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O modelo, conhecido como geoide, define onde estão os níveis da superfície terrestre,
esclarecendo se o sentido é "para cima" ou "para baixo".
Os cientistas afirmam que os dados podem ser usados em inúmeras aplicações, entre elas nos
estudos de mudança climática para ajudar a entender como a grande massa de oceanos move
calor ao redor da Terra.
Antes do fim da década, cerca de 20 missões da ESA totalizando cerca de 8 bilhões de euros
serão lançadas para observar o espaço através de sondas.
Parâmetros
O mapa foi desenhado a partir de medições precisas realizadas pelo satélite europeu Goce,
sigla formada a partir das iniciais da sonda exploradora de campo gravitacional e equilíbrio
estacionário que circula na órbita terrestre a uma altitude de pouco mais de 250 km da
superfície – a órbita mais baixa de um satélite de pesquisa em operação.
A Goce carrega três pares de blocos de platina dentro de seu gradiômetro – o aparelho que
mede o campo magnético da Terra – capazes de perceber acelerações leves da gravidade
sentida na superficie.
Estas inclinações podem ser vistas em cores que marcam como os níveis divergem da forma
elíptica da Terra. No Atlântico Norte, perto da Islândia, o nível se situa a cerca de 80 metros
sobre a superfície da elipsoide. No Oceano Índico, esse nível está 100 metros abaixo.
Os cientistas dizem que o mapa permitirá aos oceanógrafos definir como seria a forma dos
oceanos se não houvesses marés, ventos e correntes marítimas. Subtraindo a forma do
modelo, ficam evidentes estas outras influências.
Esta informação é crucial para criar modelos climáticos que levam em conta como os oceanos
transferem energia ao redor do planeta.
Usos
Há outros usos para o geoide. O modelo fornece um sistema universal para comparar altitudes
em diferentes partes da Terra, à semelhança dos aparelhos de nivelamento que, na
construção, revelam aos engenheiros para onde um determinado fluido corre naturalmente
dentro de um tubo ou cano.
Cientistas geofísicos também podem usar os dados da sonda para investigar o que ocorre nas
entranhas profundas da Terra, especialmente naqueles pontos susceptíveis a terremotos e
erupções vulcânicas.
"Os dados da Goce estão mostrando novas informações no Himalaia, na África Central, nos
Andes e na Antártida", explica o coordenador da missão da Esa, Rune Floberghagen.
"São lugares bem inacessíveis. Não é fácil medir variações de alta frequência no campo
gravitacional da Antártida com um avião, porque há poucos campos aéreos a partir dos quais
operar."
A altitude extremamente baixa da Goce deveria limitar a utilização da sonda por no máximo
mais dois anos. Entretanto, níveis relativamente baixos de atividade solar produziram
condições atmosféricas calmas, fazendo o satélite consumir menos combustível que o
estimado.
A equipe crê que a sonda poderia ser utilizada até 2014, quando a falta de combustível
desaceleraria a missão, obrigando-a a sair de órbita.