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1. Introdução
2. CONCEITO
Não é tarefa fácil definir o que é o Autismo; desde 1943 (quando Kanner o
fez pela primeira vez), já houve várias revisões do termo, baseadas em
múltiplas investigações)
O termo Autismo foi introduzido pela primeira vez por Bleuler (1911), na
sua obra “Grupo de Esquizofrénicos”, para designar as doenças
esquizofrénicas adultas, a perda do contacto com a realidade e, resultante
disso, uma grande dificuldade em comunicar com o outro.
1
WING, L. – Autismo Infantil: Madrid: Santillana, 1982, pp. 19.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
2
KANNER, L. – Follow up study of eleven Autistic Children Originally Reported in 1943: vol. 8, nº 2,
1978.
RIDEAU, A. – Psicologia Moderna, 400 dificuldades e problemas das crianças, perguntas e respostas:
Lisboa: Verbo, 1977.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Mais tarde, em 1956, numa das suas publicações, Kanner isolou apenas
duas destas características, como sendo os elementos-chave do autismo: O
isolamento extremo destas crianças e a sua insistência obsessiva na
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
4
MAHLER, M. – Psychose Infantile: Paris: Payot, 1973, pp. 36.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
5
TUSTIN, F. – Autismo e Psicose Infantil: Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975, pp. 59.
6
RUTTER, M. et al – Autisme, une Réevaluation... pp. 12.
7
SCHOPLER, E. – Stratégies Educatives de L’Autisme: Paris: Masson, 1988, pp. 25.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
8
BARON-COHEN, S. et al – Perspectives from autism: Oxford University Press, 1993, pp. 47.
9
BETTELHEIM, B. – La Forteresse Vide: Paris: Gallimard, 1974, pp. 67.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Uma indicação de que uma lesão cerebral pode estar na base do Autismo
é a elevada incidência de epilepsia nas crianças autistas (cerca de 1/3 dos
adolescentes autistas têm epilepsia). Outra indicação reside na tendência
manifesta para que deficiência mental geral acompanhe o autismo: cerca de
3/4 das pessoas com autismo são também deficientes mentais (QI < 70) e
sempre que se observam grupos de pessoas com QI progressivamente mais
baixo, a incidência de Autismo aumenta. Além disso, mesmo em crianças
autistas cuja realização nos testes de inteligência está acima do atraso mental,
encontra-se uma incidência elevada de sinais neurológicos. Isto poderia ser
facilmente explicado por um modelo em que o autismo resultasse de uma lesão
num mecanismo ou região circunscrita do cérebro.
10
LOTTER, V. – Epidemiology of Autistic Conditions in Young children, in Soc. Psychiat: 1967, pp. 54.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
11
SCHOPLER, E. – Stratégies Educatives... pp. 58.
12
RUTTER, M. et al – Autisme, une Réevalution... pp. 34.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Existe uma teoria psicológica que, nos últimos 50 anos, tem vindo a
despertar grande interesse e que tem provado ser extremamente bem sucedida
na predição e explicação dos traços universais e específicos do Autismo.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Apesar de tudo, esta teoria não consegue explicar tudo, há ainda muitos
puzzles que permanecem por resolver.
das crianças com Autismo de hoje se adaptam ao quadro por ele traçado, o
diagnóstico do Autismo tem-se modificado à medida que mais conhecimentos
se adquirem acerca desta perturbação.
16
ATTWOOD, T. - Why do Cris do That?: London: 1993, pp. 67.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
19
RIVIERE, A. - Necessidades educativas especiais y aprendizage escolar: Madrid: Alianza Editorial,
1994, pp. 317.
20
RIVIERE, A. – Necessidades educativas... pp. 318.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
outros. Parecem
ter aprendido as
regras de relação
e contacto social
de uma forma
intelectual e não
“vital”.
21
WING, L. – Autismo... pp. 51.
22
WING, L. – Autismo... pp. 40.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
DEFICIÊNCIAS BÁSICAS
a) Linguagem falada
Problemas de compreensão da linguagem:
Anomalias no uso da linguagem:
Ausência total da linguagem (mutismo) ou
naqueles que falam:
Ecolália imediata
Ecolália retardada
Uso repetitivo, estereotipado e rígido de
palavras e frases
Problemas que
Imaturidade na estrutura gramatical da
afectam a
linguagem espontânea (não imitativa)
linguagem e a
Alteração na sequência de letras e palavras
comunicação
Fraco controlo do tom, volume e entoação da voz
Problemas de pronúncia
b) Linguagem e comunicação não verbal
Fraca compreensão da informação transmitida
por gestos, mímica, expressão facial, postura do corpo,
entoação vocal.
Carência de uso de gestos, mímica, expressão
facial, postura do corpo e entoação vocal para transmitir
informações.
23
WING, L. Autismo... pp. 69.
24
WING, L. Autismo... pp. 67 -70.
25
RIVIERE, A. - El desarrollo y la aducación del niño autista: Madrid: Alianza Editorial, 1994. pp. 190-
226.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
todo.
Concentração em actividades repetitivas,
movimentos estereotipados, auto-lesões, etc.
Conduta Birras.
socialmente Gritar em público.
imatura e difícil. Morder ou pontapear pessoas.
Hábitos socialmente inaceitáveis (ex: deitar-se para
o chão, descalçar-se em momentos inapropriados, pegar
em comida do prato dos outros, etc.)
2.4. ETIOLOGIA
26
BERNARDO, T.; MARTIN, C. – Necessidades Educativas Especiales: Ediciones Aljibe, 1993, pp. 35.
27
BERNARDO, T.; MARTIN, C. – Necessidades Educativas... pp. 39 - 43.
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 50 - 58.
28
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 74.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
29
BERNARDO, T. - MARTIN, C. – Necessidades Educativas... pp. 60.
30
WING, L. – Autismo... pp. 62.
31
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 76.
32
WING, L. – Autismo... pp. 86.
33
BARON-COHEN, S. et al – Perspectives... pp. 75.
34
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 77.
35
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 77.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
36
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 79.
37
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 79.
38
FRITH, U. – Autismo: Hacia una... pp. 81 - 88.
BERNARDO, T.; MARTIN, C. - Necessidades Educativas... pp. 57 - 63.
39
WING, L. – Autismo... pp. 83.
40
FRITH, U. - Autismo: Hacia una... pp. 80.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
2.5.1 Avaliação
O ideal seria que esta avaliação fosse por uma equipa multidisciplinar
formada por um neuro-pediatra, um psicólogo, um professor ou educador, um
terapeuta de fala, um assistente social e os pais.
41
FRITH, U. - Autismo: Hacia una... pp. 249.
42
RIVIERE, A. - El desarrollo y la aducación… pp. 114.
43
FRITH, U. - Autismo: Hacia una... pp. 250.
44
WING, L. - Autismo… pp. 102.
45
CORREIA, L.M. - Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares: Porto
Editora, 1997. pp. 15.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Para isso poderá contar com o auxílio de alguns instrumentos, tais como:
46
SCHOPLER, E, et al - Teaching strategies for Parents and Professionals: Texas: 1980. pp. 45-53.
47
WING, L. Autismo... pp. 78-93.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
4810
WING, L. Autismo… pp. 93-95.
49
VIEIRA, F.D. e PEREIRA, M.C. - A educação das pessoas com deficiência mental: Fundação
Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação, 1996. pp. 34 - 38.
50
RIVIERE, A. - El desarrollo y la aducación del niño autista: Madrid: Alianza Editorial, 1994. pp. 301.
51
VIEIRA, F.D. e PEREIRA, M.C. - A educação das pessoas… pp. 32.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Muitas vezes esta colaboração não se torna fácil pois os pais têm
sentimentos de desilusão e de culpa e não compreendem o que se passa com
o seu filho, por isso os primeiros contactos são de primordial importância: o
professor / educador deve transmitir reconhecimento por tudo o que os pais
fazem pelos filhos, mesmo que as vezes nos pareça inadequado, e valorizar o
papel que têm como pais; deve também ajudar os pais a compreender os
comportamentos e necessidades educativas dos seus filhos.
Os pais são as pessoas que passam mais tempo com as crianças, por
isso, para alem de a conhecer melhor, também são capazes, muitas vezes, de
desenvolver as suas próprias técnicas de ensino e de educação, pelo que será
52
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
muito salutar uma estreita colaboração entre pais e profissionais, baseada num
espírito de confiança, de partilha e respeito mútuo.
2.5.5 Programação
Dificuldades de atenção;
2.5.5.2 Objectivos
56
RIVIERE, A. - El desarrollo y la aducación… pp. 320.
57
WING, L. - Autismo… pp. 87.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
regular onde possa ter experiências com crianças ditas “normais”, assim
como promover visitas a amigos e familiares, idas às compras, a
espectáculos, etc.
58
WING, L. - Autismo… pp. 137 - 178.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
61
VIEIRA, F.D. e PEREIRA, M.C. – A educação das pessoas… pp. 43 - 48.
62
Carta dos Direitos da Pessoa com Autismo: Autisme-Europe. (Anexo ...
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
I – Direito a ser implicado nas decisões que dizem respeito ao seu futuro
(Direito nº4 da Carta dos Direitos de Pessoas com Autismo).
Os desejos das pessoas com autismo devem ser, sempre que possível
conhecidos e respeitado. Não devemos poupar-nos a esforços para tentar
explicar as opções existentes, mesmo que seja um processo demorado e não
estejamos seguros de que a pessoa com autismo as vai compreender. Nunca
deverá tentar-se obter uma determinada resposta por omissão de detalhes
importantes.
Esta criança pode manifestar preferências por uma gama muito restrita de
alimentos ou de certas marcas, e as escolhas dos produtos, identifica quer pelo
gosto ou então pela embalagem.
65
NORMAN, A. S. – Psicologia… pp. 68.
66
NORMAN, A. S. – Psicologia… pp. 68.
67
NORMAN, A. S. – Psicologia… pp. 69.
68
NORMAN, A. S. – Psicologia… pp. 69.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
2.8 Tratamento
Não há cura para o Autismo. Pode-se sim ajudar a que as pessoas com
Autismo tenham uma melhor qualidade de vida.
Família, pelo apoio psicológico, formação aos pais e apoio farmacológico, este
apoio consiste para diminuir os problemas ligados com a agressão, a obsessão,
tiques, ansiedade, mudanças de humor, hiperactividade, etc.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Abraçar a criança mesmo que ela lhe seja indiferente, com o tempo ela vai
obtendo confiança.
71
STOPPARD, M. – Os primeiros anos do seu filho. Como descobrir e desenvolver as
potencialidades das crianças: Editora Civilização, 2001. pp. 166.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Uma das formas de a educadora lidar com crianças que sofram desta
patologia é através do impacto da comunicação aumentativa (comunicação de
apoio ou a ajuda) e da comunicação alternativa (qualquer forma de
comunicação distinta da fala e utilizada por uma pessoa em contextos de
comunicação cara a cara).72 Por isso, a educadora no processo de
comunicação com a criança autista deverá recorrer a signos gráfico/gestual,
recorrer frequentemente a imagens para que a comunicação entre ela e a
criança autista seja cada vez mais eficaz. Torna –se necessário também que
os estilos comunicativos e formas de comunicação usadas com a criança nas
diversas situações sejam semelhantes de modo a haver coerência. É
fundamental escolher as actividades em que a criança se envolva com maior
prazer e que sejam as mais relevantes para si, em que seja mais fácil atingir o
objectivo e que impliquem, preferencialmente, a interacção com pares.
72
Cregan,A; Jones, P, Sign & symbol communication for mentally handicapped people: British Library,
1986. pp. 86 - 130.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Algumas estratégias que o educador poderá utilizar são, por exemplo, não
dar ajuda antes da criança mostrar de que necessita, o educador deverá
informar da actividade de colagem e em vez da cola, estar no seu lugar papel,
o seu brinquedo preferido estar guardado dentro de uma caixa difícil de abrir, e
para isso, a criança vai ter de pedir ajuda, na hora da refeição poderão ser
ensinadas, demonstradas diferentes funções comunicativas (exemplo: pedir,
rejeitar, comentar). Isto tudo tem como objectivos, desenvolver uma
comunicação social espontânea, com uma estrutura o mais flexível possível,
dar á criança um leque de estratégias vasto para conseguir expressar as suas
intenções.73
73
Cregan,A; Jones, P, Sign & symbol communication for mentally handicapped people: British Library,
1986. pp. 86-130.
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
Das Educadoras que entrevistamos, apenas uma delas no presente não se encontra
a trabalhar com alguma criança autista, mas no entanto, tinha trabalhado durante um ano
com uma criança que sofreu desta patologia. Também das cinco crianças que as
Educadoras trabalham ou trabalharam tinham idades compreendidas entre os três e os
seis anos, sendo duas delas do sexo feminino e três do sexo masculino. Pelo menos
duas das Educadoras já trabalham há mais de cinco anos com crianças autistas.
De uma forma geral, todas as educadoras entrevistadas têm certos cuidados dos na
relação da evolução da criança autista com quem trabalham. É uma relação de carinho e
de observação para verificar os centros de interesse que necessitam de ser mais
trabalhados na criança. É uma relação individualizada que vai desde o intercâmbio entre
educadoras e familiares, respeitando acima de tudo a evolução que a criança vai
apresentando.
No que diz respeito à actividade que o autista terá que desempenhar. Aqui as
educadoras variam um pouco na maneira como comunicam à criança, apesar que a
maior parte delas, verbalizam e mostram a actividade antes de pedirem à criança autista
que a realize. Outra das educadoras costuma interagir com os pais para saber a melhor
forma de indicar a actividade à criança.
Para chamar a atenção do menino/menina, uma das educadoras respondeu que tem
imagens afixadas na sala com determinadas expressões faciais, e sempre que se justifica
uma chamada de atenção, positiva ou negativa dentro da sala, a educadora aponta-lhe
para as imagens. Outra das educadoras apenas ralha quando quer chamar à atenção a
criança. Uma outra, chama a atenção, por exemplo, quando a criança não faz ou não
quer fazer algo porque lhe tiram um objecto, ele acaba por agredir algum colega, nesta
situação a educadora com calma diz-lhe: “ Não se bate, o menino está triste” e ele fica
sensibilizado e até consegue acalmar porque é preciso dar tempo e deixá-lo manifestar a
agressividade para que a situação não piore. Numa das salas visitadas existe um espaço
para a criança autista se acalmar, chamado de “Time-out” e sempre que a educadora tem
que fazer uma chamada de atenção a criança vai para lá e só sai quando estiver pronta
_______________________________Como o educador comunica com a criança autista
para se portar bem. Neste mesmo jardim quando a fúria é tal, a educadora encosta-o à
parede com os braços cruzados para o imobilizar, pois corre-se o risco de eles se
magoarem ou de magoarem outras pessoas.
A maior parte destas crianças não consegue ser autónoma na realização das
actividades básicas, tal como ir à casa de banho, vestir-se lavar-se e pentear-se. Em
alguns casos a educadora dá uma pequena ajuda, faz antecipadamente para que a criança
perceba o que deve fazer, quando não é possível que a criança faça sozinha a educadora
ajuda verbalizando todos os passos da acção.
criança autista no grupo, na sala com as outras crianças não autistas, o de a relacionarem
com os adultos da Instituição. E é verificado, na maior parte dos casos, intercâmbio de
informação entre a Educadora e os pais da criança autista para que a comunicação se dê
de um modo mais eficaz.
Conclusão
Concluímos que não há cura para o autismo mas têm-se feito progressos
na investigação e aplicação de medidas de prevenção para quem sofre desta
patologia. Cada vez mais o diagnóstico e intervenção precoce assumem uma
importância primordial na evolução e integração dos autistas na sociedade civil.
educadoras que lidam com este tipo de crianças tentam manter-se informadas
e cultivadas sobre espectro do autismo.