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Christian Boltanski (1944) é um artista que tem como principal tema a sua vida
pessoal, a verdadeira ou uma que é reinventada, mas também aborda temas como a
memória, a identidade, a ausência, a perda ou a morte. O suporte utilizado é a
fotografia, mas também objectos do quotidiano que transforma e de onde retira toda a
funcionalidade conferindo-lhes um cunho de obra de arte. Nesta mostra é apresentada
uma grande selecção de obras deste artista, tais como catálogos, filmes e fotografias.
CHRISTIAN BOLTANSKI
MONUMENTA 10 - Personnes
GRAND PALAIS
Avenue Winston Churchill
75008 PARIS
“O visitante não estará perante uma obra, estará dentro dela....” Christian
Boltanski na apresentação de “Personnes”.
Sobre Auschwitz: “Aquilo que não pode ser representado. Essa imagem
repulsiva que não pode ser apresentada como uma imagem mas que só
poderia ser mostrada na efectividade do acontecimento, enquanto ele se
produzia, o que não pode ser transposto numa imagem. Não o podemos
lembrar tal como foi senão por uma imagem contrária, de forma positiva,
quer dizer, por homens que afastam do mundo essa mancha” - Joseph
Beuys, numa entrevista de 1982. Citado por Jean-Luc Nancy na obra
colectiva L’art et la mémoire des camps / Représenter, Exterminer Seuil,
Paris , 2001.
A Exposição
O visitante pode caminhar por entre este campo de casacos. O som, no seu
ansiogénico “tam-tam” que parece surgir de uma fábrica de terror, é
composto por 69 diferentes batimentos cardíacos difundidos pelos
altifalantes colocados nas extremidades dos cabos eléctricos que iluminam
cada parcela de chão coberta por vestuário.
Numa sala à parte existe uma outra obra em curso, “Les Archives du Cœur”.
Este trabalho parte de uma recolha de gravações de batimentos cardíacos
de centenas de pessoas, que terminarão num trabalho que o artista concebe
para um museu no Japão, na Ilha de Teshima patrocinado pelo Benesse Art
Site Naoshima. No Grand Palais procede-se também à recolha de
batimentos cardíacos dos visitantes interessados. Esta gravação faz-se
numa sala de espera semelhante a uma repartição pública, onde se pode
tirar uma senha e esperar que o nosso número apareça no ecrã. Somos
também informados de que podemos adquirir um CD com o som do nosso
coração por 12 euros.
Sílvia Guerra
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debaixo da terra existe uma constelação de
subterrâneos com ecos de nomes que há
muito deixamos de escutar