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APLICAÇÃO DE INDICADORES PERCEPTIVOS PARA ANÁLISE DAS


PAISAGENS CÊNICAS DE UMA SEÇÃO DA RODOVIA JOAQUIM
MARACAÍPE / TO- 030 ENTRE O DISTRITO DE TAQUARUÇÚ E
PALMAS/TO – CONTRIBUIÇÕES PARA O ECOTURISMO DA REGIÃO E
APLICAÇÕES EM TRILHAS ECOLÓGICAS

MÁRCIA DA COSTA RODRIGUES DE CAMARGO


PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMAS/TO
arquinatura@hotmail.com

1. A TRILHA
3. ECOLOGIA DA PAISAGEM E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Introdução

A conservação das paisagens cênicas como retratos vivos que contam a “história de
um lugar”, sua diversidade ecológica e seus atributos naturais devem ser objetos de
ações controladas de manejo sustentável, buscando a sua maior integridade ambiental
dentro de um cenário atual e futuro (GRIFFTH, 1995). Neste contexto a aplicação de
um procedimento metodológico, que considere as paisagens cênicas e seus valores
estéticos derivados de uma análise perceptiva e que possa mensurar a integridade
das paisagens evocando seus atributos estéticos, devem ser incorporados ao uso de
indicadores ecológicos para caracterização de ecossistemas com vista ao seu manejo
sustentável, conservação da biodiversidade, com a finalidade de uso do ecoturismo,
implantação de trilhas ecológicas e para a criação de novas áreas de preservação
ambiental. Segundo FONT (apud PIRES, 2002) que vê a percepção visual da
paisagem como um campo de estudo amplo, complexo, multidisciplinar e vital para o
adequado zoneamento ambiental onde o caráter visual das paisagens e suas
qualidades estéticas são abordados em estudos científicos e incorporados ao
processo de criação de trilhas ecológicas. A preocupação mundial sobre o
desaparecimento das paisagens resultou no desenvolvimento de técnicas para a
análise e o manejo objetivo dos recursos paisagísticos. A importância dos biomas
brasileiros e o conhecimento de suas respectivas paisagens abrem um vasto campo
de pesquisas que visa inventariar, diagnosticar os recursos naturais de cada bioma
com o objetivo de se criar um mapa nacional de paisagens para o planejamento e a
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implantação de trilhas ecológicas que possam levar o Brasil a fazer roteiro do
ecoturístico internacional. Assim nossa pesquisa fez uso de Indicadores Perceptivos e
Ecológicos para a análise das paisagens cênicas na secção da Rodovia TO-030, entre
Palmas e Taquaruçú buscando analisar na Serra do Carmo, os melhores pontos
visuais que possam atrair os turistas visitantes, criando uma trilha ecológica à partir da
rodovia cênica TO-030 onde os recursos naturais encontrados na região integrem o
maior número de atrativos turísticos. A utilização sustentável dos recursos
paisagísticos desta região que faz parte do Pólo-ecoturístico de Palmas e é um dos
caminhos para a conservação do seu patrimônio natural e cultural.

Objetivos Gerais

O desenvolvimento econômico está recriando as paisagens brasileiras, principalmente


com o advento do turismo. Consciente dos conflitos entre desenvolvimento e
necessidade de preservação das belezas cênicas, como controlar o destino de um
fenômeno tão complexo como as paisagens? A questão se coloca então em não se
devemos ou não recriar as paisagens, mas sim, de que maneira elas deverão ser
recriadas. Como será a qualidade dos resultados das alterações antrópicas que o
desenvolvimento econômico imporá nestes anos (GRIFFTH, 1995). Como chegar ao
manejo sustentável das paisagens integrando as questões estéticas e ecológicas e
como criar metodologias de preservação dos biomas brasileiros com suas respectivas
paisagens para o uso do ecoturismo, principalmente no caso do Cerrado, que é um
dos biomas mais ameaçados atualmente no Brasil. Para FONT (apud PIRES, 2002) ao
mesmo tempo que vê na paisagem um valor fundamental para toda a oferta turística,
identifica nesta atividade uma das maiores causas da degradação ambiental, o que
vem em detrimento da própria rentabilidade econômica dos assentamentos turísticos.
Quando se consolida uma determinada oferta turística, a paisagem deve ser
considerada um recurso turístico muito mais valioso que outros recursos, por ser a
imagem utilizada com mais freqüência para difundir tal oferta. Com igual convicção
RODRIGUES (apud PIRES, 2002) evoca a condição de recurso turístico ao se referir à
paisagem e a sua importância nos estudos de Geografia do Turismo. Para
FERNANDEZ (apud PIRES, 2002) diz que as atuações humanas afetam em maior ou
menor grau o aspecto perceptivo da paisagem, da mesma forma que afetam a
qualquer outro aspecto do meio ambiente, então a paisagem assume importância
semelhante aos demais elementos do meio físico, constituindo-se num valor estético a
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ser valorizado e protegido. Assim a integração da paisagem e de seu caráter visual,
cênico ou estético como uma variável do meio, passou a ser uma necessidade e hoje
a paisagem é vista não mais como um simples entorno estético da atividade humana,
mas sim como um recurso e um bem cultural com importância crescente em meio ao
conjunto de valores ambientais. Assim busca-se criar metodologias de inventário de
paisagens para subsidiar futuros projetos de criação de áreas de proteção ambiental e
planejamento de trilhas ecológicas para uso do ecoturismo (BOMBIM, 1987 apud
PIRES, 2002).

Objetivos Específicos

Inventariar, valorar, qualificar as paisagens cênicas a partir de uma análise perceptiva


aplicando os indicadores de percepção visual e fazendo uma análise ambiental com o
uso de indicadores ecológicos, com o objetivo de se encontrar o Índice de Qualidade
Visual e Ecológica da seqüência visual da seção da Rodovia Joaquim Maracaípe/ TO-
030 entre Palmas e Taquaruçú, nosso estudo de caso, que buscou valorar as
paisagens cênicas da Serra do Carmo para o planejamento de trilhas ecológicas no
Pólo-ecoturístico de Taquaruçú, que atualmente abrangem também as rodovias que
levam ao parque estadual do Jalapão. O interesse da administração municipal e
estadual é fazer com que as rodovias cênicas façam parte do roteiro turístico nacional,
integrando assim o estado de Tocantins no percurso ecoturístico do Brasil,
considerando a diversidade de recursos naturais que o estado apresenta nos diversos
biomas encontrados, desde a Floresta Amazônica no Bico do Papagaio, o Cerrado, a
Ilha do Bananal e o Jalapão, uma das regiões mais conhecidas no roteiro ecoturístico
nacional pela passagem do Rallye dos Sertões, que atravessa diversos estados no
Brasil central e norte. Esta metodologia foi adaptada de PIRES (2002) e GRIFFTH
(1995) com o intuito de se conjugar os indicadores perceptivos e ecológicos para a
elaboração de um gráfico que indica a Qualidade Visual e Ecológica das paisagens
que demonstram a integridade das mesmas, identificando as melhores do ecossistema
que pertence a Unidade de Paisagem Planalto Residual Tocantins onde está presente
a Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçú-Grande, responsável com seus recursos hídricos
de abastecer a capital Palmas e região. O município de Palmas em 2000 reconheceu
a importância dos recursos naturais existentes no distrito de Taquaruçú e investiu em
estudos que culminaram no Diagnostico Turístico de Taquaruçú (DIAS,2000) que
inventariou mais de 82 atrativos turísticos como paisagens cênicas, cachoeiras, grutas
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e sítios arqueológicos. Este estudo inventariou e diagnosticou o potencial turístico
para a região com o objetivo de promover qualidade de vida, promover e captar
recursos para o turismo, capacitar a população na área do ecoturismo e turismo,
fortalecer a cooperação institucional, criar uma imagem de Taquaruçú como local de
destinação turística e sua habilidade de atrair turistas regionais, nacionais e
internacionais que buscam paisagens diferenciadas. A importância deste espaço
geográfico como patrimônio natural do Cerrado e sócio-cultural da comunidade de
Taquaruçú e da capital Palmas determinaram a escolha desta área para a elaboração
do Inventário das paisagens cênicas como instrumento metodológico de suma
importância para possibilitar ações, planos e projetos de implantação de um roteiro de
trilhas visando a educação ambiental, conservação da biodiversidade, manejo
sustentável e integração regional e nacional através de trilhas ecológicas.

Localização de Palmas e o seu macrozoneamento

Metodologia Aplicada

A área do nosso estudo de caso é a seção da Rodovia Joaquim Maracaípe /TO-030


entre o município de Palmas e o distrito de Taquaruçú, distante de 35km da capital,
localiza-se entre os paralelos 100 10’ 33” e 10 0 25’ 18”de Latitude Sul e os meridianos
0 0
48 03’ 57” e 48 23’ 03” de Longitude Oeste, estando inserida dentro da Área de
5
Proteção Ambiental – APA Serra do Lageado tem uma 63.918.45 ha. A delimitação
da área compreende o espaço visual das paisagens que o observador pode ter
percorrendo de carro os 15 km da rodovia. Esta área pertence à Unidade de Paisagem
do Planalto Residual Tocantins e tem características do bioma cerrado. O instrumento
básico de trabalho foram as imagens capturadas no inventário fotográfico que serviram
para a análise descritiva realizada posteriormente com a aplicação dos indicadores
perceptivos e ecológicos. Dentro do espectro metodológico dos estudos da paisagem,
a análise desenvolvida neste trabalho pode ser enquadrada como método misto,
segundo IGNÄCIO (1984) com a utilização de substitutos da paisagem (imagens
fotográficas, desenhos e observações de campo). A metodologia aplicada no nosso
estudo de caso foi adaptada de GRIFFTH (1995) que inventariou as paisagens
cênicas do Parque Nacional de Caparaó utilizando os elementos visuais de linha,
forma, cor, textura, escala e complexidade e analisando o efeito dinâmico da
sequência visual com uso do inventário fotográfico. Destacam-se três conceitos que
foram aplicados no nosso estudo de caso que fundamentaram a pesquisa: Paisagens
como Unidades Visuais, a Vivacidade dos Elementos Visuais, o Efeito da Seqüência
Visual.

As paisagens como unidades visuais ou subdivisões de grandes regiões nacionais


sistematiza a análise ambiental e o seu manejo. O conceito de unidade visual é similar
ao conceito de bacia hidrográfica em estudo hídricos. Podemos delimitar uma unidade
visual determinando os parâmetros de cada paisagem individual, inventariando as
combinações dos fatores naturais – indicadores ecológicos (geomorfologia, hidrologia,
pedologia, cobertura vegetal, clima) e sociais (uso da terra já presente no local). Estes
indicadores quando sobrepostos em mapas revelam a coincidência ou agrupamento
dos elementos visuais que compõem cada unidade visual. Segundo LITTON (apud
GRIFFTH, 1976) foi um dos primeiros a destacar (EUA) que cada tipo estrutural de
uma paisagem exige manejo específico para não alterar suas condições, como
exemplo definiu que para o percurso de uma rodovia cênica é preciso saber quais as
unidades entrelaçadas que exibem maior ou menor vivacidade visual, comparando as
paisagens por meio de uma valoração da intensidade dos elementos visuais de cada
unidade.

A vivacidade visual de uma paisagem é percebida pelas acentuações e contrastes que


os elementos visuais emitem como qualquer expressão visual, seja um quadro
artístico, um conjunto arquitônico, ou uma paisagem natural ou cultural. Os indicadores
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perceptivos capazes de serem aplicados foram reconhecidos por LITTON (apud
GRIFFTH, 1976) como elementos clássicos da estética, que são: linha, forma, cor,
textura, escala, complexidade. Estes elementos visuais ocorrem com uma vivacidade
variável nos contextos paisagísticos da geomorfologia, da hidrologia e da ecologia.
Assim é comum falar-se da linha do horizonte, das formas do cerrado, das serras e da
textura complexa da vegetação tropical e subtropical encontradas no Brasil. Porém a
dificuldade de se mensurar o grau de intensidade da linha, forma, da textura, da
escala, da cor e da complexidade das paisagens já foi sanado em parte com o uso dos
substitutivos da paisagem que são as fotografias, o sensoriamento remoto.

A utilização da seqüência visual para simular o movimento, criar um ambiente ou


desenvolver um conceito ou tema, já é muito conhecido nas Belas Artes e na
Arquitetura LINCH (1960) pode-se modificar de várias maneiras a força, a duração, a
complexidade e a focalização dos compassos da seqüência visual. Em uma estrada
com paisagens cênicas onde várias unidades estão interligadas, pode-se ter uma idéia
de quanto é possível usar a criatividade para fazer uso dos seus pontos esteticamente
mais bonitos para fazer uso dos seus pontos estéticamente mais bonitos para uso do
ecoturismo. A elaboração de um gráfico mostrando a variedade visual da rodovia na
sua seqüência visual e a análise descritiva das paisagens que é elaborado através do
inventário fotográfico, pode diagnosticar quais as paisagens e seus perspectivos
elementos visuais que aumentam ou diminuem a sensação do observador quando
percorre a estrada. Os elementos-chaves de cada unidade indicam os aspectos
críticos ecológicos e os impactos visuais que se mostram como obstáculos para a
integridade da paisagem e apontam a sua vulnerabilidade.

Segundo BOMBIM (apud PIRES, 2002) a integração da paisagem e de seu caráter


visual, cênico e estético como uma variação do meio, passa a ser uma necessidade,
pois hoje a paisagem não é só vista como um simples entorno estético da atividade
humana, mas sim como um recurso e um bem cultural com importância crescente em
meio ao conjunto dos valores ambientais. A vulnerabilidade de uma paisagem
depende do grau de suscetibilidade a degradação ambiental e dos impactos
recebidos, assim o grau de fragilidade pode ser medido em relação à capacidade da
paisagem de absorver as alterações naturais e antrópicas. Quanto maior for a
capacidade menor será o grau de vulnerabilidade. Assim é possível prescrever
restrições ou níveis de proteção ambiental e visual da paisagem e conseqüentemente
calcular os níveis de ocupação segundo os princípios conservacionistas. Tais ações
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são aplicáveis a toda atuação humana o que inclui ecoturismo e as trilhas ecológicas.
Para a determinação da vulnerabilidade da paisagem podem ser considerados vários
fatores que podem ser incluídos em três grandes grupos: Fatores biofísicos que são
relacionados as características do terreno, fatores de percepção visual relacionados a
configuração física do entorno e finalmente os fatores histórico-culturais que são
relacionados a compatibilidade das ações antrópicas com o meio sócio-cultural
preexistente no local. Para o nosso estudo de caso foram escolhidos indicadores
perceptivos de acordo com PIRES (2002) e também os indicadores ecológicos para
elaborar o Inventário das paisagens cênicas da Serra do Carmo BOMBIM (apud
PIRES, 2002). Para chegarmos ao Índice de Qualidade Visual e Ecológica usamos a
metodologia de valoração das paisagens de acordo com GRIFFTH (1995) e
elaboramos um gráfico que mostra quais são as paisagens de maior vivacidade visual
que são representativas da diversidade ecológica, encontradas dentro do bioma
cerrado neste espaço geográfico. A análise perceptiva desenvolveu-se sobre 38
paisagens representativas da Serra do Carmo, existentes ao longo da seqüência
visual da rodovia /TO-030 e também das paisagens visíveis do centro urbano de
Taquarucú, elaborando assim um roteiro para a implantação da trilha ecoturística que
liga Palmas e Taquaruçú. A tabela de valoração das paisagens foi adaptada da
metodologia de GRIFFTH (1995) e de PIRES (2002) que consideram que são sete os
critérios necessários para a análise visual e ecológica para compreendermos a
dinâmica das paisagens do ponto de vista do observador e do funcionamento deste
ecossistema. As tabelas foram elaboradas após análise descritiva das paisagens
através das fotografias e desenhos, que serviram de substitutos da paisagem. Os
dados diagnosticados e valorados das 38 paisagens analisadas, foram posteriormente
transformadas em um gráfico que gerou o Índice de Qualidade Visual e Ecológica das
paisagens cênicas da Serra do Carmo.

Rod.TO-030-direção Taquaruçú/Palmas características geomorfológicas


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características da hidrografia características do solo -latossolo

Taquaruçú- portal de entrada /km 15 /TO-030 Área urbana-Praça Joaquim Maracaípe

Resultados e Discussão

Segundo PIRES (2002) que estabelece como legenda geral nos estudos perceptivos
os componentes da paisagem tais como o relevo, água, vegetação e ações antrópicas
e as propriedades da paisagem que são: linha, forma, cor, textura, escala, espaço.
Segundo RAMOS (apud PIRES, 2002) as características da qualidade visual das
paisagens podem ser valoradas de acordo com alguns conceitos básicos que são
usados como indicadores para a análise descritiva, tais como:

• Diversidade que expressa a variedade paisagística.


• Naturalidade que apresentam uma grande quantidade de recursos naturais.
• Singularidade são pontos de atração natural ou antrópicos na paisagem.
• Complexidade Topográfica são as diferenças de nível.
• Superfície de borda d’água acontece no limite da terra com a água.
• Bacia visual é o conjunto visível de pontos que dá a amplitude visual.
• Intrusão visual se dá com a presença de ações antrópicas.
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• Detração da qualidade visual quando o número de impactos afetam a
qualidade da paisagem
• Patrimônio natural, conceito adotado pela Organização Mundial de Turismo
(OMT, 1978) representado por todo elemento natural presente num espaço
geográfico.
• Recurso turístico são os bens naturais ou culturais que podem satisfazer uma
demanda turística.
• Aproveitamento turístico é o uso sustentável do patrimônio natural e cultural
para fins turísticos e ecoturísticos. Estes indicadores são importantes para a
análise descritiva da paisagem que fará parte do trilha ecológica
Tabela de aplicação dos Indicadores perceptivos e ecológicos para análise das
paisagens cênicas da seqüência visual do trajeto entre Palmas e Taquaruçú /
TO-030
10
Palmas

10 12 14
9 11 13 1516
3 6 7 8 KM
Taquaruçu
2 4 5
1
Taquaralto

RODOVIA JOAQUIM MARACAIPE- TO-030

Rodovia TO-030 no trajeto entre Taquaralto e Taquaruçú


Satélite de Imagem SPOT SCENE – 5m color 2B - Projeção UTM-SAD 69
Ano de passagem, 2003. Fonte: SEDUH, 2005
Análise Descritiva das Figuras do Inventário Fotográfico da Seqüência Visual na
seção da TO-030 entre Taquaralto e Taquaruçú
Legenda para análise descritiva das paisagens com uso dos Indicadores
Perceptivos e Ecológicos: IPV - Índice de Percepção Visual, IE-Índice
Ecológico, IQVE-Índice de Qualidade Visual e Ecológica, IV-Intrusão Visual, AA-
Ação Antrópica, Números 1,2,3 e 4 - Amplitude visual.

Rodovia Joaquim Maracaípe/TO-030 Fonte: Autora, 2004


IPV= 7,0 IE=6,0 IQVE= 6,5
A presença de quatro planos de perspectiva apresentam linhas e formas mais
definidas do relevo sendo que no final do panorama encontra-se um volume fechado
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que dá a sensação de detração da paisagem. Observa-se também uma quantidade
maior de informações antrópicas existentes com a presença dos painéis de sinalização
de tráfego. Vê-se um muro fechado formado pelas paredes da serra nas cores verdes
amareladas da cobertura vegetal típica de cerrado, com gramíneas no acostamento da
rodovia.É uma paisagem de média qualidade visual destacando-se apenas pela nitidez
do traçado da rodovia / TO-030 e do contraste que a mesma faz com a paisagem
circundante.

Rod. TO-030 Fonte: a Autora, 2004 IPV= 10.0 IE=10.0 IQVE= 10.0
A presença dos elementos de linhas, formas, cores, contraste e escala fazem deste
ponto da rodovia /TO-030 um dos mais belos considerando a variedade visual e a
amplitude da paisagem que são imponentes pela escala em relação ao observador e
pela diversidade de elementos da paisagem, tornando-se naturalmente um atrativo
visual. A cobertura vegetal nas encostas e planícies com a presença de arvores
floridas e secas e a presença de um ninho de pássaro e também a nitidez dos
paredões nas laterais da Serra do Carmo demonstram a alta qualidade estética, visual
e ecológica desta paisagem. Sendo considerada a de maior valor de qualidade visual
e ecológica.

Gráfico : Indice de Qualidade de Percepção Visual e Ecológica da Sequência


visual no trajeto entre Taquaralto e Taquaruçú – Rodovia Joaquim Maracaípe /
TO-030. Palmas/Tocantins
12

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
valor
km 0,0
km1,0
km 2,5
km4,0
km 5,0
km5,8
km6,5
km 7,0
km 7,5
km 8,2
km 8,7
km 9,2
km 9,8
km 10,1
km 11,0
km 12,5
km 13,0
km 14,0
km 16,0
Legenda de 0,0 a 5,0 de 5,5 a 7,5 de 8,0 a 10,0

Discussão dos Resultados Qualitativos da Análise das Paisagens Cênicas da


seqüência visual do trajeto entre Palmas e Taquaruçú- Rodovia Joaquim
Maracaípe/ TO-030

Com base no inventário fotográfico, observações de campo e análise qualitativa das


paisagens com a aplicação dos indicadores perceptivos e dados ecológicos, foram
expressos nas tabelas elaboradas de cada ponto fotografado que foi escolhido para a
análise das paisagens. Ficou demonstrado que o trajeto da seqüência visual da seção
da Rodovia Joaquim Maracaípe / TO-030 entre Palmas e Taquaruçú tem na Serra do
Carmo, paisagens de relevância cênica de variedade visual e de vulnerabilidade
ambiental em diversos níveis diferentes. Inseridas dentro da Unidade de Paisagem do
Planalto Residual Tocantins, encontramos em apenas 6 pontos na Rodovia TO-030
nos quilômetros 7,0; 7,2; 11,0; 12,5; 12,8; 13,2km as paisagens cênicas que tem
realmente valores relevantes entre 8,0 e 10,0km, atendendo a maior parte dos
indicadores perceptivos e ecológicos usados na análise qualitativa da seqüência
visual. O que se verificou no Gráfico de Índice de Qualidade de Percepção Visual e
Ecológica das paisagens da Serra do Carmo na seqüência visual da rodovia TO-030,
foi que estes pontos da rodovia com seus recursos visuais de alta qualidade podem
ser transformados em atrativos turísticos e trilhas ecológicas. Na análise qualitativa
constatou-se que os Índices de Qualidade Visual e Ecológica demonstraram que ao
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longo da rodovia os processos de ações antrópicas e os processos naturais ao
longo do tempo modificaram as paisagens originais, sendo que nas áreas que
sofreram intrusão visual e impactos ambientais, traz como indicador perceptivo, a
Detração da qualidade visual e ambiental. Fica demonstrado que nos pontos onde
existem processos erosivos ao longo da rodovia, degradação da cobertura vegetal,
presença de queimadas, abertura de vias vicinais e poluição das águas dos rios e
cachoeiras, estes impactos ambientais afetaram diretamente a qualidade da beleza
cênica, assim como a sua integridade ambiental revelando a vulnerabilidade destas
paisagens. Assim, 15 paisagens receberam um índice de média qualidade as outras
são de baixa qualidade visual e ecológica.

Neste cenário ficou ilustrado que as paisagens da Serra do Carmo na sequência visual
do trajeto entre Taquaralto e Taquaruçú /TO-030 puderam ser inventariadas e
analisadas, sendo que esta metodologia poderá se adequar para outras áreas de
estudo, com o objetivo de se elaborar um zoneamento territorial ambiental de
implantação de trilhas ecológicas que inserem Palmas e outras regiões do estado de
Tocantins, como o Jalapão, a Ilha do Bananal, o Cantão e o Bico do Papagaio, onde
encontramos o ecótono do Cerrado com da Floresta Amazônica de beleza indiscutível.
O inventário das paisagens e sua valoração são primordiais para estabelecer as áreas
de preservação do patrimônio ambiental e paisagístico visando o seu manejo
sustentável e a conservação da biodiversidade onde os recursos naturais podem ser
transformados em atrativos turísticos para percursos ecoturísticos onde se pode
praticar esportes radicais, admirar o meio ambiente através de trilhas de observação
da fauna e flora, entre outras atividades turísticas. Em relação da Dinâmica visual das
paisagens o que se pode observar nas paisagens da Serra do Carmo é que o
percursso nos primeiros 5 km, não temos nenhuma paisagem com variedade visual
que possa prender a atenção do observador. Porém no km 6,8 e km 7,0 temos uma
ruptura no relevo de maior impacto visual com a chegada de uma amplitude visual
proporcionada pelo ângulo de curvatura da rodovia. Estas paisagens são efetivamente
as primeiras que fazem com que o observador tenha uma motivação de parada. A
trilha ecológica deverá criar uma infraestrutura de suporte, necessária para propiciar
momentos de contemplação da paisagem. Do km 7,0 até o km 10,0, vamos ter
variações visuais com maior grau de intensidade, dependendo do ângulo e da abertura
do traçado da rodovia, mas substancialmente é um período de percurso onde o
observador fica mais atento aos elementos visuais das paisagens, isto porque
apresenta um relevo mais variado, mais ondulado, com uma diversidade ecológica
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apresentada pela cobertura vegetal de maior interesse visual através das cores,
contrastes e variedades de espécies vegetais. No km 11,0 temos a primeira paisagem
que realmente se impõe pela presença de um maior número de elementos perceptivos
de maior qualidade visual. Uma quebra brusca de elementos da paisagem perde a
qualidade visual no km 13,0, pela presença de impacto ambiental e intrusão visual. No
km 13,2 temos a primeira paisagem com a nota máxima de qualidade visual e
ecológica, com recursos naturais que devem receber outro ponto de parada com
infraestrutura de suporte e se tornar um atrativo turístico com a construção de um
mirante, é considerada a paisagem mais expressiva da Serra do Carmo, no momento
que o observador se depara com os primeiros paredões nas laterais da serra e
vislumbra uma maior quantidade de contrastes de cores e de elementos da paisagem.
Finalmente, o percurso chega no km 15,0 no portal de entrada de Taquaruçú para
logo após encontrar as primeiras paisagens urbanas com a característica principal que
a serra dá formando uma ferradura que limita o núcleo urbano dando um desenho de
útero aconchegante. Assim o distrito de Taquaruçú revela aos turistas e comunidade,
recursos naturais capazes de atraírem pela beleza de suas paisagens cênicas e das
cachoeiras que podem fazer parte do planejamento de trilhas ecológicas num projeto
regional e nacional.

Conclusão

• Nesta pesquisa foi possível compreender que as paisagens são consideradas


hoje em termos teóricos, com relação aos seus elementos perceptivos de variedade
visual e suas características bio-físicas em pesquisas nas áreas de Percepção Visual,
Ecologia da Paisagem, Geografia, Geomorfologia, Engenharia Florestal e Turismo. A
compreensão destes conceitos sobre percepção visual e a aplicação de indicadores
perceptivos é fundamental para se aprofundar as pesquisas sobre paisagens no Brasil,
principalmente as paisagens cênicas destinadas ao uso turístico e ecoturístico e para
a criação de novas áreas de conservação da biodiversidade e trilhas ecológicas.

• No estudo de caso pesquisado foi possível compreender que um dos motivos


que foram decisivos para a escolha do local da fundação do distrito de Taquaruçú por
migrantes vindos do Piauí e Maranhão nos anos 40, deu-se principalmente em razão
da presença dos recursos naturais que foram encontradas na região, fundamentais
para facilitar o manejo agrícola e o inicio do assentamento do núcleo urbano. A
15
quantidade de água e de cachoeiras existentes na região e o Ribeirão
Taquaruçuzinho permitiram uma ocupação rural e urbana que se harmonizasse com
os elementos da natureza que facilitaram a busca pela água e permitiram o
desenvolvimento do processo de urbanização, sedimentando no seu desenho urbano
algumas singularidades que deram uma conotação do caráter pitoresco da cidade. A
Qualidade Visual e Ecológica das paisagens cênicas da Serra do Carmo na seção da
Rodovia /TO-030 entre Palmas e Taquaruçú acontece através da presença de um ou
mais elementos visuais expressos nos componentes naturais como a água,
cachoeiras, relevo, solo e vegetação que compõem as perspectivas visuais da
Unidade de Paisagem do Planalto Residual Tocantins e que foram objetos de estudos
e diagnósticos usados para se realizar o projeto de implantação do Pólo-ecoturístico
de Palmas e que agora, depois da revisão do Plano Diretor participativo de
Palmas(2006) deverá receber maior atenção, pois faz parte das 3 rodovias cênicas
escolhidas no macro-zoneamento turístico e ambiental de Palmas para integrar as
trilhas ecológicas do Pólo-ecoturístico de Palmas e do Parque Estadual do Jalapão.

• Ações são fundamentais e devem ser realizadas para que o uso dos recursos
naturais e das paisagens, sejam accessíveis para a população e turistas visitantes.
Um Plano de Trilhas ecológicas deve ser traçado pela atual administração para
promover à proteção da Serra do Carmo através da:- educação ambiental com cursos
de guias turísticos, promoção de enduros ecológicos, passeios à cavalo, trilhas de
observação da flora e fauna, ciclismo rural, infraestrutura de apoio ao turista visitante
com melhores restaurantes, lojas, pousadas, museu natural do Cerrado, mirantes,
equipamentos de apoio ao longo da rodovia TO-030 melhorando os acessos para o
Ribeirão Taquaruçuzinho no km10,0, para a Cachoeira de Taquaruçú, com trilhas
sinalizadas, lanchonetes e wcs. Atrativos turísticos que não danifiquem o meio
ambiente e que valorizem cada vez mais o Pólo-ecoturístico de Palmas. A abertura de
novas trilhas ecológicas que saem de Taquaruçú até o Parque Estadual do Jalapão.
Aumentará o fluxo de turistas visitantes regionais, nacionais e até internacionais
motivados em conhecer os recursos naturais da região.

• Na rodovia TO-030, na faixa de domínio dos 15 km do trajeto entre Taquaralto e


Taquaruçú devem receber um projeto de arquitetura paisagística valorizando os
pontos visuais onde existem paisagens cênicas e também contribuindo para mitigar os
efeitos de degradação ambiental com a recuperação da cobertura vegetal e sistema
de drenagem. O uso de árvores nativas e frutíferas, como o pequi, caju, cajuí entre
16
outras espécies do cerrado, podem proporcionar sombras tão necessárias aos
ciclistas e pedestres, além de servirem de suporte de arranjos paisagísticos com
outros elementos como pedras, madeiras, transformando-se em trilha ecológica e
atrativo turístico. Os inventários de paisagens com uso de Indicadores perceptivos e
ecológicos são vitais para que o início do processo de implantação das trilhas
ecológicas no estado do Tocantins aconteça e culmine em resultados que contribuam
para o uso correto do patrimônio ambiental e cultural, onde o planejamento ambiental
e o manejo sustentável promovam à preservação das paisagens do bioma Cerrado
para que o mesmo fique cada vez mais conhecido e visitado, visando o ecoturismo
sustentável.

Bibliografia

DIAS MALAN A. Diagnóstico Turístico do Distrito de Taquaruçú –Palmas/TO


Palmas: Prefeitura Municipal de Palmas, 2000.

GRIFFTH, J.J. e VALENTE, O. F. Aplicação da Técnica de Estudos Visuais no


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