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EDUCAÇÃO POR PARES

A Educação por Pares ou Peer Education é actualmente considerada pela


comunidade científica como uma das estratégias mais eficazes na Promoção e
Educação para a Saúde, nomeadamente em programas de educação sexual, de
prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, de violência e do uso ou abuso
de substâncias psico-activas, entre outras áreas de intervenção.
Segundo Turner & Sheperd (1999), citados por Santos (2009), a educação pelos pares
é uma estratégia que envolve membros experientes e de apoio num grupo específico,
a fim de incentivar uma mudança comportamental desejável entre membros do mesmo
grupo. É uma forma de educação social em que uma minoria representativa de um
grupo influencia os valores, crenças e mesmo comportamentos, por vezes
radicalmente, nos membros integrantes desse grupo quer sejam grupos comunitários,
grupos de trabalho ou pessoas-chave, podendo “considerar-se de uma forma simples
que a educação pelos pares é a formação par a par” (Brito, 2009; citado por Santos,
2009).
De uma forma geral, a educação pelos pares reconhece nos jovens competências e
capacidades que lhes permitam resolver problemas da sociedade, junto de uma
população que possui características semelhantes às suas, como sejam a idade,
género ou cultura. Esta é considerada uma estratégia educativa muito vantajosa,
eficiente e pouco dispendiosa e que promove duplo empowerment visto que tanto
quem ensina (educadores de pares) como quem recebe o aconselhamento (pares
educandos), aprende (Santos, 2009). E, como refere Pinheiro (2005), esta é eficaz
porque: os amigos procuram conselhos entre os amigos e são influenciados pelas
expectativas, atitudes e comportamentos do grupo a que querem pertencer (Lindsey,
1997); a informação, particularmente a informação significativa, é mais facilmente
partilhada entre pessoas de uma idade próxima (Mellanby, Rees &Tripp, 2000); as
pessoas são persuasíveis por alguém ligeiramente superior mas não muito superior
(Rogers, 1983); os indivíduos necessitam da oportunidade de praticar comportamentos
modelados e de serem reforçados pelos seus desempenhos para poderem modificar o
seu comportamento. (Bandura, 1986; Tuner & Shepherd, 1999).
Em relação à metodologia, como refere Pinheiro (2005):
 Inicialmente é necessário definir a população alvo e efectuar um levantamento
das necessidades dessa mesma população;
 Estruturar metas e desafios (definir os objectivos a alcançar, definir o modelo
do projecto a seguir e determinar o modo de avaliação);
 Iniciar o projecto:
a) Criar parcerias e angariar financiamentos;
b) Elaborar um plano de acção;
c) Seleccionar os educadores de pares, tendo por base alguns critérios
essenciais: verificar se querem realmente integrar o projecto; devem ser
aceites pelo grupo no qual se pretende intervir; e, devem ter capacidade de
comunicação e assertividade, espírito inovador e abertura à mudança,
capacidade para trabalhar em grupo e em equipa, respeito pelos outros e pela
confidencialidade da informação, e interesse pelo tema do projecto ou
intervenção específica);
d) Definir e criar as condições necessárias ao apoio das actividades;
e) Escolher o coordenador do projecto.

A formação e treino dos educadores de pares são cruciais para o sucesso das
intervenções uma vez que se espera que exerçam sobre os seus pares, influências
positivas. Ora, para se assumir o papel de educador é necessário desenvolver um
conjunto de competências pedagógicas que incluem os 4 pilares da educação: saber,
saber fazer, saber estar e saber ser (UNESCO, 2003; citado por Santos, 2009). Assim
sendo, como refere Santos (2009) citando (Brito, 2009), considera-se que o
envolvimento de jovens enfermeiros (recém-licenciados), em projectos de educação
pelos pares “tem sido uma aposta vantajosa pois estes possuem conhecimentos
científicos e habilidades técnicas que facilitam a concepção e implementação de
acções de Educação para a Saúde quer em contextos formais (escolas e associações
de jovens) como em contextos informais, nomeadamente em contextos recreativos”.

Referências Bibliográficas

 Pinheiro, M. Rosário (2005). Projecto Falsas Crenças. Disponível em


http://saudecomestilo2005.blogspot.com/2005/11/educao-pelos-pares.html

 Santos, M. (2009). Desenvolvimento de Competências Profissionais com a


Educação pelos Pares: Estudo de Caso (Dissertação de Mestrado em Ciências
de Enfermagem). Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar –
Universidade do Porto.

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