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Entre os fatos narrados na bíblia, nenhum tem maior valor diante de Deus e
para os homens que a crucificação de Jesus. Este desígnio divino começou a
ser anunciado em Gen. 3.15: "E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a
tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o
calcanhar". Este texto fala da crucificação e derrota de satanás. No decorrer do
tempo bíblico, Deus sempre acenou para o sacrifício do calvário: Abraão
colocando Isaque para ser imolado, Moisés e a serpente de bronze fixada em
uma haste no deserto, a narrativa de Isaias 53, e em muitas outras ocasiões. O
motivo de tantas tipificações se deve ao fato de que a libertação da nossa
natureza de pecado, só é possível quando cremos no sacrifício verdadeiro,
manifestado graciosamente na morte do Cordeiro de Deus, por isso, Paulo
lança este brado de vitória diante do inimigo: "Onde está, ó morte, o teu
aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória".II Cor 15.55.
Jesus foi enviado por Deus para promover a restauração do homem marcado
pelo pecado e incapaz de libertar-se. O Filho de Deus assumiu a forma de
homem: "Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens", Fil. 2:7. Contrariando aqueles que esperavam um
libertador político, Jesus tomou o caminho da cruz; caminho de afronta,
perseguição e escândalo.
Para os gregos, seus deuses estavam sempre no poder. Para eles era
inimaginável um Salvador crucificado em face da desonra que a cruz implicava.
Jesus foi levado à crucificação, por ter tomado atitudes entendidas como
contrárias à autoridade reinante. Segundo o escritor Mackenzie, Jesus foi
crucificado em uma cruz inmissa (cruz com duas madeiras cruzadas na parte
superior) devido à inscrição colocada acima de sua cabeça.
Para iniciar seu ministério, Jesus foi revestido de autoridade pelo espírito
Santo: "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar
os pobres, enviou-me a curar os quebrantados de coração", Lc. 4.18. O seu
ministério, portando, foi realizado na condição de dependente do Espírito
Santo. Renunciou seus poderes divinos para compartilhar plenamente da
condição humana. Ao contrário dos Saduceus que perseguiam o poder, Jesus
abdicou de tudo para se identificar com o homem e viver na dependência do
Espírito santo. O caminho da cruz caracteriza-se pela dependência total e
absoluta da capacidade que procede de Deus.
Importante ressaltar que Jesus poderia optar por não obedecer e teve que
aprender obediência no dia a dia, dependendo do Pai. Ele sofreu tentações
para desviar-se do caminho da cruz, especialmente no deserto e também
quando Pedro tenta convencê-lo a não ir para a cruz (Mt 16. 22-23).
Experimentou o abandono de seus seguidores, pois sabia que sua obediência
de morrer na cruz era o único caminho para libertar a homem e reconciliá-lo
com Deus. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação". 2 Co
5.19.
A exaltação do filho.
A seguir, (Fil. 2.10) lemos: "para que ao nome de Jesus", indicando assim o
senhorio de Cristo não só na igreja, mas, em todo o cosmos. Gnilka afirma:
"Deu-se uma mudança muito grande na soberania do cosmos. Aquele que fora
obediente agora é exaltado assumindo a posição de Senhor do mundo". Cabe
ressaltar que a expressão corporal de dobrar os joelhos perante alguém,
conforme vimos na continuação do versículo 10, é muito significativa no mundo
antigo, por simbolizar rendição total e submissão incontestável àquele perante
o qual se ajoelha. A expressão "nos céus, na terra e de baixo da terra", deixa
claro que a obra de Cristo é válida para toda criação, animada e inanimada.