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A emigração e a auto-estima do brasileiro: um

olhar através das revistas Veja e Istoé


Emigration and the self-esteem of the brazilian: seeing it thorough
the perspective of magazines Veja and Istoé
Louise Scoz Pasteur de Faria*

Professora Orientadora: Ana Regina Falkenbach Simão

RESUMO ABSTRACT
Observa-se um movimento emigratório global de populações oriundas There are global emigration movements of populations from emerging
de países em desenvolvimento para países desenvolvidos. No Brasil, esse countries towards developed countries. In Brazil, these movements were
movimento intensificou-se especialmente durante a década de 1980 e particularly intense during the 1980 and 2000's, showing dissatisfaction
2000, revelando uma insatisfação com o país de origem, caracterizando, with the homeland and underlining, among other factors, the decrease in
com outros fatores, uma queda na auto-estima nacional. Este trabalho the self-esteem of the nation. This work will analyze how two magazines
propõe-se a analisar de que modo revistas de circulação nacional, as of national circulation - Veja and Istoé - interpreted this situation for their
revistas Veja e Istoé, traduziram essa situação para o público leitor, atra- readers. It will do só by using the method of content analysis of Laurence
vés da metodologia de análise de conteúdo de Laurence Bardin, com o Bardin with the purpose of understanding the impact that the conjunctures
objetivo de compreender o impacto que as conjunturas dos momentos de in moments of crisis had overthe behavior of the Brazilian population.
crise tiveram no comportamento da população brasileira. KEYWORDS: emigration, Brazil, conjunctures, Veja magazine, Istoé
PALAVRAS-CHAVE: emigração, Brasil, conjuntura, revista Veja, magazine.
revista Istoé.

Introdução Esse movimento emigratório que se iniciou durante


os anos 80 foi fruto de uma difícil época de transição
política, económica e tecnológica, com fortes desequilí-
brios inflacionários e o retorno do processo democrático
O bserva-se um movimento global de populações
emigrando para países desenvolvidos oriundas
de países em desenvolvimento ou considerados
no Brasil, que causou grande decepção na população a
partir do momento em que a desorganização e a corrup-
"emergentes". Este fenómeno, que não é novo, reassume ção tomaram conta da transição política.
importância crescente no cenário mundial, redesenhan- Cerca de 1% da população brasileira saiu do país
do conflitos étnicos, sociais e económicos. Mais do que sem pretensões de retorno, o que pode parecer um fluxo
os fatores sócio-econômicos do país de origem, esse modesto, mas era "particularmente penoso porque em
processo legitima a polarização do poder económico de geral abrangia os cidadãos brasileiros mais energéticos
nações desenvolvidas e o efeito da internacionalização e talentosos. Além disso, estavam levando seu talento
da desigualdade. basicamente para as duas principais economias do mun-
No Brasil, os números são reveladores. Estima-se do - um sinal ominoso do que os críticos chamavam de
que mais de 100 mil brasileiros emigram todos os anos, reversão do desenvolvimento, no Brasil" (SKTDMORE,
sendo que o número global de emigrantes brasileiros está 2004, p.278).
na casa do 1,9 milhão, calculando-se que perto de 33% A década de 1990 inicia com o retorno das eleições
estejam clandestinamente nos seus países de acolhimen- diretas de 1989, que fortifica o otimismo da nação em uma
to, com destinos preferenciais como Estados Unidos, nova fase política brasileira. No entanto, é apenas com a
Europa e Japão, mais recentemente países formadores estabilização da inflação por meio da introdução da nova
do bloco económico Mercosul (SALES, 2005, p. 41). moeda Real, em meados dos anos 90, que os brasileiros
experimentam a sensação de segurança que tanto espe-
* Aluna do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propagan- ravam. O consumo aumentou drasticamente, os níveis de
da da ESPM de Porto Alegre (RS). Trabalho originado de pesquisa
realizada no ano de 2006 através do PIC - Programa de Iniciação pobreza e miséria diminuíram e a classe média teve acesso
Científica da ESPM. e-mail: ouisescoz@yahoo.com.br a bens e produtos que aumentaram seu conforto.
** Doutora em Ciências Humanas - Ulbra; Professora do Curso de
Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da ESPM de Porto
Alegre (RS), e-mail: asimao@espm.br Com a queda abrupta da inflação, o mercado de
crédito despertou do dia para a noite. E isso abriu
caminho para que milhões de pessoas passassem a
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ter acesso a bens de consumo até então inatingíveis. Portanto, a pesquisa propõe-se a analisar a maneira
A queda da inflação e o alargamento dos horizontes
proporcionam à população previsibilidade muito maior
como a questão da emigração brasileira é traduzida para
da vida económica particular, possibilitando uma série o público, através da análise de mídia impressa de grande
de atitudes defensivas - poupança na forma de bens circulação, objetivando aprofundar a compreensão de
ou moeda estrangeira e retardamento do desejo de
consumo - fossem deixadas de lado, com o conse- como o conhecimento acerca do tema é construído pela
quente benefício social (LÁHOZ, 2002, p.79). mídia impressa nacional e pelos leitores. Para tanto,
a metodologia escolhida foi a análise de conteúdo de
Foi a época do aumento do retorno de brasileiros Laurence Bardin, por sua característica essencial de ser
vindos do exterior para sua nação de origem, especial- "uma técnica de investigação que, através de uma des-
mente motivados pela boa fase da economia nacional. crição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo
Entretanto, problemas atuais estariam sendo gestados: manifestado das comunicações, tem por finalidade a
aumento da violência urbana, decorrente do aumento interpretação destas mesmas comunicações" (BARDIN,
do fluxo de migrações para grandes centros urbanos, e 2004, p.31), usando, para tanto, a técnica de análise de
consequente aumento do desemprego. A década iniciada frequência de termos positivos e negativos, emigração
a partir do ano 2000, apesar de começar com uma ameaça e países citados.
de retorno da inflação, é bem-sucedida na expansão das Foram selecionadas matérias veiculadas nas revistas
exportações, aumento do crescimento económico e na de grande circulação no Brasil, Veja e Istoé, dos anos de
estabilização económica, tendo como consequências a 1987, 1988, 2004 e 2005, anos de pico da crise interna
diminuição do desemprego em centros urbanos e nova no país, que se referem à saída de brasileiros do país e
movimentação do mercado consumidor. sua situação em ambiente estrangeiro. Estudos acerca da
temática da emigração abordam questões conjunturais,
O recente sucesso exportador decorreu de algumas estatísticas, económicas e políticas. Nesse contexto, a
particularidades. Em primeiro lugar, houve a contri-
buição de uma conjuntura favorável no estrangeiro, comunicação impressa assume papel fundamental, espe-
o crescimento da economia global e do comércio cialmente por participar da formação de conhecimento,
internacional-, paralelamente à elevação dos preços acentuar aspectos otimistas da conjuntura em curso ou
internacionais das commodities, de aproximadamente
20% nesses dois anos. Em segundo lugar, devemos
até mesmo fortificar o pessimismo nos textos, influen-
destacar a contribuição de uma taxa de câmbio ciando a visão pessoal e subjetiva do leitor.
favorável aos exportadores brasileiros, de meados
de 2002 até agosto último. Enfim, políticas governa-
mentais específicas -sobretudo crédito e incentivos As mídias no Brasil: sua influência na
fiscais - facilitaram a maior lucratividade do setor questão da emigração
exportador (JURUÁ, 2004, p.1).

Antes de uma análise mais aprofundada de questões


Entretanto, pode-se observar que, apesar do bom mo- conjunturais e de textos jornalísticos, é preciso contextu-
mento económico que o país passou a viver atualmente, alizar as mídias impressas no país, em especial a Revista
há um considerável aumento no fluxo de emigração Veja e a Revista Istoé. No início de sua história, a Revista
brasileira para os Estados Unidos e países da Europa. Veja surge da insatisfação com a abordagem jornalística
Percentualmente, podemos traçar uma linha comparativa dentro do Brasil. Veja nasce nesse berço e como resultado
com o êxodo ocorrido na década de 1980, muito embora da efervescência cultural do ano de 1968, nos moldes
os cenários políticos e económicos demonstrem ser dife- de publicações internacionais como Times, L 'Express e
rentes. Essa linha comparativa pode ser visualizada com Der Spiegel. A revista semanal de informação passa a
propriedade através da análise da mídia impressa. se posicionar de modo distinto dos jornais, das outras
A partir da análise de conteúdo das matérias da impren- revistas, das rádios e da televisão por sua maneira de
sa escrita, será observado até que ponto e em que medida ordenar e interpretar os acontecimentos.
os textos jornalísticos revelam tendências implícitas, para
além de conteúdos explicitamente relacionados com o Notamos, pois, que o género revista de informação e
problema da imigração de brasileiros. A investigação opinião, ou informativa e interpretativa, não reivindica
a condição de neutralidade ou imparcialidade, desde
acerca da emigração brasileira retratada pela imprensa, o seu nascedouro. Além disso, como já apontamos,
conjugando pesquisa e reflexão teórica e análise dos ma- todo e qualquer meio de comunicação fala em nome
teriais da mídia, pode desvelar importantes nuances da de interesses de grupos, classes ou segmentos
sociais. Nada, portanto, a estranhar que um meio de
situação conjuntural do país, seu momento político e até comunicação qualquer, mas, sobretudo, do género
mesmo o entendimento do assunto pela opinião pública, revista, apresente à luz do dia suas ideias políticas
capaz de influenciar movimentos sociais e os anseios e que, numa sociedade de classes, são igualmente
interesses de classe. Pela sua natureza mesma, as
expectativas vividos por parte da população. revistas de informação e opinião sentem-se com ca-

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Louise Scoz Pasteur de Faria

pacidade e autoridade para influenciar os processos Análise dos textos jornalísticos na


políticos (CARVALHO, 2004, p. 20).
década de 1980: conjuntura e mídia
Nota-se uma intenção de tornar a publicação necessária
ao brasileiro bem informado, ao reivindicar para si poder A década de 80, no Brasil, foi de crise política, so-
para analisar e digerir acontecimentos de forma a ver além cial e económica, em que a dualidade entre esperança e
das aparências, apontando verdades e culpados, mesmo desesperança ficou à mercê da tempestade de crise que
com nenhuma pretensão pela parcialidade, espelhada assolou o país. Um período complexo de transição para
em veículos internacionais, fato que irá permear todas as novas ideologias políticas, novas formas de represen-
opiniões emitidas pelo veículo. Em seus primeiros anos de tação social, novas tecnologias, novos pontos de atrito
vida, posicionava-se contra as arbitrariedades do regime, mundiais, uma nova era de políticas exteriores, que foi
em especial contra o AI-5, o fechamento do Congresso, a sentida de diferentes maneiras em todos os estratos so-
suspensão dos direitos civis, a censura e a tortura. Entre- ciais. Em especial nos anos foco da pesquisa, entre 1987
tanto, ao entrar na década de 80, torna-se alinhada com a e 1988, a situação brasileira se modificou de maneira no-
lógica de mercado, entrando na era do Marketing. tável, do ponto de vista económico, político e social. As
A grande modificação na linha editorial de Veja não taxas de inflação no país elevaram-se de modo dramático,
ocorre no período de 1980, mas sim na década anterior, de 416% em 1987 para 1038% em 1988, fruto da política
com a pressão advinda do regime militar que culmi- económica do governo democrático de José Sarney. Foi
naria na demissão de Mino Carta, em 1975. Uma das um golpe difícil na economia brasileira, caracterizando
consequências desse corte em sua história foi o acerto o pico da crise que o país vivia desde o início da década
de compasso com publicações estrangeiras, no modelo de 1980 (SKIDMORE, 2000, p.328).
norte-americano de mídia impressa, no sentido de sin- Retomando o processo de transição política no país,
tetizar ao máximo a informação e o aprofundamento de a discussão a respeito de eleições diretas iniciou-se em
suas pautas, diminuindo o tempo de leitura individual. 1983, primeiramente apoiada por partidos políticos e
militantes. Somente no ano seguinte, 1984, a campanha
Aestrutura redacional de Veja é copiada rigorosamen- a favor das "diretas já" foi anunciada e posteriormente
te das revistas Times e Newsweek. E evidentemente acolhida pela população, que se manifestou com entu-
tem como objetivo, principalmente no chamado "texto
siasmo. Com ampla abordagem pelas mídias, o movi-
final", obter a chamada "linguagem da casa", coisa
na qual essas revistas norte-americanas tanto se mento converteu-se em fala popular, já desgastada pelas
esmeraram na década de 50 e depois abandonaram problemáticas políticas e económicas. Com a rejeição da
como coisa inútil e sem sentido... A superposição de proposta das eleições diretas, os brasileiros sentiram-se
redatores, o "tratamento" da matéria sucessivamente
por jornalistas que nada tinham a ver com o fato frustrados, e a batalha sucessória foi iniciada nos partidos
ia desvirtuando logicamente a ordem natural das e colégios eleitorais. Tancredo Neves foi escolhido para
coisas, até "fabricar" uma matéria que poderia ser conduzir a transição democrática, que se tornou traumá-
limpa, correia, tratada por "retocadores de sintaxe e
especialistas em vírgulas estratégicas", mas que na tica quando foi anunciada a doença do futuro presidente
verdade era uma contrafação do verdadeiro jornalis- do Brasil: Tancredo morre em 1985, deixando um país
mo (MIRA, 2001, p.90). em luto. Em 28 de fevereiro de 1986, o presidente José
Sarney anuncia ao país o Plano Cruzado e a consequente
Percebe-se que a Revista Veja não é apoiadora de substituição da moeda Cruzeiro pelo Cruzado e o con-
determinados grupos políticos, no entanto expressa sua gelamento dos preços e taxas de câmbio.
posição liberal desde seu nascimento. A lógica de Veja
é alinhada com a questão neoliberal, de apoio ao livre Sarney convocou "as brasileiras e os brasileiros" a
mercado e às ferramentas de marketing. Já a Revista Is- colaborar na execução do plano e a travar uma guerra
de vida ou morte contra a inflação. O governo pare-
toé surge com a saída de Mino Carta da redação de Veja, cia tornar realidade o sonho de um dia se ir dormir
em 1976. Em um campo dominado por Veja, Istoé tinha no Brasil e se acordar no dia seguinte na Suíça. O
como responsabilidade produzir um discurso atraente congelamento de preços teve um profundo eco na
população, que não podia acompanhar os complica-
para conquistar o leitor. Em seus primeiros anos de vida, dos meandros da economia e preferia acreditar nos
Istoé se posiciona de maneira oposta à Veja. No entanto, atos de vontade de um dirigente visto agora como
o discurso se modifica quando Istoé é comprada por uma corajoso (FAUSTO, 2001, p. 522).
empresa maior, a Editora Três, que visava aumentar
sua circulação e competir de modo mais acirrado com Criou-se uma atmosfera de euforia com a nova po-
Veja. A partir desse momento, a linha editorial de Istoé lítica económica e uma renovada esperança no futuro
torna-se muito parecida com Veja, se aproximando do do Brasil por parte das camadas populares. Entretanto,
modelo norte-americano. o congelamento dos preços ocasionou uma corrida ao

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consumo e um sério problema de desequilíbrio de contas No ano de 1988 nota-se uma modificação na qualifi-
externas. O Brasil declara moratória em fevereiro de cação de países estrangeiros a partir da utilização de mais
1987. Na análise de conteúdo textual, observa-se uma palavras de caráter positivo. Portugal foi mais citado do
modificação na abordagem da temática do ano de 1987 que o Brasil, e a ele associados termos como: "moderni-
para o ano 1988. Durante o ano de 1987, foram veicu dade/arrojada", "euforia/eufórica/efervescência", "lucro",
ladas três matérias jornalísticas que abordaram a saída "faraónico", "solidariedade", "piores pagadores", "velho",
dos brasileiros: duas retiradas da revista Istoé nos meses "segurança", "crescimento", "pobrezinhos". As palavras
de julho e setembro e uma de Veja, no mês de setembro. mais citadas na referência ao Canadá foram: "charmosas
Foi redigido um total de 187 frases. Destas frases, 46% (os)", "brilhante", "assistência", "respeito", "paz/pacata",
se referiam a algum país. O mais citado foi o Brasil, com "progresso", "desburocratizadas", "velha".
um total de 33 aparições, seguido pelo Canadá, com 20 Na abordagem dos textos veiculados durante a década
citações e Paraguai, com 10. Portugal aparece quatro de 1980 é clara a ênfase à prosperidade financeira, à
vezes nos textos, e Estados Unidos, apenas uma vez. busca pelo progresso, pela riqueza material. Os anseios
Sobre a atribuição de qualidades positivas ou nega- criados pela ilusão de uma transição rápida transforma-
tivas, 55% do texto não mencionou tendências dessa ram-se em frustração e decepção. A transição política
natureza. No entanto, 32% das frases eram negativas, brasileira não seria a cura para os males da população
8,5% positivas e 4,5% tinham elementos tanto positivos do país, mas tratava-se de um momento importante
quanto negativos. Ao Brasil foram atribuídas dezoito para iniciar uma retomada do progresso que, naquele
frases negativas e duas positivas, enquanto para países momento, era uma lembrança pálida.
estrangeiros foram 27 frases de natureza negativa e treze
positivas. A respeito dos termos associados ao Brasil, Seria inadequado dizer que esses problemas nas-
ceram com o regime autoritário. A desigualdade de
estes, em sua maioria, faziam referencia à situação oportunidades, a ausência de instituições do Estado
económica, como "crise", "preocupação", "refugiados confiáveis e abertas aos cidadãos, a corrupção, o clien-
económicos", "problemas", "desempregado", "falta de telismo são males arraigados no Brasil. Certamente,
esses males não seriam curados da noite para o dia,
alternativas", "oportunidades" e "rico". mas poderiam começar a ser enfrentados no momento
Os núcleos de significado mais presentes foram: depor- crucial da transição (FAUSTO, 2001, p. 527).
tação/expulsão/embora/sair, em um total de treze vezes;
trabalho/emprego, com dez citações; lucro/economia(s)/ga- O caos político, o aumento da violência e das desi-
nhar prosperar/dinheiro, com oito citações; crise/"tempos gualdades entre classes e a desorganização estrutural
bicudos", seis vezes e oportunidades, cinco vezes. das instituições públicas agravavam um contexto já
É interessante ressaltar o resultado, uma vez que se problemático. "Um fato importante que contribuía para
observa uma modificação no foco e na frequência dos o êxodo de brasileiros em busca de melhores condições
textos jornalísticos no ano de 1988. Foi veiculada uma no estrangeiro eram as disparidades económicas e sociais
reportagem de capa. na revista Veja, no mês de março de crescentes num ambiente de investimento público em
1988. De um total de 171 frases, 64% faziam referência declínio" (SKIDMORE, 2000, p.279).
a países. O mais citado foi Portugal, com 52 aparições
no texto, seguido pelo Brasil, com 26 vezes; Canadá, A desorganização, a corrupção e o caos económico
do governo Sarney solaparam o patriotismo usual.
dezesseis aparições; Argentina e Austrália com seis Os brasileiros começaram a votar com os pés. Seus
citações, e Estados Unidos aparecem três vezes. principais destinos eram os Estados Unidos (610
Ao Brasil, na reportagem de Veja do ano de 1988, os mil) e o Japão (170 mil), com um pequeno número
indo para Portugal, cuja condição de membro da Co-
termos mais utilizados têm uma maior carga emocional, munidade Europeia o tornava atraente. Dadas suas
como "frustrado", "partir/saída", "amargo", "triste", fronteiras mal protegidas e controles de imigração
"pouco respeito/humilhação/desrespeito", "difícil", geralmente ineficazes, os Estados Unidos eram um
destino favorito (especialmente Miami, Nova York e
"sufoco", "oportunidades", "assalto/violência". Sobre Boston) para crescentes comunidades de exilados
a análise de frequência de palavras usadas no texto de brasileiros, que não partiam por razões políticas, mas
Veja, os mais encontrados foram oportunidade/chan- porque procuravam uma vida melhor (SKIDMORE,
2000, p.277 - 278).
ce/crescimento, oito vezes; dinheiro/riqueza/lucro, seis
vezes; modernidade/arrojada, cinco vezes; respeito,
quatro vezes; euforia/milagre/efervescência, quatro Uma onda de descrença e alarme tomou conta das
vezes; humilhação/desmoralizante/ desrespeito, três mídias, e os brasileiros, que respondiam às notícias
vezes; frustrado/"nenhum horizonte", três vezes; tranqui- inicialmente com preocupação a respeito da situação
lidade/pacata, três vezes; assaltos/violência, três vezes e económica, tornaram-se responsáveis por uma fala mais
facilidade/vantagem/benefício, três vezes. carregada emocionalmente. Os veículos de comunicação

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Louise Scoz Pasteur de Faria

impressa que traduziram as movimentações sociais no a quinta maior revista em circulação do mundo no an
país tiveram grande importância no contexto brasileiro de 1988, passando a ser a porta-voz da Editora Abri
durante o período de crise económica e política dos anos representando um terço do faturamento total da empres
80, uma vez que semanalmente noticiavam fatos que to- editorial. Essa grande participação no mercado editorií
cavam a realidade dos leitores. Informações económicas brasileiro deve-se, em grande parte, a investimentos er
e a respeito da conjuntura social brasileira se entrelaçam aumento de vendas por assinatura que, neste períodí
com a desesperança no futuro político. já significava 85% do total de circulação de Veja. Erai
realizadas constantes pesquisas com os leitores a respe
Num sábado recente de fevereiro, às 10 horas da to de várias características da publicação semanal, se
manhã, não havia uma só nuvem no céu de Lisboa,
e o termómetro do Shopping Center das Amoreiras, aspecto estético, quantidade de reportagens, maneira d
a nova meça do consumo em Portugal, indicava compra. Percebe-se uma inclinação de Veja a espelhe
uma queda de temperatura - 3 graus acima de zero. os desejos dos leitores: como estratégia de aumento d
Do avião que acabara de aterrissar no Aeroporto
Internacional da Portela, procedente de São Paulo, vendas e leitura, seus gostos são sondados e possívei
emergiram devidamente encapotados Sérgio e Vânia mudanças no perfil do leitor são monitoradas. A revisl
Carrasqueira, ambos de 28 anos, casadas há cinco posiciona-se com relação ao leitor, e isso se deve ao porl
meses: 'Eu estava frustrado no Brasil. Tinha uma
renda familiar média, mas nenhum horizonte à vista. da publicação. Sua fatia de faturamento faz com que
Eu ia no supermercado com uma máquina de calcular pressão vinda do anunciante seja pequena com relaçã
no bolso, andava nas ruas com receio de assaltos. A à pressão ocasionada pelo leitor.
impressão que tenho é de que estou mudando para
um país mais sério.' Explicou Sérgio ao desembarcar. Também a revista Istoé, que iniciou sua históri
Ele não foi o primeiro e certamente não será o último: como publicação semanal no ano de 1976 com pç
quase 12 000 brasileiros antes de Sérgio desem- sicionamento diferente com relação à revista Vê j L
barcaram de mala e cuia em Portugal, desde 1980,
em busca de algo. Esse algo pode ser chamado de modifica sua linha editorial durante a década de 198(
oportunidade melhor, mais dinheiro, maior respeito seguindo o modelo norte-americano (já seguido pel
com o cidadão ou, simplesmente, de tranquilidade concorrente), com o objetivo de aumentar sua circi
para viver melhor (VEJA, 1988, p. 38).
lação no mercado editorial.
Num campo amplamente dominado por Veja, co
É bom que se note que, paralelamente, entre as déca- seus 240 mil exemplares, contra 75 mil de Isto
Mino Carta tinha que produzir um discurso verd;
das de 1970 e 1980, inicia-se, na história das revistas no
deiramente demolidor. A questão se esclarece ainc
Brasil, um novo período, caracterizado por modificações mais quando se percebe que, anos depois, ao si
na linha editorial e estética. O conceito de Estado nação comprada por uma empresa maior, a Editora Trê
que visa a atrair um público mais amplo, Istoé acat
se enfraquece e, consequentemente, diminui a preocupa-
se tornando muito parecida com Veja. Como observe
ção de construção de uma identidade nacional, no caso, Carlos Eduardo Lins da Silva, "em 1980, três anc
por parte desse tipo de veículo de comunicação. Os bra- após sua fundação, Istoé partiu em busca de públicc
maiores que seus quase 80 mil de tiragem da époc
sileiros voltam seu olhar para o exterior e, neste período,
e abandonou seu projeto original, aproximando-se c
o formato das revistas nacionais se aproxima bastante de modelo norte-americano" (MIRA, 2001, p.91).
revistas internacionais, como Times e Newsweek.
Portanto, é preciso considerar fortemente a maneú
Entre o início dos anos 70 e meados dos 80 delineia-
se um novo período na história das revistas no Brasil.
como o público atingido por essas publicações enxerga\
Os títulos mais significativos ainda abrangem grandes a situação brasileira, pois ela influenciaria, fortement
segmentos, mas o desejo de ser autenticamente bra- a maneira como os textos referentes à questão da em
sileiro desaparece. Com o enfraquecimento do Estado
nação, desaparece a preocupação em construir uma
gração brasileira retratavam essa realidade e possíve
identidade nacional. Em outras palavras, a nação vai motivações de saída do país. Muito das consideraçõí
perdendo sua importância como referência para a feitas com maior carga emocional tocou o público c
construção da identidade de indivíduos e grupos. Fica,
entre os realizadores das grandes revistas, um orgulho
maneira mais pontual do que se o texto estivesse ma
de nossa performance em relação a outras versões imparcial nesse aspecto, impactando, intencionalment
mundiais. Persiste, evidentemente, o de se comunicar no número de vendas da edição, bem como nas vendi
com o leitor brasileiro, mas procurando encontrar o
que ele tem de comum com outros leitores de produtos
em potencial das edições que viriam a ser veiculadas.
similares no mundo (MIRA, 2001, p.97). Durante o ano de 1987, as referências a países tinha]
como foco a clandestinidade e a ilegalidade. Por sua vê
No ano de 1981, a revista Veja já possui 500 mil no ano de 1988, os termos se tornam mais brandos e 1<
exemplares em circulação por todo o país e, em 1984, já vês, se referindo à modernidade, ao progresso do exterií
é a revista de maior faturamento da Editora Abril. Veja é em comparação com a situação interna, ao sentimem
Think, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 18-28, juh/dez. 2006
A emigração e a auto-estima do brasileiro: um olhar através das revistas Veja e Istoé

de euforia económica. De qualquer forma, o progresso em contrapartida, perderam o direito até mesmo à
correção monetária de seus rendimentos; na condição
económico está fora do Brasil. de pequeno poupador, suas cadernetas de poupança
são corroídas regularmente pela inflação e por des-
Análise dos textos jornalísticos valorizações cambiais que se sucedem desde 1999;
enquanto contribuintes pagam impostos cada vez
dos anos de 2004 e 2005: maiores (JURUÁ, 2004, p.2 - 3).
conjuntura e mídia
Isso configura uma crise velada, pouco abordada
A vitória da oposição nas eleições de 2002 foi o de- pelas mídias e discutida pela população, apenas sentida
sejo de grande parte da classe média brasileira, pautada nas camadas mais desfavorecidas do estrato social. O
na crença de que o novo governo seria uma saída viável índice de desemprego em áreas metropolitanas foi, em
para a desigualdade social. Do ponto de vista econó- média, de 12% no ano de 2004, enquanto no ano de
mico, as políticas macroeconômicas do Governo eleito 2003 a média foi de 13%. O índice mascara um pouco
tiveram êxito na retomada do crescimento económico a questão do emprego no Brasil, uma vez que se nota
e na expansão vigorosa das exportações, a partir do in- claramente o aumento da informalidade no campo pro-
centivo governamental a médias empresas, ou seja, em fissional. O rendimento profissional formal caiu 20,37%
modificações em curto prazo. se comparado com o ano de 1998, quando o rendimento
A taxa de crescimento da produção, modesta em 2003 médio real dos ocupados era de R$ 1.017,50, passando
e superior a 5% em 2004, foi obtida graças a um aumen- a R$ 810,17, em julho de 2004 (KATO & PONCHIO-
to das exportações e à geração de um importante saldo ROLLI, 2002, p.88 - 89).
comercial externo. As exportações, que eram de US$ 60 Segundo dois pesquisadores da área, Jerry Miyoshi
bilhões em dezembro de 2002, atingiram cerca de US$ 100 Kato e Osmar Ponchirolli, da Universidade Federal de
bilhões em dezembro de 2004, com expansão de 20% em Santa Catarina, o aumento do desemprego no Brasil
2003 e de 35% em 2004. É uma realização que relembra apresenta três explicações fundamentais: fatores estru-
os tempos do "milagre", quando o valor das exportações turais, conjunturais e sazonais.
brasileiras foi dobrado em apenas dois anos, passando
de US$ 2.900 para mais de US$ 6 bilhões entre 1970 e Dos fatores estruturais, o Brasil amarga efeitos de
três fatores perversos: baixo crescimento, educação
1973. O aparente "milagre" económico, entretanto, não insuficiente e legislação inflexível. Destes fatores, a
foi fruto de modificações estruturais na distribuição e no educação insuficiente desde a infância é responsável
manejamento de gastos (JURUÁ, 2004, p.l). Também direta ou indiretamente pela baixa qualificação da
mão-de-obra no Brasil e apresenta-se como um dos
houve uma recuperação modesta no índice de consumo, pontos mais críticos para o país. Assim, é possível
amparada pelo sistema de crédito e diminuição do de- evidenciar que boa parte dos problemas como de-
semprego em termos gerais. semprego no país é gerada pela baixa qualificação
da mão-de-obra existente, oriunda de uma educação
No entanto, a face difícil da política económica dos precária e insuficiente (KATO & PONCHIOROLLI,
anos 2004-2005 é novamente legitimar o abismo social 2002, p.89).
brasileiro ao canalizar uma parcela maior da renda
nacional para os donos de capital, maior do que aquela Nesta perspectiva de atraso mercadológico e humano
atribuída aos rendimentos do trabalho, que resulta na é necessário discutir a educação como índice atrelado ao
perda do poder aquisitivo dos salários com redução da desenvolvimento humano, bem como à desigualdade so-
participação destes na Renda Nacional. cial. Muito já foi discutindo sobre o elo entre educação e
sustentação do crescimento económico e social em longo
Na versão oficial, a principal razão desta reconcentra-
ção da renda nacional deve-se às elevadas taxas de
prazo, bem como instituição geradora de desigualdade
desemprego do período neoliberal (taxas superiores no mercado de trabalho.
a 10%). Certamente esta é uma razão, mas não é
a única e, talvez, nem seja a razão principal. Os O perfil da educação brasileira apresentou significa-
rendimentos do capital têm sido favorecidos por um tivas mudanças nas duas últimas décadas. Houve
sistema tributário regressivo que reduz os impostos substancial queda das taxas de analfabetismo, au-
sobre a produção e sobre aplicações financeiras, e mento expressivo do número de matrículas em todos
até desonera integralmente os setores mais lucrativos os níveis de ensino e crescimento sistemático das
voltados para a exportação e para os segmentos de taxas de escolaridade média da população. Não obs-
tecnologia avançada e dinâmica; os bancos e os tante, o quadro educacional do país é ainda bastante
investidores financeiros usufruem do privilégio de insatisfatório tanto do ponto de vista qualitativo quanto
cobrar taxas de juros que estão entre as mais altas do em relação a alguns indicadores quantitativos. No que
mundo; os setores monopolistas, atuando no forneci- se refere à escolaridade da população, observam-se
mento de serviços públicos essenciais, desfrutam do duas tendências importantes: primeiro, o crescimento
privilégio de rendas corrigidas periodicamente acima da renda per capita verificado nas quatro últimas
da inflação. Os trabalhadores ativos e aposentados, décadas foi acompanhado de expansão da taxa de

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Louise Scoz Pasteur de Faria

escolaridade média, passando-se de dois anos de de empregabilidade não seria o cerne da problemática,
estudo em 1960 para cerca de cinco anos em 1990.
Em segundo lugar, a queda das taxas de analfabe-
mas sim fatores que levam o indivíduo a menosprezar
tismo de 39,5% para 20,1% nas quatro últimas dé- o valor da própria vida, como desestruturação familiar
cadas foi paralela ao processo de universalização do e estigma social.
atendimento escolar na faixa etária obrigatória (7 a 14
anos), tendência que se acentua a partir de meados
O estudo concluiu, entre outros resultados, que
dos anos 70, sobretudo como resultado do esforço do
quanto maior o grau de desestruturação social, menor
setor público na promoção das políticas educacionais
o valor atribuído à vida, o que resulta em uma taxa
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1996).
de homicídios maior para uma certa região. Dentre
as variáveis analisadas, observa-se que uma maior
Este movimento não ocorreu de forma homogénea, proporção de jovens na população tem impacto sobre
a taxa de homicídios. Verificou-se que um aumento
acompanhou características regionais e reflete suas de- de 10% no número de jovens em determinados
sigualdades: fica claro o atraso de regiões do nordeste municípios elevaria a taxa de homicídio em 7,6%.
brasileiro, inclusive são apontadas variações de anos de Essa taxa é influenciada também pela proporção de
crianças pobres. Uma elevação de 10% neste número
estudo entre indivíduos de origens étnicas diferenciadas. provocaria um aumento do risco de homicídios de
A média de anos de estudo na região Nordeste é de 3,3 2%. A variável taxa de ocupação tem menos impacto
anos na década de 1990, enquanto na região Sul é de sobre a violência medida pela taxa de homicídios:
um aumento de 10% na ocupação reduziria o risco
5,1 anos. A região Sudeste apresenta o maior índice, de homicídios em 0,4%. O salário médio, por sua
de 5,7 anos. Na mesma década analisada, a população vez, está diretamente correlacionado ao homicídio.
branca tem em média 5,9 anos de escolaridade, contra Esse fato poderia ser explicado pelo aumento da
riqueza acessível, resultante do aumento salarial,
3,3 anos da população declarada negra. A distribuição que estaria sujeito a algum tipo de extorsão, o que,
populacional com base no nível de educação brasileiro por sua vez, levaria ao aumento do latrocínio (TEI-
na década de 1990 apontava que apenas 8% da população XEIRA, 2004, p.6).
possuíam nível superior de educação, 13% da população
possuíam o ensino médio e 40% havia cursado a pri- É importante destacar, também, o crescimento urbano
meira fase do ensino fundamental (MINISTÉRIO DA como um dos fatores determinantes na questão da vio-
EDUCAÇÃO, 1996). lência urbana: a desorganização urbana, o aparecimento
A criminalidade no país tornou-se centro da discus- de cidades paralelas com pior qualidade de moradia e
são e preocupação da sociedade civil no Brasil contem- segurança e a ineficiência de proteção ao cidadão.
porâneo. Mais do que soluções a longo e médio prazo, a Durante o ano de 2004, foram veiculadas duas
população pede medidas de caráter urgente para estancar reportagens jornalísticas a respeito da emigração de
esse processo. Contudo, estudos apontam que a violência brasileiros, ambas de 4 de fevereiro do ano em ques-
e suas manifestações agravaram-se com a ineficiência tão, uma retirada da revista Veja e outra de Istoé. Foi
de políticas de distribuição de renda adotadas ao longo redigido um total de 147 frases, sendo que destas,
da década de 1990, aliadas ao crescimento dos núcleos 48% mencionavam algum país. Desta vez, o país mais
urbanos e à fragilidade do sistema penal, culminando na citado foi os Estados Unidos, ao contrário dos textos
situação atual dos centros urbanos brasileiros. Durante a analisados veiculados durante a década de 1980, com
década de 1990, homicídios assumiram a primeira posi- um total de 43 aparições. O Brasil aparece em treze
ção entre mortes causadas por causas externas, cerca de frases, e o México, em três.
40% do total. Entre os anos de 1990 e 2000, o número Ao se considerarem abordagens positivas ou negati-
total de homicídios foi de 401.090 no Brasil. Dado mais vas, observa-se que em 39,45% do texto transparecem
alarmante obtido em 2001 foi o registro de 46.685 homi- tendências dessa natureza: 74% das frases eram nega-
cídios, a maior parte causada pelo uso de armas de fogo, tivas, 19% positivas e 7% citavam tanto características
em torno de 71,5% do total. "Mais preocupante ainda é negativas quanto positivas. Aos Estados Unidos foram
a informação de que, superando todas as enfermidades atribuídas 25 frases negativas e dez positivas; ao Brasil,
e outras formas de morte violenta, os homicídios estão sete frases negativas e nenhuma positiva, ao México,
entre a principal causa de morte para jovens entre 15 e 19 três negativas. O país Holanda aparece apenas uma vez
anos, sendo o risco de morte 12 vezes maior para homens associado a uma característica positiva. Com relação aos
que para mulheres" (TEIXEIRA, 2004, p.5). termos associados ao Brasil, aparecem palavras como
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Económica "máfia", "perigos", "clandestina", "prejuízo", "ultra-
Aplicada, IPEA, a questão do aumento da violência ur- passado", "falsos", "preso", "perdeu/perda", que dão
bana estaria atrelada à exclusão social: quanto maior a ênfase aos perigos ligados a atividades ilícitas, no caso,
vulnerabilidade socioeconômica, maior a probabilidade de agenciadores de emigrantes, bem como em possíveis
de haver maiores índices de violência. O baixo nível consequências da entrada ilegal em outros países.

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A emigração e a auto-estima do brasileiro: um olhar através das revistas Veja e Istoé

No ano de 2005, há um total de 232 frases e quatro perigos menores, incorporados através do terrorismo,
reportagens jornalísticas, três veiculadas na revista Is- da instabilidade económica e de conflitos étnicos, que
toé e uma, na Revista Veja. Deste total de frases, 39% surgiram durante a década de 1990.0 presidente George
cita países, sendo que o mais citado novamente é os W. Bush afirma o compromisso de seu governo com o
Estados Unidos. Relacionando tendências de caracteri- combate ao terrorismo internacional, independente de
zação positiva ou negativa, 52,58% dos textos contêm seus custos ou de sua duração, como uma luta a favor
qualificações. Desta porcentagem, 75% é de natureza de ideais de liberdade e democracia.
negativa, 21% positiva e 3% citam qualidades positivas
e negativas. Se, nos textos do ano anterior, já se observa Diante de uma popularidade interna em queda, de
uma disseminação da incerteza em solo iraquiano
um aumento na valorização de aspectos emocionais e e da falta de apoio das demais nações e organiza-
negativos ligados às atividades emigratórias, no ano de ções internacionais, Bush lembrava a todos que o
2005 confirma-se essa tendência. Ao Brasil, em 2005, os terror era uma ameaça transnacional e que os EUA
preservariam seu compromisso com a liberdade e a
termos "pior", "decepção", "ilegalmente", "tolerância", democracia. Igualmente, os EUA demandavam, sob
"complacência", "urgência", "condições subumanas", seu comando, uma maior sustentação de suas opera-
"máfia" e "clandestina" aparecem relacionados. No caso ções em nível multilateral, alertando para os perigos
crescentes do sistema. Adicionalmente, um aumento
da Inglaterra, outro país bastante citado, os termos são no orçamento de guerra foi solicitado, falando-se em
mais positivos: "retorno financeiro", "sucesso", "próspe- mais 87 bilhões de dólares para a continuidade das
ro", "orgulhoso", "badalação", "ameaça" e "terrorismo". operações (PECEQUILO, 2003, p.1).
Aos Estados Unidos foram atribuídas 32 frases negati- Pela primeira vez em mais de meio século, os Estados
vas e duas positivas; ao Brasil, doze negativas e duas Unidos pareciam não mais enfrentar uma grande
positivas; Inglaterra, duas negativas e seis positivas; e ameaça isolada à sua segurança nacional e ao seu
modo de vida. No final da década de 1930 e na
México, três negativas. Segunda Guerra Mundial, essa ameaça veio do fas-
As frases atribuídas aos Estados Unidos diminuíram cismo. Durante a Guerra Fria, era a União Soviética
de número, mas aumentaram consideravelmente a sua e o comunismo soviético. Nos dois casos, o perigo
era expressivo e sem ambiguidades. Como resultado,
qualificação negativa, com termos como "dolorosa- nos Estados Unidos e entre seus aliados, havia amplo
mente", "difícil", "ilegal", "desesperada", "sinistra", consenso sobre a existência de uma importante ame-
"guerra", "desértica", "ofensiva", "inóspita", "ódio", aça, muito embora às vezes surgissem diferenças
(como no caso do Vietnã) sobre cursos específicos
"clandestino", "terrível", "ilegalmente", "problema", de ação. De 1989 a 2001, existiu uma multiplicidade
"hostiliza", "preocupação". Termos como "sinistra", de perigos menores, por exemplo, conflitos étnicos,
"desesperado", "inóspita", "agonizante", "inferninho", proliferação de armas, terrorismo, instabilidade po-
lítica e financeira, Estados fracassados, o impacto
"amarga" e "depressão" são exemplos de uma tendência das mudanças climáticas, doenças infecciosas e a
à dramaticidade que o texto possui ao citar palavras com pobreza (LIEBER, 2002, p. 5 - 6).
grande carga emocional negativa.
Percebe-se que os textos estão centrados no trata- A partir desse momento, o Governo Bush tomou me-
mento da emigração, no entanto transparece o esforço didas drásticas que configuraram o início de uma "guerra
de se posicionar não somente contra a prática da emi- contra o terrorismo", que compreendia medidas legais,
gração clandestina, mas também contra os Estados económicas, de política interna e diplomática, como a
Unidos. Muito do posicionamento dos textos deve-se aprovação de uma resolução que autorizava o presidente
à conjuntura norte-americana da época com relação a norte-americano a utilizar "ferramentas de autodefesa da
sua política diplomática, iniciada a partir do primeiro nação" contra organizações que considerasse ligadas a
mandato do governo Bush. Com o início do governo atos de terrorismo internacional e à criminalização de
Bush. os Estados Unidos realizaram um movimento de atividades financeiras do grupo Al Qaeda por parte dos
fechamento em si, resultando em uma posição unilateral países integrantes do Conselho de Segurança das Nações
e polarizada em torno da luta contra organizações que Unidas. Tais medidas causaram controvérsia no âmbito
iam de encontro aos interesses norte-americanos, o que do direito internacional, mas o auge da tensão causada
entrou em choque com um Brasil mais voltado para pelos Estados Unidos se deu a partir da invasão do Iraque
suas relações internacionais, com maior independência sem o aval do Conselho de Segurança da ONU, com o
económica e política. apoio da Grã-Bretanha. A postura norte-americana foi
O final da Era Pós-Guerra Fria deu-se a partir dos interpretada pelos veículos de comunicação analisados
atentados sofridos em 11 de setembro, marcando um como ameaçadora e sem compromissos maiores com
novo momento no pensamento estratégico norte-ame- o bem-estar de outras nações, transparece nos textos
ricano. confirmando a existência não de uma ameaça e beira o amedrontamento, especialmente em trechos
isolada ao seu modo de vida, mas sim de múltiplos emocionalmente carregados:
Think, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 18-28, jul./dez. 2006
Louise scoz rasteur ae t ária

O governo calcula que milhares de pessoas já morre- Brasil nesse contexto, a padronização de um modeL
ram na desesperada tentativa de burlaras fronteiras.
E só fazem parte das estatísticas oficiais os corpos internacional se enfraqueceu, fazendo com que essa
encontrados inteiros. A maioria dos imigrantes mortos chamadas fórmulas gerais fossem adaptadas à situaçã<
espalhados pelo deserto tem seus corpos dilacera- regional. A segmentação como estratégia mercadológic
dos. É crânio para um lado, mãos para outro, pernas
e por aí vai, garante o patrulheiro chefe (ISTOÉ,
para atingir novos nichos de mercado no setor de publi
2005, p.76). cações periódicas ampliou a oferta e criou uma verda
deira avalanche de novos títulos e géneros periódicos
A descrição é semelhante ao tratamento recebido por fortalecendo a questão da especificação da informaçã*
vítimas de Guerra, como se a Guerra declarada entre e da construção de um estilo de vida ligado à leitura d<
Estados Unidos e Iraque se estendesse a outros países determinadas revistas.
do globo, neste caso, a países vizinhos da América
A segmentação da produção cultural nos últimos ano
Central e Brasil. Outro importante fator que influencia parece ser o resultado de uma especificação maic
o tratamento dos Estados Unidos pelos veículos impres- das ofertas, cruzando-se essas três variáveis básica
sos estudados é seu papel dentro da economia global e - classe, género e geração - com outras que comple
sua presente situação interna. Anteriormente, durante mentariam o que tem sido chamado de estilo de vide
Essa especificação viria ao encontro da necessidadi
a década de 1980, o país exercia a função fundamental de expressão das diferenças por parte desses grupo:
de centro teórico e prático da política neoliberal, saindo e, mais recentemente, da exploração da diversidadi
de uma bipolaridade ideológica, com situação de déficit cultural ou da fragmentação da experiência no cenárii
contemporâneo, também chamado de pós-modern<
interno controlado e maior potencial produtivo e de (MIRA, 2001, p. 215).
consumo, o que não é realidade nos dias atuais.
O foco em um público mais jovem e com melhore:
Terrace Park Cemetery, área rural da cidade de El
Centro, Califórnia, Estados Unidos. Um descam- condições económicas também é próprio da conjuntun
pado de terra dá abrigo a inúmeras covas rasas de atual, uma vez que modificações sociais tendem a s<
pessoas desconhecidas da população local. É neste internacionalizar, globalizar, dentro de segmentos ben
pedaço de chão que estão enterrados os corpos e
os sonhos de cerca de 180 brasileiros, de um total definidos. O novo perfil de Veja é influenciado pela con
de 500 pessoas sepultadas nos últimos cinco anos. juntura mundial: a faixa etária mais relevante nesse nove
Gente que buscava na América uma nova vida, contexto de internacionalização são jovens proveniente.'
mas encontrou a morte. São homens, mulheres e
crianças que tiveram suas existências interrompidas
de classes mais altas, imersos dentro de um padrão de
pela sede, pela fome, ou foram atacadas por bichos consumo elevado, com acesso a uma comunicaçãc
selvagens do deserto. Outros tombaram brutalmente globalizada.
assassinados por traficantes de homens - aqueles
que trazem gente para os EUA e são conhecidos
Os segmentos tendem a se globalizar. Por razoe;
como 'coiotes'. Os mortos, se batizados no Brasil,
óbvias, os mais globalizados são os de extração df
neste canto de terra são reconhecidos apenas por
classe mais alta. Também a faixa etária é relevante
números. Ninguém sabe os nomes, endereços ou
nesse aspecto: quanto mais jovens, mais mundiali
quaisquer outras referências sobre aquelas pessoas.
zados. Mas como e por que os segmentos se inter
Foram todas encontradas mortas pelo deserto, sem
nacionalizam? Hobsbawm chama a atenção para c
documentos. O recurso adotado para se identificar a
fato de que, embora com variações, as mudanças
provável nacionalidade desses infelizes é peculiar:
sociais e culturais do século XX abrangeram "todo c
observa-se o aspecto da fisionomia de cada um ou
globo modernizante" (MIRA, 2001, p. 217).
a etiqueta das roupas que vestiam os corpos quando
foram encontrados (ISTOÉ, 2005, p. 70).
Veja perdeu o apelo de revista mais popular, voltando-
Essa questão transparece na abordagem da mídia e se para classes mais altas e, consequentemente, deixoi;
na postura brasileira com relação às influências vindas de se posicionar como porta-voz de grande parte da
de países estrangeiros, que, concomitante às associações população brasileira. Assim, a revista perde seu podei
feitas entre Estados Unidos e características negativas, de influência sobre a grande massa do Brasil, fazendc
apresenta uma valorização da busca pela compreensão com que sua circulação fique restrita a uma faixa mais
e informação a respeito de outros países, como China, específica dentro da sociedade brasileira.
Inglaterra, Iraque e vizinhos latino-americanos.
Sobre o papel de publicações como Veja e Istoé no Conclusão
contexto das revistas brasileiras na contemporaneidade,
é preciso analisar alguns movimentos que impactam o A partir da análise da emigração brasileira através
setor. Com o fenómeno da aceleração da globalização, de matérias jornalísticas das revistas Veja e Istoé é
através de tecnologias da comunicação e ampliação possível perceber dois momentos distintos da percep-
do mercado financeiro, bem como com a inserção do ção do brasileiro sobre si próprio. São dois momentos
Think, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 18-28, juL/dez. 2006
A emigração e a auto-estima do brasileiro: um olhar através das revistas Veja e Istoé

essencialmente diferenciados da trajetória brasileira, da emigração de brasileiros. Os textos tornam-se mais


mas constituem dois momentos económicos, sociais, carregados emocionalmente, é explicitada a tentativa de
políticos, unidos por um profundo questionamento amedrontamento dos leitores com relação à sua saída
da nação Brasil. Ambos marcados por uma crise na do país e a questão da emigração é ligada à ilegalidade,
auto-estima do brasileiro, uma descrença na esperan- à clandestinidade, sendo que a abordagem é quase que
ça e no que poderia ser considerado um conceito da exclusivamente ligada aos Estados Unidos. Os textos
sociedade brasileira. ligados à emigração são utilizados como instrumentos
Durante a década de 1980, a abordagem das revistas de qualificação dos Estados Unidos e têm como objetivo
Veja e Istoé era centrada em aspectos racionais, ligados à associar o país a aspectos negativos. Esses textos não
economia, política e desejo por progresso. As principais falam somente sobre processos emigratórios, mas sim
motivações que explicavam a saída de brasileiros do país abordam assuntos de posicionamento político do país,
eram relacionadas com a situação da economia brasilei- do Brasil e dos próprios veículos.
ra, a transição política, retratada como confusa e pouco Nessa análise de uma crise na auto-estima do Brasil,
transparente. O Brasil foi diminuído na comparação com a partir de textos que se relacionam com a saída de bra-
o exterior, o progresso estava fora e o potencial para sileiros de seu país, podem-se constatar duas posturas
realização pessoal, também. A abordagem da emigração diferenciadas: o Brasil que representava, em um primeiro
clandestina era presente, mas esta era justificada através momento, uma trava nas ambições financeiras dos cida-
dos possíveis ganhos miraculosos em países estrangei- dãos a partir de uma complicada situação económica e
ros, das dificuldades de legalização e constantemente política, uma busca por uma solução externa que anulava
amenizada pela frustração de imigrantes moradores do a responsabilidade individual, e um outro Brasil, estável
Brasil e cidadãos brasileiros. economicamente, que representa uma desilusão emo-
Na abordagem das publicações nos anos 2000, ob- cional, uma falta de esperança na nação, a descrença na
serva-se uma modificação no foco central do tratamento mudança interna, a temeridade do que há por vir.

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