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A fotografia tem sido utilizada como documento e registro de documentação já


faz algum tempo. Além de ser um importante meio de fixação da memória de uma
sociedade, ele ainda acumula o mérito de ser isenta de enganaçãoeidônea. Com a
melhoria das técnicas de manipulação de imagem e o desenvolvimento de diversos
softwares que são capazes, entre muitas outras coisas, colocar, mover, apagar, adicionar,
mudar a cor, a forma e até a estrutura da fotografia, essa idoneidade, porém, acaba
perdendo seu sentido.

Por conta disso, muitos países, como França, Inglaterra e Brasil, debatem,
atualmente, propostas de lei a fim de tornar visível ao público a manipulação existente,
processada por programas de edição de imagem (MENEGHETTI, acesso em 2011).

Segundo Meneghetti (acesso em 2011) o famoso ditado popular (As Aparências


Enganam) já dizia muito a respeito sobre as aparências e as incertezas que elas nos
causam. Ele é irredutível, já nos pontua de modo incisivo sobre averacidade e
confiabilidade do que captamos visualmente. Mesmo assim, a fotografia ainda serve
como deflagrador de aspectos coercitivos de padrões de beleza, de felicidade, entre
outros, sobre os receptores (nós), fazendo com que esses se sintam pressionados a
corresponderem às concepções divulgadas nos diversos meios (·   
 ,
2009). Apesar desses fatores, em alguns casos a edição de imagens pode ser essencial
para a manutenção da linha de coerência de sua identidade como meio de comunicação.
Por exemplo:Jane Druker editora da revista norte-americana   confirma
claramente o uso da edição da fotografia da modelo de Kamilla Wladyka, com o intuito
de esconder sua magreza. De acordo com a editora, a modelo parecia bem ± segundo o
conceito de saudável da revista ± quando foi apontada como a modelo de capa da
revista, entretanto estava muito magra no dia da sessão de fotos: ³ela era muito bonita
de rosto, mas muito magra e não parecia nada saudável. Isso não reflete o que nós
fazemos na nossa revista, que é sobre saúde´ (  · , 2010b).

Em conformidade com as discussões na Europa, o Brasil, através de alguns


seusparlamentares, entrou na briga, cogitando a criação de uma lei que exigisse que
todo anúncio de publicidade alegasse explicitamente o uso de edição de imagem caso
esse processo fosse utilizado na elaboração da peça publicitária. O presidente do
CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), Gilberto Leifert,
mostrou-se indignado quanto à proposta parlamentar, declarando a imediata ineficácia
dessa medida na promoção de mudanças significativas: ³a lei do Photoshop não faz
nada, não vai mudar nada´ (  · , 2010a).
Outra vertente prega, entretanto, que a fotografia é uma fonte, muitas vezes a
única, de experiência visual que nos leva a reviver o passado. Estamos envolvidos
afetivamente com essas imagens que nos mostram como éramos, como vivíamos e
nossos ancestrais, amigos, cidades. Como uma espécie de trama que nos leva a épocas e
lugares. A história de nossa vida (MIGRAM 1977).

De outra forma, muitos documentos são corroborados e certificados através da


presença de fotografias, por exemplo: microfilmagens de documentos, fotografias do
local de um crime (feita pela perícia), que se tomarmos ao pé da letra a desconfiança de
veracidade destes, como haveríamos de citar ou averiguar as situações descritas acima?
Se duvidamos da imagem que pode ser manipulada, podemos chegar ao extremo de
duvidarmos da própria palavra (testemunho) que ela traz. Nos recordemos de fatos
como disco voadores, dinossauros, monstros, fantasmas, criados por nossas imaginações
férteis e fotografados por mãos habilidosas, ora manipuladoras, ora enganadas pela
própria imagem e mais tarde desmitificados por tecnologias e estudos mais apurados, ou
talvez, céticos.

Utilizar a fotografia como documento, portanto,depende de uma série de fatores,


um deles é a ética, necessária para que este não perca a credibilidade como registro de
importância, isento de manipulações. Mesmo assim ainda nos resta acreditar na própria
imagem que por si só não prova nada exceto que as aparências podem, por mais
verossímeis que nos sejam, enganar até mesmo seu criador.

Bibliografia:

O ESTADO DE S. PAULO. Europa quer proibir Photoshop. Disponível em:


<http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/10/02/europa+quer+proibir+photoshop
+8720937.html>. Acesso em 09/05/2011

FOLHA ONLINE a. Fotos e anúncios poderão ser obrigados a informar o uso de


retoques. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u722570.shtml>. Acesso em
09/05/2011

_________ b. Revista altera imagem de modelo para disfarçar magreza excessiva.


Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u736905.shtml>.
Acesso em 09/05/2011
MENEGHETTI, Maria Eduarda Zorél. As aparências enganam? Reflexão sobre a
manipulação de imagens na atualidade. S  &  
  
 
  '% [suporte eletrônico] Disponível em: <http://www.semeiosis.com.br/as-
aparencias-enganam/>. Acesso em 04/05/2011.

MIGRAM, S. 1977. ³Um Psicólogo Olha para a Câmara Fotográfica´, m ,
10(3):42.

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