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Roberto Lent
Professor de Neurociência
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
27/06/2008
Personalidade emocional
Roberto Lent
Professor de Neurociência
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
27/06/2008
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SEM SAÍDA
A cobertura endotelial também controla o crescimento excessivo de
tecido muscular macio (protuberâncias grumosas), que, ao lado do
colesterol que forma placas, é o fator mais importante da
arteriosclerose (artérias entupidas). Um fluxo sangüíneo difícil, em
terreno acidentado, ativa um conjunto de genes totalmente
diferentes nas células endoteliais. Esses outros genes são postos
em marcha para “corrigir” aquilo que as células endoteliais
interpretam como sendo um problema de “fluxo”, simulando pelas
protuberâncias grumosas.
As placas de colesterol, por si mesmas, não são responsáveis
pelo terreno acientado.
O problema é causado pelos “fatores” imunes liberados pelas
próprias células endoteliais, numa tentativa protetora de restaurar a
homeostase e distribuir o fluxo sangüíneo. Um fluxo anormal, na
verdade, desliga os genes protetores e causa pânico entre as
células endoteliais. Após liberarem os fatores imunes que se
fecham, elevando sua pressão arterial por engano, elas começam a
se agachar em torno, estendendo pseudopodos (pezinhos), para
escapar de áreas onde o espaço mudou abruptamente.
A migração dessas células que forram suas artérias leva ao
afinamento da parede arterial. Os claros são preenchidos por
células imunes, chamadas leucócitos, que formam uma casca
suficientemente grudenta para atrair o colesterol que flutua na
corrente sangüínea. Este faz um band-aid de gordura para reforçar
a parede arterial que afinou. A essa altura, você tem placas de
colesterol, crescimento excessivo de tecido muscular macio e
células imunes, produzindo o que se conhece por células de
espuma.
As células de espuma constituem uma “lesão”.
Essa nova bagunça forma um terreno excessivamente
“acidentado” e um fluxo extremamente dificultado, o que
enlouquece ainda mais as suas pobres células endoteliais. Elas
fogem e a parede da artéria afina; e quando seu sistema
imunológico tenta consertá-la, ela vai ficando cada vez mais
acidentada – e aí, claro, as células endoteliais mais uma vez
escapam, e toda a confusão começa de novo. E de novo e de novo.
Você só percebe esse quadro porque não morreu ainda.
Provavelmente você já teve uma forte dor no peito ao se exercitar.
E sem dúvida também está achando cada vez mais difícil combater
a depressão causada por todos os carboidratos que ingeriu e pela
serotonina anormalmente alta que se acumula, porque não tem
para onde ir. Sim, porque quando você nunca apaga as luzes, a
serotonina não tem como se transformar em melatonina. Na
verdade, a luz suprime a enzima que converteria a serotonina em
melatonina. Além de fazer você ficar triste, esses níveis absurdos
de serotonina criam resistência à serotonina nas plaquetas do
sangue, o que as torna mais grudentas que o usual. Isso é
importante, porque é difícil ter um ataque cardíaco sem um coágulo
sangüíneo, e é difícil ter um coágulo sangüíneo sem plaquetas
grudentas.
Você está cansado, ansioso, infeliz, miserável, viciado em açúcar
ou em álcool, talvez dependente de Prozac – e anda por aí com a
cobertura do coração morta, mantida de pé à custa de estacas de
colesterol.
Você tem uma doença cardíaca.
E provavelmente vai morrer... logo.
http://www.livrariasaraiva.com.br/
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