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Universidade de Evora
Mestrado em Gestão – Auditoria e Contabilidade 2007 /2008
Trabalho da disciplina de Metodologia de Elaboração do Projecto
Por :
“Defendo que o maior e mais sensato gestor não deverá almejar a maximização dos
lucros, antes sim, a ‘optimização’ dos mesmos” (Bigio, Joseph, 2002).
Verifica-se que vão aparecendo cada vez mais empresas a apresentar relatórios de
sustentabilidade, seja como complemento dos relatórios anuais de cariz financeiro, seja
como anexo aos mesmos, ou ainda apresentados independentemente daqueles e até com
periodicidade diferente.
É principalmente nas grandes empresas multinacionais que este fenómeno mais toma
forma, um pouco como moda ou corrente de pensamento, e dando ainda os primeiros
passos no caminho de uma formatação homogénea tanto na qualidade quanto na
quantidade de informação divulgada pelas administrações.
Poderá até acontecer que algumas destas entidades o façam de uma forma pretensiosa,
algo como marketing social, que ‘fica bem’. Outras, por ventura são pressionadas pelas
valorizações bolsistas, pois um dos indicadores com elevado peso nas ponderações de
cotação é a classificação da entidade pelas várias normas segundo as quais há que
divulgar se estão a ser praticados diversos pontos considerados em grelhas de
comparação.
A normalização mais difundida a nível internacional é a GRI – Global Report Initiative.
Apresenta três classificações conforme o grau de aplicabilidade e ainda uma outra
classificação relativa à certificação por uma terceira entidade quanto à aplicação das
referidas normas.
Tanto a tarefa de demonstração, por parte da empresa relatora, como a de conferência,
por parte da certificadora, são em todo o caso trabalhos que parecem ser bastante
dispendiosos pela exigência do serviço de pessoal altamente especializado.
Suscita-se assim a interrogação se apenas as grandes empresas multinacionais deverão
ponderar o caminho que estão a seguir nesta nova área de gestão e que tem a ver com o
desempenho a nível económico, social e ambiental. Parece que não!
Todos não serão de mais para tentar modificar o desequilíbrio que aparece entre países
ricos, do Norte ou pobres, do Sul;
Todos estão chamados a compreender que as empresas já não são entidades estanques
aos interesses externos aos seus proprietários e que mesmo dentro dos accionistas há
uma diferença abismal entre os capitais sociais de hoje em dia, com milhões de acções
espalhadas por pessoas que nunca se verão, das velhas empresas familiares em que os
Chamada de atenção sobre a Responsabilidade Social da empresa
Um apoio à aprendizagem do controlo
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sócios eram os administradores e não se vislumbravam divergências de interesses entre
eles;
Nesta aldeia global, um problema na gestão de uma empresa pode ter repercussões
terríveis nos accionistas mas também nos seus trabalhadores, nas empresas a montante
ou mesmo a jusante, nos vizinhos que suportarão externalidades, sejam negativas ou
mesmo positivas, daí provenientes, etc.
É pois necessário implementar a nível mais generalizado esta problemática que começa
a ser objecto de preocupação por alguns extractos da população mundial atentos aos
sinais dos tempos: as intempéries incontroladas, os fluxos migratórios humanos, o fosso
entre aqueles cada vez mais ricos com a pobreza generalizada que se vê, não apenas a
nível internacional mas também entre regiões ou mesmo entre bairros da mesma cidade.
Revisão da Literatura
A Agenda de Lisboa vai neste sentido de alertar, de chamar a atenção dos responsáveis,
seja a que nível for. Mas não é possível ficar de braços cruzados à espera que algo se
modifique se cada um não se questionar sobre o tipo de colaboração possível. Mas já o
Protocolo de Quioto e Conferências como Toronto, Rio de Janeiro, Copenhaga e outras
grandes reuniões sobre esta temática chamaram a atenção de governantes para a
necessidade da Responsabilidade Social, seja de entidades públicas ou privadas.
Entidades em todo o mundo começam a despertar para a problemática como o ISEA –
Institute of Social and Ethical Accountability”, de Londres , o CEPAA – Council for
Economic Priorities Accreditation Agency ( Órgão de Credenciamento do Conselho de
Prioridades Económicas), o CERES (Coalition for Environmentally Responsible
Economies) em associação com o UNEP (United Nations Environment Programme),
que criam normas para generalizar este empenho.
“A sustentabilidade passa assim pela implementação empresarial de uma nova maneira
de gerir empresas. Uma empresa sustentável assentará em três pilares: ambiente,
social e económico. Estas três áreas terão de agir interactivamente, e o
desenvolvimento económico sustentável da empresa ocorrerá na intercepção dos
interesses de cada um dos pilares.”( Ramos, 2006 ).
No trabalho efectuado para Gestão Ética e Responsabilidade Social Organizacional,
Piteira e Cordovil (2008) levantaram igualmente este problema comparando realidades
distintas de empresas dos novos países da União Europeia e do Alentejo baseados
(Procurar-se-ão, para a feitura do trabalho definitivo outros artigos, de carácter mais científico, nesta área.
).
Das várias consultas efectuadas conclui-se ser este um problema actual e premente, pouco divulgado na
região do Alentejo e que carece de ser desenvolvido.
Objectivos
- ajudar pequenas entidades a sensibilizar-se para a sustentabilidade;
- inquirir, através da adaptação do inquérito da Ethos-Sebrae o posicionamento de
empresas alentejanas;
- comparar os resultados com os estudos no Brasil ( e, se possível, com os estudos
KPMG1) ;
- formar parceiros sociais nas empresas associadas nesta acção.
A curto prazo pretende-se aplicar no Alentejo uma bateria de questões idealizadas pelo
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e pelo Serviço Brasileiro de
1
Terá algum interesse comparar os resultados ora propostos em que a população é essencialmente a
PME, no Alentejo, com os resultados da KPMG essencialmente baseados em grandes empresas
multinacionais. Será interessante ver a diferença de dificuldades apontadas por uns e por outros.
$&$
Numa tarde de verão de 2007 conheci Joseph Bigio que me transformou num ávido
amante da Responsabilidade Social enquanto parceria solidária e enquanto ponto
essencial da solução para “mitigar a globalização”.
Ora ao existir este trabalho que, a acreditar no relatado na página consultada, está a ter
bastante aceitação por pequenas e médias empresas mas também por organismos
públicos e associações, não se justifica implementar um inquérito diferente pois poderia
dar resultados não totalmente comparáveis.
Foi neste sentido feito um pedido de autorização para a aplicação da bateria de questões
e aproveitamento de um pequeno manual de formação / informação neste trabalho
concreto aqui apresentado. A autorização foi dada desde que cumpridos dois requisitos:
a indicação da fonte e o posterior envio do trabalho de conclusão (ver anexo 1).
Qualquer destas exigências faz sentido e será aceite com muito prazer pois se pretende
que daqui possa nascer um compromisso de colaboração inter-atlântico para
comparação das duas sociedades tão distantes mas talvez tão parecidas.
O curso de formação a que se faz referência nos objectivos será baseado numa
metodologia de autoformação apoiada, baseada em benchmarking e na colaboração
entre os formandos. O guião será baseado numa acção de formação luso-britânica
realizada em 1994 para colaboradores de entidades ligadas a deficientes mentais e já
multiplicada, no mesmo âmbito, no Alentejo (ambas financiadas na altura pelas ajudas
comunitárias). Prevê-se que para esta formação não se inscrevam muitas empresas uma
vez que ela obriga a um compromisso de participação ao longo de quatro meses e a uma
‘abertura’ para visitar e ser visitado por outras empresas ( se possível cada acção de
formação deve abarcar entre quatro e seis entidades).
Anexos
Muito obrigado pela sua mensagem e pelo seu convite, que muito me honra.
www.ethos.org.br e www.sebrae.com.br
Indicadores Ethos-Sebrae,
http://www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/IndicadoresEtho-Sebrae2007-
PORTUGUES.pdf
KOLEVA, Petia “La responsabilité sociale des entreprises dans les pays européens en
transition : Réalité et limites ‘’ , La Revue des Sciences de Gestion, Direction et
Gestion, nº 211-212 –RSE- (Maio 2005)
www.apcer.pt/index.php?cat=62&item=138&hrq=...cd03ac71a10b3967