You are on page 1of 17

Disciplina: Literatura

Se Se Morre de Amor!
Gonçalves Dias

Uberlândia – 2007
Índice

1. Biografia de Gonçalves Dias..................................................................................Pg.4


2. Se se morre de amor! - Gonçalves Dias...............................................................Pg. 5
3. Estudo da estrutura do poema: “Se se morrer de amor!” – Gonçalves Dias.........Pg.6
3.1. Número de sílabas poéticas dos versos.............................................................Pg.6
3.2. Número de versos das estrofes..........................................................................Pg.6
3.3. Estudo da sétima................................................................................................Pg.6
3.4. Estudo da estrofe de onze versos.......................................................................Pg.7
3.5. Estudo da estrofe de quinze versos....................................................................Pg.8
3.6. Estudo da estrofe de quatorze versos................................................................Pg.9
3.7. Estudo da estrofe de vinte e dois versos..........................................................Pg.10
3.8. Estudo da novena.............................................................................................Pg.11
4. Interpretação do texto..........................................................................................Pg.12
4.1. Interpretação deste texto à luz do pensamento de Alfonso López Quintás,
pensador e educador espanhol que muito tem escrito sobre a literatura como “lugar”
privilegiado de compreensão da vida humana por Gabriel Perissé, Doutorando em
Educação (FEUSP)..................................................................................................Pg.12
5. Vocabulário..........................................................................................................Pg.16

2
1. Biografia de Gonçalves Dias.

Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, no Maranhão. Filho de uma cafuza e de


um comerciante rico, português, o pequeno Antônio desde cedo demonstrou pendor
para as letras.

Gonçalves Dias estudou Direito em Coimbra, Portugal, entre 1840 e 1844; lá ocorreu
sua estréia literária, em 1841, com poema dedicado à coroação do Imperador D.
Pedro II no Brasil. Em 1843, escreveu o famoso poema Canção do Exílio.

De volta ao Brasil, foi nomeado Professor de Latim e secretário do Liceu de Niterói, e


iniciou atividades no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Nos anos seguintes, aliou a intensa produção literária com o trabalho como
colaborador de vários periódicos, professor do Colégio Pedro II e pesquisador do
IHGB, que o levou a fazer várias viagens pelo interior do Brasil e para a Europa.

Em 1846, a publicação de Primeiros Cantos o consagraria como poeta; pouco depois


publicou Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848) e Últimos Cantos (1851).
Suas Poesias Completas seriam publicadas em 1944.

Sua origem mestiça foi motivo da recusa do pai de sua amada – Ana Amélia do Vale –
em entregar-lhe a mão da filha em casamento, o que debilitou o poeta e ocasionou o
aparecimento de uma tuberculose sem cura.

Buscou tratamento na Europa e morreu em 1864, na volta ao Brasil, quando o navio


em que vinha (Ville de Boulogne) naufragou já nas costas do Maranhão. O poeta,
debilitado, emagrecido e febril foi o único passageiro a não se salvar.

Considerado o principal poeta da primeira geração do Romantismo brasileiro,


Gonçalves Dias ajudou a formar, com José de Alencar, uma literatura de feição
nacional, principalmente com seus poemas de temática indianista e patriótica.

A poesia que estudaremos a seguir foi feita em Recife, pouco depois de o poeta haver
sido recusado pelo pai de Ana Amélia.

3
2. Se se morre de amor! Arder por afogá-la em mil abraços:
Gonçalves Dias Isso é amor, e desse amor se morre!

Se se morre de amor! — Não, não se Se tal paixão enfim transborda,


[morre, Se tem na terra o galardão devido
Quando é fascinação que nos surpreende Em recíproco afeto; e unidas, uma,
De ruidoso sarau entre festejos; Dois seres, duas vidas se procuram,
Quando luzes, calor, orquestra e flores Entendem-se, confundem-se e penetram
Assomos de prazer nos raiam n’alma, Juntas — em puro céu d’êxtases puros:
Que embelezada e solta em tal ambiente Se logo a mão do fado as torna
No que ouve, e no que vê prazer alcança! [estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
Simpáticas feições, cintura breve, A mesma vida circulava em ambos;
Graciosa postura, porte airoso, Que será do que fica, e do que longe
Uma fita, uma flor entre os cabelos, Serve às borrascas de ludíbrio e
Um quê mal definido, acaso podem [escárnio?
Num engano d’amor arrebatar-nos. Pode o raio num píncaro caindo,
Mas isso amor não é; isso é delírio, Torná-lo dois, e o mar correr entre
Devaneio, ilusão, que se esvaece [ambos;
Ao som final da orquestra, ao derradeiro Pode rachar o tronco levantado
Clarão, que as luzes no morrer despedem: E dois cimos depois verem-se erguidos,
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam, Sinais mostrando da aliança antiga;
D’amor igual ninguém sucumbe à perda. Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam,
Amor é vida; é ter constantemente [morrem;
Alma, sentidos, coração — abertos Ou se entre o próprio estrago inda
Ao grande, ao belo; é ser capaz [vegetam,
[d’extremos, Se aparência de vida, em mal,
D’altas virtudes, té capaz de crimes! [conservam,
Compr’ender o infinito, a imensidade, Ânsias cruas resumem do proscrito,
E a natureza e Deus; gostar dos campos, Que busca achar no berço a sepultura!
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo, Esse, que sobrevive à própria ruína,
E ter o coração em riso e festa; Ao seu viver do coração, — às gratas
E à branda festa, ao riso da nossa alma Ilusões, quando em leito solitário,
Fontes de pranto intercalar sem custo; Entre as sombras da noite, em larga
Conhecer o prazer e a desventura [insônia,
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto Devaneando, a futurar venturas,
O ditoso, o misérrimo dos entes: Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Isso é amor, e desse amor se morre! Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Amar, e não saber, não ter coragem Dos males seus o desejado termo!
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d’ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora.
Compr’ender, sem lhe ouvir, seus
[pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,

4
3. Estudo da estrutura do poema: “Se se morrer de amor!” – Gonçalves Dias.

3.1. Número de sílabas poéticas dos versos.

Os versos são compreendidos de dez sílabas poéticas, sendo assim versos


decassílabos. O fato de todos os versos serem decassílabos faz-lhes serem versos
regulares, que são aqueles que seguem as regras da métrica. Exemplo:

“Se se morre de amor! — Não, não se morre,


Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!”

3.2. Número de versos das estrofes.

O autor não estabeleceu um número predefinido de versos nas estrofes. A primeira


estrofe possui sete versos, sendo chamada de sétima ou septilha. A segunda, onze
versos. A terceira, quinze versos. A quarta, quatorze versos. A quinta, vinte e dois
versos. A sexta estrofe possui nove versos, sendo uma novena ou nona.

Esta irregularidade de quantidade de versos nas estrofes pode mostrar a característica


de liberdade dos românticos. O escritor romântico abole todo tipo de padrão
preestabelecido. Isto acontece por serem sentimentalistas: não existe um padrão
numa poesia quando se quer extravasar um sentimento. Gonçalves Dias não usou da
razão para determinar a quantidade de versos da estrofe: o sentimento dele que
determinou isto.

A seguir, estrofe por estrofe será estudada de acordo com suas rimas e figuras de
linguagem.

3.3. Estudo da sétima.

“Se se morre de amor! — Não, não se [morre,


Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!”

Os versos desta estrofe, como também os das outras estrofes, são brancos, porém, é
possível detectar algumas rimas isoladas.

As últimas palavras dos versos segundo e penúltimo são consoantes, por rimarem
vogais e consoantes da sílaba tônica, e ricas quanto à classe gramatical, pela primeira
ser um verbo, e a segunda, um substantivo – surpreende e ambiente.

As palavras alma, do antepenúltimo verso, e tal, do penúltimo verso, são consoantes,


por rimarem vogais e consoantes da sílaba tônica e internas, por alma, última palavra
do verso, rimar com tal, que é uma palavra interna do verso seguinte.

5
No terceiro verso, “De ruidoso sarau entre festejos”, há uma inversão, pois a locução
adjetiva deveria vir depois do substantivo festejos. Há também uma sinestesia que
excita a audição: festejos de ruidoso sarau – o leitor pode ter a capacidade de
imaginar tais ruídos.

No quarto verso, “Quando luzes, calor, orquestra e flores”, há várias sinestesias dos
sentidos: visão – luzes, tato – calor, audição – orquestra, e simultaneamente visão e
olfato – flores.

No verso acima e no subseqüente, “Assomos de prazer nos raiam n’alma”, há


inversão. A ordem adequada das palavras deveria ser: “Assomos de prazer quando
luzes, calor, orquestra e flores nos raiam n’alma”. É clara a elipse no quinto verso:
(Nós) assomos de prazer... Neste também se pode considerar uma aliteração,
repetindo o som do m: “Assomos de prazer nos raiam n’alma”

As sinestesias de audição e de visão são claras no último verso: “No que ouve, e no
que vê prazer alcança!”.

3.4. Estudo da estrofe de onze versos.

“Simpáticas feições, cintura breve,


Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.”

As palavras podem, quarto verso, e despedem, antepenúltimo verso, rimam-se


externamente, por serem ambas as últimas palavras do verso, e são pobres
gramaticalmente, por serem ambas verbos.

A primeira palavra do sétimo verso, devaneio, e a última do sexto, derradeiro, são


rimas internas e são pobres, por serem ambas substantivos.

Nos três primeiros versos há sinestesias: “Simpáticas feições, cintura breve,/


Graciosa postura, porte airoso,/ Uma fita, uma flor entre os cabelos,”. Estas
sinestesias excitam a visão e o tato. Uma gradação diminutiva também pode ser
identificada: feições>cintura> postura> fita> flor.

Há uma inversão no final do quarto verso e quinto:”(...) acaso podem/ Num engano
d’amor arrebatar-nos.” De acordo com a regra: sujeito, verbo, complemento, a locução
adverbial deveria vir no final da frase, assim: :”(...) acaso podem/ Arrebatar-nos num
[engano d’amor.”

Do sexto ao nono verso, há uma metáfora: “Mas isso amor não é; isso é delírio,/
Devaneio, ilusão, que se esvaece/ Ao som final da orquestra, ao derradeiro/ Clarão,
[que as luzes no morrer despedem:”. Nestes versos, o autor expôs o que ele acha que
o amor é. Há zeugmas em: “(...) isso é delírio,/ (isso é) Devaneio, (isso é ) ilusão, que
[se esvaece/ Ao som final da orquestra, (que se esvaece) ao derradeiro/ Clarão, que

6
[as luzes no morrer despedem:”. Neste último verso, o autor personifica as luzes, já
que luzes não despedem: isto é uma faculdade humana.

Em “Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,”, há uma repetição do som do u,
sendo assim uma assonância: “Se outru nome lhe dãu, se amor u chamãu,”.

3.5. Estudo da estrofe de quinze versos.

“Amor é vida; é ter constantemente


Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr’ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!”

Nos segundo, terceiro, sexto e sétimo versos, as palavras abertos, extremos, campos,
solitários rimam-se externamente, por serem todas as últimas palavras dos versos, e
são pobres, quanto à classificação gramatical, por serem todas substantivos. Nos
décimo-segundo e subseqüente versos, as palavras custo e ponto rimam-se da
mesma forma que estas.

Toda esta estrofe é uma metáfora, pelo autor explicar o que realmente amor é para
ele.

Nos versos “Amor é vida; (amor) é ter constantemente/ Alma, sentidos, coração —
[abertos/ Ao grande, (amor é ter constantemente alma, sentidos, coração — abertos)
[ao belo; (amor) é ser capaz d’extremos,/ (amor é ser capaz) D’altas virtudes, té capaz
[de crimes!”, há zeugmas. Este é só um exemplo, já que ao longo da estrofe há vários
zeugmas.

No quarto verso, “D’altas virtudes, té capaz de crimes!”, há aliteração, com repetição


do s: “D’altas virtudes, té capaz de crimes!”

Uma gradação com idéia aumentativa está explícita nos quatro primeiros versos
citados acima: amor é vida < é ter constantemente alma, sentidos, coração — abertos
ao grande, ao belo < é ser capaz d’extremos < d’altas virtudes < té capaz de crimes.

“(...)gostar dos campos,/ D’aves, flores, murmúrios solitários;” são os versos sexto e
sétimos em que há sinestesia de visão – flores, campos, aves, de ofalto – campos,
flores, de tato – flores, e de audição – murmúrios, como também aliteração do s.

Nos oitavo e nono versos, há antíteses entre: tristeza e riso, e ermo e festa.

Em “(...)ao riso da nossa alma”, décimo verso, há metáfora e personificação, já que


alma não tem riso literalmente, e já que esse riso foi comparado com alegria.

7
No décimo-primeiro verso, “Fontes de pranto intercalar sem custo”, há inversão, pois a
ordem adequada seria: “intercalar fontes de pranto sem custo”, devido o fato de depois
de o verbo ter que vir o objeto e, depois deste, a locução adverbial.

Há repetição do m, aliteração, e do o e e, assonância, em: “No mesmo tempo, e ser


no [mesmo ponto”.

As palavras ditoso e misérrimo formam uma antítese no penúltimo verso.

No último verso, “Isso é amor, e desse amor se morre!”, há aliteração do som do m e


do s.

3.6. Estudo da estrofe de quatorze versos.

“Amar, e não saber, não ter coragem


Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d’ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora.
Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!”

Nesta estrofe há rimas muito isoladas. Nas palavras sentimos (segundo verso),
recatamos (quinto verso), tesouros (sexto verso), pensamentos (nono verso), olhos
(décimo verso), amamos (décimo-primeiro verso), vestidos (décimo-segundo verso) e
abraços (décimo-terceiro verso), pode-se considerar a rima “-os”. É uma rima externa
e rica, gramaticalmente falando, por haver verbos e substantivos rimando-se.

Esta estrofe é a continuação da explicação do autor sobre o que para ele é o amor,
sendo assim toda a estrofe uma metáfora.

No terceiro verso, “Temer qu’olhos profanos nos devassem”, há uma repetição do som
da consoante s – aliteração.

Nos versos “Inesgotáveis, d’ilusões floridas;/ Sentir, sem que se veja, a quem se
[adora./ Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,/ Segui-la, sem poder fitar
[seus olhos,/ Amá-la, sem ousar dizer que amamos,/ E, temendo roçar os seus
[vestidos,/ Arder por afogá-la em mil abraços:”, há várias sinestesias. No primeiro
destes versos, há sinestesia que excita a visão e o tato: “d’ilusões floridas”, além de
haver aliteração com repetição do s. No segundo, há sinestesia do tato e da visão:
“Sentir, sem que se veja”, além da repetição do som do s e e – aliteração e
assonância. No terceiro, de audição: “Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos”.
No quarto, da visão: “Segui-la, sem poder fitar seus olhos,”. E nos dois últimos, é o
tato o exaltado: “E, temendo roçar os seus vestidos,/ Arder por afogá-la em mil
abraços:”.

Em dois dos versos já citados acima, “Sentir, sem que se veja, a quem se adora./
Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,”, há inversão. A ordem adequada

8
seria: “Sentir a quem se adora sem que se veja./ Compr’ender seus pensamentos sem
lhe ouvir.”

“(...)afogá-la em mil abraços:” – neste fragmento, com certeza, há hipérbole, já que é


impossível dar mil abraços em alguém. O autor quis dizer dá-lhe muitos abraços.

3.7. Estudo da estrofe de vinte e dois versos.

“Se tal paixão enfim transborda,


Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d’êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!”

As palavras procuram (quarto verso) e penetram (quinto verso), vegetam (décimo-


nono verso) e conservam (antepenúltimo verso) rimam-se externamente, sendo uma
rima pobre, por todas estas palavras serem verbos. As palavras batem (décimo-sétimo
verso) e morrem (décimo-oitavo verso) também se rimam da mesma forma que as
palavras anteriormente citadas. Puros (sexto verso), unidos (oitavo verso) e ambos
(nono verso) rimam-se externamente e são rimas ricas, por rimarem substantivos e
adjetivos.

No primeiro verso desta estrofe, “Se tal paixão enfim transborda”, está explícito um
uso de hipérbole pelo autor: o que ele quis dizer com o fato de a paixão “transbordar” é
ela aumentar muito.

No terceiro verso, “(...) recíproco afeto (...)”, há um pleonasmo, já que afeto é algo
recíproco. Porém, não é um pleonasmo vicioso, já que ele o usou para frisar a
reciprocidade do afeto. No verso seguinte, “Dois seres, duas vidas (...)”, também há
pleonasmo por dois seres serem duas vidas e vice-versa. Houve uma repetição da
idéia.

No sexto verso, “em puro céu d’êxtases puros”, há hipérbole e metáfora, pois o autor
comparou “puro céu d’êxtases puros” a muita felicidade.

Em “A mesma vida circulava em ambos;” há uma repetição do som da letra a –


assonância. E no verso seguinte, “Que será do que fica, e do que longe”, do som da
letra i.

9
O autor inverteu completamente a ordem das palavras em: “Pode o raio num píncaro
[caindo,”. A ordem adequada seria: “O raio caindo num píncaro pode”. Neste verso
também há assonância das letras o e u.

Do verso acima até o final da estrofe há metáfora, pois o autor compara a separação
do casal e as possíveis conseqüências disto a várias coisas. Primeira comparação:
“Pode o raio num píncaro caindo,/ Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;” – aí, o
autor quis dizer que com a separação, os dois podem ficar definitivamente separados.
Segunda comparação: “Pode rachar o tronco levantado/ E dois cimos depois verem-se
[erguidos,/ Sinais mostrando da aliança antiga;” – com a separação, o casal fica
separado, mas ainda alimentando dentro deles o que viviam juntos. Terceira
comparação: “Dois corações porém, que juntos batem,/ Que juntos vivem, — se os
[separam, morrem;” – com a separação, os dois vão morrer interiormente. Última
comparação: “Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,/ Se aparência de vida, em
[mal, conservam,/ Ânsias cruas resumem do proscrito,/ Que busca achar no berço a
[sepultura!” - se, depois de tudo, ainda continuam vivos fisicamente, mas mortos
interiormente, vegetando, todo o sentimento que um tinha pelo outro vai diminuindo
(“Ânsias cruas resumem do proscrito”), e tentam achar uma nova vida na morte (“Que
busca achar no berço a sepultura!”).

Em “E dois cimos depois verem-se erguidos,”, há uma repetição do som do s –


aliteração.

Em “Dois corações porém, que juntos batem,/ Que juntos vivem, — se os separam,
[morrem;”, há metáfora e personificação, pois o autor compara corações com casal e
diz que estes “corações” se forem separados morrem: ele deu uma faculdade humana
ao coração, já que este, por si só, não tem vida. Neste último verso citado, também há
uma gradação: vivem – separam – morrem.

No último verso da estrofe: “Que busca achar no berço a sepultura!”, há uma antítese:
berço (vida) X sepultura (morte) e um paradoxo, pois, como encontrar vida na morte?

3.8. Estudo da novena.

“Esse, que sobrevive à própria ruína,


Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneiando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!”

Nesta estrofe não há nenhuma rima.

No primeiro verso, “Esse, que sobrevive à própria ruína”, há uma metáfora, pois o
autor compara ruína à desgraça que sua vida encontra-se.

No sexto verso, “Mostra-se e brinca a apetecida imagem”, há inversão. A ordem


adequada seria: “A apetecida imagem mostra-se e brinca”. No oitavo e nono versos
também há: “Inveja a quem na sepultura encontra/ Dos males seus o desejado
termo!”. A ordem adequada seria: “Inveja a quem encontra o desejado termo dos seus
males na sepultura.”

10
4. Interpretação do texto.

Em “Se se morre de amor”, o lirismo deixa transparecer uma atitude idealizada,


devendo ser preservado em sua plenitude.

A pureza, então, passa a ser vista como fonte da plena realização do desejo
transcendente e, uma vez profanada, gera a dilaceração da plenitude do Eu: “amá-la,
[sem ousar dizer que amamos,/ E temendo roçar os seus vestidos,/ Arder por afogá-la
[em mil abraços:/ Isso é amor, e desse amor se morre!”. A plenitude concretiza-se na
impossibilidade, o sujeito idolatra a amada à distância; é como se a proximidade
destruísse a idealização. Nos momentos em que o desejo de profanação materializa-
se, o sujeito transfigura o “perfeito”, degradando a figura divinizada.

Essa possibilidade de degradação imanente ao espírito romântico, muitas vezes


proporciona um amargor em relação à visão positiva do sujeito com o mundo (Eu
pacificado pelo natural). Nesse caso, o pessimismo invade o espaço eufórico, levando
à angústia e à melancolia. O universo natural, transfigurado em negatividade e
sofrimento, passa a agressor, perpetuando o desequilíbrio do Eu. É o “mal du siècle”,
momento em que o Eu torna-se irônico por assumir uma posição consciente face sua
inquietação com o mundo.

4.1. Interpretação deste texto à luz do pensamento de Alfonso López Quintás,


pensador e educador espanhol que muito tem escrito sobre a literatura como
“lugar” privilegiado de compreensão da vida humana por Gabriel Perissé,
Doutorando em Educação (FEUSP).

Um poema representativo é aquele que transcende os limites de sua criação no tempo


e no espaço. É aquele que transcende as idiossincrasias de seu criador, as
circunstâncias próprias de uma mentalidade, de uma época, de um movimento
literário. É aquele que faz sentido para outros leitores que não compartilham aquela
época, aquelas idiossincrasias, aquela mentalidade etc., em virtude das quais o
poema se tornou o que é.

Um poema representativo não representa apenas uma data ou uma personalidade,


mas um aspecto essencial da vida humana.

Se existe um especial prazer na arte da crítica literária, é o de detectar essa


transcendência, estabelecendo uma relação empática e objetiva entre o que foi escrito
e a minha (a nossa) concreta realidade, mesmo que entre leitor e autor existam
abismos históricos, ideológicos e lingüísticos.

O encontro entre Gonçalves Dias e Alfonso López Quintás realiza-se nesse “lugar”
único da transcendência. O poeta brasileiro romântico e o pensador espanhol,
contemporâneo nosso, conversam diante de nós.

O poema Se se Morre de Amor! parece ter sido composto por encomenda para ilustrar
uma das mais promissoras intuições de Quintás. A intuição de que o ser humano está
sujeito a duas experiências que, à primeira vista, parecem semelhantes: a experiência
do êxtase e a experiência da vertigem.

Alfonso López Quintás é um dos pensadores contemporâneos mais preocupados com


o poder formativo da experiência estética. Para ele, enquanto professor, a
contemplação da arte e a reflexão filosófica constituem duas vertentes de um só
projeto educativo. Ética e estética, beleza e lógica, criatividade e intuições metafísicas,

11
mística e poesia são “condimentos” indispensáveis para a formação integral de uma
pessoa.

Em seus livros e palestras, Quintás lê A metamorfose, de Kafka, O túnel, de Ernesto


Sábato, Bodas de Sangue, de Lorca, e outras obras de outros autores (Sartre, Camus,
Miguel de Unamuno, Hermann Hesse), descortinando a densidade humanística que
uma leitura crítica baseada em simples formalismos estéticos mal consegue identificar.

A cooperação entre filosofia e literatura é, nessa perspectiva, fundamental. Sem


prejudicar a fruição literária, Quintás, ao contrário, intensifica-a, trazendo à luz “lo que
Unamuno denominaba ‘intrahistoria’ de los personajes, la peripecia íntima que viven,
los ‘ámbitos de realidad’ que crean o que destruyen, los procesos de vértigo o de
éxtasis que siguen, los mundos que construyen o que aniquilan...”

O método lúdico-ambital que Quintás propõe para analisar textos literários exige que o
leitor “brinque” com esses textos, que os vivencie como um jogo, como um âmbito em
que seja possível refazer pessoalmente as experiências fundamentais ali descritas, ali
vivenciadas de um modo “irreal”, “ficcional”.

Ficcional e irreal, mas de modo algum inautêntico.

Vemos um indígena australiano “brincando” de canguru (essa imagem é sugerida por


Huizinga no clássico Homo Ludens[4]), envolvido, em êxtase, concentrado nos
movimentos da sua dança mágica, empenhado em atrair a essência do animal, em ser
um símbolo vivo do animal. Esse jogo, essa brincadeira, é uma das tarefas mais
sérias, mais sagradas e decisivas para o selvagem. Ele “faz de conta”, “finge”,
“imagina” que é canguru, mas na verdade está captando o ser do canguru, está
celebrando a existência do canguru, porque acredita que o canguru e ele são uma só
realidade, porque a ele se une poética, teatral e misticamente.

Portanto, a leitura criativa de um poema, de um conto, de um romance, exige “dançar


conforme a música” do texto, para captar de um modo pessoal os aspectos relevantes
da obra em questão, sem deixar-se fascinar (e distrair), por exemplo, pelas “receitas”
analíticas da moda, como o foram, a seu tempo, o estruturalismo e as leituras
“marxistas” ou “heideggerianas” da obra literária.

A força intrínseca do poema de Gonçalves Dias acima transcrito radica na antítese


“amor generoso” x “amor egoísta”.

Na primeira estrofe, há uma “argumentação”. Levanta-se como que uma hipótese:


morre-se de amor, quando esse amor (se assim o chamam) é mera empolgação
causada por um ambiente colorido, animado, simpático, regido pelas seduções, pela
cintura fina de uma moça, pela música animada, pelo perfume inebriante das flores,
pelas luzes ofuscantes?

O prazer que a alma alcança (verso 7), ouvindo essas músicas, essas vozes em
estado de exaltação, vendo essas imagens insinuantes, leva ao delírio, à vertigem, à
tontura, a uma sensação de redemoinho. A um arrebatamento negativo, mais
excitação do que propriamente enlevo e encanto. E desse amor não se morre, porque
“isso amor não é” (verso 13).

E como se sabe que não é amor?

A fugacidade é um dos sinais. E a sensação de vazio, tão logo a ambientação


fascinante, excitante, delirante, desaparece. Assim que a orquestra emite o último

12
acorde (verso 15), assim que o dia amanhece e a luz natural substitui o clarão que
mantinha o ambiente iluminado (verso 16), vem à tona o tédio, sente-se o mais
profundo cansaço.

Esse cansaço e esse tédio não são a morte, no sentido de um “sair de si mesmo”.
Desse “amor” ninguém morre quando acaba (verso 18). Uma vez que acaba!
Precisamente porque acaba!

A segunda estrofe define o amor como um estado de êxtase, numa abertura (verso 20)
generosa de corpo, sensibilidade e alma a valores que levam o homem ao extremo de
si mesmo: à beleza, ao grandioso, à virtude — até mesmo a crimes (verso 22), porque
por amor se pode fazer “loucuras” aos olhos de muitos —, à compreensão do natural e
do divino, do terreno e do celeste, das mesmas flores que estavam na festa alucinante
mas agora transmitem a imagem da vida em plenitude (versos 23-5).

A experiência extática do amor não é estática. Leva à descoberta de uma festa do


coração que convive com a tristeza e com as lágrimas (versos 26-9), leva à
descoberta dessa realidade paradoxal: somos os mais felizes e os mais infelizes dos
seres, quando amamos (verso 32).

E desse amor se morre! Morre-se porque é um amor verdadeiro. “Morrer de amor” é


uma loucura, é um “crime”, é sucumbir por ter vivido um sentimento fortíssimo. Mas a
pergunta retorna: e agora, como se sabe que esse amor é verdadeiro?

A exaltação do amor egoísta assemelha-se, mas nada tem a ver com o entusiasmo do
amor generoso. Sentir vertigem não leva à morte. Pode-se desmaiar depois de uma
noite de orgia. Pode-se perder os sentidos depois de uma falsa experiência de amor.
Se o desejado não é autenticamente desejável, quem deseja não “morre de amor”,
simplesmente fica alienado, perde-se, frustra-se.

Contudo, “si lo deseado es deseable, en cuanto ofrece posibilidades de juego creador


ao hombre, éste no sale de sí, se eleva a lo mejor de sí mismo. Es la experiencia de
éxtasis, que confiere al hombre su cabal identidad.”

A experiência filosófica e mística do ocidente vê um sentido na idéia da morte que não


significa destruição pura e simples. O morrer pode bem ter o sentido de completar os
próprios dias, de alcançar a plenitude da vida, de ultrapassar a mediocridade, e,
assim, estar pronto a entrar no plano do que é valioso, mais valioso do que a própria
vida.

A brasileiríssima gíria “lindo de morrer” expressa essa intuição. O que se vê é tão


bonito, tão extraordinariamente lindo, que quem o contempla sente-se perto da morte,
sente-se chamado a entregar a alma, num estado de êxtase, como se viver já não
tivesse a menor importância.

A frase de Sófocles — “para o morto não existem mais armadilhas” — também pode
ajudar-nos a entender a morte como uma libertação das ciladas dos baixos instintos,
dos interesses escusos, dos pseudo-amores, das ilusões, dos auto-enganos.

“Morrer de amor” é então viver plena e somente de amor. Vale a pena entregar tudo
para viver/morrer um grande amor. Vinícius de Moraes resume tudo na última estrofe
de seu Soneto do amor total:

“E de te amar assim muito e amiúde,


É que um dia em teu corpo de repente

13
Hei de morrer de amar mais do que pude.”

O amante que “morre de amor” dá o testemunho mais vivo de seu amor. É um martírio.
O martírio é a morte sem o aniquilamento do mais essencial, do mais importante. Ao
contrário, o martírio é a glorificação do essencial.

Na terceira estrofe do seu poema, Gonçalves Dias capta novos matizes do êxtase
amoroso. Quem ama receia banalizar, expor inutilmente, medir o amor inesgotável
(versos 34-5), dado que se trata de algo sagrado, valioso, “a melhor porção da vida”
(verso 37).

Esse cuidado para não ferir o amor e a quem se ama, essa sensibilidade aguçada de
quem ama, esse pudor e esse ardor, esse desejo de união absoluta (versos 41-46)
configuram o êxtase ascensional, com traços de experiência do indizível, como num
estado de adoração — sentir sem ver, compreender sem ouvir, saber sem poder dizer.
Esse misto de impotência e onipotência, de receio e de integração, pertence ao amor
verdadeiro. E desse amor se morre (verso 47).

O afeto recíproco (verso 50) cria um âmbito de plenitude: um “puro céu d’êxtases
puros” (verso 53). É a união dos que se amam, e a constatação dessa pureza remete,
não ao puritanismo, mas à genuinidade, tal como quando falamos “ar puro”, “água
pura”, dizendo implicitamente: “ar ar”, “água água”, ar que é ar e água que é realmente
água.

O amor puro. Mas desse amor também se morre! Quando, bruscamente, interfere a
“mão do fado” (verso 54). É de tal ordem a união que, se porventura os que se amam
precisam separar-se, morrem os dois, ou desejam morrer (verso 65), uma vez que
esse amor é a própria vida.

Quem uma vez experimentou o êxtase do amor, o amor verdadeiro, portanto, já não
pode viver sem ele. A última estrofe retrata o amante que sobreviveu à própria
destruição (verso 70) e que, numa insônia sem fim, vê a imagem de quem ama (verso
75), e inveja aqueles que encontram o fim do seu sofrimento no cemitério.

Também desse amor se morre, ou pelo menos se deseja morrer — trata-se do amor
que não sucumbe à dor (da separação) tamanha (verso 76), mas já não se habitua
nem espera a vertigem. Está entre as sombras da noite (verso 73), e ao mesmo tempo
fora do âmbito de luz que o amor instaura.

As noções de “êxtase” e “vertigem” propiciam uma leitura criativa de textos como este
de Gonçalves Dias. Pois convidam o leitor a distinguir com mais lucidez as realidades
que o habitam e o circundam.

No caso do amor que leva à morte, podemos discernir melhor os matizes desse amor,
dessa morte, conquistando a consciência de que as palavras, sobretudo quando
poeticamente em ação, assumem novos sentidos que transcendem os significados do
dicionário, por mais preciso que este seja.

14
5. Vocabulário.

- Ânsia: desejo intenso

- Apetecido: extremamente desejado; cobiçado

- Arrebatar: atrair ou sentir-se atraído; enlevar(-se), encantar(-se), extasiar(-se)


- Assomar: atingir, chegar

- Avaro: que ou aquele que é obcecado por adquirir e acumular dinheiro; sovina

- Borrasca: contratempo que gera transtorno ou inquietação; contrariedade inopinada

- Brando: que se caracteriza pela docilidade, pela flexibilidade; afável

- Cimo: a parte superior de uma coisa que tem maior altura do que comprimento ou
largura; a parte de cima; alto, topo

- Clarão: claridade intensa

- Derradeiro: que ocupa uma posição extrema no espaço

- Desventura: ausência de ventura; má fortuna; desgraça, desaventura, infortúnio

- Devaneio: produto da fantasia, da utopia; sonho, quimera

- Devassar: invadir, observar, conhecer por completo

- Ditoso: que tem boa dita; venturoso, feliz, afortunado

- Ente: o que existe, o que é; ser, coisa, objeto

- Ermo: diz-se de ou lugar desabitado, deserto

- Escárnio: atitude ou manifestação ostensiva de desdém, de menosprezo, por vezes


indignada

- Esvaecer: perder o ânimo, as forças; esmorecer

- Êxtase: estado de quem se encontra como que transportado para fora de si e do


mundo sensível, por efeito de exaltação mística ou de sentimentos muito intensos de
alegria, prazer, admiração, temor reverente etc.

- Fado: destino, sorte, estrela; o que necessariamente tem de ser; vaticínio, decreto do
destino

- Festejo: reunião, encontro entre pessoas, organizado por um ou mais indivíduos em


espaço público ou privado; festa

- Futurar: maginar o que ainda não aconteceu; antever, prenunciar, prognosticar

- Galardão: prêmio, homenagem, glória

- Intercalar: que se mete de permeio

15
- Ludíbrio: ato ou efeito de ludibriar, enganar

- Misérrimo: extremamente mísero

- Píncaro: o ponto mais elevado de um monte; cume

- Profano: que não pertence ao âmbito do sagrado


- Proscrito: exilado, banido, degredado

- Raiar: estar próximo a; beirar, aproximar-se

- Recatar: guardar(-se) com recato; pôr(-se) em recato; resguardar(-se), acautelar(-se),


defender(-se)

- Recíproco: que se alternam entre duas pessoas, uma em resposta à outra

- Resumir: fazer consistir ou consistir apenas em; concentrar(-se); limitar(-se), reduzir(-


se)

- Sarau: reunião festiva, ger. noturna, para ouvir música, conversar, dançar

- Soledade: estado de quem está ou se sente só; solidão

- Sucumbir: não resistir, ser vencido; ceder, entregar-se

- Templo: lugar digno de respeito

- Termo: fim, remate ou conclusão no espaço ou no tempo

- Ventura: sorte (boa ou má); fortuna, destino, acaso

16
17

You might also like