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Mito e Filosofia mElo| Corréa dos Santas’, Osvaldo Carcoso® 1m wonuaaterton erta vez li um livro do poeta Lou- is Aragon (1897-1982), e uma frase sua despertou-me a reflexao. A fra~ se era: “o espirito do homem nao su- porta a desordem porque nao pode pensé-la” srucon, 109, 15020), E varias per guntas povoaram meu pensamento: o que é ordem? E a desordem? Existe desordem ou depende do ponto de vista? io Mas. Pro = “Doli Esta curtoa =P Ee ‘Com 0 intuito de demonstrar a necessidade humana de ordenar © mundo, para poder pensé-lo, @ assim melhor compreendé-fo, desenvolva a seguinte atividade: 1. Divida a turma em pequenos grupos ©, com uma cartolina por grupo, faga uma figura qualquer, re- cortando-a em varias partes de modo a formar um quebra-cabega. 2. Monte a figura do quebra-cabega de forma clesordenada e exponha-a para a turma para que icden- tiflquem a figura, 38. Notando-se a cificuklacie de compreendler a desordem, o grupo deveré organizar a figura @ apresen- {é-la novamente & turma, que dever identiicar a figura formadta, 4, Discuta com seus colegas: qual foi a ciffcuklacle em identificar a figura montada, inicialmente, pe- lo grupo? Por que os homens tém diffculdade em compreender as coisas, quando estas néo estéo dentro de certa orciem? g (196 & 06 8.0). Ni eo ny mudora cont 1 isan rasoau om Nanas em @ Mite Fiosotia Ht Ordem e desordem Ordem e desordem fazem parte da formagao do senso comum ¢ dos processos da razo e, a partir desses conceitos, tratemos de efetu- ar uma avaliacao social e hist6rica. Vivemos inseridos em certas ordens ou organizacoes (sociais, politicas, religiosas, econdmicas), as quais > dependem de nossa escolha. Pensemos, pode ser que nao exista desordem, mas ordens diferentes daquela que costumamos pensar que seja a ordem verdadeira, uma razao imutavel, que reina imperativa. Por exemplo: a civilizagao ocidental ¢ diferente da civilizagao oriental, 0 sul da América € 0 norte da América possuem culturas diferenciadas, ou seja, o mundo é culturalmente diverso ¢ isto enriquece os contatos eas relagdes, é pr pa- 1a evitar confrontos, conflitos, guerras e sofrimentos. Assim também podemos pensar a origem do pensamento moderno ocidental: uma ordem social que se construiu com elementos das mais antigas civilizagdes ocidentais e orientais. Entre a heranga que os an- tigos como S6focles, Aristéfanes, Hesfodo e Homero nos legaram es- tao os mitos, maravilhosas narrativas sobre a origem dos tempos, que encantam, principalmente, porque fogem aos parimetros do modo de pensar racional que deu origem ao pensamento contemporaneo. certo que as tradigdes, os mitos, e a religiosidade respondiam a todos os questionamentos, Contudo, essas expli mais conta de problemas, como a permanéncia, a mudanca, a conti- nuidade dos seres entre outras questes. Suas respostas perderam con- vencimento € nao respondiam aos interesses da aristocracia que se es- tabelecia na polis. Dessa forma, determinadas condigdes histéricas, do século Ve IV a.C., como o estabelecimento da vida urbana na polis grega, as expan- ses maritimas, a invencao da politica e da moeda, do espago puibli- a es ‘0 aprender a conviver com essas diferen ‘des nao davam co ¢ da igualdade entre os cidadaos gestaram juntamente com alguma influéncia oriental uma nova modalidade de pensamento. Os gregos depuraram de tal forma o que apreenderam dos orientais, que até parece que criaram a propria cultura de forma original. Podemos afirmar que a filosofia nasceu de um processo de superacio do mito, numa busca por explicagdes racionais rigorosas e metédicas, condizentes com a vida politica e social dos gregos antigos, bem como do melhoramento de alguns conhecimentos ja existentes, adaptados e transformados em ciéncia 1. Eocreva ura frase objetiva, em seguida, cada eluno deve lr para a turma simuttaneamente, a frase que pensou 2. Pergunte se alguém entendeu alguma co'sa que 0 outro ke 3. Organize a classe em grupos para responder a questéo: qual a importancia da orciom na compre- ‘ensdo co mundo @ no entendimento das relagdes humanas? Cada grupo irs formular uma respos- ta lustrando com um exemplo a ser encenado pelo grupo. A partir des apresentagées, discuta as respostes. HO mito de édipo Os mitos cumpriam uma fung’o social moralizante de tal forma que essas narrativas ocu- pavam o imaginario dos cidadaos da polis grega direcionando suas condutas. Na Atenas do sé culo V a.C. existia também o espaco para as comédias que satirizavam os poderosos e perso- nagens célebres, e as tragédias que narravam as aventuras e prodigios dos heréis, bem como suas desventuras € fracassos. Havia festivais em que os poetas e escritores competiam elegen- do as melhores pecas € textos, estes festivais eram muito importantes na vida da “polis” grega, era por meio destes eventos sociais que as narrativas miticas se difundiam com seu efeito mo- ralizante ¢ de manutengao dos interesses de uma sociedade vigente. © soberano consulla 0 Ordculb, o que 6 comum em vérios mitos, ou tragédias gregas. Oréculo afirma que Seu primogénito iré desposar a propria mae @ assassinar seu pai, 0 Rei Lalo. Entéo, Laio man da que eminem o menino, mas a pessoa encarregada néo cumpre a ordem @ envia o menino para um, reino distante onde ele se toma um grande querrsiro e hers, numa de suas andangas ele encontra um. homem arrogante ¢ o mata; chegando ao Reino de Jocasta, Edipo se apaixona e a desposa. Anos mais tarde, Ecipo cescobre que ela proprio é 0 personagem da profecia, ¢ num gesto de desespero, arranca (08 préprios olhos @ sai a vagar pelo mundo a fora, A profecia se cumpriu, apesar dos esforgos do rei > devem ‘sta narrativa possui um fundo moral, o alerta para os designios dos deuses, que n: ser contrariados, ¢ apesar do heroismo de Fdipo, de toda sua saga, de ter vencido a Esfinge © decifrado seu enigma, seu destino nao 0 poupou. © a vida na polis cada vez mais € direcionada pela politica, ¢ pelas narrativas miticas foram sendo substitufdas pela ética e pelos valores da cidadania grega © cidadao grego cada vez mais participativo nao considerava a idéia de nao controlar a pr6- pria vida. Na vida ptiblica da “polis”, os homens livres manifestavam suas posiges escolhendo entre iguais o direcionamento das decisdes & das agdes da cidade-estado. Mito eFilosoria Contudo, uma nova aristocracia se formava 05 poucos a moral estabelecida

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