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techne
ARTIGO
Pontes
apoio madeira-
IPT concreto
Edição 126 ano 15 setembro de 2007 R$ 23,00
■ Rodoanel Mário Covas ■ Projeto de rodovias ■ Arco Metropolitano do Rio ■ Drenagem ■ Pavimento ecológico ■ Pontes de madeira
ESPECIAL RODOVIAS
Planejamento e projeto
Como manter a pista seca
Arco Rodoviário do Rio
Pavimento com entulho
e asfalto-borracha
Entrevista: diretor da Dersa
Mauá (Grande
São Paulo)
00126
Trecho Sul
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0
ISSN 0104-1053
do Rodoanel
Obra na Grande São Paulo terá ponte de 1,8 km
com vãos de 100 m sobre a represa Guarapiranga
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SUMÁRIO
CAPA
38 Ligação rodoviária
Obras do segundo trecho do Rodoanel já
começaram. Rio de Janeiro também
ganha projeto de um Arco Viário
64 ARTIGO
Aumento da capacidade de carga
Fotos: Marcelo Scandaroli
de pontes de madeira
Pesquisadores mostram técnica que
combina reforço com madeira
e concreto
78 COMO CONSTRUIR
Pavimento ecológico
32 PROJETO Uma nova técnica permite utilizar
Rota planejada entulho e pneus velhos para fazer
Saiba tudo que é preciso fazer antes de pavimentos
executar uma rodovia
46 DRENAGEM SEÇÕES
Pista seca Editorial 4
É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Alternativas aos impasses ambientais
VEJA EM AU
telejornal de maior audiência do País, o Jornal Nacional,
O trazia uma imagem inusitada há cerca de um ano. O
repórter Renato Biazzi agachava-se para facilmente arrancar,
com as mãos, pedaços de asfalto de uma rodovia no interior do
Mato Grosso. Uma série de reportagens da Rede Globo
apresentava o estado de algumas estradas recentemente Casa Pouso Alto
recapeadas. Tratava-se de uma crítica ao plano de recuperação Lei Cidade Limpa (SP)
João Walter Toscano
de rodovias federais, que ficou conhecido como Operação Tapa- Swiss Residence
Buracos e classificado por muitos como uma ação eleitoreira às
vésperas do pleito presidencial. Esta edição mostra o quão VEJA EM
CONSTRUÇÃO MERCADO
complexo se constitui um projeto de rodovia – o traçado, o
sistema de drenagem, as questões ambientais, a segurança e a
manutenção. Apresenta também um exemplo real de tal
complexidade: o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, na
Grande São Paulo. Com 61,4 km de extensão, deve consumir
investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões, o que inclui, além da
construção da rodovia, desapropriações, reassentamentos e
Norma de Desempenho
compensações ambientais. Neste aspecto, evidencia como é Patrimônio Afetação x SPE
intrincada a legislação que, acertadamente ou não, tem barrado Oportunidades imobiliárias
Super Simples
importantes obras de infra-estrutura. Cabe aqui um alerta: é
hora de oferecer respostas rápidas, como foi o caso da pista de VEJA EM EQUIPE DE OBRA
descida da rodovia dos Imigrantes que, apesar de cruzar a Serra
do Mar, teve um impacto 40 vezes menor do que o da primeira
pista. Considerando que parte significativa do Programa de
Aceleração do Crescimento (11,5%) é destinada a investimentos
em transportes, o meio técnico deve lutar para que tais obras
não emperrem por falta de alternativas aos impasses ambientais.
Entretanto, deve-se criticar "remendos", o uso de materiais de Telhas de concreto
má qualidade, pressa eleitoral e toda solução que não leve em Pisos vinílicos
Reparo de trincas e fissuras
conta a durabilidade e, mais do que nunca, a sustentabilidade. Consumo de tintas
´
techne
Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
TCPO e atendimento ao assinante Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
Segunda a sexta das 9h às 18h
Diretor Geral
Ademir Pautasso Nunes
4001-6400
principais cidades*
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
Revestimentos de piso
Veja na versão online da reportagem "Revestimento certo", sobre especificação de
Fórum Téchne
revestimentos de piso, as seguintes tabelas complementares: absorção de água, Os softwares de cálculo
resistência mecânica e classes de resistência ao manchamento de pisos cerâmicos; banalizaram os projetos de
cargas mínimas de ruptura e principais tipos de pedras naturais. estruturas e prejudicaram
profissionais experientes?
Natália Yudenich/Shutterstock
ÁREA CONSTRUÍDA
Seminário discute informática em cálculo estrutural
A PINI promoveu em agosto uma pa- jeto pelo engenheiro estrutural são por exemplo, que, se o vento aplicar
lestra sobre a aplicação de sistemas in- fundamentais", lembra Nelson Covas, uma força F sobre uma estrutura, ela
formáticos no cálculo de estruturas de da TQS Informática. Para Alio Ernesto sofrerá uma deformação D. No entan-
concreto armado. Além de mostrar a Kimura – autor do livro "Informática to, uma ação 2F não implica uma de-
evolução histórica das ferramentas aplicada em estruturas de concreto ar- formação 2D. Além disso, essa defor-
dos engenheiros estruturais – das ré- mado – Cálculo de edifícios com o uso mação acarreta mudanças no equilí-
guas de cálculos aos modernos com- de sistemas computacionais", editado brio estático do edifício.É a isso que ele
putadores – nas últimas duas décadas, pela PINI –, os engenheiros devem deve estar atento", lembra Kimura. A
o evento mostrou o enxugamento dos ficar atentos aos detalhes de projeto palestra ocorreu durante o Concrete
escritórios, com a extinção de cargos e apresentados pelas máquinas. "A Show 2007,realizado pela primeira vez
a concentração de tarefas nos profis- maior parte dos erros de projeto se dá no Brasil, em São Paulo.A feira contou
sionais restantes. Entre os palestran- por distração na verificação de erros com a participação de 165 expositores
tes,existe o consenso de que os softwa- de grandeza", explica Kimura. Para ele, e foi visitada por dez mil profissionais
res de cálculo estrutural não substi- é preciso que os profissionais saiam ligados à construção civil brasileira. A
tuem o trabalho de engenharia. "Ele só das escolas de engenharia entendendo organização do evento estima que os
realiza relatórios, cálculos, e faz um os conceitos envolvidos nos cálculos negócios iniciados na feira gerem o
desenho parecido com o projeto final. de estrutura, a parte matemática fica valor relativo a até cinco meses de fatu-
Mas a verificação e adequação do pro- para o computador. "Ele deve saber, ramento das empresas expositoras.
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Arcelor Mittal
to de escória de aciaria – utilizada no do IBS (Instituto Brasileiro de Siderur-
processo de produção do aço – em base gia). Segundo o DNIT, está em curso
e sub-base de rodovias. A técnica trará uma parceria semelhante com uma si-
vantagens principalmente em locais derúrgica no Estado de São Paulo, e os quisas com a escória estarem em curso
próximos às usinas siderúrgicas, dimi- estudos devem começar nos próximos apenas agora no Brasil, os Estados Uni-
nuindo os custos das obras. Reduzirá, meses.No entanto,para ser aproveitado dos, segundo o IPR, reutilizam cerca de
também, a necessidade de exploração em larga escala na pavimentação das ro- 7,5 milhões de t/ano de escória. Na Eu-
de pedreiras nessas regiões. Segundo o dovias, o produto deve ser aprovado ropa, são 12 milhões de t/ano e, no
coordenador do IPR (Instituto de Pes- pelo colegiado técnico do DNIT e ser Japão, o uso da escória já está normati-
quisas Rodoviárias do DNIT), Chequer especificado pelo IPR.Apesar de as pes- zado desde 1979.
ÁREA CONSTRUÍDA
ÍNDICES
Preços sob Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
controle 35
Alta acumulada em 12 meses é inferior à IPCE materiais
do IGP-M 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
IPCE (Índice PINI de Custos de
O Edificações da Região Metropoli-
tana de São Paulo), que mede a variação
25
20
do custo global de construção, encerrou
o mês de agosto com alta de 0,12%. A
15
inflação registrada pelo IGP-M foi bem
além: 0,98% segundo a Fundação Ge-
túlio Vargas. 10 8,48 8
8 8 7
Entre os produtos que sofreram 7,24 7 7 7 7 6 6 6 6 6
5 5 5
5 6,12 6 6 6 6 6 6 6 4 5,82
alta, destaca-se o cimento. O saco de 6 5 5 5 3 3
5 3,41
50 kg do CP II passou de R$ 13,15 para 1 1
0,82
R$ 13,53, o equivalente a 2,81%. Alta 0
Ago/06 Out Dez Fev Abr Jun Ago/07
ainda maior foi registrada nos preços
da areia média lavada (4,73%) e do la-
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
vatório de louça (6,23%). O metro cú-
Mês e Ano IPCE – São Paulo
bico de areia, antes vendido a R$
global materiais mão-de-obra
51,36, pulou para R$ 53,79; a unidade
Ago/06 110.432,28 53.241,52 57.190,76
do lavatório de louça passou de R$
set 110.443,36 53.252,61 57.190,76
30,84 para R$ 32,76.
out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
Os preços da chapa compensada
nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
resinada e da porta lisa de madeira
dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
apresentaram discreta variação; os da
jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
cal hidratada e da pedra britada per-
fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
maneceram estáveis. A maior deflação
mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
foi registrada no preço do tubo soldá-
abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
vel de cobre, cujo metro era vendido
mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
em julho a R$ 16,01, passando em
jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
agosto para R$ 15,08 (5,81%). Apesar
jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
das altas, a variação do IPCE nos últi-
Ago/07 114.197,13 53.679,42 60.517,71
mos 12 meses foi de 3,41%, contra
Variações % referente ao último mês
4,63% registrado pelo IGP-M.
mês 0,12 0,25 0,00
acumulado no ano 2,87 -0,26 5,82
acumulado em 12 meses 3,41 0,82 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com
IPT RESPONDE
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Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.
Sifões
O projetista hidráulico responsável Devem ter uma altura de fecho hí-
pelas instalações da obra da minha drico mínima de 50 mm
residência informou-me que foi abolido Devem possuir um ponto acessível
o uso de sifão nas pias de banheiro. para sua limpeza
Isso é verdade? Vocês poderiam Divulgação Amanco Indicamos, entre outros, os seguin-
indicar-me um manual sobre hidráulica tes manuais para instalações prediais
residencial básica, para que eu não de esgoto:
tenha transtornos no futuro? Instalações Prediais Hidráulico Sani-
Cidnéia Azevedo tárias, de Ruth Silveira Borges, Edito-
por e-mail ra PINI
Instalações Hidráulicas Prediais, de
A dispensa de uso de sifões em pias e Manoel Henrique Campos Botelho,
demais aparelhos sanitários de ba- Editora Siciliano
nheiros, cozinhas, áreas de serviço e Manual de Hidráulica, de Azevedo
outros ambientes dos edifícios ainda Neto, Edgard Blücher Editora
não foi normalizada nem admitida apresentam odor desagradável. Os si- Instalações Hidráulicas e Sanitárias,
nos códigos sanitários nacionais. Os fões adequados para esse fim devem de Macintyre, LTC Livros Técnicos e
sifões são necessários para impedir possuir as seguintes características: Cientificos Ltda.
que haja retorno de gases existentes Sejam autolimpantes (self-cleaning) Adilson Lourenço Rocha
nas tubulações das instalações pre- Possuam superfícies interiores lisas Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento
diais de esgoto, que usualmente Não devem apresentar partes móveis Cetac (Centro Tecnológico do Ambiente Construído)
Vedação de ralos
Como eliminar o mau cheiro que sobe acima das testeiras das janelas mais gases gerados nos esgotos e, quando
dos ralos e encanamentos? elevadas de um edifício. Para que fi- não, até a baratas. Para evitar tal in-
Jeferson Roque quem contidos nas instalações infe- conveniente, recomenda-se vedar
São Paulo riores (tubulações enterradas etc.), adequadamente (com tampas apro-
por e-mail deve-se selar adequadamente tam- priadas ou panos sob contrapesos)
pas de caixas de inspeção, caixas de ralos de pias, ralos nos pisos, saídas
Os gases com mau odor gerados nos gordura e outras. Os ralos dos ra- de bacias sanitárias etc. Finalmente,
esgotos (gás sulfídrico), devem ser mais de esgoto devem apresentar por falha no projeto de instalação, o
contidos nas próprias tubulações de desconectores (sifões), com fecho selo hídrico pode ser removido por re-
esgoto ou serem lançados na atmos- hídrico nunca inferior a 5 cm. No trossifonagem, o que também viria a
fera em grandes alturas. Assim, as caso da falta de uso prolongado das causar mau cheiro.
saídas das tubulações de ventilação instalações, férias escolares por Ercio Thomaz
dos esgotos devem situar-se acima exemplo, a água do fecho hídrico Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
dos telhados e, no mínimo 1 m pode evaporar, dando passagem aos Construído)
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CARREIRA
A especialização profissional de
Antônio Arnaldo veio na prática,
Dez perguntas para Antônio de Queiroz conforme conta, ao participar da
1 Obras marcantes das quais 6 Melhor instituição de ensino construção da Linha 1 do Metrô, por
participou: Linha 1 do Metrô da engenharia: Escola ele considerada seu curso de pós-
paulistano, gerenciamento de mais Politécnica da Universidade graduação em Engenharia. "Passa-
de 100 mil unidades habitacionais, de São Paulo mos na rua Boa Vista com dois tú-
Canal do Trabalhador, no Ceará e, neis de 6 m de diâmetro cada, um
recentemente, da ponte estaiada da 7 Conselho ao jovem sobre o outro, a poucos metros de
Marginal Pinheiros profissional: estudar sempre, fundações de edifícios antigos, com
mas ficar menos no carpete e no os conhecimentos e equipamentos
2 Obras significativas da computador. O engenheiro que de 35 anos atrás", conta.
engenharia brasileira: as usinas pretende ser completo não pode Também foi significativo o
hidrelétricas, os metrôs e as deixar de ir ao campo, amassar acompanhamento semanal, in loco,
grandes rodovias, além da barro, para acompanhar as obras, do então prefeito da cidade, José
industrialização ocorrida em todo e também viver os nossos Carlos de Figueiredo Ferraz. A equi-
o País nos últimos 50 anos problemas sociais pe da qual participou permaneceu
por três gestões, tendo ele participa-
3 Realização profissional: sou um 8 Principal avanço tecnológico do, juntamente com outros seis cole-
profissional privilegiado pelas recente: os da informática, com gas e liderados por Plínio Assmann,
oportunidades que apareceram um instrumental que nem da escolha do local para implantação
durante toda minha carreira imaginávamos há 50 anos, quando do Pátio Itaquera onde antes havia
usávamos réguas de cálculo e uma área de 100 alqueires e hoje há o
4 Mestres: os ‘monstros sagrados’ da máquinas de calcular à manivela Centro Novo de Itaquera.
Poli, entre eles os professores Luis De 1979, ano que deixou o
Cintra do Prado, Telêmaco H. M. V. 9 Indicação de livro: A Capital da Metrô, até 1984, voltou à indústria,
Langendonck, José Octávio de Solidão, de Roberto Pompeu de num cenário bastante diferente do
Camargo, Moacir Cruz e Augusto Toledo, sobre a história da cidade vivenciado da primeira vez, para
Carlos de Vasconcelos, hoje com 84 de São Paulo, que merece ser exercer as funções na área de Recur-
anos, ainda ativo, querido paraninfo conhecida por quem mora e sos Humanos. "Em 20 anos a indús-
da nossa turma trabalha aqui tria brasileira evoluiu muito", atesta.
Em 1975 participou de um grupo de
5 Por que escolheu ser 10 Um mal da engenharia: 40 pessoas, a maioria engenheiros
engenheiro: facilidade com as encarar a profissão como com experiência em gerenciamento
ciências exatas no colégio, vontade meramente técnica, enquanto o de empreendimentos, da fundação
de participar de grandes obras e profissional tem a oportunidade da Ductor Implantação de Projetos.
pouco interesse pelas outras opções de interferir na qualidade de A empresa executou mais de 200
de carreira existentes na época vida das pessoas contratos. Outro feito significativo
foi o gerenciamento da construção
do Canal do Trabalhador, que leva
Bastante próximo de Covas – joga- A passagem por diversas indústrias água do rio Jaguaribe para Fortaleza.
vam futebol no mesmo time da facul- reflete o contexto político e econômi- Com 100 km de extensão e desnível
dade – foi convidado para ser secretário co. "Quando saí da faculdade o Brasil total de apenas 6 m – 60 cm a cada 10
municipal de vias públicas entre 1984 e passava por uma grande mudança", km – foi executado em 90 dias, com
1985, quando o primeiro foi prefeito. explica. "A sede por profissionais era apoio do Governo do Ceará e das
Com funções semelhantes às exercidas tão grande que minha geração foi Forças Armadas, e evitou que faltasse
atualmente, respondia também pela muito privilegiada. Tanto que a maio- água naquela capital.
iluminação pública. Nesse período ria de nós nunca ficou desempregada", Desse exemplo extrai os aspectos
foram pavimentadas quatro mil ruas, conta ao falar da formação de um país da profissão que extrapolam a técni-
10% do total da cidade à época. Para industrializado e da construção de ca, influenciando diretamente ques-
acumular competências necessárias ao Brasília que nos permitiu sair da faixa tões sociais e urbanas. "Vivemos num
cargo trabalhou antes na CSN (Com- litorânea e ocupar todo o País. O cená- contexto político amplo em que o en-
panhia Siderúrgica Nacional), na Co- rio levou vários colegas de turma pelo genheiro tem cada vez mais que cola-
brasma, na Cinasa (Construção Indus- mesmo caminho, mesmo porque fal- borar", pontua comentando aborda-
trializada Nacional), no Metrô, nas In- tava um curso específico para forma- gens mais restritas e corriqueiras.
dústrias Villares e na Sharp. ção de engenheiros industriais. Bruno Loturco
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MELHORES PRÁTICAS
Ar-condicionado central
A correta instalação garante não apenas a eficiência energética, mas a durabilidade
de componentes próximos, como instalações elétricas e forros de gesso
Isolamento térmico
O isolamento térmico das tubulações
frigoríficas deverá abranger toda a sua
extensão, não deixando trechos aparentes,
de forma a evitar perdas energéticas.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Alinhamento
Redes de dutos e tubulações
deverão ser montadas alinhadas,
distribuindo-se uniformemente
sua carga entre os suportes, de
forma a evitar torções e esforços
adicionais, quando em operação.
Amortecimento
Os equipamentos deverão ser
Colaboração: Abrava; Engenheiro Osvaldo Alves Junior, da Masterplan Engenharia Associados; Servtec
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melhores praticas 126.qxd 5/9/2007 11:44 Page 21
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ENTREVISTA
Desenvolvimento viário
Diretor da Dersa diz que trecho Sul do Rodoanel é estratégico para
o desenvolvimento nacional, por isso dificuldades extrapolam
campo da engenharia
Marcelo Scandaroli
PAULO VIEIRA DE SOUZA
Sob sua responsabilidade está a
execução de todo o Trecho Sul do
Rodoanel Mário Covas, em São Paulo.
É diretor de Engenharia da Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e
coordenador do Grupo Executivo da
Secretaria de Estado dos Transportes.
Tendo participado dos convênios e
modelagens envolvendo o Complexo
Viário Jacu–Pêssego, as avenidas dos
Bandeirantes e Roberto Marinho, o
Corredor Expresso Tiradentes e as
Marginais Pinheiros e Tietê, foi
também Diretor de Custo e
inda em fase de terraplenagem – as da licença ambiental Prioridade "A",
Planejamento Executivo da
Companhia do Metropolitano de São
Paulo e Coordenador do Grupo
A frentes de obra partiram apenas no
último dia 28 de maio – o Trecho Sul do
que representa uma extensão pouco
significativa em relação às Prioridades
Executivo da Secretaria de Estado Rodoanel se estende por 61,4 km, atra- "B", recém-emitida, e "C", em anda-
dos Transportes Metropolitanos. vessa sete municípios, cruza duas re- mento. Atualmente, envolta por um re-
Graduado em Matemática e presas e tem um orçamento de R$ 3,6 novado espírito empreendedor e com
Engenharia Civil pela Universidade bilhões. Ainda assim, de acordo com o foco no prazo, a Dersa (Desenvolvi-
Municipal de Taubaté, foi sócio e próprio diretor de engenharia respon- mento Rodoviário S.A.) se volta à exe-
diretor da BRR – Engenharia e sável por todo o empreendimento, o cução dessa obra, ponto vital do siste-
Construções e da Souza Millen – maior desafio da obra não é técnico. ma interligado de transporte não só do
Gerenciamento, Planejamento, Obviamente, há complicações severas Município ou do Estado, mas de todo o
Engenharia e Construções. principalmente no trecho de serra, nos País, por facilitar a ligação do Centro-
trevos de acesso às rodovias dos Imi- Oeste com o litoral. Para tanto, toda a
grantes e Anchieta, mas nada que bom empresa foi reestruturada para otimi-
planejamento, com eficaz gerencia- zar a administração, integrar departa-
mento de projetos, e execução compe- mentos e compatibilizar processos de
tente não resolvam. E é justamente nos decisão entre as mais variadas esferas.
aspectos logísticos e de gerenciamento Paulo Vieira de Souza fala sobre ques-
que o Rodoanel revela suas complexi- tões de engenharia que extrapolam a
dades. Antes de se tornar prioridade técnica, o posicionamento estratégico
dos governos estadual e federal, o tre- da Dersa e a necessária sinergia entre
cho esperou por quatro anos a emissão departamentos e profissionais.
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ENTREVISTA
Além de processos, é importante propriação e Reassentamento) [grupo ções conjuntas por profissionais da
gerenciar bem as pessoas para que que reúne as diretorias envolvidas] é iti- empresa, promovendo a convergência
uma obra desse porte se realize? nerante para ir à obra, ver problemas, de idéias divulgando todas as decisões,
É uma postura da direção com relação receber reclamações e dar soluções. sendo cada profissional responsável
a um objetivo único, pois o otimista pela solução final de cada assunto.
torce e espera que os problemas sejam O Rodoanel parece mais complexo sob Dessa forma funcionam as reuniões
resolvidos, enquanto o entusiasta vai qualquer outro ponto de vista do que intituladas MAI-CADER, na qual a
atrás das soluções e resolve os proble- do da engenharia, da execução em si. ausência de um profissional resulta em
mas. Uma das formas de criar o entu- O Brasil é expert em obras-de-arte. A problemas para a sinergia. A liberação
siasmo entre os profissionais envolvi- Dersa já fez quilômetros e mais quilô- da execução é que é o pulo do gato,
dos é levá-los ao canteiro. O dinheiro metros de estradas com a participação nada acontece até lá.
mais bem gasto pela companhia é o das melhores empresas nacionais que
que faz com que os profissionais co- participam de obras internacionais. Pode ser um gargalo para a execução
nheçam o empreendimento do qual Nunca ninguém duvidou que a enge- e o prazo?
participam. Não só o Rodoanel, mas a nharia seria feita. A possibilidade de li- O andamento físico e financeiro da
Bandeirantes, a Jacu–Pêssego. Mesmo berar frentes de obra em um prazo exí- obra é avaliado contratualmente a
os governantes têm dificuldade de ver guo é que é novidade. Por isso quem cada três meses, e equacionado dentro
uma planta, mas quando vão à obra gerencia é a Dersa e não uma empresa dos resultados com ampliação ou re-
passam a entender. contratada, pois haveria dificuldades dução dos valores a serem pagos, como
em reconhecimento, por parte dos já ocorrido. Nessa fase inicial do em-
Os diretores também vão ao canteiro? profissionais, de uma liderança impos- preendimento, tivemos um ritmo in-
Tanto a diretoria da empresa, como ta e não reconhecida a partir da dedica- tenso de trabalho com todos os envol-
todos os funcionários nos diversos ní- ção ao mesmo objetivo comum. vidos, muita presteza e eficácia, pois
veis hierárquicos, participam de visitas todos sabemos que trabalhando de
quinzenais aos canteiros de obras. O A gestão dos processos e pessoas forma correta e transparente tudo dará
MAI-CADER (Meio Ambiente, Inter- merece atenção especial, então? certo com relação à qualidade de exe-
ferências, Cadastro, Avaliação, Desa- O que fazemos é divulgar as informa- cução e o prazo de entrega.
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ENTREVISTA
TÉCNICA E AMBIENTE
Asfalto com pneus
Adição de borracha ao ligante asfáltico otimiza desempenho do pavimento
or enfrentar o tráfego diário de mais gante asfáltico, com alto grau de resis- seja, a quantidade de borracha utiliza-
P de 1.500 ônibus, além de milhares
de automóveis, o pavimento asfáltico da
tência e elasticidade, revestimentos dre-
nantes, camadas intermediárias de ab-
da é de cerca de 28 kg/m3 de CBUQ.
Antes de alcançar as proporções
Cidade Universitária da Ilha do Fundão, sorção de tensões, camadas anti-re- ideais para cada situação, os pesquisa-
no Rio de Janeiro, estava apresentando flexão de trincas, dentre outros. É tam- dores da Coppe testaram em torno de
patologias, principalmente trincas em bém ambientalmente interessante pelo 20 misturas diferentes.A definição pelo
excesso. Para resolver o problema, o pa- fato de que 95% do volume de uma mis- tipo de mistura para cada trecho obe-
vimento foi substituído, em maio últi- tura asfáltica é constituído por pedra, deceu ao fluxo de veículos do local, e o
mo, por outro com maior resistência à com os demais 5% representados pelo processamento do asfalto se deu na
intensidade de tráfego.A propriedade foi asfalto extraído do petróleo. usina da Craft, parceira da Coppe no
alcançada com o aumento da flexibilida- Apesar dos ganhos já citados e dos desenvolvimento de novas técnicas de
de do asfalto por meio da adição de polí- inúmeros ensaios realizados em labo- pavimentação. Para a usinagem, em
meros e borracha ao ligante, o que tam- ratório, havia dúvidas com relação ao temperatura superior à do asfalto con-
bém alongou sua vida útil. comportamento do material quando vencional, foi utilizado tanque de ar-
Na prática, foi adicionado pó de submetido a condições reais de solici- mazenamento dotado de agitador,
borracha de pneus moídos no traço do tação. A massa asfáltica, fornecida para que não ocorresse sedimentação
asfalto aplicado nas vias. "A idéia tem pela Petrobras, apresenta um teor de das partículas no fundo, com segrega-
caráter ambiental, pois resolve parte do ligante de 5,5%, equilibrando o risco ção do ligante.
passivo ambiental, e também caráter de fissuramento com o de exsudação Quando da aplicação, embora reali-
técnico", explica Demétrio Perez Jú- por excesso de ligante, conforme ex- zada com maquinário e metodologia
nior, da Craft Engenharia, responsável plica o engenheiro Marcos Antonio semelhantes às dos asfaltos convencio-
pela execução dos trabalhos. A afirma- Fritzen, da Coppe (Coordenação dos nais, foi necessário cuidado maior
ção diz respeito aos benefícios da adi- Programas de Pós-graduação de En- quanto à temperatura de aplicação, pois
ção de látex e outros componentes, genharia da Universidade Federal do esse tipo de mistura esfria mais rapida-
como polímeros, ao CBUQ (Concreto Rio de Janeiro). mente que a convencional. A manuten-
Betuminoso Usinado a Quente). O traço de asfalto utilizado é simi- ção do pavimento acabado se deu da
As vantagens do asfalto-borracha lar ao convencional acrescido de apro- mesma maneira que a de pavimentos
são visíveis nos casos em que é necessá- ximadamente 20% de borracha prove- convencionais.De acordo com a empre-
rio obter desempenho superior do li- niente de pneus no ligante (CAP). Ou sa executora, a solução pode ser adotada
em qualquer tipo de pavimento em
CBUQ, dependendo apenas do dimen-
Craft Engenharia
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SEMINÁRIO
Soluções estruturais
Seminário Tecnologias de Estruturas apresenta as soluções encontradas para
os desafios em obras do Rio de Janeiro e de São Paulo
Divulgação SindusCon-SP
estruturas de algumas das obras
executadas no País recentemente. Só
no Rio de Janeiro dois desafios foram
postos à prova dos engenheiros estru-
turais. Na Tijuca, próximo ao estádio
do Maracanã, a ampliação de um
Shopping Center subsolo abaixo pre-
cisou ser realizada com as lojas fun-
cionando, em operação que envolveu
ainda o reforço do alicerce já existen-
te. Na Ilha do Fundão, o novo Centro
de Pesquisas da Petrobras, projetado
pelo arquiteto Siegbert Zanettini,
exige fiscalização rigorosa das peças
metálicas produzidas na indústria. Ao
chegar ao canteiro, as peças serão ape-
nas montadas, de forma a se conse-
guir a construção "limpa" pretendida
pela contratante. Na obra dos viadu- dinâmica das Construções) da dicato da Indústria da Construção
tos estaiados do Complexo Viário Jor- UFRGS (Universidade Federal do Rio Civil do Estado de São Paulo), realiza-
nalista Roberto Marinho, modelos Grande do Sul). Os cases foram apre- do em setembro no Concrete Show,
foram levados para ensaios aerodinâ- sentados no 9o Seminário Tecnologia em São Paulo.
micos no LAC (Laboratório de Aero- de Estruturas do SindusCon-SP (Sin- Renato Faria
Menos vibrações
Divulgação LAC-UFRGS
Imagens: Zanettini arquitetura
Divulgação LAC-UFRGS
e transportar parte da estrutura e ampliar
o espaço de trabalho", explica Zanettini.
O concreto foi empregado apenas em alguns
Estrutura versátil pilares de apoio, canaletas e nas fundações.
A Petrobras contratou o escritório do O emprego do aço permitirá, também,
arquiteto Siegbert Zanettini para coordenar a manutenção da limpeza do canteiro, que
a ampliação de seu Cenpes (Centro de é concebido desde o início como um local
Pesquisas) na Ilha do Fundão, na cidade do apenas de montagem da estrutura, não de
Rio de Janeiro. O complexo terá um bloco construção. Exemplo disso é a execução da
de auditórios, salas de reuniões, estrutura do CRV (Centro de Realidade
lanchonetes; um eixo central com módulos Virtual), uma geodésica a ser executada com Para assegurar a estabilidade estrutural
que abrigarão laboratórios de pesquisa; chapas metálicas recobertas com fibra de do complexo de viadutos estaiados que
restaurante e um centro de realidade vidro. "As peças metálicas são fabricadas e liga a avenida Jornalista Roberto Marinho
virtual, entre outros. O edifício principal, transportadas para a fábrica de fibra de à Marginal Pinheiros, em São Paulo, a
que se estende na direção norte-sul, possui vidro, onde as peças são fundidas. Dali, são construtora OAS recorreu a testes no
cobertura projetada em formato de arco, transportadas pré-montadas para o canteiro, moderno túnel de vento do Laboratório de
com abertura voltada para o mar. Isso onde finalmente são fixadas", explica Aerodinâmica das Construções da UFRGS.
permitirá o aproveitamento da ventilação Zanettini. "A execução no canteiro seria Os ensaios foram aplicados a cada
de forma a melhorar o desempenho muito difícil, ela deve ser feita na indústria. elemento separadamente – ao mastro
térmico e reduzir o consumo com ar- Portanto, nosso maior trabalho não é tanto principal, que suporta os estais, e ao
condicionado no interior do edifício. fiscalizar a obra, mas os protótipos criados tabuleiro por onde circularão os
A estrutura é predominantemente em aço, na indústria." automóveis – e ao conjunto todo,
simulando as condições reais de serviço.
Segundo o diretor do laboratório, o
professor Acir Mércio Loredo-Souza, os
ensaios verificaram as forças e pressões
eram muito curtas, seus comprimentos que dispensa a injeção de água, que poderia exercidas pela ação do vento sobre os
chegavam a apenas 9,4 m do nível da rua – danificar a fundação já existente. Feito isso, elementos e a velocidade crítica para
a criação de um novo pavimento exigia rebaixaram o lençol freático, concretaram as desprendimento de vórtices e flutter –
escavações até o nível 7,0 m. Cientes disso, cortinas atirantadas da periferia e revestiram ressonância entre as freqüências de
os engenheiros deram início ao primeiro parte das estacas Franki expostas. Com o vibração da ponte e do vento. Loredo-
lance de escavações, até a cota -4,5 m, nível ambiente seguro, partiram para o novo lance Souza conta que, para reduzir esses
do lençol freático.Ali, modelaram blocos de escavações, até o nível -7,0 m.Ali foram efeitos, molas amortecedoras podem
de reforço para as estacas mais curtas e moldados os últimos blocos e cravadas as ser embutidas no tabuleiro e dispositivos
cravaram novas estacas, até a cota -21,0 m, últimas estacas Hollow-Auger.A laje do aerodinâmicos fixados em suas laterais
pelo processo Hollow-Auger. Trata-se de último nível – dimensionado de forma a para facilitar o fluxo do vento incidente
uma espécie de estaca-raiz, que pode ser suportar a pressão negativa exercida pela na ponte e garantir a segurança
usada em locais com baixo pé-direito, mas água – foi armada e concretada. estrutural do conjunto.
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PROJETO
Rota planejada
Teoria e tecnologia aliadas garantem a construção de rodovias duráveis e mais
seguras. Veja as soluções disponíveis para a construção de estradas
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PROJETO
Defeitos de traçado
Os manuais dos órgãos responsáveis pelas As ilustrações abaixo mostram os erros
Início da curva horizontal
estradas de rodagem federais e estaduais a serem evitados nos traçados da rodovia,
na área convexa
trazem uma série de recomendações para segundo manual do DER-SC
a concepção geométrica das vias. (Departamento de Estradas de Rodagem). Em planta
Mergulho em tangente Salto
Em planta Em planta Em perfil
Em perfil
Em perfil
Em perspectiva
Em perspectiva Em perspectiva
Ondulações na curva
Em planta
Mergulho profundo Mergulho em curva
Em planta Em planta
Em perfil
Em perfil
Em perfil
Em perspectiva
Em perspectiva
Em perspectiva
cação, concorrem ainda com a condi- diminuição da velocidade média dos do Departamento de Engenharia de
cionante principal do projeto: a neces- veículos ao passarem pelo trecho", afir- Produção e Transportes da UFRGS
sidade de que a segunda pista esteja ma César Augusto Santos, supervisor (Universidade Federal do Rio Grande
próxima da pista original. de estudos, projetos e meio ambiente do Sul). Passando essa fase, pode-se
Na duplicação da BR-101 Sul,entre do DNIT-SC.Com isso,de acordo com proceder aos estudos mais detalhados
Florianópolis e Osório (RS), um dos o engenheiro, deve haver economia do da via, à solicitação das licenças prévia e
trechos originais passa por uma região consumo de combustível pelos veícu- de instalação, ao EIA-Rima (Estudo de
montanhosa conhecida como Morro los da ordem de 13%. Impacto Ambiental e Relatório de Im-
dos Cavalos,de fauna e flora exuberan- pacto Ambiental) e, posteriormente, à
tes e habitada por índios guaranis. O Projeto final construção da rodovia propriamente
projeto apresentado pelo DNIT (De- Com a diretriz do traçado definida, dita. É quando as diversas equipes de
partamento Nacional de Infra-Estru- parte-se para o anteprojeto, etapa em projetos (terraplenagem, pavimenta-
tura de Transportes) em 1999 procu- que serão esboçados a geometria da via, ção, sinalização) começam a atuar.
rou minimizar a intervenção na região as curvas, os projetos de drenagem. "É Na pavimentação da via, os fatores
com a construção de um túnel para quando se levantam os quantitativos da principais que vão nortear a escolha da
abrigar a nova pista. "Se a construísse- obra e se faz a estimativa de custo, para tecnologia a ser empregada, segundo
mos morro acima, o impacto ambien- apresentar às autoridades e verificar se Liedi Bariani Bernucci, professora do
tal seria muito forte. Haveria também o empreendimento é viável ou não", Departamento de Transportes da Esco-
impacto no tráfego da rodovia, com a explica João Fortini Albano, professor la Politécnica da USP, são o volume de
Sinalização
Sinalizações plásticas aplicadas a frio A espessura seca média é de 0,25 mm. Plástico a frio
e pré-fabricadas fazem companhia Após a pintura, a liberação do tráfego
à sinalização tradicional com pode ocorrer em dez minutos. Apresenta
termoplásticos e tintas acrílicas. As novas melhor resistência à ação de chuva e
tecnologias permitem a aplicação em neblina, e apresenta boa retenção de cor
relevo, funcionando também como e brilho. Apresenta vida útil superior à das
sinalização sonora para veículos. tintas acrílicas à base de solvente.
Sinalização luminosa
Aplicados a quente – entre 180ºC e 200ºC
– por extrusão ou aspersão (também
conhecido como Hot Spray) com 3 mm
e 1,5 mm de espessura, respectivamente.
A via é liberada para o tráfego cinco
minutos após a execução. Utilizados em
Divulgação Sinasc
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PROJETO
Pavimentos
CONCRETO ainda em fase de estudos no Brasil. rejuvenescimento, possui consistência
Diferentemente do Whitetopping fluida e é aplicado normalmente em duas
convencional, a espessura da camada de camadas com espessura variando entre
concreto fica entre 5 cm e 10 cm 1,2 cm e 1,5 cm.
(ultradelgado) e até 20 cm (delgado). O
Divulgação ABCP
tráfego, a disponibilidade de materiais elasticidade e durabilidade. De outro, o ver pesagem e controle adequados dos
na região da obra,além do relevo e clima concreto, pavimentação rígida que veículos pesados que nele trafegam.
locais. "Há regiões em que não existem tende a exigir, no longo prazo, menos Liedi dá um exemplo simples: a carga
pedreiras próximas ou onde o forneci- intervenções para manutenção. "Nós máxima legal por eixo simples de um
mento de cimento não é tão simples", temos, no Brasil, uma cultura de pavi- caminhão é de 10 t.Se ele excede esse li-
lembra a professora. Para tráfego leve, mentação asfáltica. Nossos engenheiros mite em apenas 3 t, o dano causado ao
asfalto é a solução corriqueira; em vias saem das faculdades sabendo projetar pavimento é quase três vezes maior. "A
de tráfego pesado, as alternativas são apenas com esse material", afirma o en- relação não é diretamente proporcio-
duas. De um lado, os asfaltos ganharam genheiro Wlastermiler de Senço. nal, é exponencial", complementa Al-
novos aditivos – como as borrachas e os Mas de nada adianta dimensionar bano, da UFRGS.
polímeros – que lhes garantem maior corretamente o pavimento se não hou- Renato Faria
CAPA
Ligação
rodoviária
Complexo e gigante sob qualquer aspecto,
mbora só esteja tomando forma Trecho Oeste permite acesso às cinco Ayrton Senna e Dutra. Além de Mauá,
E agora, o Rodoanel é fruto de uma
idéia surgida nos anos 1950, quando a
primeiras, além do Trevo Padroeira e
da avenida Raimundo Pereira de Ma-
os municípios de Ribeirão Pires,
Santo André, São Bernardo do
frota automobilística nacional come- galhães. Passa por São Paulo, Embu, Campo, Itapecerica da Serra, Embu e
çou a se formar efetivamente e a tomar Cotia, Barueri, Carapicuíba, Osasco e São Paulo, em seu extremo sul, serão
as vias da cidade de São Paulo. O con- Santana do Parnaíba. cortados pelo trecho. No total, serão
ceito de anel viário resultou na cons- Baseado em conceitos modernos,o 61.460,42 m de vias.
trução das avenidas marginais dos rios projeto do Rodoanel Mário Covas visa Com custo previsto de R$ 3,6 bi-
Pinheiros e Tietê, do Minianel viário e à segurança, com implantação com- lhões,sendo R$ 2,58 bi referentes à obra
do Anel Metropolitano. Devido à sa- pulsória de dispositivos e procedimen- física e o restante a ser destinado a desa-
turação das primeiras e da desconti- tos operacionais que minimizem con- propriações, reassentamentos e com-
nuidade das obras para os anéis, as seqüências de acidentes, especialmente pensações ambientais, o Trecho Sul foi
funções originais acabaram perdidas. com cargas perigosas. Conta com mo- projetado a partir de uma velocidade
Apenas em 1992 surgiu o projeto nitoramento em tempo real por câme- diretriz de 100 km/h. A rampa máxima
embrionário do Rodoanel, em mol- ras de TV e comunicação com os usuá- é de 4% e o raio mínimo é de 375 m
des semelhantes ao atual, com a cons- rios por meio de painéis de mensagens. para as pistas,que,duplas,contarão três
trução do Trecho Oeste iniciada em Rodovias Classe 0 – de elevado padrão e quatro faixas de rolamento por senti-
1998 e finalizada em 2002. O princi- técnico e controle total de acesso – do, a depender do trecho. As faixas
pal objetivo desse grande anel viário é como o Rodoanel apresentam em terão 3,6 m de largura, faixa de segu-
livrar a cidade do tráfego de passa- média índice de acidentes 70% menor rança de 1 m, acostamento de 3 m e
gem, deixando as vias livres para o em relação à Classe I. canteiro central gramado com 11 m de
transporte coletivo e individual. O Trecho Sul, que se conecta ao largura. Está prevista a construção de
Distante entre 20 e 40 km a partir Oeste na altura da Régis Bittencourt, 131 obras-de-arte, entre pontes, viadu-
do marco zero da capital, acompanha a terá 57 km de extensão, passando por tos, passagens superiores e inferiores.
mancha urbana e, finalizado, terá 170 Imigrantes e Anchieta e chegando à Coordenada pela Secretaria de Es-
km de extensão interligando as seguin- avenida Papa João XXIII, em Mauá. tado de Transportes, a obra está sob a
tes rodovias: Régis Bittencourt,Raposo Esta, graças a outros 4,4 km de vias e à responsabilidade da Dersa (Desenvol-
Tavares, Castello Branco, Anhangüera, extensão da Jacu–Pêssego, fará as vimento Rodoviário S.A.). Os consór-
Bandeirantes,Fernão Dias,Dutra,Ayr- vezes de Trecho Leste, promovendo cios construtores dos Lotes 1 a 5, como
ton Senna, Anchieta e Imigrantes. O conexão também com as rodovias está dividida a execução, são formados
por, respectivamente, Andrade Gu- que autorizou o início das obras. Nesse Adotar a Avaliação Ambiental Es-
tierrez e Galvão Engenharia, Ode- período a Dersa buscou adequar as tratégica, comum na Europa, possibi-
brecht e Constran, Queiroz Galvão e exigências ambientais à viabilidade litou desmembrar o licenciamento.
CR Almeida, Camargo Corrêa e Ser- técnica. Assim, conseguiu, junto ao "Desenvolvemos estudos sinérgicos e
veng Civilsan, OAS e Mendes Júnior. Consema (Conselho Estadual do Meio cumulativos na área de mananciais,
Ambiente), que as licenças fossem pois o Trecho Sul é o mais complica-
Prática viabilizada emitidas por trechos. Nos moldes do do", conta o assessor de meio ambien-
Devido à magnitude e por atraves- Conselho todos os trechos do Rodoa- te da obra, o administrador José Fer-
sar a região de abastecimento de água nel seriam liberados ao mesmo tempo. nando Bruno. Tanto que o pagamen-
da RMSP (Região Metropolitana de No entanto, a validade das licenças é de to aos consórcios só é liberado após
São Paulo), foram cerca de quatro anos cinco anos. Maior, portanto, que o aprovação mensal por parte da super-
desde o pedido até a emissão da licença prazo de execução da obra. visão ambiental. Por isso, os emprei-
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CAPA
teiros foram treinados de modo a to- RODOANEL MÁRIO COVAS – TRECHO SUL
marem conhecimento dos procedi- Principais números
mentos necessários. "Caso haja algum Classe Descrição unidade Total
problema, devem resolver e arcar com Extensão total m 61.460,42
os custos", salienta Bruno. OAE Pontes/Viadutos quantidade 131
Dentre os cuidados está o de evitar Área m2 323.000
desmatar mais do que o necessário para Terraplenagem Escavação m3 34.900.000
a passagem da estrada, mesmo haven- Compactação m3 24.300.000
do autorização para ocupar uma faixa Solo Mole m3 2.560.000
de 130 m. Serão removidos 212 ha de Pavimentação Betuminoso m3 277.000
vegetação, mas o plantio compensató- Concreto m3 375.000
rio de árvores nativas atingirá 1.016 ha. Total m3 652.000
Antes de iniciar a supressão vegetal, o
Instituto de Botânica levanta as espé-
cies existentes na região que suscitam ambientais de grande porte em detri-
interesse científico. O mesmo faz o Ins- mento dos menores.
tituto de Zoologia com relação à fauna. O segundo ponto explica-se pelo
Os espécimes vegetais são levados fato de haver uma tendência natural de
para um viveiro existente no próprio deterioração de até 100 m de mata a
canteiro, onde ficam em quarentena, partir do ponto em que passa a estrada.
podendo voltar para as laterais da Nesses casos, afirma Bruno, é preferível
pista na região de onde foram tirados sacrificar nesgas menores a prejudicar
ou serem levados para estudo no Insti- o desenvolvimento das maiores.
tuto. Já os animais são espantados O traçado também considerou a
Marcelo Scandaroli
pelos veterinários no dia anterior ao expansão da cidade, especialmente na
desmatamento. Caso algum não fuja, é região de mananciais."O Rodoanel não
levado para cativeiro, onde é analisa- é barreira para os bairros que existem,
do, tratado e posteriormente solto no mas congela o crescimento", afirma. O
O projeto do Trecho Sul do Rodoanel
meio. Embora tenham encontrado motivo é que impossibilita a constru-
limita a rampa máxima a 4%, com raio
um bicho-preguiça com filhotes na re- ção de novas vias e ligações e não conta
mínimo de 375 m. Embora a velocidade
gião de Parelheiros, "é baixa a incidên- com nenhum acesso às avenidas e ruas
diretriz de projeto seja de 100 km/h,
cia de animais, a maioria são cachor- da região. Também promoverá a cria-
a velocidade da via pode ser menor
ros", conta Bruno afirmando que ção de novos parques e a ampliação e
desde o início das obras não houve ne- revitalização de áreas de preservação já
nhum acidente. existentes, além de atuar como barreira
Com duas tribos indígenas – Kru- à ocupação desordenada e à consecuti- contenção localizadas em pontos es-
kutu e Barragem – situadas a 8,5 km va degradação do manancial que abas- tratégicos. Com capacidade para com-
de distância da pista, foi realizado um tece a região do ABCD. portar todo o conteúdo de um cami-
inédito estudo etnoecológico para A travessia da represa de Guarapi- nhão, armazenam líquidos perigosos
avaliar o impacto da obra na organi- ranga ocorrerá num ponto em que a evitando que atinjam os lagos. "Exis-
zação e cotidiano dos índios. Mesmo, distância entre os lados é de apenas tem no Trecho Oeste, onde funciona-
de acordo com Bruno, não havendo 90 m. No caso da Billings, aproveitará a ram muito bem em testes com água",
impacto algum, a Dersa optou por de- existência de uma ilha que servirá de ilustra o assessor. Pequenos vazamen-
sapropriar e doar 100 ha de terras do apoio para os pilares da ponte de 1.800 m tos nos caminhões-tanque podem ser
entorno para cada tribo, resultando de extensão e 14 m de altura. Diferente- controlados nas baias de transbordo,
em áreas de 125 ha. mente do projeto-padrão da Dersa que com capacidade para 5 mil l – a mesma
prevê distância entre pilares de 40 m vi- de cada compartimento dos veículos.
Desviando de obstáculos sando o melhor custo–benefício,a pon- Em paralelo, há ganhos ambien-
Além das questões técnicas, a defi- te contará com vãos de 100 m para mini- tais indiretos. "O Rodoanel completo
nição do traçado considerou aspectos mizar o impacto no fundo da represa, permitirá a redução de 6% da polui-
socioambientais, o que aumentou em repleto de lodo proveniente do bom- ção atmosférica da RMSP", afirma
4 km a extensão do trecho. Foram beamento do rio Pinheiros. Bruno. Apenas o Trecho Sul deve pro-
considerados, para tanto, o "efeito de O risco de contaminação dos ma- piciar uma redução de 43% no fluxo
borda" e a conectividade e organiza- nanciais, decorrente de eventuais aci- de caminhões das marginais do rio
ção social. Ou seja, evitou-se cortar dentes com cargas perigosas, foi con- Pinheiros e de 37% para a avenida
bairros ao meio e impactar maciços tornado com a criação de caixas de dos Bandeirantes.
41
materia de capa.qxd 5/9/2007 14:42 Page 42
CAPA
Meio ambiente
Exigências evitam que produtos perigosos vãos de 100 m, minimizando o impacto
Traçado: discutido entre as áreas de atinjam o entorno da rodovia no caso de ambiental no fundo da represa
meio ambiente e projetos, equilibra acidentes. Tanto as caixas quanto os Benefícios
determinações técnicas e cuidados pontos de instalação são aprovados pela Qualidade do ar: além de afastar os
ambientais com a área de mananciais. Cetesb (Companhia de Tecnologia de caminhões da mancha urbana,
Como exemplo, dentre dois possíveis Saneamento Ambiental) desconcentrando a emissão de carga
traçados para determinado trecho optou-se Baias de reposição e transbordo: poluente, também propicia que trafeguem
por aquele próximo à nesga de vegetação destinada a drenar vazamentos acidentais em velocidade constante, otimizando a
menor. Isso porque devido ao "efeito de em caminhões, têm capacidade para 5 mil l queima de combustível
borda", apenas áreas com mais de 50 ha – volume de cada tanque de um caminhão Recursos hídricos: para reverter a
resistem ao processo de ocupação, – e possibilitam que o motorista aguarde degradação da várzea do Embu-Mirim, nos
enquanto nesgas menores próximas à pista socorro sem que haja contaminação municípios de Embu das Artes e
tendem a desaparecer com o tempo do entorno Itapecerica da Serra, há duas aberturas
Caixas de contenção: localizadas em Método construtivo: o projeto padrão entre as pistas que impedem o acesso ao
pontos estratégicos, como áreas de da Dersa para pontes prevê vãos de 40 m, rio Embu-Mirim, principal contribuinte da
mananciais ou densamente povoadas, mas a da travessia da represa Billings terá represa de Guarapiranga
Engenharia logística Divisão de Obras da Dersa, o enge- das famílias existentes na região.
A princípio o licenciamento am- nheiro Pedro Silva. "É providencial O exemplo – ou pelo menos a lição
biental havia sido dividido de acordo quando uma obra fomenta recursos – vem do Trecho Oeste, onde, no
com prioridades, sendo A, B e C. para o meio ambiente, e isso ocorre campo do meio ambiente,ainda há tra-
Assim, grosso modo, primeiro seriam desde que haja bom senso e os fins balhos de compensação e, sob o aspec-
liberadas frentes de obra em locais sejam úteis e produtivos", comenta to social, 60% das famílias optaram por
onde houvesse baixo impacto am- sobre a inevitabilidade da compen- ser indenizadas em dinheiro. Isso por
biental e facilidade de acesso – Priori- sação ambiental. "É razoável nos não acreditarem à época da construção
dade A. Locais com alguma complexi- reunirmos com os ambientalistas que as unidades seriam entregues. "Se
dade, mas onde fosse possível avançar para saber o que deve ser feito, tudo correr bem no Sul, será mais fácil
sem necessidade de reassentamentos temos que nos envolver." viabilizar o Leste", aposta Silva.
receberam classificação B – trechos Para ele, o custo da obra parada Com as questões socioambientais
esses que tiveram licença emitida em foi maior tanto financeiramente – R$ encaminhadas, existem ainda os desa-
3 de agosto último. A prioridade C, 2 bilhões/ano – quanto ambiental- fios para a engenharia. O mais eviden-
com expectativa de emissão de licença mente, pois alega que o Rodoanel te, pelo menos em termos de prazo, é
até fim de outubro, classifica locais teria evitado em grande monta a ocu- a ponte de 1.800 m sobre a represa Bil-
que exigem reassentamento. pação irregular das regiões de manan- lings, que representa 60% do contrato
A impressão de que o meio am- ciais. Atuaria como uma barreira à do lote. A ser construída em balanços
biente é um fator agravante à execu- ocupação e também, como vem fa- sucessivos e com fundações em esta-
ção é desmentida pelo gerente da zendo, promoveria o reassentamento cas pré-moldadas, apresenta ciclos de
Lote 1 (Av. Papa João XXIII até o Trevo chove demora muito para que o material distribuídos em 17.761,75 m de
da Anchieta): como 80% dos terrenos possa ser trabalhado", comenta Silva. extensão". Diferencia-se por atravessar
eram de um único proprietário e tinham Apesar de curto, são 6,9 km de extensão, quatro unidades de conservação, com
prioridade A de licenciamento ambiental, tem acesso e logística complicados, intervenção muito mais complexa
está adiantado em relação aos demais. além de um grande número de ambientalmente. Também conta com
Por estar em região de represa, em interferências com concessionárias. uma ponte de 700 m cruzando a Billings.
seus 12.460 m de extensão há 21 Lote 3 (Trevo da Imigrantes até término "Por ser mais curta, o problema também
obras-de-arte a fim de evitar aterros da ponte sobre a Billings): o mais curto, é menor", pondera Silva.
e, conseqüentemente, carreamento mas mais complicado tecnicamente. Dos Lote 5 (Término da ponte da
de material. Também é o trecho onde 5,76 km, 1,8 km são representados pela Guarapiranga até trevo da Régis
está a ligação de 4,4 km com a avenida ponte que atravessa a represa Billings, Bittencourt): com 18.580 m, é o mais
Papa João XXIII. o gargalo da execução em termos de extenso e acumula a função de proteger
Lote 2 (Trevo da Anchieta até início do prazo. Além disso, enfrenta problemas a várzea do Embu-Mirim, que alimenta
Trevo da Imigrantes): concentra o maior semelhantes – embora em menor escala a represa de Guarapiranga. O faz com
desafio operacional do projeto, o trevo – ao Lote 2 por abrigar o trevo de a criação, por meio de abertura entre as
da Anchieta. Boa parte dos 9,7 milhões interligação com a Imigrantes. pistas, de dois parques. Ao isolar essas
de m3 a serem escavados está em região Lote 4 (Término da ponte da Billings até áreas, evita a ocupação e a degradação
de fundo de vale, limitando os trabalhos término da ponte da Guarapiranga): ambiental. A conexão com a Régis
aos seis meses secos do ano – um total apresenta volume de movimentação de Bittencourt e com o Trecho Oeste será
de 18 meses até a entrega. "Quando terra semelhante ao Lote 2, "mas "tranqüila, pois já está preparada".
execução incompatíveis com a veloci- Os trevos de interligação do Ro- tráfego, principalmente da Imigrantes.
dade esperada. "Se perdermos prazos doanel com Imigrantes e Anchieta A escolha pela pavimentação obe-
em outros trechos, é possível recupe- também são problemáticos. Ambos dece a critérios técnicos de cada re-
rar; na ponte não", alerta Silva. Por em região de serra, com solo ruim e gião. Como regra, será aplicado pavi-
isso, à época da apuração, consórcio e clima desfavorável, exigem movimen- mento rígido e semi-rígido na exten-
Dersa buscavam autorização para im- tação de grandes volumes de terra e es- são da pista, com adoção do flexível
plantar um pátio de fabricação de quemas especiais de desvio de tráfego. nos trevos e na extensão até a avenida
aduelas pré-moldadas e, assim, au- Além disso, o período de verão que se Papa João XXIII, em Mauá.
mentar a produtividade. aproxima incrementará o volume de Bruno Loturco
43
materia de capa.qxd 5/9/2007 14:42 Page 44
CAPA
mado com força pela Firjan (Federa- essa estrada traria para o mercado de da área de logística. "Em um trecho da
ção das Indústrias do Rio de Janeiro) cargas, de logística, do custo operacio- BR-493, há um paralelismo com o
na década de 90 e chamou a atenção nal das cargas do porto, seriam perdi- ramal ferroviário de cargas da MRS
do governo estadual que repassou re- das com essa tarifa", diz Loureiro. Para Logística", aponta Loureiro. Dessa
cursos para uma atualização do pro- impedir a utilização de rotas de fuga forma, há dois modais para facilitar a
jeto. O estudo revelou inviável a exe- dos pedágios, o projeto previa uma es- logística, além do fato de um deles se
cução do projeto inicial e um novo trada fechada e isolada das demais vias, articular com as principais rodovias
traçado básico foi elaborado. "No go- como uma linha expressa. Com a en- do País e dois portos fluminenses.
verno passado, a Firjan retomou o as- trada do Arco Metropolitano no PAC, A expectativa de investimentos
sunto e a sociedade pressionou", re- reformulou-se o desenho que passou a privados na área de influência do Arco
vela o subsecretário. A licitação para se integrar com as demais vias, mais é de US$ 16 bilhões nos próximos
recursos complementares do novo larga e canteiro central maior. cinco anos. Além do Comperj, CSN
traçado ocorreu com a aproximação A instalação do Comperj (Com- (Companhia Siderúrgica Nacional) e
dos governos estaduais e federais e a plexo Petroquímico do Rio de Janeiro) Porto de Itaguaí são apontados pelo
federalização da RJ-109. "O Governo é um exemplo de que o Arco Metropo- Governo Estadual como os responsá-
Federal entendeu que era um arco litano provocará modificações socioe- veis pelos investimentos. As empresas
que interligava várias BRs e a região conômicas em torno de si. Segundo o devem iniciar suas obras até 2008 e es-
metropolitana", afirma Loureiro. Em subsecretário, a montagem do com- tima-se que 58.200 empregos sejam
2007, a implantação do Arco Metro- plexo está atrelada com a construção gerados durante as obras e 10.800 pos-
politano foi inserida no PAC (Plano do arco com acesso ainda que em terra tos de trabalho criados com o início
de Aceleração do Crescimento). para o transporte de equipamentos das operações dessas empresas. Por
Na atualização dos estudos, há desembarcados no porto. Projeta-se esses motivos, o governo elabora um
concepção de realizar uma PPP (Parce- que as vias de acesso permitirão a ins- plano diretor estratégico de desenvol-
ria Público Privada) para viabilizar o talação de empresas na periferia da re- vimento sustentável para a região.
Arco. "As vantagens competitivas que gião metropolitana, principalmente Rafael Frank
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:45 Page 46
DRENAGEM
Pista
seca
Bom funcionamento do
sistema de escoamento
Acervo Planservi
de águas pluviais
preserva o pavimento e
Fontes de água na estrutura do pavimento
evita acidentes
Infiltração pelas trincas e juntas
Vapor
Vapor
– a infiltração dela no pavimento –
sempre se soube ser a principal causa
Lençol freático
de deterioração precoce do pavi-
mento, demandando, desde então,
Drenagem – seção transversal
cuidados específicos de projeto.
Valeta de proteção
A drenagem consiste no conjunto
de corte
de operações e instalações destinadas
Talude de corte
a remover os excessos de água das su-
perfícies e do subleito da estrada. Visa Plataforma da rodovia
coletar, conduzir e lançar, o mais rápi- 1,0
do possível – e em local adequado – 1,0
Sarjeta Pista Pista
toda água que se origina, percorre ou
atravessa a plataforma viária, "que
possa comprometer a segurança do 1,5
Sarjeta de corte 1,0
usuário, a estabilidade geotécnica do Talude de aterro
maciço ou a vida útil do pavimento",
Dreno
descreve o engenheiro civil Carlos Encosta
profundo Sarjeta
Yukio Suzuki, professor doutor da i > 10%
Poli-USP, diretor técnico da Planser- Valeta de
vi, empresa especializada em projeto e Fonte: Planservi
proteção de aterro
consultoria. A drenagem evita a de-
gradação da plataforma viária, pro- onde as chuvas intensas ocorrem com talvegues, ou mesmo sob a forma de
longa a vida útil do pavimento, reduz freqüência, o Brasil registra muitos lençol freático", destaca o engenheiro
os custos operacionais dos veículos e problemas de drenagem do pavimen- Gabriel de Lucena Stuckert, responsá-
dos usuários, os índices de acidentes e to. "A ação prejudicial da água pode vel por normas e treinamentos do IPR
preserva as propriedades lindeiras. ocorrer por meio de precipitações, das (Instituto de Pesquisas Rodoviárias),
Por se tratar de um país tropical, infiltrações, da condução através de do DNIT (Departamento Nacional de
Sc
lan
:P
nte
Fo
Drenos transversais
1 Valeta de proteção de corte S Dreno longitudinal
2 Escalonamento
3 Sarjeta de corte
4 Caixa do canteiro central Tubos de saída
5 Talude de aterro Transiç
ão
6 Descida d'água Sc = 0 Pavimento Legenda
7 Dissipador
8 Bueiro ou ponte Trajeto do fluxo d'água
g Camada
Se Sc Declividade transversal
drenante g Inclinação longitudinal
Infra-estrutura de Transportes), do (greide)
Fonte: Planservi
Ministério dos Transportes.
Os pavimentos bem drenados exi-
gem gastos menores com manuten-
ção e recuperação e resultam em uma
SP-70 – Rodovia Ayrton Senna
Saída lateral de dreno subsuperficial e valeta no canteiro central
maior vida útil que suas contraparti-
das não drenadas. "São mais econô- Trecho: São Paulo–Guararema
micos ao longo do tempo", ressalta Cliente: Dersa
José Leomar Fernandes Júnior, pro- Projeto: Planservi
fessor doutor do Departamento de Data: anos 80
Transportes, da Escola de Engenharia Pavimento: tipo asfáltico semi-rígido
de São Carlos. Escopo: drenagem da água livre, proveniente
Acervo Planservi
de infiltração pelas trincas superficiais, através
Riscos da umidade de dispositivos de drenagem superficial,
A infiltração de água na estrutura profunda e subsuperficial.
do pavimento e a manutenção de níveis
elevados de umidade no seu interior são
causas importantes relacionadas ao de-
SP-348 – Rodovia dos Bandeirantes
Saída de dreno subsuperficial em valeta lateral (em posições e ângulos distintos)
sempenho insatisfatório do pavimento.
"O resultado da exposição contínua à Trecho: Campinas–Limeira
umidade tem como principais conse- Pavimento: tipo asfáltico invertido
qüências a perda de rigidez das camadas Cliente:AutoBAn
de fundação com a saturação e a degra- Projeto: Planservi
dação da qualidade dos materiais pela Data: anos 90
interação com a umidade, culminando
Acervo Planservi
47
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:45 Page 48
DRENAGEM
Sistemas
Drenagem superficial natureza e a categoria da rodovia. alvenaria de tijolo ou pedra, pedra
Realizada por valetas de proteção, de Para a escolha do revestimento – arrumada ou vegetação, de acordo com
bermas e canteiro central, sarjetas de concreto de cimento ou betuminoso a velocidade do escoamento e conforme
pé, entre outros, evita e remove as (figura); solo, solo betume ou solo a natureza do material do solo.
águas que descem as encostas e cimento –, considera-se a velocidade
taludes e atingem a estrada, além de limite de erosão do material, Drenagem subsuperficial ou
controlar a erosão dos taludes de corte a classe da rodovia e os do pavimento
e de aterro. Esse tipo é idêntico tanto condicionantes econômicos. Composta por camada drenante,
para o pavimento de concreto quanto drenos rasos, laterais de base e
para o de asfalto. Valetas de aterro transversais, remove a água infiltrada
As valetas de proteção de aterros e existente eventualmente no interior
Sarjeta de corte interceptam as águas que correm pelo da estrutura do pavimento e trata as
A sarjeta de corte capta as águas que terreno a montante, impedindo-as de águas provenientes das chuvas que
se precipitam sobre a plataforma atingir o pé do talude de aterro. ali se infiltram. Preserva a capacidade
e taludes de corte, conduzindo-as, Também recebem as águas das sarjetas de suporte do subleito e a resistência
longitudinalmente à rodovia, até e valetas de corte, conduzindo-as ao dos materiais constituintes da base
o ponto de transição entre o corte dispositivo de transposição de e sub-base, prolongando a vida
e o aterro. A seção pode ser triangular, talvegues. As seções podem ser útil do pavimento (veja mais detalhe
trapezoidal ou retangular (figura). trapezoidais (figura) ou retangulares. no boxe “Contra a infiltração”).
E o revestimento, de alvenaria de tijolo E o revestimento, de concreto,
ou de pedra argamassada; pedra alvenaria de tijolo ou pedra, pedra Drenos profundos
arrumada ou arrumada revestida arrumada, vegetação (figura), de Os drenos profundos interceptam
ou revestimento vegetal, em função acordo com a velocidade do o fluxo da água subterrânea pelo
do risco de erosão, e o aspecto escoamento, natureza do solo e fatores rebaixamento do lençol freático,
técnico-econômico. de ordem econômica e estética. impedindo-o de atingir o subleito,
Talude de corte Talude de aterro e são formados por três tipos de
Grama materiais: filtrantes (areia, agregados
Meio-fio Solo escavado apiloado britados, geotêxtil, etc.), drenantes
1
Sarjeta a Escavação (britas, cascalho grosso lavado etc.),
Acostamento e condutores (tubos de concreto,
1 30 1 cerâmicos, de fibrocimento,
“H” 1 1
Variável 100 100 de plásticos e metálicos). Quando
Terreno natural não são colocados tubos no
Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT
a montante interior dos drenos chamam-se
Fonte: "Álbum de projetos-tipo de dispositivos de drenagem", do DNIT drenos cegos.
Sarjeta triangular de concreto
A sarjeta de aterro capta as águas 1
Valetas de corte
precipitadas sobre a plataforma,
As valetas de proteção de cortes 2
impedindo que provoquem erosões na
interceptam as águas que escorrem 3 4
borda do acostamento e/ou no talude
pelo terreno natural a montante,
do aterro, conduzindo-as ao local de 5
impedindo-as de atingir o talude de
deságüe seguro. A seção transversal
corte. Podem ser trapezoidais (figura), 6
pode ser triangular (figura), trapezoidal
retangulares ou triangulares. E
ou retangular, de acordo com a 7
revestidas de concreto (figura), 1 Eixo 8
Acostamento Aterro compactado
2 Semipista
30 50 com material resultante
3 Acostamento
Nível de escavação
4 Dreno longitudinal profundo
5 Sarjeta
30
49
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:46 Page 50
DRENAGEM
40
material de base, a indicação de uma terão, no mínimo, a mesma condutividade 2 4
camada de filtro para evitar a infiltração de hidráulica da camada drenante.
água do subleito para a base e um sistema 40 40
de coleta.
30
O avanço da técnica da drenagem dos
3
pavimentos tem sido grande nas últimas Em cortes Em aterros 1
40
forma adequada. Podem ser obtidas, Caso o sistema de drenagem sub- nagem esperadas pelo projeto", afir-
ainda, variações mais significativas da superficial seja ineficaz, o desempe- ma o engenheiro Suzuki, professor da
vida útil, entre 75% e 90%, em análises nho da estrutura de pavimento fica Poli-USP. Segundo ele, o dimensiona-
considerando péssimo funcionamento comprometido. Dessa forma, não mento de sistema de drenagem sub-
dos dispositivos de drenagem subsu- basta apenas dotar o pavimento do superficial deve considerar as caracte-
perficial, provocado, por exemplo, pela sistema de drenagem subsuperficial e rísticas físicas e hidráulicas dos mate-
incompatibilidade hidráulica dos mate- atribuir um coeficiente supostamente riais previstos e verificar a continui-
riais constituintes,tanto da estrutura do adequado ao dimensionamento para dade hidráulica do sistema, com o ob-
pavimento quanto da drenagem (res- que ele seja considerado drenante. jetivo de estabelecer de forma racional
tringindo o escoamento da água no in- "Uma análise hidráulica do sistema os coeficientes a serem utilizados no
terior do pavimento de forma que esta proposto agrega à estrutura que será projeto de pavimentação.
fique acumulada). implantada as características de dre- Silvana Maria Rosso
ACÚSTICA
Ruído barrado
Conheça as experiências internacionais e os principais cuidados de projeto
de barreiras para minimização de ruídos de rodovias
Ulf Sandberg
Barreira acústica instalada em rodovia que liga a cidade de Hanover, na Alemanha, a seu aeroporto
omuns na Europa, Estados Uni- parte porque as rodovias brasileiras que a implantação das barreiras é mais
C dos, Austrália e leste asiático –
principalmente no Japão e em Hong
são, na maioria, anteriores à preocupa-
ção ambiental relacionada a elas. E tais
econômica durante a construção da
rodovia.
Kong –, as barreiras acústicas estão soluções exigem estudos prévios e pro- "Realmente são soluções caras,
presentes ao longo das rodovias que jetos detalhados antes da instalação. principalmente se pensarmos nas ro-
cortam áreas residenciais. Por aqui, Além dos fatores culturais, o custo, dovias existentes com grande ocupa-
com exceção de raras iniciativas, a ins- geralmente expressivo, é mais uma das ção no seu entorno", observa Nilo
talação desses sistemas custa a se dis- razões apontadas por consultores para Horn, gestor de meio ambiente da
seminar como solução efetiva para explicar tal fenômeno. É consenso Autoban. Ele lembra que a falta de le-
barrar os ruídos das estradas. Em entre as concessionárias e especialistas gislação específica permitiu a ocupa-
Estudo no Rodoanel
Com o objetivo de propor soluções para Técnicas), normas para análise, cálculo e problemas de segurança viária.
minimizar o impacto acústico nas regiões proposta de mitigação de ruído móvel no Para tentar solucionar o problema, o
lindeiras do Rodoanel, capital paulista, a País", explica José Fernando Bruno, pavimento de concreto de cimento
Dersa, em parceria com o IPT (Instituto assessor de Meio Ambiente da Dersa. Portland será revestido com CPA
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de Entre as propostas sugeridas para (camada porosa de atrito), um tipo de
São Paulo), vem monitorando o nível de mitigar o ruído na região estava, a mistura asfáltica. A idéia é reduzir de 4
ruído na região do conjunto Tamboré. princípio, o uso isolado das barreiras a 9 dB, minimizando o barulho do atrito
A iniciativa, acompanhada pela Cetesb, acústicas. No entanto, estudos dos pneus na pista de rolamento.
órgão técnico da Secretaria Estadual do constataram que para atingir a meta de "A partir disso, as barreiras acústicas
Meio Ambiente, faz parte de uma série de redução estipulada pela norma e devido serão dimensionadas para complementar
ações para mitigar o problema ao longo à topografia da região, a execução a necessidade de redução de ruído
do traçado e é considerada inédita no desses elementos exigiria construções restante", explica Márcia Aps, diretora
Brasil. "Não existe, por meio da ABNT altas implicando custos elevados, interina do Centro de Tecnologia de
(Associação Brasileira de Normas grande impacto visual e eventuais Obras de Infra-estrutura do IPT.
53
materia.qxd 5/9/2007 17:49 Page 54
ACÚSTICA
Tipologias
Conheça alguns tipos de barreiras
adotadas em rodovias
Fotos: Samuel Branco
Barreira de concreto ondulada, Barreira curva em concreto e Barreira metálica, localizada em estrada
parcialmente absorvente acrílico, na Suíça entre Pádua e Veneza, na Itália
Barreira acústica metálica, instalada Base de concreto e material Barreira mista executada em concreto
próxima a Zurique, na Suíça transparente, na Suíça e acrílico
Contribuições das várias fontes para o ruído na rodovia ao fogo, às intempéries e facilidade
85 de manutenção.
eral Vale ressaltar que o princípio bá-
80 Ruído g sico das barreiras é proporcionar um
Fonte: Donavan, 2004 apud Bernhard; Wayson, 2005
55
materia.qxd 5/9/2007 17:49 Page 56
ACÚSTICA
Cuidados necessários
Qual o grau de eficiência das lado oposto, é necessário colocar um
barreiras acústicas implantadas material que absorva o som na superfície
em rodovias? da barreira próxima à fonte.
A barreira só é eficaz quando encobre a
paisagem visual da fonte geradora de ruído. Quais são as recomendações quanto
Caso o indivíduo possa enxergar a fonte do aos aspectos visual e ambiental?
ruído por sobre a barreira, ela será O aspecto visual das barreiras é muito
totalmente ineficaz. Isso também importante. Em geral, na Europa, Japão e
Acervo pessoal
acontecerá se a barreira for apenas Estados Unidos, partes ou até mesmo
ligeiramente maior que a linha de visão do toda a barreira são construídas com
receptor. Em geral, não são soluções muito materiais transparentes, apesar de
Ulf Sandberg, professor-adjunto do
eficientes quando instaladas a longas altamente refletoras. Um ponto relevante
Swedish National Road and Transport
distâncias, como por exemplo a 200 m ou é que as autoridades rodoviárias devem
Research Institute (VIT) e da Chalmers
mais da fonte de ruído. Entretanto, a 100 m sempre informar os moradores e ouvir
University of Technology (Suécia) e autor
ou mais perto e com alturas satisfatórias, as seus pontos de vista antes de as
do livro Tyre/Road Noise Reference Book
barreiras podem produzir uma redução de instalarem. Há muita psicologia envolvida
(www.informex.info)
barulho de 5 dB a 20 dB. na implantação desse elemento. Há casos
onde elas tiveram de ser retiradas depois
Que detalhes devem ser observados de algum tempo em função dos protestos
na execução da barreira? dos moradores, representando uma Recentemente, tem se tornado popular
É importante que a barreira receba tremenda perda de dinheiro. combinar essa solução com pavimentos
absorção acústica na face voltada para a que reduzem o som proveniente da
estrada, evitando a reflexão do som para o Além das barreiras, quais são as interação pneu-pavimento. Em alguns
outro lado da pista, o que causaria um medidas adotadas nesses países casos, um pavimento silencioso pode ser
aumento do barulho nessa região. Se não para solucionar o problema de mais efetivo para reduzir o barulho do
for possível tolerar o aumento do ruído no ruído em rodovias? tráfego do que as barreiras.
PISOS
Revestimento certo
Propriedades mecânicas, instalação e manutenção: conheça
esses e outros critérios para especificação de pisos
Vinílicos
Os pisos vinílicos são formados por um recomendados apenas para uso interno, comerciais, como lojas e supermercados.
composto de policloreto de vinila (PVC) pois perdem a cor com a exposição "As juntas fechadas desses pisos recebem
misturado a aditivos específicos que ao sol e não resistem a chuvas e água bem os carrinhos com rodas de poliuretano,
conferem maleabilidade e resistência. constante, que provocam seu e o material tem grande capacidade de
Estão disponíveis em placas e mantas. descolamento. Para evitar a descoloração absorção acústica, além de ter manutenção
De acordo com Miguel Bahiense, diretor em pisos expostos, próximos a janelas simples", explica Cristina Kanaciro,
do Instituto do PVC, características como e grandes aberturas, recomenda-se pesquisadora do IPT que participou da
resistência ao atrito, capacidade de a adição de aditivos antiUV à composição. elaboração da norma NBR 7374 editada
isolamento termoacústico e variedade de A escolha por mantas ou placas depende do em 2006, que define requisitos de
cores e padrões tornam-os apropriados orçamento reservado. As mantas, com resistência, métodos de classificação
para os mais diversos ambientes larguras entre 0,6 m e 2 m, são ideais para e usos específicos, e tipos de ensaios.
internos, incluindo escritórios, comércios locais onde a limpeza é imprescindível, pois A correta especificação do piso vinílico
e instalações hospitalares. Grande parte formam um conjunto monolítico, que inclui depende de um contrapiso perfeitamente
dos pisos disponíveis no mercado são o rodapé. Por não apresentar emendas, nivelado, pois qualquer pequena
evita o acúmulo de poeira, condição de deformação é revelada na superfície
Marcelo Scandaroli
59
pisosx.qxd 5/9/2007 15:17 Page 60
PISOS
Cerâmicos
Conhecidos como pisos frios, devido
à rápida difusão de calor, os produtos
disponíveis no mercado podem ser
classificados com relação ao
recebimento de esmalte, método de
fabricação, absorção de água, classes
de resistência à abrasão superficial,
ao manchamento e a ataques químicos,
e ao aspecto superficial, de acordo com
as normas de terminologia, classificação
e especificação NBR 13816, NBR 13817
e NBR 13818. As peças esmaltadas
(glazed) são classificadas segundo a
sigla em inglês PEI (Porcelain Enamel
Institute), instituição que desenvolveu
o método de ensaio para avaliar a
resistência à abrasão em placas
cerâmicas. A classificação varia de
Divulgação: CCB
1 a 5, e quanto maior o índice, maior
é a resistência à abrasão.
No caso do porcelanato, peça também
formada de argila e composições como
RESISTÊNCIA AO DESGASTE SUPERFICIAL
feldspato e corantes, é queimado a mais
Grupo Resistência à abrasão Recomendações de uso
de 1.250ºC e submetido a pressões de
Grupo 0 Baixíssima Paredes
compactação acima das utilizadas pelas
Grupo 1/PEI-1 Baixa Banheiros residenciais
cerâmicas convencionais. Sua versão
Grupo 2/PEI-2 Média Ambientes residenciais sem porta
tradicional é sem esmaltação, com
para o exterior
massa apresentando características
Grupo 3/PEI-3 Média alta Ambientes residenciais com porta
homogêneas. Apresenta alta resistência
para o exterior
à abrasão profunda, ao gelo, aos ácidos
Grupo 4/PEI-4 Alta Ambientes públicos sem porta
e álcalis, alta impermeabilidade e
para o exterior
uniformidade de cores. A norma de
Grupo 5/PEI-5 Altíssima e Ambientes públicos com porta
fabricação de porcelanato, a NBR
sem encardido para o exterior
15.463, editada este ano, fixa
Fonte: CCB
parâmetros técnicos de absorção de
água. O porcelanato não esmaltado evitar quedas, já em ambientes extensões, onde são necessárias juntas
deve apresentar índice de absorção de internos, onde a limpeza é sempre de movimentação, e ambientes com
água igual ou menor que 0,1, e o realizada de maneira manual, peças água estancada, como piscinas. É muito
esmaltado deve ter índice de absorção polidas garantem maior brilho, beleza comum o uso de argamassas colantes,
de água igual ou menor que 0,5%, com e facilidade de manutenção. conhecidas como cimentos colantes ou
resistência à abrasão superficial O engenheiro Marcelo Dias, do Centro argamassas adesivas, pois apresentam
indicada pela classificação PEI. Entre Cerâmico do Brasil, recomenda que a maior facilidade no preparo e aplicação
outras características do produto, a escolha de argamassas e rejuntes em relação às argamassas tradicionais
norma ainda determina que a obedeça à norma NBR 14992/2004 que preparadas em obra.
resistência ao manchamento seja da divide os rejuntamentos em tipo 1, A norma NBR 13753 trata dos
classe 3 ou superior. destinado a aplicações em locais de procedimentos ideais para o revestimento
Na escolha de qualquer das peças trânsito não intenso, com placas de piso interno ou externo com placas
cerâmicas é importante conhecer os cerâmicas de absorção de água acima de cerâmicas, e com utilização de argamassa
níveis de resistência recomendáveis 3% e aplicação em locais cuja área não colante. Já o porcelanato requer a
para cada uso e escolher peças com ultrapasse a 20 m²; e do tipo 2, utilização de uma argamassa com maior
superfícies adequadas a cada ambiente. destinado a locais de trânsito intenso, aderência, com um produto específico às
Em ambientes externos, peças com com placas de absorção de água inferior suas características, com o argamassa
superfícies mais rugosas são ideais para a 3%, e para ambientes com grandes colante aditivada com polímeros.
Madeira e laminados
Os pisos de madeira podem ser maciços equivalente ao da peroba-rosa, que
(madeira natural) ou feitos a partir de absorvem menos água. A pesquisadora
painéis de madeira prensados com indica o ipê, o pau-marfim, o cumaru
acabamento com folha de madeira natural e o jatobá como espécies adequadas para
(carpete de madeira), ou resina aplicação em pisos, que apresentam
melamínica (laminados). Os maciços densidades elevadas. Outra propriedade
dividem-se em assoalhos, tacos e mecânica importante é a Dureza Janka,
Marcelo Scandaroli
parquetes, e na hora da escolha devem ser que determina a resistência à introdução
considerados fatores estéticos e funcionais, de uma semi-esfera de metal na madeira.
como resistência e durabilidade. Pisos de Em ambientes externos, como varandas
madeira maciça geralmente são resistentes e ao redor de piscinas, são indicados os
à abrasão e ao desgaste causado pelo chamados decks, produzidos de forma resina melamínica de alta resistência
tráfego, seja ele baixo ou intenso, e diferenciada com madeira de alta (lâmina decorativa protegida por filme
permitem recuperação com o lixamento e resistência e estabilidade dimensional, transparente). Os carpetes de madeira
a aplicação de novo filme de acabamento como o ipê e o cumaru. Já os pisos também podem apresentar miolo em MDF
da superfície. Antes da aquisição do piso o destinados a ambientes internos não e aglomerado, ou ainda em compensado, e
comprador deve verificar se o fornecedor devem ser adotados em locais sujeitos recebem como acabamento uma finíssima
comercializa madeiras que tenham origem à alta incidência de umidade. folha de madeira natural com verniz apenas
em florestas com planos de manejo A ANPM (Associação Nacional dos na face superior. O acabamento superior
florestal. A escolha também deve levar em Produtores de Pisos de Madeira) está credita ao piso laminado uma vida útil
conta a estabilidade dimensional, a desenvolvendo um "Manual de Instalação muito superior ao do carpete de madeira.
interação com o contrapiso e com o verniz de Pisos de Madeira" com informações O piso laminado é normatizado pela NBR
de acabamento, além de fatores sobre o assunto. 14.833/2002 e NBR 14.833/2003. Entre
ambientais, tais como exposição ao sol e Entre os pisos prensados a escolha deve outros aspectos, as normas definem o tipo
ao ar-condicionado. Segundo Fabíola levar em conta principalmente a de produto adequado ao uso conforme a
Zambrano, pesquisadora do IPT, uma boa durabilidade. Os laminados possuem miolo resistência necessária a impactos, abrasão
maneira de balizar a escolha é procurar em MDF ou aglomerado e acabamento das ou manchas e ainda indicam os materiais
madeiras com grau de dureza superior ou faces superior e inferior com filme de de limpeza que podem ser utilizados.
61
pisosx.qxd 5/9/2007 15:17 Page 62
PISOS
Pedras naturais
O uso de pedras naturais como
revestimento de piso muitas vezes está
associado à idéia de força e segurança.
Muitos profissionais acreditam,
erroneamente, que ao escolherem pedras
estarão resolvendo o problema da
resistência e manutenção. "Esse é um
perigoso engano, pois muitas pedras
mancham e são inapropriadas para uso
externo ou locais com muita umidade",
garante a arquiteta Alessandra Abdala.
A escolha da pedra deve ser o resultado
da integração da estética com as
propriedades tecnológicas e solicitações
no uso previsto, com vistas à melhor
relação custo-benefício. De acordo com a
especialista em rochas ornamentais Eloísa
Frasca, do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo), os
critérios básicos para a escolha da rocha
também variam conforme os ambientes
internos (domésticos e comerciais) e
externos, e levam em conta todas as
características técnicas básicas como
absorção de água, desgaste superficial
e resistência mecânica (veja tabela).
O desgaste abrasivo, cuja primeira
evidência é a perda de brilho nas rochas
polidas, é importante parâmetro para a
Marcos Lima
Aumento da capacidade de
carga de pontes de madeira
s pontes de madeira têm suma im- por um tabuleiro de concreto faz com
A portância no desenvolvimento
econômico e social dos municípios do
Victor Marcuz de Moraes
Faculdade de Engenharia
que não somente as vigas que estão
sob o rodeiro, mas sim todas as peças
de Ilha Solteira – Unesp
Brasil,especialmente daqueles cuja eco- da seção, inclusive o concreto, resis-
mmvictor5@hotmail.com
nomia se baseia em atividades agrícolas. tam aos esforços solicitantes. Isso gera
Essas estruturas possibilitam a entrada um aumento na capacidade de carga
José Antônio Matthiesen
de insumos nas propriedades, o escoa- das pontes existentes.Além disso,o ta-
doutor em estruturas
mento da produção e o livre desloca- buleiro de concreto protege as peças
matth@dec.feis.unesp.br
mento das populações do meio rural. de madeira das intempéries e da ação
Entretanto, a maioria das pontes abrasiva do tráfego, que são as princi-
Claudionicio Ribeiro de Souza
de madeira no Brasil não é projetada e pais causas de deterioração da supe-
mestre em Engenharia Civil
construída por técnicos e construtores restrutura das pontes de madeira.
crsouza@dec.feis.unesp.br
especializados em madeiras. Isso resul- Para que a seção mista funcione
ta em estruturas caras, inseguras e de eficientemente, é necessário que haja
baixa durabilidade.Além disso, muitas Esses fatos indicam a urgente ne- um sistema de conexão entre os mate-
das estruturas que se encontram em cessidade de adequação dessas estru- riais madeira e concreto capaz de
uso não foram projetadas para as car- turas, tornando-as mais resistentes e transmitir os esforços entre eles. Esse
gas às quais estão sujeitas atualmente e, mais duráveis. Uma alternativa para a sistema pode ser composto por conec-
ainda, não têm recebido a manutenção solução desses problemas está na com- tores contínuos, tais como adesivos
adequada.A figura 1 mostra um exem- posição de seções mistas madeira– estruturais, chapas metálicas cravadas
plo de ponte cuja superestrutura en- concreto. A substituição dos tradicio- na madeira e imersas no concreto; ou
contra-se deteriorada. nais assoalhos e rodeiros de madeira por conectores discretos, tais como
Guia de roda
Rodeiro
Assoalho
Guarda-corpo
23,92 cm
A rigidez da conexão é quantifica-
h
da pelo seu módulo de deslizamento, 0,5hw = 15 cm
que pode ser definido como a força pa-
19,1
ralela à superfície de interação entre os bw = 25 cm k = 406,5 kN/cm sm,w sw
materiais necessária para provocar um
deslocamento relativo unitário entre Figura 3 – Distribuição de tensões (MPa) dadas pelo Eurocode
eles. Esse parâmetro normalmente é
medido em ensaios do tipo push-out,
onde aplica-se forças cisalhantes em
uma conexão e mede-se os desloca-
mentos correspondentes.
Como método construtivo para o
tipo de estrutura proposta,pode-se utili-
zar painéis treliçados autoportantes
como pré-lajes, que são colocados justa-
postos na direção transversal da ponte,
ligando uma viga à outra. Em seguida,
colocam-se os conectores de cisalha- Figura 4 – Montagem do tabuleiro com Figura 5 – Concretagem na laje
mento e a armadura adicional, mon- painéis treliçados autoportantes
tam-se as fôrmas laterais para contenção
do concreto e procede-se à concretagem das para cargas de aproximadamente mista de seção T, com alma de ma-
final da laje. Esse sistema evita a necessi- 12 t. O tráfego atual mudou conside- deira e mesa de concreto conectados
dade de execução de fôrmas e cimbra- ravelmente. Hoje, trafegam por essas por pinos de cisalhamento. As carac-
mentos, tornando a construção ou re- pontes caminhões com capacidade de terísticas dos materiais consideradas
forma mais rápida e menos onerosa. carga de até 60 t, ficando as cargas nessa verificação foram:
mais freqüentes entre 20 t e 30 t.
Metodologia Com a utilização do tabuleiro de Madeira
O presente trabalho visa compro- concreto, busca-se a readequação des- Classe 60 (de acordo com NBR
var a eficiência do sistema estrutural sas pontes, na tentativa de qualificá- 7190/97)
proposto, tentando demonstrar o las como pontes classe 30, segundo a Seção das vigas: 25 cm x 30 cm
ganho de rigidez e de resistência NBR 7188/84. Para isso, foram reali- Distância entre vigas (eixos): 106,25 cm
dado pelo tabuleiro de concreto que zados cálculos a partir do método
vem em substituição ao assoalho e proposto pelo Eurocode 5/93, que Concreto
rodeiro de madeira. versa sobre seções compostas de ma- Resistência à compressão: fck = 30 MPa
Para alcançar esse objetivo, foi rea- deira unidas por conectores discretos. Módulo de elasticidade: Ec = 30672 MPa
lizado um estudo de caso. Tomou-se Também foi construído um modelo Peso específico: gc = 24,0 kN/m3
como objeto de estudo a superestru- físico reduzido, na escala 1:2, da ponte Altura da laje: hc = 25 cm
tura de uma ponte formada por cinco em estudo.
vigas longitudinais, igualmente espa- O processo construtivo emprega- Conectores
çadas, com vão livre de 6 m (conforme do na confecção do modelo seguiu as Barras de aço CA-50
figura 2). Essa estrutura foi escolhida mesmas etapas que seriam realizadas Diâmetro: d = 20 mm
por ser muito comum em estradas vi- na recuperação de uma ponte já exis- Espaçamento: s = 15 cm
cinais no interior do Brasil. Somente o tente, com exceção, é claro, da etapa
Estado do Mato Grosso do Sul, por de retirada do assoalho deteriorado. Não foi considerada no cálculo a
exemplo, conta com 964 pontes de distribuição transversal das cargas de
madeira em viga simples, sendo 391 Método de cálculo adaptado do roda do veículo-tipo que atuam sobre
com extensão menor que 10 m. Eurocode 5/93 o tabuleiro, ou seja, toda a carga do
Muitas dessas pontes foram cons- O elemento estrutural utilizado veículo-tipo é suportada por apenas
truídas há décadas, tendo sido projeta- nesse dimensionamento é uma viga duas vigas mistas. As solicitações de
65
artigo126.qxd 5/9/2007 15:01 Page 66
ARTIGO
cálculo, calculadas de acordo com a yc = 1+ π2EcAcs = 0,108; onde V é o valor do esforço cor-
NBR 8681/04, que atuam na viga kL
2 tante atuante na seção.
mista a ser verificada são: Md = 330,0 Dessa forma, como a resistência
kN.m e Vd = 219,0 kN. de cálculo ao cisalhamento é fv0,d = 2,5
aw: distância do CG da peça de ma-
O método proposto pelo Euroco- MPa, a viga mista suporta a solicita-
deira à linha neutra do sistema:
de 5/93 determina as tensões normais, ção cisalhante imposta.
tangenciais e a força que atua nos co- aw = ycEcAc(hc+hw) = 8,92 cm
nectores de cisalhamento por um 2[ycEcAc+ywEwAw] Verificação dos conectores
produto de rigidez efetivo, (EI)ef, que A força de cisalhamento atuante
ac: distância do CG da peça de con-
leva em consideração, além das carac- em cada conector, na seção de conta-
creto à linha neutra do sistema:
terísticas dos materiais e da seção to entre a madeira e o concreto, deve
transversal, o módulo de deslizamen- ac = (hc+hw) - aw = 18,58 cm ser tomada como:
2
to da conexão.
F1 = ycEcAcacsV = 53,1 kN
Cálculo da rigidez efetiva: (EI)ef
Determinação da rigidez efetiva
Para determinação da rigidez efe- (EI)cf = EcIc+ycEcAca2c+EwIw+ Para a verificação dos conectores,
tiva (EI)ef, segue-se o seguinte roteiro ywEwAwaw2 = 1.012.687.867 kN.cm2 Ceccotti (1995) propõe que a resis-
de cálculo: tência de cada conector deve ser to-
mada como o menor valor encontra-
Verificação das tensões normais
Cálculo do módulo de deslizamento do pelas expressões abaixo:
As tensões normais que atuam na
da conexão: Efeito de compressão localizada
seção mista são dadas por:
Primeiramente calcula-se a densi- no concreto:
dade característica do material, que, σc = ycEcac M = 2,01 MPa
para a seção mista em questão, fica: (EI)ef R1, d = 0,23d fck Ec = 78,9 kN
γc
ρk = ρk,c ρk,w = 1549,2 kg/m3 σm, c = 0,5Echc M = 12,49 MPa
(EI)ef Efeito de corte no conector:
Para verificações quanto ao esta-
R1, d = 0,8fyk πd = 100,5 kN
2
do limite de serviço, o módulo de σw = ywEwaw M = 7,12 MPa
(EI)ef 4γv
deslizamento kser (em N/mm), a ser
considerado é dado por: σm, w = 0,5Ewhw M = 11,98 MPa Efeito de embutimento na madeira:
kser = ρ1,5
k
d
= 60976 N/mm = (EI)ef R1, d = 1,5 2My, dfe0, dd = 30,4 kN
20
onde: σc, σw : tensões no CG das
609,8 kN/cm onde fyk: tensão de escoamento do
peças de concreto e de madeira, res-
material do conector: fyk = 50 kN/cm2;
pectivamente;
onde ρk deve ser fornecido em γv: fator parcial do material: γv = 1,25;
σm, c, σm, w : tensões complementa-
kg/m3 e d em mm. My,d: momento de escoamento de
res na borda superior da peça de con-
A verificação quanto às tensões cálculo de um conector, dado por
creto e inferior da peça de madeira,
será feita com relação ao Estado Limi- 3 (
My, d = My, k = 1 0,8fyk d
te Último. Nesse caso, o módulo de
deslizamento a ser utilizado é:
respectivamente.
A distribuição de tensões normais γv (
γv 6
dada pelo método adaptado do Euro- = 42,7 kN.cm
ku = 2 kser = 406,5 kN/cm
code 5/93 pode ser vista na figura 3.
3 Portanto R1,d = 30,4 kN < F1,d=
Com base nas tensões apresentadas
53,1 kN. Para solucionar esse proble-
nessa figura, conclui-se que as solicita-
Cálculo dos parâmetros geométricos das ma, deve-se colocar os conectores
ções são menores que as resistências de
seções de madeira e de concreto: com espaçamento menor na região
cálculo dos materiais, com exceção da
Os parâmetros geométricos (área e dos apoios, onde atua o esforço cor-
tensão de tração na parte inferior da
momento de inércia) das peças de ma- tante de 219 kN. O espaçamento má-
mesa de concreto, que deve ser comba-
deira e concreto são, respectivamente: ximo nessa região deve ser 7 cm.
tida com a colocação de armadura.
Aw = 750 cm2 Iw = 56250 cm4
Modelo experimental
Verificação da tensão cisalhante
Ac = 2656,25 cm2 Ic = 138346,35 cm4 Construção do modelo
A tensão máxima de cisalhamen-
O modelo reduzido foi construí-
to, que ocorre no CG do sistema (al-
Cálculo dos parâmetros geométricos da do com o objetivo de verificar o real
tura h, na figura 3), é:
seção mista: comportamento da estrutura quan-
yw: fator parcial da alma: yw =1 τw, max = 0,5Ewh2 V = 1,51 MPa to aos deslocamentos e à transferên-
yc: fator parcial da mesa: (EI)ef cia de esforços entre as vigas e a laje
CS CS CS CS CS
CI CI CI CI CI
MS MS MS MS MS
RC RC
MI MI MI MI MI
VA VB VC VD VE
Figura 6 – Posicionamento dos instrumentos
1
CI, MS e MI marcam a posição dos Para avaliação da eficiência da es-
extensômetros e RC marca a posição trutura proposta foi feita uma análise 2
dos relógios comparadores. comparando o modelo experimental 3
A medição dos deslocamentos com o modelo teórico em viga mista 4
verticais foi feita por relógios compa- adaptado do Eurocode 5/93 e com o 5
radores, que eram posicionados esquema estrutural original em vigas 6
abaixo de cada viga de madeira na de madeira. 7
seção central do vão. Nessa análise, o elemento de 8
comparação utilizado foi a carga ne- 9
VA VB VC VD VE
Resultados experimentais cessária para provocar em cada siste-
Foram realizadas duas séries de ma um deslocamento de L/250 (11,6 P = 40 kN P = 140 kN
carregamentos no modelo. A primei- mm), que é a flecha limite para o P = 70 kN P = 180 kN
ra série consistia na aplicação de for- concreto no estado limite de utiliza- Figura 9 – Deslocamentos verticais
ças pontuais sobre a seção transversal ção, segundo a NBR 6118/03. para cargas sobre as vigas VB e VD
67
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ARTIGO
2
3
4
5 P = 208,6 kN Modelo Eurocode 5/93
P = 40 kN
6 P = 70 kN Rigidez ~
= 18K
P = 100 kN
7
8
VA VB VC VD VE
Figura 10 – Deslocamentos verticais
para cargas sobre as vigas VA e VC
P = 230,3 kN Modelo experimental
25 Rigidez ~
= 20K
Altura de seção (cm)
20
15
Figura 12 – Comparação da rigidez dos modelos de cálculo experimental
10
5
aos seguintes valores de rigidez (K): e baixo custo para a recuperação e au-
0 1,0 kN/mm para a ponte em viga mento da capacidade de carga das
-70 -50 -30 -10 10 30 50 70 simples, 18,0 kN/mm para o modelo pontes de madeira em viga simples
Tensões (MPa)
calculado pelo Eurocode 5/93 e, final- atualmente em uso no Brasil.
VA VB VC VD VE mente, 19,9 kN/mm para o modelo
Figura 11 – Tensões normais na seção experimental ensaiado.
central do modelo A figura 12 ilustra o ganho de ri-
LEIA MAIS
gidez proporcionado pela utilização
Pelos ensaios prévios à flexão exe- do tabuleiro de concreto. Análise experimental de um
cutados nas vigas de madeira para a modelo reduzido de uma ponte
determinação do modulo de elastici- Conclusão mista de madeira-concreto
dade, obteve-se o valor médio de 5,9 Com base nos resultados experi- utilizando vigas de madeira
kN por viga para provocar uma flecha mentais, comprovou-se que o esque- roliça. P. G. A. Segundinho; J. A.
de 11,6 mm. Aplicando os valores re- ma estrutural proposto é viável tec- Matthiesen. Ibramem, 2004.
ferentes às dimensões e aos materiais nicamente, tanto sob o ponto de
do modelo no método de cálculo vista estrutural como construtivo. Contribuição ao estudo das
adaptado do Eurocode 5/93, chega-se A estrutura mista ensaiada possui estruturas mistas: estudo
a uma carga de 104,3 kN, aplicada no rigidez aproximadamente 20 vezes experimental de estruturas
centro da viga mista de seção T para maior que a estrutura de madeira em mistas de madeira e concreto
causar o mesmo deslocamento. viga simples, fato que se deve, princi- interligadas por parafusos. J. A.
Já no modelo experimental en- palmente, pela distribuição transver- Matthiesen. Ibramem, 2001.
saiado, para que houvesse um deslo- sal das cargas proporcionada pela
camento vertical médio de 11,6 mm, presença da laje de concreto. A viabi- Timber concrete composite
quando aplicado um carregamento lidade construtiva fica comprovada structure. A. T. Ceccotti. Timber
simultâneo nas vigas VB e VD, foi ne- pela facilidade de execução e pelo Engineering – STEP 2, 1995.
cessária uma força de 230,3 kN. bom comportamento dos painéis tre-
Dividindo-se a carga aplicada em liçados utilizados como pré-laje. Utilização de estruturas mistas na
cada modelo pelo deslocamento Dessa forma, desde que a infra- recuperação da capacidade de
ocorrido, considerando, para cada estrutura esteja em boas condições, a carga das pontes de madeira do
caso, o número de vigas responsáveis estrutura proposta constitui-se numa Estado do Mato Grosso do Sul. C.
pela resistência aos esforços, chega-se alternativa eficiente, de fácil execução R. Souza. 2004.
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structural performance
17 a 18/10/2007 Coimbra (Portugal) 2o a 4/10/2007
Enece 2007 – 10o Encontro Nacional Realizado pela Universidade de Coimbra, Cobtech – 2a Feira Nacional de
de Engenharia e Consultoria Estrutural reunirá renomados especialistas para Cobertura de Edificações
São Paulo partilhar idéias e conhecimentos do São Paulo
O Enece (Encontro Nacional de Engenharia comportamento de estruturas e do A feira foi desenhada para ser um ponto
e Consultoria Estrutural) é realizado pela concreto expostos ao fogo. de encontro do setor de coberturas e
Abece (Associação Brasileira de Fone: 351 239797245 ferramenta de promoção comercial
Engenharia e Consultoria Estrutural) e http://fib2007.dec.uc.pt segmentada, direcionada a revendedores,
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participantes habilidades nas técnicas de sistemas estruturais verticais e horizontais. Com o objetivo de destacar cases de
planejamento e controle de manutenção, Fone: (11) 3816-6597 sucesso, reunindo as diversas empresas e
indicando objetivos, organizando atividades www.abcem.org.br profissionais do setor de instalações, o
e o uso da mão-de-obra e dos prêmio tem a proposta de ampliar as
equipamentos, partindo de uma situação soluções e experiências de destaque
sem planejamento, entrando no
Concursos do setor. Realizada pela Abrinstal
planejamento manual e indicando os 17/10/2007 (Associação Brasileira pela Conformidade
pontos principais na interface entre o 5o Prêmio Talento Engenharia Estrutural e Eficiência das Instalações), a premiação
usuário e o computador. Direcionado a São Paulo é destinada às empresas construtoras,
profissionais e técnicos de nível médio, A premiação, que destaca profissionais de incorporadoras, instaladoras,
supervisores de turmas e equipes de engenharia de estruturas que concessionárias, fabricantes e
manutenção, profissionais de programação desenvolveram projetos diferenciados e de fornecedores de materiais e
e controle de manutenção, engenheiros e qualidade, traz uma inovação nesta quinta equipamentos para instalações.
outros profissionais do setor. edição: uma categoria para obras de Inscrições encerradas.
Fone: (11) 2626-0101 pequeno porte e estruturas especiais. O Fone: (11) 3865-0944
www.aeacursos.com.br prêmio é promovido pela Abece (Associação www.premiomasterinstal.com.br
Brasileira de Engenharia e Consultoria
Edifícios Multiandares Estruturados Estrutural) e pelo Grupo Gerdau que Inscrições até 20/12/2007
com Aço formam, juntamente com um representante 1o Prêmio Valmex Structure 2007 –
6 a 27/10/2007 da PINI, a comissão julgadora. O prazo de Mehler Texnologies
São Paulo inscrições está encerrado. A Mehler Texnologies GmbH escolherá
Organizado pela Abcem (Associação Fone: 3097-8591 o melhor projeto que utiliza estruturas
Brasileira de Construção Metálica), o curso www.abece.com.br e www.gerdau.com.br tensionadas que se destaquem e oferecerá
propõe aspectos teóricos e práticos para a uma viagem à Fulda ( Alemanha) para
execução de edifícios de multiandares Outubro/2007 conhecer a fábrica da Mehler.
estruturados em aço, análises da Prêmio MasterInstal Fone: (11) 4153-5853
distribuição de esforços nos diversos São Paulo www.tecnostaff.com.br
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Pavimento ecológico
tualmente agrava-se a disposição do solo, tirando o pó das ruas e per-
A de resíduos, como o entulho da
construção civil e demolição e os
mitindo a trafegabilidade mesmo em
dias de chuva. Além disso, retira o lixo
Reciclado do entulho
De maneira simplificada, a recicla-
gem dos resíduos de construção de-
pneus velhos, inservíveis. Exemplifi- das ruas e córregos, podendo gerar pende, em geral, de uma seleção prévia
cando a expressiva quantidade de re- novos negócios e empregos. dos materiais ditos indesejáveis (como
síduos gerados em grandes cidades, O exemplo é a obra de pavimenta- plásticos, madeira ou gesso, por exem-
em São Paulo são dispostas cerca de ção das vias internas do campus pau- plo), seguida de um processo de redu-
16 mil t de entulho por dia. Há esti- listano da USP na zona Leste, na cida- ção de tamanho (britagem), feita em
mativas de que são fabricados mais de de de São Paulo. Todo o sistema viário instalação apropriada para essa finali-
30 milhões de pneus por ano no Bra- foi pavimentado com o que agora se dade, contando com uma etapa de pe-
sil e que muitas dezenas de milhões de chama "pavimento ecológico", produ- neiramento para a obtenção de mate-
pneus velhos encontram-se abando- zido com camadas de agregado reci- riais com determinados tamanhos. O
nados. Esses resíduos podem assorear clado de entulho de obra e revestido produto desse processo é o agregado
os rios e são locais para a procriação com asfalto-borracha. reciclado de resíduo sólido da constru-
de insetos e vetores de doenças. A dis- ção civil, que vem sendo empregado,
posição desses resíduos em aterros é Materiais entre outras formas, em pavimentação
legal, porém deve-se levar em conta Em 2002, duas importantes reso- (figura 1).
que esses materiais são nobres e con- luções do Conama (Conselho Nacio- A ABNT publicou uma norma na-
sumiram energia para serem produzi- nal de Meio Ambiente) estabelecem cional em 2004, denominada NBR
dos. Desperdiçá-los em aterros, ocu- uma nova era para a reciclagem de re- 15115 – Agregados Reciclados de Resí-
pando lugar e concorrendo com o síduos no País: a de no 258 determina duos Sólidos da Construção Civil –
lixo, não é uma solução social e eco- que as empresas que produzem ou Execução de Camadas de Pavimenta-
nomicamente sustentável. importam pneumáticos sejam res- ção – Procedimentos. Essa especifica-
O exemplo que se apresenta a se- ponsáveis pela disposição dos pneus ção traz algumas exigências quanto ao
guir é uma utilização sustentável des- velhos; e a de no 307 determina dire- material e quanto ao seu uso, sendo que
ses resíduos, aproveitando as melho- trizes para uma efetiva redução dos algumas delas estão listadas na tabela 1.
res qualidades desses materiais, cola- impactos ambientais provocados pe- Como pode ser verificado, o en-
borando para a pavimentação de vias, los resíduos de construção civil, sendo saio de Índice de Suporte Califórnia é
que representam uma melhoria na que a reciclagem é uma das alternati- o parâmetro exigido quanto à resis-
vida das pessoas, organizando o uso vas apresentadas. tência do material.
Embora não conste na NBR 15115,
o módulo de resiliência também é con-
siderado um parâmetro importante na
caracterização do agregado reciclado,
uma vez que esse valor está relacionado
com o desempenho do material em
Engenharia de Transportes Poli-USP
Fotos: divulgação Departamento de
corrida, com 30% a 50% de redução Tabela 1 - ASPECTOS PRESCRITOS PELA NBR 15115 COM RELAÇÃO ÀS
dependendo das distâncias de trans- CARACTERÍSTICAS DO AGREGADO RECICLADO PARA EMPREGO EM CAMADAS DE
porte para a obra. BASE E SUB-BASE DE PAVIMENTOS
Ensaio Detalhamento
Asfalto-borracha Análise dimensão característica máxima 63,5 mm
Esse ligante é produzido em em- granulométrica coeficiente de uniformidade maior ou igual a 10
presas especializadas que adquirem a % passante na peneira 0,42 mm entre 10% e 40%
borracha de pneus já moída e incorpo- Porcentagem de mesmo grupo 2,0%
ram-na no asfalto. De maneira simpli- de materiais de grupos distintos 3,0%
ficada, o uso de asfalto-borracha na indesejáveis
usinagem de concretos asfálticos resul- Forma dos grãos % de grãos lamelares máximo 30%
ta em camadas de revestimento com Índice de de acordo com o Base: ³ 60% (*)
maior resistência ao trincamento e às Suporte tipo de camada Sub-base: ³ 20%
deformações permanentes (afunda- Califórnia (CBR) Reforço de subleito: ³12%
mentos). Isso porque a mistura asfálti- Expansão (por de acordo com o Base: = 0,5% (*)
ca adquire um pouco da capacidade imersão em tipo de camada Sub-base: = 1,0%
elástica da borracha, passa a ser capaz água por Reforço de subleito: = 1,0%
de se deformar mais durante a passa- quatro dias)
gem de veículos pesados e a voltar à (*) É permitido o uso de agregado reciclado em camada de base para vias de tráfego
mesma forma de antes, com menor com N = 106 repetições do eixo-padrão de 80 kN no período do projeto.
risco de deformações indesejáveis.
Com isso, a vida útil dos pavimentos é mesmas características de projeto que lometria, a forma, a umidade ótima e
maior. Além disso, o negro-de-fumo, um concreto asfáltico comum, mas o Índice de Suporte Califórnia. Os en-
substância presente na borracha, pro- conta-se que sua durabilidade seja saios devem ser realizados de forma
tege o asfalto contra o desgaste quími- pelo menos 50% maior que o concre- sistemática na obra, principalmente
co, decorrente de sua exposição a raios to asfáltico comum, pelos ensaios de com o recebimento de lotes visual-
infravermelho e ultravioleta, muito in- laboratório realizados. mente distintos.
tensa em um país tropical como o Bra-
sil. Esse desgaste envelhece precoce- Execução Distribuição e compactação de agregados
mente o asfalto. Recebimento de agregados reciclados reciclados
O asfalto-borracha é um pouco Com relação ao recebimento de As camadas de agregado reciclado
mais caro que o asfalto convencional, materiais, é importante verificar se os possuem de 10 a 20 cm de espessura
mas sua durabilidade também é maior. agregados reciclados atendem ao es- acabada (após compactação), e essa
pecificado pela NBR 15115 ou pelo dimensão depende do dimensiona-
Projeto projeto de pavimentação. Fatores mento estrutural. A distribuição do
O projeto de dimensionamento mais importantes: porcentagem de agregado reciclado pode ser feita com
foi feito pelo método clássico do materiais indesejáveis, porcentagem motoniveladora, em espessura uni-
DNIT (Departamento Nacional de de material fino, dimensão caracterís- forme, sem produzir segregação. Para
Infra-Estrutura de Transportes) para tica máxima dos grãos e Índice de Su- a compactação, recomenda-se que
pavimentos flexíveis e toda a estrutu- porte Califórnia. Antes da aplicação sejam utilizados rolos compactadores
ra foi analisada quanto às deforma- do agregado reciclado, devem ser fei- do tipo pé-de-carneiro vibratório ou
ções e tensões por análise computa- tos ensaios para determinar a granu- liso vibratório (figura 2).
cional. Dada a presença de solo muito
mole como subleito, a estrutura pre-
viu uma camada de regularização e
reforço do subleito de solo importado
laterítico, com CBR de no mínimo
12%, duas camadas de agregado reci-
clado de entulho, com 15 cm de espes-
sura cada uma e um revestimento as-
fáltico do tipo concreto asfáltico usi-
nado a quente com asfalto-borracha.
Para os cálculos, pode-se igualar os
agregados reciclados como se fossem
uma base de brita graduada simples.
Utilizou-se para o asfalto-borracha as Figura 3 – Pavimentadora Figura 4 – Rolo liso de pneus
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COMO CONSTRUIR