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Avaliação da evolução da velocidade de pulso ultra-sônico, da

resistência à compressão e do módulo tangente de pasta, argamassa e


concreto.
Assessment on ultra-sonic pulse speed, compressive strenght and tangent modulus of
paste, mortar and concrete

IRRIGARAY, Mário A.P.(1); PINTO, Roberto C. A.(2),


GLEIZE, Philippe J.P. (3); ROLIM, Paulo H. B. (4);

(1) Doutorando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina


(2) Professor Doutor – Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.
(3) Professor Doutor – Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.
(4) Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina.
irrigaray@gmail.com ; rpinto@ecv.ufsc.br ecv1phg@ecv.ufsc.br , ph.rolim@yahoo.com.br
Resumo
Esse artigo tem como objetivo de verificar o comportamento mecânico, (resistência à compressão e módulo de
elasticidade) e as alterações na velocidade de pulso ultra-sônico que ocorrem em concreto, argamassa e pastas com
mesma relação água/cimento, nas idades de 3, 7, 14 e 28 dias. O concreto estudado tem a relação água/cimento igual a
0,50. A argamassa foi obtida através do peneiramento do concreto, de forma a ter características similares às do
concreto e a pasta foi preparada com relação água/cimento igual a 0,50. Foram realizados ensaios para avaliar
o comportamento da resistência à compressão, módulo tangente inicial, velocidade de pulso ultra-sônico e módulo
dinâmico. Foram obtidas correlações entre a velocidade de pulso ultra-sônico resistência à compressão, módulo
tangente inicial e módulo dinâmico. Nas idades estudadas e para os materiais empregados, constatou-se que para o
intervalo de resistência, de 27 a 35 MPa, a velocidade de pulso ultra-sônico cresceu com o aumento da quantidade de
agregados na mistura. Comportamento semelhante a esse foi constatado com relação ao módulo tangente e ao módulo
dinâmico. O módulo dinâmico foi, nas idades investigadas, superior ao módulo tangente inicial, sendo na pasta, em
média, 17% superior e na argamassa, em média, 29% superior.
A taxa de ganho de resistência com o tempo foi superior à taxa de ganho de módulo, para a pasta, argamassa e
concreto. Os resultados obtidos juntamente com as considerações sobre eles são apresentadas neste artigo.

Palavra-Chave: Velocidade de pulso ultra-sônico, módulo dinâmico, módulo tangente, resistência à compressão,
pasta, argamassa, concreto.

Abstract
The aim of this paper is to verify the mechanical behavior (compression resistance and Young modulus) and
the ultra-sonic pulse alteration that happen in concrete, mortar and cement paste, with the same
water/cement ratio, on ages of 3, 7, 14 and 28 days. The studied concrete was a 0,50 water/cement ratio.
Mortar was obtained by bolting the concrete, to obtain an equal character of the concrete, and the paste was
made with the same w/c ration that concrete was. Tests were made to evaluate the compression resistance,
initial tangent modulus and the ultra-sonic speed. Correlations were obtained among the ultra-sonic speed
and compression resistance, initial tangent modulus and dynamic modulus. On the studied ages, for the
employed materials, was find that for the break of 27 to 37 MPa, the ultra-sonic speed raised on the
proportion of the aggregates was higher. Similar behavior was found in the tangent and dynamic modulus.
The dynamic modulus was, in the investigated ages, higher than initial tangent modulus, been in paste, 17%
higher, and in mortar 29% higher. The resistance ratio was higher than the modulus ratio for the materials
used. The results end considerations about the experiment are presented in this article.

Keywords: -sonic speed, dynamic modulus, tangent modulus, compression strength, paste, mortar, concrete.
ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 – 51CBC0000 1
1 Introdução
Historicamente, desde que o concreto começou a ser empregado, como material
estrutural, houve a necessidade de se estimar a resistência e, conseqüentemente,
freqüentes têm sido as tentativas em se desenvolver ou aprimorar os métodos de ensaios
não destrutivos.
O método da velocidade de pulsos ultra-sônicos têm sido usada com sucesso por mais de
60 anos, esse método permite a detecção de rachaduras internas e outros defeitos assim
como alterações no concreto devido as ações agressivas do meio ambiente. Além disso,
através desse método é possível estimar a resistência à compressão concreto das
amostras de concreto e do concreto “in-loco”, (Naik, Malhotra e Popovics, 2004).
Uma característica relevante desses ensaios é que eles possibilitam que se realizem
vários ensaios, no mesmo local ou próximo deste, ao longo do tempo, o que permite o
acompanhamento das variações ocorridas no concreto, em um prazo pré-estabelecido,
(Neville 1997).
Com a utilização de ensaios não destrutivos pode-se obter maior segurança, estimativa
da resistência, melhor programação da construção, maior rapidez e econômia, (Neville,
1997).
Em materiais homogêneos, há uma relação direta entre densidade e módulo de
elasticidade. Entretanto, em materiais heterogêneos e multi-fásicos como o concreto, a
fração volumétrica, a densidade e o módulo dos principais componentes, além das
características da zona de transição na interface, determinam o comportamento elástico
do compósito, (Mehta e Monteiro, 2008).
A resistência à compressão assim como o módulo de elasticidade são propriedades do
concreto que estão intimamente relacionadas com o tamanho e a distribuição dos poros.
O tamanho e a distribuição dos poros, tanto da matriz quanto da zona de transição, irão
depender, dentre outras variáveis, da relação água/cimento, tipo, finura e distribuição
granulométrica do cimento, idade e das características específicas da cura do concreto.
O módulo de elasticidade, a velocidade de pulso ultra-sônico e a resistência à
compressão são sensíveis à condição em que se encontram os corpos de prova antes do
ensaio. Quando o corpo de prova está saturado os vazios de ar presentes no concreto
estarão preenchidos com água, que é indeformável, conseqüentemente, a deformação do
concreto durante o ensaio será menor, e maior será o valor do módulo. De forma
semelhante, quando se realiza o ensaio da velocidade de pulsos ultra-sônicos através do
concreto, obtêm-se valores maiores, isso porque a velocidade do som na água é de
aproximadamente 1500 m/s, ao passo que a velocidade do som no ar é de
aproximadamente 340 m/s. Por outro lado, os valores da resistência à compressão serão
menores, dado que a água interposta entre as camadas de C-S-H gera afastamento das
mesmas e isso acarreta uma redução nas forças de Van Der Waals, (Mehta e Monteiro,
2008).
A velocidade de pulso ultra-sônico através do concreto é significativamente modificada
sempre que se emprega, na mistura, agregados com diferentes módulos de elasticidade
ou se altera a proporção dos mesmos ou, ainda, quando se utiliza agregados com
diferente dimensão máxima característica. Entretanto, a resistência à compressão do
concreto não é modificada substancialmente, quando essas mesmas alterações são

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realizadas no concreto. Consequentemente, não existe uma relação imutável entre
velocidade de pulso ultra-sônico e resistência à compressão do concreto, (Neville, 1997).
Em estruturas que ficarão sujeitas a cargas de curta duração é importante conhecer o
valor do módulo dinâmico. A relação entre o módulo dinâmico e o módulo tangente inicial
varia de 40 a 20%, dependendo se o concreto é de baixa, média ou alta resistência,
respectivamente, (Mehta e Monteiro, 2008).
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a evolução da
velocidade de pulso ultra-sônico de concreto, argamassa e pasta, com mesma relação
água/cimento, assim como o ganho de resistência à compressão e módulo de
elasticidade, nas idades de 3,7, 14 e 28 dias.

2 Materiais e programa experimental


Os materiais empregados para a produção do concreto, argamassa e pasta foram os
seguintes: Cimento CP V-ARI-RS, areia artificial, grossa, de origem granítica, na
proporção de 70%, areia natural muito fina, na proporção de 30%, brita 1, de origem
granítica. Todos os materiais foram secos em estufa, antes da preparação do concreto. O
traço do concreto é apresentado na tabela 1.

Tabela 1 – Traço do concreto em massa.


Cimento Areia natural, fina Areia artificial grossa brita 1 Água
ARI-RS (30%) (70%) Granítica
1 0,71 1,65 2,75 0,55

Relação água/materiais secos: 9%


Teor de argamassa: 55 %
Consistência através do ensaio de abatimento (slump-test): 11 cm.
Todos os resultados dos ensaios foram obtidos com os corpos de prova saturados em
água.
Os corpos de prova de concreto, argamassa e pasta foram retificados antes de cada
ensaio. Os corpos de prova de concreto, argamassa e pasta, nos quais foram realizadas
as determinações dos tempos de percurso, foram ensaiados na condição de saturada
superfície seca.

3 Resultados obtidos

A seguir apresenta-se a evolução da velocidade de pulsos ultra-sônicos de concreto,


argamassa e pasta, com a idade, conforme gráfico da figura 1.

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Figura 1 – Evolução da velocidade de pulsos ultra-sônicos em concreto, argamassa e pasta com mesmas
relações água/cimento, com o tempo.

No gráfico 2, apresenta-se a evolução do módulo dinâmico do concreto, argamassas e


pastas com o tempo.

Figura 2 – Evolução do módulo dinâmico do concreto, argamassa e pasta, com mesmas relações
água/cimento, ao longo do tempo.

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Foram produzidas curvas de correlação entre a velocidade de pulso ultra-sônico,
resistência à compressão e módulo dinâmico do concreto, argamassa e pasta, as quais
são apresentadas nos gráficos das figuras 3 e 4.

Figura 3 – Relação entre resistência e velocidade de pulso ultra-sônico do concreto, argamassa e pasta,
com mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.

Figura 4 – Relação entre módulo dinâmico e velocidade de pulso ultra-sônico do concreto, argamassa e
pasta, com mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.

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Nas figuras 5 e 6 apresentam-se os gráficos que correlacionam módulo de elasticidade
tangente, módulo dinâmico e a velocidade de pulso ultra-sônico.

Figura 5 – Relação entre módulo dinâmico e velocidade de pulso ultra-sônico do concreto, argamassa e
pasta, com mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.

Figura 6 – Relação entre módulo dinâmico, módulo estático e pulso ultra-sônico de concreto, argamassa e
pasta, com mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.

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Na figura 7 são apresentados os gráficos que relacionam velocidade de pulso ultra-sônico
e resistência à compressão e velocidade de pulso ultra-sônico e módulo dinâmico.

Figura 7 – Relação entre módulo dinâmico, resistência à compressão e velocidade de pulso ultra-sônico de
concreto, argamassa e pasta, com mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.
Na figura 8 apresenta-se a evolução dos módulos dinâmico e tangente ao longo do tempo
de concreto, argamassa e pasta.

Figura 8 – Evolução do módulo dinâmico e do módulo tangente de concreto, argamassa e pasta, com
mesmas relações água/cimento, ao longo do tempo.
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Figura 9 – Diferença entre os módulos dinâmicos de concreto, argamassa e pasta e entre argamassa e
pasta, ao longo do tempo.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO


Através da análise dos resultados constatou-se que a proporção de agregados afeta a
velocidade de pulso ultra-sônico, de tal maneira que a velocidade de pulso ultra-sônico
nas argamassas é superior, nas idades investigadas, à velocidade de pulso ultra-sônico
das pastas e que, de forma bastante similar a velocidade de pulso ultra-sônico no
concreto é superior a velocidade de pulso ultra-sônico na argamassa, nas idades
analisadas.
As diferenças entre as velocidades de pulso ultra-sônico do concreto para argamassa e
dessa para a pasta, parecem não sofrerem alterações significativas. Sugerindo existir
duas constantes, uma que depende do tipo e quantidade de agregado miúdo e outra que
depende do tipo e quantidade de agregado graúdo.
O módulo dinâmico foi em todas as idades e para todos os materiais (concreto,
argamassa e pasta), superior ao módulo tangente a 30% de fc. Sendo para as pastas na
ordem de 30% e para as argamassas na ordem dos 17%.
O módulo dinâmico da pasta não cresceu na mesma proporção que o módulo dinâmico
do concreto e da argamassa.
O método da velocidade de pulso ultra-sônico é mais sensível às variações de resistência
do que as variações de módulo.

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Para o intervalo de resistência de 27 a 35 MPa as velocidades de pulso ultra-sônico foram
significativamente influenciadas pela presença dos agregados, a pasta apresentou
menores velocidades, seguidas da velocidade da argamassa e da velocidade do concreto.
Quando se realizou a diferença entre o módulo dinâmico do concreto e da pasta
constatou-se que essa diferença cresceu com a idade, o mesmo fato ocorreu quando se
fez a diferença entre o módulo dinâmico da argamassa e da pasta. Uma das hipóteses
que podem ser levantadas é que, com o tempo, houve uma melhoria na zona de transição
e, consequentemente as diferenças não se mantiveram constantes. Entretanto, quando se
calculou a diferença entre o módulo dinâmico do concreto e da argamassa constatou-se
que essas diferenças foram diminuindo com o tempo, indicando a possibilidade de que ter
ocorrido melhoria mais significativa na zona de transição da argamassa do que na zona
de transição do concreto.

5 REFERÊNCIAS
Naik, T, R., Malhotra, V. M., Popovics, J.S., The Ultrasonic Pulse Velocity Method in.,
Handbook on Nondestructive Testing Concrete., Malhotra, V.M., and Carino, N. J.,
eds., Chap.8, 2 ª Edição, CRC Press, Boca Raton, 2004.
Neville, A. M. Propriedades do Concreto, São Paulo, Editora Pini 1997
Mehta e Monteiro, CONCRETO Microestrutura, Propriedadades e Materiais, São
Paulo, IBRACON, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738- Concreto:
Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro,
------------------------NBR 5739-Concreto: Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndrico.
Rio de Janeiro, 2007
------------------------NBR 8802- Concreto Endurecido- Determinação da velocidade de
propagação de onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 1994
------------------------NBR 8522- Concreto- Determinação do módulo de deformação estática e
diagrama tensão-deformação: método de ensaio. Rio de Janeiro 2003

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