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PRÉ-VEST.

APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

I
FIM DO IMPÉRIO ROMANO

A desagregação do Império
Nos séculos I e II, o Império Romano passou por uma época de estabilidade e
atingiu sua extensão máxima. A partir do século III, no entanto, uma crise interna e
constantes pressões exercidas por povos vindos de fora desorganizaram o império e
contribuíram para sua desagregação.
A crise interna está relacionada ao fim das guerras de conquistas, fato que
provocou a diminuição da entrada de prisioneiros de guerra, e consequentemente do
número de escravos, principalmente na Península Itálica, área que mais dependia desse
tipo de mão de obra. Alem da falta de mão de obra, as grandes propriedades escravistas
da Itália passaram a enfrentar a concorrência econômica das províncias romanas, que
vinham aumentando sua produção e seu comércio, com resultado do período de paz no
império (Pax Romana).
Ao mesmo tempo, os povos germânicos (conjunto de povos que habitavam o
norte do Império Romano), chamados pelos romanos de “bárbaros”, passaram a
pressionar de várias formas as fronteiras do império, que reagiu contratando soldados.
Para cobrir os gastos com a defesa, o governo imperial aumentou os impostos e emitiu
moedas, provocando uma alta de preços que prejudicou ricos e obres. Com isso, boa
parte da população deixou as cidades para viver no campo. Os ricos foram ara suas
propriedades rurais e os pobres que saiam das cidades empregavam-se para trabalhar
para eles como colonos. O clono era um trabalhador que cultivava um pedaço de terra
do proprietário e entregava para ele uma parte da colheita como pagamento pelo uso da
terra e proteção. Essa relação dá-se o nome de colonato.

Tentativas de solucionar a crise


A crise econômica teve reflexos políticos. O império passou a ser governado por
generais do exército que tomavam o poder à força com o apoio de suas tropas. Alguns
imperadores tentaram contornar a crise e acabar com a anarquia militar.
O imperador Diocleciano, por exemplo, criou a tetrarquia, governo de quatro
imperadores, cada um responsável por uma região do império. Essa reforma surtiu
efeito, mas, com a renúncia de Diocleciano, voltaram a ocorrer disputas armadas pelo
cargo de imperador.
O imperador Constantino, por sua vez, preocupou-se com a questão da
segurança e, por isso, em 330, mudou a capital do império para Constantinopla, cidade
construída durante seu governo. Outra tentativa de melhorar e facilitar a administração
foi feita pelo imperador Teodósio. Em 395, ele dividiu o território romano em duas
partes: o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do
Oriente, com a capital em Constantinopla. Essa divisão trouxe alguma melhora na
administração, mas o império já não suportava a pressão exercida pelos bárbaros no
Ocidente.
Povos invasores no Império Romano
Durante os séculos I, II e III, romanos e germânicos mantiveram contatos
freqüentes e, quase sempre pacíficos. Os germanos foram entrando no império como
soldados, lavradores, comerciantes etc. A partir do século IV, a violência passou a ser a
relação predominante. Germânicos passaram a atacar o Império Romano para se
apropriar de suas terras e tesouros (dinheiro, metais etc). Mudanças climáticas em suas
terras e a pressão invasora de outros povos, em particular os hunos (povo vindo da
Ásia), provocou a entrada de diversas tribos nas fronteiras do império.
Em 410, os germanos saquearam Roma e partiram levando inúmeras riquezas
como: ouro, prata, pedras preciosas, tecidos, escravos etc. Várias cidades do império
sofreram ataques, fazendo com que suas populações fossem em grandes levas para as
regiões rurais em busca de terras para plantar para sua subsistência e proteção. Os
bárbaros iam dominando varias regiões e as tirando do controle do governo imperial. O
império se esfacelava em reinos fundados elos diversos povos que o invadiam. Em 476,
Roma sofreu um ataque que destituiu o governo central do império. O Império do
Ocidente chegara ao seu fim.

O Império Oriental
Mas no Oriente, o Império sediado em Constantinopla resistiu por mais de mil
anos. Nós o conhecemos como Império Bizantino. O Império Bizantino recebeu este
nome dos historiadores porque sua capital, Constantinopla, era uma antiga colônia grega
chamada Bizâncio. Constantinopla tinha uma posição geográfica privilegiada: ficava na
entrada do Mar Negro, entre a Europa e a Ásia, passagem obrigatória de importantes
rotas comerciais que ligavam o Oriente e o Ocidente.
A fama de Constantinopla devia-se principalmente pelo seu intenso comércio. A
cidade era ponto de encontro de pessoas e mercadorias de várias partes do mundo: da
China vinha a seda, da Índia e Ceilão, as famosas especiarias (cravo, pimenta, e outros
produtos). Esses produtos e outros, como joias e imagens religiosas fabricadas elos
bizantinos eram exportados para o Ocidente com grande lucro.
O Império Bizantino se perpetuou da época antiga à medieval, mantendo
contatos com o Ocidente feudal, e tendo certa importância política e ainda maior
econômica. Mas esse império sofreu crises semelhantes ao Ocidental: problemas
econômicos, dificuldades políticas (agravadas pelas religiosas) e invasões. A partir do
século XI, o Império Bizantino declinou sob o peso dos enormes gastos militares para
defender suas fronteiras, ameaçadas por diferentes povos. Depois de sucessivos ataques,
em 1453 os turcos otomanos conquistaram Constantinopla com balas de canhão.
Acabava o período de existência do Império Bizantino.
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PROF. FABIANO DE JESUS

II
FORMAÇÃO DA EUROPA FEUDAL

Um dos efeitos da crise do Império Romano, iniciada no século III, foi o


esvaziamento das cidades e a migração para o campo. Isso pode ser explicado pelos
seguintes motivos:
- A maioria dos habitantes das cidades estavam desempregados e sem poder
pagar aluguéis e comprar comida, até porque os preços estavam altos;
- Povos germânicos atacaram e saquearam diversas cidades, matando muitos de
seus habitantes ou disseminando doenças.
Assim, o medo tomou conta das pessoas, e milhares delas fugiram para o campo
em busca de subsistência, empregos e segurança. Ocorreu um processo de ruralização
no Ocidente europeu, ou seja, o centro da vida social, política e econômica deixou de
ser a cidade e passou a ser o campo.
No campo, porém, as maiores e melhores terras estavam nas mãos de grandes
proprietários; e os que ali chegaram, passaram a ter que trabalhar para eles como
colonos, ou seja, cultivar um lote de terra do proprietário e, como pagamento, pelo uso
do lote e da proteção desse proprietário, entregar parte da colheita.

Os germânicos
Os germânicos davam grande importância à guerra e, sendo assim, valorizavam
a coragem no campo de batalha, a morte em combate e a fidelidade entre os guerreiros.
Jovens guerreiros formavam um bando comandado por um chefe ao qual prestavam
juramento de fidelidade. Essa associação de guerreiros era chamada de comitatus. Com
o aumento das guerras contra os romanos, os chefes destes bandos foram ganhando
riqueza e fama, alguns já eram reis e muitos outros alcançaram este status.
Os germânicos não tinham leis escritas. Suas leis, como quase toda sua cultura,
eram transmitidas oralmente. O direito germânico era, portanto, consuetudinário, ou
seja, baseado nos costumes. Cada comunidade tinha leis e costumes próprios.
Entre os germânicos, se alguém fosse acusado de um crime podia provar sua
inocência num duelo de espadas; e se vencesse, era considerado inocente, pois a vitória
era um sinal de que os deuses estavam com ele.
No fim do século V, os germânicos conquistaram Roma, aniquilando o poder
central. Nas terras conquistadas aos romanos, os germânicos fundaram vários reinos
independentes, dentre os quais podemos destacar: reino dos anglo-saxões, reino dos
visigodos, reino dos suevos, reino dos vândalos, reino dos ostrogodos e reino dos
francos.

Os francos
Os francos atravessaram o rio Reno em direção oeste e estabeleceram-se na
província romana da Gália (região das atuais Bélgica, França e parte da Alemanha)
interessados pelas riquezas da região. Na Gália, os francos viviam divididos em vários
grupos, cada qual com seu chefe. Um desses chefes, chamado Clóvis, impôs sua
autoridade aos demais por meio das armas e se tornou rei, da dinastia merovíngia, assim
chamada em homenagem a seu avô, Meroveu.
No poder, Clóvis começou a expandir seu reino sobre terras de romanos e outros
povos germânicos, como os visigodos. Ao vencê-los Clóvis dominou toda a Gália. Em
496, Clóvis converteu-se ao catolicismo romano e, com o apoio da Igreja, continuou sua
expansão.
Os sucessores de Clóvis ocuparam-se de muitas festas e torneios, relaxando com
o governo e a política, que ficou a cargo de um alto funcionário conhecido como
prefeito ou mordomo de palácio. O filho de um desses funcionários, Pepino, o breve,
depôs o último rei merovíngio, se fez aclamar rei e instaurou uma nova dinastia: a
carolíngia. O papa reconheceu o novo rei e, em troca, o pediu que o defendesse dos
lombardos (outros povos germânicos), que haviam se estabelecido na Itália central e
ameaçava assaltar Roma, sede do papado. Pepino, invadiu a Itália e derrotou os
lombardos e doou para a Igreja Católica parte das terras. Dessa doação originou-se o
“patrimônio de São Pedro”.

O Império Carolíngio
Carlos Magno foi o sucessor de Pepino, seu pai. Ele deu continuidade à aliança
com a Igreja e à política guerreira dos francos. Os exércitos de Carlos duplicaram as
terras dos francos, formando um imenso império que abrangia as terras das atuais
França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República
Tcheca, partes da Itália e Espanha.
Na noite de natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente
pelo papa. Para administrar seu império, Carlos Magno o dividiu em províncias e
entregou sua administração a funcionários que tinham cargos de condes, marqueses e
duques. Esses funcionários, e outros, faziam cumprir no território as decisões do rei,
bem como cobravam impostos e multas.
Carlos Magno deu importância às artes, ao conhecimento e à educação. Reuniu
em sua corte diversos sábios da Europa, fundou escolas nos conventos, igrejas e
palácios. Facilitou a atuação dos monges copistas, que reproduziam textos gregos e
romanos, permitindo que grandes obras da antiguidade fossem salvas e chegassem até
os dias de hoje. Todo esse movimento cultural ficou conhecido como o renascimento
carolíngio.
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o império começou a enfraquecer. Seu
filho Luís, o piedosos (por sua religiosidade), teve dificuldades para impor sua
autoridade.
Com a morte de Luís, seus filhos disputaram o trono pelas armas, numa guerra
que durou três anos. A guerra culminou com o Tratado de Verdun (843), acordo que
dividia o império em três partes: Carlos, o calvo ficava com a parte ocidental; Luís, o
germânico, com a parte oriental; Lotário, com a parte central, que se estendia do Mar do
Norte ate o centro da atual Itália.
Depois da divisão do Império Carolíngio, ocorreu o enfraquecimento do poder
central. Aproveitando-se disso, os nobres (condes, marqueses, duques) foram tornando
seus cargos vitalícios e aumentando seu poder local. Além disso, povos vindos de
diferentes lugares (árabes do sul, vikings do norte e húngaros do leste) atacaram a
Europa; para defender seus territórios os reis pediram ajuda aos nobres, que com isso se
fortaleceram ainda mais. Consolidou-se assim na Europa o feudalismo.
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PROF. FABIANO DE JESUS

III
FEUDALISMO NA IDADE MÉDIA
Para compreender melhor a Idade Média ou o período medieval, vamos nos
localizar: início mais ou menos no século V, com as invasões “bárbaras” e a queda do
Império Romano do Ocidente; e término em 1453, com a invasão e tomada de
Constantinopla pelos turcos otomanos e a consequente queda do Império Romano do
Oriente (Império Bizantino).
Para facilitar o estudo, o período é dividido em: Alta Idade Média (séculos V a
IX) e Baixa Idade Média (séculos X a XV).

O feudalismo
Feudal e feudalismo são termos modernos, criados depois do declínio desta
sociedade. A palavra feudo tem sua raiz no latim feudum: posse, propriedade ou
domínio e, ao que parece, foi usada pela primeira vez no século XVI. Já a palavra
feudalismo só viria a ser usada no século XIX. Há muitas controvérsias entre os
historiadores ao definir o sistema feudal, pois cada um centraliza suas concepções de
acordo com sua visão sobre a história. Mas de um modo geral, o feudalismo é
considerado um modo de produção econômico e um sistema social que predominou por
boa parte da Idade Média na Europa.
O feudalismo formou-se por meio de um longo processo que combinou
elementos de origem romana, como o colonato, com outros de origem germânica, como
o comitatus. O colonato obrigava os camponeses a dar parte do que produziam ao
proprietário das terras em que trabalhavam. Já o comitatus era uma associação de
guerreiros unidos pela fidelidade a um chefe capaz de conquistar e distribuir bens.
Podemos definir algumas características do feudalismo:
- Descentralização política: em geral, o rei era uma figura decorativa, simbólica,
pois quem efetivamente mandava nos feudos (territórios) eram os senhores feudais
(diversos tipos de nobres, inclusive reis). Isso não quer dizer que todos os reis ingleses e
franceses do período, por exemplo, fossem figurativos. Henrique II da Inglaterra e
Felipe, o belo, da França, foram monarcas poderosos.
- Economia agrária: as relações sociais de produção se desenvolveram em torno
da terra, porque repousavam sobre uma economia predominantemente agrícola.
- Visão religiosa: a mentalidade do homem medieval era marcada por grande
sentimento religioso. Deus era a medida de todas as coisas. Por isso podemos afirmar
que durante a Idade Média predominou o Teocentrismo, ou seja, Deus como centro de
tudo.
- Regime de servidão: os camponeses, em sua maioria eram servos, que estavam
proibidos de abandonar os feudos; onde usavam a terra e pagavam taxas aos senhores
feudais.
- Ruralização da sociedade: as cidades estavam despovoadas e a vida rural era
predominante.
- Supremacia de uma ordem de guerreiros especializados: a partir do século X,
ou um pouco mais tarde, os cavaleiros obtiveram hegemonia militar e, portanto, social.
- Vínculos pessoais: o servo estava sujeito ao senhor feudal, que, por sua vez
seria vassalo de um ou mais outros senhores feudais superiores a ele, ou seria suserano
de um ou mais senhores feudais inferiores a ele.

Sociedade feudal

Os que
guerreavam
Nobreza
Os que
oravam Clero
Os que
trabalhavam Servos – camponeses e
vilões
Burgueses

Na sociedade feudal, a posição social de uma pessoa dependia de seu


nascimento. Assim, o filho legítimo de nobres era nobre por toda sua vida; e o filho de
camponeses, mesmo trabalhando duro, não conseguia alterar sua posição social. No
auge do feudalismo europeu, a divisão social era idealizada numa divisão em três
grupos: nobreza, clero e camponeses.
A nobreza compunha-se de reis, duques, marqueses, condes, viscondes, barões e
cavaleiros nobres. Sua principal atividade era a guerra. A nobreza se valia do monopólio
das armas para impor seu domínio. Os nobres ofereciam proteção e exigiam serem
sustentados e alimentados pelos não nobres desarmados. Consideravam o trabalho
mecânico ou braçal uma atividade indigna. As principais ocupações da nobreza eram os
conflitos armados, as caçadas e os torneios, por meio do qual esperavam obter ganhos
ou prestígio. Nos torneios e conflitos, o vencedor ficava com as coisas (armas, cavalos,
objetos pessoais etc) do vencido e, se conseguisse fazê-lo prisioneiro, exigia um resgate
para libertá-lo.
O clero era formado pelo papa, cardeais, bispos, abades, monges, padres e todos
que tivessem cargos na Igreja. A maioria desses religiosos tinha origem nobre e possuía
feudos, muitos deles enormes. Cerca de um terço das terras da Europa Ocidental
pertencia à Igreja, num temo em que a terra era a medida de riqueza. A Igreja Católica
era a instituição mais rica e importante da sociedade feudal.
Os não nobres estavam genericamente no grupo dos camponeses. Eles eram em
sua maioria servos da gleba (terra). O servo era assim chamado por se encontrar preso à
terra, isto e, sem liberdade ara deixar o feudo em que vivia e trabalhava. Mas os servos
não eram como os escravos. O servo não podia ser vendido, trocado ou punido de
qualquer forma, como se fazia com os escravos. Além disso, o servo possuía bens
pessoais (com exceção da terra) como animais, habitação, roupas e algumas poucas
ferramentas de trabalho. Além dos servos, haviam camponeses livres, que não estavam
presos à terra e, que podiam escolher onde trabalhar. Camponeses livres costumavam
ser chamados de vilões (por viverem em vilas), e podiam tanto trabalhar no campo
quanto nas cidades, nas mais diversas atividades. Camponeses trabalhavam muito, por
muitas horas, do amanhecer ao anoitecer, e eram muito explorados. Consequentemente,
a massa camponesa vivia na mais completa pobreza ou miséria, pois a maior parte da
riqueza que produziam acabava nas mãos de seus senhores leigos ou religiosos.

O feudo
Na Idade Média, a terra era a fonte de poder e riqueza. O feudo era a base desta
sociedade, o núcleo de organização da sociedade feudal. A propriedade ou não do feudo
determinava o papel do indivíduo dentro desta sociedade. O feudo mais comum era uma
porção de terra, porém existiam outros tipos, como o pagamento de uma quantia em
dinheiro ou a exploração de uma ponte. Tomemos, portanto, feudo como porções de
terras, porque este tipo era o dominante. Esse feudo compreendia três partes: o domínio
ou reserva senhorial, as terras arrendadas e as terras comuns.
O domínio, reserva ou manso senhorial englobava as melhores terras do feudo.
Correspondia à parte do senhorio não explorada diretamente pelo senhor (este não fazia
este tipo de trabalho, pois sua função era guerrear). Era onde estava construído o
castelo, a residência do senhor feudal.
As terras arrendadas ou manso servil, eram cultivadas pelos camponeses, de
onde tiravam sua subsistência e de sua família, e parte da produção que era entregue ao
seu senhor feudal.
As terras comuns, ou comunais, eram formadas por pastagens, florestas e
bosques. Seu uso era coletivo. Nelas, os camponeses buscavam mel, frutas e lenha, e os
senhores as usavam como local de caça.
A distribuição de terras (feudos) era feita através do chamado contrato de
enfeudação, onde um rei ou um nobre poderoso e dono de muitas propriedades
distribuía terras a nobres subordinados que tirariam delas proveito. Em troca, os nobres
subordinados (vassalos) disponibilizariam ao rei ou ao nobre superior (suserano) o
serviço militar de suas tropas e, às vezes, pagaria algumas taxas ou impostos. As terras
ficariam com aqueles que as receberam por toda vida, a não ser que fossem por motivos
de conflito ou insubordinação, retiradas pelo suserano. Elas passavam de pai para filho
como herança, mas se caso o vassalo não tivesse filhos, esta voltava para o suserano. O
feudo conseguido por enfeudação não podia ser dividido entre herdeiros; só o filho mais
velho o recebia como herança.

Relações entre suseranos e vassalos


A enfeudação consistia na homenagem e na investidura: a primeira era a
cerimônia em que o vassalo (aquele que recebe) prestava juramento de fidelidade e
obediência ao suserano (aquele que concede); a segunda consistia na entrega, ao
vassalo, de um galho de árvore , uma lança ou outro objeto que simbolizava o feudo.
As relações entre o suserano e o vassalo envolviam compromissos mútuos:
Eram obrigações do suserano:
- Assegurar a proteção militar aos vassalos;
- Prestar assistência judiciária.
Eram obrigações do vassalo:
- Prestar serviço militar;
- Pagar taxas;
- Comparecer ao tribunal do senhor.

Os impostos medievais
Os senhores feudais cobravam impostos aos seus servos e aos seus vassalos,
vejamos alguns:
- Corveia: trabalho gratuito nas terras do senhor; além de cuidar das plantações
do senhor, o servo devia construir ou consertar caminhos, reparar pontes, cortar e
carregar madeira etc;
- Capitação: imposto pessoal que era cobrado a cada indivíduo que vivia no
feudo;
- Talha: entrega de parte da produção ao senhor;
- Banalidades: taxa por utilizar as “ferramentas” do senhor, como moinhos,
arados, lagares e outros equipamentos do feudo.
- Dízimo: 10% de tudo para a Igreja.

O feudalismo variou no tempo e no espaço


O feudalismo não existiu em toda a Europa e nem se restringiu apenas à ela.
Também não foi igual em todos os lugares onde existiu. Na verdade, quando falamos
em feudalismo, estamos nos referindo a um modelo criado pelos historiadores para
facilitar nossa compreensão a respeito da sociedade medieval.
O modelo de feudalismo que estudamos existiu no norte da França e partes da
Alemanha. Na Península Ibérica, na Inglaterra e na Itália o sistema feudal teve
características próprias.
O feudalismo durou muito mais temo em algumas regiões do que em outras. Em
algumas partes da Alemanha, ele resistiu por mais tempo que em outras áreas da Europa
Ocidental.

Crise da Idade Média (Ascensão da burguesia)


Na época medieval a Europa estava fragmentada politicamente, não havia
centralização política, não havia estado soberano.
No auge da crise medieval houve fome, guerras e pestes. Os anos de maior fome
foram: 1315 até 1317/1346/1376/1438.Havia falta de terra fértil, o que acarretou êxodo
rural, e a falta de abastecimento de alimentos.Doenças como a Peste Negra ou Peste
Bubônica dizimou quase toda a população da Europa Ocidental. Além da fome e das
doenças, a nobreza guerreava entre si por terras, fazendo com que a guerra matasse
muitos. Talvez a maior guerra do período medieval tenha sido a Guerra dos Cem Anos,
entre França e Inglaterra (1337-1453).
A crise medieval se iniciou no século XIII e se estendeu mais ou menos até o
século XV.
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IV
ABSOLUTISMO
A aliança entre o rei, a burguesia e parte da nobreza:
Os Estados nacionais surgiram do fortalecimento da autoridade do rei, apoiado
pela burguesia e parte da nobreza. Os burgueses apoiaram politicamente e
materialmente os monarcas porque estavam interessados em ampliar suas atividades
comerciais. Para isso eles precisavam eliminar as barreiras impostas pelos senhores
feudais para poder comerciar no interior dos feudos. Uma parcela da nobreza apoiou o
fortalecimento dos reis porque tinha empobrecido com a crise econômica que atingiu a
Europa nos séculos XIV e XV e passou a depender dos favores dos reis.
Contrários à centralização do poder real estavam principalmente a Igreja
Católica e a maior parte dos senhores feudais. O alto clero receava que os reis muito
poderosos se tornariam politicamente mais fortes que o papa. Uma monarquia
centralizada também representava uma ameaça ao poder econômico e político da Igreja
em cada região.

O domínio absoluto dos reis:


No início da Idade Moderna, os reis trataram de consolidar seu poder e criar
mecanismos que possibilitassem exercê-lo sobre vastas regiões. Para isso, criaram
impostos e moedas de circulação nacional e constituíram uma burocracia de
funcionários administrativos encarregados de fazer valer as decisões do soberano em
todo o reino. Além disso, os reis formaram exércitos permanentes e profissionais,
subordinados à autoridade da Coroa.
O crescente fortalecimento do poder dos reis atingiu seu ponto culminante no
século XVII. O absolutismo significou a grande concentração de poder político nas
mãos dos reis, numa época em que as atividades comerciais se expandiam e a burguesia
acumulava riqueza. Um fator que também contribuiu para fortalecer os reis foi a
Reforma Protestante. A divisão do cristianismo enfraqueceu a autoridade do papa, que
deixou de ser aceito como uma autoridade universal. Nos países católicos , a Igreja
colocou-se ao lado ou sob a autoridade dos reis.

Teóricos do absolutismo:
O absolutismo tinha de ser justificado pela razão e pela fé para que as pessoas o
considerassem legítimo. Principalmente a burguesia, à medida que enriquecia,
ambicionava liberdade para realizar seus negócios sem o controle do Estado. Era
necessário , então, uma teoria que justificasse o poder absoluto dos reis sobre os reinos.
A base teórica de apoio ao absolutismo monárquico foi desenvolvida por importantes
escritores, entre eles Thomas Hobbes e Jacques Bossuet.

- Thomas Hobbes (1588-1679): filósofo inglês, defendia a ideia de que a


natureza humana era, desde sempre, má e egoísta. “O homem é o lobo do homem”,
dizia ele. Só um Estado forte seria capaz de limitar a liberdade individual, impedindo “a
guerra de todos contra todos”, como afirmou em sua principal obra, o Leviatã. Em
resumo, o indivíduo deveria dar plenos poderes ao Estado, renunciando à sua liberdade,
a fim de proteger à sua própria vida.

- Jacques Bossuet (1627-1704): bispo e teólogo francês, foi um dos mais


importantes intelectuais da corte do rei Luís XIV, o mais absolutista dos reis da França.
Em seu livro Política tirada da Sagrada Escritura , desenvolveu a doutrina do direito
divino dos reis, segundo a qual o poder dos reis expressava a vontade de Deus. Sendo o
poder monárquico sagrado, qualquer rebelião contra ele era pecado e crime. Para
Bossuet, a autoridade do rei era de origem divina, e portanto , incontestável e ilimitada.

É possível perceber uma diferença no pensamento dos dois teóricos. Enquanto


Hobbes defendia o absolutismo com base na razão humana, no argumento de que era
necessário garantir a segurança dos indivíduos, o bispo Bossuet fundamentava sua
defesa na religião, na fé.
Apesar do absolutismo ter sido uma forma de governo específica da Europa da
Idade Moderna, o apóstolo Paulo, do século I, e Agostinho de Hipona, do século III,
defenderam a existência de governos fortes. E mesmo na Idade Contemporânea, muitos
governos, sejam monarquias, sejam repúblicas, constitucionais e democráticas ou
ditatoriais, frequentemente usam estes mesmos argumentos, a necessidade da ordem
estabelecida pelo bem da sociedade e para a segurança dos indivíduos unida muitas
vezes à argumentos ou símbolos que evocam à religião.

A aliança entre os reis e a burguesia:


A burguesia, grupo social até então marginalizado na sociedade medieval,
associou-se aos reis, que eram também senhores feudais. Nessa aliança, caberia ao rei
acabar com as constantes guerras, reduzir o número de moedas em circulação, diminuir
os impostos cobrados pelos senhores feudais e incentivar o comércio; e à burguesia
caberia fortalecer a autoridade do rei, sustentar a economia do reino e financiar os
exércitos e guerras reais. Com esta aliança o rei pôde se tornar o mais poderoso entre os
nobres e anexar diversos feudos numa vasta extensão territorial sob sua autoridade, o
reino.
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V
IDADE MODERNA
Na Idade Média, a terra é que era a fonte de riqueza e poder, mas depois da
ascensão da burguesia isso mudou. O ouro e os metais preciosos, materiais usados na
fabricação das moedas, passaram a ser a fonte de riqueza e poder político e econômico.

Marcos da modernidade:
- Político: formação do estado moderno nacional soberano;
- Econômico: Mercantilismo e comércio;
- Social: ascendência da burguesia;
- Cultural: Renascimento;
- Religioso: Reforma Protestante.

Características do estado moderno:


- Idioma oficial, geralmente comum;
- Fronteiras territoriais definidas;
- Soberania governamental nacional;
- Exército permanente;
- Moeda única nacional.

Os primeiros estados modernos nacionais da Europa:


- Portugal: mais ou menos pelo século XII unificou-se sob a dinastia (família
real que dominava e governava o país) de Borgonha com o rei D. Henrique. Pelo século
XIV consolidou-se a unificação com a revolução de Avis que levou ao poder a dinastia
do mesmo nome, com o rei D. João. Portugal foi o primeiro estado nacional soberano da
Europa Ocidental.
- Espanha: Pelo século XIV começou a unificação do país com o casamento de
Isabel de Castela, a católica, com Fernão de Aragão. A unificação total se deu com a
expulsão dos mouros (árabes e bérberes muçulmanos) do sul do país (Reino de
Granada).
- França: Pelo século XIII, a unificação iniciou sob a égide da dinastia dos
Capetos. A consolidação se deu com Luís XIII e Luís XIV.
- Inglaterra: Pelo século XV, o país unificou-se sob a dinastia Tudor. Nesse país
os reis, apesar de alguns momentos de governo absolutista, tiveram sob pressão de
outros nobres que dividir desde cedo o poder com o Parlamento.

O início do estado moderno:


Entre os séculos XII e XV, começou uma crise no sistema feudal que oprimia ao
extremo e explorava os não-nobres. A nobreza tinha o seu poder baseado na terra que
era cultivada por servos, que estavam presos a necessidade de subsistência sob a
proteção do senhor feudal. A crise se tornou grave com as constantes guerras, épocas de
fome e pestes.
Nessa época, a cultura era muito influenciada pela fé, e a ideologia humana
estava voltada para Deus e a Igreja.
A economia medieval era baseada na terra. Existiam muitos padrões monetários
que dificultavam muito o comércio, principalmente o local.
Politicamente não havia estado soberano, mas sim aglomerações de feudos.
Com a ascensão da burguesia (ricos comerciantes, banqueiros, cambistas, donos
de manufaturas etc), grupo social até então marginalizado, houve mudanças na
mentalidade administrativa, social e econômica. Os burgueses se uniram aos reis,
fazendo com estes uma aliança: o comércio sustentaria o reino, e o rei protegeria e
incentivaria o mesmo.
Com a centralização do poder nas mãos dos reis, criou-se a monarquia nacional
absolutista, e instituiu-se uma soberania nacional. Este foi o início da Idade Moderna.
O homem começou a olhar mais para si mesmo, buscando na Idade Antiga,
principalmente nos modelos gregos e romanos, inspiração para alcançar seus novos
objetivos. A sociedade começava a deixar o teocentrismo e a tornar-se antropocêntrica.
Formaram-se países como Portugal, Espanha e Inglaterra, que se destacaram no
comércio marítimo. A França tornou-se um marco do absolutismo monárquico, com os
governos de Luís XIII e Luís XIV.
Esse era o segredo da formação do estado moderno: a soberania unida a um
território definido, com idioma oficial, moeda nacional, exército permanente, tudo sob o
governo de um rei poderoso.
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VI
MERCANTILISMO
Definição: política econômica empreendida pelo Estado nacional, visando o
acúmulo de metais preciosos. Esta política se realizava principalmente através de
práticas mercantis.
Princípios:
- Metalismo: acúmulo de metais preciosos.
- Balança comercial favorável: vender mais e comprar menos, para manter forte
o tesouro nacional. Procurava-se evitar a saída de metais preciosos do país, e incentivar
a sua entrada.
- Protecionismo: criação de leis de incentivo à indústria e às manufaturas, e taxas
para produtos importados.
- Intervencionismo estatal: o Estado intervinha e controlava a economia do país.
- Manutenção de colônias.

Períodos do Mercantilismo:
- Século XVI: política metalista;
- Primeira metade do século XVII: preocupação com o comércio externo;
- Segunda metade do século XVII: política protecionista e tentativa de pôr a
balança comercial favorável.
- Século XVIII: Pacto colonial. A colônia era obrigada a comprar produtos
manufaturados da metrópole, que detinha o monopólio. Exemplificando: no caso do
Brasil, colônia de Portugal, havia na colônia uma classe senhorial dona de escravos,
elite agrária, que vendia matéria-prima para a metrópole, onde estavam o rei e uma
burguesia manufatureira, que vendia para a colônia produtos manufaturados. Uma outra
elite muito poderosa nesse comércio, e que estava presente tanto na colônia quanto na
metrópole, eram os traficantes de escravos que forneciam esta mão-de-obra para a
colônia.

Tipos de colônias:
- Colônia de exploração: colônia na qual a metrópole retirava as matérias-primas
e implantava o Pacto Colonial. Neste tipo de colônia a mão-de-obra era escrava e a
agricultura era do tipo monocultura extensiva visando a exportação;
- Colônia de povoamento: território onde os colonos visavam formar famílias e
fixar-se definitivamente. Neste tipo de colônia havia policultura de subsistência e mão-
de-obra livre assalariada.
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VII
A EXPANSÃO MARITIMO-COMERCIAL EUROPEIA
Causas:
- Busca de um novo caminho para o Oriente, de onde provinham as especiarias
(cravo, canela, noz-moscada, gengibre e produtos de luxo como marfim, porcelana, ceda
etc).
- A necessidade de novos mercados. A Europa precisava ampliar-se
comercialmente.
- Falta de metais preciosos na Europa.
- Formação dos Estados Nacionais Soberanos, com a aliança entre os reis e a
burguesia.
- Propagação da fé cristã, principalmente sua corrente católica apostólica
romana, aos gentios (pessoas não cristãs) das terras onde se expandia a colonização.
Este foi o principal motivo ideológico.

As Navegações Portuguesas:
As mais importantes causas das navegações lusitanas foram:
- A centralização administrativa de Portugal com a Revolução de Avis, que no
século XIV, colocou no poder a dinastia (família real) de mesmo nome.
- País sem guerras.
- Formação precoce da monarquia nacional;
- Fracasso da economia lusitana;
- Nascimento de uma burguesia em ascensão;
- Alto preço das especiarias;
- Tomada da cidade de Ceuta (Marrocos) em 1415;
- Progresso técnico na construção de navios e equipamentos náuticos.

Antecedentes:
Portugal – pioneiro na expansão marítima comercial.

Marcos das Expedições Lusas:


- Conquista da cidade de Ceuta (Marrocos) em 1415.
- Criação de um centro avançado de navegação pelo infante D. Henrique.
Durante anos este centro de navegação, que ficava no palácio real de Sagres, foi
denominado pela historiografia lusitana de “Escola de Sagres”. No entanto, alguns
historiadores acreditam que tal “escola”, como instituição, nunca existiu, sendo esta
uma criação da historiografia lusitana para exaltar as navegações portuguesas.
Objetivos da expansão:
- Encontrar as Índias para comerciar;
- Contornar a África através da navegação por cabotagem, também chamado de
périplo africano. Contornar a África era necessário pois o mar Mediterrâneo estava
dominado por árabes e italianos;
- Incentivar a busca de outras rotas.

Comércio entre a África e Portugal:


Portugal comprava produtos na Holanda e os vendia na África, onde compravam
produtos africanos e escravos.

As navegações portuguesas:

Bartolomeu Dias – atravessou o Cabo das Tormentas em 1488.


Vasco da Gama – chegou às Índias em 1498.
Pedro Álvares de Gouveia (mais tarde recebeu o sobrenome do pai, ficando
Pedro Álvares Cabral) – objetivava chegar às Índias, e montar um posto comercial
monopolizado por Portugal (feitoria). Em 1500, Cabral tomou posse do Brasil.

As Navegações Espanholas:
Os principais incentivadores das navegações espanholas foram os reis Fernão de
Aragão e Isabel de Castela (a católica). A serviço destes reis, destacou-se a figura do
navegador Cristóvão Colombo, que descobriu a América em 1492.

A Bula Intercoetera (1493):


Após a descoberta de Colombo, em 1492, firmou-se entre a Espanha e Portugal,
a divisão de suas terras. Portugal, descontente, lançou a ideia de uma melhor divisão em
1494 com o Tratado de Tordesilhas.
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VIII
O HUMANISMO OU RENASCIMENTO

Obs.: O termo “humanismo” é usado de uma forma mais ampla, global. Já o termo
“renascimento” se restringe a um caráter mais específico e regional.

Definição: O humanismo ou renascimento deve ser entendido como um


movimento intelectual de valorização da antiguidade clássica (as culturas da Grécia e
Roma antigas). Representando a glorificação do homem, tornado como centro de todas
as indagações e preocupações.
O humanismo trouxe à sociedade europeia uma ideologia antropocêntrica, típica
do período grego e romano, em oposição à ideologia teocêntrica, típica do período
medieval. Antropocentrismo significa “o homem no centro”, e teocentrismo significa
“Deus no centro”; no centro de todas as coisas, no centro das indagações e prioridades
da sociedade. O antropocentrismo resgatou o ideal grego que afirmava: “O homem é a
medida de todas as coisas”.
Mercadores e banqueiros queriam contestar os valores medievais que não eram
seus. Tinham interesse em financiar artistas que divulgassem os novos valores
humanistas. O financiamento de artistas, pintores, escultores, escritores e pesquisadores
por parte dos burgueses e dos reis, chamou-se mecenato. Os mecenas, ou seja, os
promotores e financiadores de artistas, faziam isso visando também à autopromoção.
Tudo isso criou condições para o surgimento e divulgação dos valores humanistas.

Renascimento literário
Principais autores e obras:
- Dante Aligheri, da região da Itália, escreveu “A Divina Comédia”.
- Nicolau Maquiavel, da região da Itália, escreveu “O Príncipe”.
- Luís de Camões, de Portugal, escreveu “Os Lusíadas”.
- William Shaskespeare, da Inglaterra, escreveu “Romeu e Julieta” e “Otelo”.

Renascimento Artístico
- Leonardo Da Vinci, pintou o famoso quadro “A Monalisa”. E além de pintor,
também foi desenhista artístico e técnico, engenheiro, pesquisador e inventor de
máquinas como os protótipos da bicicleta e do helicóptero.
- Miguel Ângelo, ou Michelangelo, pintou a famosa Capela Sistina.

Renascimento Científico
- Nicolau Copérnico, formulou a Teoria Heliocêntrica.
- Giordano Bruno, formulou a teoria do Universo Infinito.
- Galileu Galilei, confirmou a teoria de Copérnico.
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IX
A REFORMA PROTESTANTE
Durante a ocupação romana na Palestina, surgiu um homem que pregava a
revelação de Deus. Esse homem afirmava ser o filho do Deus único dos judeus. Seu
nome era Jesus. Aos 30 anos ele começou sua pregação e conseguiu fazer diversos
seguidores. Dentre esses seguidores destacaram-se aqueles que Jesus chamou de
discípulos e que ele deu a missão de continuar a pregar suas doutrinas.
Os sacerdotes hebreus consideraram Jesus um herege, pois não concordavam
com suas afirmações de ser o filho de Deus. Na Israel sob domínio romano, as correntes
do judaísmo brigavam por deter o monopólio da religião e ter algum controle sobre o
povo e adquirir prestígio junto aos invasores romanos. Os sacerdotes judeus,
insatisfeitos com as ações de Jesus e suas idéias, o prenderam e o acusaram de
corromper a ordem pública, além de falsamente o acusarem de negar-se a pagar
impostos a Roma. Jesus foi entregue ao poder romano, representado por Pôncio Pilatos,
este o condenou à crucificação por temer uma possível revolta na cidade de Jerusalém,
que estava repleta de peregrinos para a festa da Páscoa. Após a morte de Jesus, seus
apóstolos foram aos poucos rumando para terras distantes em busca de converter
adeptos ao cristianismo. Os convertidos formavam comunidades e assembléias de culto
que se chamavam Igrejas. Um dos apóstolos que mais se destacou foi Paulo. Paulo era
um judeu que chegou a perseguir cristãos. Porém converteu-se ao cristianismo e fez
viagens a diversas cidades gregas pregando o evangélio. Chegou até Roma, junto com
Pedro, outro importante apóstolo. Com a chegada do cristianismo a Roma, ele logo se
difundiu entre a população. No início porém houve perseguições, como a decretada pelo
imperador Nero.
As perseguições foram freqüentes até 313, quando o imperador Constantino
decretou o Edito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos. Em 391, o imperador
Teodósio, fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano.
Como religião oficial, o poder da Igreja como instituição fortaleceu. Mesmo com
a desagregação do poder político no Império Romano do Ocidente, a Igreja permaneceu
organizada. Sua organização interna se consolidou e tornou-se complexa, com a criação
de uma hierarquia de sacerdotes como párocos, monges, bispos, arcebispos e por fim o
papa.
Desde o início do Cristianismo este enfrentou diversas vezes na história, o
surgimento de ideias conflitantes aos seus fundamentos. Ao longo da sua história, a
religião cristã sofreu influências pagãs e culturais greco-romanas, que moldaram seus
dogmas, sua liturgia e a administração da Igreja como instituição. Desde o início
também surgiram, em um momento ou outro, diversas heresias (ideias contrárias ou
diferentes dos dogmas firmados e aceitos como regras religiosas).
Ainda no período do Império Romano, a igreja já havia se dividido em duas
instituições: a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma; e a Igreja
Ortodoxa, que dominava o Leste Europeu, o Oriente-Próximo e o Egito.
Durante o período medieval, a Igreja Católica lutou ferozmente para impor a
autoridade do papa (bispo de Roma que assumiu a chefia da Igreja como instituição),
acabar com os resquícios de paganismo na Europa Ocidental (mesmo que para isso,
muitas vezes, tivesse que assimilar e misturar rituais, costumes e tradições pagãs ao
cristianismo) e tentar em vão reunificar nominalmente toda a cristandade.
Devido às imposições da Igreja e às influências recebidas, muitos grupos
surgiram com contestações a alguns dogmas e costumes. As vezes a Igreja reprimia e
perseguia tais grupos como heréticos, outras vezes os assimilava.
No fim da Idade Média, grupos fora e dentro da Igreja começaram a pedir
algumas reformas. Alguns indivíduos de dentro da própria igreja, impulsionados
inclusive pelo humanismo, contestaram fortemente alguns dogmas, costumes e a
autoridade papal. A intenção inicial dos reformadores não era dividir a Igreja, mas
reformá-la para restituir sua condição aos moldes do cristianismo inicial.
No processo da Reforma, muitos seguidores da Igreja, tinham também outros
motivos para “abraçar” as novas ideias, além ou aquém dos motivos espirituais: reis
queriam se ver livres da autoridade do papa que muitas vezes se envolvia na política de
seus países; e burgueses queriam livrar-se de uma liderança religiosa que via com maus
olhos seus projetos de lucro e prosperidade financeira.

Os Pecados da Igreja:
A Igreja pregava salvação através de esmolas e doações. Também vendia
indulgências (perdão de pecados), cargos eclesiásticos , imagens de santos e “relíquias
milagrosas”.

Lutero
Martinho Lutero, monge agostiniano, protestou contra a venda de indulgências e
fez uma reação de 95 teses combatendo os erros da Igreja. Seus ensinamentos
propagaram-se principalmente na Alemanha, sua terra natal. Para Lutero o homem só
podia ser salvo mediante à fé em Jesus.

Calvino
João Calvino, francês, dinamizou o movimento reformista, ampliando a doutrina
luterana, afirmando que o homem seria salvo pela suprema vontade de Deus que
predestinava à salvação aqueles que Ele bem entendesse. Outra característica das ideias
de Calvino era o fato deste ver com bons olhos o lucro e a prosperidade econômica,
tidos como “sinais” das bênçãos divinas e consequentemente da predestinação ao céu
(Essa ideia deu origem à Teologia da Prosperidade). Por essas ideias, Calvino tornou-se
o reformador da burguesia.
Obs.: Nomes dos calvinistas:
- Presbiterianos na Escócia,
- Igreja Reformada na Holanda,
- Puritanos na Inglaterra.

A Reforma Anglicana
Em 1534, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, através do Ato de Supremacia
separou-se da Igreja Católica. O problema entre o rei e a Igreja iniciou-se com o pedido
de divórcio por parte deste ao papa. Com a recusa do pontífice, o rei decidiu assumir a
chefia da Igreja na Inglaterra e cortar os laços com Roma.

A Contrarreforma ou “Reforma” Católica


Devido ao movimento reformista protestante a Igreja Católica tomou atitudes em
resposta às contestações e a perda de parte de seu “rebanho”.
Entre 1545 e 1563 ocorreu o Concílio de Trento, que discutiu sobre o
movimento reformista e suas consequências, e o que a Igreja deveria fazer em relação a
isso. A Igreja decidiu reafirmar seus dogmas e refutar as contestações dos reformadores.
Além disso, ficou oficializada a criação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição),
além da criação de várias ordens religiosas, entre as quais a mais destacada da época foi
a Cia de Jesus ( Jesuítas) em 1534 por Ignácio de Loyola.

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XI
Período pré-colonial da América Portuguesa (1500-1530)
Razões do abandono da terra: próspero comércio com as Índias.
Neste período não houve povoamento nem colonização da Terra Brazilis. Mas
houve extração do pau-brasil. Fernão de Noronha, também conhecido como Fernando
de Noronha ou Fernão de Loronha, comprou o monopólio de extração de pau-brasil.
Uma colonização começou a ensaiar-se a partir da extração de pau-brasil, como
um monopólio real que garantia lucros à Coroa.
Utilizava-se o escambo, que é a troca de mercadorias, com os índios. Estes
recebiam bugigangas dos portugueses, e em troca faziam para estes a extração do pau-
brasil. Tal troca era considerada justa, pois ambas as partes ficavam satisfeitas.
Começou haver invasões estrangeiras ao longo do litoral. Os franceses foram os
que mais frequentemente passaram pelas costas brasileiras. Então, os portugueses
enviaram expedições para defender o litoral. Tais expedições foram chamadas de
“Guarda-costas”. Tal defesa não surtiu muito efeito.
Então, o rei fez a tentativa de estabelecer a defesa da colônia e um comércio
lucrativo através das Capitanias Hereditárias. Das quinze capitanias, apenas duas
prosperaram, devido aos investimentos estrangeiros: São Vicente e Pernambuco. As
capitanias eram divididas em sesmarias, que eram lotes de terra doados, através de
carta-real, a proprietários em troca de um pagamento que era revertido em impostos ao
rei.

XI
Os Governos-Gerais da América Portuguesa
A função do Governo-Geral era centralizar o poder político e cobrar impostos
atrasados.
Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral (1549-1553). Ele trouxe o gado
e fundou engenhos.
O segundo Governador-Geral foi Duarte da Costa (1553-1558). Durante seu
governo houve a invasão francesa no Rio de Janeiro. Os franceses pretendiam fundar a
França Antártica.
O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá, expulsou os franceses do Rio (1558-
1578) com a ajuda do chefe indígena Ararigbóia e seu sobrinho Estácio de Sá.
O Governador-Geral cuidava da centralização administrativa. Abaixo dele
estavam: o Ouvidor-mor, que cuidava da justiça; o Provedor-mor, que cuidava das
finanças; e o Capitão-mor, que cuidava da defesa.
A sede do Governo-Geral era na Bahia, em Salvador. Havia os poderes locais,
que governavam em nome do Governo Geral: as Câmaras municipais. Os líderes das
Câmaras eram chamados de “homens bons”.

O Pacto Colonial (séc. XVI)


O Pacto Colonial representa as ligações comerciais entre a metrópole e a
colônia, onde a primeira fixava os valores desta transação, e a segunda servia apenas
como complementação da economia da primeira.

XII
Ciclo da cana-de-açúcar
- Produção açucareira: lucro rápido de um produto conhecido no mercado
europeu;
- Investimento holandês em troca de exclusividade no refino, transporte e
comércio na Europa;
- Latifúndio e mão-de-obra barata;
- Produção para exportação.

Sociedade açucareira: - Senhor de engenho, homens livres pobres e escravos.


Os homens livres pobres eram mascates, mercadores, professores dos filhos dos
senhores de engenho, ou homens que plantavam nas terras do senhor produtos de
subsistência.
O açúcar e o alargamento das fronteiras: A obtenção de terras para o plantio da
cana, levou aos agricultores a irem para o interior do país. O gado no engenho era usado
como força motriz que movia as “máquinas” do engenho.

XIII
Presença estrangeira no Brasil
Franceses (1555-1567) – Rio de Janeiro – França Antártica.
Entre 1612 e 1615, os franceses, fixados no Maranhão, tentaram bloquear
a passagem dos navios espanhóis vindos do Caribe, lotados de metais preciosos.
Portugal os expulsou com a ajuda da Espanha.
Holandeses – invadiram o nordeste, onde havia o cultivo da cana.
XIV
União Ibérica (1580-1640) – Portugal e Espanha
Principal consequência disso para o Brasil: A Holanda, inimiga da
Espanha, não pode mais participar da empresa açucareira. Os holandeses perderam com
a União Ibérica, o direito de comercializar o açúcar brasileiro. Por causa disso, eles
invadiram o nordeste brasileiro. Há destaque na história para o governo de Maurício de
Nassau em Pernambuco. Em 1657, os holandeses foram expulsos do nordeste pelos
ibéricos, com a ajuda da Inglaterra.

Consequências da saída dos holandeses:


- Produção de açúcar nas Antilhas pela Holanda, fazendo concorrência
com o produto brasileiro. Os preços caíram no mercado europeu, o que gerou
decadência na economia portuguesa, pois o único produto feito para exportação era o
açúcar.

XV
A expansão territorial da América Portuguesa (séc. XVI-XVIII)
Do Amazonas ao Rio da Prata formaram-se núcleos de povoamentos da
colônia portuguesa desrespeitando o Tratado de Tordesilhas. Foram chamadas de
oficiais, as conquistas territoriais que tinham caráter militar (defesa de fronteiras) ou
religioso (missões); e extraoficiais, as ocupações feitas por canavieiros e bandeirantes.
Os canavieiros ajudaram a empurrar a fronteira para o interior com a
necessária busca de terras para o cultivo e para o gado.
Os bandeirantes proviam da capitania de São Vicente. Adentravam no
interior fazendo a preagem de índios (que eram vendidos aos senhores de engenhos).
Após a descoberta do ouro no interior, as bandeiras passaram a se dedicar à mineração
(séc. XVIII).
A descoberta de ouro desencadeou uma corrida às regiões onde o ouro
havia sido encontrado. Vieram tantos exploradores, tanto de regiões da colônia, quanto
da metrópole.
Os bandeirantes se revoltaram contra os portugueses, que eram chamados
por aqueles de emboabas. A tensão entre bandeirantes e emboabas desencadeou a
Guerra dos Emboabas.
Havia também o sertanismo de contrato, em que os bandeirantes
ofereciam-se para qualquer atividade no interior da colônia.

XVI
O ciclo do ouro (séc. XVIII)
Situação da metrópole no século XVIII:
- Crise econômica motivada pela decadência do comércio de especiarias
e açúcar;
- Tratados comerciais desfavoráveis com a Inglaterra;
- Tratado de Methuen: Portugal vendia vinhos à Inglaterra em troca de
industrializados. Isso fazia a balança comercial de Portugal se tornar desfavorável.

A descoberta do ouro no Brasil:


- Guerra dos emboabas: revelou a disputa entre colonos e portugueses
pelas minas de ouro.
- Cidades surgiram devido aos locais de mineração estarem em lugares
desertos, longe das moradias habituais. Houve ressurgimento de mercados e pensões em
volta das áreas de mineração.
- Surgimento do mercado consumidor interno. No sul do Brasil, por
exemplo, havia a criação de gado para a venda de charque para as áreas mineradoras. Os
bandeirantes vetados para a mineração, se tornaram comerciantes destes produtos.

Métodos de exploração:
1) faiscação ou garimpagem: método mais simples, com mão-de-obra
livre e poucos recursos. O minerador trabalhava só ou com a família.
2) lavras: processo mais sofisticado. Grandes áreas mineradoras, onde se
usava mão-de-obra escrava e muitos recursos.

Administração da produção:
A metrópole concedia terras a pessoas para explorar o ouro, e estas
pessoas pagavam 20% (o quinto) em impostos. Isso era para evitar o
contrabando.
Havia os superintendentes, que notificavam a Coroa o descobrimento das
minas e registravam documentos de cessão de lotes da área de garimpagem.
Abaixo dos superintendentes, havia os guardas-mores que faziam a divisão física
da área de garimpo.
Os impostos cobrados eram:
- Quinto: 20% do ouro;
- Capitação: imposto cobrado por número de escravos na mina.
Houve aumento do contrabando, então Portugal criou no Brasil as Casas
de Fundição. Tais casas fundiam o ouro em barras com o selo real, tornando-o
legal. A cobrança do quinto, que então havia aumentado para 25%, era feito
nestas casas.
O ouro explorado era de aluvião (de leito de rios), e por isso escasseou
rapidamente. Houve queda na arrecadação do imposto do quinto, e Portugal
taxou que deveria recolher 1,5 tonelada de ouro por ano. Tal recolhimento
também caiu, e isso deu origem à derrama, que era a cobrança do ouro excedente
dos mineradores.

Mudanças na colônia devido ao ciclo do ouro:


-Aumento da população, devido à chegada de muitas pessoas de Portugal
por causa da “corrida do ouro”;
- Surgimento do mercado interno;
- Mudança do eixo econômico, que saiu do nordeste (área da cana) para o
sudeste (área do ouro);
- Aumento do número de escravos no Brasil;
- Aumento no número de alforrias;
- Comércio externo reativado pela mineração;
- Mudanças na sociedade.

O fim do ciclo do ouro:


Esgotaram-se os aluviões, e o ouro das minas não podia ser explorado
por falta de técnicas.

Revoltas de escravos:
Houve resistência dos escravos desde o início da escravidão. Mas
somente a partir da época do ouro é que se registraram suas revoltas. O trabalho
na mineração era rígido e desumano, e isso gerava um descontentamento dos
escravos. Havia escravos que roubavam o ouro na garimpagem para comprar sua
liberdade.

XVII
Renascimento agrícola na América Portuguesa(séc. XVIII)
- Gerado pelo fim do ciclo do ouro;
- O algodão foi produzido para o mercado externo, bem como o açúcar e
o tabaco;
- O que motivou fortemente o renascimento agrícola foi a Revolução
Industrial que provocou a demanda de matéria-prima para diversas indústrias
como a têxtil, por exemplo;
- Acabou a prática da monocultura e incentivou-se a diversificação dos
produtos;
- Início das revoltas de independência, com as divergências entre colonos
e metrópole.

XVIII
Crise no Antigo Regime
- A Revolução Industrial quebrou a noção que o comércio era a única
atividade lucrativa possível;
- A independência dos EUA revelou a fragilidade da colonização e deu
exemplo para outras colônias;
- A Revolução Francesa fechou a Idade Moderna e a preponderância do
absolutismo e do mercantilismo, ao mesmo tempo que inaugurou o sistema
capitalista e a política de base burguesa.
A crise do Antigo Regime na metrópole portuguesa:
- Reformas pombalinas: tentativa do governo português de acabar com a
crise econômica. O marquês de Pombal, secretário de Estado, iniciou uma série
de reformas com esse intuito.
- As reformas pombalinas mais importantes foram:
* Fazer de Portugal um país independente economicamente, negando-se
a pagar as dívidas com a Inglaterra e bloquear os tratados com a mesma;
* Explorar ao máximo as colônias ultramarinas; principalmente o Brasil,
com o aumento do quinto, a criação da derrama, a expulsão dos jesuítas ( que
eram contrários aos objetivos do rei).

A crise do Antigo Regime e suas consequências no Brasil:


O contexto na colônia era de fim do ciclo do ouro e início do
renascimento agrícola. A principal conseqüência da crise do Antigo Regime no
Brasil foi a eclosão das primeiras revoltas visando a emancipação da colônia.
As revoltas ocorridas na América Portuguesa (Brasil) no século XVII e
inícios do XVIII foram chamadas pelos historiadores de “nativistas”. Esse nome
se devia ao fato de que alguns colonos queriam reformas que dessem vantagens
aos interesses daqueles que estavam no Brasil. Essas revoltas nativistas não
tinham, no entanto, caráter emancipacionista.
Suas causas foram geralmente “pessoais”, ou seja, grupos de elite
colonial requeriam mudanças que os beneficiassem.
As principais revoltas nativistas foram:

- Revolta de Beckman ( 1684): ocorrida no Maranhão. Liderados elos


irmãos Manoel e Tomás Beckman, fazendeiros se rebelaram contra a má
administração da Companhia de Comércio do Maranhão e contra a proibição da
escravização indígena. Foram derrotados, mas a Companhia acabou encerrando
suas atividades. Manoel foi morto; Tomás desterrado.

- Guerra dos Mascates ( 1709-11): Ocorrida em Pernambuco. Revolta dos


ruralistas de Olinda contra a emancipação de Recife decretada pelos
comerciantes portugueses que vinham da Metrópole (os mascates). Os reinóis
detinham o poder econômico, mas não o político, pois Recife era parte de
Olinda. A separação provocou a reação olindense. A Coroa interviu e Recife
manteve sua autonomia.

- Revolta de Vila Rica (1720): Ocorrida em Minas Gerais. Também


conhecida como Revolta de Felipe dos Santos. Foi uma reação da população
contra às Casas de Fundição e às taxas excessivas cobradas nelas. O movimento
foi derrotado, e Felipe dos Santos, um dos líderes, enforcado e esquartejado.

- Guerra dos Emboabas (1708-09): Conflito entre bandeirantes,


descobridores das jazidas de ouro, e garimpeiros que vieram da Metrópole e de
outras partes da colônia – os emboabas – também interessados em explorar as
novas riquezas. Os bandeirantes foram derrotados. No fim do conflito, a Coroa
criou as capitanias de São Paulo e Minas Gerais (ou das Minas do Ouro).

- Aclamação de Amador Bueno (1641): Ocorrida em São Paulo. Com a


notícia da restauração da monarquia portuguesa, após o fim da União Ibérica,
alguns paulistas resolveram desligar-se de Portugal e proclamaram o fazendeiro
Amador Bueno como rei de São Paulo. Porém, Amador não aceitou e o
movimento se desfez.

No final do século XVIII, surgiram revoltas que foram chamadas de


inconfidências. Essas tinham caráter emancipacionista, e eram geralmente
apoiadas por uma elite que desejava separar-se de Portugal.
A Inconfidência (ou Conjuração) Mineira eclodiu em 1789.
Suas causas: descontentamento da elite mineradora com a taxação da
derrama pelo marquês de Pombal; e com o Alvará de 1785 (que proibia a
instalação de manufaturas no Brasil) pela rainha Maria I, a louca.
As origens das bases da Inconfidência Mineira estão na Revolução
Francesa e na Independência dos EUA.
A rebelião não chegou a acontecer de fato, pois os revoltosos foram
traídos, e a partir daí, tomados como alvo da investigação do governo
metropolitano, chamados de Altos da Devassa. De todos os conjurados apenas
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), foi condenado a forca e ao
esquartejamento de seu cadáver.

Outra Inconfidência foi a Baiana, ocorrida em 1798. Sua principal


influência foi a fase jacobina (quando o povo pegou em armas) da Revolução
Francesa. Caracterizou-se pela presença do povo na luta. Eles pediam a
libertação dos escravos, entre outras menores requisições. A luta iniciou com a
organização de sociedades secretas, seguida da distribuição de panfletos para a
população com ideias emancipacionistas. A repressão atingiu mais a pessoas do
povo.
O projeto político das inconfidências:
a) Inconfidência Mineira: Governo emancipado de base iluminista. Não
pretendia acabar com a escravidão. Foi o primeiro movimento contra o Pacto
Colonial.
b) Inconfidência Baiana: República, igualdade jurídica, liberdade de
comércio, trabalho livre e fim da escravidão, além da participação popular na
política.
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PROF. FABIANO DE JESUS

XIX
A INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS INGLESAS DA
AMÉRICA DO NORTE
Fundação das 13 colônias:
A Inglaterra povoou a costa leste da América do Norte, território que foi
abandonado pela Espanha. Os povoadores ingleses eram em sua maioria
refugiados puritanos que encontraram na América a segurança para exercer sua
religião.

- Diferenças na colonização:
* Colônias de povoamento do Centro e do Norte: possuíam um clima
idêntico ao inglês, a agricultura era do tipo de subsistência e de policultura, a
mão-de-obra era livre, havia bom desenvolvimento de áreas urbanas, livre
comércio (não sujeito ao Pacto Colonial), e uma sociedade sem extremos
socioeconômicos.
* Colônias de exploração do Sul: caracterizavam-se pela “Plantation”
(terras de monoculturas), economia de exportação, latifúndio, mão-de-obra
escrava africana, clima subtropical, dependência econômica à metrópole (Pacto
Colonial) e sociedade com extremos socioeconômicos.

- Governos das colônias:


Os representantes das colônias governavam assessorados por uma
Assembleia eleita pelos colonos.

- Relação entre as colônias e a metrópole:


Autonomia administrativa. Porém a partir da Revolução Industrial, a
metrópole reinicia a tentativa de controlar todas as colônias.

- Outras causas da independência:


1) Guerra dos Sete Anos (1756-63):
* Conflito entre Inglaterra e França travado no Continente Americano e
na Europa.
* Houve participação forte dos colonos.
* Vitória inglesa com grande perda econômica.

2) Leis Intoleráveis:
* Aumento de impostos.
* A difusão de ideias iluministas eram contrárias aos impostos decretados
por lei real: Lei do Selo, Lei do Chá, Lei do Açúcar etc).
* Reação colonial em 1774 com o primeiro Congresso Continental da
Filadélfia.

3) Guerra da Independência:
* Após a aprovação da Declaração de Independência em 4 de julho de
1776, iniciaram as lutas dos colonos pela independência.

- A Guerra de Independência dos EUA (1776-83):


França e Espanha ajudaram os colonos a lutarem contra a Inglaterra. As
lutas duraram cerca de sete anos. Os colonos americanos foram liderados por
George Washington. Diversos estrangeiros participaram da guerra,
principalmente na Batalha de Saratoga, onde iniciou a participação francesa; e a
Batalha de Yorktown, com forte participação espanhola. No fim da guerra,
houve vitória dos americanos, e em 1783 a Inglaterra reconheceu a
independência americana.
A Formação dos EUA
Duas facções fizeram propostas sobre a formação política dos EUA. A
facção liderada por Thomas Jefferson, que se intitulava republicanos, e pregava
menos poder central e mais poder aos estados federados; e a facção liderada por
George Washington, que pregava um forte poder central.
A Constituição americana foi promulgada em 1787 e trouxe a fusão das
ideias das duas facções. Formou-se uma República Federativa Presidencialista
com divisão de poderes em três. George Washington foi o primeiro presidente
eleito em 1789.

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PROF. FABIANO DE JESUS

XX
A REVOLUÇÃO FRANCESA

Antecedentes:
- Crise econômica: a França mantinha-se com características feudais e
disputava mercados com a Inglaterra (nação produtora de manufaturados).
- Crise social: lutas entre os Estados (ordens sociais).

A sociedade francesa do século XVIII era formada por grupos sociais


denominados ordens ou Estados. Acima de todos estava o rei absoluto; abaixo
do rei estava o 1° Estado ou ordem do clero; abaixo estava o 2° Estado ou ordem
da nobreza; e abaixo de todos estava o 3° Estado ou a ordem formada pelos não-
nobres e não-clérigos, ou seja, o povo formado por burgueses, camponeses
(servos e vilões) e trabalhadores.
O rei, o 1° e o 2° Estados estavam isentos de pagar impostos e tinham
diversos privilégios, muitos deles ainda feudais. O peso dos impostos recaía
sobre o 3° Estado formado pelas massas trabalhadoras, que sustentavam todo o
aparato estatal, o rei, a nobreza e o clero. Dentro do 3° Estado crescia em
número a burguesia, que tinha valores fortemente influenciados pelo Iluminismo
que pregava contra o Absolutismo.

Obs.: A Revolução Francesa foi a prática dos ideais iluministas.

Os camponeses representavam a maioria da população francesa e


estavam presos ao regime de servidão. Esse regime impedia o desenvolvimento
da burguesia pois frequentemente não produzia excedentes nem matéria-prima
para manufaturas. No plano político, havia outro entrave para a burguesia, pois o
Estado era controlado pela nobreza, e esta não se interessava pelas atividades
comerciais.

Características Gerais:
No governo de Luís XIV (1643-1715) a crise econômica já era notada.
No governo de Luís XVI (1774) procurou-se amenizar a crise com a nomeação
de Turgot (fisiocrata) que tentou aplicar impostos ao 1° e 2° Estados, não
conseguindo demitiu-se em 1776. Necker substituiu Turgot, e tentou trazer a
público as dívidas do governo com o 1° e 2° Estados.
Em 1786 firmou-se um tratado de comércio com a Inglaterra. Pelo
tratado a Inglaterra venderia manufaturados à França em troca de produtos
agrícolas. Isso enfraqueceu ainda mais a economia francesa, que foi agravada
ainda mais por crises naturais como períodos de muita chuva alternados por
épocas de secas.

A Convocação dos Estados Gerais:


Luís XVI convocou esta Assembleia depois de um século após a última
convocação. A Assembleia dos Estados Gerais só funcionava em épocas de crise
extrema. Ela funcionava da seguinte forma:
Cada Estado tinha direito a um voto. Desde o início os representantes do
3° Estado já sabiam que iriam perder. Esses representantes reivindicaram então o
voto por cabeça e um número igual aos dos representantes dos 1° e 2° Estados
juntos. Para mostrar sua força, o 3° Estado desencadeou levantes populares pelas
ruas de Paris.

A Assembleia Nacional (1789-1791) – 1ª Fase da Revolução:


Após a convocação dos Estados Gerais (5/5/1789) e a saída dos
representantes do 3° Estado da sala de reuniões, eles declararam-se em
Assembleia Nacional.
Deu-se início então à 1ª jornada revolucionária, quando a população
iniciou levantes em Paris, destruindo a prisão chamada Bastilha em 14/7/1789,
começando efetivamente assim a revolução.
Em agosto, a revolução chegou ao interior da França, estabelecendo o
período chamado de “grande medo”, quando a nobreza tinha medo do povo, pois
este estava saqueando castelos e matando senhores. A Assembleia Nacional
voltou a reunir-se e decidiu pelo fim dos privilégios do 1° e 2° Estados. No dia
26/8 foi feita a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do cidadão.

A Monarquia Constitucional (1791-1792) – 2ª Fase da Revolução:


Em setembro de 1791, Luís XVI assina a Constituição francesa com
grande influência burguesa. Inicia-se a luta do 3° Estado para alçar o poder na
França.

As facções da Assembleia
Montanha: “Feuillants” ( burguesia financeira), Girondinos (burguesia
comercial e industrial) e Jacobinos ( pequenos burgueses das ruas).

Os nobres que haviam fugido na época do grande medo, tramaram com


coligações estrangeiras invadir a França e acabar com a Revolução , trazendo de
volta o Absolutismo. As coligações estrangeiras temiam que as ideias contra-
absolutistas chegassem aos seus países. Uma das primeiras coligações foi
formada pela Prússia e pala Áustria.

A Convenção (1792-1795) – 3ª Fase da Revolução:


Mais uma convocação da Assembleia Constitucional (convocação para a
Convenção) que destituiu o rei (pois este havia tentado fugir para países
vizinhos) e proclamou a República. O rei foi morto, e após sua morte, os países
vizinhos da França (Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra) uniram-se
mais uma vez para invadi-la.
Aproveitando-se da fraqueza do governo girondino (no poder desde a
morte do rei), os jacobinos tomaram o poder na França em 12 de julho de 1793.
Foram os jacobinos que instalaram o período de terror (grande número de
execuções de nobres na guilhotina).
O poder governamental foi dado ao Comitê de Salvação Pública, liderado
por Robespierre, que aboliu a escravidão nas colônias francesas, decretou o fim
dos privilégios e instituiu um novo calendário. As tropas da Convenção
venceram as tropas coligadas, mas nas investidas internas, perderam para a
burguesia.

O Diretório – 4ª Fase da Revolução:


O Golpe do Termidor (mês do calor)
A burguesia tomou o poder dos jacobinos e matou seus líderes populares.
Mesmo assim ainda sofria ameaças internas e externas. Para solucionar esta
crise, surgiu um general vencedor dos exércitos franceses. Seu nome era
Napoleão Bonaparte.

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PROF. FABIANO DE JESUS

XXI
O IMPÉRIO NAPOLEÔNICO (1799-1815)
Inaugurado com o Golpe do 18 de Brumário, o período de governo de
Napoleão revelou-se a consolidação da Revolução Francesa. Este período
dividiu-se em:
1) Consulado:
Período em que a França foi dirigida por três cônsules, dos quais
Napoleão tornou-se o principal. Neste período foi elaborada uma Constituição
que dava amplos poderes a Napoleão. Com estes poderes conseguiu-se deter a
ameaça externa e pacificou-se a França. Em 1804 foi elaborado o Código Civil
Napoleônico, que consolidou as transformações da Revolução Burguesa. Ainda
neste ano Napoleão tornou-se imperador dos franceses, com o título de
Napoleão I, amplamente apoiado pelo povo.

2) Império:
Neste período Napoleão trouxe grandes vitórias para a França, levando os
exércitos e os ideais revolucionários a países absolutistas. Sua maior adversária
era a Inglaterra liberal. Tanto que tentou invadir o território inglês, mas não teve
forças contra a mais poderosa marinha europeia da época. Tentou então isolar a
Inglaterra comercialmente do resto da Europa (Bloqueio Continental).

Obs.: O interesse de Napoleão em levar tropas para outros países era influenciar e
denominar economicamente tais países, e não anexar seu território à França num só
governo.

Obs.: A Inglaterra recebia matéria-prima dos outros países para suas manufaturas, e
vendia produtos manufaturados para eles. Alguns países aderiram o bloqueio por
necessitar fazer comércio com a França, e outros não aderiram a ele por necessitarem
comerciar com a Inglaterra.

A incapacidade francesa de substituir comercialmente a Inglaterra, levou


aos países europeus a romperem o Bloqueio. Por isso, tropas francesas
invadiram esses países. A família real portuguesa, para escapar de ser
“sequestrada” palas tropas francesas, refugiou-se na América Portuguesa
(Brasil). Na Rússia, as tropas francesas foram “massacradas” pelo rigoroso
inverno e pela técnica da “terra arrasada” (a população de Moscou fugiu para o
campo levando todo o estoque de mantimentos e incendiou completamente a
cidade. O fracasso russo levou a França à várias derrotas para a sexta Coligação
(Prússia, Rússia, Áustria e Inglaterra). A derradeira batalha foi em Waterloo na
Bélgica. Derrotado, Napoleão foi exilado em Elba e restaurou-se a Monarquia
Bourbon na França com Luís XVIII.

3) O Governo de 100 Dias:


Isolado em Elba, Napoleão e mil soldados assistiram a derrubada dos
ideais conquistados na Revolução Francesa, com o chamado “Terror Branco”.
Depois de escapar de Elba, Napoleão consegue conquistar o governo por 100
dias, e logo é derrotado por forças estrangeiras, e aprisionado definitivamente na
Ilha de Santa Helena, onde morre.
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PROF. FABIANO DE JESUS

XXII
O CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA
1) Congresso de Viena (1814-1815):
Objetivos:
a) Reação aristocrático-conservadora, para conter a difusão dos ideais
liberais da Revolução francesa na Europa.
b) Repressão aos movimentos liberais nacionalistas. Após a derrota de
Napoleão, era preciso conter a ameaça liberal nos países invadidos
pelos franceses
c) Controle do Comitê dos Quatro: Grã-Bretanha (Lord Castlereagh),
Áustria (Metternich), Prússia (Hardenberg), Rússia (Czar Alexan-
dre I). A França também participou com a representação de
Talleyrand, mas as pricipais decisões estavam com os quatros
primeiros.

2) Decisões diplomáticas do Congresso de Viena:


a) Política de restauração do absolutismo na Europa.
b) Princípio de legitimidade: retorno das antigas dinastias.
c) Equilíbrio europeu: estabelecimento das fronteiras ao seu estado
anterior ao da Revolução Francesa. E manter inalterada a velha ordem europeia
e o equilíbrio entre as potências.

3)Santa Aliança:
Foi um pacto militar intervencionista, criado pelo Congresso de Viena.
As tropas da Santa Aliança (Forças Armadas dos países membros) interviriam
onde ocorressem movimentos liberais nacionalistas. No início, ela contava
apenas com os quatro países iniciais (1815). Em 1818, a França adere, e mais
tarde entram Portugal e Espanha. A Grã-Bretanha encerra sua participação
quando aventa-se a intervenção nos movimentos de independências das
colônias.

4) O declínio da Santa Aliança:


a) Saída da Inglaterra.
b) Doutrina “Monroe”(os EUA considerariam um ato de guerra, a
intervenção europeia no Continente Americano.
c) Revolução Liberal na França em 1830, onde o povo francês rebela-se
contra o governo absolutista. As tropas da Santa Aliança não
conseguem deter a revolta e em 1848, acaba de vez a monarquia na
França.

5) O fim da Santa Aliança:


Devido a política não intervencionista da Grã-Bretanha, a independência
das colônias americanas e a vitória das revoluções liberais na Europa, a Santa
Aliança se desfaz. Mas ainda permanece uma bipolaridade: Bloco dos Liberais
(Grã-Bretanha, França e Bélgica) e Bloco dos Conservadores (Áustria, Prússia e
Rússia).
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PROF. FABIANO DE JESUS
XXIII
Vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil
Antecedentes:
O plano de transferência da família real para o Brasil, refúgio seguro para
a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na
Metrópole, fora já por duas vezes sugerido em tempos mais recuados: ante ao
avanço do Duque de Alba, a ideia já havia surgido por parte do Prior do Crato,
que aconselhara a busca de um reduto além-atlântico na conjuntura aberta pela
restauração da independência em 1640; também quando a França abandonou
Portugal no Congresso de Muster (1648), o padre Antônio Vieira apontou ideia
semelhante a D. João IV associando-a à Fundação do Quinto Império; mais
tarde, sem a ameaça militar, o diplomata D. Luís da Cunha defendeu a ideia de
se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.
A ideia da transferência teve início de concretização quando a Espanha
invadiu Portugal nos tempos do Marquês de Pombal, chegando este a mandar
aprontar uma esquadra que transportaria o rei D. José I e sua corte.
No novo contexto internacional criado pelo Império de Napoleão, a ideia
da retirada para o Brasil veio de novo a tona, sendo defendida pelo Marquês de
Alorna em 30 de maio de 1801, e por D. Rodrigo de Souza Coutinho em 16 de
agosto de 1803. A ideia da transferência, que surgiu sobretudo em contextos de
ameaça eminente à soberania portuguesa, como um meio de reforço da
segurança, foi também apresentada como uma via necessária para redefinir as
forças do “equilíbrio europeu”.
Em 1807 a Espanha já estava de relações cortadas com Portugal e aliada
à França, daí a invasão terrestre, onde a Inglaterra de nada valeu a Portugal.
Enquanto o Corpo de Observação da Gironda penetrava em Portugal, o trabalho
de Fontainebleu seguia com o plano de dividir Portugal em principados. O plano
de Napoleão era destronar D. João e aprisionar sua família, forçar uma
abdicação e por um Bonaparte no trono. Se isso ocorresse, a Inglaterra
possivelmente se apoderaria das colônias lusitanas, sobretudo o Brasil.
Em 12 de agosto, os representantes da França e da Espanha entregaram
ao príncipe D. João os “pedidos” de Napoleão: Portugal teria que se juntar à
França no Bloqueio Econômico à Inglaterra, fechar seus portos à navegação
britânica, declarar guerra aos ingleses e sequestrar seus bens e prender os
residentes em Portugal. D. João foi intimado à responder até 1° de setembro.
No Conselho de Estado em Portugal, reunido em 18 de agosto, sem se
conhecer a manobra de Napoleão, venceu a posição do ministro Antonio de
Araújo Azevedo: Portugal uniria-se à causa do Bloqueio Continental e fecharia
seus portos à Inglaterra. A única objeção aos “pedidos” de Napoleão era a de se
não aceitar o sequestro dos bens de ingleses residentes em Portugal. O ministro
Araújo mandou escrever as cartas e expediu-as. Essa era a posição de Lisboa,
deixando vencida uma minoria liderada por D. Rodrigo Coutinho, que defendia
a guerra contra os franceses e espanhóis, e a retirada estratégica da família real
para o Brasil.
Nessas alturas o Conselho já estava dividido em duas facções: o “partido
francês”, liderado por Antonio de Araújo, que defendia a aceitação das
condições francesas e afirmava que fazia isso buscando neutralidade; e o
“partido inglês”, liderado por Coutinho que preconizava a continuação dos
pactos internacionais com o Reino Unido e a necessidade de encarar com
firmeza a ideia da guerra.
Em 30 de agosto, seguem-se as reuniões do Conselho, e vinga a ideia de
mandar para a América apenas o príncipe herdeiro Pedro, juntamente com suas
irmãs. D. Rodrigo continuava a defender que Portugal deveria primeiro entrar na
guerra contra as forças franco-espanholas, e no caso de dificuldades militares, a
família real toda seria enviada à América Portuguesa. Chegou-se a dar os
preparativos de quatro navios para a saída de Pedro e as infantas. O resto da
armada deveria ficar para dar defesa ao porto de Lisboa. Nessas flutuações
seguiu-se a movimentação do general Lames, embaixador da França em Lisboa,
que frutificou na queda de D. Rodrigo de Souza Coutinho. Vencia o “partido
francês”, com Antonio de Araújo substituindo os ministros demitidos, e a
política da neutralidade favorável à França napoleônica.
Em meados de outubro, as reuniões do Conselho de Estado fizeram-se
sem a presença de D. Rodrigo de Souza Coutinho. Antes de receber qualquer
resposta, Napoleão dera a ordem da invasão de Portugal por terra. Um exército
de mais ou menos 30 mil soldados marchou através da Espanha sob o comando
do general Junot, sem denotar a certeza de que se dirigiam para Portugal.
Napoleão inclusive mostrou-se cauteloso, mudando as cláusulas de seu acordo
com os portugueses, desistindo do confisco dos bens dos britânicos residentes
em Portugal. Manoel Godoy, ministro espanhol, afirmou que se a Espanha
tivesse a intenção de tomar Portugal, já o teria feito em 1801. Nessas alturas, o
rei da Inglaterra já exortava a transferência da corte lusa para o Brasil e oferecia
para isso sua esquadra.
Em fins de outubro, o Conselho de Estado realizou novas reuniões, e
surgiram defesas à saída de toda a família real para o Brasil. No dia 22 foi
publicado o edital que divulgava o decreto do príncipe mandando fechar todos
os portos lusos. A decisão de transferir a corte ficara resolvida numa convenção
secreta subscrita em Londres, e ratificada em Lisboa em 8 de novembro. Pela
mesma altura chegava em Lisboa a notícia da prisão na Espanha do príncipe das
Astúrias (herdeiro do trono espanhol), e de que as tropas franco-espanholas
estavam a dirigir-se para a fronteira portuguesa.
Confirmavam-se os propósitos de Napoleão em relação a Portugal,
fundamentavam-se as advertências do rei da Inglaterra e as do “partido inglês”
no Conselho de Estado. Não havia outra alternativa, a não ser a transferência de
toda a família real para o Brasil.
Nas últimas decisões tomadas pelo príncipe regente parecia haver a
intenção de equilibrar as forças das potências em conflito. O “partido francês”
viu satisfeitos os “pedidos” de Napoleão com o fechamento dos portos aos
navios de guerra e mercantes ingleses e a ordem de expulsão dos ingleses
residentes em Portugal; enquanto o “partido inglês” obteve a continuação dos
preparativos da esquadra para a saída do príncipe Pedro.
O ministro Antonio de Araújo chegou a desviar para as costas
portuguesas os poucos efetivos militares de Portugal para impedir um possível
desembarque britânico. Esse foi o último esforço do “partido francês” para
favorecer a entrada das tropas de Junot.
Em 23 de novembro D. João recebeu a notícia da invasão do território
luso por tropas franco-espanholas. Convocou imediatamente o Conselho de
Estado, que decidiu o embarque imediato da família real e da corte, servindo-se
da esquadra que esperava o príncipe Pedro. Nos três dias seguintes ainda se
aprontavam outros navios que viriam a transportar para o Brasil cerca de 15 mil
pessoas.
No dia 26 foi nomeada a Junta Governativa do Reino que ficaria
encarregada do governo de Portugal.
Junot, no seu diário, manuscrito da Biblioteca da Ajuda, revelou o quanto
os franceses receavam aquele embarque. Ao ser informado de que o mesmo já
estava em execução, e não podendo “voar sobre o Riba-Tejo até Lisboa com
suas tropas”, mandou um emissário até Lisboa para atrasar o embarque ou
impedi-lo. O emissário não pôde ver nem o príncipe nem o Sr. Araújo, “este
apenas lhe disse que estava tudo perdido”, escreveu depois Junot à Bonaparte.
Ao evitar-se que a família real portuguesa fosse aprisionada em Lisboa
pelas tropas francesas, inviabilizou-se o projeto de Napoleão para a Península
Ibérica, que consistia em estabelecer nela mandatários de sua família, como
ainda se tentou na Espanha com a deposição de Fernando VII e Carlos IV, e a
entronização de José Bonaparte. A revelação da correspondência secreta entre
Napoleão e Junot, bem como textos de tratados secretos não deixam margem
para qualquer dúvida a este respeito.
O “partido francês” em Portugal, não se dando por vencido, começou
imediatamente a difundir a ideia de que a retirada estratégica da corte para o
Brasil não teria sido mais do que uma “mera fuga”, que deixava Portugal “sem
rei e sem lei”. Logo enviou-se uma delegação ao encontro de Junot para que
Napoleão lhes desse uma Constituição e um rei.

Desde a Revolução Francesa (1789), a Europa vivia em convulsão


permanente. Depois de uma fase em que a guilhotina funcionou “a todo vapor”,
Napoleão Bonaparte, apoiado pelo exército e pela burguesia, tornou-se imperador dos
franceses.
A burguesia francesa ambicionava os mercados na Europa e em outras
partes do mundo, porém encontrava sérias oposições a essa aspiração. De um
lado estavam as monarquias absolutistas – Prússia, Áustria e Rússia -, temerosas
com a ideia da Revolução Francesa; e do outro, a industrializada Inglaterra, à
qual a concorrência dos franceses era desagradável. Essas monarquias e a
Inglaterra se uniram contra Napoleão, daí as sucessivas guerras.
Na Europa Continental, Napoleão obtinha vitórias retumbantes. Já o
mesmo não ocorria nos mares, espaço onde a Inglaterra reinava.
Visando asfixiar economicamente a arqui-inimiga, Napoleão decretou o
Bloqueio Continental. De acordo com esse decreto, nenhum país europeu
poderia ter relações comerciais com a Inglaterra. Os que desobedecessem esse
bloqueio seriam punidos.
Nessa época, Portugal estava sob o governo do príncipe regente D. João.
A rainha D. Maria, sua mãe estava impossibilitada de governar, pois sofria de
problemas mentais desde a morte de um de seus filhos. No entanto, Portugal
vivia um intenso período de dependência econômica em relação à Inglaterra,
uma vez que a maioria de seu comércio fora centralizado nas relações com
aquele país (portanto furando o Bloqueio e contrariando o governo de
Napoleão).
Napoleão assinou, em Fontainebleau (27 de outubro de 1807), um tratado
secreto com a Espanha, estipulando a divisão de Portugal entre os dois países.
Como para a Inglaterra não era interessante que a esquadra portuguesa
caísse nas mãos de Napoleão, apoiou a transferência da sede do governo luso
para o Brasil.
A família real portuguesa embarcou rumo ao Brasil, pouco tempo antes
da chegada das tropas francesas comandadas pelo general Andoche Junot.
É preciso ressaltar que o Brasil ocupava, no início do século XIX, uma
posição relevante entre os domínios portugueses, tanto que já fora defendida a
ideia da transferência do trono para a América.
A historiografia tradicional procura mostrar que o embarque da família
real para o Brasil foi tragicômico:
“Cerca de quinze mil pessoas procuravam alojamento na esquadra (...).
A heterogênea multidão de trânsfugas (militar que em tempo de guerra passa para o
campo do inimigo; desertor.), se assim podemos chamar esses exilados, precipitara-se
sobre as embarcações, transportando para elas tudo o que pudessem salvar. Barcos
houve que levaram a bordo, com os porões abarrotados, três vezes o número de pessoas
permitido numa navegação normal. Seguiram assim, ao relento, nos tombadilhos, de
mistura com as mercadorias derramadas, milhares de expatriados que suportaram as
chuvas, as tempestades e as altas temperaturas das zonas equatoriais e tropicais até a
Baía da Guanabara.
Os valores materiais, tanto públicos como particulares, que a esquadra
arrecadou ‘sem despacho nem revista’, foram avaliados em mais de oitenta milhões de
cruzados.
A bordo, a confusão era indescritível; ninguém encontrava o que era
seu; a poucos dias de viagem, faltava a água e os mantimentos estavam corruptos. Isso
era sentido mesmo no navio-almirante, onde foi preciso cortar os lençóis para fazer
camisas para D. João (...).
NORTON, Luís.A Corte de Portugal no Brasil.São Paulo:Nacional,1979. p.14.

Atualmente, pesquisadores têm procurado salientar que a viagem foi bem


planejada, que não há provas do caos apontado no texto que você leu sobre o tema e que
D. João agiu corretamente, pois conseguiu preservar o trono, diferentemente do rei
Fernando VII da Espanha, que foi deposto por Napoleão. Como se percebe, a História
está sempre em construção.

Chegada da família real ao Brasil:


Como que pagando os “favores ingleses”, a 28 de janeiro de 1808, ainda
na Bahia, D. João decreta a abertura dos portos às nações amigas, pondo fim ao
monopólio comercial português no Brasil. Se essa medida favorecia a classe dominante
luso-brasileira, os maiores beneficiados eram, sem dúvidas os ingleses, que passaram a
despejar todos os seus produtos encalhados nos portos do Brasil.
Segundo John Mawe, em sua obra Viagem Pelo Interior do Brasil, “o
mercado ficou inteiramente abarrotado, tão grande e inesperado foi o fluxo de
manufaturas inglesas no Rio, logo em seguida à chegada do príncipe regente. A baía
estava coalhada de navios e, em breve, a alfândega transbordou com o volume de
mercadorias. Montes de ferragens e de pregos, peixe salgado, montanhas de queijos,
chapéus, caixas de vidro, cerâmica, cordoalha, cerveja engarrafada e em barris, tintas,
gomas, resinas, alcatrão etc. achavam-se expostos, não somente ao sol e a chuva, mas a
depredação geral. Espartilhos, caixões mortuários, selas e mesmo patins para gelo
abarrotavam o mercado”.
Para fechar o ciclo da dominação inglesa sobre a economia brasileira, em
1810, Portugal e Inglaterra assinaram os Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio
e Navegação.
Esses tratados, entre outras coisas, estabeleciam que:
- Os dois reinos seriam fiéis aliados nos planos político e militar;
- A Inglaterra renovaria seus direitos sobre a Ilha da Madeira;
- Os ingleses que viviam no Brasil teriam ampla liberdade religiosa;
- A Inglaterra teria direito de cortar madeira e de construir navios, bem
como manter uma esquadra de guerra no litoral do Brasil;
- Os ingleses pagariam tarifas alfandegárias preferenciais.As mercadorias
inglesas ao entrarem no Brasil, pagariam 15% sobre o valor do produto, as portuguesas
16%, e as demais nações 24%. Por causa deste tratado, o Brasil se transformou numa
colônia inglesa em termos econômicos. A Inglaterra passou a distribuir na Europa os
produtos tropicais.

Cedendo às pressões inglesas, a Coroa portuguesa comprometia-se a


extinguir gradativamente o trabalho escravo. Importa salientar que os britânicos não
faziam isso por razões humanitárias. Desejavam sim a abolição, pois com isso
aumentaria o número de assalariados, e assim o número de consumidores de seus
produtos no Brasil.
Com a vinda da família real, a estrutura administrativa do Brasil foi
reformulada. Passaram a funcionar aqui órgãos que anteriormente só existiam na
Metrópole: Junta do Comércio, da Agricultura, da Fábrica e da Navegação do Brasil,
Real Fábrica de Pólvora, Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica, por exemplo.
Essa nova estrutura administrativa foi importante para o país quando o
Brasil se tornou independente em 1822.
D. João criou a Imprensa Régia, que começou a publicar os atos oficiais,
o jornal A Gazeta do Rio de Janeiro e também livros. A Academia Real Militar, a
Biblioteca Pública, o Banco do Brasil, e o Jardim Botânico foram ainda criações suas de
destaque.
Do ponto de vista econômico e social, a chegada da família real não
alterou a estrutura agrária, exportadora e escravista da sociedade brasileira. Houve,
porém, algumas inovações: desenvolvimento da cultura do café, do chá, da cana caiana,
da noz-moscada, e a doação de sesmarias a estrangeiros suíços e chineses.
Foi no apoio à manufatura têxtil que o governo de D. João mais se
destacou, pois revogou o alvará proibitivo de D. Maria I (1785), que proibia
manufaturas no Brasil. Apesar disso, o desenvolvimento foi pequeno em função da
pobreza do mercado interno e da concorrência estrangeira.
Em termos culturais, houve certo desenvolvimento pelo menos para as
elites. Destacou-se a Missão Francesa, com os nomes como o do arquiteto Grandjean de
Montgny, do escultor Taunay e do pintor Debret.
No terreno administrativo, o Brasil foi elevado à categoria de Reino
Unido. Em 1818, D. João foi aclamado como rei no Rio de Janeiro com o título de D.
João VI.
De capital do Vice-Reino do Brasil à sede do Império Lusitano. Com a
chegada da família real e sua corte, o Rio de Janeiro precisava adequar a realidade da
colônia aos moldes europeus. Como descreveu o viajante inglês John Luccock: a cidade
era “a mais suja associação humana vivendo sob a curva dos céus.” À imitação de
Lisboa, as vias cariocas eram repletas de lama, esgoto e toda a sorte de imundices.
Igrejas e conventos eram os edifícios mais notáveis e, fora algumas touradas no Campo
de Santana não havia muitas diversões como nas cidades da Europa. Os jardins do
Passeio Público, construído entre 1779 e 1783, foram durante anos o principal atrativo
da cidade.
D. João vitalizou esse cenário, fundando teatros, organizando concertos
musicais, adicionando novas datas de festas, e criando o Jardim Botânico. Para criar
uma imagem do Império, ele trouxe a Missão Artística, que produziu imagens que hoje
são a memória histórica daqueles tempos, e substituiu a arquitetura barroca pela neo-
clássica criando ares de corte europeia. 54 quadros chegaram com os artistas franceses,
eles se tornaram o embrião, junto com uma coleção de D. João, de outra grande
instituição cultural da cidade: o Museu Nacional de Belas Artes.
O conhecimento europeu aportou no país em forma de livros, gravuras,
estampas, mapas, moedas e medalhas. O acervo da Real Biblioteca, com cerca de 60 mil
volumes, foi transferido para o Rio de Janeiro logo após a chegada da família real, em
1810. O conjunto, primeiramente instalado nas cercanias do Paço Real, na Ordem
Terceira do Carmo, deu origem à Biblioteca Nacional, sediada num edifício construído
nas reformas urbanas do início do século XX, é apontada hoje pela Unesco como a
oitava maior biblioteca do mundo.

O Rio na época de D. João: vida cotidiana


Com a chegada da família real, o Rio passou por um processo de
reorganização e crescimento. A necessidade de mão-de-obra aumentou o tráfico de
escravos. Para a surpresa dos estrangeiros, a população africana superava em número a
população de origem europeia. Pelo censo de 1821, a população do Rio era de 86.323
habitantes, sendo estimados em 45.947 livres e 40.376 escravos. O que predominava
nesta sociedade era a exclusão, pois os escravos estavam impossibilitados de serem
livres e partilhar dos bens materiais e culturais disponíveis.
A beleza natural da cidade à primeira vista encantava os que chegavam.
Porém, após o desembarque, os visitantes se deparavam com ruas estreitas, casebres
malconstruídos, lixo por todos os lados e um insuportável mau cheiro. Dentro desse
quadro era natural que doenças terríveis matassem muitos.
Pelas ruas, circulavam, além dos escravos, mendigos, vadios,
prostitutas, ladrões e trabalhadores diversos. Com o aumento da população, vários
bairros foram estruturados, como o Catete, o de Botafogo e o de São Cristóvão.
Por mais pobre que um branco fosse, tudo ele fazia para adquirir um
escravo doméstico. O desprezo pelo trabalho impressionava os estrangeiros que
visitavam o Brasil.
Quanto à vida domestica das brasileiras, a rotina reclusa, os
casamentos precoces e os sucessivos partos surpreenderam os estrangeiros. Jean
Baptiste Debret teve uma impressão negativa sobre a educação das jovens brasileiras:
“Desde a chegada da Corte ao Brasil, tudo se preparava, mas nada de positivo em prol
de uma educação das jovens brasileiras. Esta, em 1815, se restringia, como
antigamente, a recitar preces de cor e a calcular de memória sem saber escrever nem
fazer operações. Somente o trabalho de agulha ocupava seus lazeres, pois os demais
cuidados relativos ao lar eram entregues sempre às escravas...” E como as mulheres
podiam sair pouco de 49nd, a igreja era o local ideal para a troca de olhares e bilhetes:
“A igreja é o teatro habitual de todas as aventuras amorosas na fase inicial, a mais
ardente , de sua eclosão... A religião encobre tudo. O mínimo sinal basta para ser
compreendido e, enquanto se faz devotamente o sinal da cruz, pronuncia-se no tom da
mais fervorosa prece a declaração de amor...”
(SEIDLER, Carl. Dez Anos no Brasil.São Paulo/Brasília:
Martins/INL, 1976.

Tropa de Elite da Corte


A Intendência de Polícia e a Guarda Real foram criadas com a
chegada de D. João. As ações repressoras tão típicas do comportamento policial dos
dias de hoje tiveram suas raízes nos modos e ações das instituições daquela época.
Um dos mais famosos agentes da Guarda Real foi o Major Miguel
Nunes Vidigal, muito conhecido pelas práticas truculentas. Mas seus métodos
agradavam o poder e a Igreja. Tanto que recebeu de presente dos beneditinos, em 1820,
um terreno aos pés do Morro Dois Irmãos. Por ironia do destino, a área seria
transformada a partir dos meados do século XX na atual Favela do Vidigal.
Os oficiais e praças da Guarda Real provinham dos regimentos de
infantaria e cavalaria da Corte. A instituição possuía, portanto, desde o início,
características e ideologias fortemente militares, como apontam pesquisadores. A
Guarda Real deu origem à Polícia Militar de hoje, enquanto que a Intendência Geral de
Polícia, criada em 1808, está nas raízes da atual Polícia Civil.

Alguns Personagens

Napoleão – grande estrategista autointitulado Imperador dos


Franceses, Napoleão Bonaparte (1769-1821), conquistou com seus exércitos grande
parte da Europa, forçando a realeza portuguesa a deixar Portugal e vir para o Brasil.
General Junot – Um dos generais do exército napoleônico, Andoche
Junot (1771-1813) foi embaixador em Lisboa em 1805. Abandonou Portugal para
acompanhar Napoleão nos combates na Alemanha. Foi o responsável pela invasão
francesa a Portugal em 1807.
Lord Strangford – (1780-1855) Diplomata enviado pela Grã-
Bretanha a Portugal na era napoleônica para negociar com D. João o apoio da
Inglaterra ao reino contra as tropas de Napoleão. Ele acompanhou a família real ao
Brasil.
D. Maria I – Sucedeu o pai, D. José, no trono português. Foi a
primeira rainha portuguesa a exercer o poder. D. Maria I (1734-1816) governou com
mão-de-ferro, retrocedendo reformas iluministas empreendidas por Pombal.
Enlouqueceu devido a perda de um filho, sendo por isso substituída por D. João.
D. João – (1767-1826) Segundo filho de D. Maria I e D. Pedro III.
Assumiu a regência em 1792, no lugar do irmão D. José, que morreu em 1788 de
varíola. Foi ele quem decidiu trazer a corte para o Brasil.
Carlota Joaquina – (1775-1830) Casada aos dez anos com D. João,
era primogênita do rei da Espanha Carlos IV. Conspirou contra o marido em diversas
ocasiões, em Portugal e no Brasil. Teve nove filhos.
Pedro I – (1798-1834) Filho de D. João e Carlota. Veio para o Brasil
com a família aos nove anos de idade. Após o retorno forçado do pai a Portugal,
proclamou a independência em 1822 aos 24 anos.
Conde dos Arcos – (1771-1828) Administrador colonial do Brasil, D.
Marcos Noronha de Brito, era o vice-rei do Brasil quando D. João chegou. Organizou a
recepção da corte no Rio de Janeiro, onde cedeu seu palácio para a morada da família
real.
Jean Baptist Debret – (1768-1848) Antigo bonapartista, foi
integrante da Missão Artística Francesa que veio ao Brasil em 1816. Um dos
fundadores da futura Academia de Belas Artes. Desenhou a bandeira do Brasil
Imperial, base da atual.

Nova Visão Sobre a Cidade da Época da Chegada de D. João


No dia 7 de março de 1808, a família real portuguesa chegou ao Rio.
Sem um grande palácio para os receber, os casarões foram adaptados às necessidades
dos integrantes da Corte. Esse episódio foi responsável pela transformação do Rio de
Janeiro.
Mas até que ponto a cidade estava preparada para se tornar a corte
do Império Luso? Essa é uma discussão que vem colocando o assunto novamente na
mesa de debates historiográficos. O senso comum afirma que a região era atrasada e
despreparada para receber o príncipe regente. Entretanto, o historiador e arquiteto
Lineu Cavalcanti, professor da UFF, discorda: “O Rio de Janeiro era a segunda cidade
mais rica de todo o Império, atrás apenas de Lisboa.”
A ideia contraria o que se aprende nos livros de história. Uma das
principais referências historiográficas sobre aquele período é o livro “O Rio de Janeiro
Imperial”, do arquiteto e historiador Adolfo Morales Rios Filho, falecido em setembro
de 1973. Seu livro, lançado em 1946, só ganhou uma segunda edição em 2000. De
acordo com seus relatos, o Rio não passava de um local de costumes arcaicos e sem
qualquer vida cultural.
“A cidade tinha uma elite tão culta quanto em Lisboa”, afirma
Cavalcanti. Os ricos se divertiam nos dois teatros que lá existiam. “Aqui se tocava a
maior parte das obras executadas em Portugal. D. João ficou encantado ao assistir as
composições do padre José Maurício (o mais renomado compositor e pianista brasileiro
de sua época).”
Segundo Morales a maioria dos funcionários da Coroa era formada
por portugueses que só tinham recebido o cargo de confiança por serem importantes
também em Portugal. “Eles chegavam aqui e queriam viver com requinte. Seus filhos
iam estudar em Coimbra e também voltavam exigentes”.
As casas dos muito ricos eram grandes, mas sem muito luxo. “Antes de
a família real chegar, era proibido por lei exibir riquezas. As casas precisavam respeitar
as regras arquitetônicas”, afirma o pesquisador. “É por isso que as igrejas cariocas são
tão ricas. Como essa elite não podia ornamentar a casa, mostrava que tinha dinheiro
investindo nos templos.”
Despejo:
Outra polêmica é quanto ao número de pessoas que se espremeu nos
navios que deixaram Lisboa em direção ao Brasil. O número nunca foi dado como
exato, mas as especulações são de que D. João trouxe com ele entre 11 mil e 15 mil
pessoas.
Quando essa multidão chegou, o príncipe regente teria expulsado outra
multidão de suas casas para dar lugar aos novos moradores. Essas pessoas não tiveram
trabalho para conseguir moradias. Com a chegada da Corte, os proprietários
simplesmente aumentaram o valor dos aluguéis, para que os antigos inquilinos
deixassem suas antigas moradias. O valor da locação no Rio explodiu. “No centro
urbano carioca, havia 8,5 mil construções, que pertenciam a 2,5 mil proprietários, desse
número 195 acumulavam 23% dos imóveis”, contabiliza Cavalcanti.
“Era uma honra para eles hospedar aquelas pessoas”.
Para o historiador não há dúvidas de que a vida no Rio de Janeiro
mudou muito com a chegada da família real portuguesa, mas afirmar que antes disso a
cidade era pobre e sem cultura seria exagero.
“Em um ano, a população da cidade aumentou em 20 mil pessoas” diz
o historiador Adilson José Gonçalves, do Centro de Estudos da América Latina. Para
Cavalcanti, essas pessoas não teriam vindo junto com o rei, mas ao longo dos meses
que se seguiram.

XXIV
O Brasil do período joanino (1808-1822)
Antecedentes:
A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil.
Devido ao fato do governo português não aderir ao Bloqueio Continental
instituído por Napoleão contra a Inglaterra, Portugal foi invadido por tropas
napoleônicas. Isso fez com que D. João VI decidisse transferir sua corte e a
capital do Império Luso para a América Portuguesa, seguindo uma ideia que já
havia sido defendida em governos anteriores por alguns, dentre eles o ministro
D. Rodrigo de Souza Coutinho.
Portugal, dependente economicamente da Inglaterra, não pôde negar-lhe
concessões comerciais em troca de proteção militar. Assim, grande parte do
lucro colonial passava para a Inglaterra, que utilizou esse capital no início de sua
Revolução Industrial.
Quando em 1808, a Corte Portuguesa chegou ao Brasil escoltada por
navios ingleses, o governo português retribuiu com várias vantagens comerciais
para os ingleses, gerando o início da dominação econômica britânica no Brasil.
Assim existe uma relação entre a emancipação política do Brasil e a
crescente dominação inglesa, lançando uma dependência com base na pura
exploração econômica.
Com a crise do Antigo Regime, a ascensão do Iluminismo, a Revolução
Industrial e a Revolução Francesa, houve um desequilíbrio na Metrópole
Lusitana. O governo de D. João VI é um período de transição de colônia para
Império. Ocorre com o período joanino a ruptura dos laços coloniais ao nível
econômico e político-administrativo (com a elevação da colônia ao status de
Reino Unido com Portugal e Algarves), preparando-se assim a independência.

Medidas Destinadas a Sobrevivência da Corte no Brasil e o


Favorecimento da Penetração Inglesa
- Fim do Pacto Colonial, com a abertura dos portos às “nações amigas”
(Inglaterra).
- Permissão para o estabelecimento de manufaturas no Brasil.
- Elevação do Brasil à Reino em 1815, o que fez com que a antiga
colônia se tornasse sede da Metrópole, com a instalação de administração e
justiça real, centralizou-se o poder, e preparou a antiga colônia para a sua
emancipação. Parece contraditório, mas as medidas que D. João tomou para
facilitar sua vida no Brasil, acabaram privilegiando a emancipação da ex-
colônia.

O Estado Português no Brasil


- Uniu política e territorialmente o Brasil.
- Desagradou aos senhores de engenho privilegiando burgueses e nobres
lusitanos.
- Organizou e estabeleceu o estamento (classe nobre e burguesia lusa) da
burocracia aos moldes do reino como fonte do poder político português no
Brasil.

Cultura do Reino Unido


- Artes: missão francesa (artistas franceses que incrementaram as artes no
Brasil).
- Imprensa: criação de jornais sob a proteção estatal, exceto o Correio
Braziliense.

Política Externa do Período Joanino


- Objetivo: eliminar concorrência estrangeira.
- Guerra de Caiena (Guiana Francesa): Portugal com a ajuda inglesa
tomou esse território para evitar uma possível invasão ou influencia francesa
napoleônica no Brasil (1809). Em 1815 por pressões do Congresso de Viena, a
região volta a pertencer à França.
- Guerra da Cisplatina (Uruguai) em 1816.

Revoltas Contra o Governo Português

Revolta de 1817 (Pernambuco):


- Situação da província: crise econômica gerada por privilégios
concedidos aos comerciantes portugueses, desagradando aos grandes
proprietários.
- Tensões sociais: senhores de engenhos e homens livres não
proprietários opuseram-se aos comerciantes portugueses.
- Dominação inglesa: presença de comerciantes ingleses na província,
como em toda a colônia.
- Ideologia liberal predominava na província.
- O movimento revolucionário foi liderado pela elite, que chegou a
formar um governo separado e autônomo.

Revolução Liberal do Porto (1820)


Razões da Revolução:
- Presença inglesa em Portugal.
- Prejuízos na relação com a ex-colônia.
- Passos para a Revolução: forças liberais reunidas em sociedades
secretas planejam a tomada do poder em Portugal. Em 24 de agosto de 1820, as
forças liberais tomam a cidade do Porto, e mais tarde Lisboa. No Brasil as
repercussões aparecem e causam preocupação ao rei, que decide enviar uma
representação luso-brasileira para as Cortes, que reunidas planejavam fazer uma
nova Constituição Portuguesa. A presença do rei passou a ser exigida em
Portugal pelas Cortes, que já haviam preparado a Constituição.

A Interiorização da Metrópole
A transferência da Corte para o Rio de Janeiro teve um significado
importante para as relações entre Portugal e Brasil e para as elites brasileiras. O
eixo econômico, até então centrado em Portugal, transferiu-se para a América
Portuguesa, processo denominado interiorização da Metrópole.
O Centro-Sul tornou-se a principal área econômica do Brasil, e os
poderosos desta região queriam impor-se diante das demais elites regionais.
Porém, os interesses das diferentes províncias eram diversos. As elites do
Nordeste, por exemplo, tinham divergências com as elites agrárias de São Paulo
e Rio de Janeiro.
O período que se seguiu foi marcado por intensas disputas e conflitos
entre os grupos regionais na tentativa de implantar um poder político que zelasse
pelos seus interesses e favorecesse seus negócios.

A Separação Definitiva do Brasil e Portugal


Causas: Projeto recolonizador das Cortes. Esse intento português gerou
consequências no Brasil, e dentre a primeira delas foi a organização de
tendências políticas.
Grupos políticos:
- Português (comerciantes em sua maioria): comerciantes portugueses
contrários a abertura econômica joanina (fim do Pacto Colonial) e militares
portugueses que desejavam a recolonização.
- Brasileiro (senhores de engenho): desejavam a manutenção das
conquistas econômicas e administrativas, mas não desejavam a separação.
- Radical (autônomos): população urbana, liberais ou autônomos,
também alguma parcela da aristrocracia rural (principalmente a nordestina).
Desejavam a independencia.

Com a saída de D. João VI, o príncipe Pedro, tornou-se regente do


Brasil, e as tendências políticas disputavam influências sobre ele. Mas a única
tendência mais próxima de seu objetivo político era o grupo brasileiro.

“O Fico” (9/1/1822)
A volta de Pedro para Portugal era essencial para a recolonização. Então,
era necessário fazê-lo ficar no Brasil. O grupo brasileiro exerceu especial
influência sobre o regente, convencendo-o de ficar. Marcando seu compromisso
com este grupo, Pedro concedeu uma pasta ministerial a José Bonifácio, que
pertencia a este grupo.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXV
O BRASIL IMPERIAL NO PRIMEIRO REINADO(1822-1831)
A Constituinte (junho de 1822)
Foi um projeto radical apoiado pelo regente, sem a participação popular.
Essa Constituinte representou o início da emancipação política do Brasil em
relação a Portugal.
As Cortes de Portugal pressionaram Pedro a retornar imediatamente, sob
pena de perder o trono de Portugal. Mas Pedro decidiu tomar a frente da
realização da separação em 7 de setembro de 1822.

O Rompimento Político Entre Portugal e Brasil


Dois grupos políticos trouxeram propostas de governo para o novo
Estado que surgia:
- Grupo Brasileiro: propunha para o Brasil uma monarquia sem reformas
sociais (não haveria mudanças radicais na área econômica, principalmente com
relação a mão-de-obra escrava).
- Grupo Radical: propunha uma República com representação social.

A proposta do Grupo Brasileiro prevaleceu, e Pedro foi coroado como D.


Pedro I, Imperador do Brasil. Ele foi no momento crucial de oposição destes
grupos, um instrumento nas mãos da elite colonial de senhores de engenhos. E
apesar dele almejar o absolutismo, e a aristocracia rural, o liberalismo, estavam
unidos para não deixar o Brasil nas mãos dos populares. A independência foi
política, manteve-se a estrutura social e econômica da colônia, com a dominação
britânica, além do afastamento das massas das decisões políticas.

Obs.: A aristocracia rural era de origem do Centro-Sul (SP, RJ e MG principalmente),


que viviam de práticas mercantis.

Ao se confirmar a independência no Brasil, as lutas iniciaram. Forças


lusitanas empreenderam lutas para não se sujeitarem ao governo independente.
Para debelar tais revoltas, o governo brasileiro contou com a ajuda de britânicos
e franceses, além de forças dos governos independentes da América.
D. Pedro I conseguiu o trono brasileiro com o apoio da aristocracia rural
(Grupo Brasileiro). Os desejos desta não chegaram ao ponto de mudar a
estrutura socioeconômica do Brasil.

Guerras da Independência:
No território brasileiro surgiram várias contestações com a
independência. Comerciantes portugueses da Bahia e do Pará, resistiram
fortemente à independência, tentando inclusive separar-se do Império do Brasil.

A Constituição da Mandioca (1823)


Liberais do Grupo Brasileiro formularam um anteprojeto da Constituição
que tinha tendências iluministas. Suas principais características eram:
-Xenofobismo: impedimento dos não brasileiros natos de participarem da
política;
- Antiabsolutismo: limitação dos poderes do monarca;
- Eleição censitária: mecanismo que daria à aristocracia rural participação
exclusiva na política nacional, pois a renda mínima para participar das eleições
era medida pela quantidade de plantações de mandioca que a pessoa possuía.

Em novembro de 1823, D. Pedro I não aceita a proposta constitucional


do Grupo Brasileiro, dissolve a Constituinte e redige outra Constituição com o
apoio do Conselho de Estado. A Constituição aprovada em 1824 tinha as
seguintes características:
- Retirava-se do anteprojeto tudo o que desagradava ao imperador;
- Poder Moderador (que demonstrava a tendência absolutista de D. Pedro
I;
- Eleição por renda em dinheiro.

Reações Contra D. Pedro I


Causas:
- União de D. Pedro I com o Grupo Português;
- Fechamento da Constituinte de 1823;
- Imposição da Constituição de 1824;

Revoltas se concentraram principalmente no nordeste, onde os


fazendeiros lutaram por autonomia e bateram-se contra o “absolutismo” de D.
Pedro I. A Confederação do Equador, que reuniu as províncias de Pernambuco,
Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, tentaram separar-se do Império.

Principais Dificuldades do Primeiro Reinado


- Externas: reconhecimento da independência. Os EUA foi o primeiro
país a reconhecê-la, mas como nação agroexportadora, o Brasil não iria
sobreviver sem o comércio com a Europa. A Inglaterra surgiu então como uma
espécie de árbitro do reconhecimento na Europa.O Brasil é finalmente liberado
por Portugal pelo pagamento de 2 milhões de libras emprestadas pela Inglaterra.
- Internas: crise econômica gerada pela falta de um produto que
garantisse alto lucro no mercado externo. O açúcar enfrentava concorrência das
Antilhas Holandesas, além do açúcar de beterraba europeu. O tabaco não rendia
tanto, pois era usado principalmente na compra de escravos africanos. O algodão
e o arroz sofreram forte concorrência norte-americana. O couro perdia para o da
pecuária platina. A crise gerou baixa nas arrecadações e o Estado teve de
recorrer a empréstimos. Isso foi agravado pela falência do Banco do Brasil e
pelos gastos com a Guerra da Cisplatina (1825-28), que diminuíram o prestígio
do imperador e trouxeram prejuízos desnecessários às elites brasileiras.

A Abdicação de D. Pedro I
Toda a situação do governo imperial do Primeiro Reinado levava ao
descontentamento. As oposições se uniram em um bloco de esquerda. O Grupo
Português, apoiado pelo imperador organizou um movimento absolutista
chamado Colunas do Trono, enfrentando a oposição dos grupos Radical e
Brasileiro.
A abdicação foi em 7 de abril de 1831, apesar da tentativa do imperador
em conquistar a oposição. Ele deixou o Brasil destituído do título de imperador,
deixando como herdeiro do trono seu filho de 5 anos Pedro de Alcântara, aos
cuidados do tutor José Bonifácio.

XXVI
O BRASIL IMPERIAL NO PERÍODO DAS REGÊNCIAS (1831-1840)
Impedido de governar por sua idade, Pedro de Alcântara só obteve o
poder em 1840 aos 14 anos. No período em que ele não pôde assumir, o país foi
governado por regentes, seguindo artigos da Constituição de 1824.
Os grupos políticos assumem novas posturas e novos nomes:
- O Grupo Português se transformou no Partido Ultrarrevolucionário,
Restaurador ou Caramuru; que desejava a volta de D. Pedro I.
- O Grupo Brasileiro se transformou no Partido dos Moderados ou
Chimangos (Centralistas).
- O Grupo Radical se transformou no Partido Exaltado ou Farroupilha, ou
Jurujubas (Pirações populares).

As regências dividiram-se em Trinas ( Provisória e Permanente) e Não


(Feijó e Araújo Lima).

- Regência Trina Provisória (Abril a julho de 1831)


- Regência Trina Permanente ( 1831 a 1835)
* Reformulação da Constituição de 1824: Ato Adicional de 1834 que
criava a Regência Não e dava alguma autonomia às Províncias.
* Criação da Guarda Nacional em 1831.
* Código de Processo Criminal (1832).
- Regência Não de Feijó (1835-1837): Em 1837, a renúncia de Feijó foi
favorecida pela perda de apoio de seu partido (Moderado), pela oposição do
Partido Restaurador, e pelas rebeliões que surgiram neste período.

- Regência Não de Araújo Lima (1837-1840): Nesse período os partidos


novamente mudaram. O Partido Moderado (Chimangos) dividiu-se em dois
grupos: Um foi formar o Partido Liberal e outro o Partido Conservador. O
Partido Exaltado (Farroupilhas) debandou-se para o Partido Conservador,
seguidos pelos do Partido Restaurador (Caramurus).

As regências terminaram com o Golpe da Maioridade. Pedro de


Alcântara recebeu o título de Pedro II, Imperador do Brasil. No Segundo
Reinado o imperador dividiu seus poderes (ao menos nominalmente e
aparentemente) com um Parlamento, ora dominado pelo Partido Liberal, ora
pelo Conservador (partidos estes que não tinham uma base ideológica muito
distinta).

As Rebeliões Regenciais
Razões:
Disputas pelo poder no Brasil independente: aristocracia rural nordestina
versus a do centro-sul. Além de lutas desencadeadas por homens livres não-
proprietários.

- Cabanagem (1835-1840): Foi a primeira rebelião que ocorreu no Pará, onde


havia uma grande concentração de estrangeiros. A aristocracia saiu ao perceber a
força dos cabanos. Essa província agitava-se em oposições ao governo desde a
independência. Em janeiro de 1835 a rebelião que se iniciara a 2 anos explodiu
com a tomada do poder pelos cabanos. Esta foi a primeira insurreição popular
que passou de simples agitação para tomada efetiva do poder.

- Farroupilha (1835-1845): Ocorrida no Rio Grande (atuais estados do Rio


Grande do Sul e Santa Catarina). Suas causas estão na concorrência estrangeira
no mercado de charque. A produção brasileira utilizava mão-de-obra escrava,
mas tinha um produto final caro em relação ao produto pratino. O próprio
mercado nacional preferia o charque pratino que saía mais barato. Os gaúchos
(produtores brasileiros) cobraram do governo medidas que protegessem seu
produto. Não conseguindo o que pediam, rebelaram-se contra o Império,
fundando Repúblicas Federalistas e separando-se do resto do Brasil. A rebelião
foi contida pelas técnicas do futuro Duque de Caxias, e não efetivamente pelas
armas.

- Sabinada (1837-1838): Ocorreu na Bahia. Foi liderada pelo médico Francisco


Sabino. Tinha tendência de autonomia provincial e de isolamento das classes
populares. Logo foi abafada pelo governo imperial.

- Balaiada (1838-1841): Ocorreu no Maranhão. Teve liderança popular. Como


na Cabanagem, a aristocracia que apoiou inicialmente a rebelião, retirou-se. Os
rebeldes populares, fragilizados e sem apoio, não resistiram às forças do Império
contra sua tendência separatista.

XXVII
O BRASIL IMPERIAL NO SEGUNDO REINADO (1840-1889)
Consolidação:
- Golpe da Maioridade: solução para a instabilidade política.
- Fim das rebeliões (1845), mas a insatisfação da aristocracia nordestina
continua.
- Influências políticas: Conservadores e Liberais.
O primeiro ministério formado após o início do reinado de Pedro II foi o
do Partido Liberal que durou apenas 1 ano (1840-1841), devido às “eleições do
cacete”, que teve vitória do partido liberal. Mas essa vitória foi fraudulenta, pois
os votos eram abertos e as pessoas que votavam eram intimidadas pelos liberais.
Com esta vitória, os liberais destituíram todos os conservadores de seus cargos
públicos para reprimir a oposição.
Os conservadores reagiram, e o imperador D. Pedro II anulou as eleições,
destituiu o ministério liberal, e convocou um conservador.
Na sua essência, esses partidos eram iguais, nos quais os políticos eram
aristocratas rurais, escravistas e donos de grandes propriedades. Uma frase
demonstra isso: “... não há nada mais conservador que um liberal no poder, e
não há nada mais liberal que um conservador no poder.” A única diferença era
que os liberais tinham ideias mais inovadoras no tocante a algumas reformas que
entenderíamos hoje como “democráticas”.
Sofrendo pressões da Inglaterra para acabar com a escravidão, D. Pedro
II destituiu o ministério conservador (1844) e convocou um ministério liberal.
Esse ministério, no entanto, não foi favorável ao fim da escravidão, pois todos
eram fazendeiros.
Em 1848 foi instituído o Parlamentarismo, que é chamado pela
historiografia de “Parlamentarismo às avessas”. Havia então um Conselho de
Ministros, que em tese deveriam limitar o poder do imperador. A adoção desse
Parlamentarismo tinha a intenção de diminuir os conflitos gerados pelas disputas
políticas entre liberais e conservadores. O regime, no entanto, foi adaptado aos
interesses das elites nacionais. O imperador nomeava o primeiro-ministro que
formava o próprio Conselho. Depois convocavam-se eleições, que eram
geralmente fraudulentas, para garantir a vitória dos candidatos do primeiro-
ministro. Caso o Legislativo entrasse em conflito com o gabinete, o imperador
poderia dissolver a Câmara e convocar novas eleições. Do mesmo modo, através
do Poder Moderador, o imperador também podia derrubar o Executivo quando
quisesse.

Obs.: Era chamado “às avessas” porque na Inglaterra, o executivo é subordinado ao


legislativo. Já no Brasil Imperial, o legislativo estava subordinado ao executivo.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE MONARQUIA, PRESIDENCIALISMO E


PARLAMENTARISMO
A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes.
No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o
Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal.
Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é
compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por
tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e
de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros
do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O
Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a
execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei
(que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de
aprovar os ministros escolhidos pelo presidente.
No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras.
Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da
forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-
ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é
indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo
Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o
maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país.
Na monarquia sem parlamentarismo, o rei centraliza o poder. Se for
parlamentarista ou constitucional, o poder da Coroa é limitado pelo Parlamento ou pela
Constituição. O monarca tem um cargo vitalício. Após a morte do monarca ou a sua
renúncia, ele é substituído por alguém da sua família.

Em 1853 houve o Ministério da Conciliação, criado por um 1º ministro


liberal, que uniu liberais e conservadores. A função desse ministério era manter
o poder nas mãos da aristocracia.
Em Pernambuco houve a Revolução Praieira, que foi uma reação à
consolidação monárquica e à aristocracia rural. Essa reação ocorreu entre 1848 e
1849, e foi a última revolta contra o governo imperial. Os chamados, praieiros
(pois a sede de seu jornal ficava na rua da Praia) pertenciam ao Partido Liberal,
e atacaram as cidades de Olinda e Recife devido à recussa em aceitar o
pernambucano Antônio da Gama ao cargo de senador por parte do Partido
Conservador. A Praieira foi derrotada pelas forças imperiais. Ela marcou o fim
das revoltas, e o Império ficaria em paz até a chegada da República.

Economia do Segundo Reinado


A economia do Brasil na época do Segundo Reinado era da mesma forma
que no período colonial: um país agroexportador. Entretanto, a economia estava
em crise desde a regência, devido a inexistência de um produto de exportação
de grande expressão comercial.
Em 1850, o café, trazido da Arábia, foi introduzido no Brasil como
grande lavoura do século XIX. O início da cultura se deu no Rio de Janeiro e
depois no oeste paulista.
Transformação com a chegada do café

- Surgimento do trabalho assalariado do imigrante;


- Estabilidade econômica;
- Implantação do mercado interno;
- Formação de uma nova aristocracia;
- Possibilitou a criação de algumas indústrias (1850 surto industrial do Império).

Em 1850 foi feita a Lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico de


escravos sob pressão da lei inglesa Bill Aberdeen que deu direito aos ingleses de
abordar e aprisionar navios negreiros. Essa lei fez com que o número de
escravos aptos para o trabalho caísse. Isso levou a imigração de trabalhadores
rurais europeus, que vinham para o Brasil trabalhar em regimes de parceria, que
devido às dívidas, os quase levou a semiescravidão. Então, foi instituído o
trabalho assalariado.
O Barão de Mauá foi o pioneiro da industrialização. A Inglaterra porém,
vendo o Brasil como um possível rival no processo de industrialização,
pressionou o imperador a desestimular a indústria. O imperador elaborou uma
lei contrária a Tarifa Alves Branco (que incentivou a industrialização
proporcionando o protecionismo alfandegário, aumentando as taxas
alfandegárias). A Tarifa Silva Ferraz desestimulou a industrialização quando
baixou os impostos dos produtos importados.

Obs.: A economia do Império se fortificou com o café. Esse produto chegou primeiro
no Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, com produção escravista. Depois foi levado para
o oeste paulista, com mão-de-obra livre (colonos europeus).
Estas regiões produziram juntas por um certo tempo. Depois São Paulo
ultrapassou a produção fluminense e a eliminou. Isto também mostrou que o trabalho
escravo rendia menos que o livre, fortalecendo a ideologia abolicionista.

Política Externa do Segundo Reinado

- Questão Christie (1863-1865):


Em 1861, um navio inglês naufragou na costa do Rio Grande do Sul e
sua carga desapareceu. William Christie, embaixador inglês no Brasil, exigiu do
governo o pagamento de uma indenização. No ano seguinte, três oficiais da
Marinha Inglesa foram presos na cidade do Rio de Janeiro por se embebedarem
e provocarem tumulto nas ruas. Logo que foram identificados, foram liberados.
Porém, o embaixador Christie, considerando que a Marinha Inglesa tinha sido
ofendida, exigiu que os policiais que haviam prendido os oficiais britânicos
fossem punidos.
Como a exigência não foi atendida, Christie mandou um almirante inglês
bloquear o Porto do Rio de Janeiro e aprisionar navios mercantes brasileiros. A
população carioca reagiu atacando estabelecimentos comerciais ingleses. Esses
acontecimentos geraram um impasse diplomático entre Brasil e Inglaterra.
Christie propôs que a questão fosse resolvida por arbitragem internacional. O
árbitro foi o rei Leopoldo da Bélgica que deu ganho de causa ao Brasil e
determinou que o governo inglês fizesse oficialmente um pedido de desculpas ao
Brasil frente a toda comunidade internacional. Como o governo inglês negou-se
a cumprir o determinado, entre 1863 e 1865, o Brasil cortou as relações com a
Inglaterra, reatando-as depois que o pedido de desculpas foi feito.

- Questão Platina ou Guerras Platinas:


*Guerra contra Oribe e Rosas:
Após tornar-se independente do Brasil em 1828, o Uruguai se viu
marcado por disputas políticas entre o Partido Blanco e o Partido Colorado. O
primeiro representava os interesses de fazendeiros de gado ligados à Argentina.
O segundo representava os interesses de comerciantes de Montevidéu apoiados
pelo governo brasileiro. Em 1850, o blanco Manuel Oribe assumiu o governo
uruguaio, e com o apoio do ditador argentino Manuel Rosas, decretou um
bloqueio ao Porto de Montevidéu.
A atitude provocou reação do governo do Brasil, que há tempos queria
intervir no Uruguai devido aos constantes roubos de gado promovidos por
uruguaios apoiados pelos blancos no Rio Grande do Sul. Aliado do general
argentino Justo José de Urquiza, que era rebelde ao governo de Rosas, o Brasil
conseguiu derrubar Oribe. Após a vitória, o exército aliado invadiu a Argentina
e derrotou Rosas, tendo Urquiza assumido o governo argentino em 1852.

*Guerra contra Aguirre:


A intervenção brasileira e a derrota de Oribe, não cessaram os conflitos
entre blancos e colorados no Uruguai. Em 1864, subiu ao poder o Blanco
Anastácio Aguirre e as invasões às fronteiras do Brasil voltaram a ocorrer. O
governo imperial deu um ultmato: Aguirre deveria pagar uma indenização ao
Brasil. O líder uruguaio não aceitou a exigência e cortou relações com o Brasil,
buscando apoio do governo paraguaio do ditador Solano López. O Brasil enviou
tropas e invadiu o Uruguai, com a ajuda de Venâncio Flores (líder colorado)
derrubou Aguirre.

- Guerra do Paraguai (1864-1870):


O Paraguai ficou independente da Espanha em 1811. O país, diferente
dos outros da América do Sul, não tinha laços econômicos com as grandes
potências. Adotou um modelo econômico diferente, sem depender do capital
externo, o governo paraguaio iniciou o desenvolvimento econômico do país.
Havia significativa distribuição de terras e renda, serviços públicos e combate ao
analfabetismo. O sucesso econômico paraguaio incomodou a Inglaterra, e os
latifundiários dos países vizinhos como o Brasil. Além disso, paraguaios,
argentinos e brasileiros tinham objetivos expansionistas conflitantes. Outro
incômodo ao Brasil e à Argentina era o apoio paraguaio ao governo uruguaio de
Aguirre.
O estopim da Guerra do Paraguai foi o ataque brasileiro ao governo de
Aguirre. Ainda em 1864, Solano López declarou guerra ao Brasil, e invadiu
áreas do Mato Grosso. Solano López também tinha pretensões de expandir o
território paraguaio até a foz do Rio da Prata.
Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se num bloco militar
chamado Tríplice Aliança, que tinha apoio inglês, e desencadearam um forte
contra-ataque ao Paraguai.
O território paraguaio foi invadido pelas tropas da Tríplice Aliança.
Assunção caiu em 1869. Mas o confronto durou até 1870, com a busca por
Solano López até sua morte. O Paraguai teve sua economia destruída, dois
terços da população foi dizimada - com uma queda de 70% na população
masculina -, além de ter perdido partes de seu território.
A Guerra do Paraguai tem duas interpretações principais com relação às
causas do conflito: uma é política, e dá mais importância aos desejos
expansionistas de Solano López, afirmando que a guerra começou devido à
invasão do território brasileiro; outra é mais econômica, e dá mais importância
aos interesses ingleses na América Latina, afirmando que a guerra foi fomentada
pela Inglaterra para destruir a economia paraguaia que tornava o país um
perigoso exemplo para as outras nações sul-americanas. Ambas as interpretações
se complementam para explicar e interpretar os acontecimentos históricos.
A Guerra do Paraguai desencadeou consequências no Brasil: os militares
brasileiros foram rejeitados e pouco valorizados, ocorreu crise econômica
devido aos altos empréstimos feitos com a Inglaterra para sustentar a guerra,
além disso soldados brasileiros tiveram contato com ideias republicanas no
campo de batalhas. A guerra ajudou no declínio do Segundo Reinado e da
monarquia.

Declínio do Império (1870-1889)


- Abolição da escravatura: processo iniciado em 1850, com a Lei Eusébio
de Queirós, que aboliu o tráfico internacional de escravos.
- Os barões do café e os senhores de engenho, que até então apoiavam o
imperador; com a abolição, retiraram esse apoio.

A produção cafeeira necessitava de grande mão-de-obra, e no sudeste já


faltavam escravos. Optou-se então pela mão-de-obra de colonos europeus
(italianos e alemães principalmente, que passavam por dificuldades de empregos
nos seus países de origem, devido às guerras de unificação e o processo de
industrialização).
O movimento abolicionista foi apoiado por fazendeiros paulistas
(cafeicultores que usavam desde o início de sua produção o trabalho livre), pelas
massas urbanas, pelos que queriam a industrialização (para que os escravos
libertos se tornassem consumidores), e pelos imigrantes europeus (que apoiavam
a abolição para que as antigas fazendas escravistas abrissem vagas para o
trabalho livre).
Duas outras leis abolicionistas importantes foram: a Lei do Ventre Livre
ou Visconde de Rio Branco (1871), e a Lei dos Sexagenários ou Saraiva
Cotegipe (1885); até se chegar a abolição ampla e definitiva com a Lei Áurea,
assinada pela princesa regente Isabel (1888).

O Isolamento da Monarquia
- A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai.
- Movimento Republicano (abolicionista e federalista) versus Monarquia
(centralista e tida como escravista / apoiada ainda pelos senhores de engenho do
nordeste, pela nobreza, por alguns senhores cafeicultores do Rio de Janeiro e por
grande parte das massas populares).
- Questão Religiosa: padres brasileiros queriam o fim do padroado.
- Questão Militar: militares queriam sua maior valorização por parte do
governo e sua maior participação na política.
PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXVIII
REVOLUÇÕES INGLESAS (século XVII)
A formação do absolutismo inglês:
Na Inglaterra, durante o século XIII, os nobres obrigaram o rei a
assinar um documento chamado Carta Magna, que limitava o poder da Coroa.
No mesmo século, instituiu-se o Parlamento (ou Grande Conselho), formado por
membros do Clero, da nobreza e da burguesia, que se tornou um limitador do
poder do rei.
O fortalecimento do poder monárquico só ocorreu após a Guerra
das Duas Rosas (1455-1485), um intenso conflito entre famílias nobres rivais
pela posse da Coroa. A guerra devastou o reino, enfraqueceu a nobreza e
despertou nos habitantes o anseio por um governo forte, que acabasse com as
agitações e a insegurança. Quando o combate terminou, subiu ao trono Henrique
VII, fundador da Dinastia Tudor e do absolutismo inglês.

A era da dinastia Tudor:


A dinastia Tudor durou mais de cem anos: iniciou-se no final do
século XV e terminou no início do século XVII. Além de Henrique VII,
governaram Henrique VIII e Elizabeth I. Nesse período houve grande
desenvolvimento econômico. Mesmo com o Parlamento atuante, os reis desta
dinastia conseguiram impor suas decisões a todas as camadas sociais e grupos
religiosos. Com eles, a autoridade da Coroa ganhou força, e a Inglaterra tornou-
se uma potência comercial e marítima.
Um dos principais acontecimentos do governo de Henrique VIII,
foi o rompimento com a Igreja Católica, motivado por interesses políticos e
econômicos. Em 1533, contra a vontade do papa, o rei anulou seu casamento
com a primeira esposa, Catarina de Aragão. O rei queria um herdeiro para o
trono, e Catarina só tivera filhas. O papa recusou-se a aceitar o divórcio, também
por motivos políticos, pois Catarina era tia de Carlos V, o rei da Espanha
católica. Henrique VIII, então, rompeu com a Igreja Católica Romana e fez o
Parlamento votar o Ato de Supremacia, que o proclamava chefe supremo da
Igreja inglesa, conhecida como Igreja Anglicana. Os bens da Igreja Católica na
Inglaterra foram confiscados pela Coroa e vendidos a nobres e burgueses
ingleses.
Depois disso, Henrique VIII casou-se mais cinco vezes. Com a
terceira esposa, Jane Seymour, conseguiu o filho que tanto desejava, Eduardo
VI, mas este faleceu aos 15 anos. Antes, com Ana Bolena, a segunda esposa,
tivera uma filha, Elizabeth I, que assumiria o trono da Inglaterra em 1558.

O governo de Elizabeth I:
Com Elizabeth I, o absolutismo inglês chegou ao auge. Seguindo
os passos do pai, ela fez tudo para fortalecer a autoridade real. Controlou a
disputa política e religiosa entre católicos e protestantes, estabeleceu boas
relações com o Parlamento e conseguiu fazer da Igreja Anglicana uma Igreja
nacional, que reforçou a unidade do país.
Elizabeth I procurou desenvolver o comércio e a indústria naval.
Ao enfrentar e derrotar a invencível armada espanhola, em 1588, a soberana
preparou a Inglaterra para se tornar a maior potência marítima do mundo.
A expansão marítima inglesa favoreceu a grande burguesia, que
acumulou fortunas com a exploração comercial e a pirataria. Os grandes
burgueses também foram beneficiados pela concessão de monopólios, que lhes
dava o direito exclusivo de fabricar ou comercializar determinados produtos.
A morte de Elizabeth I encerrou a dinastia Tudor. Sem herdeiros
diretos, o trono foi assumido por seu primo, membro da família Stuart.

Os cercamentos:
No século XVI, houve um grande crescimento das manufaturas de
lã na Inglaterra. Para a produção lanífera continuar a crescer, era preciso expandir as
áreas destinadas à criação de ovelhas, que forneciam a matéria-prima para fazer os
tecidos. Iniciou-se então um processo conhecido como cercamentos. As propriedades
eram cercadas, produtores de lã tomavam as terras dos camponeses e substituíam as
atividades agrícolas por criação de ovelhas.
No início, os cercamentos ocorreram por iniciativa particular. A
partir do século XVIII, o Estado acelerou este processo, fixando leis de cercamentos.

A prosperidade da era Tudor:


Os reis da dinastia Tudor conseguiram governar de forma
absoluta graças à prosperidade econômica da Inglaterra. A criação de carneiros visando
a produção de lã, o desenvolvimento das manufaturas, a política mercantilista e a
pirataria realizada sobre os navios estrangeiros produziram uma rica burguesia. Esta,
apoiava a monarquia, que em troca a beneficiava com a concessão de monopólios
comerciais geradores de altos lucros.
Por outro lado, também foi importante a habilidade com que os
reis Tudor trataram o Parlamento. A monarquia inglesa não só deixou de ser alvo de
ataques como também recebeu relativo apoio do Parlamento. O governo de Elizabeth I,
por exemplo, ficou conhecido como “absolutismo disfarçado”.

Os conflitos da era Stuart:


Em geral, os novos burgueses eram seguidores do calvinismo
(puritanos e presbiterianos) e não tinham os benefícios dos monopólios reais concedidos
aos anglicanos. Descontentes com os privilégios dados às companhias de comércio
protegidas pela Coroa, os novos burgueses passaram a defender um governo menos
autoritário e que interviesse menos na economia.
Os primeiros conflitos surgiram com o rei Jaime I, da dinastia
Stuart. Um desses conflitos foi chamado de Conspiração da Pólvora, de 1605. Planejado
por um grupo de católicos também descontentes com a distribuição de monopólios e
privilégios, o movimento tinha como objetivo matar o rei pela explosão de barris de
pólvora escondidos embaixo do prédio do Parlamento. A conspiração foi descoberta e
todos os envolvidos mortos.
O novo soberano tentou estabelecer na Inglaterra a teoria francesa
do direito divino dos monarcas, colocando-se como um representante de Deus. Numa
sessão do parlamento, declarou que “os reis são com justiça chamados deuses, pois
exercem uma espécie de direito divino na Terra”.
Ao mesmo tempo, em razão dos cercamentos, havia uma enorme
camada de ex-camponeses sem trabalho e faminta, que perambulava pelas estradas e
cidades promovendo agitações e revoltas.

A Revolução Puritana:
O autoritarismo de Carlos I, sucessor de Jaime I, agravou os
conflitos do governo com o Parlamento. Restabeleceu a cobrança de impostos navais
sobre as cidades costeiras e impôs aos presbiterianos escoceses as regras da Igreja
Anglicana.
Em 1642, Carlos I mandou invadir o Parlamento e provocou uma
guerra civil na Inglaterra. Do lado do rei estava a maioria dos nobres, os católicos e os
anglicanos. Ao lado do Parlamento estavam os pequenos proprietários de terras,
mercadores e donos de manufaturas, a maior parte dos presbiterianos. Sete anos após o
começo do conflito, o exército do parlamento, comandado pelo puritano Oliver
Cromwell, prendeu, julgou e executou o rei Carlos I (1649).
A vitória de Cromwell inaugurou a República Puritana. Ele
eliminou as taxações excessivas, abafou revoltas internas e aprovou em 1651, os Atos
de Navegação, determinando que mercadorias negociadas com a Inglaterra só poderiam
ser transportados por navios ingleses ou dos países produtores. Cromwell começou seu
governo respeitando o Parlamento, mas logo tornou-se um ditador e despertou críticas
até entre seus apoiadores puritanos. Após sua morte, em 1658, o caminho foi aberto
para a restauração monárquica.

A Revolução Gloriosa:
Em 1660, com Carlos II, a dinastia Stuart voltou ao poder.
Simpático à Igreja de Roma, o rei acabou com as leis que restringiam a atuação dos
católicos.
Jaime II, seu irmão e sucessor, queria restaurar o poder do
catolicismo na Inglaterra. As reações dos anglicanos e puritanos foram intensas. Em
1688, o Parlamento, apoiado pelos comerciantes, financistas e proprietários rurais,
depôs Jaime II e colocou no trono seu genro Guilherme de Orange, um holandês
protestante. Este episódio ficou conhecido como a Revolução Gloriosa.
A monarquia passou a respeitar a Magna Carta e a Declaração de
Direitos de 1689, e o governo, de fato, começou a ser exercido pelo Parlamento, numa
conciliação entre nobreza e burguesia. Medidas administrativas posteriores favoreceram
o desenvolvimento capitalista do país: o estímulo ao livre comércio, a modernização dos
portos e a construção de estradas e navios. Com a Revolução Gloriosa a burguesia
assumiu o poder na Inglaterra.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE MONARQUIA, PRESIDENCIALISMO E


PARLAMENTARISMO
A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes.
No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o
Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal.
Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é
compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por
tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e
de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros
do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O
Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a
execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei
(que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de
aprovar os ministros escolhidos pelo presidente.
No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras.
Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da
forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-
ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é
indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo
Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o
maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país.
Na monarquia sem parlamentarismo, o rei centraliza o poder. Se for
parlamentarista ou constitucional, o poder da Coroa é limitado pelo Parlamento ou pela
Constituição. O monarca tem um cargo vitalício. Após a morte do monarca ou a sua
renúncia, ele é substituído por alguém da sua família.

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PROF. FABIANO DE JESUS

XXIX
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Antes de século XVI: artesanato (forma mais simples de produção, onde o
artesão fazia tudo e assim dominava todo o processo e meios de produção).
Nos séculos XVI e XVII: deu-se o desenvolvimento das manufaturas, que se
caracterizavam pelo grande número de trabalhadores reunidos num determinado local e
pela inicial especialização do trabalho (cada trabalhador fazia um trabalho específico),
há a divisão do trabalho, que porém, ainda é bastante manual.
A partir do século XVIII: ocorre a maquinofatura, ou seja, o uso crescente de
máquinas na produção, trazendo a mecanização em substituição às ferramentas mais
simples e ao próprio trabalho dos homens. Esta é a forma mais complexa da
industrialização.

O pioneirismo inglês
Os fatores que levaram a Inglaterra a ser a primeira nação a industrializar-se
em grande escala foram:
- Grande acúmulo de capitais resultante do comércio. O Estado inglês
raramente gastava seu capital com ostentações como o caso de Portugal e Espanha.
- A existência de uma grande liberdade econômica para a burguesia,
principalmente após 1688 (época da Revolução Gloriosa).
- A existência de um vasto império colonial fornecedor de matéria-prima e
consumidor de produtos manufaturados.
- Existência de uma poderosa marinha mercante e de guerra.
- O clima favorável à industria de tecidos e a existência de grandes reservas de
carvão mineral usado como combustível.

A Revolução Industrial é dividida em três fases:


- Primeira Revolução Industrial:
A 1ª Revolução Industrial: atingiu principalmente Inglaterra e França no século XVIII,
entre 1760 e 1860, e usou em larga escala o carvão e o ferro. É quando surgem as
primeiras indústrias, a princípio em sua maioria têxteis.
A invenção das máquinas de tecer automáticas permitiu uma transformação radical no
processo de produção. As máquinas tornaram-se mais importantes que a mão-de-obra.
A burguesia passou a adquirir cada vez mais máquinas eficientes para aumentar a
produção e aniquilar pela concorrência a produção doméstica. Nas fábricas desse
período ocorria rapidamente a divisão do trabalho.

- Segunda Revolução Industrial:


Atingiu a Alemanha, Itália, Rússia e EUA. Iniciou a partir de 1870, marcada pelo uso de
novas fontes de energia – eletricidade e petróleo -, pela substituição do ferro pelo aço, e
pela criação da linha de montagem do americano Henry Ford. O método da produção
em série ficou conhecido como fordismo.
Outra característica desse período foi a internacionalização das indústrias, que buscaram
generalizar a divisão do trabalho como forma de gerar mais lucros. Surgiram os trustes
(fusão de empresas do mesmo ramo para monopolizar a produção, o preço e o
mercado), as holdings (grandes conglomerados) e os cartéis (acordos para eliminar a
concorrência). Nos Trustes ocorre a associação de várias empresas em uma única, que
passa a dominar todas as fases da produção, desde a obtenção de matéria-prima até a
comercialização do produto. Nos cartéis há a formação de um grupo de empresas
independentes que, para evitar os desgastes da concorrência, dividem o mercado entre
si; e cada uma delas atua em uma determinada área geográfica. As holdings são
empresas nascidas da associação de diversas empresas e que possui o controle de suas
associadas. A prática do financiamento para a criação de novas empresas, fez com que o
capitalismo industrial fosse aos poucos sendo substituído pelo capitalismo financeiro,
onde os bancos passaram a ter mais importância na economia que as indústrias.
Começava nesta época a crescente demanda por matéria-prima e mais consumidores,
pois os mercados internos nacionais se esgotaram. A solução foi buscar novos locais
para novos investimentos e implantação de filiais. Surgiu então a política econômica
imperialista. Basicamente, imperialismo é a dominação política e/ou econômica, direta
ou indireta, de uma nação mais rica e poderosa sobre outra mais pobre e fraca.
O Imperialismo foi forte no século XIX, onde a Inglaterra principalmente teve grande
poder político, econômico e bélico; ao lado de outros países europeus. Essas nações
monopolizaram o comércio mundial, e a disputa entre elas por mercados consumidores
foi uma das causas da eclosão da Primeira Grande Guerra.

- Terceira Revolução Industrial:


Ocorreu a partir de 1950, marcada pelo surgimento das multinacionais, pela crescente
informatização da produção, pela substituição da mão-de-obra humana por máquinas,
pela eliminação de postos de trabalho, extinção de algumas profissões e criação de
outras.
Houve o surgimento dos tecnopólos ligados às grandes indústrias e que utilizam e criam
novas tecnologias através de pesquisas.
No Japão surgiu o Toyotismo – em oposição ao fordismo -, método de produção de
pequenas séries de uma variedade maior de produtos.

Resultados da Revolução Industrial


- Incentivo aos negócios burgueses.
- Fim das obrigações feudais.
- Grande oferta de mão-de-obra barata na Inglaterra: camponeses que não
tinham perspectiva de vida após terem deixado o campo e terem ido para as cidades.
Mulheres e crianças trabalhavam por baixíssimos salários e condições sub-humanas.
Tais pessoas trabalhavam em indústrias ou minas de carvão.
- Surgimento da burguesia industrial e do proletariado.
- Aumento da produção.
- Passagem da sociedade rural para a urbana industrial.
- Mecanização da indústria e da agricultura.
- Desenvolvimento do sistema fabril.
- Desenvolvimento dos transportes e das comunicações.
- Expansão do capitalismo.
- Capitalismo monopolista substituiu o capitalismo de livre concorrência e
originou o imperialismo.
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APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXX
AS LUTAS OPERÁRIAS E OS SINDICATOS
A organização da classe operária:
No início do século XVIII, os tecelões ingleses organizaram as
primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em
trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes, com a
intenção de obterem melhores salários. No entanto, só com a grande industria
fabril surgiram associações fortes e organizadas, que passaram a ser uma ameaça
aos capitalistas.

Destruindo as máquinas:
A vida dos operários nos primórdios da industrialização era
extremamente dura. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé, parando
apenas para um rápido almoço. Não havia férias, descanso semanal remunerado
ou qualquer outro direito trabalhista.
A mecanização do trabalho causava a dispensa de muitos
trabalhadores. Os operários reagiram destruindo as máquinas, vistas por eles
como as responsáveis pelo desemprego e pela miséria. O principal movimento
de destruição de máquinas ficou conhecido como ludismo (termo derivado de
Ludd, sobrenome do operário que teria liderado o movimento. Até hoje não se
confirmou a existência de Ned Ludd, mas a historiografia manteve assim o nome
do movimento), e atingiu várias regiões da Inglaterra, inclusive o campo, aonde
a mecanização também havia chegado.
O movimento foi violentamente oprimido pelas autoridades, que
chegavam a aplicar pena de morte aos envolvidos.

A formação dos sindicatos e dos movimentos grevistas:


A associação de trabalhadores remonta às corporações de ofícios
da Idade Média, quando mestres de uma atividade profissional se reuniam para
proteger a produção da concorrência de outras cidades. Com as transformações
operadas pela revolução industrial, os operários também passaram a se reunir em
associações chamadas trade unions , ou sindicatos, como passaram a ser
conhecidas.
Com o advento da Revolução Industrial, os mestres artesãos e os
profissionais das antigas oficinas foram incorporados aos trabalhos nas
industrias. Como em geral a oferta de trabalhadores era maior do que a de
empregos, os proprietários podiam controlar livremente os salários dos
operários. Diante desta realidade criada pela industria, o objetivo central da
trade union era organizar lutas operárias por melhores condições de trabalho e
maiores salários.

A difícil luta pela liberdade sindical:


As associações trabalhistas inglesas foram proibidas nos anos de
1799 e 1800. Os sindicatos tornaram-se ilegais, e seu funcionamento foi
considerado crime. Muitos continuaram a existir na clandestinidade ou com
outros nomes, como o de associação mútua. Diversos operários foram presos.
Apenas em 1824, o funcionamento dos sindicatos deixou de ser
ilegal e, em 1871, essas associações foram efetivamente legalizadas. Esse
processo fortaleceu o movimento operário inglês e abriu brechas para a
conquista de novos direitos sociais. A luta dos operários ingleses inspiraria mais
tarde o movimento operário de outros países.

O movimento cartista:
O cartismo foi o primeiro movimento da classe operária inglesa a
reivindicar direitos políticos e a adquirir caráter nacional. O movimento nasceu
em Londres, em 1837, quando uma associação de trabalhadores enviou ao
Parlamento, um documento, a Carta do Povo, em que requeriam, entre outras
coisas voto secreto, sufrágio universal masculino e parlamentos renovados
anualmente.
A petição foi levada para assembleias de trabalhadores em todo o
país e recebeu mais de um milhão de assinaturas. A recusa do Parlamento em
aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações e prisões. O
mais grave incidente ocorreu quando uma coluna de mineiros entrou em
confronto com soldados, resultando em 10 mortos e dezenas de feridos.
Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma segunda
petição, bem mais radical que a primeira. Além das reivindicações iniciais,
exigia aumento de salário para os operários e diminuição da jornada de trabalho.
A nova petição recebeu cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da
população masculina inglesa na época.
Aos poucos, as lutas operárias surtiram efeito. As leis trabalhistas
do século XIX e início do século XX melhoraram as condições de trabalho nas
fábricas e minas inglesas, além de fortalecer as lutas dos trabalhadores de outros
países.

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PROF. FABIANO DE JESUS

XXXI
ILUMINISMO

O Iluminismo influenciou o Despotismo Esclarecido, a independência dos EUA


e sua Constituição, e a Revolução Francesa.

“A natureza governada pela razão.”


Muitos pensadores que viveram nos séculos XVII e XVIII acreditavam que a razão
poderia iluminar o mundo e a humanidade. Iluminar, neste caso, tem o sentido de explicar, de
fazer compreender, abrir a mente à novas idéias. Esses pensadores foram chamados de
iluministas, e o movimento que eles criaram recebeu o nome de Iluminismo ou Filosofia das
Luzes.
Para compreender melhor o Iluminismo, convém lembrar que muitos dos pensadores
que participaram deste movimento viviam sob o regime político denominado Antigo Regime:
monarquias absolutistas, em que o rei, a nobreza e o clero acumulavam poder e privilégios, e
as pessoas não podiam dizer livremente o que pensavam. Os iluministas opunham-se a essa
situação. Eram contrários ao autoritarismo dos reis, aos privilégios da nobreza e do clero, à
intolerância religiosa e à falta de liberdade de expressão.
A razão era, para os iluministas, o valor supremo. Só por meio da razão, isto é, do ato
de pensar, que os homens poderiam alcançar o esclarecimento, a solução para os seus
problemas e de toda sociedade, a melhor forma de governar e de viver.
Para os iluministas, a maioria das pessoas, as massas, viviam mergulhados na
ignorância, na superstição e no fanatismo religioso. Só com a razão, essas coisas poderiam
ser combatidas, e só assim haveria liberdade e melhorias nas sociedades e nos países.
Um traço marcante dos iluministas era o otimismo. Eles acreditavam que, ao
espalhar-se entre os homens, a razão conduziria ao progresso. Com o passar do tempo, a
ignorância, fruto da irracionalidade desapareceria, e assim, surgiria uma humanidade
esclarecida. Era essa crença no progresso constante da humanidade que os fazia otimistas. O
triunfo da humanidade para eles era uma certeza.
Os iluministas aplicavam-se no campo das ciências e encantavam-se com as
descobertas científicas. Para os iluministas o acesso ao conhecimento conduzia
inevitavelmente ao progresso e à felicidade. Um dos mais importantes iluministas no campo
da ciência foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Graças a suas descobertas, a química
transformou-se numa ciência moderna.
Um sinal de progresso da humanidade seria o desaparecimento das fronteiras políticas
e culturais, e o surgimento de uma única cultura, partilhada por todos os homens. Para os
pensadores iluministas, as criações nacionais, ou seja, tudo aquilo que era típico de
determinado povo ou cultura, constituíam restos de um tempo de atraso e escuridão.
Da noção iluminista de progresso deriva a idéia de civilização que tais pensadores
possuíam. Civilização, para eles, era o que os europeus criaram. Os outros povos deveriam
evoluir de seus estágios primitivos e atrasados em que se encontravam para o da civilização
(entendida como europeia). Assim, africanos, asiáticos e povos pré-colombianos da América,
eram vistos na Europa do século XVIII como povos “atrasados e primitivos”, mas que
poderiam alcançar a civilização entrando em contato com os europeus. Isso disseminaria o
progresso, que para os iluministas era linear e ilimitado.
Parte dos iluministas era materialista, mas a maioria acreditava em Deus e o
considerava a “Razão Suprema”, ou o “Relojoeiro do Universo”, aquele que criou o universo
e o pôs para funcionar. Desde então, o mundo passou a ser visto como a engrenagem de um
relógio em bom estado: de modo preciso e regido por leis naturais. Conhecer essas leis era
sinal de progresso. Quanto à vida social, os iluministas consideravam que era o homem o
responsável pelos males, como a desigualdade, as guerras, a criminalidade etc, e era, também
o homem, por suas ações, iluminadas pela razão, iria pôr fim a essas tragédias.

Conceitos
- Movimento cultural. O ápice do movimento foi na França do
século XVIII (berço do Iluminismo).
- Foi um período de prodigioso desenvolvimento científico e
cultural.
- Século das Luzes ou Ilustração.

Características
- Crítica às doutrinas do Antigo Regime: Absolutismo e
Mercantilismo.
- Recusa às “Trevas” da Igreja Católica: os iluministas criticavam
a Igreja, mas muitos deles acreditavam em Deus. Com relação à crença ou não
em Deus, havia basicamente três grupos:
*Os teístas, que criam na existência de um Deus criador que
poderia ter contato com a humanidade através de revelações interpretadas
pela religião;
*Os deístas, que criam na existência de um Deus criador, mas
criam também que esse Deus não intervinha no universo criado ( pois
este já seria dotado pelo criador da capacidade de funcionar sozinho
como uma máquina autônoma ), nem mantinha contato com o homem
nem por revelações, nem por religiões;
*Os ateístas, que negavam totalmente a existência de Deus e de
qualquer realidade que não fosse a material.
- Rápido crescimento das descobertas possibilitava um futuro
“mais evoluído ou superior”.
- Transformação na economia e na política (liberalismo), na
sociedade (dominância da burguesia) e na cultura.

Origens: Séculos XV, XVI e XVII; onde seus acontecimentos geraram no


século XVIII o movimento iluminista.
Influências: Revoluções científicas, principalmente de Descartes e
Newton.
Ideias gerais:
- Razão para se chegar ao conhecimento e à sabedoria.
- O universo é uma máquina governada por leis físicas, que podem ser
determinadas e estudadas.

Difusão das Ideias Iluministas


A Enciclopédia pretendia reunir todos os conhecimentos científicos e
filosóficos do Iluminismo e da humanidade. Os organizadores da Enciclopédia
foram o filósofo Denis Diderot (1713-1784) e o matemático Jean D’Alembert
(1717-1776). Eles coordenaram a edição da obra e convidaram artistas, filósofos,
cientistas, médicos, teólogos e artesãos, que forneceram informações ou
escreveram verbetes. A obra Enciclopédia foi publicada em 1751 na França. Era
composta de 35 volumes e 2885 ilustrações, que levou 21 anos para ser editada.
Mesmo numa época em que o número de leitores era proporcionalmente menor
que o de hoje, a Enciclopédia foi um sucesso de vendas. Por fazer sérias críticas
aos reis absolutistas e à Igreja, a obra chegou a ser proibida e retirada de
circulação pelo governo francês.
Diversos filósofos divulgavam as ideias iluministas. Muitos deles
dedicavam-se à ciência, filosofia, literatura e outras áreas do conhecimento.
Alguns dos mais conhecidos foram Locke, Voltaire, Montesquieu e Rousseau.

- John Locke (1632-1704): As idéias de John Locke ajudaram a derrubar


o Absolutismo na Inglaterra. Locke pregava que todos os homens ao nascer,
tinham direitos naturais: direito à vida, à liberdade e à propriedade. Os governos
deveriam garantir estes direitos. Se determinado governo não respeitasse a vida,
a liberdade e a propriedade, o povo teria o direito de se revoltar contra ele. As
pessoas poderiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar
suas decisões.
Os direitos individuais deveriam ser respeitados e protegidos pelos
governos. Por essas ideias, Locke é considerado um dos pais do liberalismo na
política.

- Voltaire (1694-1778): O francês François-Marie Arouet, que se


autodenominava Voltaire, ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis
absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Refugiou-se por um tempo
na Inglaterra, onde teve contato com as ideias de Locke.
Voltaire escreve Cartas Inglesas, obra na qual elogia a liberdade de
pensamento e de religião e a obediência do rei inglês às leis do país. Com isso,
Voltaire criticava o Absolutismo do rei da França.
Foi inspirador do Despotismo Esclarecido; lutou pelas liberdades
individuais:”posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas me
baterei a vida toda pelo direito que tens de dizê-las.”
Era contra à monarquia absoluta e à Igreja, mas favorável ao regime
monárquico com tendências burguesas. Desprezava as camadas pobres.

- Montesquieu (1689-1775): Foi um jurista francês chamado Charles-


Louis de Secondat, Barão de Montesquieu, não se contentou apenas em apontar
problemas da sociedade em que viveu, apresentava também algumas soluções.
Escreveu “O Espírito das Leis”, onde afirmava que “qualquer pessoa que tenha o
poder tenderá a abusar dele”. Desenvolveu a teoria da separação dos poderes, a
fim de se conseguir um equilíbrio no governo, pois um poder limitaria o outro.
Montesquieu afirmava que o governo assim dividido só funcionaria bem se os
três poderes fossem autônomos, isto é, se um não se intrometesse na área de
atuação do outro. Defendia os interesses da burguesia e desprezava o povo.

Obs.: Democracia e liberalismo não são sinônimos neste momento do Iluminismo.


- Jean Jacques Rousseau (1712-1778): Muitas ideias do suíço Jean
Rousseau continuam atuais.
Escreveu “Da Origem da Desigualdade Entre os Homens” e “O Contrato
Social”. No Contrato Social , defendeu a ideia de que o povo é soberano e que deve
prevalecer sempre a vontade da maioria. Para esse pensador, se o governo escolhido
pelo povo não o estiver representando, o povo não só pode, como deve, substituí-lo.
As ideias de Rousseau influenciaram movimentos revolucionários dentro e fora
da França. Os revolucionários franceses de 1789 resumiram o pensamento social de
Rousseau em três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade.
Iluminista atípico, pois não seguia o exemplo dos outros, pois legislava a favor
do povo. Não valorizava o uso da razão. Era um iluminista apenas por defender sua
própria razão e se antepor às “trevas medievais”. Apoiava a República (RES PUBLICA,
ou “coisa do povo”), pois cria que a fonte do poder emanava do povo. Defendia uma
divisão igualitária da terra para os homens. Em “O Contrato Social” advogava que a
sociedade e o Estado nascem pelo convênio entre as pessoas. O poder é o próprio povo.
Rousseau acreditava que “o homem nasce bom; é a sociedade que o corrompe”.
Por isso, para Rousseau, as crianças deveriam viver durante o maior tempo possível em
estado “natural” de inocência.

As ideias dos iluministas franceses e ingleses espalharam-se por cidades de


países distantes. A propagação se deu de diversas formas, entre elas, as mais usadas
estavam os panfletos, livros e jornais clandestinos. Eram escritos por pessoas que
queriam ganhar dinheiro simplificando e resumindo as ideias dos grandes pensadores.
Muitos autores desses materiais de divulgação eram bons oradores e expunham suas
ideias em praças públicas, cafés e bares. O público frequentador desses lugares tinha
diversas origens sociais, com grande número de trabalhadores pobres e excluídos.

O Iluminismo na economia
Uma das críticas que os reis absolutistas faziam aos reis absolutistas estava
relacionada à política econômica mercantilista adotada por eles. Para se opor aos
mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que posteriormente se chamou
liberalismo econômico.

- Fisiocratas:
Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.
Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O
criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era
regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a
oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a
subir.
Características:
- A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a
terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.
- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.
- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta
funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer,
deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.
- Foram eles que iniciaram a economia liberal.

- Liberais:
Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.
Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores
lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade
era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza
era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto
Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas
sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir
melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as
mais industrializadas se especializariam na indústria.
Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país
estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus
produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e
empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.

O Despotismo Esclarecido
Alguns reis absolutistas europeus usavam as ideias iluministas para
diminuir as críticas de seus governos e aumentar seu prestígio, poder e fama. Por
incorporar algumas dessas ideias, foram chamados de déspotas (senhores
absolutos, tiranos, ditadores) “esclarecidos”. O despotismo também foi uma
tentativa de modernização de alguns países europeus mais arcaicos, como
Áustria, Rússia, Prússia e Portugal, que ainda mantinham sua política
absolutista.
Características destes países:
- Economia agrária.
- Pequeno desenvolvimento comercial.
- Baixo índice de urbanização.
- Contradição: implantação de uma ideia burguesa pela monarquia.

Principais déspotas:
- Frederico II da Prússia: aboliu as torturas dos presos em seu país,
fundou muitas escolas de ensino fundamental e incentivou a produção de obras
científicas, filosóficas e literárias, além de dirigir a reforma de Berlim, capital da
Prússia.

- José II da Áustria.

- Catarina II da Rússia: mandou construir escolas, hospitais, reformou


São Petersburgo e combateu a corrupção dos funcionários civis e religiosos.

- Marquês de Pombal, ministro de D. José de Portugal: modernizou o


exército, incentivou o comércio e as manufaturas portuguesas, lutou contra a
dominação econômica inglesa sobre Portugal, fez de tudo para tirar o ensino das
mãos dos religiosos, expulsando os jesuítas de Portugal e suas colônias (o que
significou, no entanto, um retrocesso no ensino do Brasil).
- Aranda, ministro da Espanha.

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PROF. FABIANO DE JESUS
XXXII
MOVIMENTOS LIBERAIS
O liberalismo foi um movimento contrário ao Absolutismo e ao
Mercantilismo. Lutava contra os monopólios e a favor do livre-comércio e da
abertura política com maior representação.
A Revolução Francesa durou 26 anos (1789-1815) e divulgou o
liberalismo pelo mundo através de Napoleão e suas ideias de domínio francês.
A partir de 1815, com o fim do Império Napoleônico, o Congresso de
Viena tentou impor novamente o Absolutismo, e povos de várias nações se
tornaram descontentes com isso por já terem assimilado as ideias liberais. Isso
fez surgir os movimentos liberais do século XIX.

A herança nacionalista:
Napoleão deixou outra herança. Ao ocupar grande parte da Europa, ele
estimulou o sentimento nacionalista dos povos conquistados que lutaram contra
o invasor francês em nome da pátria. Esse sentimento transformou-se em vários
movimentos de união nacional em busca da independência. As lutas pela
liberdade fizeram do século XIX o mais revolucionário que a Europa jamais
vivera.

As ondas revolucionárias de 1820 e 1830:


A derrota de Napoleão em 1815 não significou o desaparecimento dos
ideais da Revolução Francesa. As reformas napoleônicas que sinalizavam uma
sociedade um pouco mais justa ainda estavam vivas na lembrança popular e
influenciaram diversos movimentos sociais, como as ondas revolucionárias do
século XIX.
A primeira onda liberal ocorreu na década de 1820 e atingiu
principalmente regiões onde a industrialização ainda não havia deslanchado,
como, por exemplo, Espanha, Nápoles e Grécia. O último movimento que
obteve sucesso foi o grego, que começou em 1821 e terminou com a libertação
do domínio turco, em 1829. A insurreição na Espanha, mesmo derrotada,
mostrou um aspecto interessante: foi influenciada pelas lutas de libertação de
suas colônias americanas.
A onda revolucionária de 1830 foi maior e mais importante que a
anterior. Começou pela França, seguindo depois para a Bélgica, Polônia, Itália,
Alemanha, Suíça e Inglaterra. Nem sempre as insurreições saíram vitoriosas,
mas algumas mudanças liberalizantes ocorreram nesses países. A Bélgica se
tornou independente da dominação holandesa; na Inglaterra, as agitações
políticas produziram reformas eleitorais que ampliaram o número de eleitores.
Em várias partes da Europa Ocidental, a aristocracia parecia perder
definitivamente o controle político, substituída por uma burguesia rica,
composta de banqueiros e industriais. As insurreições de 1830 apresentaram
ainda outra novidade. Em países mais industrializados, como França e
Inglaterra, um outro ator social entrou em cena: o operariado, organizado em
sindicatos e em associações autônomas.
As revoluções de 1848:
O ano de 1848 foi o de maior intensidade revolucionária em todo o
século XIX. Os movimentos liberais da burguesia se misturavam com as
reivindicações dos trabalhadores, os movimentos nacionalistas e a crise
econômica.
Em países industrializados, o sentimento nacionalista substituía velhas
formas de identificação local. No mundo da industria, os trabalhadores muitas
vezes tinham de se deslocar de uma parte à outra do país e, dessa forma, perdiam
seus vínculos mais fortes com a região de origem. Era o início da migração que
marcaria o final do século XIX.
A onda revolucionária de 1848 também foi impulsionada pela terrível
crise econômica que atingiu toda a Europa entre 1846 e 1850, originada nas
péssimas colheitas agrícolas e que se propagou pelas cidades. O custo de vida se
elevou, industrias metalúrgicas dispensaram os operários e fecharam as portas,
empresas ferroviárias suspenderam a construção de muitas obras.
As dificuldades econômicas, somadas aos ideais liberais e nacionalistas,
criaram as condições favoráveis à explosão revolucionária.

Uma mistura explosiva:


Assim como na década anterior, a onda revolucionária de 1848 começou
na França. Em Paris, os franceses proclamaram a Segunda República, pondo
novamente fim à monarquia. Em regiões que futuramente formariam a Itália e a
Alemanha, as rebeliões, apesar de derrotadas, conseguiram implantar algumas
repúblicas. O esforço nacionalista nessas regiões se caracterizava pela tentativa
de reunir as unidades políticas dispersas (monarquias ou repúblicas) e formar um
estado nacional único.
Nessa época, o Império Austríaco também foi fortemente atingido por
agitações liberais e, como resultado, aboliu o trabalho servil no campo. Os
nacionalistas húngaros reagiram ao domínio estrangeiro, e a Hungria conseguiu
sua independência. Começou uma reforma agrária, após a extinção da servidão,
que foi violentamente reprimida depois de um ano.
A combinação das ideias liberais com o nacionalismo e as questões
sociais significou uma grande inovação nas lutas do período, mas também
trouxe um saldo violento: a reação contrarrevolucionária, que tentava impedir
que mudanças profundas acontecessem na maioria dos países europeus.
- 1830 na França: fim da restauração monárquica com Luís Felipe de
Orleans (o “rei burguês”). Primavera dos Povos (repercuções liberais por toda a
Europa).
- 1848 na França: Repressão do governo de Luís Felipe, rebelião popular
e ascensão de Luís Napoleão.
- 1852 na França: Império de Napoleão III (Luís Napoleão).
- Comuna de Paris: luta entre o proletário e tropas do governo de Luís
Napoleão nas ruas de Paris por cerca de um mês. Vitoriosos os trabalhadores
tomaram o poder em Paris, isolando-a. Deu-se então um governo socialista até a
abdicação de Luís Napoleão.

A Comuna de Paris
Entre março e maio de 1871, a cidade de Paris viveu a experiência da
comuna. Mais do que qualquer movimento social no século XIX, a comuna permitiu a
aplicação de algumas ideias socialistas e anarquistas.
Cercada por tropas prussianas desde setembro de 1870, após a derrota
na guerra franco-prussiana, Paris se fechou e se dispôs a resistir. Mas a situação na
cidade se tornou extremamente difícil: falta de comida, doenças e revoltas populares.
Em março de 1871, a população da cidade, insatisfeita com a ação
violenta do governo contra as revoltas populares, tomou as ruas, levantou barricadas
contra as tropas oficiais e forçou os governantes a fugir. Dias depois começava a
comuna.
Durante dois meses a cidade foi governada por grupos de
revolucionários. Todas as decisões eram tomadas pela população, em reuniões
regulares. O governo da comuna apresentou propostas revolucionárias de estabelecer o
ensino gratuito, obrigatório e laico e de formar associações de produtores para dirigir a
economia. A ideia da igualdade entre homens e mulheres, pela primeira vez foi
colocada em ação.
Em 27 de maio de 1871, uma traição acabou com a comuna. Uma das
portas da cidade foi aberta e por ela entraram tropas prussianas, que liquidaram a
resistência dos parisienses.
Depois da comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros parisienses
onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da comuna foi incorporada na
memória coletiva dos trabalhadores como modelo de governo popular e serviu para
perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.

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PROF. FABIANO DE JESUS
XXXIII
O LIBERALISMO
Algumas características:
- Propriedade privada.
- Individualismo comercial e político.
- Participação do povo na política.

Aplicações do liberalismo:
- Na Inglaterra: Revolução Gloriosa e Revolução Industrial.
- Na França e resto da Europa: Revolução Francesa e movimentos
liberais europeus do século XIX.

Liberalismo econômico:
Para se opor ao mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que
posteriormente se chamou liberalismo econômico.

- Fisiocratas:
Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.
Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O
criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era
regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a
oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a
subir.
Características:
- A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a
terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.
- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.
- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta
funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer,
deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.
- Foram eles que iniciaram a economia liberal.

- Liberais:
Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.
Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores
lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade
era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza
era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto
Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas
sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir
melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as
mais industrializadas se especializariam na indústria.
Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país
estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus
produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e
empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.

- Mauthus: afirmou que a contensão da natalidade poderia parar as crises


econômicas.
- David Ricardo: idealizou o salário mínimo.

Das ideias liberais surgiu a prática capitalista. O capitalismo é o sistema


econômico e social caracterizado pela propriedade privada dos meios de
produção, pelo trabalho assalariado, pela acumulação de capital e pelo foco
primordial no lucro. Algumas dessas características já eram visíveis no fim da
Idade Média e na Idade moderna em práticas comerciais e no mercantilismo, por
isso fala-se num capitalismo comercial ou que o mercantilismo é uma fase
inicial do capitalismo. Mas, só depois da Revolução Industrial é que ocorre a
substituição do comércio pela produção como fonte principal de lucro, marcando
o surgimento do capitalismo de fato.
Após o século XVIII iniciou e desenvolveu-se de forma crescente e
ininterrupta o processo de produção em massa, o acúmulo de capital e a cultura
de consumo. A força capitalista se impôs. Surgiram as teorias liberais. Em
meados do século XX, ocorreriam outras transformações que gerariam o
neoliberalismo e a globalização.

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PROF. FABIANO DE JESUS
XXXIV O SOCIALISMO
Os primeiros socialistas:
Provavelmente a palavra socialismo foi usada pela primeira vez na
Inglaterra, em 1827, em um artigo de jornal que defendia a ideia de que os trabalhadores
só obteriam seus benefícios com a radicalização das conquistas democráticas.
Ainda não havia uma teoria socialista; apenas uma disposição política de
alargar os limites da democracia burguesa. Vários pensadores e políticos apresentaram
propostas de uma ampla reformulação para superar os problemas sociais.
* Saint-Simon (1760-1825) era francês de origem nobre. Foi um liberal
avançado e não propriamente um socialista. Percebeu uma divisão na sociedade
burguesa: de um lado os “ociosos”, de outro os “produtores”. Saint-Simon identificava
assim, o cenário de um conflito social. Ele defendia a livre empresa e o lucro dos
industriais e propunha que o governo fosse composto de trabalhadores e capitalistas.
Assim, toda a sociedade poderia ser beneficiada pela ação do Estado e haveria maior
prosperidade social.
* Charles Fourier (1772-1837), também francês, era filho de
comerciantes. Propôs a criação dos falanstérios, ou seja, comunidades financiadas com
dinheiro publico ou privado e autossuficientes, em que cada um receberia conforme sua
capacidade de trabalho e as pessoas viveriam de forma cooperativa. Fourier via o
socialismo como uma fase final da historia humana, quando os problemas sociais
estariam superados.
* Robert Owen (1771-1858) era inglês e empresário. Desejava mudar a
sociedade por meio da criação de cooperativas de produtores e consumidores e pela
educação de todo o povo. Owen melhorou as condições de trabalho e de salubridade em
sua própria fábrica, diminuiu a jornada de trabalho, prestou assistência aos
trabalhadores e às crianças e criou cooperativas de consumo para os operários.

Socialismo e utopia:
Os primeiros socialistas foram muito criticados, pois suas propostas eram
de difícil realização ou só poderiam ser colocadas em prática em condições muito
especiais. Para Friedrich Engels (1820-1895), pensador alemão do século XIX, a
transformaçao social proposta por Simon, Fourier e Owen era uma verdadeira utopia,
porque só seria alcançada por uma obra voluntária, feita pelas elites, que teriam de
concordar em perder boa parte de suas propriedades, privilégios e fortunas, em troca do
bem-estar comum. E, segundo Engels, isso nunca ocorreria; por isso, ele classificou os
primeiros pensadores socialistas de utópicos.
No entanto, várias ideias dos socialistas utópicos foram aproveitadas
pelos futuros pensadores socialistas, como Karl Marx (1818-1883) e o próprio Engels,
para elaborar outras propostas de transformação social. O diagnostico crítico que os
primeiros socialistas fizeram da sociedade e os limites da democracia burguesa foram
muito importantes para construir um conjunto de teorias sociais.

O marxismo:
O marxismo foi a mais importante e difundida das teorias socialistas tato
por sua consistência teórica quanto por suas repercussões práticas. Deve seu nome a
Karl Marx, que contou com a colaboração intelectual e ajuda material de Friedrich
Engels.
Diante das teorias socialistas anteriores, Marx e Engels criaram um
sistema que eles chamaram de “científico”, por considerá-lo fundamentado em uma
análise racional da realidade e capaz de alcançar a solução para os problemas sociais. A
ideia de socialismo “científico” se opõem ao caráter “utópico” que ambos criticavam
nas teorias de seus predecessores.
Para Marx, toda a análise da sociedade deveria partir de sua base
material, dos elementos econômicos que a sustentavam. Ele buscava identificar, em
cada período histórico, quem produzia, como produzia e quem se beneficiava dos
rendimentos da produção.
A partir desta análise, a teoria marxista afirmava existir uma permanente
luta de classes na sociedade. Para Marx, essa luta move a história, fazendo-a avançar.
Em meados do século XIX, a luta de classes se manifestava no conflito entre a
burguesia e o proletariado. Segundo Marx, o conflito seria resolvido com a vitória do
proletariado, ao conquistar o Estado por meio de uma revolução. Uma vez vitorioso, o
proletário destruiria o capitalismo e, após uma fase de ditadura de classe, estabeleceria o
comunismo.

O anarquismo:
Além dos socialistas utópicos e dos marxistas, outra proposta de
mudança social surgiu no século XIX: o anarquismo. As ideias anarquistas
privilegiavam a liberdade e a justiça e partiam do princípio de que o homem tinha, por
natureza, as condições necessárias para viver bem socialmente. O anarquismo teve
como um dos seus principais teóricos o russo Mikhail Bakunin (1814-1876). O
anarquismo e o socialismo tinham vários pontos em comum. Tanto um quanto o outro
eram contrários ao capitalismo, à existência da luta de classes e à concentração do
capital nas mãos de poucos. Nesse sentido, ambos defendiam uma sociedade igualitária.
Mas os anarquistas discordavam dos socialistas m um ponto: enquanto os socialistas
desejavam o controle do Estado ela classe operária, os anarquistas defendiam a imediata
destruição do Estado, pois eram, por principio, contrários a qualquer tipo de governo. A
palavra anarquia vem do grego anarchia e significa ausência de poder.
Os pensadores anarquistas recusavam qualquer forma de organização estatal que
fosse imposta às pessoas. Segundo as várias correntes do anarquismo, o Estado, o
governo, as religiões e as autoridades eram a origem de todos os males, porque exer-
ciam controle sobre os indivíduos e os impediam de ser livres.
A alternativa ao Estado é substituí-lo por outras formas de associação, autô-
nomas e de caráter comunitário, capazes de gerir a si mesmas.

Recapitulando:
- Socialismo utópico: pretendia acabar com a diferença social através da
ajuda dos empresários. Um dos seus representantes foi Robert Owen.
- Socialismo científico: Marx e Engels.
- Socialismo histórico: tem como características:
* Determinação histórico-econômica.
* Luta de classes.
* Exploração da mais-valia.
* Proletário como agente de transformação.
* Socialismo (entendido como uma adaptação, um caminho para se
chegar ao comunismo) e comunismo (consumação de uma sociedade sem lutas
de classes).
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PROF. FABIANO DE JESUS

XXXV
MOVIMENTOS NACIONALISTAS (séc. XIX)
1) Unificação italiana:
Desde o Congresso de Viena (1815), a Itália estava dividida em: Reino
Lombado-Vêneto, Reino das Duas Sicílias, Estados Papais, Piemonte-Sardenha,
Toscana, Parma e Módena.
Os principais idealizadores da unificação italiana foram o Conde de
Cavour e Giuseppe Garibaldi.
Etapas da unificação:
1ª (1848): movimentos frustrados, mas com a unificação de dois
territórios. Esse movimento de unificação foi destruído pela Áustria.
2ª (1870): movimentos vitoriosos. A Áustria, principal opositora, foi
derrotada pelos unificadores.

2) Unificação alemã:
O território alemão estava dividido numa Confederação de 38
Principados Germânicos. Sua principal união era o “Zollverein”, um conjunto de
despositivos econômicos que favoreciam o comércio entre os Principados.
Os principais participantes desta unificação foram a Prússia (a favor da
unificação) e a Áustria (contrária). A Prússia ficou responsável pela defesa da
Confederação com Bismark (foi ele que preparou a unificação alemã contra a
Áustria.

3) Consequências das unificações alemã e italiana:


- Itália ficou um país atrasado.
- Alemanha: 2ª Revolução Industrial.
- Vários alemães e italianos migraram para a América em busca de
trabalho. No Brasil entraram no século XIX cerca de 1,5 milhão de
italianos e mais de 200 mil alemães.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXXVI
OS EUA NO SÉCULO XIX

A conquista do Oeste
Depois de vencerem a guerra pela independência contra a
Inglaterra, os estadunidenses elegeram George Washington como seu
primeiro presidente (1789-1797). O presidente Washington empenhou-se
em apoiar a agricultura e a indústria, abaladas pelos longos anos de
guerras, e incentivou também a conquista do Oeste, ou seja a expansão
territorial para além dos Montes Apalaches.
A marcha para o Oeste foi motivada pela crença no destino
manifesto, pela busca de terras férteis e pelo crescimento da população
norte-americana. Entre 1820 e 1930, cerca de 62 milhões de europeus
deixaram seus países de origem; desses, cerca de 42 milhões foram para
os EUA.

Destino manifesto
Ideia segundo a qual os colonos norte-americanos haviam sido
escolhidos por Deus para expandir-se pelas terras do continente americano, levando
consigo a civilização.

Americanos natos e imigrantes iniciaram a marcha para o Oeste


(do litoral para o interior dos EUA) em pequenos navios pelos rios
Mississipi e Missouri, ou por terra em caravanas de carroças.
O grande incentivo à marcha para o Oeste se deu com a Lei de
Terras (Homestead Act), de 1862, pela qual o governo cedia, por apenas
dez dólares, um lote de terra no Oeste a quem desejasse e se dispusesse a
cultivá-lo. Para muitos essa lei significou uma reforma agrária, pois
ampliou o número de pequenos e médios proprietários fazendo aumentar
a oferta de alimentos a preços baixos e incentivando, assim, o
desenvolvimento econômico e social do país. Mas, para os povos
ameríndios da América do Norte, a Lei de Terras foi um desastre, pois
eles viram suas terras, nas quais viviam há séculos, serem vendidas e
invadidas.

Acordos, guerra e ouro


Além das terras tomadas dos índios, a expansão territorial
estadunidense se fez pela compra de terras, por acordos diplomáticos e
pela guerra contra o México.
Os EUA compraram a Lousiana por 5 milhões de dólares, em
1803; a Flórida por 15 milhões, em 1819; e o Alasca, por 7,2 milhões em
1867. Por acordo diplomático, conseguiram o Oregon, na costa do
Pacífico. Usando a guerra, tomaram mais da metade do território do
México em 1848. Assim, os EUA ganharam acesso ao Pacífico.
Por volta de 1850, descobriu-se ouro na Califórnia e teve início
uma “corrida do ouro” que acelerou ainda mais a marcha para o Oeste. A
corrida do ouro e as necessidades criadas pela rápida industrialização do
Leste estimularam a construção de ferrovias ligando o Leste ao Oeste.
Com as ferrovias, agilizou-se o transporte de matérias-primas e
alimentos, como milho e trigo, e os viajantes passaram a ir para o Oeste
de trem. Lá chegando, dedicavam-se à agricultura ou iam morar nos
povoados que iam surgindo.

Índios: para o governo, não eram cidadãos


Nos EUA do século XIX, um imigrante europeu naturalizado era,
por ser branco, considerado cidadão norte-americano; um Cheyene ou
um Sioux, cujos antepassados já viviam naquelas terras há séculos, era
visto como um estorvo. Os soldados do exército promoviam verdadeiros
genocídios indígenas. As empresas de construção de estradas de ferro
pagavam atiradores para matarem bisões, alegando que “atrapalhavam o
caminho”, e a matança de bisões, principal fonte de alimento de vários
povos indígenas, espalhava fome entre eles. O governo dos EUA
desrespeitava os tratados de paz que ele próprio celebrava com os
indígenas.
Os povos indígenas, por sua vez, resistiram a invasão de suas
terras das mais variadas formas e só foram vencidos depois de décadas de
lutas.
Com a conquista do Oeste, muitos ameríndios desapareceram.
Outros foram expulsos de suas terras e obrigados a viver em reservas de
solo pobre e clima gelado. Hoje , a comunidade indígena é minoria nos
EUA, vivendo em reservas ou nas cidades, onde muitas vezes é
marginalizada.
A Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865)
Enquanto a marcha para o Oeste seguia seu curso, as diferenças
entre o Centro-Norte e o Sul tornavam-se visíveis. No Centro-Norte
predominava o trabalho livre e a pequena propriedade; as indústrias
prosperavam e vendiam boa parte de sua produção para o mercado
interno. Já no Sul predominavam o trabalho escravo e a grande
propriedade escravista (plantation). Fazendas de anil, fumo e algodão
vendiam seus produtos para o mercado externo.

- Estados do Norte: liberais, de economia industrial e mão-de-obra livre.


- Estados do Sul: conservadores, de economia agrária e exportadora, e
mão-de-obra escrava.
Essas diferenças colaboravam para que os fazendeiros do Sul e os
industriais do Centro-Norte tivessem interesses conflitantes. Os sulistas
defendiam a escravidão e o livre-comércio, a fim de continuar
exportando gêneros agrícolas (algodão, anil, fumo etc) e importando
roupas, ferramentas e outros produtos manufaturados. Já a maioria dos
industriais do Centro-Norte defendia o fim da escravidão e o aumento
dos impostos sobre os artigos importados, a fim de garantir a venda de
seus produtos no mercado interno.
Na política, o predomínio cabia aos sulistas, que controlavam o
governo dos EUA há décadas. Em 1860, a situação inverteu com a
eleição do nortista Abraham Lincoln para presidente.
Lincoln era um abolicionista moderado, defensor da indústria e da
unidade norte-americana. Uma das frases mais célebres de Lincoln é:
“Chegou o tempo em que percebi que a escravidão devia morrer para que
a nação pudesse viver”.
Descontentes com o resultado das eleições, sete estados do Sul
separaram-se da União e formaram um país à parte: os Estados
Confederados da América. Tal secessão (separação) foi recusada pelo
Norte, dando início a uma guerra entre as duas partes: a Guerra de
Secessão ou Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865).
Observe as diferenças entre as duas partes:

GUERRA CIVIL NORTE-AMERICANA


CENTRO-NORTE SUL
POPULAÇÃO +- 20 MILHÕES +- 10 MILHÕES
(3,5 MILHÕES DE
ESCRAVOS)
PODER ECONÔMICO- PARQUE INDUSTRIAL POUCAS INDÚSTRIAS
MILITAR SÓLIDO E DE ARMAS
ARMAMENTO PESADO,
MUNIÇÕES E ROUPAS
NÚMERO DE MORTOS 250 MIL 360 MIL

No começo da guerra, os sulistas obtiveram importantes vitórias,


mas no decorrer do conflito os nortistas impuseram sua superação
numérica, econômica e militar.
Com a guerra, muitos escravizados sulistas fugiram para o Norte,
o que deu um novo impulso à campanha abolicionista. Essa campanha e a
necessidade de soldados para as frentes de batalhas estimularam o presidente
Abraham Lincoln a libertar os escravos dos estados do sul em 1863. Livres,
milhares de afro-americanos engajaram-se no Exército do Norte para lutar na
guerra. A convicção de que lutavam por uma América livre e unida, e a entrada
dos afro-americanos, ajudou os nortistas a vencer a guerra. Os Estados do Sul
pediram ajuda à Inglaterra, mas as forças do Norte não deixaram que as tropas
inglesas entrassem em seu território. Os Estados do Norte conseguiram tomar o
território do Sul e venceram a guerra. Em meados de 1865, o Sul reconhecia sua
derrota.
Profundos ressentimentos, no entanto, continuaram opondo
sulistas e nortistas. Ainda em 1895, Abraham Lincoln, reeleito presidente
foi assassinado num teatro por um fanático sulista favorável à escravidão.
Ao mesmo tempo, a descriminação contra negros explodia com toda
força. Membros da elite do Sul, inconformados com a possibilidade de
ascensão social dos negros, fundaram associações racistas, como a
violenta Ku Klux Klan, conhecida por perseguir, intimidar e assassinar
negros.
Os membros da Ku Klux Klan cometeram vários tipos de crimes,
tais como incendiar casas de famílias negras, linchar pessoas inocentes
por causa de sua cor, colocar obstáculos sociais e políticos na vida dos
negros, retirar oportunidades de empregos para os negros etc. Eles eram
conhecidos por fazer rituais onde queimavam cruzes e passeatas. No fim
da década de 40 do século XX, a Ku Klux Klan estava no seu auge.

Consequências da Guerra de Secessão


- Implantou-se em todo o território estadunidense a economia liberal.
- Abolição da escravidão em 1863.
- Fundação da KKK (Ku Klux Klan), movimento racista americano,
também em 1863.

Cidadania X racismo
Após o fim da guerra civil, a campanha abolicionista se
intensificou e, em 6 de dezembro de 1865, a Constituição recebeu sua 13ª
emenda, que abolia a escravidão nos EUA. Três anos depois, recebeu a
14ª, que declarava cidadãos norte-americanos todas as pessoas nascidas
nos EUA ou naturalizadas. Portanto, constitucionalmente, os afro-
americanos eram cidadãos. No entanto, as leis se mostravam insuficientes
para transformar homens livres em cidadãos. A elite branca, sobretudo a
do Sul, procurava impedir o direito dos negros à cidadania. Para os
membros dessa elite, liberdade era uma coisa, cidadania, outra.
Assim, após a abolição, o racismo contra os negros continuou
sendo praticado nos EUA impunemente: negros e brancos não podiam
estudar nas mesmas escolas, nem usar os mesmos banheiros públicos,
nem ser atendidos nos mesmos hospitais etc. Essa situação perdurou até o
início dos anos 1960 quando houve forte pressão dos movimentos negros
em prol dos direitos civis.

Prosperidade e intervencionismo
Após a guerra civil, o governo americano empenhou-se na
reconstrução do país, atraindo capitais europeus, protegendo a indústria
nacional e estimulando a entrada de milhões de imigrantes europeus para
que houvesse mão de obra farta e barata para as fábricas. A existência de
recursos naturais, como o ferro, chumbo e petróleo; de terras férteis e de
ferrovias transcontinentais também colaborou para que se iniciasse nos
EUA um período de grande prosperidade material.
No fim do século XIX, os EUA haviam se tornado uma das
maiores potências industriais do mundo, com uma rica burguesia
industrial e uma classe operária organizada. Sua economia caracterizava-
se pela grande concentração de capital nas mãos de um pequeno grupo de
magnatas, donos de verdadeiros impérios econômicos. Valendo-se disso,
eles impunham preços de compra e venda, controlavam as matérias-
primas e o transporte e ditavam as regras do comércio dos produtos.

Política Externa
- Implantação da Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. Os
EUA não queriam que os europeus interferissem em assuntos do Continente
Americano.
- A partir de mais ou menos 1875, os EUA começa a comerciar com a
América Latina, comprando desta matéria-prima.
- “Big Stick”: política mais acirrada, onde se proclamava que os EUA
poderia até usar força militar contra as nações europeias que se atrevessem a
intervir no Continente Americano, e contra qualquer nação que se opusesse à sua
influência sobre todo o continente.
- Destino Manifesto (EUA se proclamando como “guardião da
América”).
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXXVII IMPERIALISMO

Imperialismo: dominação política e/ou econômica, direta ou indireta, de uma nação


mais rica e poderosa sobre outra mais pobre e fraca. Nessa relação, a nação imperialista
procura sempre tirar vantagens políticas e econômicas sobre a nação dominada. A
nação dominada acaba sendo fortemente influenciada pela dominadora, e
frequentemente assume posições e influências ideológicas e culturais da nação
dominadora.

Fatores
Aparecimento do capital monopolista na 2ª Revolução Industrial (fins do
século XIX, na Alemanha, Rússia, Itália e EUA). Isso gerou concorrência aos produtos
ingleses, e a formação de monopólios e protecionismos.
A concorrência interna em países industrializados gerou os trustes,
cartéis e holdings, que eram formados por grandes conglomerados que tinham grande
poder financeiro, e por isso mesmo conseguiam vencer os seus concorrentes. Para
vencer a concorrência, os grandes capitalistas faziam guerras de preços: mantinham seus
preços bem baixos por um certo tempo, até que seus concorrentes não agüentassem e
falissem ou vendessem a empresa por um valor baixo. Assim, aos poucos, as empresas
mais fortes foram “engolindo” as mais fracas e, com isso, formaram-se empresas
gigantes ou associações de empresas: os trustes, cartéis e holdings.
Os trustes são associações de várias empresas numa única, que passa a
dominar todas as fases da produção, desde a obtenção de matéria-prima até a
comercialização do produto.
Os cartéis são conjuntos de empresas independentes que, para evitar os
desgastes da concorrência, dividem o mercado entre si. Cada uma delas atua em
determinada área geográfica.
As holdings são empresas nascidas da associação de diversas empresas e
que possui o controle de suas associadas.
Frequentemente, as empresas pediam empréstimos aos bancos ou se
associavam a eles a fim de aumentar seus negócios ou suportar a concorrência. Outras
vezes, os bancos e as indústrias se uniam formando uma só empresa. Com isso, os
bancos foram ganhando cada vez mais importância.
A alta tecnologia das indústrias e os investimentos fizeram com que
surgisse uma superprodução nacional. As indústrias foram forçadas a levar sua
produção para o exterior. As potências capitalistas estavam praticamente “fechados”
para qualquer compra, e a solução foi o neocolonialismo. No século XIX, países como
os EUA, a Grã-Bretanha e o Japão, entraram na disputa por colônias ou áreas de
influências na Ásia, África, América Latina e Oceania.
Os principais fatores do imperialismo praticado no século XIX pelas
grandes potências foram:
- A busca por mercados produtores de matérias-primas (carvão, ferro e
cobre) e consumidores de manufaturados;
- A descobertas que as terras africanas eram ricas em ouro e diamantes;
- O apoio dado pelos governos das grandes potências à conquista de
terras e povos em outros continentes e depois usavam essas ações imperialistas para se
autopromover e despertar uma espécie de “orgulho nacional” entre os cidadãos do país.
- Justificativa imperialista baseada num conjunto de ideias racistas
desenvolvidas na Europa no século XIX. Uma delas era que a “raça branca” era superior
às outras biologicamente; outra era que somente a “raça branca” tinha capacidade de
criar uma civilização. Com base nessas ideias, os europeus diziam ter uma missão
civilizadora para com os povos “primitivos” da África e da Ásia; era seu dever,
portanto, levar até esses povos a civilização, vista pelos europeus como progresso
tecnológico e econômico somado aos “bons costumes” europeus.

Neocolonialismo
As áreas de influência do capital industrial foram os países atrasados,
especialmente os dos continentes africano e asiático, que compravam produtos
industrializados e vendiam matéria-prima.O capital industrial foi garantido com a
compra dos produtos “metropolitanos”. A Inglaterra foi pioneira no neocolonialismo.
As justificativas foram: o apoio cultural, religioso, econômico, a
promoção da paz (ajuda armada para crises internas) etc.
As consequências que surgiram foram: os países explorados e os
exploradores, as disputas por territórios de influência que levaram à 1ª Grande Guerra, a
África e a Ásia foram divididas em áreas de influência e de dominação econômica das
empresas europeias e de seus governos, e das “metrópoles” saíam capitais e população
pobre para as “colônias”.

O imperialismo europeu
A África foi o principal foco do imperialismo, pois a maioria dos seus
governos não estavam constituídos como nos países europeus. O forte imperialismo
europeu na África começou oficialmente a partir de 1870, com a chegada maciça de
europeus e da Conferência de Berlim.
A dominação europeia na África desencadeou conflitos:
- Guerra dos Bôeres: entre Inglaterra e Holanda pela disputa pela África
do Sul.
- Disputas pelo Canal de Suez (Egito) devido a sua posição estratégica e
ao lucro obtido com cobranças pela travessia: entre Inglaterra e França.

Na Ásia, o principal foco das nações europeias era a área onde havia o
Império Turco-Otomano, localizado na área do Mediterrâneo Oriental (essa área foi
fortemente disputada entre França e Inglaterra).
Na Ásia Central, a Inglaterra dominou a região onde hoje é a Índia e o
Paquistão. Um dos principais conflitos ocorridos devido a essa dominação foi a Guerra
dos Cipaios.
Na China, a chamada Guerra do Ópio levou a Inglaterra a dominar parte
do território chinês. Revoltas internas fizeram a Inglaterra permanecer no país para
garantir a paz.
A Rússia dominou partes da Manchúria (China), onde empreendeu a
construção de ferrovias.
O Japão, por sua vez, só fez uma abertura ao capital externo, no período
da dinastia Meiji, com o príncipe Mutsuhito.
Na América Latina, a entrada de capitais estrangeiros foi impulsionada e
intermediada pelas elites que fizeram as independências. A dominação mais forte foi a
do capital e empresas britânicas. Até 1870, a Inglaterra teve quase plena dominação
com suas multinacionais e empréstimos.

O Imperialismo Norte-Americano
Expressado principalmente pela Doutrina Monroe, pelo “Big Stick” e
pelo Destino Manifesto. Essa dominação se deu principalmente sobre a América Latina
a partir de 1875, quando se verificou afastamento da Inglaterra.
Enriquecidos, os EUA passaram a praticar o imperialismo na América
Latina e nas Filipinas, intervindo nessas áreas a fim de obter lucros e vantagens. O
imperialismo norte-americano na América Latina baseava-se na Doutrina Monroe, cujo
lema é: “a América para os americanos”, que na verdade poderia ser entendido por: “ a
América para os estadunidenses”. Os governantes dos EUA viam os habitantes da
América Latina como povos atrasados e justificavam suas constantes intervenções na
região dizendo que estavam levando a democracia e a civilização a estes povos.
Em 1898, os EUA anexaram as ilhas do Havaí; em seguida, ajudaram Cuba a
vencer a guerra de independência contra a Espanha, aumentando, com isso, sua
influência sobre a ilha. No fim desta guerra, os EUA obtiveram as Filipinas, que assim
como Cuba, pertenciam à Espanha. No governo do presidente Theodore Roosevelt
(1901-1909), o imperialismo norte-americano se intensificou. Roosevelt criou uma
política de relação com a América Latina conhecida como Big Stick (“Grande Porrete”).
Essa política, segundo Roosevelt, consistia em “conversar com os latino-americanos,
suavemente, mas com um porrete nas mãos”, ou seja, usar a intimidação e a força, se
necessário, para dominá-los e fazer prevalecer os interesses dos EUA. Entre 1890 e
1930 os marines (fuzileiros navais pertencentes às tropas de elite da Marinha
Americana) fizeram diversas intervenções nas ilhas do Caribe (como Cuba e República
Dominicana); na América Central (como Nicarágua e Panamá) e nas Filipinas (Ásia).
No Panamá, a política do Big Stick foi aplicada na época em que esta região
pertencia à Colômbia. Com a ajuda estadunidense, os habitantes da, então província, do
Panamá, conseguiram a independência em relação à Colômbia, e em 1903, fundaram
um novo país, a República do Panamá. Em troca da ajuda militar, os panamenhos
cederam aos EUA o controle da área de seu país onde estava sendo construído um canal
que ligava o Atlântico ao Pacífico. Em 1904, os norte-americanos assumiram a
construção do canal e terminaram sua construção em 10 anos. O canal do Panamá
possui 82 Km de extensão e corta o Panamá, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
Esse canal facilitou o transportes de mercadorias entre as duas costas, já que, até então,
ele era feito por navios que tinham de contornar a América do Sul, e fortaleceu o poder
norte-americano sobre a região. O canal foi administrado pelos EUA desde 1914, data
de sua conclusão, até 1999, quando passou ao controle da República do Panamá; nesse
longo período, propiciou enormes lucros aos EUA.
Paralelamente à política do Big Stick, o governo dos EUA adotou também a
chamada “diplomacia do dólar”, que consistia em comprar favores dos políticos latino-
americanos, a fim de obter facilidades e vantagens econômicas na América Latina.
PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXXVIII
ESCRAVIDÃO AFRICANA
Breve história da África
Durante as grandes navegações os europeus estreitaram o contato com o mundo
africano. Esse continente já era conhecido, mas após a tomada de Ceuta (norte da
África) pelos portugueses em 1415, as explorações e os contatos se intensificaram.
Após o contorno da África em 1434, o comércio de ouro e depois de escravos
tomou grande impulso. O comercio de escravos para as colônias, principalmente
portuguesas, intensificou-se no século XVI com a colonização do Brasil. Na época
anterior à chegada dos europeus, o continente africano não era dividido em Estados
nacionais, como hoje, mas sim em etnias que se organizavam em impérios, reinos ou
grupos organizados de acordo com seus padrões culturais, sociais e econômicos.
A história da África a partir do século XVI se entrelaçava com a do Brasil.
Mas, quem são os africanos que chegaram ao Brasil como escravos? Qual sua
origem? Quais são suas histórias? Esses antepassados legaram uma grande herança
cultural e étnica ao Brasil e, no entanto, pouco sabemos sobre a África, um continente
onde havia impérios e reinos muito antes da chegada dos europeus.
Há muito a se conhecer sobre estes diferentes povos que formavam a “África
negra” e que durante a colonização portuguesa vieram para o Brasil.

A África Antiga:
Nos estudos de história, encontramos a menção de pelo menos “duas Áfricas”: a
saarina, ou norte da África, onde se localiza o Egito; e a sub-saarina, ao sul do deserto
do Saara. O conhecimento sobre a história antiga da África é pouco devido à escassez
de fontes escritas. A maioria das tradições africanas foram passadas de geração à
geração por histórias orais. Fósseis e objetos antigos também são preciosas fontes para
reconstruir a história africana.
Acredita-se que os primeiros humanos apareceram na África a pelo menos 4
milhões de anos. Entre 3000 a . C. e 1000 a . C. já havia agricultura e criação de animais
no Egito. Na África sub-saarina porém, até os primeiros séculos da Era Cristã,
prevaleceram sociedades atreladas à caça e a coleta de alimentos. Quando os homens
desta região começaram a se tornar sedentários, começaram a construir casas, praticar a
agricultura e criar animais. A população cresceu, e eles começaram a comercializar com
outros povos sub-saarinos e com os povos saarinos. Para isso atravessavam o deserto do
Saara; este comércio foi chamado na história, de comércio transaariano. Grandes
caravanas de comerciantes percorriam grande parte do continente. Muitos morriam de
doenças desconhecidas transmitidas por insetos, como a mosca tse-tsé. Por causa destas
doenças que dizimavam populações, é que não houve muito desenvolvimento das
populações do sul do continente africano.
Por ser um grande continente, a África possui muitas religiões. Nos locais
próximos à Ásia e a Europa, houve uma forte influência e entrada do judaísmo, do
cristianismo e do islamismo. Alguns reinos africanos até adotaram algumas destas
religiões como oficiais. No norte africano, houve dominação do Império Islâmico a
partir do século VIII, fazendo prevalecer nesta região o islamismo. Na África
Meridional e Ocidental, prevaleceram religiões totenistas e animistas, que são crenças
que atribuem caráter sagrado às forças e elementos da natureza.
O Império Kush (Núbia) existiu entre 1700 a . C. e 300 d. C., na região ao sul do
Egito. Por um período foi colonizado e dominado pelos egípcios, que influenciaram
muito em sua cultura. Neste império, os reis também eram sepultados em pirâmides. A
economia deste império baseava-se no comércio transaarino. Acredita-se que a partir do
século IV caíram no domínio do Império Axum. O Império Axum localizava-se na
região onde hoje é a Eritréia e o norte da Etiópia. Foi formado por habitantes que
vieram da Arábia. Sua economia baseava-se no comércio transaarino, principalmente
com os romanos. A riqueza do comércio trouxe poder e prosperidade, e permitiu uma
expansão. No início eles eram politeístas, mas depois o cristianismo tornou-se religião
oficial. Em 476, o Império começou a empobrecer e se enfraqueceu. Outro importante
reino africano foi Gana, que existiu entre 300 e 1300. Também desenvolveu-se através
do comércio trasaarino, que lhe trouxe riquezas, propiciando que seus reis vivessem em
luxuosos palácios decorados de ouro. O clima árido não permitia haver uma agricultura
significativa. Em 1300, esse reino foi incorporado ao Império de Mali.

Os reinos e impérios da África:


A história dos povos que viviam na África ocidental e centro-ocidental, que vai
desde o Senegal até a Angola, região que teve o contato inicial com os europeus, mostra
que ali, em meio a natureza hostil, habitavam diferentes povos com características
culturais próprias e distintas.
Gana foi possivelmente o primeiro grande império da África ocidental. Surgiu
no século VIII e se destacou por cerca de 500 anos. Nesse poderoso reino aconteciam
negócios entre os comerciantes que traziam ouro do sul e os comerciantes das caravanas
que iam para os portos do norte da África. Mas só o comércio não explica o
desenvolvimento deste reino; é preciso destacar a agricultura, a pecuária e o artesanato
que geraram a acumulação de um saldo da produção.
Os séculos IX e X viram o apogeu de Gana, mas a partir do século XI lutas
internas provocaram grandes perturbações que culminaram na sua desintegração.
No século XIII, o reino de Gana acabou absorvido pelo império de Mali, que
desenvolveu uma notável civilização com cidades organizadas e várias formas de
comércio, um islã tolerante e um modelo político descentralizado, porém bastante
eficiente.
Depois de 1350, o império dos Songais, em via de expansão, começou a se
apoderar do território de Mali e criou uma próspera capital em Gana. Esse poderoso
estado se manteve como o mais forte do Sudão ocidental até cerca de 1591, quando foi
invadido por exércitos vindos do Marrocos.
Os reinos e Cidades-Estados sudaneses foram visitados , desde tempos mais
remotos, por exoploradoeres e comerciantes árabes, que gradativasmente converteram
seus habitantes ao islamismo. As civilizações da cultura sudanesa transformaram-se
assim num misto de elementos africanos e islâmicos.
Na Etiópia consolidou-se um reino cristão que, apesar dos percalços, enfrentou
árabes e turcos com relativo sucesso. No século XIX, o imperador etíope Menelik II
derrotou os italianos, impedindo que o país fosse invadido.
Quanto ao reino do Benin, algumas informações datadas dos séculos XV e XVI
dão conta de sua grandiosidade.. No século XVI a cidade de Benin impressionou os
visitantes europeus pelo seu rigor urbanístico, profusão de artes, luxo e multiplicidade
de ritos praticados.
A cidade tinha ruas retas, casas confortáveis e limpas, com árvores e jardins, e
uma corte que era na verdade uma “cidade dentro da cidade”. O rei (chamado de Obá)
possuía uma legião de funcionários hierarquizados e um sortido harém.
Outro reino importante foi o do Congo, localizado mais ao sul. Ele teve bastante
influência sobre os povos da região e possui muitos relatos deixados por europeus que
ali moravam. Dentre os relatos, alguns são de reis locais que, após o contato com os
portugueses aprenderam a escrita e nos legaram relatos em português. Esses textos são a
base para a reconstrução da história dessa importante sociedade africana.
Quando os lusos entraram em contato com o reino do Congo, este era um estado
bem organizado. Aliando-se aos portugueses, o rei do Congo, que tomou o nome de
Afonso, converteu-se ao cristianismo, sendo batizado e vestido como um nobre
português. O monarca esteve em Lisboa a convite do rei D. João II e mais tarde esteve
no Vaticano, onde fez um discurso em latim diante do papa Leão X.
No reino do Congo a sucessão não era hereditária. Havia um Conselho Eleitoral,
o que acabava por gerar disputas e até guerras civis. Uma grande praça era a Corte de
Justiça, onde o rei julgava sentado em um trono de marfim. Havia na capital do reino
um bosque de árvores consideradas sagradas que não podiam ser derrubadas.
Quando o rei do Congo, Álvaro II (1574-1614), se opôs ao tráfico de escravos,
perdeu o apoio dos portugueses, que saquearam o reino.
Entre os séculos XI e XIV desenvolveu-se o Grande Zimbábue. No século XV, o
Zimbábue tinha grande importância comercial, pois a maior parte do ouro e do marfim
vendido pelos árabes passava pela cidade. No entanto, seu declínio acabou sendo
rápido, e hoje existe apenas ruínas dele.
Cada sociedade que se desenvolveu na África possuía formas diferentes de se
adequar a cada região e tirar da natureza os meios de sua sobrevivência. Entre os grupos
havia formas de trocas de produtos que não eram acessíveis aos outros. Esse
intercâmbio existiu em várias sociedades africanas.
Outra prática existente entre as diversas comunidades era a de casamentos que
uniam grupos diferentes e estabeleciam novas relações.
Existiam também formas de comércio que mantinham o contato frequente entre
os grupos, o que resultava não só em trocas de mercadorias, mas influenciava padrões
de comportamento e mentalidades. Um dos exemplos dessa influência é a dos
mercadores muçulmanos que acabavam por difundir sua religião pelos lugares onde
passavam.
O comércio entre as comunidades africanas ocorria, geralmente, através do que
hoje chamaríamos de atravessadores: pessoas que compram um produto de um local e
vende em outro. A ideia de um comércio constante por terra (a pé ou por montarias) ou
por rotas fluviais demonstra que as sociedades africanas não eram isoladas umas das
outras.

A escravidão:
A escravidão existe quando uma pessoa se torna propriedade de outra. Com isso,
o escravizado perde o direito a sua própria vida e sua liberdade de ir e vir. A pessoa
escravizada pode ser comparada a um produto, a um bem, a uma mercadoria que seu
dono pode dispor da maneira que quiser. Nessa relação, o escravizado pode ser vendido,
doado, alugado, maltratado, usado sexualmente, ou até morto sem que haja pela lei a
responsabilização criminal sobre o senhor que matou seu escravo. É essencialmente
uma relação de servidão relativa à propriedade.
Desde os tempos mais remotos têm-se dados de homens que escravizaram outros
homens pressupondo uma relação de inferioridade. Historicamente existiu escravização
por guerras (prisioneiros), por dívidas, por sobrevivência (falta de recursos para viver),
por crimes ou transgressões, enfim, por diversos motivos.
A escravidão já existia nas sociedades africanas. Nas sociedades organizadas em
tormno de chefes de linhagens, em aldeias ou federações de aldeias, podiam viver
estrangeiros, capturados em guerras ou trocvados por produtos como sal e cobre, que
eram subordinados a um senhor e podiam ser chamados de escravos. Eles podiam ser
castigados ou vendidos e tinham de obedecer ao senhor em tudo. Dava-se preferência às
mulheres, pois elas cultivavam a terra, preparavam alimentos e tinham filhos de seus
senhores. Os filhos das escravas com seus senhores ou homens livres não eram
considerados, via de regra,escravos. Mas não tinham os mesmos direitos que os filhos
de mulheres livres, trazendo a marca social da escravidão, mas a cada geração esta iria
diminuindo até desaparecer.
Nos reinos que reuniam várias aldeias e federações de aldeias e nos quais o rei
vivia numa capital, cercado por sua corte, de suas mulheres e de seus soldados, era
maior e mais frequente a presença de escravos. As guerras de expansão ou para sufocar
rebeliões eram a principal maneira de adquiri-los, mas estes podiam ainda ser
comprados ou condenados a pagar com a perda da liberdade o desrespeito às regras
locais. As mulheres, além dos trabalhos rurais e domésticos, também eram recrutadas
para aumentar o harém do rei; os homens além de trabalhar no campo, engrossavam os
exércitos e faziam parte das caravanas como carregadores e remadores.
Não era raro o senhor libertar seus escravos, principalmente se estes lhe
prestassem um bom serviço.
Havia assim, uma hierarquia dentro da condição de escravo, que ia desde o mais
despresado, como aquele que fazia os serviços desagradáveis e estenuantes, como
trabalhar no campo ou carregar cargas, até o que ocupava postos de responsabilidade e
era admirado por seus talentos. O que fazia deste ultimo um escravo, apesar de seu
prestígio, era o fato de, por ser estrangeiro, não ter laços de parentesco ou solidariedade
na soiciedade em que vivia, na qual só era reconhecido como membro na qualidade de
subordinado a um senhor.
A escravidão estava mais presente nas capitais dos reinos, nas Cidades-Estado e
nos grandes centros de comercio onde havia maior circulação de riquezas, maiores
possibilidades de acumulação de bens e diferenças mais marcantes entre os grupos
sociais. Além dos escravos serem integrados nessas sociedades, também eram uma
mercadoria importante nas rotas do Saara. Parte dos cativos, obtidos geralmente por
meio de guerras ou ataques a aldeias desprotegidas, era negociada com os comerciantes
que os levavam para o norte da África. Os que não ficavam trabalhando ali podiam ser
mandados para o outro lado do Mediterrâneo, mas iam principalmente para a Península
Arábica, sendo preferidas as mulheres. Escravas belas e jovens podiam alcançar preços
elevadíssimos, pagos pelos que desejavam tê-las entre suas esposas e podiam arcar com
o preço.
Além de serem comerciados entre as sociedades africanas não islamizadas e nas
rotas do Saara (esta islamizada), os escravos estavam entre as mercadorias exportadas
para a Península Arábica pelos portos da costa oriental, pelos quais podiam ser levados
para a Pérsia e Índia, junto com mercadorias de luxo, como marfim, ouro, peles e
essências naturais.
A partir do século XV acelerou-se o tráfico de escravos que, até então, era
controlado pelos árabes. A entrada de europeus no negócio, deveu-se, principalmente, à
necessidade de mão-de-obra para o processo de colonização da América. Durante os
quatrocentos anos que o comercio de escravos durou, milhões de africanos foram
arrancados de suas terras e trazidos para várias regiões do Continente Americano.
Assim, quando os primeiros europeus chegaram à costa atlântica africana, e
entre outras coisas se interessaram por escravos, abriu-se mais uma frente do comércio
de gente, mas este já era velho conhecido dos muitos povos africanos.

Os europeus e o “comércio de gente”:


O comercio de escravos feito pelos europeus teve início no período das grandes
navegações marítimas do século XV. A expansão marítima levou-os a terras distantes e
à busca de novas mercadorias para o comércio. Inicia-se o comércio de pessoas entre a
África e a Europa, vindo depois o tráfico escravo para a América.
Desde as primeiras décadas do século XV, com a conquista de Ceuta em 1415,
Portugal se estabeleceu no norte da África. Não havia até esse momento, qualquer
interesse em expansão territorial ou comercial sobre a então chamada Nigrícia, já
conhecida pelos europeus pelos escritos dos antigos gregos e romanos. Os escravos e
outros produtos como sal, marfim, pimenta e outros, trazidos dessas longínquas terras
chegavam ao Mediterrâneo através das caravanas dos mercadores do Saara que
atravessaram o deserto até as margens do rio Níger. Foi com a iniciativa do infante D.
Henrique que os portugueses começaram a exercitar seus conhecimentos de navegação
e a desbravar novos mundos, a começar pela África. Sua preocupação era descobrir
novas terras, converter os mouros e gentios e abrir novas áreas de comércio.
Em 1442, chegaram a Portugal 10 escravos, os primeiros trazidos da costa
africana, vindos da chamada “terra dos negros”, ou Guiné. Por vários anos, a empresa
africana viveu do comércio desses escravos levados regularmente para Portugal. Era o
início de um comércio que perduraria por quatro séculos. Em meados dos anos de 1450,
as expedições ultrapassaram a embocadura do rio Gâmbia, chegando à terra dos
mandingas. Nestes tempos, o tráfico enviava a Portugal uma média anual de 800
escravos. Em 1460, com a morte de D. Henrique, as explorações foram interrompidas.
Em 1469, a Coroa retomou o projeto de exploração e conquista, e em 1470 uma
expedição negociou ouro de aluvião na altura da atual República de Gana, dando ao
lugar o nome de Costa da Mina. A mesma expedição atravessou pela primeira vez a
linha do equador e, em 1472, chegou às ilhas de São Tomé e Príncipe. Junto ao pequeno
povoado que se constituiu na Costa da Mina teve início em 1482 a construção de uma
fortaleza que ficou conhecida como Castelo da Mina. O Castelo, solidamente construído
em pedra e cal, foi o maior estabelecimento comercial e militar português na costa
africana. Foi aí que se concentrou ao longo dos séculos XV e XVI toda a atividade
comercial lusitana desta costa, incluindo o comércio de ouro, escravos e outras
mercadorias. Já nestes anos, teve inicio à conquista de terras mais ao sul, onde os lusos
entraram em contato com o reino do Congo (1480) que também passou a fornecer-lhes
cativos. Entre os anos de 1450 e 1500, aproximadamente 150 mil escravos foram
comercializados pelos portugueses através do Atlântico.
O pioneirismo português se deve principalmente à busca de ouro e de um
caminho para as Índias em busca de tecidos e de especiarias, mercadorias de lucrativo
comercio na Europa. Além disso, em suas explorações os portugueses espalhavam o
cristianismo. Tudo isso fez com que os portugueses fossem os primeiros a contatar os
povos da África ocidental e central.
Inicialmente os contatos foram bastante amistosos, mas nem sempre foi assim.
Quando percebiam o perigo representado, os povos africanos reagiam travando batalhas
com os exploradores e comerciantes.
Os portugueses fundaram colônias em Cabo Verde e São Tomé, iniciando a
plantação de cana-de-açúcar, como faziam nas ilhas da Madeira e dos Açores. Esse
modelo econômico foi mais tarde implantado no Brasil e outros territórios colonizados
por eles. Em Cabo Verde a plantação não deu certo devido ao tipo de solo, mas em São
Tomé houve boa adaptação.
Não foram só os portugueses que buscaram explorar ou se estabelecer em
território africano. Ingleses, franceses e holandeses também entraram nessa corrida
colonial e exploratória.
Desde ao primeiros contatos, os portugueses visualizaram uma forma
extremamente lucrativa de comércio: o comércio de gente.
Com as possessões coloniais da América no século XVI, esse comércio se
acentuou e gerou um sistema de tráfico internacional de escravos. A eficácia e
abrangência do tráfico não seria alcançada se não houvesse cumplicidade das
sociedades africanas. Vale repetir: foi graças à existência da escravidão na África
atlântica pré-colonial que os navios negreiros puderam ser rapidamente abastecidos. Os
europeus não inventaram a instituição, mas sim destinaram para outro fim (o
comercial), cujas dimensões eram até então inéditas.

O tráfico e a história da África:


O intenso comércio de escravizados feito pelas companhias de comércio
europeias, provocou transformações significativas nas sociedades africanas.
Aconteceram batalhas entre europeus e africanos, entre europeus de diferentes estados
na disputa pelos territórios coloniais; e entre grupos africanos acentuando suas
rivalidades ou provocando as que não existiam. Cresceu neste período, o ataque,
invasão de aldeias e o rapto em busca de prisioneiros para vender aos comerciantes.
O tráfico também aumentava o fracionamento político da África tanto através da
criação de colônias europeias quanto pelo acirramento das rivalidades entre as
sociedades africanas organizadas.
Durante cerca de 400 anos o comércio escravocrata movimentou a economia de
algumas potências europeias. O Brasil faz parte desta história.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XXXIX
OS IMIGRANTES NO BRASIL
Imigrantes para o cultivo dos cafezais:
Reagindo aos efeitos da extinção do tráfico negreiro, os cafeicultores
recorreram ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de
imigrantes europeus para suas lavouras. Porém, o trabalho destes últimos só
ganhou peso na última década de 1880, quando os cafeicultores já não
conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da campanha
abolicionista.

O sonho de construir a América:


Na segunda metade do século XIX, países como Portugal e Espanha
passaram por graves dificuldades econômicas. Nas áreas rurais italianas e
alemãs, o desenvolvimento do capitalismo, as secas e as guerras de unificação
expulsaram os camponeses de suas terras. Uma das saídas colocadas pelas
autoridades para essa população pobre era vir para a América.
O sonho de conseguir um bom emprego, de cultivar o próprio pedaço de
terra e de assegurar aos filhos um futuro promissor foram os principais motivos
que trouxeram cerca de 4 milhões de imigrantes para o Brasil. Entre 1850 e
1920, a imigração foi essencialmente de origem europeia; entre 1920 e 1935, os
de origem asiática predominaram.

As primeiras experiências:
A vinda de imigrantes para o Brasil, trazidos pelo governo, começou com
D. João VI, que promoveu a instalação de suíços e alemães no Rio de Janeiro e
no Espírito Santo. No sul do Brasil, mais tarde, também se formaram núcleos de
povoamento em áreas cedidas pelo governo, muitas vezes em terras indígenas. O
objetivo era construir pequenas propriedades familiares que garantissem a
ocupação efetiva do território.
O incentivo à colonização estrangeira refletia a visão de alguns setores
das elites brasileiras, influenciada por teorias racistas que eram divulgadas na
Europa. De acordo com essa visão, os “brancos” eram superiores e, por isso, a
civilização europeia atingira um grande progresso. Consequentemente, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, haveria um “branqueamento” do
país, que consequentemente iria com isso se desenvolver.
Em geral, as primeiras tentativas de colonização fracassaram: as terras
cedidas aos colonos eram pobres e distantes dos mercados consumidores. Com
exceção de alguns núcleos de colonização no sul do Brasil, a maior parte das
terras foram abandonadas pelos colonos.

As colônias de parceria:
Em São Paulo, o pioneiro na experiência com o trabalho imigrante foi o
senador Vergueiro, um rico fazendeiro de café do oeste paulista. Em 1846, cerca
de 364 famílias suíças e alemãs foram levadas para trabalhar nas lavouras de
café da fazenda Ibicaba, na cidade de Limeira, de propriedade do senador. Ele
chegou a constituir uma empresa, a Vergueiro e Cia., que fornecia colonos
imigrantes para as fazendas da região.
Os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria. Tinham a
viagem paga pelo fazendeiro, que também assumia as despesas de manutenção
da família até a primeira colheita do café. Cada família ficava responsável por
determinados pés de café. Após a venda do café, o colono entregava ao
proprietário metade da produção de seus pés de café mais 6% de juros sobre as
dívidas contraídas desde a viagem.
O sistema de parcerias não tardou a encontrar problemas. Os colonos
tinham uma lista de reclamações: os fazendeiros reservavam para si as melhores
terras, que eram cultivadas por escravos. Os imigrantes ficavam com os
cafeeiros mais improdutivos. Além disso, estavam sempre endividados, pois
eram obrigados a comprar mantimentos no armazém da fazenda, onde eram
mais caros. Os proprietários, por sua vez, acusavam os colonos de serem
indolentes e de abandonarem os cafezais.
Descontentes, os colonos chegaram a promover revoltas em algumas
fazendas. Na Europa, as notícias de maus-tratos sofridos pelos colonos levaram
ao governo alemão a proibir a vinda de imigrantes para o Brasil.

A imigração subvencionada:
Na década de 1870, a falta de mão-de-obra voltou a incomodar. A
aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, que libertava os filhos de escravos
nascidos no Brasil a partir desta data, e o fortalecimento do movimento
abolicionista indicavam que a escravidão estava com os dias contados.
A solução foi retomar ao programa de imigração, destinado
principalmente à Província de São Paulo, onde a economia cafeeira era a que
mais crescia. Com o novo programa, os trabalhadores imigrantes recebiam
salários e podiam cultivar alimentos nas próprias fazendas onde trabalhavam.
O governo, por sua vez, ficava encarregado de divulgar a imigração nos
países da Europa e de pagar o transporte do imigrante e de sua família ao Brasil.
O programa ficou conhecido como imigração subvencionada e perdurou até o
período republicano com algumas mudanças.
A nova política imigratória inaugurou o período mais ativo da imigração
europeia para o Brasil. A imigração não parou de crescer e atingiu em 1888,
quando a escravidão foi abolida, a soma de 133 mil pessoas.

Os colonos no sul do Brasil:


Embora a maior parte dos imigrantes se destinassem às lavouras paulistas
de café, muitos se dirigiram às cidades em crescimento e às áreas pouco
povoadas.
No sul do Brasil, a fixação dos imigrantes ocorreu por meio da formação
de núcleos coloniais em torno da pequena propriedade. Esses núcleos eram
formados em terras devolutas (vagas) ou em áreas do governo ou de
particulatres compradas especialmente para este fim.
Em Santa Catarina, os açorianos foram forte presença na formação de
Florianópolis, a futura capital, seguidos pelos russos, ucranianos e poloneses.
Alemães e italianos predominaram em Joinville, Blumenau, Chapecó, Itajaí e
outros núcleos catarinenses.
No Rio Grande do Sul, os açorianos inauguraram os primeiros núcleos
urbanos próximos ao litoral e nas planícies de fácil acesso. Depois, grupos de
origem alemã e austríaca ocuparam os vales dos rios e as regiões serranas
gaúchas, também ocupadas pelos italianos. Hoje, ali se encontram as cidades de
Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi.
No Paraná, russos, poloneses, ucranianos, holandeses, alemães e italianos
não estabeleceram limites definidos e homogêneos entre seus núcleos coloniais.
Apesar de tentar preservar sua identidade cultural, os diversos grupos
mantinham entre si vínculos constantes.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XL
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA
As colônias da Espanha no Continente Americano viviam da mineração
(implantada desde o início da colonização) e de uma economia agroexportadora
com “plantation” e pecuária.
Sua sociedade era formada por:
- Chapetones: espanhóis nascidos na Metrópole e que habitavam nas
colônias . Eram funcionários do governo espanhol na colônia e que possuíam o
poder político.
- Criollos: descendentes de espanhóis nascidos nas colônias, possuíam o
poder monetário e econômico, mas não tinham cargos políticos.
- Índios (nativos) e escravos africanos (ambos formavam a força de mão-
de –obra).

A Espanha possuía uma imensa área colonial na América. Tal colônia era
difícil de ser governada devido a sua extensão territorial. Para facilitar a
administração, a Coroa de Espanha dividiu sua região colonial em vice-reinos e
capitanias gerais, que eram governadas por chapetones chamados vice-reis.
Os criollos passaram a se interessar pela independência das colônias,
pois assim, sem o domínio metropolitano, eles poderiam alcançar o poder
político. Entre 1817 e 1824, foi o período de emancipação das colônias
espanholas americanas. Elas contaram com o apoio da Inglaterra.

A crise do sistema colonial


Para os reis absolutistas europeus, a função da colônia era enriquecer a
metrópole. Por isso, durante a colonização da América, os reis de Portugal e
Espanha adotaram várias medidas mercantilistas. A principal delas era o
monopólio: as colônias só podiam comerciar com a metrópole. Além disso, era o
governo da metrópole que criava as leis e impostos para as colônias e nomeava
os funcionários coloniais.
No século XVIII, com o crescimento das colônias e o enriquecimento das
elites coloniais, esse sistema de dominação – hoje chamado de antigo sistema
colonial – começou a ser criticado. Ele já não atendia aos interesses dos colonos,
que desejavam comerciar livremente com vários países.
Além disso, a Revolução Industrial, as lutas pela independência na
América do Norte e o Iluminismo também contribuíram para a crise do sistema
colonial. Os industriais ingleses queriam aumentar a venda de seus produtos
comerciando livremente com os países da América. Esse é o motivo por que a
Inglaterra apoiou os movimentos de independência dos países americanos.
Também as lutas de independência dos EUA serviram de modelo a ser seguido,
e a propagação dos ideais iluministas serviram de incentivo às colônias
americanas buscarem suas independências.

A submissão dos povos americanos


Na América espanhola, a partir do século XVIII, começaram surgir
movimentos contrários à exploração colonial. Os nativos americanos começaram
a reagir principalmente contra às drásticas mudanças que a conquista e a
colonização espanhola trouxeram: tributos, trabalhos forçados, destruição das
comunidades em que viviam. Lutavam pelo fim da exploração e pela
possibilidade de organizar sua vida conforme seus antepassados faziam.

A revolta de Túpac Amaru


Entre os movimentos destacou-se a revolta de descendentes incas no
vice-reino do Peru, em 1780-81, liderada por Túpac Amaru II. Os indígenas e
mestiços do Peru queriam o fim do trabalho forçado (mita e encomienda), dos
impostos abusivos e da discriminação que sofriam por parte dos brancos. Em
fins do século XVIII, o mestiço José Gabriel Condorcanqui liderou uma revolta
contra essa situação. Descendente de uma antiga família inca, José Gabriel ficou
conhecido como Túpac Amaru, nome do último imperador inca. Foi um
movimento popular que teve a participação de mais de 50 mil pessoas, entre
indígenas, mestiços e uns poucos criollos. O movimento se estendeu por várias
regiões do Vice-Reino do Peru. Os rebeldes tiveram algumas vitórias
significativas. O movimento foi reprimido e seu líder morto e esquartejado na
cidade de Cuzco. Apesar da derrota, a rebelião é considerada como precursora
dos movimentos de independência no Peru.

A organização política e econômica nas colônias hispano-americanas


Os domínios espanhóis na América encontravam-se divididos em quatro
vice-reinados e quatro capitanias gerais:
- Vice-Reinado da Nova Espanha (atual México e parte do território do
atual EUA);
- Vice-Reinado de Nova Granada (atuais Equador, Colômbia e Panamá);
- Vice-Reinado do Peru (atuais Peru, parte da Bolívia e o Acre
brasileiro);
- Vice-Reinado do Rio da Prata (atuais Argentina, Paraguai, Uruguai e
parte da Bolívia.
- Capitania Geral de Cuba (atuais Cuba, República Dominicana, Porto
Rico e ilhas adjacentes);
- Capitania Geral do Chile (atual Chile e parte argentina da Terra do
Fogo e Ilhas Falklands);
- Capitania Geral da Venezuela (atual Venezuela);
- Capitania Geral da Guatemala (atual Guatemala).
Obs.: A divisão do Império Espanhol na América variou de tempos em tempos, alguns
territórios que foram Capitanias Gerais, foram também parte de Vice-Reinados; outras
regiões não estavam bem limitadas e por isso, há divergências entre historiadores
quanto a divisão, e assim cada um apresenta uma divisão segundo sua interpretação.
A base da economia das colônias era a mineração, além da agricultura e
pecuária em expansão (principalmente depois do esgotamento das minas).
Por volta de 1800, o crescimento econômico nas colônias era evidente. A
maior parte da população colonial, entretanto, pouco usufruía desse
desenvolvimento. Uma elite formada por espanhóis, os chapetones, e seus
descendentes, os criollos, controlava o restante da população, em sua maioria
mestiça, índia e escrava de origem africana.

A revolução chega à América


Os acontecimentos na Europa napoleônica mudaram os rumos do
Continente Americano. Na Espanha, ocupada por Napoleão, em 1808 um
movimento popular organizou juntas de governo, com o objetivo de coordenar
uma resistência ao invasor e exercer o poder na ausência do rei. As juntas de
governo das colônias passaram a se autogovernar e realizaram o antigo sonho
dos criollos de comerciar livremente com outros países.
Essa forma de organização se estendeu às colônias americanas. Com o
tempo, as juntas de governo na América passaram a centralizar o
descontentamento contra o governo metropolitano e seu domínio colonial.
Também na Europa, avançavam as ideias contrárias ao domínio colonial.
Napoleão difundia as ideias liberais da Revolução Francesa, que eram contra
aos privilégios comerciais das Metrópoles.
Ingleses também incentivaram ideais de liberdade política e fim do pacto
colonial nas antigas colônias ibero-americanas, para que assim, as antigas
colônias pudessem comprar produtos manufaturados da Inglaterra.
As lutas de independência na América mantiveram sempre esse duplo
vínculo: de um lado, a influência teórica francesa do liberalismo e do
iluminismo; de outro, a pressão dos interesses ingleses.

As guerras pela independência


Entre 1810 e 1815, as Capitanias da Venezuela e do Chile e os Vice-
Reinos do Rio da Prata e da Nova Espanha foram marcados por várias revoltas e
tentativas de independências.
Lideradas pelos criollos, as lutas resultaram do conflito entre as juntas de
governo e a Coroa espanhola. O movimento tinha um caráter urbano e não
possuía um exército organizado, já que grande parte das tropas era fiel à
metrópole. Além disso, cada um dos setores sociais envolvidos interpretava a
liberdade de maneira diferente.
Para criollos e chapetones, a independência representava duas coisas:
liberdade política e fim do pacto colonial. Conquistando essa autonomia, as
elites americanas poderiam escolher seus parceiros comerciais e atuar de
maneira independente no mercado internacional. Para os indígenas e escravos
africanos, e boa parte dos mestiços, liberdade não significava a independência
em relação à metrópole, mas o fim dos tributos, da escravidão, e a promessa de
melhores condições de trabalho e vida.

San Martín e Simón Bolívar, líderes da independência


Em julho de 1816, as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual
Argentina) declararam formalmente sua independência. Mas grande parte das
áreas meridional e centro-ocidental da América do Sul, como Chile e Peru,
encontrava-se sob o domínio espanhol, representando uma ameaça ao jovem
país da bacia do Rio da Prata.
Nesse contexto, San Martín , governador da província de Mendoza, na
atual Argentina, uniu-se às forças rebeldes que combatiam o governo espanhol
no Chile. Após duas vitórias contra os espanhóis, tornou-se a região
independente. Seguiu então para o Peru, onde novamente derrotou os espanhóis.
Em 1821 entrava em Lima para declarar a independência.
Na região setentrional da América do Sul, a guerra pela independência
era comandada pelo venezuelano Simón Bolívar. Seu objetivo era formar, após a
independência, uma grande nação, a Grã-Colômbia, integrada por Venezuela,
Colômbia e Equador. Em 1819, após combater os espanhóis, Bolívar proclamou
na região a independência da Grã-Colômbia. Três anos depois, um de seus
generais, Antônio de Sucre, libertou o Alto Peru. Nascia ali, a Bolívia.

Uma América unida?


As lutas pela independência dividiram a América hispânica. O projeto de
unidade proposto por Simón Bolívar, lembrado até hoje, foi bastante combatido
em sua época e não se realizou. Segundo muitos de seus contemporâneos, o
principal interesse de Bolívar era submeter a Grã-Colômbia ao seu comando e
ao domínio de Caracas.
Além disso, a intensa disputa interna que as guerras de independência
provocaram inviabilizou a unidade. Regiões passaram a lutar umas contra as
outras, e líderes locais tentavam ampliar seu domínio ou impedir o surgimento
de governos fortes.
O próprio Bolívar, no fim da vida, chegou a escrever, em cartas, que
lamentava a fragmentação política da América hispânica e que tinha pouca
esperança de que algum dia a unidade ocorresse. Bolívar demonstrava não
compreender como povos de língua, costumes e religião comuns não podiam
formar um único Estado.

A independência do México
O México foi o cenário do movimento mais popular e radical da luta
contra o domínio colonial na América, marcado por insurreições camponesas
indígenas e mestiças. A revolta contra o domínio colonial na região do atual
México começou em 1810. Liderados pelo padre Miguel de Hidalgo, indígenas,
mestiços e trabalhadores pobres insurgiram-se sob o lema “Independência e
Liberdade”.
Esse movimento tinha fortes preocupações sociais. À medida que a
revolta avançava, os rebeldes tomavam as propriedades, ameaçando os
privilégios dos chapetones e criollos. O medo de uma revolta social levou às
elites a se unirem em torno da Coroa espanhola. Após intensa repressão, o padre
Hidalgo foi capturado e fuzilado.
A repressão, porém, não impediu que novas lutas surgissem. Um ano
depois, no sul da região mexicana, surgiu um movimento similar, liderado pelo
sacerdote José Maria de Moleros. A revolta foi reprimida e Moleros morto, em
1815.
No pouco tempo em que lideraram as revoltas, Hidalgo e Moleros
combinavam a busca pela independência com a tentativa de atenuar os desníveis
sociais existentes na América. Hidalgo desejava abolir a escravidão e suprimir a
cobrança de impostos aos indígenas. Moleros tinha como objetivo garantir que
as comunidades indígenas recebessem pelas terras que arrendavam e que as
dívidas dos mestiços com os europeus fossem abolidas.
Entretanto, a liberdade estava nas mãos dos criollos. No início dos anos
1820, as lutas pela independência na região tomaram um novo rumo. Espanhóis
e criollos temiam os levantes populares e a europeias e perda do poder. Por isso,
no ano seguinte, as elites se anteciparam e declararam a independência do
México, sob a liderança de Augustín de Itúrbide. Itúrbide proclamou-se
imperador e governou até 1823, quando foi deposto, e o país tornou-se uma
república.
À semelhança do que aconteceu no resto da América hispânica, a
independência do México tornou-se um movimento controlado pelos criollos e
perdeu o caráter popular que teve no início. Os movimentos de conquista da
liberdade das colônias passaram a ser conduzidos de forma que atendessem às
elites dominantes. O principal deles era preservar as divisões sociais e manter as
elites no poder.

A independência da América Central


Em 1821, as colônias espanholas da América Central foram anexadas por
Itúrbide ao então, Império do México. Dois anos depois, influenciados pelos
movimentos de independência que se propagavam pela América, as colônias
centro-americanas romperam com o governo mexicano e formaram as
Províncias Unidas da América Central (atuais Guatemala, Honduras, El
Salvador, Nicarágua e Costa Rica).
As lutas na região foram poucas. Os grandes proprietários de terras
temiam uma revolta popular dos índios e escravos africanos. Por isso,
retardaram ao máximo o confronto com a Espanha e limitaram-se a aproveitar o
movimento geral de independências na América para se separarem da
metrópole.
Como em várias outras regiões da América, a união não durou muito. Em
1838, as Províncias Unidas fragmentaram-se em diversos países.

O fim do Império Espanhol na América


No final do século XIX, Porto Rico e Cuba eram os últimos domínios
espanhóis na América.
A primeira guerra de independência em Cuba iniciou-se em 1868, durou
dez anos, mas não teve sucesso. A luta ganhou novo fôlego no fim do século
XIX, sob a liderança de José Martí.
Martí, que morreu em 1895, logo no início da segunda guerra de
independência, era líder dos chamados autonomistas, corrente que defendia a
plena liberdade e autonomia de Cuba após a independência. Havia também, os
anexionistas, que pretendiam que Cuba se separasse da Espanha e se unisse aos
EUA, país com que mantinha fortes vínculos comerciais.
Quando a luta pela independência estava perto da vitória, os EUA
entraram no conflito e declararam guerra aos espanhóis. A Espanha, vencida
pelos norte-americanos, aceitou a independência de Cuba em 1898 e cedeu Porto
Rico aos EUA, além de outras áreas do Oceano Pacífico, como as Filipinas.
Os norte-americanos mantiveram a ocupação militar em Cuba até 1902,
quando o Senado americano aprovou uma emenda constitucional, que dava ao
país o direito de intervir em Cuba sempre que os interesses dos EUA estivessem
em perigo. A vontade dos anexionistas de associar Cuba aos EUA prevaleceu,
embora a independência cubana tenha ocorrido oficialmente. Terminaram assim,
séculos de colonização espanhola, para iniciar outra época de dominação, a
exercida pelos EUA.

A vitória dos escravos no Haiti


Na Ilha de São Domingos, na região do Caribe, ou Antilhas, os escravos
africanos se rebelaram em 1791 contra o domínio colonial francês, liderados por
Toussaint-Loverture, que recebeu o apoio do governo jacobino da França.
Com a subida de Napoleão ao poder, Toussaint-Lovertoure foi detido e
levado à uma prisão na França, onde morreu. Mesmo assim, as lutas
continuaram, comandadas por Jean Dessalines, outro líder popular. Usando o
lema “Liberdade ou morte”, o exército de Dessalines venceu os franceses e
proclamou em 1° de janeiro de 1804 a independência. São Domingos adotou o
nome de Haiti (nome indígena que significa Terra Montanhosa), sendo o
segundo país do continente americano a se tornar independente. Nações
europeias só reconheceram a independência do Haiti vinte anos depois. A
revolta de escravos provocou o fim da escravidão no Haiti e espalhou entre as
elites do continente o pavor de uma revolta semelhante em seus territórios.

Consequências da Independência da América Espanhola


- Pan-americanismo: união dos países americanos independentes
(proposta de Simón Bolívar).
- Fragmentação dos territórios hispânicos em vários países devido
principalmente às suas independências terem sido em épocas diferentes, e por ter
sido feita por elites de criollos latifundiários que tinham pretensões mais locais.
Eles passaram a se chamar caudilhos, chefes locais que ficavam no poder e se
revezavam de tempos em tempos (isso se denominou caudilhismo).
- Os países novos passaram a sofrer influência da Inglaterra e dos EUA.
A Inglaterra apoiou e ajudou nas independências das antigas colônias pois
desejava ampliar seu comércio com esses países, comprando matérias-primas e
vendendo produtos industrializados. Os EUA apoiou o processo de
independência latino-americana pois desejavam estender sua influência política
e econômica sobre toda a América (prova disso é a doutrina Monroe, lançada
pelo presidente James Monroe, em 1823).

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA


PROF. FABIANO DE JESUS
XLI
BRASIL DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)

Militares e oligarquias no poder


A Primeira República divide-se em dois períodos: A República da Espada
(1889-1894) e a República Oligárquica (1894-1930).
O período inicial da República foi dominado politicamente pelos militares, que
deram o golpe que derrubou a Monarquia. O período inicial foi conturbado, e a
consolidação do regime era a principal preocupação dos líderes governamentais.
Em 1891, elaborou-se a primeira Constituição republicana do Brasil, nela se
assegurou: a forma republicana, o sistema presidencialista representativo, o federalismo,
e três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário.
O país vivia uma acentuada crise econômica, a época do encilhamento.
O primeiro presidente eleito pela Assembleia que fez a Constituinte foi o
marechal Deodoro da Fonseca. Ele enfrentou oposição da oligarquia cafeicultora que
queria colocar a República a serviço de seus interesses.
A deposição de Deodoro e a subida ao poder de Floriano Peixoto deram aos
cafeicultores a garantia de que haviam vencido a batalha pelo poder político. As vitórias
de Floriano sobre os opositores do regime, consolidaram a República no Brasil.
Durante o período imperial, o governo central impunha seu poder às províncias,
nomeando quem iria governá-las. Com o estabelecimento da República a situação
mudou. As famílias mais poderosas de cada estado, as oligarquias estaduais, assaram a
ter enorme poder político.
Entre 1894 e 1830, as oligarquias detiveram a hegemonia sobre o poder político
no Brasil. Até 1919, se consolidaram e depois começaram a decair.
A dominação oligárquica fundamentava-se em 3 elementos: o coronelismo, a
política dos governadores e a política do café-com-leite.

O coronelismo
A Constituição republicana de 1891 aboliu o voto censitário (voto baseado na
renda), e ampliou o número de eleitores. Isso significou uma ameaça aos interesses
políticos das famílias poderosas de cada estado. Para se conservar no poder, as
oligarquias passaram a forçar os eleitores a votar nos candidatos por elas indicados.
Como esses políticos geralmente eram grandes fazendeiros e coronéis da Guarda
Nacional, passaram a ser conhecidos como “coronéis”.
O coronel conseguia o voto do eleitor de duas formas:
a) por violência: caso o eleitor não votasse no candidato indicado, poderia perder
o emprego, ser surrado, ter a família ameaçada ou ser até morto.
b) pela troca de favores: o coronel oferecia aos seus clientes ou dependentes
“favores”, como alimentos, remédios, segurança, vagas em hospitais ou escolas,
dinheiro emprestado ou dado, emprego etc.
Quando apesar de tudo isso, o candidato das oligarquias perdia as eleições,
recorria-se às fraudes eleitorais: falsificação dos resultados, roubo ou adulteração de
urnas, inclusão de votos “fantasmas” etc.
Os coronéis mais poderosos de cada região faziam alianças entre si e elegiam o
presidente de estado (cargo equivalente ao atual governador do estado). Este, por sua
vez, retribuía o “favor” enviando verbas para as cidades controladas pelos coronéis que
o “elegeram”. Todas estas ações e a política de compromisso entre os chefes locais e os
governadores estaduais são conhecidas como coronelismo.

A política dos governadores


O coronelismo também interferia no âmbito federal, pois, com o apoio dos
coronéis, os presidentes dos estados ajudavam a eleger deputados e senadores
favoráveis ao presidente da Republica. O presidente retribuía ao “favor” oferecendo
verbas, empregos e apoio político aos presidentes de estados. O compromisso
estabelecido entre essas partes é conhecido como política dos governadores.

A política do café com leite


São Paulo (produtor de café) e Minas Gerais (produtor de leite) eram os estados
mais ricos e populosos no Brasil da República Velha. A oligarquia paulista estava
reunida no Partido Republicano Paulista (PRP), e a mineira, no Partido Republicano
Mineiro (PRM). Cientes disso, esses dois partidos se aliaram para fazer prevalecer seus
interesses. Por diversas vezes o PRP e o PRM escolheram um único candidato à eleição
para presidente: ora o candidato era indicado por São Paulo e apoiado por Minas, ora se
dava o contrário. Por isso, a maioria dos presidentes da República Velha representou os
interesses das oligarquias paulista e mineira. Essa alternância entre São Paulo e Minas
Gerais na presidência da República é chamada de política do café com leite.

Alguns governantes da República Oligárquica (1894-1930)


- Governo de Prudente de Morais (1894-): O primeiro presidente civil da
República foi o paulista Prudente de Morais. Durante seu governo houve uma
política de pacificação, resolvendo questões diplomáticas e derrotando o
movimento de Canudos na Bahia. Presidente paulista que favoreceu a oligarquia
cafeicultora de seu estado natal.
- Governo de Campos Salles (1898-1902): Apoiou extremamente as oligarquias
e inaugurou a “política do café-com-leite”, dando apoio às oligarquias de Minas e São
Paulo. Atrelada à “política do café-com-leite” havia a “política dos governadores”:onde
os governadores apoiavam as oligarquias “café-com-leite” fazendo “vista-grossa” nas
fraudes eleitorais em troca de apoio político e econômico (verbas) do futuro governo
federal. Campos Salles deu início a uma política de saneamento financeiro da economia
que causou recessão, provocando descontentamento da população.
- Governo Rodrigues Alves (1902-1906): Rodrigues Alves enfrentou crises de
super produção que atingiram a economia cafeeira. O governo em apoio aos
cafeicultores, implantou a política de valorização do café, garantindo os lucros dos
fazendeiros, mas prejudicando a população. Promoveu ainda o saneamento e
remodelação da cidade do Rio de janeiro, auxiliado pelo médico Osvaldo Cruz. No
plano externo, com a ajuda do barão do Rio Branco, anexou-se o território do Acre,
antes pertencente à Bolívia.

Foi o período do Convênio de Taubaté, que trouxe apoio total aos cafeicultores,
e o início de uma forte valorização do café. O governo se comprometeu a
comprar o excedente da produção para que o preço não caísse. Mas mesmo
assim houve uma crise de superprodução do produto.
Neste período houve a Revolta da Vacina (1904). Devido a uma
campanha de vacinação contra a varíola promovida pelo governo (a primeira do
Brasil), a população da cidade do Rio de Janeiro (local onde a doença se
proliferou) se rebelou. A não aceitação à vacinação transformou-se numa guerra
armada.

- Governo Afonso Pena (1906-1909): continuação da política de


valorização do café.

- Governo Nilo Peçanha (1909-1910):


Nesse período ocorreu a Revolta da Chibata (1910), quando marinheiros
reivindicavam o fim dos castigos corporais impostos a eles nos navios da
Marinha. O principal castigo eram as chibatadas (daí o nome da revolta). Houve
um verdadeiro motim da Armada na Baía da Guanabara. Canhões dispararam e
ficaram apontados para a cidade. O líder mais famoso desta rebelião foi João
Cândido, apelidado de “o almirante negro”.
Nesse governo também foi criado a política de proteção ao índio
presidida pelo Marechal Rondon. Foram também criados os Ministérios da
Agricultura, Indústria e Comércio.

- Governo Hermes da Fonseca (1910-1914): Foi a exceção militar num


governo oligárquico.

- Governo Venceslau Brás (1914-1918)


- Governo Delfim Moreira (1918- 1919)
- Governo Epitácio Pessoa ( 1919-1922)

- Governo Arthur Bernardes (1922-1926):


Nesse período ocorreu a Coluna Prestes, movimento que começou no Rio
Grande do Sul com Luís Carlos Prestes, e estendeu-se pelo interior do Brasil. A
Coluna era contrária aos governos oligárquicos. Sofreu dura perseguição por
parte do governo e desfez-se na Bolívia, local onde alguns de seus integrantes se
exilaram.

- Governo Washington Luís (1926-1930):


Nesse período ocorreu a cisão das oligarquias, pois Washington Luís
indicou um outro paulista para a presidência, dividindo com isso as oligarquias
“café-com-leite”.
Os mineiros se unem com Rio Grande do Sul e Paraíba em oposição à
São Paulo.
Dá-se a Crise de 29.
A oposição monta um partido (Aliança Liberal) e lança um candidato à
presidência: Getúlio Vargas. Mas o candidato do presidente vence devido ao
“voto de cabresto”. Isso desencadeia um movimento armado de oposição em
1930 (que a historiografia chamou de Revolução de 1930), que retira
Washington Luís do poder e coloca Getúlio Vargas.
Economia ainda cafeeira
Na República Velha, o café continuou liderando as exportações
brasileiras. Com forte exportação para os EUA e a Europa, os cafeicultores brasileiros
continuavam a investir mais e mais em suas plantações. Assim, em pouco tempo
ocorreu uma super-produção, sacas e mais sacas de café se estocaram nos armazéns e o
preço do produto despencou. De 1893 a 1899, em apenas seis anos o preço do café no
exterior caiu cerca de três vezes.

O Convênio de Taubaté
Preocupados com a queda de seus lucros, os cafeicultores pediram ajuda
ao governo. Os governadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
(os três maiores produtores) responderam ao pedido assinando um acordo chamado
Convênio de Taubaté, onde os governos destes estados se comprometiam a comprar as
sacas de café excedentes por meio de empréstimos internacionais.
A compra do café excedente regulava a oferta e valorizava os preços no
exterior. Isso atendia aos interesses dos cafeicultores, mas transferia os prejuízos para o
governo, que os cobria com dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. Assim o
café continuou sendo o principal produto da economia brasileira. Mesmo assim, alguns
cafeicultores diversificaram seus negócios investindo em outras coisas e outros produtos
como a borracha e o cacau.

A borracha amazônica e o cacau baiano


Na segunda metade do século XIX começava a surgir na Europa as
indústrias de carros, bicicletas e pneus. A borracha, importante matéria-prima destas
indústrias, passou a ser cobiçada no mercado internacional. A Amazônia, habitat da
seringueira, ganhou importância.
No Brasil, a economia gomífera ganhou força entre 1898 e 1910, quando
a borracha correspondeu a 25,7% das exportações, atrás apenas do café. A borracha
enriqueceu as elites do Pará e do Amazonas, além dos empresários europeus e
americanos, que obtinham a borracha a preços relativamente baixos e vendiam aqui
produtos industrializados.
Inúmeros nordestinos migraram para a Amazônia fugindo da seca e
buscando emprego como seringueiros. Eles trabalhavam muito, viviam em cabanas
rústicas a beira dos rios e ganhavam muito pouco. Seus empregadores, os seringalistas
se enriqueciam explorando seu trabalho.
O ciclo da borracha amazônica durou pouco. Ingleses e holandeses
levaram mudas de seringueiras para suas colônias na Ásia e desbancaram a produção
brasileira.
Durante o ciclo da borracha, o cacau plantado na Bahia tornou-se um
importante produto nacional, usado principalmente na fabricação de chocolate. Vários
coronéis baianos fizeram fortuna e se mantiveram no poder devido aos lucros com o
cacau.

Indústria na República Velha


Durante a República Velha esboçou-se um crescimento de indústrias no
Brasil. Em 1889, o país possuía cerca de 636 indústrias, e cerca de 54 mil operários.
Mas, entre 1907 e 1920, o números de empresas cresceu cerca de quatro vezes e
número de operários quase dobrou. Muito desse investimento veio de capitais nacionais,
acumulados com a venda do café.
A região sudeste assumiu a liderança no processo de industrialização.
São Paulo era então o estado mais industrializado. As maiores fábricas paulistas foram
montadas por cafeicultores e imigrantes. Os principais ramos industriais da época eram,
em importância, o têxtil, o de alimentação e o de vestuário.
Os norte-americanos também instalaram fábricas no Brasil,
principalmente após a 1ª Guerra, quando a influência americana se fez sentir mais forte.
Os investidores estrangeiros se atraíam pelo Brasil devido à mão-de-obra barata, a
ausência de leis trabalhistas e a existência de um mercado em expansão.
A industrialização foi acompanhada pelo processo de urbanização e
aumento populacional urbano. São Paulo cresceu muito devido ao afluxo de grande
quantidade de imigrantes de outras regiões do Brasil e do exterior. Entre 1890 e 1930
cerca de 3,2 milhões de estrangeiros vieram ao Brasil em busca de emprego. São Paulo
recebeu cerca de 57,7% deste contingente pois oferecia atrativos como pagamento de
passagens, alojamento e oportunidades de empregos.

Movimentos de resistência à República Oligárquica


Guerra de Canudos
Em 1870, um líder religioso chamado Antônio Vicente Mendes Marciel,
chamado o Conselheiro começou a fazer pregações religiosas pelo sertão nordestino e
promovendo mutirões para ajudar pequenos agricultores, reformar igrejas e erguer
muros em cemitérios. Logo ele começou a ser seguido por inúmeros sertanejos.
Em 1893, Conselheiro e seus seguidores estabeleceram-se no sertão
baiano, às margens do rio Vaza-Barris, nas terras de uma antiga fazenda chamada
Canudos. Ali construíram um povoado, inicialmente chamado Belo Monte e depois
Canudos.
O crescimento do povoado incomodou as elites da região, que ficaram
temerosas que outros camponeses e sem terras se juntassem ao Conselheiro. Começou a
ser alardeado que o arraial de Canudos era um reduto de monarquistas e religiosos
fanáticos e perigosos.
Devido a algumas rusgas entre os habitantes de Canudos e comerciantes
de uma cidade próxima, as tropas do governo da Bahia foram acionadas num conflito
inicial com os habitantes de Canudos, que eram muitos, tinham armas e mantinham uma
comunidade fora do controle do governo republicano e das oligarquias. Como houve
reação às troas estaduais e suspeitava-se que fossem simpatizantes da monarquia, o
governo federal enviou tropas para destruir o arraial.
Os sertanejos de Canudos derrotaram as três primeiras expedições do
governo por meio de táticas de emboscadas. O governo republicano decidiu destruir
completamente Canudos. Em outubro de 1897, um exército de cerca de 7 mil soldados
destruiu Canudos e massacrou a população.
Guerra do Contestado
Entre Santa Catarina e Paraná, em uma área contestada (disputada) por estes dois
estados, ocorreu um movimento de sertanejos pobres e religiosos.
Nessa região havia uma forte tensão social, pois fazendeiros expandiam suas
propriedades tomando terras indígenas e de posseiros à força. A tensão aumentou mais
quando o governo brasileiro contratou a empresa americana Brazil Railway Company,
para construir o trecho da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Como parte
do pagamento, foi cedido à empresa 15 Km de cada lado da ferrovia. Em 1911, essa
empresa criou uma outra, a Lumber, que se comprometeu a colonizar a região com
famílias vindas da Europa. Mas o interesse da Lumber não estava na colonização do
lugar, e sim, na exploração da madeira da rica floresta nativa da região. Assim, os
dirigentes da Lumber pagaram capangas para expulsar os sertanejos daquela área.
Sem terras, os sertanejos do Contestado passaram a seguir o monge José Maria,
e, com ele, ergueram povoados na área de Santa Catarina pretendida pelo Paraná. Os
fazendeiros e a imprensa do Paraná passaram a divulgar que os sertanejos do
Contestado eram monarquistas fanáticos inimigos da República. Para combatê-los, o
governo do Paraná enviou forças militares ao Contestado. Durante o conflito, o monge
José Maria morreu. Inconformados, os sertanejos começaram a propagar que José Maria
retornaria à Terra para implantar a “lei da coroa do céu”. O movimento cresceu, assim
como o número de seus povoados, chamados de “vilas santas”.
Durante um dos confrontos com as forças militares locais, os sertanejos
incendiaram a sede da empresa americana que os havia expulsado de suas terras. Diante
disso, o governo do presidente Hermes da Fonseca lançou contra os sertanejos do
Contestado cerca de 6 mil soldados, armados de canhões e metralhadoras, e apoiados
por aviões. Em nome da República e do progresso, as “vilas santas” foram arrasadas, e
os camponeses chacinados. Com o fim do Contestado, em 1916, os governos do Paraná
e Santa Catarina chegaram a um acordo quanto aos limites de suas fronteiras.

Posseiro: Pequeno proprietário que ocupou uma terra inexplorada e a cultivou durante
anos, obtendo o direito de posse sobre ela.

O cangaço
O contexto de opressão e abandono que favoreceu o surgimento de líderes
religiosos, como Antônio Conselheiro e o monge José Maria, também facilitou o
aparecimento do cangaço, forma peculiar de banditismo que se desenvolveu no interior
do Nordeste, principalmente nas áreas de caatinga do chamado Polígono das Secas.
Desde o século XVIII, bandos armados a serviço dos grandes fazendeiros
adentravam o sertão para tomar terras dos índios e instalar fazendas de gado. Esses
bandos serviam a quem lhes pagava, por isso, se diz que praticavam o cangaço
dependente.
Entre 1900 e 1940, surgiram no sertão nordestino bandos de cangaceiros que
viviam de assaltos e em luta constante com as autoridades policiais. Tais bandos agiam
por conta própria; por isso se diz que praticavam o cangaço independente. Os membros
desses bandos são chamados de cangaceiros, e eram homens violentos muitas vezes
movidos pela vingança pessoal e pela fama alcançada por suas façanhas. Os mais
famosos cangaceiros foram Antônio Silvino, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião/
1900-1938) e Corisco.
Lampião e seu bando cobravam dos fazendeiros e comerciantes uma espécie de
“imposto” e prestavam “serviços” de vinganças. Eles espancavam, torturavam,
saqueavam e degolavam tanto pobres quanto ricos. Em 1938, delatado por um
comerciante, Lampião e parte de seu bando foram mortos e decapitados. Dois anos
depois, Corisco, que sucedera Lampião na chefia do bando, também foi morto, fato que
determinou o fim do cangaço.
Revolta da Vacina (1904)
Nas cidades do Brasil da época da República Velha, as camadas populares
resistiam ao autoritarismo e ao descaso das autoridades. Em 1902, o presidente
Rodrigues Alves confiou a Pereira Passos, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, seu
plano de modelar e higienizar a cidade. O prefeito começou pela construção da Avenida
Central (atual Rio Branco) e, para isso, autorizou a demolição de vários casarões
coloniais e casebres do centro da cidade, habitados pela população mais pobre. Aos
gritos de “bota abaixo!”, os funcionários da prefeitura derrubaram quarteirões inteiros.
Em nome da “civilização”, do progresso e da ordem, as autoridades cariocas demoliram
cerca de seiscentas habitações coletivas e setecentas casas, privando de teto pelo menos
cerca de catorze mil pessoas.
Expulsos da região central, os antigos moradores do centro foram viver nas
periferias da cidade ou subiram os morros, onde construíram barracos. Logo essas
povoações nos morros cresceram bastante. No início do século XX, havia um famoso
morro chamado Morro da Favela, que era um dos mais povoados. Seu nome se
generalizou, e todo morro habitado de forma irregular e com pouca ou sem nenhuma
estrutura urbana e de saneamento passou a ser chamado de favela. Os moradores das
favelas originais viviam sem privacidade, sem conforto, sem água corrente, sem
assistência do Estado etc. Boa parte deles era afrodescendente.
Ao mesmo tempo que ocorria a reforma urbana, o médico sanitarista dr.
Oswaldo Cruz foi indicado pelo governo para combater a febre amarela, a varíola e a
peste bubônica, doenças que vinham matando milhares de pessoas na cidade do Rio.
Em 1904, um projeto de lei que defendia a obrigatoriedade da vacina contra a
varíola dividiu e agitou a sociedade carioca. Aqueles que eram a favor da
obrigatoriedade da vacina argumentavam que a varíola matava milhares todos os anos
no Rio; e que a vacinação obrigatória havia sido um sucesso na Europa. Aqueles que
eram contra a obrigatoriedade da vacina afirmavam que cada pessoa deveria ter o direito
de escolher se queria ou não ser vacinada; e que os soros e funcionários da Saúde não
eram confiáveis; e ainda que se usaria força policial para vacinar as pessoas.
Convencido pelo dr. Oswaldo Cruz, o Congresso aprovou, em 1904, a Lei da
Vacina Obrigatória, que autorizava os funcionários da Saúde a vacinar contra varíola
todos os brasileiros com mais de seis meses de idade. Os desobedientes eram punidos
com multas e demissões.
A obrigatoriedade da vacina, as demolições no centro da cidade e o custo de vida
elevado levaram a uma explosão popular, em 1904, conhecida como Revolta da Vacina.
Em novembro de 1904, ocorreram intensos conflitos de rua. Armados de paus,
pedras, pedaços de ferro, facas etc, os populares enfrentaram a polícia em vários pontos
do Rio. Bondes foram incendiados, trilhos arrancados, lojas foram depredadas e o
Palácio do Catete, sede do governo, foi cercado para protestar contra a obrigatoriedade
da vacinação e a violência com que ela era feita. O governo reagiu, ordenando que
navios de guerra bombardeassem os bairros situados na orla litorânea, e ao mesmo
tempo, suspendeu a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A revolta foi
desarticulada e seus líderes lançados aos porões de um navio e enviados para o Acre,
região incorporada ao Brasil em 1903.

Revolta da Chibata (1910)


Em 1910, os navios da Marinha do Brasil estavam entre os mais modernos da
época, mas o Código Disciplinar da Marinha era o mesmo dos tempos da escravidão:
faltas leves eram punidas com prisão na solitária por três dias; faltas leves repetidas,
com prisão de seis dias; faltas graves, com dezenas de chibatadas.
Em novembro de 1910, um dia após a posse do presidente Hermes da Fonseca, o
marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes recebeu mais de 100 chibatadas no interior
de um navio, aos olhos de toda a tripulação. Apesar de ter desmaiado durante o castigo,
continuou a ser chicoteado. Era o que faltava para a explosão da revolta. Com manobras
rápidas, os marinheiros dominaram os oficiais e assumiram o comando dos principais
navios de guerra ancorados no Rio de Janeiro. Entre os líderes, estava João Cândido,
apelidado por um dos jornalistas que cobriam o acontecimento, de “almirante negro”.
Apontando canhões para a cidade, os marinheiros exigiam o fim do castigo da chibata, o
aumento dos soldos e a anistia.
Entre os marinheiros havia um grande número de afrodescendentes; por isso,
alguns historiadores afirmam que a existência da chibata no Código Disciplinar da
Marinha era uma manifestação de preconceito racial. Os oficiais da Marinha pertenciam
em sua maior parte, a famílias brancas e ricas, que haviam há pouco tempo tido a seus
serviços negros ou mestiços, na condição de escravo ou liberto.
Sem forças para enfrentar a rebelião, o governo concordou em proibir os
castigos corporais e anistiar os rebeldes. Os marinheiros cumpriram sua parte no acordo
e entregaram os navios. O governo, porém, quebrou o acordo e partiu para a vingança:
baixou um decreto que permitia expulsar da Marinha os elementos “indesejáveis” e
mandou prender os líderes. Dezesseis deles morreram no presídio da Ilha das Cobras e
nove foram fuzilados na viagem que conduzia à Amazônia dezenas de marinheiros
condenados aos trabalhos forçados nos seringais da região. João Cândido, considerado
como um dos maiores líderes da revolta, foi internado como louco, depois solto e
expulso da Marinha sem patente nem aposentadoria. Para sobreviver, Cândido vendeu
peixes que ele mesmo pescava numa praia do Rio. João Cândido morreu em 1969.
Graças à sua luta e a de seus companheiros, aboliram-se os castigos corporais na
Marinha.

O movimento operário
No início do século XX, o ambiente das fábricas era insalubre, mal-iluminado e
sem ventilação; os operários trabalhavam de 14 a 16 horas diárias recebendo salários
que não acompanhavam o aumento do custo de vida; não tinham direito a férias, nem
aposentadoria. Em 1920, na cidade de São Paulo, pouco mais da metade dos operários
eram estrangeiros, enquanto no Rio eram cerca de 35%. Destes estrangeiros, a maior
parte era formada por italianos, portugueses e espanhóis. Apesar das frequentes
rivalidades entre brasileiros e estrangeiros, a República Velha assistiu à formação de um
movimento operário combativo e atuante.
As doutrinas de maior penetração no movimento operário eram o socialismo e o
anarquismo. Os socialistas fundaram partidos políticos, como o Partido Operário, criado
no Rio de Janeiro em 1890. Lutavam por reformas, como a jornada de trabalho de 8
horas, e desejavam conquistá-las por meio de via democrática. Já o anarquismo era
predominante me São Paulo. Contrários à existência do Estado, os anarquistas se
negavam a participar das eleições; defendiam a conquista do poder pelos operários por
meio da greve geral revolucionária.
Em 1906, os operários realizaram no Rio de Janeiro, o Primeiro Congresso
Operário Brasileiro, reunindo trabalhadores de várias partes do Brasil. Esse Congresso
decidiu que o dia 1° de maio de 1907 marcaria o início de uma grande campanha pela
jornada de 8 horas de trabalho.
Os operários fizeram várias greves naquele ano, a maioria em São Paulo. O
governo, representado pelo político Afonso Pena, reagiu, reprimindo e prendendo
trabalhadores. Só duas categorias conseguiram a jornada de 8 horas: gráficos e
pedreiros. Em 1907, como resposta ao movimento grevista, o governo aprovou a Lei
Adolfo Gordo, que permitia expulsar do Brasil os imigrantes que participassem de
greves. Apesar das repressões, as lutas operárias continuaram.
Em 1917, os operários de São Paulo realizaram a maior greve da República
Velha. O movimento de paralisação começou em algumas fábricas dos bairros da
Mooca e Ipiranga (bairros da capital paulista) e logo se espalhou por outras regiões. Em
uma das manifestações, a polícia abriu fogo sobre trabalhadores. O operário anarquista
Francisco Martinez morreu, e seu enterro foi o estopim para uma greve geral de
trabalhadores em São Paulo. Os grevistas exigiam:
- Jornada de oito horas e aumento salarial;
- Abolição do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos;
- Pagamento pontual;
- Diminuição dos aluguéis e congelamento dos preços de alimentos.
Este movimento grevista se estendeu para os estados do Rio de Janeiro, Paraíba,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, patrões concordaram com um aumento salarial de 20%,
prometeram não dispensar os grevistas, respeitar o direito de reunião, liberar grevistas
presos e tentar, em conjunto com o governo, melhorar as condições de vida dos
trabalhadores. Terminada a greve, os empresários passaram a perseguir e a demitir os
principais líderes.
As lutas do operariado continuaram, e, em 1922, houve a fundação do PCB
(Partido Comunista do Brasil).Os comunistas tinham uma organização centralizada e
nacional, que defendia um governo do proletariado e a coletivização de terras e fábricas.
Poucos meses após sua fundação, o PCB foi colocado na ilegalidade pelo
governo de Epitácio Pessoa (1919-1922). Continuou atuando de forma clandestina nos
sindicatos e imprensa operária.
Para as autoridades da República Velha, o movimento operário era “caso de
polícia”, e deveria ser fortemente reprimido. No entanto, o presidente Arthur Bernardes
(1922-1926), usou outra estratégia para enfraquecer o movimento operário: em 1925,
transformou o 1° de maio em feriado. Pretendia-se que os trabalhadores deixassem de
ver e usar essa data como dia de resistência e a transformassem em dia de folga.

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA


PROF. FABIANO DE JESUS
XLII
BRASIL: REVOLUÇÃO DE 1930
Tenentismo e a Revolução de 1930
Os movimentos tenentistas iniciaram desde os anos 20, no início do século XX,
com diversos levantes militares liderados por jovens oficiais, principalmente tenentes e
capitães. Eles eram contra a ordem política oligárquica, defendiam que o exército é que
deveria dirigir o país, para regenerá-lo e moralizar a política. Eles defendiam o voto
secreto, o fim das fraudes eleitorais e outras reformas políticas e sociais. Seus levantes
minaram a ordem oligárquica, atraindo para si a simpatia de outros grupos opositores ao
governo. Os principais levantes tenentistas foram a Revolta do Forte de Copacabana, a
Revolta Tenentista de 1924 e a Coluna Prestes. Todos esses movimentos foram
duramente reprimidos pelo governo.
Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque, gerando uma forte crise
internacional. Isso trouxe sérias dificuldades à economia brasileira. Aumentaram
também os descontentamentos na população e nos opositores ao governo oligárquico.
Em 1930, o descontentamento chegou ao máximo. Diversos setores sociais, indignados
com os resultados das eleições para a sucessão de Washington Luís, revoltaram-se
partindo do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba, e deram o golpe final na
política oligárquica. O candidato eleito, Júlio Prestes não tomou posse. Formou-se então
um governo provisório sob a liderança de Getúlio Vargas.

A Revolta do Forte de Copacabana: o Primeiro 5 de julho


O estopim da primeira revolta tenentista foi a publicação na imprensa de cartas
falsas que ofendiam os militares, principalmente o marechal Hermes da Fonseca. O
presidente da República, Epitácio Pessoa, considerou que o culpado pelas cartas era o
próprio Hermes da Fonseca e mandou prendê-lo por agitação. Por isso, em 5 de julho de
1922, tenentes do Forte de Copacabana pegaram em armas contra o governo para
“salvar a honra do Exército” e moralizar o país. O governo reagiu e obrigou os
revoltosos renderem-se. Porém, dezessete militares e um civil não se entregaram e
saíram pela Avenida Atlântica (Rio) dispostos a tudo. Só dois escaparam com vida:
Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

O Segundo 5 de julho
No governo de Arthur Bernardes, em 1924, explodiu em São Paulo outro levante
tenentista, o Segundo 5 de julho. Esse, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem
definidos. Os tenentes exigiam:
- Moralização da República por meio do voto secreto;
- Real autonomia dos três poderes;
- Obrigatoriedade do ensino profissional e primário;
- Respeito às leis e à justiça.
Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa,
rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.
Reprimidos por tropas governistas, mil rebeldes formaram a coluna paulista e
deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná. Mas, outras revoltas
tenentistas explodiam em Mato Grosso, Sergipe, Amazonas, Pará e Rio Grande do Sul.
Depois de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos,
comandados pelo capitão Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e
marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna
paulista e da gaúcha nasceu a Coluna Prestes.

A Coluna Prestes
Com cerca de 1800 membros, a Coluna Prestes saiu pelo interior do Brasil
buscando o apoio do povo para sua luta contra o governo. Nos locais onde eram bem
recebidos, os rebeldes queimavam os registros de cobrança de impostos dizendo que,
assim, livravam o povo dos abusos do governo. Movimentando-se com rapidez,
conseguindo munição e armamento do próprio inimigo e evitando as grandes cidades, a
Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros através de doze estados brasileiros. No
início de 1927, 600 homens que ainda integravam a coluna decidiram retirar-se para a
Bolívia.

As eleições e a Revolução de 1930


Em 1930, de acordo com a política do café com leite, era a vez de Minas Gerais
escolher o presidente. Mas o presidente Washington Luís, que tinha sido indicado por
São Paulo, decidiu indicar outro paulista para sucedê-lo, Júlio Prestes.
Os políticos de Minas Gerais reagiram, conseguindo aliados no Rio Grande do
Sul e na Paraíba, formando a Aliança Liberal. Para disputar as eleições de 1930, a
Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente ao lado do paraibano
João Pessoa para vice.
Durante a campanha presidencial, Vargas defendeu o voto secreto, o incentivo à
indústria nacional e a aprovação das leis trabalhistas, ganhando assim, popularidade.
Apesar disso, graças às eleições fraudulentas criadas pelas oligarquias, a vitória nas
eleições de 1930 coube ao paulista Júlio Prestes.
Inconformada com a derrota nas urnas, a oposição conspirou contra o governo. E
um fato acelerou os acontecimentos: João Pessoa foi assassinado por um rival político
da Paraíba. Explorando o fato politicamente, em 3 de outubro de 1930, Vargas e seus
companheiros partiram do Rio grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro dispostos a
derrubar o governo. Mas, antes que chegassem à capital, uma junta militar tomou o
poder e, depois, o entregou a Vargas.

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA


PROF. FABIANO DE JESUS
XLIII
O BRASIL DA ERA VARGAS
A Era Vargas, iniciada com a revolução de 30, que retirou a oligarquia do poder,
divide-se em 3 períodos: o governo provisório (1930-34), o governo constitucional
(1934-37) e o Estado Novo (1937-45).

O governo provisório (30-34)


Durante o governo provisório o presidente Vargas iniciou o processo de
centralização do poder, extinguindo os órgãos legislativos em todos os níveis (federal,
estadual e municipal), nomeando interventores estaduais e suspendendo os direitos
constitucionais.
A oposição às reformas centralizadoras de Vargas manifestaram-se de forma
violenta em São Paulo, que em 1932, encabeçou um movimento armado – a Revolução
Constitucionalista – exigindo a realização de eleições para uma Assembleia
Constituinte. Apesar de o movimento ter sido derrotado, o presidente convocou eleições
para a Constituinte que , em 1934, apresentou a Nova Carta.
As principais mudanças introduzidas pela Constituição de 1934 foram:
- Voto secreto para dificultar a corrupção eleitoral;
- Voto feminino;
- Justiça eleitoral para zelar pelas eleições;
- Ensino primário gratuito e de freqüência obrigatória;
- Nacionalização progressiva das minas, jazidas e quedas-d’água;
- Direitos trabalhistas reconhecidos, como a jornada de 8 horas, descanso
semanal remunerado, indenização por dispensa sem justa causa, proteção ao trabalho do
menor e da mulher, férias anuais remuneradas, estabilidade às gestantes e outros.

O governo Constitucional (34-37)


Em 34, Getúlio venceu as eleições indiretas, ou seja, foi votado pelos
representantes do povo no Congresso Nacional (Senado + Câmara dos Deputados).
Durante o governo constitucional, o debate político girava em torno de
duas propostas principais: a fascista, defendida pela Ação Integralista Brasileira, e a
Democrática, apresentada pela Aliança Nacional libertadora, que contava com adeptos
de reformas radicais da sociedade brasileira.
A Ação Integralista Brasileira, liderada pelo escritor Plínio Salgado, seguiam os
princípios do fascismo de Benito Mussolini, e defendia:
- Um governo autoritário dirigido por um chefe e um partido único;
- Predomínio dos interesses da nação sobre os interesses do indivíduo;
- Censura aos meios de comunicação.
Assim como os fascistas, os integralistas faziam uso da violência contra
adversários políticos, especialmente os comunistas.
Apelando para um nacionalismo exagerado e adotando o lema “Deus, pátria e
família”, a AIB conseguiu apoio das camadas médias, do Alto Clero, do empresariado e
das Forças Armadas. A AIB chegou a possuir mais de 100 mil filiados e mais de mil
núcleos espalhados pelo país. A saudação integralista era a palavra indígena Anauê,
gritada com o braço direito erguido, imitando a saudação nazista. A letra do alfabeto
grego sigma (Σ ), colocada no braço esquerdo, era símbolo dos membros da AIB,
chamados de “camisas-verdes”.
Os aliancistas, era a oposição ao integralismo. Fundaram seu partido em 1935, a
ANL (Aliança Nacional Libertadora), frente popular liderada por Luís Carlos Prestes.
Os pontos principais da ANL eram:
- Não pagamento da dívida externa brasileira;
- Nacionalização das empresas estrangeiras;
- Reforma agrária;
- Formação de um governo popular.
Vargas porém mantinha uma prática de centralização do poder e, após a tentativa
frustrada de golpe por parte da oposição – a Intentona Comunista - , suspendeu
novamente as liberdades constitucionais, estabelecendo um regime ditatorial em 1937.

A Intentona Comunista
Os comunistas tentam tirar Vargas do poder. Em consequência disso, ele
empreende uma perseguição aos comunistas.
Em 5 de julho de 1935, o líder comunista Luís Carlos Prestes lançou um
manifesto que impunha a derrubada do governo Vargas e a formação de um
governo popular revolucionário. O governo Vargas reagiu ao manifesto
fechando a ANL e seus núcleos pelo país.
Diante disso, sem esperar as ordens de Prestes, um grupo de sargentos,
cabos e soldados comunistas de Natal, Rio Grande do Norte, deu início à Revolta
Vermelha ou Intentona Comunista. Seguiram-se levantes no Recife e no Rio de Janeiro.
Com rapidez, o governo Vargas sufocou os levantes e passou a prender e torturar os
simpatizantes da ANL, comunistas ou não. As cadeias das principais cidades brasileiras
encheram-se de presos políticos.

As eleições para presidente estavam marcadas para início de 38. Vargas não
estava disposto a deixar o poder. Assim, anunciou pelo rádio que havia descoberto um
plano comunista, o Plano Cohen, segundo o qual, eles pretendiam um golpe político
através de um movimento de greves, incêndios em igrejas e o assassinato do presidente
para tomarem o poder.
O Plano Cohen, era na verdade, falso, forjado pelo próprio governo Vargas. Mas
ele serviu de pretexto para que em 10 de novembro de 1937, Vargas implantasse uma
ditadura, o Estado Novo.

O Estado Novo (37-45)


Nesse mesmo ano, impôs uma nova Constituição, inspirada no modelo
fascista, que garantia amplos poderes ao presidente. Nela ficava determinada a
extinção do Legislativo e a subordinação do Judiciário ao Executivo. Vargas
temendo perder o poder dissolveu o Congresso, impôs uma nova Constituição e
implantou um governo ditatorial que durou até 45. O Congresso foi fechado, e
Vargas governou por decretos-leis (leis impostas), as eleições foram suspensas,
as greves proibidas, e os sindicatos foram controlados pelo governo.
Nesse período Vargas trabalhou pelo fortalecimento econômico do país.
Fez estatizações como da Vale do Rio Doce e criou a CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional ).
Empreendeu também neste período o Estado de Sítio.
Criou uma Legislação Trabalhista que garantia direitos aos trabalhadores,
conseguindo assim amplo prestígio diante da população. Mas também agradou
empresários. Essas ações marcaram seu governo fortemente e seu nome ficou na
história como “o pai dos pobres” e “mãe dos ricos”.
Visando um controle maior sobre o aparelho de Estado, Vargas criou o
Departamento Administrativo do Serviço Público e o Departamento de Imprensa
e Propaganda, que além de controlar os meios de comunicação, divulgava uma
imagem positiva do governo e do presidente.As polícias estaduais tiveram suas
prerrogativas ampliadas, e para contar com o apoio da classe trabalhadora
Vargas lhes concedeu direitos trabalhistas, apesar de manter a atividade sindical
sobre o controle do governo federal.
O Estado Novo implantou no Brasil o intervencionismo estatal, sobre a
economia, ao mesmo tempo que oferecia incentivos na área rural, favorecia o
desenvolvimento industrial e criava infraestrutura para o mesmo.
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo
deu margem ao crescimento da oposição à Vargas. Assim a luta pela
democratização ganhou fôlego. O governo foi obrigado a conceder anistia aos
presos políticos e aos exilados, além de convocar eleições gerais, que foram
vencidas pelo candidato oficial, aquele apoiado pelo governo: o general Eurico
Gaspar Dutra. Vargas saiu do governo devido a perda do apoio da burguesia.

Economia da Era Vargas: Indústria e agricultura


Na Era Vargas, a indústria assumiu uma posição de liderança que antes cabia à
agricultura. Isso se deveu, por um lado, à Grande Depressão e à Segunda Grande
Guerra, pois com seus parceiros comerciais em crise ou em guerra, o Brasil foi forçado
à produzir o que antes importava. Por outro lado, essa arrancada industrial brasileira
deveu-se a uma série de medidas tomadas pelo governo Vargas, tais como: empréstimos
à indústria, diminuição dos impostos sobre bens e equipamentos industriais, abolição
dos impostos interestaduais e fixação do salário mínimo em 1940 (medida que
amenizava o conflito entre empresários e trabalhadores.
O governo Vargas também criou:
- O Conselho Nacional do Petróleo (1938);
- A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 41, iniciando a construção da
Usina Siderúrgica de Volta Redonda no Rio de Janeiro;
- Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), em 42, em Minas Gerais,
encarregada da exploração de minério de ferro, matéria-prima para a indústria
siderúrgica;
- Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em 45.

O governo saiu também em defesa da agricultura. Para defender o preço do café,


mandou queimar ou lançar ao mar 30 milhões de sacas, entre 31 e 39, e criou um
imposto por pé de café, a fim de inibir novos plantios. Regulando a oferta e protegendo
os preços do café, o governo garantia recursos para a importação de máquinas e
equipamentos. Além disso, favoreceu a policultura, incentivando a promoção de
algodão, açúcar, borracha, cacau, e criou o Instituto do açúcar e do Álcool e o Instituto
do Cacau na Bahia.

O populismo
Durante o governo de Vargas, ele praticou o populismo, ou seja, buscou
estabelecer uma relação direta e emocional com os trabalhadores. Em 1943, as leis
trabalhistas conquistadas pelos operários após as décadas de lutas foram reunidas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e apresentadas como uma “doação” aos
trabalhadores. Assim, para exaltar sua própria figura, Vargas apresentava como uma
doação o que era uma conquista.
O populismo de Vargas foi construído também com discursos comoventes, que
chegavam aos trabalhadores pelo rádio e por meio de grandes “encontros” do presidente
com os “trabalhadores do Brasil”, em datas especiais, como o 1° de maio (Dia do
Trabalhador).

Populismo
Política em que se estabelece uma relação direta e emocional entre um líder e a massa
desorganizada e carente, que vê no líder e no Estado um meio rápido de ver atendidas
as suas necessidades.

O fim do Estado Novo e o “Queremismo”


No Brasil, muitos se aproveitaram do momento de luta contra o nazifascismo
para combater a “ditadura interna” de Vargas. Em outubro de 43, políticos de Minas
lançaram o Manifesto dos Mineiros, exigindo a democratização do país. Nesse ano
também, estudantes da UNE fizeram passeatas contra o governo.
Percebendo forte oposição, Vargas decidiu liderar a democratização. Em 45
anistiou os condenados políticos, liberou as atividades partidárias e marcou eleições
para dezembro. Ao mesmo tempo que apoiava a candidatura de Eurico Gaspar Dutra,
Vargas, também incentivava o “queremismo”, movimento popular que, com o lema
“queremos Getúlio” apoiava sua permanência no poder.
Assustados com a popularidade do ditador, oposições militares forçaram Vargas
renunciar em 29 de outubro de 1945. Terminava o Estado Novo.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLIV
O BRASIL DA ERA DO POPULISMO (1946-1964)
O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início do período denominado
Guerra Fria, no qual dois blocos antagônicos – o capitalista, liderado pelos EUA; e o
socialista, liderado pela URSS – disputaram a hegemonia mundial. Nesse momento, o
Brasil, em função de sua dependência econômica aos EUA, alinhou-se ao bloco
capitalista.

As eleições de 1945
Com a deposição de Vargas, em 1945, foram marcadas eleições para o cargo de
presidente da República. Naquele ano, haveria voto direto e secreto, além do voto
feminino.
Disputaram as eleições de 45, os seguintes partidos, criados na época:

BRASIL: PARTIDOS POLÍTICOS DE 1945


SIGLAS NOMES PERFIL
UDN União Democrática Partido antigetulista,
Nacional contrário à intervenção do
Estado na economia, e
favorável à abertura ao
capital estrangeiro.
PSD Partido Social Democrático Partido getulista,
ligado às oligarquias
agrárias e aos interventores
nomeados por Vargas.
PTB Partido Trabalhista Partido getulista,
Brasileiro ligado ao Ministério do
Trabalho e aos sindicatos
dos trabalhadores.

Durante o processo de redemocratização, o Partido Comunista do Brasil


reorganizou-se e também lançou um candidato às eleições presidenciais. Mas o
vencedor foi o general Eurico Gaspar Dutra, candidato da coligação PSD+PTB. Outro
vencedor foi Vargas, que apoiou o presidente eleito e elegeu-se senador pelos estados de
São Paulo e Rio Grande do Sul.
A Constituição de 1946
O período do Estado Novo terminou com a promulgação da Carta Constitucional
de 1946, que restaurava a democracia no Brasil.
Essa Constituição:
- Definia o Brasil como República Federativa Presidencialista;
- Garantia ampla liberdade de pensamento, expressão e associação;
- Concedia grande autonomia a cada um dos três poderes;
- Permitia o direito de voto a todos os brasileiros maiores de 18 anos, de ambos
os sexos, mas mantinha a restrição aos analfabetos (metade da população);
- Garantia aos trabalhadores o direito de greve, mas proibia as greves em
“atividades essenciais” (na prática, porém, quase todas as greves eram proibidas).

Governo Dutra (1946-51)


Deu-se nesse período grande incentivo aos transportes.
Início da Guerra Fria. No governo de Dutra o Brasil se alinhou com os
EUA e rompeu relações com a URSS.
No plano econômico, o presidente Gaspar Dutra abandonou a política
nacionalista do governo Vargas, e adotou uma política econômica liberalizante.
Dutra facilitou a livre importação de mercadorias. O país passou a importar
grandes quantidades de bens de consumo, como cigarros, chicletes, perfumes,
carros, geladeiras, televisores etc. Nessa época houve o nascimento da tevê
brasileira, e um desenvolvimento maior do rádio. Com isso, em um ano e meio
esgotou quase todas as reservas que tinha acumulado durante a Segunda Guerra
Mundial. Posteriormente, Dutra restabeleceu o controle sobre as importações;
dificultando a entrada de bens de consumo e incentivando a compra de bens de
produção, como máquinas e equipamentos, necessários à indústria nacional.
Nessa época houve aumento do preço do café no exterior, e a economia voltou a
crescer.

Eleições de 1950
No ano em que a televisão fez sua estreia no Brasil, ocorreu uma nova
corrida eleitoral para presidente. Comícios voltaram a lotar praças. Defendendo
o nacionalismo, a industrialização e ampliação das leis trabalhistas, Vargas
venceu.

Governo Vargas (1951-54)


Quando Vargas assumiu o poder, havia duas tendências políticas quanto
às ações econômicas que o governo deveria empreender. De um lado, os
nacionalistas; de outro, os liberais, chamados pejorativamente de “entreguistas”.
Observe na tabela a seguir as principais características desses grupos:

NACIONALISTAS LIBERAIS (ENTREGUISTAS)


LÍDER: GETULIO VARGAS LÍDER: CARLOS LACERDA
O Estado deveria intervir na economia, A economia deveria caminhar sem
investindo em áreas estratégicas, como interferência do Estado. O
petróleo, siderurgia, transportes e desenvolvimento deveria apoiar-se na
comunicações. empresa privada.
A entrada de capital estrangeiro deveria O capital estrangeiro era condição ara o
ser limitada e controlada. progresso do Brasil.
O governo deveria manter uma posição O governo deveria aliar-se aos EUA de
de distanciamento ou oposição aos EUA. forma incondicional.
Os debates entre essas duas correntes chegou ao ápice com relação à
questão do petróleo. Nacionalistas, liderados por Vargas, defendiam que a
exploração e refino deveriam ser feitos pela indústria brasileira. Já os liberais,
encabeçados pela UDN, eram favoráveis a que fossem feitos por empresas
estrangeiras que já atuavam no Brasil, como Esso, Texaco, Shell etc. Na defesa
de sua posição, os nacionalistas lançaram uma campanha nacional com o slogan
“O petróleo é nosso!”. A vitória nessa disputa coube aos nacionalistas.
O governo Vargas deu forte empenho às nacionalizações e estatizações
de empresas, o que desagradou os EUA. Durante este período é que começa o
chamado nacional desenvolvimentismo, com um forte incentivo às indústrias.
Nesse governo foi criado o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) e a
Petrobrás, visando garantir o desenvolvimento industrial do Brasil.

O populismo de Vargas
Desde sua campanha eleitoral, Vargas esforçou-se para apagar a imagem
de ditador e reforçar a de “amigo dos trabalhadores”. Uma vez na presidência,
praticou amplamente o populismo, estabelecendo uma relação direta e
emocional com os trabalhadores. Fazia-se imensa propaganda do governo
através de imagens, versos, músicas, com o forte uso do rádio e da televisão, que
apresentavam Vargas como “amigo dos trabalhadores”, aquele com quem eles
podiam contar.
Apesar disso, havia insatisfação no meio dos trabalhadores, devido aos
salários não acompanharem a alta inflação. Em 53, explodiram greves por
aumento salarial em todo o país.
Vargas nomeou João Goulart (Jango) para o Ministério do Trabalho. Na
negociação com os grevistas, Jango prometeu dobrar o valor do salário mínimo.
Isso irritou a UDN e seus aliados militares. Pressionado por eles, Vargas demitiu
Jango, mas autorizou o aumento salarial em 1° de maio de 1954. Carlos Lacerda,
jornalista inimigo político de Vargas, iniciou uma campanha difamatória contra
o presidente.

A queda de Vargas
Militares anticomunistas e políticos da UDN preparavam um golpe
contra Vargas quando Lacerda foi vítima de um atentado à bala. Lacerda
escapou com vida, mas Rubens Vaz, major da Aeronáutica que o acompanhava
no momento do atentado foi morto. As investigações sobre o assassinato
apontavam como mandante Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de
Vargas.
Jornais de oposição afirmavam que havia um “mar de lama” no palácio
presidencial. Lacerda pressionava s generais para derrubarem Vargas. Em 22 de
agosto, oficiais da aeronáutica lançaram um manifesto exigindo a renúncia de
Vargas. No dia seguinte, generais do Exército fizeram a mesma exigência. Sob
forte pressão, Vargas cometeu suicídio.
No ano seguinte houve eleições, nas quais venceu Juscelino Kubitschek,
conhecido como JK, pelo PDS. A UDN não se conformou com a derrota nas
eleições, e Carlos Lacerda, seu líder, passou a dizer que os eleitos eram apoiados
por comunistas e que era necessário um golpe ara impedir a posse de JK. Mas
não houve golpe, pois o general Henrique Teixeira Lott colocou seus soldados
nas ruas e obrigou os golpistas a fugirem. Com isso, JK assumiu a presidência.

Governo JK ( 1956-61 )
JK prometeu que faria o Brasil progredir 50 anos em 5. A política de
desenvolvimento empreendida em seu governo é chamada de
desenvolvimentismo.
Durante seu governo construiu-se a nova capital Brasília (marca principal
de seu governo), além de ter havido grande estímulo à industria, graças a
investimentos estrangeiros e a entrada de multinacionais no país. A situação
econômica, porém, era difícil.
Juscelino foi eleito diretamente pelo povo e abriu o país ao capital
estrangeiro em busca de um fortalecimento econômico e um avanço na
industrialização. No governo JK foi implantado o chamado Plano de Metas, que
também tinha como motor a industrialização. O Plano de Metas previa
investimentos públicos em cinco grandes áreas: energia, transporte, indústria,
alimentação e educação. Seria a continuação da industrialização iniciada por
Vargas. Mas havia mudanças em comparação com o governo Vargas, não no
sentido político, mas no econômico. No governo Vargas ocorreu a implantação
de indústrias de base, antes disso havia indústrias de bens não duráveis. As
fábricas do período JK eram de bens duráveis: eletrodomésticos, automóveis,
bens de consumo populares etc. Além disso, no governo Vargas limitou-se a
entrada de capital estrangeiro; já no governo JK, procurou-se atrair capitais
estrangeiros. Montou-se durante o governo JK uma estrutura produtiva mantida
pelo capital transnacional.
O governo investiu milhões na indústria de base (que fabrica matérias-
primas e produtos para outras indústrias como aço, máquinas, motores, energia
etc). Foram construídas siderúrgicas, como a Usiminas; hidrelétricas, como as
Três Marias e Furnas; portos e quilômetros de estradas.
O governo ofereceu facilidades e incentivos ara atrair multinacionais de
bens de consumo, como a Willys Overland, Ford, Volkswagen, GM, etc. A
indústria automobilística foi um sucesso nessa época. Mas isso fez governo
deixar de lado os transportes coletivos. As ferrovias foram praticamente
abandonadas, e o transporte passou a depender cada vez mais das rodovias, do
petróleo e seus derivados.
O Plano de Metas foi bem sucedido e muitas de suas metas foram
alcançadas. A economia cresceu. A industrialização gerada no governo JK criou
um clima de otimismo e gerou muitos empregos, mas não beneficiou todas as
regiões do país. As indústrias instalaram-se quase todas no Centro-Sul, o que
aumentou ainda mais as diferenças socioeconômicas entre as regiões. A
conseqüência disso foi uma forte migração, principalmente de nordestinos, para
cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte em busca de
empregos.
JK governou com o apoio do Congresso e respeitou a liberdade de
imprensa, mantendo assim, a estabilidade política. Nos anos JK combinou-se
estabilidade política com crescimento industrial, mas também houve inflação
alta e aumento de desigualdades sociais e regionais.

Jânio Quadros (1961)


Jânio Quadros foi um típico líder populista. Para ganhar votos, prometeu
“varrer a corrupção” do governo. Para reforçar a imagem de político honesto,
usava uma vassoura como símbolo de sua campanha, associado ao jingle da
campanha que tinha os versinhos: “ varre, varre vassourinha / varre, varre a
bandalheira...”
Jânio Quadros assumiu a presidência da República em 1960, junto com
João Goulart, seu vice. Na época, havia uma grande crise econômica, com alta
inflação e uma forte dívida externa. O governo empreendeu a retirada do capital
estrangeiro do Brasil e afastamento dos EUA com o intuito de diminuir a
dependência econômica. Intencionou até unir-se à economia argentina para fazer
frente à americana. Iniciou-se conversações para reatar as relações diplomáticas
com a URSS e a China. Quadros também colocou-se contra a invasão de Cuba
pelos EUA.
Problemas financeiros herdados do governo anterior, aliados a uma
tentativa de estabelecer a autonomia do país na política externa, desencadeou
oposição ao governo. Lideres militares e líderes da UDN ficaram contra o
presidente. A gota d’água foi quando, o então, ministro de Cuba, Che Guevara
visitou o Brasil e foi condecorado por Jânio Quadros. Carlos Lacerda, líder da
UDN, passou a acusar Jânio de ser aliado dos comunistas. Sob essas acusações o
presidente renunciou depois de 7 meses de governo.
Seu vice João Goulart estava na China, e até que ele retornasse assumiu a
presidência, o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli. Líderes da
UDN e setores das forças armadas relutaram em permitir que João Goulart
assumisse a presidência. Ele só assumiu o poder depois de instituído um Ato
Adicional que estabelecia o Parlamentarismo no Brasil.

Governo João Goulart (1961-64)


Forças anticomunistas impediram a posse desse presidente, que só
conseguiu assumir a presidência após a implantação do Parlamentarismo (1961).
Em 63 o presidente convocou um plebiscito para a população decidir
sobre o sistema de governo. Ocorre então o retorno do presidencialismo.
O governo de Jango foi conturbado. Uma parte dos empresários
desconfiava dele e diminuiu seus investimentos na produção, ocasionando
desemprego. Obras públicas obrigavam o governo a emitir dinheiro. Isso elevou
a inflação e diminuiu o poder de compra dos salários, gerando tensão entre
empregados e patrões.
Na tentativa de se aproximar das camadas populares e setores das
camadas médias, Jango deu início à reformas de base (agrária, administrativa,
bancária, tributária, eleitoral e educacional).
Posições se radicalizaram: movimentos sociais exigiam as reformas de
base prometidas. E a oposição, formada por grandes empresários, o alto clero
católico, oficiais das Forças Armadas e organizações que representavam
empresários brasileiros e americanos; acusava o presidente de ter perdido a
autoridade e ser cúmplice do comunismo internacional.
Num clima de grande tensão e sem apoio do Congresso Nacional, o
presidente optou por se aproximar mais ainda de movimentos sociais. Em 13 de
março, no Rio de Janeiro, liderou um gigantesco comício pelas reformas de
base. Nesse comício, o presidente assinou dois decretos de grande impacto
popular: um deles, nacionalizava todas as refinarias de petróleo particulares; o
outro, desapropriava – para fins de reforma agrária – as terras com mais de cem
hectares situadas numa faixa de dez quilômetros às margens das rodovias e
ferrovias federais.
A resposta desse ato veio em seis dias. Autoridades civis e religiosas
promoveram no centro da capital paulista uma gigantesca passeata contra as
reformas de Jango: a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
Os anticomunistas ficam alarmados imaginando que o presidente
pretende instalar um governo comunista. Nesse momento os militares começam
a se armar para tomar o poder.
Em 31 de março de 1964, as topas do general Olímpio Mourão Filho,
vindas de Minas Gerais, marcharam em direção ao Rio de Janeiro para depor
Jango. Logo receberam apoio do II Exército (São Paulo) e dos governadores
Magalhães Pinto (Minas Gerais), Ademar de Barros (São Paulo) e Carlos
Lacerda (Guanabara). João Goulart não resistiu, retirando-se do país e deixando
vago seu cargo. Os militares assumiram o poder com o apoio dos
latifundiários e americanos, afirmando que salvavam o país do comunismo.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO


A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes.
No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o
Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal.
Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é
compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por
tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e
de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros
do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O
Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a
execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei
(que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de
aprovar os ministros escolhidos pelo presidente.
No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras.
Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da
forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-
ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é
indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo
Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o
maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país.
Obs.: Costuma ser considerado populismo, os governos que dão a impressão de
privilegiar o povo, e empreender ações de cunho nacionalista.

Obs.: A ameaça comunista era presente em toda a América Latina pelos anos 60 e 70.
Os EUA enviou agentes da CIA para treinar e orientar os militares das Repúblicas
latino-americanas contra a possível ascensão do comunismo no continente. O governo
americano apoiou as ditaduras latino-americanas nessa época para evitar a ameaça
comunista.

Obs.: O CV (Comando Vermelho) surgiu no período da ditadura militar como um


movimento de guerrilha urbana. Foi idealizado por presos políticos que pretendiam
usar o dinheiro do tráfico de drogas para comprar armas para lutar contra o governo.
Algo semelhante ocorreu na Colômbia dando origem às FARC.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLV
BRASIL NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR (1964-1985)
O golpe de 1964 instaurou o período ditatorial militar que durou até 1985.Esse regime caracterizou-se pelo centralismo e
autoritarismo, pela arbitrariedade e pela violência repressiva.
O regime estruturou-se entre 64 e 68, bloqueando as participações políticas da maioria da população. Entre 68 e 74, o
regime chegou ao máximo de fechamento político. No fim deste período, por problemas socioeconômicos, começou a abertura
política.
Os problemas econômicos herdados de governos anteriores avolumaram-se neste período. Excetuando-se a fase do
chamado “milagre econômico”, a economia brasileira passou por difíceis momentos, devido ao crescimento da dívida externa com
seus elevados custos e a dependência de investimentos estrangeiros.
Os primeiros presidentes militares, Castelo Branco (1964-67) e Costa e Silva (1967-69), estruturaram o regime,
patrocinando o fechamento político. Durante o governo do general Médici, apesar do desenvolvimento econômico, a ditadura
fortaleceu-se. A partir daí a crise econômica pôs em cheque o governo militar, e o general Ernesto Geisel deu início ao processo de
abertura política. Esse processo foi concluído no governo do general João Batista Figueiredo (1979-85). O fim da ditadura ocorreu
com a posse do presidente José Sarney.

- Governo Castelo Branco (64-66):


Foi o primeiro presidente deste período. Em seu governo foi implantado
o AI-1 (Ato Institucional n° 1) que elegeu Castelo Branco entre os militares.
O AI-2 trouxe a extinção dos partidos políticos e a legalização de apenas
dois: ARENA (da situação, com pleno apoio dos militares) e MDB (Movimento
Democrático Brasileiro, em tímida oposição ao governo).

- Governo Costa e Silva :


Foi a época de mais opressão, com a chamada “linha dura”
institucionalizada. Nesse momento os movimentos de oposição se armaram.
Em 1967 implanta-se uma nova Constituição, e em 68 cria-se o AI-5.

- Governo Médici (69-74):


Movimentos MR-8 e Val-Palmares que formaram guerrilhas contra o
governo. Isso gerou por parte do governo uma reação de forte repressão.
Em 73 dá-se o “milagre econômico” que permite a população exercer um
grande consumo. Em 74 porém a inflação ressurge com toda força.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLVI
O BRASIL DA NOVA REPÚBLICA (DESDE 1985)
O governo de José Sarney foi marcado pela consolidação democrática do país e pelo descontrole da inflação. De um lado
o fracassado choque econômico do Plano Cruzado, do outro a promulgação de uma nova Constituição em 1988, assegurando
conquistas democráticas. Em 1989, foi escolhido pelo voto direto o novo presidente, Fernando Collor de Mello, que tentou um novo
plano econômico para derrubar a inflação, o Plano Collor, fracassando e perdendo prestígio. O final de seu governo caracterizou-se
por escândalos políticoadministrativos, produzindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a mobilização popular e o
afastamento do presidente do governo. Assumiu Itamar Franco, que enfrentou diversas mudanças no quadro ministerial,
evidenciando dificuldades para enfrentar os graves problemas sociais e financeiros.
O Governo Itamar porém, fez algo que deu certo no controle da inflação. Seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique
Cardoso, criou um plano econômico chamado Plano Real, que foi introduzido em etapas. Em 1° de julho de 1994, adotou-se uma
nova moeda, o real, que substituiu o cruzeiro real. O Plano Real fez a inflação cair a quase zero, e os salários deixaram de perder
valor. Com a estabilidade econômica, grande parte da população pôde ter um poder de compra maior. Em 1994, Fernando Henrique,
candidatou-se às eleições presidenciais. Ele venceu, assumindo o governo em 1995.
O Governo FHC, caracterizou-se por reformas e privatizações de muitas empresas estatais. Esse processo chama-se
privatização. Entretanto o gasto do governo foi maior que a arrecadação, principalmente no pagamento de aposentadorias e
benefícios do INSS. Em 1997, o Congresso aprovou a reeleição para presidente da República. Em 1998, FHC concorreu as eleições
e venceu o candidato do PT, seu maior rival político, Luís Inácio Lula da Silva. O principal objetivo do 2° Governo FHC, era manter
a inflação baixa e o real estável. Para isso estimulou-se a entrada de dólares no país. Era necessário esse dinheiro nos cofres do
governo para manter a moeda com valor. A partir de 2001, houve duas crises, uma política e outra no setor energético. Políticos
ligados ao governo estavam envolvidos em escândalos. A crise energética foi devido ao baixo nível de reservatórios das usinas
hidroelétricas, que causaram dificuldades de fornecimento de energia nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Indústria e comércio foram obrigados a reduzir as horas de atividades, também a população precisou economizar energia. Mesmo
assim houve apagões, que eram a suspensão temporária do fornecimento de energia para uma grande região. A partir de 2002 houve
estagnação econômica, ou seja, não havia perdas significativas, mas também a economia e a renda per capita não cresciam.
Em outubro de 2002, foram realizadas eleições para presidente, os principais candidatos eram José Serra, do governo; e
Luís Inácio Lula da Silva, da oposição. Lula venceu, sendo o primeiro operário a chegar a presidência da República.
Lula assumiu o governo em 1° de janeiro de 2003.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLVII
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
Antes da Guerra
A Belle Époque:
As elites europeias começaram o século XX num estado de euforia. Com
o imperialismo, as nações capitalistas estabeleceram um domínio colonial sobre
a África e a Ásia, onde investiram os capitais excedentes da Europa e obtiveram
mercadores consumidores de artigos industrializados e fornecedores de
matérias-primas e fontes de energia. A exploração colonial possibilitou um
grande acúmulo de capitais por parte das potências europeias.
O poderio econômico europeu contribuiu para o progresso científico e
tecnológico. A concentração de capitais, aliada ao conhecimento proveniente da
ciência, dava condições de investir na criação e no desenvolvimento de novos
produtos, muitos dos quais incrementaram a própria indústria, o que fortalecia a
crença na capacidade humana de fazer progredir a sociedade.
Vivia-se na ilusão da Belle Époque (1871-1914), período caracterizado
pelo otimismo e pela certeza da estabilidade e da paz duradouras.

As vanguardas da arte:
A Belle Époque foi marcada por profundas transformações culturais que
influenciaram o modo de pensar e viver das pessoas. Inovações tecnológicas,
como o avião, o rádio, e o cinema, modificaram a percepção da realidade.
A cidade de Paris, na França, com seus cafés-concertos, balés, óperas,
livrarias e teatros, era o centro cultural da época. Dela irradiava um conjunto de
tendências inovadoras nas artes, as chamadas vanguardas. Com esse nome,
nascido no meio militar (do francês avant-garde : o que vem na frente), as
vanguardas pretendiam antecipar a arte do futuro, lutar por transformações e
promover atitudes que rompiam com as tradições do passado.
Os principais vanguardistas e suas manifestações artísticas foram:
- Na pintura: Vicent Van Gogh, Claude Monet, Pablo Picasso e outros.
- Na música: Claude Debussy, Arnold Schoenberg e outros.
- Na arquitetura: Frank Wright.
Outras manifestações artísticas também contribuíram para mudar o modo
como o mundo era visto e sentido. O balé russo de Sergei Diaghilev conquistou
a Europa. Em Nova Orleans, o jazz se tornava popular.

Fatores que desencadearam a Primeira Guerra Mundial:


A competição entre as nações em busca de mercados e capitais foi um
dos fatores responsáveis pelo fim da paz e da estabilidade da Belle Époque.
Entre os fatores da guerra, destacam-se os conflitos imperialistas, a política de
alianças e a corrida armamentista.
- Conflitos imperialistas: A Grã-Bretanha foi perdendo a supremacia
econômica mundial para o rápido crescimento industrial da Alemanha, o que
originou uma intensa rivalidade anglo-germânica. A França nutria um
sentimento de revanche por ter perdido as ricas regiões da Alsácia e da Lorena
para a Alemanha, na Guerra Franco-prussiana, de 1870. As disputas entre estes
três países por colônias na África também geraram fortes tensões.
- Política de alianças: Por meio de acordos econômicos, políticos e
militares, dois blocos opostos foram criados: o grupo dos Impérios Centrais,
formada por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e a Tríplice Entente, ou
simplesmente Entente, que reunia Rússia, França e Grã-Bretanha. Esse sistema
de blocos tornou-se uma “bomba-relógio” quando as tensões entre os países
ficaram incontornáveis.
- Corrida armamentista: Os anos anteriores à eclosão da guerra, em 1914,
receberam o nome de Paz Armada, porque a indústria bélica na Europa
aumentou consideravelmente os seus recursos, produzindo novas tecnologias
para a guerra. Além disso, quase todas as nações europeias adotaram o serviço
militar obrigatório, incentivando assim o sentimento nacionalista e militarista.
A Primeira Guerra foi um conflito imperialista, marcando uma época em
que a política e a economia se fundiram num só movimento. O traço mais
importante da guerra foi a sua universalidade, pois ela envolveu países de todos
os continentes, que se enfrentaram por objetivos também globais.
Outra característica desta guerra foi o seu alto poder de destruição,
resultado das novas armas, como por exemplo, o avião, o submarino e o canhão
de longo alcance. Com esses inventos, a guerra não matava apenas os soldados,
mas também a população civil, vítima dos bombardeios aéreos. Milhares de
civis morreram também de fome, porque uma das táticas usadas pelo inimigo era
bloquear os suprimentos que garantiam a sobrevivência da população.
1914, início da Grande Guerra na Europa. Os ânimos já estavam bem
exaltados entre os países que brigavam por novas fronteiras e pelas colônias da
África. O assassinato do arquiduque Ferdinando, herdeiro do Império Austro-
húngaro, quando visitava Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, na época
província da Sérvia, só precipitou os acontecimentos.
O governo da Áustria-Hungria, que andava preocupado com o aumento
do nacionalismo nos Bálcãs, declarou guerra à Sérvia e recebeu apoio da
Alemanha. Temendo o domínio austríaco na região, a Rússia ficou ao lado dos
sérvios. França e Grã-Bretanha entraram no conflito depois da invasão da
Bélgica pelos alemães. De um lado formou-se o bloco dos Impérios Centrais,
que reunia a Áustria-Hungria e a Alemanha. Do outro, a Tríplice Entente, com
Sérvia, Rússia, França, Bélgica e Grã-Bretanha.
No decorrer do tempo, várias nações se alinharam à Entente e aos
Impérios Centrais. De 1915 a 1916, a guerra desenrolou-se nas trincheiras, com
grande número de mortos em ambas as partes. Em 1917, ataques de submarinos
alemães a navios mercantes norte-americanos e interesses de banqueiros que
haviam feito empréstimos à França e à Inglaterra levaram os EUA a entrar no
conflito. Em outubro deste mesmo ano, a Rússia abandonou os aliados por causa
da Revolução Socialista.
Com o apoio decisivo dos EUA, a Entente foi derrotando o inimigo em
todas as frentes. Depois de atacar Paris e ser rechaçado, o exército alemão
reconheceu a derrota. Uma greve em Berlim e um atentado contra o imperador
Guilherme II levaram à sua abdicação e a consequente instauração da República
na Alemanha. No dia 11 de novembro de 1918, o país assinava o armistício, em
que aceitava todas as condições que lhe foram impostas.

O Tratado de Versalhes:
Uma figura importante nas negociações de paz foi o presidente
americano, Woodrow Wilson, cuja proposta de 14 pontos foi a responsável pela
rendição alemã. Os cinco primeiros pontos falavam de diplomacia aberta (sem
acordos secretos), liberdade dos mares, redução das barreiras alfandegárias,
desarmamento e preservação dos interesses dos países colonizados. Os
remanejamentos territoriais eram abordados do sexto ao 13° pontos. Por fim, o
14° ponto falava da criação de um Liga das Nações, que teria o objetivo de
construir a paz e manter a nova ordem mundial em funcionamento.
A proposta de Wilson, porém, foi mutilada quando a conferência de paz
realizada a partir de 12 de janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes, em Paris.
Dela participaram 25 nações aliadas, quatro domínios britânicos e os EUA. Era a
“paz dos vencedores”, já que nenhum dos derrotados teve participação na mesa
de negociações. Apesar de vários países estarem representados, a palavra final
coube aos “três grandes”: França, Inglaterra e EUA.
Com 200 páginas e 440 artigos, o Tratado de Versalhes foi terrível com
os derrotados, principalmente com a Alemanha, que perdeu um sétimo de seu
território e um décimo de sua população. O país teve de devolver à França a
região da Alsácia-Lorena, e a Bélgica anexou os cantões de Eupen e Malmedy.
A Polônia ganhou parte da Prússia Oriental, da Prússia Ocidental e da Silésia
Oriental. Já a Tchecoslováquia levou uma parte da Silésia Superior. Um
plebiscito realizado em Schleswing repartiu a região, ficando o norte com a
Dinamarca e o sul com a Alemanha.
Fora isso, os Alemães tiveram de abrir mão de todas as suas colônias e
ficaram proibidos de se unir em um só país com a Áustria. A Alemanha também
seria desmilitarizada: o exército não poderia ter mais do que 100 mil homens e
não existiria mais Marinha de Guerra e Força Aérea. O Estado-Maior seria
abolido. Não haveria Escola de Guerra. A frota, que terminou a guerra intacta,
deveria ser entregue aos aliados, mas foi afundada pelas tripulações antes de de
que a ordem pudesse ser cumprida.
O golpe de misericórdia veio no artigo 231 do tratado que previa a culpa
da guerra, e no artigo 232, que previa as indenizações. O total de pagamentos
chegava a 132 bilhões de marcos-ouro, moedas que poderiam ser trocadas por
ouro, e incluía o pagamento de pensões para aposentados, mutilados, viúvas e
órfãos dos aliados. Deveriam receber reparações a França, a Inglaterra, a Itália e
a Bélgica.
Com os outros derrotados foram assinados acordos suplementares ao do
Tratado de Versalhes. A Áustria teve de aceitar a independência da Hungria,
Polônia, do Reino dos Sérvios e Croatas e Iugoslavos (futura Iugoslávia), além
de ceder as regiões de Trieste, sul do Tirol, Tretino e a Península da Ístria para a
Itália. Bulgária e Hungria perderam partes de seu território para a Romênia,
Iugoslávia e Grécia. A Turquia, que a princípio perdeu a Armênia, a Síria, a
Mesopotâmia e a Palestina e parte da Grécia, assinou um novo tratado com os
aliados, em 1923, em que reconquistou a Armênia e a parte anexada pelos
gregos.
A Liga das Nações:
Obrigado a aceitar as exigências territoriais dos aliados que resultaram
nas novas fronteiras da Europa, o presidente Woodrow Wilson conseguiu pelo
menos implantar o ponto mais importante de sua proposta, a Liga das Nações.
Era o que ele denominava de nova diplomacia, capaz de manter a paz no novo
mundo que se desenhava após o fim da 1ª Guerra Mundial. A Liga foi criada em
abril de 1919, mas os EUA ficaram de fora, porque o Senado norte-americano se
negou a ratificar o Tratado de Versalhes.
Com sede em Genebra, na Suíça, o órgão era formado por uma secretaria
permanente, uma assembleia geral e um conselho executivo. Uma vez por ano,
os países membros se reuniam na assembleia geral, com direito a um voto por
nação. O principal órgão era o conselho, composto por membros permanentes
(Grã-Bretanha, França, Itália, Japão, e mais tarde, Alemanha e URSS) e não
permanentes, estes escolhidos pela assembleia geral.
Sem forças armadas próprias, a Liga só contava com sansões econômicas
e militares para impor sua vontade. Ela foi bem-sucedida ao arbitrar disputas nos
Bálcãs e na América Latina, proteger refugiados, supervisionar os mandatos
coloniais e administrar territórios livres da Europa, como a cidade de Dantzig
(Polônia). Por outro lado, não conseguiu impedir a invasão japonesa à
Manchúria, em 1931, a agressão italiana à Etiópia, em 1935, nem o ataque russo
à Finlândia, em 1939. Muito menos o início da 2ª Guerra Mundial. Em abril de
1946, o órgão foi substituído pela ONU (Organização das Nações Unidas).

O Mundo Após a Guerra


Além das terríveis perdas humanas e dos danos ambientais, a guerra
causou mudanças em todo o mundo:
- De credores, os países europeus passaram a devedores, principalmente
dos EUA, que se tornou assim a principal potência mundial, tomando o lugar da
Inglaterra;
- Na Rússia, a tomada do poder pelos bolcheviques tornou-se uma
referência para o movimento operário e socialista mundial. Tanto que na década
de 20, partidos comunistas surgiram em vários países, como o Brasil;
- Uma verdadeira onda de greves operárias varreu a Europa em virtude
do descontentamento social. O recrutamento de homens para os combates
permitiu também uma participação maior das mulheres no mercado de trabalho;
- Formaram-se governos autoritários na Europa, fortemente militarizados
e caracterizados por extremo nacionalismo;
- Com o fim do Império Alemão, do Austro-Húngaro e do Turco-
Otomano, surgiram novos países na Europa: Áustria, Hungria, Tchecoslováquia,
e Iugoslávia. Com o fim do Império Russo, formaram-se além da URSS,
Finlândia, Estônia, Lituânia e Polônia.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLVIII
A REVOLUÇÃO RUSSA

A Rússia dos Czares e suas reformas


Desde o século XVI até a Revolução de 1917, a Rússia foi uma
monarquia absolutista. O rei, chamado de Czar ou Tzar, tinha em suas mãos
todos os poderes e o apoio da Igreja Ortodoxa Russa e dos nobres que eram
proprietários de terras.
A partir da metade do século XIX, o czar Alexandre II deu inicio a um
programa de reformas, procurando transformar a Rússia em uma nação moderna
e industrial. Por exemplo, devido aos investimentos no exército e às pretensões
expansionistas russas, os servos foram elevados à categoria de cidadãos.
Apesar do fim da servidão, os camponeses receberam apenas uma
pequena parcela de terras. A reação imediata dos servos emancipados foi a
realização de revoltas em todo o país, as quais foram rapidamente reprimidas
pelo czar.
No inicio do século XX, os camponeses da Rússia tinham de conviver
com pequenos lotes de terra, técnicas agrícolas arcaicas, baixíssimos
rendimentos, doenças, fome e analfabetismo. Alem dos pequenos e médios
proprietários, havia uma massa de camponeses sem terras, que trabalhavam nas
grandes propriedades da nobreza e da Igreja Ortodoxa Russa.

Um país de contrastes
Simultaneamente a Rússia viveu um acelerado processo de
industrialização e desenvolvimento urbano, com investimentos estrangeiros e
fundação de bancos, construção de estradas de ferro e desenvolvimento da
extração de carvão mineral e petróleo, e produção de aço.
Porem, cerca de 80% da população vivia no campo, em condições
miseráveis. No inicio do século XX, a Rússia era um país de contrastes, onde o
que havia de mais moderno em termos industriais convivia com uma sociedade
predominantemente agrária, que mantinha características que lembravam o
feudalismo.

O proletariado industrial
No inicio do século XX, as cidades de São Petersburgo e Moscou eram
as mais industrializadas da Rússia. A mão-de-obra para as fabricas era recrutada
nas cidades. Entretanto, algumas cidades eram ilhas no interior de zonas rurais.
Nessas cidades se misturavam as antigas relações de trabalho com praticas
capitalistas de produção.
Nas fábricas, os operários eram submetidos a longas jornadas de trabalho
diárias, baixos salários e riscos de acidentes. A extrema exploração do
proletariado industrial provocou greves, ampliou a atuação dos sindicatos e
facilitou as influências das ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels.

As ideias socialistas e anarquistas


O socialismo científico é uma doutrina formulada por dois pensadores
alemães, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), em meio às
lutas do operariado europeu por melhores condições de vida. As ideias
fundamentais do socialismo científico estão contidas no Manifesto Comunista,
obra de Marx e Engels publicada na Europa em 1848. Nesse livro eles afirmam
que o motor da história é a luta de classes e que, no caso da sociedade industrial
capitalista, o confronto se dava entre a burguesia e o proletariado (trabalhadores
assalariados do campo e da cidade).
Marx e Engels acreditavam que o proletariado faria a revolução,
derrubaria a burguesia do poder e assumiria o controle do Estado; a seguir, os
bens individuais como terras, fábricas e maquinas, seriam estatizados, isto é,
passariam ao controle do Estado. Acreditavam também que, depois de certo
tempo, com o fim da propriedade privada e da desigualdade social, não haveria
mais luta de classe. Os trabalhadores não precisariam ter o controle do Estado, e
o socialismo seria substituído por uma sociedade mais igualitária. Por meio do
lema “trabalhadores de todo o mundo uni-vos”, Marx e Engels incentivaram os
operários do mundo inteiro a se organizarem em partidos e sindicatos para lutar
elo fim do capitalismo e pela construção do socialismo.
Já o anarquismo teve como um dos seus principais teóricos o russo
Mikhail Bakunin (1814-1876). O anarquismo e o socialismo tinham vários
pontos em comum. Tanto um quanto o outro eram contrários ao capitalismo, à
existência da luta de classes e à concentração do capital nas mãos de poucos.
Nesse sentido, ambos defendiam uma sociedade igualitária. Mas os anarquistas
discordavam dos socialistas m um ponto: enquanto os socialistas desejavam o
controle do Estado ela classe operária, os anarquistas defendiam a imediata
destruição do Estado, pois eram, por principio, contrários a qualquer tipo de
governo. A palavra anarquia vem do grego anarchia e significa ausência de
poder.

O Domingo Sangrento e a revolução de 1905


A política expansionista do czar Nicolau II, neto de Alexandre II, levou a
Rússia, em 1904, à guerra contra o Japão pelo controle da Manchúria, no
nordeste da China. Com a derrota do exército russo, as tensões sociais
aumentaram. Num domingo de janeiro de 1905, operários em greve e suas
famílias dirigiram-se ao palácio do czar, em São Petersburgo, com um abaixo-
assinado reivindicando o direito de greve, melhores condições de vida e a
convocação de uma Assembleia Constituinte. A manifestação foi fortemente
reprimida pela guarda imperial, resultando na morte de centenas de
manifestantes. Esse dia ficou conhecido como Domingo Sangrento, considerado
um ensaio geral para a revolução de 1917.
O acontecimento gerou uma onda de protestos e greves por toda a Rússia.
A principal reação à repressão de 1905 foi a formação de sovietes, conselhos de
representantes eleitos pelos operários, camponeses e soldados.
A Rússia na Primeira Guerra Mundial
O objetivo principal do czar ao lançar a Rússia na Primeira Guerra
mundial era dominar o acesso do Mar Negro ao Mediterrâneo e afastar a
influência do Império Austro-Húngaro da Península Balcânica. No entanto, a
Rússia estava despreparada para enfrentar o exercito alemão: muitos dos
soldados russos eram camponeses recrutados às pressas, as armas eram
ultrapassadas e insuficientes, e a produção industrial e o sistema de transportes
não davam conta das necessidades colocadas pela guerra.
Para a Rússia, a guerra trouxe consequências sérias: crescimento das
rebeliões populares e das greves operarias, inflação desenfreada, redução da
produção agrícola, fome e revoltas dos militares nas frentes de batalha.

Bolcheviques e mencheviques na Rússia pré-revolucionária


A oposição ao regime czarista durante o século XIX, tinha forte tradição
rural. Os primeiros grupos políticos, com destaque para os socialistas
revolucionários, acreditavam que apenas os camponeses, com o apoio de outros
setores sociais, poderiam derrubar o regime. Contudo, influenciado por correntes
políticas europeias, o movimento socialista russo voltou sua atenção ao
proletariado. O resultado foi a criação, em 1898, do partido Operário Social-
Democrata Russo.
Entretanto, a crise social e política da Rússia no inicio do século XX
levou ao partido a se dividir em dois grupos: os bolcheviques (maioria),
liderados por Vladimir Lênin e inspirados nas ideias de Marx e Engels, que
acreditavam na aliança entre os camponeses e o proletariado para derrubar o
czarismo e implantar o socialismo; e os mencheviques (minoria) que buscavam
uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários
e camponeses com a burguesia. Os mencheviques eram liderados por Plekhanov
e Martov.
O rompimento definitivo entre os dois grupos se deu em 1912. Os
bolcheviques formaram um novo partido e passaram a defender abertamente as
ideias de Marx e Engels e a queda do czarismo, além de denunciar , após 1914, a
participação russa na primeira guerra mundial. A luta incessante dos
bolcheviques contra o regime imperial levou muitos de seus líderes para a prisão
ou para o exílio em países europeus.

BOLCHEVIQUE MENCHEVIQUE
LÍDER PRINCIPAL LÊNIN MARTOV
OBJETIVO CONQUISTAR O PODER POR MEIO CONSEGUIR O PODER ALIANDO-SE
DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA. COM A BURGUESIA E OBTENDO A
MAIORIA DOS VOTOS NO
PARLAMENTO (DUMA).
ESTRATÉGIA CONFIAR A LUTA PROMOVER UMA REVOLUÇÃO
REVOLUCIONÁRIA A UM PARTIDO BURGUESA CONTRA O CZARISMO
DISCILINADO QUE UNISSE E, DEPOIS, CHEGAR AO
SOLDADOS, OERARIOS E SOCIALISMO ELA VIA ELEITORAL.
CAMPONESES.
A revolução de fevereiro
No mês de fevereiro de 1917, rebeliões populares, greves gerais, revoltas
armadas de soldados contra seus comandantes, uma grave crise de
abastecimento e a atuação dos sovietes no campo e nas cidades criaram uma
situação revolucionaria na Rússia.
A grande liderança que surgiu nesse processo foi o soviete da cidade de
Petrogrado, controlado pelos mencheviques e socialistas revolucionários,
reformistas que tinham muita influência no meio camponês. Nessa época, a
maior parte da liderança bolchevique estava presa ou exilada.
O soviete de Petrogrado pressionou a Duma (Parlamento Russo) para
nomear um novo governo. Formou-se assim um governo de coalizão , que
aglutinava mencheviques e vários partidos reunidos em torno de um programa
liberal. Diante dos acontecimentos, o czar foi obrigado a renunciar.
A monarquia czarista foi substituída por uma república liberal, dirigida
pelo menchevique Kerensky, que proclamou as liberdades fundamentais e
anistiou os presos políticos. Durante o governo provisório, a crise econômica foi
se agravando com o fechamento de indústrias e o aumento generalizado dos
preços.
A insistência em manter a Rússia na Primeira Guerra gerou violenta
posição liderada pelo partido bolchevique. Soldados e camponeses
reivindicavam paz, terra e pão. A crise social e política anunciava a eclosão de
um novo processo revolucionário.

A revolução de outubro
Ao regressar de seu exílio na Suíça, Lênin se tornou o líder dos
bolcheviques. O programa bolchevique priorizava a distribuição de terras aos
camponeses, a direção das fabricas pelos comitês operários, a autonomia para as
nacionalidades oprimidas pelo Império Russo, a saída imediata da Rússia da
guerra e a entrega do poder aos sovietes.
Em outubro de 1917 (novembro no Calendário Ocidental), os
bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno, depuseram o governo de Kerensky
e convocaram o 2° Congresso dos Sovietes. Os sovietes, sob a liderança de
Lênin e Trotsky, assumiram o poder. O Partido Bolchevique foi transformado
em Partido Comunista e importantes medidas revolucionarias foram decretadas:
- A Rússia retirou-se da Primeira Guerra ainda em 1917;
- Assinou-se o tratado de Brest-Litovsky com a Alemanha, pelo qual a
Rússia perdia a Polônia, Bessarábia e territórios bálticos (Letônia, Estônia,
Lituânia e Finlândia);
- Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, terras foram divididas
e dadas aos camponeses, a produção industrial passou a ser controlada pelos
operários. Os bolcheviques também declararam o direito de autodeterminação
das nacionalidades que formavam o antigo Império Russo. As medidas
revolucionarias do novo governo feriram os interesses da burguesia e das
grandes empresas estrangeiras que atuavam no país.
- Foi criado o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky e
encarregado de combater os inimigos da revolução (oficiais czaristas,
aristocratas, burgueses, apoiados por forças francesas, norte-americanas,
japonesas e inglesas), que formaram o Exercito Branco.
Entretanto as dificuldades geradas pela guerra contra os adversários da
revolução e os rumos tomados pelo Partido Bolchevique, entre outros fatores,
em pouco tempo conduziram a Rússia para o totalitarismo.

A guerra civil e o comunismo de guerra


Em 1918 começou uma guerra civil contra a Revolução Bolchevique. Do
lado contrarrevolucionário estava o Exército Branco, representante da burguesia,
da aristocracia e dos mencheviques, apoiado por países estrangeiros,
principalmente EUA, Grã-Bretanha, França e Japão. Também os anarquistas
lutavam contra os bolcheviques e defendiam mais liberdades e o fim da
centralização política do novo regime. Do lado oposto, estava o Exército
Vermelho, dos bolcheviques, comandado por Trotsky.
Em agosto de 1918, a situação dos bolcheviques era desesperadora. De
um lado, as forças estrangeiras atacavam a Rússia em todas as frentes; de outro,
os camponeses médios e ricos, descontentes com o novo regime , se recusavam a
abastecer as cidades. A fome rondava o país.
Diante da guerra civil e das dificuldades que ela gerava, Lênin
estabeleceu o comunismo de guerra. O programam definiu o confisco de
colheitas no campo para abastecer os soldados e as cidades; a suspensão da
liberdade de imprensa, de greve e de associação; os partidos mencheviques e
socialista revolucionário foram proibidos; o czar e sua família, que estavam
presos foram executados, mediante a justificativa de que a família real poderia
fortalecer a luta contrarrevolucionária.
A guerra terminou em 1921 com a vitória do Exército Vermelho e a
sobrevivência do Estado socialista. A Rússia Soviética, porém, estava arruinada.
Os canais de abastecimento das cidades e do campo haviam desaparecido, as
minas estavam abandonadas, e os transportes desmantelados.
A produção industrial , em 1921, representava 13% do alcançado em
1913. A colheita de cereais, que tinha sido de 96 milhões de toneladas em 1913,
caiu para 35 milhões em 1921. As cidades se esvaziaram. Petrogrado perdeu
57,5% de sua população; Moscou, 44,5%.

A Nova Política Econômica (NEP)


Para recuperar a economia russa, o 10° Congresso do Partido Comunista
da Rússia aprovou em 1921, a Nova Política Econômica. As medidas
fundamentais da NEP foram a formação de cooperativas nacionais, a autorização
para pequenas e médias empresas privadas funcionarem e a permissão para os
camponeses venderem o excedente de seus produtos no mercado livre interno.
As grandes indústrias, o sistema financeiro, os transportes e as comunicações
continuaram controlados pelo Estado. Permitiu que os capitais estrangeiros
entrassem no país sob forma de empréstimos e investimentos.
O objetivo não era restaurar o capitalismo, mas tomar providências
urgentes para que se evitasse a total falência da economia russa e salvassem o
regime recém-estabelecido.
O modelo da NEP foi a pausa necessária para o posterior
desenvolvimento do socialismo. Partiu-se do pressuposto de que era necessário
estimular uma produção excedente no campo para abastecer as cidades e
possibilitar o crescimento industrial.
A ditadura de Stalin
Em 1922 foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), integrando as regiões que constituíam o Império Czarista.
Com a morte de Lênin, em 1924, iniciou-se uma disputa política entre
Stalin e Totsky, os dois principais dirigentes do Partido Comunista.
Totsky destacou-se como comandante do Exército Vermelho. Depois da
vitoria na guerra contra os russos brancos, passou a ser visto como símbolo da
resistência russa e o provável sucessor de Lênin. Segundo Totsky, a única forma
de impedir que as potências capitalistas destruíssem a URSS seria estender a
revolução socialista a outros países, ou seja, internacionalizar a revolução. O
ideal totskista era de uma revolução permanente. Já Stalin pensava de outra
forma. Seu lema era: “O socialismo em um único país”, ou seja, ele julgava que ,
primeiro, era necessário consolidar o socialismo na URSS, para depois ajudar a
fazer revoluções em outros países. Por meio de manobras políticas, Stalin
expulsou Totsky do Partido em 1927; pouco deois o expulsou do país. Depois
mandou matar Totsky, que estava exilado no México. Stalin venceu e governou
a URSS, como ditador, até sua morte, em 1953.
O regime ditatorial de Stalin ficou conhecido como stalinismo, e teve as
seguintes características:
- As liberdades individuais foram suprimidas, e os adversários do regime,
até líderes da revolução e parentes de Stalin, acabaram presos ou assassinados.
- O sistema de partido único não permitia qualquer tipo de oposição.
Uma simples suspeita era suficiente para que o “oposicionista”, verdadeiro ou
não, fosse enviado para campos de concentração (Gulags) na Sibéria.
- As diversas populações não russas tiveram suas nacionalidades
oprimidas. A língua russa e as regras ditadas pelo governo soviético foram
impostas.
- Houve uma forte burocratização do Estado: uma camada de
funcionários do governo stalinista, que gozava de privilégios, acabou formando
uma poderosa elite política.
- Instituiu-se a censura à imprensa e ao pensamento. Milhares de artistas,
escritores, intelectuais e cientistas foram perseguidos, presos ou mortos.
- Aconteceram inúmeros julgamentos forjados onde os adversários do
regime eram obrigados a confessar sob tortura, e depois eram condenados à
morte. Mesmo alguns comunistas foram mortos dessa forma.
O isolamento da URSS obrigou o governo a financiar o desenvolvimento
do país. O Estado promoveu o desenvolvimento da indústria de base, investiu na
educação e na qualificação da mão-de-obra, além de ter formado cooperativas
agrícolas, os kolkhozes e os sovkhozes , para ampliar a produção no campo.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

XLIX
A Crise na Europa e a Ascensão dos EUA
O fim da Primeira Guerra deixou um saldo pesado para toda a Europa. O
mundo nunca vira conflito tão sangrento: mais de 8 milhões de soldados e 6,5
milhões de civis morreram em seus quatro anos de duração. Os países gastaram
muito (estima-se que o custo total tenha sido de 375 bilhões de dólares), o que
comprometeu muito sua reconstrução no pós-guerra. A Grã-Bretanha, por
exemplo, perdeu 6% de sua população masculina e 32% de sua riqueza nacional.
A indústria inglesa sofria com a concorrência externa e com a retração do
comércio na Europa. O desemprego atingia cerca de 1 milhão de pessoas e as
greves se sucediam. A crise fez com que o Partido Trabalhista assumisse pela
primeira vez o governo, em 1924, substituindo o Partido Liberal. Os dois
partidos se alternaram no poder até a crise de 29, que teve início em Nova York
e atingiu o mundo todo. As exportações britânicas caíram e o desemprego
triplicou. A situação econômica só melhorou em 32, quando os países da
Comunidade Britânica e a Inglaterra se reuniram na Conferencia de Ontawa
(Canadá) para adotar medidas protecionistas.
Na França, a situação não era melhor. Supondo que os alemães
respeitariam o Tratado de Versalhes e pagariam as indenizações de guerra, o
governo financiou a reconstrução nas regiões devastadas por meio da emissão de
apólices. No entanto, essa ação, somada ao custo de guerra, fez o déficit no
orçamento saltar de 32 bilhões de francos em 1914 para 294 bilhões de francos
em 1921. Com uma política de combate à inflação, aliada ao aumento de
impostos e corte de despesas, o governo conseguiu contornar a crise.
Em 1936, um frustrado golpe fascista levou a formação de uma frente
popular, composta de partidos de esquerda, que ganhou as eleições, levando ao
poder o ministro socialista Leon Blum. O governo de Blum promoveu reformas
favoráveis aos trabalhadores, o que deixou empresários insatisfeitos. A produção
industrial francesa caiu a níveis anteriores ao da crise de 29, e Blum deixou o
governo.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, os EUA desfrutavam de uma
situação privilegiada de ter sido o maior financiador dos aliados na Europa. De
devedores, passaram a credores, emprestando cerca de 10 bilhões de dólares às
nações do continente europeu envolvidas no conflito. A indústria,
principalmente a bélica, desenvolveu-se, e o país ganhou novos mercados na
América Latina e na Ásia. Em 1918, os EUA possuíam metade de todo o ouro
do mundo.
Mas também havia problemas. Os empresários reclamavam dos impostos
sobre a indústria de guerra e as classes baixa e média se queixavam do alto custo
de vida. Em novembro de 1918, os republicanos conseguiram a maioria no
Congresso e começaram a se opor ao governo do democrata Woodrow Wilson.
A recuperação da indústria europeia no pós-guerra e a diminuição dos
empréstimos dos EUA para o Velho Mundo causaram a retração das exportações
entre 1920 e 21, o que provocou a paralisação da indústria.
Os republicanos, então, elegeram em 1920 o presidente Warren Harding,
que tomou medidas pró-empresariado. Houve restrição à entrada de mão-de-
obra europeia, as greves foram contidas e os sindicatos de patrões passaram a se
opor aos de trabalhadores, inclusive com o uso da força. De 23 a 29, com uma
sucessão de presidentes republicanos, o país prosperou como nunca e sua
economia cresceu 64%.
A venda a crédito fez com que milhões de pessoas pudessem comprar
uma casa ou um carro. O patrimônio das empresas se valorizou graças à
especulação na Bolsa de Valores. A indústria do entretenimento se desenvolveu
rapidamente. Tudo isso deu origem ao American Way of Life , considerado um
exemplo da moderna Civilização Ocidental. O excesso de produção, porém, iria
desembocar numa crise de proporções gigantescas que acabaria com o American
Dream.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

L
A República de Weimar e a ascensão de Hitler
Ao fim da guerra, a sorte da Alemanha estava selada. O Tratado de
Versalhes responsabilizava o país pelo conflito, impondo-lhe uma série de
condições, como se desmilitarizar e pagar indenizações às nações atacadas. A
abdicação do imperador Guilherme II, em 1918, e a instituição da República de
Weimar contribuíram ainda mais para o clima de instabilidade política.
Conservadores e monarquistas não aceitavam a legitimidade do governo,
enquanto socialistas e comunistas questionavam sua autoridade. Além disso,
uma crise social acendia focos revolucionários em várias cidades.
Para tentar controlar a situação, o presidente social-democrata Friedrich
Ebert reprimiu as tentativas de impor o socialismo a força, e importantes líderes
esquerdistas, como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, foram mortos. Em
janeiro de 1919 foram realizadas eleições no Parlamento, vencidas pela coalizão
republicana. Neste mesmo ano foi votada a Constituição de Weimar, que
estabelecia um Parlamento (Reichtag), e um presidente eleito a cada sete anos
que poderia governar por decretos em situações de emergências. Também trazia
direitos e deveres aos cidadãos e políticas públicas para setores como trabalho e
educação.
Isso porém, não trouxe paz às facções políticas. Forças de direita se
uniram às de esquerda em oposição à República. Dificuldades econômicas,
acentuadas pelo pagamento das dívidas de guerra, atingiram o máximo em 1923,
quando a inflação explodiu e o marco sofreu grande desvalorização diante do
dólar. Quando o país começou a dar calote nos países aliados, franceses e belgas
ocuparam a região do rio Ruhr.
Aproveitando a turbulência, um austríaco chamado Adolf Hitler e um
punhado de colegas do ainda incipiente Partido Nacional Socialista tentaram dar
um golpe de Estado. Mas, sem apoio popular, a manobra fracassou e Hitler e
seus companheiros terminaram presos.
Graças aos EUA, que propuseram um plano para reduzir as reparações de
guerra e conceder um mega empréstimo ao país, a Alemanha voltou a conhecer a
prosperidade.
De 1924 a 1929, a produção industrial retomou aos níveis do período pré-
guerra, e o país passou a exportar e a importar produtos. As grandes empresas
cresceram, e havia forte presensa estatal na economia. O bom momento
econômico impulsionou a cultura, notadamente as artes plásticas, a literatura e o
cinema. Com a morte de Erbet, o marechal Paul Von Hindenburg assumiu a
presidência, em 1925, e nomeou Gustav Stresemann primeiro-ministro.
A política de Stresemann, nacionalista contrário a extremismos, fez om
que a Alemanha voltasse ao cenário internacional, ao assinar o Tratado de
Locarno, em 1925. Firmado com a Grã-Bretanha, França, Itália e Bélgica, esse
tratado estabeleceu que os signatários respeitassem as fronteiras, não se aliariam
sem consultar os demais países e resolveriam suas diferenças em conferências
internacionais. No ano seguinte, o país era admitido na Liga das Nações,
Durante esse breve período de estabilidade, os nacionais-socialistas (ou
nazistas, devido a sigla do partido, NAZI) perderam força, da mesma forma que
os comunistas. A crise de 1929, porém, mergulhou a Alemanha em um novo
caos, preparando terreno para a ascensão de Hitler.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LI
O Crash da Bolsa de Nova York
A Primeira Guerra Mundial havia entronizado os EUA como o país mais
rico e poderoso. Ao fim do conflito, o país começou a emprestar dinheiro para
ajudar na reconstrução da Europa. Sua produção industrial andava a todo vapor,
tanto para abastecer o mercado interno como para atender as exportações. A
euforia dominou a nação. Com a recuperação da Europa, no entanto, a situação
começou a mudar, e as exportações diminuíram, criando um excedente que os
EUA não conseguiram absorver.
Naquele momento, a solução seria diminuir a produção, o que provocaria
uma crise econômica e social. O governo liberal do presidente Herbert Hoover
não cogitava intervir na economia, e os empresários nunca aceitariam tal
medida. Numa tentativa de resolver o impasse, uma parte dos capitais
excedentes foi emprestada a países pobres para que pudessem comprar produtos
dos EUA. O resto foi transformado em crédito para estimular o mercado interno.
A produção agrícola que não foi vendida acabou estocada. Como as despesas de
armazenagem eram altas, muitos agricultores tiveram de hipotecar suas
propriedades.
Em meados de 1929, os empresários que investiram na Europa,
principalmente na Alemanha, pisaram no freio por causa da instabilidade que
rondava o Velho Continente. A consequência foi a diminuição das exportações,
agravada pela recuperação da Inglaterra e da França no cenário mundial.
Internamente, os altos estoques de grãos derrubaram seus preços no mercado,
fazendo com que os agricultores falissem. O excesso de produção na indústria
levou à demissão de trabalhadores, que , sem poder de compra, não fizeram a
economia girar.
A crise atingiu a Bolsa de Valores de Nova York, que negociava as ações
das maiores empresas dos EUA. Como a maioria delas estava em dificuldades, o
preço das ações caiu muito. Preocupados, os acionistas resolveram vender os
seus papéis. Mas havia muito mais vendedores que compradores, o que fez o
valor das ações baixar mais ainda. A fim de evitar o colapso total, um grupo de
bancos comprou um grande numero de ações, lançando bastante dinheiro na
Bolsa. Até aí, tudo bem. Quando quiseram vender, no inicio de 1930, as ações já
não valiam nada. As empresas e os bancos estavam falidos, assim como os
agricultores, que perderam suas terras, o que paralisou o cultivo. O desemprego
se espalhou como um rastilho de pólvora pelo país. O mundo todo se abalou
com essa crise.

Os efeitos mundiais da crise:


A quebra dos mercados de ações em 29 trouxe a ruína de milhares de
investidores e o fechamento de inúmeras empresas. A crise se prolongou por
vários anos.
Muitas economias nacionais, ao final da década de 20, estavam
articuladas umas às outras. O capitalismo industrial e a divisão internacional do
trabalho haviam estabelecidso vínculos profiundos e relações de
interdependências entre elas, especialmente na Europa e na América.
Devido a essa interdependência , os efeitos da crise não se limitaram aos
EUA. Eles se estenderam pela maior parte do mundo durante a década de 30,
atingindo até o Brasil. Apenas alguns paises economicamente isolados como o
Nepal, Butão, entre outros, não foram atingidos.
A URSS, onde se emprementava o modelo socialista de economia
planificada, havia sido isolada pelos paises capitalistas após a guerra civil para
que seu socialismo não fosse exportado. Naquela ocasião , o isolamento se
tornou , ironicamente , bom para os socialistas, pois não foram afetados pela
crise.

O New Deal:
Em 1933 o democrata Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos
EUA, eleito com a promessa de recuperar a economia. O novo presidente adotou
um ambicioso plano de combate à crise, que ficou conhecido como New Deal
(Novo Acordo).
A base do programa era o abandono do liberalismo e a adoção de uma
política de intervenção direta do governo na condução da economia, para
combater a especulação e os efeitos desastrosos do mercado livre.
As principais linhas de atuação do New Deal foram:
- Agricultura: adotaram-se medidas para aumentar os rendimentos dos
agricultores, fixando limites à produção, recuperando os preços e fornecendo
incentivos às exportações.
- Indústria: para ajudar na recuperação das empresas foi criado um
programa de auxílio à indústria: concessão de financiamentos a juros baixos,
compra de ações ou nacionalização de empresas em dificuldades ou em processo
de falência.
- Emprego: a jornada de trabalho semanal foi reduzida; fixou-se um
salário mínimo e realizou-se um programa de construção de obras públicas,
como estradas, pontes, usinas hidrelétricas, escolas, parques e hospitais, criando
novos postos de trabalho.
O New Deal provocou a queda no desemprego, aliviando a situação de
milhões de famílias. A recuperação da economia foi financiada com o dinheiro
publico, obtido com o aumento de impostos. A taxação dos cidadãos mais ricos
foi o mecanismo escolhido pelo governo para garantir a distribuição de renda e
financiar a recuperação econômica do país.
Em geral, as medidas do presidente Roosevelt foram bem recebidas pelos
americanos, que o reelegeu nas eleições de 1936,1940 e 1944. No segundo e
terceiro mandato as medidas intervencionistas se aprofundaram, centralizadas na
recuperação econômica. A política de bem-estar social também teve grandes
avanços, com a aprovação do direito de greve, da liberdade sindical e de uma
legislação de seguridade social, que instituía pensões para os idosos e auxilio aos
necessitados.
O democrata Franklin Roosevelt permaneceu quinze anos na presidência
dos EUA, o mais longo governo da historia do país. Roosevelt se destacou por
comandar a participação dos EUA na 2ª Guerra e por promover com o restante
dos países do Continente Americano a chamada “política da boa vizinhança”,
com o intuito de garantir a influência estadunidense.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LII
A EXPLOSÃO DO NAZISMO
Com a retirada dos empresários americanos, a inflação voltou a fustigar a
Alemanha, o que agravou a situação econômica. O desemprego aumentou,
passando de 1,3 milhão em 1929 para 3 milhões no ano seguinte. A moeda se
desvalorizou de tal forma que bilhões de marcos mal davam para comprar um
pedaço de pão. A miséria crescente fez diminuir a confiança na República, o que
abriu espaço para nazistas e comunistas.
Com a morte do primeiro-ministro Gustav Stresemann, foi nomeado para
seu lugar Heirich Brüning, que convocou eleições em setembro de 1930. Os
nazistas elegeram 107 deputados para o Parlamento, e os comunistas 77.
Brüning foi substituído por Von Papen em 1932, o que prolongou por mais
alguns meses a Republica de Weimar. Mas, com Hindenburg cansado e doente,
a historia iria mudar a favor dos nazistas. Adolf Hitler foi nomeado chanceler
em janeiro de 1933. O cenário era pior.
Os bancos estavam quebrados, 6 milhões estavam desempregados e o
país estava um completo caos. Era o momento de manipular as massas em favor
dos nazistas. Hitler havia prometido trabalho para todos, terra para os
camponeses e o fim da crise social. Também falava em descumprir o Tratado de
Versalhes, e de anticomunismo e antissemitismo. Por outro lado, contava com o
apoio financeiro dos industriais e da classe média, que temiam os esquerdistas
comunistas.
A morte de Hindenburg, em 34, levou Hitler, já com plenos poderes
delegados pelo Parlamento, a tornar-se também presidente. Começava a ditadura
nazista. Comunistas e judeus passaram a ser perseguidos e presos, os direitos
constitucionais foram suspensos e os partidos políticos, dissolvidos. Às temidas
AS, brigadas paramilitares nazistas, juntou-se a SS, polícia executiva, que ao
lado da Gestapo (Polícia política), era responsável pela repressão sistemática aos
opositores do regime.
A “conversão” do povo alemão foi feita com base na propaganda. Hitler
era o “chefe” (führer), que iria conduzir a “raça ariana” em sua conquista do
mundo. As mulheres deveriam gerar “filhos puros” para garantir o futuro da
nação, enquanto o dever dos jovens era manter a “pureza racial” e cuidar do
corpo, principalmente através da prática esportiva. A cultura também foi
colocada a serviço do Terceiro Heich, o que provocou o êxodo de escritores,
cineastas e artistas diversos que não concordavam com os nazistas.
Ao mesmo tempo em que abandonou a Liga das Nações e autorizou o
serviço militar, Hitler foi recuperando a economia alemã. Tanto os grandes
empresários como os trabalhadores estavam submetidos ao controle estatal. Os
sindicatos foram abolidos e as greves, proibidas. Programas econômicos e obras
públicas em larga escala foram adotados para diminuir o desemprego. Em 36, o
número de desocupados caiu para menos de um milhão. Aos poucos, os judeus
foram sendo excluídos da vida econômica, tendo seus bens confiscados a partir
de 1938.
Terminada a fase de ajustes internos, Hitler passou a sonhar alto. Sob o
pretexto de reunir no mesmo território os alemães que viviam fora do país,
iniciou a expansão de suas fronteiras, mutiladas pelo Tratado de Versalhes. A
região do Sarre foi integrada à nação, em 1935. Um ano depois, as tropas alemãs
invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919, na fronteira com a
França e a Bélgica. Um acordo com a Grã-Bretanha, em 35, permitiu ao país o
rearmamento naval, limitado a 35% da força britânica. O mundo ainda não tinha
certeza, mas a Alemanha de Hitler se preparava para a guerra.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LIII
Os Regimes Autoritários Tomam Conta da Europa
Entre a revolução e o nazifascismo:
A crise de 29 ajudou a produzir uma grande divisão política na Europa. O
liberalismo parecia não ter resposta para a crise. Alguns começavam a apoiar a
revolução socialista e condenavam o capitalismo como responsável pela crise.
Outros, principalmente a classe média e a burguesia, preocupados com a
iminência de uma revolução, apoiavam propostas autoritárias, com o objetivo de
defender o nacionalismo e o capitalismo contra a ameaça comunista.
Crise econômica, polarização política, ressentimento com o desfecho da
guerra, esse era o quadro da Europa no inicio dos anos 1930. Entre a revolução,
o liberalismo e as propostas autoritárias ou totalitárias, em muitos países venceu
a última opção.

Características dos regimes totalitários:


O autoritarismo e o totalitarismo são regimes de governo que se
caracterizam pelo abuso da autoridade no exercício do poder.
Os dois conceitos porem, não são sinônimos. O totalitarismo é um regime
extremo, em que a vontade do grupo governante se confunde com a vontade do
Estado. A intervenção do Estado na vida das pessoas é a máxima possível. As
relações sociais são reguladas, o cotidiano é rigidamente policiado (Estado
Policial). A propaganda ideológica do regime é intensa, a imprensa, a cultura e o
sistema educacional são diariamente controlados e vigiados. O uso da força é
outra forte característica deste regime, e os que não concordam com o regime,
tem uma posição política diferente ou não pertencem ao grupo social ou étnico
dominante é visto como criminoso e inimigo do Estado, sendo assim,
perseguido, preso ou morto.
Houve muitas experiências autoritárias na história. O totalitarismo,
porem, costuma ser associado apenas àquelas que, no século XX, promoveram
grandes perseguições aos seus opositores e causaram milhões de mortes: o
fascismo, na Itália; o nazismo, na Alemanha; e o Stalinismo, na URSS.
Portugal, Espanha, Polônia, Áustria, Hungria, entre outros paises,
também tiveram experiências autoritárias, que não se enquadram, porém no
totalitarismo.
O termo fascismo também é usado, genericamente, para designar tanto a
ditadura fascista na Itália, como a nazista na Alemanha. Assim o nazismo
também pode ser chamado de fascismo.

A Itália às vésperas do fascismo:


A economia italiana teve um enorme impulso durante a Primeira Guerra.
Estimulada pela indústria de armamentos, a produção de aço e ferro, por
exemplo, elevou-se de 200 mil toneladas por ano para um milhão de toneladas
entre 1915 e 1917.
Após a guerra, a inflação contribuiu para eliminar um grande número de
pequenas e médias empresas, e criar um aumento no desemprego. A sociedade
italiana enfrentava também o drama das perdas humanas na guerra: cerca de 600
mil mortos e 500 mil mutilados. Alem disso, os italianos se sentiam traídos pelos
aliados por não terem recebidos os territórios prometidos em troca do apoio da
Itália aos países da Entente.

Os fascistas marcham sobre Roma:


A crise do pós-guerra e o fortalecimento das organizações operárias
representavam uma ameaça à monarquia italiana. O avanço das propostas
socialistas e a crise social, abriram espaço para a fundação dos fascio di
combattimento , grupos paramilitares liderados por Benito Mussolini.
Em 1922, Mussolini e seu grupo atacavam violentamente as organizações
operárias e socialistas. Os fascistas contavam com o apoio financeiro dos
principais latifundiários, comerciantes, banqueiros, e industriais italianos, que
aderiram ao fascismo para impedir o avanço da Revolução Socialista.
Em outubro de 1922, os fascistas promoveram a marcha sobre Ro,ma.
Nela exigiram a entrega do poder para Mussolini. O rei, pressionado, convocou
o líder fascista a formar um novo governo. A partir daí Mussolini passou a ser
chamado o Duce, que significa Chefe ou Condutor.
Depois disso , a Itália entrou numa fase de recuperação. O investimento
do Estado na infraestrutura urbana e na construção de obras publicas foi a
estratégia dos fascistas para combater o desemprego. A situação dos
trabalhadores, contudo, não melhorou muito.
Exercendo uma brutal repressão contra os opositores do regime, a
ditadura fascista italiana, sob o comando do Duce, manteve-se durante os anos
de 1930 e só foi derrubada do poder no final da Segunda Guerra.

A Dolorosa Experiência do Nazismo na Alemanha


O Partido Nazista:
A doutrina nazista pregava a superioridade da “raça ariana”, destinada a
impor seu domínio sobre toda a Europa, e talvez sobre o mundo. Para os
nazistas, a tarefa de expandir a supremacia ariana exigia a destruição dos
inimigos da Alemanha: as potências estrangeiras que impuseram o Tratado de
Versalhes, e os judeus, acusados de explorar economicamente e conspirar contra
o povo alemão. Pregava-se que os judeus eram uma “raça” que “maculava” o
povo alemão em termos raciais, e que eles pretendiam dominar o mundo. Os
nazistas consideravam os judeus, assim como ciganos, poloneses e russos como
“raças” inferiores, que deveriam ser dominadas, esterelizadas e extintas. Muitos
alemães contrários ao regime também foram perseguidos, presos e mortos, bem
como pessoas doentes, deficientes físicos e mentais, homossexuais etc.
A ideologia nazista articulou-se politicamente em torno do Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI), fundado em 1919. Os
nazistas procuravam explorar o sentimento nacionalista do povo alemão,
abalado com os resultados da Primeira Guerra. Além disso , a estrutura do
partido, fortemente militarizada, simbolizava a ideia da ordem num país que
estava desorganizado politicamente , socialmente e economicamente.
Em meio à crise, o partido nazista ganhou apoio, por pregar o
nacionalismo, a rejeição ao Tratado de Versalhes e a unidade nacional. As AS
(Tropas de Assalto), ligadas ao Partido Nazista, atacavam associações
comunistas e socialistas.
Para ampliar o apoio popular, os nazistas apresentaram propostas que
beneficiariam os trabalhadores urbanos e rurais:
- Reforma agrária , nacionalização dos trustes e participação dos
trabalhadores nos lucros das empresas;
- Anulação de dívidas de agricultores, preços melhores para as colheitas,
salários dignos para os operários e incentivos ao comércio.
Explorando o nacionalismo alemão, os nazistas responsabilizaram os
judeus, os comunistas e o governo republicano e liberal de Weimar pela situação
de crise no país.

O putsch de Munique e o Mein Kampf:


Em novembro de 1923, na cidade de Munique, um grupo nazista,
liderados por Adolf Hitler, tentou um golpe de Estado (Putsch) . O golpe foi
reprimido e os rebeldes presos. Na prisão, Hitler escreveu um livro chamado
Mein Kempf (Minha Luta), que se tornou a “Bíblia” dos nazistas. Nesse livro,
Hitler expunha todas as suas ideias nazistas e racistas, alem da doutrina do
“espaço vital”, ou seja , a expansão territorial da Alemanha e a necessidade de se
criar um Estado totalitário para realizar as mudanças de que a Alemanha
necessitava para ser uma grande potência. Veja alguns pontos defendidos pela
cartilha nazista:
- O marxismo judaico deve ser combatido, pois prega a força das massas,
anulando o papel do indivíduo e das nacionalidades;
- O regime da democracia parlamentar é incapaz de atender às
necessidades gerais porque o povo não está preparado para escolher seus
representantes;
- A educação, o teatro, o cinema, e a literatura devem ter como tarefa
fortalecer a saúde física e intelectual do povo alemão, conservando a pureza da
“raça”.
A obra Mein Kampf pode ser sintetizada como um manifesto de Hitler
em defesa da batalha racial, cultural e política dos “arianos” contra os
marxistas, os judeus, os liberais, as “raças” consideradas inferiores e os
opositores ao regime.

Os nazistas tomam o poder:


A partir dos anos 1930, o apoio dos grandes industriais e do exército foi
decisivo. Além disso, a popularidade do nazismo era cada vez maior. Em 1932 o
Partido Nazista venceu as eleições para o Parlamento (Reichstag). Em 1933,
Hitler assumia a chefia do governo. Menos de um mês depois , os nazistas
incendiaram o prédio do Parlamento e responsabilizaram os comunistas. Isso
serviu de pretexto para reprimir com violência os grupos de esquerda, fechar os
outros partidos políticos e instaurar a ditadura.

A expansão alemã:
Ao mesmo tempo que reprimia os opositores, o regime nazista
implementava políticas para estender sua popularidade. A mais importante delas
foi por em prática o expansionismo que se baseava no pan-germanismo e no
espaço vital:
- Pan-germanismo: segundo essa tese, o Estado Alemão deveria reunir
todos os alemães que viviam em outros países em uma mesma nação e, em
seguida, estender seus domínios sobre outros territórios a fim de assegurar sua
permanência como potência mundial.
- O espaço vital: era o princípio de que os “povos inferiores” deveriam
ser dominados e parte de sua população eliminada, garantindo-se assim
territórios onde a “superior raça alemã” pudesse se multiplicar e viver
adequadamente.

A guerra civil espanhola:


A possibilidade da Alemanha exercer influência política e militar fora
das fronteiras alemãs se tornou concreta com a Guerra Civil Espanhola (1936-
1939), travada entre os seguidores do general Franco (que tinha ideias
autoritárias) e os republicanos.
Em abril de 1937, a força aérea alemã (Luftwaffe) , com o objetivo de
testar sua eficiência bélica, deu apoio ao general Franco, bombardeando o
vilarejo basco de Guernica.
O general Franco venceu a guerra e instituiu uma ditadura que durou
cerca de quarenta anos.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LIV
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Antecedentes:
A Alemanha de Hitler:
Com a vitória do nazismo na Alemanha, Hitler rompeu com o Tratado de
Versalhes: reaparelhou o exército, ampliou o efetivo militar de 100 mil para
mais de 3 milhões de homens e fomentou a indústria bélica. Em 1939, às
vésperas da guerra, a Alemanha contava com aviões de guerra, caças,
submarinos e bombardeios de ultima geração, comandados por oficiais
disciplinados e bem treinados.

As ambições do Japão e da Itália:


O Japão e a Itália integravam o bloco de países vencedores da 1ª Guerra.
A Itália saiu da guerra com ganhos territoriais nos Alpes e no Mar Adriático.
Mas isso representava muito pouco para as ambições do governo fascista, que
pregava a construção de uma Grande Itália. Mussolini implantou um plano de
modernização do país, centrado no desenvolvimento da indústria, dos
transportes e da produção militar. O objetivo era preparar a Itália para a
conquista de novos territórios, a começar pela África.
O Japão saiu da guerra como maior potência do Extremo Oriente,
dominando todo o comércio da região e fazendo da China uma área de livre
exploração econômica. No entanto, a expansão japonesa esbarrava na escassez
de recursos naturais, como petróleo, ferro , carvão, o que obrigava o pais a
depender das exportações estrangeiras. A anexação de territórios vizinhos
parecia ser a solução para a economia japonesa.

O expansionismo na década de 30:


O primeiro passo da expansão territorial dada pelo Japão, foi invadir a
Manchúria em 1931. No ano seguinte ocupou a China ao norte da Grande
Muralha. Em 1935, Hitler rompeu com os acordos de paz assinados no fim da
Primeira Guerra e retirou a Alemanha da Liga das Nações. Três anos depois
ocupou a Áustria. Mussolini, por sua vez , ocupou a Etiópia, na África.

O acordo de Munique:
Enquanto as expansões ocorriam, França e Inglaterra mantinham – se
neutras. Isso devia-se em parte às lembranças da Primeira Guerra. Franceses e
ingleses queriam manter a paz. Alem disso, França e Inglaterra não tinham
poder militar e recursos financeiros para vencer a Alemanha.
O próximo passo do governo nazista foi invadir a tchecoslováquia, para
anexar a região dos Sudetos, onde viviam muitos alemães. Isso fez com que os
governos da Alemanha , Itália, França e Inglaterra assinassem um acordo na
Conferencia de Munique em 1938. Esse acordo declarava: Cerca de 20% do
território tcheco, uma área rica em minérios, passaria para os alemães; a
Eslováquia seria separada das regiões tchecas e passada para a influência alemã.
Um ano depois do acordo Hitler anexou completamente o território tcheco.
O acordo de Munique foi uma vitória para Hitler. Enquanto ingleses e
franceses acreditavam que a guerra tinha sido evitada.

A eclosão da 2ª Guerra
A invasão da Polônia:
Preocupados com o avanço de Hitler, França e Inglaterra assinaram um
acordo com a Polônia que garantia apoio no caso de uma invasão alemã.
Enquanto isso, Hitler assinava com Stalin o Pacto Nazi-Soviético de Não
Agressão, em 1939. Esse pacto previa a divisão da Polônia entre os países.
Confiante de que franceses e ingleses ficariam neutros, e tranquilizado
pelo acordo com a URSS, Hitler invadiu a Polônia em 1° de setembro de 1939.
Dois dias depois a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha.
Começava a Segunda Guerra Mundial.
Nos primeiros meses não houve um confronto real entre a Alemanha e
seus adversários, salvo uns poucos combates navais. Quase toda a Polônia foi
anexada pela Alemanha, e sua outra parte, a leste, foi ocupada pela URSS. Em
um ano cerca de 4 mil poloneses foram levados à Alemanha para trabalhar em
regime de semiescravidão. O território polonês foi usado por Hitler para aplicar
com mais força a ideia da “solução final” contra os judeus, ou seja, seu
extermínio. Lá os nazistas construíram campos de concentração, onde
prisioneiros judeus, poloneses, ciganos, comunistas, homossexuais, presos das
mais diversas origens, opositores do regime, pessoas consideradas fisicamente
“inferiores” como deficientes físicos e mentais, eram forçados à trabalhar ou
eram exterminados. Havia campos só para trabalho, campos para extermínio e
campos conjugados (para as duas funções). O campo que ficou mais conhecido
foi o de Auschwitz, construído depois de 1940, onde morreram cerca de 2
milhões de judeus que viviam na Polônia ou que tinham sido trazidos de outros
países onde os nazistas dominavam.

A conquista da Europa:
Os combates entre os aliados e as forças do Eixo começaram de fato em
1940, quando os alemães partiram para a invasão dos países nórdicos. Em maio
desse ano, os nazistas conseguiram invadir e dominar a Dinamarca e a Noruega.
Enquanto se davam as lutas na Noruega, Hitler conseguiu invadir a
Holanda e a Bélgica, objetivando invadir a França e criar uma base ofensiva
contra a Inglaterra. Em julho Hitler invadiu a França, e a bandeira da suástica
tremulava sobre a Torre Eiffel.
Hitler assinou um acordo com os franceses, que dividiu o país em dois:
no norte, região mais industrializada, instaurou-se o domínio alemão; no sul
instaurou-se um governo francês na cidade de Vichy. Na região francesa,
assumiu o governo o general Henry Pétain, que implantou um regime bastante
alinhado com as ideias nazistas, inclusive perseguindo os inimigos do Führer
( significa líder, com o qual Hitler se intitulava ) e adotou a política antissemita.
Em Londres, no exílio, o general francês Charles de Gaulle assumiu a
chefia da resistência francesa.
Em 1940 os nazistas ocuparam junto com a Itália, o norte da África.
Depois invadiram a Romênia e a Bulgária. Em 41 ocuparam a Grécia e a
Iugoslávia.
Em meados de 41, Hitler dirigiu-se para a URSS. O governo soviético
mantinha a neutralidade. Confiante no acordo de não agressão, Stalin acreditava
que a URSS estava imune, apesar do alerta dos espiões soviéticos. Em 22 de
julho de 1941, o exército alemão cruzou as fronteiras soviéticas, e Stalin
surpreendeu-se.
A invasão da URSS ficou conhecida como Operação Barbarossa, e
objetivava derrotar o comunismo e controlar os recursos do país, em particular o
petróleo e as indústrias. Os alemães avançaram bem até setembro, mas no final
de 41 as coisas ficaram complicadas. Às portas de Moscou, os alemães sofreram
sua primeira grande derrota contra o Exercito Vermelho, e tiveram que recuar.

Os EUA entram na guerra:


No Pacifico, o Japão estava em guerra com a China desde 1937. Em
junho de 41, os japoneses ocuparam o sul da Indochina, causando reação dos
EUA, que tinham interesses econômicos e estratégicos na região.Os EUA
tentaram resolver o impasse pela diplomacia. Em dezembro, o governo japonês,
no entanto, disposto a retiram a influência americana da Ásia, tomou a decisão
de atacar a base americana de Pearl Harbor, no Havaí. No dia seguinte ao
ataque, o Congresso Americano votou a declaração de guerra contra o Japão.
Em seguida , Alemanha e Itália, aliadas do Japão, declararam guerra aos EUA.
A entrada dos EUA na guerra levou muitos outros países a entrarem nela,
como o Brasil e o México, aliados militares dos americanos, fortalecendo assim,
o bloco dos aliados. Assim o conflito tomou proporções mundiais.

Os aliados tomam a ofensiva:


O primeiro passo na ofensiva aliada foi na Ásia, na batalha de Midway,
em julho de 42. Japoneses atacaram a base americana de Midway, mas o ataque
fracassou e o Japão perdeu cerca de 4 mil homens, 332 avioes e seus melhores
pilotos.
Na Europa do leste, depois da derrota em Moscou, os nazistas se
voltaram para Stalingrado, importante centro industrial, e Leningrado, berço do
bolchevismo. Mas depois de violentos combates a vitória foi soviética.
No Pacifico, a partir de 43, os estadounidenses retomaram aos poucos os
territórios ocupados pelos japoneses. Ilhas Marshall, Marianas, Carolinas,
Guam, Filipinas, uma a uma, as ilhas do Pacifico foram retomadas pela marinha
e aviação norte-americanas.

A última fase da guerra:


Depois das derrotas alemãs de Stalingrado e Kursk, os soviéticos
iniciaram um avanço em direção a Berlim, capital do Reich, retomando no
caminho os territórios ocupados pelos nazistas no Leste Europeu.
No oeste, a ofensiva das tropas aliadas se iniciou com a expulsão dos
alemães e italianos do norte da África. Essa vitória facilitou a invasão da Itália e
a derrubada de Mussolini do poder.
Em 6 de junho de 1944 (o Dia D), cerca de 100 mil soldados, com o
apoio de 6 mil navios e 5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia,
abrindo uma nova frente de guerra no oeste.
Os nazistas estavam cercados. Alem de enfrentar a resistência nos paises
ocupados, lutavam nas duas frentes: do leste vinham os soviéticos; do oeste as
tropas aliadas.

O fim do Reich:
Aos poucos, os aliados libertaram os paises ocupados. Em abril de 1945,
os soviéticos entraram em Berlim. Os chefes alemães refugiaram-se em abrigos
subterrâneos, enquanto inutilmente, soldados nazistas lutavam para defender a
capital alemã. No fim de abril, Hitler e sua companheira Eva Braum cometeram
suicídio, exemplo seguido por vários lideres nazistas. Em 2 de maio os
soviéticos tomaram Berlim. Cinco dias depois a Alemanha se rendia.
No Pacifico, a guerra continuou. A resistência japonesa e a intensão de
exibir o poderio militar dos EUA levaram ao governo americano a tomar uma
terrível decisão. No dia 6 de agosto de 1945, uma bomba atômica foi lançada
sobre a cidade japonesa de Hiroshima. No dia 9, outra bomba foi jogada em
Nagasaki. Depois disso, o governo japonês se rendeu. Terminava a Segunda
Guerra Mundial.

O mundo depois da guerra:


Ao término da guerra, a Europa estava em ruínas. Cidades como
Stalingrado e Kiev, na URSS, Berlim, na Alemanha, e Varsóvia, na Polônia,
foram destruídas pelos bombardeiros. Cerca de 40 milhões de pessoas morreram
na guerra, a metade na URSS. Pontes, estradas, escolas, hospitais, toda a
infraestrutura de cidades foi destruída, monumentos históricos, como o Mosteiro
de Monte Cassino, na Itália, foram destruídos.
A força militar demonstrada pela URSS favoreceu, no pós-guerra, a
expansão de sua influência e a do socialismo no leste da Europa. Por outro lado,
os EUA consolidaram a sua liderança no bloco capitalista e assumiram a
reconstrução da Europa Ocidental, ampliando sua influência na região.
Sobre os escombros da velha Europa, nasceu um mundo dividido: de um
lado, os paises socialistas (o chamado Segundo Mundo), influenciados pela
URSS; de outro os países do Bloco Capitalista, divididos em desenvolvidos (o
chamado Primeiro Mundo) e subdesenvolvidos (o chamado Terceiro Mundo),
influenciados pelos EUA.
PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LV
A ERA DA GUERRA FRIA
Após o término da Segunda Guerra, os EUA e a URSS romperam a
antiga aliança. O rompimento teve o aspecto ideológico como causa principal,
pois ambas as potências tinham uma visão completamente distinta das coisas.
Enquanto os norte-americanos defendiam o sistema capitalista, os soviéticos
procuravam “exportar” o socialismo, conforme o modelo concebido em Moscou.
O ano de 1947 marcou a ruptura definitiva dos antigos aliados. O
governo norte-americano suspendeu a desmobilização militar e iniciou uma
grande corrida armamentista. Em março, o presidente americano Harry Truman
se comprometeu diante do Congresso a conter o avanço do socialismo. Nesse
mesmo ano, o secretario de Estado norte-americano fez um discurso na
Universidade de Harvard, onde falou das disposição dos EUA em ajudar na
reconstrução da Europa (Plano Marshall).
A consequência lógica da contensão do socialismo foi o lançamento da
Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada em março de
1947, nela o presidente dos EUA garantia que as forças militares estariam
sempre prontas a intervir em escala mundial desde que fosse preciso defender
um país aliado da agressão externa da URSS ou da subversão interna insuflada
pelo movimento comunista internacional a serviço dos soviéticos. Na pratica, os
EUA se tornaram dali para frente a policia do mundo, realizando intervenções
em escala planetária na defesa de sua estratégia.

A Guerra Fria:
Por meio do Plano Mashall (do secretario de Estado George Marshall), os
norte-americanos fizeram enormes investimentos em diversas nações europeias,
objetivando impedir que a crise social e econômica facilitasse a ascensão dos
comunistas ao poder, particularmente nos paises onde os “vermelhos” eram
fortes, como por exemplo, na Itália e na França.
Em 1949, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN), aliança militar liderada pelos EUA e que congregava diversos países
europeus. Com o objetivo de frear o avanço comunista, os americanos formaram
outras alianças militares com a Austrália e a Nova Zelândia (Anzus) e a
Organização do Tratado da Ásia do Sudeste (Otase).
Já os soviéticos, à medida que iam expulsando os nazistas da Europa
Oriental, com ou sem apoio popular, procuraram impor governos comunistas ou
com a supremacia dos comunistas na Bulgária, Hungria, Polônia,
Tchecoslováquia, Romênia, e na parte oriental da Alemanha. A expressão
“cortina de ferro”, para designar os países da órbita de influência soviética , foi
cunhada por Winston Churchill.
Para responder às alianças militares organizadas pelos EUA, os
soviéticos organizaram o Pacto de Varsóvia. No plano econômico, criaram o
COMECON (sigla em inglês de Council for Mutual Economic Assistence, ou
Conselho para Assistência Econômica Mútua), cujo objetivo era buscar a
integração econômica e financeira entre os países socialistas.
O ano de 1949 foi repleto de transformações significativas. A Alemanha
foi dividida: a Republica Democrática Alemã (parte oriental), comunista, aliada
da URSS; e a Republica Federal da Alemanha, capitalista , aliada dos EUA.
Nesse mesmo ano, depois de uma longa guerra civil na China, os comunistas,
liderados por Mao Tse-tung, conquistaram o poder. Chiang Kai-shek, líder dos
nacionalistas, fugiu para Formosa (Taiwan), onde, com o apoio norte-americano,
fundou a China Nacionalista. A China Comunista, pelo menos, até 1960,
permaneceu aliada dos soviéticos.
A corrida armamentista ganhava uma nova dimensão. Ainda em 1949,
graças às pesquisas e à espionagem, os soviéticos explodiram sua primeira
bomba atômica. Em 1952, os norte-americanos fizeram um teste bem sucedido
com a bomba de hidrogênio. Os soviéticos construíram sua Bomba H no ano
seguinte.
A expansão comunista e, sobretudo, o fato de os soviéticos terem
chegado à produção de uma bomba atômica deixaram amplos setores da
sociedade americana atônitos. Nesse contexto, o senador Joseph McCarty
iniciou uma campanha anticomunista histérica e primária.
No inicio da década de 1950, durante o chamado macartismo, uma
verdadeira “caça às bruxas” foi desencadeada, não poupando nem as
celebridades; carreiras políticas foram destruídas, pessoas foram difamadas, a
censura foi aplaudida. O celebre físico Robert Oppenheimer, contrário ao
desenvolvimento da Bomba H, foi caluniado, e o ator e diretor de cinema
Charles Chaplin, por suas posições esquerdistas, teve de deixar os EUA. Nas
universidades, muitos professores foram demitidos. Quando estava no auge da
fama , McCarty não vacilou em atacar o general George Marshall, considerado
“esquerdista”. Essa fase de histeria coletiva durou pouco. Em 1957, McCarty
morreu no mais completo esquecimento.
A corrida armamentista prosseguiu, tendo então, seus reflexos na corrida
espacial. Quem começou a explorar a tecnologia de foguetes foram os alemães,
que produziram as temíveis bombas V2. Mas com o fim da guerra e com a
derrota dos nazistas, muitos cientistas alemães foram trabalhar nos EUA e na
URSS. É importante destacar que a corrida espacial (capitulo importante da
Guerra Fria) influenciou a corrida armamentista, e foi, por ela também
influenciada.
Em 4 de outubro de 1957, os soviéticos colocaram o primeiro satélite
artificial no espaço: o Sputnik I. No ano seguinte, os norte-americanos
responderam lançando o Explorer I. A corrida armamentista e espacial tomou
grandes proporções no cenário internacional. Os soviéticos colocaram os
primeiros seres vivos no espaço: a cadela Laika e o cosmonauta Yuri Gagárin .
Já os norte-americanos lançaram no espaço o primeiro satélite de comunicação.
No dia 20 de julho de 1969, os astronautas da Apolo XI pousaram na
Lua. A corrida espacial prosseguiu com progressos significativos dos dois lados.
Com a morte de Stálin, em 1953, seu sucessor, Nikita Krushev, procurou
amenizar os confrontos com os EUA, desenvolvendo a chamada coexistência
pacífica. Apesar disso, os soviéticos e norte-americanos continuaram usando
terceiros, lutando pela hegemonia nas diversas regiões do mundo.
A Revolução Cubana que evoluiu para um caráter socialista, devido à
intransigência dos EUA, foi um novo palco de discórdias. Como veremos
adiante, o caso dos mísseis soviéticos em Cuba quase levou o mundo a uma
guerra nuclear.
A Guerra do Vietnã, a invasão soviética à Tchecoslováquia, os golpes
militares na América Latina, a corrida armamentista, a espionagem e a
contraespionagem tinham como pano de fundo, é claro, a Guerra Fria .
Os anos de 1970, Brejnev (pela URSS) e Nixon (pelos EUA) procuravam
levar as duas superpotências para um clima de redução da corrida armamentista.
A ascensão de Mikhail Gorbatchev ao poder provocou grandes alterações
na URSS: a Perestroika (reestruturação econômica) e a Glasnost (abertura,
transparência). Gorbatchev procurou por fim à Guerra Fria, obtendo alguns
êxitos na sua política externa.
O desmembramento da URSS enterrou definitivamente a Guerra Fria.
A Guerra Fria atingiu o Brasil. Logo após a Segunda Guerra, o governo
brasileiro se atrelou à política externa norte-americana. O Partido Comunista foi
fechado, e os eleitos por essa sigla foram cassados. Na década de 1960, o
fantasma do comunismo foi usado contra o governo reformista de João Goulart,
que acabou sendo derrubado pelos militares, com o apoio dos norte-americanos.

Os EUA:
Ao termino da Segunda Guerra, a única nação que saiu do conflito
fortalecida econômica e militarmente foram os EUA.
A outrora poderosa Inglaterra via seu império colonial se diluir. A
França, ocupada durante a guerra, lutava por uma recuperação. A Alemanha, o
Japão e a Itália estavam arrasados. A URSS tivera baixas humanas e materiais
terríveis. Já os povos africanos e asiáticos se agitavam em aspirações
nacionalistas.
O endurecimento, a ousadia e o expansionismo soviético incomodaram o
presidente Truman. O comunismo chinês e a bomba atômica soviética fizeram
com que o presidente norte-americano jogasse duro na Coreia.

A Guerra da Coreia (1950-1953)


No começo do século XX, a Coreia passou para o domínio do Japão,
continuando assim até o fim da Segunda Guerra, quando foi libertada pelos aliados.
Livres do domínio japonês, os coreanos acabaram divididos por causa
da Guerra Fria: Coreia do Norte, comunista, aliada da URSS, e Coreia do Sul,
capitalista, aliada dos EUA.
Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul, e o presidente dos
EUA, Truman, obteve do Conselho de Segurança da ONU, autorização para intervir no
país asiático. O chefe da operação era o general americano Douglas MacArthur.
Com a entrada dos EUA na guerra, as coisas mudaram. Seul foi
reconquistada, os comunistas começaram a retroceder, e Pyongyang, capital da Coreia
do Norte, foi ocupada. A derrota iminente dos comunistas levou a China a entrar na
guerra a favor dos norte-coreanos. A participação da China trouxe um equilíbrio entre
as forças em conflito.
A guerra só terminou em 1953, sem um vencedor, pois a península
coreana continuou dividida. Depois da guerra, a Coreia do Sul teve um grande
crescimento econômico, tornando-se um dos “tigres asiáticos”, enquanto a Coréia do
Norte permaneceu isolada. Na década de 1990, mesmo com o colapso da URSS, o
regime norte- coreano continuou duro e fechado.

Além da prosperidade econômica , o governo Truman teve sucesso na


ocupação e recuperação do Japão. O general Douglas MacArthur, com a ajuda
do imperador Hiroíto, obteve um elevado grau de cooperação dos japoneses. O
outrora inimigo tornou-se um importante aliado, tendo adotado um regime
democrático e se afastado de princípios militaristas.
Nas eleições de 1952, o republicano Dwight David Eisennhower (heroi
de guerra), conhecido como Ike, era o favorito, o que se confirmou no pleito
eleitoral. Eisenhower teve como seu secretario de Estado John Foster Dulles, de
espírito belicista, que via a rivalidade entre EUA e URSS como um conflito
entre o bem e o mal. O pior da gestão Eisenhower, que foi eleito em 1956, foi o
macartismo.
O governo de Eisenhower , através da CIA (Central Intelligence
Agency), ajudou os militares da Guatemala a derrubarem o presidente Jacob
Arbenz, que se opunha aos interesses da United Fruit Company, uma empresa
norte-americana. A CIA também ajudou a derrubar o governo nacionalista
iraniano liderado pelo primeiro ministro Mohammed Mossadegh. Abertamente ,
os norte-americanos apoiavam ditaduras sangrentas e corruptas na Republica
Dominicana, em Cuba, Nicarágua, Portugal e Espanha.
Contrariando a opinião de John Foster Dulles, Eisenhower se encontrou
com Krushev em Genebra , em 1955 para articular a Coexistência Pacífica.
Ao final de seu mandato, Eisenhower não conseguiu evitar que a URSS
se tornasse uma potência militar. Na Europa, os franceses se converteram em
críticos ferrenhos da OTAN. Já na América Latina, o apoio a regimes tirânicos
solapava o prestigio dos EUA como “defensor do mundo livre”.
A década de 60 começou em meio a um otimismo exagerado. Com
pequena margem de votos, o democrata católico John Fitzgerald Kennedy,
venceu o vice de Einsenhower, Richard Nixon, tornando-se presidente da
Republica. Muito popular, Kennedy herdou diversos problemas: o crescente
envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã; a taxa de desemprego de 6%; o
déficit na balança comercial e o agravamento da questão racial.
Na década de 1950, existiam nos estados do sul escolas só para “negros”
e escolas só para “brancos”. Era a grande farsa dos “separados , mas iguais”,
pois as escolas para “negros” eram bem inferiores. Em defesa dos afro-
descendentes, levantou-se o jovem pastor Martin Luther King Jr., que pregava a
desobediência civil não violenta.
Kennedy nomeou como procurador-geral Robert F. Kennedy, seu irmão,
que atacou com vigor o problema dos direitos eleitorais dos negros no sul.
Mesmo com a pregação pacifista de Martin Luther King, em 1963, a
resistência negra aumentou em Birmingham, Alabama. Foram usados cães
policiais contra manifestantes , e quatro moças morreram vitimas de um
atentado a bomba dentro de uma igreja. No sul, aumentaram os atos de violência
dos racistas contra a população negra e suas propriedades.
Em agosto de 1963, uma marcha pacifica liderada por Luther King
reuniu mais de 4 milhões de pessoas em Washington, sensibilizando a nação.
Paulatinamente, a igualdade civil foi obtida.
Apesar da igualdade civil, a desigualdade econômica e o preconceito
sustentavam o ódio e os ressentimentos. Malcolm X, que se convertera ao
islamismo, pregava um combate sem tréguas e com todos os meios ao racismo,
bem como ao imperialismo. Foi assassinado em 1965. O mesmo fim teve Luther
King em 1968.
Na política externa, Kennedy apoiou os elementos anti-castristas
(contrários a Fidel Castro) que desembarcaram em Cuba para tentar derrubar
Fidel, mas a operação fracassou.
Em 1962, após ter descoberto que os soviéticos estavam construindo, em
Cuba, plataformas para o lançamento de mísseis nucleares, Kennedy agiu com
firmeza, colocando o mundo à beira de uma guerra nuclear. Os soviéticos,
felizmente, voltaram atrás e desistiram de construir as bases de mísseis.
No dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, Kennedy foi assassinado. Na
versão oficial – que nem todos concordam – o assassino foi um esquerdista
desequilibrado chamado Lee Osvald Harvey, que também foi morto diante das
câmeras de televisão quando era conduzido para prestar depoimento.
Com a morte de Kennedy assumiu o vice-presidente Lyndon Johnson,
que reduziu impostos, gerando um progresso econômico recorde, conseguiu
aprovar um projeto de lei que aplicava proteção aos “negros” e reduzir
drasticamente o desemprego. Em 1964, Johnson venceu a eleição presidencial
como o “candidato da paz”. Mas o candidato que pregava a paz apoiou militares
na América Latina e ajudou a sustentar regimes opressivos, e envolveu
diretamente o seu país na Guerra do Vietnã.
A Guerra do Vietnã (1959-1975)
Colônia da França, o Vietnã conquistou a independência. Porém, apesar
de independente, era um país dividido: o Vietnã do Norte aderiu ao comunismo, e o
Vietnã do Sul ao capitalismo. Temendo a expansão do comunismo, os EUA passaram a
apoiar o governo do Vietnã do Sul.
Devido ao crescimento da guerrilha comunista (os vietcongues), os
norte-americanos enviaram tropas para o Vietnã em 1965. O presidente Lyndon
Johnson acreditava que seria uma vitória fácil, mas a realidade mostrou-se diferente.
Apoiados pela população e pelo Vietnã do Norte, os guerrilheiros
vietcongues infernizavam o dia-a-dia dos soldados americanos. Armadilhas criativas,
ataques suicidas e ações bem ordenadas faziam com que as baixas americanas
aumentassem. Com isso, a opinião publica norte-americana começou a exigir a saída
dos EUA da guerra.
Os lideres do Vietnã do Norte , Ho Chi Minh e Nguyên Giap, passaram
a contar com a simpatia internacional. Afinal, era Davi lutando contra o gigante Golias.
No governo do presidente Richard Nixon, os EUA iniciaram a fase de
desengajamento. Depois de marchas e contra-marchas, o governo norte-americano,
pressionado pala opinião publica e pelos fracassos na guerra , assinou um cessar-fogo
em janeiro de 1973, retirando então, grande parte de suas tropas. Sem a ajuda
americana, o governo do Vietnã do Sul tinha os seus dias contados.
Em 1975, depois de uma decisiva vitória de Xuan Loc, os norte-
vietnamitas ocuparam Saigon, que passou a se chamar cidade Ho Chi Minh, em
homenagem ao líder comunista falecido em 1969.
Em julho de 76, o país foi reunificado sob o nome de Republica Popular
do Vietnã.

Em 1968, verificou-se o forte recrudescimento dos protestos pacifistas, mediante


gigantescas manifestações de massas na ruas das grandes cidades norte-americanas. Em
escala mundial, notadamente na Europa Ocidental, milhões de pessoas saíram às ruas
exigindo que as tropas americanas deixassem o Vietnã. Nesse clima, Johnson não
concorreu a mais um mandato nas eleições de 1968. O vitoriosos foi o republicano
Nixon, beneficiado com o assassinato de Robert Kennedy, único democrata que
efetivamente venceria.
Apesar de ter realizado intervenções militares no Laos e no Camboja, Nixon
retirou as tropas norte-americanas do Vietnã. Visitou Beijin, aproximando-se da China.
Quanto à América Latina, apoiou a ditaduras ali existentes. Envolvido no escândalo
Watergate (espionagem na sede do governo opositor, o Partido Democrata), Nixon, que
havia sido reeleito em 1972, renunciou em 1974.

A URSS:
A URSS estava economicamente arrasada ao final da Segunda Guerra Mundial.
A recuperação foi difícil, e o povo pagou um alto custo. Até 1953, o país foi governado
com mãos de ferro por Stálin. Apesar dos problemas, os progressos científicos e o
poderio militar aumentaram consideravelmente.
Para os críticos, a URSS tinha uma economia emperrada, pouco competitiva e
totalmente obsoleta, falta de liberdade, campos de concentração ( os Gulags), violações
dos direitos humanos, imperialismo acentuado (imposição do modelo soviético aos
países da Europa Oriental), burocracia ineficaz, mas com muitos privilégios, e um
serviço secreto (KGB) controlando o cotidiano dos cidadãos.
A ascensão de Nikita Kruschev marcou um novo direcionamento na política
externa e interna da URSS.
No 20° Congresso do Partido Comunista da URSS (PCUS), Kruschev
apresentou um relatório no qual revelou, com provas, os erros políticos e técnicos
cometidos por Stálin. Denunciou ainda que Stálin incentivava o “culto da
personalidade”. Com essas denuncias Kruschev aumentou suas popularidade e passou a
dirigir a URSS com um novo estilo.
Em outubro de 1956, em Budapeste (Hungria), os operários e estudantes
protestaram contra o governo. Elementos contrários ao regime aproveitaram a situação
para mudar a trajetória do socialismo húngaro. A intervenção militar, liderada pelos
soviéticos, foi eficaz, e a insurreição húngara foi esmagada num banho de sangue.
No inicio da década de 1960 havia um grande otimismo na URSS: as conquistas
espaciais, os avanços tecnológicos, as melhorias sociais, um clima de maior liberdade e
o sonho de ultrapassar em todos os sentidos as grandes nações capitalistas. Uma visão
mais acurada, porem, observa uma sufocante burocracia; estatísticas forjadas; carência
de bens de consumo; e uma economia que diminuía o ritmo de crescimento.
No plano externo, as contestações dos países satélites aumentaram.
Na Alemanha Oriental, em 1953, uma revolta operária foi sufocada. Em 1956
houve repressão na Polônia . Em 1961, foi construído o Muro de Berlim para impedir
que pessoas fossem para a Alemanha Ocidental.
As divisões do mundo socialista se acentuaram no inicio da década de 1960. A
China, por razoes políticas, ideologicas e de fronteiras afastou-se da URSS. Na Albânia,
Enver Hoxha, um estalinista , repudiou o chamado “revisionismo” soviético, alegando
que o PCUS se afastara dos princípios marxistas-leninistas. Nessa época, a Albânia se
aproximou da China. A Romênia, sob a liderança de Nicolau Ceaucescu, a partir de
1965, adotou uma política que perdurou até a queda deste governante, em 1989.
Em 1964, o fracasso da política agrícola foi o motivo alegado para que
Kruschev fosse aposentado. Paulatinamente, Leonid Brejnev emergiu como a principal
liderança. A Era Brejnev (1964-1982) foi marcada pela estagnação, pela burocratização,
por desenfreada corrupção e pela repressão, como foi o caso da intervenção na
Tchecoslováquia.
Em 1968, seguindo o exemplo da Romênia, o Partido Comunista da
Tchecoslováquia, em seu programa de ação, afirmava estar politicamente ligado à
URSS, mas socialmente marcado pelo exemplo iugoslavo e economicamente aberto ao
Ocidente.
Apesar de pressionado pela URSS e pelos demais países do Pacto de Varsóvia,
Alexander Dubcek anunciou que manteria as novas diretrizes propostas. Teve apoio do
líder iugoslavo Tito, que foi recebido calorosamente em Praga. O governo da
Tchecoslováquia adotou uma posição critica em relação a Moscou.
Na noite de 20 para 21 de agosto de 1968, as tropas do Pacto de Varsóvia
invadiram a Tchecoslováquia. Apesar disso, Dubcek ainda permaneceu no poder.
Admitiu a presença de tropas soviéticas no país, mas continuava a dotando a mesma
linha política que levara à ruptura com Moscou e à consequênte invasão.
Em abril de 1969, a censura foi rigidamente colocada em todos os meios de
comunicação, os reformistas presos e detidos, e a policia soviética assumiu o controle
da situação.

A Europa Ocidental:
Após a Segunda Guerra, a Europa sofreu um processo de grande decadência. As
destruições provocadas pela guerra, a descolonização da África e da Ásia fizeram com
que os antigos impérios colonialistas se esfacelassem.
Nesse período, a maioria dos países europeus gravitava em torno dos EUA, pois
temia uma invasão soviética ou mesmo uma subversão interna.
No terreno político, logo após a guerra, as esquerdas participaram de vários
gabinetes (França, Bélgica e Itália).
Com a Guerra Fria, os comunistas foram afastados destes governos. A direita
ganhou um novo alento. Apesar disso, os social-democratas conseguiram obter êxitos
eleitorais em alguns países.
Em 1968, uma onda de agitação revolucionaria varreu grande parte da Europa.
Estudantes e intelectuais, imbuídos de princípios marxistas e anarquistas, pretendiam
remodelar a sociedade. Na França, as contestações foram violentas, desgastando o
governo de Charles de Gaulle, que renunciou no ano seguinte e foi substituído por
Georges Pompidou.

O Japão:
Vencido na Segunda Guerra, o Japão tirou lições da derrota. Adotou-se no país
uma Constituição parecida com as democracias ocidentais.
Diversos fatores explicam o crescimento japonês:
- Substancial ajuda norte-americana, pois ocupava posição geográfica estratégica
para os interesses dos EUA;
- Existência de mão-de-obra barata;
- Cultura que valoriza o trabalho;
- Abertura do mercado norte-americano aos produtos japoneses;
- Importação maciça de tecnologia, em grande parte oriunda dos EUA;
- Não-participação na corrida armamentista;
- Construção de uma poderosa frota mercante.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LVI
A DESCOLONIZAÇÃO
Conceito de Três Mundos:
O francês Alfred Sauvy foi quem usou pela primeira vez , em 1952, a expressão
“Terceiro Mundo”. Sauvy fazia uma comparação entre os membros do Terceiro Estado,
no período que antecede à Revolução Francesa, desprovidos social e politicamente, em
relaçao aos países que na década de 1950 estavam marginalizados dentro do sistema
político internacional.
Foi Mao Tsé-Tung que formulou a chamada “Teoria dos Três Mundos”.
Segundo ele, o Primeiro Mundo seria formado pelas grandes superpotências URSS e
EUA; o Segundo Mundo seria formado pelos demais países industrializados; e o
Terceiro Mundo seria formado pelos demais países. A versão que se popularizou,
porém, foi outra: o Primeiro Mundo seria formado pelos países capitalistas ricos ou
desenvolvidos, o Segundo Mundo seria formado pelos países socialistas, e o Terceiro
Mundo pelos países capitalistas pobres ou subdesenvolvidos. Alguns autores incluíam
no Terceiro Mundo até os países socialistas pobres ou pouco industrializados.
O conceito de Terceiro Mundo passou a ser largamente usado para designar os
países que se encontravam na periferia da comunidade internacional. Esses países
tinham em comum o fato de terem sido colônias de potencias estrangeiras, de terem
sofrido no passado uma violenta exploração econômica, dominação cultural,
instabilidade política, e baixos níveis sociais, decorrentes da impossibilidade de os
governantes decidirem de acordo com os interesses do povo, pois estavam ligados aos
organismos financeiros internacionais como o FMI, por exemplo, e às grandes potências
transnacionais.
Com o fim da Guerra Fria, a divisão em “três mundos” não tem mais sentido,
porém o conceito ainda é usado no estudo desse período histórico.

A descolonização:
Após 1945, iniciou-se o movimento de descolonização. Os mapas políticos da
África e da Ásia sofreram grandes mudanças, com novas nações entrando em cena.
Apesar da independência política, as ex-colônias continuaram dependendo
economicamente do antigo colonizador ou de outras potencias como os EUA ou a
URSS.
O enfraquecimento das potencias europeias era flagrante no final da Segunda
Guerra, o que animou os grupos nacionalistas a se insurgirem contra as suas metrópoles.
Com a Guerra Fria , aqueles grupos procuraram – e na maioria das vezes obtiveram –
apoio político, econômico e armamentista das superpotências que ambicionavam
expandir suas áreas de influência.

A Índia:
Os ingleses ocuparam a Índia desde o século XVIII. Essa dominação foi
entremeada por revoltas, tendo a Guerra dos Sipaios (1857) sido a mais grave. A
dominação inglesa tornou-se dia-a-dia mais opressiva, ocasionando um clima de
insatisfação e revolta.
Dentro desse contexto, devemos destacar a figura de Mahatma Gandhi, o qual
adotou uma estratégia inusitada para resistir à opressão inglesa: a desobediência civil,
ou seja, o não pagamento de impostos, o boicote a tudo o que era inglês e a não
colaboração. Gandhi tornou-se o pregador da não-violência, num cenário efervescente,
onde a opressão inglesa caracterizou-se sobretudo pela violência. Em 1947, a luta contra
o jugo inglês ganhou enorme amplitude em numerosos principados. A autoridade
inglesa não conseguiu dominar a situação.
Diante disso, o governo trabalhista inglês resolveu conceder a independência à
Índia. Em 15 de agosto de 1947, a Índia tornava-se independente. Devido a uma série de
desentendimentos de caráter político e religioso, a Índia desmembrou-se em vários
Estados: Índia, Paquistão, e Ceilão. Essa divisão provocou uma sangrenta guerra civil
de natureza étnica e religiosa.
Muçulmanos que viviam na Índia se deslocaram para os territórios que
formaram o Paquistão, e os hindus para o território da Índia. Eclodiu então, uma guerra
civil com massacres recíprocos. As tensões fronteiriças entre os dois países, hoje
potencias nucleares, permanecem na região da Caxemira, que, apesar de fazer parte da
Índia, tem uma população majoritariamente mulçumana. A parte oriental do Paquistão,
com o apoio da Índia, tornou-se independente, vindo a formar a República de
Bangladesh.
Nesse clima, Gandhi, que graças a uma greve de fome conseguira por fim à
guerra civil, foi assassinado por um fanático hindu, contrário à política pacifista.
Após a morte de Ganhi, o governo da Índia seguiu à política do não
alinhamento, ou seja, não se subordinou nem à Moscou, nem à Washington.

O Sudeste Asiático:
A Indonésia, colônia holandesa, foi o primeiro país do Sudeste Asiático a se
tornar independente. Em 17 de agosto de 1975, após a vitória sobre os japoneses, foi
proclamada a independência, sendo o líder nacionalista Sukarno, eleito presidente da
Republica. A Holanda não se conformou e resolveu restabelecer a antiga ordem, mas
acabou sendo derrotada.
As Filipinas e a Malásia também tornaram-se independentes.
No Vietnã, os colonialistas franceses enfrentaram as tropas de Vietminh (frente
patriótica que lutava pela independência do país).
Graças ao líder comunista Ho Chi Minh e do comandante Vô Nguyên Giap, os
franceses sofreram derrotas humilhantes, que culminaram com a celebre Batalha de
Dien Bien Phu (1954). Pela Conferência de Genebra, houve a divisão do Vietnã: do
Norte (comunista) e do Sul (capitalista). Mais tarde a guerra voltaria a assolar a região.

O Mundo Árabe:
Em 1936, a Inglaterra concedeu independência ao Egito; em 1939, renunciou ao
mandato sobre o Iraque. O Sudão, entretanto, tornou-se independente somente em 1956.
A França suspendeu seu mandato sobre o Líbano e a Síria em 1945. A Líbia conquistou
sua independência em 1951, Marrocos e Tunísia em 1956.
A Argélia, rica colônia francesa da África do Norte, foi palco de uma violenta
guerra, em que os patriotas argelinos lutaram contra o colonizador francês.
Os franceses oprimiram violentamente os argelinos, que, pelas guerrilhas e pelo
terrorismo da Frente de Libertação Nacional, mantinham acesa a chama da
independência.
Finalmente em 1962, em Évian, franceses e argelinos chegaram a um acordo. No
referendo de 1 de julho de 1962, o povo optou pela independência. A Argélia, depois de
uma árdua luta deixou um saldo de 250 mil mortos, tornou-se uma nação soberana.
Ahmed Bem Bella tornou-se presidente da Republica, e a jovem nação adotou o regime
socialista.

A África:
Na África, a luta contra o domínio colonial passou a existir de forma mais
objetiva na década de 1950.
Os ingleses procuraram levar avante a descolonização pela via pacifica: Gana
(1957), Nigéria (1960), Quênia (1963). Em síntese, entre 1961 e 66, toda a África
Oriental Inglesa estava emancipada. Já os franceses, depois do fracasso na Argélia ,
procuraram desenvolver a mesma política inglesa em relação à descolonização.
No Congo belga, devido as rivalidades tribais e às riquezas minerais de
Catanga, as lutas foram violentas.
Na Rodésia e na África do Sul, a minoria “branca” resolveu proclamar a
independência por conta própria.
Finalmente, nas colônias portuguesas, a independência só veio após a queda do
salazarismo em Portugal pela Revolução dos Cravos em 1974.
Em Angola, depois de uma violenta guerra civil, o MPLA (Movimento Popular
de Libertação de Angola), marxista, sob a liderança de Agostinho Neto, tomou o poder.
Moçambique, com Samora Machel; Guiné-Bissau, com Amílcar Cabral; e as
Ilhas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe também adotaram a via socialista ao se
tornarem independentes.
Infelizmente a descolonização ainda não possibilitou a resolução dos problemas
básicos das populações empobrecidas dos países recém-independentes.
A dominação imperialista abriu enormes feridas, as quais necessitam de muito
tempo para cicatrizar. A dependência econômica ainda é muito grande, o
analfabetismo, a falta de tecnologia e o endividamento externo fecham o círculo vicioso
do subdesenvolvimento.
Após a independência política, os jovens Estados africanos têm enfrentado crises
econômicas, sociais e políticas graves.
Diversos países foram sacudidos por guerras civis. Como exemplos, podemos
citar: Angola, Moçambique, Etiópia, Burundi, Sudão, Serra Leoa, Ruanda, Somália etc.
Mas, quais as razões das guerras civis africanas?
Eis algumas delas:
- A partilha da África efetuada pelos europeus não levou em consideração os
povos africanos. Por isso, nações rivais foram colocadas em um mesmo território. Para
dominar com mais facilidade, as potências europeias incentivaram as rivalidades entre
os povos africanos;
- O tribalismo é muito forte no continente africano. Caso da Nigéria, por
exemplo. Em Ruanda os belgas criaram artificialmente o divisionismo entre Tutsis e
Hutus que ainda causam lutas entre os grupos;
- A Guerra Fria fez com que os EUA e a URSS fornecessem armas a grupos
rivais. Em Angola, por exemplo, a URSS apoiava o MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola), enquanto os americanos forneciam armas à UNITA (União
Nacional Para a Independência Total de Angola).

África do Sul: independência e apartheid:


Em 1948, o Partido Nacionalista, representantes dos descendentes dos antigos
colonos holandeses, chegou ao poder por meio de eleições, rompendo definitivamente
com a Grã-Bretanha.
Após a independência, os governantes sul-africanos procuraram organizar
jurídica e institucionalmente um Estado racista, o apartheid.
O Congresso Nacional Africano, liderado por Nelson Mandela, tornou-se o
principal grupo de contestação do regime. Com a prisão de Mandela em 1962, Oliver
Tambo assumiu a chefia do movimento, e em meio a uma situação adversa, a luta
continuou.
Em 1976, os marginalizados do sistema se rebelaram nos subúrbios de
Johanesburgo. A repressão foi violenta.
Em 1984, a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao bispo da Igreja Anglicana,
Desmond Tutu, chamou a atenção da opinião publica mundial em relação ao apartheid.
Apesar dos protestos internacionais, o poeta Benjamin Moloise, acusado de subversão,
foi executado.
Depois de ter ficado preso durante 27 anos, o líder do Congresso Nacional
Africano, Nelson Mandela, foi libertado. Eleito presidente da África do Sul, aboliu
definitivamente o sistema de apartheid. Mandela conseguiu aquilo que parecia
impossível: manter a paz e a democracia na África do Sul.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LVII
CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO
A partilha da Palestina:
O povo judeu, depois de sucessivas revoltas, foi expulso da Palestina pelos seus
dominadores romanos. A segunda diáspora (dispersão de judeus) ocorreu no reinado do
imperador romano Adriano, em 132 d. C.
Apesar das diásporas ocorridas na antiguidade, a nação judaica não desapareceu.
Disseminados pela Europa e por outros continentes, os judeus conseguiram tornar-se
grandes financistas, graças a atividades mercantis e bancárias.
Os judeus não aceitam Jesus como o Messias, e por isso, foram segregados e
perseguidos, numa Europa fundamentalmente cristã. Nos momentos de crise, eram os
“bodes expiatórios”, vítimas de massacres hediondos, como os da Alemanha nazista.
No fim do século XIX, o escritor Theodor Herzt escreveu o livro Estado Judeu,
em que esboçou os alicerces do sionismo (movimento nacionalista que lutou pela
criação de um Estado judeu na Palestina – Sion é uma das colinas de Jerusalém). Em
1897, crescia a Organização Sionista Mundial, cujo objetivo era lutar pela criação de
um Estado para o povo judeu.
Durante séculos, a Palestina esteve sob domínio turco. Com a derrota do Império
Otomano na Primeira Guerra Mundial, a região ficou sob o domínio inglês. Em 1917, o
chanceler inglês Lorde Balfour publicou uma declaração prometendo criar um lar
nacional para os judeus. Com isso, o afluxo de judeus para a região aumentou, criando
tensões com a população árabe. As atrocidades cometidas contra os judeus na Segunda
Guerra Mundial criaram um clima favorável para a criação de um Estado judeu. As duas
superpotências (EUA e URSS) concordaram com a criação de dois Estados na
Palestina: um judeu e outro árabe.
Em 14 de maio de 1948, um dia antes de terminar o mandato inglês sobre a
Palestina, foi criado o Estado de Israel. Chaim Weizmann assumiu a presidência, e
David Bem-Gurion, a chefia do Conselho de Ministros.
Os países árabes não aceitaram a partilha da Palestina proposta pela ONU. Entre
maio de 1948 e janeiro de 49, Israel lutou contra o Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e
Síria (que formavam a Liga Árabe) e venceu, conquistando a Galiléia e o Deserto de
Negev. Jerusalém foi dividida entre Jordânia (setor oriental) e Israel. O Estado palestino
acabou não sendo criado, pois o território foi ocupado pelos israelenses.

O governo de Nasser no Egito:


Em julho de 1952, um grupo de oficiais egípcios, liderados por Gamal Abdel
Nasser, derrubou o corrupto regime do rei Faruk. Com plenos poderes, Nasser
aproximou-se da URSS, realizou uma reforma agrária, fez grandes obras publicas,
nacionalizou o Canal de Suez (copropriedade de uma empresa franco-inglesa) e fechou
o porto de Elat, no Golfo de Ácaba, ferindo os interesses israelenses.

As guerras:
Em 1956, ocorreu a Guerra de Suez.
Com o apoio da França e da Inglaterra, Israel atacou o Egito. Em três dias o
Exército egípcio foi liquidado. A ameaça soviética de internacionalização do conflito
contribuiu decisivamente para o fim das hostilidades.
Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias. Nasser armava a Al-Fatah,
agrupamento militar da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que fustigava
Israel com ataques terroristas. Em maio de 1967, cedendo às pressões de Nasser, a ONU
retirou as forças de paz da região. Ao mesmo tempo, a concentração de tropas egípcias,
sírias, jordanianas e libanesas deu a Israel o motivo que necessitava para expandir ainda
mais.
No dia 5 de junho de 1967, pela manhã, aviões de combate israelenses dirigiram-
se para o oeste, sobre o Mediterrâneo, dando inicio à guerra. Por terra, forças blindadas
de Israel, comandadas por Moshé Dayan, derrotaram facilmente as forças inimigas. Em
seis dias, a guerra estava vencida, Israel ocupou cerca de 70 mil Km2 de território
(Península do Sinai, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Golan).
Os árabes ficaram bastante enfraquecidos com a derrota da Guerra dos Seis Dias.
Em 1970, morreu Nasser, sendo substituído pelo vice-presidente, Anwar al Sadat. Em
1972, Sadat rompeu com os soviéticos e começou a deixar de lado o nacionalismo e o
pan-arabismo. No dia 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom
Kippur (Dia do Perdão), a coligação formada por Síria e Egito atacou Israel. Os Sírios
ocuparam Golan. A contraofensiva israelense foi arrasadora. Os sírios foram obrigados
a recuar, e os egípcios foram cercados no deserto. A intervenção de Richard Nixon
(EUA) e de Leonid Brejnev (URSS) impediu que os israelenses massacrassem os
egípcios. Em termos territoriais, a situação ficou inalterada. Os países árabes produtores
de petróleo passaram a usar o precioso “ouro negro” como arma em sua luta contra
Israel.
Após a Guerra do Yom Kippur, o Egito aproximou-se dos EUA. Em 1977, com
o beneplácito do presidente Jimmy Carter, Menahem Begin e Sadat concluíram os
acordos de Camp David, por meio dos quais, Israel devolvia o Sinai ao Egito. Os
palestinos, sírios e jordanianos acusaram o Egito de trair a causa árabe. Em 1981, Sadat
foi assassinado por um grupo de fundamentalistas islâmicos.
Em 1982, alegando que os palestinos atacavam Israel através do sul do Líbano,
forças israelenses invadiram o Líbano.
O Líbano vivia , desde 1975, uma guerra civil envolvendo grupos diversos:
falangistas “cristãos”, xiitas, sunitas, drusos etc. Aproveitando-se da situação, a Síria
invadiu o vale do Bekaa. Em meio ao caos falangistas “cristãos” massacraram civis
palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila. O exército israelense nada fez
para impedir a carnificina. O comando palestino teve de deixar o Líbano, instalando-se
na Tunísia.

A Questão Palestina:
Com a criação do Estado de Israel, quase 1 milhão de palestinos (árabes em sua
maioria) foram expulsos de suas casas. Os que ficaram se tornaram cidadãos de segunda
categoria.
Em 1959, foi fundado o Movimento de Libertação Palestina, conhecido como
Al-Fatah, sob a liderança de Yasser Arafat. Os membros do Al-Fatah defendiam a luta
armada e o uso do terrorismo para expulsar Israel dos territórios ocupados. Em 1964, os
diversos grupos de resistência palestina criaram a OLP (Organização para a Libertação
da Palestina), que desde 1969 foi presidida por Arafat (falecido em 2004).
Em 1982 tropas israelenses invadiram o sul do Líbano, com o objetivo de
estabelecer uma zona de segurança, protegendo o Estado israelense das investidas de
guerrilheiros palestinos.
Em 87 ocorreram revoltas populares palestinas nos territórios ocupados, elas
ficaram conhecidas como intifadas.
Em 1993, nos EUA, com o apoio de Bill Clinton, o primeiro ministro israelense
Ytzhak Rabin e o líder da OLP, Arafat, firmaram um histórico acordo de paz, lançando
as bases para a criação do futuro Estado palestino. Em 95 Rabin foi assassinado por um
judeu ortodoxo contrário ao acordo de paz.
Em 1996 Shimon Peres, do Partido Trabalhista, foi derrotado nas eleições pelo
conservador Benjamin Netanyahu, que entravou o processo de paz.
Em 1999, as eleições parlamentares deram a vitória ao Partido Trabalhista, cujo
líder, Ehud Barak, assumiu o cargo de primeiro-ministro.
Em 2000 Barak reativou o processo de paz; aproximou-se da Síria, devolveu
territórios dos palestinos e retirou tropas israelenses do sul do Líbano.
Em 2002, o primeiro-ministro Ariel Sharon, do Partido Likud, adotou uma
política belicista, agravando a situação. Em 2004 deterioraram-se as relações entre
israelenses e palestinos, tornando o processo de paz cada vez mais distante. Nesse
mesmo ano morreu Yasser Arafat.
Em 2006, por problemas de saúde, Ariel Sharon deixou de ser primeiro-ministro
de Israel. Neste mesmo ano , Israel atacou o sul do Líbano para quebrar o poder de fogo
do Hezbollah (movimento radical libanês que emergiu nos anos 1980 e cuja ação se
baseia na doutrina do Aiatolá Khomeini, visando destruir a influência ocidental no
mundo islâmico. Entre suas ações destacam-se atentados à bomba, raptos, desvios e
sequestros de aviões. Os seus componentes são xiitas do sul do Líbano apoiados pelo Irã
e pela Síria).
Entre os palestinos, a vitória eleitoral foi do grupo Hamas (organização
mulçumana radical surgida em 1987), que passou a controlar o Parlamento da
Autoridade Nacional Palestina, cujo presidente, Mahmoud Abbas do grupo rival Fatah,
defende um diálogo com Israel.
Em 2007, ocorreram vários enfrentamentos entre grupos ligados ao Hamas e
milicianos do Fatah. A retomada de paz com Israel ainda é bastante tímida.
Na perspectiva judaica, o antissemitismo tem sido bastante constante e violento,
portanto para escaparem das perseguições, construíram um Estado próprio. Acreditam
ainda que os judeus foram expulsos das terras que, segundo os seus textos religiosos,
sempre lhes pertenceram.
Na perspectiva palestina, os judeus são invasores que tomaram suas terras e
fizeram que grande parte da população se refugiasse em nações vizinhas, e os que
ficaram foram humilhados, tratados como cidadãos de segunda classe.

Irã, Iraque e a Guerra do Golfo:


Um dos acontecimentos mais polêmicos da história contemporânea foi a queda
do xá Reza Pahlevi e a ascensão do aiatolá Ruhollah Khomeini. A Revolução Islâmica
constitui, de forma clara, o repúdio à ocidentalização do Irã e a política autoritária de
Reza Pahlevi. O mais interessante dessa revolta foi a determinação com que o povo se
lançou à luta, derrotando o poderoso e moderno exército do xá. Segundo os analistas,
essa revolução foi consequência da combinação de três fatores:
- Os partidos de esquerda, que contribuíram com a sua experiência de
organização sob duras condições de repressão;
- A participação ativa dos líderes religiosos, que consideravam a ocidentalização
do Irã uma afronta aos preceitos do Alcorão;
- O apoio da classe média mercantil, prejudicada pelas multinacionais.
Ao tomar o poder, Khomeini procurou exportar a Revolução Islâmica para
outros países da região, notadamente para o Iraque. Segundo os iraquianos, o Irã
infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein; além disso,
desencadeou uma intensa campanha de propaganda contra o governo iraquiano e violou
diversas vezes os espaços terrestre, marítimo e aéreo deste país. Diante dessas
“provocações”, o Iraque atacou o Irã, dando inicio à guerra, uma vez que pretendia ter a
soberania sobre o canal de Chat al-Arab; o Irã , porém, rechaçou estas pretensões.
Durante oito anos, os dois países travaram uma guerra sangrenta e arrasadora, sem que
houvesse um vencedor. Com o termino deste conflito, Saddam Hussein passou a
enfrentar dificuldades e resolveu agir.
Em 1990, o Iraque invadiu o Kuwait. Ao ocupar a região, Saddam esperava
controlar, aproximadamente 20% das reservas mundiais de petróleo. Os grandes
compradores, como a Europa e os EUA, ficaram preocupados com a possibilidade de o
Iraque aumentar os preços do produto. Por esta razão, no ano seguinte, a ONU foi
mobilizada a atacar o Iraque. Em 17 de janeiro de 1991, as forças aliadas iniciaram a
Operação Tempestade no Deserto. Em menos de um mês, os iraquianos estavam
derrotados.
Mesmo vencido, Saddam continuou no poder, reprimindo violentamente a
oposição interna. Somente em 2003 os norte-americanos e seus aliados após uma nova
investida contra o Iraque, puseram fim ao regime de Saddam Hussein.
As vitórias fáceis dos EUA no Iraque e no Afeganistão escondiam graves
consequências. O Iraque mergulhou em uma guerra civil entre xiitas, sunitas, curdos e
militantes da Al-Qaeda (organização criada por Osama Bin Laden). Mesmo com
eleições e a formação de um governo de maioria xiita, atentados ocorriam quase
diariamente. Segundo relatórios da ONU do início de 2007, mais de 30 mil pessoas
haviam morrido. As baixas norte-americanas abalaram o prestígio do presidente
americano George W. Bush, que mentira para justificar o ataque ao Iraque, afirmando
que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.
Nos EUA, os democratas recuperaram o controle do Congresso prometendo uma
saída para o grande atoleiro em que a grande potência havia se metido.
Em 2006, depois de passar por um processo, Saddam Hussein e seus antigos
colaboradores foram enforcados. No Afeganistão, a resistência do Taleban é uma
realidade cotidiana, e o país está longe de ter sido pacificado.

Fundamentalismo islâmico:
Movimento religioso ortodoxo que busca no Islã orientações para a vida prática
e as atividades políticas. Em geral são anti-imperialistas e antiocidentais. Com a tomada
do poder por Khomeini no Irã, os fundamentalistas ganharam força. Atualmente são
fortes no Sudão, no Egito, na Argélia e sobretudo no Oriente Médio. No sul do Líbano,
o Hezbollah (Partido de Deus) é bastante atuante. Entre os palestinos, o grupo Hamas se
opõe , por meio do terrorismo, ao processo de paz entre palestinos e israelenses.
No Afeganistão, após a expulsão dos soviéticos, o país mergulhou numa guerra
civil. Em 1995, os talibans (estudantes de teologia) tomaram o poder. Procuraram impor
a sharia (conjunto de leis islâmicas) literalmente.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos EUA, o
Afeganistão foi atacado, e o regime taliban, derrubado. Mesmo assim, grupos
continuam ativos em vários países.
Bin Laden
Osama Bin Laden, um saudita milionário, foi treinado pela CIA (Serviço Secreto dos
EUA) para combater os soviéticos. Mais tarde, no entanto, tornou-se o inimigo número
um dos EUA, sendo considerado um dos principais dirigentes do atentado às Torres
Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.
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PROF. FABIANO DE JESUS

LVIII
REVOLUÇÃO CHINESA
No começo de 1912, a China tornou-se uma Republica. A frente do movimento
revolucionário estava o Partido Nacionalista (Kuomintang), fundado pelo médico Sun
Yat-Sen.
A luta contra a burguesia ligada ao capital estrangeiro, os governantes militares
das províncias (os senhores da guerra), a invasão japonesa durante a Primeira Guerra e a
dominação estrangeira mergulharam a China num período de anarquia.
A morte de Sun Yat-Sem permitiu que Chiang Kai-Shek expurgasse a ala
esquerda do Kuomintang e vencesse os comunistas, que , no inicio do ano, haviam
conseguido vitórias expressivas. Derrotados, os comunistas, iriam demorar um certo
tempo para se recuperar.
Em 1937, os japoneses invadiram amplamente o território chinês. Nacionalistas
e comunistas fizeram uma trégua para combater os invasores.
Na luta contra o invasor japonês, os comunistas adotaram táticas de guerrilha.
Os exércitos que comandavam eram disciplinados e eficientes. Formaram também as
“milícias do povo”, que chegaram a quase dois milhões de combatentes. Conseguiram
amplo apoio do povo, principalmente de camponeses e estudantes.
Com a expulsão dos japoneses, reacendeu-se a guerra civil. Com amplo apoio
popular, os comunistas entraram em Pequim em 1949, onde fundaram, com o apoio da
URSS, a Republica Popular da China. Chiang Kai-Shek fugiu para Formosa, onde com
o apoio dos EUA, fundou a China Nacionalista (Taiwan).
No poder os comunistas realizaram reforma agrária, reprimiram os adeptos do
antigo regime, estabilizaram a economia e invadiram o Tibet, incorporando-o à China.
O grande salto para frente (1958), que objetivara aumentar extraordinariamente a
produção, acabou fracassando.
Em 1960, a China rompeu com a URSS por vários motivos, dentre os quais:
- Os soviéticos não quiseram passar tecnologia nuclear para ao chineses;
- Havia litígios fronteiriços;
- Mao acreditava que a linha chinesa para o socialismo era mais adequada aos
países do terceiro mundo que a via soviética.
Apoiado na juventude, Mao deu inicio em 1966 à chamada Grande Revolução
Cultural Proletária. Seu objetivo era tomar o controle do PC chinês.
A revolução cultural visava mexer com todas as estruturas, destruindo o que
restava das relações capitalistas e buscando a construção de uma sociedade comunista.
Durante esse período ocorreu uma acirrada luta entre a linha burguesa – que não
desejava o fim de certas relações capitalistas e adiava novas transformações sociais – e a
linha proletária – que caminhava a passos largos em direção ao comunismo.
Na ânsia de destruir os últimos vestígios do capitalismo, os guardas vermelhos,
supremos guardiões da Revolução Cultural, cometeram muitos abusos: hostilizaram
igrejas, queimaram obras literárias, destruíram e proibiram a execução de certos discos,
enfim , atacaram todas as manifestações da chamada cultura burguesa.
A partir de 1969, Mao e o Comitê Central procuraram arrefecer os ânimos dos
mais radicais. Seguiu-se uma luta entre os ultraesquerdistas e os moderados. Em 1973,
os moderados já controlavam os cargos mais importantes.
A morte de Mao Tse-Tung, em 1976, pareceu não provocar nenhuma mudança
na linha da direção do Partido Comunista Chinês. Depois de uma acirrada luta pelo
poder, Deng Xiaoping tornou-se o homem forte do regime. Deng fez algumas reformas,
dentre elas, uma abertura ao Ocidente, o restabelecimento de certas praticas capitalistas
e uma política interna mais liberal.
A repressão aos protestos de estudantes em 1989, na Praça da Paz Celestial, pôs
fim à abertura política. A abertura econômica continuou, e a China obteve altos índices
de crescimento em sua economia.
Deng Xiaoping morreu em 1997.
Atualmente a China enfrenta problemas como ataques terroristas de uma minoria
mulçumana no país, corrupção e desníveis sociais, apesar do forte crescimento da
economia já globalizada.
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PROF. FABIANO DE JESUS

LIX
REVOLUÇÃO CUBANA
Cuba foi um dos últimos países da América hispânica a obter sua independência,
a qual só se concretizou em 1898. Os EUA, que desejavam estender sua influência na
região, deram todo apoio aos cubanos, contribuindo para a vitória contra os espanhóis.
Após a independência política, a dominação norte-americana era marcante;
inclusive a Constituição cubana, num de seus apêndices, estabelecia “o principio de que
o governo dos EUA podia intervir nos assuntos internos do país” (Emenda Platt). Diante
disso, a maioria dos presidentes cubanos não passava de fantoches a serviço dos norte-
americanos.
Em 1933, o coronel Fulgêncio Batista Zaldivar deu um golpe de Estado, e
passou a ser o homem forte do país. Em 52, ao perceber que seria derrotado nas
eleições, deu um novo golpe e tornou-se ditador.
Fidel Alejandro Castro Ruiz, filho de um abastado fazendeiro, formou-se em
Direito pela Universidade de Havana. Era candidato à deputado pelo Partido do Povo
Cubano ou da Ortodoxia, quando Fulgêncio Batista deu o golpe. A partir de então,
passou à oposição clandestina.
Em 1953, Fidel iniciou uma longa luta de guerrilheiro, ao tentar tomar o quartel
de Moncada e a fortaleza de Bayamo, junto com cerca de 126 companheiros, na maioria
jovens universitários. Devido a uma série de desencontros e à superioridade bélica dos
adversários, os rebeldes foram derrotados. Muitos morreram em combate; outros após
terem sido torturados. Alguns foram presos e condenados a 12 ou 15 anos de prisão;
porém, diante da violenta pressão popular Fulgêncio Batista anistiou-os em 1955.
Diante da impossibilidade de atuar politicamente em seu país, Fidel foi para o
México , onde iniciou um exaustivo trabalho para organizar a invasão de Cuba e a
consequente derrubada do regime ditatorial de Batista.
No México, Fidel conheceu o médico argentino Ernesto Guevara de la Serna,
popularmente conhecido como Che.
O plano de invasão recebeu o nome de Movimento de 26 de julho, em
homenagem ao ataque ao Quartel de Moncada (26/07/1953).
A força guerrilheira foi treinada pelo coronel Alberto Bayo, o que lutou ao lado
dos republicanos na Guerra Civil Espanhola. A bordo de um velho iate, o Granma (hoje
nome do jornal oficial do governo cubano), os rebeldes partiram de Tuxpán, no México,
em 24 de novembro de 1956. Eram 82 guerrilheiros sob o comando de Fidel Castro. A
viagem foi cheia de dificuldades.
Assim que desembarcaram em terra firme, os rebeldes foram atacados pela força
aérea. Escondendo-se sob as árvores, no meio dos charcos, os guerrilheiros se
dispersaram. Dos 82 sobraram apenas 22, que se instalaram nas montanhas e florestas
de Sierra Maestra.
Em Sierra Maestra, nasceu o Exército Rebelde de Guerrilheiros, que obteve a
adesão dos guajiros (camponeses sem terra que levavam uma vida miserável).
O número de militantes do movimento aumentou tanto no campo quanto nas
cidades. Os guerrilheiros em ações espetaculares, fizeram com que o exercito de
Fulgêncio Batista sofresse derrotas vergonhosas. No inicio de 1958, a Rádio Rebelde foi
ao ar, podendo Fidel, com sua inflamada oratória , atingir o povo cubano.
No meado de 1958, as colunas guerrilheiras passaram à ofensiva. Nessa fase
destacaram-se os guerrilheiros, dentre eles Che Guevara. Em dezembro de 58, o ditador
Batista fugiu para a República Dominicana. Em janeiro de 59, os rebeldes controlavam
todo o país, e no dia 5 daquele mês Fidel entrou em Havana. Fidel tornou-se chefe do
exercito e primeiro-ministro.
Empresas nacionais e estrangeiras, indústrias de grande porte, foram
encampadas pelo governo. No campo se realizou reforma agrária.
Em termos de repressão, o governo promoveu o chamado paredón, que foi um
grande número de fuzilamentos após julgamentos sumários, contribuindo para afastar
inimigos internos e consolidar a revolução. Essa repressão fez com que alguns
simpatizantes do movimento se afastasse dele.
As relações com os EUA tornaram-se tensas; o presidente Eisenhower cortou a
quota de importação de açúcar. Fidel reagiu nacionalizando as companhias açucareiras,
telefônica e de eletricidade, juntamente com bancos norte-americanos. Diante disso os
EUA decretaram um bloqueio econômico contra Cuba.
Em 1961, os contrarrevolucionários cubanos que estavam refugiados nos EUA,
tentaram uma revanche. Segundo o jornal The New York Times, “os invasores foram
treinados, equipados e financiados pelos EUA, supervisionados diretamente pela CIA.”
Os contrarrevolucionários desembarcaram na Baía dos Porcos, porém a invasão foi um
fracasso total. Em torno de 80 invasores morreram, 1179 foram presos, um barco foi
afundado e cinco aviões derrubados.
Em abril de 61, Fidel decretava que Cuba a partir de então, seria um Estado
Socialista, adotando o marxismo-leninismo e se aproximando da URSS.
Em outubro de 1962, diante da descoberta de que mísseis soviéticos estavam
sendo instalados em Cuba, os EUA bloquearam a ilha e se prepararam para uma
invasão. Para evitar um conflito de consequências mais graves, a URSS retirou os
mísseis e o bloqueio foi cancelado.
Em virtude do estrangulamento econômico e diplomático imposto pelos EUA e
seus aliados, o governo cubano teve que se voltar para a URSS e a Europa Oriental.
O governo comunista erradicou o analfabetismo e melhorou o nível de vida de
grande parte da população.
Em meados da década de 80, Cuba era uma “ilha proibida”. Com a
redemocratização da maioria dos países da América Latina, a maioria dos paises reatou
relações diplomáticas com o regime de Fidel Castro, mas o impasse com os norte-
americanos continuou.
Com o fim da URSS e a derrocada do chamado “socialismo real”, acreditava-se
que o regime cubano iria sucumbir. Mas ele sobreviveu.
As análises sobre Cuba até a década de 80 foram marcadas por um viés
ideológico. Atualmente, as considerações são menos engajadas e mais criticas. Houve
progressos nas áreas sociais como saúde e educação. Por outro lado , erros e excessos
podem ser listados em bom numero, como a repressão. O boicote econômico norte-
americano revelou-se ineficaz, pois uniu a população cubana em defesa do regime. A
história ensina que há permanências e mudanças, e que ao longo desta houve várias
formas de organização social. Cuba mudará? Talvez. Em 2008 Fidel deixou o governo,
assumido por Raúl Castro. Cuba ainda se mantém comunista.
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PROF. FABIANO DE JESUS

LX
FINAIS DO SÉCULO XX – UMA ERA DE INCERTEZAS
É difícil enumerar os choques que afetaram a economia mundial desde 1973.
Matérias-primas e energéticas, moedas, bolsas, finanças públicas, ramos industriais,
investimentos, poupanças e consumo, todos sofreram perturbações importantes e
repetidas. O panorama geográfico não é de modo nenhum mais ameno: os países do
Leste estão em falência, o continente americano carrega o fardo de suas dívidas, a
China não consegue conciliar as imperativas contraditórias de crescimento e da
estabilidade financeira. A África acumula o máximo de fracassos e a Europa Ocidental
(única zona próspera além do Japão) tem grandes dificuldades em definir uma
identidade comum.
Em 1973, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), dominada
pelos árabes, os quais, estavam ressentidos com o apoio do Ocidente a Israel, embarga o
envio de petróleo a diversos países. Os preços do precioso líquido disparam, atingindo
drasticamente os países importadores dessa fonte de energia. Em diversos países
ocorreu a queda do Produto Interno Bruto. Na América Latina, especialmente no Brasil,
acelerou-se o processo de endividamento externo, bem como aumentou o desemprego e
a inflação.

Os EUA:
Com a renúncia de Nixon em 1974, devido ao escândalo Watergate, assumiu
Gerald Ford, que fez um governo fraco e apagado. Sua pressa em perdoar Nixon gerou
grande desconfiança, tanto que nas eleições de 1976, o vitorioso foi James Earl Carter
Jr., mais conhecido como Jimmy Carter.
Carter foi um presidente bem-intencionado, contudo, o contexto histórico era
difícil. A recessão provocou um grande aumento de desemprego. A inflação aumentava
sem parar. A crise econômica aliada ao fracasso da política externa (queda do xá Reza
Pahlevi no Irã, de Somoza na Nicarágua, e invasão soviética no Afeganistão) fizeram
com que Carter perdesse a reeleição presidencial de 1980.
O vitorioso foi Ronald Reagan, ex-ator de Hollywood, por duas vezes
governador da Califórnia, defensor de valores tradicionais e conservadores da sociedade
americana.
Com Reagan houve fortes tensões da Guerra Fria. Ele chamava a URSS de
“Império do Mal”. Houve aceleração da corrida armamentista, a invasão de Granada
(ilha caribenha invadida por esquerdistas), e o apoio a revolucionários que combatiam o
governo sandinista (aliado de Cuba) na Nicarágua.
No plano econômico, Reagan ergueu a bandeira da direita anti-new deal. Em
outras palavras, levou a frente com toda força a doutrina laissez-faire (não interferência
do Estado nas atividades econômicas dos cidadãos), propiciando o triunfo do
neoliberalismo.
A política econômica neoliberal, defendida por vários economistas, além dos
EUA de Ronald Reagan, também foi implantada no Reino Unido da primeira-ministra
Margareth Tatcher.
Eis algumas características da política econômica neoliberal:
- Pressão pela abertura de mercados, propiciando dessa forma a circulação
global de mercadorias e serviços;
- Redução ou extinção das taxas alfandegárias, defesa do livre comércio;
- Liberdade para a circulação de capitais;
- Incentivo às privatizações;
- Livre concorrência;
- Redução do intervencionismo estatal na economia.
O discurso é este, porém, na prática os países ricos gastam bilhões de dólares
subsidiando seus agricultores. Muitas vezes, elevam taxas alfandegárias para
beneficiarem suas indústrias.
De uma forma geral, Reagan foi bem sucedido, pois reelegeu-se em 1984 e
conseguiu fazer de seu vice-presidente George Bush, seu sucessor.
George Bush (1988-1992) obteve enormes êxitos na política externa (fim da
Guerra Fria e vitória na Guerra do Golfo), porém a crise econômica e a falta de carisma
o levaram à derrota nas eleições de 1992.
No inicio dos anos 90, o presidente eleito, William Jefferson Clinton, inaugurou
uma nova fase, pondo fim aos 12 anos de domínio republicano na Casa Branca. O novo
governo estimulou as exportações americanas, incentivou a queda da inflação, reduziu a
taxa de desemprego e intensificou a participação dos EUA na política econômica
neoliberal, obtendo êxitos na aprovação do Nafta e do Acordo Geral das Tarifas e
Comércio.
No final de seu segundo mandato, o presidente Bill Clinton deixou a economia
norte-americana equilibrada, a taxa de desemprego como a menor dos últimos trinta
anos e a política externa sem sofrer nenhuma contestação. Potência militar e econômica:
eis a posição privilegiada da nação mais rica do mundo.
Clinton não conseguiu eleger seu sucessor. Nas eleições do ano de 2000, o
vitorioso foi George W. Bush, do Partido Republicano. Venceu de maneira controversa,
inclusive sob a acusação de fraude. Porém, os atentados de 11 de setembro de 2001
deram-lhe força política pois provocaram uma onda nacionalista. Sua “cruzada” contra
o terrorismo o levou a invadir o Afeganistão e o Iraque. Seu governo caracteriza-se pelo
conservadorismo e problemas na economia. Mesmo com várias questões polêmicas
envolvendo seu governo, George Walker Bush reelegeu-se em 2004.

O fim da URSS:
Com a morte de Brejnev, em 1982, Yuri Andropov chegou ao poder, mas logo
faleceu. O mesmo ocorreu com seu sucessor Konstantin Tchernenko. E em 1985,
ocorreu a ascensão de Mikhail Gorbatchev. A abertura econômica (perestroika) e a
transparência de atitudes (glasnost) foram as normas que regeram o governo de
Gorbatchev. Muitos analisaram essas medidas como a derrota do socialismo, mas foram
um passo decisivo para o fim da Guerra Fria e o início do processo democrático tanto na
URSS quanto nos países pertencentes à “Cortina de Ferro”. Apesar do sucesso externo,
a economia foi de mal a pior. Nas Repúblicas Bálticas (Letônia , Estônia e Lituânia),
aumentaram os movimentos separatistas. Gorbatchev perdia o apoio popular.
As reformas econômicas de Gorbatchev fracassaram. A situação piorou ainda
mais. Ao que parece, os reformadores desejavam ter as vantagens do capitalismo sem
perder o socialismo.
Em março de 1991, um plebiscito confirmou, com 76% de votos, o desejo de
que fosse mantida a união do país, na forma de uma federação renovada de Repúblicas
soberanas, com direitos iguais. Em agosto de 1991, os burocratas deram um golpe
contra Gorbatchev. O golpe fracassou.
A KGB (polícia secreta) foi dissolvida. O Partido Comunista foi colocado na
ilegalidade.
O frustrado golpe de agosto abriu portas ao movimento de independência das
repúblicas que compunham a URSS. Gorbatchev, cada vez mais ofuscado por Boris
Ieltsin, tentava um tratado da união.
Sem o conhecimento de Gorbatchev, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielo-
Rússia (Belarus), reunidos na cidade de Brest, criaram a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI). Era o fim da URSS. No dia de natal de 1991, Gorbatchev
renunciou. A ex-URSS mergulhou no caos. A Rússia, a mais importantes das
repúblicas, continuou sendo governada por Boris Ieltsin (1991-1999).
A ilusão durou pouco, pois o “choque capitalista” provocou desemprego,
miséria, criminalidade e uma elevada corrupção.
Ao fechar o Parlamento usando a força dos canhões e ao afundar a Rússia na
inglória Guerra da Chechênia, o presidente Ieltsin mostrou quais estratégias políticas
aplicaria ao seu governo.
Em meio à corrupção e com o apoio da mídia, das potências capitalistas, dos
novos-ricos e de pessoas bem intencionadas que temiam a volta do socialismo, o
cambaleante Ieltsin reelegeu-se presidente da então República da Federação Russa.
Doente e sem apoio popular, ele não terminou o mandato, renunciando no último dia de
1999. Antes, porém, preparou um sucessor: Vladimir Putin. Jovem, com fama de durão
(fez carreira na KGB), Putin usou o conflito na Chechênia para se promover. Deu certo,
pois, no inicio do ano 2000, foi eleito presidente, ainda no primeiro turno. Na falta de
outra opção, pois a maioria não queria nem a volta do socialismo nem reformas
liberalizantes como as do inicio dos anos 90, Putin reelegeu-se em 2004. A Chechênia
ainda não foi totalmente pacificada, pois os terroristas continuam atuantes, perpetrando
diversos atentados.
Apesar do crescimento econômico, a velha Rússia assiste a queda do nível de
vida da maioria da população, ao aumento da criminalidade e a presença de vasta
corrupção.

O Leste Europeu:
Na Polônia, a transição foi pacífica. Em 1990, Lech Walesa foi eleito presidente
da República.
A crise econômica e social e o despreparo de Walesa fizeram com que os ex-
comunistas ganhassem as eleições parlamentares de 1993.
Em 1995, mesmo com o apoio da conservadora Igreja Católica, dos novos-ricos
e do Ocidente, Walesa foi derrotado pelo esquerdista Aleksander Kwasniewski.
Na Hungria, em fevereiro de 1989, foi abolido o sistema de partido único. As
reformas econômicas foram aceleradas.
Na Bulgária criaram-se o pluripartidarismo e a economia de mercado.
Na Romênia, a Revolução de 1989 executou o ditador Nicolau Ceaucescu e
dissolveu a Securitate (polícia secreta).
Na Albânia, o regime stalinista de Ramiz Alia não resistiu, e nas eleições de
1992, a oposição venceu.
Os países do Leste Europeu pouco a pouco estão entrando para a UE (União
Europeia), porém, a distância econômica e social entre eles e seus novos aliados é
enorme.

A Iugoslávia:
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia foi invadida pelos alemães,
italianos, búlgaros e húngaros. Josip Broz Tito foi o grande líder da resistência.
Ao fim da guerra a monarquia foi abolida. Tito transformou a Iugoslávia, após
vencer as eleições, numa República Socialista.
Formada por seis repúblicas autônomas , com direitos iguais, e duas regiões
(pertencentes à Sérvia), com autonomia relativa, a Federação Iugoslava abrigava um
autêntico mosaico de nacionalidades, línguas, culturas e religiões.
Tito conseguiu controlar os diversos grupos étnicos e religiosos. Adotou um
socialismo mais flexível; deu certa liberdade; propiciou um certo desenvolvimento
econômico e soube tirar proveito das rivalidades entre EUA e URSS.
Tito morreu em 1980. A economia , depois de um período de crescimento,
entrou em crise. Desemprego, inflação e endividamento externo passaram a fazer parte
do dia-a-dia do povo iugoslavo.
Em 25 de junho de 1991, os Parlamentos da Eslovênia e Croácia declararam
unilateralmente a independência. Estourou a guerra civil , com atrocidades terríveis de
todos os lados.
A antiga Iugoslávia hoje congrega os seguintes países: a Nova Iugoslávia (atual
Sérvia e Montenegro, Kosovo e Vojvodina), Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina e
Macedônia.
A queda do líder sérvio Slobodan Milosevic, após os bombardeios da OTAN,
possibilitou a democratização da Sérvia. Em 2006 um plebiscito aprovou a
independência de Montenegro. A questão de Kosovo ainda continua sem solução.

O fim do século XX:


As últimas décadas do século XX foram marcadas por crises e incertezas.
Cresceu as diferenças entre países ricos e pobres, as formas tradicionais de solucionar os
conflitos políticos dão sinais de desgaste, o liberalismo econômico é contestado, a
democracia representativa adotada de forma entusiástica logo após a queda do
comunismo provoca desencantos. Na periferia do capitalismo não são mais as teorias
socialistas que seduzem a juventude, mas o fundamentalismo religioso regado a um
nacionalismo anacrônico.
Na era da informática, o desemprego estrutural é uma ameaça visível, o trafico
de armas, de drogas , de órgãos humanos e de escravas sexuais convive com o avanço
na medicina, na agricultura e nos níveis de escolaridade. São tempos difíceis, mas ricos
em experiências, informações e o desejo de mudar.
PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA
PROF. FABIANO DE JESUS

LXI
A NOVA ORDEM MUNDIAL DA GLOBALIZAÇÃO

Obs.: Globalizadas são as empresas e alguns aspectos da cultura, mas não toda a
cultura.

Os anos que fecharam o milênio foram vividos em meio a um turbilhão de


transformações que ainda estão em movimento. Um dos seus traços mais importantes e
marcantes foi a aceleração do processo de globalização.
As origens destas transformações estão nos anos de 1960 e 70, em que já se
formava uma sociedade fortemente tecnológica, urbanizada e de consumo, com
distintos agentes e movimentos sociais. Na segunda metade dos anos 70, a isso juntou-
se a crise econômica mundial e o consequente enfraquecimento do Estado. As formas
de superação da crise e a cristalização das mudanças sociais gerais no decorrer dos anos
80 abriram caminho para a construção dessa nova sociedade.

A era da globalização
Entendido como o estabelecimento de relações econômicas, políticas e culturais
em escala planetária, o processo de globalização se iniciou no século XVI com as
grandes navegações europeias. Esse processo colocou todo o planeta em relativo
contato. Outro grande passo foi dado no século XIX com a Revolução Industrial e o
Imperialismo. No final do século XX outra etapa desse processo ocorreu: a aceleração
do fluxo global de produção, mercadorias e capitais. Isso gerou o que definimos
globalização. Esse novo quadro produziu uma mudança profunda no contexto
econômico mundial, que se tornou interdependente, passando a funcionar como uma
imensa rede planetária.

Economia em rede
Entre os anos 70 e 80 houve liberalização dos controles cambiais para que se
gerassem novos fluxos de capitais à procura de melhores oportunidades no mercado
internacional. Multinacionais fortaleceram suas políticas de reverter seus capitais e
implantar parques produtivos em outros países, em busca de mão-de-obra barata e
outros benefícios. Isso foi facilitado pelas novas tecnologias de comunicações e
transportes, pois possibilitava a transferência de dinheiro, além da rápida transferência e
comercialização de mercadorias para qualquer parte do mundo.
As empresas procuravam negociar diretamente com os governos dos países
interessados em seus investimentos, impondo suas necessidades e condições para a
instalação de suas indústrias. As empresas exigiam a liberalização dos mercados locais
para que seu comércio fosse sem restrições. Muitas empresas para poder operar dentro
desta nova lógica, se reuniram em grandes conglomerados.
Para o pleno funcionamento desta rede econômica internacional, era necessário
garantir o crescimento da produção e atender aos fluxos constantes de mercadorias a
nível mundial. Foram determinantes as transformações tecnológicas como: novas fontes
de energia (solar, eólica, nuclear etc), novas técnicas de fabricação de produtos e
transportes, produtos sintéticos, microeletrônica e informática, automação e robótica.
Todo esse processo trouxe crescimento econômico, que elevou a produção
mundial de maneira geral.

Novas tecnologias e cultura global


As transformações tecnológicas não só possibilitaram crescimento econômico,
mas também promoveram transformações sociais e culturais em direção à implantação
da imensa rede global.
O desenvolvimento dos chips, microchips e microprocessadores desencadearam
novas mudanças na década de 80, principalmente na informática com a criação das
redes de computadores, o desenvolvimento dos PCs e da linguagem interativa baseada
em ícones, além de programas que simplificaram e ampliaram o uso dos computadores.
Houve então uma rápida importância comercial deste setor, o que promoveu também o
rápido crescimento das empresas de informática, como a IBM e a Microsoft. Surgiram
os modems, as comunidades interligadas que promoviam e facilitavam as trocas de
informações e a criação de comunidades virtuais ligadas em rede de computadores. A
tecnologia do PC, modem e linha telefônica logo conseguiu permissão de
funcionamento nos EUA e se popularizou primeiro neste país, para depois se difundir
no resto do mundo. Esse sistema foi denominado Internet.
Na década de 90 os aparelhos e redes passaram a permitir transmissão de
imagens e sons para uso comercial, surgindo então a rede mundial WWW, que interliga
várias redes mundiais e inúmeras sub-redes. No fim do milênio surgiu a multimídia, um
sistema de comunicação eletrônica. Inicialmente usada apenas para entretenimento, logo
se difundiu para o uso de empresas e bancos para transações comerciais e financeiras.
O desenvolvimento de outras tecnologias como: fibra ótica, laser, CDs, telefones
celulares, novas tecnologias de transmissão via-satélite etc, permitiram a criação e
desenvolvimento de uma grande rede planetária de comunicação com um fluxo
constante de informações. Essa rede promoveu contato cultural global e democratizou
uma quantidade imensa de informações, gerando também um possível processo de
homogeneização cultural.

Crises do final do século XX


O crescimento econômico da década de 90 não impediu o desenvolvimento de
crises na economia mundial. Em um sistema globalizado e interligado, uma simples
desestabilização regional pode tomar dimensões mais amplas, atingindo inúmeros
países. O capital financeiro atual não cria vínculos com o país em que está investindo, e
ao menor sinal de instabilidade, se retira rapidamente, gerando evasão de divisas e crise,
cujos desdobramentos podem ser: retraimento dos investimentos, falência de empresas,
desvalorização monetária, desemprego etc.
A primeira crise com estas características ocorreu no México em 1994, e foi
chamada Efeito Tequila. Seus efeitos, no entanto, limitaram-se à América Latina. Em
97 ocorreu a grande crise nos Tigres Asiáticos e no Japão, que gerou profundas
repercussões internacionais, atingindo a Bolsa de Nova Iorque e a economia de diversos
países. Em 98 surgiu um colapso na economia russa que atingiram de novo o mercado
mundial.
Crises regionais, desde então, passaram a chamar a atenção da comunidade
econômica mundial, pois seus desdobramentos se tornaram globais. Como forma de
evitar a frequência delas, os países mais ricos, por meio do FMI, procuram agora
antecipá-las ou circunscrevê-las como fenômeno local. Alguns setores começaram a
pensar também em criar instituições internacionais para controlar melhor os capitais.
Essas crises internacionais e as conseqüentes políticas internacionais passaram a
desacelerar a economia.

Impactos socioambientais
A Era da Globalização desencadeou um processo inigualável de concentração de
riquezas: os países capitalistas mais ricos acumularam boa parte da riqueza mundial em
prejuízo dos menos desenvolvidos. Esse processo acentuou a distância econômica entre
países ricos e pobres. Na década de 90 as disparidades de desenvolvimento entre
continentes, países e regiões agravaram-se. Os movimentos migratórios de países
pobres para os ricos dão a dimensão dessas disparidades.
Essa lógica de concentração também se reproduz internamente nos países, onde
regiões, setores e classes mais ricas acumulam a maior parte das riquezas em detrimento
de regiões, setores e classes médias e pobres, provocando uma radicalização
socioeconômica.
As transformações estruturais do mundo do trabalho industrial tradicional e a
expansão do setor de serviços resultaram no crescimento generalizado do desemprego.
Mesmo as economias mais ricas não conseguiram repor os empregos perdidos e
começaram a defender a flexibilização dos contratos de trabalho, a diminuição da carga
horária de trabalho etc. O desmonte previdenciário do Estado agravou a exclusão
social, pois as políticas de proteção social tornaram-se mais limitadas, deixando o
cidadão mais desprotegido. Isso gerou aumento da desigualdade social e da pobreza,
dos desempregados, dos sem teto, sem terras, imigrantes ilegais, mendigos etc, mesmo
nas sociedades consideradas mais ricas.
A aceleração do modus vivendi urbano e industrial, e o emprego de novas
tecnologias provocou um impacto brutal no meio ambiente. Tragédias ecológicas se
multiplicaram pelo planeta depois das décadas de 50 e 60. Esses acontecimentos
despertaram a preocupação com o meio ambiente e geraram inúmeros movimentos
como ONGs, encontros promovidos pela ONU, a assinatura de protocolos e convenções
internacionais (como o Tratado de Kyoto), discussões sobre desenvolvimento
sustentável etc.
Dos últimos anos do século XX para cá, expandiu-se e consolidou-se o modo de
vida fundado no consumo das massas. Criticada desde a década de 60, a sociedade de
consumo foi potencializada pelo crescimento da produção, pelo fim das barreiras
comerciais, e pelos meios de comunicação, informação e difusão, que permitiram que as
mercadorias invadissem o cotidiano das pessoas apresentando novidades de maneira
permanente e rápida.

Crise do Estado
A formação de um mercado e de uma cultura, ou pelo menos uma base cultural,
internacional, fez com que o Estado Moderno perdesse importância política e
econômica. O enfraquecimento do Estado começou na segunda metade da década de 70,
com a crise econômica mundial e com o insucesso de alguns governos reguladores
social-democratas da Europa. Nesse contexto, surgiram ideias que questionavam as
limitações impostas à economia por parte do Estado e defendiam maior autonomia para
o setor econômico privado. Esse conjunto de ideias inspiravam-se no liberalismo
clássico, e foram por isso chamadas de neoliberalismo. Elas defendiam a necessidade de
abertura econômica por meio da liberalização financeira e comercial, a eliminação das
barreiras comerciais os investimentos estrangeiros, assim como o enxugamento do
Estado nas políticas sociais e previdenciárias, políticas baseadas em privatizações e
desregulamentações financeiras.
Nos anos 80 essas formulações chegaram ao poder por meio dos governos de
Ronald Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (RU), que defendiam um Estado mínimo e
que realizaram um verdadeiro desmonte do Estado previdenciário. Rapidamente essas
políticas tornaram-se hegemônicas. Um desdobramento desta política na América
Latina foi o estabelecimento do Consenso de Washington que defendia o ajuste
econômico dos países em desenvolvimento com essas diretrizes.

Retorno do nacionalismo
Apesar da tendência irrefreável à globalização, da eliminação das fronteiras
econômicas nacionais e da consequente crise do Estado, contraditoriamente, a partir do
final do século XX, houve um reaparecimento de lutas e ideias nacionalistas de diversas
características, o que fez surgiu antigas questões ou gerou novas demandas nacionais.
O fim da URSS e da Iugoslávia desencadeou o surgimento de vários países
novos na Europa e Ásia Central. Na Índia, os conflitos têm configurações semelhantes,
misturando disputas de fronteiras, confrontos étnicos, religiosos e culturais. No Oriente
Médio, as tendências nacionalistas cada vez mais se fortalecem e se misturam com a
religião. Na Europa Ocidental, fortes sentimentos nacionalistas estão vivos e ganhando
repercussão eleitoral.

Nova ordem mundial


No fim do século XX desapareceu a ordem política e internacional criada após a
Segunda Guerra Mundial, que foi marcada pela bipolaridade da Guerra Fria. Encerrou-
se um influente modelo de organização social e caíram por terra referências teóricas e
de ação que deram sentido a centenas de movimentos sociais e políticos.
O cenário da bipolarização cedeu lugar a uma ordem internacional que aponta
para diversas direções, desde o desenvolvimento do nacionalismo ao fundamentalismo
político e religioso. Também movimentos ambientalistas, em defesa dos direitos
humanos, várias ONGs cresceram e alcançaram destaque internacional.
O desenvolvimento do capitalismo no final do século XX fez emergir novos
polos de poder político e econômico, como o Japão, a China e a Rússia, assim como
blocos e acordos econômicos regionais.
Em oposição a esse mundo multipolarizado, situa-se a postura unilateral e
hegemônica dos EUA, revelada nas diversas intervenções efetuadas nas regiões de
tensão regional (principalmente no Oriente Médio), e no menosprezo do governo
estadunidense dispensou às decisões de organismos internacionais, como por exemplo,
o Protocolo de Kyoto).
O terrorismo internacional mostrou sua capacidade de ação e organização desde
o final dos anos 90 tornando-se um dos problemas centrais na ordem internacional. Ao
lado do terrorismo, há também o narcotráfico internacional e o crime organizado. Todos
eles se aproveitam da globalização para empreender suas ações criminosas. A
globalização também facilitou o contrabando de armas, a lavagem de dinheiro, as
transferências de dinheiro para paraísos fiscais, as ligações entre grupos mafiosos de
países diversos, os movimentos de guerrilhas etc. Algumas guerrilhas de esquerda, sem
ter como conseguir financiamento agora que não há mais bipolarização, relacionam-se
com o tráfico de armas e drogas ou outros grupos do crime organizado direta ou
indiretamente.
A nova ordem internacional ainda passa por transformações que dependem das
mudanças ocorridas na sociedade globalizada, essa ordem ainda não possui uma
identidade clara.

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