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PARALISAÇÃO DE TRABALHO,
SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU
PERTURBAÇÃO DA ORDEM

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74.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O crime está assim tipificado no art. 200: “Participar de suspensão ou abandono


coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa.” A pena:
detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

O bem jurídico protegido é a liberdade de trabalho, mas também, em algumas


situações, o patrimônio.

Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que realiza a conduta, o trabalhador, o


empregador ou terceiro.

Sujeito passivo é qualquer pessoa, inclusive a pessoa jurídica quando proprietária


da coisa atingida.

74.2 TIPICIDADE

74.2.1 Conduta e elementos do tipo

A conduta típica é participar de movimento de suspensão ou abandono coletivo de


trabalho, empregando violência contra pessoa ou coisa. Participar significa tomar parte,
contribuir pessoalmente, integrar o movimento.

Suspensão coletiva de trabalho é o lockout, realizada pelos empregadores.


Abandono coletivo é a greve dos trabalhadores ou empregados. No caso de abandono
coletivo, exige o parágrafo único do art. 200 o concurso de, pelo menos, três empregados,
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles

sem o que não se realiza o tipo. No caso do lockout é lógico que deve haver o concurso de
pelo menos outra pessoa, do contrário se poderia falar em participação do agente em
movimento de suspensão do trabalho, que pressupõe pelo menos alguém promovendo-o.

Só há crime quando a participação se dá com o emprego de violência física, contra


pessoa ou contra coisa. A participação no movimento grevista ou em lockout sem violência é
fato atípico.

Exige-se, ainda, que o agente esteja agindo dolosamente. Com vontade livre não só
de participar da suspensão ou do abandono coletivo de trabalho, mas também de fazê-lo
usando de violência dirigida à pessoa ou coisa. Aquele que integrar o movimento, sem
concorrer, entretanto, de qualquer modo, dolosamente, não responderá pelo delito. Não há
forma culposa.

Haverá concurso material com o crime contra a pessoa que ocorra em razão da
violência empregada.

Embora não tenha o preceito secundário se referido, expressamente, à imposição


da pena correspondente ao dano causado à coisa, é de ver que a norma menciona a pena
resultante da violência, não se referindo também à pessoa; daí que sua vontade é
determinar a aplicação da pena cominada a qualquer crime que decorra da violência, seja
esta empregada contra a pessoa ou contra o patrimônio. Logo, não se pode deixar de
reconhecer também o concurso material com o crime de dano, se houver.

74.2.2 Consumação e tentativa

A consumação ocorre no momento em que o agente emprega a violência contra


pessoa ou coisa, não sendo necessário que a vítima sofra lesão corporal ou que a coisa seja
danificada, basta a ação violenta do agente para que o crime seja consumado. Possível a
tentativa, quando da violência não tiver decorrido o resultado lesivo que seria
conseqüência da conduta.

74.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é pública incondicionada, competente o juizado especial criminal,


possível a suspensão condicional do processo penal.

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