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Ficha de Trabalho de Formação Cívica - 3

Os perigos da tecnologia para a privacidade e a


liberdade dos cidadãos

Já paraste para pensar em quantos lugares diferentes os teus


dados estão armazenados? E que na maioria das vezes os dados são
fornecidos por ti? Pensa (criticamente)! Aqui vão alguns exemplos:
escola, emprego, cartões de crédito, etc. e isso tudo sem contar as
centenas de sítios na internet onde colocamos os nossos dados, indo
dos portais de relacionamento (como o myface, facebook, etc.) às
contas que temos em e-mails, etc. O que isso significa é que,
voluntariamente, estamos a fornecer dados que são só nossos,
abrindo as nossas vidas e a nossa privacidade aos
outros. Quem já não recebeu e-mails de gente
desconhecida? E como foi que descobriram o nosso
endereço? É claro que através de algum banco de
dados que foi formado a partir da nossa própria
informação.

Mas o maior perigo talvez não seja a internet!


Outra tecnologia que utilizamos no dia-a-dia como
telemóveis, GPS, “chips”, etc., pode ser (mal) utilizada, sem nós
sabermos, para armazenar os nossos dados pessoais! Mas sem
dúvida o maior perigo da tecnologia para a privacidade e a liberdade
dos cidadãos seria a colocação de pequenos “chips” no corpo das
pessoas (como já se faz nos animais domésticos) para as manter
constantemente vigiadas e controladas! Por exemplo governos não
democráticos poderiam implantar o chip no corpo dos seus opositores
e, dessa forma, controlar todos os seus passos. Ou determinar que,
ao nascer, todos os bebés fossem obrigados a usar o chip, de modo a
poder vigiar os movimentos daqueles que os interessassem de
maneira particular 1,2 !

Figura ao lado: “Chip” implantável em seres humanos


http://www.rfida.com/weblog/labels/human-implant.htm

Não nos podemos esquecer que os governos de países não


democráticos usam crises “fabricadas” (lembras-te da ficha de
trabalho em que falamos das crises “fabricadas”?), por exemplo,
crimes e atentados terroristas, como “desculpas” para aumentarem a
vigilância e o controlo sobre os cidadãos! Foi isso que o ditador
alemão A.Hitler fez em 1933. Deste modo esses governos poderiam
criar crises (por exemplo, raptos de crianças ou atentados terroristas)
para convencer as pessoas que o chip é necessário e tornar
obrigatório o seu uso com a desculpa que é para aumentar a
“segurança” dos cidadãos.

Uma vez colocados no interior do corpo os chips dificilmente


poderiam ser retirados (pelas pessoas nas quais foram implantados) e
um ditador poderia exercer um controle praticamente absoluto sobre
os cidadãos.Teríamos assim um cenário de pesadelo: uma sociedade
em que os cidadãos estão totalmente controlados e não têm a
possibilidade de se revoltar 1,2 !

O momento em que deixarmos que nos obriguem a


colocar esses “chips” no nosso corpo será o momento em que
deixaremos de ser cidadãos livres e passaremos a ser
escravos 1,2.

Com o avanço da tecnologia nunca estivemos tão perto do


“Grande Irmão” (“Big Brother”) *, aquele que em 1984 #, no romance
escrito por George Orwell, olha permanentemente não por nós, mas
sobre nós (na obra 1984 o “Grande Irmão” (“Big Brother”) vigia e
controla os cidadãos em vez de defender os seus direitos e a sua
liberdade). Ainda não está instalada toda a tecnologia necessária para
nos controlar totalmente, mas ela está a chegar e um passo neste
sentido são as câmaras de vigilância que várias cidades do mundo
estão a adoptar. Cada vez há mais e mais câmaras a vigiar-nos, seja
dentro de um shopping center, seja na rua. Tudo para que nos
sintamos seguros num mundo onde a sensação de violência e de
insegurança só aumenta. Para controlar a violência e a insegurança
dizem-nos que é preciso que sejamos vigiados.

Da maneira que as coisas caminham, dentro de pouco


tempo poderemos viver, a cada dia, o nosso próprio “Big
Brother”. E ele poderá vir sob a desculpa de que é necessário
para diminuir a violência, a insegurança e nos deixar
tranquilos.

O que ninguém diz é que também estamos a ser vigiados.


Estamos a deixar que nos “roubem”, mais e mais, a nossa
privacidade. E com isso estamos a caminhar para o Estado da
vigilância, um inferno onde todos seremos vigiados e controlados, 24
horas por dia, 365 dias por ano. Será que é isso mesmo o que
queremos? Será que representa, mesmo, segurança? Será que vale a
pena desistir, mais ainda, da nossa privacidade? Não será que
estamos a construir um muro para nos prender? Não sabemos as
respostas. Mas viver numa sociedade vigiada não pode ser o nosso
ideal de vida.
1-
Figura: Representação do personagem “Big Brother” do romance 1984 com a frase
propaganda "Big Brother is watching you" ("o Grande Irmão cuida de ti" ou "o
Grande Irmão está a observar-te").

* "Grande Irmão" (ou "Irmão Mais Velho", em


inglês: "Big Brother") – É um personagem, um
ditador, no romance 1984 de George Orwell. Na
sociedade descrita por Orwell, todas as pessoas estão
sob constante vigilância das autoridades através de
dispositivos chamados Teletelas sendo
constantemente lembrados pela frase propaganda &
do Estado: "o Grande Irmão cuida de ti" ou "o
Grande Irmão está a observar-
te" (do original "Big Brother is
watching you"). As Teletelas podem ser
comparadas a uma televisão que
permite tanto ver como ser visto.
Quando nenhum programa estava a
ser exibido surgia a figura do líder
máximo, o “Grande Irmão”.
Desde a publicação de 1984, a
expressão "Big Brother", é usada
geralmente para descrever qualquer
excesso de controle ou
autoridade por uma figura, ou tentativas
por parte do governo de aumentar
a vigilância. Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Irm%C3%A3o e
http://pt.wikipedia.org/wiki/1984_(livro).

#
1984- Mil Novecentos e Oitenta e Quatro – É o título de um
romance escrito por George Orwell (nome real Eric Arthur Blair) que
retrata o dia-a-dia numa sociedade controlada pelo Estado em todos
os seus aspectos (sociedade totalitária). Alguns estudiosos acreditam
que o título vem da inversão dos dois últimos dígitos do ano em que o
livro foi escrito, 1948 (48-84). Neste romance é retratada uma
sociedade onde o Estado está presente em tudo, tendo por exemplo a
capacidade de torturar o povo e usar as mentiras da propaganda com
o objectivo de manter o seu poder sobre os cidadãos. Adaptado de
http://pt.wikipedia.org/wiki/1984_(livro) e http://www.duplipensar.net/.
Figura ao lado: George Orwell

&
Propaganda – É uma maneira de apresentar informação de modo a
servir os objectivos de determinados interesses (políticos, religiosos,
etc.). Embora alguma da informação possa ser verdadeira é possível
que esta não apresente um quadro completo e equilibrado do assunto
em questão. Uma manipulação semelhante de informações é bem
conhecida, a publicidade, mas normalmente não é chamada de
propaganda, pelo menos no sentido mencionado acima. Adaptado de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda.

Questões

1. Dá exemplos de tecnologia que utilizamos no dia-a-dia que pode


ser usada para armazenar os nossos dados pessoais.

2. Qual é o maior perigo da tecnologia para a privacidade e a


liberdade dos cidadãos?

3. O que é o “Big Brother” (Grande Irmão)?

4. Quem escreveu o romance 1984? O que é retratado neste livro?

5. O que é uma sociedade totalitária?


6. Comenta a afirmação “Da maneira que as coisas caminham, dentro
de pouco tempo poderemos viver, a cada dia, o nosso próprio “Big
Brother”. E ele poderá vir sob a desculpa de que é necessário para
diminuir a violência, a insegurança e nos deixar tranquilos".

7. Comenta a afirmação “O momento em que deixarmos que nos


obriguem a colocar esses “chips” no nosso corpo será o momento em
que deixaremos de ser cidadãos livres e passaremos a ser escravos”.

8. Comenta a afirmação “… estamos a caminhar para o Estado da


vigilância, um inferno onde todos seremos vigiados e controlados, 24
horas por dia, 365 dias por ano.”

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