Jornal do Filiado à

Informativo do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrio Federal – Ano I - Nº 12 – Dezembro de 2006

Fórum vai debater

aumento das mensalidades Assessoria de Comunicação da CLDF
AUDIÊNCIA PÚBLICA

Neste fim de ano, um
importante passo foi dado
na luta contra os aumentos
abusivos de mensalidades das
instituições privadas de ensino.
Em audiência pública realizada
no último dia 5 de dezembro, na
Câmara Legislativa, o Sinproep
sugeriu ao plenário da Casa
a criação de uma comissão
especial para debater o tema.
PÁGINAS 4 e 5

CAMPANHA DE
SINDICALIZAÇÃO

A palavra de ordem de 1º CONGRESSO CONSCIÊNCIA NEGRA ENSINO SUPERIOR

2007 será “filiar muitos
professores e professoras”
para fortalecer a luta da ca-
tegoria, pontua o presiden-
te do Sinproep, Rodrigo de
Paula
PÁGINA 6
O primeiro semestre de 2007
será marcado pelo 1º Congresso
dos Professores em Estabeleci-
mentos Particulares de Ensino
do Distrito Federal. A proposta
de realizar o evento foi apresen-
tada pela diretoria do Sinproep
na última assembléia geral e
aprovada pelos professores.
PÁGINA 2
“Em quatro anos não dá
De cada dez faculdades
para acabar com os 400 anos de
brasileiras, só duas são pú-
discriminação e desigualdade
que viveu o Brasil”, explicou
blicas e quase a metade das
vagas oferecidas pelas escolas
o representante da Secretaria
particulares não são ocupadas,
Especial de Políticas de Promo-
revela pesquisa. Isto demons-
ção da Igualdade Racial (Sep-
tra que há uma crise no ensino
pir) do Ministério da Educação
superior privado no Brasil.
(MEC), José Fonseca.
PÁGINA 8
PÁGINA 5

Depois de um ano de muito trabalho, o Sinproep deseja a todos os

professores e professoras e família um belo Natal e uma excelente
passagem de ano. Que estas férias sejam bastante proveitosas para todos.
Que 2007 seja um ano de muitas lutas, vitórias e conquistas!
 Jornal do

VISÃO DO SINPROEP JORNADA INTEGRAL

Sindicato: Ensino fundamental: projeto do

Senado modifica LDB
um ano depois O projeto (PLS 234/06), do se-
nador Marcos Guerra (PSDB/ES),
Roque de Sá/Agência Senado

modifica a Lei de Diretrizes e Bases

A
o fazer o balanço do Sindicato, transcorrido um ano de sua construção,
o saldo é extremamente positivo. Isto ninguém pode negar! A fundação da Educação Nacional, a LDB (Lei
9.394/96), para aumentar a carga
do Sinproep não foi obra do acaso ou resultado de um debate isolado. horária do ensino fundamental
Até a fundação do Sinproep, cerca de dez anos de debates foram con- das atuais 800 horas, distribuídas
sumidos. E o “tempo como senhor da razão” demonstrou e demonstra que a posição em pelo menos 200 dias de traba-
dos que advogavam a necessidade de os professores das instituições particulares de lho escolar, para 1.400 horas no
ensino terem representação sindical própria consolida a assertiva. mesmo período letivo.
O Sinproep foi fundado em 25 de novembro e nasceu com experiência, pois é O senador Cristovam Buar-
resultado de um profundo debate e de demandas muito concretas da categoria. que (PDT/DF), que é relator do
Em um ano de existência, velhas e novas demandas ressurgiram e surgiram projeto na Comissão de Educa-
ção, argumenta em seu parecer que debates sobre educação e é considera-
como um furacão. E a diretoria tem procurado enfrentar estas demandas de forma a jornada em tempo integral para o da medida necessária para combater
madura e aguerrida. Em nenhum momento tem vacilado na defesa intransigente ensino fundamental brasileiro é uma os problemas estruturais do ensino
dos interesses e direitos da categoria. Os fatos demonstram isto. das sugestões mais recorrentes nos fundamental no Brasil.
As várias ações de cumprimento para garantir ou restabelecer direitos dos
professores nas diversas instituições de ensino – básico ou superior – têm sido a
tônica da direção do Sinproep. Em cada momento se aprende mais e a diretoria se CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL
sente com mais capacidade para fazer o enfrentamento com os sindicatos patronais
– seja no plano político ou jurídico.
Assim, diante das inúmeras atividades e eventos realizados pelo Sinproep, bem
como das inúmeras ações empreendidas pela direção do Sindicato, não há dúvida
Senador Paulo Paim quer acabar
em afirmar a necessidade do Sindicato como espaço de convívio democrático da
categoria. Do mesmo modo, pode-se afirmar que sua inexistência ao longo dos anos
com conflito sobre o tema
também produziu muitos e variados problemas, que não podem ser resolvidos do O senador petista Paulo Paim (RS) res, patrões, Ministério do Trabalho e
dia para a noite. apresentou o PLS 248/06, que regula- Emprego (MTE) e Ministério Público
Em 2007, voltaremos com mais força para combater os desrespeitos aos direitos menta o desconto das contribuições do Trabalho (MPT) sobre a forma do
assistenciais destinadas ao financia- desconto. O projeto tramita na Comis-
dos professores, como atraso no pagamento do salário, não cumprimento da con- mento das negociações coletivas das são de Assuntos Sociais do Senado
venção coletiva, luta contra as cooperativas e contra as escolas irregulares. Vamos entidades sindicais. em caráter terminativo com parecer
lutar ainda mais por melhores salários e condições de trabalho na próxima campanha O projeto tem o objetivo de sanar o favorável à aprovação oferecido pelo
salarial, bem como vamos atuar para desenvolver e fazer avançar as lutas mais permanente conflito entre trabalhado- senador Valdir Raupp (PMDB/RO).
gerais como as reformas universitária e sindical.
Neste aniversário de fundação não poderíamos deixar de homenagear aqueles
professores que participaram da assembléia de fundação do Sinproep. E também 1º CONGRESSO DOS PROFESSORES
lembramos os companheiros que hoje compõem a diretoria do Sindicato.
Sem estes abnegados companheiros, talvez a história do Sinproep fosse bem dife-
rente. É provável que sem estes desprendidos lutadores não poderíamos escrever estas
linhas. Assim, a todos aqueles que direta ou indiretamente constroem o Sindicato
Assembléia define, Congresso
nossos inestimáveis parabéns por este ano de muitas lutas e vitórias! do Sinproep será em 2007
O primeiro semestre de 2007 assembléia um balanço do seu primei-
será marcado pelo 1º Congresso dos ro ano de trabalho, com uma avaliação
Professores em Estabelecimentos das atividades e dos ganhos econômi-
Particulares de Ensino do Distrito co-sociais conquistados pela categoria.
Federal. A proposta de realizar o Também foram apresentados os novos
EXPEDIENTE evento foi apresentada pela diretoria convênios de planos de saúde para
do Sinproep na última assembléia professores sindicalizados.
Presidente: Rodrigo de Paula Página: www.sinproepdf.org.br geral e aprovada pelos professores. Deliberações da assembléia realiza-
Secretaria de Imprensa e Endereço eletrônico: Também foi definida na reunião a da no último dia 9 de dezembro
Comunicação: Ismar Rios, José Luiz sinproepdf@sinproepdf.org.br
Bianco Júnior, Euler Campos, Cíntia de Edição: Marcos Verlaine data do seminário para definição • Realização do 1º Congresso do
Paula e Marcos von Zuben Jornalista responsável: Joaquim Jodelle da campanha salarial do próximo Sinproep no primeiro semestre de
Endereço: SCS Qd. 01 - Bl. K - Salas Estagiário: Fabrício Marques ano, que foi marcado para o dia 17 2007;
903/04 - Ed. Denasa - 70398-900 Diagramação: F4 Comunicação de fevereiro. • Realização do Seminário para
Brasília/DF Tel.: (61) 3321-0042 Fone: 3321-8200
Fax: (61) 3321-0233 Tiragem: 4 mil Além das deliberações tomadas, a definição da campanha salarial no dia
diretoria do Sindicato apresentou na 17 de fevereiro de 2007.

2
 Jornal do
Dezembro de 2006

EDUCAÇÃO BÁSICA

Acadêmicos debatem impacto do Fundeb no DF

Fabrício Marques

P
rofessores e alunos de peda-
gogia do Distrito Federal se
reuniram no último dia 4 de
dezembro, na Universidade
de Brasília (UnB), para de-
bater juntamente com especialistas
os possíveis impactos do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb) no sistema
educacional do DF.
A mesa de discussão contou com
a presença dos professores da Facul-
dade de Educação da UnB, João Mon-
levade (foto) e Maria Luiza Angelim,
que apresentaram um panorama da
educação no DF. “O principal desa-
fio será regulamentar e fiscalizar os
investimentos do Fundeb”, disse o
Monlevade que demonstrou por meio
de tabelas do Tribunal de Contas do
DF algumas manobras usadas para
reduzir os investimentos obrigatórios
por lei para a educação.
A professora Maria Luiza defen-
deu o papel da sociedade civil organi-
zada na fiscalização do fundo. “As leis
são importantes, mas elas precisam
ser executadas e, para isso, é preciso
mobilização da sociedade organizada
para garantir a efetividade da legisla-
ção”, afirmou.
Controle dos recursos
Também esteve presente no deba-
te a vice-presidente da Comissão de
Economia, Orçamento e Finanças da
Câmara Legislativa do DF, deputada
Eliana Pedrosa (PFL), que falou sobre
as limitações da Casa no controle dos
recursos. “Contamos com o apoio
da mobilização social para ajudar a
fiscalizar o orçamento”, disse a depu-
tada. Após as exposições, o debate foi
aberto ao público.
A Proposta de Emenda à Constitui-
ção (PEC 536/97), que cria o Fundeb,
foi aprovada em 2º turno na Câmara
dos Deputados, no último dia 6 de de-
zembro, e será promulgada em sessão
do Congresso Nacional.
O Fundeb contará com 20% da arre-
cadação de tributos municipais e esta-
duais como o ICMS e o IPVA. Com du-
ração de 14 anos, o fundo atenderá aos
alunos da educação infantil, do ensino
fundamental e médio, além de financiar
a educação de jovens e adultos.
O Fundeb vai substituir o Fundo de
Manutenção do Ensino Fundamental
e Valorização do Magistério (Fundef)
que destina recursos exclusivamente
para o ensino fundamental, e terá
duração até o final deste ano.

BALANÇO DE 2006

Gestão positiva; ano de muitas vitórias e conquistas

Ao fazer o balanço do ano, a dire-
toria não fecha as portas. O saldo de
2006 é extremamente positivo. Em
2007 as atividades do Sinproep serão
retomadas na “casa nova”, pois o
Sindicato adquiriu sede própria, com
melhores instalações, que possibilitará
um atendimento mais adequado às
demandas da categoria.
A avaliação da diretoria é que
este ano foi bastante proveitoso,
porque foi possível fechar os acordos
coletivos de trabalho, tanto do ensi-
no básico, quanto do superior, sem
precisar recorrer ao dissídio coletivo.
Ambas as convenções garantiram a
reposição das perdas inflacionárias
de 2005. Nos acordos de 2007, “a
perspectiva da direção do Sinproep
é lutar por ganhos reais”, pontua o
presidente do Sindicato, Rodrigo
de Paula.
Ganhos econômico-sociais
Fim das faixas salariais no ensino
básico. As faixas estabeleciam reajus-
tes diferenciados para a categoria no
ensino básico em função do fatura-
mento e do porte da escola. Isto tinha
como conseqüência reajustes abaixo
da inflação do período. Com o fim
das faixas, houve reajuste único para
toda a categoria.
Recesso escolar. Estabelecimento
na convenção coletiva de trabalho
do período de recesso nas escolas de
ensino básico. Sem o recesso forma-
lizado na convenção, os professores
ficavam sujeitos a bancos de horas e
compensações do período de reces-
so, e aos sábados e domingos.
Ganho real de salário. Reajuste
acima da inflação do período nas
convenções coletivas de trabalho
do ensino básico e superior. Manu-
tenção do ganho real da convenção
anterior.
Conquista da hora atividade. Valor
de 1 hora/atividade semanal para o
ensino básico, e 2% como regência de
classe para o ensino superior.
Bolsa de estudo. Ampliação do
direito para os (as) companheiros
(as) e dependentes no ensino básico, e
aumento dos percentuais de desconto
nas bolsas de estudos para dependen-
tes e cônjuges de 50% para 75% e de
concessão de duas bolsas no ensino
superior, ao invés de apenas uma.
Gestão administrativa
Aquisição de sede própria para
o Sindicato, com a compra de duas
salas no próprio edifício onde a
entidade funciona atualmente. Am-
pliação da equipe de funcionários
responsável pelas homologações de
rescisões de contratos de trabalho.
Ampliação do plantão jurídico
para horário comercial, de 8h às 18h.
Isto facilita sobremaneira a vida dos
professores que necessitam de orien-
tações jurídicas, pois seus horários são
extremamente corridos.
Político-organizativo
O Sinproep desenvolveu uma
permanente campanha de sindicali-
zação. No período de um ano filiou
cerca de 1.500 professores, ou seja, o
Sindicato está presente no cotidiano
da categoria.
A partir do 2º semestre, o Sindicato
conseguiu a liberação de vários direto-
res para atuação junto ao Sinproep, o
que possibilitou uma maior presença
da entidade dentro das escolas e fa-
culdades.
Neste ano o Sinproep realizou
assembléias e reuniões em diversas
escolas e faculdades, objetivando a
efetivação de acordos coletivos es-
pecíficos com as instituições. Houve
ainda o desenvolvimento de diver-
sos seminários para debater temas
da atualidade como a questão da
mulher, do negro, da segurança no
trânsito, saúde do trabalhador em
educação e educação infantil.
Cultura e cidadania
No plano cultural, o Sindicato
não descuidou em promover a cul-
tura, como forma de trazer o pro-
fessor para as ações desenvolvidas
pela entidade. Todas as atividades
políticas tinham como complemento
importante alguma ação cultural.
Foram peças teatrais, shows e bailes
e muito debate sobre o tema. Em
novembro houve o “baile do profes-
sor”, em homenagem ao seu dia (15
de outubro) e o Sindicato promoveu
um show com o cantor e compositor
Xangai.
No quesito cidadania, o Sinproep
promoveu dois passeios ciclísticos, a
fim de chamar a atenção das autori-
dades e da população para a violência
no trânsito. E tratou ainda de temas
que, além de fazerem parte da agen-
da política também tem cunho social
– a questão da mulher e do negro na
sociedade.

3

Sinproep propõe fórum permanente pa
Proposta do Sinproep pode ajudar a democratizar a polêmica e recorrente discussão a respeito d
N
este fim de ano, um impor-
tante passo foi dado na luta
contra os aumentos abusivos
de mensalidades das institui-
ções privadas de ensino. Em
audiência pública realizada no último
dia 5 de dezembro, na Câmara Legisla-
tiva, o Sinproep sugeriu ao plenário da
Casa a criação de uma comissão especial
para debater o tema.
A idéia foi acatada imediatamente
pelo deputado Chico Leite (PT) e adicio-
nada à ata da audiência, encaminhada
à Comissão de Educação e Saúde da
Câmara Distrital.
Discussão antiga
Assunto anualmente recorrente, o re-
ajuste de mensalidades é uma questão de
difícil consenso entre as partes interessa-
das. As instituições privadas de ensino
sempre se justificam com o argumento
de que o aumento nos preços das mensa-
lidades é baseado na planilha de gastos
da escola, que todos os anos tem seus
custos majorados principalmente pelos
reajustes salariais e os investimentos no
corpo de funcionários.
“Os gastos com as folhas de paga-
mento estão muito altos na maioria das
instituições, em alguns casos pode che-
gar a 75% da planilha de custos”, explica
o gerente administrativo do Sindicato
dos Estabelecimentos Particulares de
Ensino (Sinepe), Alberto Araújo. O re-
presentante do Sindepes (Sindicato das
Entidades Mantenedoras dos Estabeleci-
mentos Particulares de Ensino Superior
do Distrito Federal) não compareceu.
No entanto, baseados nos dados de
um estudo realizado pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), professores
e funcionários questionam o argumento
dos donos das escolas.
Segundo o estudo (mais informações
no box ao lado), houve uma perda real
de 4,4% na remuneração média das ca-
tegorias nos últimos três anos. “Não se
justifica o posicionamento das escolas
de colocarem nas folhas de pagamento
a razão dos aumentos abusivos”, ques-
tiona o presidente do Sinproep, Rodrigo
de Paula.
Pais e alunos
Um pouco mais distantes da discus-
são a respeito das folhas de pagamento,
Jornal do
MENSALIDADES ESCOLARES
mas não menos inconformados com os
reajustes abusivos, estão os pais e alunos
que são os maiores prejudicados pelos
aumentos nas mensalidades.
“Mesmo que a gente considere um
crescimento nos gastos com funcio-
nários, ou mesmo investimentos da
instituição, não há nada que justifique
reajustes tão acima da inflação como os
que temos visto todos os anos nas esco-
las particulares. Acho é que os donos se
utilizam disso para enriquecer”, protes-
tou Moisés Marques, que paga hoje a
mensalidade do curso de Direito de duas
das três filhas que sempre estudaram em
escolas particulares.
Mas o fato é que, de acordo com o
Sinepe, o reajuste médio previsto para
o próximo ano ficará em torno de 7%,
enquanto que pelos cálculos do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo do IBGE
(IPCA), a inflação deve fechar 2006 com
média de 3%. Nas previsões do Sinepe,
o reajuste poderá chegar a 22,3% em
algumas instituições, quase 20% a mais
que o IPCA.
Debate necessário
Preocupado com essas previsões de
reajustes para 2007, o Sinproep pediu à
Câmara Legislativa a realização de uma
audiência pública para debater o tema.
O pedido foi acatado pelo deputado
Chico Leite, membro da Comissão de
Educação e Saúde, que promoveu o
debate no último dia 5 de dezembro. O
encontro reuniu na Casa representantes
das partes interessadas e dos órgãos do
governo responsáveis pela educação e
pelos direitos do cidadão.
Na tribuna, o Sinproep, representado
pelo presidente Rodrigo de Paula, apre- Da esquerda para a direita: Amábile Pacios (Sinepe), Jorge Gregori
sentou o estudo do Dieese, que avaliou Oswaldo Morais (Procon), Leandro Cerque
a evolução das mensalidades cobradas
pelas escolas particulares no Distrito e uma maior fiscalização dos abusos reclamações contra escolas particulares
Federal. O levantamento comprovou cometidos pelas escolas nos reajustes só esse ano e que protestos sobre os rea-
que os custos com educação em Brasília de mensalidades. justes estão entre as mais recorrentes. “O
tiveram um aumento médio de 6,31% “O que cabe a nós é avaliar as con- Procon só age em cima de denúncias”,
acima da inflação. dições mínimas das instalações”, justifi- resumiu.
“Esses valores tão acima da infla- cou o coordenador geral de orientação Após as explicações da presidente
ção são inadmissíveis, e provam que a e controle de educação superior do do Sinepe, Amábile Pacios, que também
decisão dos aumentos não pode mais MEC, Jorge Gregori, que explicou que reclamou da elevada carga tributária à
continuar apenas nas mãos dos donos polêmicas na relação entre os valores qual estão sujeitas as escolas particulares,
das instituições”, defendeu Rodrigo, cobrados e a realidade dos investimen- a audiência chegou ao fim deixando de
que juntamente com o representante da tos das instituições fogem do controle concreto a proposta de criação de um
União Nacional dos Estudantes (UNE), do Ministério. fórum permanente de discussão sobre
Leandro Cerqueira, cobraram das au- Já o ouvidor do Procon, Oswaldo de os reajustes de mensalidades, sugerida
toridades presentes a regulamentação Morais, disse que o órgão já recebeu 805 à Câmara pelo Sinproep.
4

ara debater o tema
dos reajustes anuais de mensalidades escolares
gori (MEC), deputados Chico Leite e Arlete Sampaio, ambos do PT,
queira (UNE) e Rodrigo de Paula (Sinproep)
Solução mais democrática
A proposta do Sinproep é que a
Câmara Legislativa crie uma comis-
são especial que reúna anualmente
as partes interessadas no reajuste das
mensalidades – pais, alunos, Sinproep e
sindicatos patronais (Sinepe e Sindepes)
– para um debate mediado por órgãos
como o MEC, o Ministério Público e o
Procon. A proposta foi acrescentada à
ata da audiência pública, e levada para
apreciação na Comissão de Educação e
Saúde da Casa.
“É uma sugestão possível de se con-
Assessoria de Comunicação da CLDF
cretizar e que é de interesse de todas as
partes”, disse o deputado Chico Leite.
“Foi uma proposta interessante. Essa
audiência também foi proveitosa para
que todos pudessem tomar conhecimen-
to de causa”, confirmou a professora
Amábile.
“A audiência foi excelente, e a criação
do fórum de discussão será um impor-
tante começo para que esse debate sobre
os reajustes de mensalidades passe a
ser feito de maneira mais democrática,
e atendendo às reivindicações de todas
as partes”, disse Rodrigo.
5
Dezembro de 2006
Custo com salário não explica
aumento das mensalidades,
detecta estudo do Dieese
“O custo com os salários de professores e de outros profissionais
não explica o aumento das mensalidades das escolas particulares do
Distrito Federal”. É assim que o estudo do Departamento Intersin-
dical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse) conclui que
as mensalidades escolares no DF estão bastante acima do justificável
pelas despesas das instituições, inclusive e sobretudo com o salário
do professor.
Para fazer uma discussão abalizada sobre o aumento das mensalida-
des escolares nas instituições privadas de ensino no DF e sua evolução
em relação à remuneração dos professores, o Sinproep pediu ao Dieese
que fizesse um estudo sobre os “custos com o ensino privado”.
O estudo demonstra que “o custo com educação em Brasília, nos
últimos três anos, teve aumento médio de 6,31% acima da inflação”.
No ensino privado de nível médio o aumento real alcançou
quase 14%.
Pelos números apresentados pelo Dieese o grupo O estudo
Educação no DF, “ao longo dos três últimos anos,
[sofreu] uma variação em taxas superiores às do demonstra que “o
índice geral do custo de vida”. Enquanto o Ín- custo com educação
dice de Preços ao Consumidor Amplo do IBGE
(IPCA) teve uma variação de 5,57% (2006), a
em Brasília, nos
variável “educação” foi de 7,23%. Ainda na últimos três anos,
tabela que demonstra a variação do índice teve aumento médio
médio anual do grupo Educação fica evidente
que os índices aplicados para reajustar as de 6,31% acima da
mensalidades escolares são inflacionadas. inflação”. No ensino
Salário privado de nível
O estudo do Dieese também esmiuçou e médio o aumento
relacionou o salário e a remuneração do pessoal real alcançou
ocupado no ensino privado. Assim, segundo a
Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), ao longo quase 14%.
de 2006, uma média de 27,5 mil pessoas no DF estavam
ocupadas no ensino privado, em todos os níveis, inclusive
os trabalhadores da área administrativa das instituições.
“A remuneração média paga nos dez meses de 2006 (até outubro),
corresponde a R$ 853 mensais. Esta média é 7,49% superior à média
verificada para o ano de 2005 e 14,9% maior que a de 2003. No entan-
to, ao se atualizar os valores médios para o nível de preços de 2006,
percebe-se que houve uma perda de 4,4% na remuneração, ocorrida
principalmente em 2004 e em 2005, apenas parcialmente recomposta
em 2006”, constata o Dieese.
Serviço
Desde 1955, o Dieese desempenha o papel para o qual foi criado pelo
movimento sindical: desenvolver atividades de pesquisa, assessoria,
educação e comunicação nos temas relacionados ao mundo do trabalho
e que se ajustam aos desafios que a realidade coloca para a organização
dos trabalhadores brasileiros.

2007 será o ano do Sinproep;
sindicalizar é a palavra de ordem
este ano que finda, a dire-
N toria procurou estruturar
o Sindicato. Isto é, criar
as bases necessárias para
construir uma entidade
forte e consolidá-la na categoria.
Dessa forma, a direção entende que
os fatores objetivos estão dados para
fortalecer o Sinproep.
Por isso, a palavra de ordem de
2007 será “filiar muitos professores
e professoras” para fortalecer a luta
da categoria, pontua o presidente
do Sinproep, Rodrigo de Paula. É
importante destacar que só teremos
condições de atuar com mais eficiên-
cia em defesa dos direitos e interes-
ses da categoria com um sindicato
forte e numeroso.
Um sindicato “raquítico” não tem
condições de fazer o enfrentamento
necessário para assegurar os direitos
da categoria que, em geral, os sindi-
Jornal do
FORTALECER O SINPROEP
Campanha d e S in d ic a li z a ç ã o
catos patronais, sempre que podem,
querem suprimir. Este é o nosso
desafio permanente – do Sinproep
e da categoria.
Papel do sindicato
Diante de uma sociedade tão
desigual como a brasileira, a exis-
tência e atuação do sindicato são
fundamentais para minimizar as
distorções sociais. Do contrário,
seria a barbárie. O dia-a-dia dos
professores nas escolas e faculdades
comprova isso.
O Sindicato não existe apenas
para brigar por salário. Sua existên-
cia histórica é fundamentada por
cinco premissas básicas que são:
representar, organizar, educar para
a cidadania, reivindicar e lutar por
justiça social.
Vejam que o papel do Sindicato
é bastante amplo. Por isso, quanto
6
mais forte for o Sinproep, mais con-
dições a diretoria terá para bancar
uma pauta reivindicatória que aten-
da as demandas da categoria. Trata-
se de uma co-relação, ou seja, se a
categoria é apática, desinteressada,
não participa e mantém uma eqüi-
distância da entidade, então esse
sindicato será fraco e vulnerável. Do
mesmo modo como, do contrário, a
recíproca é verdadeira.
Campanha de sindicalização
O Sinproep vai desenvolver uma
grande campanha de sindicalização
a partir do próximo ano.
O congresso da categoria, que
deverá acontecer entre os meses de
março e abril, a campanha de sin-
dicalização, que será feita durante
todo o ano, e a campanha salarial,
cuja data-base é no mês de maio,
será o tripé para assentar definiti-
vamente o Sinproep como entidade
dos professores e professoras das
instituições privadas de ensino no
Distrito Federal.
Convênios
Ao mesmo tempo em que o Sin-
dicato faz uma luta incansável para
defender os direitos da categoria, a
direção do Sinproep tem se preo-
cupado em construir uma rede de
proteção social para os professores.
Dessa forma, articulou e articula
um conjunto de convênios a fim
de proporcionar aos professores
descontos no comércio, no acesso
aos bens culturais, na compra de
remédios e ingresso em cursos su-
periores, bem como plano de saúde,
extensivo à família, com descontos
nas mensalidades que variam entre
40% e 60%. Procure o Sindicato e se
informe sobre os convênios.

Debate: quatro séculos de discriminação
não acabam em quatro anos
Sinproep promove seminário para discutir a realidade da consciência negra nas escolas
“Boa tarde mamelucos, cafusos e
mulatos. Boa tarde diversidade”. Foi
com essas palavras que o professor
João Monteiro abriu sua exposição no
1º Seminário da Consciência Negra,
promovido pelo Sinproep no último
dia 5 de dezembro.
Estendendo as comemorações do
Dia da Consciência Negra (20 de no-
vembro), o evento reuniu especialistas
e professores para debater o tratamen-
to dado à questão étnico-racial dentro
das instituições de ensino. Além de
palestras, o seminário contou com a
exibição de um filme e apresentações
de manifestações afro-brasileiras.
“Em quatro anos não dá para
acabar com os 400 anos de discri-
minação e desigualdade que viveu
o Brasil”, explicou o representante
da Secretaria Especial de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial
(Seppir) do Ministério da Educação
(MEC), José Fonseca.
Zéca – nome pelo qual é conhecido
– apresentou alguns avanços promo-
vidos pela secretaria e seus parceiros
na luta contra a discriminação racial,
incluindo a Lei 10.639, que altera a
LDB, e inseriu no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da
temática: “História e Cultura Afro-
Brasileira”.
Jornal do
CONSCIÊNCIA NEGRA
Lyvian Sena, diretora do Sinproep, e José Fonseca (Seppir/MEC)
Capacitação de professores
O representante da secretaria
também falou dos esforços do MEC
e da Seppir para possibilitar o cum-
primento das novas regras da LDB
em todo o país, e recebeu com sa-
tisfação a proposta do Sinproep de
criação de um projeto específico para
capacitação de professores de escolas
particulares, já que até o momento só
têm sido realizados programas para
professores de escolas públicas.
7
Fotos: Fabrício Marques
“É a primeira vez que recebemos
uma reivindicação dessa natureza, e
acredito que a criação de uma parceria
entre o Sinproep e a Seppir seria extre-
mamente positiva”, elogiou Zéca.
Apresentada pelo professor da
Escola de Música de Brasília, João
Monteiro, a história da percussão
também fez parte do seminário. Com
demonstrações de ritmos e canções
(fotos), o professor mostrou como
o som africano chegou ao Brasil e
Dezembro de 2006
influenciou a formação da cultura
nacional.
“A consciência negra é exatamente
o resgate dessa história que por tanto
tempo ficou esquecida”, lembrou o
professor, que também defendeu o
uso da percussão como atividade
de complementação curricular nas
escolas.
Também esteve presente ao debate
a consultora educacional do MEC, Si-
mone Santos, que exibiu o filme “Vista
minha pele” e distribuiu materiais
relacionados ao tema para os pro-
fessores. “Já existem no Brasil livros
que tratam da história e da cultura
afro-brasileira, e não há mais descul-
pa para o assunto não ser ensinado
nas escolas”, pontuou Simone. Os
professores também encontraram no
seminário duas bancas com materiais
relacionados à questão étnico-racial.
O 1º Seminário da Consciência
Negra foi uma atividade promovida
pela Secretaria de Etnia e Gênero do
Sinproep, que defende uma política
de inclusão da questão étnico-racial
nas escolas, não apenas em datas
comemorativas como a do dia 20 de
novembro, mas com ações continua-
das que promovam a capacitação e a
discussão do tema dentro das insti-
tuições privadas de ensino.

ENSINO SUPERIOR
Expansão; de cada dez IES,
apenas duas são públicas
De cada dez faculdades brasileiras,
só duas são públicas e quase a metade
das vagas oferecidas pelas escolas
particulares não são ocupadas. Isto
demonstra que há uma crise no ensino
superior privado no Brasil. E uma das
razões dessa crise são as altas mensali-
dades cobradas pelas instituições. Os
dados fazem parte do censo do ensino
superior, divulgado no último dia 12
pelo Ministério da Educação.
O censo revela que o número de
instituições de ensino superior (IES)
continua crescendo, mas num ritmo
menos acelerado. Em 2005, havia
2,165 universidades em todo o país.
O crescimento foi de apenas 1% em
relação ao ano anterior.
89% das escolas são particulares,
quase metade está concentrada na
Região Sudeste. A Região Norte tem
PLANO DE SAÚDE
Descontos para sindicalizados
Os professores sindicalizados
já podem aderir aos planos de
saúde Golden Cross, Unimed e
Prodent Assistência Odontológica
com descontos de até 50% sobre os
valores originais. As vantagens de
adesão oferecidas aos funcionários
e professores sindicalizados são o
resultado de um convênio firmado
entre o Sinproep e a administrado-
ra de benefícios coletivos Afinidade
Clube.
Convênio permitirá
tratamento com desconto
Um convênio firmado entre o Sin-
proep e a Cliff (Clinica de Fonaudio-
logia Falarte) oferece aos professores
sindicalizados atendimento fonoau-
diólogo com desconto de até 40%.
A clínica também atende a diversos
planos de saúde, incluindo a Golden
Cross, que também está disponível à
preços mais acessíveis.
No mercado há 13 anos, a Cliff
oferece tratamento e prevenção de
Jornal do
apenas 5,6%. A área com maior núme-
ro de cursos é educação, seguida de
ciências sociais, negócios e direito.
Na rede pública, 63% dos alunos
estudam de dia. Já na rede privada
acontece o contrário: 68,6% estão à
noite. No ano passado, as escolas
particulares ofereceram mais de 2
milhões de vagas, mas quase a meta-
de não foi ocupada. Nas faculdades
municipais, o número também é alto:
passa de 28%.
No ano passado, mais de 288
mil alunos entraram em faculdades
públicas em todo o Brasil e 195 mil
se formaram. Nas particulares, essa
diferença é muito maior. Em 2005,
entraram na rede privada mais de 1
milhão e 100 mil estudantes. Mas só se
formaram pouco mais de 500 mil.
Estão disponíveis pelo convênio
os planos de saúde da Golden Cross
Assistência Médica Internacional, da
Unimed Confederação Centro-Oeste
e Tocantins e Unimed Brasília, além
do plano de saúde dentária da Pro-
dent Assistência Odontológica.
Para mais informações sobre os
valores e as condições de pagamento
dos planos os interessados podem
procurar a Afinidade Clube pelo
telefone 2105-6060.
problemas nas cordas vocais, como
calos, fendas ou rouquidão. “Muitas
pessoas sofrem com problemas na
voz e acabam não se curando por
desconhecerem o tratamento”, afirma
a Drª. Roberta Mayrink, fonaudióloga
da Cliff.
Mais informações a sobre o con-
vênio e os serviços da Cliff pelo
telefone 3346-6096, ou pelo e-mail:
cliff_falarte@yahoo.com.br
ESTRESSE DO PROFESSOR
Síndrome de Burnout:
uma das causas do
esgotamento profissional
Com a aproximação das férias é
comum o sentimento de cansaço e
fadiga, ambos resultados do esgo-
tamento físico e psicológico do ser
humano. Muito além deste tradi-
cional ciclo, porém, cada vez mais
pessoas têm sofrido com o estresse
profissional, especialmente aquelas
que se inter-relacionam com outras
pessoas para o desempenho de sua
função. Um bom exemplo disso é o
professor, que tem sido apontado
como uma das maiores vítimas do
estresse profissional, mais conheci-
do como Síndrome de Burnout.
A Síndrome de
Burnout é causada
por circunstâncias
relativas às ativi-
dades profissio-
nais, ocasionando
sintomas físicos,
comportamentais,
afetivos e cogni-
tivos. O profis-
sional regente de
educação convive
com um estado de
atenção intenso
e prolongado e
com pessoas em
situação de neces-
sidade e depen-
dência.
De acordo com
a pesquisadora
do Laboratório de Psicologia do
Trabalho da UnB (Universidade de
Brasília), Iône Vasques-Menezes, no
caso do professor, a razão para a
incidência da síndrome está ligada,
sobretudo, à falta de reconhecimen-
to. “A desvalorização do professor,
seja ela por parte do sistema, dos
alunos e da própria sociedade, é um
dos maiores agentes para a ocorrên-
cia do Burnout”, explica.
O Burnout em professores pode
ser caracterizado por um estresse
crônico produzido pelo contato
com as demandas do ambiente
escolar e suas problemáticas. Para
a pesquisadora, especialmente
aquelas que não dependem apenas
da ação dos docentes para serem
resolvidas. “Existem problemas que
estão muito além da ação direta dos
professores, principalmente onde
há uma situação de degradação do
sistema. Nestes casos, a sensação
de impotência é mais acentuada”,
revela.
Além disso, o posicionamento
dos alunos em sala de aula também
contribui para um maior desgaste.
Em muitos casos, a indisciplina é a
grande responsável por uma eventu-
al sensação de frustração e até a des-
motivação do profissional. Segundo
Iône, não são raros os professores
que se queixam da
falta de interesse
dos alunos e assu-
mem a culpa por
este fato acreditan-
do que deveriam
dominar as mais
diferentes técnicas
para estimular o
aprendizado.
O peso do
Burnout
O fato mais
curioso na síndro-
me de Burnout é
que ela atinge tra-
balhadores moti-
vados, que reagem
a este desequilíbrio
trabalhando ainda
mais. “Farber, um dos pesquisado-
res do Burnout discute como tema
central deste sofrimento a discre-
pância entre o que o trabalhador
investe no trabalho e aquilo que ele
recebe, ou seja, os resultados obti-
dos. Por isso, voltamos à questão do
não reconhecimento e desvaloriza-
ção do professor”, lembra Iône.
O modelo de progressão do
Burnout é composto pelas seguintes
etapas: a fase de idealismo e entu-
siasmo, com expectativas excessi-
vas a respeito do trabalho; fase de
progressivo estancamento e queda
a respeito das expectativas iniciais;
decepção e frustração e, por fim,
a fase de apatia, ou seja, atitudes
negativas frente ao trabalho.