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Surgimento de creche

De acordo com o que a Constituição Federal e a LDB da


Educação Nacional definiram as creches são para crianças de 0 a 3
anos de idade e as pré-escolas são para crianças de 4 a 5 anos de
idade. O termo creche sempre esteve vinculado a um serviço
oferecido à população de baixa renda. Já a pré-escola era voltada
para crianças maiores. A creche se caracterizava por uma atuação em
horário integral, e a pré-escola, por um funcionamento semelhante ao
da escola, em meio período. A creche se subordinava e era mantida
por órgãos de caráter médico/assistencial, e a pré-escola aos órgãos
vinculados ao sistema educacional. Essa divisão hoje não é mais
permitida, deve ser feita apenas pela faixa etária.
Surge a creche na Europa nos Estados Unidos:

A primeira creche de que se tem notícia surgiu na França, tendo


sido criada por um religioso preocupado com a situação das crianças
que permaneciam sozinhas em casa enquanto seus pais saiam para
suas longas jornadas de trabalho. Seu objetivo era bem definido:
atender às crianças de famílias desvalidas. Isto fez com as creches
tivessem seu caráter definido desde o seu início: tratava-se de cuidar
de crianças pobres ou miseráveis, precariamente inseridas, via suas
famílias, no estrato dominante do mundo capitalista (CIVILETTI,
1991).

ESCOLA DO TRICÔ -> fundada em 1767 pelo Padre Oberlin, na


França. A palavra Creche, que tem origem francesa, significa
manjedoura.

ESCOLA INFANTIL -> criada em 1816 por Robert Owen, na


Escócia. Fundou o INSTITUTO PARA FORMAÇÃO DE CARÁTER que era
organizado em três níveis: o 1º era a escola infantil para crianças de 3
a 6 anos; o 2º atendia crianças de 6 a10 anos e o 3º era oferecido
durante a noite e atendia alunos dos 10 aos 20 anos.

JARDIM-DE-INFÂNCIA -> criado por Froebel em 1873, na


Alemanha.

CASA DEI BAMBINI (casa das crianças) -> no início do sec. XX, na
Inglaterra, Maria Montessori trabalhou com crianças pobres de um
bairro operário.
O INFANTÁRIO -> no início do sec. XX, na Inglaterra, Margaret
McMillan em parceria com sua irmã Raquel criaram esta instituição.

Cabe observar que, com exceção dos jardins-de-infância de


Froebel, todos os outros programas foram iniciados para melhorar a
vida das crianças pobres. A creche surgiu como uma instituição
assistencial que ocupava o lugar da família, nas mais diversas formas
de ausência.
Surge a creche no Brasil

No Brasil, o surgimento das creches está intensamente ligado à


abolição da escravatura em 1888. Até então, o destino
frequentemente comum das crianças filhas de escravas era a roda de
expostos. As rodas, instaladas no Brasil, e em praticamente todos os
países católicos ocidentais durante os séculos XVIII c XIX, permitia o
abandono anônimo de recém-nascidos e crianças pequenas
(CIVILETTI, 1991). Era uma alternativa à escravidão. No entanto, a
abolição desta, após a Lei do Ventre Livre em 1871, tornou
desnecessária esta alternativa extrema. Mas, poucos anos após surge
uma dificuldade: "o que fazer dos filhos de escravas e das criadas, a
fim de liberá-las para o serviço doméstico?" segundo palavras do
próprio CIVILETTI (1991). É desta época a ideia de que a creche é "um
mal necessário", aliás, em vigor até nossos dias. A creche só seria
utilizada por aquelas mães para as quais não havia mesmo outra
alternativa: ou trabalhavam, ou caíam na miséria tendo que
sustentar-se da caridade.

Surgiu então a ideia de implantar creches no Brasil. As creches,


para crianças de 0 a 2 anos, e salas de asilo, para as de 2 a 7, bem
como as escolas primárias são originadas do movimento filantrópico
e tinham como objetivo "conter as classes populares" (CIVILETTI,
1991).

A creche no Brasil surge acompanhando a “estruturação do


capitalismo, a crescente urbanização e a necessidade de reprodução
da força de trabalho”, ia desde a liberação da mulher-mãe para o
mercado de trabalho até uma visão de mais longo prazo em preparar
pessoas nutridas e sem doenças.

ATENDIMENTO À INFÂNCIA ATÉ 1900 -> existiu


institucionalmente a Casa dos Expostos, também chamada de Roda.
Tratava-se de um lugar onde eram deixadas as crianças não-
desejadas. Deve-se a criação da Roda a Romão de Mattos Duarte. A
sociedade da época achava que o grande número de mortes de
crianças era devido aos nascimentos ilegítimos (frutos da união entre
escravos ou entre escravos e senhores) e à falta de educação moral,
física, e intelectual das mães. Podemos observar que as duas causas
culpam a família, além de dizerem que os negros escravos eram
portadores de doenças. Não se levava em consideração as condições
econômicas e sociais e a ausência de estruturas de saúde pública.

Para os filhos de estratos abastados as "escolinhas" pagas, de


caráter "educativo". Estas, já existiam no século XIX. Em 1827, tem-
se notícia da primeira sala de asilo modelo de Paris (CIVILETTI, 1991).
Seguiam-se nela os flexíveis princípios pedagógicos de Froebel.
Tratava-se, portanto, efetivamente, de uma instituição de educação,
e não meramente disciplinadora, como eram as salas de asilo usuais.
Até mesmo as mães ricas podiam enviar seus filhos a esta classe,
sendo de se supor que de fato o fizeram, uma vez que a iniciativa foi
copiada no Brasil.

A primeira pré- escola pública foi criada no Instituto Caetano de


Campos, em 1896, e era frequentada "por crianças de algumas das
famílias mais ricas da cidade. Apenas mais tarde surgiram as
oportunidades para as crianças mais pobres nas classes que
cuidavam da faixa do pré-escolar" (OLIVEIRA; FERREIRA, 1986). É
trágico perceber que o atendimentos a estas crianças nestas áreas
fundamentais (alimentação, por exemplo) é visto como suficiente. É
como se, tendo supridas estas necessidades, não existissem outras.
Como exemplo, tomamos a situação da criança na época do Brasil
colônia (COSTA, 1989).Neste período, compreendido entre o
descobrimento do Brasil e o início do séc. XIX, a criança ocupava na
família um lugar instrumental. O centro desta era o pai que tinha
poder de vida e morte sobre seus filhos. Portanto, o cotidiano da
criança, permeado de castigos brutais era comum. Cedo as crianças
aprendiam "que obediência incontinente era o único modo de escapar
à punição".

1900 a 1930 -> Organizados aqui no Brasil, os operários


passaram a protestar contra as precárias condições de vida e de
trabalho. Os empresários procurando enfraquecer os movimentos
começaram a conceder algumas creches e escolas maternais para os
filhos de operários. As grandes cidades não dispunham de infra-
estrutura urbana suficiente, em termos de saneamento básico,
moradias etc., sofriam o perigo de constantes epidemias. A creche
passou a ser defendida por sanitaristas preocupados com as
condições de vida da população operária.

Grupos de mulheres de classes sociais mais abastadas que,


organizadas em associações religiosas ou filantrópicas, criaram várias
creches. Instruíam as mulheres das camadas populares a serem boas
donas-de-casa e a cuidarem adequadamente de seus filhos. Eram
convictas de que o cuidado materno era o melhor para a criança e
que o cuidado em grupo (creche) era certamente um substitutivo
inadequado.

Concursos de Robustez para escolher o bebê mais saudável. A


mãe do bebê vencedor, que deveria ter comprovada a sua pobreza,
era premiada em dinheiro.

Em 1922, o Estado organizou o 1º Congresso Brasileiro de


Proteção à Infância. As conclusões foram as de que a creche tinha
como finalidade:

· Combater a pobreza e a mortalidade infantil;


· Atender os filhos da trabalhadora, mas com uma prática que
reforçava o lugar da mulher no lar e com os filhos;
· Promover a ideologia da família.

1930 A 1980 -> Mário de Andrade é nomeado diretor do


Departamento de Cultura e começa a estruturar o “Parque Infantil”. A
proposta era dar atendimento ás crianças de 3 a 6 anos e também às
de 7 a 12 anos, fora do horário escolar. O parque proporcionava à
criança de família operária o direito à infância, a brincar e ao não-
trabalho. Dava ênfase ao caráter lúdico e artístico.

Em 1940, foi criado o Departamento Nacional da Criança no


Ministério da Educação e Saúde. Em 1950 verificou-se que as
medidas morais foram as que tiveram maior destaque, pretendia-se
domesticar as classes populares, tirando-as da desordem, do instinto
e da tradição e incutindo os valores das classes médias.

Chegam às creches os discursos pedagógicos que procuravam


demonstrar que a ausência da relação afetiva mãe-filho, em
determinados momentos da infância, tornava-se irreversível, podendo
produzir “personalidades delinqüentes e psicopatas”.

Passando para 1960 os discursos pedagógicos baseados na


teoria de privação cultural e da sua solução, a educação
compensatória. Privação cultural baseava-se na idéia de que só havia
um modelo de criança: a da classe média, e assim, as outras crianças
desfavorecidas economicamente comparadas a estas crianças-
modelo eram consideradas “carentes” e “inferiores”. Faltavam para
elas determinadas atitudes e conteúdos.

Na década de 70, ocorre a profusão de movimentos sociais e


com eles surge, dentre outras, uma proposta de creche mais
afirmativa para a criança, a família e a sociedade.

Para encerrar este período, é importante ainda lembrar que, em


1975, o Ministério de Educação e Cultura instituiu a Coordenação de
Educação Pré-Escolar. E, em 1977, foi criado o Projeto Casulo,
vinculado à Legião Brasileira de Assistência (LBA) que atendia
crianças de 0 a 6 anos de idade e tinha a intenção de proporcionar às
mães tempo livre para poder “ingressar no mercado de trabalho e,
assim, elevar a renda familiar”.

DÉCADA DE 1980 -> Pode-se dizer que nesta década houve um


avanço considerável com relação à Educação Infantil. Como:
· Foram produzidos estudos e pesquisas de relevante interesse,
inclusive discutindo e buscando a função da creche/pré-escola;
· Universalizou-se a idéia de que a educação da criança pequena
é importante ( independente de sua origem social) e que é uma
demanda social básica;
· A Constituição de 1988 definiu a creche e a pré-escola como
direito de família e dever do Estado em oferecer esse serviço. Todo o
avanço é histórico, cultural e político, portanto, precisa ser
conquistado o tempo todo. A proposição de cuidado ora apresentada
está construída na perspectiva de que a criança é um ser que têm
direitos. Dentre estes, o de desenvolver-se adequada e plenamente. E
também de que o cuidado é uma situação de interação entre seres
humanos e deve ser construído cotidianamente.

Referências
AMARAL, M.F.M. et ai. Alimentação de bebês e crianças pequenas em
contextos coletivos: mediadores, interações c programações em educação infantil.
Rev. Bras. Cresc. Desenv. Hum, São Paulo. v.6,n.l/ 2, p. 19-33, 1996.
ARIES, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar,
1978.
AUGUSTO, M. (Org.) Comunidade infantil: creche. Rio de Janeiro:
Guanabara- Koogan, 1985.
BRASIL. Ministério da educação e do desporto. Secretaria de educação
fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.
Brasília, 1998. v. 1.
CIVILETTI, M. V.P. O cuidado às crianças pequenas no Brasil escravista. Cad.
Pesq.. São Paulo. v. 76, p. 31-40, fev. 1991.CORTEZ, J.C.A. à criança em creches..

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