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FRUSTRAÇÃO DE DIREITO
ASSEGURADO POR LEI
TRABALHISTA
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O art. 203 contém um tipo fundamental no caput e duas figuras típicas a ele
assemelhadas, nos incisos I e II, acrescentados pela Lei nº 9.777, de 29 de dezembro de
1998.
Sujeito passivo é qualquer pessoa que tem seu direito trabalhista frustrado ou sua
liberdade atingida. É o trabalhador.
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles
77.2 TIPICIDADE
77.2.1 Conduta
Deve o agente atuar com dolo, consciente de que emprega violência ou fraude para
alcançar o fim que é o de privar a vítima de um seu direito trabalhista. Não se exige outro
objetivo específico.
Frustração de Direito Assegurado por Lei Trabalhista - 3
O tipo do inciso I está completo e veio para alcançar fatos muito comuns nas
fazendas da região amazônica brasileira. O agente – normalmente o proprietário de
grandes extensões de terras destinadas à agropecuária – coage ou obriga a vítima – quase
sempre um trabalhador do Nordeste transportado para a fazenda – a adquirir, a prazo,
mercadorias de determinado estabelecimento comercial ou não, geralmente chamado
armazém ou cantina, mantido pelo próprio empregador, ficando ela devedora e, a partir
daí, torna-se refém da dívida contraída, não podendo desligar-se do trabalho que exerce,
enquanto não saldar o débito.
estado de ser humano livre, tornando-se, na prática, um objeto nas mãos do agente,
completamente submisso e sem qualquer poder de decisão sobre sua vida.”
Por isso que, na aplicação da norma ao caso concreto, deve o julgador voltar seus
olhos também para o delito do art. 149, de maior gravidade e, desde quando subsumida a
conduta ao tipo, aplicar a norma que verdadeiramente quiser se ajustar, mais
perfeitamente, ao fato.
A competência – nos casos de crime cometido com fraude, isto é, sem violência, em
que também não haja incidência da causa de aumento de pena prevista no § 2º do art. 203
–, é do juizado especial criminal, por força da aplicação da Lei nº 10.259/2001. Esta lei
considerou infração penal de menor potencial ofensivo o crime a que a lei comina pena
máxima não superior a dois anos. É permitida a suspensão condicional do processo penal,
nos termos do art. 89 da Lei nº 9.099/95.