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Autor: Nathan Cazé

Blog: monoergon.wordpress.com
Contato: nhac27@hotmail.com
Versão 5.6 do artigo. Atualizado em maio/2023.

Os quatro dízimos e as ofertas obrigatórias no Antigo


Testamento, e o dadivar gracioso no Novo Testamento
SUMÁRIO
1. O dízimo ANTES da Lei de Moisés .................................................................................................................................. 2
1.1 Primeira referência ........................................................................................................................................................ 2
1.1.1 Regras de Despojos de Guerra na Lei Mosaica..................................................................................................... 3
1.2 Segunda referência ....................................................................................................................................................... 4
2. Os dízimos DURANTE a Lei de Moisés........................................................................................................................... 6
2.1 O dízimo do levita e o dízimo dos dízimos para os sacerdotes .................................................................................... 6
2.2 O dízimo das Festas do Senhor .................................................................................................................................. 10
2.3 O dízimo de caridade para os pobres todo terceiro ano ............................................................................................. 13
2.4 Quando Israel começou a dar os dízimos? ................................................................................................................. 18
2.6 A Ordenança de Respigar e Colher............................................................................................................................. 19
2.7 José e Maria pagaram a oferta dos pobres & Jesus e a Ordenança de Respigar ..................................................... 20
2.8 Rei em Israel ............................................................................................................................................................... 21
2.9 O Uso que o Rei Davi fez dos levitas .......................................................................................................................... 21
2.10 O Rei Ezequias restaurou os dízimos ....................................................................................................................... 21
2.11 Amós ............................................................................................................................................................................. 24
2.12 Neemias, o contexto de Malaquias, e os cinco tipos principais de ofertas veterotestamentárias ............................ 25
3. Dadivar gracioso na Nova Aliança em Cristo .............................................................................................................. 40
3.1 Princípios do Antigo Testamento sobre o dadivar voluntário para a igreja neotestamentária ............................ 62
4. Teólogos a favor de ofertar/dadivar no Novo Testamento sem uma quantia específica universal ....................... 64
4.1 Citações de teólogos ................................................................................................................................................... 65
5. Considerações finais ...................................................................................................................................................... 72
6. Dicionários, Enciclopédias e Concordâncias Bíblicas definem os dízimos............................................................. 77
7. 140 perguntas que os professores de dízimo devem responder, Russell Earl Kelly, PhD. .................................... 81
Apêndice A: A Obrigação Moral do Dízimo, por Thomas E. Peck.................................................................................. 91
Apêndice B: Sínodo Evangélico Luterano de Wisconsin (Wisconsin Evangelical Lutheran Synod - WELS) .......... 98
Apêndice C: Igrejas Reformadas Protestantes na América (Protestant Reformed Churches in America – PRCA)
............................................................................................................................................................................................ 100
Apêndice D: Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) ............................................................................................ 102
Bibliografia......................................................................................................................................................................... 103
Leitura complementar....................................................................................................................................................... 105
Meus outros artigos e traduções..................................................................................................................................... 106

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1. O dízimo ANTES da Lei de Moisés
1.1 Primeira referência
A primeira referência Bíblica do dízimo está em Gênesis 14:20 com uma passagem paralela em
Hebreus 7:4. Lembre-se que nesta época a Lei de Moises ainda não existia. Gênesis 14:20 “E bendito
seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de
tudo”. Que dízimo era esse? Hebreus 7:4 responde “Considerai, pois, quão grande era este, a quem
até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos”. Os “dízimos” neste versículo é “a décima parte”,
ma’aser em hebraico ou dekate em grego. O contexto de Gênesis 14:20 limita os dízimos aos despojos
da guerra/batalha. Assim, em Gênesis 14, Abrão derrotou os reis na batalha e resgatou a Ló. Foi desta
guerra que Abrão deu o dízimo dos despojos do vs.11 (os bens e mantimentos eram os despojos), e
despojos estes mencionados também no vs. 16, “tornou a trazer todos seus bens” (ACF) ou “recuperou
todos os bens” (NVI). Köstenberger e Croteau (2006, p. 56) esclarecem que, “A frase modificadora
“recuperou” também sugere que se tratou de uma ação única e não de um padrão contínuo.” O rei de
Sodoma insistiu que Abrão ficasse com os despojos da guerra e devolvesse as pessoas
(reféns/prisioneiros) que foram raptadas de Sodoma pelos reis. Abrão respondeu que havia jurado ao
SENHOR que não ficaria com os despojos, Gênesis 14:22-23.
Sabe-se que:
a) esse dízimo de Abrão veio dos despojos da guerra e não de sua própria renda;
b) esse dízimo dos despojos foi dado a Melquisedeque uma única vez;
c) esse dízimo dos despojos não foi dado com base na lei mosaica, pois ela não existia para obrigar
os judeus a darem os quatro dízimos; essa décima parte dos despojos foi dada voluntariamente
segundo o costume pré-Mosaico das regiões próximas sobre tomar posse de despojos de guerra. 1
Outrossim, David Croteau (2013), teólogo batista, explica dizendo,
Embora seja verdade que uma forma de dízimo era praticada por muitas nações e
sociedades, as especificidades dessa prática são tipicamente (mas nem sempre)
ignoradas. Por exemplo, na Arábia, o dízimo era pago sobre o incenso, mas sobre o solo
que era regado pela chuva (ou seja, pelo seu deus Baal) era devido 20 por cento: um
dízimo duplo. Cada nação e sociedade tinha regras e leis radicalmente diferentes
relacionadas com o “dízimo”. Alguns itens estavam sujeitos ao dízimo, outros não.

1
Confira The International Standard Bible Encyclopedia; e Köstenberger e Croteau (2006, p. 57) citam Soneberger quem
afirma a existência de dízimos entre outros povos; Croteau (2010, capítulo 3) afirma “É concebível que Abraão tenha
aprendido esta prática com a religião babilônica, uma vez que era uma prática muito difundida na Mesopotâmia” [minha
tradução]. Confira Croteau (2010, capítulo 6, “Tithing in surrounding cultures”).
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Algumas vezes os itens tinham que ser “duplamente dízimos” (isto é, 20 por cento), outras
vezes não. De fato, as diferenças superam em muito as semelhanças.
d) como ato de gratidão a Deus por Ele ter concedido a vitória à Abrão, pois Melquisedeque era Rei,
sacerdote e rico, e não precisava/necessitava continuamente ficar recebendo para sua
sobrevivência de fontes de dízimos (dos despojos de guerra) e nem de outras fontes de alimentos
para se sustentar;
e) Essa é a única vez, em toda a Bíblia, que é relatado que Abrão deu o dízimo dos despojos a quem
quer que seja. Abrão não tinha um ministério itinerante de continuamente guerrear e, por
conseguinte, caso vencesse uma batalha, ficar procurando por reis e sacerdotes a fim de lhes dar
despojos de guerras;
f) Abrão deu o dízimo dos despojos a Melquisedeque e os restantes 90% dos despojos foram
devolvidos ao rei de Sodoma.
As passagens de Hebreus 7 serão discutidas mais adiante na seção “Versículos
neotestamentários” (Seção 3 Dadivar gracioso na Nova Aliança em Cristo). Antes disso, precisamos
fazer outras observações e pontuações antes de chegarmos ao Novo Testamento.

1.1.1 Regras de Despojos de Guerra na Lei Mosaica


Números 31:19-24 Purificação dos soldados e despojos de guerra.
Números 31:25-54 As proporções e divisões dos despojos de guerra.
Números 31:21 “E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que foram à peleja: Este é o
estatuto da lei que o SENHOR ordenou a Moisés”.
Números 31:27-28 “27 E divide a presa em duas metades, entre os que se armaram para a peleja,
e saíram à guerra, e toda a congregação. 28 Então para o SENHOR tomarás o tributo dos homens de
guerra, que saíram a esta peleja, de cada quinhentos uma alma, dos homens, e dos bois, e dos
jumentos e das ovelhas”.
Números 31:29-30 “29 Da sua metade o tomareis, e o dareis ao sacerdote Eleazar, para a oferta
alçada do SENHOR. 30 Mas, da metade dos filhos de Israel, tomarás um de cada cinqüenta, um dos
homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, e de todos os animais; e os darás aos levitas que
têm cuidado da guarda do tabernáculo do SENHOR”.
Onde Abrão teria aprendido a dizimar dos despojos das guerras? Nos costumes de guerra dos
árabes, o dízimo dos despojos das guerras era dado ao rei ou ao líder do local ou para deuses pagãos;
de acordo com os costumes árabes, os dízimos dos despojos eram 10% (KELLY, 2007). Porém, de
acordo com a Lei Mosaica, o dízimo dos despojos era 1% para os levitas (Números 31:27-28) e 0.1%
para os sacerdotes (Números 31:29-30). Entende-se, portanto, que o estatuto da lei dos despojos

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(vs.21) não era o dízimo, ou seja, não era décima parte de colheitas e de rebanhos e gados. O dízimo
existia em outras culturas e era praticado no Egito, Canaã, Mesopotâmia e em outros lugares, e
provavelmente foi dessas culturas que Abrão aprendeu sobre a décima parte; por isso ele deu a décima
parte (dos despojos) a Melquisedeque que era sacerdote-rei de Salém (KELLY, 2007). Outrossim, o
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (WALTKE, Bruce K. et al, 1998, p. 1182) diz:
No AT o conceito de dízimo é de considerável importância para a teologia do próprio AT. Como nos
casos de circuncisão (embora a circuncisão de criancinhas não seja documentada fora de Israel),
sacrifícios, restrições alimentares e coisas do gênero, dar o dízimo não era algo restrito a Israel
no antigo Oriente Médio. Isso ocorria entre os egípcios e também entre os mesopotâmios (vejam-
se, e.g., citações da literatura acadiana acerca de dízimos pagos a deuses ou a templos, em CAD
, v. 4, p. 369). 2
Iain M. Duguid, pastor e teólogo presbiteriano, e seus coautores (2006, p. 232) 3 , em seu
comentário do livro de Números, também concordam que os dízimos já existiam fora de Israel: “A
prática de dizimar não era exclusiva para Israel. Em todo o antigo Oriente Próximo, era uma prática
comum para os reis tributarem os seus povos no valor de um dízimo do fruto deles. Frequentemente,
aquela renda destinava-se para sustentar os oficiais reais ou templos”. Outrossim, com relação à
afirmação de que “A prática de dizimar não era exclusiva para Israel”, Duguid et al citam Moshe
Weinfield, “Tithe”, Encyclopedia Judaica (Jerusalem: McMillan, 1971), p. 1156-1159.
Ademais, 1 Samuel 30:20-25 mostra como Davi repartiu os despojos da guerra. Conclui-se,
também, que ele não repartiu os despojos com o uso dos dízimos, ou seja, a décima parte de colheitas
ou rebanhos e gados.

1.2 Segunda referência


A segunda passagem Bíblica do dízimo antes da Lei de Moisés está em:
Gênesis 28:20-22 “20 E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem
que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar à casa de meu pai, o
SENHOR me será por Deus; 22 E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de
tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.
Sabe-se que:
a) Jacó fez um voto a Deus propondo cinco (5) condições. Se Deus cumprisse a sua proposta nos
versículos 20-21, Jacó, por sua vez, daria o dízimo de tudo quanto Deus desse a ele.

2
CAD refere-se ao The Assyrian Dictionary of the Oriental Institute of the University of Chicago (1956 e ss.).
3
DUGUID, Iain M.; HUGHES, R. Kent (Editor geral). Numbers: God’s presence in the wilderness. Crossway Books:
Wheaton, Illinois, 2006.

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b) Jacó fez uma proposta condicional do dízimo; portanto, o dízimo foi voluntário e não obrigatório,
como na época da Lei de Moisés em que o dízimo era dado anualmente.
Gênesis 31:38-41 A Bíblia não relata se Jacó de fato deu o dízimo a Deus. Mas se realmente ele
deu o dízimo depois que Deus cumprisse as cinco (5) condições que Jacó propôs, teria sido vinte
anos mais tarde quando Jacó voltou a Canaã. 4 Se houvesse um mandamento para dizimar, não
haveria espaço para Jacó barganhar; mandamentos exigem obediência ao invés de barganhas.
Kelly (2007) faz a seguinte reflexão: se Jacó tivesse dado o dízimo, para quem ele teria entregado
os dízimos sendo que em sua época não existia o templo do SENHOR com os levitas servindo? Como
Abrão, Jacó também estava cercado de culturas pagãs. Será que Jacó entregaria o dízimo a um
templo de um deus pagão? A resposta fica aberta para debate, mas é certo que não havia o templo
do Senhor e nem sinagogas.
Resumo: Esses são os dois eventos Bíblicos sobre o dízimo antes da Lei de Moisés. A mera
ocorrência de um evento na história não torna necessário e nem obrigatório a sua prática, nem uma
vez e nem para sempre. Por exemplo, João 19:23 diz “Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus,
tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A
túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura”. Não podemos ensinar à igreja a doutrina
de que todos os homens cristãos devem se vestir com túnicas sem costura, pois isso não é ensinado
e nem prescrito no restante do Novo Testamento.
Deus não requereu nenhum dízimo de Abrão e Jacó. Abrão deu o dízimo dos despojos da guerra
uma só vez enquanto que a Bíblia não relata se Jacó dizimou ou não vinte anos depois quando voltou
à casa de seu pai (Gên. 33:18). Como afirmam Köstenberger e Croteau (2006, p. 60; colchetes são
meus): “Os “se(s)” de Jacó no contrato desvalorizam de isso [o dízimo] ser uma lei universal. É
duvidoso de que Jacó teria colocado uma condição em alguma coisa que ele cresse ser uma lei de
Deus”. 5 Iain Duguid et al (2006, p. 235) concordam e afirmam que: “Os patriarcas não tinham obrigação
de entregar 10 por cento de sua renda anual ao Senhor”. 6
Ademais, a quantia de despojos de guerra de acordo com a lei mosaica (Números 31:27-30)
difere da quantia dos despojos que Abrão deu a Melquisedeque (Gênesis 14).

4
Nota de rodapé da Bíblia de Estudo NVI, 2001, Editora Vida, em relação a Gênesis 33:18, “chegou a salvo. Resposta à
oração de Jacó, feita 20 anos antes (v. 28:21)”.
5
Minha tradução; original diz: "Jacob’s “ifs” in the contract detract from this being a universal law. It is doubtful that Jacob
would have put a condition on something he believed to be a law from God".
6
Minha tradução; original diz: “The patriarchs had no obligation to render 10 percent of their annual income to the Lord”.
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2. Os dízimos DURANTE a Lei de Moisés

2.1 O dízimo do levita e o dízimo dos dízimos para os sacerdotes


O texto principal sobre os dízimos ordenados por Deus a Moisés está em Números 18. Leia o
capítulo inteiro cuidadosamente.
Números 18:1-7 O serviço, trabalho, cuidados e o cumprimento do sacerdócio pelos sacerdotes e
levitas.
Números 18:8-20 A Porção dos Sacerdotes Levíticos.
Números 18:21-24 A Porção dos levitas.
Números 18:25-32 A oferta alçada para os sacerdotes veio da porção dos levitas.
Números 18:20 “20 Disse também o SENHOR a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no
meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel”.
A tribo de Levi e o sacerdócio levítico não herdaram terras como as demais tribos. O SENHOR
era a sua herança no meio dos demais filhos de Israel.

Números 18:21-24 “21 E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por
herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. 22 E nunca mais os
filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram.
23 Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua
iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma
herança terão, 24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta
alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel
nenhuma herança terão”.
Em Josué 13:14,33; 14:3-4; 18:7, Deuteronômio 10:6-9;12:12;14:29; 18:1-5, Ezequiel 44:28 e
na passagem acima, Deus deixa claro que todas as tribos de Israel herdaram terras, menos a tribo de
Levi que, por sua vez, serviriam no templo do Senhor. Como os levitas não herdaram terra, israelitas
de todas as demais tribos 7 de Israel davam dízimos para o sustento dos levitas e sacerdotes, e também
outros dízimos que estudaremos mais adiante. Isso foi a herança dos levitas. Impõe ressaltar que os
levitas e sacerdotes não receberam os dízimos como salário, mas sim como herança. Croteau (2010,
capítulo 3, nota de rodapé 103; colchetes são ênfase minha) esclarece ainda mais esta observação,
A diferença torna-se clara quando se compara este fato com a herança da terra pelos
israelitas. Os israelitas deviam obedecer às leis dadas por Deus através de Moisés e, se

7
Somente os judeus (“filhos de Israel”: Nm 18:24; Lv 27:34) que viviam dentro de Israel (“em Israel”: Nm 18:21; “na
terra...de vossos pais”: Dt 12:1) davam os dízimos.
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não o fizessem, perderiam a terra (ver Lv 18:26-28; 20:22). Portanto, a terra foi-lhes dada,
mas tinham de obedecer às ordenanças para permanecerem com a sua herança. O
mesmo se passa com os levitas. Foi-lhes dada uma herança; para a obterem, tinham de
cuidar do templo. Se os levitas tivessem de obter em troca de trabalho [earn] o dízimo,
então não seria uma herança.
Deus deu os dízimos aos filhos de Levi em Israel por herança, pois a tribo de Levi não herdou
terras. Deus deu por herança aos levitas os dízimos dos filhos de Israel (Núm. 18:24), dízimos estes
que procedem da terra de Israel (Núm. 18:21). Deus nunca ordenou que gentios dessem os dízimos,
como definidos por Deus em Sua Palavra, e nem ordenou que os dízimos fossem colhidos de terras
fora de Israel ou dados a partir de gados criados em terras alheias.
Números 18:26, 28 “26 Também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: Quando receberdes os
dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado por vossa herança, deles oferecereis uma
oferta alçada ao SENHOR, os dízimos dos dízimos. 28 Assim também oferecereis ao SENHOR uma
oferta alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta
alçada do SENHOR a Arão, o sacerdote.”
O trecho que diz “os dízimos dos dízimos” ou “uma décima parte do dízimo” simplesmente
significa que os levitas receberiam os dízimos do povo israelita— os que dizimavam da terra de Israel
sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— e desses dízimos tirariam a décima parte
e a daria aos sacerdotes (e sumo sacerdote).
Matematicamente, pode-se expressar isso como: os israelitas— os que dizimavam da terra de
Israel as sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— dariam aos levitas 1/10 das
suas colheitas, rebanhos ou gados, e os levitas dariam 1/10 desse dízimo aos sacerdotes. Portanto,
os sacerdotes recebiam 1/100 avos do dízimo do povo. 1/10 equivale a 10% e 1/100 avos equivale a
1%.
Os sacerdotes comeriam os dízimos dos dízimos no Santíssimo Lugar (vs.10) enquanto os
levitas comeriam os dízimos em qualquer lugar (vs.31) menos no Santíssimo Lugar que era destinado
somente para os sacerdotes. Obs.: O Santíssimo Lugar/Santo dos Santos não é o mesmo lugar
chamado de Lugar Santo/Santuário (KELLY, 2007).
Resumo: Os dízimos eram uma ordenança/estatuto (Núm. 18:23; Deut. 12:1) da lei cerimonial
mosaica. Em todo o capítulo, somente os filhos de Israel dariam os dízimos aos levitas, dízimos estes
provenientes somente da terra de Israel e composto de sementes do campo, frutos das árvores, gados
e rebanhos. Os versículos 20, 23, 24, 26 ordenam que nem os sacerdotes e nem os levitas poderiam
possuir ou herdar propriedades. Apenas os levitas receberiam os dízimos provenientes da terra de
Israel (vs. 21), e, desses dízimos, os sacerdotes receberiam a décima parte, vs.26.

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Os dízimos— sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— consistiam-se de
comida e eram comidos: “E o comereis em todo o lugar”, Números 18:31. Versículo 31 está de acordo
com Neemias 10:37b que diz “e os dízimos da nossa terra aos levitas; e que os levitas receberiam os
dízimos em todas as cidades, da nossa lavoura”. Josué 21:9-19 fala sobre as cidades dos levitas. Os
levitas davam o dízimo dos seus dízimos, que recebiam das tribos de Israel, e ofertas alçadas para os
sacerdotes do templo: Neemias 10:38 “E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando
estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus,
às câmaras da casa do tesouro”, e Neemias 18. O dízimo era o sustento dos levitas e sacerdotes.

*Concernente às cidades dos levitas: Números 35 e Josué 14:4; 21. Confira também 2 Crônicas 31:15-
19, Neemias 10:37-38; 13:10.

Continuando, O dízimo do levita:


 Tanto Números 18 e a seguinte passagem bíblica diz respeito ao dízimo do levita (KELLY, 2007):
Levítico 27:30-34 “30 Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar
alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e
do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se
investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como
o outro será santo; não serão resgatados. 34 Estes são os mandamentos que o SENHOR ordenou a
Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”.
Essa passagem, como Croteau (2010, capítulo 3) 8 acertadamente comenta, é uma introdução
ao dízimo do levita em relação às ordenanças mosaicas de votos,
Uma vez que Levítico 27 trata principalmente de votos, não seria de esperar que uma
descrição completa das leis do dízimo ocorresse aí; tudo o que se deve esperar é a forma
como as leis do dízimo interagem com as leis dos votos. Portanto, Levítico 27 é uma
introdução geral às leis do dízimo na sua relação com as leis dos votos. O fato de não
serem indicados explicitamente os destinatários demonstra ainda mais que deve ser visto
como um prolegômeno às leis do dízimo.
Deus definiu, claramente, que o dízimo do levita da tribo de Levi era composto da semente do
campo, fruto das árvores, gado e rebanho (vs. 30, 32).
O versículo 30 também nos ensina que os israelitas— os que dizimavam da terra de Israel as
sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— poderiam resgatar a partir das sementes

8
Minha tradução.
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e frutos, mas não poderiam resgatar dos animais (“não serão regatados”, vs. 33). E o que significava
o resgate juntamente com o acréscimo de sua “quinta parte sobre ela” (vs. 31)? Se por algum motivo
algum israelita não quisesse dar o dízimo em espécie, proveniente das sementes e frutos, ele poderia
substituí-lo por dinheiro acrescentando 20% (“a sua quinta parte sobre ela”, vs. 31).
Cabe aqui a reflexão de Köstenberger e Croteau (2006, p. 62):
"Se esse dízimo ainda é vinculativo hoje, deveriam os cristãos darem um décimo de
tudo? Se alguém tem um jardim, deveria o mesmo trazer um de cada dez tomates ou
pimentas jalapeños? Se não, deveriam eles darem o valor mais vinte por cento? Se um
cristão for um criador de gado, deveria ele trazer cada décimo animal à igreja no domingo
quando ele dizimar? Essas perguntas revelam a dificuldade em trazer o dízimo para o
período da nova aliança".

Ademais, o versículo 33 refere-se ao dízimo composto de animais. Os animais poderiam ser


bons ou maus, com defeito ou sem defeito, melhor ou pior, em referência aos israelitas dando esse
dízimo aos levitas. Porém, os levitas deveriam dar o melhor dos dízimos dos dízimos aos sacerdotes,
Números 18:29-30.
Aprendemos também que isso era obrigatório para os filhos de Israel. Pois, segundo o versículo
34, Jeová disse que esses são os mandamentos ordenados a Moisés e aos filhos de Israel. Uma vez
que os estatutos e ordenanças dos dízimos foram ordenados aos “filhos de Israel” (Núm 18:24; Lv
27:34) que viviam dentro de Israel (“em Israel”: Nm 18:21; “na terra...de vossos pais”: Dt 12:1), Deus
não ordenou que os dízimos— sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— fossem
dados por parte de gentios e nem que fossem colhidos de terras alheias e nem que os animais fossem
criados em terras alheias.
Portanto, como afirma o presbiteriano T. David Gordon 9 (itálicos não são meus; colchetes e
negritos são meus):
O dízimo não era monetário, mas agrário, e ajustado às realidades de pobreza. As
pessoas que tinham menos de dez ovelhas ou bodes não traziam nenhum [ao templo
como sendo dízimo]; elas traziam a “décima”. Assim, embutida na lei estava uma
proteção para aqueles que tinham muito pouco. Se um israelita tivesse apenas oito
ovelhas, por exemplo, nenhuma “décima” ovelha poderia passar debaixo da vara dele,
e, portanto, nenhuma ovelha poderia ser dada aos levitas por parte desse israelita.
Um dízimo monetário não fornece nenhuma tal proteção, e requer um estrito 10% de
todos. [...] Lev. 27:32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, de tudo o
que passar debaixo da vara, cada décimo animal será santo ao SENHOR.

9
GORDON, T. David. The Tithe in Biblical-theological Perspective. Disponível em:
<www.tdgordon.net/theology/tithe.doc>.
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Observe no versículo 32 que se um israelita tivesse apenas sete ou oito ovelhas, ele
não poderia dar nenhuma. Dessa forma, a lei Mosaica estava adequada à realidade
de pobreza
[…] Ironicamente, então, as igrejas cristãs que exigem um estrito dízimo de 10% de
seus membros são menos misericordiosas do que Moisés era.
A Nova Versão Internacional se expressa com mais clareza, em português, assim (negritos são meus):
“O dízimo dos seus rebanhos, um de cada dez animais que passem debaixo da vara do pastor, será
consagrado ao Senhor” (Lv 27:32). É possível que existiam ocasiões em que o valor do dízimo levítico
era menor que 10% como, por exemplo, quando um israelita dentro da terra de Israel possuísse quinze
ovelhas, e as contasse desde a primeira até a décima, separando a décima ovelha para ser dízimo do
levita, mas não incluindo uma fração de ovelhas no tocante as ovelhas restantes (da décima-primeira
à décima-quinta).
Os israelitas também podiam resgatar das sementes e dos frutos, mas não poderiam resgatar
dos animais (“não serão regatados”, Lv 27:33). Se por algum motivo algum israelita não quisesse dar
o dízimo em espécie, proveniente das sementes e frutos, ele poderia substituí-lo por dinheiro
acrescentando 20% (“a sua quinta parte sobre ela”, Lv. 27:31);
Na próxima seção (2.2), outra passagem bíblica ensina outros regulamentos e ordenanças
acerca de outro dízimo, regulamentos e ordenanças estas que fazem parte da lei cerimonial dos
dízimos. Ora, fazendo-se parte dessa lei, essas partes não devem ser separadas e nem praticadas
parcialmente.

2.2 O dízimo das Festas do Senhor


Deuteronômio 12:1-19 e 14:22-29 se trata dos dízimos das Festas do Senhor a cada ano:
Deuteronômio 12:5-6 “Mas o lugar que o SENHOR vosso Deus escolher de todas as vossas
tribos, para ali pôr o seu nome, buscareis, para sua habitação, e ali vireis. E ali trareis os vossos
holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos”.
“Ali” refere-se a Jerusalém onde se realizará todo o restante do versículo. John Gill, teólogo e
comentarista batista, comenta que o lugar que o povo israelita deveria buscar a Deus é Jerusalém: “se
entende que é o templo em Jerusalém, onde o Senhor tomou a Sua morada, e aonde os homens
viriam e buscariam a Ele por meio de oração e súplica por qualquer coisa que eles precisassem [...]”. 10
Futuramente, depois que Israel se dividiu, o norte de Israel criou os seus próprios centros de adoração

10
Minha tradução; original diz: “the temple at Jerusalem is meant, where the Lord took up his dwelling, and whither men
were to come and seek unto him by prayer and supplication for whatsoever they needed”. John Gill’s Exposition of the
Entire Bible, comentário de Deuteronômio 12:4. Disponível como módulo do software TheWord no sítio eletrônico:
<http://www.theword.net/index.php?downloads.modules&group_id=4&o=title&l=english>.

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em Betel, terra de Dan, e dela resultou-se adoração aos falsos deuses e ídolos, Amós 4:4 (KELLY,
2007).
Em Deuteronômio 12 nos versículos 7, 12 e 18 o Senhor manda os israelitas se regozijarem e
se alegrarem. Vejam que aqui todos comem e se regozijam: o filho, a filha, o servo, a serva e o levita.
Não está se tratando apenas dos levitas, mas do povo também, pois esse segundo dízimo destinava-
se para as Festas do Senhor onde todo o povo se alegraria, Deuteronômio 12:18 “Mas os comerás
perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher o SENHOR teu Deus, tu, e teu filho, e a tua
filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas; e perante o SENHOR
teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão”.

Deuteronômio 14:22-27 “22 Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que
cada ano se recolher do campo. 23 E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali
fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os
primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus
todos os dias. 24 E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar
longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR
teu Deus te tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que
escolher o SENHOR teu Deus; 26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por
vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; 27 Porém não desampararás o levita que
está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo”.
O versículo 22 diz que estes dízimos eram dados a “cada ano”, ou seja, anualmente.
No versículo 23, o lugar onde celebrar-se-ia e alegrar-se-ia ao comer-se dos dízimos era
Jerusalém, pois como comenta John Gill a respeito desse versículo: “Ver Deut. 12:5 lá o dízimo de
todos os frutos da terra deveria ser comido; este é o segundo dízimo, conforme o Targum de Jonathan,
e também de acordo com Jarchi, e que é mais particularmente descrito como se vê em seguida”. 11
Essa é mais uma referência do dízimo para as Festas do Senhor onde os israelitas participavam
e comiam de seus próprios dízimos. Essa passagem não diz respeito ao dízimo do levita, mas o do

11
Minha tradução; original diz: “See De 12:5 there the tithe of all the fruits of the earth was to be eaten; this is the second
tithe, as the Targum of Jonathan, and so Jarchi, and which is more particularly described as follows:”. John Gill’s
Exposition of the Entire Bible, comentário de Deuteronômio 14:23. Disponível como módulo do software TheWord no sítio
eletrônico: <http://www.theword.net/index.php?downloads.modules&group_id=4&o=title&l=english>.
“Jarchi” refere-se ao RABBI SOLOMON IZCHAKI, o grande erudito e comentador talmúdico e fundador da escola
germano-francesa de exegese bíblica: McClintock, John. Strong, James. Entry for 'Rashi'. Cyclopedia of Biblical,
Theological and Ecclesiastical Literature. Disponível em: <http://www.studylight.org/encyclopedias/tce/r/rashi.html. Harper
& Brothers. New York. 1870>.

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povo israelita. Entretanto, uma vez que os levitas não tinham “herança contigo” (vs. 27), os israelitas
deveriam compartilhar (“não desampararás o levita”, vs. 27) um pouco de seus próprios dízimos
(sementes, frutos e gados) e (bebidas, vs. 26) com os levitas.
Os dízimos das Festas do Senhor eram dados em três festas a cada ano: Páscoa, A Festa das
Semanas (Pentecostes), e Tabernáculos (confira Êx. 23:14-17; Dt. 16:1-17; Lv. 23) (CROTEAU, 2010,
capítulo 7).
A única exceção Bíblica para se dar os dízimos de outra maneira a não ser do produto da terra
(exemplo: frutos, semente do campo, gado, rebanho etc.) está baseada nos versículos 24-27; esta
passagem estabeleceu a exceção de que se o caminho era muito longo para se levar ou carregar (“to
carry”, KJV) o dízimo até Jerusalém (o lugar que Deus escolheu), o israelita poderia vendê-lo e
converte-lo em dinheiro. Essa é a única exceção para se converter o dízimo em dinheiro. Desse
dinheiro o israelita, detentor de seu próprio dízimo, poderia comprar “tudo o que deseja a tua alma”,
vs. 26. Isso também prova que existia um sistema financeiro, em dinheiro, sem que os dízimos fossem
baseados em dinheiro.
Duguid et al (2006, p. 233) concordam e afirmam que:
Se o povo vivesse muito longe do santuário em Jerusalém para carregar o dízimo consigo,
eles deveriam convertê-lo em dinheiro e trazer o dinheiro ao templo. Lá, eles deveriam
comprar comida festiva, tal como carne e bebidas alcoólicas, para torná-los capazes a
festejar com estilo na presença do Senhor (Deuteronômio 14:26). 12
Portanto, o dízimo das festas do Senhor era comido anualmente e pertencia ao próprio
proprietário do dízimo. Esse proprietário poderia comer, em Jerusalém, o seu dízimo, ou vendê-lo. Se
vendesse-o, ele deveria comprar qualquer outra comida e/ou bebida, e deveria compartilhar sua
comida e/ou bebida com os seus familiares (“tu e tua casa”, vs. 26) e com os levitas (“não
desampararás o levita”, vs. 27).
Croteau (2010, capítulo 3, Tabela 3), 13 fornece uma comparação entre o dízimo dos levitas e o
das festas do Senhor,
Dízimo Levítico Dízimo das Festas
Local Comer em qualquer lugar Jerusalém
Recipientes Levitas Todo o Israel
Dono Levitas Dono original
Propósito Substituir herança de terra Ensinar o temor do Senhor

12
Minha tradução; original diz: “If the people lived too far from the sanctuary in Jerusalem to carry the tithe with them, they
were to convert it into money and bring the money to the temple. There they were to buy party fare, such as meat and
alcoholic beverages, to enable them to feast in style in the presence of the Lord (Deuteronomy 14:26)”.
13
Reprodução e tradução minhas.
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Resgate Acrescentar 20% Nenhuma menção de 20%
Quanto aos donos originais dos frutos ou gados dizimáveis, impõe lembrar que nem todo
israelita era dono de terras, a partir das quais os donos colhiam dos frutos das árvores, plantações ou
entregavam ao levita “um de cada dez animais que passem debaixo da vara do pastor” (Lv. 27:32
NVI). Croteau (2010, capítulo 3) afirma corretamente, “No período do Novo Testamento, os artesãos,
os pescadores e os comerciantes não pagavam o dízimo sobre os seus rendimentos, e os judeus fora
da Palestina (os da Diáspora) não pagavam o dízimo sobre nada”.

2.3 O dízimo de caridade para os pobres todo terceiro ano


Deuteronômio 14:28-29 e 26:12-13:
“28 Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás
dentro das tuas portas; 29 Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o
estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para
que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem”.
A cada três anos os dízimos das colheitas eram recolhidos “dentro das tuas portas” e não para
as câmaras do templo. Isso significa que esse dízimo era comido dentro das cidades. Deus não se
esqueceu dos necessitados, pois eles são o estrangeiro (gentio), o órfão, a viúva e até mesmo os
levitas, os quais eram contados com os pobres. Esse grupo de pessoas deveria estar “dentro das tuas
portas” (vs. 29), ou seja, o dízimo não era levado ao templo, mas sim comido nas aldeias e cidades.
Duguid et al (2006, p. 233) concordam e afirmam que: “No terceiro ano, entretanto, o povo deveria
armazenar a comida dentro de suas próprias cidades para servir como um recurso a partir do qual
satisfar-se-ia as necessidades não apenas dos levitas, mas mais geralmente dos pobres da
comunidade (Deuteronômio 14:28, 29)”. 14
Brian Anderson, pastor batista, em seu estudo escreveu (os colchetes não são meus): 15
Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que é coletado a cada terceiro
ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos quanto a se este é realmente um terceiro
dízimo, em separado, ou apenas é o segundo dízimo usado de um modo diferente, no
terceiro ano. O historiador judeu Josephus apoia o ponto de vista de que este foi um
terceiro dízimo, em separado. Outros antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio

14
Minha tradução; original diz: “In the third year, however, the people were to store up the food within their own towns to act
as a resource from which to meet the needs not only of the Levites but more generally of the poor of the community
(Deuteronomy 14:28, 29)”.
15
ANDERSON, Brian. O dízimo do Velho Testamento, versus o dadivar do Novo Testamento. Disponível em:
<http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComRiquezas/DizimoVT-X-DadivarNT-Anderson.htm>. Artigo original em
inglês: Old Testament Tithing vs. New Testament Giving. Disponível em:
<http://www.solidrock.net/library/anderson/sermons/ot.tithing.vs.nt.giving.php>.
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a que é [apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos, eram coletados e
usados com outro fim. É impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo.
De qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10 =] 20
por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto [10 + 10 + 10/3] = 23.3
por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado “O Dízimo para os Pobres”.
Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas nas aldeias. As pessoas de cada aldeia
deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover
para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é hoje similar à taxação que
o governo impõe sobre nós. Israel era governado por uma teocracia. Sob ela, o povo era
responsável por prover para os trabalhadores do governo (os sacerdotes e os levitas em
geral), para os dias santificados (festas de alegria ao Senhor), e para os pobres
(estrangeiros, viúvas e órfãos).
A minha objeção que os dízimos dos pobres eram um segundo dízimo, ao invés de um terceiro
dízimo, é que não existiriam as Festas do SENHOR de Levítico 23 a cada terceiro ano. Na Bíblia não
há nenhuma referência dizendo que as Festas do SENHOR não eram celebradas a cada terceiro ano
por serem substituídas pelo dízimo dos pobres. Além disso, Deuteronômio 14:22 diz, no contexto do
dízimo das festas do Senhor, que o dízimo era colhido a cada ano. Por isso é seguro concluir que o
dízimo dos pobres era um terceiro dízimo dado a cada terceiro ano.
Köstenberger e Croteau (2006, p. 63) 16 também concordam e afirmam que
Se o dízimo dos pobres substituiu o dízimo levítico a cada terceiro ano, então como eram
os levitas sustentados naquele ano? Ademais, se o dízimo dos pobres substituiu o dízimo
das festas a cada terceiro ano, os israelitas simplesmente ignoraram as festas prescritas
naqueles anos? Tal teoria cria mais problemas do que a mesma soluciona.
Não existe na Bíblia nenhum “princípio” que nos manda ensinar e praticar apenas um só (1) dos
quatro (4) dízimos, até mesmo porque os quatro dízimos foram estabelecidos como leis cerimoniais e,
por conseguinte, não eram princípios; não existe nenhuma ocorrência na Bíblia na qual qualquer um
dos quatro (4) dízimos são chamados de “princípio”. Deus classificou os dízimos de “decretos” e
“ordenanças” (outras versões bíblicas dizem “estatutos” e “juízos”) em Deuteronômio 12:1 e verso 6
(colchetes e negritos são ênfase minha): “Estes são os estatutos e os juízos que tereis cuidado em
cumprir na terra que vos deu o SENHOR Deus de vossos pais, para a possuir todos os dias que
viverdes sobre a terra [...] e levar holocaustos e sacrifícios, dízimos e dádivas especiais, o que em

16
Minha tradução; original diz: “If the poor tithe replaced the Levitical tithe every third year, then how were the Levites
sustained that year? Also, if the poor tithe replaced the festival tithe every third year, did the Israelites just ignore the
prescribed feasts in those years? Such a theory creates more problems than it solves.”

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voto tiverem prometido, as suas ofertas voluntárias e a primeira cria de todos os rebanhos”. Os quatro
dízimos são inseparáveis uns dos outros, pois foi Deus que criou esses estatutos e ordenanças para
os reger, e também são inseparáveis do sacerdócio levítico como bem argumenta Thomas E. Peck,
eclesiólogo presbiteriano, em seu artigo “A Obrigação Moral do Dízimo [The Moral Obligation of the
Tithe]” (ver tradução completa no Apêndice A): 17
O dízimo e o sacerdócio: estes são as ideias gêmeas, são os fatos correlatos. Se o
sacerdócio é pela lei, o suporte do sacerdócio deve ser pela lei também. Nada debaixo
de um sistema como esse pode ser deixado às contribuições voluntárias do povo. O
povo não tem nada a ver com a constituição dos sacerdotes, e o povo não terá nada a
ver, a não ser se compelidos, em suportá-los. Os dois métodos, suporte mediante
dízimos que são obrigatórios, e suporte mediante ofertas voluntárias, são, em suas
naturezas, gênios e operações, o oposto um do outro. Um é da natureza de um tributo;
o outro, de uma dádiva gratuita. Um é a expressão de obediência à lei; o outro é a
expressão da liberdade que pertence a um acordo voluntário. Um implica
simplesmente submissão, mais ou menos soturno; o outro é a expressão de confiança
e afeição diante d’Aquele que dispensa as ordenanças do evangelho.
Resumindo, existem quatro tipos de dízimos:
1. O dízimo dos dízimos para os sacerdotes judaicos; este dízimo era entregue a eles por parte dos
levitas – 1%;
2. O dízimo do Levita – 10%;
3. O dízimo das Festas do Senhor – 10%;
4. O dízimo dos Pobres, do qual não apenas os pobres se beneficiavam, mas também os órfãos,
viúvas, estrangeiros, e levitas, os quais eram contados dentre os pobres (Dt 14:28-29 e 26:12-13).
Alguns teólogos dizem que se uma pessoa quiser dar esse dízimo em nossos dias, ela pode praticá-
lo: uma vez por ano dividindo por três, pois foi estabelecido para ser dado a cada três anos – 10/3
(3.333%); ou, se a pessoa não der esse dízimo nos primeiros dois anos, mas apenas a cada terceiro
ano, ela deverá dar 10% desse dízimo. Nesse último caso, ela estaria dando um total de 30% de
dízimos a cada três anos.
Outrossim, a Bíblia de Dort dos reformadores tem notas explicativas comentando vários
versículos de toda a Bíblia e ela comenta o texto de Levítico 27:30 identificando quatro dízimos em

17
Minha tradução do artigo inteiro disponível em <https://monoergon.files.wordpress.com/2017/08/a-obrigac3a7c3a3o-
moral-do-dc3adzimo-thomas-e-peck2.pdf>, página 7. Em inglês, The Moral Obligation of the Tithe pode ser acessado
aqui: <http://www.newhopefairfax.org/files/Peck%20on%20Tithe.pdf> ou aqui
<http://www.covenanter.org/reformed/2017/8/2/moral-obligation-of-the-tithe>.
Página 15 de 108
sua publicação intitulada The Dordrecht Bible Commentary: The Pentateuch (O Comentário Bíblico de
Dort: O Pentateuco), dizendo (SCHURINGA, 2019; negritos são ênfase minha): 18
Lev 27:30. Também todas as dízimas da terra, do fruto das árvores, pertencem ao Senhor, são
santas ao Senhor. [Havia quatro tipos de dízimas. 1. As dízimas anuais ordinárias dos levitas,
mencionadas neste lugar, Núm. 18. 21. etc. Deut. 14. 22, etc. e 25. verso 12, & c. 2 Crô. 31. verso
5. Neem. 10. versículo 37. Heb. 7. 9, 10. 2. a dízima que os levitas deviam dar ao sumo sacerdote
daquelas dízimas, Núm. 18. versículo 26, etc. 3. As décimas anuais, das quais os israelitas,
juntamente com as suas famílias, e os levitas se haviam de alegrar perante o SENHOR, Deut. 12.
17, 18. e cap. 14. 22, 23. 4. As dízimas trienais em favor dos levitas, dos pobres, das viúvas, dos
órfãos e dos estrangeiros, Dt. 14. 28. e cap. 26. 12]
Thomas V. Moore, teólogo presbiterianos, também identifica quatro dízimos. 19
Ademais, Köstenberger e Croteau (2006, p. 63; colchetes são meus) 20 salientam que
Mais importantemente, os sacerdotes, um grupo dentre os levitas, serviram como
mediadores entre Deus e o povo, mas o NT ensina que há somente um mediador “entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Tim 2:5). Por esta razão, é profundamente
problemático quando se diz que pastores substituem sacerdotes na igreja do NT, até
porque isso compromete o ensino do NT sobre o sacerdócio de todos os crentes (cf.
Rom 12:1; Heb. 10:22; 1 Ped 2:5, 9; Ap 5:20 [(sic); o certo é 5:10]; 20:6).
Infelizmente em nossos dias há ensinamentos errôneos de que gentios são ou podem se tornar
como os levitas ou sacerdotes veterotestamentários nalguns sentidos. Porém levitas nunca foram
gentios; os levitas somente eram descendentes da tribo de Levi. Os sacerdotes levíticos faziam a
mediação entre os israelitas e Deus, intercedendo e oferecendo sacrifícios. Mas não mais, pois Jesus
é o único Mediador entre Deus e os homens (1 Tim. 2:5). Para os reformadores, o sacerdócio de todos

18
Em inglês, diz: “Lev 27:30. Also all tenths of the land, of the fruit of the trees are the LORD’s, they are holy to the LORD.
[There were four sorts of Tenths. 1. The ordinary yearly Tenths of the Levites, spoken of in this place, Num. 18. 21. etc.
Deut. 14. 22, etc. and 25. verse 12, & c. 2 Chron. 31. verse 5. Neh. 10. verse 37. Heb. 7. 9, 10. 2. The Tenth which the
Levites were to give unto the High Priest out of those Tenths, Num. 18. verse 26, etc. 3. The yearly tenths, whereof the
Israelites, together with their families, and the Levites were to rejoice before the LORD, Deut. 12. 17, 18. and chap. 14. 22,
23. 4. The trienniall Tenths in the behalf of the Levites, the Poor, the Widows and Fatherless, and the Strangers, Deut. 14.
28. and chap. 26. 12]”.
19
MOORE, Thomas V. The prophets of the restoration, or, Haggai, Zechariah, and Malachi: a new translation with notes.
New York, 1856, p. 387. Disponível em:
<https://ia802205.us.archive.org/22/items/prophetsofrestor00moor/prophetsofrestor00moor.pdf>.
20
Minha tradução; original diz: “More importantly, the priests, a group within the Levites, served as mediators between
God and people, yet the NT teaches that there is only one mediator “between God and people, the man Christ Jesus” (1
Tim 2:5). For this reason it is deeply problematic when pastors are said to replace priests in the NT church, not least
because this compromises the NT teaching on the priesthood of all believers (cf. Rom 12:1; Heb 10:22; 1 Pet 2:5, 9; Rev
5:20; 20:6)”.

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os crentes significou o que afirma a Segunda Confissão de Fé Helvética, capítulo 18 (colchetes e linhas
são meus): 21
“SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES. Sem dúvida, os apóstolos de Cristo
chamam todos os que creem em Cristo como “sacerdotes”, mas não por causa de algum
ofício, mas porque, todos os fiéis tendo sido feitos reis e sacerdotes, podemos oferecer
sacrifícios espirituais a Deus (Êx 19.6; I Ped 2.9; Ap 1.6). Portanto, o sacerdócio e o
ministério são bastante diferentes um do outro. Pois o sacerdócio, como acabamos de
dizer, é comum a todos os cristãos; não é assim com o ministério. Nem temos abolido o
ministério da Igreja porque temos repudiado o sacerdócio papal da Igreja de Cristo.

SACERDOTES E SACERDÓCIO. Certamente na nova aliança de Cristo não existe mais


qualquer sacerdócio tal como existia entre o povo antigo; o qual tinha uma unção
externa, trajes santos e muitíssimas cerimônias que eram tipos de Cristo, quem aboliu
todos eles[os tipos] pela Sua vinda e cumprimento deles[os tipos]. Mas Ele mesmo
permanece o único Sacerdote para sempre, e para não detrairmos qualquer coisa d'Ele,
não transmitimos o nome de sacerdote a qualquer ministro. Pois o próprio Senhor não
nomeou quaisquer sacerdotes na Igreja do Novo Testamento os quais, tendo recebido
autoridade do sufragâneo, podem diariamente oferecer o sacrifício, isto é, a própria
carne e sangue do Senhor, pelos vivos e mortos, mas ministros os quais podem ensinar
e administrar os sacramentos”.

Em suma, a palavra “dízimo”, ou “décima parte”, dentro do contexto bíblico, não significa “10%
de qualquer coisa”, mas sim o que Deus definiu em Sua Palavra, a saber:
(a). dízimo do levita – este somente poderia ser proveniente “do campo, da semente do campo, do
fruto das árvores” (Lv 27:30) e “do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara” (Lv 27:32).
Além disso, o dízimo do levita deveria ser somente proveniente de dentro da terra de Israel (“em
Israel”, Nm. 18:21; “na terra...de vossos pais”, Dt 12:1. Compare Dt 12:1 com Dt 12:6).
O único povo que foi ordenado a participar dessas ordenanças cerimoniais de dízimos foram os
israelitas: “os dízimos dos filhos de Israel” (Nm. 18:24) e “Estes são os mandamentos que o Senhor
ordenou a Moisés, para os filhos de Israel” (Lv. 27:34). Mas existe uma explicação para isso, a saber:
“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que
executam, o ministério da tenda da congregação” (Números 18:21). “Todos os dízimos” inclui o dízimo

Minha tradução; Fonte: <https://www.ccel.org/creeds/helvetic.htm>. Uma tradução em português de toda a Segunda


21

Confissão Helvética em português pode ser acessada em:


<www.monergismo.com/textos/credos/confissao_helvetica.htm>.

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do levita, o dízimo dos dízimos para os sacerdotes, o dízimo das festas do Senhor e o dízimo para os
pobres a cada três anos.
Os israelitas também podiam resgatar das sementes e dos frutos, mas não poderiam resgatar
dos animais (“não serão regatados”, Lv 27:33). Se por algum motivo algum israelita não quisesse dar
o dízimo em espécie, proveniente das sementes e frutos, ele poderia substituí-lo por dinheiro
acrescentando 20% (“a sua quinta parte sobre ela”, Lv. 27:31);

(b). dízimo dos dízimos para os sacerdotes – este significa que os levitas receberiam os dízimos dos
israelitas— os que dizimassem, de dentro da terra de Israel, as sementes do campo, os frutos das
árvores, os gados e rebanhos— e desses dízimos os levitas tirariam a décima parte e a daria aos
sacerdotes (Nm 18:26; Ne 10:38);

(c). dízimo das festas do Senhor – este era comido anualmente (“cada ano”, Dt. 14:22) e pertencia ao
próprio israelita proprietário do dízimo. Esse proprietário poderia comer, em Jerusalém, o seu dízimo,
ou vendê-lo. Se vendesse-o, ele deveria comprar qualquer outra comida e/ou bebida, e deveria
compartilhar a sua comida e/ou bebida com os seus familiares (“tu e tua casa”, Dt. 14:26; “vossos
servos, e as vossas servas”, Dt 12:12) e com os levitas (“não desampararás o levita”, Dt. 14:27). Assim
como o dízimo dos levitas, o dízimo das festas do Senhor era praticado apenas por parte dos israelitas
na terra de Israel;

(d). dízimo dos pobres – este era praticado a cada três anos, era proveniente das colheitas dos
israelitas e era recolhido “dentro das tuas portas” (Dt. 14:28). Isso significa que esse dízimo não
destinava-se às câmaras do templo, mas era comido dentro das cidades em Israel por parte dos
pobres, órfãos, viúvas, estrangeiros, e levitas também (Dt. 14:29).

2.4 Quando Israel começou a dar os dízimos?


Deuteronômio 12:1 “Estes são os estatutos e os juízos que tereis cuidado em cumprir na terra que
vos deu o SENHOR Deus de vossos pais, para a possuir todos os dias que viverdes sobre a terra”.
Israel começou a dar os dízimos quando eles chegaram à terra prometida, Canaã.
Cabe salientar que Levíticos 27:30 diz na KJV e no Texto Massorético do Velho Testamento, no
começo do versículo, uma parte que é omitida em muitas outras versões Bíblicas: “And all the tithe of
the land” que significa “E todas as dízimas da terra”; depois se segue o restante do versículo. A parte
final de Levíticos 27:30 diz que as “dízimas santas são ao SENHOR”. Elas são ‘santas’ porque são
colhidas de dentro da terra prometida, a terra de Canaã, que também é chamada de Terra Santa do
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Senhor. Por isso todos os dízimos— sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos—
sempre vieram das terras de Israel e nunca de alguma terra dos gentios. Com relação ao local de onde
os dízimos seriam colhidos ou criados, John Owen, um dos maiores teólogos puritanos da Igreja da
Inglaterra, concorda e comenta que: “pois os judeus julgam, e isso corretamente, que a lei de
dizimação lícita não estendeu-se para além dos limites da terra de Canaã, uma evidência suficiente
que ela[a lei de dizimar] era positiva e cerimonial”. 22

2.5 O ano do Descanso e o ano do Jubileu


Êxodo 23:10-11 “10 Também seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos; 11 Mas ao
sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da
sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival”.
A cada sete anos não se davam os dízimos, pois ninguém recolheria os frutos de suas terras a
fim de que os pobres de Israel e os animais os comessem.

Levítico 25:11-12 “11 O ano qüinquagésimo vos será jubileu; não semeareis nem colhereis o que nele
nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das separações,12 Porque jubileu é, santo será
para vós; a novidade do campo comereis”.
A cada 50 anos também será jubileu, em que não haveria a prática dos quatro dízimos. Nestas
duas passagens (Êxodo 23:10-11 e Levítico 25:11-12), os levitas e os pobres poderiam comer
livremente com os donos das terras ou fazendas.
Não conheço ninguém que seja consistente em sua interpretação bíblica acerca desse assunto
a ponto de cumprir, em obediência, o ano do descanso e o ano do jubileu, ficando, assim, sem dar
e/ou receber os quatro dízimos.

2.6 A Ordenança de Respigar e Colher


Levítico 19:9-10 “9 Quando também fizerdes a colheita da vossa terra, o canto do teu campo não
segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega. 10 Semelhantemente não
rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao
estrangeiro. Eu sou o SENHOR vosso Deus”.

22
Minha tradução em que os colchetes são ênfase minha. Original em inglês diz: “for the Jews do judge, and that rightly,
that the law of legal tithing extended not itself beyond the bounds of the land of Canaan, a sufficient evidence that it was
positive and ceremonial”. OWEN, John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376.
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Deus ordenou uma Lei para os donos de terras e fazendas tendo cuidado com os pobres e
estrangeiros. O canto dos campos e as espigas e bagos caídos eram destinados aos pobres e
estrangeiros. Confira, também, Levítico 23:22 e Deuteronômio 24:19-21.
2.7 José e Maria pagaram a oferta dos pobres & Jesus e a Ordenança de Respigar
Acerca de Deus cuidando e ajudando os pobres: Êxodo 23:6; Levítico 12:6-8; 14:21; 19:9-10;
23:22; 25:35-38; 27:8; Deuteronômio 15:7-8; 23:25; 24:12-13, 15, 19-21; Provérbios 31:9.

Lucas 2:22-24 “22 E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram
a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor 23 (Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo
o macho primogênito será consagrado ao Senhor); 24 E para darem a oferta segundo o disposto na
lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos”.
Compare Lucas 2:22-24 com Levítico 12:8 a seguir:
Levítico 12:8 “Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas
rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do pecado; assim o
sacerdote por ela fará expiação, e será limpa”.
José e Maria não qualificavam para dar dízimos, pois não eram donos de terras ou de fazendas
a fim de dizimarem das sementes do campo, dos frutos das árvores, dos gados e rebanhos. José e
Maria não tinham recursos para comprar um cordeiro, pois eram pobres. Por isso ofereceram um par
de rolas ou dois pombinhos. Por isso também Jesus não dizimava, pois era carpinteiro e nem os seus
discípulos que eram pescadores, em sua maioria, pois carpinteiros e pescadores não são donos de
terras e fazendas para colherem frutos das suas próprias árvores e/ou para dizimarem “um de cada
dez animais que passem debaixo da vara do pastor” (Lv. 27:32). Jesus e seus discípulos se
beneficiaram da Ordenança de Respigar em Mateus 12:1-12, Marcos 2:23-24 e Lucas 6:1-2. Ademais,
observe a seguinte passagem bíblica:
Lucas 6:1 “E aconteceu que, no segundo sábado após o primeiro, passou pelas searas, e os
seus discípulos iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mãos, as comiam” em
observância à Deuteronômio 23:25 “Quando entrares na seara do teu próximo, com a tua mão
arrancarás as espigas; porém não porás a foice na seara do teu próximo”.
Interessante que os fariseus não reprovaram Jesus e seus discípulos por colherem espigas das
searas dos outros, mas de o fazerem num sábado. Jesus e seus discípulos colheram e imediatamente
comeram as espigas. Ou seja, eles NÃO deram o dízimo do que colheram, e os fariseus não os
reprovaram por não terem dado o dízimo. A explicação disso é que os pobres NÃO eram ordenados
na Lei mosaica a darem os dízimos aos levitas. Esse é outro fato Bíblico de que Jesus e os seus

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discípulos eram contados entre os pobres e de acordo com a Lei mosaica qualificavam para serem
beneficiados pela Lei de Respigar e Colher.
2.8 Rei em Israel
1 Samuel 8:7, 10-17. Os dízimos passaram a ser dados para os servos e oficiais do Rei de Israel. Os
dízimos viraram taxas para o Rei além de suas funções originais (KELLY, 2007).

2.9 O Uso que o Rei Davi fez dos levitas


1 Crônicas 23:2-4; 26:26-32. Davi tomou controle dos levitas que recebem os dízimos do povo e até
usou aqueles como oficiais e juízes, 1 Cr 23:4. Com certeza, dos dízimos que os levitas recebiam,
certa quantia era dada ao governo do Rei (KELLY, 2007).
1 Crônicas 24. – O Rei Davi mudou a organização dos levitas. Os levitas serviam em 24 divisões,
cada um servindo por uma semana de cada vez, ou duas semanas por ano (CROTEAU, 2010;
KELLY, 2007).
Durante a construção do templo, Davi dividiu os 38.000 levitas assim: 24.000 supervisores de
construção, 6.000 oficiais e juízes, 4.000 porteiros e 4.000 músicos. Muitos pensam que os levitas
viviam nos templos, mas eles tinham muitos cargos debaixo da autoridade do rei. Os levitas, como
líderes políticos debaixo da autoridade do Rei, serviam também “para todos os negócios de Deus, e
para todos os negócios do rei”, 1 Crônicas 23:32. Os dízimos viraram taxas para o Rei além de suas
funções originais (KELLY, 2007).

2.10 O Rei Ezequias restaurou os dízimos


2 Crônicas 31
2 Crônicas 31:5-6 “5 E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas
primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do campo; também os dízimos de tudo
trouxeram em abundância. “6 E os filhos de Israel e de Judá, que habitavam nas cidades de Judá,
também trouxeram dízimos dos bois e das ovelhas, e dízimos das coisas dedicadas que foram
consagradas ao SENHOR seu Deus; e fizeram muitos montões”.
2 Crônicas 31:15-19 “15 E debaixo das suas ordens estavam Éden, Miniamim, Jesua, Semaías,
Amarias e Secanias, nas cidades dos sacerdotes, para distribuírem com fidelidade a seus irmãos,
segundo as suas turmas, tanto aos pequenos como aos grandes; 16 Exceto os que estavam
contados pelas genealogias dos homens, da idade de três anos para cima, a todos os que entravam
na casa do SENHOR, para a obra de cada dia no seu dia, pelo seu ministério nas suas guardas,
segundo as suas turmas. 17 Quanto ao registro dos sacerdotes foi ele feito segundo as suas famílias,
e o dos levitas, da idade de vinte anos para cima, foi feito segundo as suas guardas nas suas turmas;
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18 Como também conforme às genealogias, com todas as suas crianças, suas mulheres, e seus filhos,
e suas filhas, por toda a congregação. Porque com fidelidade estes se santificavam nas coisas
consagradas. 19 Também dentre os filhos de Arão, os sacerdotes, que estavam nos campos dos
arrabaldes das suas cidades, em cada cidade, havia homens que foram designados pelos seus
nomes para distribuírem as porções a todo o homem entre os sacerdotes e a todos os que estavam
contados entre os levitas”.
A primeira observação é sobre os vs.5-6. Sara Japhet (1993; negritos são ênfase minha) 23
comentando o vs. 5 afirma,
Se tomarmos “o dízimo de tudo” como um todo, então o povo de Israel contribuía tanto
com o dízimo como com as primícias, enquanto o povo de Judá contribuía apenas com o
dízimo, e mesmo aqui, não em todas as suas variedades. Tendo em conta a opinião do
cronista sobre os judaítas (cf. II Cr 30:12), isso parece pouco provável. Parece que o
texto deve ser interpretado de um ponto de vista literário e não com uma precisão
jurídica bastante literal. Entre Israel e Judá, contribuiu-se com tudo o que era possível,
como sinal de prosperidade e bênção.
Köstenberger and Croteau citam Payne (1988, p. 539), 24 o qual esclarece os vs. 5,
5 Embora os outros produtos listados entre as “primícias” dedicadas pudessem ser
usados nas ofertas de Israel, o “mel” não podia, mesmo nas ofertas de cereais que
acompanhavam os outros sacrifícios (de animais) (Lv 2:11). Mas continuava a ser uma
dádiva aceitável para sustentar os sacerdotes.
Quanto a 2 Crônicas 31:4-8, Mabie (2017; negritos são ênfase minha) 25 diz,
4-8 Juntamente com a organização dos sacerdotes e levitas nas suas áreas designadas
de responsabilidade espiritual (cf. v. 2), Ezequias toma medidas para restabelecer os
meios biblicamente mandatados para sustentar estes servos do templo, para que possam
“dedicar-se à Lei do Senhor” (v. 4). Tendo em conta o contexto de Crônicas, esta chamada
de atenção para não negligenciar o cuidado dos sacerdotes e dos levitas (cf. Dt 12:19;
14:27) teria um significado acrescido no período do Segundo Templo (cf. Ne 13:10; Ml
3:8). A generosidade demonstrada pelo povo (v. 5; seguindo o exemplo de Ezequias, v.
3) é coerente com outros aspectos exteriores do fruto espiritual demonstrado pela
congregação (cf. 2Cr 30:12, 14; 31:1).

A referência aos cereais, ao vinho novo e ao azeite (v. 5) reflete-se na literatura mosaica
como ofertas destinadas aos sacerdotes (cf. Nm 18:12). Além disso, os sacerdotes
recebiam parte das ofertas apresentadas a Deus (Lv 6:16-18:26; 7:6, 28-34; Nm 18:9),

23
Minha tradução.
24
Minha tradução.
25
Minha tradução.
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outras ofertas como os cereais (Nm 18:9), as primícias da terra (Nm 18:13) e outros
animais e objetos consagrados ao Senhor (Nm 18:18-19). Tudo isto se relaciona com o
fato de os sacerdotes não terem uma herança na terra e, por conseguinte, estarem
limitados na sua capacidade de cultivar ou criar rebanhos e manadas (cf. Nm 18:20).
Estes destinavam-se a prover ao sustento dos sacerdotes e das suas famílias (cf. vv. 9-
10, 18; Nm 18:9-11, 13). Embora o mel não seja mencionado como uma oferta destinado
aos sacerdotes, poderia ser um gesto “acima-e-além” por parte de quem o oferecia.

Relativamente aos levitas (recorde-se que todos os sacerdotes eram levitas, mas nem
todos os levitas eram sacerdotes; ver comentários a 5:4-6), foi-lhes concedido “todos os
dízimos de Israel como herança” (vv. 5-6; cf. Nm 18:21, 24). Tal como os sacerdotes, não
recebiam uma herança fundiária e, por isso, não podiam cultivar nem apascentar
rebanhos (Nm 18:23-24; Dt 10:9; 18:1-2). Assim, estes dízimos das ofertas de cereais e
de animais apresentados pelos israelitas destinavam-se a prover o sustento dos levitas e
das suas famílias (cf. vv. 9-10, 18; Nm 18:31; Dt 14:27-29). Note-se que os levitas são
instruídos a separar um dízimo do dízimo recebido (“a melhor parte” [cf. Nm 18:25, 29-
32], provavelmente as “coisas santas dedicadas ao Senhor” no v. 6), que por sua vez
iria para os sacerdotes (Nm 18:28).

Ezequias elogia o povo por ter respondido obediente e abundantemente a este apelo de
Deus (vv. 6-7; cf. Dt 14:22-29). Perante a sua obediência e generosidade, Ezequias
abençoa o povo (v. 8), à semelhança das bênçãos de David (cf. 1Cr 16:2) e de Salomão
(cf. 2Cr 6:3-11). De fato, o armazenamento e a entrega fiel dos dízimos acumulados (vv.
11-18; cf. Dt 14:28-29) são um meio de apropriação da bênção de Deus (“para que o
Senhor, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos”; Dt 14:29). Note-se que o
dízimo foi também destinado aos “estrangeiros, aos órfãos e às viúvas que vivem nas
tuas cidades” (Dt 14:29).
Assim, os dízimos das coisas santas que são consagradas/dedicadas a Deus no vs. 6 são os
dízimos dos dízimos que os levitas entregavam aos sacerdotes.
Semelhantemente, Ellicott (1905; sublinhamento é minha ênfase) 26 comenta o mesmo versículo
dizendo, “O dízimo das coisas santas – Supõe-se que esta expressão seja equivalente a “as ofertas
alçadas das coisas santas” (Números 18:19), que denota as porções das dádivas sacrificiais que não
eram consumidas no altar. Tomada literalmente, “dízimo das coisas consagradas” seria uma expressão
muito surpreendente, pois é totalmente isolada.”
Outrossim, J. P. Lange (1884), comentando o vs. 6, concorda com Keil & Delitzsch e comenta,

26
Minha tradução.
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E o dízimo das coisas santas consagradas ao Senhor seu Deus. Se em Números 18:8ss.
não o dízimo (‫ֲשׂר‬ ֽ ַ mas as ofertas alçadas (‫)תּרוּמוֹת‬
ֵ ‫)מﬠ‬, ְ de todas as coisas consagradas,
isto é, de todos as ofertas consagrados dos israelitas, são ditas recaírem para os levitas,
esta diferença de nossa declaração é apenas aparente, não justificando qualquer emenda
do texto após a leitura da Sept. (ἐπιδέκατα αἰγῶν, καὶ, etc.; ver Nota Crítica). Esta é
apenas uma diversidade da frase; o que é chamado, Números 18:0, “terumoth”, é aqui
designado como dízimo, porque os terumoth eram da mesma maneira “um remanescente
do que foi consagrado ao Senhor, como o dízimo era um remanescente de todo o gado
e produtos do campo” (corretamente Keil. contra Berth e Kamph.).
Martin J. Selman (1994; negritos são ênfase minha), 27 por sua vez, comentando o vs. 6, tem a mesma
interpretação e observa que,
“As primícias eram prerrogativa dos sacerdotes (Nm 18:12-13), mas o dízimo, quer das
colheitas e dos frutos (v. 5), quer dos rebanhos (v. 6), era apresentado aos levitas (Nm
18:21; cf. Lv 27:30-33). O dízimo das coisas santas ou dedicadas (v. 6) refere-se
provavelmente a ofertas feitas pelos levitas aos sacerdotes a partir do que eles
próprios tinham recebido. As “coisas santas”, que podem referir-se a vários tipos de
ofertas, são objeto de dízimo desta forma em Números 18:32.
A segunda observação é que os levitas e sacerdotes moravam em cidades designadas para
eles. Eles viajavam para Jerusalém para servir no templo cada um de acordo com seu
agendamento/curso/turmas como em Números 35:2; 2 Crônicas 31:15-19; Neemias 10:37, 38; 11:20;
12:28,44,47; 13:10.

2.11 Amós
Amós 4:1-4
Amós 4:4 Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e cada manhã trazei
os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos de três em três dias.
Existem duas interpretações plausíveis para estes dízimos. Primeiro, estes dízimos são os
dízimos para os pobres que eram dados a cada três anos. Sobre a diferença entre dias e anos, John
Gill 28 comenta o vs. 4 dizendo como Amós convidou o povo, de forma sarcástica, a comer dos
dízimos dos pobres entre a grande idolatria e opressão contra os pobres que existia em sua época e
contexto em análise,
[e] os vossos dízimos depois de três anos; o terceiro ano depois do ano sabático era
o ano do dízimo; e depois do dízimo do aumento dos frutos da terra, havia “maaser

27
Minha tradução.
28
Minha tradução. Negritos do John Gil. Sublinhamento é ênfase minha. John Gill's Exposition of the Bible. Disponível
em: <http://www.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/>.

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sheni”, o segundo dízimo, o mesmo que “maaser ani”, o dízimo dos pobres, que era
dado ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para comer com eles, Deut 14:22; e
isso eles são sarcasticamente convidados a observar em sua maneira idólatra. No texto
hebraico é “depois de três dias”; e assim o Targum:

“vossos dízimos em três dias”;

dias sendo colocados por anos, como Kimchi e Ben Melech observam. Pode ser
traduzido como “depois de três anos de dias” {s}; três anos completos.
{‫“ לשלשת ימים‬post tres [annos] dierum”, Piscator.

A segunda possibilidade diz respeito a Amós está empregando uma ênfase sarcástica, como explica
Douglas Stuart (1987), 29 “Amós exagera a prática para “todos os dias” e “de três em três dias”, como
se os israelitas não estivessem fazendo mais do que peregrinações. Mesmo uma adoração tão intensa
era odiosa para Javé”. Tendo este mesmo entendimento sobre o vs. 4, Paul M. Shalom (1991;
sublinhamento é ênfase minha) 30 também interpreta que Amós está sendo sarcástico na maneira de
lidar com o povo que estava praticando idolatria e ritos inventados,
A expressão ‫�שׁת י ִָמים‬
ֶ ‫ ִל ְשׁ‬também recebeu duas explicações semelhantes. Se o ‫ ל‬é
distributivo, o significado seria “a cada três dias”, o que, é claro, só poderia significar de
forma sarcástica, pois os dízimos nunca foram oferecidos em intervalos tão
frequentes. A outra proposta é “no terceiro dia”. No entanto, a apresentação dos
pagamentos do dízimo dois dias após a chegada do peregrino ao santuário não é
atestada em nenhum outro lugar (a menos que, novamente, algum costume peculiar do
norte de Israel seja aludido aqui). Em qualquer dos casos, Amós está exortando-os, de
forma crítica e cínica, a seguirem pontualmente os seus próprios ritos estabelecidos.

2.12 Neemias, o contexto de Malaquias, e os cinco tipos principais de ofertas


veterotestamentárias
Neemias 10, 12 e 13 é o contexto para Malaquias (KELLY, 2007; KÖSTENBERGER e
CROTEAU, 2006).
Neemias 10: 31
10:35 Primícias da terra Para a câmara do Templo Para sacerdotes
10:36 Primogênitos do rebanho/gado Para a câmara do Templo Para sacerdotes

29
Minha tradução.
30
Minha tradução.
31
Reproduzido e adaptado do livro: KELLY, Russel. Should the church teach tithing?: A theologians conclusion about a
taboo doctrine. Lincoln: iUniverse, Inc., 2007, p. 107.
Página 25 de 108
10:37a Primícias de massa, mosto e azeite Para a câmara do Templo Para sacerdotes
10:38 Os dízimos dos dízimos Para a câmara do Templo Para sacerdotes
10:37b Dízimo do levita Para cidades levíticas Para os levitas
Os levitas eram servos em suas próprias terras, confira Neemias 9:36. Outra referência ao
dízimo é:
Neemias 12:44 “Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das
ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes
da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e
dos levitas que assistiam ali”.
Veja que o propósito dos dízimos era a sustentação da tribo de Levi. Tanto as ofertas quanto os
dízimos eram partes da lei para os sacerdotes e levitas. Os cristãos não estão debaixo da lei
cerimonial 32 (e nem civil 33) de Israel.
Muitas pessoas erroneamente acreditam que os dízimos eram as primícias. Mas observe que
as ofertas, primícias e dízimos (plural) são mencionados num único versículo e eram destinados “para
os sacerdotes e para os levitas”. A palavra “dízimo” em seus contextos bíblicos não significa somente
“décima parte”, mas sim a décima parte proveniente “do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores” (Lv 27:30) e “do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara” (Lv 27:32), e tudo
isso apenas proveniente de dentro da terra de Israel (“em Israel”, Nm. 18:21; “na terra ... de vossos
pais”, Dt 12:1. Compare Dt. 12:1 com Dt. 12:6). Além disso, a passagem de Levítico 27:32 nos ajuda
a entender que os dízimos e primícias são diferentes um do outro: “O dízimo dos seus rebanhos, um
de cada dez animais que passem debaixo da vara do pastor, será consagrado ao Senhor”. De acordo
com essa passagem, era o primeiro animal ou o décimo animal que passava debaixo da vara do pastor
a fim de ser entregue aos levitas? Veja, então, que primícias e dízimos não são a mesma coisa. Nesse
sentido, Kelly (2007, p. 11) diz, “As ofertas de primícias e de primogénitos iam diretamente para o
Templo e eram obrigadas a ser totalmente consumidas pelos sacerdotes ministradores apenas dentro
do Templo (Ne 10:35-37a; Êx 23:19; 34:26; Dt 18:4)”.
Ademais, em Neemias 13:5–12, vemos que os levitas não estavam recebendo a porção (os
dízimos) para o seu sustento, pois estavam sendo roubados por parte dos sacerdotes.
Cabe aqui a menção das dificuldades observadas por Köstenberger e Croteau (2006, p. 15) no
tocante aos que querem transferir de alguma forma para o Novo Testamento os sistemas dos dízimos
baseando-se no livro de Neemias,
Esta passagem levanta algumas questões interessantes para aqueles que dizem que o
dizimar continua. Será que o imposto que Neemias impôs em Ne 10:33 continua

32
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3).
33
As leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além
do que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
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(obviamente não 1/3 de um siclo, mas um montante equivalente)? Haverá algum paralelo
com o fornecimento de lenha para o Templo? Como é que se aplica a ordem das
primícias?

Malaquias 1:1 “Peso da palavra do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias”.
Este livro traz uma palavra dura que é, biblicamente e historicamente, direcionada para Israel,
“contra Israel” (vs. 1). A Bíblia deixa isso bem claro no versículo acima.
Malaquias 1:6 “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha
honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó
sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome?”.
“Vós” em Malaquias se refere aos sacerdotes, “ó sacerdotes”. É importante ler Malaquias
entendendo o seu contexto para não interpretar as Escrituras de forma pessoal.
Malaquias 1:7-8 Deus repreende os sacerdotes por terem oferecido ofertas imundas e não aceitáveis
a Deus. Vs.10, Deus não aceitou as suas ofertas.
Malaquias 2:1-9 se refere aos sacerdotes.
Malaquias 2:1 “Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós”.
Mais uma vez, “vós” se refere aos sacerdotes. É o primeiro versículo deste segundo capítulo.
Com certeza a mensagem desse capítulo será sobre os sacerdotes.
Malaquias 2:2 “Se não ouvirdes e se não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu
nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas
bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração”.
Novamente, Deus tem amaldiçoado os sacerdotes.
Malaquias 2:3 Deus se expressa com ira contra os sacerdotes por não honrarem a Deus.
Malaquias 2:4-6 Deus fala bem do Seu servo Levi dizendo que ele guardou a Sua aliança com
Deus. E em seguida, no próximo versículo, Deus diz como deve ser a vida e atitude do sacerdote
diante do fato que, ao contrário de Levi, os sacerdotes quebraram as suas alianças com Deus. Ou
seja, mais uma referência de que Malaquias escreve contra os sacerdotes:
Malaquias 2:7 explica como os sacerdotes deveriam proceder, pois é através deles que as
pessoas, o povo, devem buscar conhecer as leis do Senhor e se converterem da iniquidade. Se esse
versículo diz como os sacerdotes devem proceder, é porque eles não estavam procedendo
corretamente (KELLY, 2007). Leia o próximo versículo.
Malaquias 2:8 “Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei;
corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos”.

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“Vós”, os sacerdotes, “vos desviastes do caminho”, ou seja, da aliança de Levi que quebraram e
corromperam. Também, como resultado, fazendo o povo tropeçar na Lei, pois os sacerdotes deveriam
ser um exemplo de santidade e obediência a Deus diante do povo israelita.
Malaquias 2:9 “Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo,
visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei”.
“Diante do povo” estavam os sacerdotes, os quais por Deus foram feitos desprezíveis e indignos por
corromperem e transgredirem a aliança de Levi. Vejam que os sacerdotes e o povo são mencionados
no mesmo versículo, mas não foi o povo que fora feito desprezível; o “vos” refere-se aos sacerdotes,
assim como em todos os versículos anteriores até o momento. Toda a leitura até agora aponta que
foram os sacerdotes que não guardaram os caminhos do Senhor.
Malaquias 2:10 Como em Mal 2:8-9, os sacerdotes profanaram a aliança dos seus pais quando
corromperam a aliança de Levi não guardando os caminhos do Senhor.
Malaquias 3:1-6 O SENHOR responde a Malaquias 2:17 “onde está o Deus do juízo?”. Dentro
do contexto, Deus irá fazer juízo e purificação começando no Seu templo (vs.3:1) e, por conseguinte,
com os sacerdotes que servem no templo. Depois da interpretação contextual, podemos, então,
entender que Mal. 3:1 profeticamente refere-se a João o batista e a Jesus Cristo. Os filhos de Levi
serão purificados e refinados e trarão ofertas em justiça ao SENHOR, Mal. 3:3. Deus fará justiça
começando com os sacerdotes em Seu templo porque eles quebraram a aliança de Levi e fizeram
muitos israelitas tropeçarem na Lei, Mal. 2:8. Por isso o povo andava errante diante de Deus.
Essa corrupção dos sacerdotes e levitas está no contexto de Esdras capítulos 9-10 e Neemias
13:8-13, 29-30. Neemias 13:29 “Lembra-te deles, Deus meu, pois contaminaram o sacerdócio,
como também a aliança do sacerdócio e dos levitas”. John Gill comentou a respeito do início desse
versículo, “Lembra-te deles, Deus meu”, dizendo: “Os sacerdotes, e puni-los: porque eles têm
pervertido o sacerdócio ao casarem-se com esposas estranhas, e ao tornar a si mesmos impróprios
para oficiar nela[a aliança]:”. 34
Em Esdras e Neemias, aprendemos que os sacerdotes e os levitas casaram com mulheres de
outras culturas e nações. Veja Esdras 9:1-2.
Malaquias 3:7 “Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os
guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós
dizeis: Em que havemos de tornar?”.

34
Minha tradução e colchetes são ênfase minha. Ver comentário de John Gill disponível em:
<http://www.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/nehemiah-13-29.html>.

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“Vossos pais” se refere aos sacerdotes que se desviaram dos estatutos/ordenanças de Deus e fizeram
o povo tropeçar. Não se refere aos gentios e muito menos a Igreja debaixo da Nova Aliança. As
ordenanças/estatutos são as leis mosaicas cerimoniais de adoração (KELLY, 2007). “Meus
estatutos/ordenanças” se referem pelo menos ao texto principal dos dízimos, os quais são
ordenanças/estatutos: Números 18, mas também aos demais textos Bíblicos.
É negligência ensinar a dizimar a partir de Mal 3:8-10 e ignorar Números 18, Levíticos 27,
Deuteronômio 12 e 14, Neemias 10, 12, 13, e Malaquias 1-2 e 3:1-7. Sem a definição Bíblica dos
dízimos, de acordo com essas passagens, e sem quase nenhum contexto do livro de Malaquias, um
dízimo é ensinado erroneamente, muitas vezes, em nossos dias.
Deus responde à pergunta dos sacerdotes nos próximos versículos:
Malaquias 3:8-12 “8 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te
roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais,
sim, toda esta nação. 10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na
minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as
janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a
recolherdes. 11 E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa
terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 E todas as nações
vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos
Exércitos”.
Em Malaquias 3:8, Deus começa respondendo à pergunta do versículo anterior. Portanto, não
podemos ignorar o contexto de Malaquias 1-3. Deus fala especificamente aos sacerdotes e passa a
falar também a Israel.
Compare agora Neemias 10:37-38 e 12:44, 47 com 13:4-5 e 10-11. Neemias 13:10 “Também
entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que
faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra”. Portanto, é claro que os sacerdotes roubaram
os dízimos dos levitas não lhes dando-os, de modo que os levitas tiveram que fugir “cada um para sua
terra”, isto é, para as cidades dos levitas, para sobreviverem de suas fazendas ou de agricultura.
Os sacerdotes e demais israelitas roubaram a Deus nos dízimos e nas ofertas também. Nos
‘dízimos’ está no plural porque existiam quatro tipos de dízimo. Também os sacerdotes da tribo de Levi
roubavam a Deus nas ‘ofertas’. David W. Baker afirma que: ““Ofertas” são presentes dados a Deus as
quais são ou voluntárias (Deut. 12:6) ou obrigatórias (Êx. 25:2; 29:27-28; Ez. 20:40)”. 35 Quais são as
ofertas no Velho Testamento? (Leia Levíticos 1-5 e também confira abaixo as cinco principais ofertas

35
Minha tradução; original diz: ““Offerings” are either voluntary (Deut. 12:6) or mandatory (Ex. 25:2; 29:27– 28; Ezek.
20:40) gifts to God”, The NIV Application Commentary: Joel, Obadiah, Malachi, 2009, Local: 722.1 / 784.
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veterotestamentárias). Isso muda o sistema de hoje, não é mesmo? Como os crentes irão fazer para
dar essas ofertas? Matarão animais? Ou farão de todas as ofertas uma lei? Vemos também que o
devorador não é satanás, mas locustas/acridídeos que destruiriam os frutos da terra de Israel (vs.11
“vossa terra”) e do campo (KELLY, 2007). No versículo 11, “mantimento” em hebraico é “‫ = טֶּ ֶרף‬tereph”,
que significa “comida” e em inglês, na King James Version, é “meat”.
Os dízimos que eram entregues no templo em Jerusalém eram guardados nas câmaras da casa
do tesouro. Neemias 10:37-38 revela que a maioria dos dízimos eram entregues para os levitas em
suas cidades, as cidades levíticas. Somente um pouco era entregue diretamente ao templo em
Jerusalém quando cada levita, em sua semana de serviço, viajava das cidades levíticas à Jerusalém
levando consigo a parte do dízimo para os sacerdotes. Não é difícil imaginar que se toda uma nação
trouxesse comida a um só lugar, as câmaras da casa do tesouro, não haveria lugar para armazenar e
também os levitas e sacerdotes que estivessem especificamente lá, conforme suas turmas, não
conseguiriam comer tudo e haveria muitos dízimos desperdiçados. Sobre as cidades levíticas, confira
Josué 20 e 21, Números 35 e 2 Crônicas 31:19.

Malaquias 3:8 (continuação) e os cinco tipos principais de ofertas veterotestamentárias


Voltando novamente para Malaquias 3:8, precisamos levar em conta que nem todos os
israelitas davam os quatro dízimos, pois os dízimos eram provenientes da atividade agropecuária. Os
israelitas que não trabalhavam com a atividade agropecuária também estavam pecando com relação
a sua desobediência às ofertas veterotestamentárias, especificamente as que eram obrigatórias
(falarei disso logo abaixo). Há várias passagens bíblicas sobre dinheiro sendo usadas para fins
diversos: na compra de escravos (Gên. 17:12), compra de terra (Gên. 23:15), pagamentos de multas
e restituições (Êx. 28), bebidas fortes/alcoólicas (Deut. 14:26), entre outras. Deus nunca mandou os
israelitas darem a décima parte do dinheiro obtido dessas transações financeiras. Os israelitas, mesmo
os que não davam dízimos da atividade agropecuária, deveriam honrar a Deus com seus bens (Prov.
3:9), sendo a quantidade, de comida e/ou dinheiro a ser contribuído como oferta voluntária, uma
questão de decisão pessoal.
Levando em consideração o contexto de Neemias 10, 12 e 13 e Malaquias 1 até 3:7, o “vós”
são os sacerdotes levíticos como objeto principal da repreensão de Deus, mas também os demais
israelitas a partir de Mal. 3:8. Os sacerdotes pecaram e fizeram, por meio de seus maus exemplos, os
israelitas se desviarem de Deus e pecarem contra Ele. Devemos fazer a seguinte distinção a respeito
dos dois tipos de israelitas (nesse contexto bíblico) para melhor entendermos como os israelitas
pecaram: havia os israelitas que qualificavam-se para darem a décima parte do produto agropecuário,

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e havia também os israelitas que não qualificavam-se para darem a décima parte do produto
agropecuário.
• Os israelitas que qualificavam-se, 36 nas definições que Deus criou, para darem a décima parte
do produto agropecuário também estavam roubando tanto nos dízimos quanto nas ofertas veterotes-
tamentárias, especificamente as ofertas que eram obrigatórias, a saber, a oferta pelo pecado e a oferta
pela culpa (ver explicação abaixo);
• Os demais israelitas que não qualificavam-se, 37 nas definições que Deus criou, para darem a
décima parte do produto agropecuário estavam roubando a Deus somente nas ofertas veterotesta-
mentárias, especificamente as ofertas que eram obrigatórias, a saber, a oferta pelo pecado e a oferta
pela culpa (ver explicação abaixo);
o Há cinco tipos principais de ofertas veterotestamentárias:
(1). Oferta de holocausto (Lev. 1:3-17; 6:8-13; 8-21; 16:24) - A oferta de holocausto era dada por
parte dos “filhos de Israel” (Lev. 1:2) de forma voluntária (“de sua própria vontade”, Lev. 1:3), ob-
servando-se a lei (Lev. 6:9) de que o holocausto deveria consistir de gados (Lev. 1:3), ovelhas ou
cabras (Lev. 1:10), aves como rolas ou pombinhos (Lev. 1:14). A oferta de holocausto era queimada
“toda a noite até pela manhã”, no altar, por parte de Arão e seu filhos (Lev. 6:8-13). Quanto à
esfolação, a pele/couro não podia ser queimado porque pertencia ao sacerdote (Lev. 1:6; 7:8);

(2). Oferta de cereal, também conhecida como oferta de alimentos (Lev. 2; 6:14-23) era acompa-
nhada por uma oferta de libação (Núm. 15:4-5) - Em Levítico 2:1a, a expressão “quando alguma
pessoa oferecer” indica que essa oferta era voluntária, assim como explica John Gill, dizendo:
“Ou, “quando uma alma”, e a qual Onkelos traduz por “um homem”, assim chamado da
sua parte mais nobre; e, como dizem os judeus, essa palavra é usada porque o minchá,
ou oferta de alimentos a qual é falada aqui, era uma oferta voluntária, e era oferecida de
todo o coração e alma; e alguém que oferecesse dessa maneira, era como se a pessoa
oferecesse a sua alma ao Senhor (s): havia algumas ofertas de alimentos as quais eram
designadas e fixadas em certos dias, e eram obrigadas a serem oferecidas, como na
ocasião do sacrifício diário, da consagração dos sacerdotes, do mover do feixe etc. Êxodo
29:40 mas isso era uma oferta voluntária. (s) Jarchi, Aben Ezra, & Baal Hatturim, in loc”. 38
Matthew Poole, grande comentarista puritano, em seu comentário sobre Levítico 2:1, afirma
que: “A respeito das ofertas-de-alimentos voluntários...”, concordando com a análise de John Gill.

36
Ver pontos (a), (b), (c) e (d) na Seção 2.3.
37
Ver pontos (a), (b), (c) e (d) na Seção 2.3.
38
Minha tradução. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/gill/leviticus/2.htm>.
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Matthew Poole também comentou sobre as primícias em Lev. 2:14 dizendo, “Ou seja, de sua pró-
pria vontade; pois havia outras primícias, e isso de vários tipos, as quais foram prescritas, e o
tempo, qualidade, e proporção delas designadas por Deus. Ver Levítico 23:10”; 39

(3). Oferta de sacrifício pacífico, ou oferta de sacrifício de paz (Lev. 3; 7:11-34) – Matthew Henry,
teólogo e comentarista puritano, explica que as ofertas pacíficas:
“diziam respeito a Deus como um benfeitor às Suas criaturas, e quem dá todas as coisas a nós; e,
portanto, elas eram divididas entre o altar, o sacerdote e o proprietário. Paz significa: 1. Reconcili-
ação, concórdia e comunhão. E, portanto, elas eram chamadas de ofertas pacíficas porque nelas
Deus e Seu povo, pois, festejavam juntos como sinal de amizade”. 40 A lei da oferta de sacrifício
pacífico (Lev. 7:11) estabeleceu subtipos de ofertas, bem como os rituais de como ofertá-las: oferta
de ação de graças (também chamada de oferta de gratidão; 7:12), oferta de voto e oferta volun-
tária (7:16) e oferta movida (7:30). O ofertar da oferta de sacrifício pacífico era um ato voluntário
que deveria seguir o ritual de preparação e oferecimento descritos em Levítico capítulo 7;

(4). Oferta pelo pecado, também conhecido como oferta de purificação - era oferecida para expiar
o pecado cometido por ignorância (Lev. 4:2-3, 20) por parte do sacerdote (v. 1-12), por parte de
toda a congregação (v. 13-21), do líder/príncipe (v. 22-26), ou de um indivíduo (v. 27). Portanto, a
oferta pelo pecado era obrigatória quando a pessoa pecasse, devendo o seu oferecimento seguir
os rituais prescritos;

(5). Oferta pela culpa (Lev. 5:14-19; 6:1-7; 7:1-6). Matthew Henry explica que:
Este capítulo, e parte do próximo, diz respeito à oferta pela culpa. A diferença entre essa
oferta e a oferta pelo pecado não baseia-se tanto nos próprios sacrifícios, e nem na ges-
tão destes, como nas ocasiões do ofertar deles. Ambas as ofertas destinavam-se a fazer
expiação pelo pecado; mas aquela[oferta pela culpa] era mais geral, sendo aplicada a
alguns casos. Observe o que é dito aqui: I. Com relação às transgressões[culpas]. Se um
homem pecar, 1. Ao esconder seu conhecimento, quando este for convocado (v. 1). 2.
Ao tocar numa coisa imunda (v. 2, 3). 3. Ao jurar (v. 4). 4. Ao desviar as coisas sagradas
(v. 14-16). 5. Em qualquer pecado de enfermidade (v. 17-19). Há alguns outros casos nos
quais essas ofertas deveriam ser ofertadas (cap. 6:2-4; 14:12; 19:21; Núm. 6:12). II. Com

39
Minha tradução. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/poole/leviticus/2.htm>.
40
Minha tradução. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/mhcw/leviticus/3.htm>.
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relação às ofertas pela culpa: 1. Do rebanho (v. 5, 6). 2. Das aves (v. 7-10). 3. Da farinha
(v. 11-13; mas principalmente um carneiro sem defeito (v. 15, etc)). 41
Portanto, a oferta pela culpa era obrigatória quando a pessoa pecasse, devendo o seu ofereci-
mento seguir os rituais prescritos.
Isso nos ajuda a melhor entender o “vós” (Mal. 3:8) e a expressão “toda esta nação” (Mal. 3:9).
O “vós” e “toda esta nação” significa que todos os israelitas roubavam a Deus, mas não de forma igual.
Somente os que qualificavam-se para dar o dízimo do levita, das festas do Senhor e dos pobres a
cada três anos podiam entregar os dízimos, os quais estavam roubando a Deus tanto nestes dízimos
quanto nas ofertas pelo pecado e pela culpa. Os demais israelitas, os quais não qualificavam-se nas
definições que Deus criou para dar a décima parte do produto agropecuário, também estavam rou-
bando a Deus, mas em relação às ofertas pelo pecado e ofertas pela culpa.
Malaquias 3:9 – O apostolo Paulo em Gálatas, capítulo 3, fala sobre a maldição da lei. Ele cita
em Gal 3:10 a passagem de Deuteronômio 27:26. Gálatas 3:12 “Ora, a lei não é da fé; mas o homem,
que fizer estas coisas, por elas viverá”. Os dízimos são da lei cerimonial para a nação de Israel. 42 Por
isso Deus diz, “toda esta nação”, em que “esta” refere-se a Israel.
Malaquias 3:10 – Köstenberger e Croteau (2006, p. 69) comentam que “Malaquias não
menciona essa prova em termos universais, mas limita-a à situação atual por meio da frase “fazei
prova de mim nisto” no meio de Mal. 3:10. A expressão “nisto” provavelmente refere-se à situação
atual”. 43 Quando Deus diz “fazei prova de mim nisto”, Ele não fala isso a todos universalmente.
Ademais, em Mal. 3:10-11 e Deut. 28 tanto as maldições quanto as bênçãos tinham
características agropecuárias, assim como os quatro dízimos que sempre eram provenientes da
atividade agropecuária, a qual era proveniente de dentro da terra de Israel.
Brian Anderson, pastor batista, também comentou em seu estudo sobre Malaquias 3:8-12
dizendo (os colchetes, itálicos e negritos não são meus): 44
3:8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele está roubando, na
realidade, a Deus. Isto porque ele está retendo algo que não lhe pertence, antes é
propriedade de Deus. [4] Sob o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo

41
Minha tradução. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/mhcw/leviticus/5.htm>.
42
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3).
43
Minha tradução; original diz: “Malachi does not state this testing in universal terms but limits it to the current situation by
the phrase “test me now in this” in the middle of Mal 3:10. The expression “in this” most likely refers to the current
situation”.
44
ANDERSON, Brian. O dízimo do Velho Testamento, versus o dadivar do Novo Testamento. Disponível em:
<http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComRiquezas/DizimoVT-X-DadivarNT-Anderson.htm>. Original em inglês: Old
Testament Tithing vs. New Testament Giving. Disponível em:
<http://www.solidrock.net/library/anderson/sermons/ot.tithing.vs.nt.giving.php>.
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era se tornar um ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando em
dízimoS. Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS" (plural). Estes "dízimos” têm
que se referir aos diferentes dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o levita,
o Dízimo para as Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe
que Deus não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas.
Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais como a
oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz, a oferta pelos
pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram constituídas, principalmente,
de sacrifícios de animais. O suprimento de comida e mantimento para os levitas era
provido, em grande parte, através destes sacrifícios de animais, dos quais os levitas eram
permitidos participar [comendo-os], em certos casos. Uma importante pergunta emerge
a este ponto. Por que é que reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa para
o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a obrigação de pagar
dízimos hoje, então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer sacrifícios de
animais. Deus amarrou um ao outro (os dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo
O estava roubando por reter a ambos. Não podemos decidir "pegar e escolher" qual dos
dois ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a] estamos sob a obrigação de oferecer
ambos, tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou [b] ambos [dízimo e
sacrifício] têm sido abolidos pela ab-rogação da Lei Mosaica [relativa às leis cerimoniais
e civis].

3:9 Aqui, somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os dízimos e ofertas,
conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note que o verso não diz
"Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda a humanidade."
Ao contrário, diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda
esta nação." Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de
todos os tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas nosso texto somente diz
que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é interessante sobre
esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que se Israel, sob a Lei Judaica,
desobedecesse os mandamentos de Deus, então a nação seria amaldiçoada. Note os
seguintes textos: Deuteronômio 28:18 "Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua
terra, e as crias das tuas vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão sobre
a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. 24 O SENHOR
dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças.
38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a
consumirá. 39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as
uvas; porque o bicho as colherá. 40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te

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ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira. E todas estas maldições
virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto
não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e
os seus estatutos, que te tem ordenado;" (Dt 28:18, 23-24, 38-40, 45). Nestes versos,
Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse Seus mandamentos e estatutos, então
as ceifas deles falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta
[tipo de grilos ou gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.

3:10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com base em Neemias 12:44,
sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas à parte e designadas para
guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento dos sacerdotes [e a todos os demais
levitas]. Não existe sequer um fiapo de evidência [Bíblica] de que devemos associar estas
"casas do tesouro” aos prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem
trazer seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os dízimos
para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento na casa de Deus.
Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida para comer. Este era o
propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o Templo de Deus. Somos ditos,
também, que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos para a casa do tesouro,
Deus abriria as janelas do céu e derramaria para eles uma bênção até que transbordasse.
Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus de trazer abundantes chuvas para
produzir a bênção de uma transbordante ceifa.

3:11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS [e as ofertaS], Ele
repreenderá o devorador para que não destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o
"devorador" é uma referência às locustas que Deus adverte que virão sobre os campos
de Israel se o povo falhar em trazer o dízimo (Dt 28:38; vide acima).

3:12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for obediente no dar os
seus dízimoS e ofertaS, todas as nações a chamarão abençoada. É interessante que
Deus não apenas advertiu Israel de que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei
Mosaica, mas também prometeu que seria abençoada se a obedecesse. Note estes
textos, "1 ¶ E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de
guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te
exaltará sobre todas as nações da terra. 2 E todas estas bênçãos virão sobre ti e te
alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; (Dt 28:1-2). 4 Bendito o fruto
do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas
e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR mandará que a bênção [esteja] contigo nos teus

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celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o
SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te dará abundância de bens no fruto do teu ventre,
e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o SENHOR jurou a
teus pais te dar. 12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua
terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas
nações, porém tu não tomarás emprestado." (Dt 28:1-2, 4, 8, 11-12). Aqui, Deus prometeu
abençoar Israel materialmente, se ela fosse obediente. A promessa inclui abundantes
colheitas, copiosas chuvas, e grandes aumentos nas manadas e nos rebanhos.

Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias 3:8-12


referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel, se ela obedecesse seus
mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes mandamentos.

Portanto, que podemos concluir sobre o dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que, com
segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o dar dinheiro
regularmente, numa base semanal ou mensal, mas, ao contrário, tinha a ver com a
adoração a Deus conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O mandamento para
dizimar, tal como os mandamentos para não comer camarão nem ostras, tornou-se
obsoleto e foi colocado de lado, pela inauguração do Novo Pacto, na morte de Cristo. O
dízimo foi o sistema de impostos e taxas ordenado por Deus sob o sistema teocrático do
Velho Testamento.

Se alguém deseja dizimar realmente [literalmente] de acordo com as Escrituras, teria


que fazer o seguinte:
1) Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo que possa criar seu gado e
plantar e colher [grãos, verduras e frutas].
2) Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo [e este a um descendente do
levita Arão (que realmente seja sacerdote, no Templo, em Jerusalém)].
3) Usar suas colheitas para observar as festas religiosas do Velho Testamento (tais como
Páscoa, Pães Asmos, Pentecostes, Tabernáculos) [quando, como e onde Deus ordenou.
Literalmente];
4) Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as suas colheitas e rebanhos a
Deus; e
5) Esperar que [com toda certeza] Deus amaldiçoe sua nação [em oposição ao próprio
crente] com [grande] insuficiência material, se ela for infiel, ou a abençoe com [grande]
abundância material, se for fiel.

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[4] Nota do Tradutor: Arrisquemo-nos a ser repetitivos, para que ninguém perca algum
aspecto da verdade -- O Velho Testamento fala de vários tipos de dízimos:
- Todos os israelitas davam um dízimo de suas rendas anuais, aos levitas (Lev 27:30-33;
Nu 18:21-24; 2Cr 31:4-12; Ne 10:37; 12:44; 13:5; Ml 3:8-12), para alimentação e sustento
deles (não para o Templo!); davam a si mesmos outro dízimo das suas rendas anuais,
deleitando-se ao comerem e descansarem e alegrarem-se, em gozoso "acampamento -
férias - festa - adoração", que só podia ser em Jerusalém (Dt 12:6-7,11-21; 14:22-27); e,
a cada 3 anos, davam aos pobres outro dízimo das suas rendas, para que se deleitassem
ao comerem e descansarem e alegrarem-se aonde quer que morassem (Dt 14:28-29;
26:12).
- Os levitas davam aos sacerdotes (que eram levitas descendentes de Arão) o dízimo do
dízimo que tinham recebido (Nu 18:26-29; Ne 10:38-39; 12:44; 13:5,12; Ml 3:8-12).
- Ag 2:9-11 não tem nada a ver com nenhum destes tipos de dízimo e sim com ofertas
para a reconstrução do Templo. Há analogia entre cada crente neotestamentário e o
Templo, mas não há nenhuma analogia entre o Templo e os prédios de uma igreja local.

O teólogo reformado Herman Witsius, em sua grande e clássica obra sobre a teologia do pacto,
defende que (negritos são ênfase minha): 45
“L. Quando quer que isso vier a acontecer, é claro que as cerimonias antigas não
podem possivelmente ser observadas por todos os sujeitos do Messias. Pois como é
possível a realização de votos e dízimos, a apresentação do primogênito, a observação
da páscoa, pentecostes e festa de tabernáculos— as quais estavam confinadas ao
lugar, o qual Deus escolhera— devessem ser vinculantes naqueles os quais encontram-
se a uma grande distância da Judeia? E como podem homens, os quais habitam nas
partes mais longínquas da terra, virem à Jerusalém, para oferecerem sacrifício por todo
pecado, e toda poluição, a fim de evitar a maldição? Como podem mulheres, as quais
acabaram de dar à luz, realizarem uma longa jornada como tal, e apresentarem a si
mesmas no lugar escolhido por Deus, para realizar as ofertas ordenadas? Onde poder-
se-ia encontrar tantas bestas, tantos sacerdotes, tantos altares, suficientes para todos

45
Trecho original em inglês diz: “L. Whenever this shall come to pass, it is plain that the ancient ceremonies cannot possibly
be observed by all the subjects of the Messiah. For how is it possible the paying of vows and tithes, the presenting the first-
born, the observation of the passover, pentecost and feast of tabernacles, which were confined to the place, which God had
chosen, should be binding on those who are to be at a great distance from Judea? And how can men, who dwell in the
outermost parts of the earth, come to Jerusalem, to offer sacrifice for every sin, and every pollution, in order to avoid the
curse? How could women, newly delivered, undertake so long a journey, and present themselves in the place chosen by
God, to perform the offerings commanded? Where could so many beasts, so many priests, so many altars be found,
sufficient for all the sacrifices? What extent of country, much less town, could be large enough to hold such numbers?”.
WITSIUS, Herman. The economy of the covenants between God and man. Capítulo XIV, parágrafo L. Disponível em:
<https://www.monergism.com/thethreshold/sdg/witsius/covenants_p.pdf>.
Página 37 de 108
os sacrifícios? Qual extensão de país, muito menos de cidade, poderia ser grande o
suficiente para conter tais números? […]”.
Vemos que para Herman Witsius os dízimos (plural) faziam parte das “cerimonias antigas”, isto é, das
cerimonias instituídas pela lei cerimonial veterotestamentária de Moisés. Witsius, assim como John
Owen, também entendia que os dízimos, entre outras coisas, estavam confinados à terra de Israel,
não podendo a décima parte de animais ou frutos ou sementes serem provenientes de terras
gentílicas. Assim, já que os dízimos estavam confinados à terra de Israel, estes apenas poderiam ser
entregues lá. Além disso, a expressão “todos os sacrifícios” inclui os sacrifícios de um (1) de cada dez
animais que passavam debaixo da vara do pastor (Lv. 27:32) a fim de ser sacrificado e comido por
parte dos levitas e sacerdotes (com relação à décima parte dos levitas e dos dízimos dos dízimos dos
sacerdotes, respectivamente) e por parte do povo israelita (com relação aos dízimos das festas do
Senhor e do dízimo para os pobres a cada três anos).
Portanto, lembremos que Malaquias era um profeta e, como tal, a função dele era mostrar ao
povo e aos líderes religiosos que a lei de Moisés estava sendo transgredida. Por isso, e por outras
razões, Malaquias mencionou os dízimos (no plural) e ofertas. Os aspectos definidores (o que, como,
quando, onde e por parte de quem) desses dízimos são frequentemente torcidos e alterados por parte
de muitos pregadores e líderes em nossos dias; uns com motivos malignos e outros simplesmente por
falta de conhecimento. Lembremos, outra vez, que Malaquias era profeta e como tal deveria mostrar
aos israelitas as leis de Moisés, as quais eles estavam transgredindo. Consequentemente, esses
dízimos que Malaquias menciona são exatamente os dízimos que Deus estabeleceu e definiu nas leis
cerimoniais, leis estas as quais já haviam sido dadas aos israelitas: “do campo, da semente do campo,
do fruto das árvores” (Lv 27:30) e “do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara” (Lv
27:32). Nenhum de nós tem autoridade para modificar os aspectos dos quatro dízimos como definidos
por Deus em Sua Palavra. A desobediência às leis de Deus resultaria em maldições específicas e a
obediência em bênçãos (Dt. 28), maldições e bênçãos estas que tinham características agropecuárias.
É negligência às Escrituras ensinar a dizimar a partir de Malaquias 3:8-10 e, ao mesmo tempo,
ignorar e omitir as passagens de Números 18, Levíticos 27, Deuteronômio 12 e 14, Neemias 10-13,
Malaquias 1-2 e 3:1-7, e as ofertas veterotestamentárias descritas em Levítico. Sem a definição bíblica
dos quatro dízimos, de acordo com as passagens acima, sem quase nenhum contexto do livro de
Malaquias e sem o contexto das cinco principais ofertas veterotestamentárias, o tema sobre dízimos
é ensinado erroneamente, pois cria-se uma nova definição a qual contradiz os aspectos (ver pontos
(a), (b), (c) e (d) na Seção 2.3) que Deus definiu e estabeleceu em Sua Palavra. A Bíblia de estudo
com notas explicativas usada pelos reformadores, The Dordrecht Bible Commentary: The Pentateuch
(O Comentário Bíblico de Dort: O Pentateuco), de forma honesta e transparente identifica que existia

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quatro dízimos, porém não vincula estes quatro dízimos aos cristãos.

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3. Dadivar gracioso na Nova Aliança em Cristo
A obra editada pelo presbiteriano, Bruce M. Metzger, afirma: “O Novo Testamento em
nenhum lugar explicitamente requer a prática do dízimo para manter um ministério ou
lugar de assembleia”. 46 (Bruce M. Metzger and Michael D. Coogan, Oxford Companion
to the Bible, 1993, p. 745).

F. F. Bruce: “Cada cristão deve chegar a uma decisão conscienciosa a respeito desse
assunto diante de Deus, e não contentar-se em submeter-se às declarações dogmáticas
dos outros; e será surpreendente se a graça não o impelir a dar proporção maior do que
a lei alguma vez demandou”. 47 (Frederick Fyvie Bruce, Answers to Questions, 1978, p.
243).

O presbiteriano T. David Gordon 48 explica que a seguinte citação pertence a um documento-


estudo escrito pelos eclesiologístas Thomas E. Peck e Stuart Robinson ao “Presbitério de Baltimore,
e [que foi] aprovado pela Assembleia Geral em 1854”, o qual reprovou o dízimo, no sentido de 10%
como sendo universalmente obrigatório, e adotou a seguinte postura (itálicos não são ênfase minha;
colchetes são ênfase minha): 49
Então, sob o evangelho, o ponto sobre o qual o nosso “livre arbítrio” [voluntariedade]
deve ser exercido é, não quanto ao dadivar, mas quanto à quantia. Deus não tem dito,
“Dê-me um décimo, ou um vigésimo, ou um centésimo, ou um milionésimo”; e é
presunção para qualquer homem dizer a outro, ou para o tribunal eclesiástico dizer aos
membros sob o seu cuidado: “Você deve dar uma proporção tal e tal”. É uma questão
entre Deus e a própria consciência do homem. Ele deve “contribuir conforme Deus tem
prosperado-o”, e da medida da prosperidade dele outro homem não tem direito de julgar,
pois este [último] não consegue conhecer a condição das circunstâncias daquele, nem
quanto já tem sido contribuído, ou é habitualmente contribuído, sob a injunção solene
de que “a mão esquerda não saberá o que a mão direita faz”.
Isso é um ponto fundamental para evitar confusão a respeito da relação entre dadivar e quantia.
A nossa voluntariedade, como igreja, não refere-se ao dadivar, mas sim a quanto dadivar. Esses dois
grandes eclesiologístas presbiterianos concordam que os cristãos devem contribuir; eles discordam
que contribuição financeira deva ser fixada num valor fixo, ou percentual mínimo, pois o homem deve

46
Minha tradução.
47
Minha tradução.
48
GORDON, T. David. The Tithe in Biblical-theological Perspective. Disponível em:
<www.tdgordon.net/theology/tithe.doc>.
49
Minha tradução. Ver original em inglês: o capítulo “Address on the subject of systematic beneficence” (The Miscellanies
of Thomas E. Peck. Richmond: Presbyterian Committee of Publication, 1895. vol. 1, p. 141), disponível em
<https://archive.org/details/miscellaniesofre01peck>.
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contribuir “conforme a sua prosperidade” (1 Cor. 16:2). Ora, uma vez que é conforme a prosperidade
particular de um indivíduo, já não se pode estabelecer um valor percentual universal obrigatório, pois
isso contradiria “conforme a sua prosperidade”.

Versículos neotestamentários

A insistência em “provar” a continuação do dízimo— geralmente apenas um só dízimo com


definição extra e antibíblica, omitindo-se os quatro dízimos e seus regulamentos— a partir da epístola
aos Hebreus, tem sido uma estratégia por parte de certas pessoas, pregadores e líderes. Por isso,
examinemos os versículos-chave sobre os dízimos no livro de Hebreus a fim de sermos como os
bereanos (Atos 17:11) que examinavam as escrituras.

Em seu comentário da epístola aos Hebreus, Simon Kistemaker (2003, p. 270) faz
considerações doutrinárias referentes a Hebreus 7:1-10 e afirma que:
No Novo Testamento, Jesus ensina que “o trabalhador é digno de seu salário” (Lc 10.7);
Paulo repete essa regra tanto indiretamente quanto diretamente quando ele escreve
sobre o auxílio financeiro daqueles que proclamam o evangelho (1Co 9.14; 1Tm
5.17,18). O Novo Testamento, no entanto, não apresenta imposições específicas sobre
o dízimo.
Nessa perspectiva dadivar-quantia, o dadivar é necessário e fundamentado no Novo Testamento sem
que a quantia seja prescrita. Neste sentido, é correta a posição do luterano Francis Pieper (também
conhecido por Franz August Otto Pieper) (negritos e colchetes são ênfase minha): 50
“Nós professores luteranos deploramos e reprovamos, como pecado, o fato inegável que
os cristãos neotestamentários fazem uso de sua libertação do dízimo veterotestamentário
para desculpar a sua indolência quanto ao contribuir para os propósitos da Igreja,
particularmente para missões. Ademais, Lutero reprovou esse pecado. Mas sabemos
também que a Igreja cristã nunca ordena onde a Escritura não ordena. A obrigação de
pagar o dízimo tem sido abolido no Novo Testamento. Enquanto a Escritura do Novo
Testamento inculque essa obrigação de dadivar generosa e incansavelmente, a mesma
[a Escritura do Novo Testamento] deixa a quantidade exata e os detalhes das
contribuições ao discernimento e liberdade cristãos.”
Semelhantemente, John Owen, quem escreveu vários volumes sobre a epístola aos Hebreus,
comenta isto com relação à menção do dízimo em Hebreus 7:2: “Se o procedimento legal estrito de
dizimar for pretendido, não pode ser provado a partir desse texto, nem a partir de qualquer caso antes

50
PIEPER, Francis. Christian Dogmatics, vol. 3, tradução de Walter W. F. Albrecht. St. Louis: Concordia, 1953,
p. 50.
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da lei; pois Abraão deu somente o décimo dos despojos, os quais não eram aptos por lei a serem
dizimados” (1855, p. 325). 51 É falta transparência ocultar, dos fiéis leigos, o significado da proveniência
da décima parte de Abraão ao pregar que o texto de Hebreus 7:2 ensina e/ou ordena aos cristãos a
contribuírem exatamente ou um mínimo de 10% de suas rendas, pois no versículo 2 o “dízimo de tudo”
é proveniente de tudo naquela guerra/batalha da qual Abraão “voltava da matança dos reis” (versículo
1), e também porque o escritor de Hebreus 7:4 escreve sob a inspiração do Espírito Santo de Deus e
fornece um texto mais esclarecedor dizendo que Abraão entregou o dízimo dos despojos da guerra a
Melquisedeque. John Gill também entende que “a décima parte de tudo” (Hb. 7:2) foi a décima parte
dos despojos dos inimigos de Abraão: 52
A quem também Abraão deu o dízimo de tudo,... […] apenas dos despojos do inimigo,
como em Heb. 7:4 que não é nenhuma prova de qualquer obrigação aos homens para
pagarem dízimos agora a qualquer ordem de homens; pois isso foi um ato voluntário, e
não o que qualquer lei obrigava a fazer; o mesmo foi dado apenas uma vez, e não
constantemente, ou a cada ano; era dos despojos do inimigo, e não de sua própria
substância, ou da colheita da terra; nem era para a manutenção de Melquisedeque, um
sacerdote, o qual também era um rei, e era ricamente sustentado; mas para testificar a
sua gratidão a Deus, pela vitória obtida, e a sua reverência de, e sujeição ao sacerdote
de Deus.

Ora, vejamos mais versículos que tratam desse assunto:


Hebreus 7:5 “E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de
tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão”.
É esclarecido o fato de que são os levitas da tribo de Levi que receberam de Deus uma ordem
segundo a lei (cerimonial) de tomarem o dízimo do povo israelita— não todos eles, mas os que
qualificavam-se para entregar a décima parte das sementes do campo, dos frutos das árvores, dos
gados e rebanhos (Lv. 27:30, 32). John Gill também declara que “a lei” em Heb. 7:5 refere-se à “a lei
cerimonial” (the cerimonial law, em inglês). 53 Quem não fosse um judeu da tribo de Levi, não podia
tomar os dízimos que a eles eram entregues por parte dos israelitas— não todos eles, mas os que
qualificavam-se para dizimar das sementes do campo, dos frutos das árvores, dos gados e rebanhos
(Lv. 27:30, 32). Os quatro dízimos não eram voluntários, mas sim obrigatórios, pois os dízimos eram a
herança da tribo de Levi diante do fato de que eles não herdaram nenhuma terra dentro das fronteiras

51
Minha tradução. Os itálicos não são meus. Original em inglês diz: “If the strict legal course of tithing be intended, it cannot
be proved from this text, nor from any other instance before the law; for Abraham gave only the tenth of the spoils, which
were not tithable by law”.
52
Minha tradução; linhas e colchetes são ênfase minha. Comentário de John Gill, sobre Hebreus 7:2, disponível em
<http://biblehub.com/commentaries/gill/hebrews/7.htm>.
53
Minha tradução. Comentário de John Gill, sobre Hebreus 7:5, disponível em
<http://biblehub.com/commentaries/gill/hebrews/7.htm>.
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de Israel. Os cristãos hoje não são filhos da tribo de Levi e, por conseguinte, não estão submetidos ao
sacerdócio levítico e nem às suas leis cerimoniais. 54

Hebreus 7:8 “E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem
se testifica que vive”. 55
De acordo com a exegese de John Owen, os advérbios “aqui” e “ali” geralmente referem-se a
um lugar. Owen, e outros teólogos que ele consultou, acreditam que o advérbio “aqui” refere-se a
(colchetes são ênfase minha):
“Jerusalém, a sede do sacerdócio levítico, e a terra de Canaã, a qual, unicamente, era
dizimável de acordo com a lei; pois os judeus julgam, e isso corretamente, que a lei de
dizimação lícita não estendeu-se para além dos limites da terra de Canaã, uma evidência
suficiente que ela [a lei de dizimar] era positiva e cerimonial”. 56
Com relação ao advérbio “ali”, Owen comenta (colchetes são ênfase minha):
“Mas a verdade é, se ὧδε, “aqui”, significa um lugar certo e determinado, isso [“aqui”]
em oposição a ἐκεῖ, “ali”, tem que ser Salém, onde Melquisedeque morava; onde, pos-
teriormente, não era apenas dizimável, como dentro dos limites de Canaã, mas mais
provavelmente era a própria Jerusalém, como temos declarado”. 57
Owen, tendo feito a sua exegese, conclui dizendo que: ““Aqui” é no caso do sacerdócio levítico; e “ali”
diz respeito ao caso de Melquisedeque, como declarado, Gen. xiv”. 58
Além disso, a expressão “recebem dízimos” é dita a respeito de “o único tipo somente, isto é,
os sacerdotes levíticos,—eles receberam dízimos”. 59 Owen não comete o erro de associar sacerdotes

54
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as
leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
55
A versão bíblica de Hb. 7:8 que John Owen usou em sua obra, diz: “And here men verily that die receive tithes; but
there he of whom it is witnessed that he liveth”.
56
Minha tradução em que os colchetes são ênfase minha. Original em inglês diz: “[…] Jerusalem, the seat of the Levitical
priesthood, and the land of Canaan, which alone was tithable according to the law; for the Jews do judge, and that rightly,
that the law of legal tithing extended not itself beyond the bounds of the land of Canaan, a sufficient evidence that it was
positive and ceremonial”. OWEN, John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376.
57
Minha tradução em que os colchetes são ênfase minha. Original em inglês diz: “But the truth is, if ὧδε, “here,” signifies
a certain and determinate place, that opposed in ἐκεῖ, “there,” must be Salem, where Melchisedec dwelt; which was not only
afterwards tithable, as within the bounds of Canaan, but most probably was Jerusalem itself, as we have declared”. OWEN,
John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376.
58
Minha tradução. Original em inglês diz: ““Here,” is in the case of the Levitical priesthood; and “there” respects the case
of Melchisedec, as stated, Gen. xiv”. OWEN, John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855,
p. 376.
59
Minha tradução. Original em inglês diz: “It is expressed of the one sort only, namely, the Levitical priests—they received
tithes”. OWEN, John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376.

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levíticos aos pastores/ministros, ou de afirmar que os pastores/ministros substituíram os sacerdotes
levíticos. Acerca disso, já discorri anteriormente quanto à Segunda Confissão de Fé Helvética, capítulo
18. Owen também comenta sobre o tempo verbal da expressão “receber dízimos” (colchetes são ên-
fase minha):
[...] “Eles recebem dízimos”, [está] no presente do indicativo. Mas pode ser dito: não
havia ninguém que naquela época recebia-os, ou pelo menos “de jure” poderia recebê-
los, visto que a lei de dizimar tinha sido abolida. Portanto, uma enálage pode ser permi-
tida aqui a respeito do presente do indicativo por aquilo que era passado; “recebem”,
isto é, “recebiam” enquanto a lei estava em vigor. […] O apóstolo admite, ou assume,
que o sistema mosaico de adoração não foi continuado, e argumenta, naquela admis-
são, quanto à necessidade de sua abolição iminente. 60
Croteau (2010, capítulo 4), argumenta corretamente que,
“o autor de Hebreus não estava tentando argumentar a favor da continuação da prática
do dízimo nesta passagem. Uma análise da estrutura e do fluxo de argumentação do livro
de Hebreus demonstrou isso. Se alguém quisesse provar a continuação do dízimo com
base no Novo Testamento, teria de apresentar uma passagem que tivesse como objetivo
principal esse objetivo. Se tal passagem for produzida, então Hebreus 7 poderia
possivelmente ser utilizado como uma declaração secundária, de apoio. O ponto
importante a ser lembrado é o seguinte: o autor de Hebreus estava defendendo a
superioridade de Melquisedeque sobre o sacerdócio levítico. A referência ao dízimo é
uma declaração ilustrativa e secundária. A mera descrição da existência do dízimo em
qualquer época não obriga a sua continuação. Descrição não equivale a prescrição.
Morris resume bem esta seção: “O autor quer que seus leitores não tenham dúvidas sobre
a superioridade de Cristo a qualquer outro sacerdote e vê a figura misteriosa de
Melquisedeque como uma poderosa ilustração dessa superioridade”.”

Hebreus 7:12 “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.
O sacerdócio mudou já que Cristo trouxe uma Nova Aliança para nós mediante a Sua morte na
cruz. Por conseguinte, também muda-se a Lei. Essa mudança é a total abolição do sacerdócio levítico
e das leis mosaicas cerimoniais e civis. 61 O véu no Templo se rasgou de cima para baixo e o sangue
do cordeiro pascal foi substituído pelo sangue de Jesus. Simon Kistemaker (2003, p. 275) também

60
Minha tradução; colchetes são ênfase minha. Original em inglês diz: “They do receive tithes, in the present tense. But it
may be said, there was none that then did so, or at least "de jure" could do so, seeing the law of tithing was abolished.
Wherefore an enallage may be allowed here of the present time for that which was past; "they do," that is, ''they did so"
whilst the law was in force.” e “the apostle admits, or takes it for granted, that the Mosaical system of worship was yet
continued, and argueth on that concession unto the necessity of its approaching abolition.” OWEN, John. An Exposition of
the Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376-377.
61
Ibidem.
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entende que “Com seu sacrifício único e válido para sempre, Cristo cumpriu a lei e tornou o sacerdócio
levítico obsoleto”.
Outrossim, F. F. Bruce, teólogo presbiteriano, comenta que a palavra “mudança” não implica
meramente uma mudança, mas também ab-rogação. 62 Ademais, segue-se um trecho da obra de John
Gill o qual afirma que o sacerdócio levítico foi “totalmente abolido” (utterly abolished, em inglês) e
“legitimamente ab-rogado” (of right abrogated, em inglês): 63
Pois o sacerdócio sendo mudado,... Não trasladado de uma tribo, família, ou ordem,
para outra, mas totalmente abolido; pois, embora este seja chamado de um sacerdócio
perpétuo, contudo isso deve ser entendido com uma limitação, como a palavra
“perpétuo” frequentemente o é, como referindo-se a coisas sob aquela dispensação;
pois nada é mais seguro de que o mesmo está abolido: o sacerdócio foi legitimamente
ab-rogado na morte de Cristo, e o mesmo o está agora de fato; desde a destruição de
Jerusalém, o sacrifício tem cessado, e os filhos de Israel tem vivido muitos dias sem
um[um sacrifício], e sem um éfode. E os próprios judeus reconhecem que o sumo
sacerdócio cessaria no futuro {m}, e do qual eles dizem que Azarias, filho de Odede,
profetizou em 2Crônicas 15:3.

Necessariamente se faz também mudança da lei; não a lei moral, que existia antes
do sacerdócio de Arão, nem tampouco eles[lei moral e sacerdócio] ficam de pé e caem
juntos; ademais, isso[lei moral] ainda permanece, pois ela é perfeita, e não pode ser
anulada por qualquer outra; nem tampouco ela está posta de lado por parte do
sacerdócio de Cristo: embora exista um sentido em que a lei esteja abolida; como ela
é nas mãos de Moisés; como ela é um pacto de obras; quanto à justificação por meio
dela; e quanto a sua maldição e condenação àqueles que são de Cristo; contudo, ela
ainda permanece nas mãos de Cristo, e como uma regra de vida e conduta; e é útil, e
continua assim em muitos aspectos: mas ou a lei judicial; não aquela parte da lei que
está fundamentada em justiça e equidade, e era um meio de guardar a lei moral, pois
esta[última] ainda subsiste; mas aquela que foi dada aos judeus como judeus, e
algumas partes as quais dependiam do sacerdócio, e assim cessaram com ele; como
as leis a respeito de as cidades de refúgio, suscitação de descendência a um irmão
falecido, preservação de heranças nas famílias, e julgamento e determinação de
controvérsias: ou melhor, a lei cerimonial, a qual era senão uma sombra de coisas

62
BRUCE, F. F. The Epistle to the Hebrews (The New International Commentary on the New Testament). Grand Rapids,
Michigan: Eerdmans, 1985, nota de rodapé 39, p. 143.
63
Minha tradução, em que os colchetes e linhas são ênfase minha. Comentário de John Gill, sobre Hebreus 7:12,
disponível em <http://biblehub.com/commentaries/gill/hebrews/7.htm>.
Página 45 de 108
boas vindouras, e foi dada por um tempo; e ela[lei cerimonial] dizia respeito ao
sacerdócio, e foi anulada por parte do sacerdócio de Cristo; [...]
{m} Vajikra Rabba, sect. 19. fol. 160. 4.
Ainda quanto à relação de dízimos e sacerdócio levítico, segue-se alguns trechos do artigo “A
Obrigação Moral do Dízimo” (The Moral Obligation of the Tithe) 64 de Thomas E. Peck, teólogo
presbiteriano, em que ele demonstra que dízimo e o sacerdócio levítico são inseparáveis (confira o
artigo completo dele para uma argumentação mais completa e exaustiva): 65
O dízimo e o sacerdócio: estes são as ideias gêmeas, são os fatos correlatos. Se o
sacerdócio é pela lei, o suporte do sacerdócio deve ser pela lei também. Nada debaixo
de um sistema como esse pode ser deixado às contribuições voluntárias do povo. O
povo não tem nada a ver com a constituição dos sacerdotes, e o povo não terá nada a
ver, a não ser se compelidos, em suportá-los. Os dois métodos, suporte mediante
dízimos que são obrigatórios, e suporte mediante ofertas voluntárias, são, em suas
naturezas, gênios e operações, o oposto um do outro. Um é da natureza de um tributo;
o outro, de uma dádiva gratuita. Um é a expressão de obediência à lei; o outro é a
expressão da liberdade que pertence a um acordo voluntário. Um implica
simplesmente submissão, mais ou menos soturno; o outro é a expressão de confiança
e afeição diante d’Aquele que dispensa as ordenanças do evangelho.
Matthew Poole também comenta a respeito da abolição do sacerdócio levítico e da lei
cerimonial: 66
Pois o sacerdócio sendo mudado: porque refere-se à expiração da ordem aarônica,
a que esses hebreus não estavam agora vinculados, pois que um sacerdócio e lei
melhores encheriam o espaço deles na igreja. O sacerdócio levítico foi mudado e
abolido para abrir caminho para isso; Deus preparando aquilo para continuar por um
tempo, e em seguida para expirar, quando ocorresse a verdade tornando-o perfeito.

Necessariamente se faz também mudança da lei; a mutação do sacerdócio


indispensavelmente requer a mudança da lei, i.e., a dispensação legal do pacto da
graça, [...] Isso foi feito necessário pelo decreto de Deus, o qual determinou que ambos
o sacerdócio e a lei deveriam expirar juntos, e consequentemente cumpriu-o. Pois
quando Cristo, o Sumo Sacerdote do evangelho, tinha em sua pessoa e obra
aperfeiçoado tudo isso no céu, ele elimina aquela ordem de sacerdócio, abole a lei,

64
Ver Apêndice A.
65
Minha tradução do artigo inteiro disponível em <https://monoergon.files.wordpress.com/2017/08/a-obrigac3a7c3a3o-
moral-do-dc3adzimo-thomas-e-peck2.pdf>, página 7. Em inglês, The Moral Obligation of the Tithe pode ser acessado
aqui: <http://www.newhopefairfax.org/files/Peck%20on%20Tithe.pdf> ou aqui
<http://www.covenanter.org/reformed/2017/8/2/moral-obligation-of-the-tithe>.
66
Minha tradução; colchetes e linhas são ênfase minha. Comentário de Matthew Pool, sobre Hebreus 7:12, disponível
em <http://biblehub.com/commentaries/poole/hebrews/7.htm>.
Página 46 de 108
espalha as pessoas as quais se apegariam a isso; demole o templo e a cidade aos
quais ele confinou a administração, assim como todos os planos e esforços dos judeus,
ou de cristãos apóstatas, para reparar, ou para restaurar isso, têm sido ineficaz até
hoje.

Hebreus 7:18 “Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e
inutilidade”.
No sacerdócio de Jesus, todas as leis cerimoniais do sacerdócio levítico foram abolidas e são
fracas e inúteis. 67 A Bíblia de Estudo de Genebra de 1599 [The 1599 Geneva Study Bible], 68 em inglês,
contém uma nota de rodapé em Hebreus 7:18 que não existe na versão em português da Bíblia de
Estudo de Genebra. Primeiro, vejamos o versículo em inglês como consta na 1599 Geneva Study
Bible:
“18 1
For the 2commandment that went afore, is disannulled, because of the
weakness thereof, and unprofitableness”.
Segundo, vejamos a nota de rodapé desse versículo:
“7:18 1Again, that no man might object that the last Priesthood was added to make a
perfect one, by the coupling of them both together, he proveth that the first was abrogated
by the latter as unprofitable, and that by the nature of them both. For how could those
corporal and transitory things sanctify us, either of themselves, or being joined with
another?
2The ceremonial law”.
Segue-se a minha tradução desta nota de rodapé, pois a Bíblia de Estudo de Genebra, na edição
brasileira, não a traduziu (colchetes são meus):
“7:18 1De novo, para que nenhum homem possa objetar que o último Sacerdócio foi
acrescentado para fazer um [sacerdócio] perfeito, pelo acoplamento de ambos deles
juntos, ele [o escritor de Hebreus] prova que o primeiro foi ab-rogado pelo último como
sendo inútil, e isso por meio da natureza delas ambas. Pois como poderia aquelas coisas
corpóreas e transitórias nos santificar, seja de si mesmas, ou sendo juntadas com outras?
2A lei cerimonial.”.

Hebreus 7:18, na edição brasileira, diz: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por
causa de sua fraqueza e inutilidade”. A “anterior ordenança”, de acordo com a nota de rodapé da

67
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as
leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
68
A 1599 Geneva Study Bible está disponível no seguinte sítio de teologia reformada: <http://www.apuritansmind.com/wp-
content/uploads/PDF/GenevaBiblePatriotEdition.pdf>. Esta citação encontra-se na p. 1266.
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edição de 1599 da Bíblia de Estudo de Genebra, é a lei cerimonial. Uma tradução mais precisamente
feita com base na Geneva Study Bible de 1599 é: “Pois o mandamento anterior é anulado por causa
de sua fraqueza e inutilidade”.
Do mesmo modo, John Gill comenta a respeito desse versículo: 69
Porque há verdadeiramente uma anulação do mandamento,.... Não a lei moral; [...]
mas a lei cerimonial é referida, a qual é o mandamento a respeito do sacerdócio levítico,
e é chamado de carnal, e é inclusivo de muitos outros, e, o qual distingue aquela
dispensação da do evangelho: e isso[anulação do mandamento] pode ser dito ser

precedente; com relação ao tempo, sendo antes do estado do evangelho, ou a exibição


do novo pacto da graça; e com respeito ao uso, como um tipo ou sombra de coisas boas
vindouras; e como era um aio precedente, e levando ao conhecimento de verdades
evangélicas: e isso está agora anulado, ab-rogado, e feito nulo; a parede de separação é
destruída, e abolida a lei dos mandamentos contida nas ordenanças:

por causa da sua fraqueza e inutilidade; a lei cerimonial era fraca; ela não podia expiar
ou reparar pelo pecado, aos olhos de Deus; ela não podia remover a culpa do pecado da
consciência, mas havia ainda uma lembrança da mesma; nem tampouco podia purificar
da imundície do pecado; tudo o que ela poderia fazer era expiar pecado de forma típica,
e santificar externamente à purificação da carne; e toda a virtude que ela tinha era devida
a Cristo, a quem prefigurava; e portanto, sendo cumprida n’Ele, ela cessou: e ela era
“inútil”; não antes da vinda de Cristo, pois naquela época ela era uma sombra, um tipo,
um aio, e tinha a sua utilidade; mas desde a Sua vinda, quem é o corpo e substância
dela, é inútil ser juntada a Ele; e não é de nenhum serviço no assunto de salvação; e não
é outra coisa senão um julgo pesado de escravidão; sim, [ela] é o que torna Cristo inútil
e de nenhum efeito, quando submete-se [à lei cerimonial] como de forma forçada, e como
necessária para a salvação; e por causa dessas coisas, ela está abolida e feita nulo e
sem efeito. Os judeus, embora eles sejam asseveradores vigorosos da inalterabilidade
de lei de Moisés, no entanto por vezes são obrigados a reconhecerem a ab-rogação da
lei cerimonial nos tempos do Messias; o mandamento, eles dizem {r}, significando isso,
cessará no futuro; e de novo,
“todos os sacrifícios cessarão no estado futuro, ou no tempo que virá, (i.e. os tempos do
Messias,) exceto o sacrifício de louvor {s}.”
{r} T. Bab. Nidda, fol. 61. 2. {s} Vajikra Rabba, scct. 9. fol. 153. 1. & sect. 27. fol. 168. 4.

69
Minha tradução; colchetes e linhas são ênfase minha. Comentário de John Gill, sobre Hebreus 7:18, disponível em
<http://biblehub.com/commentaries/gill/hebrews/7.htm>.
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Cabe ressaltar aqui que há pastores que fazem uso do argumento de que os cristãos devem
entregar o dízimo— eles não se referem a nenhum dos quatro dízimos definidos bíblia, mas sim a um
só que eles mesmos criaram, desassociando todos os detalhes veterotestamentários sobre cada um
dos quatro dízimos— com base no argumento de que os cristãos são filhos de Abraão e, por
conseguinte, devem entregar dízimos a Cristo.
Em análise a este argumento sobre cristãos serem filhos de Abraão, devemos observar que:
(i) Esse argumento pressupõe que toda a descendência de Abraão dava dízimos, isto é, o dízimo dos
levitas, os dízimos dos dízimos, o dízimo das festas do Senhor e o dízimo para os pobres a cada três
anos. Entretanto, somente davam os dízimos aqueles israelitas os quais trabalhavam com a
agropecuária dentro da terra de Israel, em conformidade com as definições que Deus escolheu para
cada um destes quatro dízimos (Lv 27:30, 32; Nm. 18:21, 26; Ne 10:38; Dt. 12:1, 6; 14:22, 26-29). Ver
também as definições bíblicas de cada um dos quatro dízimos nos pontos (a), (b), (c), e (d) na Seção
2.3.
Impõe ressaltar que o dinheiro é mencionado em várias ocasiões no Velho Testamento a fim de
ser usado para fins diversos, tal como em Gên. 17:12 e 23:15, Êx. 22, 28, 30:20, Lev. 27:3-7, Deut.
14:26 e 22:29, mas Deus nunca exigiu um ou mais dízimos dessas transações financeiras;

(ii) John Owen explica que: “Nem toda a posteridade de Abraão, mas unicamente aquela de Levi, foi
escolhida para receber dízimos; e não toda a posteridade de Levi, mas somente a família de Arão,
recebeu, pois, o sacerdócio.”. 70 Portanto, os cristãos os quais pertencem à “descendência de Abraão,
e [são] herdeiros conforme a promessa” (Gl. 3:29; colchetes são ênfase minha) e os quais também
são chamados de “filhos de Abraão” (Gl. 3:7-9), não pertencem à descendência de Levi e nem ao
sacerdócio de Arão;

(iii) Os cristãos não qualificam-se em cada uma das quatro definições dos dízimos (ver pontos (a), (b),
(c) e (d) na Seção 2.3). a fim de entregá-los conforme definidos e estabelecidos por Deus, e também
não qualificam para entregar a Cristo uma décima parte de despojos de alguma guerra/batalha;

(iv) A mera ocorrência de uma ação dentro de um contexto de um evento na vida de Abrão não torna
a sua prática necessária, obrigatória ou vinculante aos cristãos, nem uma só vez e nem para sempre.
Por exemplo, Abraão circuncidou a seu filho e a todos que ele comprou com dinheiro (Gn. 17:23).
Devemos imitar e praticar a circuncisão em nossos dias? Devemos defender em nossa sociedade, ou
ensinar às igrejas locais em que pertencemos, a ideia de que os cristãos devem comprar pessoas com

70
Minha tradução. Original em ingles diz: “Not all the posterity of Abraham, but only those of Levi, were set apart to
receive tithes; and not all the posterity of Levi, but only the family of Aaron, did receive the priesthood.” - OWEN, John. An
Exposition of the Epistle to the Hebrews. Volume 5, edição Goold, 1855, p. 352.

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dinheiro, assim como Abrãao as comprou?

(v) Confira, outra vez, alguns fatos sobre a guerra em que Abrão participou em Gênesis 14: Abrão
tomou a décima parte dos despojos da guerra (cf. Hb. 7:4), não de sua própria renda; esse dízimo dos
despojos dos inimigos foi dado a Melquisedeque uma única vez; esse dízimo dos despojos não foi
dado com base na lei mosaica, pois ela não existia para obrigar os israelitas— não todos eles, mas os
que qualificavam-se para dizimar das sementes do campo, dos frutos das árvores, dos gados e
rebanhos (Lv. 27:30, 32)— a darem os quatro dízimos; a quantia de despojos de guerra de acordo com
a lei mosaica (Núm. 31:27-30) difere da quantia dos despojos que Abrão deu a Melquisedeque; essa
décima parte dos despojos dos inimigos foi dada segundo o costume pré-mosaico das regiões
próximas sobre tomar posse de despojos de guerra; essa é a única vez, em toda a Bíblia, que é
relatado que Abrão deu o dízimo dos despojos; Abrão deu a décima parte dos despojos a
Melquisedeque e os restantes 90% dos despojos foram devolvidos ao rei de Sodoma.

(vi) O eclesiólogo presbiteriano, Thomas E. Peck, explica em seu artigo A obrigação moral do dízimo
(confira o Apêndice A), dizendo:

“[...] E ainda com base no fato de que Abraão fez uma vez a esse personagem uma oferta
voluntária de um décimo dos despojos, os quais ele tinha tomado na batalha, é feito
pendurar a obrigação moral de pagar determinadamente um décimo da renda de alguém
aos ministros da religião! Alguns de nossos irmãos tem a audácia de dizer: “Tudo aqui
afirmado a respeito de Melquisedeque deve ser afirmado a respeito de Cristo; e tudo aqui
afirmado a respeito de Abraão deve ser afirmado a respeito da igreja; caso contrário a
representação é errônea, e todo o incidente perde o seu significado”. A respeito dessa
declaração, comentamos: (a) A moderação do Dr. Owen deve ser grandemente preferida,
o qual diz: “O que é representado no tipo, mas é na verdade subjetiva e propriamente
encontrado apenas no antítipo, pode ser afirmado a respeito do tipo como tal”. (b) Dizer
que o antítipo, Cristo, recebe dízimos no sentido de que Ele recebe-os como resposta a
Sua demanda por eles[dízimos], é uma óbvia petição de princípio. Se Ele exige-o ou não
é a própria questão em debate. “Aquele que vive” é Melquisedeque, e não Cristo (Heb.
vii. 8). (c) Há uma falácia e uma petição de princípio no uso da palavra “igreja”. O apóstolo
não afirma nada a respeito da igreja em sua forma cristã; ele refere-se apenas à igreja
levítica, uma igreja que tinha um sacerdócio mortal, da tribo de Levi e da família de Arão,
e que sustentava aquele sacerdócio por meio de dízimos. Ele prossegue sobre o ato
notório de que a igreja levítica pagou dízimos. Para fazer o que ele diz aplicável à igreja
cristã deve ser suposto ou provado que a igreja cristã tem um sacerdócio de homens
mortais o qual ela sustenta por aquele método. Verdadeiramente, se o argumento do

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apóstolo tivesse sido o que os irmãos do outro lado entendessem que fosse, ele poderia
bem ter dito que era “de difícil interpretação” (“difícil de interpretar”).” 71

(vii) Herman Witsius, em sua clássica obra sobre a teologia do pacto, defende que (negritos são ênfase
minha):

“L. Quando quer que isso vier a acontecer, é claro que as cerimonias antigas não
podem possivelmente ser observadas por todos os sujeitos do Messias. Pois como é
possível a realização de votos e dízimos, a apresentação do primogênito, a observação
da páscoa, pentecostes e festa de tabernáculos— as quais estavam confinadas ao
lugar, o qual Deus escolhera— devessem ser vinculantes naqueles os quais encontram-
se a uma grande distância da Judeia? E como podem homens, os quais habitam nas
partes mais longínquas da terra, virem à Jerusalém, para oferecerem sacrifício por todo
pecado, e toda poluição, a fim de evitar a maldição? Como podem mulheres, as quais
acabaram de dar à luz, realizarem uma longa jornada como tal, e apresentarem a si
mesmas no lugar escolhido por Deus, para realizar as ofertas ordenadas? Onde poder-
se-ia encontrar tantas bestas, tantos sacerdotes, tantos altares, suficientes para todos
os sacrifícios? Qual extensão de país, muito menos de cidade, poderia ser grande o
suficiente para conter tais números? […]” 72

As “cerimonias antigas”, da qual Herman Witsius faz referência, são as leis cerimoniais de Moisés.
Dentre essas leis cerimoniais estão os dízimos (no plural). Witsius, assim como John Owen, defendia
que os dízimos eram somente provenientes da terra de Israel e tinham de ser entregues apenas lá.
Por meio da expressão “todos os sacrifícios”, Witsius concluiu o seu parágrafo incluindo os dízimos
nessa expressão, pois os dízimos de animais eram animais sacrificados e comidos.

Portanto, as passagens de Hb. 7:8, 12, 18 não estão defendendo a continuação dos quatro
dízimos conforme definidos e regulamentados por Deus no Antigo Testamento.

71
PECK, Thomas E. A obrigação moral do dízimo. 2017. Tradução: Nathan Cazé. Disponível em:
<https://monoergon.files.wordpress.com/2017/08/a-obrigac3a7c3a3o-moral-do-dc3adzimo-thomas-e-peck2.pdf>, p. 6-7.
72
Trecho original em inglês diz: “L. Whenever this shall come to pass, it is plain that the ancient ceremonies cannot possibly
be observed by all the subjects of the Messiah. For how is it possible the paying of vows and tithes, the presenting the first-
born, the observation of the passover, pentecost and feast of tabernacles, which were confined to the place, which God had
chosen, should be binding on those who are to be at a great distance from Judea? And how can men, who dwell in the
outermost parts of the earth, come to Jerusalem, to offer sacrifice for every sin, and every pollution, in order to avoid the
curse? How could women, newly delivered, undertake so long a journey, and present themselves in the place chosen by
God, to perform the offerings commanded? Where could so many beasts, so many priests, so many altars be found,
sufficient for all the sacrifices? What extent of country, much less town, could be large enough to hold such numbers?”.
WITSIUS, Herman. The economy of the covenants between God and man. Capítulo XIV, parágrafo L. Disponível em:
<https://www.monergism.com/thethreshold/sdg/witsius/covenants_p.pdf>.
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Mateus 23:23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o
cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer
estas coisas, e não omitir aquelas”.
Tanto o dízimo quanto o juízo, misericórdia e fé fazem parte da lei, segundo Jesus.
Jesus cumpriu a lei perfeitamente e estabeleceu princípios mais profundos como perdoar e
amar o seu próximo, abolindo o “olho por olho e dente por dente” etc. Jesus deu mais importância em
praticar juízo, misericórdia e fé do que os dízimos. Ele, como judeu, sob a lei de Moisés obedecia à
lei. Mas, Jesus era carpinteiro (Marcos 6:2-3) e, por essa razão, não qualificava-Se nos regulamentos
e ordenanças dos dízimos (Lv 27:30, 32)— que definiu os dízimos como sendo provenientes da terra
de Israel e compostos de sementes do campo, frutos das árvores, gados e rebanhos— para dar a
décima parte da colheita ou do rebanho/gado, pois carpinteiros não colhem, nem plantam e nem criam
gados. (Confira também a Ordenança de Respigar e Colher nas seções 2.6 e 2.7). E como mencionado
anteriormente, há várias passagens bíblicas sobre dinheiro sendo usado para fins diversos, tal como
na compra de escravos (Gên. 17:12), compra de terra (Gên. 23:15), pagamentos de multas e
restituições (Êx. 28), bebidas fortes/alcoólicas (Deut. 14:26), entre outras, mas ainda assim Deus
nunca mandou os israelitas darem a décima parte do dinheiro obtido dessas transações financeiras.
A décima parte, a qual Jesus referiu-se no texto de Mateus 23:23, é igual a justiça, misericórdia
e fé? Não disse Jesus que a justiça, misericórdia e fé são mais importantes que a décima parte de a
“hortelã, o endro e o cominho” (Mt. 23:23), dízimos estes os quais não eram dinheiro, mas sim
alimentos? Assim sendo, os dízimos desses alimentos e a justiça, misericórdia e fé não estão sendo
igualados.
Como já estudamos a fundo sobre a estrutura, divinamente estabelecida, dos quatros dízimos
no Velho Testamento, entendemos agora o porquê de os escribas e fariseus dizimarem a hortelã, o
endro e o cominho. Pois até essa passagem confirma tudo o que vimos até agora, isto é, que os
dízimos eram sempre sementes e frutos de árvores, plantações/colheitas e animais (Lev. 27:30, 32),
ou seja, eram comidos. Duguid et al (2006, p. 235; negritos são ênfase minha) afirmam que: 73
Nem a lei de dízimo continuou a vigorar nos tempos do Novo Testamento. Para ter-
se certeza, Jesus elogiou os fariseus por dizimarem os seus temperos em Mateus 23:23.
Algumas pessoas citam isso como evidência de uma obrigação contínua aos cristãos
para dizimar. Mas, temos que reconhecer que Jesus estava numa posição interina com

73
Original em inglês, diz: “Nor did the tithe law continue in force into New Testament times. To be sure, Jesus commended
the Pharisees for tithing their spices in Matthew 23:23. Some people cite that as evidence of a continuing obligation on
Christians to tithe. Yet we have to recognize that Jesus stood in an interim position with respect to the Mosaic covenant.
During the days of his earthly ministry, the Mosaic covenant was still in force, though it was about to be superseded. In
precisely the same way, Jesus also paid the temple tax (Matthew 17:24-27), though no one would argue that this is a
continuing obligation on Christians.” (DUGUID, Iain M; HUGHES, R. Kent, 2006, p. 235)”.

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respeito à aliança mosaica. Durante os dias de seu ministério terreno, a aliança mosaica
estava em vigor, embora a mesma estava prestes a ser substituída. Em precisamente da
mesma forma, Jesus também pagou o imposto do templo (Mateus 17:24-27), embora
ninguém argumentaria que isso é uma obrigação contínua aos cristãos.
Além disso, se o texto de Mateus 23:23 for usado para sustentar que Jesus ensinava aos
gentios a darem os dízimos no Novo Testamento, então Mateus 5:23-24 e 8:4 também deveriam ser
obedecidos por parte dos cristãos, levando em consideração que aquela oferta se referia a animais
que seriam sacrificados no altar. E também que os dízimos dos cristãos devem ser do que produzem
e colhem no campo, pois nessa passagem os escribas e fariseus colheram hortelã, endro e cominho.
Jesus nunca mandou um gentio oferecer sacrifícios como em Mateus 8:4.
É, também, comumente divulgado que Jesus ensinou a dar o dízimo (no singular). Supondo
que os que ensinam isso almejam ser cuidadosos no ensinamento das Escrituras, inclusive dos
dízimos, deve-se ensinar, ao invés disso, que Jesus era conhecedor de todas as leis cerimoniais e,
por conseguinte, ensinou a dar os dízimos (plural, isto é, todos os quatro dízimos juntamente com
todas as demais ordenanças regulamentárias, definidas por Deus, no Velho Testamento). É seguro
crer que Jesus ensinou as leis cerimoniais por completo, sem parcialidades, pois por que Jesus
desobedeceria a Lei, ou a ensinaria parcialmente, ao ensinar a entrega de apenas um só dízimo,
omitindo os demais dízimos e as suas ordenanças e regulamentos? Jesus certamente ensinava no
templo que os regulamentos e ordenanças dos quatro dízimos deveriam ser cumpridas integralmente,
sem parcialidades, pois, tratando-se da lei, “quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um
ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente” (Tg. 2:10).
Mateus 22:15-22 – Não há nenhuma referência aos quatro dízimos. Croteau (2010, capítulo 4)
acertadamente afirma o significado do verso 22, dizendo, “Os cristãos não devem se desviar de suas
obrigações para com Deus enquanto ainda dão a César o que pertence a César.” Cabe salientar que
nossas obrigações para com Deus incluem nossa responsabilidade no tocante a mordomia, a qual
será mais adiante explanada com base em vários versículos neotestamentários. Nossas obrigações
para com Deus não se resumem apenas à mordomia financeira, mas também incluiu a nossa
obediência às leis morais de Deus em toda a Bíblia, resumidas sob os Dez Mandamentos (ver Êx. 20
e Dt. 5), leis morais estas que nunca foram ab-rogadas.
Lucas 18:18-23 - Nessa passagem Jesus manda o jovem rico vender tudo o que tem e dar aos
pobres. Jesus não mandou o jovem dar o dízimo de sua venda para os levitas e depois dar o restante
aos pobres. Jesus fez assim porque Ele conhecia as escrituras que ordenava, como estatuto da lei
cerimonial mosaica, a dar os dízimos das colheitas e dos rebanhos (Lv 27:30, 32). O jovem rico não
se qualificava na lei cerimonial para dar os dízimos, pois não trabalhava com colheitas e nem com

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rebanhos para dar os dízimos desses alimentos. Por isso venderia tudo e diretamente os daria aos
pobres.
Quanto ao apóstolo Paulo, este fala de contribuições e coletas com características de
voluntariedade, prontidão de vontade, generosidade e amor, mas não menciona nada sobre nenhum
dos quatros dízimos e nem estabelece uma contribuição mínima percentual e nem universal:
1 Coríntios 9:13-14 “13 Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do
que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? 14 Assim ordenou
também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.”
Depois de uma discussão das diferentes interpretações e suas fraquezas, Croteau (2010,
capítulo 4) 74 chega à uma conclusão mais consistente destes versos tendo em vistam também o
contexto de 1Coríntios 8,
O mais provável é que Paulo se tenha referido ao templo por causa do contexto desta
discussão: comida sacrificada aos ídolos. Esta ilustração/prova é extremamente
pertinente devido ao contexto dos caps. 8-9. Foi por isso que Paulo forneceu três
ilustrações da vida quotidiana, duas provas do Antigo Testamento e uma prova final de
Jesus. No versículo 14, Paulo diz que Jesus “ordenou” (die/tacen) aos que pregavam o
evangelho que vivessem do evangelho, o que tem um paralelo mais próximo nos
Evangelhos com Mt 10:10b: o trabalhador é digno do seu sustento. Cada tipo de prova
dada por Paulo é gradualmente mais persuasivo. Embora os exemplos da vida quotidiana
possam abrir os olhos dos Coríntios para o que Paulo está dizendo, e embora as suas
provas do Antigo Testamento devam ser uma evidência satisfatória, o argumento é
conclusivo ao citar Jesus.

Além disso, o ensino de Paulo neste capítulo não é consistente com o dizimar tal como é
discutido na lei mosaica. Paulo não se refere a este apoio (supostamente “dízimos”) como
uma exigência do povo em todas as circunstâncias. Em vez disso, Paulo diz que ele tem
o direito de receber apoio; se ele renunciar a esse direito, eles não são obrigados a dá-
lo. Portanto, o dízimo tornar-se-ia opcional, dependendo do fato de o pregador o querer
aceitar. Isto está completamente em desacordo com o entendimento do dizimar no Antigo
Testamento. Na lei mosaica, não pagar o dízimo era equivalente a roubar a Deus; não
era uma opção.

Embora Paulo apresente seis argumentos para demonstrar que um trabalhador merece
salário, ele optou, no entanto, por renunciar a esses direitos; por isso, os Coríntios, por

74
N.T.: a palavra “ordenou” na verão grega utilizada pelo autor é .
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causa do Evangelho, devem estar igualmente preparados para renunciar ao seu direito
de comer carne sacrificada aos ídolos. Estas “sub-ilustrações” não contêm bases
suficientes para apoiar o dizimar na nova aliança. Como Barrett conclui, “A razão e a
experiência comum; o Antigo Testamento; a prática religiosa universal; o ensino do próprio
Jesus: tudo isso apoia o costume pelo qual os apóstolos (e outros ministros) são mantidos
às custas da igreja que é edificada pelo seu ministério.”
Paulo vai direto à fonte que é Jesus para concluir corretamente que quem vive do evangelho,
pode sim receber manutenção, provisão e salário, caso eles não abram mão de seu direito ao sustento,
contudo nem Jesus e nem Paulo mencionam a quantidade específica. Em Gálatas 6:6, os mestres
podem, se aceitarem, receber apoio financeiro; mas nada é indicado quanto a quantidade específica.
Qualquer tentativa de transferir ou basear-se na estrutura veterotestamentária levítica-sacrifical
com suas leis cerimoniais que incluíam os quatro dízimos a fim de aplicar consistentemente tudo isso
no Novo Testamento, resultaria em muitas dificuldades para a teologia neotestamentária. Os quatro
dízimos, além de totalizarem sempre a partir de 20% (30% a cada três anos por causa dos dízimos
dos pobres, em que o levita era incluído também, e também nenhum dízimo no Ano do Descanso e no
Ano do Jubileu), estes quatro seriam apenas alimentos das colheitas e dentre os gados e rebanhos.
Os cristãos que tivessem coragem de arbitrariamente anular apenas o aspecto da espécie alimentícia
dos quatro dízimos para legitimar a conversão de alimentos para dinheiro, teriam de entregar à nível
de lei (não graça), e sem flexibilização nenhuma quando porventura houvesse em suas vidas
dificuldades financeiras ou de saúde, o valor entre 20%-30% para a igreja local de forma sistemática,
a qual, por sua vez, pagaria a cada um de todos os seus pastores que vivem do evangelho o valor
entre 20%-30%.
Não há dúvidas que quem vive do evangelho deve receber provisão/salário de forma
sistemática (caso eles não abram mão de seu direito ao sustento), mas a quantidade específica de
manutenção/salário deve ser discutido e decidido com base na sabedoria, o que significa que as igrejas
devem levar em conta as circunstâncias de sua época, local, sociedade, economia, as situações de
seus membros, etc.
1 Coríntios 16:1-3 ACF “1 Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também
o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando
eu chegar. 3 E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas aprovardes, para levar a vossa
dádiva a Jerusalém.”
O apóstolo Paulo não estabeleceu um mínimo percentual universal; do contrário, a igreja
deveria ajuntar a coleta na medida que pudessem e conforme a situação financeira e material de cada

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membro (“o que puder” e “conforme a sua prosperidade”) a fim de ajudar os cristãos em necessidade
em Jereusalém. Kostenberg e Croteau (2006, p. 251; colchetes são ênfase minha) 75 concluem:
[...] esta passagem não é diretamente relevante para uma discussão sobre o dízimo, pelo
menos por duas razões. Em primeiro lugar, a referência não é à dádiva regular das
pessoas (seja semanal ou mensal), mas a uma coleta especial feita para os crentes
pobres em Jerusalém. Em segundo lugar, não há menção de dar dez por cento do
rendimento através de um dízimo regular. Quando Paulo discute a quantia (“conforme a
sua prosperidade”), ele usa uma frase que provavelmente se refere a “de acordo com
‘qualquer sucesso ou prosperidade que lhes tenha acontecido naquela semana’”.
[Gordon] Fee conclui: “Não há qualquer indício de um dízimo ou de uma oferta
proporcional; a oferta deve simplesmente estar relacionada com a sua capacidade, de
semana para semana, à medida que forem sendo prosperados por Deus.”
Nesse contexto, podemos encontrar base para a igreja hoje em dia fazer uso do princípio da
regularidade a partir da frase “no primeiro dia da semana” (vs.2) mesmo que o contexto é direcionado
a uma situação específica, e, quanto a quantidade específica de dinheiro ou mantimentos, as frases
“o que puder” e “conforme a sua prosperidade” nos ensina o princípio da proporcionalidade em vez de
uma valor fixo ou valor percentual universal que discrimina todas as pessoas de todos os países e
eras e também todas as suas circunstâncias variadas e individuais no altar do legalismo. Croteau
(2010, capítulo 8) também afirma dizendo, “Não é indicada uma percentagem específica. Este contexto
teria sido o lugar ideal para que o dízimo entrasse na discussão. No entanto, o dízimo não é
mencionado”. 76 Cabe salientar que Croteau (2010) observou que é possível que Paulo tinha em mente
a passagem de Deuteronômio 16:16a-17 por haver um paralelismo de conceitos nessa passagem
quando comparada com 1Coríntios 16:2.
Outrossim, 2Coríntios 8 e 9 apresentam mais princípios de dádivas guiadas pela graça. Os
cristãos da Macedônia eram muito pobres (2 Cor. 8:2), contudo, foram “generosos”. Essa palavra,
nesse contexto, é melhor compreendida à luz do próximo versículo que diz que eles deram
‘voluntariamente’ (2 Cor. 8:3) “na medida de suas posses” e “acima delas”. Ou seja, o dadivar dos
cristãos deve ser praticado segundo a medida deles (de cada indivíduo), não segundo uma medida
universal (e.g. 10%, 20%, 23.33% ou 30% como mínimo); se alguém quisesse, poder-se-ia dar acima
de sua própria medida, contanto que fosse “voluntariamente” (v.3). Ademais, 2 Coríntios 8:12 diz
“Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o
que não tem”. Outra vez, o dadivar é segundo os princípios do que a pessoa tem, podendo isso variar
de pessoa para pessoa e de circunstância para circunstância. O apóstolo Paulo escreveu essas coisas

75
Minha tradução. N.T.: Gordon Fee era teólogo das Assembleias de Deus dos EUA.
76
Minha tradução.
Página 56 de 108
não em forma de mandamento: “Não digo isto como quem manda, mas para provar, pela diligência
dos outros, a sinceridade de vosso amor” (2 Cor. 8:8).
João Calvino comenta sobre 2 Cor. 8:8 afirmando que “[...] mas, verdade é também que
nenhuma passagem há em que nos defina a soma [...]”. 77 Isto é, para Calvino, os cristão devem
contribuir para a obra de Deus, porém sem uma soma ou quantidade específica universalmente
ordenada a todas as pessoas no tempo e no espaço, e sem exceções.
Kostenberg e Croteau (2006, p. 251) 78 também concordam:
Paulo está descrevendo aos Coríntios um tipo de oferta que é diferente do dízimo. Os
coríntios não são obrigados a dar para esta oferta; a sua participação é voluntária. E não
devem dar uma quantia prescrita, mas sim dar de acordo com a sua própria determinação.
[…] Se uma quantidade prescrita fosse pré-determinada, isso negaria o ensinamento de
que se pode determinar ou “propor” uma quantidade no coração.

2 Coríntios 9:6-7 “6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que
semeia em abundância, em abundância ceifará. 7 Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”.
Outra vez, a contribuição de cada um deve ser segundo a quantia que cada um propôs no seu
próprio coração, além de que deve ser com alegria. Deus examina o nosso coração para ver se
ofertamos com alegria ou não, com avareza ou não. O Novo Testamento nos ensina a ofertar/dadivar
com alegria, ou em sacrifício (mas também com alegria) como a pobre viúva em Marcos 12:41-44. O
apóstolo Paulo não argumenta a partir de uma contribuição proveniente de uma coletividade, mas a
expressão “cada um” (2 Cor. 9:7) indica que é o indivíduo quem escolhe a quantia para ofertá-la com
alegria. Nesse sentido, Croteau (2010, capítulo 4) 79 acerta ao observar que,
Paulo está descrevendo aos Coríntios um tipo de oferta que é diferente do dizimar. Os
coríntios não são obrigados a dar para esta oferta; a sua participação é voluntária. Além
disso, não devem dar uma quantia prescrita, mas devem dar de acordo com a sua própria
determinação. [...] Se uma quantia prescrita fosse predeterminada, isso negaria o
ensinamento de que se pode determinar ou “propuser” uma quantia no coração.
A contribuição segundo o que o coração propõem tem fundamento no dadivar voluntário do coração
de Êxodo capítulos 25, 35 e 36.
Filipenses 4:15-18 Com relação à passagem de Filipenses 4:15-18, em que Paulo recebe o
donativo, o presbítero Túlio César Costa Leite explica que “Paulo usa a figura dos sacrifícios

77
Comentário ao Novo Testamento 2 Cor. 8:8 (apud LEITE, Túlio César Costa. O Dízimo. [sem página]). Disponível no
sítio Monergismo de teologia reformada: <http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/o-dizimo_tulio.pdf>.
78
Minha tradução.
79
Minha tradução.
Página 57 de 108
veterotestamentários com relação às ofertas: as ofertas dos filipenses foram, diante de Deus, “como
aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus”. 80 Esse donativo não corresponde a
nenhum dos quatro dízimos com suas estruturas levítico-cerimoniais e, em consonância com Croteau
(2010), podemos crer que tal donativo incluía dinheiro, mas não se limitava ao mesmo.

Romanos 6:14 “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas
debaixo da graça”.

Os cristãos não estão debaixo da lei cerimonial (que incluía os quatro dízimos juntamente
com as ordenanças e regulações) e nem debaixo da lei civil israelita. 81

Romanos 10:4 “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.
A lei (cerimonial e civil) chegou ao fim. 82 Matthew Poole também comenta assim: 83
Porque Cristo é o fim da lei para justiça de todo aquele que crê.
Ele prova que os judeus eram ignorantes a respeito da justiça de Deus, porque eles eram
ignorantes a respeito de Cristo, o verdadeiro
fim da lei. Cristo é o fim da lei: q. d. A lei foi dada para este fim: que os pecadores sendo
por meio dela trazidos ao conhecimento de seus pecados, e do estado perdido e
condenado, por essa razão, deveriam correr para Cristo e sua justiça para refúgio; ver
Gálatas 3:19, 24. Ou então: Cristo é o fim da lei; i.e. a perfeição e consumação dela. A
palavra é tomada neste sentido: 1 Timóteo 1:5. Ele aperfeiçoou a lei cerimonial, como
sendo a substância por meio da qual todas as cerimonias da lei eram sombras; todas
elas referiram-se a Ele como o escopo e fim delas. Ele aperfeiçoou também a lei moral,
parcialmente por Sua obediência ativa, cumprindo toda a justiça dela, parcialmente por
sua obediência passiva, carregando a maldição e punição da lei, as quais eram devidas
a nós. Tudo o que a lei exigiu que fizéssemos ou sofrêssemos, ele tem aperfeiçoado ela
em nosso favor.

Efésios 2:14-15 “14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a
parede de separação que estava no meio, 15 Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos

80
“O Dízimo”, disponível no sítio Monergismo, de teologia reformada:
<http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/o-dizimo_tulio.pdf>.
81
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as leis
civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do que
exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
82
Ibidem.
83
Minha tradução. “q. d.” é uma abreviação em latim que significa “todo dia” (quaque die]). Comentário de Matthew
Poole, disponível em <http://biblehub.com/commentaries/poole/romans/10.htm>.
Página 58 de 108
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem,
fazendo a paz”.
As ordenanças dos quatro dízimos foram desfeitas, “desfez...a lei dos mandamentos”, inclusive
das demais leis cerimoniais e civis. 84 Mas, devemos obedecer às leis morais de Deus.

2 Coríntios 3:6 “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não
da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”.
Podemos ser ministros de um Novo Testamento, de uma Nova Aliança, e não da letra, ou
seja, da lei cerimonial e civil. 85
O apóstolo Paulo deixa claro que os pastores e mestres (Gl. 6:6; cf. 2 Tess. 5:12) devem ser
sustentados, seja por comida e/ou dinheiro, pois estes têm direito de comer e beber (1 Cor. 9:4).
Outrossim, Paulo ensina que “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que
vivam do evangelho” (1 Cor. 9:14). Ou seja, os pastores e mestres são dignos de serem sustentados
financeiramente pela igreja. Quanto a isso, o presbítero Túlio Cesar Costa Leite concorda que: “Porém
não há referência a dízimos”, 86 isto é, à obrigatoriedade quanto a quantia exata ou mínima de 10%,
ou 20%, 23.33%, ou 30%. Para se determinar a quantia exata do salário dos que vivem do evangelho,
deve-se usar a sabedoria levando-se em conta as circunstâncias de sua época, local, sociedade,
economia, as situações de seus membros, etc.
Quanto aos que querem de alguma forma transferir ou basear-se no complexo e detalhado
sistema levítico de leis cerimoniais para aplicar de alguma maneira os quatro dízimos no Novo
Testamento, impõe mencionar o posicionamento dos batistas Köstenberger e Croteau (2006, p. 244):
Existem outros problemas com o conceito de que o dízimo ainda é obrigatório para os
cristãos. Em nenhum lugar os cristãos são ordenados a dizimar no NT. Este fato por si só
deve levantar preocupações para aqueles que acreditam que a questão é preta e branca,
e os crentes devem dizimar hoje. A questão dos dízimos múltiplos (que os israelitas na
verdade davam pelo menos 20 por cento ao ano) ainda não encontrou uma resposta
satisfatória. Pedir a cessação de dois dos três dízimos, deixando um intacto, parece exigir
algumas nuances teológicas importantes. Embora o NT discuta o dadivar em muitos
momentos, nenhuma passagem cita uma porcentagem específica. As referências de
dadivar em passagens como Gál. 6:6, 1 Tm 5:17 e 2 Cor. 8–9 levam a crer que a questão
de dadivar era vital em muitas igrejas. Paulo poderia simplesmente ter abordado esta

84
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as
leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
85
Ibidem.
86
O dízimo. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/o-dizimo_tulio.pdf>.
Página 59 de 108
questão apelando para o ensino do VT sobre o dízimo. No entanto, ele nunca recorreu a
esse tipo de abordagem.
O luterano John Theodore Mueller (2004, p. 394; sublinhamento é ênfase minha) resume bem
e nos deixa em alerta quanto à negligência das ofertas neotestamentárias por parte de cristãos:
Com respeito ao dízimo, que Deus impôs aos judeus no Antigo Testamento (Lv 27.30),
cumpre recordar que, por um lado, também essa providência pertencia à Lei cerimonial,
que foi abolida por Cristo (C1 2.16,17), de sorte que já não é obrigatório para os cristãos
em o Novo Testamento. Por outro lado, porém, não se abusará da abolição da Lei do
dízimo com vistas à negligência da oferta liberal, visto que, também em o Novo
Testamento, Deus exorta os seus santos a que ofertem continuamente e com
liberalidade. (2 Co 9.6 7)

Todavia, por mais que Deus queira em o Novo Testamento ofertas constantes e liberais,
tanto quanto quis em o Antigo Testamento, ele realiza o seu propósito, não por meio de
ordens e ameaças, mas de apelos ao amor dos seus filhos, que está profundamente
radicado em sua própria manifestação de graça e misericórdia em Cristo. (2 Co 8.7-10)

Lutero chama a atenção para essa distinção entre o Antigo e o Novo Testamentos, ao
escrever (S. L., XII, 337): “No Antigo Testamento, era (aos judeus) ordenado que, sobre
e além de todo o dízimo anual, deviam dar aos levitas, contribuíssem, cada terceiro ano,
um dízimo especial para os pobres, as viúvas e os órfãos, etc. Ora, tais ofertas não são,
em o Novo Testamento, expressamente determinadas nem exigidas por Leis específicas;
porquanto é este um tempo de graça, em que cada um é admoestado a fazê-lo de livre
vontade, conforme escreve São Paulo”. (G1 6.6)

Portanto, Paulo nos ensina que a nossa contribuição/oferta/dádiva deve ter características de
‘o que puder’ e ‘conforme a sua prosperidade’ (1 Cor. 16:2), ‘generosidade’ (2 Cor. 8:2),
‘voluntariedade’ e ‘na medida de suas posses’ (2 Cor. 8:3), ‘amor’ (2 Cor. 8:8), ‘prontidão de vontade’
e ‘segundo o que tem, e não segundo o que não tem’ (2 Cor. 8:12), e ‘segundo propôs no seu coração’
(2 Cor. 9:7). Neste sentido, cabe aqui a reflexão do de David Croteau, 87 que diz:
Os proponentes dos dízimos normalmente fracassam em reconhecer que dizimar é uma
parte integral do sistema sacrificial veterotestamentário que tem sido, de uma vez por
todas, realizada em Cristo. Hebreus, Rom. 10:4, e Mateus 5:17-20 todos apontam para

87
A Biblical and Theological Analysis of Tithing, 2005, p. 270.
Página 60 de 108
essa realidade. Isto pode ser a melhor razão pela qual o dizimar não é ordenado na era
do novo pacto: foi cumprido em Cristo.
Quanto às confissões históricas, as confissões de fé Belga, o Catecismo de Heidelberg, os
Cânones de Dort, a Confissão de Westminster, os Catecismos Maior e Breve de Westminster, a
Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 e o Livro de Concórdia das igrejas luteranas
confessionais não estabelecem o valor exato, ou mínimo, de 10% aos cristãos. Aliás, nesses símbolos
de fé não se encontra qualquer menção aos quatro dízimos do sacerdócio levítico-cerimonial que já
estão abolidos. 88 E The Dordrecht Bible Commentary: The Pentateuch (O Comentário Bíblico de Dort:
O Pentateuco), que era uma Bíblia de estudo com notas explicativas usada pelos reformadores,
identifica com clareza que existia quatro dízimos, porém não vincula estes quatro dízimos aos cristãos.
Confira também as citações de teólogos e pregadores de diversas denominações em relação aos
dízimos na Seção 4.1 Citações de Teólogos.
Em suma, cabe compartilhar aqui um resumo dos princípios neotestamentários a serem
utilizados pela igreja em sua mordomia financeira, de autoria de Köstenberger e Croteau (2006, p.
258) 89 numa tabela que foi traduzida e adaptada abaixo:
Princípio Descrição Referência
1 Sistemático Dê regularmente, ou seja, semanalmente, 1 Cor 16:[2]
quinzenal, mensal, etc.
2 Proporcional Dê conforme você prosperou; 1 Cor 16:2, 2 Cor 8:2–3
de acordo com sua capacidade
3 Sacrificial, Dê generosamente, até mesmo sacrificialmente, 2 Cor 8:2–3, Filip 4:17–
Generoso mas não ao ponto de aflição pessoal 18
4 Intencional Dê deliberadamente para atender a uma 2 Cor 8:4, Filip 4:16
necessidade genuína, não por culpa meramente
para atender a um pedido urgente
5 Motivação Nossa motivação para dar deve ser o amor pelos
outros, o desejo de reciprocidade e tendo em vista
a recompensa de Deus.
a Amor Como Jesus morreu pelos pecados dos outros, os 2 Cor 8:[8-]9
crentes devem dar de si mesmos a partir do amor
b Equidade Os crentes devem dar para que todas as 1 Cor 91:14–15, 2 Cor
necessidades sejam atendidas 8:12–14; cf. Gál 6:6
c Bênção Dê para receber mais de Deus para que você possa 2 Cor 9:6
continuar a abençoar os outros generosamente

88
Ibidem.
89
Minha tradução. Tabela original, “Table 1. Principles of New Testament Giving” In: “Reconstructing a Biblical Model for
Giving: A Discussion of Relevant Systematic Issues and New Testament Principles”. Bulletin for Biblical Research,
16.2, 2006, p. 258.
Página 61 de 108
6 Alegria Deus ama ao que dá com alegria 2 Cor 9:7
7 Voluntário O dadivar deve ser feito de a partir da livre vontade 2 Cor 8:2–3, 8; 9:7; Filip
da pessoa 4:18

3.1 Princípios do Antigo Testamento sobre o dadivar voluntário para a igreja


neotestamentária
Como vimos anteriormente, a igreja neotestamentária deve basear-se em dádivas com
características de ‘o que puder’ e ‘conforme a sua prosperidade’ (1 Cor. 16:2), ‘generosidade’ (2 Cor.
8:2), ‘voluntariedade’ e ‘na medida de suas posses’ (2 Cor. 8:3), ‘amor’ (2 Cor. 8:8), ‘prontidão de
vontade’ e ‘segundo o que tem, e não segundo o que não tem’ (2 Cor. 8:12), e ‘segundo propôs no
seu coração’ (2 Cor. 9:7). Outrossim, faz-se necessário ressaltar que o Antigo Testamento continha
ensinos sobre o dadivar voluntário que estavam fora da estrutura levítica-cerimonial detalhada dos
quatro dízimos e das ofertas obrigatórias (ofertas pelo pecado e ofertas pela culpa). Assim sendo, é
necessário que a igreja utilize, além dos versículos-chave acima, outras passagens
veterotestamentárias sobre o ensino do dadivar voluntário. Nesse sentido, nesta seção veremos mais
princípios que servirão para guiar o cristão no caminho correto da mordomia cristã concomitantemente
com os princípios neotestamentários já discorridos anteriormente e destacados acima.
No contexto da formação do Tabernáculo, Deus manda Moisés dizer ao povo israelita que
tragam uma oferta, a qual era voluntária como diz Êx. 25:2, “de todo o homem cujo coração se mover
voluntariamente” (ACF/ARC). Em Êx. 35:5, Moisés dá essa ordem ao povo dizendo, “cada um, cujo
coração é voluntariamente disposto...” e ele especifica os tipos de materiais a ser contribuídos, sem,
contudo, ordenar ou sugerir uma quantia específica, o que corresponde à natureza voluntária da
oferta. Vemos a resposta do povo em Êx. 35:21-22, “21 E veio todo o homem, a quem o seu coração
moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao SENHOR
para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas. 22 Assim
vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e
braceletes, todos os objetos de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao SENHOR”. Podemos
concluir que o dadivar veterotestamentário, fora da estrutura levítica-cerimonial detalhada dos quatro
dízimos, era generosa, disposta, voluntária e de coração.
Levítico 22:23 (ACF) “Porém boi, ou gado miúdo, comprido ou curto de membros, poderás
oferecer [por] oferta voluntária, mas por voto não será aceito”. Existia também uma oferta voluntária

Página 62 de 108
que, como explica Croteau (2010, capítulo 8), “distinguia-se das outras porque as restrições impostas
a muitas das ofertas não se aplicavam a esta oferta (cf. Lv 22:23)”. 90
Em Deuteronômio 16:16-17 (ACF), Moisés diz, “16 Três vezes no ano todo o homem entre ti
aparecerá perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos [pães] ázimos, e na festa
das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante o SENHOR; 17 Cada
um, conforme ao dom da sua mão, conforme a bênção do SENHOR teu Deus, que lhe tiver dado.” O
dadivar/ofertar era obrigatório (“porém não aparecerá vazio”) nessas três festas que deveriam ser
celebradas em Jerusalém, porém nenhuma quantia específica foi ordenada, o que deixava o israelita
livre para escolher uma quantia de acordo com sua proporção pessoal (“conforme ao dom da sua
mão” ou “na proporção em que possa dar” na ARA).
Seguem mais alguns versos do Antigo Testamento sobre ofertas voluntárias, sem, contudo,
prescrever nenhuma quantia específica:
1 Crônicas 29:9 “E o povo se alegrou porque contribuíram voluntariamente; porque, com
coração perfeito, voluntariamente deram ao SENHOR; e também o rei Davi se alegrou com grande
alegria”.
Provérbios 3:9-10 “9 Honra ao SENHOR com os teus bens, e com a primeira parte de todos
os teus ganhos; 10 E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.”
Provérbios 11:24-25 “24 Ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que
é justo, é para a sua perda. 25 A alma generosa prosperará e aquele que atende também será
atendido.”
Podemos concluir que dentro da estrutura da lei mosaica, os israelitas tinham autonomia para
escolher, com base em sua voluntariedade e proporção de rendimento, a quantia e quais itens a serem
oferecidos a Deus. É verdade também, como vemos nas duas passagens acima de Provérbios que a
prosperidade é uma consequência de horar a Deus com bens e primícias, sem, contudo, nenhuma
quantia específica universal ser imposta sobre todas as pessoas.

90
Minha tradução.
Página 63 de 108
4. Teólogos a favor de ofertar/dadivar no Novo Testamento sem uma quantia
específica universal

“Alguns Teólogos e historiadores que concordam” [que a quantia a ser contribuída sistematicamente
à igreja local é escolhida pelo indivíduo], compilado por Dr. Russell Kelly:
Disponível em: <http://www.tithing-russkelly.com/id2.html>.

Estes não ensinam os dízimos:


Craig Blomberg, Geoffrey W. Bromiley, F. F. Bruce, Lewis Sperry Chafer; James Darby, Alfred
Edersheim, Walter Elwell, Everett F. Harrison, Carl F. Henry, C. H. Lenski, Zola Levitt, John
MacArthur, J. Vernon McGee, Bruce Metzger, Moody Bible Institute, Mike Oppenheimer, John Owen,
Dwight Pentecost, John Piper, Charles Ryrie, Thomas R. Schreiner, C. I. Scofield, Charles H.
Spurgeon, Charles Swindoll, Merrill Unger, e Spiros Zodhiates.
[Josephus, também].

Oponentes dos dízimos na história compilado por Dr. David Croteau, Liberty University, You Mean I
Don’t Have to Tithe?, p. 271-292. Disponível em: <http://www.tithing.com/blog/tithing-opponents-
throughout-history/> Acesso em: 2012.

Clement of Rome 100 Quakers 1768


Didache 100 John Gill 1771 Baptist
Justin Martyr 165 John Wesley 1791
Tertullian 230 BAPTISTS IN AMERICA 1800s
Origen 255 Adam Clarke 1832 Baptist
Cyprian 258 Charles Buck 1833
Waldenses 1150+- J C Philpot 1835 Baptist
Thomas Aquinas 1275 Charles H Spurgeon 1832 Baptist
John Wycliff 1384 Parsons Cooke 1850
John Huss 1415 Samuel Harris 1850
German Peasants 1520 Edward A Lawrence 1850
Anabaptists 1525 John Peter Lange 1876
Erasmus 1536 Henry William Clark 1891 Engllish
Otto Brumfels 1534 S H Kellogg 1891
Martin Luther 1546 G Campbell Morgan 1898 Congregational
Philip Melanchthon 1560 Albert Vail 1913 Baptist
Separatists Amsterdam 1603 Frank Fox 1913
John Smythe 1609 Baptist David MaConaughy 11918 Episcopal
John Robinson 1610 William Pettingill 1932
English Parliament 1650+- John Harvey Grime 1934 Baptist
Puritans & Pilgrims Mass 1650+- John T Mueller 1934 Lutheran
John Cotton 1652 Puritan H E Dana 1937 Bapt Historian
Roger Williams 1636 Baptist R C H LENSKI 1946 Lutheran
Little Parliament 1653 Lewis Sperry Chafer 1948 DTS Foundeer
Oliver Cromwell 1658 W E Vine 1949
John Milton 1658 Puritan James F Rand 1953
Particular Baptists 1660 Francis Pieper 1953 Lutheran
John Owen 1680 Ray Stedman 1951
Francis Turretin 1687 L L McR 1955 Catholic
John Bunyan 1688 Baptist Paul Leonard Stagg 1958 Baptist
Página 64 de 108
Hiley H Ward 1958 Baptist J VERNON MCGEE 1999
Roy T Cowles 1958 Jerome Smith 1992
Elizabeth P Tilton 1958 CRAIG BLOMBERG 1993 Denver Seminary
R C Rein 1958 Lutheran J Duncan M Derrett 1993
Robert A Baker 1959 Bapt Historian Walter Kaiser Jr 1994 Gordon-Cromwell
Wick Bromall 1960 Moises Silva 1994
John Byron Evans 1960 Benny D Prince 1995
Norman Tenpas 1967 Brian K Morley 1996
James Edward Anderson 1967 Linda L Belleville 1996
Alfred Martin 1968 Ron Rhodes 1997
CHARLES C RYRIE 1969 DTS Ernest L Martin 1997
Jerry Horner 1972 S Baptist Michael Webb 1998
Pieter Verhoef 1974 R Johnston 1999
Dennis Wretlind 1975 Mark Snoeberger 2000 Baptist
Jack J Peterson 1978 Pres Stuart Murray 2000 Eng
Donald Kraybill 1978 George W Greene 2000
Jon Zens 1979 Baptist Old Line Primitive Baptists 2000
Richard Cunningham 1979 S Bapt Jaime Cardinal Sin 2000 Cath Archbishop
Gary Frieson 1980 RUSSELL EARL KELLY 2001 Baptist
JOHN MACARTHUR 1982-2000 Jonathan Kitchcart 2001
Paul Fink 1982 Frank Viola 2002
George Monroe Castillo 1982 George Barna 2002
Tony Badillo 1984 Michael Morrison 2002
James M Boice 1986 Elliott Miller 2003
Michael E Oliver 1986 Rest Matthew Narramore 2004
W Clyde Tilley 1987 David Alan Black 2004 Baptist SEBTS
Scott Collier 1987 Andreas Köstenberger 2007 Baptist SEBTS
Ronald M Campbell 1987 Danny Akin 2007 Baptist SEBTS
R E O White 1988 Mark Driscoll 2008
William McDonald 1989 Roman Catholic Church
Charles Swindoll 1990 Dallas Seminary Jehovah’s Witnesses
Rhodes Thompson 1990 New Worldwide Church of God

4.1 Citações de teólogos

A obra editada por Bruce M. Metzger, teólogo presbiteriano que é uma das maiores autoridades
da crítica textual do Novo Testamento, afirma:
“O Novo Testamento em nenhum lugar explicitamente requer a prática do dízimo para
manter um ministério ou lugar de assembleia”. 91 O texto original diz: “The New Testament
nowhere explicitly requires tithing to maintain a ministry or a place of assembly” (Bruce M.
Metzger and Michael D. Coogan, Oxford Companion to the Bible, 1993, p. 745).

F. F. Bruce, um grande teólogo presbiteriano, afirmou:


“Cada cristão deve chegar a uma decisão conscienciosa a respeito desse assunto diante
de Deus, e não contentar-se em submeter-se às declarações dogmáticas dos outros; e será
surpreendente se a graça não o impelir a dar proporção maior do que a lei alguma vez

Minha tradução.
91

Página 65 de 108
demandou”. 92 O texto original diz: “Each Christian must come to a conscientious decision on
this subject before God, and not be content to submit to the dogmatic statements of others;
and it will be surprising if grace does not impel him to give a larger proportion than ever the
law demanded” (Frederick Fyvie Bruce, Answers to Questions, 1978, p. 243).
Outra citação de F. F. Bruce afirma (colchetes e negritos são meus):
“Os princípios do dadivar cristão são claramente estabelecidos nas epístolas à igreja de
Corinto (1 Cor. 16:1, 2; 2 Cor. 8-9). Esses [princípios] não excluem o dízimo como uma base
conveniente para o dadivar proporcional, nem esses [princípios] limitam alguém ao
dízimo”. 93 O texto original diz: “The principles of Christian giving are clearly set forth in the
epistles to the Corinthian church (1 Cor 16:1, 2; 2 Cor 8-9). They do not exclude the tithe as
a convenient basis for proportionate giving, nor do they limit one to the tithe” (Frederick
Fyvie Bruce, The Spreading Flame, 1958, p. 192).
Portanto, para F. F. Bruce, os princípios do dadivar cristão não excluem, e nem impedem, uma
pessoa de contribuir um valor correspondente a 10%; e os princípios do dadivar cristão não limitam a
contribuição de uma pessoa ao valor correspondente a 10%. Assim, uma vez que a contribuição
financeira não é limitada, o dadivar cristão pode corresponder a menos de 10%, a exatamente 10%,
ou a mais de 10%.

A Wycliffe Bible Dictionary of Theology [Dicionário Bíblico Wycliffe de Teologia]― em que um


dos editores, Carl F. Henry, foi um grande teólogo presbiteriano― afirma que a lei de dizimar,
assim como a lei da circuncisão, não podem ser validadas no Novo Testamento (colchetes e
negritos são meus):
“O silêncio dos escritores do N.T., particularmente Paulo, a respeito da validade presente
do dízimo pode ser explicada somente na base de que a dispensação da graça não tem
mais lugar para uma lei de dizimar assim como essa [dispensação da graça] não tem
[lugar] para uma lei de circuncisão”. 94 O texto original diz: “The silence of the N.T. writers,
particularly Paul, regarding the present validity of the tithe can be explained only on the
ground that the dispensation of grace has no more place for a law of tithing than it has
for a law on circumcision” (HARRISON, Everett F., BROMILEY, Geoffrey W., HENRY, Carl
F. Henry, editors. Wycliffe Dictionary of Theology, Orig. Baker’s Dictionary, 1960 (Peabody:
Hendrickson, 1999), s.v. “tithe.” APUD KELLY, 2007, p. 173).

John Owen, um puritano e grande teólogo inglês, escreveu (colchetes e negritos são meus):
“[...] não é um apelo seguro para muitos insistirem nisso [o apelo], de que os dízimos são
devidos e divinos, como eles dizem,─ isto é, mediante a vinculação da lei de Deus,─ agora
sob o evangelho. . . . A lei exata de dizimar não está confirmada no evangelho . . . é
impossível que qualquer uma determinada regra seja prescrita a todas as pessoas”. 95 O
texto original diz: “[…] it is no safe plea for many to insist on, that tithes are due and divine,
as they speak,- that is, by a binding law of God,- now under the gospel. . . . The precise law

92
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93
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of tithing is not confirmed in the gospel . . . it is impossible any one certain rule should
be prescribed unto all persons” (Works, vol. 21, pp. 324, 325). 96

John Owen também comenta que:


“pois os judeus julgam, e isso corretamente, que a lei de dizimação lícita não estendeu-se
para além dos limites da terra de Canaã, uma evidência suficiente que ela[a lei de dizimar]
era positiva e cerimonial”. Original em inglês diz: “for the Jews do judge, and that rightly,
that the law of legal tithing extended not itself beyond the bounds of the land of Canaan, a
sufficient evidence that it was positive and ceremonial”. (OWEN, John. An Exposition of the
Epistle to the Hebrews. Vol. 5, ed. Goold, 1855, p. 376).

B. B. Warfield (1851-1921), um grande teólogo reformado, escreveu (negritos, colchetes e


itálicos são meus):
“O Dr. Witherow mui admiravelmente diz com palavras que far-nos-iam bem a ponderar:
‘Quando nos é dito por parte de céticos que estamos obrigados, pela Bíblia, a pagar dízimos,
a executar o idólatra e blasfemador, a matar o transgressor-do-Sabbath e a bruxa, a nossa
resposta é que o decreto apostólico liberta completamente dessas e todas as outras
peculiaridades da economia judaica antiga. Essas [peculiaridades] não são nomes dentre
as exceções, e portanto, não são de força vinculante nos crentes gentílicos (p. 193)’”. 97
Em inglês: “Dr Witherow most admirably says in words which it would do us good to ponder:
‘When told by sceptics that we are bound by the Bible to pay tithes, to execute the idolater
and blasphemer, to put the Sabbath-breaker and witch to death, our answer is that the
apostolic decree sets entirely free from these and all other peculiarities of the old Jewish
economy. They are not names among the exceptions, and therefore are of no biding force
upon the Gentile believers (p.193)'” (Benjamin Breckinridge Warfield, The Presbyterian
Review, vol. 10, p. 332; 1888).

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), teólogo e pastor batista calvinista, escreveu


(colchetes e negritos são meus):
“Mas você não está sob um sistema semelhante aquele pelo qual os judeus eram
obrigados a pagar dízimos aos sacerdotes. Se houvesse qualquer regra como tal no
Evangelho, isso destruiria a beleza do dadivar espontâneo e removeria todo florescimento
do fruto da sua liberalidade! Não existe lei para me dizer o que devo dar ao meu pai no
aniversário dele. Não há regra estabelecida em qualquer livro para decidir qual presente um
marido deve dar a sua esposa, nem qual símbolo de afeição deveríamos conceder aos
outros os quais amamos. Não, o presente deve ser um [presente] gratuito, ou esse
[presente] tem perdido toda a sua doçura”. 98 Em inglês: “But you are not under a system
similar to that by which the Jews were obliged to pay tithes to the priests. If there were
any such rule laid down in the Gospel, it would destroy the beauty of spontaneous giving
and take away all the bloom from the fruit of your liberality! There is no law to tell me what I
should give my father on his birthday. There is no rule laid down in any law book to decide
96
“The New Testament Tithe?”. Disponível em: <http://thirdmill.org/answers/answer.asp/file/43275>. ThirdMill é um
ministério cristão reformado.
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98
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what present a husband should give to his wife, nor what token of affection we should bestow
upon others whom we love. No, the gift must be a free one, or it has lost all its sweetness”
(Christ’s Poverty, Our Riches. Sermão 2716. April 18, 1880). 99

David Croteau, teólogo batista, afirma que:


“Os proponentes dos dízimos normalmente fracassam em reconhecer que dizimar é uma
parte integral do sistema sacrificial veterotestamentário que tem sido, de uma vez por todas,
realizada em Cristo. Hebreus, Rom. 10:4, e Mateus 5:17-20 todos apontam para essa
realidade. Isto pode ser a melhor razão pela qual o dizimar não é ordenado na era do novo
pacto: foi cumprido em Cristo”. 100 Em inglês: “Tithing proponents typically fail to recognize
that tithing is an integral part of the Old Testament sacrificial system that has been once and
for all fulfilled in Christ. Hebrews, Rom 10:4, and Matthew 5:17-20 all point to this reality.
This may be the best reason why tithing is not commanded in the new covenant era: it was
fulfilled in Christ” (A Biblical and Theological Analysis of Tithing, 2005, p. 270). 101

John Bunyan (1628-1688), puritano e autor do livro O Peregrino, escreveu:


“... esse pagar dos dízimos era cerimonial, o qual veio e foi-se com o sacerdócio típico”. 102
Em inglês: “… this paying of tithes was ceremonial, such as came in and went out with the
typical priesthood” (The Works of John Bunyan, 1861, p. 224). 103

Martinho Lutero (1483-1546) escreveu (colchetes não são meus; negritos são meus):
“Mas os outros mandamentos de Moisés, os que não são [implantados em todos os homens]
por natureza, os gentios não guardam. Nem esses pertencem aos gentios, tal como o
dízimo...”. 104 Em inglês: “But the other commandments of Moses, which are not [implanted
in all men] by nature, the Gentiles do not hold. Nor do these pertain to the Gentiles, such
as the tithe” (How Christians Should Regard Moses; Agosto 27, 1525). 105

Franz August Otto Pieper, um teólogo luterano, escreveu em sua Dogmática (negritos e
colchetes são meus):
“Nós professores luteranos deploramos e reprovamos, como pecado, o fato inegável que os
cristãos neotestamentários fazem uso de sua libertação do dízimo veterotestamentário para
desculpar a sua indolência quanto ao contribuir para os propósitos da Igreja, particularmente
para missões. Ademais, Lutero reprovou esse pecado. Mas sabemos também que a Igreja
cristã nunca ordena onde a Escritura não ordena. A obrigação de pagar o dízimo tem
sido abolido no Novo Testamento. Enquanto a Escritura do Novo Testamento inculque
essa obrigação de dadivar generosa e incansavelmente, a mesma [a Escritura do Novo
Testamento] deixa a quantidade exata e os detalhes das contribuições ao

99
Disponível em: <http://www.spurgeongems.org/vols46-48/chs2716.pdf>.
100
Minha tradução.
101
Minha tradução.
102
Minha tradução.
103
Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?id=UFsJAAAAQAAJ&pg=PA224&redir_esc=y#v=snippet&q=paying%20of%20tithes
&f=false>.
104
Minha tradução
105
Disponível em: <http://www.martinluthersermons.com/Luther_How_Christians_Moses.pdf>, página 7.
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discernimento e liberdade cristãos”. Em inglês: “We Lutheran professors deplore and
reprove as sin the undeniable fact that New Testament Christians make use of their
deliverance from the Old Testament tithe to excuse their indolence in contributing for the
purposes of the Church, particularly for missions. Also Luther reproved this sin. But we also
know that the Christian Church never commands where Scripture does not command. The
obligation to pay the tithe has been abolished in the New Testament. While the New
Testament Scripture inculcates that obligation of generous and untiring giving, it leaves the
exact amount and the details of the contributions to Christian insight and freedom”
(PIEPER, Francis. Christian Dogmatics, vol. 3, tradução de Walter W. F. Albrecht. St. Louis:
Concordia, 1953, p. 50). 106

Matthew Henry (1662-1714), teólogo, pastor e comentarista puritano, escreveu (negritos e


colchetes são meus):
“A décima [parte] é uma proporção muito adequada a ser devotada a Deus e empregada
para Ele, no entanto, conforme as circunstâncias variam, a décima [parte] pode ser mais
ou menos, ao passo que Deus nos prospera...”. 107 Em inglês: “The tenth is a very fit
proportion to be devoted to God and employed for him, though, as circumstances vary, it
may be more or less, as God prospers us…” (Matthew Henry’s Commentary on the Whole
Bible. Gênesis 28, versos 16-22). 108

Russell Earl Kelly, teólogo batista, escreveu:


“Este livro apoia plenamente tal dadivar como uma oferta-voluntária e uma resposta de fé
do coração motivado por amor e pelo Espírito Santo. Entretanto, o autor está igualmente
convencido de que pregar um dez por cento obrigatório (o chamado dízimo) da renda bruta,
independentemente das circunstâncias, não tem base bíblica e causa mais danos do que
bem ao corpo de Cristo”. 109 Em inglês: “This book fully supports such giving as a freewill-
offering and a faith response from the heart motivated by love and the Holy Spirit. However,
the author is equally convinced that preaching a mandatory ten percent (so-called tithe) of
gross income, regardless of circumstances, is unscriptural and causes more harm than good
to the body of Christ” (KELLY, 2007, p. 1).

John MacArthur Jr. afirma, “… os cristãos não estão sob obrigação de dar uma quantia
específica à obra do seu Pai celestial. Em nenhuma de suas formas o dízimo ou quaisquer
outros impostos do Velho Testamento aplicam-se aos cristãos” (Commentary on the Book
of Romans 9-16. Moody Bible Institute, p. 233).
O teólogo e pastor John MacArthur Jr. explica isso, também, em seu artigo intitulado “Deus
requer que eu dê o dízimo de tudo quanto ganho?”, disponível no sítio Monergismo de teologia
reformada: <http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/dizimo_mac.htm>.

R. C. Sproul, pastor e teólogo presbiteriano, escreveu:


“Em nenhum lugar o Novo Testamento especificamente requer o dizimar para os cristãos .
. . O Novo Testamento não nos dá uma instrução específica sobre dizimar . . . não temos
106
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107
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108
Disponível em: <http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/genesis/28.html>.
109
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uma diretriz específica no Novo Testamento de porcentagens”. Original em inglês, diz:
“Nowhere does the New Testament specifically require tithing for Christians . . . The New
Testament does not give us a specific instruction about tithing . . . we have no specific
guideline in the New Testament of percentages.” R.C. Sproul, "What about Tithing?,"
Tabletalk, vol. 3, number 5, 1979, p. 10. In: This is My Beloved Son, Hear Him. ZENS, Jon.
Searching Together. Summer-Winter 1997, Vol. 25:1,2,3. páginas 89-93. [página 65 do
PDF], disponível em:
<http://resources.grantedministries.org/article/this_is_my_beloved_son_hear_him_j_zens.
pdf>.

James Montgomery Boice, teólogo e pastor presbiteriano, escreveu que (negritos são meus):
“Ás vezes nos períodos de perguntas-e-respostas sou perguntado se cristãos nos dias de
hoje são obrigados a dizimar. Suspeito que o perguntante queira saber quão pouco ele deve
contribuir às causas cristãs e quanto ele pode guardar para si mesmo. Respondo com o
que creio ser uma declaração adequada do caso, isto é, que o dízimo era uma regulação
veterotestamentária concebida para o suporte de uma classe particular de pessoas.
O dízimo não foi transferido para o Novo Testamento. Em nenhum lugar no Novo
Testamento os crentes são instruídos a darem um décimo específico ou qualquer
outra proporção de sua renda aos projetos cristãos”. 110 Em inglês: “Sometimes in
question-and-answer periods I am asked whether Christians today are obliged to tithe. I
suspect the questioner wants to know how little he must give to Christian causes and how
much he can keep for himself. I reply with what I believe to be a proper statement of the
case, namely, that the tithe was an Old Testament regulation designed for the support
of a particular class of people. It was not carried over into the New Testament.
Nowhere in the New Testament are believers instructed to give a specific tenth or any
other proportion of their income to Christian projects” (BOICE, James Montgomery. The
Minor Prophets: Two Volumes Complete in One Edition (Grand Rapids: Kregel, 1986), vol
2, p. 255).

Ulrico Zwíglio (ou Zwinglio) foi um dos principais líderes da Reforma Protestante. Earle Cairns
relata que (negritos são meus):
“Zwinglio levantou a primeira bandeira da Reforma quando declarou que os dízimos pagos
pelos fiéis não eram exigência divina, sendo, pois, o seu pagamento uma questão de
voluntariedade. Isto abalou as bases financeiras do sistema romano” (CAIRNS, Earle E.
A Reforma na Suiça. 2ed. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 245)

The 1599 Geneva Study Bible 111 [A Bíblia de Estudo de Genebra de 1599], em inglês, contém
uma nota de rodapé em Hebreus 7:18 que não existe na versão em português da Bíblia de Estudo de
Genebra. Primeiro, vejamos o versículo em inglês como consta na 1599 Geneva Study Bible:
“18 1For the 2commandment that went afore, is disannulled, because of the weakness thereof, and
unprofitableness”. Segundo, vejamos a nota de rodapé desse versículo:
“7:18 1 Again, that no man might object that the last Priesthood was added to make a
perfect one, by the coupling of them both together, he proveth that the first was abrogated

110
Minha tradução.
A 1599 Geneva Study Bible está disponível no seguinte sítio de teologia reformada: <http://www.apuritansmind.com/wp-
111

content/uploads/PDF/GenevaBiblePatriotEdition.pdf>. Esta citação encontra-se na p. 1266.


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by the latter as unprofitable, and that by the nature of them both. For how could those
corporal and transitory things sanctify us, either of themselves, or being joined with
another?
2 The ceremonial law”.

Segue-se minha tradução desta nota de rodapé, pois a Bíblia de Estudo de Genebra, na edição
brasileira, não a traduziu (colchetes são meus):
“7:18 1 De novo, para que nenhum homem possa objetar que o último Sacerdócio foi
acrescentado para fazer um [sacerdócio] perfeito, pelo acoplamento de ambos deles
juntos, ele [o escritor de Hebreus] prova que o primeiro foi ab-rogado pelo último como
sendo inútil, e isso por meio da natureza delas ambas. Pois como poderia aquelas coisas
corpóreas e transitórias nos santificar, seja de si mesmas, ou sendo juntadas com outras?
2 A lei cerimonial.”.

Hebreus 7:18, na edição brasileira, diz: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por
causa de sua fraqueza e inutilidade”. A “anterior ordenança”, de acordo com a nota de rodapé da
edição de 1599 da Geneva Study Bible, é a lei cerimonial. Uma tradução mais precisamente feita com
base na Geneva Study Bible de 1599 é: “Pois o mandamento anterior é anulado por causa de sua
fraqueza e inutilidade”.

João Calvino também manifestou-se sobre esse assunto. Veja a análise do presbítero Túlio
Cesar Costa Leite, da Igreja Reformada Presbiteriana de Maricá, em seu artigo intitulado “O
Dízimo”, disponível no sítio Monergismo de teologia reformada:
<http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/o-dizimo_tulio.pdf>.

The Dordrecht Bible Commentary: The Pentateuch (O Comentário Bíblico de Dort: O


Pentateuco), que era uma Bíblia de estudo com notas explicativas usada pelos reformadores
(negritos são ênfase minha):

Lev 27:30. Também todas as dízimas da terra, do fruto das árvores, pertencem ao Senhor,
são santas ao Senhor. [Havia quatro tipos de dízimas. 1. As dízimas anuais ordinárias dos
levitas, mencionadas neste lugar, Núm. 18. 21. etc. Deut. 14. 22, etc. e 25. verso 12, & c. 2
Crôn. 31. verso 5. Neem. 10. versículo 37. Heb. 7. 9, 10. 2. a dízima que os levitas deviam
dar ao sumo sacerdote daquelas dízimas, Núm. 18. versículo 26, etc. 3. As décimas anuais,
das quais os israelitas, juntamente com as suas famílias, e os levitas se haviam de alegrar
perante o SENHOR, Deut. 12. 17, 18. e cap. 14. 22, 23. 4. As dízimas trienais em favor dos
levitas, dos pobres, das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros, Dt. 14. 28. e cap. 26. 12]

“A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não
posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha
consciência não é nem correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa
fazer. Que Deus me ajude. Amém.” - Martinho Lutero

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5. Considerações finais

Com relação ao argumento “O dízimo existia antes da Lei”, nenhuma das duas referências
bíblicas do dízimo antes da Lei Mosaica ordena alguém a dar o dízimo das colheitas, dos rebanhos e
nem dos despojos da guerra. Abrão e Jacó deram por motivos diferentes um do outro e sem Deus ter
pedido ou ordenado.
a. Abrão – deu dízimo dos despojos uma única vez (“[...] o patriarca Abraão deu os dízimos
dos despojos”, Heb. 7:4) e os outros 90% dos despojos foram devolvidos ao rei de Sodoma (Gn 14:21-
24). A lei mosaica não existia para obrigar Abrão ou os judeus a darem os dízimos das colheitas e
rebanhos (Lv. 27:30, 32). De acordo com a lei Mosaica, o dízimo dos despojos era 1% para os levitas
(Núm. 31:27-28) e 0.1% para os sacerdotes (Núm. 31:29-30). Portanto, a quantia de despojos de
guerra de acordo com a lei mosaica difere da quantia dos despojos que Abrão deu a Melquisedeque.
b. Jacó – a Bíblia não diz se ele deu o dízimo que havia barganhado com Deus caso as
suas cinco (5) condições fossem cumpridas em primeiro lugar (Gn 28:20-22). Se houvesse um
mandamento para dizimar, não haveria espaço para Jacó barganhar; mandamentos exigem
obediência ao invés de barganhas.
A forma e costumes com base nos quais os povos antigos praticavam alguma décima parte de
despojos ou de alimentos variava e eram diferentes entre si, como bem explica Croteau (2013)
Por exemplo, na Arábia, o dízimo era pago sobre o incenso, mas sobre o solo que era
regado pela chuva (ou seja, pelo seu deus Baal) era devido 20 por cento: um dízimo
duplo. Cada nação e sociedade tinha regras e leis radicalmente diferentes relacionadas
com o “dízimo”. Alguns itens estavam sujeitos ao dízimo, outros não. Algumas vezes os
itens tinham que ser “duplamente dízimos” (isto é, 20 por cento), outras vezes não. De
fato, as diferenças superam em muito as semelhanças.
Ademais, é popular o argumento de que “Temos que devolver 10% da nossa renda a Deus”,
mas não há na lei cerimonial mosaica apenas um único dízimo, mas sim quatro dízimos:
a. O dízimo do Levita – 10% (Nm 18; Lv 27:30-34);
b. O dízimo das Festas do Senhor – 10% (Dt 12:1-19 e 14:22-29);
c. O dízimo dos Pobres, dos quais não apenas os pobres se beneficiavam, mas também
os órfãos, viúvas, estrangeiros, e levitas, os quais eram contados dentre os pobres (Dt 14:28-
29 e 26:12-13). Conforme as leis cerimoniais, os pobres não davam dízimos, mas, do contrário,
recebiam dízimos. Em nossos dias, se uma pessoa quiser dar esse dízimo, ela pode praticá-lo:
uma vez por ano dividindo por três, pois foi estabelecido para ser dado a cada três anos – 10/3
(3.333%); ou, se a pessoa não der esse dízimo nos primeiros dois anos, mas apenas a cada
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terceiro ano, ela deverá dar 10% desse dízimo. Nesse último caso, ela estaria dando um total
de 30% de dízimos;
d. Os dízimos dos dízimos para os sacerdotes – Nm 18:26,28.
Por exemplo, a soma dos três primeiros dízimos citados acima equivale a mais de 20%. Quem quiser
continuar a dizimar, conforme estabelece as leis cerimoniais do Antigo Testamento, é natural e
importante que isso seja feito com consistência interpretativa e prática, mediante a ‘devolução’ dos
outros dízimos também. É essencial crer e obedecer a todos os detalhes que Deus estabeleceu para
reger a prática dos quatro dízimos, os quais estão contidos nas leis cerimonias mosaicas e são
divinamente definidos e estabelecidos como sendo plantações (Lv 27:30), gados e rebanhos (Lv
27:32) provenientes de dentro da terra de Israel (Nm. 18:21; Dt. 12:1).
A palavra “dízimo”, ou “décima parte”, dentro dos vários contextos bíblicos, não significa “10%
de qualquer coisa”, pois os quatro dízimos são aquilo que Deus, em Sua Palavra, diz que são, e,
portanto, os aspectos de o que, como, quando, onde e por parte de quem os quatro dízimos deveriam
ser praticados não devem ser excluídos. Quem somos nós para alterarmos sequer um i ou um til de
Sua Palavra? Ninguém tem autoridade para abolir cada uma das quatro definições divinamente
estabelecidas por Deus e instituir um só único dízimo com uma nova definição contendo aspectos que
nunca foram instituídos por Deus em Sua Palavra.
Assim, com relação ao argumento popular de que “Todo cristão tem a obrigação de dizimar”, o
Velho Testamento mui clara e diretamente, longe de uma linguagem enigmática, estabeleceu que
somente os judeus (“filhos de Israel”: Nm 18:24; Lv 27:34) que viviam dentro da terra de Israel (“em
Israel”: Nm 18:21; “na terra ... de vossos pais”: Dt 12:1) e que trabalhavam com plantações/colheitas
(Lv 27:30), gados e rebanhos (Lv 27:32) podiam dar os dízimos dessas plantações/colheitas e desses
animais.
Muitas pessoas nos dias atuais ensinam erroneamente que “todo o povo de Israel entregava os
dízimos”. Mas tal declaração não está de acordo com as quatros definições divinamente inspiradas
para cada um dos quatro dízimos, pois: o dízimo dos levitas somente poderia ser proveniente “do
campo, da semente do campo, do fruto das árvores” (Lv 27:30) e “do gado e do rebanho, tudo o que
passar debaixo da vara” (Lv 27:32), sendo que estes campos, plantações e animais somente poderiam
ser provenientes de dentro da terra de Israel (“em Israel”, Nm. 18:21; “na terra...de vossos pais”: Dt
12:1; compare Dt 12:1 com Dt 12:6). Além disso, o único povo que foi ordenado a participar dessas
ordenanças cerimoniais de dízimos foram os israelitas que trabalhavam com agropecuária: “os dízimos
dos filhos de Israel” (Nm. 18:24) e “Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para
os filhos de Israel” (Lv. 27:34). Os israelitas— não todos, mas os que trabalhavam com agropecuária—
também podiam resgatar das sementes e dos frutos, mas não poderiam resgatar dos animais (“não
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serão regatados”, Lv 27:33). Se por algum motivo algum israelita agropecuário não quisesse dar o
dízimo em espécie, proveniente das sementes e frutos, ele poderia substituí-lo por dinheiro
acrescentando 20% (“a sua quinta parte sobre ela”, Lv. 27:31); o dízimo dos dízimos para os
sacerdotes significa que os levitas receberiam os dízimos dos israelitas que dizimassem de dentro da
terra de Israel as sementes do campo, os frutos das árvores, os gados e rebanhos— e desses dízimos
os levitas tirariam a décima parte e a daria aos sacerdotes (Nm 18:26,28; Ne 10:38); o dízimo das
festas do Senhor era comido anualmente (“cada ano”, Dt. 14:22), e pertencia ao próprio proprietário
do dízimo. Esse proprietário poderia comer, em Jerusalém, o seu dízimo, ou vendê-lo. Se o vendesse,
ele deveria comprar qualquer outra comida e/ou bebida, e deveria compartilhar a sua comida e/ou
bebida com os seus familiares (“tu e tua casa”, Dt. 14:26; “vossos servos, e as vossas servas”, Dt
12:12) e com os levitas (“não desampararás o levita”, Dt. 14:27). Assim como o dízimo dos levitas, o
dízimo das festas do Senhor era praticado apenas por parte dos israelitas; o dízimo dos pobres era
praticado a cada três anos, era proveniente das colheitas dos israelitas e era recolhido “dentro das
tuas portas” (Dt. 14:28). Isso significa que esse dízimo não se destinava às câmaras do templo, mas
era comido dentro das cidades em Israel por parte dos pobres, órfãos, viúvas, estrangeiros, e levitas
também (Dt. 14:29).
Há várias passagens bíblicas sobre dinheiro sendo usadas para fins diversos: na compra de
escravos (Gên. 17:12), compra de terra (Gên. 23:15), pagamentos de multas e restituições (Êx. 28),
bebidas fortes/alcoólicas (Deut. 14:26), entre outras. Deus nunca mandou os israelitas darem a décima
parte do dinheiro obtido dessas transações financeiras. Os israelitas, mesmo os que não davam
dízimos da atividade agropecuária, deveriam honrar a Deus com seus bens (Prov. 3:9), sendo a
quantidade, de comida e/ou dinheiro a ser contribuído como oferta voluntária, uma questão de decisão
pessoal.
Com relação à ideia de que “Jesus dava o dízimo!”, a Bíblia ensina que Jesus veio cumprir a
Lei e os profetas (Mat. 5:17). Por isso, Jesus obedecia à lei cerimonial (ainda em vigor em Sua época)
a qual estabeleceu quem qualificava-se para dar os dízimos, a saber: fazendeiros responsáveis por
dar a décima parte das sementes do campo e dos frutos das árvores e os pecuaristas que separavam
um de cada dez animais que passavam debaixo da vara (Lv. 27:30, 32; cf. versão NVI). Jesus era
carpinteiro (Marcos 6:3) e, por isso, não entregava nenhum dos quatro dízimos, pois carpinteiros não
plantam sementes nos campos, nem colhem frutos e nem criam gados. Ademais, conforme Levítico
2:22-24 e 12:8, vemos que José e Maria não se qualificavam para dar dízimos, pois não eram donos
de terras ou de fazendas ou de rebanhos. Eles não tinham recursos (dinheiro) para comprar um
cordeiro, pois eram pobres. Por isso, ofereceram um par de rolas ou dois pombinhos. Além disso,

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Jesus e seus discípulos se beneficiaram da Ordenança de Respigar em Mateus 12:1-12, Marcos 2:23-
24 e Lucas 6:1-2.
Dizer que não devemos praticar o sistema cerimonial levítico, 112 composto por quatro dízimos
e várias ordenanças que detalhadamente regulamentam a prática desses quatro dízimos, não significa
que o cristão não deve contribuir financeiramente à sua igreja local, pois todos os cristãos são
mordomos de Deus e, como tais, tem o dever de ajudar financeiramente a manter a obra de Deus,
sem que a Bíblia defina a soma específica. Inclusive, os pastores e mestres são dignos de serem
sustentados financeiramente pela igreja, e para isso deve-se usar a sabedoria para determinar a
quantia salarial. O apóstolo Paulo nos ensina que a nossa contribuição deve ter características de ‘o
que puder’ e ‘conforme a sua prosperidade’ (1 Cor. 16:2), ‘generosidade’ (2 Cor. 8:2), ‘voluntariedade’
e ‘na medida de suas posses’ (2 Cor. 8:3), ‘prontidão de vontade’ e ‘segundo o que tem, e não segundo
o que não tem’ (2 Cor. 8:12), ‘amor’ (2 Cor. 8:8), e ‘segundo propôs no seu coração’ (2 Cor. 9:7).
Não devemos viver de acordo com a lei cerimonial (nem, inclusive, como subponto disso,
conforme as ordenanças obrigatórias aos levitas que inclui os quatro dízimos) ou a lei civil, pois ambas
foram ab-rogadas; 113 devemos compreender e aceitar que a Bíblia ensina que os quatro dízimos são
a herança que Deus deu à tribo de Levi (Núm. 18:20-21, 23-24) juntamente com todos os
regulamentos e ordenanças que Ele estabeleceu para reger a sua prática. Por conseguinte, não creio,
com base nas Escrituras (Velho e Novo Testamentos)― e não sou a única pessoa da vertente
teológica reformada quanto a essa questão 114― que a contribuição financeira dos cristãos às suas
igrejas locais devem corresponder exatamente a 10%, ou a um mínimo de 10%; as nossas
contribuições financeiras podem corresponder a menos de 10%, podem ser exatamente 10%, e
podem ser mais de 10%. E, quanto a isso, mantenho a mesma interpretação reformada―que não é
nova e nem recente― à exemplo dos seguintes teólogos reformados, sejam eles
reformados/presbiterianos, puritanos ou batistas: Bruce Metzger, F. F. Bruce, Thomas E. Peck, James
Montgomery Boice, Ulrico Zwíglio, Jack J. Peterson, Charles Haddon Spurgeon, John Owen, John
Bunyan, John Gill, Matthew Henry, B. B. Warfield, Iain M. Duguid, T. David Gordon e Túlio Cesar Costa
Leite, e também à exemplo de Martinho Lutero e os luteranos Franz (Francis) Pieper e John Theodore
Mueller. Quanto a algumas confissões de fé, os Padrões de Westminster, as Três Formas de Unidade,

112
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as
leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
113
Ibidem.
114
Ver as citações de Bruce Metzger, F. F. Bruce, Thomas E. Peck, James Montgomery Boice, Ulrico Zwíglio, Charles
Haddon Spurgeon, John Owen, John Bunyan, Matthew Henry, B. B. Warfield, T. David Gordon e Túlio Cesar Costa Leite,
etc. Confira as páginas 47-53. Ademais, confira os artigos dos autores reformados e presbiterianos na seção da Leitura
Complementar (p. 54).

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a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 e a confissão luterana do Livro de Concórdia não
estabelecem o valor exato, ou mínimo, de 10%, 20%, 23.33% e nem 30% aos cristãos e nem
mencionam os quatro dízimos do sacerdócio levítico-cerimonial que já estão abolidos. 115
Assim, se no mínimo, ou exatamente, 10% fosse um valor universal e obrigatoriamente imposto
sobre todos os cristãos de todas as classes e circunstâncias existenciais, tal imposição poderia
contradizer “o que puder” e “conforme a sua prosperidade” (1 Cor. 16:2), poderia contradizer “segundo
o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” (2 Cor. 8:12), poderia contradizer a “generosidade”
(2 Cor. 8:2), poderia contradizer a “voluntariedade” e “na medida de suas posses” (2 Cor. 8:3) e o
‘amor’ (2 Cor. 8:8), e poderia contradizer “segundo propôs no seu coração” (2 Cor. 9:7), e estaria em
contradição em relação aos demais detalhes reguladores de cada um dos quatro dízimos
veterotestamentários. No Novo Testamento, a igreja deve fazer uso destes princípios acima para ser
mordomo e dadivar com graça para manutenção e avanço da obra de Deus (confira a tabela nas pp.
60-61 para o resumo de vários princípios neotestamentários da dádiva cristã). A obra do Senhor Jesus
continuará sendo mantida com nossas contribuições financeiras sistemáticas (o que demonstra
planejamento), conforme a prosperidade de cada um (proporcionalidade), com generosidade e
voluntariedade (sem compulsão ou avareza sob a dispensação da graça), alegria e amor, pois somos
mordomos de Deus, mesmo que seja, em certos momentos de nossas vidas, um sacrifício como o da
viúva.

115
As leis cerimoniais “estão todas abrogadas sob o Novo Testamento” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.3) e as
leis civis “deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora não obrigam além do
que exige a sua eqüidade geral” (Confissão de fé de Westminster, cap. 19.4).
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6. Dicionários, Enciclopédias e Concordâncias Bíblicas definem os
dízimos
Traduzidos por Nathan Cazé

6.1 Easton’s Bible Dictionary:

Dízimo

“...Não pode ser afirmado que a lei do Velho Testamento dos dízimos é obrigatório para a Igreja
Cristã...”

“Todo judeu [que fosse dono de gados, tendo no mínimo dez, e de plantações] era exigido pela lei
levítica a pagar três dízimos de sua propriedade (1) um dízimo para os levitas; (2) um para o uso do
templo e das grandes festas; e (3) um para os pobres da terra” (colchetes são meus).

Tradução: Nathan Cazé

6.2 Smith’s Bible Dictionary

Dízimo ou décimo,
a proporção de propriedade devotado a usos religiosos desde tempos primitivos. Instâncias do uso
dos dízimos são encontradas antes da designação dos dízimos levíticos debaixo da lei. Na história
bíblica, as duas instâncias proeminentes são—

Abrão apresentando o décimo de toda a sua propriedade, ou melhor, dos espólios de sua vitória, a
Melquisedeque (Gn 14:20; Hb 7:2, 6).
Jacó, depois de sua visão em Luz, devotando um décimo de toda a sua propriedade a Deus, caso ele
voltasse para casa em segurança (Gn 28:22). O primeiro decreto da lei em relação ao dízimo é a
declaração de que o dízimo deveria ser pago em espécie, ou, se redimido, com a adição de um-quinto
de seu valor (Lv 27:30-33). Esse décimo é ordenado a ser atribuído aos levitas como uma recompensa
do seu serviço, e é ordenado ainda que eles mesmos deverão dedicar ao Senhor um décimo desses
recibos, que deve ser devotado à manutenção do sumo sacerdote (Nm 18:21-28). Essa legislação é

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modificada ou estendida no livro de Deuteronômio, i.e. de trinta e oito a quarenta anos mais tarde.
Ordenanças são dadas às pessoas—
Para trazerem seus dízimos, juntamente com seus votos e outras ofertas e primeiros frutos, ao centro
encolhido de adoração, a metrópoles, lá para ser comido em celebração festiva na companhia com
seus filhos seus servos e os levitas (12:5-18).
Toda produção do solo deveria ser dizimada toda e esses dízimos com os primogênitos do rebanho e
manada deveriam ser comidos na metrópole.
Mas em caso de distância, permissão é concedido para converter o produto em dinheiro, o qual deve
ser levado ao lugar designado, e lá exposto na compra de comida para uma celebração festiva, no
qual o levita é, por ordem especial, a ser incluído (14:22-27).
Então segue-se a direção que no final de três anos todo o dízimo daquele ano deve ser ajuntado e
posto “dentre os portões” e que um festival será realizado do qual o estrangeiro, o órfão e a viúva
juntos com o levita, devem participar. Ibid. (Dt 5:28, 29)
Por fim, é ordenado que depois de levar o dízimo a cada terceiro ano, “que é o ano de dizimar”, uma
declaração justificativa deve ser feita por todo Israelita que o mesmo fez o seu melhor para cumprir o
mandamento divino (26:12-14). De tudo isso nós resumimos— (1) Que um décimo de todo o produto
do solo deveria ser designado para a manutenção do levitas. (2) Que acerca disso os levitas deveriam
dedicar um décimo a Deus para o uso do sumo sacerdote. (3) Que o dízimo, em toda probabilidade
um segundo dízimo, deveria ser aplicado a propósitos festivais. (4) Que em cada terceiro ano, ou esse
dízimo festivo ou um terceiro décimo deveria ser comido na companhia com os pobres e os levitas.
Tradução: Nathan Cazé

6.3 Dicionário Rei Tiago [King James Dictionary]

Dízimo
A décima parte; 1/10.
Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR;
santas são ao SENHOR. (Levítico 27:30)

Tradução: Nathan Cazé

6.4 Nave’s Topical Bible [Concordância Bíblica]


Pago por Abraão a Melquisedeque
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Gênesis 14:20; Hebreus 7:2-6

Jacó faz voto de um décimo de toda a sua propriedade a Deus


Gênesis 28:22

Leis Mosaicas instituindo


Levíticos 27:30-33; Números 18:21-24; Deuteronômio 12:6-7, 17-19; 14:22-29; 26:12-15

Costumes relacionados à
Neemias 10:37-38; Amós 4:4; Hebreus 7:5-9

O dízimo dos dízimos para os sacerdotes


Números 18:26; Neemias 10:38

Estocados no templo
Neemias 10:38-39; 12:44; 13:5, 12; 2 Crônicas 31:11-12; Malaquias 3:10

Pagamentos de, resumiu no reinado de Ezequias


2 Crônicas 31:5-10

Durante Neemias
Neemias 13:12

Retido
Neemias 13:10; Malaquias 3:8

Costumeiro em tempos mais tarde


Mateus 23:23; Lucas 11:42; 18:12

Observado por idólatras


Amós 4:4-5

Tradução: Nathan Cazé

6.5 The International Standard Bible Encyclopedia

Dízimo

Tith (ma`aser; dekate):

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“O costume de dar a décima parte dos produtos da terra e dos espólios da guerra à sacerdotes e reis
(1 Macabeus 10:31; 11:35; 1 Samuel 8:15, 17) era muito antigo entre a maioria das nações. Que os
judeus tinham esse costume muito antes da instituição da Lei Mosaica é mostrada por Gênesis 14:17-
20 (compare Hebreus 7:4) e Gênesis 28:22. Muitos críticos asseguram que essas duas passagens
são antigas e só refletem a prática antiga da nação; mas o pagamento dos dízimos é tão antigo e
profundamente enraizado na história da raça humana que parece muito mais simples e mais natural
acreditar que entre os judeus a prática estava em existência muito antes do tempo de Moisés”.

Tradução: Nathan Cazé

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7. 140 perguntas que os professores de dízimo devem responder,
Russell Earl Kelly, PhD.
Perguntas originais disponível em: <http://www.tithing-russkelly.com/id149.html>.
Traduzido por Nathan Cazé

1. De acordo com Gênesis 14:11-16, eram os despojos da guerra que Abraão recebeu
dízimos santos da terra santa de Deus? Eles seriam dízimos “santos” na Lei?

2. De acordo com Gênesis 14:18-20 e Hebreus 7:14, a Bíblia diz que Abraão deu dízimos
voluntariamente dos despojos da guerra para o Sacerdote e Rei Melquisedeque?

3. De acordo com Números 31:21-30, quanto era a porcentagem que os estatutos da Lei
para Israel posteriormente vieram a ser requerido dos despojos da guerra?

4. Porque Abraão dizimou 10% dos despojos quando a Lei depois requereu muito menos?

5. De Gênesis 14:20-21, poderia existir outra lei ou tradição da Arábia envolvida? Sim, Não,
Talvez. Faça uma pesquisa profunda sobre isto.

6. Seria o dízimo de Abraão aceito como dízimo santo para entrar/ser entregado no
Templo?

7. Com que frequência Abraão dizimava?

8. É Abraão um exemplo de dizimar propriedade pessoal e dizimar regularmente?

9. É o exemplo de Abraão de dar 90% para o rei de Sodoma um exemplo para os Cristãos
seguirem?

10. De Gênesis 20 e 21, é possível que Abraão também pagou dízimos para o Sacerdote e
Rei Abimeleque dos Filisteus para entrar no sistema do Templo?

11. Em referência a Gênesis 28:20-22, o dízimo de Jacó de Haran seria aceito como um
dízimo santo para entrar no sistema do Templo?

12. Em referência a Gênesis 28:20-22, devemos nós seguir o exemplo de Jacó e somente
dizimar depois que Deus cumprir as nossas condições?

13. De acordo com Gênesis 28:20, era o dízimo de Jacó um voto voluntário ou um
mandamento de Deus?

14. É Jacó um exemplo de dizimar para os Cristãos seguirem?

15. Quão comum era dinheiro, ouro, prata, pedras preciosas e siclos/shekels em Gênesis?
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16. De acordo com Gênesis 13:2 e 20:16, tinha Abraão muito dinheiro?

17. Era o dinheiro essencial para a rotina de adoração no Santuário? Resposta: “dinheiro” e
“shekel” ocorrem 32 vezes em Êxodos e Levíticos para a adoração.

18. É honesto ensinar que os dízimos somente eram alimentos porque dinheiro não era
comum?

19. De acordo com Êxodos 19:5-6, dizimar era parte do “plano original” de Deus antes do
incidente da vaca de ouro?

20. De acordo com Levíticos 25:3-7, nenhum dízimo de alimento poderia ser dado a cada
sétimo ano. Porque isso é ignorado pelas igrejas hoje?

21. De acordo com Levíticos 25:12-13, nenhum dízimo de alimento poderia ser tomado a
cada 50 anos. Porque isso é ignorado nas igrejas hoje?

22. De acordo com Levíticos 27:30, 32 (e 16 outros textos), os dízimos eram somente
alimento da terra de Israel e rebanhos dentro da terra santa de Deus, Israel. A onde na Bíblia –
mais de 1400 anos de Levíticos até Malaquias – são os dízimos definidos com renda ou dinheiro?

23. De acordo com Levíticos 27:30, 32, o dízimo era o décimo da colheita total e o décimo
animal. Já que a palavra “dízimo” significa “décimo”, quando que o significado mudou para
“primeiro” na Bíblia?

24. De acordo com Levíticos 27:34, o dízimo não era o “melhor”. Onde na Bíblia o primeiro
dízimo completo se torna o “melhor”?

25. De acordo com Levíticos 27:34, o dízimo era parte da Lei dada somente para o Israel
nacional como uma aliança única/sem igual. Quando que gentios, pagãos ou a Igreja foram
ordenados a dizimar na Bíblia?

26. Já que somente os fazendeiros e pastores/boiadeiros que moravam dentro de Israel


produziam dízimos, onde se encontra o princípio que diz que todos eram obrigados a começar
os seus níveis de dádivas em 10%?

27. Onde que a Bíblia ensina que rendas não derivadas de alimentos eram dizimadas e que
carpinteiros como Jesus, pescadores como Pedro, fabricantes de tendas como Paulo e
comerciantes dizimavam?

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28. Deus ordenou os pagãos a dizimarem?

29. Israel teria aceitado os dízimos dos pagãos ou das terras pagãs?

30. Embora Salmos 24:1 diz “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles
que nele habitam”, isto não foi dito como uma razão para coletar dízimos de pagão e das terras
fora de Israel. Porque isso é verdade?

31. Porque os Cristãos não observam todas as outras coisas chamadas de “santo (a)” e
“santíssimo” em Levíticos?

32. A onde na Bíblia estão as palavras exatas da ordenança e estatuto de dizimar? Resposta:
Números 18.

33. Quais são as diferenças entre dízimos e as primícias? Compare Levíticos 27:30-34;
Números 18:13-18, 20-24; Deuteronômio 26:1-4; Neemias 10:35-37; Provérbios 3:9.

34. Onde estão os dízimos equiparados com as primícias/primeiros-frutos na Bíblia?

35. Não eram as primícias ofertas simbólicas muito pequenas da primeira colheita?

36. Os levitas do Velho Testamento que receberam os primeiros dízimos inteiros foram
meramente servos dos sacerdotes e mais tarde trabalhadores políticos. Como é esse princípio
observado hoje?

37. Os levitas do Velho Testamento deram a melhor décima de seus dízimos para os
sacerdotes, só um por cento do total. Como é este princípio observado hoje?

38. Sacerdotes e levitas do Velho Testamento que receberam os dízimos não eram
permitidos serem donos ou herdarem propriedades. Porque este princípio não é observado hoje
(Números 18:20, 23)?

39. Os dízimos do Velho Testamento nunca foram usados em trabalhos de missões para
evangelizar os pagãos. Qual princípio Bíblico autoriza os dízimos para missões hoje?

40. De acordo com Deuteronômio 12 e 14:23-26 os dízimos das festas deveriam ser comidos
nas ruas. Porque esse princípio é ignorado pelas igrejas hoje?

41. De acordo com Deuteronômio 14:16, alguns dízimos das festas poderiam ser vendidos
para comprar fortes bebidas alcoólatras. Porque esse princípio é ignorado pelas igrejas hoje?

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42. De acordo com Deuteronômio 26:12-13, todo terceiro ano o dízimo era separado para os
pobres. Porque esse princípio é ignorado hoje?

43. De acordo com Deuteronômio 26:12-13, os levitas foram incluídos dentre os pobres, os
estrangeiros, órfãos e viúvas. Isto significa que os levitas e Sacerdotes seriam contados entre os
pobres?

44. Onde que a Bíblia diz que os pobres eram obrigados a dizimarem?

45. Muitos levitas do Velho Testamento que receberam o primeiro dízimo inteiro foram servos
políticos do Rei, 1 Crônicas capítulos 23-26. Porque este princípio é ignorado hoje?

46. No Velho Testamento o primeiro e melhor dízimo era dado ao Rei, 1 Samuel 8:14-17.
Porque esse princípio é ignorado hoje?

47. Onde os levitas e Sacerdotes moravam na maior parte do tempo? Confira Josué 20-21,
Números 35 e 1 Crônicas 6.

48. Com que frequência os levitas e Sacerdotes serviam no Templo? Veja 1 Crônicas 28:13,
21; 2 Crônicas 8:14; 23:8; 31:2,15-19; 35:4,5,10; Neemias 11:30; 12:24; Lucas 1:5-9.

49. Já que 98% dos levitas e sacerdotes não estavam trabalhando no Templo na maior parte
do tempo, porque Deus falaria em Malaquias 3:10 para as pessoas trazer todos os dízimos para
o Templo quando 98% do dos dízimos eram precisos para comida em outros lugares? Ele não
disse para as pessoas e sim para “vós” se referindo aos sacerdotes.

50. A maldição do dízimo era parte de qual aliança/concerto? Ver Neemias 10:29;
Deuteronômio 28:12, 21-22; Gálatas 3:10-13.

51. De acordo com Neemias 13:5-10, quem era culpado de roubar a porção do dízimo dos
levitas?

52. De acordo com Neemias 10:37b, onde eram as pessoas ordenadas a levarem os
dízimos? Porque esse texto é ignorado hoje?

53. De acordo com Neemias 10:38, onde estavam localizados os sacerdotes quando eles
recebiam os dízimos? Porque é esse texto ignorado hoje?

54. De acordo com Malaquias 1:6-14, quem era culpado de roubar os votos dos dízimos?

55. Quem foi amaldiçoado em Malaquias 1:14?

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56. Quem foi amaldiçoado três vezes em Malaquias 2:2?

57. Quem está questionando Deus em Malaquias 2:17?

58. A quem está Deus respondendo em Malaquias 3:1-5?

59. São os sacerdotes também “filhos de Jacó” em Malaquias 3:6-7?

60. Não poderia Malaquias 3:8 está se referindo aos sacerdotes roubando pela terceira vez?

61. “Maldição” está se referindo aos sacerdotes quatro vezes em Malaquias 1:14 e 2:2. É
possível que Deus ainda esteja amaldiçoando os sacerdotes em Malaquias 3:9 em vez de
repente ter piedade deles?

62. O pronome “vós” se refere aos sacerdotes de Malaquias 1:6 até 3:5?

63. Há evidências concretas que Deus mudou a Sua audiência [a quem Ele se referiu] dos
sacerdotes para o povo em Malaquias 3:6-7?

64. Mudou Deus de amaldiçoar os sacerdotes para ter piedade deles em Malaquias 3:8-10?

65. Sendo que “vós” até agora esteve se referindo aos sacerdotes e sendo que Neemias
10:37 prova que o povo trouxe os seus dízimos para as cidades dos levitas, então seria razoável
concluir que “vós” em Malaquias 3:10 também se refere aos sacerdotes de Neemias 10:38?

66. Novamente de acordo com Neemias 10:37, onde era a maior parte dos dízimos
necessário e armazenado?

67. De acordo com Neemias 13:5-10, que tamanho tinha a câmara de armazenamento no
Templo?

68. Poderia o Templo conter todos os dízimos da nação no tempo de Salomão ou no tempo
de Neemias?

69. É possível que a ideia da “câmara” do Templo ter sido entendido mal/incorretamente?

70. 2 Crônicas 31:15-19 descreve Ezequias mudando o local dos dízimos que estavam nas
ruas para as cidades levíticas. É possível que ele errou dizendo para o povo trazer todos os
dízimos para o templo?

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71. A igreja primitiva se encontrava em secreto nas catacumbas e cemitérios por mais de
200 anos depois do Calvário. Eles não tinham prédios para chamarem de “câmaras”. Porque que
a igreja moderna usa o termo “dízimo das câmaras”?

72. O Templo do Velho Testamento foi substituído, não por uma construção, mas por um
corpo de indivíduos crentes. Porque que a igreja moderna ignora isso e ensina que os dízimos
devem ser levados ao prédio da igreja como substituição do Templo?

73. Mateus 5:19-48 se refere a todos os mandamentos da Lei que são mais de 600. Porque
Mateus 5:17-18 é somente usado para argumentar que o dízimo ainda é válido? O texto é
autodestrutivo para esse argumento.

74. Jesus (um carpinteiro), Pedro (um pescador) e Paulo (fabricador de tendas) qualificariam
como pagadores de dízimos de acordo com a Lei?

75. Como você explica Mateus 5:19?

76. Não obriga Mateus 5:19 a guardar todos os mais de 600 mandamentos da Lei?

77. De acordo com Mateus 12:1-2, Jesus e seus discípulos colheram alimentos no Dia do
Sábado? Foram eles acusados de não dizimarem? Por quê?

78. De acordo com Marcos 12:42-44, uma viúva deu moedas no Templo. Estava ela
dizimando ou dando uma oferta voluntária?

79. As tendas de Paulo vieram das terras pagãs e a sua renda das vendas das tendas. A sua
renda debaixo da Lei se qualifica para dizimar?

80. De acordo com Mateus 23:2, quem eram os reconhecidos interpretes da Lei?

81. De acordo com Mateus 23:2-3, porque que Jesus disse aos seus discípulos judeus que
obedecessem aos escribas e Fariseus?

82. De acordo com Mateus 23:2-4, a adição de ervas e especiarias mudou a lei do dízimo
para fardos pesados?

83. A Lei ordenava os dízimos das especiarias e ervas do jardim?

84. Porque Jesus mandou os seus discípulos judeus darem o dízimo das especiarias e ervas
do jardim?

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85. Em Mateus 8:4, porque Jesus mandou os judeus que Ele curou que se apresentasse aos
sacerdotes?

86. Por que Jesus NÃO mandou os seus discípulos Gentios dizimarem no sistema do
Templo?

87. Jesus mandou os seus discípulos darem o dízimo para o sistema do Templo?

88. Para quem a palavra “vós” se refere em Mateus 23:23?

89. Quais são as palavras em Mateus 23:23 que descreve o seu contexto? Resposta: “da
lei”.

90. É Mateus 23:23 um mandamento do Velho Testamento ou um mandamento do Novo


Testamento?

91. Porque que Jesus mandou o jovem rico e Zaqueu darem os seus dinheiros para os
pobres em vez de dar como dízimo para o sistema do Templo?

92. Os pastores hoje permitem que os evangelistas que visitam suas igrejas preguem para
a congregação que devem “vender tudo o que tens e dá-o aos pobres”?

93. Porque os pastores hoje não mandam os membros de suas igrejas a dizimarem as
especiarias do jardim como Jesus mandou?

94. De acordo com Lucas 22:20, quando que terminou Velho Testamento e quando que
começou o Novo Testamento?

95. De acordo com Atos 2:42-47 e 4:32-35, Deus ordenou que os discípulos
compartilhassem comumente ou compartilhassem tudo igualmente?

96. De acordo com Atos 2:42-47 e 4:32-35, os discípulos estavam dizimando para os líderes
da igreja ou compartilharam tudo igualmente?

97. De acordo com Atos 2:46, a igreja primitiva se retirava para não adorar no Templo?

98. De acordo com Atos 15:10, argumentou Pedro contra o jugo da Lei sendo imposto nos
Cristãos Gentios?

99. De acordo com Atos 15:19-20, Tiago concordou com Pedro?

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100. De acordo com Atos 20:29-35, está Paulo sustentando a si mesmo na maior parte do
tempo?

101. De acordo com Atos 20:35, Paulo esperava que os anciãos da igreja seguissem o seu
exemplo?

102. De acordo com Atos 20:35, a quem Jesus mandou trabalhar e dar ao fraco?

103. De acordo com Atos 21:20, os Cristãos judeus em Jerusalém ainda estavam “zelosos da
Lei”?

104. De acordo com Atos 21:20, pode alguém concluir que os judeus Cristãos em Jerusalém
ainda estavam pagando dízimos para o sistema do Templo?

105. De acordo com 1 Coríntios 9:7-14, a vocação dos soldados, pastores de ovelhas,
fazendeiros, debulhadores, servos/administradores do templo e os que anunciam o evangelho
operam em diferentes princípios de suporte?

106. Comparando 1 Coríntios 9:13 com Números 18 e Levíticos, os servos do templo eram
sustentados através dos dízimos, ofertas, votos, presentes voluntários, porções de sacrifícios e
muitas outras fontes?

107. Comparando 1 Coríntios 9:13 com Números 18 e Levíticos, o dízimo era somente uma
“coisa do templo”?

108. Em referência a 1 Coríntios 9:14, “assim também” (“da mesma forma”) ordena os que
anunciam o evangelho a serem suportados [no sentido de mantimentos] por todo tipo de suporte
usado para os servos do templo?

109. Em referência a 1 Coríntios 9:14, “assim também” ordenou os que anunciam o evangelho
a serem suportados pelos ‘princípios do evangelho’ de graça e fé “da mesma forma” como as
seis vocações anteriores estiveram suportadas pelos seus próprios princípios?

110. Em referência a 1 Coríntios 9:14, seria desonesto ensinar que 9:13 somente se refere ao
dízimo? Não ensina o texto muitas coisas que destruiria o argumento do dízimo?

111. De acordo com 1 Coríntios 9:12, 15-19, aceitou Paulo os dízimos como salário?

112. Comparando 1 Coríntios 9:14 com 9:12, 15-19, se Jesus tivesse ordenado o dízimo para
suporte dos que anunciam o evangelho, não estaria Paulo desobedecendo aquele ordem?

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113. De acordo com 2 Coríntios 3:10, quanta glória o Velho Testamento tem em comparação
com o Novo Testamento?

114. A onde está o dízimo repetido para a Igreja nos termos do Novo Concerto da graça e fé?

115. De acordo com 1 Pedro 2:9-10, foi o sacerdócio do Velho Testamento substituído pelos
líderes da igreja ou por todos os crentes?

116. Em referência a 1 Pedro 2:9-10, como que o “sacerdócio real” afeta o dízimo?

117. Eram os profetas não-levitas do Velho Testamento suportados pelos dízimos?

118. Eram os rabinos do Velho e Novo testamentos suportados pelos dízimos?

119. São os pastores e anciãos do Novo Testamento suportados semelhantemente aos


sacerdotes, profetas ou rabinos do Velho Testamento?

120. É 1 Timóteo 5:1-20, uma discussão de disciplina ou de salário pastoral?

121. De acordo com 1 Timóteo 5:8, são as necessidades essenciais da família mais
importante que o suporte/manutenção da igreja?

122. Como pode 1 Timóteo 5:8 ser verdade se os primeiros 10% da renda deverá ser dado à
igreja?

123. A “dupla honra” em 1 Timóteo 5:17 se refere ao “duplo cuidado na disciplina” ou “duplo
salário”?

124. De acordo com 1 Timóteo 6:6-11, os que anunciam o evangelho devem pensar ser
melhor financeiramente do que a maioria?

125. De acordo com Hebreus 7:5, deu a Lei autoridade aos sacerdotes para receberem
dízimos?

126. Foram os sacerdotes do Velho Testamento também reis?

127. De acordo com Hebreus 7:11 e Salmos 110:4, o Messias seria um sacerdote-rei?

128. De acordo com Hebreus 7:11-12, precisou-se de uma mudança na Lei em referência à
profecia que o Messias seria um sacerdote-rei?

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129. De acordo com Hebreus, capítulos de 5-7, o Melquisedeque do Velho Testamento
qualificaria para ser sacerdote debaixo da Lei?

130. De acordo com Hebreus 7:13-17, Jesus foi qualificado para ser um sacerdote debaixo
da Lei?

131. De acordo com Hebreus 7:18, como que a Lei que ordenava o dízimo para sustento do
sacerdócio Levítico em 7:5 “mudou” em 7:12?

132. De acordo com Hebreus 7:12,18, por que foi a Lei que ordenava o dízimo para o suporte
do sacerdócio Levítico “ab-rogado” ou “cancelado”?

133. De acordo com Hebreus 7:16-28, foi o rei-sacerdócio do Messias para ser baseado em
princípios morais-eternos?

134. O dízimo existia em muitas nações muito antes da época de Abraão e essas nações
praticavam idolatria, sacrifícios de crianças e prostituição no templo. Pode o fato de o dízimo
existir antes da Lei, fazê-lo um princípio eternamente moral?

135. De acordo com todo o livro de Levíticos, como pode o dízimo ser retido com um princípio
“santo” e quase tudo mais em Levíticos que é chamado de “santo” e “santíssimo” ser descartado?

136. De acordo com Hebreus 8:6-13, o “o mais excelente ministério” de Cristo substituiu o
Velho Concerto nas pedras e papéis com o Novo Concerto nos corações. Sabe o Cristão, que é
nova criatura, em seu coração que ele/ela deve dar um dízimo de 10 por cento para suporte da
igreja?

137. De acordo com 2 Coríntios 8 e 9, sabe-se instintivamente o Cristão nascido de novo


sobre dar: voluntariamente, sacrificialmente, generosamente, alegremente, não como
mandamento, regularmente e motivado por amor a Deus e amor as almas perdidas?

138. De acordo com 2 Coríntios 8:12-15, qual é o princípio de “igualdade” de doação/dádiva?

139. De acordo com 2 Coríntios 3:10-18, qual princípio de doação tem a benção do Espírito
Santo?

140. Deveria a maior parte dos Cristãos afluentes diminuir seus estilos de vida para darem
mais para promover o evangelho?

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Apêndice A: A Obrigação Moral do Dízimo, por Thomas E. Peck

A Obrigação Moral do Dízimo


por Thomas E. Peck 116
(tradução: Nathan Cazé)

Obrigação moral pode ser criada apenas por meio de alguma intimação da vontade de Deus. Somente
Deus pode obrigar a consciência. A vontade de Deus pode ser feita conhecida a nós apenas em uma
de duas maneiras: ou pela “luz da natureza” ou pela revelação. A luz da natureza torna-se manifesta
ou por meio da constituição e consciência do homem individual, ou por meio daqueles da raça humana
expressada no “consensus populorum”. Aquilo que tem sido crido sempre e em todos os lugares e por
todos é bastante provável a ser verdade; e aquilo que tem sido sentido ser obrigante sobre a
consciência, com a mesma universalidade de épocas, lugares e pessoas, pode ser concluído ser de
obrigação moral. A voz das pessoas neste sentido pode ser considerada como a voz de Deus. O
sentido moral pode ser não-desenvolvido, ou o mesmo pode ser pervertido em seus julgamentos pela
ignorância, preconceito, paixão, e hábitos de perversidade; mas onde o mesmo tem uma oportunidade
justa de ser ouvido, e especialmente sobre questões sobre as quais seus julgamentos são contrários
aos desejos e apetites do homem, pecaminosos e egoístas, pareceria falar com a autoridade do
Criador e Soberano do homem. É a consciência, o “imperativo categórico”, contra o que é voluntário
no homem. O mesmo é uma autoridade a qual o homem sente que não pode ser resistido com
impunidade.
Ambos esses dois tipos de provas, razão e revelação, têm sido utilizadas por parte dos
defensores da obrigação moral do dízimo. Mas antes de procedermos à examinação da prova,
entendamos o que a questão precisamente é. Ela[a questão] não é se homens não estão moralmente
obrigados a reconhecer a propriedade de Deus neles e em sua substância, para confessar a sua
dependência na providência d’Ele, e a agradecer a Ele por Suas dádivas; nem ela[a questão] é sobre
se eles não estão obrigados a fazer essas coisas ao ofertar a Ele uma porção de sua substância bem
como por meio de uma forma de palavras; nem se todos os seus bens mundanos não estiverem na
sua posse como mordomos d’Ele, e devem ser usados para a glória d’Ele. Não pode haver debate
sobre tais questões entre aqueles que reconhecem a divina providência. Mas a questão é: se a
proporção exata do décimo é a proporção divinamente-ordenada—essa proporção somente (ou, pelo
menos, a menor) a qual Deus aceitará como um aluguel, ou como uma expressão de nossa
dependência, nossa gratidão, nossa devoção a Ele. Para discutir qualquer outra questão além dessa
questão é, em nosso julgamento, um desperdício de tempo.

I. A Prova A Partir da Luz da Natureza


1. A prova a partir da luz da natureza para o dízimo é facilmente resolvida. Ela[a prova] não tem
sido demonstrada a ser universal.

116
Union Seminary Magazine [Revista do Seminário da União] (Março-Abril 1890); reimpressa em Miscellanies of Rev.
Thomas E. Peck, D.D., LL. D., Professor de Teologia na Union Theological Seminary [Seminário Teológico da União] na
Virgínia, 3 vols., selecionados e organizados por T.C. Johnson (Richmond, VA: Presbiterian Committee of Publication
[Comitê Presbiteriano de Publicação], 1895), I:146-157; reimpressão Banner of Truth 263:4 (Agosto-Setembro 1985): p.
55-62. Pequenas modificações editoriais na forma do artigo têm sido introduzidas para ajudar ao leitor. A notas são as
originais, salvo o contrário seja identificado.
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2. A onde o costume[do dízimo] esteve em vigor, parece ter sido observado, quando
regularmente observado, como um modo ou o modo de sustentar o sacerdócio; quando
ocasionalmente observado, a ter sido oferecido como um reconhecimento de favores especiais
divinos. As únicas instâncias pré-mosaicas na Bíblia são aquelas de Abraão (Gen. xiv) e Jacó (Gen.
xxviii). O dízimo pago por parte de Abraão foi uma instância única, era um dízimo dos despojos de
guerra, não de sua própria propriedade ou renda, e era um dízimo pago a um sacerdote. Se a instância
prova alguma coisa para a teoria da obrigação moral, a mesma[a instância] prova que sempre deveria
haver um sacerdócio visível para receber os dízimos. Na verdade, como veremos, a obrigação divina
do dízimo não foi asseverada na igreja cristã até que o ministério da palavra tivesse se tornado um
sacerdócio. As duas coisas, dízimo e sacerdócio, ficam de pé ou caem juntos em toda igreja livre. O
caso de Jacó é um caso claro de um voto voluntário, de um voto feito para fazer uma coisa que não
há nenhuma obrigação moral prévia para fazer. Os casos desses dois patriarcas têm sido mencionados
aqui apenas em conexão com a prova a partir de “a luz da natureza”. Teremos mais alguma coisa a
dizer sobre o dízimo de Abraão quando viermos a examinar o argumento a partir da Escritura. Quanto
aos dois casos, estes eram ambos esporádicos e ocasionais, e não podem fornecer prova da
obrigação moral do dízimo no único sentido no qual estamos usando o termo neste papel, sentido este
de um décimo da renda de alguém declaradamente pago para usos religiosos.
3. Se a luz da natureza revela a obrigação moral do dízimo, como ocorre que a igreja não viu-
a nos primeiros três séculos de sua existência? Certamente, cristãos não eram mais cegos do que os
pagãos à luz da natureza. Entretanto temos a declaração de um erudito na Igreja da Inglaterra apoiada-
por-dízimos “que os pais dos primeiros três séculos em nenhum lugar falam de dízimos como até
mesmo um mínimo devido de jure divino, embora eles tiveram ocasião para dizer assim, tinha sido a
opinião da igreja, ou tivesse os dízimos geralmente sido pagos como legalmente devidos; eles
frequente e seriamente exortam à esmola, eles nunca exortam os seus ouvintes a darem dízimos”. 117
Esses fatos são ainda mais pesados a partir da tendência na igreja de voltar às instituições mosaicas
de um sacerdócio mortal, templos, altares, e sacrifícios rituais. Um argumento parecido pode ser feito
a partir do fato de que os dízimos não eram recolhidos facilmente, até mesmo dos próprios judeus,
embora a “luz da natureza” era reforçada por um mandamento divino positivo. (Mal. iii. 8.) Parece-nos,
portanto, que o argumento a partir da razão, ou a luz da natureza, deveria ser desistido. O máximo
que o mesmo pode provar é: que Deus deveria ser reconhecido e honrado ao dá-Lo de nossa
substância.

II. A Prova A Partir das Escrituras.


1. É argumentado que Abraão deve ter oferecido o dízimo a Melquisedeque em obediência a
um costume reconhecido da religião da época. Respondemos: que Abraão não ofereceu um dízimo
da sua propriedade ou da sua renda, que é o único tipo de dízimo que nos importa, mas dos despojos
de guerra. Era um costume para aquele patriarca oferecer dízimos daquele tipo? Ele já em algum
momento engajou-se em guerra, senão dessa vez? Ele já alguma vez foi para a guerra com o propósito
de adquirir despojos, dos quais ele poderia oferecer um décimo? Ademais, depois que o dízimo foi
instituído em Israel, existia uma regra que um décimo dos despojos de guerra deveria ser oferecido a
Deus? Não havia tal regra. Se lugares fossem postos sob um anátema, nenhuma porção seria
reservada sob pretensão de sacrifício ou qualquer outro uso sagrado, como Acar e Saul descobriram
para o seu mal. Se os despojos não foram amaldiçoados, todos os despojos foram deixados

117
Dr. Sharpe, in Smith’s Dict. of Eccl. Antiq. [Dicionário Eclesiástico de Antiguidades, de Smith], sob “Tithes”.
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completamente para o povo que foram para a guerra, sem nenhuma dizimação sagrada. Quando Deus
teria uma porção sagrada dos despojos (como aqueles tomados dos midianitas, Núm. xxxi.) para
mostrar que os mesmos não encaixavam-se sob a lei dos dízimos, Ele tomou, não um décimo, mas
uma porção de quinhentos dos soldados, e de cinquenta do povo. “Por isso”, diz o Dr. Owen,i “o dar
do dízimo dos despojos não era a partir da obrigação de qualquer lei, mas era um ato de livre vontade
e escolha no ofertante”. 118
Mas é dito que o argumento do apóstolo (em Heb. vii.) requer a suposição de que dízimos
devem sempre ser pagos, porque existe sempre um sacerdote para recebê-los, e que Abraão estava
sob uma lei de dizimar. Respondemos: (a) Que não conseguimos vê-la[a suposição]. (b) O que é muito
mais importante do que isso, o Dr. Owen não viu-a. Ele aproveita a ocasião, dessa passagem, para
argumentar contra essa obrigação perpétua do dízimo. “Óticas aguçadas deve ter a pessoa, eu
imagino, a qual vê o que não é para ser visto”, ou a qual vê na epístola aos Hebreus o que fugiu da
visão do grande teólogo e venerável santo que escreveu quatro volumes espessos de comentários
sobre isso. (c) Já tem sido mostrado que Abraão não estava agindo sob uma lei de dizimar. (d) O
argumento do apóstolo não é baseado nos fatos no caso de Melquisedeque, mas no registro a respeito
dele. Ele não quer dizer que aquela pessoa estranha não tinha nem pai nem mãe, mas que não existe
registro a respeito deles. Em outras palavras, Deus assim ordenou[predestinou] a história de
Melquisedeque, e o registro da mesma, para fornecer um “sinal” da vinda daquela semente da mulher
que seria ambos rei e sacerdote, e um sacerdote sem uma genealogia sacerdotal, sem predecessor e
sem sucessor; um sacerdote “segundo o poder de uma vida infindável” [Hb. 7:16]. Melquisedeque não
é de nenhuma importância histórica qualquer. A sua aparição não é o efeito de qualquer coisa na
história que preceda, nem a causa de qualquer coisa que se segue. Ele era, sem dúvida, uma pessoa
real, tão real quanto o próprio Abraão era. Mas a sua aparição era um mero sinal ou tipo. “O seu nome
emerge por um momento a partir da obscuridade profunda, e a noite cai sobre ele de novo. Seu nome
é como uma sombra passando por um momento ao longo de uma porção iluminada de uma parede
numa noite escura: o contorno de alguma figura silenciosamente rouba de dentro da obscuridade para
dentro da linha de iluminação e desaparece na escuridão de novo”.ii Ele não é mais mencionado por
mil anos (Salmo cx.), e então apenas uma vez; e então, após o lapso de outros mil anos, ele reaparece
na exposição de sua significância típica na epístola aos Hebreus. E ainda com base no fato de que
Abraão fez uma vez a esse personagem uma oferta voluntária de um décimo dos despojos, os quais
ele tinha tomado na batalha, é feito pendurar a obrigação moral de pagar determinadamente um
décimo da renda de alguém aos ministros da religião! Alguns de nossos irmãos têm a audácia de dizer:
“Tudo aqui afirmado a respeito de Melquisedeque deve ser afirmado a respeito de Cristo; e tudo aqui
afirmado a respeito de Abraão deve ser afirmado a respeito da igreja; caso contrário a representação
é errônea, e todo o incidente perde o seu significado”. A respeito dessa declaração, comentamos: (a)
A moderação do Dr. Owen deve ser grandemente preferida, o qual diz: “O que é representado no tipo,
mas é na verdade subjetiva e propriamente encontrado apenas no antítipo, pode ser afirmado a
respeito do tipo como tal”. (b) Dizer que o antítipo, Cristo, recebe dízimos no sentido de que Ele recebe-
os como resposta a Sua demanda por eles[dízimos], é uma óbvia petição de princípio. Se Ele exige-o
ou não é a própria questão em debate. “Aquele que vive” é Melquisedeque, e não Cristo (Heb. vii. 8).
(c) Há uma falácia e uma petição de princípio no uso da palavra “igreja”. O apóstolo não afirma nada
a respeito da igreja em sua forma cristã; ele refere-se apenas à igreja levítica, uma igreja que tinha um
sacerdócio mortal, da tribo de Levi e da família de Arão, e que sustentava aquele sacerdócio por meio

118
Ver Owen comentando sobre Heb. VII 1-3, no Volume V., p. 349, da edição Edinburg, 1814.
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de dízimos. Ele prossegue sobre o ato notório de que a igreja levítica pagou dízimos. Para fazer o que
ele diz aplicável à igreja cristã deve ser suposto ou provado que a igreja cristã tem um sacerdócio de
homens mortais o qual ela sustenta por aquele método. Verdadeiramente, se o argumento do apóstolo
tivesse sido o que os irmãos do outro lado entendessem que fosse, ele poderia bem ter dito que era
“de difícil interpretação” (“difícil de interpretar”).
Antes de partir-se deste argumento a respeito do encontro de Abraão e Melquisedeque, o qual
os defensores da obrigação moral do dízimo parecem considerar como seu Gibraltar, chamamos a
atenção de nossos leitores às tendências sacerdotais disso[o argumento]. O dízimo e o sacerdócio:
esses são as ideias gêmeas, são os fatos correlatos. Se o sacerdócio é pela lei, o suporte do
sacerdócio deve ser pela lei também. Nada debaixo de um sistema como esse pode ser deixado às
contribuições voluntárias do povo. O povo não tem nada a ver com a constituição dos sacerdotes, e o
povo não terá nada a ver, a não ser se compelidos, em suportá-los. Os dois métodos, suporte mediante
dízimos que são obrigatórios, e suporte mediante ofertas voluntárias, são, em suas naturezas, gênios,
e operações, o oposto um do outro. Um é da natureza de um tributo; o outro, de uma dádiva gratuita.
Um é a expressão de obediência à lei; o outro é a expressão da liberdade que pertence a um acordo
voluntário. Um implica simplesmente submissão, mais ou menos soturno; o outro é a expressão de
confiança e afeição diante d’Aquele que dispensa as ordenanças do evangelho.
É óbvio que, se os entendimentos dos defensores do dízimo viessem a prevalecer, toda a nossa
concepção a respeito do ofício pastoral seria revolucionada ao mudar-se o método de suporte. Um
pastor não seria dependente da sua congregação, mas de um fundo comum administrado por um
comitê ou uma comissão designada por parte da Assembleia Geral. Se o dízimo fosse honestamente
pago, o dito comitê teria um grande fundo à sua disposição, o qual corromperia ambos os
dispensadores e os ministros aos quais o fundo deveria ser dispensado. Nós em breve teríamos um
domínioiii da herançaiv de Deus com uma vingança. O povo perderia, virtualmente, o seu direito de
eleger seus pastores; pelo menos, isso[o fundo] seria mantido com dificuldade face a um tão poderoso
“patrono” tal como um comitê o seria. O direito de eleição e o direito de patrono não são facilmente
mantidos separados, como demonstram a história da Igreja da Escócia e a existência da Igreja Livre
da Escócia. Se o direito de patronagem for delegado à um comitê central, por quanto tempo seria
mantido o direito de eleição? E, tendo sido rendido o direito de eleição, quanto tempo demoraria antes
que o ministério da palavra se tornaria num sacerdócio virtual, independente do povo, e dominante
sobre os mesmos, declarando ser o “clero”, a herança de Deus, e desprezando os “leigos” como
ovelhas dignas apenas de serem tosquiadas?
Não desejamos ver a renda da igreja coletada “por lei”. Nossos irmãos dizimistas insistem que
tal método de coleta é necessário; e eles perguntam, com um ar de triunfo, se qualquer outro reino
poderia subsistir com base nas livres ofertas do povo. A resposta é fácil: Não há outro reino como o
reino de Cristo; não há outro reino de verdade, justiça, gozo, e paz; não há outro [reino] em que o amor
é o princípio reinante, amor ao Rei e ao Seu povo; não há outro [reino] o qual seja moral e espiritual
em sua origem, objetivos, métodos, e finalidades; não há outro [reino] o qual, desde a sua própria

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natureza, deve abominar um apelo à força. 119 Umas das objeções mais pesadas ao método do dízimo
é que o mesmo[o método] des-espiritualizaria a igreja. “O nosso atual sistema de suporte ministerial”,
como o Dr. Thornwell manteve contra o Dr. Hodge, a mais de quarenta anos atrás,
“é tão perfeito na teoria quanto a perspicácia do homem pode fazê-lo[o sistema]. Enquanto o
mesmo institui um relacionamento íntimo e tenro entre todo pastor e os que[a congregação] estão
sob o seu cuidado, o mesmo[o sistema] amarra estes juntos em laços de caridade e dependência
mútua, os quais abençoam igualmente os doadores e os recebedores. O mesmo é um plano de
linda conformidade com o espírito do evangelho; o mesmo preserva a unidade da igreja sem
disturbar a ação livre e saudável de suas partes”. 120

Que seja repetido pela milésima vez, de que o que a igreja precisa é, não outros métodos, mas
mais vida. Deixemos os métodos legais e compulsórios para o papado, o qual é um reino deste mundo,
e, portanto, não pode confiar no amor de seu povo a Cristo, e no poder do Espírito Santo.
O que tem sido dito a respeito das tendências do método de dízimo é plenamente confirmado
pela história. As passagens dos pais as quais têm sido citadas por parte dos irmãos do outro lado,
aqueles os quais claramente ensinam a obrigação divina do dízimo sobre os cristãos, pertencem a um
período no qual o ministério era considerado um sacerdócio. Se eles provarem qualquer coisa,
portanto, eles provam demais para os presbiterianos. Procure e veja se já existiu uma igreja, a qual
reforçou o dízimo, a qual não matinha entendimentos sacerdotais do ministério, ou não estava em
aliança antibíblica com o poder civil. O dízimo não tem mantido boa companhia na cristandade.
Mas retornemo-nos ao argumento das escrituras. Os defensores do dízimo estão extremamente
pressionados para qualquer apoio neotestamentário à sua causa. Não é meramente o silêncio do Novo
Testamento que incomoda eles. Isso por si só não é conclusivo, como todos nós cremos, com relação
a alguns temas. O incômodo é: que o Novo Testamento não está em silêncio com relação ao suporte
do ministério. O mesmo diz bastante a respeito desse tema, e o que o mesmo diz torna impossível
prestar contas da omissão de qualquer alusão ao dízimo, caso a obrigação moral de tal modo de
suportar o ministério da palavra fosse reconhecida ou cumprida. Por exemplo, tomemos o lugar
clássico em I Coríntios ix. O apóstolo argumenta lá, amplamente, o direito daqueles que pregam o
evangelho de viverem do evangelho. Ao invés de argumentar o ponto a partir do dízimo como uma lei
permanente a qual estivera em vigor por séculos, ele argumenta sobre isso a partir de princípios de
direito natural. Suas ilustrações são feitas a partir das ordenanças de Moisés, a partir de usos militares,
a partir da agricultura, a partir do chamamento do pastor de ovelhas, a partir dos usos do serviço do
templo, todos os quais são exemplificações do princípio de que o trabalhador é digno de seu

119
Nota do Editor. Considere as palavras de R.L. Dabney: “Dinheiro é poder. A posse de poder naturalmente gera o desejo
de usá-lo. A dotação permanente de sociedades espirituais com grande riqueza é, portanto, perigosa ao livre governo. Isso
[a dotação] tende a converter o clero, o qual deveria ser servo de todos, em usurpadores. . . . A política segura para a Igreja
e Estado é de dar prosseguimento aos nossos empreendimentos evangélicos com o menos possível de riquezas
acumuladas: a depender para as nossas atuais necessidades nas dádivas diretamente da irmandade. Quando um
diplomata Continental zombou da Rainha Elizabete com a escassez do erário dela, ela respondeu: “Meu erário está nos
corações de meu povo!”. Nobre resposta; bem mais nobre para uma comunidade espiritual. Por um lado, encorajemos o
povo de Deus a dar liberalmente, (até mesmo prodigamente, se você quiser) ao Seu serviço. Mas desembolsemos como
prodigamente, tão rápido quanto isso é contribuído; para que a Igreja ainda esteja pobre na riqueza deste mundo, e rica
somente nas dádivas e bênçãos generosas”. MS[manuscrito] localizado na Union Theological Seminary[Seminário
Teológico da União]. Caixa 1, arquivo 2. “Lecture: The Dangers from the accumulation of Wealth in Ecclesiastical
Hands[Palestra: Os Perigos da acumulação de Riquezas em Mãos Eclesiásticas].” Palestra manuscrita 4x7; 10 folhas
costuradas (parcialmente descoladas), 38 páginas numeradas de texto.
120
Southern Presbyterian Review [Revista Presbiteriana do Sul], Vol. I., p. 82.
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pagamento.
Tem sido asseverado que o apóstolo, no décimo-quarto versículo, usa a expressão “da mesma
forma” para indicar que o ministério deve ser suportado exatamente da mesma maneira como os
sacerdotes levitas, isto é, por meio de dízimos. A respeito disso, comentamos: (a) que no versículo
anterior, onde ele está reforçando o seu ponto por meio dos usos do serviço do templo, ele
provavelmente tem em mente apenas as ofertas em cima do altar, das quais os sacerdotes, e somente
os sacerdotes, eram permitidos a comer; 121 não os dízimos, dos quais os pagadores de dízimo também
poderiam comer (Deut. xii. 6, 7). Mas (b) se os dízimos são referidos, então a expressão “da mesma
forma”, como rigorosamente interpretada por parte de nossos irmãos, deve implicar que os pregadores
do evangelho são sacerdotes, pois o sacerdote e o dízimo estão juntos na ilustração. (c) A [expressão]
“da mesma forma” refere-se a todas as ilustrações anteriores, não meramente àquela no versículo
anterior; e se assim for, que bando de absurdidades a interpretação de nossos irmãos resultaria! Os
ministros deveriam viver da grama, da uva, do leite, etc. (d) O significado é claro o suficiente: que como
em todos os exemplos precedentes Deus tem ordenado que todo trabalhador, homem ou bruto,
deveria viver de seu trabalho, assim Ele tem ordenado a respeito do trabalhador no evangelho, que
este viva pelo evangelho. Não há nenhuma prova a partir dessa passagem de que o ministro deveria
viver com base em um dízimo assim como não há [prova] que o boi deveria, ou o soldado, ou o pastor
de ovelhas, ou o plantador da vinha.
Mas o Novo Testamento não está meramente em silêncio a respeito do dízimo. O Novo
Testamento propõe um método de levantamento de receita o qual é inconsistente com o método do
dízimo. É o método de contribuição voluntária, em oposição à um tributo, seja um décimo ou qualquer
outro [valor]. A proporção é uma proporção para prosperidade, da qual o crente deve ser o juiz; e o
julgamento deve ser feito sob a direção e impulso do amor. Aquele que foi instruído na palavra deveria
compartilhar todas as boas coisas com aquele que instrui (Gal. vi. 6). O próprio Paulo recebeu uma
“dádiva” de seus filipenses na qual ele se deleita como “um sacrifício aceitável e aprazível a Deus”
(Filip. iv. 17, 18). Se fosse dito que Paulo não estava mais ministrando à igreja em Filipos, e não tivesse
direito ao dízimo, que essa contribuição a ele fosse, portanto, da natureza de uma dádiva gratuita, e
que não tivesse nada a ver com o dízimo que era pago ao ministro estabelecido naquela igreja,
perguntamos: O que, então, torna-se do argumento o qual é tão persistentemente defendido em favor
do dízimo, que o mesmo[o dízimo] fornecerá meios abundantes para sustentar e aumentar a nossa
obra missionária, bem como sustentar nossos pastores? Alguma vez houve um missionário que
merecia um suporte mais amplo do que o grande apóstolo aos gentios? E considerado como um
apóstolo, e, portanto, como tendo plena autoridade sobre todas igrejas, uma espécie de pastor
universal, ele poderia ter tido o direito ao dízimo, para não dizer nada das obrigações especiais pelas
quais a igreja filipense estava vinculada a ele como seu fundador, e como um sofredor em seu favor.
O dízimo filipense, portanto, é uma pura imaginação.
A tentativa de evitar o que é dito no Novo Testamento a respeito de ofertas voluntárias, ao fazer
essas ofertas adições ao dízimo, é uma pura petição de princípio, e não precisa ser percebida até que
uma tentativa seja tomada para provar que elas[ofertas] eram assim. Quanto aos temores de que o
voluntarismo não produzirá receita o suficiente, pode ser dito: (a) que se o voluntarismo é o jeito de
Deus, o mesmo produzirá o suficiente, e todos os temores são gerados da descrença. (b) Que nenhum
método produzirá o suficiente sem o Espírito Santo de Deus nos corações de Seu povo. É vão tentar
fazer uma lei fazer a obra do Espírito. Um dólar não é um dólar no reino de Deus. Um dólar dado com

121
Ver Comentário de Hodge, in loc.
Página 96 de 108
amor a Deus é mais que um dólar dado a partir da consciência ou temor meramente para cumprir com
um estatuto externo. (c) Que a história dos dois métodos é, no mínimo, não contra o voluntário
(Compare Ex. xxxvi. 5, 6; 1Crôn. xxix. 3-9, com 2Crôn. xxxi. 5-10, e veja também Mal. iii. 8, 9). Nessas
passagens temos registrado uma abundante liberalidade, ambos de dízimos e de ofertas voluntárias;
mas é somente no caso da última que é dito que o povo tinha de ser contido de dar mais, enquanto
que no contexto de Malaquias, Deus acusa o Seu povo de roubá-Lo na questão de dízimos. Então,
também, na Escócia quando o êxodo da Livre Igreja ocorreu, não somente seus inimigos, mas seus
amigos tímidos, predisseram que o voluntarismo provaria ser um fracasso desastroso; mas o evento
falsificou a predição.
Um argumento adicional em favor da proposição de que o método voluntário é incompatível
com o método do dízimo, e que, portanto, o uso de um para o suporte do ministério implica o desuso
do outro, pode ser tirado a partir da natureza do ministério como dependendo para sua efetividade
com base na confiança mútua de ministro e povo. Em outras palavras, voluntarismo está em harmonia
com a natureza do ministério, e a lei do dízimo não está. Mas já temos abordado a respeito disso
antes; isso não precisa ser ampliado aqui.
Os outros argumentos a partir do Novo Testamento instados por parte dos irmãos em favor do
dízimo não parecem ser dignos de refutação séria. Nós, portanto, concluímos este ensaio implorando
aos nossos leitores para lembrarem que a única razão pela qual estivemos debatendo é: se há agora
uma lei de Deus requerendo que Seu povo dê-Lhe um décimo de sua renda para o suporte dos ofícios
da religião.

------------------------------------
Notas de fim:
i. [Nota do Tradutor]: John Owen, o teólogo inglês.

ii. [Nota do Tradutor]: Thomas Peck parece estar citando a partir da obra The Superhuman Origin of
the Bible Inferred from Itself, de Henry Rogers (London: Hodder and Stoughton, 1874).

iii. [Nota do Tradutor]: Original diz “lording it over”, que significa domi-nação num sentido negativo
como em Mateus 20:25 e 1Pedro 5:3.

iv. [Nota do Tradutor]: “herança de Deus” significa “povo de Deus” como em 1Pedro 5:3.

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Apêndice B: Sínodo Evangélico Luterano de Wisconsin (Wisconsin Evangelical
Lutheran Synod - WELS)

Tradução: Nathan Cazé (sublinhamento é ênfase minha).

Luz para o nosso caminho: quais dez por cento devo estar dando? 122
Quando dou ofertas semanais de dez por cento, devo dar dez por cento de minha renda bruta
ou dez por cento de minha renda líquida (após impostos)? Eu realmente não tenho certeza.

Por James F. Pope

Sua pergunta oferece a oportunidade de revisar as instruções que Deus deu a seu povo nos tempos
do Antigo Testamento e ver que orientação Deus dá a seus filhos hoje sobre como eles podem
honrá-lo com suas riquezas (Provérbios 3:9).

Direção divina

Por meio das leis cerimoniais, Deus regulou a vida cotidiana do Israel do Antigo Testamento com
grande detalhe. Entre outras coisas, as leis cerimoniais tratavam do comportamento do povo no que
se referia ao culto, alimentação e higiene. As leis relativas ao dízimo, ou dar dez por cento da renda,
pertenciam às leis cerimoniais.

Hoje, pessoas como você e eu podem facilmente ter uma compreensão parcial do dízimo do Antigo
Testamento. Isso porque o Antigo Testamento fala de mais de um dízimo. Talvez o dízimo que mais
reconhecemos seja aquele que engloba as colheitas e os gados (Levítico 27:30-32). Este dízimo
sustentava os representantes de Deus na igreja (Números 18:21). Mas havia mais direção divina
para seu povo do Antigo Testamento. Havia um dízimo para benefício dos representantes de Deus
no governo (1 Samuel 8:15). Também parecia haver um dízimo trienal para a ajuda dos necessitados
(Deuteronômio 14:28,29).

Com esses dízimos em mente, os estudiosos e comentaristas da Bíblia falam de Deus orientando
seus seguidores do Antigo Testamento a devolver a ele, de várias maneiras, cerca de 23% de sua
renda. Esta informação coloca sua questão de devolver dez por cento de sua renda a Deus em uma
perspectiva diferente.

Liberdade cheia-de-fé

O que é, claro, muito diferente para você e para mim é que as diretrizes de Deus para dizimar não
estão mais em vigor. O rasgo da cortina do templo em Jerusalém na Sexta-Feira Santa (Mateus
27:51) serviu como um poderoso auxílio visual de que Jesus aboliu todas as leis cerimoniais–
incluindo os mandamentos de dar os dízimos. Cristãos como você e eu estão isentos das leis
cerimoniais. Se as pessoas hoje exigem que sigamos essas leis, como insistir que demos o dízimo,
precisamos afirmar nossa liberdade (Colossenses 2:16,17).

O que certamente podemos fazer é usar o dízimo como padrão para nossas ofertas; eu

122
Disponível em: <https://wels.net/light-for-our-path-which-ten-percent-should-i-be-giving/>.
Página 98 de 108
pessoalmente acho isso útil. Mas lembre-se, havia vários dízimos para o povo de Deus no Antigo
Testamento.

Assim, a escolha é inteiramente sua se você deseja devolver a Deus dez por cento de sua renda
bruta ou líquida. O “deveria” da sua pergunta pode ser eliminado com segurança.

Louvor proporcional

Com a abolição dos mandamentos de dar dízimos, Deus não deixou seus seguidores do Novo
Testamento sem nenhuma orientação quanto às suas dádivas. Ele fornece orientação geral por meio
de seu apóstolo: “No primeiro dia de cada semana, cada um de vocês separe uma soma de acordo
com a sua renda” (1 Coríntios 16:2). Essas palavras nos encorajam a planejar nossas ofertas com
uma visão proporcional de nossa renda. Essencialmente, nossa orientação para dadivar é oferecer
uma porcentagem de nossa renda. Temos liberdade para escolher a porcentagem.

O reconhecimento de que nosso dinheiro pertence a Deus (Salmo 24:1; Ageu 2:8) e a gratidão por
nossa salvação (Romanos 12:1) fornecem boas razões para dádivas proporcionais que são
generosas e alegres (2 Coríntios 9:7). Deus abençoe tal gestão de suas bênçãos!

________________________________________
O editor colaborador James Pope, professor do Martin Luther College, New Ulm, Minnesota, é
membro da St. John, New Ulm.

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Apêndice C: Igrejas Reformadas Protestantes na América (Protestant Reformed
Churches in America – PRCA)

Tradução: Nathan Cazé

Dízimo, por Dale H. Kuiper 123


Fazia parte das leis cerimoniais do Antigo Testamento que o chefe de cada família contribuísse
anualmente com um décimo do produto da terra e de cada décimo animal que passasse debaixo da
vara (método de contagem) para o sustento dos levitas (Lev. 27:30-32). Os levitas davam um décimo
desses dízimos para o sustento do sumo sacerdote (Núm. 18:21). Isso era realmente muito simples;
tudo o que o israelita tinha que fazer era contar suas bênçãos, mover a casa decimal um número para
a esquerda e dar essa quantia ao Senhor. A instituição do dízimo por Deus estava de acordo com o
modo como Ele tratava os israelitas como filhos.

O número dez no denominador da fração um décimo falava de plenitude e perfeição. Ao pagar


voluntariamente o dízimo, o israelita crente estava confessando que a terra e a sua plenitude
pertencem ao Senhor, que só Ele deu o crescimento, e que Ele tem direito a tudo o que o homem é e
tem. A recusa em pagar o dízimo era uma negação de tudo isto e significava que o homem estava
realmente a roubar a Deus (Mal. 3:8). Aparentemente, depois do cativeiro, alguns estavam retendo o
dízimo com a noção de que não o podiam pagar. Mas Deus assegurou-lhes que, ao trazerem as suas
ofertas para o armazém, Ele “abriria as janelas do céu, e derramaria uma bênção tal, que não haveria
lugar suficiente para a receber” (Mal. 3:10).

Que o dízimo foi abolido entre os cristãos é claramente demonstrado pelo fato de as Escrituras do
Novo Testamento nunca nos exortarem a praticar o dízimo. Nem uma vez ele nos é ordenado! Lemos
sobre isso num sentido muito crítico quando Jesus castiga o dizimar escrupuloso dos fariseus,
incluindo até mesmo a hortelã, o cominho e o anis (Mt 23:23), e na parábola do Senhor sobre o fariseu
presunçoso que foi ao templo para orar (Lc 18:12). Também é mencionado em Hebreus 7 que Abraão
deu um décimo do despojo a Melquisedeque (Gn 12). O fato de os santos do Novo Testamento não
serem chamados a pagar o dízimo assenta na verdade de que as leis cerimoniais cessaram com a
vinda de Cristo. No entanto, a verdade e a essência do dízimo permanecem conosco: Deus continua
a ser o dono soberano de todas as coisas do universo, das nossas posses, dos nossos rendimentos
e de nós próprios. Em alegre reconhecimento disso, oferecemos as nossas dádivas para o apoio do
ministério do evangelho, para o alívio dos pobres e para outras obras e causas do Reino.

Como os membros da igreja madura, cheia do Espírito, devem comportar-se em relação ao dadivar?
Que diretrizes devemos usar nesta presente dispensação? Bem, Deus deixa isso para você e para
mim! Ou seja, Ele exige de nós que resolvamos isso. E isso nem sempre é tão fácil, certamente não é
tão fácil como dividir os nossos rendimentos por dez. Sob a direção do Espírito e da Palavra, devemos
exercer a liberdade com que Cristo nos libertou! As orientações do Novo Testamento são: conforme o
homem propuser em seu coração, não de má vontade, mas de bom grado (II Cor. 9:7); e, liberalmente,
regularmente, e conforme Deus tiver prosperado (I Cor. 16:1-3). Muitos são os santos que testificam

123
KUIPER, Dale H. Tithe. Disponível em: <http://www.prca.org/resources/worship-devotional/word-studies/item/1737-
tithe>.
Página 100 de 108
que, ao darem dessa forma. Deus derrama sobre eles uma bênção tão grande que não há lugar para
recebê-la! O Senhor ama a quem dá com alegria, e é melhor dar do que receber. Talvez haja espaço
para uma observação prática aqui. Na nossa pequena parte do reino universal de Cristo, deparamo-
nos com muitos projetos de construção dispendiosos: seminários, igrejas, novas escolas e expansão
das nossas escolas. No nosso planeamento patrimonial, não deveríamos ter em mente estas
necessidades?

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Apêndice D: Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)

No site oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), na página de Perguntas e Respostas,
a IELB responde à pergunta “A IELB cobra o dízimo? O que ela prega e ensina sobre ofertas”
dizendo: 124

“Cremos, ensinamos e confessamos que a oferta não é uma obrigação, mas um privilégio e um
compromisso. A obrigatoriedade do dízimo ficou atrelada à antiga aliança. Na nova aliança, selada
pelo sangue de Jesus, “Deus ama quem dá com alegria”! (2Coríntios 9.7). Toda pessoa que se filia à
nossa denominação assume o compromisso de sustentar o trabalho local, regional e nacional. Esse
trabalho é suportado pelas ofertas de todos os membros. Assim, cada membro da IELB assume o
compromisso de ofertar regularmente. Porém, é possível ser dizimista e é possível ofertar outro valor,
à escolha íntima de cada um.”

124
Fonte: https://www.ielb.org.br/institucional/perguntas-respostas&r=1

Página 102 de 108


Bibliografia
ANDERSON, Brian. O dízimo do Velho Testamento, versus o dadivar do Novo Testamento.
Disponível em: <http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComRiquezas/DizimoVT-X-DadivarNT-
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New Covenant Era. 2005. Faculty Dissertations. 17. Disponível em:
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batista.]

CROTEAU, David. You Mean I Don’t Have to Tithe? A Deconstruction of Tithing and a Reconstruction
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CROTEAU, David. Tithing after the cross: a refutation of the top arguments for tithing and new
paradigm for giving. Energion Publications, Gonzalez: FL, 2013. [Kindle]

DUGUID, Iain M.; HUGHES, R. Kent (Editor geral). Numbers: God’s presence in the wilderness.
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reformado]

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Cristã, 2003. Tradução: Marcelo Tolentino. [Esse autor era presbiteriano]

KÖSTENBERGER, Andreas J.; CROTEAU, David A.. Will a Man Rob God?” (Malachi 3:8): a Study of
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<https://digitalcommons.liberty.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1079&context=sor_fac_pubs>. Acesso
em: 06 maio 2023. [Ambos os autores são batistas]

Página 103 de 108


KÖSTENBERGER, Andreas J.; CROTEAU, David A. “Reconstructing a Biblical Model for Giving: A
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Research, 16.2, 2006, p. 237-260. [Ambos os autores são batistas]

KUIPER, Dale H. Tithe. Disponível em: <http://www.prca.org/resources/worship-devotional/word-


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LANGE, Johann Peter. Commentary on the Holy Scriptures: Critical, Doctrinal, and Homiletical.
"Commentary on 2 Chronicles 31". 1857-84. Disponível em:
<https://www.studylight.org/commentaries/eng/lcc/2-chronicles-31.html>.

LEITE, Túlio Cesar Costa. O dízimo. Disponível em:


<http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/o-dizimo_tulio.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016.
[Esse autor é presbiteriano.]

MABIE, Frederick J. The Expositor’s Bible Commentary: 1 and 2 Chronicles. Grand Rapids, Zonder-
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MUELLER, John Theodore. Dogmática Cristã: um manual sistemático dos ensinos bíblicos. [tradução
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NAVE, Orville J. "Entry for 'Tithes'". "Nave's Topical Bible". . 1896.

ORR, James, M.A., D.D. General Editor. "Entry for 'TITHE'". "International Standard Bible
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OWEN, John. An Exposition of the Epistle to the Hebrews. Edinburgh, vol. 5, edição W. H. Goold,
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PAYNE, J. Barton, “1 and 2 Chronicles,” in Expositor’s Bible Commentary (vol. 4; ed. Frank E. Gae-
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PECK, Thomas E. A Obrigação Moral do Dízimo. 2017. Tradução: Nathan Cazé. Disponível em:
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<https://archive.org/details/miscellaniesofre01peck>. Acesso em: 10 ago. 2016.
The Moral Obligation of the Tithe também pode ser acessado aqui:
<http://www.newhopefairfax.org/files/Peck%20on%20Tithe.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016. [Esse
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POOLE, Matthew. Matthew Pool’s Commentary. Disponível em


<http://biblehub.com/commentaries/poole/>. [Esse autor era presbiteriano e puritano]

SCHURINGA, H. David. The Dordrecht Bible Commentary The Pentateuch: Ordered by the Synod of
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The Church Planting Manual of the URCNA. pp. 46-47. Disponível em:
<https://www.urcna.org/urcna/Missions/ChurchPlantingManual/How%20to%20Plant%20a%20Reform
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WALTKE, Bruce K.; HARRIS, R. Laird (org.); ARCHER JR., Gleason L. Dicionário Internacional de
Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1182. Tradução: Márcio Loureiro
Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, e Carlos Osvaldo C. Pinto.

Leitura complementar

PETERSON, Jack J. “Tithing No!”, In: The Presbyterian Guardian. vol. 47, No 9, outubro, 1978, p. 8-9.
Disponível no sítio oficial da denominação Orthodox Presbyterian Church (OPC) em:
<http://www.opc.org/cfh/guardian/Volume_47/1978-10.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2016. [O Rev. Jack
era pastor da Bethel Orthodox Presbyterian Church, Carson, North Dakota].

The 1599 Geneva Study Bible: Patriot’s Edition. White Hall: Tolle Lege Press, 2010. Disponível em:
<http://www.apuritansmind.com/wp-content/uploads/PDF/GenevaBiblePatriotEdition.pdf>.

MACARTHUR, John. Deus requer que eu dê o dízimo de tudo quanto ganho?. Disponível em:
<http://www.monergismo.com/textos/dizimos_ofertas/dizimo_mac.htm>.

BRITO, Frank. Dízimo. É para hoje?. 2013. Disponível em:


<http://reformaquepassa.blogspot.com.br/2013/07/dizimo-e-pra-hoje.html>. [Esse autor é
presbiteriano.]

CLARK, R. Scott. A oferta é um elemento, uma circunstância, ou nenhum desses?. 2018. Disponível
em: <https://monoergon.files.wordpress.com/2018/02/a-oferta-c3a9-um-elemento-uma-
circunstc3a2ncia-ou-nenhum-desses_-r-scott-clark-traduc3a7c3a3o-nathan-cazc3a9.pdf>. Tradução:
Nathan Cazé

Página 105 de 108


Meus outros artigos e traduções
Artigos
CAZÉ, Nathan. Apresentação de bebês ou batismo infantil. Disponível em:
<https://monoergon.files.wordpress.com/2023/02/apresentacao-de-bebes-ou-batismo-
infantil_nathan_27_02_2023.pdf>.

CAZÉ, Nathan. Arrebatamento Parcial e Punição Dispensacional (COMPILAÇÃO). Disponível em:


<https://pt.scribd.com/doc/260950164/COMPILACAO-Arrebatamento-Parcial-e-Punicao-Dispensacional-
Walvoord-Pentecost-Ryrie-Nathan-Caze>. Em inglês: <https://pt.scribd.com/doc/262114578/Partial-Rapture-
and-Dispensational-Punishment-Nathan-Caze>.

CAZÉ, Nathan. Dispensacionalismo à Luz da Bíblia: Israel e a Igreja. Disponível em:


<https://pt.scribd.com/doc/294375275/Dispensacionalismo-a-Luz-Da-Biblia-Israel-e-a-Igreja-v-1-3-2>.

CAZÉ, Nathan. Os dízimos em Israel e Ofertas no Novo Testamento. Disponível em:


<https://monoergon.files.wordpress.com/2012/12/os-dizimos-em-israel-e-ofertas-no-novo-testamento-v5-
5.pdf>.

CAZÉ, Nathan. Reavaliando o endurecimento do coração de Faraó. Disponível em:


<https://pt.scribd.com/doc/195676009/Reavaliando-o-endurecimento-do-coracao-de-Farao>.

Traduções
“David Henkel (Pastor Luterano) refutando Joseph Moore (Pastor metodista) sobre a regeneração batismal e
batismo de João”. Disponível em: <https://monoergon.wordpress.com/2023/04/14/david-henkel-pastor-
luterano-refutando-joseph-moore-pastor-metodista-sobre-a-regeneracao-batismal-e-batismo-de-joao/>.
Tradução: Nathan Cazé.

KOK, Daniel. Os salmodistas exclusivos cantam os salmos?. 2018. Disponível em:


<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/04/os-salmodistas-exclusivos-cantam-os-salmos_-rev-daniel-
kok.pdf>. Tradução: Nathan Cazé.

BARTH, Paul J. Salmos, Hinos, e Cânticos Espirituais. 2018. Disponível em:


<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/03/salmos-hinos-e-cc3a2nticos-espirituais-
purelypresbyterian.pdf>. Tradução: Nathan Cazé.

BARTH, Paul J. Uma defesa concisa para a Salmodia Exclusiva. 2018. Disponível em:
<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/03/uma-defesa-concisa-para-a-salmodia-exclusiva-
purelypresbyterian-com2.pdf>. Tradução: Nathan Cazé.

CLARK, R. Scott. Furto, Cobiça e Propriedade Privada. 2018. Disponível em:


<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/02/furto-cobic3a7a-e-propriedade-privada-r-scott-clark1.pdf >.
Tradução: Nathan Cazé.

CLARK, R. Scott. A oferta é um elemento, uma circunstância, ou nenhum desses?. 2018. Disponível em:
<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/02/a-oferta-c3a9-um-elemento-uma-circunstc3a2ncia-ou-
nenhum-desses_-r-scott-clark-traduc3a7c3a3o-nathan-cazc3a9.pdf>. Tradução: Nathan Cazé.

DEMAR, Gary. O MEME E A MENTIRA DE QUE “JESUS ERA UM SOCIALISTA”. 2018. Disponível em:
<https://monoergon.files.wordpress.com/2018/01/o-meme-e-a-mentira-de-que-e2809cjesus-era-um-
socialistae2809d-gary-demar.pdf>. Tradução: Nathan Cazé.

DEMAR, Gary. EXISTEM MARXISTAS NA TUA IGREJA PRONTOS PARA ROUBAREM DO TEU BOLSO EM
NOME DE JESUS. 2018. Disponível em: <https://monoergon.files.wordpress.com/2018/01/existem-marxistas-
na-tua-igreja-prontos-para-roubarem-do-teu-bolso-em-nome-de-jesus-gary-demar.pdf>. Tradução: Nathan
Cazé.
Página 106 de 108
NORTH, Gary. Sociedade ou Estado. 2018. Disponível em:
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Tradução: Nathan Cazé.

RUSHDOONY, R. J. Planejamento. 2017. Disponível em:


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RUSHDOONY, R. J. O Socialismo como uma guerra civil perpétua. 2017. Disponível em:
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rushdoony-traduc3a7c3a3o-nathan-cazc3a91.pdf>.

RUSHDOONY, Mark. R. O Porquê de Confrontarmos o Estatismo. 2017. Disponível em:


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SMITH, Trey. O Estado é um mal inerente. 2018. Disponível em:


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PECK, Thomas E. A Obrigação Moral do Dízimo. 2017. Tradução: Nathan Cazé. Disponível em:
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peck2.pdf>.

LINDSLEY, Art. Atos 2-5 ensina o socialismo?. 2017. Disponível em:


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Tradução: Nathan Cazé.

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