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DIREITO DO TRABALHO

Brasil – Estado Democrático de Direito. O papel do pluralismo político e da liberdade


de associação na formação deste conceito.
Estado:
A expressão “Estado” somente passou a ser empregada tecnicamente como unidade de soberania após a
publicação de O Príncipe (1513), de Niccoló Machiavelli.
É uma sociedade política, organizada juridicamente, com objetivo de alcançar o bem comum.
O Estado é composto pelos elementos população e territórios (elementos matérias), ordenamento jurídico
e poder (elementos formais) e bem comum (elemento final).

Estado de Direito:
O Estado de Direito surgiu como expressão política do liberalismo econômico. Tinha como características
básicas a submissão de todos à lei, a divisão dos poderes e o enunciado e garantia dos direitos
fundamentais. As revoluções das colônias americanas e a Revolução Francesa tiveram a mesma
motivação: o descontentamento contra um poder que atuava sem lei nem regras (o poder despótico, na
caracterização de Montesquieu). Dessa forma, estes movimentos tiveram como uma das principais
propostas o estabelecimento de um governo de leis e não de homens, surgindo então o Estado de Direito.
A Constituição:
O Estado de Direito significa que o poder político está preso e subordinado a um direito objetivo, que
exprime o justo. A Constituição é o principal documento escrito de organização e limitação do poder. Por
meio dela busca-se instituir o governo não arbitrário, organizado segundo normas que não podem ser
alteradas e limitado pelo respeito devido aos direitos do homem. A Declaração dos Direitos do Homem de
1789 exprime essa idéia no seu art. 16: .A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos
(fundamentais) nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
A Constituição Federal e o Estado Democrático de Direito.
O Estado Democrático de Direito reúne os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito. O
Estado Democrático funda-se no princípio da soberania popular, que impõe a efetiva participação do povo
na coisa pública.
A Constituição Federal, no seu preâmbulo, institui o estado democrático brasileiro quando afirma:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
A formação da Assembléia Nacional Constituinte, com a finalidade de instituir o estado democrático no
país já determina o seu objetivo e firma as bases desta democracia nascente através dos fundamentos e
objetivos da República elencados nos seus artigos 1º, 3º e 4º. Destaca a necessidade de construir uma
sociedade livre, sem pobreza, pacífica com redução das desigualdades sociais com fundamento na
soberania, cidadania, nos valores sociais do trabalho, etc. Esta Constituição, de 1988, foi a primeira a
tratar dos direitos sociais e direitos humanos de forma tão completa, mas que são os direitos mais difíceis
de serem implantados. Esta preocupação justificava-se em função do regime militar e do autoritarismo,
vivido anteriormente.
O estado democrático de direito, nasce por vontade da sociedade, regido por uma Constituição, sendo esta
o somatório dos valores que compõem o Estado.
O Estado Democrático, o pluralismo político e a liberdade de associação.
A Constituição Federal, instituidora do estado democrático de direiro, tem como fundamentos, elencados
no artigo 1º, a soberania, a cidadania ( direito de ter direito - direito do homem), os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político ( todo poder emana do povo, exercido por seus
representantes). Optou-se, desta forma, por uma democracia participativa e, pela primeira vez, a
Constituição Federal inicia-se pelos direitos fundamentais que podem ser classificados como:
1)direitos de primeira geração: os direitos de liberdade, como por exemplo, a liberdade de consciência, de
propriedade, de manifestação do pensamento, de associação, etc;
2)direitos de segunda geração: os direitos de participação política, tais como a igualdade de sufrágio, o
direito de voto e de elegibilidade, o direito de petição, entre outros;
3)direitos de terceira geração: os direitos sociais, que abrangem os direitos de natureza econômica, como
por exemplo, o direito ao trabalho, de assistência à saúde, à educação, etc;
4) os direitos de quarta geração: o direito à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida.
A liberdade de associação permite a mudança social, através de novas idéias, que poderão dar origem a
novas leis, para tanto é classificado como direito de primeira geração. Desta forma, a liberdade de
associação está intimamente ligada ao pluralismo político, na medida que, através dos representantes
eleitos possibilita a evolução social.
A liberdade de associação, observado o previsto no artigo 5º, da Constituição Federal, abaixo, pode ter
fins religiosos, profissionais, sociais, etc. No ramo trabalhista relaciona-se com o artigo 8º, que trata da
organização sindical.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

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