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A prática do pedagogo orientador

educacional no ensino público e em rede


social

O profissional da Pedagogia/Orientação Educacional, como qualquer outro profissional,


atua dentro de um contexto sócio-político e científico. Na busca de um senso crítico
frente a sua atuação, está sempre presente a busca da reflexão a respeito de sua práxis
para, assim, encontrar outros sentidos, outras formas de ação. Nesse percurso percebe
que para a solução de muitas questões que surgem em seu cotidiano, é necessária a co-
construção de uma experiência coletiva que traga alternativas de transformação para a
realidade.

Sendo assim, entre as profissionais pesquisadas, constatamos que sua prática vem cada
vez mais evidenciando a clareza de que a educação é um meio fundamental para o
desenvolvimento da consciência social dos cidadãos, para o (re)conhecimento e a
(re)definição de seus direitos e deveres. Assim como o saber do conhecimento sobre os
direitos e os deveres dos indivíduos na sociedade possibilita uma tomada de consciência
que o leva a se organizar em grupo nas lutas pelos direitos sociais (GOHN, 1999).

Na certeza de que é impossível a construção de um mundo mais humano se escolhemos


o isolamento social é que os profissionais da Orientação Educacional foram comprovando
que a forma tradicional de se pensar o trabalho, seja ele educacional ou social - onde
cada um ficava isolado no seu setor e/ou campo de ação, atuando como se fosse o único
trabalho possível de se realizar - não produzia resultados que pudessem contribuir para
uma vida em coletividade.

Dessa forma, podemos tecer algumas considerações e (re)flexões a partir desse estudo
de que o conceito de pedagogia/orientação educacional e, portanto, da sua prática,
modificou-se com o tempo, mas não se modificou a essência da Orientação, que é ajudar
o outro no seu projeto de vir-a-ser. Esse outro não é um indivíduo qualquer, mas uma
pessoa, um ser humano real, concreto, histórico que se move na teia de relações que o
sujeito e o pedagogo orientador educacional estão contextualizados, ou seja, a
orientação educacional colabora com o individual, mas não deixando, em momento
algum, de olhar para o individual inserido no coletivo, no político e no social. O pedagogo
orientador educacional tem um compromisso explícito com os valores políticos da
educação que buscam colocar o ser humano como o centro de toda medida onde a
pessoa humana é definida não só nos discursos políticos, mas também, na ação das
políticas, como o valor fonte da educação.

GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos Sociais e educação. 3.


ed. São Paulo: Cortez, 1999.

A formação do pedagogo(a)/orientador(a) educacional se dá, e/ou,


ocorria, como uma habilitação dentro da pedagogia. Porém, com as
discussões que passaram a ocorrer de forma sistemática a partir de 1979,
a respeito da formação dos profissionais da educação, e, em
especificidade do pedagogo, muitas mudanças têm ocorrido, entre elas a
formação do orientador educacional como uma especialização da pós-
graduação. Como afirma Fonseca (2005), nos últimos anos, tem se
tornado cada vez mais freqüente o apelo ao caráter multidimensional da
pedagogia, como campo de conhecimento, e, por conseguinte, a
reivindicação de seu alcance a diversas esferas da prática social. Com
isso, cada vez mais ganha relevo o discurso que busca apontar e justificar
a ampliação dos espaços de atuação profissional do pedagogo, para além
do ambiente escolar e da chamada educação formal. Porém, alerta o autor
(op. cit) que é necessário a reflexão a respeito deste alargamento do
campo de exercício profissional do pedagogo, pois, quem sabe com isso
não se esteja colaborando para uma redução teórico-conceitual da
pedagogia que, limitada a uma dimensão meramente técnica e
instrumental, coloca-se a serviço dos interesses do mercado e dos
processos produtivos, esvaziando o seu sentido enquanto campo de
reflexão sobre a formação humana, orientada para uma perspectiva de
emancipação social. Tal suspeita, no dizer de Fonseca (op.cit), se
evidencia na ocorrência de fenômenos que parecem contraditórios, como
é o caso, por exemplo, da crescente expansão dos cursos de Pedagogia,
mesmo diante da permanência dos impasses e indefinições em torno das
Diretrizes Curriculares para o curso no âmbito do CNE, num prolongado
processo de discussão que vem envolvendo diferentes instâncias que
lidam com o curso de Pedagogia, desde instituições formadoras, entidades
acadêmicas e científicas (ANFOPE, ANPED, CEDES, ANPAE, FORUMDIR),
passando por comissões de especialistas no âmbito do CNE, sem que se
alcance um consenso razoável.
FONSECA, Fábio do Nascimento, (06/07/2005). Acerca da
ampliação dos espaços de atuação profissional do
pedagogo: inquietações, ponderações e cautelas.

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