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APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
I
FIM DO IMPÉRIO ROMANO
A desagregação do Império
Nos séculos I e II, o Império Romano passou por uma época de estabilidade e
atingiu sua extensão máxima. A partir do século III, no entanto, uma crise interna e
constantes pressões exercidas por povos vindos de fora desorganizaram o império e
contribuíram para sua desagregação.
A crise interna está relacionada ao fim das guerras de conquistas, fato que
provocou a diminuição da entrada de prisioneiros de guerra, e consequentemente do
número de escravos, principalmente na Península Itálica, área que mais dependia desse
tipo de mão de obra. Alem da falta de mão de obra, as grandes propriedades escravistas
da Itália passaram a enfrentar a concorrência econômica das províncias romanas, que
vinham aumentando sua produção e seu comércio, com resultado do período de paz no
império (Pax Romana).
Ao mesmo tempo, os povos germânicos (conjunto de povos que habitavam o
norte do Império Romano), chamados pelos romanos de “bárbaros”, passaram a
pressionar de várias formas as fronteiras do império, que reagiu contratando soldados.
Para cobrir os gastos com a defesa, o governo imperial aumentou os impostos e emitiu
moedas, provocando uma alta de preços que prejudicou ricos e obres. Com isso, boa
parte da população deixou as cidades para viver no campo. Os ricos foram ara suas
propriedades rurais e os pobres que saiam das cidades empregavam-se para trabalhar
para eles como colonos. O clono era um trabalhador que cultivava um pedaço de terra
do proprietário e entregava para ele uma parte da colheita como pagamento pelo uso da
terra e proteção. Essa relação dá-se o nome de colonato.
O Império Oriental
Mas no Oriente, o Império sediado em Constantinopla resistiu por mais de mil
anos. Nós o conhecemos como Império Bizantino. O Império Bizantino recebeu este
nome dos historiadores porque sua capital, Constantinopla, era uma antiga colônia grega
chamada Bizâncio. Constantinopla tinha uma posição geográfica privilegiada: ficava na
entrada do Mar Negro, entre a Europa e a Ásia, passagem obrigatória de importantes
rotas comerciais que ligavam o Oriente e o Ocidente.
A fama de Constantinopla devia-se principalmente pelo seu intenso comércio. A
cidade era ponto de encontro de pessoas e mercadorias de várias partes do mundo: da
China vinha a seda, da Índia e Ceilão, as famosas especiarias (cravo, pimenta, e outros
produtos). Esses produtos e outros, como joias e imagens religiosas fabricadas elos
bizantinos eram exportados para o Ocidente com grande lucro.
O Império Bizantino se perpetuou da época antiga à medieval, mantendo
contatos com o Ocidente feudal, e tendo certa importância política e ainda maior
econômica. Mas esse império sofreu crises semelhantes ao Ocidental: problemas
econômicos, dificuldades políticas (agravadas pelas religiosas) e invasões. A partir do
século XI, o Império Bizantino declinou sob o peso dos enormes gastos militares para
defender suas fronteiras, ameaçadas por diferentes povos. Depois de sucessivos ataques,
em 1453 os turcos otomanos conquistaram Constantinopla com balas de canhão.
Acabava o período de existência do Império Bizantino.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
II
FORMAÇÃO DA EUROPA FEUDAL
Os germânicos
Os germânicos davam grande importância à guerra e, sendo assim, valorizavam
a coragem no campo de batalha, a morte em combate e a fidelidade entre os guerreiros.
Jovens guerreiros formavam um bando comandado por um chefe ao qual prestavam
juramento de fidelidade. Essa associação de guerreiros era chamada de comitatus. Com
o aumento das guerras contra os romanos, os chefes destes bandos foram ganhando
riqueza e fama, alguns já eram reis e muitos outros alcançaram este status.
Os germânicos não tinham leis escritas. Suas leis, como quase toda sua cultura,
eram transmitidas oralmente. O direito germânico era, portanto, consuetudinário, ou
seja, baseado nos costumes. Cada comunidade tinha leis e costumes próprios.
Entre os germânicos, se alguém fosse acusado de um crime podia provar sua
inocência num duelo de espadas; e se vencesse, era considerado inocente, pois a vitória
era um sinal de que os deuses estavam com ele.
No fim do século V, os germânicos conquistaram Roma, aniquilando o poder
central. Nas terras conquistadas aos romanos, os germânicos fundaram vários reinos
independentes, dentre os quais podemos destacar: reino dos anglo-saxões, reino dos
visigodos, reino dos suevos, reino dos vândalos, reino dos ostrogodos e reino dos
francos.
Os francos
Os francos atravessaram o rio Reno em direção oeste e estabeleceram-se na
província romana da Gália (região das atuais Bélgica, França e parte da Alemanha)
interessados pelas riquezas da região. Na Gália, os francos viviam divididos em vários
grupos, cada qual com seu chefe. Um desses chefes, chamado Clóvis, impôs sua
autoridade aos demais por meio das armas e se tornou rei, da dinastia merovíngia, assim
chamada em homenagem a seu avô, Meroveu.
No poder, Clóvis começou a expandir seu reino sobre terras de romanos e outros
povos germânicos, como os visigodos. Ao vencê-los Clóvis dominou toda a Gália. Em
496, Clóvis converteu-se ao catolicismo romano e, com o apoio da Igreja, continuou sua
expansão.
Os sucessores de Clóvis ocuparam-se de muitas festas e torneios, relaxando com
o governo e a política, que ficou a cargo de um alto funcionário conhecido como
prefeito ou mordomo de palácio. O filho de um desses funcionários, Pepino, o breve,
depôs o último rei merovíngio, se fez aclamar rei e instaurou uma nova dinastia: a
carolíngia. O papa reconheceu o novo rei e, em troca, o pediu que o defendesse dos
lombardos (outros povos germânicos), que haviam se estabelecido na Itália central e
ameaçava assaltar Roma, sede do papado. Pepino, invadiu a Itália e derrotou os
lombardos e doou para a Igreja Católica parte das terras. Dessa doação originou-se o
“patrimônio de São Pedro”.
O Império Carolíngio
Carlos Magno foi o sucessor de Pepino, seu pai. Ele deu continuidade à aliança
com a Igreja e à política guerreira dos francos. Os exércitos de Carlos duplicaram as
terras dos francos, formando um imenso império que abrangia as terras das atuais
França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República
Tcheca, partes da Itália e Espanha.
Na noite de natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente
pelo papa. Para administrar seu império, Carlos Magno o dividiu em províncias e
entregou sua administração a funcionários que tinham cargos de condes, marqueses e
duques. Esses funcionários, e outros, faziam cumprir no território as decisões do rei,
bem como cobravam impostos e multas.
Carlos Magno deu importância às artes, ao conhecimento e à educação. Reuniu
em sua corte diversos sábios da Europa, fundou escolas nos conventos, igrejas e
palácios. Facilitou a atuação dos monges copistas, que reproduziam textos gregos e
romanos, permitindo que grandes obras da antiguidade fossem salvas e chegassem até
os dias de hoje. Todo esse movimento cultural ficou conhecido como o renascimento
carolíngio.
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o império começou a enfraquecer. Seu
filho Luís, o piedosos (por sua religiosidade), teve dificuldades para impor sua
autoridade.
Com a morte de Luís, seus filhos disputaram o trono pelas armas, numa guerra
que durou três anos. A guerra culminou com o Tratado de Verdun (843), acordo que
dividia o império em três partes: Carlos, o calvo ficava com a parte ocidental; Luís, o
germânico, com a parte oriental; Lotário, com a parte central, que se estendia do Mar do
Norte ate o centro da atual Itália.
Depois da divisão do Império Carolíngio, ocorreu o enfraquecimento do poder
central. Aproveitando-se disso, os nobres (condes, marqueses, duques) foram tornando
seus cargos vitalícios e aumentando seu poder local. Além disso, povos vindos de
diferentes lugares (árabes do sul, vikings do norte e húngaros do leste) atacaram a
Europa; para defender seus territórios os reis pediram ajuda aos nobres, que com isso se
fortaleceram ainda mais. Consolidou-se assim na Europa o feudalismo.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
III
FEUDALISMO NA IDADE MÉDIA
Para compreender melhor a Idade Média ou o período medieval, vamos nos
localizar: início mais ou menos no século V, com as invasões “bárbaras” e a queda do
Império Romano do Ocidente; e término em 1453, com a invasão e tomada de
Constantinopla pelos turcos otomanos e a consequente queda do Império Romano do
Oriente (Império Bizantino).
Para facilitar o estudo, o período é dividido em: Alta Idade Média (séculos V a
IX) e Baixa Idade Média (séculos X a XV).
O feudalismo
Feudal e feudalismo são termos modernos, criados depois do declínio desta
sociedade. A palavra feudo tem sua raiz no latim feudum: posse, propriedade ou
domínio e, ao que parece, foi usada pela primeira vez no século XVI. Já a palavra
feudalismo só viria a ser usada no século XIX. Há muitas controvérsias entre os
historiadores ao definir o sistema feudal, pois cada um centraliza suas concepções de
acordo com sua visão sobre a história. Mas de um modo geral, o feudalismo é
considerado um modo de produção econômico e um sistema social que predominou por
boa parte da Idade Média na Europa.
O feudalismo formou-se por meio de um longo processo que combinou
elementos de origem romana, como o colonato, com outros de origem germânica, como
o comitatus. O colonato obrigava os camponeses a dar parte do que produziam ao
proprietário das terras em que trabalhavam. Já o comitatus era uma associação de
guerreiros unidos pela fidelidade a um chefe capaz de conquistar e distribuir bens.
Podemos definir algumas características do feudalismo:
- Descentralização política: em geral, o rei era uma figura decorativa, simbólica,
pois quem efetivamente mandava nos feudos (territórios) eram os senhores feudais
(diversos tipos de nobres, inclusive reis). Isso não quer dizer que todos os reis ingleses e
franceses do período, por exemplo, fossem figurativos. Henrique II da Inglaterra e
Felipe, o belo, da França, foram monarcas poderosos.
- Economia agrária: as relações sociais de produção se desenvolveram em torno
da terra, porque repousavam sobre uma economia predominantemente agrícola.
- Visão religiosa: a mentalidade do homem medieval era marcada por grande
sentimento religioso. Deus era a medida de todas as coisas. Por isso podemos afirmar
que durante a Idade Média predominou o Teocentrismo, ou seja, Deus como centro de
tudo.
- Regime de servidão: os camponeses, em sua maioria eram servos, que estavam
proibidos de abandonar os feudos; onde usavam a terra e pagavam taxas aos senhores
feudais.
- Ruralização da sociedade: as cidades estavam despovoadas e a vida rural era
predominante.
- Supremacia de uma ordem de guerreiros especializados: a partir do século X,
ou um pouco mais tarde, os cavaleiros obtiveram hegemonia militar e, portanto, social.
- Vínculos pessoais: o servo estava sujeito ao senhor feudal, que, por sua vez
seria vassalo de um ou mais outros senhores feudais superiores a ele, ou seria suserano
de um ou mais senhores feudais inferiores a ele.
Sociedade feudal
Os que
guerreavam
Nobreza
Os que
oravam Clero
Os que
trabalhavam Servos – camponeses e
vilões
Burgueses
O feudo
Na Idade Média, a terra era a fonte de poder e riqueza. O feudo era a base desta
sociedade, o núcleo de organização da sociedade feudal. A propriedade ou não do feudo
determinava o papel do indivíduo dentro desta sociedade. O feudo mais comum era uma
porção de terra, porém existiam outros tipos, como o pagamento de uma quantia em
dinheiro ou a exploração de uma ponte. Tomemos, portanto, feudo como porções de
terras, porque este tipo era o dominante. Esse feudo compreendia três partes: o domínio
ou reserva senhorial, as terras arrendadas e as terras comuns.
O domínio, reserva ou manso senhorial englobava as melhores terras do feudo.
Correspondia à parte do senhorio não explorada diretamente pelo senhor (este não fazia
este tipo de trabalho, pois sua função era guerrear). Era onde estava construído o
castelo, a residência do senhor feudal.
As terras arrendadas ou manso servil, eram cultivadas pelos camponeses, de
onde tiravam sua subsistência e de sua família, e parte da produção que era entregue ao
seu senhor feudal.
As terras comuns, ou comunais, eram formadas por pastagens, florestas e
bosques. Seu uso era coletivo. Nelas, os camponeses buscavam mel, frutas e lenha, e os
senhores as usavam como local de caça.
A distribuição de terras (feudos) era feita através do chamado contrato de
enfeudação, onde um rei ou um nobre poderoso e dono de muitas propriedades
distribuía terras a nobres subordinados que tirariam delas proveito. Em troca, os nobres
subordinados (vassalos) disponibilizariam ao rei ou ao nobre superior (suserano) o
serviço militar de suas tropas e, às vezes, pagaria algumas taxas ou impostos. As terras
ficariam com aqueles que as receberam por toda vida, a não ser que fossem por motivos
de conflito ou insubordinação, retiradas pelo suserano. Elas passavam de pai para filho
como herança, mas se caso o vassalo não tivesse filhos, esta voltava para o suserano. O
feudo conseguido por enfeudação não podia ser dividido entre herdeiros; só o filho mais
velho o recebia como herança.
Os impostos medievais
Os senhores feudais cobravam impostos aos seus servos e aos seus vassalos,
vejamos alguns:
- Corveia: trabalho gratuito nas terras do senhor; além de cuidar das plantações
do senhor, o servo devia construir ou consertar caminhos, reparar pontes, cortar e
carregar madeira etc;
- Capitação: imposto pessoal que era cobrado a cada indivíduo que vivia no
feudo;
- Talha: entrega de parte da produção ao senhor;
- Banalidades: taxa por utilizar as “ferramentas” do senhor, como moinhos,
arados, lagares e outros equipamentos do feudo.
- Dízimo: 10% de tudo para a Igreja.
IV
ABSOLUTISMO
A aliança entre o rei, a burguesia e parte da nobreza:
Os Estados nacionais surgiram do fortalecimento da autoridade do rei, apoiado
pela burguesia e parte da nobreza. Os burgueses apoiaram politicamente e
materialmente os monarcas porque estavam interessados em ampliar suas atividades
comerciais. Para isso eles precisavam eliminar as barreiras impostas pelos senhores
feudais para poder comerciar no interior dos feudos. Uma parcela da nobreza apoiou o
fortalecimento dos reis porque tinha empobrecido com a crise econômica que atingiu a
Europa nos séculos XIV e XV e passou a depender dos favores dos reis.
Contrários à centralização do poder real estavam principalmente a Igreja
Católica e a maior parte dos senhores feudais. O alto clero receava que os reis muito
poderosos se tornariam politicamente mais fortes que o papa. Uma monarquia
centralizada também representava uma ameaça ao poder econômico e político da Igreja
em cada região.
Teóricos do absolutismo:
O absolutismo tinha de ser justificado pela razão e pela fé para que as pessoas o
considerassem legítimo. Principalmente a burguesia, à medida que enriquecia,
ambicionava liberdade para realizar seus negócios sem o controle do Estado. Era
necessário , então, uma teoria que justificasse o poder absoluto dos reis sobre os reinos.
A base teórica de apoio ao absolutismo monárquico foi desenvolvida por importantes
escritores, entre eles Thomas Hobbes e Jacques Bossuet.
V
IDADE MODERNA
Na Idade Média, a terra é que era a fonte de riqueza e poder, mas depois da
ascensão da burguesia isso mudou. O ouro e os metais preciosos, materiais usados na
fabricação das moedas, passaram a ser a fonte de riqueza e poder político e econômico.
Marcos da modernidade:
- Político: formação do estado moderno nacional soberano;
- Econômico: Mercantilismo e comércio;
- Social: ascendência da burguesia;
- Cultural: Renascimento;
- Religioso: Reforma Protestante.
VI
MERCANTILISMO
Definição: política econômica empreendida pelo Estado nacional, visando o
acúmulo de metais preciosos. Esta política se realizava principalmente através de
práticas mercantis.
Princípios:
- Metalismo: acúmulo de metais preciosos.
- Balança comercial favorável: vender mais e comprar menos, para manter forte
o tesouro nacional. Procurava-se evitar a saída de metais preciosos do país, e incentivar
a sua entrada.
- Protecionismo: criação de leis de incentivo à indústria e às manufaturas, e taxas
para produtos importados.
- Intervencionismo estatal: o Estado intervinha e controlava a economia do país.
- Manutenção de colônias.
Períodos do Mercantilismo:
- Século XVI: política metalista;
- Primeira metade do século XVII: preocupação com o comércio externo;
- Segunda metade do século XVII: política protecionista e tentativa de pôr a
balança comercial favorável.
- Século XVIII: Pacto colonial. A colônia era obrigada a comprar produtos
manufaturados da metrópole, que detinha o monopólio. Exemplificando: no caso do
Brasil, colônia de Portugal, havia na colônia uma classe senhorial dona de escravos,
elite agrária, que vendia matéria-prima para a metrópole, onde estavam o rei e uma
burguesia manufatureira, que vendia para a colônia produtos manufaturados. Uma outra
elite muito poderosa nesse comércio, e que estava presente tanto na colônia quanto na
metrópole, eram os traficantes de escravos que forneciam esta mão-de-obra para a
colônia.
Tipos de colônias:
- Colônia de exploração: colônia na qual a metrópole retirava as matérias-primas
e implantava o Pacto Colonial. Neste tipo de colônia a mão-de-obra era escrava e a
agricultura era do tipo monocultura extensiva visando a exportação;
- Colônia de povoamento: território onde os colonos visavam formar famílias e
fixar-se definitivamente. Neste tipo de colônia havia policultura de subsistência e mão-
de-obra livre assalariada.
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PROF. FABIANO DE JESUS
VII
A EXPANSÃO MARITIMO-COMERCIAL EUROPEIA
Causas:
- Busca de um novo caminho para o Oriente, de onde provinham as especiarias
(cravo, canela, noz-moscada, gengibre e produtos de luxo como marfim, porcelana, ceda
etc).
- A necessidade de novos mercados. A Europa precisava ampliar-se
comercialmente.
- Falta de metais preciosos na Europa.
- Formação dos Estados Nacionais Soberanos, com a aliança entre os reis e a
burguesia.
- Propagação da fé cristã, principalmente sua corrente católica apostólica
romana, aos gentios (pessoas não cristãs) das terras onde se expandia a colonização.
Este foi o principal motivo ideológico.
As Navegações Portuguesas:
As mais importantes causas das navegações lusitanas foram:
- A centralização administrativa de Portugal com a Revolução de Avis, que no
século XIV, colocou no poder a dinastia (família real) de mesmo nome.
- País sem guerras.
- Formação precoce da monarquia nacional;
- Fracasso da economia lusitana;
- Nascimento de uma burguesia em ascensão;
- Alto preço das especiarias;
- Tomada da cidade de Ceuta (Marrocos) em 1415;
- Progresso técnico na construção de navios e equipamentos náuticos.
Antecedentes:
Portugal – pioneiro na expansão marítima comercial.
As navegações portuguesas:
As Navegações Espanholas:
Os principais incentivadores das navegações espanholas foram os reis Fernão de
Aragão e Isabel de Castela (a católica). A serviço destes reis, destacou-se a figura do
navegador Cristóvão Colombo, que descobriu a América em 1492.
VIII
O HUMANISMO OU RENASCIMENTO
Obs.: O termo “humanismo” é usado de uma forma mais ampla, global. Já o termo
“renascimento” se restringe a um caráter mais específico e regional.
Renascimento literário
Principais autores e obras:
- Dante Aligheri, da região da Itália, escreveu “A Divina Comédia”.
- Nicolau Maquiavel, da região da Itália, escreveu “O Príncipe”.
- Luís de Camões, de Portugal, escreveu “Os Lusíadas”.
- William Shaskespeare, da Inglaterra, escreveu “Romeu e Julieta” e “Otelo”.
Renascimento Artístico
- Leonardo Da Vinci, pintou o famoso quadro “A Monalisa”. E além de pintor,
também foi desenhista artístico e técnico, engenheiro, pesquisador e inventor de
máquinas como os protótipos da bicicleta e do helicóptero.
- Miguel Ângelo, ou Michelangelo, pintou a famosa Capela Sistina.
Renascimento Científico
- Nicolau Copérnico, formulou a Teoria Heliocêntrica.
- Giordano Bruno, formulou a teoria do Universo Infinito.
- Galileu Galilei, confirmou a teoria de Copérnico.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
IX
A REFORMA PROTESTANTE
Durante a ocupação romana na Palestina, surgiu um homem que pregava a
revelação de Deus. Esse homem afirmava ser o filho do Deus único dos judeus. Seu
nome era Jesus. Aos 30 anos ele começou sua pregação e conseguiu fazer diversos
seguidores. Dentre esses seguidores destacaram-se aqueles que Jesus chamou de
discípulos e que ele deu a missão de continuar a pregar suas doutrinas.
Os sacerdotes hebreus consideraram Jesus um herege, pois não concordavam
com suas afirmações de ser o filho de Deus. Na Israel sob domínio romano, as correntes
do judaísmo brigavam por deter o monopólio da religião e ter algum controle sobre o
povo e adquirir prestígio junto aos invasores romanos. Os sacerdotes judeus,
insatisfeitos com as ações de Jesus e suas idéias, o prenderam e o acusaram de
corromper a ordem pública, além de falsamente o acusarem de negar-se a pagar
impostos a Roma. Jesus foi entregue ao poder romano, representado por Pôncio Pilatos,
este o condenou à crucificação por temer uma possível revolta na cidade de Jerusalém,
que estava repleta de peregrinos para a festa da Páscoa. Após a morte de Jesus, seus
apóstolos foram aos poucos rumando para terras distantes em busca de converter
adeptos ao cristianismo. Os convertidos formavam comunidades e assembléias de culto
que se chamavam Igrejas. Um dos apóstolos que mais se destacou foi Paulo. Paulo era
um judeu que chegou a perseguir cristãos. Porém converteu-se ao cristianismo e fez
viagens a diversas cidades gregas pregando o evangélio. Chegou até Roma, junto com
Pedro, outro importante apóstolo. Com a chegada do cristianismo a Roma, ele logo se
difundiu entre a população. No início porém houve perseguições, como a decretada pelo
imperador Nero.
As perseguições foram freqüentes até 313, quando o imperador Constantino
decretou o Edito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos. Em 391, o imperador
Teodósio, fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano.
Como religião oficial, o poder da Igreja como instituição fortaleceu. Mesmo com
a desagregação do poder político no Império Romano do Ocidente, a Igreja permaneceu
organizada. Sua organização interna se consolidou e tornou-se complexa, com a criação
de uma hierarquia de sacerdotes como párocos, monges, bispos, arcebispos e por fim o
papa.
Desde o início do Cristianismo este enfrentou diversas vezes na história, o
surgimento de ideias conflitantes aos seus fundamentos. Ao longo da sua história, a
religião cristã sofreu influências pagãs e culturais greco-romanas, que moldaram seus
dogmas, sua liturgia e a administração da Igreja como instituição. Desde o início
também surgiram, em um momento ou outro, diversas heresias (ideias contrárias ou
diferentes dos dogmas firmados e aceitos como regras religiosas).
Ainda no período do Império Romano, a igreja já havia se dividido em duas
instituições: a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma; e a Igreja
Ortodoxa, que dominava o Leste Europeu, o Oriente-Próximo e o Egito.
Durante o período medieval, a Igreja Católica lutou ferozmente para impor a
autoridade do papa (bispo de Roma que assumiu a chefia da Igreja como instituição),
acabar com os resquícios de paganismo na Europa Ocidental (mesmo que para isso,
muitas vezes, tivesse que assimilar e misturar rituais, costumes e tradições pagãs ao
cristianismo) e tentar em vão reunificar nominalmente toda a cristandade.
Devido às imposições da Igreja e às influências recebidas, muitos grupos
surgiram com contestações a alguns dogmas e costumes. As vezes a Igreja reprimia e
perseguia tais grupos como heréticos, outras vezes os assimilava.
No fim da Idade Média, grupos fora e dentro da Igreja começaram a pedir
algumas reformas. Alguns indivíduos de dentro da própria igreja, impulsionados
inclusive pelo humanismo, contestaram fortemente alguns dogmas, costumes e a
autoridade papal. A intenção inicial dos reformadores não era dividir a Igreja, mas
reformá-la para restituir sua condição aos moldes do cristianismo inicial.
No processo da Reforma, muitos seguidores da Igreja, tinham também outros
motivos para “abraçar” as novas ideias, além ou aquém dos motivos espirituais: reis
queriam se ver livres da autoridade do papa que muitas vezes se envolvia na política de
seus países; e burgueses queriam livrar-se de uma liderança religiosa que via com maus
olhos seus projetos de lucro e prosperidade financeira.
Os Pecados da Igreja:
A Igreja pregava salvação através de esmolas e doações. Também vendia
indulgências (perdão de pecados), cargos eclesiásticos , imagens de santos e “relíquias
milagrosas”.
Lutero
Martinho Lutero, monge agostiniano, protestou contra a venda de indulgências e
fez uma reação de 95 teses combatendo os erros da Igreja. Seus ensinamentos
propagaram-se principalmente na Alemanha, sua terra natal. Para Lutero o homem só
podia ser salvo mediante à fé em Jesus.
Calvino
João Calvino, francês, dinamizou o movimento reformista, ampliando a doutrina
luterana, afirmando que o homem seria salvo pela suprema vontade de Deus que
predestinava à salvação aqueles que Ele bem entendesse. Outra característica das ideias
de Calvino era o fato deste ver com bons olhos o lucro e a prosperidade econômica,
tidos como “sinais” das bênçãos divinas e consequentemente da predestinação ao céu
(Essa ideia deu origem à Teologia da Prosperidade). Por essas ideias, Calvino tornou-se
o reformador da burguesia.
Obs.: Nomes dos calvinistas:
- Presbiterianos na Escócia,
- Igreja Reformada na Holanda,
- Puritanos na Inglaterra.
A Reforma Anglicana
Em 1534, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, através do Ato de Supremacia
separou-se da Igreja Católica. O problema entre o rei e a Igreja iniciou-se com o pedido
de divórcio por parte deste ao papa. Com a recusa do pontífice, o rei decidiu assumir a
chefia da Igreja na Inglaterra e cortar os laços com Roma.
XI
Período pré-colonial da América Portuguesa (1500-1530)
Razões do abandono da terra: próspero comércio com as Índias.
Neste período não houve povoamento nem colonização da Terra Brazilis. Mas
houve extração do pau-brasil. Fernão de Noronha, também conhecido como Fernando
de Noronha ou Fernão de Loronha, comprou o monopólio de extração de pau-brasil.
Uma colonização começou a ensaiar-se a partir da extração de pau-brasil, como
um monopólio real que garantia lucros à Coroa.
Utilizava-se o escambo, que é a troca de mercadorias, com os índios. Estes
recebiam bugigangas dos portugueses, e em troca faziam para estes a extração do pau-
brasil. Tal troca era considerada justa, pois ambas as partes ficavam satisfeitas.
Começou haver invasões estrangeiras ao longo do litoral. Os franceses foram os
que mais frequentemente passaram pelas costas brasileiras. Então, os portugueses
enviaram expedições para defender o litoral. Tais expedições foram chamadas de
“Guarda-costas”. Tal defesa não surtiu muito efeito.
Então, o rei fez a tentativa de estabelecer a defesa da colônia e um comércio
lucrativo através das Capitanias Hereditárias. Das quinze capitanias, apenas duas
prosperaram, devido aos investimentos estrangeiros: São Vicente e Pernambuco. As
capitanias eram divididas em sesmarias, que eram lotes de terra doados, através de
carta-real, a proprietários em troca de um pagamento que era revertido em impostos ao
rei.
XI
Os Governos-Gerais da América Portuguesa
A função do Governo-Geral era centralizar o poder político e cobrar impostos
atrasados.
Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral (1549-1553). Ele trouxe o gado
e fundou engenhos.
O segundo Governador-Geral foi Duarte da Costa (1553-1558). Durante seu
governo houve a invasão francesa no Rio de Janeiro. Os franceses pretendiam fundar a
França Antártica.
O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá, expulsou os franceses do Rio (1558-
1578) com a ajuda do chefe indígena Ararigbóia e seu sobrinho Estácio de Sá.
O Governador-Geral cuidava da centralização administrativa. Abaixo dele
estavam: o Ouvidor-mor, que cuidava da justiça; o Provedor-mor, que cuidava das
finanças; e o Capitão-mor, que cuidava da defesa.
A sede do Governo-Geral era na Bahia, em Salvador. Havia os poderes locais,
que governavam em nome do Governo Geral: as Câmaras municipais. Os líderes das
Câmaras eram chamados de “homens bons”.
XII
Ciclo da cana-de-açúcar
- Produção açucareira: lucro rápido de um produto conhecido no mercado
europeu;
- Investimento holandês em troca de exclusividade no refino, transporte e
comércio na Europa;
- Latifúndio e mão-de-obra barata;
- Produção para exportação.
XIII
Presença estrangeira no Brasil
Franceses (1555-1567) – Rio de Janeiro – França Antártica.
Entre 1612 e 1615, os franceses, fixados no Maranhão, tentaram bloquear
a passagem dos navios espanhóis vindos do Caribe, lotados de metais preciosos.
Portugal os expulsou com a ajuda da Espanha.
Holandeses – invadiram o nordeste, onde havia o cultivo da cana.
XIV
União Ibérica (1580-1640) – Portugal e Espanha
Principal consequência disso para o Brasil: A Holanda, inimiga da
Espanha, não pode mais participar da empresa açucareira. Os holandeses perderam com
a União Ibérica, o direito de comercializar o açúcar brasileiro. Por causa disso, eles
invadiram o nordeste brasileiro. Há destaque na história para o governo de Maurício de
Nassau em Pernambuco. Em 1657, os holandeses foram expulsos do nordeste pelos
ibéricos, com a ajuda da Inglaterra.
XV
A expansão territorial da América Portuguesa (séc. XVI-XVIII)
Do Amazonas ao Rio da Prata formaram-se núcleos de povoamentos da
colônia portuguesa desrespeitando o Tratado de Tordesilhas. Foram chamadas de
oficiais, as conquistas territoriais que tinham caráter militar (defesa de fronteiras) ou
religioso (missões); e extraoficiais, as ocupações feitas por canavieiros e bandeirantes.
Os canavieiros ajudaram a empurrar a fronteira para o interior com a
necessária busca de terras para o cultivo e para o gado.
Os bandeirantes proviam da capitania de São Vicente. Adentravam no
interior fazendo a preagem de índios (que eram vendidos aos senhores de engenhos).
Após a descoberta do ouro no interior, as bandeiras passaram a se dedicar à mineração
(séc. XVIII).
A descoberta de ouro desencadeou uma corrida às regiões onde o ouro
havia sido encontrado. Vieram tantos exploradores, tanto de regiões da colônia, quanto
da metrópole.
Os bandeirantes se revoltaram contra os portugueses, que eram chamados
por aqueles de emboabas. A tensão entre bandeirantes e emboabas desencadeou a
Guerra dos Emboabas.
Havia também o sertanismo de contrato, em que os bandeirantes
ofereciam-se para qualquer atividade no interior da colônia.
XVI
O ciclo do ouro (séc. XVIII)
Situação da metrópole no século XVIII:
- Crise econômica motivada pela decadência do comércio de especiarias
e açúcar;
- Tratados comerciais desfavoráveis com a Inglaterra;
- Tratado de Methuen: Portugal vendia vinhos à Inglaterra em troca de
industrializados. Isso fazia a balança comercial de Portugal se tornar desfavorável.
Métodos de exploração:
1) faiscação ou garimpagem: método mais simples, com mão-de-obra
livre e poucos recursos. O minerador trabalhava só ou com a família.
2) lavras: processo mais sofisticado. Grandes áreas mineradoras, onde se
usava mão-de-obra escrava e muitos recursos.
Administração da produção:
A metrópole concedia terras a pessoas para explorar o ouro, e estas
pessoas pagavam 20% (o quinto) em impostos. Isso era para evitar o
contrabando.
Havia os superintendentes, que notificavam a Coroa o descobrimento das
minas e registravam documentos de cessão de lotes da área de garimpagem.
Abaixo dos superintendentes, havia os guardas-mores que faziam a divisão física
da área de garimpo.
Os impostos cobrados eram:
- Quinto: 20% do ouro;
- Capitação: imposto cobrado por número de escravos na mina.
Houve aumento do contrabando, então Portugal criou no Brasil as Casas
de Fundição. Tais casas fundiam o ouro em barras com o selo real, tornando-o
legal. A cobrança do quinto, que então havia aumentado para 25%, era feito
nestas casas.
O ouro explorado era de aluvião (de leito de rios), e por isso escasseou
rapidamente. Houve queda na arrecadação do imposto do quinto, e Portugal
taxou que deveria recolher 1,5 tonelada de ouro por ano. Tal recolhimento
também caiu, e isso deu origem à derrama, que era a cobrança do ouro excedente
dos mineradores.
Revoltas de escravos:
Houve resistência dos escravos desde o início da escravidão. Mas
somente a partir da época do ouro é que se registraram suas revoltas. O trabalho
na mineração era rígido e desumano, e isso gerava um descontentamento dos
escravos. Havia escravos que roubavam o ouro na garimpagem para comprar sua
liberdade.
XVII
Renascimento agrícola na América Portuguesa(séc. XVIII)
- Gerado pelo fim do ciclo do ouro;
- O algodão foi produzido para o mercado externo, bem como o açúcar e
o tabaco;
- O que motivou fortemente o renascimento agrícola foi a Revolução
Industrial que provocou a demanda de matéria-prima para diversas indústrias
como a têxtil, por exemplo;
- Acabou a prática da monocultura e incentivou-se a diversificação dos
produtos;
- Início das revoltas de independência, com as divergências entre colonos
e metrópole.
XVIII
Crise no Antigo Regime
- A Revolução Industrial quebrou a noção que o comércio era a única
atividade lucrativa possível;
- A independência dos EUA revelou a fragilidade da colonização e deu
exemplo para outras colônias;
- A Revolução Francesa fechou a Idade Moderna e a preponderância do
absolutismo e do mercantilismo, ao mesmo tempo que inaugurou o sistema
capitalista e a política de base burguesa.
A crise do Antigo Regime na metrópole portuguesa:
- Reformas pombalinas: tentativa do governo português de acabar com a
crise econômica. O marquês de Pombal, secretário de Estado, iniciou uma série
de reformas com esse intuito.
- As reformas pombalinas mais importantes foram:
* Fazer de Portugal um país independente economicamente, negando-se
a pagar as dívidas com a Inglaterra e bloquear os tratados com a mesma;
* Explorar ao máximo as colônias ultramarinas; principalmente o Brasil,
com o aumento do quinto, a criação da derrama, a expulsão dos jesuítas ( que
eram contrários aos objetivos do rei).
XIX
A INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS INGLESAS DA
AMÉRICA DO NORTE
Fundação das 13 colônias:
A Inglaterra povoou a costa leste da América do Norte, território que foi
abandonado pela Espanha. Os povoadores ingleses eram em sua maioria
refugiados puritanos que encontraram na América a segurança para exercer sua
religião.
- Diferenças na colonização:
* Colônias de povoamento do Centro e do Norte: possuíam um clima
idêntico ao inglês, a agricultura era do tipo de subsistência e de policultura, a
mão-de-obra era livre, havia bom desenvolvimento de áreas urbanas, livre
comércio (não sujeito ao Pacto Colonial), e uma sociedade sem extremos
socioeconômicos.
* Colônias de exploração do Sul: caracterizavam-se pela “Plantation”
(terras de monoculturas), economia de exportação, latifúndio, mão-de-obra
escrava africana, clima subtropical, dependência econômica à metrópole (Pacto
Colonial) e sociedade com extremos socioeconômicos.
2) Leis Intoleráveis:
* Aumento de impostos.
* A difusão de ideias iluministas eram contrárias aos impostos decretados
por lei real: Lei do Selo, Lei do Chá, Lei do Açúcar etc).
* Reação colonial em 1774 com o primeiro Congresso Continental da
Filadélfia.
3) Guerra da Independência:
* Após a aprovação da Declaração de Independência em 4 de julho de
1776, iniciaram as lutas dos colonos pela independência.
XX
A REVOLUÇÃO FRANCESA
Antecedentes:
- Crise econômica: a França mantinha-se com características feudais e
disputava mercados com a Inglaterra (nação produtora de manufaturados).
- Crise social: lutas entre os Estados (ordens sociais).
Características Gerais:
No governo de Luís XIV (1643-1715) a crise econômica já era notada.
No governo de Luís XVI (1774) procurou-se amenizar a crise com a nomeação
de Turgot (fisiocrata) que tentou aplicar impostos ao 1° e 2° Estados, não
conseguindo demitiu-se em 1776. Necker substituiu Turgot, e tentou trazer a
público as dívidas do governo com o 1° e 2° Estados.
Em 1786 firmou-se um tratado de comércio com a Inglaterra. Pelo
tratado a Inglaterra venderia manufaturados à França em troca de produtos
agrícolas. Isso enfraqueceu ainda mais a economia francesa, que foi agravada
ainda mais por crises naturais como períodos de muita chuva alternados por
épocas de secas.
As facções da Assembleia
Montanha: “Feuillants” ( burguesia financeira), Girondinos (burguesia
comercial e industrial) e Jacobinos ( pequenos burgueses das ruas).
XXI
O IMPÉRIO NAPOLEÔNICO (1799-1815)
Inaugurado com o Golpe do 18 de Brumário, o período de governo de
Napoleão revelou-se a consolidação da Revolução Francesa. Este período
dividiu-se em:
1) Consulado:
Período em que a França foi dirigida por três cônsules, dos quais
Napoleão tornou-se o principal. Neste período foi elaborada uma Constituição
que dava amplos poderes a Napoleão. Com estes poderes conseguiu-se deter a
ameaça externa e pacificou-se a França. Em 1804 foi elaborado o Código Civil
Napoleônico, que consolidou as transformações da Revolução Burguesa. Ainda
neste ano Napoleão tornou-se imperador dos franceses, com o título de
Napoleão I, amplamente apoiado pelo povo.
2) Império:
Neste período Napoleão trouxe grandes vitórias para a França, levando os
exércitos e os ideais revolucionários a países absolutistas. Sua maior adversária
era a Inglaterra liberal. Tanto que tentou invadir o território inglês, mas não teve
forças contra a mais poderosa marinha europeia da época. Tentou então isolar a
Inglaterra comercialmente do resto da Europa (Bloqueio Continental).
Obs.: O interesse de Napoleão em levar tropas para outros países era influenciar e
denominar economicamente tais países, e não anexar seu território à França num só
governo.
Obs.: A Inglaterra recebia matéria-prima dos outros países para suas manufaturas, e
vendia produtos manufaturados para eles. Alguns países aderiram o bloqueio por
necessitar fazer comércio com a França, e outros não aderiram a ele por necessitarem
comerciar com a Inglaterra.
XXII
O CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA
1) Congresso de Viena (1814-1815):
Objetivos:
a) Reação aristocrático-conservadora, para conter a difusão dos ideais
liberais da Revolução francesa na Europa.
b) Repressão aos movimentos liberais nacionalistas. Após a derrota de
Napoleão, era preciso conter a ameaça liberal nos países invadidos
pelos franceses
c) Controle do Comitê dos Quatro: Grã-Bretanha (Lord Castlereagh),
Áustria (Metternich), Prússia (Hardenberg), Rússia (Czar Alexan-
dre I). A França também participou com a representação de
Talleyrand, mas as pricipais decisões estavam com os quatros
primeiros.
3)Santa Aliança:
Foi um pacto militar intervencionista, criado pelo Congresso de Viena.
As tropas da Santa Aliança (Forças Armadas dos países membros) interviriam
onde ocorressem movimentos liberais nacionalistas. No início, ela contava
apenas com os quatro países iniciais (1815). Em 1818, a França adere, e mais
tarde entram Portugal e Espanha. A Grã-Bretanha encerra sua participação
quando aventa-se a intervenção nos movimentos de independências das
colônias.
Alguns Personagens
XXIV
O Brasil do período joanino (1808-1822)
Antecedentes:
A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil.
Devido ao fato do governo português não aderir ao Bloqueio Continental
instituído por Napoleão contra a Inglaterra, Portugal foi invadido por tropas
napoleônicas. Isso fez com que D. João VI decidisse transferir sua corte e a
capital do Império Luso para a América Portuguesa, seguindo uma ideia que já
havia sido defendida em governos anteriores por alguns, dentre eles o ministro
D. Rodrigo de Souza Coutinho.
Portugal, dependente economicamente da Inglaterra, não pôde negar-lhe
concessões comerciais em troca de proteção militar. Assim, grande parte do
lucro colonial passava para a Inglaterra, que utilizou esse capital no início de sua
Revolução Industrial.
Quando em 1808, a Corte Portuguesa chegou ao Brasil escoltada por
navios ingleses, o governo português retribuiu com várias vantagens comerciais
para os ingleses, gerando o início da dominação econômica britânica no Brasil.
Assim existe uma relação entre a emancipação política do Brasil e a
crescente dominação inglesa, lançando uma dependência com base na pura
exploração econômica.
Com a crise do Antigo Regime, a ascensão do Iluminismo, a Revolução
Industrial e a Revolução Francesa, houve um desequilíbrio na Metrópole
Lusitana. O governo de D. João VI é um período de transição de colônia para
Império. Ocorre com o período joanino a ruptura dos laços coloniais ao nível
econômico e político-administrativo (com a elevação da colônia ao status de
Reino Unido com Portugal e Algarves), preparando-se assim a independência.
A Interiorização da Metrópole
A transferência da Corte para o Rio de Janeiro teve um significado
importante para as relações entre Portugal e Brasil e para as elites brasileiras. O
eixo econômico, até então centrado em Portugal, transferiu-se para a América
Portuguesa, processo denominado interiorização da Metrópole.
O Centro-Sul tornou-se a principal área econômica do Brasil, e os
poderosos desta região queriam impor-se diante das demais elites regionais.
Porém, os interesses das diferentes províncias eram diversos. As elites do
Nordeste, por exemplo, tinham divergências com as elites agrárias de São Paulo
e Rio de Janeiro.
O período que se seguiu foi marcado por intensas disputas e conflitos
entre os grupos regionais na tentativa de implantar um poder político que zelasse
pelos seus interesses e favorecesse seus negócios.
“O Fico” (9/1/1822)
A volta de Pedro para Portugal era essencial para a recolonização. Então,
era necessário fazê-lo ficar no Brasil. O grupo brasileiro exerceu especial
influência sobre o regente, convencendo-o de ficar. Marcando seu compromisso
com este grupo, Pedro concedeu uma pasta ministerial a José Bonifácio, que
pertencia a este grupo.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XXV
O BRASIL IMPERIAL NO PRIMEIRO REINADO(1822-1831)
A Constituinte (junho de 1822)
Foi um projeto radical apoiado pelo regente, sem a participação popular.
Essa Constituinte representou o início da emancipação política do Brasil em
relação a Portugal.
As Cortes de Portugal pressionaram Pedro a retornar imediatamente, sob
pena de perder o trono de Portugal. Mas Pedro decidiu tomar a frente da
realização da separação em 7 de setembro de 1822.
Guerras da Independência:
No território brasileiro surgiram várias contestações com a
independência. Comerciantes portugueses da Bahia e do Pará, resistiram
fortemente à independência, tentando inclusive separar-se do Império do Brasil.
A Abdicação de D. Pedro I
Toda a situação do governo imperial do Primeiro Reinado levava ao
descontentamento. As oposições se uniram em um bloco de esquerda. O Grupo
Português, apoiado pelo imperador organizou um movimento absolutista
chamado Colunas do Trono, enfrentando a oposição dos grupos Radical e
Brasileiro.
A abdicação foi em 7 de abril de 1831, apesar da tentativa do imperador
em conquistar a oposição. Ele deixou o Brasil destituído do título de imperador,
deixando como herdeiro do trono seu filho de 5 anos Pedro de Alcântara, aos
cuidados do tutor José Bonifácio.
XXVI
O BRASIL IMPERIAL NO PERÍODO DAS REGÊNCIAS (1831-1840)
Impedido de governar por sua idade, Pedro de Alcântara só obteve o
poder em 1840 aos 14 anos. No período em que ele não pôde assumir, o país foi
governado por regentes, seguindo artigos da Constituição de 1824.
Os grupos políticos assumem novas posturas e novos nomes:
- O Grupo Português se transformou no Partido Ultrarrevolucionário,
Restaurador ou Caramuru; que desejava a volta de D. Pedro I.
- O Grupo Brasileiro se transformou no Partido dos Moderados ou
Chimangos (Centralistas).
- O Grupo Radical se transformou no Partido Exaltado ou Farroupilha, ou
Jurujubas (Pirações populares).
As Rebeliões Regenciais
Razões:
Disputas pelo poder no Brasil independente: aristocracia rural nordestina
versus a do centro-sul. Além de lutas desencadeadas por homens livres não-
proprietários.
XXVII
O BRASIL IMPERIAL NO SEGUNDO REINADO (1840-1889)
Consolidação:
- Golpe da Maioridade: solução para a instabilidade política.
- Fim das rebeliões (1845), mas a insatisfação da aristocracia nordestina
continua.
- Influências políticas: Conservadores e Liberais.
O primeiro ministério formado após o início do reinado de Pedro II foi o
do Partido Liberal que durou apenas 1 ano (1840-1841), devido às “eleições do
cacete”, que teve vitória do partido liberal. Mas essa vitória foi fraudulenta, pois
os votos eram abertos e as pessoas que votavam eram intimidadas pelos liberais.
Com esta vitória, os liberais destituíram todos os conservadores de seus cargos
públicos para reprimir a oposição.
Os conservadores reagiram, e o imperador D. Pedro II anulou as eleições,
destituiu o ministério liberal, e convocou um conservador.
Na sua essência, esses partidos eram iguais, nos quais os políticos eram
aristocratas rurais, escravistas e donos de grandes propriedades. Uma frase
demonstra isso: “... não há nada mais conservador que um liberal no poder, e
não há nada mais liberal que um conservador no poder.” A única diferença era
que os liberais tinham ideias mais inovadoras no tocante a algumas reformas que
entenderíamos hoje como “democráticas”.
Sofrendo pressões da Inglaterra para acabar com a escravidão, D. Pedro
II destituiu o ministério conservador (1844) e convocou um ministério liberal.
Esse ministério, no entanto, não foi favorável ao fim da escravidão, pois todos
eram fazendeiros.
Em 1848 foi instituído o Parlamentarismo, que é chamado pela
historiografia de “Parlamentarismo às avessas”. Havia então um Conselho de
Ministros, que em tese deveriam limitar o poder do imperador. A adoção desse
Parlamentarismo tinha a intenção de diminuir os conflitos gerados pelas disputas
políticas entre liberais e conservadores. O regime, no entanto, foi adaptado aos
interesses das elites nacionais. O imperador nomeava o primeiro-ministro que
formava o próprio Conselho. Depois convocavam-se eleições, que eram
geralmente fraudulentas, para garantir a vitória dos candidatos do primeiro-
ministro. Caso o Legislativo entrasse em conflito com o gabinete, o imperador
poderia dissolver a Câmara e convocar novas eleições. Do mesmo modo, através
do Poder Moderador, o imperador também podia derrubar o Executivo quando
quisesse.
Obs.: A economia do Império se fortificou com o café. Esse produto chegou primeiro
no Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, com produção escravista. Depois foi levado para
o oeste paulista, com mão-de-obra livre (colonos europeus).
Estas regiões produziram juntas por um certo tempo. Depois São Paulo
ultrapassou a produção fluminense e a eliminou. Isto também mostrou que o trabalho
escravo rendia menos que o livre, fortalecendo a ideologia abolicionista.
O Isolamento da Monarquia
- A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai.
- Movimento Republicano (abolicionista e federalista) versus Monarquia
(centralista e tida como escravista / apoiada ainda pelos senhores de engenho do
nordeste, pela nobreza, por alguns senhores cafeicultores do Rio de Janeiro e por
grande parte das massas populares).
- Questão Religiosa: padres brasileiros queriam o fim do padroado.
- Questão Militar: militares queriam sua maior valorização por parte do
governo e sua maior participação na política.
PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XXVIII
REVOLUÇÕES INGLESAS (século XVII)
A formação do absolutismo inglês:
Na Inglaterra, durante o século XIII, os nobres obrigaram o rei a
assinar um documento chamado Carta Magna, que limitava o poder da Coroa.
No mesmo século, instituiu-se o Parlamento (ou Grande Conselho), formado por
membros do Clero, da nobreza e da burguesia, que se tornou um limitador do
poder do rei.
O fortalecimento do poder monárquico só ocorreu após a Guerra
das Duas Rosas (1455-1485), um intenso conflito entre famílias nobres rivais
pela posse da Coroa. A guerra devastou o reino, enfraqueceu a nobreza e
despertou nos habitantes o anseio por um governo forte, que acabasse com as
agitações e a insegurança. Quando o combate terminou, subiu ao trono Henrique
VII, fundador da Dinastia Tudor e do absolutismo inglês.
O governo de Elizabeth I:
Com Elizabeth I, o absolutismo inglês chegou ao auge. Seguindo
os passos do pai, ela fez tudo para fortalecer a autoridade real. Controlou a
disputa política e religiosa entre católicos e protestantes, estabeleceu boas
relações com o Parlamento e conseguiu fazer da Igreja Anglicana uma Igreja
nacional, que reforçou a unidade do país.
Elizabeth I procurou desenvolver o comércio e a indústria naval.
Ao enfrentar e derrotar a invencível armada espanhola, em 1588, a soberana
preparou a Inglaterra para se tornar a maior potência marítima do mundo.
A expansão marítima inglesa favoreceu a grande burguesia, que
acumulou fortunas com a exploração comercial e a pirataria. Os grandes
burgueses também foram beneficiados pela concessão de monopólios, que lhes
dava o direito exclusivo de fabricar ou comercializar determinados produtos.
A morte de Elizabeth I encerrou a dinastia Tudor. Sem herdeiros
diretos, o trono foi assumido por seu primo, membro da família Stuart.
Os cercamentos:
No século XVI, houve um grande crescimento das manufaturas de
lã na Inglaterra. Para a produção lanífera continuar a crescer, era preciso expandir as
áreas destinadas à criação de ovelhas, que forneciam a matéria-prima para fazer os
tecidos. Iniciou-se então um processo conhecido como cercamentos. As propriedades
eram cercadas, produtores de lã tomavam as terras dos camponeses e substituíam as
atividades agrícolas por criação de ovelhas.
No início, os cercamentos ocorreram por iniciativa particular. A
partir do século XVIII, o Estado acelerou este processo, fixando leis de cercamentos.
A Revolução Puritana:
O autoritarismo de Carlos I, sucessor de Jaime I, agravou os
conflitos do governo com o Parlamento. Restabeleceu a cobrança de impostos navais
sobre as cidades costeiras e impôs aos presbiterianos escoceses as regras da Igreja
Anglicana.
Em 1642, Carlos I mandou invadir o Parlamento e provocou uma
guerra civil na Inglaterra. Do lado do rei estava a maioria dos nobres, os católicos e os
anglicanos. Ao lado do Parlamento estavam os pequenos proprietários de terras,
mercadores e donos de manufaturas, a maior parte dos presbiterianos. Sete anos após o
começo do conflito, o exército do parlamento, comandado pelo puritano Oliver
Cromwell, prendeu, julgou e executou o rei Carlos I (1649).
A vitória de Cromwell inaugurou a República Puritana. Ele
eliminou as taxações excessivas, abafou revoltas internas e aprovou em 1651, os Atos
de Navegação, determinando que mercadorias negociadas com a Inglaterra só poderiam
ser transportados por navios ingleses ou dos países produtores. Cromwell começou seu
governo respeitando o Parlamento, mas logo tornou-se um ditador e despertou críticas
até entre seus apoiadores puritanos. Após sua morte, em 1658, o caminho foi aberto
para a restauração monárquica.
A Revolução Gloriosa:
Em 1660, com Carlos II, a dinastia Stuart voltou ao poder.
Simpático à Igreja de Roma, o rei acabou com as leis que restringiam a atuação dos
católicos.
Jaime II, seu irmão e sucessor, queria restaurar o poder do
catolicismo na Inglaterra. As reações dos anglicanos e puritanos foram intensas. Em
1688, o Parlamento, apoiado pelos comerciantes, financistas e proprietários rurais,
depôs Jaime II e colocou no trono seu genro Guilherme de Orange, um holandês
protestante. Este episódio ficou conhecido como a Revolução Gloriosa.
A monarquia passou a respeitar a Magna Carta e a Declaração de
Direitos de 1689, e o governo, de fato, começou a ser exercido pelo Parlamento, numa
conciliação entre nobreza e burguesia. Medidas administrativas posteriores favoreceram
o desenvolvimento capitalista do país: o estímulo ao livre comércio, a modernização dos
portos e a construção de estradas e navios. Com a Revolução Gloriosa a burguesia
assumiu o poder na Inglaterra.
XXIX
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Antes de século XVI: artesanato (forma mais simples de produção, onde o
artesão fazia tudo e assim dominava todo o processo e meios de produção).
Nos séculos XVI e XVII: deu-se o desenvolvimento das manufaturas, que se
caracterizavam pelo grande número de trabalhadores reunidos num determinado local e
pela inicial especialização do trabalho (cada trabalhador fazia um trabalho específico),
há a divisão do trabalho, que porém, ainda é bastante manual.
A partir do século XVIII: ocorre a maquinofatura, ou seja, o uso crescente de
máquinas na produção, trazendo a mecanização em substituição às ferramentas mais
simples e ao próprio trabalho dos homens. Esta é a forma mais complexa da
industrialização.
O pioneirismo inglês
Os fatores que levaram a Inglaterra a ser a primeira nação a industrializar-se
em grande escala foram:
- Grande acúmulo de capitais resultante do comércio. O Estado inglês
raramente gastava seu capital com ostentações como o caso de Portugal e Espanha.
- A existência de uma grande liberdade econômica para a burguesia,
principalmente após 1688 (época da Revolução Gloriosa).
- A existência de um vasto império colonial fornecedor de matéria-prima e
consumidor de produtos manufaturados.
- Existência de uma poderosa marinha mercante e de guerra.
- O clima favorável à industria de tecidos e a existência de grandes reservas de
carvão mineral usado como combustível.
XXX
AS LUTAS OPERÁRIAS E OS SINDICATOS
A organização da classe operária:
No início do século XVIII, os tecelões ingleses organizaram as
primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em
trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes, com a
intenção de obterem melhores salários. No entanto, só com a grande industria
fabril surgiram associações fortes e organizadas, que passaram a ser uma ameaça
aos capitalistas.
Destruindo as máquinas:
A vida dos operários nos primórdios da industrialização era
extremamente dura. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé, parando
apenas para um rápido almoço. Não havia férias, descanso semanal remunerado
ou qualquer outro direito trabalhista.
A mecanização do trabalho causava a dispensa de muitos
trabalhadores. Os operários reagiram destruindo as máquinas, vistas por eles
como as responsáveis pelo desemprego e pela miséria. O principal movimento
de destruição de máquinas ficou conhecido como ludismo (termo derivado de
Ludd, sobrenome do operário que teria liderado o movimento. Até hoje não se
confirmou a existência de Ned Ludd, mas a historiografia manteve assim o nome
do movimento), e atingiu várias regiões da Inglaterra, inclusive o campo, aonde
a mecanização também havia chegado.
O movimento foi violentamente oprimido pelas autoridades, que
chegavam a aplicar pena de morte aos envolvidos.
O movimento cartista:
O cartismo foi o primeiro movimento da classe operária inglesa a
reivindicar direitos políticos e a adquirir caráter nacional. O movimento nasceu
em Londres, em 1837, quando uma associação de trabalhadores enviou ao
Parlamento, um documento, a Carta do Povo, em que requeriam, entre outras
coisas voto secreto, sufrágio universal masculino e parlamentos renovados
anualmente.
A petição foi levada para assembleias de trabalhadores em todo o
país e recebeu mais de um milhão de assinaturas. A recusa do Parlamento em
aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações e prisões. O
mais grave incidente ocorreu quando uma coluna de mineiros entrou em
confronto com soldados, resultando em 10 mortos e dezenas de feridos.
Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma segunda
petição, bem mais radical que a primeira. Além das reivindicações iniciais,
exigia aumento de salário para os operários e diminuição da jornada de trabalho.
A nova petição recebeu cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da
população masculina inglesa na época.
Aos poucos, as lutas operárias surtiram efeito. As leis trabalhistas
do século XIX e início do século XX melhoraram as condições de trabalho nas
fábricas e minas inglesas, além de fortalecer as lutas dos trabalhadores de outros
países.
XXXI
ILUMINISMO
Conceitos
- Movimento cultural. O ápice do movimento foi na França do
século XVIII (berço do Iluminismo).
- Foi um período de prodigioso desenvolvimento científico e
cultural.
- Século das Luzes ou Ilustração.
Características
- Crítica às doutrinas do Antigo Regime: Absolutismo e
Mercantilismo.
- Recusa às “Trevas” da Igreja Católica: os iluministas criticavam
a Igreja, mas muitos deles acreditavam em Deus. Com relação à crença ou não
em Deus, havia basicamente três grupos:
*Os teístas, que criam na existência de um Deus criador que
poderia ter contato com a humanidade através de revelações interpretadas
pela religião;
*Os deístas, que criam na existência de um Deus criador, mas
criam também que esse Deus não intervinha no universo criado ( pois
este já seria dotado pelo criador da capacidade de funcionar sozinho
como uma máquina autônoma ), nem mantinha contato com o homem
nem por revelações, nem por religiões;
*Os ateístas, que negavam totalmente a existência de Deus e de
qualquer realidade que não fosse a material.
- Rápido crescimento das descobertas possibilitava um futuro
“mais evoluído ou superior”.
- Transformação na economia e na política (liberalismo), na
sociedade (dominância da burguesia) e na cultura.
O Iluminismo na economia
Uma das críticas que os reis absolutistas faziam aos reis absolutistas estava
relacionada à política econômica mercantilista adotada por eles. Para se opor aos
mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que posteriormente se chamou
liberalismo econômico.
- Fisiocratas:
Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.
Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O
criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era
regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a
oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a
subir.
Características:
- A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a
terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.
- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.
- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta
funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer,
deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.
- Foram eles que iniciaram a economia liberal.
- Liberais:
Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.
Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores
lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade
era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza
era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto
Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas
sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir
melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as
mais industrializadas se especializariam na indústria.
Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país
estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus
produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e
empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.
O Despotismo Esclarecido
Alguns reis absolutistas europeus usavam as ideias iluministas para
diminuir as críticas de seus governos e aumentar seu prestígio, poder e fama. Por
incorporar algumas dessas ideias, foram chamados de déspotas (senhores
absolutos, tiranos, ditadores) “esclarecidos”. O despotismo também foi uma
tentativa de modernização de alguns países europeus mais arcaicos, como
Áustria, Rússia, Prússia e Portugal, que ainda mantinham sua política
absolutista.
Características destes países:
- Economia agrária.
- Pequeno desenvolvimento comercial.
- Baixo índice de urbanização.
- Contradição: implantação de uma ideia burguesa pela monarquia.
Principais déspotas:
- Frederico II da Prússia: aboliu as torturas dos presos em seu país,
fundou muitas escolas de ensino fundamental e incentivou a produção de obras
científicas, filosóficas e literárias, além de dirigir a reforma de Berlim, capital da
Prússia.
- José II da Áustria.
A herança nacionalista:
Napoleão deixou outra herança. Ao ocupar grande parte da Europa, ele
estimulou o sentimento nacionalista dos povos conquistados que lutaram contra
o invasor francês em nome da pátria. Esse sentimento transformou-se em vários
movimentos de união nacional em busca da independência. As lutas pela
liberdade fizeram do século XIX o mais revolucionário que a Europa jamais
vivera.
A Comuna de Paris
Entre março e maio de 1871, a cidade de Paris viveu a experiência da
comuna. Mais do que qualquer movimento social no século XIX, a comuna permitiu a
aplicação de algumas ideias socialistas e anarquistas.
Cercada por tropas prussianas desde setembro de 1870, após a derrota
na guerra franco-prussiana, Paris se fechou e se dispôs a resistir. Mas a situação na
cidade se tornou extremamente difícil: falta de comida, doenças e revoltas populares.
Em março de 1871, a população da cidade, insatisfeita com a ação
violenta do governo contra as revoltas populares, tomou as ruas, levantou barricadas
contra as tropas oficiais e forçou os governantes a fugir. Dias depois começava a
comuna.
Durante dois meses a cidade foi governada por grupos de
revolucionários. Todas as decisões eram tomadas pela população, em reuniões
regulares. O governo da comuna apresentou propostas revolucionárias de estabelecer o
ensino gratuito, obrigatório e laico e de formar associações de produtores para dirigir a
economia. A ideia da igualdade entre homens e mulheres, pela primeira vez foi
colocada em ação.
Em 27 de maio de 1871, uma traição acabou com a comuna. Uma das
portas da cidade foi aberta e por ela entraram tropas prussianas, que liquidaram a
resistência dos parisienses.
Depois da comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros parisienses
onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da comuna foi incorporada na
memória coletiva dos trabalhadores como modelo de governo popular e serviu para
perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.
Aplicações do liberalismo:
- Na Inglaterra: Revolução Gloriosa e Revolução Industrial.
- Na França e resto da Europa: Revolução Francesa e movimentos
liberais europeus do século XIX.
Liberalismo econômico:
Para se opor ao mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que
posteriormente se chamou liberalismo econômico.
- Fisiocratas:
Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.
Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O
criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era
regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a
oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a
subir.
Características:
- A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a
terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.
- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.
- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta
funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer,
deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.
- Foram eles que iniciaram a economia liberal.
- Liberais:
Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.
Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores
lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade
era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza
era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto
Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas
sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir
melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as
mais industrializadas se especializariam na indústria.
Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país
estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus
produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e
empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.
Socialismo e utopia:
Os primeiros socialistas foram muito criticados, pois suas propostas eram
de difícil realização ou só poderiam ser colocadas em prática em condições muito
especiais. Para Friedrich Engels (1820-1895), pensador alemão do século XIX, a
transformaçao social proposta por Simon, Fourier e Owen era uma verdadeira utopia,
porque só seria alcançada por uma obra voluntária, feita pelas elites, que teriam de
concordar em perder boa parte de suas propriedades, privilégios e fortunas, em troca do
bem-estar comum. E, segundo Engels, isso nunca ocorreria; por isso, ele classificou os
primeiros pensadores socialistas de utópicos.
No entanto, várias ideias dos socialistas utópicos foram aproveitadas
pelos futuros pensadores socialistas, como Karl Marx (1818-1883) e o próprio Engels,
para elaborar outras propostas de transformação social. O diagnostico crítico que os
primeiros socialistas fizeram da sociedade e os limites da democracia burguesa foram
muito importantes para construir um conjunto de teorias sociais.
O marxismo:
O marxismo foi a mais importante e difundida das teorias socialistas tato
por sua consistência teórica quanto por suas repercussões práticas. Deve seu nome a
Karl Marx, que contou com a colaboração intelectual e ajuda material de Friedrich
Engels.
Diante das teorias socialistas anteriores, Marx e Engels criaram um
sistema que eles chamaram de “científico”, por considerá-lo fundamentado em uma
análise racional da realidade e capaz de alcançar a solução para os problemas sociais. A
ideia de socialismo “científico” se opõem ao caráter “utópico” que ambos criticavam
nas teorias de seus predecessores.
Para Marx, toda a análise da sociedade deveria partir de sua base
material, dos elementos econômicos que a sustentavam. Ele buscava identificar, em
cada período histórico, quem produzia, como produzia e quem se beneficiava dos
rendimentos da produção.
A partir desta análise, a teoria marxista afirmava existir uma permanente
luta de classes na sociedade. Para Marx, essa luta move a história, fazendo-a avançar.
Em meados do século XIX, a luta de classes se manifestava no conflito entre a
burguesia e o proletariado. Segundo Marx, o conflito seria resolvido com a vitória do
proletariado, ao conquistar o Estado por meio de uma revolução. Uma vez vitorioso, o
proletário destruiria o capitalismo e, após uma fase de ditadura de classe, estabeleceria o
comunismo.
O anarquismo:
Além dos socialistas utópicos e dos marxistas, outra proposta de
mudança social surgiu no século XIX: o anarquismo. As ideias anarquistas
privilegiavam a liberdade e a justiça e partiam do princípio de que o homem tinha, por
natureza, as condições necessárias para viver bem socialmente. O anarquismo teve
como um dos seus principais teóricos o russo Mikhail Bakunin (1814-1876). O
anarquismo e o socialismo tinham vários pontos em comum. Tanto um quanto o outro
eram contrários ao capitalismo, à existência da luta de classes e à concentração do
capital nas mãos de poucos. Nesse sentido, ambos defendiam uma sociedade igualitária.
Mas os anarquistas discordavam dos socialistas m um ponto: enquanto os socialistas
desejavam o controle do Estado ela classe operária, os anarquistas defendiam a imediata
destruição do Estado, pois eram, por principio, contrários a qualquer tipo de governo. A
palavra anarquia vem do grego anarchia e significa ausência de poder.
Os pensadores anarquistas recusavam qualquer forma de organização estatal que
fosse imposta às pessoas. Segundo as várias correntes do anarquismo, o Estado, o
governo, as religiões e as autoridades eram a origem de todos os males, porque exer-
ciam controle sobre os indivíduos e os impediam de ser livres.
A alternativa ao Estado é substituí-lo por outras formas de associação, autô-
nomas e de caráter comunitário, capazes de gerir a si mesmas.
Recapitulando:
- Socialismo utópico: pretendia acabar com a diferença social através da
ajuda dos empresários. Um dos seus representantes foi Robert Owen.
- Socialismo científico: Marx e Engels.
- Socialismo histórico: tem como características:
* Determinação histórico-econômica.
* Luta de classes.
* Exploração da mais-valia.
* Proletário como agente de transformação.
* Socialismo (entendido como uma adaptação, um caminho para se
chegar ao comunismo) e comunismo (consumação de uma sociedade sem lutas
de classes).
PRÉ- VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XXXV
MOVIMENTOS NACIONALISTAS (séc. XIX)
1) Unificação italiana:
Desde o Congresso de Viena (1815), a Itália estava dividida em: Reino
Lombado-Vêneto, Reino das Duas Sicílias, Estados Papais, Piemonte-Sardenha,
Toscana, Parma e Módena.
Os principais idealizadores da unificação italiana foram o Conde de
Cavour e Giuseppe Garibaldi.
Etapas da unificação:
1ª (1848): movimentos frustrados, mas com a unificação de dois
territórios. Esse movimento de unificação foi destruído pela Áustria.
2ª (1870): movimentos vitoriosos. A Áustria, principal opositora, foi
derrotada pelos unificadores.
2) Unificação alemã:
O território alemão estava dividido numa Confederação de 38
Principados Germânicos. Sua principal união era o “Zollverein”, um conjunto de
despositivos econômicos que favoreciam o comércio entre os Principados.
Os principais participantes desta unificação foram a Prússia (a favor da
unificação) e a Áustria (contrária). A Prússia ficou responsável pela defesa da
Confederação com Bismark (foi ele que preparou a unificação alemã contra a
Áustria.
XXXVI
OS EUA NO SÉCULO XIX
A conquista do Oeste
Depois de vencerem a guerra pela independência contra a
Inglaterra, os estadunidenses elegeram George Washington como seu
primeiro presidente (1789-1797). O presidente Washington empenhou-se
em apoiar a agricultura e a indústria, abaladas pelos longos anos de
guerras, e incentivou também a conquista do Oeste, ou seja a expansão
territorial para além dos Montes Apalaches.
A marcha para o Oeste foi motivada pela crença no destino
manifesto, pela busca de terras férteis e pelo crescimento da população
norte-americana. Entre 1820 e 1930, cerca de 62 milhões de europeus
deixaram seus países de origem; desses, cerca de 42 milhões foram para
os EUA.
Destino manifesto
Ideia segundo a qual os colonos norte-americanos haviam sido
escolhidos por Deus para expandir-se pelas terras do continente americano, levando
consigo a civilização.
Cidadania X racismo
Após o fim da guerra civil, a campanha abolicionista se
intensificou e, em 6 de dezembro de 1865, a Constituição recebeu sua 13ª
emenda, que abolia a escravidão nos EUA. Três anos depois, recebeu a
14ª, que declarava cidadãos norte-americanos todas as pessoas nascidas
nos EUA ou naturalizadas. Portanto, constitucionalmente, os afro-
americanos eram cidadãos. No entanto, as leis se mostravam insuficientes
para transformar homens livres em cidadãos. A elite branca, sobretudo a
do Sul, procurava impedir o direito dos negros à cidadania. Para os
membros dessa elite, liberdade era uma coisa, cidadania, outra.
Assim, após a abolição, o racismo contra os negros continuou
sendo praticado nos EUA impunemente: negros e brancos não podiam
estudar nas mesmas escolas, nem usar os mesmos banheiros públicos,
nem ser atendidos nos mesmos hospitais etc. Essa situação perdurou até o
início dos anos 1960 quando houve forte pressão dos movimentos negros
em prol dos direitos civis.
Prosperidade e intervencionismo
Após a guerra civil, o governo americano empenhou-se na
reconstrução do país, atraindo capitais europeus, protegendo a indústria
nacional e estimulando a entrada de milhões de imigrantes europeus para
que houvesse mão de obra farta e barata para as fábricas. A existência de
recursos naturais, como o ferro, chumbo e petróleo; de terras férteis e de
ferrovias transcontinentais também colaborou para que se iniciasse nos
EUA um período de grande prosperidade material.
No fim do século XIX, os EUA haviam se tornado uma das
maiores potências industriais do mundo, com uma rica burguesia
industrial e uma classe operária organizada. Sua economia caracterizava-
se pela grande concentração de capital nas mãos de um pequeno grupo de
magnatas, donos de verdadeiros impérios econômicos. Valendo-se disso,
eles impunham preços de compra e venda, controlavam as matérias-
primas e o transporte e ditavam as regras do comércio dos produtos.
Política Externa
- Implantação da Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. Os
EUA não queriam que os europeus interferissem em assuntos do Continente
Americano.
- A partir de mais ou menos 1875, os EUA começa a comerciar com a
América Latina, comprando desta matéria-prima.
- “Big Stick”: política mais acirrada, onde se proclamava que os EUA
poderia até usar força militar contra as nações europeias que se atrevessem a
intervir no Continente Americano, e contra qualquer nação que se opusesse à sua
influência sobre todo o continente.
- Destino Manifesto (EUA se proclamando como “guardião da
América”).
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XXXVII IMPERIALISMO
Fatores
Aparecimento do capital monopolista na 2ª Revolução Industrial (fins do
século XIX, na Alemanha, Rússia, Itália e EUA). Isso gerou concorrência aos produtos
ingleses, e a formação de monopólios e protecionismos.
A concorrência interna em países industrializados gerou os trustes,
cartéis e holdings, que eram formados por grandes conglomerados que tinham grande
poder financeiro, e por isso mesmo conseguiam vencer os seus concorrentes. Para
vencer a concorrência, os grandes capitalistas faziam guerras de preços: mantinham seus
preços bem baixos por um certo tempo, até que seus concorrentes não agüentassem e
falissem ou vendessem a empresa por um valor baixo. Assim, aos poucos, as empresas
mais fortes foram “engolindo” as mais fracas e, com isso, formaram-se empresas
gigantes ou associações de empresas: os trustes, cartéis e holdings.
Os trustes são associações de várias empresas numa única, que passa a
dominar todas as fases da produção, desde a obtenção de matéria-prima até a
comercialização do produto.
Os cartéis são conjuntos de empresas independentes que, para evitar os
desgastes da concorrência, dividem o mercado entre si. Cada uma delas atua em
determinada área geográfica.
As holdings são empresas nascidas da associação de diversas empresas e
que possui o controle de suas associadas.
Frequentemente, as empresas pediam empréstimos aos bancos ou se
associavam a eles a fim de aumentar seus negócios ou suportar a concorrência. Outras
vezes, os bancos e as indústrias se uniam formando uma só empresa. Com isso, os
bancos foram ganhando cada vez mais importância.
A alta tecnologia das indústrias e os investimentos fizeram com que
surgisse uma superprodução nacional. As indústrias foram forçadas a levar sua
produção para o exterior. As potências capitalistas estavam praticamente “fechados”
para qualquer compra, e a solução foi o neocolonialismo. No século XIX, países como
os EUA, a Grã-Bretanha e o Japão, entraram na disputa por colônias ou áreas de
influências na Ásia, África, América Latina e Oceania.
Os principais fatores do imperialismo praticado no século XIX pelas
grandes potências foram:
- A busca por mercados produtores de matérias-primas (carvão, ferro e
cobre) e consumidores de manufaturados;
- A descobertas que as terras africanas eram ricas em ouro e diamantes;
- O apoio dado pelos governos das grandes potências à conquista de
terras e povos em outros continentes e depois usavam essas ações imperialistas para se
autopromover e despertar uma espécie de “orgulho nacional” entre os cidadãos do país.
- Justificativa imperialista baseada num conjunto de ideias racistas
desenvolvidas na Europa no século XIX. Uma delas era que a “raça branca” era superior
às outras biologicamente; outra era que somente a “raça branca” tinha capacidade de
criar uma civilização. Com base nessas ideias, os europeus diziam ter uma missão
civilizadora para com os povos “primitivos” da África e da Ásia; era seu dever,
portanto, levar até esses povos a civilização, vista pelos europeus como progresso
tecnológico e econômico somado aos “bons costumes” europeus.
Neocolonialismo
As áreas de influência do capital industrial foram os países atrasados,
especialmente os dos continentes africano e asiático, que compravam produtos
industrializados e vendiam matéria-prima.O capital industrial foi garantido com a
compra dos produtos “metropolitanos”. A Inglaterra foi pioneira no neocolonialismo.
As justificativas foram: o apoio cultural, religioso, econômico, a
promoção da paz (ajuda armada para crises internas) etc.
As consequências que surgiram foram: os países explorados e os
exploradores, as disputas por territórios de influência que levaram à 1ª Grande Guerra, a
África e a Ásia foram divididas em áreas de influência e de dominação econômica das
empresas europeias e de seus governos, e das “metrópoles” saíam capitais e população
pobre para as “colônias”.
O imperialismo europeu
A África foi o principal foco do imperialismo, pois a maioria dos seus
governos não estavam constituídos como nos países europeus. O forte imperialismo
europeu na África começou oficialmente a partir de 1870, com a chegada maciça de
europeus e da Conferência de Berlim.
A dominação europeia na África desencadeou conflitos:
- Guerra dos Bôeres: entre Inglaterra e Holanda pela disputa pela África
do Sul.
- Disputas pelo Canal de Suez (Egito) devido a sua posição estratégica e
ao lucro obtido com cobranças pela travessia: entre Inglaterra e França.
Na Ásia, o principal foco das nações europeias era a área onde havia o
Império Turco-Otomano, localizado na área do Mediterrâneo Oriental (essa área foi
fortemente disputada entre França e Inglaterra).
Na Ásia Central, a Inglaterra dominou a região onde hoje é a Índia e o
Paquistão. Um dos principais conflitos ocorridos devido a essa dominação foi a Guerra
dos Cipaios.
Na China, a chamada Guerra do Ópio levou a Inglaterra a dominar parte
do território chinês. Revoltas internas fizeram a Inglaterra permanecer no país para
garantir a paz.
A Rússia dominou partes da Manchúria (China), onde empreendeu a
construção de ferrovias.
O Japão, por sua vez, só fez uma abertura ao capital externo, no período
da dinastia Meiji, com o príncipe Mutsuhito.
Na América Latina, a entrada de capitais estrangeiros foi impulsionada e
intermediada pelas elites que fizeram as independências. A dominação mais forte foi a
do capital e empresas britânicas. Até 1870, a Inglaterra teve quase plena dominação
com suas multinacionais e empréstimos.
O Imperialismo Norte-Americano
Expressado principalmente pela Doutrina Monroe, pelo “Big Stick” e
pelo Destino Manifesto. Essa dominação se deu principalmente sobre a América Latina
a partir de 1875, quando se verificou afastamento da Inglaterra.
Enriquecidos, os EUA passaram a praticar o imperialismo na América
Latina e nas Filipinas, intervindo nessas áreas a fim de obter lucros e vantagens. O
imperialismo norte-americano na América Latina baseava-se na Doutrina Monroe, cujo
lema é: “a América para os americanos”, que na verdade poderia ser entendido por: “ a
América para os estadunidenses”. Os governantes dos EUA viam os habitantes da
América Latina como povos atrasados e justificavam suas constantes intervenções na
região dizendo que estavam levando a democracia e a civilização a estes povos.
Em 1898, os EUA anexaram as ilhas do Havaí; em seguida, ajudaram Cuba a
vencer a guerra de independência contra a Espanha, aumentando, com isso, sua
influência sobre a ilha. No fim desta guerra, os EUA obtiveram as Filipinas, que assim
como Cuba, pertenciam à Espanha. No governo do presidente Theodore Roosevelt
(1901-1909), o imperialismo norte-americano se intensificou. Roosevelt criou uma
política de relação com a América Latina conhecida como Big Stick (“Grande Porrete”).
Essa política, segundo Roosevelt, consistia em “conversar com os latino-americanos,
suavemente, mas com um porrete nas mãos”, ou seja, usar a intimidação e a força, se
necessário, para dominá-los e fazer prevalecer os interesses dos EUA. Entre 1890 e
1930 os marines (fuzileiros navais pertencentes às tropas de elite da Marinha
Americana) fizeram diversas intervenções nas ilhas do Caribe (como Cuba e República
Dominicana); na América Central (como Nicarágua e Panamá) e nas Filipinas (Ásia).
No Panamá, a política do Big Stick foi aplicada na época em que esta região
pertencia à Colômbia. Com a ajuda estadunidense, os habitantes da, então província, do
Panamá, conseguiram a independência em relação à Colômbia, e em 1903, fundaram
um novo país, a República do Panamá. Em troca da ajuda militar, os panamenhos
cederam aos EUA o controle da área de seu país onde estava sendo construído um canal
que ligava o Atlântico ao Pacífico. Em 1904, os norte-americanos assumiram a
construção do canal e terminaram sua construção em 10 anos. O canal do Panamá
possui 82 Km de extensão e corta o Panamá, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
Esse canal facilitou o transportes de mercadorias entre as duas costas, já que, até então,
ele era feito por navios que tinham de contornar a América do Sul, e fortaleceu o poder
norte-americano sobre a região. O canal foi administrado pelos EUA desde 1914, data
de sua conclusão, até 1999, quando passou ao controle da República do Panamá; nesse
longo período, propiciou enormes lucros aos EUA.
Paralelamente à política do Big Stick, o governo dos EUA adotou também a
chamada “diplomacia do dólar”, que consistia em comprar favores dos políticos latino-
americanos, a fim de obter facilidades e vantagens econômicas na América Latina.
PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XXXVIII
ESCRAVIDÃO AFRICANA
Breve história da África
Durante as grandes navegações os europeus estreitaram o contato com o mundo
africano. Esse continente já era conhecido, mas após a tomada de Ceuta (norte da
África) pelos portugueses em 1415, as explorações e os contatos se intensificaram.
Após o contorno da África em 1434, o comércio de ouro e depois de escravos
tomou grande impulso. O comercio de escravos para as colônias, principalmente
portuguesas, intensificou-se no século XVI com a colonização do Brasil. Na época
anterior à chegada dos europeus, o continente africano não era dividido em Estados
nacionais, como hoje, mas sim em etnias que se organizavam em impérios, reinos ou
grupos organizados de acordo com seus padrões culturais, sociais e econômicos.
A história da África a partir do século XVI se entrelaçava com a do Brasil.
Mas, quem são os africanos que chegaram ao Brasil como escravos? Qual sua
origem? Quais são suas histórias? Esses antepassados legaram uma grande herança
cultural e étnica ao Brasil e, no entanto, pouco sabemos sobre a África, um continente
onde havia impérios e reinos muito antes da chegada dos europeus.
Há muito a se conhecer sobre estes diferentes povos que formavam a “África
negra” e que durante a colonização portuguesa vieram para o Brasil.
A África Antiga:
Nos estudos de história, encontramos a menção de pelo menos “duas Áfricas”: a
saarina, ou norte da África, onde se localiza o Egito; e a sub-saarina, ao sul do deserto
do Saara. O conhecimento sobre a história antiga da África é pouco devido à escassez
de fontes escritas. A maioria das tradições africanas foram passadas de geração à
geração por histórias orais. Fósseis e objetos antigos também são preciosas fontes para
reconstruir a história africana.
Acredita-se que os primeiros humanos apareceram na África a pelo menos 4
milhões de anos. Entre 3000 a . C. e 1000 a . C. já havia agricultura e criação de animais
no Egito. Na África sub-saarina porém, até os primeiros séculos da Era Cristã,
prevaleceram sociedades atreladas à caça e a coleta de alimentos. Quando os homens
desta região começaram a se tornar sedentários, começaram a construir casas, praticar a
agricultura e criar animais. A população cresceu, e eles começaram a comercializar com
outros povos sub-saarinos e com os povos saarinos. Para isso atravessavam o deserto do
Saara; este comércio foi chamado na história, de comércio transaariano. Grandes
caravanas de comerciantes percorriam grande parte do continente. Muitos morriam de
doenças desconhecidas transmitidas por insetos, como a mosca tse-tsé. Por causa destas
doenças que dizimavam populações, é que não houve muito desenvolvimento das
populações do sul do continente africano.
Por ser um grande continente, a África possui muitas religiões. Nos locais
próximos à Ásia e a Europa, houve uma forte influência e entrada do judaísmo, do
cristianismo e do islamismo. Alguns reinos africanos até adotaram algumas destas
religiões como oficiais. No norte africano, houve dominação do Império Islâmico a
partir do século VIII, fazendo prevalecer nesta região o islamismo. Na África
Meridional e Ocidental, prevaleceram religiões totenistas e animistas, que são crenças
que atribuem caráter sagrado às forças e elementos da natureza.
O Império Kush (Núbia) existiu entre 1700 a . C. e 300 d. C., na região ao sul do
Egito. Por um período foi colonizado e dominado pelos egípcios, que influenciaram
muito em sua cultura. Neste império, os reis também eram sepultados em pirâmides. A
economia deste império baseava-se no comércio transaarino. Acredita-se que a partir do
século IV caíram no domínio do Império Axum. O Império Axum localizava-se na
região onde hoje é a Eritréia e o norte da Etiópia. Foi formado por habitantes que
vieram da Arábia. Sua economia baseava-se no comércio transaarino, principalmente
com os romanos. A riqueza do comércio trouxe poder e prosperidade, e permitiu uma
expansão. No início eles eram politeístas, mas depois o cristianismo tornou-se religião
oficial. Em 476, o Império começou a empobrecer e se enfraqueceu. Outro importante
reino africano foi Gana, que existiu entre 300 e 1300. Também desenvolveu-se através
do comércio trasaarino, que lhe trouxe riquezas, propiciando que seus reis vivessem em
luxuosos palácios decorados de ouro. O clima árido não permitia haver uma agricultura
significativa. Em 1300, esse reino foi incorporado ao Império de Mali.
A escravidão:
A escravidão existe quando uma pessoa se torna propriedade de outra. Com isso,
o escravizado perde o direito a sua própria vida e sua liberdade de ir e vir. A pessoa
escravizada pode ser comparada a um produto, a um bem, a uma mercadoria que seu
dono pode dispor da maneira que quiser. Nessa relação, o escravizado pode ser vendido,
doado, alugado, maltratado, usado sexualmente, ou até morto sem que haja pela lei a
responsabilização criminal sobre o senhor que matou seu escravo. É essencialmente
uma relação de servidão relativa à propriedade.
Desde os tempos mais remotos têm-se dados de homens que escravizaram outros
homens pressupondo uma relação de inferioridade. Historicamente existiu escravização
por guerras (prisioneiros), por dívidas, por sobrevivência (falta de recursos para viver),
por crimes ou transgressões, enfim, por diversos motivos.
A escravidão já existia nas sociedades africanas. Nas sociedades organizadas em
tormno de chefes de linhagens, em aldeias ou federações de aldeias, podiam viver
estrangeiros, capturados em guerras ou trocvados por produtos como sal e cobre, que
eram subordinados a um senhor e podiam ser chamados de escravos. Eles podiam ser
castigados ou vendidos e tinham de obedecer ao senhor em tudo. Dava-se preferência às
mulheres, pois elas cultivavam a terra, preparavam alimentos e tinham filhos de seus
senhores. Os filhos das escravas com seus senhores ou homens livres não eram
considerados, via de regra,escravos. Mas não tinham os mesmos direitos que os filhos
de mulheres livres, trazendo a marca social da escravidão, mas a cada geração esta iria
diminuindo até desaparecer.
Nos reinos que reuniam várias aldeias e federações de aldeias e nos quais o rei
vivia numa capital, cercado por sua corte, de suas mulheres e de seus soldados, era
maior e mais frequente a presença de escravos. As guerras de expansão ou para sufocar
rebeliões eram a principal maneira de adquiri-los, mas estes podiam ainda ser
comprados ou condenados a pagar com a perda da liberdade o desrespeito às regras
locais. As mulheres, além dos trabalhos rurais e domésticos, também eram recrutadas
para aumentar o harém do rei; os homens além de trabalhar no campo, engrossavam os
exércitos e faziam parte das caravanas como carregadores e remadores.
Não era raro o senhor libertar seus escravos, principalmente se estes lhe
prestassem um bom serviço.
Havia assim, uma hierarquia dentro da condição de escravo, que ia desde o mais
despresado, como aquele que fazia os serviços desagradáveis e estenuantes, como
trabalhar no campo ou carregar cargas, até o que ocupava postos de responsabilidade e
era admirado por seus talentos. O que fazia deste ultimo um escravo, apesar de seu
prestígio, era o fato de, por ser estrangeiro, não ter laços de parentesco ou solidariedade
na soiciedade em que vivia, na qual só era reconhecido como membro na qualidade de
subordinado a um senhor.
A escravidão estava mais presente nas capitais dos reinos, nas Cidades-Estado e
nos grandes centros de comercio onde havia maior circulação de riquezas, maiores
possibilidades de acumulação de bens e diferenças mais marcantes entre os grupos
sociais. Além dos escravos serem integrados nessas sociedades, também eram uma
mercadoria importante nas rotas do Saara. Parte dos cativos, obtidos geralmente por
meio de guerras ou ataques a aldeias desprotegidas, era negociada com os comerciantes
que os levavam para o norte da África. Os que não ficavam trabalhando ali podiam ser
mandados para o outro lado do Mediterrâneo, mas iam principalmente para a Península
Arábica, sendo preferidas as mulheres. Escravas belas e jovens podiam alcançar preços
elevadíssimos, pagos pelos que desejavam tê-las entre suas esposas e podiam arcar com
o preço.
Além de serem comerciados entre as sociedades africanas não islamizadas e nas
rotas do Saara (esta islamizada), os escravos estavam entre as mercadorias exportadas
para a Península Arábica pelos portos da costa oriental, pelos quais podiam ser levados
para a Pérsia e Índia, junto com mercadorias de luxo, como marfim, ouro, peles e
essências naturais.
A partir do século XV acelerou-se o tráfico de escravos que, até então, era
controlado pelos árabes. A entrada de europeus no negócio, deveu-se, principalmente, à
necessidade de mão-de-obra para o processo de colonização da América. Durante os
quatrocentos anos que o comercio de escravos durou, milhões de africanos foram
arrancados de suas terras e trazidos para várias regiões do Continente Americano.
Assim, quando os primeiros europeus chegaram à costa atlântica africana, e
entre outras coisas se interessaram por escravos, abriu-se mais uma frente do comércio
de gente, mas este já era velho conhecido dos muitos povos africanos.
XXXIX
OS IMIGRANTES NO BRASIL
Imigrantes para o cultivo dos cafezais:
Reagindo aos efeitos da extinção do tráfico negreiro, os cafeicultores
recorreram ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de
imigrantes europeus para suas lavouras. Porém, o trabalho destes últimos só
ganhou peso na última década de 1880, quando os cafeicultores já não
conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da campanha
abolicionista.
As primeiras experiências:
A vinda de imigrantes para o Brasil, trazidos pelo governo, começou com
D. João VI, que promoveu a instalação de suíços e alemães no Rio de Janeiro e
no Espírito Santo. No sul do Brasil, mais tarde, também se formaram núcleos de
povoamento em áreas cedidas pelo governo, muitas vezes em terras indígenas. O
objetivo era construir pequenas propriedades familiares que garantissem a
ocupação efetiva do território.
O incentivo à colonização estrangeira refletia a visão de alguns setores
das elites brasileiras, influenciada por teorias racistas que eram divulgadas na
Europa. De acordo com essa visão, os “brancos” eram superiores e, por isso, a
civilização europeia atingira um grande progresso. Consequentemente, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, haveria um “branqueamento” do
país, que consequentemente iria com isso se desenvolver.
Em geral, as primeiras tentativas de colonização fracassaram: as terras
cedidas aos colonos eram pobres e distantes dos mercados consumidores. Com
exceção de alguns núcleos de colonização no sul do Brasil, a maior parte das
terras foram abandonadas pelos colonos.
As colônias de parceria:
Em São Paulo, o pioneiro na experiência com o trabalho imigrante foi o
senador Vergueiro, um rico fazendeiro de café do oeste paulista. Em 1846, cerca
de 364 famílias suíças e alemãs foram levadas para trabalhar nas lavouras de
café da fazenda Ibicaba, na cidade de Limeira, de propriedade do senador. Ele
chegou a constituir uma empresa, a Vergueiro e Cia., que fornecia colonos
imigrantes para as fazendas da região.
Os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria. Tinham a
viagem paga pelo fazendeiro, que também assumia as despesas de manutenção
da família até a primeira colheita do café. Cada família ficava responsável por
determinados pés de café. Após a venda do café, o colono entregava ao
proprietário metade da produção de seus pés de café mais 6% de juros sobre as
dívidas contraídas desde a viagem.
O sistema de parcerias não tardou a encontrar problemas. Os colonos
tinham uma lista de reclamações: os fazendeiros reservavam para si as melhores
terras, que eram cultivadas por escravos. Os imigrantes ficavam com os
cafeeiros mais improdutivos. Além disso, estavam sempre endividados, pois
eram obrigados a comprar mantimentos no armazém da fazenda, onde eram
mais caros. Os proprietários, por sua vez, acusavam os colonos de serem
indolentes e de abandonarem os cafezais.
Descontentes, os colonos chegaram a promover revoltas em algumas
fazendas. Na Europa, as notícias de maus-tratos sofridos pelos colonos levaram
ao governo alemão a proibir a vinda de imigrantes para o Brasil.
A imigração subvencionada:
Na década de 1870, a falta de mão-de-obra voltou a incomodar. A
aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, que libertava os filhos de escravos
nascidos no Brasil a partir desta data, e o fortalecimento do movimento
abolicionista indicavam que a escravidão estava com os dias contados.
A solução foi retomar ao programa de imigração, destinado
principalmente à Província de São Paulo, onde a economia cafeeira era a que
mais crescia. Com o novo programa, os trabalhadores imigrantes recebiam
salários e podiam cultivar alimentos nas próprias fazendas onde trabalhavam.
O governo, por sua vez, ficava encarregado de divulgar a imigração nos
países da Europa e de pagar o transporte do imigrante e de sua família ao Brasil.
O programa ficou conhecido como imigração subvencionada e perdurou até o
período republicano com algumas mudanças.
A nova política imigratória inaugurou o período mais ativo da imigração
europeia para o Brasil. A imigração não parou de crescer e atingiu em 1888,
quando a escravidão foi abolida, a soma de 133 mil pessoas.
XL
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA
As colônias da Espanha no Continente Americano viviam da mineração
(implantada desde o início da colonização) e de uma economia agroexportadora
com “plantation” e pecuária.
Sua sociedade era formada por:
- Chapetones: espanhóis nascidos na Metrópole e que habitavam nas
colônias . Eram funcionários do governo espanhol na colônia e que possuíam o
poder político.
- Criollos: descendentes de espanhóis nascidos nas colônias, possuíam o
poder monetário e econômico, mas não tinham cargos políticos.
- Índios (nativos) e escravos africanos (ambos formavam a força de mão-
de –obra).
A Espanha possuía uma imensa área colonial na América. Tal colônia era
difícil de ser governada devido a sua extensão territorial. Para facilitar a
administração, a Coroa de Espanha dividiu sua região colonial em vice-reinos e
capitanias gerais, que eram governadas por chapetones chamados vice-reis.
Os criollos passaram a se interessar pela independência das colônias,
pois assim, sem o domínio metropolitano, eles poderiam alcançar o poder
político. Entre 1817 e 1824, foi o período de emancipação das colônias
espanholas americanas. Elas contaram com o apoio da Inglaterra.
A independência do México
O México foi o cenário do movimento mais popular e radical da luta
contra o domínio colonial na América, marcado por insurreições camponesas
indígenas e mestiças. A revolta contra o domínio colonial na região do atual
México começou em 1810. Liderados pelo padre Miguel de Hidalgo, indígenas,
mestiços e trabalhadores pobres insurgiram-se sob o lema “Independência e
Liberdade”.
Esse movimento tinha fortes preocupações sociais. À medida que a
revolta avançava, os rebeldes tomavam as propriedades, ameaçando os
privilégios dos chapetones e criollos. O medo de uma revolta social levou às
elites a se unirem em torno da Coroa espanhola. Após intensa repressão, o padre
Hidalgo foi capturado e fuzilado.
A repressão, porém, não impediu que novas lutas surgissem. Um ano
depois, no sul da região mexicana, surgiu um movimento similar, liderado pelo
sacerdote José Maria de Moleros. A revolta foi reprimida e Moleros morto, em
1815.
No pouco tempo em que lideraram as revoltas, Hidalgo e Moleros
combinavam a busca pela independência com a tentativa de atenuar os desníveis
sociais existentes na América. Hidalgo desejava abolir a escravidão e suprimir a
cobrança de impostos aos indígenas. Moleros tinha como objetivo garantir que
as comunidades indígenas recebessem pelas terras que arrendavam e que as
dívidas dos mestiços com os europeus fossem abolidas.
Entretanto, a liberdade estava nas mãos dos criollos. No início dos anos
1820, as lutas pela independência na região tomaram um novo rumo. Espanhóis
e criollos temiam os levantes populares e a europeias e perda do poder. Por isso,
no ano seguinte, as elites se anteciparam e declararam a independência do
México, sob a liderança de Augustín de Itúrbide. Itúrbide proclamou-se
imperador e governou até 1823, quando foi deposto, e o país tornou-se uma
república.
À semelhança do que aconteceu no resto da América hispânica, a
independência do México tornou-se um movimento controlado pelos criollos e
perdeu o caráter popular que teve no início. Os movimentos de conquista da
liberdade das colônias passaram a ser conduzidos de forma que atendessem às
elites dominantes. O principal deles era preservar as divisões sociais e manter as
elites no poder.
O coronelismo
A Constituição republicana de 1891 aboliu o voto censitário (voto baseado na
renda), e ampliou o número de eleitores. Isso significou uma ameaça aos interesses
políticos das famílias poderosas de cada estado. Para se conservar no poder, as
oligarquias passaram a forçar os eleitores a votar nos candidatos por elas indicados.
Como esses políticos geralmente eram grandes fazendeiros e coronéis da Guarda
Nacional, passaram a ser conhecidos como “coronéis”.
O coronel conseguia o voto do eleitor de duas formas:
a) por violência: caso o eleitor não votasse no candidato indicado, poderia perder
o emprego, ser surrado, ter a família ameaçada ou ser até morto.
b) pela troca de favores: o coronel oferecia aos seus clientes ou dependentes
“favores”, como alimentos, remédios, segurança, vagas em hospitais ou escolas,
dinheiro emprestado ou dado, emprego etc.
Quando apesar de tudo isso, o candidato das oligarquias perdia as eleições,
recorria-se às fraudes eleitorais: falsificação dos resultados, roubo ou adulteração de
urnas, inclusão de votos “fantasmas” etc.
Os coronéis mais poderosos de cada região faziam alianças entre si e elegiam o
presidente de estado (cargo equivalente ao atual governador do estado). Este, por sua
vez, retribuía o “favor” enviando verbas para as cidades controladas pelos coronéis que
o “elegeram”. Todas estas ações e a política de compromisso entre os chefes locais e os
governadores estaduais são conhecidas como coronelismo.
Foi o período do Convênio de Taubaté, que trouxe apoio total aos cafeicultores,
e o início de uma forte valorização do café. O governo se comprometeu a
comprar o excedente da produção para que o preço não caísse. Mas mesmo
assim houve uma crise de superprodução do produto.
Neste período houve a Revolta da Vacina (1904). Devido a uma
campanha de vacinação contra a varíola promovida pelo governo (a primeira do
Brasil), a população da cidade do Rio de Janeiro (local onde a doença se
proliferou) se rebelou. A não aceitação à vacinação transformou-se numa guerra
armada.
O Convênio de Taubaté
Preocupados com a queda de seus lucros, os cafeicultores pediram ajuda
ao governo. Os governadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
(os três maiores produtores) responderam ao pedido assinando um acordo chamado
Convênio de Taubaté, onde os governos destes estados se comprometiam a comprar as
sacas de café excedentes por meio de empréstimos internacionais.
A compra do café excedente regulava a oferta e valorizava os preços no
exterior. Isso atendia aos interesses dos cafeicultores, mas transferia os prejuízos para o
governo, que os cobria com dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. Assim o
café continuou sendo o principal produto da economia brasileira. Mesmo assim, alguns
cafeicultores diversificaram seus negócios investindo em outras coisas e outros produtos
como a borracha e o cacau.
Posseiro: Pequeno proprietário que ocupou uma terra inexplorada e a cultivou durante
anos, obtendo o direito de posse sobre ela.
O cangaço
O contexto de opressão e abandono que favoreceu o surgimento de líderes
religiosos, como Antônio Conselheiro e o monge José Maria, também facilitou o
aparecimento do cangaço, forma peculiar de banditismo que se desenvolveu no interior
do Nordeste, principalmente nas áreas de caatinga do chamado Polígono das Secas.
Desde o século XVIII, bandos armados a serviço dos grandes fazendeiros
adentravam o sertão para tomar terras dos índios e instalar fazendas de gado. Esses
bandos serviam a quem lhes pagava, por isso, se diz que praticavam o cangaço
dependente.
Entre 1900 e 1940, surgiram no sertão nordestino bandos de cangaceiros que
viviam de assaltos e em luta constante com as autoridades policiais. Tais bandos agiam
por conta própria; por isso se diz que praticavam o cangaço independente. Os membros
desses bandos são chamados de cangaceiros, e eram homens violentos muitas vezes
movidos pela vingança pessoal e pela fama alcançada por suas façanhas. Os mais
famosos cangaceiros foram Antônio Silvino, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião/
1900-1938) e Corisco.
Lampião e seu bando cobravam dos fazendeiros e comerciantes uma espécie de
“imposto” e prestavam “serviços” de vinganças. Eles espancavam, torturavam,
saqueavam e degolavam tanto pobres quanto ricos. Em 1938, delatado por um
comerciante, Lampião e parte de seu bando foram mortos e decapitados. Dois anos
depois, Corisco, que sucedera Lampião na chefia do bando, também foi morto, fato que
determinou o fim do cangaço.
Revolta da Vacina (1904)
Nas cidades do Brasil da época da República Velha, as camadas populares
resistiam ao autoritarismo e ao descaso das autoridades. Em 1902, o presidente
Rodrigues Alves confiou a Pereira Passos, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, seu
plano de modelar e higienizar a cidade. O prefeito começou pela construção da Avenida
Central (atual Rio Branco) e, para isso, autorizou a demolição de vários casarões
coloniais e casebres do centro da cidade, habitados pela população mais pobre. Aos
gritos de “bota abaixo!”, os funcionários da prefeitura derrubaram quarteirões inteiros.
Em nome da “civilização”, do progresso e da ordem, as autoridades cariocas demoliram
cerca de seiscentas habitações coletivas e setecentas casas, privando de teto pelo menos
cerca de catorze mil pessoas.
Expulsos da região central, os antigos moradores do centro foram viver nas
periferias da cidade ou subiram os morros, onde construíram barracos. Logo essas
povoações nos morros cresceram bastante. No início do século XX, havia um famoso
morro chamado Morro da Favela, que era um dos mais povoados. Seu nome se
generalizou, e todo morro habitado de forma irregular e com pouca ou sem nenhuma
estrutura urbana e de saneamento passou a ser chamado de favela. Os moradores das
favelas originais viviam sem privacidade, sem conforto, sem água corrente, sem
assistência do Estado etc. Boa parte deles era afrodescendente.
Ao mesmo tempo que ocorria a reforma urbana, o médico sanitarista dr.
Oswaldo Cruz foi indicado pelo governo para combater a febre amarela, a varíola e a
peste bubônica, doenças que vinham matando milhares de pessoas na cidade do Rio.
Em 1904, um projeto de lei que defendia a obrigatoriedade da vacina contra a
varíola dividiu e agitou a sociedade carioca. Aqueles que eram a favor da
obrigatoriedade da vacina argumentavam que a varíola matava milhares todos os anos
no Rio; e que a vacinação obrigatória havia sido um sucesso na Europa. Aqueles que
eram contra a obrigatoriedade da vacina afirmavam que cada pessoa deveria ter o direito
de escolher se queria ou não ser vacinada; e que os soros e funcionários da Saúde não
eram confiáveis; e ainda que se usaria força policial para vacinar as pessoas.
Convencido pelo dr. Oswaldo Cruz, o Congresso aprovou, em 1904, a Lei da
Vacina Obrigatória, que autorizava os funcionários da Saúde a vacinar contra varíola
todos os brasileiros com mais de seis meses de idade. Os desobedientes eram punidos
com multas e demissões.
A obrigatoriedade da vacina, as demolições no centro da cidade e o custo de vida
elevado levaram a uma explosão popular, em 1904, conhecida como Revolta da Vacina.
Em novembro de 1904, ocorreram intensos conflitos de rua. Armados de paus,
pedras, pedaços de ferro, facas etc, os populares enfrentaram a polícia em vários pontos
do Rio. Bondes foram incendiados, trilhos arrancados, lojas foram depredadas e o
Palácio do Catete, sede do governo, foi cercado para protestar contra a obrigatoriedade
da vacinação e a violência com que ela era feita. O governo reagiu, ordenando que
navios de guerra bombardeassem os bairros situados na orla litorânea, e ao mesmo
tempo, suspendeu a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A revolta foi
desarticulada e seus líderes lançados aos porões de um navio e enviados para o Acre,
região incorporada ao Brasil em 1903.
O movimento operário
No início do século XX, o ambiente das fábricas era insalubre, mal-iluminado e
sem ventilação; os operários trabalhavam de 14 a 16 horas diárias recebendo salários
que não acompanhavam o aumento do custo de vida; não tinham direito a férias, nem
aposentadoria. Em 1920, na cidade de São Paulo, pouco mais da metade dos operários
eram estrangeiros, enquanto no Rio eram cerca de 35%. Destes estrangeiros, a maior
parte era formada por italianos, portugueses e espanhóis. Apesar das frequentes
rivalidades entre brasileiros e estrangeiros, a República Velha assistiu à formação de um
movimento operário combativo e atuante.
As doutrinas de maior penetração no movimento operário eram o socialismo e o
anarquismo. Os socialistas fundaram partidos políticos, como o Partido Operário, criado
no Rio de Janeiro em 1890. Lutavam por reformas, como a jornada de trabalho de 8
horas, e desejavam conquistá-las por meio de via democrática. Já o anarquismo era
predominante me São Paulo. Contrários à existência do Estado, os anarquistas se
negavam a participar das eleições; defendiam a conquista do poder pelos operários por
meio da greve geral revolucionária.
Em 1906, os operários realizaram no Rio de Janeiro, o Primeiro Congresso
Operário Brasileiro, reunindo trabalhadores de várias partes do Brasil. Esse Congresso
decidiu que o dia 1° de maio de 1907 marcaria o início de uma grande campanha pela
jornada de 8 horas de trabalho.
Os operários fizeram várias greves naquele ano, a maioria em São Paulo. O
governo, representado pelo político Afonso Pena, reagiu, reprimindo e prendendo
trabalhadores. Só duas categorias conseguiram a jornada de 8 horas: gráficos e
pedreiros. Em 1907, como resposta ao movimento grevista, o governo aprovou a Lei
Adolfo Gordo, que permitia expulsar do Brasil os imigrantes que participassem de
greves. Apesar das repressões, as lutas operárias continuaram.
Em 1917, os operários de São Paulo realizaram a maior greve da República
Velha. O movimento de paralisação começou em algumas fábricas dos bairros da
Mooca e Ipiranga (bairros da capital paulista) e logo se espalhou por outras regiões. Em
uma das manifestações, a polícia abriu fogo sobre trabalhadores. O operário anarquista
Francisco Martinez morreu, e seu enterro foi o estopim para uma greve geral de
trabalhadores em São Paulo. Os grevistas exigiam:
- Jornada de oito horas e aumento salarial;
- Abolição do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos;
- Pagamento pontual;
- Diminuição dos aluguéis e congelamento dos preços de alimentos.
Este movimento grevista se estendeu para os estados do Rio de Janeiro, Paraíba,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, patrões concordaram com um aumento salarial de 20%,
prometeram não dispensar os grevistas, respeitar o direito de reunião, liberar grevistas
presos e tentar, em conjunto com o governo, melhorar as condições de vida dos
trabalhadores. Terminada a greve, os empresários passaram a perseguir e a demitir os
principais líderes.
As lutas do operariado continuaram, e, em 1922, houve a fundação do PCB
(Partido Comunista do Brasil).Os comunistas tinham uma organização centralizada e
nacional, que defendia um governo do proletariado e a coletivização de terras e fábricas.
Poucos meses após sua fundação, o PCB foi colocado na ilegalidade pelo
governo de Epitácio Pessoa (1919-1922). Continuou atuando de forma clandestina nos
sindicatos e imprensa operária.
Para as autoridades da República Velha, o movimento operário era “caso de
polícia”, e deveria ser fortemente reprimido. No entanto, o presidente Arthur Bernardes
(1922-1926), usou outra estratégia para enfraquecer o movimento operário: em 1925,
transformou o 1° de maio em feriado. Pretendia-se que os trabalhadores deixassem de
ver e usar essa data como dia de resistência e a transformassem em dia de folga.
O Segundo 5 de julho
No governo de Arthur Bernardes, em 1924, explodiu em São Paulo outro levante
tenentista, o Segundo 5 de julho. Esse, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem
definidos. Os tenentes exigiam:
- Moralização da República por meio do voto secreto;
- Real autonomia dos três poderes;
- Obrigatoriedade do ensino profissional e primário;
- Respeito às leis e à justiça.
Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa,
rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.
Reprimidos por tropas governistas, mil rebeldes formaram a coluna paulista e
deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná. Mas, outras revoltas
tenentistas explodiam em Mato Grosso, Sergipe, Amazonas, Pará e Rio Grande do Sul.
Depois de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos,
comandados pelo capitão Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e
marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna
paulista e da gaúcha nasceu a Coluna Prestes.
A Coluna Prestes
Com cerca de 1800 membros, a Coluna Prestes saiu pelo interior do Brasil
buscando o apoio do povo para sua luta contra o governo. Nos locais onde eram bem
recebidos, os rebeldes queimavam os registros de cobrança de impostos dizendo que,
assim, livravam o povo dos abusos do governo. Movimentando-se com rapidez,
conseguindo munição e armamento do próprio inimigo e evitando as grandes cidades, a
Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros através de doze estados brasileiros. No
início de 1927, 600 homens que ainda integravam a coluna decidiram retirar-se para a
Bolívia.
A Intentona Comunista
Os comunistas tentam tirar Vargas do poder. Em consequência disso, ele
empreende uma perseguição aos comunistas.
Em 5 de julho de 1935, o líder comunista Luís Carlos Prestes lançou um
manifesto que impunha a derrubada do governo Vargas e a formação de um
governo popular revolucionário. O governo Vargas reagiu ao manifesto
fechando a ANL e seus núcleos pelo país.
Diante disso, sem esperar as ordens de Prestes, um grupo de sargentos,
cabos e soldados comunistas de Natal, Rio Grande do Norte, deu início à Revolta
Vermelha ou Intentona Comunista. Seguiram-se levantes no Recife e no Rio de Janeiro.
Com rapidez, o governo Vargas sufocou os levantes e passou a prender e torturar os
simpatizantes da ANL, comunistas ou não. As cadeias das principais cidades brasileiras
encheram-se de presos políticos.
As eleições para presidente estavam marcadas para início de 38. Vargas não
estava disposto a deixar o poder. Assim, anunciou pelo rádio que havia descoberto um
plano comunista, o Plano Cohen, segundo o qual, eles pretendiam um golpe político
através de um movimento de greves, incêndios em igrejas e o assassinato do presidente
para tomarem o poder.
O Plano Cohen, era na verdade, falso, forjado pelo próprio governo Vargas. Mas
ele serviu de pretexto para que em 10 de novembro de 1937, Vargas implantasse uma
ditadura, o Estado Novo.
O populismo
Durante o governo de Vargas, ele praticou o populismo, ou seja, buscou
estabelecer uma relação direta e emocional com os trabalhadores. Em 1943, as leis
trabalhistas conquistadas pelos operários após as décadas de lutas foram reunidas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e apresentadas como uma “doação” aos
trabalhadores. Assim, para exaltar sua própria figura, Vargas apresentava como uma
doação o que era uma conquista.
O populismo de Vargas foi construído também com discursos comoventes, que
chegavam aos trabalhadores pelo rádio e por meio de grandes “encontros” do presidente
com os “trabalhadores do Brasil”, em datas especiais, como o 1° de maio (Dia do
Trabalhador).
Populismo
Política em que se estabelece uma relação direta e emocional entre um líder e a massa
desorganizada e carente, que vê no líder e no Estado um meio rápido de ver atendidas
as suas necessidades.
XLIV
O BRASIL DA ERA DO POPULISMO (1946-1964)
O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início do período denominado
Guerra Fria, no qual dois blocos antagônicos – o capitalista, liderado pelos EUA; e o
socialista, liderado pela URSS – disputaram a hegemonia mundial. Nesse momento, o
Brasil, em função de sua dependência econômica aos EUA, alinhou-se ao bloco
capitalista.
As eleições de 1945
Com a deposição de Vargas, em 1945, foram marcadas eleições para o cargo de
presidente da República. Naquele ano, haveria voto direto e secreto, além do voto
feminino.
Disputaram as eleições de 45, os seguintes partidos, criados na época:
Eleições de 1950
No ano em que a televisão fez sua estreia no Brasil, ocorreu uma nova
corrida eleitoral para presidente. Comícios voltaram a lotar praças. Defendendo
o nacionalismo, a industrialização e ampliação das leis trabalhistas, Vargas
venceu.
O populismo de Vargas
Desde sua campanha eleitoral, Vargas esforçou-se para apagar a imagem
de ditador e reforçar a de “amigo dos trabalhadores”. Uma vez na presidência,
praticou amplamente o populismo, estabelecendo uma relação direta e
emocional com os trabalhadores. Fazia-se imensa propaganda do governo
através de imagens, versos, músicas, com o forte uso do rádio e da televisão, que
apresentavam Vargas como “amigo dos trabalhadores”, aquele com quem eles
podiam contar.
Apesar disso, havia insatisfação no meio dos trabalhadores, devido aos
salários não acompanharem a alta inflação. Em 53, explodiram greves por
aumento salarial em todo o país.
Vargas nomeou João Goulart (Jango) para o Ministério do Trabalho. Na
negociação com os grevistas, Jango prometeu dobrar o valor do salário mínimo.
Isso irritou a UDN e seus aliados militares. Pressionado por eles, Vargas demitiu
Jango, mas autorizou o aumento salarial em 1° de maio de 1954. Carlos Lacerda,
jornalista inimigo político de Vargas, iniciou uma campanha difamatória contra
o presidente.
A queda de Vargas
Militares anticomunistas e políticos da UDN preparavam um golpe
contra Vargas quando Lacerda foi vítima de um atentado à bala. Lacerda
escapou com vida, mas Rubens Vaz, major da Aeronáutica que o acompanhava
no momento do atentado foi morto. As investigações sobre o assassinato
apontavam como mandante Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de
Vargas.
Jornais de oposição afirmavam que havia um “mar de lama” no palácio
presidencial. Lacerda pressionava s generais para derrubarem Vargas. Em 22 de
agosto, oficiais da aeronáutica lançaram um manifesto exigindo a renúncia de
Vargas. No dia seguinte, generais do Exército fizeram a mesma exigência. Sob
forte pressão, Vargas cometeu suicídio.
No ano seguinte houve eleições, nas quais venceu Juscelino Kubitschek,
conhecido como JK, pelo PDS. A UDN não se conformou com a derrota nas
eleições, e Carlos Lacerda, seu líder, passou a dizer que os eleitos eram apoiados
por comunistas e que era necessário um golpe ara impedir a posse de JK. Mas
não houve golpe, pois o general Henrique Teixeira Lott colocou seus soldados
nas ruas e obrigou os golpistas a fugirem. Com isso, JK assumiu a presidência.
Governo JK ( 1956-61 )
JK prometeu que faria o Brasil progredir 50 anos em 5. A política de
desenvolvimento empreendida em seu governo é chamada de
desenvolvimentismo.
Durante seu governo construiu-se a nova capital Brasília (marca principal
de seu governo), além de ter havido grande estímulo à industria, graças a
investimentos estrangeiros e a entrada de multinacionais no país. A situação
econômica, porém, era difícil.
Juscelino foi eleito diretamente pelo povo e abriu o país ao capital
estrangeiro em busca de um fortalecimento econômico e um avanço na
industrialização. No governo JK foi implantado o chamado Plano de Metas, que
também tinha como motor a industrialização. O Plano de Metas previa
investimentos públicos em cinco grandes áreas: energia, transporte, indústria,
alimentação e educação. Seria a continuação da industrialização iniciada por
Vargas. Mas havia mudanças em comparação com o governo Vargas, não no
sentido político, mas no econômico. No governo Vargas ocorreu a implantação
de indústrias de base, antes disso havia indústrias de bens não duráveis. As
fábricas do período JK eram de bens duráveis: eletrodomésticos, automóveis,
bens de consumo populares etc. Além disso, no governo Vargas limitou-se a
entrada de capital estrangeiro; já no governo JK, procurou-se atrair capitais
estrangeiros. Montou-se durante o governo JK uma estrutura produtiva mantida
pelo capital transnacional.
O governo investiu milhões na indústria de base (que fabrica matérias-
primas e produtos para outras indústrias como aço, máquinas, motores, energia
etc). Foram construídas siderúrgicas, como a Usiminas; hidrelétricas, como as
Três Marias e Furnas; portos e quilômetros de estradas.
O governo ofereceu facilidades e incentivos ara atrair multinacionais de
bens de consumo, como a Willys Overland, Ford, Volkswagen, GM, etc. A
indústria automobilística foi um sucesso nessa época. Mas isso fez governo
deixar de lado os transportes coletivos. As ferrovias foram praticamente
abandonadas, e o transporte passou a depender cada vez mais das rodovias, do
petróleo e seus derivados.
O Plano de Metas foi bem sucedido e muitas de suas metas foram
alcançadas. A economia cresceu. A industrialização gerada no governo JK criou
um clima de otimismo e gerou muitos empregos, mas não beneficiou todas as
regiões do país. As indústrias instalaram-se quase todas no Centro-Sul, o que
aumentou ainda mais as diferenças socioeconômicas entre as regiões. A
conseqüência disso foi uma forte migração, principalmente de nordestinos, para
cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte em busca de
empregos.
JK governou com o apoio do Congresso e respeitou a liberdade de
imprensa, mantendo assim, a estabilidade política. Nos anos JK combinou-se
estabilidade política com crescimento industrial, mas também houve inflação
alta e aumento de desigualdades sociais e regionais.
Obs.: A ameaça comunista era presente em toda a América Latina pelos anos 60 e 70.
Os EUA enviou agentes da CIA para treinar e orientar os militares das Repúblicas
latino-americanas contra a possível ascensão do comunismo no continente. O governo
americano apoiou as ditaduras latino-americanas nessa época para evitar a ameaça
comunista.
XLV
BRASIL NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR (1964-1985)
O golpe de 1964 instaurou o período ditatorial militar que durou até 1985.Esse regime caracterizou-se pelo centralismo e
autoritarismo, pela arbitrariedade e pela violência repressiva.
O regime estruturou-se entre 64 e 68, bloqueando as participações políticas da maioria da população. Entre 68 e 74, o
regime chegou ao máximo de fechamento político. No fim deste período, por problemas socioeconômicos, começou a abertura
política.
Os problemas econômicos herdados de governos anteriores avolumaram-se neste período. Excetuando-se a fase do
chamado “milagre econômico”, a economia brasileira passou por difíceis momentos, devido ao crescimento da dívida externa com
seus elevados custos e a dependência de investimentos estrangeiros.
Os primeiros presidentes militares, Castelo Branco (1964-67) e Costa e Silva (1967-69), estruturaram o regime,
patrocinando o fechamento político. Durante o governo do general Médici, apesar do desenvolvimento econômico, a ditadura
fortaleceu-se. A partir daí a crise econômica pôs em cheque o governo militar, e o general Ernesto Geisel deu início ao processo de
abertura política. Esse processo foi concluído no governo do general João Batista Figueiredo (1979-85). O fim da ditadura ocorreu
com a posse do presidente José Sarney.
XLVI
O BRASIL DA NOVA REPÚBLICA (DESDE 1985)
O governo de José Sarney foi marcado pela consolidação democrática do país e pelo descontrole da inflação. De um lado
o fracassado choque econômico do Plano Cruzado, do outro a promulgação de uma nova Constituição em 1988, assegurando
conquistas democráticas. Em 1989, foi escolhido pelo voto direto o novo presidente, Fernando Collor de Mello, que tentou um novo
plano econômico para derrubar a inflação, o Plano Collor, fracassando e perdendo prestígio. O final de seu governo caracterizou-se
por escândalos políticoadministrativos, produzindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a mobilização popular e o
afastamento do presidente do governo. Assumiu Itamar Franco, que enfrentou diversas mudanças no quadro ministerial,
evidenciando dificuldades para enfrentar os graves problemas sociais e financeiros.
O Governo Itamar porém, fez algo que deu certo no controle da inflação. Seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique
Cardoso, criou um plano econômico chamado Plano Real, que foi introduzido em etapas. Em 1° de julho de 1994, adotou-se uma
nova moeda, o real, que substituiu o cruzeiro real. O Plano Real fez a inflação cair a quase zero, e os salários deixaram de perder
valor. Com a estabilidade econômica, grande parte da população pôde ter um poder de compra maior. Em 1994, Fernando Henrique,
candidatou-se às eleições presidenciais. Ele venceu, assumindo o governo em 1995.
O Governo FHC, caracterizou-se por reformas e privatizações de muitas empresas estatais. Esse processo chama-se
privatização. Entretanto o gasto do governo foi maior que a arrecadação, principalmente no pagamento de aposentadorias e
benefícios do INSS. Em 1997, o Congresso aprovou a reeleição para presidente da República. Em 1998, FHC concorreu as eleições
e venceu o candidato do PT, seu maior rival político, Luís Inácio Lula da Silva. O principal objetivo do 2° Governo FHC, era manter
a inflação baixa e o real estável. Para isso estimulou-se a entrada de dólares no país. Era necessário esse dinheiro nos cofres do
governo para manter a moeda com valor. A partir de 2001, houve duas crises, uma política e outra no setor energético. Políticos
ligados ao governo estavam envolvidos em escândalos. A crise energética foi devido ao baixo nível de reservatórios das usinas
hidroelétricas, que causaram dificuldades de fornecimento de energia nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Indústria e comércio foram obrigados a reduzir as horas de atividades, também a população precisou economizar energia. Mesmo
assim houve apagões, que eram a suspensão temporária do fornecimento de energia para uma grande região. A partir de 2002 houve
estagnação econômica, ou seja, não havia perdas significativas, mas também a economia e a renda per capita não cresciam.
Em outubro de 2002, foram realizadas eleições para presidente, os principais candidatos eram José Serra, do governo; e
Luís Inácio Lula da Silva, da oposição. Lula venceu, sendo o primeiro operário a chegar a presidência da República.
Lula assumiu o governo em 1° de janeiro de 2003.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
XLVII
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
Antes da Guerra
A Belle Époque:
As elites europeias começaram o século XX num estado de euforia. Com
o imperialismo, as nações capitalistas estabeleceram um domínio colonial sobre
a África e a Ásia, onde investiram os capitais excedentes da Europa e obtiveram
mercadores consumidores de artigos industrializados e fornecedores de
matérias-primas e fontes de energia. A exploração colonial possibilitou um
grande acúmulo de capitais por parte das potências europeias.
O poderio econômico europeu contribuiu para o progresso científico e
tecnológico. A concentração de capitais, aliada ao conhecimento proveniente da
ciência, dava condições de investir na criação e no desenvolvimento de novos
produtos, muitos dos quais incrementaram a própria indústria, o que fortalecia a
crença na capacidade humana de fazer progredir a sociedade.
Vivia-se na ilusão da Belle Époque (1871-1914), período caracterizado
pelo otimismo e pela certeza da estabilidade e da paz duradouras.
As vanguardas da arte:
A Belle Époque foi marcada por profundas transformações culturais que
influenciaram o modo de pensar e viver das pessoas. Inovações tecnológicas,
como o avião, o rádio, e o cinema, modificaram a percepção da realidade.
A cidade de Paris, na França, com seus cafés-concertos, balés, óperas,
livrarias e teatros, era o centro cultural da época. Dela irradiava um conjunto de
tendências inovadoras nas artes, as chamadas vanguardas. Com esse nome,
nascido no meio militar (do francês avant-garde : o que vem na frente), as
vanguardas pretendiam antecipar a arte do futuro, lutar por transformações e
promover atitudes que rompiam com as tradições do passado.
Os principais vanguardistas e suas manifestações artísticas foram:
- Na pintura: Vicent Van Gogh, Claude Monet, Pablo Picasso e outros.
- Na música: Claude Debussy, Arnold Schoenberg e outros.
- Na arquitetura: Frank Wright.
Outras manifestações artísticas também contribuíram para mudar o modo
como o mundo era visto e sentido. O balé russo de Sergei Diaghilev conquistou
a Europa. Em Nova Orleans, o jazz se tornava popular.
O Tratado de Versalhes:
Uma figura importante nas negociações de paz foi o presidente
americano, Woodrow Wilson, cuja proposta de 14 pontos foi a responsável pela
rendição alemã. Os cinco primeiros pontos falavam de diplomacia aberta (sem
acordos secretos), liberdade dos mares, redução das barreiras alfandegárias,
desarmamento e preservação dos interesses dos países colonizados. Os
remanejamentos territoriais eram abordados do sexto ao 13° pontos. Por fim, o
14° ponto falava da criação de um Liga das Nações, que teria o objetivo de
construir a paz e manter a nova ordem mundial em funcionamento.
A proposta de Wilson, porém, foi mutilada quando a conferência de paz
realizada a partir de 12 de janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes, em Paris.
Dela participaram 25 nações aliadas, quatro domínios britânicos e os EUA. Era a
“paz dos vencedores”, já que nenhum dos derrotados teve participação na mesa
de negociações. Apesar de vários países estarem representados, a palavra final
coube aos “três grandes”: França, Inglaterra e EUA.
Com 200 páginas e 440 artigos, o Tratado de Versalhes foi terrível com
os derrotados, principalmente com a Alemanha, que perdeu um sétimo de seu
território e um décimo de sua população. O país teve de devolver à França a
região da Alsácia-Lorena, e a Bélgica anexou os cantões de Eupen e Malmedy.
A Polônia ganhou parte da Prússia Oriental, da Prússia Ocidental e da Silésia
Oriental. Já a Tchecoslováquia levou uma parte da Silésia Superior. Um
plebiscito realizado em Schleswing repartiu a região, ficando o norte com a
Dinamarca e o sul com a Alemanha.
Fora isso, os Alemães tiveram de abrir mão de todas as suas colônias e
ficaram proibidos de se unir em um só país com a Áustria. A Alemanha também
seria desmilitarizada: o exército não poderia ter mais do que 100 mil homens e
não existiria mais Marinha de Guerra e Força Aérea. O Estado-Maior seria
abolido. Não haveria Escola de Guerra. A frota, que terminou a guerra intacta,
deveria ser entregue aos aliados, mas foi afundada pelas tripulações antes de de
que a ordem pudesse ser cumprida.
O golpe de misericórdia veio no artigo 231 do tratado que previa a culpa
da guerra, e no artigo 232, que previa as indenizações. O total de pagamentos
chegava a 132 bilhões de marcos-ouro, moedas que poderiam ser trocadas por
ouro, e incluía o pagamento de pensões para aposentados, mutilados, viúvas e
órfãos dos aliados. Deveriam receber reparações a França, a Inglaterra, a Itália e
a Bélgica.
Com os outros derrotados foram assinados acordos suplementares ao do
Tratado de Versalhes. A Áustria teve de aceitar a independência da Hungria,
Polônia, do Reino dos Sérvios e Croatas e Iugoslavos (futura Iugoslávia), além
de ceder as regiões de Trieste, sul do Tirol, Tretino e a Península da Ístria para a
Itália. Bulgária e Hungria perderam partes de seu território para a Romênia,
Iugoslávia e Grécia. A Turquia, que a princípio perdeu a Armênia, a Síria, a
Mesopotâmia e a Palestina e parte da Grécia, assinou um novo tratado com os
aliados, em 1923, em que reconquistou a Armênia e a parte anexada pelos
gregos.
A Liga das Nações:
Obrigado a aceitar as exigências territoriais dos aliados que resultaram
nas novas fronteiras da Europa, o presidente Woodrow Wilson conseguiu pelo
menos implantar o ponto mais importante de sua proposta, a Liga das Nações.
Era o que ele denominava de nova diplomacia, capaz de manter a paz no novo
mundo que se desenhava após o fim da 1ª Guerra Mundial. A Liga foi criada em
abril de 1919, mas os EUA ficaram de fora, porque o Senado norte-americano se
negou a ratificar o Tratado de Versalhes.
Com sede em Genebra, na Suíça, o órgão era formado por uma secretaria
permanente, uma assembleia geral e um conselho executivo. Uma vez por ano,
os países membros se reuniam na assembleia geral, com direito a um voto por
nação. O principal órgão era o conselho, composto por membros permanentes
(Grã-Bretanha, França, Itália, Japão, e mais tarde, Alemanha e URSS) e não
permanentes, estes escolhidos pela assembleia geral.
Sem forças armadas próprias, a Liga só contava com sansões econômicas
e militares para impor sua vontade. Ela foi bem-sucedida ao arbitrar disputas nos
Bálcãs e na América Latina, proteger refugiados, supervisionar os mandatos
coloniais e administrar territórios livres da Europa, como a cidade de Dantzig
(Polônia). Por outro lado, não conseguiu impedir a invasão japonesa à
Manchúria, em 1931, a agressão italiana à Etiópia, em 1935, nem o ataque russo
à Finlândia, em 1939. Muito menos o início da 2ª Guerra Mundial. Em abril de
1946, o órgão foi substituído pela ONU (Organização das Nações Unidas).
XLVIII
A REVOLUÇÃO RUSSA
Um país de contrastes
Simultaneamente a Rússia viveu um acelerado processo de
industrialização e desenvolvimento urbano, com investimentos estrangeiros e
fundação de bancos, construção de estradas de ferro e desenvolvimento da
extração de carvão mineral e petróleo, e produção de aço.
Porem, cerca de 80% da população vivia no campo, em condições
miseráveis. No inicio do século XX, a Rússia era um país de contrastes, onde o
que havia de mais moderno em termos industriais convivia com uma sociedade
predominantemente agrária, que mantinha características que lembravam o
feudalismo.
O proletariado industrial
No inicio do século XX, as cidades de São Petersburgo e Moscou eram
as mais industrializadas da Rússia. A mão-de-obra para as fabricas era recrutada
nas cidades. Entretanto, algumas cidades eram ilhas no interior de zonas rurais.
Nessas cidades se misturavam as antigas relações de trabalho com praticas
capitalistas de produção.
Nas fábricas, os operários eram submetidos a longas jornadas de trabalho
diárias, baixos salários e riscos de acidentes. A extrema exploração do
proletariado industrial provocou greves, ampliou a atuação dos sindicatos e
facilitou as influências das ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels.
BOLCHEVIQUE MENCHEVIQUE
LÍDER PRINCIPAL LÊNIN MARTOV
OBJETIVO CONQUISTAR O PODER POR MEIO CONSEGUIR O PODER ALIANDO-SE
DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA. COM A BURGUESIA E OBTENDO A
MAIORIA DOS VOTOS NO
PARLAMENTO (DUMA).
ESTRATÉGIA CONFIAR A LUTA PROMOVER UMA REVOLUÇÃO
REVOLUCIONÁRIA A UM PARTIDO BURGUESA CONTRA O CZARISMO
DISCILINADO QUE UNISSE E, DEPOIS, CHEGAR AO
SOLDADOS, OERARIOS E SOCIALISMO ELA VIA ELEITORAL.
CAMPONESES.
A revolução de fevereiro
No mês de fevereiro de 1917, rebeliões populares, greves gerais, revoltas
armadas de soldados contra seus comandantes, uma grave crise de
abastecimento e a atuação dos sovietes no campo e nas cidades criaram uma
situação revolucionaria na Rússia.
A grande liderança que surgiu nesse processo foi o soviete da cidade de
Petrogrado, controlado pelos mencheviques e socialistas revolucionários,
reformistas que tinham muita influência no meio camponês. Nessa época, a
maior parte da liderança bolchevique estava presa ou exilada.
O soviete de Petrogrado pressionou a Duma (Parlamento Russo) para
nomear um novo governo. Formou-se assim um governo de coalizão , que
aglutinava mencheviques e vários partidos reunidos em torno de um programa
liberal. Diante dos acontecimentos, o czar foi obrigado a renunciar.
A monarquia czarista foi substituída por uma república liberal, dirigida
pelo menchevique Kerensky, que proclamou as liberdades fundamentais e
anistiou os presos políticos. Durante o governo provisório, a crise econômica foi
se agravando com o fechamento de indústrias e o aumento generalizado dos
preços.
A insistência em manter a Rússia na Primeira Guerra gerou violenta
posição liderada pelo partido bolchevique. Soldados e camponeses
reivindicavam paz, terra e pão. A crise social e política anunciava a eclosão de
um novo processo revolucionário.
A revolução de outubro
Ao regressar de seu exílio na Suíça, Lênin se tornou o líder dos
bolcheviques. O programa bolchevique priorizava a distribuição de terras aos
camponeses, a direção das fabricas pelos comitês operários, a autonomia para as
nacionalidades oprimidas pelo Império Russo, a saída imediata da Rússia da
guerra e a entrega do poder aos sovietes.
Em outubro de 1917 (novembro no Calendário Ocidental), os
bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno, depuseram o governo de Kerensky
e convocaram o 2° Congresso dos Sovietes. Os sovietes, sob a liderança de
Lênin e Trotsky, assumiram o poder. O Partido Bolchevique foi transformado
em Partido Comunista e importantes medidas revolucionarias foram decretadas:
- A Rússia retirou-se da Primeira Guerra ainda em 1917;
- Assinou-se o tratado de Brest-Litovsky com a Alemanha, pelo qual a
Rússia perdia a Polônia, Bessarábia e territórios bálticos (Letônia, Estônia,
Lituânia e Finlândia);
- Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, terras foram divididas
e dadas aos camponeses, a produção industrial passou a ser controlada pelos
operários. Os bolcheviques também declararam o direito de autodeterminação
das nacionalidades que formavam o antigo Império Russo. As medidas
revolucionarias do novo governo feriram os interesses da burguesia e das
grandes empresas estrangeiras que atuavam no país.
- Foi criado o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky e
encarregado de combater os inimigos da revolução (oficiais czaristas,
aristocratas, burgueses, apoiados por forças francesas, norte-americanas,
japonesas e inglesas), que formaram o Exercito Branco.
Entretanto as dificuldades geradas pela guerra contra os adversários da
revolução e os rumos tomados pelo Partido Bolchevique, entre outros fatores,
em pouco tempo conduziram a Rússia para o totalitarismo.
XLIX
A Crise na Europa e a Ascensão dos EUA
O fim da Primeira Guerra deixou um saldo pesado para toda a Europa. O
mundo nunca vira conflito tão sangrento: mais de 8 milhões de soldados e 6,5
milhões de civis morreram em seus quatro anos de duração. Os países gastaram
muito (estima-se que o custo total tenha sido de 375 bilhões de dólares), o que
comprometeu muito sua reconstrução no pós-guerra. A Grã-Bretanha, por
exemplo, perdeu 6% de sua população masculina e 32% de sua riqueza nacional.
A indústria inglesa sofria com a concorrência externa e com a retração do
comércio na Europa. O desemprego atingia cerca de 1 milhão de pessoas e as
greves se sucediam. A crise fez com que o Partido Trabalhista assumisse pela
primeira vez o governo, em 1924, substituindo o Partido Liberal. Os dois
partidos se alternaram no poder até a crise de 29, que teve início em Nova York
e atingiu o mundo todo. As exportações britânicas caíram e o desemprego
triplicou. A situação econômica só melhorou em 32, quando os países da
Comunidade Britânica e a Inglaterra se reuniram na Conferencia de Ontawa
(Canadá) para adotar medidas protecionistas.
Na França, a situação não era melhor. Supondo que os alemães
respeitariam o Tratado de Versalhes e pagariam as indenizações de guerra, o
governo financiou a reconstrução nas regiões devastadas por meio da emissão de
apólices. No entanto, essa ação, somada ao custo de guerra, fez o déficit no
orçamento saltar de 32 bilhões de francos em 1914 para 294 bilhões de francos
em 1921. Com uma política de combate à inflação, aliada ao aumento de
impostos e corte de despesas, o governo conseguiu contornar a crise.
Em 1936, um frustrado golpe fascista levou a formação de uma frente
popular, composta de partidos de esquerda, que ganhou as eleições, levando ao
poder o ministro socialista Leon Blum. O governo de Blum promoveu reformas
favoráveis aos trabalhadores, o que deixou empresários insatisfeitos. A produção
industrial francesa caiu a níveis anteriores ao da crise de 29, e Blum deixou o
governo.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, os EUA desfrutavam de uma
situação privilegiada de ter sido o maior financiador dos aliados na Europa. De
devedores, passaram a credores, emprestando cerca de 10 bilhões de dólares às
nações do continente europeu envolvidas no conflito. A indústria,
principalmente a bélica, desenvolveu-se, e o país ganhou novos mercados na
América Latina e na Ásia. Em 1918, os EUA possuíam metade de todo o ouro
do mundo.
Mas também havia problemas. Os empresários reclamavam dos impostos
sobre a indústria de guerra e as classes baixa e média se queixavam do alto custo
de vida. Em novembro de 1918, os republicanos conseguiram a maioria no
Congresso e começaram a se opor ao governo do democrata Woodrow Wilson.
A recuperação da indústria europeia no pós-guerra e a diminuição dos
empréstimos dos EUA para o Velho Mundo causaram a retração das exportações
entre 1920 e 21, o que provocou a paralisação da indústria.
Os republicanos, então, elegeram em 1920 o presidente Warren Harding,
que tomou medidas pró-empresariado. Houve restrição à entrada de mão-de-
obra europeia, as greves foram contidas e os sindicatos de patrões passaram a se
opor aos de trabalhadores, inclusive com o uso da força. De 23 a 29, com uma
sucessão de presidentes republicanos, o país prosperou como nunca e sua
economia cresceu 64%.
A venda a crédito fez com que milhões de pessoas pudessem comprar
uma casa ou um carro. O patrimônio das empresas se valorizou graças à
especulação na Bolsa de Valores. A indústria do entretenimento se desenvolveu
rapidamente. Tudo isso deu origem ao American Way of Life , considerado um
exemplo da moderna Civilização Ocidental. O excesso de produção, porém, iria
desembocar numa crise de proporções gigantescas que acabaria com o American
Dream.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
L
A República de Weimar e a ascensão de Hitler
Ao fim da guerra, a sorte da Alemanha estava selada. O Tratado de
Versalhes responsabilizava o país pelo conflito, impondo-lhe uma série de
condições, como se desmilitarizar e pagar indenizações às nações atacadas. A
abdicação do imperador Guilherme II, em 1918, e a instituição da República de
Weimar contribuíram ainda mais para o clima de instabilidade política.
Conservadores e monarquistas não aceitavam a legitimidade do governo,
enquanto socialistas e comunistas questionavam sua autoridade. Além disso,
uma crise social acendia focos revolucionários em várias cidades.
Para tentar controlar a situação, o presidente social-democrata Friedrich
Ebert reprimiu as tentativas de impor o socialismo a força, e importantes líderes
esquerdistas, como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, foram mortos. Em
janeiro de 1919 foram realizadas eleições no Parlamento, vencidas pela coalizão
republicana. Neste mesmo ano foi votada a Constituição de Weimar, que
estabelecia um Parlamento (Reichtag), e um presidente eleito a cada sete anos
que poderia governar por decretos em situações de emergências. Também trazia
direitos e deveres aos cidadãos e políticas públicas para setores como trabalho e
educação.
Isso porém, não trouxe paz às facções políticas. Forças de direita se
uniram às de esquerda em oposição à República. Dificuldades econômicas,
acentuadas pelo pagamento das dívidas de guerra, atingiram o máximo em 1923,
quando a inflação explodiu e o marco sofreu grande desvalorização diante do
dólar. Quando o país começou a dar calote nos países aliados, franceses e belgas
ocuparam a região do rio Ruhr.
Aproveitando a turbulência, um austríaco chamado Adolf Hitler e um
punhado de colegas do ainda incipiente Partido Nacional Socialista tentaram dar
um golpe de Estado. Mas, sem apoio popular, a manobra fracassou e Hitler e
seus companheiros terminaram presos.
Graças aos EUA, que propuseram um plano para reduzir as reparações de
guerra e conceder um mega empréstimo ao país, a Alemanha voltou a conhecer a
prosperidade.
De 1924 a 1929, a produção industrial retomou aos níveis do período pré-
guerra, e o país passou a exportar e a importar produtos. As grandes empresas
cresceram, e havia forte presensa estatal na economia. O bom momento
econômico impulsionou a cultura, notadamente as artes plásticas, a literatura e o
cinema. Com a morte de Erbet, o marechal Paul Von Hindenburg assumiu a
presidência, em 1925, e nomeou Gustav Stresemann primeiro-ministro.
A política de Stresemann, nacionalista contrário a extremismos, fez om
que a Alemanha voltasse ao cenário internacional, ao assinar o Tratado de
Locarno, em 1925. Firmado com a Grã-Bretanha, França, Itália e Bélgica, esse
tratado estabeleceu que os signatários respeitassem as fronteiras, não se aliariam
sem consultar os demais países e resolveriam suas diferenças em conferências
internacionais. No ano seguinte, o país era admitido na Liga das Nações,
Durante esse breve período de estabilidade, os nacionais-socialistas (ou
nazistas, devido a sigla do partido, NAZI) perderam força, da mesma forma que
os comunistas. A crise de 1929, porém, mergulhou a Alemanha em um novo
caos, preparando terreno para a ascensão de Hitler.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LI
O Crash da Bolsa de Nova York
A Primeira Guerra Mundial havia entronizado os EUA como o país mais
rico e poderoso. Ao fim do conflito, o país começou a emprestar dinheiro para
ajudar na reconstrução da Europa. Sua produção industrial andava a todo vapor,
tanto para abastecer o mercado interno como para atender as exportações. A
euforia dominou a nação. Com a recuperação da Europa, no entanto, a situação
começou a mudar, e as exportações diminuíram, criando um excedente que os
EUA não conseguiram absorver.
Naquele momento, a solução seria diminuir a produção, o que provocaria
uma crise econômica e social. O governo liberal do presidente Herbert Hoover
não cogitava intervir na economia, e os empresários nunca aceitariam tal
medida. Numa tentativa de resolver o impasse, uma parte dos capitais
excedentes foi emprestada a países pobres para que pudessem comprar produtos
dos EUA. O resto foi transformado em crédito para estimular o mercado interno.
A produção agrícola que não foi vendida acabou estocada. Como as despesas de
armazenagem eram altas, muitos agricultores tiveram de hipotecar suas
propriedades.
Em meados de 1929, os empresários que investiram na Europa,
principalmente na Alemanha, pisaram no freio por causa da instabilidade que
rondava o Velho Continente. A consequência foi a diminuição das exportações,
agravada pela recuperação da Inglaterra e da França no cenário mundial.
Internamente, os altos estoques de grãos derrubaram seus preços no mercado,
fazendo com que os agricultores falissem. O excesso de produção na indústria
levou à demissão de trabalhadores, que , sem poder de compra, não fizeram a
economia girar.
A crise atingiu a Bolsa de Valores de Nova York, que negociava as ações
das maiores empresas dos EUA. Como a maioria delas estava em dificuldades, o
preço das ações caiu muito. Preocupados, os acionistas resolveram vender os
seus papéis. Mas havia muito mais vendedores que compradores, o que fez o
valor das ações baixar mais ainda. A fim de evitar o colapso total, um grupo de
bancos comprou um grande numero de ações, lançando bastante dinheiro na
Bolsa. Até aí, tudo bem. Quando quiseram vender, no inicio de 1930, as ações já
não valiam nada. As empresas e os bancos estavam falidos, assim como os
agricultores, que perderam suas terras, o que paralisou o cultivo. O desemprego
se espalhou como um rastilho de pólvora pelo país. O mundo todo se abalou
com essa crise.
O New Deal:
Em 1933 o democrata Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos
EUA, eleito com a promessa de recuperar a economia. O novo presidente adotou
um ambicioso plano de combate à crise, que ficou conhecido como New Deal
(Novo Acordo).
A base do programa era o abandono do liberalismo e a adoção de uma
política de intervenção direta do governo na condução da economia, para
combater a especulação e os efeitos desastrosos do mercado livre.
As principais linhas de atuação do New Deal foram:
- Agricultura: adotaram-se medidas para aumentar os rendimentos dos
agricultores, fixando limites à produção, recuperando os preços e fornecendo
incentivos às exportações.
- Indústria: para ajudar na recuperação das empresas foi criado um
programa de auxílio à indústria: concessão de financiamentos a juros baixos,
compra de ações ou nacionalização de empresas em dificuldades ou em processo
de falência.
- Emprego: a jornada de trabalho semanal foi reduzida; fixou-se um
salário mínimo e realizou-se um programa de construção de obras públicas,
como estradas, pontes, usinas hidrelétricas, escolas, parques e hospitais, criando
novos postos de trabalho.
O New Deal provocou a queda no desemprego, aliviando a situação de
milhões de famílias. A recuperação da economia foi financiada com o dinheiro
publico, obtido com o aumento de impostos. A taxação dos cidadãos mais ricos
foi o mecanismo escolhido pelo governo para garantir a distribuição de renda e
financiar a recuperação econômica do país.
Em geral, as medidas do presidente Roosevelt foram bem recebidas pelos
americanos, que o reelegeu nas eleições de 1936,1940 e 1944. No segundo e
terceiro mandato as medidas intervencionistas se aprofundaram, centralizadas na
recuperação econômica. A política de bem-estar social também teve grandes
avanços, com a aprovação do direito de greve, da liberdade sindical e de uma
legislação de seguridade social, que instituía pensões para os idosos e auxilio aos
necessitados.
O democrata Franklin Roosevelt permaneceu quinze anos na presidência
dos EUA, o mais longo governo da historia do país. Roosevelt se destacou por
comandar a participação dos EUA na 2ª Guerra e por promover com o restante
dos países do Continente Americano a chamada “política da boa vizinhança”,
com o intuito de garantir a influência estadunidense.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LII
A EXPLOSÃO DO NAZISMO
Com a retirada dos empresários americanos, a inflação voltou a fustigar a
Alemanha, o que agravou a situação econômica. O desemprego aumentou,
passando de 1,3 milhão em 1929 para 3 milhões no ano seguinte. A moeda se
desvalorizou de tal forma que bilhões de marcos mal davam para comprar um
pedaço de pão. A miséria crescente fez diminuir a confiança na República, o que
abriu espaço para nazistas e comunistas.
Com a morte do primeiro-ministro Gustav Stresemann, foi nomeado para
seu lugar Heirich Brüning, que convocou eleições em setembro de 1930. Os
nazistas elegeram 107 deputados para o Parlamento, e os comunistas 77.
Brüning foi substituído por Von Papen em 1932, o que prolongou por mais
alguns meses a Republica de Weimar. Mas, com Hindenburg cansado e doente,
a historia iria mudar a favor dos nazistas. Adolf Hitler foi nomeado chanceler
em janeiro de 1933. O cenário era pior.
Os bancos estavam quebrados, 6 milhões estavam desempregados e o
país estava um completo caos. Era o momento de manipular as massas em favor
dos nazistas. Hitler havia prometido trabalho para todos, terra para os
camponeses e o fim da crise social. Também falava em descumprir o Tratado de
Versalhes, e de anticomunismo e antissemitismo. Por outro lado, contava com o
apoio financeiro dos industriais e da classe média, que temiam os esquerdistas
comunistas.
A morte de Hindenburg, em 34, levou Hitler, já com plenos poderes
delegados pelo Parlamento, a tornar-se também presidente. Começava a ditadura
nazista. Comunistas e judeus passaram a ser perseguidos e presos, os direitos
constitucionais foram suspensos e os partidos políticos, dissolvidos. Às temidas
AS, brigadas paramilitares nazistas, juntou-se a SS, polícia executiva, que ao
lado da Gestapo (Polícia política), era responsável pela repressão sistemática aos
opositores do regime.
A “conversão” do povo alemão foi feita com base na propaganda. Hitler
era o “chefe” (führer), que iria conduzir a “raça ariana” em sua conquista do
mundo. As mulheres deveriam gerar “filhos puros” para garantir o futuro da
nação, enquanto o dever dos jovens era manter a “pureza racial” e cuidar do
corpo, principalmente através da prática esportiva. A cultura também foi
colocada a serviço do Terceiro Heich, o que provocou o êxodo de escritores,
cineastas e artistas diversos que não concordavam com os nazistas.
Ao mesmo tempo em que abandonou a Liga das Nações e autorizou o
serviço militar, Hitler foi recuperando a economia alemã. Tanto os grandes
empresários como os trabalhadores estavam submetidos ao controle estatal. Os
sindicatos foram abolidos e as greves, proibidas. Programas econômicos e obras
públicas em larga escala foram adotados para diminuir o desemprego. Em 36, o
número de desocupados caiu para menos de um milhão. Aos poucos, os judeus
foram sendo excluídos da vida econômica, tendo seus bens confiscados a partir
de 1938.
Terminada a fase de ajustes internos, Hitler passou a sonhar alto. Sob o
pretexto de reunir no mesmo território os alemães que viviam fora do país,
iniciou a expansão de suas fronteiras, mutiladas pelo Tratado de Versalhes. A
região do Sarre foi integrada à nação, em 1935. Um ano depois, as tropas alemãs
invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919, na fronteira com a
França e a Bélgica. Um acordo com a Grã-Bretanha, em 35, permitiu ao país o
rearmamento naval, limitado a 35% da força britânica. O mundo ainda não tinha
certeza, mas a Alemanha de Hitler se preparava para a guerra.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LIII
Os Regimes Autoritários Tomam Conta da Europa
Entre a revolução e o nazifascismo:
A crise de 29 ajudou a produzir uma grande divisão política na Europa. O
liberalismo parecia não ter resposta para a crise. Alguns começavam a apoiar a
revolução socialista e condenavam o capitalismo como responsável pela crise.
Outros, principalmente a classe média e a burguesia, preocupados com a
iminência de uma revolução, apoiavam propostas autoritárias, com o objetivo de
defender o nacionalismo e o capitalismo contra a ameaça comunista.
Crise econômica, polarização política, ressentimento com o desfecho da
guerra, esse era o quadro da Europa no inicio dos anos 1930. Entre a revolução,
o liberalismo e as propostas autoritárias ou totalitárias, em muitos países venceu
a última opção.
A expansão alemã:
Ao mesmo tempo que reprimia os opositores, o regime nazista
implementava políticas para estender sua popularidade. A mais importante delas
foi por em prática o expansionismo que se baseava no pan-germanismo e no
espaço vital:
- Pan-germanismo: segundo essa tese, o Estado Alemão deveria reunir
todos os alemães que viviam em outros países em uma mesma nação e, em
seguida, estender seus domínios sobre outros territórios a fim de assegurar sua
permanência como potência mundial.
- O espaço vital: era o princípio de que os “povos inferiores” deveriam
ser dominados e parte de sua população eliminada, garantindo-se assim
territórios onde a “superior raça alemã” pudesse se multiplicar e viver
adequadamente.
LIV
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Antecedentes:
A Alemanha de Hitler:
Com a vitória do nazismo na Alemanha, Hitler rompeu com o Tratado de
Versalhes: reaparelhou o exército, ampliou o efetivo militar de 100 mil para
mais de 3 milhões de homens e fomentou a indústria bélica. Em 1939, às
vésperas da guerra, a Alemanha contava com aviões de guerra, caças,
submarinos e bombardeios de ultima geração, comandados por oficiais
disciplinados e bem treinados.
O acordo de Munique:
Enquanto as expansões ocorriam, França e Inglaterra mantinham – se
neutras. Isso devia-se em parte às lembranças da Primeira Guerra. Franceses e
ingleses queriam manter a paz. Alem disso, França e Inglaterra não tinham
poder militar e recursos financeiros para vencer a Alemanha.
O próximo passo do governo nazista foi invadir a tchecoslováquia, para
anexar a região dos Sudetos, onde viviam muitos alemães. Isso fez com que os
governos da Alemanha , Itália, França e Inglaterra assinassem um acordo na
Conferencia de Munique em 1938. Esse acordo declarava: Cerca de 20% do
território tcheco, uma área rica em minérios, passaria para os alemães; a
Eslováquia seria separada das regiões tchecas e passada para a influência alemã.
Um ano depois do acordo Hitler anexou completamente o território tcheco.
O acordo de Munique foi uma vitória para Hitler. Enquanto ingleses e
franceses acreditavam que a guerra tinha sido evitada.
A eclosão da 2ª Guerra
A invasão da Polônia:
Preocupados com o avanço de Hitler, França e Inglaterra assinaram um
acordo com a Polônia que garantia apoio no caso de uma invasão alemã.
Enquanto isso, Hitler assinava com Stalin o Pacto Nazi-Soviético de Não
Agressão, em 1939. Esse pacto previa a divisão da Polônia entre os países.
Confiante de que franceses e ingleses ficariam neutros, e tranquilizado
pelo acordo com a URSS, Hitler invadiu a Polônia em 1° de setembro de 1939.
Dois dias depois a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha.
Começava a Segunda Guerra Mundial.
Nos primeiros meses não houve um confronto real entre a Alemanha e
seus adversários, salvo uns poucos combates navais. Quase toda a Polônia foi
anexada pela Alemanha, e sua outra parte, a leste, foi ocupada pela URSS. Em
um ano cerca de 4 mil poloneses foram levados à Alemanha para trabalhar em
regime de semiescravidão. O território polonês foi usado por Hitler para aplicar
com mais força a ideia da “solução final” contra os judeus, ou seja, seu
extermínio. Lá os nazistas construíram campos de concentração, onde
prisioneiros judeus, poloneses, ciganos, comunistas, homossexuais, presos das
mais diversas origens, opositores do regime, pessoas consideradas fisicamente
“inferiores” como deficientes físicos e mentais, eram forçados à trabalhar ou
eram exterminados. Havia campos só para trabalho, campos para extermínio e
campos conjugados (para as duas funções). O campo que ficou mais conhecido
foi o de Auschwitz, construído depois de 1940, onde morreram cerca de 2
milhões de judeus que viviam na Polônia ou que tinham sido trazidos de outros
países onde os nazistas dominavam.
A conquista da Europa:
Os combates entre os aliados e as forças do Eixo começaram de fato em
1940, quando os alemães partiram para a invasão dos países nórdicos. Em maio
desse ano, os nazistas conseguiram invadir e dominar a Dinamarca e a Noruega.
Enquanto se davam as lutas na Noruega, Hitler conseguiu invadir a
Holanda e a Bélgica, objetivando invadir a França e criar uma base ofensiva
contra a Inglaterra. Em julho Hitler invadiu a França, e a bandeira da suástica
tremulava sobre a Torre Eiffel.
Hitler assinou um acordo com os franceses, que dividiu o país em dois:
no norte, região mais industrializada, instaurou-se o domínio alemão; no sul
instaurou-se um governo francês na cidade de Vichy. Na região francesa,
assumiu o governo o general Henry Pétain, que implantou um regime bastante
alinhado com as ideias nazistas, inclusive perseguindo os inimigos do Führer
( significa líder, com o qual Hitler se intitulava ) e adotou a política antissemita.
Em Londres, no exílio, o general francês Charles de Gaulle assumiu a
chefia da resistência francesa.
Em 1940 os nazistas ocuparam junto com a Itália, o norte da África.
Depois invadiram a Romênia e a Bulgária. Em 41 ocuparam a Grécia e a
Iugoslávia.
Em meados de 41, Hitler dirigiu-se para a URSS. O governo soviético
mantinha a neutralidade. Confiante no acordo de não agressão, Stalin acreditava
que a URSS estava imune, apesar do alerta dos espiões soviéticos. Em 22 de
julho de 1941, o exército alemão cruzou as fronteiras soviéticas, e Stalin
surpreendeu-se.
A invasão da URSS ficou conhecida como Operação Barbarossa, e
objetivava derrotar o comunismo e controlar os recursos do país, em particular o
petróleo e as indústrias. Os alemães avançaram bem até setembro, mas no final
de 41 as coisas ficaram complicadas. Às portas de Moscou, os alemães sofreram
sua primeira grande derrota contra o Exercito Vermelho, e tiveram que recuar.
O fim do Reich:
Aos poucos, os aliados libertaram os paises ocupados. Em abril de 1945,
os soviéticos entraram em Berlim. Os chefes alemães refugiaram-se em abrigos
subterrâneos, enquanto inutilmente, soldados nazistas lutavam para defender a
capital alemã. No fim de abril, Hitler e sua companheira Eva Braum cometeram
suicídio, exemplo seguido por vários lideres nazistas. Em 2 de maio os
soviéticos tomaram Berlim. Cinco dias depois a Alemanha se rendia.
No Pacifico, a guerra continuou. A resistência japonesa e a intensão de
exibir o poderio militar dos EUA levaram ao governo americano a tomar uma
terrível decisão. No dia 6 de agosto de 1945, uma bomba atômica foi lançada
sobre a cidade japonesa de Hiroshima. No dia 9, outra bomba foi jogada em
Nagasaki. Depois disso, o governo japonês se rendeu. Terminava a Segunda
Guerra Mundial.
LV
A ERA DA GUERRA FRIA
Após o término da Segunda Guerra, os EUA e a URSS romperam a
antiga aliança. O rompimento teve o aspecto ideológico como causa principal,
pois ambas as potências tinham uma visão completamente distinta das coisas.
Enquanto os norte-americanos defendiam o sistema capitalista, os soviéticos
procuravam “exportar” o socialismo, conforme o modelo concebido em Moscou.
O ano de 1947 marcou a ruptura definitiva dos antigos aliados. O
governo norte-americano suspendeu a desmobilização militar e iniciou uma
grande corrida armamentista. Em março, o presidente americano Harry Truman
se comprometeu diante do Congresso a conter o avanço do socialismo. Nesse
mesmo ano, o secretario de Estado norte-americano fez um discurso na
Universidade de Harvard, onde falou das disposição dos EUA em ajudar na
reconstrução da Europa (Plano Marshall).
A consequência lógica da contensão do socialismo foi o lançamento da
Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada em março de
1947, nela o presidente dos EUA garantia que as forças militares estariam
sempre prontas a intervir em escala mundial desde que fosse preciso defender
um país aliado da agressão externa da URSS ou da subversão interna insuflada
pelo movimento comunista internacional a serviço dos soviéticos. Na pratica, os
EUA se tornaram dali para frente a policia do mundo, realizando intervenções
em escala planetária na defesa de sua estratégia.
A Guerra Fria:
Por meio do Plano Mashall (do secretario de Estado George Marshall), os
norte-americanos fizeram enormes investimentos em diversas nações europeias,
objetivando impedir que a crise social e econômica facilitasse a ascensão dos
comunistas ao poder, particularmente nos paises onde os “vermelhos” eram
fortes, como por exemplo, na Itália e na França.
Em 1949, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN), aliança militar liderada pelos EUA e que congregava diversos países
europeus. Com o objetivo de frear o avanço comunista, os americanos formaram
outras alianças militares com a Austrália e a Nova Zelândia (Anzus) e a
Organização do Tratado da Ásia do Sudeste (Otase).
Já os soviéticos, à medida que iam expulsando os nazistas da Europa
Oriental, com ou sem apoio popular, procuraram impor governos comunistas ou
com a supremacia dos comunistas na Bulgária, Hungria, Polônia,
Tchecoslováquia, Romênia, e na parte oriental da Alemanha. A expressão
“cortina de ferro”, para designar os países da órbita de influência soviética , foi
cunhada por Winston Churchill.
Para responder às alianças militares organizadas pelos EUA, os
soviéticos organizaram o Pacto de Varsóvia. No plano econômico, criaram o
COMECON (sigla em inglês de Council for Mutual Economic Assistence, ou
Conselho para Assistência Econômica Mútua), cujo objetivo era buscar a
integração econômica e financeira entre os países socialistas.
O ano de 1949 foi repleto de transformações significativas. A Alemanha
foi dividida: a Republica Democrática Alemã (parte oriental), comunista, aliada
da URSS; e a Republica Federal da Alemanha, capitalista , aliada dos EUA.
Nesse mesmo ano, depois de uma longa guerra civil na China, os comunistas,
liderados por Mao Tse-tung, conquistaram o poder. Chiang Kai-shek, líder dos
nacionalistas, fugiu para Formosa (Taiwan), onde, com o apoio norte-americano,
fundou a China Nacionalista. A China Comunista, pelo menos, até 1960,
permaneceu aliada dos soviéticos.
A corrida armamentista ganhava uma nova dimensão. Ainda em 1949,
graças às pesquisas e à espionagem, os soviéticos explodiram sua primeira
bomba atômica. Em 1952, os norte-americanos fizeram um teste bem sucedido
com a bomba de hidrogênio. Os soviéticos construíram sua Bomba H no ano
seguinte.
A expansão comunista e, sobretudo, o fato de os soviéticos terem
chegado à produção de uma bomba atômica deixaram amplos setores da
sociedade americana atônitos. Nesse contexto, o senador Joseph McCarty
iniciou uma campanha anticomunista histérica e primária.
No inicio da década de 1950, durante o chamado macartismo, uma
verdadeira “caça às bruxas” foi desencadeada, não poupando nem as
celebridades; carreiras políticas foram destruídas, pessoas foram difamadas, a
censura foi aplaudida. O celebre físico Robert Oppenheimer, contrário ao
desenvolvimento da Bomba H, foi caluniado, e o ator e diretor de cinema
Charles Chaplin, por suas posições esquerdistas, teve de deixar os EUA. Nas
universidades, muitos professores foram demitidos. Quando estava no auge da
fama , McCarty não vacilou em atacar o general George Marshall, considerado
“esquerdista”. Essa fase de histeria coletiva durou pouco. Em 1957, McCarty
morreu no mais completo esquecimento.
A corrida armamentista prosseguiu, tendo então, seus reflexos na corrida
espacial. Quem começou a explorar a tecnologia de foguetes foram os alemães,
que produziram as temíveis bombas V2. Mas com o fim da guerra e com a
derrota dos nazistas, muitos cientistas alemães foram trabalhar nos EUA e na
URSS. É importante destacar que a corrida espacial (capitulo importante da
Guerra Fria) influenciou a corrida armamentista, e foi, por ela também
influenciada.
Em 4 de outubro de 1957, os soviéticos colocaram o primeiro satélite
artificial no espaço: o Sputnik I. No ano seguinte, os norte-americanos
responderam lançando o Explorer I. A corrida armamentista e espacial tomou
grandes proporções no cenário internacional. Os soviéticos colocaram os
primeiros seres vivos no espaço: a cadela Laika e o cosmonauta Yuri Gagárin .
Já os norte-americanos lançaram no espaço o primeiro satélite de comunicação.
No dia 20 de julho de 1969, os astronautas da Apolo XI pousaram na
Lua. A corrida espacial prosseguiu com progressos significativos dos dois lados.
Com a morte de Stálin, em 1953, seu sucessor, Nikita Krushev, procurou
amenizar os confrontos com os EUA, desenvolvendo a chamada coexistência
pacífica. Apesar disso, os soviéticos e norte-americanos continuaram usando
terceiros, lutando pela hegemonia nas diversas regiões do mundo.
A Revolução Cubana que evoluiu para um caráter socialista, devido à
intransigência dos EUA, foi um novo palco de discórdias. Como veremos
adiante, o caso dos mísseis soviéticos em Cuba quase levou o mundo a uma
guerra nuclear.
A Guerra do Vietnã, a invasão soviética à Tchecoslováquia, os golpes
militares na América Latina, a corrida armamentista, a espionagem e a
contraespionagem tinham como pano de fundo, é claro, a Guerra Fria .
Os anos de 1970, Brejnev (pela URSS) e Nixon (pelos EUA) procuravam
levar as duas superpotências para um clima de redução da corrida armamentista.
A ascensão de Mikhail Gorbatchev ao poder provocou grandes alterações
na URSS: a Perestroika (reestruturação econômica) e a Glasnost (abertura,
transparência). Gorbatchev procurou por fim à Guerra Fria, obtendo alguns
êxitos na sua política externa.
O desmembramento da URSS enterrou definitivamente a Guerra Fria.
A Guerra Fria atingiu o Brasil. Logo após a Segunda Guerra, o governo
brasileiro se atrelou à política externa norte-americana. O Partido Comunista foi
fechado, e os eleitos por essa sigla foram cassados. Na década de 1960, o
fantasma do comunismo foi usado contra o governo reformista de João Goulart,
que acabou sendo derrubado pelos militares, com o apoio dos norte-americanos.
Os EUA:
Ao termino da Segunda Guerra, a única nação que saiu do conflito
fortalecida econômica e militarmente foram os EUA.
A outrora poderosa Inglaterra via seu império colonial se diluir. A
França, ocupada durante a guerra, lutava por uma recuperação. A Alemanha, o
Japão e a Itália estavam arrasados. A URSS tivera baixas humanas e materiais
terríveis. Já os povos africanos e asiáticos se agitavam em aspirações
nacionalistas.
O endurecimento, a ousadia e o expansionismo soviético incomodaram o
presidente Truman. O comunismo chinês e a bomba atômica soviética fizeram
com que o presidente norte-americano jogasse duro na Coreia.
A URSS:
A URSS estava economicamente arrasada ao final da Segunda Guerra Mundial.
A recuperação foi difícil, e o povo pagou um alto custo. Até 1953, o país foi governado
com mãos de ferro por Stálin. Apesar dos problemas, os progressos científicos e o
poderio militar aumentaram consideravelmente.
Para os críticos, a URSS tinha uma economia emperrada, pouco competitiva e
totalmente obsoleta, falta de liberdade, campos de concentração ( os Gulags), violações
dos direitos humanos, imperialismo acentuado (imposição do modelo soviético aos
países da Europa Oriental), burocracia ineficaz, mas com muitos privilégios, e um
serviço secreto (KGB) controlando o cotidiano dos cidadãos.
A ascensão de Nikita Kruschev marcou um novo direcionamento na política
externa e interna da URSS.
No 20° Congresso do Partido Comunista da URSS (PCUS), Kruschev
apresentou um relatório no qual revelou, com provas, os erros políticos e técnicos
cometidos por Stálin. Denunciou ainda que Stálin incentivava o “culto da
personalidade”. Com essas denuncias Kruschev aumentou suas popularidade e passou a
dirigir a URSS com um novo estilo.
Em outubro de 1956, em Budapeste (Hungria), os operários e estudantes
protestaram contra o governo. Elementos contrários ao regime aproveitaram a situação
para mudar a trajetória do socialismo húngaro. A intervenção militar, liderada pelos
soviéticos, foi eficaz, e a insurreição húngara foi esmagada num banho de sangue.
No inicio da década de 1960 havia um grande otimismo na URSS: as conquistas
espaciais, os avanços tecnológicos, as melhorias sociais, um clima de maior liberdade e
o sonho de ultrapassar em todos os sentidos as grandes nações capitalistas. Uma visão
mais acurada, porem, observa uma sufocante burocracia; estatísticas forjadas; carência
de bens de consumo; e uma economia que diminuía o ritmo de crescimento.
No plano externo, as contestações dos países satélites aumentaram.
Na Alemanha Oriental, em 1953, uma revolta operária foi sufocada. Em 1956
houve repressão na Polônia . Em 1961, foi construído o Muro de Berlim para impedir
que pessoas fossem para a Alemanha Ocidental.
As divisões do mundo socialista se acentuaram no inicio da década de 1960. A
China, por razoes políticas, ideologicas e de fronteiras afastou-se da URSS. Na Albânia,
Enver Hoxha, um estalinista , repudiou o chamado “revisionismo” soviético, alegando
que o PCUS se afastara dos princípios marxistas-leninistas. Nessa época, a Albânia se
aproximou da China. A Romênia, sob a liderança de Nicolau Ceaucescu, a partir de
1965, adotou uma política que perdurou até a queda deste governante, em 1989.
Em 1964, o fracasso da política agrícola foi o motivo alegado para que
Kruschev fosse aposentado. Paulatinamente, Leonid Brejnev emergiu como a principal
liderança. A Era Brejnev (1964-1982) foi marcada pela estagnação, pela burocratização,
por desenfreada corrupção e pela repressão, como foi o caso da intervenção na
Tchecoslováquia.
Em 1968, seguindo o exemplo da Romênia, o Partido Comunista da
Tchecoslováquia, em seu programa de ação, afirmava estar politicamente ligado à
URSS, mas socialmente marcado pelo exemplo iugoslavo e economicamente aberto ao
Ocidente.
Apesar de pressionado pela URSS e pelos demais países do Pacto de Varsóvia,
Alexander Dubcek anunciou que manteria as novas diretrizes propostas. Teve apoio do
líder iugoslavo Tito, que foi recebido calorosamente em Praga. O governo da
Tchecoslováquia adotou uma posição critica em relação a Moscou.
Na noite de 20 para 21 de agosto de 1968, as tropas do Pacto de Varsóvia
invadiram a Tchecoslováquia. Apesar disso, Dubcek ainda permaneceu no poder.
Admitiu a presença de tropas soviéticas no país, mas continuava a dotando a mesma
linha política que levara à ruptura com Moscou e à consequênte invasão.
Em abril de 1969, a censura foi rigidamente colocada em todos os meios de
comunicação, os reformistas presos e detidos, e a policia soviética assumiu o controle
da situação.
A Europa Ocidental:
Após a Segunda Guerra, a Europa sofreu um processo de grande decadência. As
destruições provocadas pela guerra, a descolonização da África e da Ásia fizeram com
que os antigos impérios colonialistas se esfacelassem.
Nesse período, a maioria dos países europeus gravitava em torno dos EUA, pois
temia uma invasão soviética ou mesmo uma subversão interna.
No terreno político, logo após a guerra, as esquerdas participaram de vários
gabinetes (França, Bélgica e Itália).
Com a Guerra Fria, os comunistas foram afastados destes governos. A direita
ganhou um novo alento. Apesar disso, os social-democratas conseguiram obter êxitos
eleitorais em alguns países.
Em 1968, uma onda de agitação revolucionaria varreu grande parte da Europa.
Estudantes e intelectuais, imbuídos de princípios marxistas e anarquistas, pretendiam
remodelar a sociedade. Na França, as contestações foram violentas, desgastando o
governo de Charles de Gaulle, que renunciou no ano seguinte e foi substituído por
Georges Pompidou.
O Japão:
Vencido na Segunda Guerra, o Japão tirou lições da derrota. Adotou-se no país
uma Constituição parecida com as democracias ocidentais.
Diversos fatores explicam o crescimento japonês:
- Substancial ajuda norte-americana, pois ocupava posição geográfica estratégica
para os interesses dos EUA;
- Existência de mão-de-obra barata;
- Cultura que valoriza o trabalho;
- Abertura do mercado norte-americano aos produtos japoneses;
- Importação maciça de tecnologia, em grande parte oriunda dos EUA;
- Não-participação na corrida armamentista;
- Construção de uma poderosa frota mercante.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LVI
A DESCOLONIZAÇÃO
Conceito de Três Mundos:
O francês Alfred Sauvy foi quem usou pela primeira vez , em 1952, a expressão
“Terceiro Mundo”. Sauvy fazia uma comparação entre os membros do Terceiro Estado,
no período que antecede à Revolução Francesa, desprovidos social e politicamente, em
relaçao aos países que na década de 1950 estavam marginalizados dentro do sistema
político internacional.
Foi Mao Tsé-Tung que formulou a chamada “Teoria dos Três Mundos”.
Segundo ele, o Primeiro Mundo seria formado pelas grandes superpotências URSS e
EUA; o Segundo Mundo seria formado pelos demais países industrializados; e o
Terceiro Mundo seria formado pelos demais países. A versão que se popularizou,
porém, foi outra: o Primeiro Mundo seria formado pelos países capitalistas ricos ou
desenvolvidos, o Segundo Mundo seria formado pelos países socialistas, e o Terceiro
Mundo pelos países capitalistas pobres ou subdesenvolvidos. Alguns autores incluíam
no Terceiro Mundo até os países socialistas pobres ou pouco industrializados.
O conceito de Terceiro Mundo passou a ser largamente usado para designar os
países que se encontravam na periferia da comunidade internacional. Esses países
tinham em comum o fato de terem sido colônias de potencias estrangeiras, de terem
sofrido no passado uma violenta exploração econômica, dominação cultural,
instabilidade política, e baixos níveis sociais, decorrentes da impossibilidade de os
governantes decidirem de acordo com os interesses do povo, pois estavam ligados aos
organismos financeiros internacionais como o FMI, por exemplo, e às grandes potências
transnacionais.
Com o fim da Guerra Fria, a divisão em “três mundos” não tem mais sentido,
porém o conceito ainda é usado no estudo desse período histórico.
A descolonização:
Após 1945, iniciou-se o movimento de descolonização. Os mapas políticos da
África e da Ásia sofreram grandes mudanças, com novas nações entrando em cena.
Apesar da independência política, as ex-colônias continuaram dependendo
economicamente do antigo colonizador ou de outras potencias como os EUA ou a
URSS.
O enfraquecimento das potencias europeias era flagrante no final da Segunda
Guerra, o que animou os grupos nacionalistas a se insurgirem contra as suas metrópoles.
Com a Guerra Fria , aqueles grupos procuraram – e na maioria das vezes obtiveram –
apoio político, econômico e armamentista das superpotências que ambicionavam
expandir suas áreas de influência.
A Índia:
Os ingleses ocuparam a Índia desde o século XVIII. Essa dominação foi
entremeada por revoltas, tendo a Guerra dos Sipaios (1857) sido a mais grave. A
dominação inglesa tornou-se dia-a-dia mais opressiva, ocasionando um clima de
insatisfação e revolta.
Dentro desse contexto, devemos destacar a figura de Mahatma Gandhi, o qual
adotou uma estratégia inusitada para resistir à opressão inglesa: a desobediência civil,
ou seja, o não pagamento de impostos, o boicote a tudo o que era inglês e a não
colaboração. Gandhi tornou-se o pregador da não-violência, num cenário efervescente,
onde a opressão inglesa caracterizou-se sobretudo pela violência. Em 1947, a luta contra
o jugo inglês ganhou enorme amplitude em numerosos principados. A autoridade
inglesa não conseguiu dominar a situação.
Diante disso, o governo trabalhista inglês resolveu conceder a independência à
Índia. Em 15 de agosto de 1947, a Índia tornava-se independente. Devido a uma série de
desentendimentos de caráter político e religioso, a Índia desmembrou-se em vários
Estados: Índia, Paquistão, e Ceilão. Essa divisão provocou uma sangrenta guerra civil
de natureza étnica e religiosa.
Muçulmanos que viviam na Índia se deslocaram para os territórios que
formaram o Paquistão, e os hindus para o território da Índia. Eclodiu então, uma guerra
civil com massacres recíprocos. As tensões fronteiriças entre os dois países, hoje
potencias nucleares, permanecem na região da Caxemira, que, apesar de fazer parte da
Índia, tem uma população majoritariamente mulçumana. A parte oriental do Paquistão,
com o apoio da Índia, tornou-se independente, vindo a formar a República de
Bangladesh.
Nesse clima, Gandhi, que graças a uma greve de fome conseguira por fim à
guerra civil, foi assassinado por um fanático hindu, contrário à política pacifista.
Após a morte de Ganhi, o governo da Índia seguiu à política do não
alinhamento, ou seja, não se subordinou nem à Moscou, nem à Washington.
O Sudeste Asiático:
A Indonésia, colônia holandesa, foi o primeiro país do Sudeste Asiático a se
tornar independente. Em 17 de agosto de 1975, após a vitória sobre os japoneses, foi
proclamada a independência, sendo o líder nacionalista Sukarno, eleito presidente da
Republica. A Holanda não se conformou e resolveu restabelecer a antiga ordem, mas
acabou sendo derrotada.
As Filipinas e a Malásia também tornaram-se independentes.
No Vietnã, os colonialistas franceses enfrentaram as tropas de Vietminh (frente
patriótica que lutava pela independência do país).
Graças ao líder comunista Ho Chi Minh e do comandante Vô Nguyên Giap, os
franceses sofreram derrotas humilhantes, que culminaram com a celebre Batalha de
Dien Bien Phu (1954). Pela Conferência de Genebra, houve a divisão do Vietnã: do
Norte (comunista) e do Sul (capitalista). Mais tarde a guerra voltaria a assolar a região.
O Mundo Árabe:
Em 1936, a Inglaterra concedeu independência ao Egito; em 1939, renunciou ao
mandato sobre o Iraque. O Sudão, entretanto, tornou-se independente somente em 1956.
A França suspendeu seu mandato sobre o Líbano e a Síria em 1945. A Líbia conquistou
sua independência em 1951, Marrocos e Tunísia em 1956.
A Argélia, rica colônia francesa da África do Norte, foi palco de uma violenta
guerra, em que os patriotas argelinos lutaram contra o colonizador francês.
Os franceses oprimiram violentamente os argelinos, que, pelas guerrilhas e pelo
terrorismo da Frente de Libertação Nacional, mantinham acesa a chama da
independência.
Finalmente em 1962, em Évian, franceses e argelinos chegaram a um acordo. No
referendo de 1 de julho de 1962, o povo optou pela independência. A Argélia, depois de
uma árdua luta deixou um saldo de 250 mil mortos, tornou-se uma nação soberana.
Ahmed Bem Bella tornou-se presidente da Republica, e a jovem nação adotou o regime
socialista.
A África:
Na África, a luta contra o domínio colonial passou a existir de forma mais
objetiva na década de 1950.
Os ingleses procuraram levar avante a descolonização pela via pacifica: Gana
(1957), Nigéria (1960), Quênia (1963). Em síntese, entre 1961 e 66, toda a África
Oriental Inglesa estava emancipada. Já os franceses, depois do fracasso na Argélia ,
procuraram desenvolver a mesma política inglesa em relação à descolonização.
No Congo belga, devido as rivalidades tribais e às riquezas minerais de
Catanga, as lutas foram violentas.
Na Rodésia e na África do Sul, a minoria “branca” resolveu proclamar a
independência por conta própria.
Finalmente, nas colônias portuguesas, a independência só veio após a queda do
salazarismo em Portugal pela Revolução dos Cravos em 1974.
Em Angola, depois de uma violenta guerra civil, o MPLA (Movimento Popular
de Libertação de Angola), marxista, sob a liderança de Agostinho Neto, tomou o poder.
Moçambique, com Samora Machel; Guiné-Bissau, com Amílcar Cabral; e as
Ilhas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe também adotaram a via socialista ao se
tornarem independentes.
Infelizmente a descolonização ainda não possibilitou a resolução dos problemas
básicos das populações empobrecidas dos países recém-independentes.
A dominação imperialista abriu enormes feridas, as quais necessitam de muito
tempo para cicatrizar. A dependência econômica ainda é muito grande, o
analfabetismo, a falta de tecnologia e o endividamento externo fecham o círculo vicioso
do subdesenvolvimento.
Após a independência política, os jovens Estados africanos têm enfrentado crises
econômicas, sociais e políticas graves.
Diversos países foram sacudidos por guerras civis. Como exemplos, podemos
citar: Angola, Moçambique, Etiópia, Burundi, Sudão, Serra Leoa, Ruanda, Somália etc.
Mas, quais as razões das guerras civis africanas?
Eis algumas delas:
- A partilha da África efetuada pelos europeus não levou em consideração os
povos africanos. Por isso, nações rivais foram colocadas em um mesmo território. Para
dominar com mais facilidade, as potências europeias incentivaram as rivalidades entre
os povos africanos;
- O tribalismo é muito forte no continente africano. Caso da Nigéria, por
exemplo. Em Ruanda os belgas criaram artificialmente o divisionismo entre Tutsis e
Hutus que ainda causam lutas entre os grupos;
- A Guerra Fria fez com que os EUA e a URSS fornecessem armas a grupos
rivais. Em Angola, por exemplo, a URSS apoiava o MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola), enquanto os americanos forneciam armas à UNITA (União
Nacional Para a Independência Total de Angola).
LVII
CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO
A partilha da Palestina:
O povo judeu, depois de sucessivas revoltas, foi expulso da Palestina pelos seus
dominadores romanos. A segunda diáspora (dispersão de judeus) ocorreu no reinado do
imperador romano Adriano, em 132 d. C.
Apesar das diásporas ocorridas na antiguidade, a nação judaica não desapareceu.
Disseminados pela Europa e por outros continentes, os judeus conseguiram tornar-se
grandes financistas, graças a atividades mercantis e bancárias.
Os judeus não aceitam Jesus como o Messias, e por isso, foram segregados e
perseguidos, numa Europa fundamentalmente cristã. Nos momentos de crise, eram os
“bodes expiatórios”, vítimas de massacres hediondos, como os da Alemanha nazista.
No fim do século XIX, o escritor Theodor Herzt escreveu o livro Estado Judeu,
em que esboçou os alicerces do sionismo (movimento nacionalista que lutou pela
criação de um Estado judeu na Palestina – Sion é uma das colinas de Jerusalém). Em
1897, crescia a Organização Sionista Mundial, cujo objetivo era lutar pela criação de
um Estado para o povo judeu.
Durante séculos, a Palestina esteve sob domínio turco. Com a derrota do Império
Otomano na Primeira Guerra Mundial, a região ficou sob o domínio inglês. Em 1917, o
chanceler inglês Lorde Balfour publicou uma declaração prometendo criar um lar
nacional para os judeus. Com isso, o afluxo de judeus para a região aumentou, criando
tensões com a população árabe. As atrocidades cometidas contra os judeus na Segunda
Guerra Mundial criaram um clima favorável para a criação de um Estado judeu. As duas
superpotências (EUA e URSS) concordaram com a criação de dois Estados na
Palestina: um judeu e outro árabe.
Em 14 de maio de 1948, um dia antes de terminar o mandato inglês sobre a
Palestina, foi criado o Estado de Israel. Chaim Weizmann assumiu a presidência, e
David Bem-Gurion, a chefia do Conselho de Ministros.
Os países árabes não aceitaram a partilha da Palestina proposta pela ONU. Entre
maio de 1948 e janeiro de 49, Israel lutou contra o Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e
Síria (que formavam a Liga Árabe) e venceu, conquistando a Galiléia e o Deserto de
Negev. Jerusalém foi dividida entre Jordânia (setor oriental) e Israel. O Estado palestino
acabou não sendo criado, pois o território foi ocupado pelos israelenses.
As guerras:
Em 1956, ocorreu a Guerra de Suez.
Com o apoio da França e da Inglaterra, Israel atacou o Egito. Em três dias o
Exército egípcio foi liquidado. A ameaça soviética de internacionalização do conflito
contribuiu decisivamente para o fim das hostilidades.
Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias. Nasser armava a Al-Fatah,
agrupamento militar da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que fustigava
Israel com ataques terroristas. Em maio de 1967, cedendo às pressões de Nasser, a ONU
retirou as forças de paz da região. Ao mesmo tempo, a concentração de tropas egípcias,
sírias, jordanianas e libanesas deu a Israel o motivo que necessitava para expandir ainda
mais.
No dia 5 de junho de 1967, pela manhã, aviões de combate israelenses dirigiram-
se para o oeste, sobre o Mediterrâneo, dando inicio à guerra. Por terra, forças blindadas
de Israel, comandadas por Moshé Dayan, derrotaram facilmente as forças inimigas. Em
seis dias, a guerra estava vencida, Israel ocupou cerca de 70 mil Km2 de território
(Península do Sinai, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Golan).
Os árabes ficaram bastante enfraquecidos com a derrota da Guerra dos Seis Dias.
Em 1970, morreu Nasser, sendo substituído pelo vice-presidente, Anwar al Sadat. Em
1972, Sadat rompeu com os soviéticos e começou a deixar de lado o nacionalismo e o
pan-arabismo. No dia 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom
Kippur (Dia do Perdão), a coligação formada por Síria e Egito atacou Israel. Os Sírios
ocuparam Golan. A contraofensiva israelense foi arrasadora. Os sírios foram obrigados
a recuar, e os egípcios foram cercados no deserto. A intervenção de Richard Nixon
(EUA) e de Leonid Brejnev (URSS) impediu que os israelenses massacrassem os
egípcios. Em termos territoriais, a situação ficou inalterada. Os países árabes produtores
de petróleo passaram a usar o precioso “ouro negro” como arma em sua luta contra
Israel.
Após a Guerra do Yom Kippur, o Egito aproximou-se dos EUA. Em 1977, com
o beneplácito do presidente Jimmy Carter, Menahem Begin e Sadat concluíram os
acordos de Camp David, por meio dos quais, Israel devolvia o Sinai ao Egito. Os
palestinos, sírios e jordanianos acusaram o Egito de trair a causa árabe. Em 1981, Sadat
foi assassinado por um grupo de fundamentalistas islâmicos.
Em 1982, alegando que os palestinos atacavam Israel através do sul do Líbano,
forças israelenses invadiram o Líbano.
O Líbano vivia , desde 1975, uma guerra civil envolvendo grupos diversos:
falangistas “cristãos”, xiitas, sunitas, drusos etc. Aproveitando-se da situação, a Síria
invadiu o vale do Bekaa. Em meio ao caos falangistas “cristãos” massacraram civis
palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila. O exército israelense nada fez
para impedir a carnificina. O comando palestino teve de deixar o Líbano, instalando-se
na Tunísia.
A Questão Palestina:
Com a criação do Estado de Israel, quase 1 milhão de palestinos (árabes em sua
maioria) foram expulsos de suas casas. Os que ficaram se tornaram cidadãos de segunda
categoria.
Em 1959, foi fundado o Movimento de Libertação Palestina, conhecido como
Al-Fatah, sob a liderança de Yasser Arafat. Os membros do Al-Fatah defendiam a luta
armada e o uso do terrorismo para expulsar Israel dos territórios ocupados. Em 1964, os
diversos grupos de resistência palestina criaram a OLP (Organização para a Libertação
da Palestina), que desde 1969 foi presidida por Arafat (falecido em 2004).
Em 1982 tropas israelenses invadiram o sul do Líbano, com o objetivo de
estabelecer uma zona de segurança, protegendo o Estado israelense das investidas de
guerrilheiros palestinos.
Em 87 ocorreram revoltas populares palestinas nos territórios ocupados, elas
ficaram conhecidas como intifadas.
Em 1993, nos EUA, com o apoio de Bill Clinton, o primeiro ministro israelense
Ytzhak Rabin e o líder da OLP, Arafat, firmaram um histórico acordo de paz, lançando
as bases para a criação do futuro Estado palestino. Em 95 Rabin foi assassinado por um
judeu ortodoxo contrário ao acordo de paz.
Em 1996 Shimon Peres, do Partido Trabalhista, foi derrotado nas eleições pelo
conservador Benjamin Netanyahu, que entravou o processo de paz.
Em 1999, as eleições parlamentares deram a vitória ao Partido Trabalhista, cujo
líder, Ehud Barak, assumiu o cargo de primeiro-ministro.
Em 2000 Barak reativou o processo de paz; aproximou-se da Síria, devolveu
territórios dos palestinos e retirou tropas israelenses do sul do Líbano.
Em 2002, o primeiro-ministro Ariel Sharon, do Partido Likud, adotou uma
política belicista, agravando a situação. Em 2004 deterioraram-se as relações entre
israelenses e palestinos, tornando o processo de paz cada vez mais distante. Nesse
mesmo ano morreu Yasser Arafat.
Em 2006, por problemas de saúde, Ariel Sharon deixou de ser primeiro-ministro
de Israel. Neste mesmo ano , Israel atacou o sul do Líbano para quebrar o poder de fogo
do Hezbollah (movimento radical libanês que emergiu nos anos 1980 e cuja ação se
baseia na doutrina do Aiatolá Khomeini, visando destruir a influência ocidental no
mundo islâmico. Entre suas ações destacam-se atentados à bomba, raptos, desvios e
sequestros de aviões. Os seus componentes são xiitas do sul do Líbano apoiados pelo Irã
e pela Síria).
Entre os palestinos, a vitória eleitoral foi do grupo Hamas (organização
mulçumana radical surgida em 1987), que passou a controlar o Parlamento da
Autoridade Nacional Palestina, cujo presidente, Mahmoud Abbas do grupo rival Fatah,
defende um diálogo com Israel.
Em 2007, ocorreram vários enfrentamentos entre grupos ligados ao Hamas e
milicianos do Fatah. A retomada de paz com Israel ainda é bastante tímida.
Na perspectiva judaica, o antissemitismo tem sido bastante constante e violento,
portanto para escaparem das perseguições, construíram um Estado próprio. Acreditam
ainda que os judeus foram expulsos das terras que, segundo os seus textos religiosos,
sempre lhes pertenceram.
Na perspectiva palestina, os judeus são invasores que tomaram suas terras e
fizeram que grande parte da população se refugiasse em nações vizinhas, e os que
ficaram foram humilhados, tratados como cidadãos de segunda classe.
Fundamentalismo islâmico:
Movimento religioso ortodoxo que busca no Islã orientações para a vida prática
e as atividades políticas. Em geral são anti-imperialistas e antiocidentais. Com a tomada
do poder por Khomeini no Irã, os fundamentalistas ganharam força. Atualmente são
fortes no Sudão, no Egito, na Argélia e sobretudo no Oriente Médio. No sul do Líbano,
o Hezbollah (Partido de Deus) é bastante atuante. Entre os palestinos, o grupo Hamas se
opõe , por meio do terrorismo, ao processo de paz entre palestinos e israelenses.
No Afeganistão, após a expulsão dos soviéticos, o país mergulhou numa guerra
civil. Em 1995, os talibans (estudantes de teologia) tomaram o poder. Procuraram impor
a sharia (conjunto de leis islâmicas) literalmente.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos EUA, o
Afeganistão foi atacado, e o regime taliban, derrubado. Mesmo assim, grupos
continuam ativos em vários países.
Bin Laden
Osama Bin Laden, um saudita milionário, foi treinado pela CIA (Serviço Secreto dos
EUA) para combater os soviéticos. Mais tarde, no entanto, tornou-se o inimigo número
um dos EUA, sendo considerado um dos principais dirigentes do atentado às Torres
Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LVIII
REVOLUÇÃO CHINESA
No começo de 1912, a China tornou-se uma Republica. A frente do movimento
revolucionário estava o Partido Nacionalista (Kuomintang), fundado pelo médico Sun
Yat-Sen.
A luta contra a burguesia ligada ao capital estrangeiro, os governantes militares
das províncias (os senhores da guerra), a invasão japonesa durante a Primeira Guerra e a
dominação estrangeira mergulharam a China num período de anarquia.
A morte de Sun Yat-Sem permitiu que Chiang Kai-Shek expurgasse a ala
esquerda do Kuomintang e vencesse os comunistas, que , no inicio do ano, haviam
conseguido vitórias expressivas. Derrotados, os comunistas, iriam demorar um certo
tempo para se recuperar.
Em 1937, os japoneses invadiram amplamente o território chinês. Nacionalistas
e comunistas fizeram uma trégua para combater os invasores.
Na luta contra o invasor japonês, os comunistas adotaram táticas de guerrilha.
Os exércitos que comandavam eram disciplinados e eficientes. Formaram também as
“milícias do povo”, que chegaram a quase dois milhões de combatentes. Conseguiram
amplo apoio do povo, principalmente de camponeses e estudantes.
Com a expulsão dos japoneses, reacendeu-se a guerra civil. Com amplo apoio
popular, os comunistas entraram em Pequim em 1949, onde fundaram, com o apoio da
URSS, a Republica Popular da China. Chiang Kai-Shek fugiu para Formosa, onde com
o apoio dos EUA, fundou a China Nacionalista (Taiwan).
No poder os comunistas realizaram reforma agrária, reprimiram os adeptos do
antigo regime, estabilizaram a economia e invadiram o Tibet, incorporando-o à China.
O grande salto para frente (1958), que objetivara aumentar extraordinariamente a
produção, acabou fracassando.
Em 1960, a China rompeu com a URSS por vários motivos, dentre os quais:
- Os soviéticos não quiseram passar tecnologia nuclear para ao chineses;
- Havia litígios fronteiriços;
- Mao acreditava que a linha chinesa para o socialismo era mais adequada aos
países do terceiro mundo que a via soviética.
Apoiado na juventude, Mao deu inicio em 1966 à chamada Grande Revolução
Cultural Proletária. Seu objetivo era tomar o controle do PC chinês.
A revolução cultural visava mexer com todas as estruturas, destruindo o que
restava das relações capitalistas e buscando a construção de uma sociedade comunista.
Durante esse período ocorreu uma acirrada luta entre a linha burguesa – que não
desejava o fim de certas relações capitalistas e adiava novas transformações sociais – e a
linha proletária – que caminhava a passos largos em direção ao comunismo.
Na ânsia de destruir os últimos vestígios do capitalismo, os guardas vermelhos,
supremos guardiões da Revolução Cultural, cometeram muitos abusos: hostilizaram
igrejas, queimaram obras literárias, destruíram e proibiram a execução de certos discos,
enfim , atacaram todas as manifestações da chamada cultura burguesa.
A partir de 1969, Mao e o Comitê Central procuraram arrefecer os ânimos dos
mais radicais. Seguiu-se uma luta entre os ultraesquerdistas e os moderados. Em 1973,
os moderados já controlavam os cargos mais importantes.
A morte de Mao Tse-Tung, em 1976, pareceu não provocar nenhuma mudança
na linha da direção do Partido Comunista Chinês. Depois de uma acirrada luta pelo
poder, Deng Xiaoping tornou-se o homem forte do regime. Deng fez algumas reformas,
dentre elas, uma abertura ao Ocidente, o restabelecimento de certas praticas capitalistas
e uma política interna mais liberal.
A repressão aos protestos de estudantes em 1989, na Praça da Paz Celestial, pôs
fim à abertura política. A abertura econômica continuou, e a China obteve altos índices
de crescimento em sua economia.
Deng Xiaoping morreu em 1997.
Atualmente a China enfrenta problemas como ataques terroristas de uma minoria
mulçumana no país, corrupção e desníveis sociais, apesar do forte crescimento da
economia já globalizada.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LIX
REVOLUÇÃO CUBANA
Cuba foi um dos últimos países da América hispânica a obter sua independência,
a qual só se concretizou em 1898. Os EUA, que desejavam estender sua influência na
região, deram todo apoio aos cubanos, contribuindo para a vitória contra os espanhóis.
Após a independência política, a dominação norte-americana era marcante;
inclusive a Constituição cubana, num de seus apêndices, estabelecia “o principio de que
o governo dos EUA podia intervir nos assuntos internos do país” (Emenda Platt). Diante
disso, a maioria dos presidentes cubanos não passava de fantoches a serviço dos norte-
americanos.
Em 1933, o coronel Fulgêncio Batista Zaldivar deu um golpe de Estado, e
passou a ser o homem forte do país. Em 52, ao perceber que seria derrotado nas
eleições, deu um novo golpe e tornou-se ditador.
Fidel Alejandro Castro Ruiz, filho de um abastado fazendeiro, formou-se em
Direito pela Universidade de Havana. Era candidato à deputado pelo Partido do Povo
Cubano ou da Ortodoxia, quando Fulgêncio Batista deu o golpe. A partir de então,
passou à oposição clandestina.
Em 1953, Fidel iniciou uma longa luta de guerrilheiro, ao tentar tomar o quartel
de Moncada e a fortaleza de Bayamo, junto com cerca de 126 companheiros, na maioria
jovens universitários. Devido a uma série de desencontros e à superioridade bélica dos
adversários, os rebeldes foram derrotados. Muitos morreram em combate; outros após
terem sido torturados. Alguns foram presos e condenados a 12 ou 15 anos de prisão;
porém, diante da violenta pressão popular Fulgêncio Batista anistiou-os em 1955.
Diante da impossibilidade de atuar politicamente em seu país, Fidel foi para o
México , onde iniciou um exaustivo trabalho para organizar a invasão de Cuba e a
consequente derrubada do regime ditatorial de Batista.
No México, Fidel conheceu o médico argentino Ernesto Guevara de la Serna,
popularmente conhecido como Che.
O plano de invasão recebeu o nome de Movimento de 26 de julho, em
homenagem ao ataque ao Quartel de Moncada (26/07/1953).
A força guerrilheira foi treinada pelo coronel Alberto Bayo, o que lutou ao lado
dos republicanos na Guerra Civil Espanhola. A bordo de um velho iate, o Granma (hoje
nome do jornal oficial do governo cubano), os rebeldes partiram de Tuxpán, no México,
em 24 de novembro de 1956. Eram 82 guerrilheiros sob o comando de Fidel Castro. A
viagem foi cheia de dificuldades.
Assim que desembarcaram em terra firme, os rebeldes foram atacados pela força
aérea. Escondendo-se sob as árvores, no meio dos charcos, os guerrilheiros se
dispersaram. Dos 82 sobraram apenas 22, que se instalaram nas montanhas e florestas
de Sierra Maestra.
Em Sierra Maestra, nasceu o Exército Rebelde de Guerrilheiros, que obteve a
adesão dos guajiros (camponeses sem terra que levavam uma vida miserável).
O número de militantes do movimento aumentou tanto no campo quanto nas
cidades. Os guerrilheiros em ações espetaculares, fizeram com que o exercito de
Fulgêncio Batista sofresse derrotas vergonhosas. No inicio de 1958, a Rádio Rebelde foi
ao ar, podendo Fidel, com sua inflamada oratória , atingir o povo cubano.
No meado de 1958, as colunas guerrilheiras passaram à ofensiva. Nessa fase
destacaram-se os guerrilheiros, dentre eles Che Guevara. Em dezembro de 58, o ditador
Batista fugiu para a República Dominicana. Em janeiro de 59, os rebeldes controlavam
todo o país, e no dia 5 daquele mês Fidel entrou em Havana. Fidel tornou-se chefe do
exercito e primeiro-ministro.
Empresas nacionais e estrangeiras, indústrias de grande porte, foram
encampadas pelo governo. No campo se realizou reforma agrária.
Em termos de repressão, o governo promoveu o chamado paredón, que foi um
grande número de fuzilamentos após julgamentos sumários, contribuindo para afastar
inimigos internos e consolidar a revolução. Essa repressão fez com que alguns
simpatizantes do movimento se afastasse dele.
As relações com os EUA tornaram-se tensas; o presidente Eisenhower cortou a
quota de importação de açúcar. Fidel reagiu nacionalizando as companhias açucareiras,
telefônica e de eletricidade, juntamente com bancos norte-americanos. Diante disso os
EUA decretaram um bloqueio econômico contra Cuba.
Em 1961, os contrarrevolucionários cubanos que estavam refugiados nos EUA,
tentaram uma revanche. Segundo o jornal The New York Times, “os invasores foram
treinados, equipados e financiados pelos EUA, supervisionados diretamente pela CIA.”
Os contrarrevolucionários desembarcaram na Baía dos Porcos, porém a invasão foi um
fracasso total. Em torno de 80 invasores morreram, 1179 foram presos, um barco foi
afundado e cinco aviões derrubados.
Em abril de 61, Fidel decretava que Cuba a partir de então, seria um Estado
Socialista, adotando o marxismo-leninismo e se aproximando da URSS.
Em outubro de 1962, diante da descoberta de que mísseis soviéticos estavam
sendo instalados em Cuba, os EUA bloquearam a ilha e se prepararam para uma
invasão. Para evitar um conflito de consequências mais graves, a URSS retirou os
mísseis e o bloqueio foi cancelado.
Em virtude do estrangulamento econômico e diplomático imposto pelos EUA e
seus aliados, o governo cubano teve que se voltar para a URSS e a Europa Oriental.
O governo comunista erradicou o analfabetismo e melhorou o nível de vida de
grande parte da população.
Em meados da década de 80, Cuba era uma “ilha proibida”. Com a
redemocratização da maioria dos países da América Latina, a maioria dos paises reatou
relações diplomáticas com o regime de Fidel Castro, mas o impasse com os norte-
americanos continuou.
Com o fim da URSS e a derrocada do chamado “socialismo real”, acreditava-se
que o regime cubano iria sucumbir. Mas ele sobreviveu.
As análises sobre Cuba até a década de 80 foram marcadas por um viés
ideológico. Atualmente, as considerações são menos engajadas e mais criticas. Houve
progressos nas áreas sociais como saúde e educação. Por outro lado , erros e excessos
podem ser listados em bom numero, como a repressão. O boicote econômico norte-
americano revelou-se ineficaz, pois uniu a população cubana em defesa do regime. A
história ensina que há permanências e mudanças, e que ao longo desta houve várias
formas de organização social. Cuba mudará? Talvez. Em 2008 Fidel deixou o governo,
assumido por Raúl Castro. Cuba ainda se mantém comunista.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS
LX
FINAIS DO SÉCULO XX – UMA ERA DE INCERTEZAS
É difícil enumerar os choques que afetaram a economia mundial desde 1973.
Matérias-primas e energéticas, moedas, bolsas, finanças públicas, ramos industriais,
investimentos, poupanças e consumo, todos sofreram perturbações importantes e
repetidas. O panorama geográfico não é de modo nenhum mais ameno: os países do
Leste estão em falência, o continente americano carrega o fardo de suas dívidas, a
China não consegue conciliar as imperativas contraditórias de crescimento e da
estabilidade financeira. A África acumula o máximo de fracassos e a Europa Ocidental
(única zona próspera além do Japão) tem grandes dificuldades em definir uma
identidade comum.
Em 1973, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), dominada
pelos árabes, os quais, estavam ressentidos com o apoio do Ocidente a Israel, embarga o
envio de petróleo a diversos países. Os preços do precioso líquido disparam, atingindo
drasticamente os países importadores dessa fonte de energia. Em diversos países
ocorreu a queda do Produto Interno Bruto. Na América Latina, especialmente no Brasil,
acelerou-se o processo de endividamento externo, bem como aumentou o desemprego e
a inflação.
Os EUA:
Com a renúncia de Nixon em 1974, devido ao escândalo Watergate, assumiu
Gerald Ford, que fez um governo fraco e apagado. Sua pressa em perdoar Nixon gerou
grande desconfiança, tanto que nas eleições de 1976, o vitorioso foi James Earl Carter
Jr., mais conhecido como Jimmy Carter.
Carter foi um presidente bem-intencionado, contudo, o contexto histórico era
difícil. A recessão provocou um grande aumento de desemprego. A inflação aumentava
sem parar. A crise econômica aliada ao fracasso da política externa (queda do xá Reza
Pahlevi no Irã, de Somoza na Nicarágua, e invasão soviética no Afeganistão) fizeram
com que Carter perdesse a reeleição presidencial de 1980.
O vitorioso foi Ronald Reagan, ex-ator de Hollywood, por duas vezes
governador da Califórnia, defensor de valores tradicionais e conservadores da sociedade
americana.
Com Reagan houve fortes tensões da Guerra Fria. Ele chamava a URSS de
“Império do Mal”. Houve aceleração da corrida armamentista, a invasão de Granada
(ilha caribenha invadida por esquerdistas), e o apoio a revolucionários que combatiam o
governo sandinista (aliado de Cuba) na Nicarágua.
No plano econômico, Reagan ergueu a bandeira da direita anti-new deal. Em
outras palavras, levou a frente com toda força a doutrina laissez-faire (não interferência
do Estado nas atividades econômicas dos cidadãos), propiciando o triunfo do
neoliberalismo.
A política econômica neoliberal, defendida por vários economistas, além dos
EUA de Ronald Reagan, também foi implantada no Reino Unido da primeira-ministra
Margareth Tatcher.
Eis algumas características da política econômica neoliberal:
- Pressão pela abertura de mercados, propiciando dessa forma a circulação
global de mercadorias e serviços;
- Redução ou extinção das taxas alfandegárias, defesa do livre comércio;
- Liberdade para a circulação de capitais;
- Incentivo às privatizações;
- Livre concorrência;
- Redução do intervencionismo estatal na economia.
O discurso é este, porém, na prática os países ricos gastam bilhões de dólares
subsidiando seus agricultores. Muitas vezes, elevam taxas alfandegárias para
beneficiarem suas indústrias.
De uma forma geral, Reagan foi bem sucedido, pois reelegeu-se em 1984 e
conseguiu fazer de seu vice-presidente George Bush, seu sucessor.
George Bush (1988-1992) obteve enormes êxitos na política externa (fim da
Guerra Fria e vitória na Guerra do Golfo), porém a crise econômica e a falta de carisma
o levaram à derrota nas eleições de 1992.
No inicio dos anos 90, o presidente eleito, William Jefferson Clinton, inaugurou
uma nova fase, pondo fim aos 12 anos de domínio republicano na Casa Branca. O novo
governo estimulou as exportações americanas, incentivou a queda da inflação, reduziu a
taxa de desemprego e intensificou a participação dos EUA na política econômica
neoliberal, obtendo êxitos na aprovação do Nafta e do Acordo Geral das Tarifas e
Comércio.
No final de seu segundo mandato, o presidente Bill Clinton deixou a economia
norte-americana equilibrada, a taxa de desemprego como a menor dos últimos trinta
anos e a política externa sem sofrer nenhuma contestação. Potência militar e econômica:
eis a posição privilegiada da nação mais rica do mundo.
Clinton não conseguiu eleger seu sucessor. Nas eleições do ano de 2000, o
vitorioso foi George W. Bush, do Partido Republicano. Venceu de maneira controversa,
inclusive sob a acusação de fraude. Porém, os atentados de 11 de setembro de 2001
deram-lhe força política pois provocaram uma onda nacionalista. Sua “cruzada” contra
o terrorismo o levou a invadir o Afeganistão e o Iraque. Seu governo caracteriza-se pelo
conservadorismo e problemas na economia. Mesmo com várias questões polêmicas
envolvendo seu governo, George Walker Bush reelegeu-se em 2004.
O fim da URSS:
Com a morte de Brejnev, em 1982, Yuri Andropov chegou ao poder, mas logo
faleceu. O mesmo ocorreu com seu sucessor Konstantin Tchernenko. E em 1985,
ocorreu a ascensão de Mikhail Gorbatchev. A abertura econômica (perestroika) e a
transparência de atitudes (glasnost) foram as normas que regeram o governo de
Gorbatchev. Muitos analisaram essas medidas como a derrota do socialismo, mas foram
um passo decisivo para o fim da Guerra Fria e o início do processo democrático tanto na
URSS quanto nos países pertencentes à “Cortina de Ferro”. Apesar do sucesso externo,
a economia foi de mal a pior. Nas Repúblicas Bálticas (Letônia , Estônia e Lituânia),
aumentaram os movimentos separatistas. Gorbatchev perdia o apoio popular.
As reformas econômicas de Gorbatchev fracassaram. A situação piorou ainda
mais. Ao que parece, os reformadores desejavam ter as vantagens do capitalismo sem
perder o socialismo.
Em março de 1991, um plebiscito confirmou, com 76% de votos, o desejo de
que fosse mantida a união do país, na forma de uma federação renovada de Repúblicas
soberanas, com direitos iguais. Em agosto de 1991, os burocratas deram um golpe
contra Gorbatchev. O golpe fracassou.
A KGB (polícia secreta) foi dissolvida. O Partido Comunista foi colocado na
ilegalidade.
O frustrado golpe de agosto abriu portas ao movimento de independência das
repúblicas que compunham a URSS. Gorbatchev, cada vez mais ofuscado por Boris
Ieltsin, tentava um tratado da união.
Sem o conhecimento de Gorbatchev, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielo-
Rússia (Belarus), reunidos na cidade de Brest, criaram a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI). Era o fim da URSS. No dia de natal de 1991, Gorbatchev
renunciou. A ex-URSS mergulhou no caos. A Rússia, a mais importantes das
repúblicas, continuou sendo governada por Boris Ieltsin (1991-1999).
A ilusão durou pouco, pois o “choque capitalista” provocou desemprego,
miséria, criminalidade e uma elevada corrupção.
Ao fechar o Parlamento usando a força dos canhões e ao afundar a Rússia na
inglória Guerra da Chechênia, o presidente Ieltsin mostrou quais estratégias políticas
aplicaria ao seu governo.
Em meio à corrupção e com o apoio da mídia, das potências capitalistas, dos
novos-ricos e de pessoas bem intencionadas que temiam a volta do socialismo, o
cambaleante Ieltsin reelegeu-se presidente da então República da Federação Russa.
Doente e sem apoio popular, ele não terminou o mandato, renunciando no último dia de
1999. Antes, porém, preparou um sucessor: Vladimir Putin. Jovem, com fama de durão
(fez carreira na KGB), Putin usou o conflito na Chechênia para se promover. Deu certo,
pois, no inicio do ano 2000, foi eleito presidente, ainda no primeiro turno. Na falta de
outra opção, pois a maioria não queria nem a volta do socialismo nem reformas
liberalizantes como as do inicio dos anos 90, Putin reelegeu-se em 2004. A Chechênia
ainda não foi totalmente pacificada, pois os terroristas continuam atuantes, perpetrando
diversos atentados.
Apesar do crescimento econômico, a velha Rússia assiste a queda do nível de
vida da maioria da população, ao aumento da criminalidade e a presença de vasta
corrupção.
O Leste Europeu:
Na Polônia, a transição foi pacífica. Em 1990, Lech Walesa foi eleito presidente
da República.
A crise econômica e social e o despreparo de Walesa fizeram com que os ex-
comunistas ganhassem as eleições parlamentares de 1993.
Em 1995, mesmo com o apoio da conservadora Igreja Católica, dos novos-ricos
e do Ocidente, Walesa foi derrotado pelo esquerdista Aleksander Kwasniewski.
Na Hungria, em fevereiro de 1989, foi abolido o sistema de partido único. As
reformas econômicas foram aceleradas.
Na Bulgária criaram-se o pluripartidarismo e a economia de mercado.
Na Romênia, a Revolução de 1989 executou o ditador Nicolau Ceaucescu e
dissolveu a Securitate (polícia secreta).
Na Albânia, o regime stalinista de Ramiz Alia não resistiu, e nas eleições de
1992, a oposição venceu.
Os países do Leste Europeu pouco a pouco estão entrando para a UE (União
Europeia), porém, a distância econômica e social entre eles e seus novos aliados é
enorme.
A Iugoslávia:
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia foi invadida pelos alemães,
italianos, búlgaros e húngaros. Josip Broz Tito foi o grande líder da resistência.
Ao fim da guerra a monarquia foi abolida. Tito transformou a Iugoslávia, após
vencer as eleições, numa República Socialista.
Formada por seis repúblicas autônomas , com direitos iguais, e duas regiões
(pertencentes à Sérvia), com autonomia relativa, a Federação Iugoslava abrigava um
autêntico mosaico de nacionalidades, línguas, culturas e religiões.
Tito conseguiu controlar os diversos grupos étnicos e religiosos. Adotou um
socialismo mais flexível; deu certa liberdade; propiciou um certo desenvolvimento
econômico e soube tirar proveito das rivalidades entre EUA e URSS.
Tito morreu em 1980. A economia , depois de um período de crescimento,
entrou em crise. Desemprego, inflação e endividamento externo passaram a fazer parte
do dia-a-dia do povo iugoslavo.
Em 25 de junho de 1991, os Parlamentos da Eslovênia e Croácia declararam
unilateralmente a independência. Estourou a guerra civil , com atrocidades terríveis de
todos os lados.
A antiga Iugoslávia hoje congrega os seguintes países: a Nova Iugoslávia (atual
Sérvia e Montenegro, Kosovo e Vojvodina), Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina e
Macedônia.
A queda do líder sérvio Slobodan Milosevic, após os bombardeios da OTAN,
possibilitou a democratização da Sérvia. Em 2006 um plebiscito aprovou a
independência de Montenegro. A questão de Kosovo ainda continua sem solução.
LXI
A NOVA ORDEM MUNDIAL DA GLOBALIZAÇÃO
Obs.: Globalizadas são as empresas e alguns aspectos da cultura, mas não toda a
cultura.
A era da globalização
Entendido como o estabelecimento de relações econômicas, políticas e culturais
em escala planetária, o processo de globalização se iniciou no século XVI com as
grandes navegações europeias. Esse processo colocou todo o planeta em relativo
contato. Outro grande passo foi dado no século XIX com a Revolução Industrial e o
Imperialismo. No final do século XX outra etapa desse processo ocorreu: a aceleração
do fluxo global de produção, mercadorias e capitais. Isso gerou o que definimos
globalização. Esse novo quadro produziu uma mudança profunda no contexto
econômico mundial, que se tornou interdependente, passando a funcionar como uma
imensa rede planetária.
Economia em rede
Entre os anos 70 e 80 houve liberalização dos controles cambiais para que se
gerassem novos fluxos de capitais à procura de melhores oportunidades no mercado
internacional. Multinacionais fortaleceram suas políticas de reverter seus capitais e
implantar parques produtivos em outros países, em busca de mão-de-obra barata e
outros benefícios. Isso foi facilitado pelas novas tecnologias de comunicações e
transportes, pois possibilitava a transferência de dinheiro, além da rápida transferência e
comercialização de mercadorias para qualquer parte do mundo.
As empresas procuravam negociar diretamente com os governos dos países
interessados em seus investimentos, impondo suas necessidades e condições para a
instalação de suas indústrias. As empresas exigiam a liberalização dos mercados locais
para que seu comércio fosse sem restrições. Muitas empresas para poder operar dentro
desta nova lógica, se reuniram em grandes conglomerados.
Para o pleno funcionamento desta rede econômica internacional, era necessário
garantir o crescimento da produção e atender aos fluxos constantes de mercadorias a
nível mundial. Foram determinantes as transformações tecnológicas como: novas fontes
de energia (solar, eólica, nuclear etc), novas técnicas de fabricação de produtos e
transportes, produtos sintéticos, microeletrônica e informática, automação e robótica.
Todo esse processo trouxe crescimento econômico, que elevou a produção
mundial de maneira geral.
Impactos socioambientais
A Era da Globalização desencadeou um processo inigualável de concentração de
riquezas: os países capitalistas mais ricos acumularam boa parte da riqueza mundial em
prejuízo dos menos desenvolvidos. Esse processo acentuou a distância econômica entre
países ricos e pobres. Na década de 90 as disparidades de desenvolvimento entre
continentes, países e regiões agravaram-se. Os movimentos migratórios de países
pobres para os ricos dão a dimensão dessas disparidades.
Essa lógica de concentração também se reproduz internamente nos países, onde
regiões, setores e classes mais ricas acumulam a maior parte das riquezas em detrimento
de regiões, setores e classes médias e pobres, provocando uma radicalização
socioeconômica.
As transformações estruturais do mundo do trabalho industrial tradicional e a
expansão do setor de serviços resultaram no crescimento generalizado do desemprego.
Mesmo as economias mais ricas não conseguiram repor os empregos perdidos e
começaram a defender a flexibilização dos contratos de trabalho, a diminuição da carga
horária de trabalho etc. O desmonte previdenciário do Estado agravou a exclusão
social, pois as políticas de proteção social tornaram-se mais limitadas, deixando o
cidadão mais desprotegido. Isso gerou aumento da desigualdade social e da pobreza,
dos desempregados, dos sem teto, sem terras, imigrantes ilegais, mendigos etc, mesmo
nas sociedades consideradas mais ricas.
A aceleração do modus vivendi urbano e industrial, e o emprego de novas
tecnologias provocou um impacto brutal no meio ambiente. Tragédias ecológicas se
multiplicaram pelo planeta depois das décadas de 50 e 60. Esses acontecimentos
despertaram a preocupação com o meio ambiente e geraram inúmeros movimentos
como ONGs, encontros promovidos pela ONU, a assinatura de protocolos e convenções
internacionais (como o Tratado de Kyoto), discussões sobre desenvolvimento
sustentável etc.
Dos últimos anos do século XX para cá, expandiu-se e consolidou-se o modo de
vida fundado no consumo das massas. Criticada desde a década de 60, a sociedade de
consumo foi potencializada pelo crescimento da produção, pelo fim das barreiras
comerciais, e pelos meios de comunicação, informação e difusão, que permitiram que as
mercadorias invadissem o cotidiano das pessoas apresentando novidades de maneira
permanente e rápida.
Crise do Estado
A formação de um mercado e de uma cultura, ou pelo menos uma base cultural,
internacional, fez com que o Estado Moderno perdesse importância política e
econômica. O enfraquecimento do Estado começou na segunda metade da década de 70,
com a crise econômica mundial e com o insucesso de alguns governos reguladores
social-democratas da Europa. Nesse contexto, surgiram ideias que questionavam as
limitações impostas à economia por parte do Estado e defendiam maior autonomia para
o setor econômico privado. Esse conjunto de ideias inspiravam-se no liberalismo
clássico, e foram por isso chamadas de neoliberalismo. Elas defendiam a necessidade de
abertura econômica por meio da liberalização financeira e comercial, a eliminação das
barreiras comerciais os investimentos estrangeiros, assim como o enxugamento do
Estado nas políticas sociais e previdenciárias, políticas baseadas em privatizações e
desregulamentações financeiras.
Nos anos 80 essas formulações chegaram ao poder por meio dos governos de
Ronald Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (RU), que defendiam um Estado mínimo e
que realizaram um verdadeiro desmonte do Estado previdenciário. Rapidamente essas
políticas tornaram-se hegemônicas. Um desdobramento desta política na América
Latina foi o estabelecimento do Consenso de Washington que defendia o ajuste
econômico dos países em desenvolvimento com essas diretrizes.
Retorno do nacionalismo
Apesar da tendência irrefreável à globalização, da eliminação das fronteiras
econômicas nacionais e da consequente crise do Estado, contraditoriamente, a partir do
final do século XX, houve um reaparecimento de lutas e ideias nacionalistas de diversas
características, o que fez surgiu antigas questões ou gerou novas demandas nacionais.
O fim da URSS e da Iugoslávia desencadeou o surgimento de vários países
novos na Europa e Ásia Central. Na Índia, os conflitos têm configurações semelhantes,
misturando disputas de fronteiras, confrontos étnicos, religiosos e culturais. No Oriente
Médio, as tendências nacionalistas cada vez mais se fortalecem e se misturam com a
religião. Na Europa Ocidental, fortes sentimentos nacionalistas estão vivos e ganhando
repercussão eleitoral.