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MITHRA – UMA TRISTE HISTÓRIA 

Por Carlos Afonso dos Santos 

Em 1858 em um urgente e necessário processo de recuperação estrutural da Basílica de San Clemente, em 
Roma, encontrou‐se, sob esta, a antiga Igreja dedicada a um dos papas da pré‐igreja romana, Clemente I. 
Encontraram‐se amplas salas com uma série de afrescos, expostos até os dias atuais. 

Com a continuidade das escavações descobriram que as estruturas (o sistema construtivo estabelecem paredes 
por peso próprio) da Basílica apoiavam‐se sobre a antiga igreja que presumiam ter sido construído aos anos 
400 da Era Comum. 

Para surpresa geral, sob as estruturas desta segunda igreja cristã antiga, encontram‐se outras estruturas 
desconhecidas e totalmente impossibilitadas de se explorar. E assim, novamente ficaram “protegidas” por mais 
um longo tempo. Estas outras estruturas estavam “submersas” pelo desvio de um pequeno riacho e 
“preenchidas” com entulhos das mais diversas formas. 

Nos inícios do século passado (1904 a 1910), uma equipe de arqueólogos do governo italiano, estabeleceu uma 
nova intervenção para se “descobrir” o que realmente se encontrava nos subsolos de San Clemente. Com 
técnicas mais modernas de recuperação estrutural, iniciaram a drenagem da área e o desentulho nesta 
construção mais inferior à segunda igreja. 

Nos registros históricos levantou‐se que a propriedade era da família Tito Flávio Clemente, um importante 
senador romano do Império. Sua história, bem como de sua descendência, é de grandes contradições e 
lamentáveis fatos de horrores e sofrimentos. 

As escavações arqueológicas tomaram a necessária força e vigor. Encontraram, sob a Basílica de San Clemente, 
a mais de 20 metros de profundidade, uma residência romana construída pelos anos 100 a 150 da Era Comum. 
Era ampla, bem compartimentada, e em como em várias residências romanas da época, havia um Templo 
Mitraico. O Templo à MITHRA, como todos os outros Templos Mitraicos que são encontrados pela área onde o 
Império Romano manteve suas fronteiras, tem suas dimensões reduzidas, porém, suficientemente confortável 
para 30 a 40 pessoas. 

Não há registros históricos da forma como eram praticados os rituais dentro dos templos. Apenas fragmentos e 
deduções lógicas a partir de diversas estátuas, afrescos, mosaicos, relevos e outras evidências, permitem 
estabelecer uma pequena ideia sobre a prática dos rituais. Muitos pesquisadores e sociedades esotéricas e 
com princípios exotéricos, tem importantes informações a respeito dos objetivos e formas de desenvolvimento 
do conhecimento dentro da Doutrina de MITHRA. 

Retornando ao Mithreo em questão. O Templo à MITHRA hoje, protegido pela UNESCO, e sob “proteção” da 
Igreja Católica Apostólica Romana, está bem conservado. As visitas aos subsolos são controladas por câmeras 
de vigilância e dispositivos eletrônicos de última geração. Fotografar ou filmar é inexplicavelmente proibido, 
sujeito a multas aos “transgressores” da regra. Ao se “aproximar por demais” das celas em barras metálicas 
que isolam o Mithreo do corredor de acesso, uma sirene de alta frequência disparara, alertando ao 
“transgressor” para, assim, se afastar. 

Estivemos neste Mithreo em novembro de 2010. Localiza‐se próximo ao Coliseu, na Via Labicana, número 95; é 
a avenida que passa por um dos lados do monumental, oposto ao Capitólio. Aos que se interessarem e 
estiverem usando o Metro, desçam na Estação Colosseo (em frente ao Coliseu) e caminhem por 5 a 10 
minutos. Embora o endereço seja a Via Labicana, a entrada é pela Piazza de San Clemente.
Caminhando pela Via Labicana, sentido oposto ao Coliseu, entramos à direita na Piaza di San Clemente. A 
entrada da Basílica é à direita, no centro da quadra. 

Quem olha por fora nada percebe de especial. 

Ao passar pelo portão da rua, entramos num pátio interno.
Onde vemos a porta principal de entrada à Basílica. A partir daquela porta não é mais permitido fotografar e 
não permitem que conversemos. 

Interior da Basílica ao passar pelo portão proibitivo (foto da Internet). Há uma rica decoração em pinturas à 
base de ouro e um luxo incomparável!
A entrada para as “escavações” é pelo lado direito (ver seta vermelha). Onde temos uma bilheteria que vende 
os ingressos à € 5,00 por pessoa para acesso às “escavações”. 

Com os bilhetes acessamos as escadas para os subsolos. 

Entrando pela porta de segurança, após a bilheteria, descemos diversas escadas, bem sinalizadas e iluminadas, 
num ambiente sombrio, e um mergulho dentro dos séculos.
Segue‐se, depois, por amplos salões que compunham a antiga igreja do século V. 

Onde a iluminação tênue reforça a sensação do mergulho no passado. 

Vemos o altar da antiga igreja totalmente restaurado.
E os antigos afrescos “estampados” nas paredes da antiga igreja. 

Sendo este o afresco que “retrata” o dedicado personagem a quem a igreja prestigia.
E mais afrescos ...
E objetos encontrados nas escavações da dita igreja. 

E, em um dos cantos das escavações, encontra‐se a antiga escada de acesso a mais um nível inferior. O acesso 
ao subsolo da antiga residência romana. Lembrar que as antigas residências romanas, além dos pavimentos 
térreos e superiores, possuíam subsolo, onde se localizavam as dependências dos servos (os ditos escravos da 
época, que era uma classe social assim organizada e não flagelada) e as instalações sanitárias (banheiros). 
Nestes subsolos, de forma independente, também, se localizam os Templos Mitraicos, ou Mithreos.
Impressiona o volume de água que “alagava” este subsolo e agora, devidamente, desviado permitindo a 
entrada neste subsolo. 

Todas estas fotos foram retiradas da Internet, visto ser proibido, como já mencionado, fotografar ou filmar 


dentro das escavações. 

As fotos a seguir são as (fotos) oficiais que são vendidas pela administração da atual basílica, na forma de 
cartões postais. Cada uma em torno de € 2,00. Nós a adquirimos e digitalizamos, conforme abaixo.
Este é o interior do Templo. Vemos ao fundo a estátua de Mithra nascendo da “virgem” (há detalhe mais 
adiante) dentro da caverna modesta. 

Em plano maior o altar com a simbologia da “tauroctonia”. Em ambos os lados os “assentos” onde os “irmãos” 
(termo utilizado pelos seguidores da Doutrina Persa) recebiam e praticavam as informações e conhecimentos 
acerca do Mitraismo. Neste mesmo local eram realizadas, após cada sessão mithraica, ágapes de 
encerramento, onde honravam o pão e o vinho, sagrados, em comunhão com Mithra. 

O teto do Templo, em sua originalidade, era pintado de azul escuro profundo, inseridas as estrelas e os astros 
conhecidos. Sob os “assentos”, em seu paramento vertical, eram representadas as doze constelações, 
denominadas de “apostolares”. Eram as constelações que seguiam o Sol por sua jornada trazendo o 
conhecimento para os humanos. 

Destacam‐se na abóbada os 7 astros conhecidos da Antiguidade: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e 
Saturno, que representavam os Arcanjos Zaraquiel, Tsafiel, Ouriel, Rafael, Gabriel, Hamaliel e Micael (ou 
Miguel). Abaixo de suas posições destacadas na abóbada existiam “lâmpadas”, a óleo, com vidros coloridos 
iluminados, tendo cada uma delas uma cor para cada Arcanjo: 1: amarelo‐dourado; 2: branco‐prateado; 3: 
vermelho; 4: azul; 5: violeta ou púrpura (lilás‐arroxeada); 6: verde (um tom amarelo‐pálido fluorescente); e, 7: 
negro transparente (luz tênue); que emitiam fachos de luzes místicas no ambiente.
Andando pelo corredor deste subsolo, também atrás de grades e sistemas de segurança, encontramos um 
ambiente com a “plaquinha” Escola Mithraica. Neste espaço eram realizadas interações com a comunidade, 
visto que o Mitraismo era fechado ao público em seus conhecimentos, apenas os iniciados (homens e indicados 
por seus membros) tinham acesso aos seus conhecimentos. Neste espaço eram proferidos os diálogos e 
ensinamentos ao público em geral e onde se realizam as celebrações públicas, como casamentos.
Detalhe de um dos lados do altar principal.
Detalhe frontal do altar principal.
Ante‐câmara da entrada do Templo (espécie de uma sala de espera ou quem sabe até P\P\).
Mais um detalhe da ante‐câmara.
Estátua do nascimento de Mithra pela virgem.
Outro detalhe do altar principal, no caso um dos dois dadóforos.
Quando estivemos vivenciando estes ambientes, uma boa parte do grupo foi acometida por mal‐estares, com 
choros e tonturas, sensibilizados pelos impulsos de dor e sofrimento impregnados no ambiente. Mesmo assim 
o grupo permaneceu no local até que o equilíbrio emocional retornasse. 

O fato descrito, acima, levou‐nos a pesquisar o que de tão grave acontecera naquele local. 

Em linhas gerais, por acesso de memórias ancestrais de alguns dos envolvidos, temos o seguinte relato: 

O grupo estava reunido discutindo de que forma conseguiriam continuar com a prática do Mitraismo, ora 
proibido pelo poder imperial. Estavam presentes as esposas e filhos dos participantes daquele Templo. 

Há certo momento um grupo de soldados liderado por um inspetor (termo mais adequado) ordena que se 
abram as portas para que todos os objetos do Templo fossem removidos, conforme ordens do imperador. 

O dono da casa consulta o grupo e resolve não ceder às ordens. 

As portas de acesso ao subsolo da casa são obstruídas, então, pelos soldados usando pranchas de madeira em 
forma de contrafortes, confinando todos os que estavam ali em reunião. 

O andar superior da casa fora saqueado em seus valores e objetos mais importantes e depois incendiada ao 
alvoroço de uma turba que se juntava na rua. 

O incêndio não atingira o subsolo, porém a obstrução dos acessos permanecia e agravado com os entulhos que 
caíram com o incêndio. O ar era pesado. As poucas passagens de ar traziam mais fumaça do que ar respirável. 

Ouve‐se uma batida em um dos acessos. Voltara o inspetor, com ordens do imperador, para que os 
sobreviventes se entregassem para julgamento de traição. 

O grupo não fraquejava e mantinha‐se fiel ao ideal. 

O “inspetor” estabelecia que até o amanhecer o dia seguinte todos deveriam se apresentar sob pena de decisão 
mais grave. O grupo não vendo saída íntegra permaneceu. 

Ao raiar do dia ouve‐se novamente a turba alvoraçada na rua. 

Escutam‐se sons de ferramentas escavando o solo nas proximidades. Estavam executando uma vala contínua, 
que traria água de um pequeno riacho para o local da casa destruída. Estavam para alagar o subsolo. 

O subsolo da morada foi totalmente preenchido com água e todos os presentes, sem exceção, sucumbiram por 
afogamento. 

Após 3 dias do acontecido, por ordem do poder, foram abertas as portas do subsolo e retirados os cadáveres. A 
propriedade foi declarada pertencente ao império e depois doada à religião oficial do império para que nela se 
construísse uma igreja. E assim aconteceu. 

Estes fatos não podem ser comprovados documentalmente. Trata‐se de arquivos de registros ancestrais 


recebidos dentro do grupo que esteve presente. O fato histórico que corrobora com o descrito é o momento 
da oficialização da igreja romana no império no final do século IX da Era Comum.

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