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Esforço intelectual e estilo de vida entre os motivos

Universitários recorrem com frequência à 
automedicação

10.11.2008 - 09h44  Lusa

A maioria dos universitários inquiridos num estudo recorre à automedicação para fazer 
face ao esforço intelectual que lhes é exigido e ao desgaste da sua "activa" vida 
nocturna.

O estudo foi realizado em Fevereiro do ano passado e abrangeu 1004 estudantes


universitários, com uma idade média de 19 anos, das áreas das ciências da saúde, 
mas também de gestão, administração e línguas. 

Segundo Marina Brás Oliveira, uma das autoras do estudo realizado pela Escola 
Superior de Saúde de Viseu, a automedicação foi identificada na maioria (52,4 por 
cento) dos inquiridos, o que é "uma elevada prevalência" desta prática, que consiste na 
toma de fármacos sem orientação clínica. 

O estudo mostra que a automedicação é mais frequente nas mulheres (53 por cento) e 
nos residentes em áreas rurais (57,5 por cento). 

A prática é recorrente nos estudantes mais velhos: 58,8 por cento nos alunos com 
idades entre os 25 e 29 anos, 54,7 por cento nos estudantes com 21 a 25 anos e 46,8
por cento nos universitários entre os 17 e os 21 anos. 

Os estudantes de enfermagem foram os que revelaram uma percentagem maior (64,7


por cento) de consumo de medicamentos por iniciativa própria. 

Os fármacos mais consumidos foram os analgésicos (31,3 por cento), hormonais, 
incluindo a pílula contraceptiva, quando tomada sem orientação médica (15,9 por cento) 
e anti-inflamatórios contra as doenças reumáticas (14,4 por cento). 

A maioria dos inquiridos (56 por cento) garantiu que tinha conhecimento teórico 
suficiente para tomar estes medicamentos, enquanto 21,7 por cento seguiu o conselho
de um familiar ou amigo e 15 por cento orientou -se pelo farmacêutico. 

As conclusões surpreenderam os autores, principalmente porque a população 
estudada era "jovem e à partida saudável". 

Mas são as razões invocadas que mais preocupam os autores do estudo. 

"Quer dizer que alguma coisa se passa", disse Marina Brás Oliveira, apontando como 
causas para estes elevados consumos o "estilo de vida, stress ou o esforço intelectual 
a que estes estudantes estão sujeitos, mas também pela sua vida nocturna que é 
bastante activa", afirmou.

A especialista considera que os estudantes estão a recorrer à terapêutica para "terem o 
rendimento de que necessitam".

Marina Brás Oliveira critica "a facilidade com que as pessoas hoje em dia se podem 
automedicar", porque, "tal como todos os medicamentos", os analgésicos  - os mais
consumidos pelos inquiridos - "têm contra-indicações". 

"Se hoje não me estou a sentir bem, tomo um analgésico e fico melhor, amanhã, 
perante o primeiro sintoma de alguma falência, cansaço ou dor, recorro imediatamente 
ao analgésico, porque já sei que terei um resultado favorável", disse, defendendo 
"campanhas de informação" junto dos estudantes.

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