde precária nos últimos anos da sua vida.
1. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.155.
2. KEITH, Edmund D. Hinódia cristã. Trad. OLIVER, Bennei May, 2ª ed. revista e atualizada, Rio de Janeiro: JUERP, 1987. p.83.
3. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.756.
259. Escuto a voz do bom Jesus
"Saiu Jesus para a beira do mar; (....) Quando ia passando, viu a Levi (....) e disse-lhe: Segue-me. E ele,
levantando- se, o seguiu" (Marcos 2.13, 14).
ESTAS SIMPLES PALAVRAS de Marcos contam uma linda história. Jesus disse a Levi: "Segue-me." Levi
levantou-se e o seguiu. O que Levi deixou para trás? Um negócio lucrativo? Amigos? Lar? Hábitos bem
arraigados? Vontade própria? O que foi que ele ganhou? Tudo! Tudo que tem importância nesta vida e para a
eternidade: Vida! O privilégio de aprender de Cristo, de conviver com ele, de aprender a amá-lo acima de
tudo. O privilégio de escrever um maravilhoso Evangelho, que faria Jesus conhecido, e o seu próprio nome
lembrado até Cristo voltar!
Há bons ensinos neste hino. Com este mandamento "Segue-me", Jesus relembra a nós, seus discípulos,
o que ele fez por nós, quem ele é na nossa vida e o que fará por nós. Cristo cumpriu toda a lei, bebeu o
amargo fel, sofreu a morte, perdoou-nos e libertou-nos dos pecados. Jesus nos guiará à eterna luz, nos levará
aos altos céus! Em Jesus acharemos descanso e um lugar para levar os nossos cuidados. Esse Jesus é o
nosso Salvador, que nos ama muito. O que ele pede é: "Segue-me".
A nossa resposta na estrofe 4 deve ser sincera. Seguiremos a Jesus? Deixaremos tudo? É bem verdade
que, sem ele, isso seria impossível. Mas também é verdade que, cheios do seu amor, do seu cuidado, do seu
vigor, podemos, sim, devemos seguí-lo!
Nada sabemos sobre o autor G.D. Watson, a não ser que ele foi um pastor de destaque o suficiente para
que lhe fosse conferido um doutorado em Divindade (honoris causa). Esta letra apareceu pela primeira vez
em 1885, no hinário Songs of joy and gladness (Hinos de gozo e alegria) com a música do cântico de Natal
alemão O TANNEMBAUM (A árvore de Natal). Logo apareceu em outros hinários, e é esta a música que
consta do Cantor cristão 217.
Salomão Luiz Ginsburg, um servo de Deus que deixou tudo para seguir a Jesus, traduziu este hino em
1892, logo no início do seu ministério na Bahia. Não há quem exemplifique o verdadeiro discípulo mais que
Ginsburg, que deixou família, bens, país e língua, que perdeu sua querida primeira esposa, sacrificou sua
segurança, enfrentou multidões enfurecidas, prisões, viagens longas e sofridas, e com grande alegria seguiu
a Jesus. Ninguém, mais que ele, diria: "Valeu a pena! Faria tudo de novo!" (Ver mais dados de Ginsburg no
HCC 29)
A métrica deste hino é 8.7.8.7.8.8.8.7., como corrigida nas edições mais recentes do Hinário para o culto
cristão. 1
O dedicado missionário e compositor David William Hodges fala da história do surgimento da sua
melodia em 1990. Os membros da Subcomissão de Música do HCC conheciam a canção de Natal alemã, O
TANNENBAUM, cuja letra se dirige à árvore de Natal. Era preciso achar outra melodia e Hodges escreve:
Quando esta letra surgiu para inclusão no Hinário para o culto cristão, procuramos sem sucesso
outra melodia. Mais uma vez, por necessidade e inspirado nesta letra, compus a música GINSBURG,
nome do tradutor e "Pai da hinódia Batista brasileira".2
Recomendamos com alegria esta aprazível melodia, na escala de Mi menor. A música vai fluindo,
convidando-nos a seguir a Jesus, sem hesitação. Composta para ser cantada em uníssono, convida-nos a
unir as nossas vozes, e também as nossas vidas, e seguí-lo fielmente, até o fim.
(Ver dados de Hodges no HCC 1)
1. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
2. HODGES, David William. Carta à autora em 22 de março de 1991.
O AUTOR E COMPOSITOR deste hino baseado em João 14.6, o pr. Ivo Augusto Seitz, dá-nos
informações preciosas:
Uma segunda-feira missionária típica: remédios para uma família na madrugada, acertos para um
casamento, orçamento de mais uma sala, apoio ao crente novo no quartel, a administração de uma
congregação distante sete horas rio acima, o anúncio pela televisão da semana de música, e a
pacificação de dois irmãos brigados.
A igreja faria três anos na outra semana, e o pastor queria deixar com seus filhos na fé uma palavra
fácil de ser lembrada. Naquela noite, ao piano, nasceu Anda com Jesus, cantado pela igreja em 25
de abril de 1979. Eram três estrofe, Caminho, Verdade e Vida, de João 14.6. O HCC registra a
primeira delas sob o número 260. [Seguem-se as estrofes 2 e 3]
Há hinos que nascem da dor, da gratidão, da alegria. Este surgiu do peso no coração de um pastor
por sua igreja. E o que aconteceu depois? O casal vai bem, passados os anos. A sala foi erguida e
multiplicada. Militares e parentes batizaram-se. A congregação é hoje igreja, na divisa
Amazonas/Rondônia. A visita dos músicos Marcílio e Zelda de Oliveira a uma região distante foi um
ensaio do projeto Cantem, batistas brasileiros, e assim parte da história do HCC. Andar com Jesus
dá certo. A melodia recebeu o nome da cidade amazonense onde foi composta, HUMAITÁ.”1
O autor, o pastor Ivo Augusto Seitz nasceu em lar cristão em 12 de março de 1947, em Porto Alegre, RS.
Estudou Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ. Trabalhou no Departamento de
Música da JUERP, e na edição revista e documentada do Cantor cristão (1971). Vive em um lar cristão com
Gladis,sua esposa, também gaúcha e vocacionada, e os filhos Ivana (Rio de Janeiro, 1979) e Luciano (Porto
Velho, RO, 1985). O casal tem tido, ao longo dos anos, um rico ministério. Comissionados como missionários
da Junta de Missões Nacionais, serviram na pequena cidade de Carolina, MA, no Instituto Bíblico de 1972 até
1975. Em 1974, chamados para liderar a primeira operação missionária Transtotal, viajaram ao longo da
Transamazônica, indo até Porto Velho, RO. Depois desta operação, foram transferidos para Humaitá, AM,
onde serviram de 1974 a 1979.
Convidado a assumir a posição de Secretário Geral da Convenção Batista de Rondônia e Acre, o pr. Ivo e
família mudaram-se para Porto Velho em 1 de janeiro de 1981. Em 1986, o pr Ivo assumiu o pastorado da
Igreja Batista Filadélfia, e o casal liderou um ministério amplo naquela igreja e cidade.
Em janeiro de 1992, o pr. Ivo foi nomeado Secretário Executivo de Missões Nacionais, tomando posse em
11 de março do mesmo ano, onde realizou profícuo ministério até dezembro de 2003.
No Hinário para o culto cristão, o pr. Ivo participa ainda nos hinos Nossa gente quer viver em segurança
(533), Eu vos envio (545), e De ti, ó meu Brasil (600).
DEIXA O SALVADOR TE AJUDAR é um hino de convite à salvação que faz parte da cantata Share his
word (Testemunho), escrita por William J. Reynolds, em 1973. Esta obra foi composta para promover o
programa das Escolas Dominicais da Convenção Batista do Sul, EUA, daquele ano, incentivando todos a
compartilharem Cristo e sua Palavra.
O Dr. Reynolds tem razão quando fala:
“Enquanto construí a obra maior, este hino me parecia uma expressão muito apropriada do todo”.1
Esta é certamente a mensagem que queremos compartilhar e o convite que queremos dar àqueles que
ainda não conhecem a Cristo. Por isto, entrou como um ótimo hino de apelo no HCC.
O nome JENSEN escolhido para a melodia, o segundo nome do autor-compositor, homenageia uma parte
da sua família.
O ilustre William Jensen Reynolds, músico sacro, hinólogo e professor, nasceu em Atlantic, Estado de
Ohio, USA, em 2 de abril de 1920. Entretanto, mudou-se com sua família para o Estado de Oklahoma com
cinco meses de idade e foi nesse estado que cresceu. William é filho de George Washington Reynolds,
ministro de música e de jovens, cantor evangelístico e sobrinho de I.E. Reynolds, reconhecido líder da música
dos Batistas do Sul, dos Estados Unidos da América. Neste lar de fé e música, William aceitou a Cristo como
criança, sendo batizado na PIB de Okmulgee. Bacharelou-se em artes na Faculdade Estadual do Sudoeste de
Missouri (1942); fez o mestrado em música sacra no Seminário Teológico Batista do Sudoeste (Fort Worth) e
o mestrado em música na Universidade do Norte de Texas (1946). Continuou nos estudos, doutorando-se em
educação na Faculdade George Peabody para Professores (1961) e fez o curso de verão da célebre
Faculdade para Coros Westminster. Durante todos esses anos de estudo Reynolds serviu como ministro de
música em igrejas batistas.
Dirigiu o Departamento de Música Sacra da Junta Batista de Escolas Dominicais em Nashville, Estado de
Tennessee de 1955 a 1980. Desde 1980 é professor de Música Sacra no Seminário em Fort Worth, ajudando
no preparo de ministros e ministras de música para o mundo inteiro. Regente congregacional sem par, o Dr.
Reynolds serviu como diretor de música para reuniões nacionais da Convenção Batista do Sul e da Aliança
Batista Mundial no Rio de Janeiro em 1960, experiência da qual falou, “I'll never forget!” (Nunca esquecerei!). 2
Seu livro Congregational singing (O canto congregacional, 1975) é estudado em todo o mundo.
Um dos mais conceituados hinólogos contemporâneos nos Estados Unidos, Williams foi membro da
Comissão do Baptist hymnal (Hinário Batista) de 1956, Coordenador da Comissão do mesmo hinário do ano
1975, e membro da Comissão Consultiva de The Baptist hymnal de 1991. Foi Editor geral de New Broadman
hymnal (Novo hinário Broadman, 1977) e Songs of glory (Hinos de glória) de 1990.
Autor de Hymns of our faith (Hinos da nossa fé, livro de notas históricas do Hinário Batista de 1956), de
Companion to Baptist hymnal (o mesmo do Hinário Batista de 1975) e um dos autores do Handbook to The
Baptist hymnal (Livro de Notas históricas do Hinário Batista) de 1992, seus escritos são pesquisados por
hinólogos no mundo inteiro. Seus livros estão entre as fontes principais para este livro de notas históricas.
O Dr. Reynolds é co-autor com Milburn Price (ver HCC 402) do livro hinológico A survey of christian
hymnody (Uma visão geral da hinódia cristã), 3a edição, 1987. Compilou e editou o livro Building an effective
music ministry (Construindo um ministério de música eficaz), Christ and the carols (Cristo e os carols) (ver
HCC 92). É escritor muito requisitado para jornais profissionais e eruditos. Membro de The hymn society (A
sociedade do hino) da América e do Canadá, serviu como presidente de 1978 a 1980. Desde 1979, tem uma
coluna semanal de histórias de hinos num jornal.
Membro da Sociedade Americana de Compositores, Autores e Publicadores (ASCAP) desde 1955, suas
músicas publicadas abrangem 375 obras corais, cantatas, melodias para hinos, e músicas para crianças. É
também membro da Academia Nacional de Artes e Ciências Gravadoras (NARAS). Recebeu o Prêmio da
Fundação B.B. McKinney (ver HCC 64) em 1960.
O Dr. Reynolds participou dum encontro de missionários batistas da América Central e do Sul no Rio de
Janeiro em 1973. Sua observação deste encontro foi, “What a precious time!” (Que tempo precioso).3
Joan Larie Sutton tem proporcionado aos brasileiros traduções sem conta que incluem obras sacras
eruditas, cantatas, coletâneas corais, solos, hinos, e cânticos. Em 1973 fez a tradução da cantata
Testemunho de William Reynolds, no mesmo ano da sua publicação. Foi editada em português pela JUERP
em 1975. (Ver HCC 25)
Quantos brasileiros aceitaram a salvação oferecida por Jesus ao som deste hino? Só a eternidade
revelará!
O autor e compositor deste hino predileto dos batistas brasileiros foi William Augustine Ogden (1841-
1897). Nascido no condado de Franklin, Estado de Ohio, EUA, Ogden recebeu seus primeiros estudos de
música na Escola Comunitária de Música. Depois de servir na Trigésima Infantaria de Indiana durante a
guerra civil, pôde voltar a estudar música com os mestres Lowell Mason (ver HCC 22) e Thomas Hastings (ver
HCC 75). Homem de grande capacidade, tornou-se muito conhecido como professor de música nas escolas
normais e regente de convenções de música. Em 1887, aceitou o posto de supervisor de música para as
escolas da rede oficial na cidade de Toledo, no seu Estado natal, cargo que ocupou até sua morte.
Ogden escreveu diversos hinos, letra e música e numerosas melodias para os textos de outros. Compilou
muitos hinários para Escolas Dominicais. O Hinário para o culto cristão inclui, além deste hino, sua melodia
para Agora estou contente (n.319).
Salomão Luiz Ginsburg cria no poder deste convite. Traduziu-o em Pernambuco, em 1891, e publicou-o
na primeira edição do pequeno hinário que ele chamou Cantor christão. Certamente usou este hino repetidas
vezes nas suas reuniões e campanhas evangelísticas por este Brasil afora. (Ver dados deste intrépido
evangelista no HCC 29)
O nome da melodia LOOK AND LIVE (Olhai e vivei) provém do título original do hino.
UM DOS CONVITES à salvação mais comoventes herdado do Cantor cristão é este, que roga: “Vê, vê,
viverás! Terás vida em olhar pra Jesus, Salvador. Ele diz: 'Vida em mim acharás'”. A eternidade vai revelar
quantas pessoas aceitaram o convite de Jesus ao som deste hino.
Sua autora Amelia Matilda Hull, filha de William Thomas Hull, nasceu em cerca de 1825 em Exmouth, na
Inglaterra. Este hino foi um dos seus melhores, entre 22 contribuídos ao hinário Pleasant hymns for boys and
girls (Hinos aprazíveis para meninos e meninas), publicado em 1860. Entre 1850 e a sua morte em 1882,
Amelia também contribuiu com hinos para seis outras coletâneas na Inglaterra. Não há mais informações
biográficas sobre esta hinista.
A tradução deste hino foi feita pelo pr. Antônio Ferreira de Campos (1866-1950), por alguns anos um
dos obreiros mais ativos na região de Campos, RJ. Foi batizado por Salomão Ginsburg em junho de 1895.
Dentro de um mês, a Igreja Batista de Campos o licenciou para pregar, e a Junta de Richmond o aceitou
como um obreiro nacional. Ginsburg apreciava muito este novo obreiro, escrevendo assim:
O pr. A. Campos tomou conta deste campo (Campos) em 1895, e está fazendo um grande e bom
trabalho. Ganhou a simpatia do povo, que, conhecendo seu grande talento para o jornalismo, o fez
Redator-chefe do jornal local. Podem imaginar o bom resultado de ter um jornal [secular] onde o
evangelho não foi esquecido.1
Quando Ginsburg foi transferido de Campos para o Recife, ao missionário T.C. Joyce passou a liderança
do campo. Entretanto, por causa da sua saúde, teve de se demitir da missão. Assim, A.F. Campos assumiu a
liderança. Ginsburg falou dele desta forma:
[A. Campos] está fazendo um nobre e bom trabalho. É um esplêndido pregador e bom organizador,
como também um hábil escritor.2
Campos fundou a Associação Cristã de Moços da cidade. Esta organização chegou a ter 200 membros,
dos quais dois terços eram católicos. O canto congregacional teve parte importante nas suas assembléias,
“fato que estimulou hinistas como Ginsburg e Campos a produzir e dedicar hinos apropriados para o seu
uso”.3 Certamente, Terás vida em olhar pra Jesus foi traduzido neste período. Infelizmente, o Pr. Campos não
continuou bem como começou. O pr. Joaquim Fernandes Lessa, outro pioneiro no trabalho naquela região,
deu este relatório:
“[Campos] sempre deixou transparecer a instabilidade de suas convicções religiosas, e, com suas
constantes arremetidas contra quem lhe desagradasse, assinalava traços bem pronunciados de
dúvidas sobre os motivos porque entrara no ministério evangélico. Extremado em suas idéias e
impulsivo nas suas resoluções, não lhe era difícil sugestionar a Igreja de Campos e seus amigos a
lhe atenderem nas suas mal simuladas pretensões. Cabe-lhe, portanto, a responsabilidade quase
que exclusiva de todos os erros e arbitrariedades praticadas pela Igreja de Campos nos
acontecimentos de 1903.4
A. Campos colocou-se em oposição ao novo missionário, A.L. Dunstan, convencendo a Igreja Batista de
Campos a cortar sua cooperação com toda a missão. Os problemas continuaram, até que a Igreja de Campos
destituisse Campos do cargo, e do rol de membros e retornasse à comunhão com as outras igrejas. Foi
necessário os batistas se unirem numa decisão em que Antônio Campos não seria mais aceito como obreiro
em qualquer trabalho batista. Campos publicou no jornal da cidade a declaração do seu intento de deixar os
batistas e voltar à Igreja Católica. Assim fez. Mudou-se para São Paulo, onde faleceu em 1950.
A melodia LATAKIA, tão apropriada para este hino de convite, foi escrita para esta letra por E.G. Taylor
(séc.19). O hino apareceu em Sacred songs and solos (Cânticos e solos sacros) de Sankey, de onde,
certamente, foi trazido ao Brasil. Não existem, porém, mais informações disponíveis sobre a melodia ou sobre
seu compositor.
1. GINSBURG, Salomão L. Foreign mission board report, SBC Annual, 1897. p.xvii. Em: PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian churches. Tese de
DMA, Fort Worth, TX: Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p.95.
2. GINSBURG, Salomão L. Foreign mission board report, SBC Annual, 1900, Em: PAULA, Ibid., p.96.
3. PAULA. Ibid., p.96.
4. LESSA Joaquim Fernandes e A.B. Christie. Subsídios para a história dos batistas do campo Batista fluminense. Manuscrito inédito dos arquivos de O Jornal
Batista. Em: PEREIRA, José dos Reis. História dos batistas no Brasil 1882-1982. Rio de Janeiro: JUERP, 1982, p.80.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.299.
Embora todas as horas sejam iguais para o Senhor e o seu ouvido esteja sempre atento a qualquer
hora que temos o desejo de orar, é muito bom para nós começarmos e terminarmos o dia em oração:
pela manhã, para reconhecer sua bondade (...) e procurar sua presença no curso do dia; à noite para
louvá-lo pelas misericórdias do dia que passou, humilharnos diante dele por aquilo em que falhamos,
esperar nele para a manifestação do seu amor perdoador e entregarnos a nós mesmos e aquilo que
nos concerne ao seu cuidado e proteção enquanto dormimos.1
Certamente o pastor anglicano Sabine Baring-Gould cria nos mesmos princípios. Escreveu esta
“primorosa e inigualável”2 oração vespertina para as crianças da sua igreja em Horbury Bridge, Inglaterra, em
1865. Baseou-se no trecho em Provérbios 3.24:
“Quando te deitares, não temerás; sim, tu te deitarás e o teu sono será suave”.
No Cantor cristão, foi atribuído, por engano, ao ilustre hinista dos irmãos boêmios, Petrus Herbert ( ?
-1571), cujo hino, Die nacht ist kommen drin wir ruhen sollen (A noite veio em que devemos descansar) tem
mensagem muito semelhante. Pai, sê conosco, no hinário Cantai ao Senhor (n.41) é a tradução do hino de
Herbert.
Neste hino, Baring-Gould sabiamente relembra a criança (e a todos nós) que, quando o escuro cai, Cristo
está conosco. Não há o que temer. A estrofe 2 confessa o pecado e pede o perdão ao Salvador. Pede
também, como Jesus nos ensinou a orar em Mateus 6.13, que nos livre do mal, sabendo que assim teremos
sossego. Na versão de João Gomes da Rocha, na estrofe 3, louva a Deus pelos pais e amigos, pelas santas
escrituras e pelo amor divino que salva. Conclui pedindo que Jesus aceite a petição. Esta oração cantada é
predileta de igrejas batistas deste Brasil afora.
Esta poesia de seis estrofes de Sabine Baring-Gould apareceu no periódico Church times (Tempos
eclesiásticos) em 1865, e em 1868, no célebre Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), com a
melodia do autor. Dali seu uso difundiu-se ao redor do mundo.
Na versão de João Gomes da Rocha, escrita em 1898 e publicada nos Psalmos e hymnos com músicas
sacras em 1889, o hinista procurou captar a mensagem das seis estrofes de Baring-Gould em quatro. O
Hinário para o culto cristão inclui as estrofes 1, 2 e 4 da versão do Dr. Rocha. (Ver dados deste profíquo
hinista e hinólogo no HCC 2)
Sabine Baring-Gould (1834-1924) teve uma vida longa e muito produtiva, servindo ao Senhor. Nasceu
em Exeter, na Inglaterra, filho prodígio de um abastado fazendeiro. Muito chegado à sua mãe, foi com ela que
Sabine aprendeu sentir responsabilidade para com os pobres. Seu pai levou a família a viajar pela Europa por
13 anos. Quando foi estudar em Cambridge aos 19 anos, já falava seis idiomas. Bacharelou-se e fez o
Mestrado em Artes na Universidade. Durante seus estudos, foi diretor duma Escola Coral em Londres.
Ordenado na Igreja Anglicana em 1865, serviu em algumas paróquias.
Durante os primeiros anos do seu ministério, Baring-Gould apaixonou-se pela filha de um operário. Solicitou
permissão aos pais para fazê-la estudar, no que foi atendido. Esperou pacientemente que ela se formasse
para se casarem, sendo muito felizes. Quando ela faleceu oito anos antes dele, Sabine colocou na lápide do
seu túmulo
Precisava ter um cântico para o final dos ensaios do coro juvenil da Igreja Batista Itacuruçá, o
primeiro coro de crianças que dirigi no Brasil, e fiz esta letra. Nos ensaios cantávamos, “Finda-se
este ensaio”, e quando cantávamos nos cultos substituíamos “ensaio” por “culto”.1
Ver dados da melodia e harmonização do hino no HCC 269 e da autora no HCC 25.
NESTA SINGELA oração encontramos a certeza que temos da presença do Senhor conosco ao sair do
culto. Não é um hino que pede a presença do Senhor, pois o Senhor não fica no templo quando saímos! Ele
nos acompanha em todo o viver.
Quando a Subcomissão de Bases Bíblicas, Assuntos e Organização apresentou à Comissão
Coordenadora do HCC a carência de um bom hino para esta hora solene do culto, logo a tarefa foi entregue
ao prolífico hinista Werner Kaschel, membro da Subcomissão de Textos. Sabiam que este teólogo
preencheria a lacuna com habilidade, e com a doutrina certa. O Dr. Werner escreveu-o em 1990, adicionando
mais um hino à sua longa lista de bons hinos escritos para ocasiões especiais. (Ver dados do Dr. Werner no
HCC 38.)
Em seguida, a nova melodia, PATRIX-BOURNE, de John Barnard foi escolhida para exprimir bem esta
oração sincera. Apareceu pela primeira vez no hinário inglês, Hymns for today's church (Hinos para a igreja de
hoje), da publicadora Jubilate hymns, em 1987. Com alegria apresentamos este hino singelo Findo o culto ao
povo brasileiro.
O compositor inglês, John Barnard, nasceu em Harrow, na Inglaterra, em 20 de abril de 1948. Formou-se
pela Universidade de Cambridge em 1969. É vice-reitor da Escola John Lyon, da sua cidade natal, e diretor de
música da Igreja de São Alban, em North Harrow. Serviu na composição e no arranjo de melodias tanto na
comissão do hinário Hymns for today's church como também no livro de cânticos para Natal Carols for today
(Carols para hoje - ver anotação no HCC 92). Publicou ainda outros hinos e cânticos de Natal. A hinódia
mundial espera muito mais deste compositor.
O PASTOR BATISTA John Fawcett, como o ilustre John Newton (Ver HCC 226), tinha o costume de
escrever hinos a serem usados depois dos seus sermões. Compartilhava-os com a sua pequena igreja em
Wainsgate, ao Norte da Inglaterra. Como acontece no mundo inteiro, bons hinos voam. Estes hinos
apareceram em outros lugares e foram cantados sem se saber de onde vieram. Assim, este hino para o final
do culto, pedindo a bênção do Senhor, apareceu pela primeira vez anonimamente no Shawbury hymn book
(Hinário de Shawbury) em 1773. Foi na coletânea Selection of psalms and hymns (Seleção de salmos e
hinos), publicada no condado de York em 1791, que o hino apareceu com a letra “F”. Em muitos hinários a
seguir, foi devidamente atribuído a Fawcett, embora houvesse dúvidas por causa do aparecimento de outros
três hinos com a mesma primeira frase. Por causa destas dúvidas, alguns hinários colocam “atribuído a John
Fawcett”.1
John Fawcett nasceu num lar pobre em Lidget Green, no condado de Yorkshire, Inglaterra em 6 de
janeiro de 1739 ou 1740. Foi sob o ministério de George Whitfield que Fawcett, aos dezesseis anos, aceitou a
Cristo. Em 1758, tornou-se membro de uma igreja batista. Começou a pregar, e em 1765, convidado para
pastorear a pequena igreja em Wainsgate, perto de Hebden Bridge, condado de York, foi ordenado pastor
batista. (Ver a comovente história do seu pastorado nesta igreja no HCC 563)
Em 1777, um novo templo foi construído para a igreja em Hebden Bridge, e no mesmo ano Fawcett abriu
uma escola para crianças no seu próprio lar. Continuou ali pelo resto de sua vida. Recusou o convite de ser o
diretor da Faculdade Batista de Bristol, uma escola batista de treinamento teológico muito conceituada.
Fundou a Northern Education Society (Sociedade Educacional do Norte), uma escola para jovens pregadores
que atualmente chama-se Faculdade Rawden.
Fawcett “tornou-se muito conhecido como excelente pregador e escritor”.2 Foi um dos primeiros a
sustentar e promover a nova Sociedade Missionária Batista. Publicou numerosos livros e ensaios de grande
aceitação sobre a vida cristã, incluindo a Devotional family Bible (Bíblia para o culto doméstico) em dois
volumes, e dois hinários. Foi lhe conferido o Doutorado em Divindades (honoris causa), pela Universidade
(Evangélica) Brown, do Estado de Rhode Island, EUA, em 1811. Faleceu em 25 de julho de 1817, “exemplo
de líder espiritual que sacrificou ambição e ganho pessoal por devoção cristã”.3
A pedido da Subcomissão de Textos, o Dr. Werner Kaschel, membro da mesma, fez uma nova tradução
do hino de Fawcett em 1990. Foi uma das últimas traduções que este habilíssimo tradutor fez para o HCC.
Traduziu as três estrofes do autor. (Ver HCC 38). Obs.: A documentação das primeiras edições do HCC
erradamente atribuiu a tradução deste hino a James Theodore Houston.
Reconhecendo a necessidade de uma nova melodia para este singelo hino, a Subcomissão de Música do
HCC descobriu esta, muito apropriada, de John Goss, no United Methodist hymnal, n.100. A melodia LAUDA
ANIMA (Goss) (Louva alma) também se acha no Baptist hymnal (Hinário Batista, 1975). Seu nome deriva do
fato dele tê-la composto para a letra Ó minha alma, a Deus bendize, de Henry F. Lyte (HCC 15). Apareceu
pela primeira vez em 1869, na terceira edição de Supplemental hymnal and tune book (Livro suplementar de
hinos e melodias). O nome Goss a distingue da melodia de Andrews do mesmo título (Ver HCC 15).
Sir John Goss (1800-1880) foi um lider da música sacra da Inglaterra do século 19, sobrepujado somente
por Samuel S. Wesley (Ver HCC 504) em reformar o canto congregacional e a música da catedral. Goss
nasceu em Fareham, na Inglaterra. Seu pai era o organista da igreja. Aos 11 anos, foi morar em Londres com
um tio, cantor de renome. Tornou-se corista da Capela Real e estudou com Thomas Atwood. Sucedendo seu
mestre, tornou-se organista da famosa Catedral St. Paul em Londres. Aceitou a cadeira de professor de
harmonia da Academia Real de Música, continuando neste posto por 47 anos. Em 1856, foi escolhido
compositor da Capela Real. Escreveu antemas corais, música para cultos, e muitas melodias para hinos.
Editou Parochial ssalmody (Salmódia paroquial) em 1826, escreveu um livro muito conceituado sobre
harmonia, e compilou uma coletânea de chants (Ver HCC 219). Foi também o editor musical do Church
psalter (Saltério da igreja), de 1856. Por sua extraordinária contribuição à musica sacra da sua época, ao
aposentar-se, em 1872, Goss foi nomeado cavalheiro pela rainha Vitória. Foi lhe conferido o Doutorado em
Música (honoris causa) pela célebre Universidade Cambridge em 1876.
1. ARMSTRONG, Kershal. Lord, dismiss us with your blessing. Em: HUSTAD, Donald P. The worshiping church. Worship Leader's Edition, Carol Stream, IL: Hope
Publishing Company, 1990. n.834.
2. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.46.
3. Ibid.
EM 1987, Hiram Rollo Júnior, então Ministro de Música da Igreja Batista da Aldeota, Fortaleza, CE,
decidiu compor um hino para cada mês na igreja, recebendo de seu pastor, Roldão Arruda (com quem
trabalhou num clima de muita afinidade e cooperação) total apoio. Não havia ênfase tão específica para o
mês de julho. Sendo um mês de férias, Hiram ficou à vontade para decidir sobre o tema. Ele pensou na
necessidade de hinos de confissão e arrependimento. Hiram conta como surgiu este comovente hino e as
primeiras experiências e bênçãos com ele:
Certa noite no final de maio, em meu apartamento, comecei a escrever. Texto e música vinham
chegando quase ao mesmo tempo. Peguei um papel com pauta musical e comecei a anotar a
música, mesmo sem dispor de um instrumento naquele momento, pois havia deixado meu teclado na
igreja. Nasceu a música em Ré menor (muito grave para a congregação), com o estilo de um
chorinho brasileiro, com o pensamento ligado em Villa-Lobos e sua simpatia pelo violoncelo.
Logo comecei a trabalhar na melhor elaboração do texto, cuja terceira estrofe veio como resultado da
maneira como Deus me falara através do hino My house is full (Minha casa está cheia) de Lanny
Wolfe, que há pouco tempo havia traduzido. O texto me parecia extenso. Não senti, todavia, que
devesse alterá-lo. A parte [A] de cada estrofe apresenta as falhas confessadas ao Senhor e a parte
[B] aponta para a atitude positiva em suprir aquelas falhas cometidas. As palavras representaram e
têm representado muitas vezes aquilo que sentia e sinto em meu coração.
No último sábado de junho levei o hino para o ensaio do coro, a fim de me ajudar no ensino à
congregação. Usei-o no momento devocional do ensaio. Todos aprenderam muito rápido e um clima
de emoção nos envolveu. Estávamos quase todos lagrimando, derramando o coração impuro diante
do Senhor para que ele viesse nos perdoar.
No primeiro domingo de julho cantamos o hino no culto matinal, cantado a primeira vez em um culto.
No momento da contrição houve o mesmo clima de emoção. Várias pessoas vieram à frente para
orar pedindo perdão pelos seus pecados. Jamais esquecerei. Foi uma das experiências mais
marcantes em meu ministério na [I.B.] ALDEOTA, razão pela qual dei este nome ao título da
melodia.1
Muitas pessoas em outras partes do Brasil têm testemunhado do seu arrependimento e perdão ao cantar
este hino. Certamente a ótima combinação da sua mensagem e música faz dele um instrumento poderoso
nas mãos do Senhor. (Ver dados deste habilidoso compositor no HCC 21)
FANNY JANE CROSBY era uma pessoa de oração. Escreveu a maior parte dos seus hinos depois da
meia-noite, quando todo o barulho do bloco humilde de apartamentos onde ela morava havia diminuído.
Como no caso de outros cegos, preferia trabalhar durante a noite. Ela chamava esta hora de “o vale do
silêncio”. Entrava em oração e meditação, onde sentia a presença de Cristo de um modo especial. Este hino
de contrição certamente era a expressão do seu próprio coração em uma dessas horas. (Ver outros dados de
Fanny Crosby no HCC 228.
Seu hino foi publicado, em 1881, no hínário Sacred songs and solos (Hinos e solos sacros), uma série de
coletâneas (do mesmo título) muito difundidas que Sankey publicou entre 1873 e 1903.
Salomão Luiz Ginsburg traduziu este hino de Fanny Jane Crosby e publicou-o no Cantor cristão com o
título Confissão. Sua primeira publicação foi na primeira página de O Jornal Batista em 10 de fevereiro de
1901. Este jornal, desde o início, provou ser a melhor maneira de difundir novos hinos entre as igrejas. (Ver
dados deste extraordinário missionário no HCC 29)
Hiram Rollo Júnior, o compositor desta comovente melodia, conta a história da sua colaboração com a
Subcomissão de Música do HCC:
Em abril de 1989, Célia Reis [relatora da Subcomissão de Música] me escreveu solicitando ajuda na
composição de novas melodias para alguns hinos do Cantor cristão, entre os quais estava Confissão
(CC 269). Convivi um pouco com aquele texto e a partir de então passei a trabalhar com uma
possível melodia que pudesse “dar vida” àquela mensagem. A música ficou pronta. Enviei-a para a
Subcomissão de Música.1
A Subcomissão ficou satisfeitíssima com a melodia de Hiram, mas esperava um trabalho da Subcomissão
de textos na revisão da tradução, trabalho do qual aquele grupo quase desistira, até a palavra de incentivo da
sua subcomissão companheira. Em abril de 1990, com a revisão completa, Hiram soube que a primeira frase
do hino seria “Estou aqui, Jesus, em confissão” e assim o hino teria um novo título. Célia Reis escreveu uma
nova carta a Hiram com estas palavras de incentivo:
Minha igreja cantou o Estou aqui, Jesus, com sua melodia, e foi de arrepiar. Muitos se emocionaram
e choraram. Aleluia! Que Deus continue a inspirá-lo e usá-lo, amém!2
Especialmente por meio do processo que envolveu este hino, agradeço a Deus a instrumentalidade
de Célia no que se refere ao incentivo quanto à participação no HCC, mantendo-me, inclusive,
sempre informado em relação ao andamento dos trabalhos do hinário.3
Hiram conseguiu com esta melodia criar um ambiente que realmente “dá vida” a esta mensagem de
confissão e arrependimento. Hiram explica o porquê do nome CONTRIÇÃO:
“O nome dado à melodia vem das experiências de contrição que tive por meio do texto para a
composição da nova música”.4
PARA CANTAR esta letra de C.M. Battersby em sinceridade de coração, alguém precisará reconhecer
que necessita do perdão constante de Deus. Cantar louvor e gratidão é uma expressão cristã. Cantar uma
oração de arrependimento e confissão é outra expressão imprescindível do crente.
De acordo com Simei Monteiro, no seu livro O cântico da vida, este hino
"causou grande impacto nas igrejas, em muitas delas tornando-se cântico de confissão".1
A harmonização do hino Se sofrimentos eu causei, Senhor foi feita a pedido da professora Atenilde
Cunha, para ser incluída na edição com música do hinário presbiteriano, Novo cântico [1991]2. [A
profª. Atenilde foi a principal responsável pela edição do Hinário presbiteriano, edição de letras.]
1. MONTEIRO, Simei Ferreira de Barros. O cântico da vida. São Bernardo do Campo: ASTE/IEPGCR, 1991. p.109. Em: NASSAU, Rolando de. Hinos
Latinoamericanos, O Jornal Batista, 12 de jul., 1992. p.2.
2. MANUEL, Ralph. Carta à autora em 20 de maio de 1992.
“Um exame mais de perto mostra que o texto do hino não se estende ao salmo completo, mas realça
os versos que se referem ao arrependimento do pecador e à sua purificação por Deus.”1
A música, composta para ser cantada em uníssono pela congregação, expressa de modo comovente esta
oração de arrependimento.
JANGA, o nome da melodia, vem do bairro onde a Igreja Batista do Forte está localizada.
CONTA-NOS o rev. Gonçalves, o autor, que escreveu esta oração-poesia num domingo em que estava
sozinho em casa. Mais tarde, publicou-a no Expositor cristão, jornal da Igreja Metodista. O sr. Oscar Monteiro,
ex-paroquiano do autor, levou a poesia ao conhecimento da profa. Henriqueta Rosa Fernandes Braga
(Rosinha), e perguntou-lhe se ela poderia pô-la em música. Disse-nos D. Rosinha que teve prazer em atender
ao pedido, pois achou o texto muito rico, espiritualmente falando, e de forma primorosa.1
Uma das principais produções do rev. Antônio de Campos Gonçalves, esta letra de intensa
profundidade, escrita em 1952, revela a sua grande dependência e familiaridade com Jesus, demonstradas
por toda a sua vida e em seu serviço ao Senhor. Nas palavras do próprio autor, este hino assinala:
Tendo tido o duplo aspecto da energia moral e do saber, nunca esperei, de sua pena, obra que não
fosse, como este volume é, um trabalho de infinita consciência, redigido com o acerto de sua
autoridade e a minuciosidade de seus métodos.6
Como regente coral, a maior alegria que tive foi no momento em que percebi que o coro que dirigia
(...) havia se identificado tão bem com o estilo sacro, que vibrava com as peças que lhe eram
apresentadas para estudo, e os coristas por si mesmos refugavam as de menor valia.7
Mentora de todos os que escrevem sobre hinódia brasileira, D. Rosinha publicou os livros mais
importantes nesta área: Cânticos do Natal (1947), Do coral e sua projeção na história da música (1958), e,
sua maior obra, Música sacra evangélica no Brasil (1961), que é importantíssima fonte para esta autora e
estudada a fundo. D. Henriqueta também publicou Peculiaridades rítmicas e melódicas do cancioneiro infantil
brasileiro (1950) e Pontos da história da música (1956). Deixou pronto Salmos e hinos, sua origem e
desenvolvimento. A sua morte em 21 de junho de 1983 nos roubou de o livro Manual para Salmos e hinos,
que era “a menina dos seus olhos”,8 mas que não foi possível ela terminar. Entretanto, os seus 120 artigos na
revista Ultimato de 1968 a 1983, e em outras importantes publicações como Louvor perene deram ao mundo
evangélico uma parte deste livro. Os artigos de Rolando de Nassau, Marcílio de Oliveira Filho e outros que
tiveram o privilégio de conhecer esta maravilhosa historiadora e musicista nos proporcionam alguns dos seus
importantíssimos sobre a música sacra.
D. Rosinha foi a mais importante componente da comissão que, durante dezesseis anos, preparou a
revisão do excelente hinário Salmos e hinos com músicas sacras, edição de 1975. Também, no Prefácio da
quarta edição com música do Cantor cristão, em 1971, Bill Ichter agradeceu à “Mestra” por seu auxílio nas
longas horas passadas “preparando o Índice da métrica”9 deste hinário.
Detentora de muitas honrarias, Henriqueta foi a primeira musicista evangélica a ter assento na prestigiosa
Academia Nacional de Música e a receber uma medalha da Academia Brasileira Evangélica de Letras.10
Henriqueta Braga era, em primeiro lugar, uma cristã dedicada. Depois do seu falecimento, sua família
publicou em Jornal do Brasil e O Globo as seguintes palavras:
E, para concluir sobre esta extraordinária mulher, fazemos nossas as palavras de Rolando de Nassau:
Seu exemplo de paciência nas pesquisas, meticulosidade nas informações e imparcialidade nas
opiniões ficará para nos inspirar. Assim, Henriqueta Rosa, queremos continuar sua jornada luminosa!
13
1. KNIGHT, Lida. Eu creio, Senhor, Louvor perene, n.53, abr/maio/jun, 1953, p.2.
2. GONÇALVES, Antônio de Campos. O hino da dependência, Ultimato, mar/abr, 1981. p.8.
3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Senhor, eu preciso de ti!, Ultimato, Ano X, n.103, 1977, p.8.
4. ICHTER, Bill H. Pioneirismo, Vultos da música evangélica no Brasil, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.35.
5. Foi justamente na casa deste casal em Portugal, que Salomão Ginsburg foi bondosamente hospedado na sua tempestuosa estada naquele país, e foi com o
auxílio deste dedicado servo de Deus que Ginsburg publicou seu primeiro jornal O Bíblia - nome derivado do apelido dado aos crentes daquela época. (Ver
GINSBURG, Salomão. Um judeu errante no Brasil, 2ª ed., trad. Manuel Avelino de Souza. Rio de Janeiro: JUERP, 1970. p.43, 52.)
6. HEITOR, Luís. Prefácio. Em: BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Cânticos do Natal. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1947.
7. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes, Em: NASSAU, Rolando de. Magistra Dixit. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.17 - ANO LXXXI, 26 de abril de 1981, p.2.
8. A madrinha dos Salmos e hinos, Ultimato, Ano XVI - n.150, set/out 1983, p.23.
9. ICHTER, Bill Hll Prefácio, Cantor cristão, Edição revista e documentada, Rio de Janeiro: JUERP, 1971.
10. NASSAU, Rolando de. Adeus à mestra. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.29 - ANO LXXXI, 17 de jul. 1983. p.2.
11. A madrinha... Ultimato, Loc cit.
12. Ibid.
13. NASSAU, Adeus à ...., Loc cit.
SOMENTE O CRENTE, o pecador perdoado, pode compreender a paz que o perdão traz para a sua vida.
Esta paz permeia toda a sua vida, minorando as suas aflições e fortificando a sua fé. Com a certeza do
perdão, vem também a necessidade de louvar àquele que o salvou e perdoou. Igualmente preciosa é a
certeza de um dia estar com Cristo em toda a sua glória, de saber para onde vai!
Foi para testificar desta nova paz que Peter P. Bilhorn escreveu este hino (letra e música) e o publicou em
1887. Sankey logo começou a usar este hino e publicou-o em 1888, em New hymns and solos (Novos hinos e
solos) n.94, e depois, em Sacred songs and solos (Hinos e solos sacros) n.658, de onde, provavelmente, W.
E. Entzminger o adaptou.
Peter Philip Bilhorn (1865-1936) nasceu em Mendota, Estado de Illinois, EUA, descendente de bavários.
Seu pai, dono duma companhia de construção de charretes, foi morto na guerra civil três meses antes de
Peter nascer. Aos oito anos, teve de deixar os estudos para ajudar no sustento da família. Aos 15 anos, os
irmãos Bilhorn mudaram-se para Chicago, estabelecendo sua companhia na grande cidade. Peter, com sua
linda voz, era muito ouvido tanto nos salões de concertos, como nos “beer gardens” (restaurantes que se
especializavam na venda de cerveja).
Em 1883, estava ao lado do piano num salão de concerto quando um obreiro cristão o convidou para
umas conferências evangelísticas. Assistiu doze noites seguidas. Na última noite “(...) ouviu um sermão com o
título Cristo nos redimiu, e deu seu coração a Deus”.1 Logo entrou no trabalho evangelístico em todas as
partes de Chicago. Aprofundou-se na música com George F. Root e George F. Stebbins (ver HCC 32).
Tornou-se membro e regente da Igreja Batista de North Lake.
Bilhorn construiu um harmônio portátil para uso no seu ministério. Recebeu tantos pedidos que fundou a
Companhia Bilhorn de órgãos portáteis. Homem muito dinâmico, tornou-se publicador muito respeitado na
região de Chicago. Publicou muitas coletâneas de gospel songs (ver HCC 112). Escreveu mais de 2.000
hinos, letra e música. Também foi o primeiro dirigente de música para o célebre evangelista Billy Sunday.
Será que o obreiro que convidou Bilhorn para as conferências evangelísticas soube depois dos resultados
abundantes do seu investimento de tempo e coração? Quem está convidando os Peter Bilhorns de hoje para
ouvir o evangelho?
O grande missionário William Edwin Entzminger, responsável por 72 produções no Cantor cristão,
adaptou três estrofes das cinco do hino de Bilhorn, enfatizando o testemunho do perdão em Cristo. (Ver
dados deste admirável obreiro no HCC 91)
Para que pudesse melhor preencher a lacuna importante de assuntos sobre Perdão no HCC, a
Subcomissão de Textos inverteu as estrofes 3 e 1 deste hino e adaptou um pouco a segunda estrofe . O
estribilho foi omitido com o mesmo propósito.
O nome SWEET PEACE (Doce paz) provém da primeira frase do estribilho no original, que descreve a
paz que vem ao pecador perdoado.
“QUASE 3.000 ANOS depois da queda de Davi [no pecado] não precisamos olhar longe para achar
os seus sucessores.”1
Todos nós somos pecadores! Olhemos bem com Don Wyrtzen (ver HCC 128) o salmo em que este hino é
baseado:
Nesta petição muito pessoal ao Senhor, Davi reconhece que ele mesmo não pode, de maneira
nenhuma, corrigir sua natureza pecadora. Somente o Deus que o criou pôde purificá-lo, renová-lo e
restaurá-lo. (...) Eu também preciso de uma obra profunda de Deus na minha vida. Como Davi,
anseio por cirurgia radical espiritual - purificação, restauração, um coração lavado, o poder
transformador do Espírito Santo e a (...) recuperação da alegria da minha salvação!2
O Cordeiro de Deus pagou um preço muito alto para que nossos pecados pudessem ser perdoados e
lavados. O preço foi o seu sangue, a sua morte, o tomar sobre si os nossos pecados. “Àquele que não
conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21).
Este mesmo sangue que nos lava e nos salva na hora em que aceitamos a Cristo como Salvador, nos perdoa
e purifica dos nossos pecados confessados, dia após dia (1Jo 1.9). Seja bendito o Cordeiro deve ser o nosso
cântico todos os dias da nossa vida. Um dia, pelo sangue salvador de Jesus, também estaremos com as
multidões que proclamam: “Ao que está sentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a
glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5.13).
O autor deste hino muito cantado pelos batistas brasileiros foi Eden Reeder Latta. A única informação que
temos sobre este autor é que nasceu em 1839. Provavelmente, o hino apareceu pela primeira vez na
coletânea Sacred songs and solos (Cânticos e solos sacros) n.396, de Sankey (ver HCC 112) Números 1 e 2,
em 1881.3 Seu título era The blood of the Lamb (O sangue do Cordeiro).4
Esta coletânea indica que a melodia é um arranjo de H.S. Perkins. Assim, presumimos que seja da mesma
data.5 Como no caso de Latta, não há informações disponíveis neste momento sobre Henry Southwick
Perkins, o compositor da melodia, além do fato dele ter nascido em 1833 e falecido em 1914.
A excelente adaptação deste hino, feita em 1914, é uma das quase 200 produções do dinâmico
evangelista e hinista Henry Maxwell Wright. Como muitas outras, foi incluída em quase todos os hinários
evangélicos brasileiros. Veja no HCC 1 dados deste admirável obreiro que nos primórdios do evangelismo no
Brasil ajudou na expansão do reino de Cristo em muitas partes do país.
O nome BLESSED BE THE FOUNTAIN (Bendito seja a fonte) provém das primeiras quatro palavras do
hino no original.
1. WYRTZEN, Don. Fugue on forgiveness. A musician looks at the psalms. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1988. p.231
2. Ibid.
3. No prefácio desta coletânea, Sankey explicou que este volume incluía os 271 hinos da primeira coletânea. “Juntamente com os novos hinos e melodias, salmos e
paráfrases em Sacred songs and solos n.2, colocando os 441 hinos em ordem consecutiva”. Sacred songs & solos n.1 and 2, combined, compiled and sung by Ira D.
Sankey, London: Morgan and Scott, 1881. Prefácio.
4. É provável que Sankey tenha publicado logo o hino nos Estados Unidos na sua série Gospel hymns (Hinos gospel), juntamente com McGranahan e Stebbins
(Biglow & Main). A autora possui um exemplar de Gospel hymns n.5, publicado em 1890, em que o hino aparece (n.96). Geralmente a seleção de hinos era
semelhante à série Sacred songs and solos.
5. A 37ª edição do hinário The finest of the wheat (9), impresso em 1890, declara que os direitos autorais deste hino estava com Oliver Ditson & Co., sem indicar a
data de impressão.
O JOVEM travesso encheu mais uma vez o copo da cigana que lia a sua fortuna, com a intenção de
divertir-se às suas custas. Já embriagada, ela procurava fitar os olhos na bola de cristal. Finalmente, para
consternação do jovem, ela disse: “Meu jovem, você viverá para ver os seus netos.”1 O que ela não sabia é
que suas palavras, em vez de alegrá-lo, fizeram-no pensar talvez, pela primeira vez, que um dia morreria.
Vivia uma vida muito devassa. O pensamento que os seus netos pudessem considerar sua vida inútil
perseguiu-o por meses.
Obcecado com estes pensamentos, o jovem Robert Robinson foi ouvir o dinâmico pregador George
Whitefield, mais para achar graça e ridicularizar do que ouvir a mensagem. Ali, entretanto, Cristo o alcançou.
Robinson achou paz ao crer em Cristo, que morreu por ele. Sua vida mudou 180 graus. Decidiu dedicar-se
inteiramente à pregação do evangelho. Quatro anos mais tarde, aos 23 anos, já estava pregando e
escrevendo hinos para reforçar as suas mensagens.
Escrito em 1758, Vem, Senhor, do bem a fonte é um hino de louvor e dedicação ao “celeste Redentor”. A
estrofe 2 descreve a sua condição quando Jesus o encontrou, e o glorioso futuro que lhe esperava por sua
graça. A estrofe 3 reconhece o fato dele não ser merecedor da graça de Cristo, e também confessa suas
fraquezas. Pede ao Salvador seu perdão, e que prenda-o cada vez mais a ele.
Este hino veio do íntimo do coração de Robert Robinson, mas é a nossa história também. Que cada
pessoa, ao cantá-lo, ore com o mesmo fervor do seu autor.
“Porque Deus é que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”
(Filipenses 2.13).
1. BONNER, Clint. A hymn is born. Nashville, TN: Broadman Press, 1959. p.30.
COMO O PERFUME derramado exala uma doce e forte fragrância assim é o nome de Jesus. Como
ungüento, seu nome sara o triste coração, trazendo perdão ao pobre pecador (At 4.12). Jesus é bondoso,
eterno, Redentor, Senhor e Rei, por isso sempre inspirará o nosso louvor. Chama-lo-emos Bendito e
esperaremos nele, que morreu por nós na cruz.
O transformado libertino e capitão de um navio negreiro John Newton (1725-1807) pela Preciosa graça
de Jesus (ver HCC 314), teve um longo e profícuo ministério. Nos seus anos em Olney, condado de Bucks,
Inglaterra, insatisfeito com o tradicional cântico dos salmos, começou a escrever hinos para reforçar suas
mensagens nos cultos das quartas-feiras. Pediu a colaboração de William Cowper, um poeta muito habilidoso,
mas acometido de uma aflição mental, de quem Newton tornou-se amigo e conselheiro. Juntos, produziram
Olney hymns (Hinos de Olney), coletânea publicada em 1779, que exerceria grande influência no uso de
hinos nos cultos da Igreja Anglicana. Ao todo, Newton escreveu 280 hinos e Cowper, nos seus períodos de
lucidez, 68. (Ver a história dramática de Newton no HCC 226)
Este hino, baseado em Cânticos dos cânticos 1.3, um dos muitos hinos de Newton que incorporava frases
bíblicas, intitulava-se O nome de Jesus. Incluía sete estrofes que evocavam uma variedade de imagens sobre
a pessoa e ministério de Jesus. Provou-se ser um dos mais difundidos hinos de Newton, continuando a
aparecer em hinários no mundo todo, ainda hoje.
O dinâmico evangelista português Henry Maxwell Wright, na sua adaptação de três estrofes do hino de
Newton, feita em 1890, levou-o mais para realçar o louvor do nome de Jesus como nosso Salvador. (Ver
dados de Wright no HCC 1). Naquele ano Wright, “que deu sua vida à evangelização em Portugal e no
Brasil”,1 conheceu Salomão Ginsburg (ver HCC 29), que vinha para o Brasil. Ginsburg foi outro gigante na
evangelização pioneira e na hinódia do país.2
A melodia LAND OF REST (Terra de descanso) é uma melodia tradicional americana que aparece no
HCC com o arranjo de Annabel Morris Buchanan. Apareceu pela primeira vez na sua coletânea Folk hymns of
America (Hinos folclóricos da América), em 1938. A Sra. Buchanan escreveu esta anotação no cabeçalho do
hino: “Ouvido como criança com minha avó, a sra. S.J. (Sarah Ann Love) Foster”.3
A sra. Buchanan atribuíu a melodia a origens escocesas ou do Norte da Inglaterra. Calculou que a versão
que ela ouviu com a sua avó chegou ao Estado de Texas, pela Carolina do Sul e Tennessee. Esta melodia
apareceu em formas variadas, com nomes diferentes, em outras coletâneas nos Estados Unidos, uma vez,
com o nome SWEET LAND OF REST (Doce terra de descanso).4
Annabel Morris Buchanan (1888-1983) nasceu em Groesbeck, Estado de Texas, EUA. Estudou Música
no Conservatório de Música Landon, em Dallas, no seu Estado natal, aperfeiçoando-se na Escola de Órgão
Guilmant, na cidade de Nova Iorque. Foi professora de piano, órgão, teoria e composição em faculdades dos
Estados de Texas, Oklahoma e Virgínia. Fundadora do Festival Coral de Virgínia, foi presidente da Federação
de Clubes Musicais do Estado. Muito reconhecida por seu trabalho com a música folclórica americana,
escreveu dois livros e numerosos artigos em periódicos. Ajudou a fundar e promover festivais nacionais desta
música. Em 1978, Annabel doou seu impressionante acervo de material sobre o assunto, que incluía livros,
fotografias, gravações, e manuscritos, à Universidade da Carolina do Norte, EUA.
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961, p.231.
2. Ver GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil, 2ª ed., trad. SOUZA, Manoel Avelino de. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. pp.50-
51.
3. BUCHANAN, Annabel Morris. Folk hymns of America. New York: 1938. Em: REYNOLDS, W.J. O Lord, may church and home combine. Em: FORBIS, Wesley l.,
ed.. Handbook to the Baptist hymnal. Nashville, TN: Convention Press, 1992. p.206.
4. Ver REYNOLDS. Ibid.
PARA AQUELES que experimentaram o perdão em Cristo, o tema da graça de Deus nunca pode ser
exagerado ou esgotado. Cada pecador pode se unir a Davi no seu pedido:
“não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, (...) mas com precioso sangue, como de um
cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo” (1Pedro 1.18,19).
Paulo ensina que a graça encontrada em Cristo é maior do que os nossos pecados [ver versículos
acima].1
Todas as cartas de Paulo estão repletas de referências à maravilhosa graça de Deus. Ele usa termos
superlativos para descrevê-la. Em Efésios 2 ele repete: “pela graça sois salvos” (v. 5,8) e que Deus quer nos
mostrar “a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (v. 7). Este deve
ser o nosso tema, dia após dia.
Este hino de Julia H. Johnston nos proporciona uma maravilhosa oportunidade de cantar esta graça sem
par do nosso Deus. Escrito em 1910, foi musicado pelo muito hábil músico e publicador Daniel Brink Towner,
no mesmo ano e incluído no hinário Hymns tried and true, (Hinos provados e verdadeiros). O Instituto Bíblico
Moody (Chicago), do qual Towner era diretor do Departamento de Música de 1893-1919, publicou este hinário
compilado por ele, em 1911. Foi em homenagem ao longo e profícuo ministério de Towner no Instituto Moody
que a Comissão Coordenadora do Baptist hymnal (Hinário Batista, 1956) escolheu o nome MOODY para a
melodia.
Julia Harriette Johnston (1849-1919) nasceu em Salinville, Estado de Ohio. Aos seis anos mudou-se
com a sua família para Peoria, Estado de Illinois, onde seu pai serviu como pastor da Primeira Igreja
Presbiteriana até sua morte em 1864. Julia permaneceu naquela cidade pelo resto da sua vida. Dirigiu o
departamento de crianças da igreja por 41 anos. Sua especialidade era a classe das crianças mais novas. Por
muitos anos, produziu material de ensino para o Departamento Primário da famosa editora David C. Cook
Publishing Co. Com o coração dedicado a missões, Julia passou muito tempo da sua vida como presidente da
Sociedade Missionária da sua igreja.
Julia escreveu e publicou diversos livros, entre os quais Fifty missionary heroes (Cinqüenta heróis
missionários). Produziu aproximadamente 500 textos para hinos, musicados por diversos músicos da sua
época. Entre eles, é este o hino que continua a ser publicado em hinários ao redor do mundo.
Daniel Brink Towner (1850-1919), compositor do muito conhecido Crer e observar (HCC 465), nasceu
em Rome, Estado de Pensilvânia. Fez seus primeiros estudos na música com seu pai, bem conhecido cantor
e professor de música. Continuou seus estudos com George C. Root e outros músicos de destaque. Serviu
como diretor de música em várias igrejas metodistas episcopais.
Por causa da sua aprazível voz de barítono e capacidade como regente coral Dwight Moody convidou-o a
associar-se com ele na sua obra evangelística em 1885. Em 1893 tornou-se o primeiro diretor do
departamento de música do Instituto Bíblico Moody. Nesta posição exerceu uma influência poderosa na
música eclesiástica da região central dos Estados Unidos pelo preparo da liderança musical das igrejas e dos
cantores evangelísticos.2
Towner continuou a dirigir o departamento de Música do Instituto Moody até sua morte. Compôs mais de
2.000 hinos e melodias de gospel songs (ver HCC 112). Compilou 14 coletâneas e hinários. Escreveu livros-
texto sobre a teoria e a prática da música. Foi-lhe conferido o Doutorado em Música (honoris causa) pela
Universidade de Tennessee em 1900. Faleceu enquanto regia a música num culto evangelístico. Estava mais
do que preparado para a morte. Certamente, naquele momento, ouviu do seu Salvador as palavras: “Muito
bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” (Mt
25.21).
Em 1963, este hino apareceu em português, traduzido por Dario Pires de Araújo, uma das 246 produções
deste obreiro no hinário Cantai ao Senhor. Desde então, vendo o valor intrínseco deste hino, a JUERP
publicou-o três vezes: Em 1964, no hinário Cristo, a única esperança, da Campanha Nacional de
Evangelização da Convenção Batista Brasileira, sendo cantado assim em todo o Brasil. Joan Larie Sutton
adaptou-o para incluí-lo na coletânea coral Vozes angelicais (v.II), em 1975. Apareceu, de novo, no Vinde,
cantai! (36), em 1980.
Ao estudar o hino original, a Subcomissão de Textos pediu ao Dr. Werner Kaschel que fizesse uma nova
tradução da segunda estrofe, o que ele fez, com esmero, em 1990. (Ver dados do Dr. Werner Kaschel no
HCC 38)
Dario Pires de Araújo, paulistano, nasceu em 27 de fevereiro de 1937, num lar cristão. Seu pai, ancião
da sua igreja, trabalhou por quase toda a sua vida na Casa Publicadora Brasileira. Os dois irmãos do hinista
são pastores e a irmã é enfermeira missionária.
Dario Araújo, sempre ligado à igreja, foi batizado em 1953 pelo pastor Rodolpho Belz. Formou-se em
teologia pela Faculdade Adventista de Teologia, em 1957. Também estudou violino, educação musical,
orientação e aconselhamento. Fez cursos de pós-graduação em teologia pela Universidade Andrews, em
Berrien Springs, Estado de Michigan, EUA, na década de setenta.
O Pr. Araújo casou-se em 1965 com Lívia Haydée de Araújo, musicista, solista em oratórios e cantatas,
professora de diversas matérias de música. O casal tem três filhos, que também usam seu talento musical
para o Senhor. Exerceu o magistério musical por 20 anos, ensinando cordas, matérias teóricas, orfeão e
canto coral. Também ensinou na área de educação religiosa. Pastoreou igrejas por 15 anos. Atualmente é
Capelão do Hospital Londrina, em Londrina, PR.
Membro da comissão responsável pela publicação do hinário Cantai ao Senhor, publicado em 1963 pela
Casa Publicadora Brasileira, o Pr. Araújo diligentemente escreveu textos, traduziu e adaptou outros, num total
de 246 produções. Seguiu-se o preparo de outras coletâneas para todas as faixas etárias das igrejas. Ao
todo, as letras e traduções somam nada menos que 3.000, além de uma dúzia de oratórios e cantatas como A
criação, de Haydn, Elias, de Mendelssohn, A cidade santa, de Gaul, o Oratório de Natal, de Bach e as
Vésperas solenes, de Mozart. Seu maior prazer é ouvir estas grandes obras do repertório sacro universal
sendo cantadas em bom português. É autor do pequeno livro Música, adventismo e eternidade, publicado em
1989.
1. SCHOLER, Jeanette F. Grace greater than our sin. Em: HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church. Worship leader's edition, Carol Stream, IL: Hope
Publishing Company, 1990. n.472.
2. REYNOLDS, William Jensen. Hymns of our faith. Nashville, TN: Broadman Press, 1964. p.425.
HENRY MAXWELL WRIGHT (1849-1931), grande evangelista nascido em Portugal, dedicou a sua vida a
alcançar o maior número possível de pessoas com o evangelho. Viajou, por muitos anos, entre as terras de
fala portuguesa, fazendo grandes campanhas evangelísticas no estilo de Moody e Sankey, que o inspiraram.
Fez quatro grandes viagens pelo Brasil, alcançando cidades do Norte ao Sul. Nas suas campanhas, este
hinista prolífico usou sua bela voz para ensinar hinos e coros ao povo. Henriqueta Braga nos informa que:
[Wright aproveitou] a oportunidade das suas reuniões evangelísticas para ensinar novos hinos, à
medida que os preparava, e recorria sistematicamente ao uso de pequenos coros que ajudassem a
fixar na alma popular as boas novas da salvação.1
Além de escrever ou traduzir hinos e cânticos, Wright aproveitava estribilhos de hinos existentes, que
tivessem a mensagem que ele queria comunicar especialmente numa reunião. Estes foram muito adaptáveis
às suas campanhas, sendo fáceis de decorar na hora. Diversos dos seus cânticos foram incluídos no Cantor
cristão. Podemos imaginar Wright traduzindo e usando o coro deste hino, Foi na cruz, em muitas ocasiões.
Não sabemos quando ele escreveu as estrofes do hino, aproveitando, de novo, a música do estribilho, mas
ele publicou-o em 1890, data da sua primeira viagem ao Brasil. (Ver mais dados deste extraordinário servo de
Deus no HCC 1)
De onde veio o estribilho deste hino, e a melodia usada tanto na estrofe como no estribilho? Na mesma
época, um outro homem com o coração voltado para o evangelismo, publicava muitas coletâneas de hinos e
cânticos evangelísticos. Ralph E. Hudson às vezes unia hinos conhecidos a estribilhos que ele escrevia, para
o mesmo fim, o evangelismo. Além de compor, ele recolhia músicas existentes, muitas vezes transcrevendo-
as, porque eram tradicionais, e muitas vezes não registradas em nenhuma coletânea. Uma das fontes
principais de tais hinos, ou estribilhos, eram os camp meetings (ver HCC 190). O ilustre hinólogo W.J.
Reynolds, depois de apresentar muitos fatos cuidadosamente pesquisados, concluiu que este estribilho é
desta fonte. Hudson característicamente compôs uma nova melodia para o hino Alas and did my Savior bleed,
amado hino de Isaac Watts (traduzido no HCC 190, com o título Por meus pecados padeceu), e adicionou um
estribilho recolhido dos camp meetings.2
A Subcomissão de Música do HCC reteve o nome HUDSON para a melodia, homenageando seu
arranjador, embora este nome originalmente indicasse a melodia para o hino completo, At the cross (À cruz),
e não somente o estribilho. A versão de Hudson de At the cross apareceu pela primeira vez em Songs of
peace, love and joy (Cânticos de paz, amor e alegria), compilado e publicado por Hudson em 1885. (Ver
dados biográficos de Ralph E. Hudson no HCC 190).
1. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.233.
2. A resposta mais plausível é que o refrão, tanto palavras como melodia, emergiram da tradição dos camp meeting. (REYNOLDS, William Jensen. Hymns of our
faith, Nashville, TN: Broadman Press, 1964. p.7.) Ver descrição de camp meetings no HCC 190.
HUGH Middleton Brock, o avô desta autora, estava muito doente, deitado em sua cama de onde
todos sabiam que não se levantaria. Sua querida esposa Clara e alguns dos seus filhos estavam a
seu lado.
− Meu neto, Charlie, já chegou? − perguntava ele.
− Ainda não, vinha a resposta.
O Sargento Charles Swigert voltava da segunda guerra mundial, onde servia na Europa.
− Preciso vê-lo! − repetia Brock.
Finalmente, depois de viajar dia e noite de um lado do país para o outro, Charlie chegou.
− Aquí estou, vovô, disse ele.
Com grande alívio, Hugh pôde ver que ele estava são, bem de saúde, com a ferida, que recebera na
guerra já sarada.
Os outros não ouviram tudo que se passou entre aqueles dois que se amavam muito, mas uma coisa
Clara ouviu distintamente:
− Charlie, para o céu pela cruz irei; nenhum outro vou achar!1
Antes de um novo dia amanhecer, Hugh Brock já tinha partido para estar com Jesus.
Jessie Brown Pounds escreveu esta letra em 1906. De acordo com Charles H. Gabriel, no seu livro
Singers and their songs (Cantores e seus cânticos), ela quis “dar ênfase a uma verdade que é
constantemente presente nos ensinos de Cristo, que o cristão heróico não segue a linha de menos
resistência”.2 O hino é geralmente cantado lembrando que o único caminho para o céu é pela cruz de Cristo, o
que está certo. Mas é preciso perceber que a autora também enfatizou a cruz que Cristo nos manda levar. A
terceira estrofe diz assim:
A autora Jessie Brown Pounds (1861-1921), nascida em Hiram, Estado de Ohio, EUA, nunca foi muito
forte fisicamente e recebeu sua educação em casa. Aos 15 anos começou a contribuir regularmente para
periódicos religiosos e por mais de 30 anos escreveu poesia sacra para a publicadora de James H. Fillmore
(ver HCC 371). Publicou, ao todo, nove livros, 50 textos para cantatas e operetas, e mais de 400 hinos.
Jessie H. Brown casou-se com o Pr. John E. Pounds, pastor da Igreja Cristã Central, em Indianápolis,
Estado de Indiana em 1896. Mais tarde, ele tornou-se pastor universitário em Hiram, a cidade natal de Jessie.
O HCC tem mais um dos hinos da sra. Pounds, o muito cantado Onde quer que seja (468) com uma nova
e linda melodia.
Para o céu por Jesus irei foi traduzido para o português pelo missionário William Edwin Entzminger que,
depois de Salomão Ginsburg, deu a maior contribuição como hinista e publicador para o Cantor cristão. (Ver
dados de Entzminger no HCC 91)
A métrica deste hino é 11.7.10.8. com estribilho, como corrigida nas edições mais recentes do Hinário
para o culto cristão. 2
Charles H. Gabriel compôs esta melodia para a letra de Jessie Pounds e publicou o hino na coletânea
Living praises n.2 (Louvores vivos) em 1906, compilado por Gabriel em parceria com W.W. Dowling.
Charles Hutchison Gabriel nasceu no Estado de Iowa, EUA, no dia 15 de setembro de 1856. Passou
seus primeiros 17 anos de vida na fazenda. Desde menino, Charles mostrou grande interesse na música.
Quando sua família comprou um harmônio pequeno, ele aprendeu a tocar com muita rapidez. Aos 16 anos,
Gabriel já estava ensinando em algumas escolas de canto (ver singing schools no HCC 159) nas igrejas. Sua
fama de professor e compositor se alastrou. De 1890 a 1892, foi diretor de música da Igreja Metodista da
Graça, na cidade de São Francisco, Califórnia. Depois desta época, estabeleceu-se em Chicago, Illinois,
centro de publicadores evangélicos.
De 1895 a 1912, Charles Gabriel publicou diversos hinários. Em 1912, se associou com a firma
publicadora de Homer Rodeheaver, famoso cantor-evangelista, e ali ficou até a sua morte em 15 de setembro
de 1932.
Gabriel teve parte importante entre os colaboradores da hinódia, especialmente, os gospel hymns (ver
HCC 112). Contribuiu com um extraordinário número de produções. Editou 35 hinários de gospel hymns, oito
hinários para Escolas Bíblicas Dominicais, sete coleções para coro masculino, seis coleções para coro
feminino, 10 hinários para crianças, 19 coleções de músicas corais e 23 cantatas. Era igualmente talentoso,
tanto na música quanto na poesia. Freqüentemente escrevia os textos dos seus hinos, assinando a maior
parte como Charlotte G. Homer (anagrama do seu nome).
Os hinos de Gabriel eram simples, e tinham
“pouco inibido pelas regras puramente escolásticas de forma, sendo livre para produzir muitos efeitos
e contrastes que outros compositores facilmente perdem.”4
Gabriel soube nos dar hinos que ainda hoje são muito apreciados. Quase 100 anos depois de serem
escritos, o Hinário para o culto cristão ainda inclui dois com letra e música dele: Precioso é Jesus para mim
(456) e Por sua graça e compaixão (458). Há, também, mais três músicas: Fala e não te cales (538), Que
mudança admirável (448) e Brilha no meio do teu viver (488).
UM DOS FIÉIS e destacados anunciadores das boas novas de salvação em Cristo Jesus da história
batista no Brasil foi o autor deste hino, o pr. Manuel Avelino de Souza (1886-1962). Na providência de Deus,
este profeta tinha um dom que exerceu com a mesma diligência que aplicava a todas as partes do seu
ministério: o dom poético. O pr. Avelino compreendia que os hinos podem ser instrumentos nas mãos de Deus
para salvação, edificação, adoração, petição e confissão. Contribuiu com 29 textos ao Cantor cristão. Deu
anos da sua vida para uma nova edição do CC, que deveria ter saído em 1958. Soube escolher boas músicas
para os seus textos. Eis a nova é um dos excelentes resultados do seu dom e seu esforço. É um dos hinos
prediletos dos batistas brasileiros. (Ver dados biográficos deste gigante da fé no HCC 251
A Subcomissão de Música do HCC deu o nome AVELINO à melodia, em homenagem ao autor, um dos
mais importantes hinistas batistas brasileiros.
A melodia escolhida pelo pr. Avelino para este hino é de J.S. Fearis (séc.19), sobre o qual não dispomos
de informações biográficas. O compositor e publicador E.O. Excell (ver HCC 314) publicou esta melodia com a
letra Beautiful isle (um hino sobre a beleza do lar celeste), de Jessie B. Pounds (ver HCC 295), em 1897.
1. Não-conformistas e dissidentes eram membros de igrejas independentes, como Batistas, Congregacionais, Presbiterianos etc. e não da igreja oficial da Inglaterra,
a Igreja Anglicana.
2. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p.12.
3. Other important hymn writers, Christian history: the golden age of hymns, n.3, Issue 31, Carol Stream, IL: Christianity Today, 1991. p.23.
4. JONES, F.A. Famous hymns and their authors. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.163.
5. MARKS, Harveu B. The rise and growth of English hymnody. New York: Fleming H. Revell Company, 1937. p.104.
6. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, a manual of The Methodist Hymnal, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.259.
7. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.161.
AS NOVAS mais alegres que há neste mundo são as que nós temos: “as novas do evangelho”. Estas
novas de alegria e de perdão, escritas em João 3.16, anunciam que Deus nos amou tanto, que mandou seu
Filho amado para ser o Salvador “de todo aquele que nele crê”, afastam para sempre as trevas e anunciam
vida e paz. Levam todos a saber que o Pão do Céu veio para nos dar vida, alimentar, sustentar e ser presente
em cada um que nele crer. “Como água fresca para o homem sedento, tais são as boas novas de terra
remota” (Provérbios 25.25). Cantemos estas boas novas! Proclamemos estas boas novas! Vivamos estas
boas novas!
Samuel Wesley Martin escreveu a letra e música deste hino. Sankey publicou-o em Gospel hymns n.3
(Hinos gospel n.3), em 1878, e em Sacred songs e solos n.1 & 2 (Cânticos e solos sacros), em 1881. Pelo
que sabemos, este é o único hino de Samuel Martin. Certamente escreveu-o celebrando as boas novas que
chegaram a ele e transformaram a sua vida.
A única informação disponível sobre Samuel Wesley Martin é que ele nasceu em Plainsfield, Estado de
Illinois, EUA, em 1839. Ele pode ter enviado, ou entregue seu hino a Sankey (ver HCC 112) e o evangelista-
solista-publicador reconheceu imediatamente o seu valor.
O nome da melodia, THE GOSPEL BELLS (Os sinos do evangelho), provém do título e das primeiras três
palavras das estrofes do original. Em algumas partes da Europa, e na outra América, as igrejas evangélicas
também têm torres, historicamente para colocar os sinos. Era muito comum os sinos anunciarem o começo do
culto nas igrejas. Isto se deu, não somente nas igrejas católicas, como no Brasil onde, na época do império,
era proibido às igrejas não católicas anunciarem seus cultos ou terem a aparência de igrejas.
Joseph Jones sabia que as igrejas evangélicas em Portugal e no Brasil não tinham sinos. Ele adaptou o
hino em 1887, preservando sua mensagem central. Quem proclama as boas novas somos nós, que cremos
em Cristo. Foi assim que a mensagem chegou até nós, e assim a mensagem chegará aos que não a
conhecem! (Ver dados biográficos deste servo de Deus, que dedicou sua vida para proclamar esta mensagem
em Portugal, no HCC 228)
Jones foi de grande auxílio a Salomão Ginsburg (ver HCC 29) na sua curta estada na terra de Camões, no
seu primeiro panfleto na língua portuguesa, língua na qual era novato. No panfleto São Pedro nunca foi Papa,
que teria tremenda repercussão, Salomão testificou:
1. GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manuel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. p.44.
CHARLOTTE Elliott, uma das hinistas mais destacadas do séc.19, nasceu em Chapham, Inglaterra, em
18 de março, de 1789. Foi membro de uma família de certa cultura e tradição ministerial (dois irmãos, um tio e
um avô foram pastores). Mostrou seu talento poético desde cedo, escrevendo poesias humorísticas. Uma
doença séria em 1821 deixou Charlotte inválida para o resto da sua vida. No início foi rebelde para com Deus.
Charlotte fez isso e dali em diante dedicou sua vida a servir ao Senhor. Manteve uma correspondência
com o Dr. Malan por 40 anos, o que muito lhe ajudou a superar sua vida de sofrimentos físicos, e manter um
grande ministério espiritual e humanitário. Ao todo, escreveu 150 hinos, que refletiam seu amor pela poesia e
pela música. Escreveu muitos hinos especialmente procurando ajudar todas as pessoas que sofriam. Foram
publicados em alguns hinários da época. De acordo com Julian, os versos de Charlotte Elliott:
São caracterizados pela ternura de sentimento, simplicidade melancólica, devoção profunda e ritmo
perfeito. Para as pessoas sofrendo enfermidades e tristezas, ela canta como poucos.3
Em 1834, o irmão da Charlotte procurava organizar uma escola para filhas de pastores sem recursos.
Todos ao seu redor se empenhavam a ajudá-lo. Charlotte também queria ajudar, mas, muito doente, era-lhe
impossível. Sentia demais a sua invalidez. Mas Deus pôs no seu coração este hino. Escrevendo seis estrofes:
[e] lá ajuntou, na sua alma, as grandes certezas, não das suas emoções, mas da sua salvação - do
seu Senhor, do seu poder, das suas promessas −e deliberadamente registrou, para seu próprio
conforto, a fórmula da sua fé, reiterando a si mesma o evangelho de perdão, da paz e dos céus.4
A venda do seu hino angariou mais recursos do que os esforços de todos dos outros.
Tal qual estou apareceu pela primeira vez num panfleto em 1835. Charlotte o publicou no seu hinário The
invalid's hymn book (O hinário para o inválido), em 1836. Mais tarde, no mesmo ano, Charlotte adicionou uma
sétima estrofe ao hino e publicou-o numa outra coletânea para os que sofrem. Depois da sua morte, em 1871,
descobriram mais de 1.000 cartas de agradecimento por este hino. Traduzido para muitas línguas e difundido
ao redor do globo, o hino tornou-se o mais usado na hora do apelo em cultos evangelísticos.
Em setembro de 1934 o muito conhecido pregador batista Mordecai Ham dirigiu uma campanha
evangelística de 11 semanas em Charlotte, Estado de Carolina do Norte, EUA. Para um certo jovem na
multidão, religião era um estorvo. Assistiu à reunião sem querer. Enquanto escutava, entretanto, as palavras
do pregador tocaram algo nele. Compreendeu que eram verdade. Aquela noite, enquanto o coro cantava Tal
qual estou, o jovem [Billy] entregou a sua vida a Cristo. Andou até a frente como profissão pública da sua
nova fé. Muita gente associa Tal qual estou com o jovem que entregou a sua vida a Cristo em 1934.
Billy Graham, talvez o mais conhecido evangelista da história, tem viajado ao redor do mundo nos seus
esforços de trazer Cristo às Nações. O cântico que o chamou para fazer a sua profissão pública tornou-se o
hino de apelo usado em cada Cruzada Billy Graham.5
Depois de muito pesquisar este hino no Cantor cristão, comparando a tradução com o original,
esforçando-se em atualizar sua linguagem, a Subcomissão de Textos omitiu a primeira estrofe, substituindo-a
pela letra do hinista Werner Kaschel, um dos seus membros. As estrofes 2 a 4 foram traduzidas pelo profícuo
missionário William Edwin Entzminger. (Ver dados biográficos de Kaschel no HCC 38 e de Entzminger no
HCC 91).
A melodia extensivamente usada nos Estados Unidos com o texto de Charlotte Elliott é WOODWORTH,
composta por William Batchelder Bradbury. Originalmente foi combinada com outro texto e publicada na
Mendelssohn collection (Coletânea Mendelssohn) editada por Hastings (ver HCC 75) e Bradbury, em 1849.
Felizmente Sankey, nas coletâneas Gospel hymns and sacred songs (Hinos gospel e cânticos sagrados - ver
HCC 112), publicadas entre 1875 e 1891, uniu a melodia de Bradbury ao texto de Elliott. Usou esta versão
nas suas campanhas com Moody. O resultado foi muito feliz e esta versão foi difundida ao redor do mundo.
Ao som desta versão, nas campanhas de Billy Graham, onde este hino é o hino oficial de apelo, milhares já
foram à frente fazer sua confissão de fé. (Ver dados sobre William Bradbury em HCC 173)
A harmonização da melodia usada no Hinário para o culto cristão foi feita pelo compositor Ralph Manuel a
pedido da professora Atenilde Cunha, compiladora principal do Hinário presbiteriano (edição de letras), e
membro da Comissão Coordenadora do hinário presbiteriano com músicas Novo cântico (1991). (Ver HCC
23)
1. ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem. v.I. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), s/d, p.328.
2. Ibid.
3. Julian, John. A dictionary of hymnology. Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., 1957. p.328.
4. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.183.
5. SMITH, Cheryl. Just as I am, Focal Point, v.12, n.4, Denver, CO: Denver Conservative Baptist Seminary, Oct/Dec 1992
301. Remido
“Em [Cristo] temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados” (Colossenses 1.14)
“Digam-no os remidos do Senhor, os quais ele remiu da mão do inimigo!” (Salmo 107.2)
UM JOVEM de 18 anos foi a uma conferência para ouvir a famosa poetisa cega, Fanny Jane Crosby. Ele
viu esta pequena senhora na frente do auditório, vestida de preto e, como de costume, seu pequeno caderno
na mão, seus olhos cobertos com óculos escuros. Na hora de falar,
Fanny levantou a sua pequena e frágil mão, e com uma voz tão doce como o cântico dos
passarinhos e calma com a segurança espiritual como se os anjos a tivessem inspirado 1 citou
diversas estrofes do seu hino Remido. Foi sua apresentação completa. Mesmo assim, esta simples e
breve recitação, aparentemente inócua, era de uma profundidade esmagadora. “Não posso esquecer
do encantamento que minha alma experimentou ao ouvir Fanny Crosby citar este hino”, testificou
este homem, meio século após. “Minha vida foi literalmente transformada!”1
A letra de Fanny, com cinco estrofes, com a melodia de William J. Kirkpatrick, apareceu pela primeira vez
em 1882 no hinário Songs of redeeming love (Hinos do amor que redime). A melodia de Kirkpatrick (ver HCC
318) ainda se encontra em muitos hinários. (Ver outros dados biográficos de Fanny Crosby no HCC 228)
A nova melodia de A.L. Butler foi cantada pela primeira vez pelo coro Singing Churchmen of Oklahoma,
um grupo de ministros de música das igrejas batistas do Estado de Oklahoma, regido por Butler, na
Convenção Batista do Sul em Detroit, Estado de Michigan, em junho de 1966. A Broadman Press publicou-a
num arranjo para coro de vozes mistas em 1967, e para a congregação em 1968. The Baptist hymnal (O
Hinário Batista) incluiu o hino (com as estrofes 1, 2 e 3) em 1975. A JUERP publicou esta versão em Vinde,
cantai! (n.13), em 1980, e em Cânticos para vozes masculinas, v.II, (n.10) em 1981.
ADA, o nome da melodia, homenageia a cidade onde Butler morou e trabalhou por muitos anos. Esta
melodia
“sopra uma brisa refrescante sobre um hino predileto. A melodia traz de volta a jubilosa mensagem
deste hino clássico de Fanny J. Crosby.”2
Melodias são a arte especial de Pete [apelido de Butler]. São simples, cantáveis, e muitas vezes
entram na memória dos seus cantores. Mais tarde, as melodias serão reproduzidas num solfejo ou
assobio, trazendo a mensagem que carregam ao coração.3
Aubrey Lee (A.L.) Butler nasceu em 29 de junho de 1933 em Noble, Estado de Oklahoma, EUA.
Sentindo-se chamado para o ministério de música sacra, fez o bacharelado em música pela Universidade
Batista de Oklahoma e o mestrado em música pelo Seminário Teológico Batista do Sul em Louisville, Estado
de Kentucky. Serviu por alguns anos como ministro de música em várias igrejas batistas nos estados do Sul.
Em Oklahoma serviu como presidente dos Músicos Batistas e membro da junta de diretores da
Convenção Geral Batista do Estado. Em 1983, assumiu o professorado no Seminário Teológico Batista
Midwestern em Kansas City, Estado de Missouri. Ali, Butler liderou o estabelecimento do curso de música
sacra, do qual é diretor.
York ainda escreve:
“O ministério de A.L. Butler tem tocado a nação [talvez, o mundo] como autor e compositor de hinos,
antemas corais e uma cantata, Something wonderful (Algo maravilhoso)”.4
1. MILLER, Basil. Fanny Crosby: singing I go. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1950. p.92. Em: RUFFIN, Bernard. Fanny Crosby. Philadelphia, PA: United Church
Press, 1976. p.187.
2. Ibid.
3. YORK, Terry W. Great hymns of missions. Nashville: Convention Press, 1979. p.44.
4. Ibid.
5. Ibid., p.43
CERTAMENTE a autora deste hino intitulado A song in the heart (Um cântico no coração), Anna Belle
Russell, conhecia e amava muito o seu Salvador. Este conhecimento de perto de Jesus a levava a cantar
Maravilhoso Cristo em todas as horas, fosse em dias tristes ou noites longas, tempos de medo ou de dor, que
certamente ela experimentou. Ela apresenta o segredo: “quem em Cristo Jesus confia, ainda cantará” um
“canto de força, coragem e fé”. É Cristo que “ensina minha alma a cantar”. Nosso Cristo maravilhoso é
suficiente para todos os nossos problemas, e é a fonte deste cântico.
Na leitura da história dos mártires, é comum encontrar que não somente foram para o martírio cantando os
louvores de Cristo, mas continuaram a louvá-lo durante o suplício. De onde receberam este poder? Nós, que
hoje temos os nossos “dias tristes” e “noites sem terminar”, nosso “medo” e nossa “dor”, nunca precisamos ter
a mesma coragem. Mas, temos a Palavra:
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém
um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos pois, confiadamente ao
trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no
momento oportuno” (Hebreus 4.15,16).
De fato, não há ninguém com dor pesada, ou dura demais, que o poder e amor de Cristo não possam
aliviar, nem culpa tão grande que Cristo não a levasse na cruz e, pelo seu sangue, possa perdoar.
Verdadeiramente ele é maravilhoso.
Anna Belle Russell (1862-1954) nasceu em Pine Valley, no condado de Chemung, Estado de Nova
Iorque, EUA. Passou a maior parte da sua vida em Corning, no seu Estado natal, morando com sua irmã
Cora. Ambas as irmãs, ativas na igreja metodista, escreveram diversos textos de hinos. Bem conhecidos
músicos da época como Towner, Stebbins, Ackley,1 e outros, musicaram cerca de 32 das letras de Anna. Ela
mesma musicou algumas melodias para suas letras entre 1917 e 1942. Esta letra parece ser hoje a única em
uso geral.
Joan Larie Sutton traduziu este hino para o seu marido, exímio solista tenor, e operoso missionário-
músico, John Boyd Sutton, e para o seu pastor na época, o pr. Marcello Tenório Cavalcante, da Igreja Batista
do Calvário, RJ. Como sempre, com sua habilidade incomum, Joan conseguiu traduzir a mensagem do hino
da srta. Russell de uma maneira altamente cantável em português. Somente as pessoas que já procuraram
fazer isto podem calcular a grande dificuldade de alcançar esse objetivo.
A JUERP publicou sua versão em 1985 na revista Louvor, ano VI, v.I, com um arranjo para coro misto de
Derrell Billingsley. (Ver dados biográficos de Joan Sutton no HCC 25)
Originalmente, os evangélicos conheciam este hino com o título, Cristo maravilhoso, tradução e arranjo do
saudoso Artur Lakschevitz, publicado em Coros sacros, n.28, e com o arranjo para vozes femininas de Almir
Rosa (ver HCC 110) em Novos acordes 3.
A melodia NEW ORLEANS foi composta em 1921, quando seu compositor, Ernest Orlando Sellers era
professor do Instituto Bíblico Batista (agora Seminário Teológico Batista de Nova Orleans), Estado de
Louisiana. Apareceu pela primeira vez no hinário Hosanna in the highest (Hosana nas alturas), compilado e
publicado pelo famoso evangelista Gipsy Smith, possivelmente em 1921. Este hino, predileto do evangelista,
foi usado nas suas conferências como hino-tema. De acordo com o hinólogo Harry Eskew:
Ernest Orlando Sellers (1869-1952) nasceu em Hastings, Estado de Michigan. Depois dos seus estudos
tornou-se aprendiz de agrimensor e engenheiro civil. Aprendeu sua arte de tal maneira que, aos 23 anos, sua
cidade natal o fez engenheiro municipal e superintendente das obras públicas.
Foi na Associação Cristã de Moços (ACM), naquela época uma organização altamente evangelística, que
Sellers aceitou a Cristo como seu Salvador pessoal, mesmo tendo sido ele criado na igreja pelos seus pais,
fiéis metodistas. Nesta organização Sellers, que tinha uma linda voz e estudara piano e canto por algum
tempo, começou a usar seu grande talento musical para o Senhor. Dirigiu a música por alguns meses para
um evangelista.
Sentindo-se chamado para um ministério de música, demitiu-se da sua posição de destaque e foi para
Moody Bible Institute (Instituto Bíblico Moody) em Chicago, Estado de Illinois. Em janeiro, 1899, Sellers
começou a dirigir a música na Primeira Igreja Batista de Macon, Estado de Georgia. Continuando seu
ministério na ACM, tornou-se secretário geral em 1900.
Seguiram-se outras posições com esta organização até 1903. Depois de dirigir o trabalho masculino numa
igreja batista de 1903 a 1907, voltou ao Instituto Moody, como assistente ao diretor de música D.B. Towner
(ver HCC 291), e professor de Pedagogia da Escola Dominical. Ficou ali até 1918. Durante aquele tempo,
Sellers dirigiu a música para destacados evangelístas como R.A. Torrey e Gipsy Smith.
Era o tempo da primeira guerra mundial. Sellers trabalhou com a ACM entre os homens das forças
armadas por um ano, inclusive na Inglaterra e na França. Na sua volta, foi ordenado para o ministério pastoral
pela Igreja Batista da Avenida Belden, em Chicago.
Em 19 de outubro de 1919, Sellers começou o ministério que continuaria pelo resto da sua vida. Tornou-se
professor de música sacra, evangelismo pessoal e diretor do trabalho prático dos alunos no novel Instituto
Bíblico Batista de Nova Orleans. Ganhou o respeito e a estima dos seus colegas e dos alunos, que lhe
chamavam de “Tio Fuller”.
O professor Sellers era um homem de tremenda energia e vitalidade. Correspondia-se extensivamente
com pessoas ao redor do mundo, ensinava, escrevia, compunha, regia coros e o canto congregacional.3
Durante os anos difíceis da grande depressão, Sellers foi um dos professores que trabalhou sem salário. O
prédio de música do Seminário Teológico Batista de Nova Orleans leva seu nome.
Sellers escreveu diversos livros sobre música sacra e evangelismo. Foi membro da comissão de The new
baptist hymnal (O novo hinário batista), de 1926. Além de hinos (letra e música), escreveu mais de 300
poemas e numerosos artigos, inclusive para The church musician (O músico da igreja). Evangélicos
brasileiros se lembrarão de ter cantado o cântico A tua palavra escondi da sua autoria.
Sellers aposentou-se em Bayou Grove, na Louisiana, em 1944. Deus providenciou o sustento dos últimos
anos do seu servo fiel através do petróleo que foi descoberto na sua propriedade!
1. Ver dados de Daniel B Towner no HCC 291, de George Stebbins no HCC 32 e de Bently D. Ackley no HCC 327.
2. ESKEW, Harry. There is never a day so dreary. Em: FORBIS. Wesley L., ed. Handbook to the Baptist hymnal, Nashville, TN: Convention Press, 1992, p.251.
3. KEITH, Edmond D. And GREEN, Joseph F. Know your hymns, n.2, Nashville, TN: Convention Press, 1966, p.39.
DESDE OS PRIMÓRDIOS da fé, crentes contemplam a cruz de Cristo e extravasam, em cânticos, sua
imensa gratidão. Há hinos antigos como Oh, fronte ensangüentada (130); Isaac Watts, o “Pai da hinódia
inglesa”, escreveu Ao Contemplar a Rude Cruz (127), e Por meus pecados padeceu (190); Cecil Alexander
exclamou: Oh, quanto, quanto nos amou (125). Felizmente, no Cantor cristão foi incluída a expressão de um
brasileiro, um baiano, que ouviu o evangelho pela primeira vez aos 16 anos. Especialmente atraído pelos
hinos, Manuel Avelino de Souza, continuou a assistir aos cultos. Aceitando a Cristo e sendo batizado aos 20
anos, não demorou a trabalhar para o seu Senhor. Chamado para o ministério e treinado no Colégio e
Seminário no Rio de Janeiro, provou ser um verdadeiro “Príncipe de Israel”.1 (Ver a história desta “Vida
Inspiradora” no HCC 251). Vinte e nove dos hinos deste líder dos batistas no Brasil foram colocados no
Cantor cristão.
Neste hino, o pr. Avelino fala com o seu Salvador, considera todo o seu sofrimento e, em profundo espírito
de gratidão, maravilha-se por tão grande amor. Cantemos este hino com o autor; falemos com o nosso
Salvador com profunda gratidão; meditemos no seu grande amor, contemplando o que sofreu por nós. O HCC
preserva quatro das cinco estrofes originais deste belo hino.
Como alguns outros bons textos do Cantor cristão, este precisava de uma nova melodia. A Subcomissão
de Música do HCC convidou Roselena de Oliveira Landenberger para providenciar uma melodia que
realçasse esta comovente mensagem, o que ela fez com esmero, em 1990. Roselena sempre fez “cada
melodia inspirada pela letra original”. Todas as sete melodias que ela contribuiu para o HCC mostram este
fato. (Ver HCC 67).
Ao receber o pedido da autora deste livro, então relatora da Subcomissão de Documentação e Histórico,
de nomes para as suas melodias, Roselena perguntou em quais bases devia escolhê-los. Ao ouvir diversas
idéias, perguntou:
− Pode dar nome de pessoas que a gente quer homenagear?
− Certamente, foi a resposta.
E foi exatamente isto que esta compositora fez. Em gratidão a pessoas que ama, homenageou-as com
suas melodias, preservando sua memória enquanto seus hinos são cantados! Falando sobre o nome
AMADOR, Roselena explica:
O nome da melodia é uma homenagem ao meu avô Amador José da Silva que também foi músico
na sua juventude, a quem admiro e estimo. Ele está hoje [março, 1991] com 91 anos, e é lúcido,
graças a Deus.2
1. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1967. p.58
2. LANDENBERGER, Roselena de Oliveira. Carta à autora em 20 de março de 1991.
ESTE HINO de louvor e oração a Cristo, a “Rocha eterna”, que morreu por nós, cujo sangue nos lava, e
que oferece “perdão, pureza e salvação”, é um dos hinos mais difundidos e amados no mundo inteiro. Era o
costume de Augustus Toplady escrever hinos para sua congregação cantar após o seu sermão. Este hino foi
registrado depois do seu sermão sobre Gênesis 12.5. O tema principal da vida deste pastor anglicano era a
suficiência da morte de Cristo para a nossa salvação. Toplady queria que todos entendessem bem que “nem
trabalho, nem penar” contribuem para a nossa salvação, e que “nada eu tenho a te ofertar” (como reza a
estrofe 3)1; é simplesmente confiando em Cristo, que somos salvos. Nele há “vida, paz e luz”, e a certeza que
um dia, quem simplesmente crer nele subirá para o céu e verá seu rosto em glória!
Há diversas histórias sobre a inspiração da frase “Rocha eterna”, mas uma pesquisa cuidadosa revela a
mais provável. No prefácio do hinário Hymns on the Lord's Supper (Hinos sobre a Ceia do Senhor), publicado
por Charles Wesley (ver HCC 72) em 1745, foram citadas algumas linhas de um sermão intitulado O
sacramento e sacrifício do cristão pelo Dr. Daniel Brevint:
Não deixe que meu coração arda com menos zelo, para seguí-lo e serví-lo agora enquanto o pão
está partido nesta mesa, do que ardiam os corações dos teus discípulos quando partiste o pão em
Emaús, ó Rocha de Israel, Rocha de salvação, Rocha ferida e partida por mim. (...) Não deixe que
minha alma tenha menos sede do que se eu estivesse com [seu povo] no Monte Horebe, onde jorrou
a água da rocha partida (...) como jorrou o santo sangue das feridas do meu Salvador.2
A grande semelhança de fraseologia de Toplady no original dá crédito a esta posição. Toplady publicou
uma estrofe deste hino em 1775, em The gospel magazine (A revista do evangelho), da qual era editor,
juntamente com um artigo intitulado A vida é uma viagem. Depois de apresentar uma série de perguntas e
respostas que demonstravam que a Inglaterra jamais poderia pagar sua dívida nacional, comparou isso com o
homem e seus pecados. Calculou quantos pecados um homem poderia cometer até certas idades - até 20
anos, 30, 40 etc. Chegando aos 80, o total seria 2.522.890.000. Então apresentou a única solução, a que
Cristo oferece, citando Gálatas 3.13:
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado no madeiro”. (...) Isto, isto não somente contrabalançará, mas
infinitamente sobrebalançará todos os pecados de todo o mundo que crê.3
A poesia completa de quatro estrofes apareceu na mesma revista, em março de 1776. Este hino tem sido
o consolo de pessoas em todos os continentes. Albert, o Príncipe-consorte da rainha Vitória, recebeu grande
consolação dele e pediu que fosse cantado no seu culto fúnebre. Foi cantado nos funerais do primeiro
ministro da Grã-Bretanha, William Gladstone. Ao ouvir o hino nesta ocasião, o hinólogo A.C. Benson declarou:
Ter escrito palavras que atendam à necessidade das pessoas em momentos de emoção profunda e
de aflição consagrando, consolando, enaltecendo − dificilmente pode haver algo que tenha mais valor
do que isto!4
Augustus Montague Toplady (1740-1778) nasceu em Farnham, no condado de Surrey. Seu pai, major
no exército da Grã-Bretanha, foi morto no cerco de Cartagena (Espanha) pouco depois do seu nascimento.
Estudou na renomada Escola Westminster, em Londres e, mudando-se a família para a Irlanda, fez o
mestrado em artes na Faculdade Trinity em Dublin, capital.
Foi neste país que este culto jovem inglês teve a experiência que mudou sua vida. Decidiu ir a um culto
dos metodistas wesleyanos, um braço calvinista da denominação. Foi a um celeiro, onde ouviu um
evangelista leigo, James Morris, pregar sobre o texto de Efésios 6.13. Ali Toplady nasceu de novo! Nas suas
próprias palavras:
Estranho, que eu, que tanto tempo estava exposto aos meios da graça, pudesse ser levado direto a
Deus numa parte obscura da Irlanda, com um punhado de gente reunindo-se num celeiro, e pelo
ministério de um que mal podia soletrar seu próprio nome. Certamente foi o Senhor que fez isto, e é
maravilhoso. A excelência do poder tem que ser de Deus e não do homem.5
Julian nos afirma que o pregador Morris realmente não era tão mal instruído. Embora humilde, possuía um
cérebro privilegiado e era um orador nato. Não foi a primeira nem será a última vez que um homem das
grandes cidades julga mal a capacidade e a cultura do homem simples do interior.
Voltando à Inglaterra, Toplady foi consagrado ao ministério anglicano em 1762. Serviu em três igrejas e,
de 1775 em diante, pregou numa igreja dos calvinistas franceses em Londres. Ardente calvinista, escreveu o
livro Prova histórica da doutrina do Calvinismo da Igreja Anglicana. Travou, em boa tradição inglesa, um
debate longo e acirrado com João Wesley sobre diferenças doutrinárias. Escreveu muitos hinos. Publicou um
livro de poesia sacra e Psalms and hymns for public worship (Salmos e hinos para o culto público). Suas
obras completas foram publicadas postumamente em seis volumes, em 1825.
Toplady, altamente respeitado como líder evangélico espiritual, faleceu muito jovem, aos 38 anos, de
sobrecarga de trabalho e tuberculose. Pouco antes de morrer, disse:
Meu coração bate cada dia mais e mais forte para a glória. Enfermidade não é aflição, dor nenhuma
causa morte, nenhuma dissolução (...) As minhas orações agora estão convertidas em louvor.6
Julian disse dele, que mesmo que fosse às vezes um homem de palavras impetuosas,
“uma chama de devoção genuína queimava na frágil candeia do seu corpo sobrecarregado e gasto.
(...) Sua é a grandeza da bondade”.7
William Edwin Entzminger traduziu três das quatro estrofes deste hino, certamente nos primeiros anos
do seu ministério, quando precisava muitas vezes de se abrigar na “Rocha Eterna”. (Ver dados deste grande
hinista no HCC 91)
O HCC apresenta duas melodias para este hino. Esta, da dotada compositora batista Roselena de
Oliveira Landenberger tem especial aceitação da nova geração. A melodia OTTMAR, composta em 1990,
comunica muito bem a alegria do crente salvo por Cristo, e o prazer que sente de viver nele. Sobre o nome
desta melodia a Roselena escreve:
Escolhi o nome de meu esposo Ottmar Landenberger, por ser ele sempre alegre, amigo,
companheiro e compreensivo. Ele tem me apoiado em tudo, sempre me animando e isto é muito
importante. Deus nos uniu para a sua glória, e eu sinto isto. O Ottmar também tem todos os méritos.8
Rocha eterna também aparece com a melodia tradicional TOPLADY no Hinário para o culto cristão 307.
Sua métrica, adaptada à nova melodia OTTMAR, é 7.7.7.7.D. com repetição, como corrigido no HCC
Digital. 9
1. Terceira estrofe de Rocha eterna como traduzida pelo rev. Manoel da Silveira Porto Filho em Salmos e hinos, n.408
2. BREVINT, Dr. Daniel. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.187. Brevint refere-se a Lucas 24.30-32,
Números 20.11 e João 19.34.
3. J.F. Gospel magazine, mar. de 1776. Em: JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, 1957. (Grifos dele)
4. BENSON, A. C. Em: REYNOLDS. Op. cit., p.187.
5. JULIAN. Op.cit. p.187.
6. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.217.
7. JULIAN. Op.cit., p.1182 e 1183.
8. LANDENBERGER, Roselena de Oliveira. Carta à autora em 20 de março de 1991.
9. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.
O telefone tocou e do outro lado uma voz amiga transmitiu um pedido e ao mesmo tempo uma
ordem. Era o Roberto Malone, meu amigo e diretor do departamento de música da Convenção
Batista de São Paulo. Ele queria um hino para a Campanha Estadual de Evangelização das Igrejas
Paulistas. O tema da campanha era Libertação em Cristo. Ralph Manuel (Ver HCC 23) também foi
consultado. Juntos, aceitamos o desafio.
Havia um prazo para a entrega do hino. Por onde iríamos começar, pela letra ou pela música?
Acertamos que começaria quem recebesse a inspiração primeiro. O tempo foi passando e nem a
letra nem a música surgia. Um dia, Ralph apareceu com a melodia do estribilho. Depois de ouvi-la,
imediatamente trabalhei na letra. A mensagem devia ser sobre a liberdade que só Cristo pode
oferecer. Com o estribilho pronto, logo o Ralph compôs a música para as estrofes e me entregou
numa fita cassete. Naquele mesmo dia, à noite, orei pedindo ao Senhor que me desse uma
mensagem simples e eficaz com a capacidade de penetrar corações e ajudar na comunicação do
evangelho. Foi ouvindo a fita, voltando, voltando e ouvindo mais uma vez que fui colocando a letra
nas estrofes.
O hino Livre em Cristo foi usado inicialmente em São Paulo e mais tarde em várias igrejas em outros
estados do Brasil. É um hino evangelístico e sua base bíblica está em João 8.32,36.1
O nome da melodia LIVRE EM CRISTO reflete a mensagem do hino e era o seu título original.
O PIONEIRO hinista brasileiro, João Gomes da Rocha, no seu incansável esforço de fornecer às igrejas
evangélicas brasileiras um repertório de hinos sobre todos os assuntos, escreveu hinos originais, metrificou
passagens bíblicas, e traduziu ou adaptou muitos hinos. Os Salmos e hinos com músicas sacras, de 1975,
ainda retinha 62 dessas produções. O Hinário para o culto cristão inclui 11 delas.
Dos seus hinos originais, nenhum é mais importante do que “Quem salva é só Jesus”, escrito em 1898,
que comunica o centro do evangelho e desafia a igreja do Senhor a proclamar fervorosamente esta
mensagem.
Publicou seu texto pela primeira vez, na segunda edição de Psalmos e hymnos com músicas sacras, em
1889. (Ver outros dados do autor no HCC 2).
A métrica deste hino é 6.6.6.D., como corrigido nas edições mais recentes do Hinário para o culto cristão.1
No Hinário para o culto cristão este valioso hino tem uma nova roupagem para uma das melodias mais
lindas em toda a hinódia, a LAUDES DOMINI (Os louvores do Senhor) de Joseph Barnby. Esta melodia foi
composta por Barnby para um hino alemão de adoração e louvor, traduzido para o inglês. Foi publicada pela
primeira vez num apêndice ao hinário anglicano Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), de
1868. É raro ver um hinário hoje em dia sem esta melodia. Cantemos este hino com todo o fervor!
(Ver dados do compositor no HCC 145)
1. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital, em 4 de abril de 2005.
ERA O MÊS DE JULHO do ano de 1986. A Igreja Batista de Acari, RJ, se preparava para mais um mês de
cultos nos lares, em agosto, como era costume da igreja a cada ano, antes do seu aniversário. Sempre havia
um hino oficial para esses cultos evangelísticos. Para Verner Geier, o ministro de música, a quem cabia
escrever este hino:
Nenhum texto poderia ser tão oficial e tão apropriado quanto esse de João 3.16, que narra a
imensidão do amor de Deus pelo homem, a ponto de enviar seu único Filho, Jesus Cristo, não para
condenar o homem, mas para salvá-lo da condenação eterna.1
JOHN WILLARD PETERSON (ver HCC 148) tem proporcionado centenas de hinos e dezenas de
cantatas para as igrejas evangélicas ao redor do mundo por mais de três décadas. No Brasil, de Norte a Sul,
ouve-se a sua música. De todas as cantatas de Peterson, Maior amor, escrita em 1958, talvez seja a mais
cantada no Brasil, deste gênio da música sacra que compôs sua música sempre lembrando das
possibilidades e limitações dos musicistas das igrejas locais. A eternidade revelará o quanto sua vida tem
tocado as vidas de pessoas no mundo inteiro.
No prefácio desta cantata, John Peterson escreveu o seguinte:
Na cantata, logo depois da cena da morte de Cristo na cruz, e o canto do coro “Não há maior amor que o
do Salvador na cruz”, um contralto ou coro feminino e coro misto cantam este hino comovente e muito
cantável. A Comissão Coordenadora do HCC incluiu o hino, para que congregações cantem esta resposta ao
amor do Salvador.
Para esse fim, Ralph Manuel fez o arranjo para a congregação em 1990 e o hino faz parte da seção
Salvação. (Ver dados de Manuel no HCC 23) A Subcomissão de Música escolheu o nome MARAVILHOSO
OLHAR para a melodia.
A tradução desta cantata foi feita no ano de 1968 por Joan Larie Sutton, Irmgard Rehn e Helena de
Morais Teixeira como parte da disciplina arranjos e composição, ensinada por Joan no Seminário Teológico
Batista do Sul do Brasil (STBSB, RJ).
(Ver dados da professora Joan no HCC 25)
Irmgard Rehn nasceu em 28 de dezembro de 1936, em Panambi, RS, filha de Reynaldo e Ruth Elizabeth
Rehn. A família mudou-se logo depois para Carazinho, onde o casal Rehn foi muito atuante na Igreja Batista
da Glória. Irmgard converteu-se em abril de 1949 e foi batizada pelo seu pastor, Siegfrid Schmal. Sentindo-se
chamada para o ministério de música, fez o curso de música sacra no STBSB. Ao se formar em 1968, foi
convidada pelo Instituto Batista de Educação Religiosa (IBER) para assumir a direção do internato. Na mesma
instituição ensinou regência, teoria musical e piano. Em 1969, voltou para sua igreja em Carazinho, onde
serviu como diretora de música e de 1980 a 1985 foi ministra de música da I.B. da Glória, mesma cidade, no
Estado do Rio Grande do Sul.
Cooperou com as igrejas, Primeira do Lins, onde regeu por muitos anos o coro de adultos e Memorial de
Tijuca, como membro atuante do Departamento de música, ambas na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
Em 1991, Irmgard foi convidada pelo IBER para voltar à direção do internato, cargo que ocupou até se
aposentar, em dezembro de 2001, quando retornou para sua cidade de origem.
Helena de Morais Teixeira nasceu em 3 de maio de 1947, em Arapuá, MG, num lar cristão. Aceitou a
Cristo em 1958 numa igreja presbiteriana. Foi batizada na PIB de Anápolis, GO, em junho de 1965 pelo pastor
Silas de Brito Lopes. Bacharelou-se em música sacra no STBSB, em 1969. Fez ainda o curso superior de
piano, iniciado na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro e concluído na Escola de Música e Belas
Artes da Universidade do Paraná, em 1975.
Helena ensinou hinologia, piano e teoria no STBSB em 1971 e 1972 e ensinou piano no curso de música
sacra do Seminário Teológico Batista do Paraná, em Curitiba, de 1984 a 1987.
Helena casou-se em 1965 com o Pr. Marcílio Sebastião Gomes Teixeira, que, desde 1987 é pastor da
Igreja Batista Central de Campinas, SP. Ali, Helena atua como instrumentista e regente do coro de
adolescentes. O casal tem quatro filhos: Marconi Henrique, Benoni Hubmaier, Ernani Wesley e Lana Rubia,
todos músicos, atuando nas igrejas onde cooperam.
1. PETERSON, John Willard. Maior amor. Rio de Janeiro: JUERP, 1958, Prefácio
ESTE COMOVENTE HINO é, sem dúvida, a mais representativa expressão de John Newton, “um dos
grandes pregadores evangélicos do séc.18”,1 e um dos maiores exemplos da graça de Deus de todos os
tempos.
Newton baseou o hino em 1Crônicas 17. 16,17, onde o rei Davi expressa sua convicção de não ser digno
de construir a casa do Senhor. e clama: “Quem sou eu, ó Senhor Deus, e que é a minha casa, para que me
tenha trazido até aqui?”
Conhecendo a extraordinária história de Newton (ver a biografia completa no HCC 226), é fácil entender
porque ele aplicou estas palavras de Davi a si mesmo. O hino originalmente incluía seis estrofes e foi
intitulado A revisão e expectativa da fé. Newton escreveu-o em 1779 e o incluiu na sua inovadora coletânea
Olney hymns (Hinos de Olney).
Este hino pode ser considerado autobiográfico, descrevendo os milagres que a graça de Deus fez na vida
de John Newton. A graça de Deus continuou a fazer sua obra na vida dele. Chegou a ser um pastor cuja
bondade era marcante e ter um ministério profícuo, a produzir hinários e escrever livros importantes (seus
sermões seriam estudados pela posteridade). Teve uma vida feliz e produtiva até o dia que faleceu em 21 de
dezembro de 1807. Foi enterrado no pátio da igreja na qual serviu por 27 anos, no coração de Londres. A
pedra do seu túmulo declara, com palavras que ele mesmo ditou:
Depois de estudar o original e as diversas traduções deste comovente hino, a Comissão do HCC achou
por bem fazer uma nova tradução da estrofe 1, em 1990. O maestro João Wilson Faustini traduziu as
estrofes 2, 3 e 4 em 1969, juntamente com outros hinos para o hinário bilíngüe Seja louvado. Preciosa graça
apareceu publicado pela primeira vez em Hinos contemporâneos no ano 1971. Foi também gravado pelo
Conjunto Vida num LP igualmente chamado Hinos contemporâneos cujo lançamento foi simultâneo com o das
partituras.3
A melodia AMAZING GRACE (Admirável graça) é de origem desconhecida. Por muito tempo acreditava-
se que seu primeiro aparecimento foi em 1831, na coletânea Virginia harmony (Harmonia da Virginia), mas de
acordo com um artigo no célebre periódico The hymn (O hino),4 a melodia apareceu na coletânea Columbian
harmony em 1829. O arranjo usado no HCC é de Edwin Othello Excell. Publicou-o no seu hinário Make his
praise glorious (Faça o seu louvor glorioso) em 1900.
Edwin Othello Excell (1851-1921) nasceu no condado de Sark, Estado de Ohio, EUA, filho de pastor da
Igreja Reformada Alemã. Trabalhou como pedreiro quando jovem. Teve muitos dotes musicais, e foi muito
procurado como professor em escolas de canto (ver HCC 159). Foi ao reger a música para uma conferência
evangelística numa igreja metodista episcopal que Excell reconheceu sua própria necessidade de ser salvo, e
foi convertido. Daí, interessou-se pela música sacra.
De 1877 a 1883, estudou com os músicos e publicadores George F. e Frederick Root (para quem Fanny
Crosby forneceria tantos librettos − ver HCC 228). Começou a publicar coletâneas de gospel hymns (ver HCC
112) com muito sucesso. Foi muito ativo no movimento nacional de EBDs, regendo nas convenções. Ajudou a
iniciar a publicação das International Sunday School lessons, lições publicadas para as EBDs ao redor do
país. Foi líder da música de campanhas de evangelistas de renome. Aliás, foi durante uma campanha
evangelística com o célebre Gipsy Smith que Excell faleceu em Louisville, Estado de Kentucky.
Excell compilou mais de 90 coletâneas. Auxiliou em mais 38 compilações de outros, inclusive as de Robert
Coleman, que tanto contribuíu na hinódia dos Batistas do Sul (EUA). Compôs mais de 2.000 melodias. Sua
cativante melodia para Conta as bênçãos (HCC 444) é uma das prediletas dos batistas brasileiros.
1. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.28.
2. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Charles Scribner's Sons, 1950. p.127.
3. FAUSTINI, João Wilson. Carta à autora em 23 de abril de 1991.
4. HATCHETT, Marian J. Benjamin Shaw and Charles H. Spilman's Columbian harmony, or Pilgrim's musical companion, Em: The hymn, v.42, n.1, Fort Worth, TX:
The Hymn Society, Jan, 1991. p.20.
Fé não era mais um negócio de especulação ou indiferença: requeria constância e convicção. (...)
Num mundo de incertezas, muitos procuraram o conforto e a paz nas palavras e promessas de
Cristo. Almejavam a vinda de Cristo.1
Os hinos desta época refletiam seu ambiente. Muitas vezes subjetivos e místicos em caráter,
contrastando com os hinos anteriores, sempre foram “fervorosos na expressão da fé e esperança
cristã. Foram os precursores dos hinos pietistas das décadas que seguiram”.2
Johann Franck que foi, além de Paul Gerhardt, o melhor hinista desta época, cria que poesia devia ser “a
ama da piedade, o arauto da imortalidade, o promotor da alegria, o conquistador da tristeza, e o antegosto da
glória celestial”.3 Seus 110 hinos e salmos ecoaram este espírito. “Sua idéia principal era a união da alma com
seu Salvador”.4
És minha alegria, uma das suas poesias mais lindas, expõe este pensamento. É fortemente cristocêntrica.
A estrofe 1 confessa que nossa alegria é Cristo, e nada é mais precioso do que ele e seu amor. Franck
escreveu este hino, de seis estrofes, para fazer contraste com a busca hedonista de prazeres do mundo do
seu tempo (ainda mais evidente no nosso!). Seguiu o padrão de uma canção popular Flora, meine freude
(Flora, minha alegria), mas mostrou desde a estrofe 1 o que Cristo é para o crente: sua alegria, Pastor,
sustento, guia, Cordeiro que, no amor profundo, nos livra de tristezas e angústias.
A versão do HCC inclui três das seis estrofes. A estrofe 4 do original (segunda no HCC), que despreza as
riquezas, prazeres, honras e lisonjas deste mundo, preferindo Cristo, nosso alento em qualquer sofrimento,
mostra como Cristo se aproxima de nós nos animando, dando vida e paz. A estrofe 6 (terceira no HCC)
proclama que Cristo satisfaz a todos os que o adoram e continua a ser a alegria daquele que o busca, mesmo
sofrendo escárnio e zombaria. Verdadeiramente, “Cristo é nosso maior tesouro e fonte de alegria profunda”,5
algo que a pessoa que não o conhece não pode compreender ou experimentar.
Na apresentação deste hino sugere-se incluir a descrição dos ensinos de cada estrofe antes de cantá-la,
enquanto o instrumentista toca o hino ou um dos prelúdios corais baseados nesta melodia.
Johann Wolfgang Franck (1618-1677) nasceu em Guben, Estado de Brandenburgo, na Alemanha, filho
de advogado e membro do conselho da cidade. Quando seu pai morreu, foi adotado por um tio, juiz da
cidade. Estudou direito, formando-se na Universidade de Königsberg (a única universidade que continuou a
funcionar durante a Guerra dos trinta anos). Seu espírito religioso, amor à natureza e amizade com os poetas
sacros Heinrich Held e Simon Dach preservaram-no dos excessos dos seus outros colegas da universidade.
Um dos seus professores guiou-o no seu desenvolvimento como poeta cuja produção incluía poemas sacros
e seculares. O ilustre hinólogo Julian, avaliando seus hinos, fala:
Como hinista, [Franck] é de alto calibre e se distingue por sua fé firme e leal, sinceridade e zelo,
forma bem elaborada, expressão nobre, vigorosa e simples.6
Franck voltou a Guben em 1640 para estar com a sua mãe. A cidade sofreu durante a guerra,
especialmente com os ataques dos suecos e saxônios. Franck exerceu a advocacia, subindo, cargo por
cargo, de vereador a prefeito e, depois, deputado estadual. Foi muito admirado, como homem público e como
poeta.
Depois de aparecerem em coletâneas dos seus amigos, 110 dos seus hinos e salmos foram publicados
em sua coletânea Geistliches Zion (Sião espiritual), em 1674. Calcula-se que a metade ainda está em uso na
Alemanha, e diversos deles ao redor do mundo. Alguns hinos seus se acham em hinários luteranos no Brasil,
e dois lindos exemplos dos seus hinos a Jesus são Senhor Jesus (Os céus proclamam, v.3, n.131) e Cristo,
sol da vida (Seja louvado, n.253), hino que Handel (ver HCC 106) incluiu numa paixão.
Uma das razões deste hino ter se difundido pelo mundo é a feliz união com a linda melodia JESU, MEINE
FREUDE (Jesus, minha alegria), uma melodia tradicional alemã adaptada para o texto pelo ilustre compositor
Johann Crüger, em 1653. Apareceu na sua famosa coletânea Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da
piedade), na edição daquele ano. Este choral (ver no HCC 130 uma descrição do coral alemão) inspirou o
inigualável Bach muitas vezes, sendo por ele incorporado em diversas cantatas. Seu Moteto n.3 para cinco
vozes, com o mesmo título, considerado “um dos mais belos motetos alemães”, foi baseado neste coral. Bach
muito sabiamente o “intercalou com versículos do capítulo oito da Epístola aos Romanos”. Jesu, meine freude
destaca-se também entre os muitos prelúdios e fantasias de coral de Bach.
(Ver dados sobre o compositor Johann Crüger, fonte principal para a hinódia luterana do séc.17, no HCC
10).
Joan Larie Sutton traduziu do alemão o terceiro moteto de Johann Sebastian Bach, baseado neste hino,
em 1973.
(Ver dados no HCC 25 desta hábil tradutora, em cujo acervo de traduções incluem-se oratórios, motetos,
cantatas, e música para coros, solos e congregação).
1. RYDEN, E.E. The story of christian hymnody. Rock Island, IL: Augustana Press, 1959. p.103.
2. Ibid.
3. Ibid. p.104.
4. POLACK, W. G. The handbook to the Lutheran hymnal, Saint Louis, MO: 1975. p.507.
5. POLMAN, Bert. Jesus priceless treasure. Em: HUSTAD, Donald P. ed. The worshiping church. Worship leader's edition, Hope Publishing Company, 1990. Nº119.
6. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. Dover Edition. New York: Dover Publications, 1957. p.386.
Desde os tempos em que estudei hinologia, interessei-me muito pelos hinos antigos, latinos e
gregos, e me propus a traduzir pelo menos alguns, visto que em nossa língua não havia
praticamente nenhum. Jesu dulcis memoria foi um desses hinos que logo me cativou. Anos mais
tarde verifiquei que há muitos hinos sobre o assunto de pensar em Jesus ou lembrar-se de Jesus.
Creio que muitos deles devem ter sido inspirados neste, que sem dúvida, é o mais antigo.2
1. MCCUTCHAN, Robert Guy. Hymns in the lives of men. Nashville, TN: Abingdon Press, 1945. p.107.
2. FAUSTINI, João Wilson. Carta à autora em 23 de abril de 1991.
3. MCCUTCHAN. Loc. cit.
NESTE MUNDO de hoje as palavras podem significar pouco. Às vezes perguntamos: “Em quem podemos
crer?” Tantos votos quebrados! Tantas promessas não cumpridas! Tantas mentiras proferidas!
Quanto conforto, quanta alegria tem o crente em descobrir que há um nome em que ele pode confiar e há
alguém em cujas promessas pode descansar!
“Deus se coloca com todos os seus recursos para cumprir cada promessa que ele faz. É
seguro confiar nele, porque sua palavra não falha”.1
Foi ao testar estas palavras e promessas na fornalha que a autora Louisa M. R. Stead pôde exclamar:
Num lindo dia de sol, Louisa, seu marido e sua filha Lily, de quatro anos, decidiram desfrutar umas horas
na praia no Estreito de Long Island em Nova Iorque. Estavam se deleitando no seu lanche de piquenique
quando ouviram uns gritos:
Socorro! Socorro! Viram um rapaz se afogando no mar.
O sr. Stead pulou na água, e apressou-se para salvar o rapaz. Infelizmente, como às vezes acontece, o
rapaz puxou o seu livrador para baixo da superfície e os dois morreram diante dos olhos da esposa e filha.
Acredita-se que foi depois desta experiência trágica que Louisa Stead escreveu este hino. Como o pai do
menino possesso do demônio que os discípulos não conseguiram exorcizar (Marcos 9.14-29), ela clamava a
seu Salvador: “Cristo, Cristo, eu confio faze minha fé crescer”!
Deus supriu conforto e vitória a Louisa Stead. Pouco tempo depois, ela foi como missionária para a África
do Sul onde trabalhou diligentemente por 15 anos, até que sua saúde forçou-a a voltar por um tempo aos
Estados Unidos. Depois de um período de recuperação, voltou a trabalhar lá por mais 10 anos antes da sua
aposentadoria.
Louisa M. R. Stead nasceu em cerca de 1850 em Dover, na Inglaterra, numa família cristã. Aos nove
anos aceitou a Cristo e, quando jovem, sentiu que Deus a chamava para o campo missionário. As
circunstâncias a levaram aos Estados Unidos, e lá, num camp meeting (ver HCC 190) em Urbana, Estado de
Ohio, entregou sua vida para missões na China. Todavia, sua frágil saúde impediu-a de ser aceita pela
Missão.
Em cerca de 1875, Louisa casou-se com o sr. Stead e Deus lhes deu a filha Lily. Aconteceu a tragédia
contada aqui. Renovando a sua chamada, Louisa e Lily foram para a África do Sul, em 1880. Lá ela casou
com Robert Wodehouse, um pastor metodista. Durante o período de recuperação de Louisa nos Estados
Unidos, o pr. Wodehouse serviu em igrejas metodistas ali. Assistindo a uma conferência em Nova Iorque em
1900, o casal se apresentou de novo para voltar a servir na Rodésia do Sul, hoje Zimbábue (Louisa tinha 50
anos). Trabalharam mais 10 anos, até a saúde de Louisa forçar sua aposentadoria, mas permaneceram na
África com a filha Lily, já missionária e casada no país.
Depois duma longa enfermidade, Louisa faleceu no seu lar, em 1917, a somente 80 quilômetros da Missão
Umtali, onde trabalhara com tanta alegria. Esta extraordinária mulher que, ao enfrentar grandes dificuldades
no seu ministério missionário, testificou: “Nossa suficiência está no Senhor”, 2 foi enterrada numa sepultura
cortada na rocha pura, na ladeira do Monte Preto, pertinho do seu lar. Um colega da Missão escreveu:
“Sentimos muita falta dela, mas sua influência continua enquanto os nossos 5.000 cristãos nativos cantam
continuamente:
O grande músico e publicador William James Kirkpatrick recebeu esta letra de Louisa Stead e musicou-a.
Apareceu pela primeira vez na sua coletânea Songs of triumph (Cânticos de triunfo), em 1882, publicada com
seu colega John R. Sweney (ver HCC 155). Que alegria é crer em Cristo continua a ser um hino de triunfo
para muitos crentes. TRUST IN JESUS (Confia em Jesus), o nome da melodia, é o tema do hino e faz parte
do título no original.
William James Kirkpatrick (1838-1921) foi um dos gênios dos gospel hymns (ver HCC 112) da grande
época de evangelismo em massa que incluía outros nomes inesquecíveis como Ira D. Sankey, Dwight L.
Moody, Fanny J. Crosby, Daniel W. Whittle, Philip P. Bliss e muitos outros. Nasceu em Duncannon, Estado de
Pensilvânia, e recebeu seu primeiro treino musical com seu pai. Altamente dotado, continuou seus estudos
com outros músicos destacados da época. Mudando-se para Filadélfia, tornou-se membro duma igreja
metodista episcopal.
Editou sua primeira coletânea de cânticos dos camp meetings (ver HCC 293) aos 21 anos. Durante a
guerra civil serviu como major dos pífaros (um instrumentista que sempre ia com o tambor-mor e porta-
bandeira diante dos soldados) com os voluntários do seu estado. De 1862 a 1878 dirigiu uma empresa de
móveis, ao mesmo tempo sempre atuando na música sacra.
Em 1878, deixando de lado os outros negócios, entrou totalmente no ministério da música. Diretor de
música na sua igreja, também escreveu muitos hinos e muitas melodias para gospel songs. Ao longo dos
anos associou-se com outros na publicação de mais de 100 coletâneas de gospel hymns e de músicas corais.
Wienandt e Young, no seu livro The anthem (O antema), além de falar da sua música para coros, declaram:
“Ambos (Sweney e Kirkpatrick) foram compositores proeminentes de gospel hymns cujas melodias
foram enormemente benquistas”.4
O fato de mais de 60 dos seus hinos e melodias aparecerem nos hinários evangélicos no Brasil mostra a
popularidade deste compositor. O Hinário para o culto cristão inclui, além desta, mais duas das suas lindas
produções, nos números 336 e 416.
Kirkpatrick ficou viúvo duas vezes. Aos 80 anos casou-se com a viúva do seu grande amigo Sweney.
Faleceu de um infarto aos 83 enquanto compunha um novo hino. Que melhor maneira para um grande hinista
morrer?
Quando o missionário pioneiro Salomão Luiz Ginsburg traduziu este hino em 1910, já tinha confiado em
Cristo nas mais difíceis circunstâncias: quando deserdado pela família judaica, quando atacado e deixado
como morto num tambor de lixo, quando viu, após quatro meses de casado, a sua esposa morrer de febre
amarela, quando ameaçado pelas multidões enfurecidas, quando jogado na prisão. Sempre perseverando,
cantava:
Ginsburg publicou o hino na segunda página de O Jornal Batista em 22 de setembro daquele ano. Desde
o início, descobriu que essa era a melhor maneira de difundir novos hinos e traduções entre as igrejas. (Ver
mais dados deste vibrante evangelista, “Pai do Cantor cristão”, no HCC 29)5
1. LEECH, Bryan Jeffrey. 'Tis so sweet to trust in Jesus, Em. HUSTAD, Donald P., ed. The worshiping church. Worship Leader's Edition, Carol Stream, IL: Hope
Publishing Company, 1990. n.520.
2. STEAD, Louisa M.R. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.435.
3. REYNOLDS. Ibid.
4. WEINANDT, Elwyn A. and YOUNG, Robert H. The anthem in England and America. New York: The Free Press, 1970. p.309.
5. A autobiografia, Um judeu errante no Brasil, conta muito da desafiante história deste servo de Deus. A JUERP publicou a segunda edição em 1970. Recomenda-
se a leitura deste valioso livro.
A ALEGRIA DO CRENTE centraliza-se na pessoa de Cristo. Tendo Cristo, seu amor, sua comunhão e a
certeza de uma eternidade com ele, outras coisas perdem a sua importância, sejam riquezas, prazeres, ou
honras. O apóstolo Paulo disse em Filipenses, “porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21)
e mais adiante (Fp 4.11), “porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre”.
O autor deste hino deve tê-lo escrito depois de estudar profundamente esta alegre carta de Paulo. As
palavras do estribilho expressam o cântico de milhares de crentes pelo Brasil afora. Podem cantar de coração:
Seguindo o exemplo do Cantor cristão, o Hinário para o culto cristão omite a estrofe 3 apresentada aqui,
que transmite as palavras de Paulo, em Filipenses 3:
A única informação disponível sobre o autor J.J. Maxfield é o seu nome, com o título de doutor, nos
hinários. Não se sabe que tipo de doutorado Maxfield tinha. Seu hino de quatro estrofes, com o título Then
shall my heart keep singing (Então meu coração continuará a cantar) apareceu pela primeira vez no hinário de
I.D. Sankey, New hymns and solos (Novos hinos e solos), em 1888. Subseqüentemente, foi incluído no muito
divulgado Sacred songs and solos (Cânticos e solos sacros), do qual, certamente, Stuart McNair o traduziu.
Stuart Edmund McNair, extraordinário missionário inglês, foi o tradutor deste hino. Seu longo ministério
no Brasil (1896-1959) incluiu a fundação da Casa Editora Evangélica e a publicação de diversas edições de
Hinos e cânticos com música. Contribuiu com 156 produções para esse hinário. McNair intitulou a sua versão
deste hino Com Cristo estou contente, ilustrando sua vida de alegre comunhão com o Senhor. (Ver mais
dados biográficos de McNair no HCC 37)
O compositor e educador musical americano William Augustine Ogden (1841-1897) musicou a
mensagem de Maxfield no mesmo ano (Veja dados biográficos do Ogden no HCC 264).
A Subcomissão de Música do HCC alterou o estribilho deste hino, omitindo uma das frases, criando uma
unidade musicalmente equilibrada de oito compassos. Muito apropriadamente, a subcomissão deu à melodia
o nome CONTENTE, palavra chave do hino.
Para uma canção de Natal, baseada na letra Não em rica ou bela casa. A canção foi escrita com
características melódicas brasileiras, com acompanhamento de piano parecendo muitas vezes as
notas graves do violão. A sua primeira apresentação foi feita com os jovens da Igreja Batista do
Ipiranga, SP, no natal de 1976, numa cantata contendo músicas do compositor e outras canções
brasileiras. Jaci Maraschin também escreveu uma letra para ela com o título. Vem, Jesus, nossa
esperança, nossas vidas libertar.1
Marcílio escolheu o nome da melodia CRISTO É MAIS para o Hinário para o culto cristão
“em homenagem ao título original do autor, mostrando que Cristo está acima de tudo e de todos”.2
Marcílio de Oliveira Filho recebeu muita influência musical desde que nasceu em junho de 1947, em
Santos, SP. Naturalmente, começou muito cedo seu estudo de música, e isto no acordeon. Marcílio sentiu a
chamada ao ministério aos 14 anos e esta lhe foi confirmada aos 18 anos. Portanto, prosseguiu para o
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ, onde cursou música sacra e outras disciplinas teológicas.
Como seminarista, trabalhou dois anos na Primeira Igreja Batista da Piedade e dois anos na Primeira Igreja
Batista de Moça Bonita, ambas no Rio de Janeiro.
Em 1970 casou-se com Zelda Cardoso Schimenes com quem teve três filhos, Marcílio, Mônica e Marcelo,
todos cooperadores no ministério musical dos pais. Além dos seus estudos no Seminário, estudou canto com
a professora René Talba, de 1972 a 1973. Fez, também, os cursos de licenciatura e bacharel em canto na
Faculdade Santa Marcelina em São Paulo. É exímio solista, conhecido em todos os cantos do Brasil batista.
Consagrado ao ministério em maio de 1974, trabalhou três anos na Primeira Igreja Batista de Santos, sua
igreja de origem, e lecionou no curso de música sacra da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Convidado para dar tempo integral na Faculdade, mudou sua residência para São Paulo, e, a partir daí,
iniciou seu trabalho como ministro de música na Igreja Batista do Ipiranga.
Na assembléia centenária da Convenção Batista Brasileira, em 1982, criou-se a Associação dos Músicos
Batistas do Brasil, um dos sonhos de Marcílio de muitos anos. Ele foi eleito presidente e serviu nesta função
até janeiro de 1989. Foi durante sua gestão que a Convenção Batista Brasileira concordou com a AMBB que
era o tempo da denominação ter um novo hinário, autorizando a JUERP a escolher uma comissão e custear
as despesas que esta comissão teria em sua compilação. Nesta qualidade também, e como secretário da
CBB, Marcílio liderou a campanha vitoriosa perante o Congresso Nacional em defesa dos direitos autorais de
editores e músicos evangélicos no Brasil.
Por 12 meses, em 1986-1987, o casal Oliveira Filho dedicou-se ao projeto Cantem, Batistas brasileiros,
fazendo conferências e clínicas musicais e colhendo músicas sacras brasileiras de todos os cantos do vasto
Brasil. No segundo semestre de 1988, tornou-se o diretor do curso de música sacra da Faculdade Teológica
Batista de São Paulo.
Desafiado pelo pastor da sua igreja, Artur Alberto de Mota Gonçalves (HCC 555), começou a compor
músicas com características brasileiras, visando especialmente hinos congregacionais. Oito destes hinos já
muito apreciados pelo povo batista estão no HCC. Sentido a falta de material para crianças, compôs hinos e
cantatas para elas, além de composições para corais masculinos, femininos e mistos.
No início do ano 1990, juntamente com a família, arrumou sua mudança para Curitiba, para atender à
chamada para ser ministro de música da Primeira Igreja Batista daquela capital. Ali, com empenho vivo e
eficaz, Marcílio continuou a demonstrar sua visão quanto ao ministério da música sacra na igreja local bem
como “a visão global do louvor e da adoração, promovendo a unidade na diversidade”, 2 na coordenação do
Congresso Louvação, que desde 1995 acontece na PIB de Curitiba. E, pelo Brasil afora, continua realizando
clínicas, conferências e concertos em seminários e igrejas, freqüentemente com a participação da D. Zelda.
Dedicou este mesmo entusiasmo à sua participação expressiva no preparo do HCC, como relator da
Subcomissão de Triagem de hinos e cânticos e como membro do Grupo de Trabalho de Música, que
assessorava a Subcomissão de Música.
Em reconhecimento à “sua multifacetada atividade musical”, foi outorgado a este “obreiro polivalente” (nas
frases de Rolando de Nassáu, em O Jornal Batista),4 o Prêmio “Arthur Lakschevitz”, por ocasião do congresso
da AMBB, realizado em Belo Horizonte em janeiro de 1990.
O Hinário para o culto cristão inclui mais sete músicas deste dotado compositor: 355, 473, 531, 532, 533,
555 e 595. Acrescenta-se a letra do 555, escrita em parceria com outros autores.
CORRIA O MÊS de outubro do ano de 1973. O domingo estava chegando ao fim. Anoitecia. Valdecir de
Souza, rapaz de 20 anos, morava em Taguatinha, Distrito Federal, num dos setores mais pobres da cidade.
Como de costume, todos os domingos à noite saía. Não tinha destino certo. Olhava as pessoas, o movimento,
tomava uma bebida qualquer, conversava com algum colega que encontrava e voltava para dormir. Afinal, o
dia seguinte era dia de trabalho.
Naquela noite resolveu passar em frente a uma igreja dos “crentes”. Não era para entrar. Era só para
aproveitar o caminho. Não era por causa de religião, que não tinha. Enquanto caminhava, ia pensando na
vida, no que fazer, no futuro, em mil coisas. A Primeira Igreja Batista de Taguatinga, dirigida pelo Pastor
Eliseu Soares Figueira, estava encerrando a pregação do domingo, e começou a cantar um hino que tinha
uma frase que se fixou na mente de Valdecir: “Oh! quanto cego eu andei e perdido vaguei, longe, longe do
meu Salvador”.
Andou mais uns 20 metros e parou para ouvir o resto do hino. Parecia que as palavras eram dirigidas a
ele. Voltou, entrou na igreja e ficou em pé, perto da porta. Quando terminou o hino, tinha certeza de que as
palavras do hino se referiam especialmente a ele. Compreendeu, naquele momento, que era o cego que
andava longe de Cristo, que precisava de uma vida nova, precisava nascer de novo. Não sabia que era o
Espírito Santo testificando no seu espírito sobre a necessidade de salvação.
O pastor, depois, deu oportunidade para que se alguém quisesse aceitar a Cristo como Salvador,
levantasse sua mão e em seguida fosse aonde o pastor estava. Valdecyr ainda tinha na mente o hino “Oh!
quanto cego eu andei e perdido vaguei, longe, longe do meu Salvador”. Decidiu que nunca mais seria um
cego e que jamais andaria longe de Cristo. Com a mão levantada foi à frente e encontrou tudo o que tinha
procurado em tantos lugares e que não achara. Encontrou a Jesus.1
Este hino de testemunho canta a alegria que o crente tem na luz de Cristo. “Era o predileto do pr. José dos
Reis Pereira. Ele dizia: 'Este hino retrata a história da minha vida'”.2
Na estrofe 1, o autor fala da salvação, de como Cristo o tirou das trevas e o colocou na “sua maravilhosa
luz”. Depois, ele testifica da luz de Cristo que “rasga o véu” das nuvens desta vida. Na estrofe 3, enfatiza a
“doce comunhão” que o habilita a prosseguir nesta vida com vigor e, por último, na estrofe 4, canta a certeza
de um dia estar “face a face” com Jesus, seu Salvador, onde, com certeza o pr. Reis Pereira está. É
impossível o crente cantar este hino com tristeza! Estas quatro maravilhosas razões para “andar alegre”
dissipam quaisquer nuvens. Cantemo-las com todo o coração, com imensa gratidão pela “luz de Cristo” que
nos acompanha do dia da salvação até a eternidade!
O autor, Judson W. Van DeVenter, escreveu estas alegres palavras em 1897, e logo foram musicadas por
seu companheiro no trabalho evangelístico, Winfield Scott Weeden. O hino apareceu pela primeira vez em
1898, em duas coletâneas de gospel hymns (ver HCC 112). A feliz combinação da letra e melodia fez este
contagiante hino difundir-se ao redor do mundo.
Judson W. Van DeVenter (1855-1939) nasceu perto de Dundee, Estado de Michigan, EUA. Formou-se
na Faculdade Hillsdale, no seu Estado. Desenvolveu seus dotes musicais nas escolas de canto (ver HCC 59)
das igrejas. Sua grande paixão era a arte. Depois de se formar, ensinou no segundo grau para “financiar seu
estudo contínuo no desenho e na pintura”.3 Mais tarde tornou-se o supervisor de artes nas escolas públicas,
primeiro da cidade de Sharon, depois em Bradford, Estado de Pensilvânia.
Foi como evangelista pessoal e conselheiro em conferências evangelísticas da sua igreja que Van
DeVenter demonstrou seus dons de evangelismo. Diversos amigos o aconselharam a entrar em tempo
integral neste ministério. Depois de cinco anos de indecisão, por causa da sua grande ambição de ser um
artista reconhecido, Van DeVenter testificou:
Afinal, a hora que mudou a minha vida chegou e entreguei tudo. Um novo dia entrou no meu ser.
Tornei-me evangelista, e descobri no fundo da minha alma um talento até então desconhecido. Deus
tinha escondido um cântico no meu coração e, tocando uma corda sensível, levou-me a cantar
cânticos que jamais cantara antes.4
Esta entrega, que ele expressou no seu muito cantado hino Tudo entregarei (CC 295), o levou a muitos
países em conferências evangelísticas, nos anos seguintes. Winfield S. Weeden, com o qual cooperou em
alguns hinos, foi seu companheiro e músico neste ministério por muitos anos. Ao se aposentar na Flórida, Van
DeVenter foi preletor regular no Instituto Bíblico da Flórida (hoje Faculdade Bíblica Trinity). Um dos alunos
deste Instituto foi o evangelista mundial Billy Graham, que falou que Van DeVenter:
Influenciou as minhas pregações. (...) Nós, os alunos, amávamos este bondoso e profundamente
espiritual cavalheiro. Muitas vezes nos reunimos na sua casa de verão em Tampa, Flórida, para uma
noite de comunhão e cânticos.5
Winfield Scott Weeden (1847-1908) nasceu em Middleport, Estado de Ohio. Estudou nas escolas da
cidade. Converteu-se na juventude e, possuindo uma linda voz, começou a ensinar nas escolas de canto (ver
HCC 59) nas igrejas. Regente dotado, foi freqüentemente convidado a dirigir a música nas conferências de
muitos grupos evangelísticos.
Nos muitos anos que viajou com Judson Van DeVenter, musicava seus textos para hinos. Escreveu
numerosos gospel songs (ver HCC 112) e compilou várias coletâneas. Nos últimos anos da sua vida foi
proprietário do pequeno Hotel Winona, na cidade de Nova Iorque. Ao falecer, na sua lápide foi esculpido Tudo
entregarei, sua melodia mais conhecida.
O dedicado missionário pioneiro Arthur Beriah Deter (geralmente chamado A.B.) nasceu no condado
Dade no Estado de Missouri, EUA, em 10 de junho de 1868. Formou-se pela Universidade Baylor, Estado do
Texas, e na Faculdade William Jewell. Estudou teologia no Seminário Teológico Batista do Sul (Louisville) e
no Seminário Rochester em Nova Iorque. Casou-se com May Scrymgeour, em 1901. O casal iniciou seu
ministério no Brasil no mesmo ano.
A.B. Deter sempre foi um líder. O primeiro campo do casal foi em São Paulo, onde chegou em 24 de julho
de 1901.
O progresso rápido no estudo de português, o gosto e prazer no trabalho do Senhor, a energia e o
entusiasmo dos seus esforços, a idoneidade e preparo para todas as atividades evangelísticas eram
prenúncios da longa e feliz carreira deste abnegado mensageiro do evangelho no Brasil. (...) A sua talentosa
companheira D. May servia galhardamente com ele na causa do Mestre.6
Depois de cinco meses, o casal foi para Campinas para assumir a direção do evangelismo naquela região.
Foi um trabalho difícil e árduo. Além de outras atividades, A.B., com seu colega J.J. Taylor, dava aulas de
teologia. “Foi por meio destas classes teológicas que vários obreiros brasileiros conseguiram se preparar para
o exercício da Palavra de Deus”.7 Deter também construiu o belo templo da Primeira Igreja Batista de São
Paulo, capital.
Em 1903, o casal Deter foi transferido para a Capital Federal. Com a ausência forçada de Entzminger do
Brasil (ver HCC 91), Deter o substituiu na direção da Casa Publicadora e em O Jornal Batista, de 1905 a
1907. Aliás, foi na sua gestão que a Casa Publicadora e o Jornal foram devidamente organizados.
Sua filha Edith Deter Oliver conta uma história que demonstra a dedicação dos seus pais. Deter notava
que cada vez que os prelos começavam a trabalhar no primeiro andar, a velha casa de madeira começava a
tremer. Suas suspeitas foram confirmadas. Um inspetor ordenou que a maquinaria teria de ser mudada para o
térreo, onde morava a família Deter. Não havia dinheiro, nem no Brasil, nem na missão, nem no bolso do
missionário para esta mudança. O casal não titubeou. Vendeu seus próprios móveis e transportou a
maquinaria para o térreo e a família para o primeiro, onde todo mundo se arranjava com caixotes, malas,
colchões no chão etc. “A minha mãe fez todos nós sentirmos que essa era uma aventura maravilhosa”.8
Deter foi um forte protagonista para a organização da Convenção Batista Brasileira, antes sonhada por
Salomão Ginsburg. Foi em grande parte por seus esforços que a Convenção chegou a ter sua primeira
assembléia em 22 de junho de 1907. Deter foi um dos mais ativos participantes desta organização. Foi sob a
tutela de Deter que a organização de uma sociedade missionária entre as igrejas nasceu. “Durante algum
tempo [Deter] exerceu a Secretaria Executiva da Junta de Missões Nacionais e empreendeu muitas viagens,
inclusive a Mato Grosso, onde foi pioneiro.”9
No seu livro Forty years in the land of tomorrow (Quarenta anos na terra do amanhã), publicado
postumamente em 1946 por Broadman Press, Deter falou de algumas das suas dificuldades com a igreja
católica. Em Nova Friburgo, em 1908, os batistas estavam conduzindo um culto em um dos lindos jardins da
cidade. O padre mandou o recado que não podiam ter tal culto e ameaçou expulsar os batistas da cidade se
eles se atrevessem a ter um culto público. Com a autorização do chefe da polícia, continuaram o culto:
A sra. Deter estava dirigindo o canto congregacional, e a sra. A.L. Dunstan tocando o harmônio.
Cerca de vinte pessoas que estavam assistindo o culto cercaram o órgão e cantaram com toda a
força. De repente, veio chegando o Padre Miranda, chefe político do Estado do Rio de Janeiro. Atrás
dele estava o filho de um senador. Estávamos cantando Eis os milhões. (...) O padre acabou de
chegar ao fim do hino. Não prestei atenção a ele e continuei com a oração. Aí, ele abriu a sua grande
boca e gritou: “Povo de Nova Friburgo, chegou a hora de expulsar este povo da cidade”. Tirou do seu
bolso um exemplar de O Jornal Batista e leu editoriais que ensinaram salvação pela fé (...).10
Não é preciso dizer que os batistas não saíram da cidade de Nova Friburgo, e que agradeceram a
pregação do evangelho lida pelo padre.
Deter tinha muita visão para uma escola de profetas para o Sul do Brasil. Iniciaram-se as aulas, com Deter
assumindo a maior parte. Embora não houvesse obreiros para estabelecer um seminário teológico, o caminho
estava sendo preparado.
Saindo de São Paulo [em 1911], Deter foi o grande missionário do Estado do Paraná e também de Santa
Catarina. Em Curitiba, construiu o templo da Primeira Igreja [Batista], inaugurado em 1924 (...). Por ocasião da
Revolução de 1930, ele veio com as tropas do Sul para o Rio na qualidade de Capelão. Foi o primeiro capelão
militar batista do Brasil.11
Ajudando a fundar um instituto teológico em Curitiba, Deter foi tão importante na vida da instituição que ela
recebeu seu nome. Hoje, está lá o Seminário Batista Paranaense, provendo obreiros em muitas partes do
Brasil. Também organizou a convenção estadual, unindo os dois estados vizinhos, Paraná e Santa Catarina.
Seu modo de trabalhar era distinto:
O missionário é simplesmente um pastor batista entre os outros pastores batistas: as contribuições vindas
de fora devem ser sempre administrados pela coletividade batista e não pelo missionário.12
Depois de visitar aquele campo, Ginsburg lhe chamou de “homem de Deus consagrado, se esforçando
para levar avante o reino de Deus naquele campo”.13 A presença de Deter no Brasil, seu trabalho e seu amor
pelo Brasil, muito concorreram para a decisão missionária do seu genro, A. Ben Oliver, um dos missionários
mais atuantes no segundo meio século da vida batista brasileira.14
Este operoso casal trabalhou 39 anos no Brasil, aposentando-se em 1940. A.B. faleceu em 2 de outubro
de 1945, em Dallas, Estado de Texas e May, em 7 de março de 1957 no Rio de Janeiro. Embora não fosse
um músico, A.B. Deter traduziu quatro hinos do Cantor cristão. Outro muito conhecido é O alvo supremo (CC
285).