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Deficiência Mental

1. Conceito e Definições

No DSM-IV-TR, Deficiência Mental (Atraso Mental ou Retardo


Mental) é uma condição definida como um funcionamento intelectual
geral do indivíduo significativamente abaixo da média (dois, ou mais,
desvios-padrão), resultando em (ou associado a) prejuízo concomitante no
comportamento adaptativo, manifestando-se durante o período de
desenvolvimento e antes dos 18 anos de idade. O funcionamento
intelectual geral deve ser determinado pelo uso de testes de inteligência
padronizados e o diagnóstico implica que o indivíduo tenha um Q.I. de 70
ou inferior, ou seja, que o seu Q.I. esteja dois, ou mais, desvios-padrão
abaixo da média padronizada (Média-padronizada = 100; Desvio-padrão =
15). O nível de funcionamento adaptativo pode ser medido,
objectivamente, pelo uso de escalas padronizadas, como por exemplo, a
Escala de Comportamento Adaptativo de Vineland, em que são medidas
algumas variáveis, como a comunicação, as habilidades do dia-a-dia, a
socialização e as habilidades motoras em indivíduos até aos 4 anos e 11
meses, de idade cronológica. Através da comparação entre os resultados
globais obtidos e os resultados médios esperados para crianças da mesma
idade com níveis de desenvolvimento normais, é possível uma medida
objectiva do nível de desenvolvimento e do grau de adaptabilidade.
Porém, na medida do nível de funcionamento adaptativo, podem ser
utilizados outros instrumentos de avaliação, desde que adequados ao
propósito em causa. Na falta de melhor, poderão também ser usadas
medidas mais ou menos objectivas, do comportamento (notas escolares,
observação e descrições clínicas de profissionais credenciados, testes ou
instrumentos de avaliação auxiliares, relatos de vários observadores
independentes e credíveis, etc).

2. Graus de Gravidade da Deficiência Mental:

Segundo o DSM-IV-TR, a deficiência mental pode apresentar 4


níveis, graus ou categorias: leve, moderada, grave e profunda.
Na deficiência mental leve, o Q.I. varia de 50 a 55 até 70; regra
geral, estas crianças só começam a ser identificadas no (ou a partir do) 1.º
ciclo da escolaridade obrigatória, regra geral, até aos 9 ou 10 anos de
idade, por vezes mais tarde; raramente são diagnosticadas antes dos 6
anos de idade. À medida que as exigências escolares aumentam,
gradualmente, o indivíduo começa a falhar, sistemáticamente, as metas
educacionais previstas. No final da adolescência, estes indivíduos
raramente conseguem ir além da escolaridade obrigatória. É frequente
não serem encontradas causas específicas que expliquem o déficite
cognitivo e a falta de comportamento adaptativo. Muitos dos adultos com
deficiência mental leve (ou ligeira) conseguem atingir as metas de
autonomia esperadas, isto é, conseguem viver de maneira independente,
por vezes com alguns apoios, muitos trabalham, têm uma família, e estão
socialmente integrados.

Na deficiência mental moderada (Q.I. de 35 a 40 até 50 a 55),


observa-se que a maior parte destas crianças consegue desenvolver a
linguagem e comunicar de um modo adequado, pelo menos na 1.ª
infância. Contudo, aquando da entrada na escola, essas crianças
encontram muitas dificuldades de aprendizagem e raramente conseguem
concluír o ensino básico sem apoios específicos e especializados. As
dificuldades de socialização começam a fazer-se notar, e levarão, quase
inevitavelmente, ao isolamento, na adolescência. Regra geral, é necessário
recorrer a apoio social e psicopedagógico, em particular na escola.
Enquanto adultos, muitos serão capazes de realizar trabalhos semi-
qualificados, sob adequada supervisão. Necessitam, regra geral, de apoio
psicossocial permanente, uma vez qua a maior parte destes indivíduos não
adquire a autonomia suficiente para ter uma qualidade de vida aceitável.
Neste grupo, por vezes, encontra-se uma causa específica ou explicação
clínica para o problema, embora a regra geral seja a de não se
encontrarem causas específicas ou explicações plausíveis para o
problema.

Na deficiência mental grave (Q.I. entre 20 a 25 até 35 a 40)


encontramos crianças que podem aprender a comunicar e a falar, a
contar, etc; geralmente, consegue-se encontrar uma causa específica que
explique os problemas. Na idade adulta, algumas pessoas conseguem
adaptar-se bem, sob supervisão e em ambientes protegidos, a realizar
certas tarefas relacionadas com o trabalho. Não possuem, em geral, um
grau de autonomia compatível com alguma qualidade de vida acitável.
Precisam, incondicionalmente, de apoio psicossocial mais ou menos
especializado.

Na deficiência mental profunda (Q.I. abaixo de 20 a 25), é possível,


na grande maioria dos casos, encontrar uma causa ou condição de saúde
específica que explique a condição do indivíduo. Enquanto crianças,
podem aprender a cuidar de si próprios, ao nível dos cuidados básicos de
higiene, por exemplo, e acomunicar, de forma eficaz, as suas necessidades
mais básicas ou elementares.

Cerca de 85% dos indivíduos com deficiência mental estão na


categoria de leve (Q.I. entre 50 e 70), 10% estão na categoria de
moderada (Q.I. entre 35 a 40 até 50 a 55), 4% estão na categoria de grave
(Q.I. entre 20 a 25 até 35 a 40) e 1% estão na categoria de profunda (Q.I.
menor que 20 a 25).

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