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CONCUSSÃO
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A concussão está assim tipificada no art. 316 do Código Penal: “exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida”. A pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Sujeito ativo é o funcionário público, ainda quando não tenha assumido a função
pública. O não-funcionário pode ser co-autor ou partícipe do crime. Sujeito passivo é o
Estado e também o particular a quem é exigida a vantagem.
91.2 TIPICIDADE
91.2.1 Conduta
A conduta típica é representada pelo verbo exigir. Exigir é ordenar, intimar, impor
a alguém um comportamento. É muito mais do que pedir ou solicitar. Constitui um
verdadeiro constrangimento, uma coação.
A exigência pode ser direta ou indireta. Direta é aquela feita pelo próprio agente à
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles
outra pessoa. Indireta quando por intermédio de outra pessoa que pode ou não ser
funcionário público. Pode ser explícita ou implícita, clara ou sutil, aberta ou sub-reptícia.
O agente abusa do poder que decorre da função pública que exerce infundindo
temor na pessoa de quem exige a vantagem, a fim de que ela atenda a seu desejo. Não é
necessário que ele prometa a causação de um mal injusto e grave, bastando que transmita,
à pessoa, a idéia de que fará incidir seu poder de autoridade.
Assim, a exigência está atada ao poder que decorre da função pública que o agente
exerce ou exercerá. Comete concussão o funcionário que exige vantagem para não efetuar
prisão em flagrante ou não instaurar inquérito policial, não lavrar multa administrativa
etc.
A vantagem exigida deve ser indevida e pode ter natureza econômica, patrimonial,
moral ou qualquer outra, porque o tipo não restringiu seu alcance. Indevida é a vantagem a
que o agente não tem direito. O funcionário público só pode receber vantagens autorizadas
por lei.
O crime é doloso. O agente deve estar consciente de que a vantagem que exige é
indevida e saber que age abusando da condição de funcionário público. Além do dolo, deve
atuar com a finalidade de obter a vantagem, para si ou para outra pessoa, funcionária ou
não.
A tentativa só será possível quando a exigência for feita por meio escrito, não
chegando ao conhecimento da pessoa a quem é feita por circunstâncias alheias à vontade
do agente.