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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES JURIDICAS

YANNE MENEZES OLIVEIRA

OS TRÊS GRANDES SISTEMAS JURÍDICOS


Sistema Romano-Germânico
Common Law
Sistema Socialista

PELOTAS
2011
YANNE MENEZES OLIVEIRA

OS TRÊS GRANDES SISTEMAS JURÍDICOS


Sistema Romano-Germânico
Common Law
Sistema Socialista

Trabalho acadêmico apresentado à


disciplina de História das Instituições
Jurídicas do curso de graduação em
Direito da Universidade Federal de
Pelotas com o objetivo de obtenção de
nota na referida disciplina.

PELOTAS
2011
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4
2 SISTEMA ROMANO-GERMÂNICO 5
2.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO 5
2.2 EXPANSÃO 6
2.3 CARACTERÍSTICAS 6
2.4 FONTES 7
2.5 ORDENAMENTOS JURÍRIDICOS 9
3 COMMON LAW 10
3.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO 10
3.2 EXPANSÃO 11
3.3 CARACTERÍSTICAS 11
3.4 EQUITY 12
3.5 FONTES 13
4 SISTEMA SOCIALISTA 14
4.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO 14
4.1.1 A DOUTRINA MARXISTA 14
4.1.2 A DOUTRINA MARXISTA-LENINISTA 15
4.1.3 BOLCHEVIQUES E MENCHEVIQUES 15
4.1.4 ESTADO SOCIALISTA E A PASSAGEM PARA O COMUNISMO 15
4.1.5 FIM DA URSS 16
4.2 EXPANSÃO 17
4.3 CARACTERÍSTICAS 17
5 CONCLUSÃO 18
6 BIBLIOGRAFIA 19
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo tratar dos três grandes sistemas jurídicos
existentes atualmente.
Não existem somente três sistemas, entretanto os mais conhecidos são o
sistema romano-germânico, o common law e o sistema socialista. Antes de falar
sobre estes sistemas, deve-se primeiramente saber o que é um sistema jurídico.
Um sistema jurídico são conjuntos de regras, órgãos, doutrinas, ensinamentos
leis, normas e costumes que descrevem, organizam, e modificam nosso
ordenamento jurídico. Cada sistema jurídico tem sua base em um tipo de direito. Por
exemplo, o sistema romano-germânico é baseado no direito romano; o common law
é baseado no direito inglês; e o sistema socialista é baseado nas ideias marxistas de
que a sociedade ideal é uma sociedade que vive harmonicamente e em paz sem o
Estado e sem o direito.
O sistema romano-germânico e o common law são os sistemas que ocupam a
maior parte do mundo. O sistema socialista foi forte somente até o fim da URSS, que
se desfez e tornou-se capitalista. Atualmente, Cuba é o representante mais forte do
socialismo, e por isso sofre graves problemas econômicos.
Além destes três sistemas, que foram os mais disseminados, há também os
direitos mulçumano, hindu, israelita, etc., que são fortemente ligados à religião, não
havendo uma distinção certa do que é direito e do que é religião.
Ao longo deste trabalho, serão detalhadas as características de cada um
destes três grandes sistemas, incluindo como se originaram, desenvolveram e
expandiram e suas fontes.
Sistema Romano-Germânico

• Origem e desenvolvimento

O Direito Romano teve origem quando foi fundada Roma, em meados de 754
A.C., e permaneceu até a morte do Imperador Justiniano, em 565 D.C. São,
portanto, cerca de treze séculos de evolução. É até hoje o mais estudado porque foi
o mais completo e sistemático e, com o passar do tempo, se tornou um vasto campo
de observação do direito. (José Cretella Júnior)
Antes da Lei das XII Tábuas, o direito era aplicado apenas aos cidadãos
romanos e era intimamente ligado à religião, pois possuía características como
formalismo, prática ritualística, simbolismo e conservadorismo.
A Lei das XII Tábuas data de meados do século V A.C. e foi o primeiro texto
legal a ser publicado. Foi proposto no tribunal da plebe que o direito (as leis) fosse
escrito para que não fosse aplicado sem distinção e “abuso” pelos patrícios. Os
plebeus lutaram por oito anos para que os patrícios aceitassem essa ideia e
criassem tais tábuas, com leis baseadas nas leis gregas de Sólon.
Em 476 D.C. as invasões bárbaras causaram a queda do Império Romano do
Ocidente, e o direito romano foi fundido com o direito comum, costumeiro, que era o
direito dos bárbaros, dando origem às leis romano-bárbaras. Entretanto, apesar de
não ser estudado e nem muito conhecido, o direito romano continuou a subexistir no
Império Romano do Oriente (Império Bizantino), a partir do século VI, com a
publicação do Corpus Juris Civilis do imperador Justiniano. Esta publicação não era
nada mais que uma síntese do direito romano desde a Lei das XII Tábuas até a
queda do Império Romano.
No século XI, juristas italianos ”descobriram” o Corpus Juris Civilis e a partir
de então se passou a fazer um estudo sistemático do direito romano. Surgiram
diversas universidades em várias partes da Europa, sendo a pioneira de Bolonha a
que mais exerceu influência no aparecimento de outras universidades. Esse estudo,
entretanto, era puramente histórico, não tinha força de lei nem aplicação prática e,
portanto, não constituía de fato um sistema jurídico. Os direitos positivos de cada
território (direitos locais, com força de lei) começam a ser estudados nas
universidades somente no século XVIII, com grande influência do direito romano.
O surgimento de um sistema romanista propriamente dito acontece no século
XIII, durante a época do Renascimento, quando o sistema feudal entra em declínio e
abandona-se a ideia de que a ordem só é garantida dentro do ideal cristão. O direito
romano foi visto como a única forma de manter a ordem e a segurança para o
desenvolvimento social, e então o sistema romano-germânico difundiu-se e unificou
juridicamente a Europa continental.
Atualmente, o direito romano não é aplicado em nenhuma jurisdição, mas seu
estudo é indispensável aos estudantes de direito de países de base romanista. A
razão disto consiste em que nenhuma outra legislação se equipara ao direito romano
como instrumento de educação jurídica, pois ele é o mais adequado para fazer
compreender o fenômeno do direito e para formar hábitos de raciocínio, necessários
ao estudo de qualquer parte da ciência jurídica.

• Expansão

Através dos descobrimentos e colonizações de outros territórios possibilitadas


pelas grandes navegações do século XVI, principalmente por Portugal e Espanha, o
direito romano e o sistema jurídico de base romanista foram levados para outros
continentes, como América do Sul e África. Quando estes territórios adquiriram sua
independência, muitos deles mantiveram como base jurídica o direito romano.
Além disso, alguns países, mesmo não colonizados por outros cujo sistema é
romanista, adotaram este sistema. Um exemplo disto é o Japão, que adotou por
imitação o sistema romano-germânico.

• Características

A lei é a fonte mais importante do sistema romano-germânico. Os direitos de


tradição romano-germânica são organizados em códigos; é típico deste sistema o
caráter escrito do direito. As normas jurídicas são gerais e, portanto, aplicadas por
juízes em casos concretos. Percebe-se então, imediatamente, a diferença entre este
sistema e o sistema common law (anglo-saxão), cujos julgamentos de casos
concretos baseiam-se na jurisprudência, isto é, em decisões judiciais anteriores.
• Fontes

São cinco as fontes do sistema romano-germânico atualmente: a lei, o


costume, a jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais.

a. A lei
É a fonte mais importante e não pode ser desrespeitada. Tal acontecimento
acarreta uma punição ou multa a quem a desrespeita. A lei não provém da vontade
do governante apenas; ela é inicialmente proposta e votada por parlamentos, e a
vontade da maioria é que determina se a proposta de lei se tornará ou não uma lei
oficial.

b. O costume
Apesar de a lei codificada ser mais extensa, o costume assume um papel
importante na formação do direito.
Um costume provém de acontecimentos sociais (diferentemente da lei), que
têm como base os valores morais e éticos da sociedade. É valido quando acontece
repetidas vezes, criando a ideia (hábito) de que em determinada situação deve-se
agir de determinada maneira. As pessoas devem entender os costumes como
oficiais e considerá-los verdadeiras normas jurídicas, para que sintam que têm o
dever obrigatório de respeitá-lo.

c. A jurisprudência
Os juízes têm a liberdade de interpretar as leis e, desta forma, geram
jurisprudência, mas sem afetar a principal fonte (a lei). A jurisprudência se tornou
mais importante devido aos Tribunais quererem uniformizar suas decisões judiciais,
isto é, casos semelhantes podem ter soluções semelhantes, se houver precedentes.
Entretanto, isso não significa que os juízes são obrigados a seguir decisões judiciais
anteriores para solucionar um caso semelhante; pelo contrário, eles têm a faculdade
de seguir ou não a jurisprudência.
d. A doutrina
São estudos realizados por diversos juristas, com o objetivo de entender e
explicar temas relacionados ao direito, incluindo a correta interpretação de normas,
para que o haja uma compreensão geral do que é e de como funciona o mundo
jurídico.
Para que seja possível que um jurista faça críticas e crie novos conceitos, é
necessário que este possua um vasto conhecimento do campo do direito e não
tenha em sua mente preceitos e pressupostos em relação ao assunto, pois somente
assim é possível que crie algo novo.
Esta fonte é de fundamental importância pois influencia indiretamente a
criação de novas leis e julgamentos.

e. Os princípios gerais
Na situação de um caso não poder ser solucionado através da lei, do costume
e nem da jurisprudência, o juiz deve recorrer aos princípios gerais do direito.
Estes princípios são tidos como fontes porque se relacionam com a moral e a
ética e, portanto, exigem uma decisão objetiva das autoridades judiciais. Os
princípios gerais, porém, devem ser aplicados com prudência pelas autoridades,
tendo efetiva relação com o caso que está servindo.
• Ordenamentos Jurídicos

Num sistema normativo, as regras e os princípios são chamados de normas


jurídicas. Estas normas se relacionam entre si em graus de hierarquia, e estes graus
são chamados de ordenamentos jurídicos. Sua finalidade é buscar por harmonia e
paz social, e é possível a criação de novas normas, por meio do legislador, para
proteger interesses juridicamente importantes. A relação de superioridade do
ordenamento jurídico brasileiro é como mostra a imagem abaixo:

Partes integrantes do
ordenamento jurídico brasileiro e
sua relação de superioridade.
Fonte: http://www.google.com.br
Sistema Common Law

Este sistema jurídico foi formado no século XII, na Inglaterra, pelas decisões
jurídicas reais. Porém, este sistema começou a ser “esboçado” no século XI, em
1066, com a invasão do duque de Normandia, Guilherme, às terras inglesas.

• Origem e desenvolvimento

A Inglaterra fez parte do Império Romano do século I ao V, mas a


romanização não foi muito extensa e não deixou vestígios nas suas instituições
jurídicas posteriores. A partir do século VI, em consequência das invasões anglo-
saxônicas, redigiram-se na Inglaterra as leis bárbaras, textos de direito
consuetudinário, isto é, direito costumeiro. Até o século XII o costume foi a única
fonte de direito na Inglaterra.
Em 1066, Guilherme, duque de Normandia, invadiu e conquistou a Inglaterra,
importando então o sistema feudalista para lá, mas manteve quase íntegros os
costumes anglo-saxônicos. Nesta época, os costumes eram diversos e podiam ser
divididos em: costumes locais anglo-saxônicos; costumes das cidades nascentes; e
costumes dos mercadores. Estes costumes eram aplicados em assembleias de
homens livres, para resolver possíveis conflitos entre eles. Entretanto, devido a
grande diversidade de costumes locais, às vezes se fazia necessária a intervenção
do rei para a solução destes conflitos, o que acabou por unificar o direito, tornando-o
common Law, isto é, um direito “comum” a todas as localidades. O common Law se
diferenciava do direito costumeiro pois tinha como base a jurisprudência, processos
anteriores, e não o direito comum de cada povo ou tribo, por estes serem muito
particularizados.
Inicialmente, as cortes locais do rei julgavam somente casos excepcionais. O
rei, porém, percebeu que obteria muitas vantagens provenientes de cobrança de
taxas e também de “alargamento” do seu poder se dividisse as cortes locais em
tribunais autônomos para julgar casos específicos e atender a todos os súditos (toda
a população). Os tribunais autônomos foram divididos em três: tribunal do tesouro
(finanças e litígios fiscais); tribunal de queixas comuns (processos entre particulares
em relação à posse de terras); e tribunal do banco do rei (crimes praticados contra a
paz do reino).
Com isto, a corte dos reis (Curia Regis) passou a ser o centro administrativo e
jurídico do novo reino: qualquer pessoa podia requerer pela jurisdição do rei. Tal
requerimento era feito a um chanceler do rei, que o examinava e, se o considerasse
importante o suficiente, enviava uma ordem chamada writs a um xerife ou senhor
nobre para que ordenasse o réu a dar satisfação àquele que deu queixa. Entretanto,
chegou uma época em que o chanceler emitia um writ a qualquer um que pagasse
para tal, sem examinar o caso. Isto fez com que os barões e nobres lutassem contra
tal atitude para evitar a expansão do poder do rei, isto é, da jurisdição real. Assim,
conseguiram a criação do estatuto de Westminster, que proibia o chanceler de criar
novos writs, podendo utilizar-se somente dos já existentes, inclusive em casos
semelhantes.
O direito da Inglaterra se desenvolveu até o século XIX baseado na lista de
writs, que passaram a constituir ações judiciais sob a forma de ordens do rei, e em
cada caso concreto era necessário aplicar o writ correspondente. Isto permanece até
os dias atuais.

• Expansão

Da mesma forma que o sistema romano-germânico, a expansão do common


Law se deu através da colonização inglesa em diversos países, como: Estados
Unidos, Canadá, Irlanda, País de Gales, Austrália, Nova Zelândia, Jamaica (e outros
países da América Central), África Central, Índia, Birmânia, Malásia, etc. Os
resultados, porém, foram diferenciados em cada lugar.

• Características

É um direito baseado em precedentes judiciais (jurisprudência – judge-made-


law) e a lei escrita exerce muito pouca influência, bem como os costumes locais, em
contradição com o direito romano. Devido à jurisprudência, os juízes de tribunais
inferiores devem obrigatoriamente adotar as decisões judiciais superiores em um
caso semelhante. Os juízes de tribunais superiores devem adotar as decisões
judiciais proferidas anteriormente pelos mesmos tribunais, ou, se não concordarem
com as decisões de um tribunal inferior, podem não levá-las em consideração e criar
um novo precedente. Em caso de não haver precedentes para um caso, o juiz pode
criar o seu precedente judicial, baseando nos princípios do direito.
Além disso, a Inglaterra continua a ser um país sem códigos e nem
constituições escritas. Não possuem, como outros países, um texto reunindo o
conjunto de regras do direito constitucional. O seu direito constitucional se baseia
nos costumes e nos precedentes. Entretanto, a ideia de uma codificação
generalizada aparece desde o século XVI, mas aconteceu somente a compilação
das leis já existentes e uma espécie de código de vendas.
Nos Estados Unidos da América, o common Law é uma forma de unificar o
direito no país, pois cada Estado possui sua própria constituição estadual. Não
obstante, em contraposição ao sistema na Inglaterra, nos Estados Unidos dá-se
grande importância à constituição escrita (o que não existe na Inglaterra) e às leis.
Somente um Estado nos EUA, Luisiana, segue o sistema romano-germânico.
O Canadá seguiu um desenvolvimento semelhante aos dos EUA, e somente
em Quebec se manteve o direito de base romanista.

• Equity

No decorrer dos séculos XIV e XV, o common Law se tornou mais técnico e
incapaz de resolver novos litígios causados pelo desenvolvimento econômico e
social, tendo que atar-se somente aos writs já existentes. Os juízes dos tribunais,
embora fossem nomeados pelo rei, haviam adquirido certa independência destes, e
o fato de não desejarem recorrer diretamente ao rei e ao chanceler fez com que
surgisse uma nova jurisdição e processo: o chanceler decidia em equidade sem
levar em consideração as regras e nem as bases do common Law. Era inspirado
pelo direito canônico e o chanceler julgava segundo critérios do próprio direito
romano.
Os reis da Inglaterra, no decorrer do século XVI, deram mais abrangência aos
poderes da equity, pois eram mais favoráveis ao absolutismo, e as jurisdições do
common Law foram se tornando cada vez mais arcaicas e obsoletas. No século
XVII, passou a subexistir um sistema duplo de direito: common Law e equity, devido
aos conflitos entre rei e parlamento.
Em 1873 e 1875 houve a fusão dessas duas jurisdições, e as regras da equity
ficaram integradas às do common Law.
• Fontes do common Law

São três as fontes do sistema common Law: a jurisprudência, o costume e a


lei (em ordem de importância).

a. A jurisprudência
O common Law segue o princípio do stare decisis, isto é, o princípio de seguir
regras estabelecidas por precedentes judiciários; é um direito jurisprudencial e,
portanto, a jurisprudência é a principal fonte do direito.
A jurisprudência segue uma hierarquia como fonte do direito: as decisões
tomadas pela Câmera dos Lordes devem obrigatoriamente ser seguidas como
precedentes para os tribunais; as decisões adotadas pelo Court of Appel obrigam
como precedentes para as jurisdições inferiores; e as decisões tomadas pelo High
Court of Justice obrigam também as jurisdições inferiores.

b. O costume
O costume vem do período anglo-saxônico e deu origem ao sistema de
common law. A jurisprudência tomou o lugar dos costumes, mas, ainda hoje, os
costumes anglo-saxônicos exercem certa influência no direito inglês.

c. A lei
A lei tem um papel secundário na formação do direito inglês. A Inglaterra não
tem uma constituição escrita; as leis servem mais para acomodar situações novas,
que surgiram após a Segunda Guerra Mundial, e para disciplinar o crescimento
urbano, a manutenção da previdência social, o sistema de educação e o de saúde.
Sistema Socialista

O socialismo é um uma forma de governo que vem sendo pensada desde a


época dos filósofos antigos, que procuravam soluções para a desigualdade social. O
ponto culminante do socialismo acontece na Revolução Russa, em 1917. Está
intimamente ligado com o comunismo, pois o sistema socialista é a fase precedente
e transitória para o comunismo, quando a sociedade se “prepara” para viver uma
forma de vida sem governo e nem estado onde tudo é de todos, não há propriedade
privada.

• Origem e desenvolvimento

A base filosófica do sistema socialista é o marxismo-leninismo. Karl Marx e


Engels conceberam sua teoria no século XIX, e foi adaptada por Lenin no início do
século XX, época em que a I Guerra Mundial tornou possível a tomada do poder
pelo proletariado na Rússia.

 A doutrina marxista
A doutrina marxista é baseada no materialismo histórico e distingue dois
elementos em toda a sociedade: a infraestrutura e a superestrutura. A infraestrutura
são as forças de produção, isto é, compreende o meio físico, os recursos naturais, a
produção econômica, etc. A superestrutura compreende as artes, a moral, a religião,
o Estado, ou seja, toda a ideologia de uma sociedade; desta forma, reflete as
relações de produção.
Segundo a concepção marxista do direito, este seria necessariamente injusto
e deveria desaparecer de uma sociedade ideal e sem classes, pois o direito permite
a classe dominante manter a posse dos bens e explorar a classe dominada. A única
forma de parar a exploração de uma classe social por outra era abolindo as classes
sociais, através do fim da propriedade privada e da disposição coletiva de todos os
meios de produção.

 A doutrina marxista-leninista
Karl Marx e seus seguidores haviam previsto um período transitório de
transformação revolucionária, entretanto não aprofundaram estudos sobre este
período. Além disso, acreditavam que a revolução aconteceria em um país industrial
e que logo se tornaria universal. Por isso, no início do século XX, Lenin e outros
dirigentes russos precisaram adaptar a teoria marxista a outra realidade, pois a
Rússia ainda era um país quase que totalmente agrário repleto de deficiências e
cercado por países capitalistas.
Segundo a doutrina marxista-leninista, para passar do capitalismo ao
comunismo a classe social explorada deveria movimentar-se contra a classe de
posses, ou seja, deveria haver uma luta de classes.

 Bolcheviques e mencheviques
Estes movimentos socialistas de luta de classes, desde o princípio,
apresentaram divergências e, após a I Guerra Mundial, dividiram-se em dois: os
bolcheviques (Internacional Comunista) e os mencheviques (Internacional
Socialista). Os bolcheviques eram marxistas revolucionários russos radicais
(Revolução do Proletariado), enquanto que os mencheviques eram um grupo
socialdemocrata alemão mais moderado (socialismo via processo parlamentar).
Os bolcheviques acabaram por triunfar sobre os mencheviques no contexto
socialista-comunista.

 O Estado socialista e a passagem para o comunismo


A guerra civil e a guerra exterior, entre 1917 e 1921, perturbaram a
organização do novo regime político na Rússia. Os dirigentes comunistas tentaram
instaurar o comunismo através de medidas radicais, como nacionalização das terras
e indústrias, supressão do direito de sucessão e também do antigo direito e dos
antigos tribunais, e foi também promulgada uma nova constituição. Entretanto, não
foram medidas muito realistas, pois se aplicavam somente à Rússia, que era a única
neste processo até então.
Em 1921, como ainda restavam muitos problemas na Rússia, foi imposta uma
concepção mais realista com tendência a uma edificação progressiva do socialismo
(fase transitória para o comunismo), ao contrário do caráter repentino que tiveram as
medidas iniciais. Criou-se, provisoriamente, a N.E.P. (Nova Política Econômica), que
tinha muitos aspectos do capitalismo e até mesmo adotou a técnica capitalista.
Sob o ponto de vista econômico, a N.E.P. foi um sucesso. As produções
agrícolas e industriais cresceram e o comércio foi dinamizado. Entretanto, gerou
vantagens para certos grupos sociais, o que contrariava o caráter socialista do
Estado. Em 1926, abandonou-se a N.E.P. para se proceder a reformas agrárias e
industriais profundas no domínio econômico, no sentido da coletivização.
Em 1977 foi aprovada uma nova Constituição, e esta constatava que a
ditadura do proletariado havia desempenhado o seu papel histórico e que o Estado
soviético havia se tornado um Estado de todo o povo, e a sociedade soviética era
referida como uma sociedade socialista desenvolvida, pois era necessário passar
por esta etapa para se chegar ao comunismo.
Neste ponto, após a II Guerra Mundial, vários países europeus já haviam
aderido ao sistema socialista russo, e tal união foi nomeada de URSS – União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas.

 Fim da URSS
Em razão da URSS se manter isolada economicamente da maior parte do
mundo, sua indústria se tornou atrasada. Antes, era um grande exportador de
alimentos; depois, passou a ser importador. Com o declínio da atividade industrial e
agrícola, surgiram inúmeros problemas sociais, principalmente o aumento do
desemprego.
Em 1985, com a entrada de Mikhail Gorbatchev no poder, que a União
Soviética passou por bruscas mudanças políticas, econômicas e sociais. Ciente dos
problemas que o país passava, Gorbatchev propôs dois planos: a perestroika
(reestruturação) e a glasnost (transparência).
A perestroika nada mais era do que um conjunto de medidas que propunha
modernizar e dinamizar a economia do país. Assim, o plano autorizava a existência
de empresas privadas, a entrada gradual de multinacionais e estimulava a
concorrência entre as empresas. Já a glasnost previa a diminuição da atuação do
Estado na vida do cidadão, ou seja, nas questões civis. Por meio da glasnost, foi
dada liberdade de expressão, os presos políticos foram soltos, etc.
Com essas profundas mudanças, tornou-se claro que a União Soviética
estava chegando ao fim. Temendo o quadro político que estava instalado na Rússia,
as outras repúblicas começaram a exigir autonomia. Em 1991, quase todos os
países já eram independentes. O fim definitivo da URSS foi oficializado em 21 de
dezembro de 1991, com a criação da Comunidade dos Estados Independentes
(CEI), organização supranacional formada por Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia,
Cazaquistão e Uzbequistão.

• Expansão

Após a II Guerra Mundial, vários países da Europa adotaram o socialismo


(Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, Romênia, etc.), seguidos pela China (1949). A
partir de 1950, vários países dependentes, em sua luta anti-imperialista, instituíram o
socialismo por meio de revoluções populares (Angola, Cuba, Vietnã, Camboja etc.).
Atualmente, o único país que se mantém firme sobre as bases socialistas é
Cuba, mesmo sofrendo por privações econômicas devido à pressão de países
capitalistas.

• Características

Em um país de sistema socialista, as principais características encontradas


são: estatização dos meios de produção, isto é, não há propriedade privada;
desenvolvimento social como objetivo, pois o mais importante num Estado socialista
é a igualdade entre os indivíduos, impedindo que exista classes sociais; economia
planificada estatal (centralizada), ou seja, não há espaço para empresas privadas ou
internacionais; redistribuição da renda: o trabalho é pago de acordo com a
quantidade e a qualidade, uma pessoa recebe de acordo com o que pode produzir e
suas necessidades.
CONCLUSÃO

Por meio deste trabalho, pode-se concluir que os sistemas jurídicos não se
formaram um dia, simplesmente, porque se achou necessário. Pelo contrário, todos
têm uma história de origem e desenvolvimento e levaram anos para chegarem ao
nível de desenvolvimento em que estão agora.
Pode-se observar também que, embora os países colonizadores tenham
exportado as bases dos sistemas de vários outros países colonizados, nem todos
permaneceram iguais às suas origens. Os Estados Unidos, por exemplo, seguem
um sistema common law que em muito difere do que é aplicado na Inglaterra. Ou
seja, os sistemas jurídicos se desenvolveram de acordo com as características e
necessidades de sua sociedade e não são imutáveis, pois ainda hoje diversas
mudanças são feitas para que o direito se adapte às novas regras e costumes
sociais de cada geração.
BIBLIOGRAFIA

CRETELLA JÚNIOR, José. O Direito Romano Moderno, 12ª edição.

GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito, 4ª edição.

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