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Obra: Casa Portocarrero

Arquiteto: José Afonso Botura Portocarrero

Croqui do projeto

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Apresentação

O objetivo deste texto é analisar a casa Portocarrero, sua proposta formal e funcional,
soluções técnicas, suas referências e adequação ao clima da cidade em que situa.

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A casa

A casa Portocarrero está localizada no Centro de Cuiabá, à Avenida Zulmira Canavarros.


Construída em 1982, foi criada pelo arquiteto José Afonso Botura Portocarrero como trabalho
de TFG pela Faculdade de Arquitetura de Santos em 1978, sob orientação do arquiteto Ruy
Ohtake. Cabe lembrar que o projeto obteve nota máxima da banca avaliadora.

Programa de necessidades

O programa de necessidades é pequeno, com poucos ambientes. Possui sala de estar, sala de
TV, biblioteca, 01 quarto, 01 suíte, banheiro social, cozinha, área de serviço e garagem para 01
carro, em um terreno de 17 metros de frente por 13 metros de profundidade.

A proposta formal, funcional e suas referências

A proposta arquitetônica formal traz influência da arquitetura moderna, mais precisamente do


brutalismo brasileiro em vários aspectos. Influências estas vindas de Vilanova Artigas, Paulo
Mendes da Rocha e do próprio Ruy Ohtake, em seus projetos mais antigos.

Construída em um volume único, prismático, possui sua horizontalidade marcada por uma viga
de 17 metros livres, de um extremo a outro do lote.

O declive do lote de profundidade estreita foi o condutor principal para a concepção do


partido arquitetônico, sendo este um projeto para ser visto em cortes e elevações. É em
decorrência da topografia que o jogo de níveis desencontrados é proposto. Os níveis são ao
mesmo tempo unificadores e delimitadores dos ambientes sociais, em que predomina a
transparência interna pela ausência de paredes como barreiras, exceto nos ambientes íntimos.

Por falar em transparência, o projeto também prima pela continuidade entre o interior e o
exterior, com maior proveito do jardim frontal por meio de paredes inteiras com janelas
basculantes. Mas, tirar proveito de jardim frontal em muitos casos significa perda de
privacidade, o que não ocorre na casa Portocarrero. A edificação foi acomodada em um nível
inferior ao da rua, protegendo da visão desta a sala de estar, a de tv e a biblioteca e
proporcionando a vista do talude jardim, do deck de madeira e da velha jabuticabeira. Mais

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próximo do nível da rua, em uma cota mais alta estão os quartos, protegidos pelas árvores e
com janela venezianas em madeira, que barram o sol e olhares externos.

Elementos plásticos

A característica que mais aproxima a casa de sua influência brutalista é sem dúvida a sua
plasticidade, mostrada pela nudez dos elementos construtivos com paredes, pilares e vigas em
concreto armado e aparentes. Essa economia plástica é evidenciada pela forma racional, quase
industrial do desenho interno (embora em proporções menores).

Vidraças basculantes, piso em ardósia, persiana de madeira, iluminação zenital, concreto


aparente com desenho das nervuras horizontais e móveis imóveis (como bem gostava Paulo
Mendes da Rocha) completam o grupo de elementos que merecem destaque na composição
plástica e que dão pistas das referências já citadas.

Aspectos construtivos e soluções técnicas

Há vários detalhes construtivos que merecem atenção crítica na casa Portocarrero. O primeiro
deles é sem dúvida a viga de 17 metros livres na fachada, com altura de 40 cm e largura de 10
de altura, aproximadamente representa um desafio estrutural enorme para a época de sua
construção em Cuiabá e ainda hoje é raro esse vão.

Essa esbeltez estrutural se repete internamente, com os pilares, vigas e paredes. Há ainda que
se notar a elegância da escada da biblioteca e do cuidado técnico na composição das nervuras
horizontais que dão a textura em todos os ambientes. Paredes vigas e pilares possuem 10 cm
de espessura, tornando a casa leve.

O acesso à garagem se dá por meio de uma rampa, feita com paralelepípedos de pedra. O
assentamento escamado auxilia na subida do veículo e reduz a velocidade na descida. Um
capricho, mas que conta.

A manutenção da casa parece simples: não necessita de pinturas anuais, o teto jardim possui
escada marinheiro de acesso. Aos 30 anos, esconde bem a idade (quem dera eu).

Adequação ao clima

Estão presentes várias soluções de climatização natural, como ventilação cruzada e superior,
teto jardim, vegetação e massa térmica.

Referência Bibliográfica:

SANVITTO, Maria Luiza Adams. As questões compositivas e o ideário do brutalismo


paulistaArquitexto, 2002.

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